Vol 1 Cap 02 Rochas e Solos (GEORIO) PDF
Vol 1 Cap 02 Rochas e Solos (GEORIO) PDF
Vol 1 Cap 02 Rochas e Solos (GEORIO) PDF
H Penha
Introdução
O conhecimento das Rochas e Solos do Rio de Janeiro tem grande importância na análise dos
processos de deslizamento de taludes. O substrato rochoso das encostas do Rio de Janeiro é
formado fundamentalmente por rochas metamórficas de alto grau, gnaisses e migmatitos e, ígneas
intrusivas graníticas que normalmente cortam as anteriores. Este contexto geológico apresenta
grande complexidade estrutural e de difícil relacionamento estratigráfico. Suas idades são Pré-
Cambrianas, isto é, superiores a 570 Ma, embora alguns granitos apresentem idades um pouco mais
jovens. Todo o conjunto é atravessado por ígneas mais recentes, na forma de diques básicos
(diabásios) ou alcalinos (tinguaítos, traquitos e fonolitos), estes associados ao grande corpo ígneo
sienítico do Maciço Mendanha-Gericinó e de idade Cretácea (65 Ma).
Os três maciços montanhosos encontrados no Município do Rio de Janeiro - Tijuca, Pedra Branca e
Gericinó-Mendanha - são constituídos por rochas gnáissicas, graníticas e alcalinas. O conjunto
gnáissico tem suas melhores exposições no Maciço da Tijuca e em áreas a ele periféricas da
Planície Litorânea e colinas relacionadas, com grande densidade populacional. Apresenta litologias
diversificadas, de composição mineralógica variável e com diferentes tipos de deformação
geológica. Os materiais de alteração e de coberturas relacionadas também apresentam expressiva
variabilidade, decorrente da estruturação geológica, do relevo e do clima.
Nos itens que se seguem são relacionados aspectos relevantes de natureza geológica e geotécnica
que, em seu conjunto, formam uma documentação básica orientativa para os profissionais de
Geologia e de Engenharia.
Litologias
As principais litologias ocorrentes no Município do Rio de Janeiro constam do Mapa Geológico do
Estado da Guanabara (Helmbold et al, 1965) em escala 1:50.000. Neste trabalho, é apresentada
uma divisão sistemática das rochas metamórficas da cidade: Uma Série Inferior, mais antiga,
caracterizada por gnaisses graníticos a quartzo-dioríticos e migmatitos e, uma Série Superior, de
gnaisses principalmente aluminosos, mais jovens. Tal trabalho constitui a base do conhecimento ao
nível de semi-detalhe da Geologia do Município e, ao lado de outros mais recentes e com objetivos
específicos, distinguem as litologias referenciadas no Manual.
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Rochas e solos
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Rochas e solos
N
S. do Engenho Novo
22º 55'
Lapa
15
Serra dos
Pretos Forros Grajaú 20
30
15
Tijuca 20
25 30 15 Baía de Guanabara
30
30 15
Elefante 25 25 5 Cosme
25
A 35 30 Velho Viúva
15
10 20
15 20
Tijuca Pão de Açúcar
45
Conde Queimado
15 Corcovado
10
25 45
Jacarepaguá 15 20
30
15 35 Leme
Furnas Legenda
35 20 Vista chinesa
15
Lagoa quaternário
40 diques de diabásio
20
30 granito favela
15
Foliação
Pedra Bonita tonalito grajaú principal
25 30
Leblon Ipanema
metagabro Fluxo
35
magmático
30 30 leptinito
Falhas e/ou
23º 00' 15 Gávea São Conrado kinzigito zonas de
cisalhamento
Oceano Atlântico biotita gnaisse
20 gnaisse facoidal
Barra da Tijuca
43º 20' 43º 15' 43º 10' gnaisse archer
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Rochas e solos
As rochas da Série Superior são as que apresentam maiores variações tanto composicionais
como texturais e estruturais. Esta variabilidade é considerada no comportamento geomecânico das
massas rochosas, bem como nos solos residuais, delas derivados. Tais litologias são associadas à
estruturação geológica do Maciço da Tijuca, e influenciam significativamente em sua morfologia,
evolução de suas encostas e nos processos geodinâmicos de risco, quando comparado com os
demais maciços do Município.
Apresentam-se a seguir, as principais litologias do Município com suas características
essenciais (Tabela 1 e Tabela 2).
Tabela 1 - Quadro geral dos grupos de rochas e seus principais representantes ocorrentes nas encostas do
Município do Rio de Janeiro
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Rochas e solos
Tabela 2 - Principais litologias das encostas do Município do Rio de Janeiro e algumas características geológicas distintivas
Gnaisse metamórfica cinza rosado média/grossa porfiroblástica foliação gnáissica e/ou granitóide k-feldspato, plagioclásio, quartzo, magnetita, zircão argilas, resistatos dobras, falhas, pirâmides rochosas,
Facoidal milonítica gnaissificado biotita, granada (quartzo) cisalhamentos blocos
Granodiorito ígnea cinza média hipidiomórfica maciça/orientação de granodiorito quartzo, plagioclásio, biotita, titanita, ilmenita, argilas, resistatos falhas, juntas blocos, torres, lascas
Pedra Branca granular fluxo anfibólio magnetita, pirita
Granitóide ígnea cinza média/fina equigranular foliação metamórfica tonalito quartzo, plagioclásio, biotita, titanita argilas, resistatos juntas blocos
Grajaú anfibólio
(dique)
Granito Utinga ígnea/migmática branco rosado grossa/pegmat porfirítica migmática, algo granito quartzo, k-feldspato, biotita opacos argilas, resistatos juntas Blocos
(dique) óide foliado
Granito Favela ígnea cinza média hipidiomórfica maciça ou com biotita granito quartzo, k-feldspato, biotita allanita, apatita, zircão, argillas, resistatos falhas, juntas torres, campos de
(dique) inequigranular orientação de fluxo magnetita matacão, cornijas
Granito Rosa ígnea cinza rosado fina hipidiomórfica maciça leucogranito quartzo, k-feldspato, biotita, allanita, zircão, apatita argilas, resistatos juntas blocos
(dique) granular plagioclásio
Diabásio ígnea preta média/fina ofítica maciça, microcristalina diabásio plagioclásio, piroxênio, anfibólio pirita, magnetita argilas, limonita falhas., juntas campos de blocos
(dique) esfoliados
Sienito ígnea cinza claro média hipidiomórfica maciça sienito nefelínico ou feldspato, nefelina, piroxênio titanita, apatita, zircão argilas, resistatos falhas, juntas blocos
Nefelínico inequigranular foiaito
Traquito ígnea cinza claro rosado fina traquítica maciça, microcristalina traquito feldspato, biotita, piroxênio, anfibólio titanita, apatita argilas juntas blocos
(dique)
Fonolito ígnea cinza escuro fina microcristalina maciça, microcristalina fonolito k-feldspato, piroxênio, nefelina apatita, zircão argilas juntas campos de blocos
(dique) esverdeado porfirítica esfoliados
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Rochas e solos
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Rochas e solos
Litotipos gnáissicos
Leptinitos - São gnaisses quartzo-feldspáticos, leucocráticos, localmente bandados, laminados, com
granulação fina, e de coloração amarelada a cinza clara. Petrograficamente é constituído por
feldspato, quartzo e com granada e biotita subordinadas. Apatita, zircão, ilmenita e magnetita, são
minerais acessórios. Bancos métricos de quartzito e variação na proporção de biotita, definem o
bandeamento composicional, sendo a foliação metamórfica principal dada pela biotita.
Ocorrem principalmente na encosta meridional da Serra da Carioca, desde Santa Teresa até além do
Corcovado.
Plagioclásio Gnaisse - Equivalente ao Gnaisse Archer, é uma rocha escura acinzentada, granulação
média a grossa, apresentando textura semifacoidal dada por cristais lenticulares de feldspato. É
constituído por quartzo, feldspato, biotita e localmente hornblenda. Allanita, zircão e opacos, são
acessórios. O bandeamento metamórfico é destacado, principalmente nos tipos ricos em biotita,
interdigitados com material granítico rico em feldspato. Faixas porfiroblásticas (com cristais
centimétricos de feldspato), são encontradasa próximas aos contatos com o gnaisse facoidal.
Também ocorrem embutidos nestes gnaisses porções e lentes métricas de rochas básicas (rochas
dioríticas e gabróicas), xistosas, transformadas parcialmente em gnaisses básicos e biotíticos com
restos de anfibólio, devido ao metamorfismo e, charno-enderbitos.
