Michael Youssef - O Estilo de Liderança de Jesus
Michael Youssef - O Estilo de Liderança de Jesus
Michael Youssef - O Estilo de Liderança de Jesus
JESUS
Como desenvolver as qualidades
Michael Youssef
Editoria Betânia
Sumário
APRESENTAÇÃO
P ARTE 1 - O RIGENS DA LIDERANÇA
CAPÍTULO 1 - A NECESSIDADE DE CONFIRMAÇÃO
CAPÍTULO 2 - PRESTANDO RECONHECIMENTO AOS QUE VIERAM ANTES DE NÓS
P ARTE 2: Q UALIDADES DA L IDERANÇA
CAPÍTULO 3 - O LÍDER COMO PASTOR
CAPÍTULO 4 - CORAGEM
CAPÍTULO 5 - BONDADE
CAPÍTULO 6 - ROMPENDO COM OS COSTUMES
CAPÍTULO 7 - GENEROSIDADE
CAPÍTULO 8 - SINCERIDADE
CAPÍTULO 9 - PERDÃO
P ARTE 3 : T ENTAÇÕES DA L IDERANÇA
CAPÍTULO 10 - PODER
CAPÍTULO 11 - O NOSSO EGO
CAPÍTULO 12 - IRA
P ARTE 4: P ROBLEMAS DA L IDERANÇA
CAPÍTULO 13 - BUSCA DE APOIO
CAPÍTULO 14 - OS DESCRENTES
CAPÍTULO 15 - CRÍTICAS
CAPÍTULO 16 - TEMPESTADE EM COPO D’ÁGUA
P ARTE 5: O F UTURO DA L IDERANÇA
CAPÍTULO 17 - DE ONDE SURGEM OS LÍDERES
CAPÍTULO 18 - TRANSFORMANDO SEGUIDORES EM LÍDERES
APRESENTAÇÃO
Os Líderes de Hoje
Nós, líderes de hoje, certamente não lideramos com as
mesmas qualificações excepcionais de Jesus Cristo. Mas,
mesmo assim, podemos aprender este princípio, extraído
de sua vida: a chamada para a liderança precisa ser
confirmada.
O que haveríamos de pensar se, em meio a um culto
de adoração, um estranho se dirigisse ao púlpito e
dissesse: “Vim aqui para conduzi-los à verdade”? Além de
ser uma atitude bastante insólita, como iríamos saber
quem ele era? Como iríamos saber se ele estava certo?
A pergunta que faríamos imediatamente seria: “Com
que direito (ou autoridade) nos dirige essas palavras?”
Talvez não fosse exatamente assim que nos
expressaríamos, mas, é claro que uma das primeiras coisas
que iríamos fazer seria solicitar uma confirmação de sua
liderança.
A maioria das denominações já tem estabelecidas as
normas para a ordenação ou o reconhecimento dos líderes.
Elas compreenderam que, embora as pessoas possam ser
treinadas para a liderança, apenas Deus faz a chamada. A
igreja funciona como uma agência confirmadora. Este
processo se inicia, quase sempre, quando a pessoa assume
cargos de liderança na igreja local, e os membros vão
reconhecendo sua capacidade e seu talento.
O conselho e o pastor da igreja podem confirmar o
chamado, caso alguém expresse sua intenção de dedicar-se
ao ministério.
Se a denominação exige formação acadêmica, a
própria escola ou seminário servirá também como uma
confirmação.
Os líderes espirituais devem ser, de certo modo,
“confirmados” também por pessoas de fora da igreja. O
apóstolo Paulo, instruindo Timóteo sobre a ordenação dos
oficiais da igreja, adverte que o futuro líder deve ter “bom
testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no
laço do diabo” (1 Tm 3.7).
A necessidade de confirmação é um requisito
indispensável a qualquer tipo de liderança. Nos negócios,
na igreja, em casa, ou em qualquer outro ambiente, as
pessoas precisam conquistar o direito de liderar. Eu posso,
por exemplo, acreditar que tenha sido indicado por Deus
para dirigir uma das maiores empresas do mundo, mas
quem iria me contratar se eu simplesmente entrasse no
escritório do presidente da Nestlé ou da Shell e dissesse:
“Estou aqui para assumir o cargo de chefia desta
empresa?”.