Estes gnaisses afloram em bairros da zona norte do Rio, como no Méier, Serra do Engenho Novo,
Inhaúma, Morro dos Telégrafos, parte de Jacarepaguá e, na Floresta da Tijuca, no Morro do Archer,
Serrinha e Joá.
Gnaisse Facoidal –Rocha leucocrática de cor rosada a cinza clara, de granulação grosseira,
porfiroblástica ou porfiroclástica, apresentando grandes lentes ou “olhos” de feldspato creme ou
róseo (geralmente de microclina), às vezes bem orientados, e que se destacam entre camadas de
biotita. Pelo caráter porfiroblástico dos feldspatos centimétricos contornados por uma massa
granoblástica fina, este gnaisse também é denominado “augen-gnaisse” Sua foliação é dada pelos
filmes de biotita que contornam os grandes cristais de feldspato. Subordinadamente, apresenta uma
variedade granuloblástica grosseira.
Petrograficamente trata-se de um microclina-oligoclásio/andesina-quartzo-biotita-gnaisse com
granada subordinada, apresentando textura principalmente porfiroblástica (ou facoidal), com lentes
de biotita-gnaisses, leptinitos, kinzigitos, metabasitos e manchas esverdeadas charnoquíticas. Faz
contatos aparentemente gradacionais com leptinitos e com o biotita gnaisse. Em alguns pontos
apresenta contatos bruscos com aqueles gnaisses, aparentando intrusionamento ígneo.
Quando milonitizado, os feldspatos apresentam diferentes estágios de estiramento, comportando-se
como porfiroclastos feldspáticos. Estas feições estruturais, representadas pelos milonitos,
associam-se principalmente à Zona de Cisalhamento Dúctil Niterói, de direção nordeste e que se
estende por dezenas de quilômetros através dos Municípios do Rio de Janeiro e de Niterói.
Apresenta idade em torno de 620 Ma.
Kinzigito - Tem sua melhores ocorrências no flanco oriental do Maciço da Tijuca, particularmente
na Serra da Carioca. Trata-se de um gnaisse leuco a mesocrático, de cor rosada, granulação
grosseira com porfiroblastos de até 2 cm de granada do tipo almandina, mais raramente de
cordierita, e com quantidades variáveis de quartzo, feldspato, biotita e sillimanita .
A foliação é bem desenvolvida e localmente pode conter lentes e/ou camadas (cm a m) de rochas
calciossilicáticas, leptinitos e quartzitos. Se distingue das demais litologias pela expressiva
presença de aluminosilicatos, tais como, granada, cordierita e sillimanita. Associa-se com o Biotita
Gnaisse para o qual passa de forma gradativa.
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Rochas e solos
Biotita Gnaisse – Rocha com estrutura gnaissica típica, com textura granolepidoblástica a
lepidoblástica, granulação fina a média, cor variando de cinza claro a cinza escuro, às vezes
granatífero e com diversas intercalações centimétricas a métricas de quartzito puro ou feldspático,
de espessura variável, como observadas na escarpa norte do Maciço da Tijuca. Em alguns pontos
esse gnaisse exibe feições migmáticas e estruturas deformacionais, dobramento, bem características
que o distingue dos demais. Quando quartzítico, é um gnaisse bem laminado que ocorre em
pequenas extensões, podendo ser observada a sua presença no Alto da Boa Vista, em domínio do
Biotita Gnaisse e também sob a forma de camadas quartzosas no Leblon.
O conjunto Kinzigito-Biotita Gnaisse apresenta-se na Serra da Tijuca ao longo de uma faixa de
direção aproximada NW-SE, embora um prolongamento do gnaisse kinzigítico de direção ENE-
WSW alcança a Serra da Carioca onde faz contatos com o Gnaisse Facoidal e com o Leptinito .
De um modo geral os gnaisses do Rio de Janeiro apresentam idades em torno de 600 Ma.
Litotipos ígneos
Metagabro da Tijuca - Conhecido comercialmente como Granito Preto da Tijuca, aflora na Floresta
da Tijuca, particularmente nas adjacências da estrada do Soberbo, onde apresenta suas maiores
exposições e, geologicamente, está em grande parte englobado pelo Granito Favela que por sua vez
se encaixa entre o gnaisse Archer e o Facoidal.
É uma rocha ígnea, de composição gabroica a diorítica, levemente metamorfisada, mesocrática,
maciça ou com ligeira foliação, inequigranular, de granulometria variando de média a grossa, cor
preta, composta por placas maiores de biotita em matriz de plagioclásio, piroxênios, anfibolios,
epidoto e opacos. De acordo com Amaral e Porto Jr. (1989), na região do Soberbo, o corpo do
Metagabro forma um corpo com cerca de 1,5 km de diâmetro, envolvido, com exceção da faixa
sudoeste, pelo Granito Favela que configura um anel bastante irregular com largura de cerca de 200
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Rochas e solos
m. As encaixantes na região são representadas pelo Gnaisse Facoidal, a E e SE, e pelo Gnaisse
Archer.
O conjunto é cortado por diques de diabásio, subverticais e orientados na direção preferencial N45-
50E e N70E, e também por raros pegmatitos.
A alteração do Metagabro apresenta uma forma peculiar, principalmente com blocos arredondados
de rocha fresca ou levemente alterada, circundada por uma massa de solo areno siltoso, dando um
falso aspecto de depósito coluvionar ou tálus. Verifica-se também que o sistema de fraturas do
Metagabro é perfeitamente preservado no saprólito relacionado.
Granodiorito Pedra Branca – Apresenta ampla ocorrência no Município do Rio de Janeiro, situado
entre as planícies de Bangú, Campo Grande e Jacarepaguá, estando a ele associadas as serras do
Nogueira, Quilombo, Barata, Bangú e da Pedra Branca propriamente dita.
Trata-se de um corpo ígneo intrusivo de composição granodiorítica nas porções mais internas,
gradando lateralmente em direção as bordas (Norte e Sul) a tipos mais ácidos representados por um
granito megaporfirítico que apresenta estrutura de fluxo magmático, bandamento ígneo e camadas
de xenólitos máficos .
Próximo aos gnaisses, é um granito porfirítico, com fenocristais de feldspato potássico de até 10 cm
de comprimento, apresentando estrutura planar e linear (fluxo magmático) e notável bandeamento
magmático representado por níveis de distintas granulometrias, aleitamento mineralógico e raros
enxames de enclaves microgranulares alinhados ao fluxo, como pode ser observado na pedreira da
Ibrata em Vargem Pequena, Jacarepaguá.
Uma de suas características é a presença de feições migmáticas de intrusionamento, particularmente
na sua borda sul, na região da Prainha-Grumari. Desplacamentos através de juntas de
descompressão, que dão a massa rochosa uma aparente estratificação, são comuns, além de
extensos campos de matacões. Estas rochas granitóides são por sua vez atravessadas por diques de
granito com tendência porfirítica, rico em allanita e por diabásios.
É apresentada uma idade de 537 Ma (Rb/Sr) para essas rochas.
Tonalito Grajaú - Forma diques e apófises discordantes aos contatos entre os gnaisses, também
como xenólitos dentro do Granito Favela. Trata-se de uma rocha leuco a mesocrática, grão fino a
médio, foliada e constituída de quartzo, plagioclásio, anfibólio e titanita com textura mosqueada
dada por estes três últimos minerais.
Granito Utinga - Ocorre como corpos irregulares, em pequenas ocorrências ou na forma de injeções
concordantes a sub-condordantes com o Gnaisse Archer. Possui composição granítica, granulação
grossa com variedades pegmatóides, destacando-se grandes cristais de feldspato, coloração branca-
rosada, às vezes apresentando aspecto migmático com concentrações estiradas de biotita e foliação
ajustada com as rochas encaixantes. Os corpos mais expressivos ocorrem no flanco oeste do
Maciço da Tijuca, na vertente do bairro de Jacarepaguá, na Serra do Alemão, no Complexo do
Caricó e na Serra da Misericórdia. Pequenas lentes deste granitóide, são encontradas embutidas no
gnaisse facoidal nas proximidades da Estrada Grajaú-Jacarepaguá.
Granito Favela - Ocorre preferencialmente no setor norte-nordeste do Maciço da Tijuca, Serra dos
Pretos Forros e do Engenho Novo, na forma de diques, corpos tabulares que geram cimeiras
resistentes ao intemperismo no topo dos morros ou pequenas intrusões (Floresta da Tijuca). Trata-
se de um granito meso a leucocrático, estrutura maciça, homogêneo, inequigranular, ocorrendo em
diques (principalmente), muitas vezes potentes com espessura de vários metros, núcleos e lentes
subhorizontais, em contatos bruscos com as encaixantes. Apresenta-se com dois fácies texturais:
um equigranular com granulação média a fina; outro, porfirítico, com fenocristais de microclina.
Há presença de mantos de concentrações de máficos. A análise petrográfica indica um biotita
granito com allanita, zircão, magnetita e apatita como principais acessórios.
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Rochas e solos
Estruturas de fluxo magmático são observáveis nos corpos maiores, e representadas pela orientação
preferencial de fenocristais de feldspato potássico, xenólitos alongados e aglomerados de biotita.
Este granito é correlacionado, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, ao Granito Andorinha.
O Granito Favela normalmente se apresenta na forma de diques de espessura variável, de baixo
ângulo de mergulho e, quando aflorando em áreas montanhosas intrudido em gnaisses, tende, por
intemperismo diferencial, a se destacar das litologias encaixantes. Bem diaclasados nas elevações,
podem ocasionar a queda de blocos, e, nas encostas, produz extensos campos de matacões
arredondados ou facetados muitas vezes oferecendo perigo potencial aos moradores à jusante.
Na paisagem montanhosa, como outros granitos, tende também a formar “tors” ou torres,
caracteristicamente associadas com granitos bem diaclasados. Estas feições compõem-se de um
amontoado de blocos bem delimitados por diáclases, empilhados uns sobre os outros em suas
posições originais, sobressaindo-se abruptamente de uma vertente ou de um topo relativamente
plano. Exemplos destas feições de morfologia granítica podem ser vistos nas serras de Bangú e
Barata na zona oeste da cidade.
São apresentadas idades em torno de 490 M.a. para este granito.
Granito Rosa - Ocorre em diques pouco espessos, geralmente verticalizados, ou em pequenos
corpos (com diâmetro métrico). Apresenta-se homogêneo, com granulometria fina, sem estruturas
de fluxo ou bandeamento magmático e corta o Granito Favela. É constituído por feldspato, quartzo,
biotita, allanita, zircão e apatita.
Allanita Granito - Trata-se de um granito de granulometria grossa, com textura pegmatóide,
inomogêneo, ocorrendo em diques e bossas irregulares. Apresenta megacristais de feldspato
rosados (até 15 cm), e de allanita (até 10 cm de comprimento, com bordos metamictos). A
muscovita é secundária. Ele corta todas as outras rochas graníticas ocorrentes no Município.
Diabásio - Ocorre na forma de diques de espessuras variadas, de centímetros a vários metros que
podem se estender por dezenas de quilômetros. Trata-se de rocha melanocrática, de cor preta, de
granulação normalmente fina, textura ofítica, raramente porfirítica. Em diques de grande espessura,
pode possuir uma granulação grosseira confundindo-se com o gabro, do qual é representante
extrusivo. Mineralogicamente são basicamente formados de plagioclásios, anfibólios e piroxênios,
onde bastonetes de plagioclásio conferem a rocha a textura ofítica.
Como tem idade Mesozóica cortam, na forma de diques, todas as rochas cristalinas do Município,
granitos e gnaisses, a exceção das alcalinas que são mais jovens. Apresentam direções preferenciais
N40-50E e se encaixam em fraturas e/ou falhas geralmente regionais. Morfologicamente, no Rio de
Janeiro, os diques de diabásio, tendem a formar relevos baixos, retilíneos onde se encaixa a
drenagem, como por exemplo o Rio da Cachoeira/Rio Maracanã no Maciço da Tijuca.
Tais rochas apresentam idades em torno de 130 Ma.
Sienito Nefelínico ou Foiaito - Ocorre ao norte do Município, na Serra de Madureira ou Mendanha-
Gericinó e no Morro do Marapicu. É uma rocha alcalina plutônica, leucocrática, cinza clara, de
granulação grossa, homogênea e composta de uma massa de feldspatos alcalinos, nefelina e cristais
escuros de piroxênio sódico (aegirina). O aspecto lembra o granito do qual difere por não conter
quartzo .
Fonolito - É a variedade extrusiva do nefelina sienito e aparece na região, formando pequenos
derrames ou diques cortando os gnaisses e granitos adjacentes e ao próprio foiaito. É uma rocha de
granulação fina, cor cinza-esverdeada, maciça, que por ter uma estrutura microcristalina se mostra
muito resistente à decomposição. Esta rocha produz um som semelhante ao do sino, quando
golpeada pelo martelo.
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Rochas e solos
Minerais Essenciais:
Auxiliam na classificação e são principalmente representados pelo quartzo, SiO2, isto é, sílica pura
e os feldspatos que formam o grupo mais importante como constituintes das rochas. Estes são
composicionalmente e cristalograficamente distinguidos em feldspatos potássicos ou k-feldspatos,
representados pelo ortoclásio e pela microclina, e pelos plagioclásios.
Minerais claros:
- Quartzo
- Feldspatos
a) K-feldspatos, genericamente denominados alcalinos, apresentam a composição K2O.Al2O3.6SiO2
e são cristalograficamente subdivididos em ortoclásio, com o sistema de cristalização monoclínico e
microclina com o sistema triclínico. São minerais geralmente brancos, embora a microclina tende a
ter uma cor rósea, ou “cor de carne”, num linguajar mais rotineiro. Alteram-se intempericamente
em caulinita.
b) Plagioclásios, que formam uma série segundo a variação de sódio relativo ao cálcio nos minerais.
O extremo sódico da série é representado pela albita (Na2O.Al2O3.6SiO2) e o do cálcio pela anortita
(CaO.Al2O3.2SiO2) que podem misturar-se em proporções variáveis. Apresentam normalmente a
cor branca ou acinzentada e se cristalizam no sistema triclínico.
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Rochas e solos
Minerais Acessórios:
São muitos os minerais que ocorrem minoritariamente nas rochas ígneas e por isso são considerados
acessórios. Entre eles se destacam:
Nas rochas graníticas ou ácidas: zircão, esfeno ou titanita, apatita, allanita, monazita, ilmenita e
magnetita.
Nas rochas básicas, tais como gabros e diabásios: magnetita, ilmenita, pirita e calcopirita.
Minerais Resistatos:
São aqueles resistentes ao ataque químico do intemperismo químico, e aparecem individualizados
mineralogicamente nos solos e sedimentos, enriquecendo-os. O principal é o quartzo, seguido do
feldspato e da mica. Entre os acessórios, destacam-se a ilmenita, a magnetita, a monazita, o zircão
e o rutilo.
Estruturas Geológicas
As estruturas geológicas constituem a disposição espacial das rochas ou porções das rochas e suas
relações. Tais estudos são tratados pela Geologia Estrutural.
As estruturas geológicas podem ser originadas por forças tectônicas, que atuam no interior da terra,
ou por forças atectônicas, que atuam na superfície e principalmente associadas a forças
gravitacionais. É importante a compreensão não apenas das feições estruturais, mas também dos
processos deformacionais envolvidos, para o real entendimento de sua geometria e variabilidade no
maciço rochoso.
As estruturas tectônicas são aquelas geradas tanto em estado de fluxo plástico quanto em estado
rígido, dependendo das condições de deformação. As estruturas geradas por deformação dúctil são
representadas principalmente por dobras, zonas de cisalhamento dúctil, foliações e lineações. As
estruturas geradas por deformação rúptil são representadas pelas falhas e juntas.
As estruturas atectônicas aqui interessadas, são aquelas feições que se desenvolvem nas
rochas próximas ou na superfície terrestre em áreas restritas e que são formadas principalmente por
perda da pressão litostática ou de confinamento. São representadas basicamente pelas juntas de
alívio ou de descompressão.
Estruturas tectônicas
Falhas
São fraturas (descontinuidades), nas quais ocorre um deslocamento perceptível das partes, o
que se dá ao longo do plano de fratura. Ao se movimentarem os blocos separados atritam um
contra o outro, às vezes produzindo fragmentação e pulverização das rochas. Tais deslocamentos
podem ser milimétricos, centimétricos, decamétricos e até quilométricos. As falhas como as
fraturas em geral, representam importantes descontinuidades tanto em termos mecânicos como
hidráulicos. Representam caminhos preferenciais de alteração e afetam diretamente a dinâmica
hidrológica dos fluxos subterrâneos nas encostas.