Para confirmar minha convicção e provar minha
capacidade, teria, provavelmente, que “começar de baixo”.
Como acontece com muitos líderes, é provável que eu só
conseguisse atingir um cargo elevado depois de começar
por um de nível bem simples. Teria que demonstrar
iniciativa e capacidade para poder ir subindo, e precisaria
contar também com uma pessoa ou grupo que me apoiasse
em cada etapa que fosse vencendo, pessoas que
endossassem a minha liderança.
Acontece que, na igreja ou mesmo fora dela, algumas
pessoas querem ir “diretamente ao topo”. Já vi executivos e
candidatos ao ministério insistirem, cheios de vaidade, em
dizer que preenchem todos os requisitos para ocuparem
determinado cargo ou exercerem o ministério.
Um deles, candidato ao ministério, ao ser rejeitado,
acusou a junta examinadora de estar “indo contra Deus”. A
junta era formada por amigos dele, todos interessados em
confirmar o que ele alegava ser um chamado de Deus. Mas
não foi possível. Eles constataram muitas falhas no caráter
do pretendente.
Já me aconteceu contratar executivos com todas as
“credenciais”, e que acabaram provando serem totalmente
incapazes de liderar. Não tinham, na verdade, nem a
aptidão necessária, nem a confirmação dos outros.
Depois dessas experiências, aprendi a reconhecer
esses pretendentes logo na primeira entrevista. O primeiro
sinal de alerta é quando o candidato diz que ele vai salvar
aquela organização, que aquela instituição está precisando
desesperadamente de alguém com a sua capacidade. Esse
é o “sinal vermelho”, que indica que a pessoa não é um
líder confirmado.
E assim temos o primeiro princípio de liderança, que
apreendemos da vida de Jesus.
PRINCÍPIO I
Gigantes do Passado
Sir Isaac Newton disse: “Se vi mais longe do que os
outros homens, foi porque estava de pé sobre ombros de
gigantes”.
Meus Reconhecimentos
Eu mesmo, por exemplo, conquistei um diploma de
doutorado, mas para chegar até esse ponto fui ajudado por
muita gente. Primeiro devo minha fé cristã à educação
devotada a Deus que minha mãe me transmitiu: minha
mãe que orava comigo e por mim, sincera e
fervorosamente Aos vinte e um anos emigrei do Egito para
Sidney, na Austrália. Não conhecia ninguém lá, a não ser
um casal, que, assim mesmo, só conhecia de nome. Mas eu
tinha também uma carta de apresentação para o cônego
anglicano D.W.B. Robson, que se tornou, depois, arcebispo
de Sidney. Foi com seu incentivo e apoio que consegui
superar os problemas de não poder comunicar-me bem em
inglês. Na verdade, sem seu estímulo, eu não teria
conseguido estudar na Escola Teológica Moore.
Houve, também, meu encontro com John Haggai, uma
pessoa que acreditou em mim. Convidou-me para dirigir o
Instituto Haggai, um ministério de âmbito mundial, com
escritórios em seis continentes. Com essa sua iniciativa, Dr.
Haggai ajudou-me a atingir, num período de apenas oito
anos, o equivalente a cinqüenta anos de maturidade. Com
a ajuda de Deus, consegui liderar essa organização.
Durante todo esse tempo tive uma companheira fiel e
dedicada, minha esposa Elizabeth, que me deu amor, apoio
e estímulo. Além de ser mãe, fazia também às vezes de pai
para nossos quatro filhos, enquanto eu fazia viagens ao
estrangeiro, ou ficava até tarde da noite estudando.
Porque estava de pé nos ombros desses “gigantes”,
senti que não havia nada que eu não conseguisse fazer.
Devo muitíssimo a essas quatro pessoas, e a muitas mais.
Jamais poderei esquecer ou negar o impacto que causaram
em minha vida e em meu ministério.