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Rochas e solos
Elementos da Falha:
Plano da Falha - É a superfície segundo a qual se dá o deslocamento. Muitas vezes o atrito causado
pelo movimento produz uma superfície lisa, podendo ter um brilho bem nítido graças ao polimento
produzido pela fricção. Denomina-se neste caso espelho de falha ou slickensides, que além do
polimento mostra com freqüência estrias ou caneluras. Além destas características, o espelho de
falha pode apresentar ressaltos ou rugosidades (nem sempre existentes) (Figura 2).
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Rochas e solos
a
b
0
5 cm
Figura 2 - Plano de falha com estrias. Infere-se o sentido do movimento (seta ab) com base nos ressaltos na
superfície estriada
Tabela 3 – Nomes de campo para rochas associadas a falhas, segundo a classificação da Série Cataclástica
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Rochas e solos
Rejeito - É o deslocamento relativo de pontos previamente adjacentes nos lados opostos da falha,
sendo medido no plano da falha. Normalmente constata-se o falhamento à escala de afloramento
pela presença de superfícies polidas e estriadas em planos de fratura, sendo o rejeito muitas vezes
indeterminado.
Atitude da falha é a direção de uma linha horizontal situada no plano de falha e mergulho de falha o
ângulo diedro formado pelo plano de falha e em plano horizontal qualquer. A interseção do plano
de falha com a superfície terrestre denomina-se traço, linha ou afloramento de falha.
Juntas ou Diáclases
São fraturas que ocorrem de forma sistemática, segundo orientações preferenciais,
compondo famílias ou sistemas persistentes no maciço rochoso. Em geral, comparecem dois ou
mais sistemas que se entrecruzam, formando blocos poliédricos, cujas formas e dimensões
dependem das orientações e espaçamentos relativos de cada sistema. Elas tornam-se mais
adensadas nas proximidades das falhas regionais, podendo, em algumas situações, prognosticá-las.
Apresentam-se como superfícies planas ou irregulares e podem ser caracterizadas como
sistemáticas, quando têm orientação subparalela e espaçamento regular ou não-sistemáticas quando
não compartilham uma orientação comum normalmente aleatória ou condicionada pelas
sistemáticas e, apresentam a superfície irregular ou curva. Juntas que apresentam orientação similar
na mesma área constituem um conjunto ou família. Dois ou mais conjuntos de juntas na mesma
área constituem um sistema de juntas.
Juntas sistemáticas podem não estar preenchidas, isto é, a fratura pode estar aberta e desprovida de
minerais. Geralmente elas são as fraturas formadas mais recentemente na área, podendo apresentar
superfícies muito lisas. Algumas superfícies de juntas são bastante irregulares; outras são marcadas
por proeminências concêntricas, e são denominadas juntas plumosas.
Veios são juntas preenchidas e o preenchimento varia em composição de quartzo e feldspato a
quartzo, calcita, dolomita, adularia, clorita, epidoto, bem como minerais metálicos como a pirita e a
calcopirita. Fraturas podem também ser preenchidas com combinações de zeólitas, calcita e outros
minerais de baixa temperatura.
Fraturas preenchidas ou não podem ocorrer num sistema conjugado. Para pares de famílias serem
conjugados é necessário que tenham sido formados quase ao mesmo tempo por tensão ou
cisalhamento.
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Rochas e solos
Dobras
As dobras são ondulações ou convexidades existentes em corpos rochosos originalmente planos.
Elas exibem dimensões variadíssimas e são observadas em diferentes escalas. Os lados das dobras
são denominados flancos que se unem na charneira. A superfície que divide a dobra em duas partes
similares é o plano axial. Um antiforme é uma dobra que converge ou que se fecha para cima e o
sinforme a que se fecha para baixo. Os tipos de dobras mais comuns são denominados anticlinais e
sinclinais.. Outros tipos de dobras são: isoclinal, monoclinal, recumbente e de arrasto.
É considerada isoclinal, quando ambos os flancos mergulham na mesma direção e com o mesmo
ângulo de mergulho; Monoclinal ou Flexão, quando se dá o encurvamento de apenas uma parte;
Recumbente ou deitada, cujo plano axial tende a horizontalidade e de Arrasto um conjunto de
dobras menores subordinadas a uma dobra maior.
Foliações e lineações
Foliação é o termo que se aplica a determinadas feições planares características de algumas rochas
metamórficas. Os mais importantes tipos de foliação encontrados em algumas rochas do Município
do Rio de Janeiro, são:
• Gnaissoidade, ou foliação gnáissica, decorrente da orientação paralela de minerais geralmente
placóides, como as micas ou de orientação planar de minerais alongados. Quando a rocha é
formada predominantemente de minerais placóides, micáceos, oferecendo forte laminação, tem-
se a xistosidade.
• Bandamento Composicional, definido por faixas paralelas de composições mineralógicas ou
texturais diferentes. Comum em gnaisses e migmatitos.
• Bandamento Magmático - Semelhante a anterior, porém tem a sua ocorrência restrita a algumas
massas ígneas plutônicas.
• Foliação Milonítica - Feição planar resultante do fluxo plástico laminar, imposto por
cisalhamento não-coaxial ao longo de zonas de cisalhamento dúctil.
• Lineação - São feições lineares definidas pelo eixo de alongamento de elementos geológicos
tais como minerais ou agregados minerais, ou por intersecções de feições planares
principalmente em rochas deformadas por sucessivas fases de dobramento. As lineações mais
importantes são a lineação mineral, dada pela orientação comum de eixos de minerais
prismáticos e a lineação de estiramento dada pela elongação de minerais e agregados de
minerais através da deformação.
Alguns corpos graníticos do Município do Rio de Janeiro, em particular o Granito Favela,
apresentam estruturas planares e lineares dadas pelo fluxo magmático. Tais estruturas, em
conjunto, podem originar uma foliação em algumas massas graníticas.
Zonas de Cisalhamento
Afetando particularmente os gnaisses do Rio de Janeiro, verificam-se bandas, faixas ou zonas de
cisalhamento dúctil, de diversas magnitudes, quase sempre de extensão regional e orientadas
preferencialmente na direção ENE-WSW (de N70E a E-W).
Estas zonas de cisalhamento, constituem estruturas de grande importância nos estudos de
caracterização dos maciços rochosos, face as peculiaridades que apresentam:
16
Rochas e solos
• Forte deformação no centro da zona que grada para uma encaixante, pouco ou nada deformada.
• A espessura dessas faixas pode variar de alguns milímetros a centenas de metros.
• Geralmente apresentam aspecto anastomosado, com articulação de faixas, isolando lentes de
rocha preservadas, configurando um padrão amendoado.
• Possui foliação penetrativa marcante.
• Formação de porfiroclastos e estiramento de minerais, sobretudo o quartzo.
• Desenvolvimento de rochas da série milonítica (Tabela 4).
Tabela 4 - Nomes de campo para rochas associadas a falhas segundo a classificação da Série Milonítica
17
Rochas e solos
18
Rochas e solos
Estruturas Atectônicas
19
Rochas e solos
20
Rochas e solos
Geralmente são pouco espaçadas na superfície, com intervalos que podem chegar a poucos
centímetros, tornando-se mais espaçadas em profundidades, onde tendem a se horizontalizar e
tornarem-se indistinguíveis a algumas dezenas de metros. Esta persistência associada às aberturas
por elas produzidas, configuram importantes condicionantes geotécnicos. Massas graníticas e
gnáissicas aflorando em diferentes condições topográficas no Município, mostram bons exemplos
dessas estruturas de relaxamento.
Como são caminhos preferenciais de percolação de água em subsuperfície, a alteração intempérica
se desenvolve nas paredes das descontinuidades, produzindo uma alternância de rocha sã com rocha
alterada, isto é, de materiais com diferentes níveis de alteração. Alguns escorregamentos podem ser
acionados em encostas íngremes, em massas rochosas com estas características.
Em algumas vertentes verifica-se a ocorrência de lascas instáveis formadas por juntas de alívio,
como aquelas citadas por Silva (1995) em afloramentos de leptinito no flanco nordeste do Morro de
Dona Marta no bairro de Laranjeiras. A maior exposição à insolação dessa encosta, contribui, em
parte, a geração dessas estruturas.
Deve-se assinalar, que os problemas de instabilidade em rocha no Rio de Janeiro, são mais graves
em escarpas íngremes como a do Morro Dona Marta, devido a conjunção destes planos de alívio
com as superfícies de falhas, uma vez que esta combinação geométrica acaba por individualizar
lascas rochosas sujeitas a quedas de grandes alturas. O reconhecimento dessas condições
estruturais é da maior importância nos projetos de estabilização requisitados.
Silva (1995), ao avaliar a resistência ao cisalhamento de juntas de alívio em leptinitos do Rio de
Janeiro, estabelece um ângulo de atrito básico de aproximadamente 34º e o ângulo de rugosidade
variando de 3º a 9º para essas descontinuidades.
21
Rochas e solos
Dobras isoclinais fechadas, associadas a zonas de cisalhamento dúctil, são observadas com
freqüência nos domínios do Biotita Gnaisse e Gnaisse Facoidal no Arpoador, Urca e pontos da
Serra da Carioca. Uma importante megadobra recumbente também relacionada, ocorre na porção
Nordeste da Serra da Carioca e sua estrutura monitora praticamente a distribuição dos conjuntos
litológicos no Rio de Janeiro. Lineações de estiramento de feldspatos potássicos no Gnaisse
Facoidal são paralelas aos eixos dessas dobras.
Introdução
Solo é um produto do intemperismo físico e químico das rochas, escavável, e que perde sua
resistência quando em contato com a água. Avaliar e classificar os solos é poder prever seus
comportamentos mecânicos e hidráulicos através das descrições realizadas em cortes e ensaios.
A descrição dos solos é feita através de um perfil geotécnico. A Pedologia privilegia os estudos nos
níveis mais superiores do perfil do solo, onde ocorre intensa evolução pedogenética - horizontes A e
B -, especial atenção é dada ao conhecimento dos níveis inferiores, denominado solo saprolítico ou
de alteração pela Geologia de Engenharia.
4 - Geotécnica
Classificação Pedológica
De embasamento genético, apresenta uma série de divisões e subdivisões normalmente de
aplicabilidade limitada quanto as questões pertinentes à Geologia de Engenharia, sobretudo em
estudos de estabilidade das encostas. Sugere-se a classificação de Salomão e Antunes (1998), que é
abrangente e destaca as mais importantes características dos diferentes tipos de solo sob um
enfoque eminentemente pedológico
De um modo geral, nas montanhas do Rio de Janeiro ocorrem solos minerais não hidromórficos,
que se desenvolvem em zonas de oxidação do terreno, apresentando ótima drenagem e pouco
afetados pelo aquífero.
Incluem-se nesse grupo:
- Solos com horizonte B latossólico
- Solos com horizonte B textural (Podzólicos)
- Solos com horizonte B Câmbico ou incipiente
- Solos rasos ou litólicos, sem o horizonte B
Classificação Geológica
Em Geologia, solo é o manto de intemperismo ou regolito, que recobre as rochas, de espessura
variável, principalmente quando formado de material solto, incoerente, que, via de regra, passa
gradativamente para a rocha fresca, inalterada. Com essa base conceitual podem então ser
classificados:
- Solos Residuais ou Autóctones - derivados diretamente da rocha matriz pelo intemperismo. A
esse material residual in situ dá-se o nome de eluvião.
- Solos Transportados - são aqueles sobrejacentes a solos residuais mais antigos, decapitados por
processos erosivos de evolução das vertentes ou desenvolvidos sobre material alóctone, muitas
vezes de natureza coluvionar, que recobrem, como depósitos de rampa, os solos residuais
autóctones. Tais solos são frequentes nas vertentes do Sudeste e de difícil distinção dos
autóctonos subjacentes, principalmente quando evoluídos pedologicamente. Linhas de Pedras
(Stonelines), contínuas, horizontalizadas ou levemente inclinadas, servem, em alguns casos,
como marcadoras de contato entre eles e também entre distintas gerações de colúvios, pois
geneticamente estão, em grande parte associadas a antigas superfícies de erosão ou
paleosuperfícies. São consideradas também, em alguns casos, como um paleopavimento
detrítico.
- Colúvios - massas de solo e fragmentos de rochas em vários estágios de decomposição,
recobrindo algumas encostas, de espessura variável, que sofreram ou estão sofrendo
movimentação lenta, para baixo por ação da gravidade. São solos tidos como transportados e,
portanto, podem possuir constituintes mineralógicos e rochosos, estranhos a rocha subjacente.
Os colúvios apresentam estrutura porosa e geralmente com boa permeabilidade, o que não
impede seu frequente envolvimento em escorregamentos nas áreas montanhosas, muitas vezes
derivados da diminuição da coesão aparente em função do grau de saturação de água
subsuperficial.
- Tálus- depósito caótico e de grande heterogeneidade, encontrado principalmente no sopé das
escarpas (Figura 12), e originado por efeito da gravidade sobre fragmentos soltos de rocha e
material inconsolidado. Seu constituinte fragmentar é anguloso e não se observa acamamento
regular na massa detrítica. Tais depósitos apresentam mecanismos de instabilização próprios,
24
Rochas e solos
25
Rochas e solos
de granulometria. É uma classificação limitada, pois o comportamento dos solos não depende
apenas da granulometria. No entanto, oferece uma informação essencial para a descrição dos solos,
principalmente para solos grossos, que são as areias e os pedregulhos, e por isto ainda é muito
utilizada.
A escala granulométrica internacional recomendada pela ISSMFE (International Society of Soil
Mechanics and Foundation Engineering) e já amplamente utilizada no país é a seguinte: (Tabela 5)
Argila < 2µ m
Silte 2 a 60µm
Areia fina 60 a 200 µm
Areia média 200 a 600 µm
Areia grossa 600µm a 2mm
Pedregulhos >2 mm
Classificação Geotécnica
Aquelas em que são consideradas e quantificadas propriedades geotécnicas, que determinam os
parâmetros de engenharia. De acordo com Vargas (1985), os solos tropicais apresentam duas
porções com comportamentos geotécnicos distintos: A porção superficial com intensa evolução
pedogenética e estágio avançado de laterização, constituindo-se no solo laterítico e a porção
profunda que apresenta estruturas reliquiares da rocha e se constitui no solo saprolítico. Nestas
circunstâncias, faz-se necessária uma amostragem adequada no perfil de alteração estabelecido,
pois ensaios especiais normalmente são requisitados nas classificações geotécnicas convencionais.
Nas classificações geotécnicas convencionais são requisitados, ensaios de granulometria e limites
de Atterberg, de liquidez e de plasticidade, para classificar e determinar o estado dos solos.
Entre as classificações geotécnicas mais utilizadas no mundo, encontra-se o USCS (Unified Soil
Classification System), derivada da classificação de Casagrande (1948) em que os solos são
agrupados em 14 grupos, representados por duas letras, que indicam tamanho dos grãos e grau de
seleção.
Perfil do Solo
É a secção vertical que, partindo da superfície aprofunda-se até onde chega a ação do intemperismo,
mostrando, na maioria das vezes, uma série de camadas dispostas horizontalmente denominadas
horizontes. Pedologicamente, os horizontes são zonas do solo, aproximadamente paralelas, que
possuem propriedades resultantes dos efeitos combinados dos processos genéticos. As
características consideradas para a diferenciação dos horizontes, usualmente são: cor, textura,
estrutura, consistência, composição.
Na descrição de um perfil hipotético de solo, são usadas letras para discriminar os horizonts tais
como: O, A, B, C e R e respectivas subdivisões, segundo uma divisão eminentemente pedológica.
(Tabela 6)
26
Rochas e solos
Horizonte Descrição
rocha
Figura 13 - Perfil do solo: uma comparação entre as classificações pedológica e geotécnica (de Kertzman e Diniz,
modificado por Souza, 1992)
Perfis de Alteração
Definição e características
Entende-se como perfil de alteração ou de intemperismo, uma sequência de camadas com diferentes
propriedades físicas, que desenvolveram-se in situ e que estão sobre a rocha sã ou matriz.
27
Rochas e solos
20 IIB
1
III Rocha sã
30 4
40
50
Figura 14 – Características principais dos horizontes de um perfil de alteração de rochas ígneas e metamórficas
e respectivas soluções típicas para taludes de corte (Deere e Patton, 1971 apud Augusto Filho e Virgili, 1998)
28
Rochas e solos
29
Rochas e solos
Rocha sã (VII)
Figura 15 - Perfil de alteração típico de rochas metamórficas e graníticas em regiões de serra (Pastore e Fontes,
1998).