Os Precursores Bíblicos
Jesus disse a seus discípulos que os campos estavam
prontos para a colheita, usando, obviamente, essa
ilustração como símbolo da consagração espiritual. E
acrescentou: “O ceifeiro recebe desde já a recompensa e
entesoura o seu fruto para vida eterna; e, dessarte se
alegram, tanto o semeador como o ceifeiro.
um é o semeador e outro é o que rega. Nem o que
planta é alguma cousa, nem o que rega, mas Deus
que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega
são um, e cada um receberá o seu galardão, segundo
o seu próprio trabalho. Porque de Deus somos
cooperadores, lavoura de Deus, edifício de Deus sois
vós.” (1 Co 3.5-9.)
Interdependência
Por que Jesus, após ter treinado seus seguidores,
enviou-os de dois em dois, para que o precedessem em
cada cidade ou lugar por onde iria passar? (Lc 10.1.) Ter
outra pessoa junto certamente encorajaria o viajante em
lugares desconhecidos. Mas eu acho que Jesus tinha uma
razão adicional para assim proceder.
Quem sabe se Pedro, voltando de uma cidade que
visitara sozinho, não poderia dizer: “Olha o que eu fiz!”
Será que Jesus não desejava que, desde o princípio, seus
seguidores se apercebessem de sua dependência de uns
para com os outros — e de sua dependência do Senhor?
Pode ser, até, que ele os estivesse preparando para o que é
ser “um só corpo em Cristo”. Mais tarde, em suas epístolas,
Paulo conclamou, vezes sem conta, a igreja a voltar a essa
verdade (Rm 12.3-8; I Co 12.12).
O próprio Jesus poderia ter chamado a si o crédito de
tudo que existe, desde a criação até a eternidade. Mas ele
respeitou a posição dos fiéis, apontando Abraão, por
exemplo, como o pai da nação de Israel (Jo 8.37).
É bem provável que, se algum de nós tivesse vindo
como Salvador do mundo, iríamos desacreditar os que nos
haviam precedido. Possivelmente diria algo mais ou menos
assim: “Moisés era um bom homem, é verdade, mas ele
irou-se e desobedeceu. Deus teve que puni-lo. O bom
camarada Abraão fez um bocado de coisas ótimas, mas ele
tinha seus momentos de fraqueza. Imagina que uma vez
ele ficou com tanto medo do faraó que chegou a dizer que
Sara era sua irmã! É, mas eu não sou assim, não”.
Como Prestar Reconhecimento a Outros
Se, como líderes, desejamos seguir a Jesus Cristo,
devemos, como ele, reconhecer a valor dos outros.
Lembremos alguns fatos que podem ajudar-nos a fazê-lo.
PRINCÍPIO 2
Parte 2: Qualidades da
Liderança
Conhecendo as Ovelhas
Embora ocupado e cheio de responsabilidades, aquele
executivo conhecia suas “ovelhas”. Ele demonstrava
interesse por elas e por suas famílias. Há muito eu já sabia
de sua capacidade nos negócios, mas esse incidente fez-
me apreciá-lo numa perspectiva nova, muito mais ampla.
Ao contrário, um outro episódio veio a revelar-me outro
tipo de “pastor”. Um certo domingo, a saída do culto, eu
estava ao lado do pastor de uma igreja muito prestigiada.
Ele apertava a mão de cada um dos membros,
cumprimentando-os amavelmente com um sorriso e um
cordial “como tem passado”?
Pelo menos umas doze vezes o pastor disse: “Ah,
muito bem”, antes que a pessoa tivesse tido tempo sequer
de responder. Imediatamente sua mão era estendida para a
pessoa seguinte da fila, sempre com o mesmo sorriso e a
mesma saudação. Quando chegou a vez de uma senhora
de idade, o pastor disse: “Espero que a senhora esteja
passando bem hoje”.
A senhora, baixinha e de fisionomia bastante triste,
respondeu rapidamente: “Meu marido ficou doente durante
a noite de quinta-feira e eu tive que chamar a ambulância.
Ele ainda está na UTI...”.