A espessura e propriedades dos perfis dependem da litologia da rocha matriz, das descontinuidades
presentes, da topografia, da condição climática e da hidrologia. Como estes fatores variam
horizontalmente, o perfil de alteração pode variar significativamente com relação as distâncias
horizontais relativamente curtas, dificultando a determinação de perfis característicos para distintos
tipos de rocha matriz, Figuras 16 e 17.
Figura 16 - Perfil de alteração em gnaisse com estruturas reliquiares, Rio das Pedras
30
Rochas e solos
Figura 17 - Perfil de alteração em gnaisse Archer com estruturas reliquiares e núcleos preservados, Rua
Gama Malcher
31
Rochas e solos
Nível de
Nível de alteração – Espessura
alteração Características principais
Lima ( 1995) (m)
correspondente
32
Rochas e solos
Nível de
Kinzigito Leptinito Gnaisse facoidal
alteração
Fraturas passando
gradualmente, com o
avanço do intemperismo,
Fraturas intragranulares mais
de intragranulares a
comuns, com fraturas trans e Apenas fraturas
Nível I intergranulares, localizadas
intergranulares subordinadas intragranulares seladas.
principalmente no contato
pouco oxidadas e abertas.
entre a matriz mais fina e
os facóides, paralelamente
à foliação.
Fraturas trans e intergranulares
Fraturas intragranulares
mais comuns com intergranulares
Nível II mais intergranulares,
subordinadas, oxidadas e pouco
paralelas à foliação.
abertas.
Intragranulares ainda mais
frequentes, podendo
originar fraturas
Fraturas trans e intergranulares
trasngranulares (locais).
mais comuns com intergranulares
Nível III Fraturas intergranulares
subordinadas, oxidadas e pouco
com maior abertura e
abertas.
persistência, paralelas à
foliação e no contato entre
os grãos.
Fraturas intra, inter e Predomínio de fraturas
Nível IV trasngranulares igualmente transgranulares que
presentes, bastante oxidadas. obliteram a foliação.
Fraturas inter e transgranulares
Nível V são as mais comuns, com Não foi identificado.
aberturas de até 2.0mm.
33
Rochas e solos
Tabela 11 – Parâmetros a seresm investigados para reconhecimento do grau de alteração intempérica da matriz.
Os níveis ou estágios de alteração intempérica da rocha matriz, podem ser identificados através da
aplicação do cadastro de teste da matriz, desenvolvido para os materiais de alteração do Rio de
Janeiro por Barroso (1993) e indicados na Tabela 12.
34
Rochas e solos
Tabela 12 – Cadastro de testes da matriz para o reconhecimento e classificação dos estágios de alteração
intempérica em rocha.
Tabela 13 – Principais mudanças mineralógicas ocorridas com os gnaisses da Série Superior com o avanço do
intemperismo. (Barroso et al, 1996)
35
Rochas e solos
Nível de
Gnaisse facoidal leptinito Kinzigito
alteração
Procedimentos gerais:
No campo: Distinção das caracterísicas reconhecidas dos materiais de transição resultantes do
intemperismo. Deve-se considerar a relação com a geomorfologia e a geologia estrutural.
No laboratório: Estabelecer as características mineralógicas através de determinações petrográficas
macro e microscópicas, identificar as propriedades físicas dos materiais coletados através de
diferentes ensaios, tais como, peso específico aparente e saturado, porosidade, grau de saturação,
teor de umidade de saturação e, análises de resistência e deformabilidade através de ensaios de
tração, de compressão puntiforme, de compressão uniaxial e de compressão triaxial.
36
Rochas e solos
Litologia
Diz respeito aos tipos de rochas que recebem denominações específicas e que são identificadas a
partir de um sistema de classificação.
As litologias são individualizadas através do reconhecimento da sua composição mineral, cor,
textura, tamanho dos grãos, estruturas e outras feições que permitam discriminá-las. Adota-se,
então, como critérios de classificação, o grupo genético, estruturas principais, textura, granulação e
mineralogia.
Considerando-se as litologias comuns nas encostas do Rio de Janeiro, indicadas e descritas no item
2.2 deste Manual, são apresentados a seguir, alguns parâmetros normalmente requisitados para
caracterizá-las.
Cor
Apesar de ser um parâmetro subjetivo e, muitas vezes variável num mesmo tipo de rocha, é
característico para um determinado corpo rochoso, servindo para qualificá-lo, em conjunto com os
demais aspectos macroscópicos de rochas ou amostra de mão (Frascá e Sartori, 1998).
Com um espécime fresco, torna-se possível uma subdivisão grosseira com base na cor. Rochas
ricas em sílica, como os granitos, usualmente contém considerável proporção de minerais claros,
como o quartzo e o feldspato. Rochas ricas em ferro e magnésio, como os diabásios, gabros e
dioritos, tendem a conter minerais escuros, como o piroxênio, o anfibólio e a biotita. Com base na
quantidade de cor versus o branco (ou claro), um índice de cor pode ser estabelecido que leva a um
caminho aproximado para a determinação da composição.
Assim, uma rocha que contém menos de 30% de minerais ferro-magnesianos (escuros ou máficos)
é considerada clara e pode ser denominada de Leucocrática. Entre 30% e 60% de ferro-
magnesianos, é denominada Mesocrática, e acima de 60% de Melanocrática. É comum as rochas
serem apenas consideradas félsicas (p.ex.: granito) ou máficas (p.ex.: gabro).
Tal índice é geralmente utilizado para rochas ígneas plutônicas e os principais minerais ferro-
magnesianos presentes são piroxênios, anfibólios e biotitas. Também pode-se utilizar para definir a
cor da rocha a tabela de cores para rochas publicada pela Geological Society of America (Rock-
Color Chart Comunittee, 1963).
37
Rochas e solos
Textura
Refere-se em geral a aparência física ou aos caracteres da rocha, incluindo aspecos geométricos e
relações mútuas entre eles, particularmente os componentes ou cristais por exemplo: cristalinidade,
granularidade ou então o grau de desenvolvimento dos cristais na rocha. O termo normalmente é
aplicado para pequenas feições, visíveis em amostras de mão ou com auxílio do microscópio.
Estrutura
É uma feição megascópica de uma massa rochosa ou unidade rochosa, geralmente observada em
cortes, pedreiras e grandes exposições. Pode representar uma descontinuidade, um acamamento ou
um bandeamento. A estrutura indica de certa forma como a rocha é organizada ou feita pelas suas
partes componentes. Não obstante os dois termos são frequentemente usados permutativamente.
Trama ou Fabric
É a soma das feições texturais e estruturais da rocha ou massa rochosa. O termo incorpora a noção
de função ou comportamento das propriedades físicas correlatas, bem como a forma e a disposição
espacial dos componentes estruturais e texturais. Um domínio de trama é uma área ou volume
tridimensional, definida por limites, tais como, descontinuidades estruturais ou composicionais,
dentro do qual a trama da rocha é uniforme. De um modo geral a trama ou fabric refere-se
especificamente ao arranjo dos grãos ou cristais constituintes da rocha, sendo a orientação
preferencial destes constituintes, o mais evidente aspecto do fabric da rocha.
Texturas Ígneas
Cristalinidade ou Grau de cristalização: É a proporção relativa de vidro e cristais.
- Tamanho dos cristais: fanerítica, quando os cristais são visíveis a olho nú e afanítica quando não
são visíveis a olho nú.
- Granularidade ou tamanho dos Grãos:
• grão fino: < 1 mm
• grão médio: 1 - 5mm
• grão grosso: 5 mm - 5 cm
Excepcionalmente se utiliza o termo muito grosso com grãos entre 5 cm e 20 cm . Acima disto diz-
se que a textura é pegmatítica.
Quando referente ao tamanho relativo dos grãos:
• Equigranular - quando todos os cristais teem aproximadamente o mesmo tamanho.
• Inequigranular: quando os cristais diferem substancialmente em tamanho.
Quando um cristal se destaca em tamanho com relação aos demais o denominamos fenocristal.
Com relação a forma, os cristais se didivem em idiomórficos ou euédricos, hipidiomórficos ou
subeuédricos e xenomorfos ou alotriomorfos ou anhedral, isto é, completamente limitados por faces
cristalinas, parcialmente limitados por faces cristalinas e desprovidos de faces cristalinas
respectivamente.
Padrão textural de rocha ígneas plutônicas
- Panidiomórfica: quando a grande maioria dos cristais são idiomórficos (mais de 90%). Podem ser
equigranular ou inequigranular.