“Sim, é muito bom vê-la aqui esta manhã”, disse o
pastor alegremente. “É sempre uma satisfação tê-la aqui
para o culto.” E imediatamente estendeu a mão para a
pessoa seguinte.
Quase não pude acreditar no que tinha ouvido. Senti-
me constrangido porque o pastor não tinha sequer ouvido o
que ela havia dito; fiquei chocado com tanta
insensibilidade, e magoado pelo que havia sido feito àquela
senhora.
Meio desajeitadamente, tentei remediar a situação,
embora, sendo um visitante, não desejasse me envolver
demais. “Como se chama seu marido?” perguntei.
“Gostaria de incluí-lo em minhas orações todos os dias
desta semana”.
Não é minha intenção julgar o pastor. Posso
compreender que, com uma congregação de mais de 2000
pessoas, assistentes e auxiliares sobrecarregados, e
levando sobre os ombros o peso de tamanho fardo,
provavelmente o pastor não tem como conhecer cada
pessoa da fila.
Pode acontecer, também, que ele estivesse com
problemas pessoais naquele dia, ou ansioso a respeito de
algum evento que estava para acontecer. Mas, mesmo
assim, saí da igreja com uma impressão totalmente
diferente da que me fora deixada pelo banqueiro.
Este conhecia suas ovelhas. O pastor não conhecia as
suas. Pior ainda, senti que ele não fazia questão de
conhecê-las.
Quando Jesus falou sobre seu relacionamento com
suas ovelhas, deu a impressão de saber muito mais do que
os seus nomes. Para Jesus, conhecê-las significa amá-las.
O Estilo de Jesus
Líderes que só se preocupam com estatísticas nem
chegam perto do estilo de liderança de Jesus. Ele conhece
intimamente suas ovelhas.
Seu amor por elas não é um conceito abstrato nem
pode ser substituído por clichês do tipo “eu amo meu
povo”. Seu amor pelas ovelhas, embora coletivo, é,
também, individualizado; ele conhece seu rebanho porque
conhece cada membro individualmente.
Como é que as ovelhas de Jesus o conhecem? Não é
através de um encontro casual, não é apenas
intelectualmente, nem é por entenderem algumas
verdades sobre sua liderança — mas por sentirem o amor
que o Bom Pastor tem por elas. Na qualidade de ovelha,
Posso ter dúvidas e sentir medo; mas quando vejo o Líder,
o Pastor, minhas dúvidas e receios se dissipam.
Correspondo ao amor e ao cuidado que o Pastor tem por
mim.
Vejamos como eram os pastores e as ovelhas do
tempo de Jesus. Os pastores da Palestina punham a
segurança de suas ovelhas acima da sua.
No Velho Testamento, por exemplo, Davi matou um
leão com suas próprias mãos quando esse predador tentou
atacar suas ovelhas.
Conhecendo esse cuidado e esse compromisso dos
pastores com seus rebanhos, podemos compreender
melhor a metáfora que Jesus usou ao chamar-se de O Bom
Pastor.
O Bom Pastor colocou as necessidades das suas
ovelhas em primeiro lugar, chegando ao extremo de dar
sua vida por elas. Jesus citou Zacarias 13.7 quando
predisse sua morte a seus discípulos. “Esta noite todos vós
vos escandalizareis comigo; porque está escrito”: Ferirei o
pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas” (Mt
26.31). Mas, contraditoriamente, foi a morte do Bom Pastor
que garantiu a segurança de suas ovelhas.
Ele, voluntariamente, deu sua vida pelo seu rebanho.
E isso ressalta outro princípio próprio do estilo de
liderança de Jesus.
PRINCÍPIO 3
BONS PASTORES CONHECEM SUAS OVELHAS;
O Pastor Visionário
Em meados dos anos 70, um jovem vendedor de
produtos farmacêuticos, chamado Stan, visitava médicos e
hospitais, empenhado na realização de seminários sobre
saúde destinados ao publico em geral. Alguns anos mais
tarde a idéia de Stan se tornou uma pratica-padrão adotada
por muitos dos hospitais americanos.
Mas Stan tinha outra idéia além dessa: medicina
preventiva. Ele surgiu com um plano brilhante de trabalhar
com as empresas a fim de incentivar os empregados a
prevenir as doenças.
Suas pesquisas revelaram que os empregados
faltavam muitos dias no ano, acarretando com isso
prejuízos financeiros para as empresas, e que muitas
dessas faltas poderiam ser eliminadas.
Montou um plano de ação bem flexível, incentivando
as pessoas a perderem peso e praticarem exercícios físicos.
Isso iria custar dinheiro às empresas, mas ele podia provar
que, a longo prazo, a medida acabaria representando uma
economia de gastos.
Stan levou seu plano a mais de 700 empresas. Mas
nenhuma delas queria se arriscar. Todas apresentavam
varias razões para dizer que não viam valor algum naquele
programa. No começo da década de 80, porém, algumas
das grandes companhias começaram a aderir ao seu
conceito de medicina preventiva.
O problema que Stan teve de enfrentar é comum.
Líderes dotados de visão. Eles têm a capacidade de
enxergar além, de imaginar coisas que as ovelhas precisam
ver para crer. Eles podem prever as curvas do caminho, os
desvios, as mudanças de rota. Às vezes, tem de abrir
caminho, não importa se os outros estejam vendo a
passagem ou não. O versículo-chave aqui encontra-se no
Evangelho de Lucas: “E aconteceu que, ao se completarem
os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou no
semblante a intrépida resolução de ir para Jerusalém” (Lc
9.51). Como se pode ver nos versículos seguintes, os
discípulos não entenderam o que estava acontecendo.
Eles estavam pensando em mandar fogo para destruir
a cidade. Jesus, porém, estava antevendo o calvário.
Embora os líderes precisem ser visionários,
percebendo o que os outros ainda não viram, é necessário
que tenham cuidado para não andarem depressa demais.
Os pastores, mesmo os dotados de visão, devem ter
sempre no coração o bem-estar do rebanho. Nada me soa
pior aos ouvidos do que ver os membros de determinada
igreja referirem-se ao pastor, visionário e ambicioso, nesses
termos: “Ele está construindo um império”.
Construir um império é muito perigoso. Uma das
firmas pioneiras na produção de computadores veio a falir
por ter ultrapassado suas próprias limitações. Um dos
representantes da companhia disse mais tarde: “Ele (o
inventor e presidente) queria ser o maior, mas não fez
questão de ser o melhor. Não se preocupou quando os
empregados se demitiram, porque pensou que iria
encontrar outros tão bons como aqueles.”
Equilíbrio
Qualquer que seja nossa área de liderança, não
podemos prescindir de estar com nossos companheiros de
trabalho, empregados, membros da nossa igreja ou
comunidade, membros da família, de modo a fazê-los sentir
que nos importamos com eles. Não podemos ser o melhor
amigo de todo mundo, mas podemos estar abertos e nos
colocarmos à disposição das pessoas.
O presidente de uma grande cadeia de restaurantes,
por exemplo, adota uma “política de porta aberta”.
Qualquer pessoa da empresa pode falar comigo quando
quiser’, diz ele; e seus empregados sabem que é verdade.
Ele é um homem muito ocupado, mas não tão ocupado que
não possa ouvir os outros. Sua empresa, ligada a um ramo
em que as mudanças gerenciais chegam a 50% ao ano,
apresenta, em igual período, um índice inferior a 5% de
rotatividade de pessoal.
Mas um bom líder sabe como manter um
relacionamento equilibrado com seus liderados, de modo a
impulsioná-los para a frente. A maioria das pessoas
preferem descansar um pouco, permanecer
confortavelmente onde estão. Assim que se adaptam a um
estilo de vida, não se sentem motivadas a ir além ou tentar
coisas novas. O verdadeiro líder diz com freqüência:
“Adiante! Marche!”.
Jesus sabia como manter esse equilíbrio. De um lado,
ele prometeu aos discípulos que eles teriam sua presença e
consolo através do Espírito Santo. Mas, ao mesmo tempo,
fez com que olhassem além daquela pequena cidade do
Oriente Médio e visualizassem o mundo todo.