38
Rochas e solos
1. Resistência
Refere-se ao grau de resistência da matriz rochosa entre descontinuidades. De certa forma pode ser
confundido com o grau de coerência normalmente aplicado em rochas sedimentares inexistentes nas
encostas do Rio de Janeiro.
De acordo com Guidicini e Nieble (1984), o ensaio de compressão puntiforme define a resistência
da matriz rochosa através de teste expedito, realizável no campo com um equipamento portátil, em
fragmentos rochosos irregulares, ou testemunhos de sondagens. Uma vez obtida a resistência da
rocha, esta é classificada segundo determinadas convenções, como a adotada abaixo, que divide o
campo de resistência à compressão uniaxial em seis faixas:
39
Rochas e solos
Observando-se tal classificação, infere-se, a grosso modo, que as rochas das encostas do Município
do Rio de Janeiro apresentam-se, quando não tectonizadas ou intemperizadas como resistentes ou
muito resistentes.
2. Alteração
A alteração da rocha, particularmente a derivada da ação dos processos intempéricos é da maior
importância na caracterização da massa rochosa. A decomposição do material rochoso favorece a
diminuição da resistência mecânica, favorece o aumento da deformabilidade e modifica as
propriedades de permoporosidade das rochas, isto é, há perda das características geomecânicas dos
materiais rochosos.
Como a alteração é o conjunto de modificações físico-químicas a que as rochas se encontram
submetidas, a consequência do fenômeno é a degradação de suas características mecânicas. Assim,
para o mesmo tipo litológico, a rocha mostra-se menos resistente e mais deformável, quanto, mais
avançada a alteração, o que permite reconhecer estágios ou graus de intensidade da manifestação do
processo. A caracterização do estado de alteração do meio rochoso é feita tatil-visualmente, com
base em variações do brilho e cor dos minerais e da rocha, além da friabilidade.
3. Descontinuidades
O estudo das descontinuidades é da maior importância na caracterização das massas rochosas, pois
condicionam significativamente a resistência, a deformabilidade e a permeabilidade do meio
rochoso, podendo, inclusive, controlar sua estabilidade.
Uma descontinuidade é qualquer feição geológica que interrompa a continuidade física de uma
dado meio rochoso. É um termo que coletivamente inclui juntas, fissuras, falhas, planos de
cisalhamento, xistosidade, planos de acamamento, etc. Devem ser descritas cuidadosamente e com
precisão pois controlam o comportamento geotécnico da maioria das massas rochosas.
Parâmetros a serem considerados: localização e orientação, espaçamento, persistência, rugosidade,
abertura, preenchimento e escoamento de água.
Guidicini e Nieble (1984), em alusão ao estudo da compartimentação da massa rochosa, propõem
distinguir três grandes grupos de descontinuidades, não em função de sua gênese, mas em função de
sua geometria, ou distribuição espacial, dentro do maciço. São eles:
- Compartimentação principal, constituída pelas famílias, jogos e sistemas de juntas; ou seja,
estruturas apresentando sensivelmente a mesma orientação, inclinação e intensidade de ocorrência;
são descontinuidades de segunda grandeza, tendo, em geral, extensão limitada. Isso significa que,
em um sistema desse tipo, eventuais rupturas poderão envolver trechos do maciço isentos de
descontinuidades, mobilizando a resistência da própria rocha intacta.
- Estruturas individuais significativas, representadas por falhas, juntas de alívio, planos de
acamamento, ou seja, por estruturas de relevante continuidade, capazes de controlar, por si só, o
comportamento de um talude.
40
Rochas e solos
Grau de Fraturamento:
É geralmente determinado por simples contagem de fraturas ao longo de uma direção, utilizando-se
normalmente o número de fraturas por metro. Convém não considerar aquelas descontinuidades
soldadas por materiais altamente coesivos. Recomenda-se a adoção da escala normalmente
utilizada nos trabalhos do IPT de São Paulo.
41
Rochas e solos
Persistência ou continuidade:
Refere-se a extensão areal ou tamanho da descontinuidade num plano. A dificuldade é constatar
sua persistência para dentro do maciço rochoso, já que para tal determinação, requisita-se uma visão
tridimensional. Praticamente este parâmetro só pode ser avaliado verificando-se a extensão do
traço do plano da fratura na superfície exposta. Se considera importante sua determinação em
alguns projetos de engenharia face a sua influência na resistência ao cisalhamento dos maciços
rochosos.
Entretanto, a experiência geológica permite deduzir que tratando-se de conjuntos de fraturas de
origem tectônica, sua persistência deve ser grande no maciço rochoso. Considera-se como de
grande persistência se sua extensão é superior a dezenas de metros e pequena, quando sua extensão
não exceder a 3 m. A Tabela 17 apresenta classes de persistência indicadas por Bieniawski (1989).
Classificação Comprimento
Muito curta L<1m
Curta 1≤L<3m
Moderada 3 ≤ L < 10 m
Longa 10 ≤ L < 20 m
Muito longa L > 200 m
Rugosidade ou irregularidades:
Corresponde a ondulações e as asperezas nas superfícies das descontinuidades, quando se procura
avaliar sua importância na resistência ao cisalhamento.
A rugosidade de uma descontinuidade é produzida por ondulações que é uma irregularidade de
primeira ordem e as asperezas, também rugosidade sensu lato, de segunda ordem. Caso se verifique
a presença de estrias e polimento na superfície da descontinuidade, evidenciando movimentações,
tal plano é um “slickensided” ou espelho de falha, que também apresenta ondulações e rugosidades.
Piteau (1970) propõe que as ondulações sejam registradas em função de sua amplitude e
comprimento e que para as rugosidades se utilize uma escala de classificação que vai da categoria 1
- superfície estriada e polida, a categoria 5 - superfície muito irregular.
Convém assinalar que a escala de observação e medição das ondulações é métrica e das rugosidades
milimétrica, sendo estas últimas classificadas através do ângulo formado pela irregularidade com a
horizontal. Também pode ser classificada pelo seu perfil geométrico como o apresentado por
Barton et al (1974).
Abertura:
É a distância perpendicular entre as paredes de uma descontinuidade aberta, onde o espaço
intermediário está preenchido por ar ou água. A abertura é causada por inúmeros fatores, tais como
lavagem do material de preenchimento e/ou dissolução, e a descrição do tamanho da abertura é
importante porque ela influencia na resistência ao cisalhamento e na condutividade hidráulica da
42
Rochas e solos
descontinuidade. O tamanho da abertura pode variar de 0, tida como fechada a mais de 200 mm,
considerada muito larga. A Tabela 18 apresenta classes de abertura de descontinuidades indicadas
por Bieniawski (1989).
Classificação Abertura
Fechada
Pequena A < 2 mm
Moderada 2 ≤ A ≤ 20 mm
Larga 20 ≤ A < 100 mm
Muito larga A > 100 mm
Preenchimento:
É o material diferente entre as paredes da descontinuidade que pode ter sido transportado para
dentro da descontinuidade ou ter sido formado in situ, como por exemplo ter sido formado pela
ação de intensa decomposição ao longo da junta. Normalmente são menos resistentes que a rocha
matriz. A Tabela 19 apresenta classes de preenchimento indicadas por Bieniawski (1989).
Preenchimento Espessura
Nenhum
Preenchimento duro < 5 mm espessura
Preenchimento duro ≥ 5 mm espessura
Preenchimento mole < 5 mm espessura
Preenchimento mole ≥ 5 mm espessura
Preenchimentos típicos são formados por material caulinizado, argilas, limonita, calcita, sílica e no
caso da fratura ser uma falha , a presença de gouge ou brecha de falha pode ser assinalada. A
Tabela 19 apresenta tipos de superfície e preenchimentos proposto pelo IPT (1984).
Surgência de água:
Sua presença ao longo da descontinuidade é frequentemente de grande importância nas avaliações
geotécnicas da massa rochosa e merece uma cuidadosa avaliação na respectiva descrição. A
quantidade de água percolando a descontinuidade pode ser sazonal o que implica diversas
observações durante um período de tempo, normalmente considerando as estações úmidas e secas.
43
Rochas e solos
1 Seca
2 Úmida
3 Molhada
4 Gotejante
5 Fluindo
Caracterização Petrográfica
Executada em laboratório através da descrição macro e microscópia em seções delgadas, ensaios
granulométricos e análises químicas.
As análises petrográficas, identificam as litologias, caracterizam a mineralogia, texturas e
estruturas e, concomitantemente a microfissuração que exerce grande influência no comportamento
mecânico nos materiais rochosos e suas propriedades. Procedimentos concernentes são indicados
na NBR 7389 e na NBR 7390.