Lucas registra suas palavras, que esclarecem bem
esses dois princípios: “Mas recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas
tanto em Jerusalém, como em toda Judéia e Samaria, e até
aos confins da terra” (At 1.8).
CAPÍTULO 4 - CORAGEM
Nada de Transigências
De acordo com os padrões de muitos dos líderes
atuais, Jesus cometeu um grande erro quando falou com
Nicodemos. Qualquer curso de marketing de que já ouvi
falar ensina que a primeira coisa que o vendedor tem de
fazer é ser agradável com o comprador em perspectiva; é
instruído a usar de lisonja ou adulação, a procurar algum
ponto positivo ou de interesse do outro, e tecer
comentários favoráveis em torno dele. Aprende também a
mostrar cordialidade e abertura. E, acima de tudo, deve
manter sempre um sorriso.
Muitos líderes, quando diante dos chefões e os
poderosos deste mundo, tendem a diluir suas convicções —
ou, pelo menos, falar delas com o maior cuidado,
enfeitando-as e tornando-as o mais aceitável possível.
Evitam ao máximo desapontar as pessoas principalmente
no primeiro encontro. Jesus não respeitou essas regras.
A hora escolhida por Nicodemos para encontrar-se com
Jesus indica que um homem na sua posição havia de sentir-
se envergonhado de ser visto em público com aquele novo
rabi controvertido, de nome Jesus. Os fariseus se
aproximavam de Jesus de uma maneira condescendente,
quase que ostensiva. Nicodemos representa muita gente na
nossa sociedade de hoje que julga estar prestando enorme
honra ao cristianismo quando declara:
“Nós — autoridades nas letras, árbitros do bom-gosto,
representantes da opinião pública, jornalistas, escritores de
revistas e outras publicações, comentadores e editores da
TV, líderes dos movimentos sociais e filantrópicos —
reconhecemos que Jesus foi um grande Mestre”.
Todavia, por mais ostensiva e condescendente que a
atitude de Nicodemos tenha sido, a sua percepção
mesquinha de quem era Jesus não mudou uma vírgula na
atitude de “braços-abertos” do Senhor. Nem deveria a
atitude de condescendência de nossa sociedade tornar-nos
superiores ou amargos.
Como foi que Jesus conseguiu, ao mesmo tempo
confrontar Nicodemos com coragem sem, contudo, deixar
de amá-lo? Vamos examinar bem de perto que estilo de
liderança Jesus revelou naquela noite.
Na qualidade de um jovem rabi de Nazaré, sem
nenhum diploma ou respaldo das autoridades, Jesus se
deparou com uma oportunidade rara de penetrar bem no
centro do Sinédrio. Não poderia haver nada mais agradável
para um jovem e ardente líder espiritual do que ter, por
parte dos homens sábios e influentes, o reconhecimento de
ser ele também um mensageiro de Deus. Só depois de anos
de ministério, ele poderia vir a receber reconhecimento e
elogios a valer, mas não no inicio.
Jesus poderia ter sido absorvido pela lisonja. Poderia
ter dito: “Estou honrado com sua presença aqui”, ou então,
“é um grande privilégio para mim”, ou, ainda, “estou
satisfeito que tenha reconhecido que fui enviado por Deus”.
Isso faria muito sentido se o que o jovem rabi estivesse
procurando fosse apenas reconhecimento.
Falando da maneira com que falou, Jesus mostrou
coragem, audácia e compaixão. Não se preocupou em ir
contra o “sistema” e nem ridicularizou Nicodemos. Alguns
líderes tentam construir seus impérios rebaixando,
ridicularizando, zombando, usando de sarcasmo, mantendo
secreta uma grande animosidade. Jesus não usou de
nenhum desses recursos.
Aqui Jesus demonstrou que seu estilo de liderança é
tão versátil quanto precisa ser para cada ocasião que
surge. Quando a multidão estava reunida no templo, Jesus
não hesitou em expressar publicamente sua ira para com
os vendilhões que haviam profanado a casa do Senhor.