Propriedades Índices
Compreendem basicamente o teor de umidade, a porosidade, a massa específica, a absorção d’água,
a expansão e o desgaste a úmido. A caracterização destas propriedades é feita essencialmente
através de ensaios em laboratório. Os procedimentos para execução e análises referentes são
detalhados em Brown (1981).
Propriedades Mecânicas
São aquelas que interessam ao estudo da resistência ao cisalhamento, a deformabilidade e as
tensões naturais. São determinadas através de ensaios in situ, em furos de sondagens e em
laboratório. São os seguintes os principais ensaios (Tabela 22):
Tabela 22 - Ensaios
Ensaio Descrição
Ensaios de compressão puntiforme Fornecem um índice de resistência, correlacionável a
compressão uniaxial
Ensaios de compressão uniaxial Fornecem a resistência a ruptura, o coeficiente de Poisson e o
módulo de deformabilidade
Ensaios de compressão triaxial Fornecem a resistência e a deformabilidade sob determinada
pressão de confinamento, bem como a resistência ao
cisalhamento
Ensaios de cisalhamento in situ ou em Fornecem a resistência ao cisalhamento, principalmente de
laboratório descontinuidades
Ensaios de deformabilidade, in situ, Fornecem o módulo de deformabilidade e características de
através de dilatômetro, macacos fluência
planos, etc
Propriedades Hidráulicas
Nos maciços rochosos as descontinuidades mostram-se determinantes, no condicionamento do
fluxo d’água e permeabilidade do meio. A condutividfade hidráulia ou permeabilidade das massas
rochosas pode ser determinada através de ensaios de perda d’água sob pressão.
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Rochas e solos
Retroanálise
Muito utilizada nos estudos de estabilidade de taludes, compreendendo, o estudo das condições em
que se deu determinada ruptura.
Classificações Geomecânicas
Apesar de existirem inúmeras classificações na bibliografia especializada, atualmente apenas as
classificações de Barton et al (1974), denominada Sistema Q e a de Bieniawski (1974, 1984),
denominada de Sistema RMR (Rock Mass Rating), originalmente empregadas em projetos de
túneis, são habitualmente utilizadas.
- Sistema RMR
A Classificação Geomecânica de Bieniawski, fornece uma avaliação geral da massa rochosa
(RMR), crescendo progressivametne com os atributos do maciço rochoso de 0 a 100. Ela está
baseada em cinco parâmetros universais: Resistência da rocha, RQD (Rock Quality Designation),
condições da água de subsuperfície, espaçamento entre as descontinuidades, características das
descontinuidades e, orientação das descontinuidades. Incrementos na avaliação da massa rochosa,
correspondentes a cada parâmetro, são somados para a determinação do RMR.
O parâmetro RQD, introduzido por Deere et al (1967), indica a qualidade do meio rochoso, a partir
das condições de um testemunho de sondagem rotativa, sendo obtido através da expressão:
RQD = (∑ p / n) × 100
onde:
p = o comprimento das peças da rocha sã superior a 10 cm.
n = a extensão total da manobra de perfuração num determinado trecho.
Este critério é aplicado em testemunho de sondagem rotativa, com barriletes duplo-livres e de
diâmetro mínimo NW (55 mm), e somente para rocha dura ou medianamente dura. Dessa forma, o
índice RQD é condicionado pelo espaçamento das descontinuidades e pela presença de rocha
alterada. Quando esta não existe, há uma relação estreita entre RQD e grau de fraturamento. No
Brasil, às vezes se utiliza o IQR (Índice de Qualidade da Rocha), basicamente com os mesmos
critérios do RQD, porém, ao invés da manobra, considera trechos em que o espaçamento das
descontinuidades é homogêneo, e o comprimento mínimo é de 0,5 m.
Segundo Bieniawski (1989), o sistema RMR, tem, entre outros, os seguintes objetivos:
- Caracterizar os parâmetros condicionantes do comportamento dos maciços rochosos;
- Compartimentar determinada formação rochosa em classes de maciço com atributos distintos;
- Fornecer parâmetros para o entendimento das características de cada classe de maciço;
- Fornecer dados quantitativos para o projeto geomecânico.
- Sistema Q
Introduzido por Barton et al. (1974), também chamado de Sistema NGI (Norwegian Geotechnical
Institute), combina seis parâmetros numa função multiaplicativa:
Q = ( RQD / J n ) × ( J r × J a ) × ( J w / SRF )
onde:
Jn = relaciona-se com o no de famílias de descontinuidades.
Jr = relaciona-se com a rugosidade das mais importantes descontinuidades.
45
Rochas e solos
Ja = relaciona-se com a condição de alteração das paredes das descontinuidades e/ou seu
preenchimento.
Jw = relaciona-se com a influência da ação da água subterrânea.
SRF = índice de influência do estado de tensões no maciço no entorno da cavidade (Stress
Reduction Factor)
Valores numéricos são determinados para cada parâmetro do sistema Q, segundo a descrição
detalhada encontrada no artigo de Barton et al. (1974), bem como as classes qualitativas de massas
rochosas segundo o valor total de Q.
O sistema Q e o sistema RMR, incluem alguns parâmetros distintos e por isso não podem ser
estritamente correlacionados.
Maiores informações sobre essas classificações geomecânicas, além das publicações dos autores,
recomenda-se o artigo de Serra Jr. e Ojima (1998) e o livro-texto “Introduction to Rock
Mechanics”, de Richard Goodman (1989).
Símbolos geológicos
Recomenda-se os símbolos listados na tabela para as principais litologias comumente encontrados
no Município do Rio de Janeiro. Os símbolos estão baseados nos apresentados pela Geological
Society (1972) com algumas alterações. (Figura 18a,18b e 19)
46
Rochas e solos
50
? ? ? ? 40
Dobras
30 35 ? ?
?? ??
20 25
20 30 (a) (b) (a) (b) (a) (b)
(a) (b)
Anticlinal com linha Sinclinal com Anticlinal invertido Sinclinal invertido, com
Eixos aproximados: Eixos inferidos: Eixos encobertos: Eixos supostos:
de crista e seu linha de crista e com traço da superfície traço da superfície axial Anticlinal pequeno Sinclinal pequeno Eixos
(a) anticlinal
caimento seu caimento axial,mergulho dos mergulho dos flancos e mostrando caimento mostrando caimento (a) anticlinal (a) anticlinal (a) anticlinal horizontais
flancos e caimento (b) sinclinal (b) sinclinal (b) sinclinal (b) sinclinal
caimento
Dobras
30 35
20 20 30
Anticlinal com linha Sinclinal com Anticlinal invertido Sinclinal invertido, com Anticlinal pequeno
de crista e seu linha de crista e com traço da superfície traço da superfície axial mostrando caimento
caimento seu caimento axial,mergulho dos mergulho dos flancos e
flancos e caimento caimento
A
? ?
e
20
B B 60
55
(a) (b)
47
Rochas e solos
Juntas
70
35
30
γ σ τ λ y α ε β π θ δ
Intrusivas Intrusivas Intrusivas Intrusivas Intrusivas Extrusivas Extrusivas Extrusivas Extrusivas
Vulcânicas Metavulcânicas
ácidas intermediárias básicas alcalinas ultrabásicas ácidas intermediárias básicas alcalinas
Representação de diques
db
db db
Falha normal Falha vertical Falha inversa Supra-cavalgamento Infra-cavalgamento Klippe Janela estrutural
("overthrust") ("underthrust") ( "Fenster")
48
Rochas e solos
+10
33 aterro
+5 solo residual
30
de gnaisse SMV-12 SP-47 SMV-14 SPV-30
SPV-29
gnaisse 4.3 m 3.27 m 3.232 m 2.951 m
28
2.837 m
rocha alterado
18 Aterro
A-2 Areia siltosa c/
22 fragmentos de rocha
57
43 5.60 m
0 60 Areia fina-média
41
pouco argilosa
69
36 cinza
areia fina c/
64
33 gnaisse fragmentos
de conchas
40 extremamente alterado A-4 cinza
26
solo residual
59
36 de gnaisse areia fina c/
fragmentos
-5 59 de conchas
39 cinza
49
21
52
23
69
35
48
29
-10 48 areia fina argilosa c/
22 fragmentos
de conchas
49
18 cinza
30
05
30
07
30
06
-15
22.50 m
18.45 m
-20 22.02 m
23.05 m 21.50 m
20.95 m
49
Rochas e solos
50