Mas com Nicodemos agiu mansamente. Na quietude
da noite não hesitou em manter um debate firme, contudo
paciente, com ele.
Não faz muito tempo, assisti pela televisão a um
debate entre um líder cristão e um conhecido humanista.
Fiquei triste ao ver o líder cristão muito mais empenhado
em conquistar a aceitação do público do que apresentar
com firmeza as palavras de Cristo. Quanto mais insistentes
se tornavam às perguntas do auditório, mais enfraquecida
se tornava à mensagem de Cristo por ele transmitida.
A sociedade recebe de braços abertos os elementos da
igreja que aceitam sem relutância todos os tipos de crença.
Nossa cultura é receptiva aos líderes de igreja que não
fazem exigências morais rigorosas. O mundo atual parece
sempre disposto a receber uma cristandade sem força
moral, irresoluta, que vê Deus em tudo e tudo em Deus.
Mas esse não é o estilo de liderança de Jesus.
O estilo de liderança de Jesus exige coragem — para
falar a verdade em amor. Há uma diferença entre amor e
transigência.
Se alguma coisa aprendemos do estilo de Jesus, é que
a verdade vem acima de tudo. Jesus nunca lançou mão de
meios escusos para conseguir “vender mais”. Ele não
facilitou as coisas com promessas.
Às vezes, chegou mesmo a desencorajar candidatos a
segui-lo, mostrando as dificuldades e o preço do
discipulado. Não desejava que abraçassem a nova fé
ignorando o que o futuro reservava para os seus
seguidores.
Os Espinhos da Coragem
Uma amiga nossa trabalhou vinte anos como agente
no setor de reserva de passagens de uma das maiores
companhias aéreas do mundo. Nos dois últimos anos, por
três vezes teve problemas com seus supervisores por causa
da sua honestidade.
Como a companhia começou a controlar as chamadas
feitas de fora, descobriram que Bárbara tentava passar aos
clientes informações completas sobre o serviço e os preços.
Se um cliente precisasse voar dentro de determinado
horário e a companhia não tivesse nenhum vôo marcado
para a ocasião, ela procurava informação com as
companhias rivais e a passava ao cliente. Certa feita
chegou mesmo a dizer a um dos clientes que, naquele vôo,
seria mais econômico para ele viajar por outra companhia.
Bárbara sentia que era preciso demonstrar
integridade, embora estivesse também interessada em que
sua companhia tivesse lucro. Ela poderia ter perdido o
emprego. Mas conseguiu mantê-lo até se aposentar porque
a companhia recebia cartas de clientes falando bem a seu
respeito. Todos eles faziam questão de agradecer à
companhia pela honestidade encorajadora daquela
funcionária. Uma das cartas dizia: “Já viajei muito e nunca
vi ninguém sugerir outra companhia a não ser que eu
insistisse muito. Ela forneceu aquela informação
voluntariamente. Quero que os senhores saibam que daqui
por diante viajarei exclusivamente pela sua companhia.”
Até à aposentadoria continuou ouvindo palavras de
desagrado do seu supervisor. Mas ela disse que até preferia
ter anotações depreciativas em sua ficha pessoal do que
agir desonestamente com as pessoas. Infelizmente, essa
companhia aérea não incentivou seus funcionários a
seguirem o exemplo de Bárbara — mas permitiu que ela
trabalhasse dentro de seu próprio esquema, porque
compreendeu que estava sendo beneficiada com isso.
Se esse esquema traz vantagens ou não, o fato é que
os verdadeiros líderes têm um posicionamento definido em
relação aquilo em que crêem . Esta é a opinião de um líder
sobre o assunto: “Se transijo com um princípio para
agradar alguém, como é que vou estabelecer os meus
padrões”?
A Coragem de Cristo
Em lugar algum da Bíblia vemos Jesus pedir a seus
seguidores que tenham uma grande coragem. Em nenhum
lugar ele disse: “Jamais transijam com seus valores”. Ele
não precisava dizê-lo! Seu exemplo era suficiente.
No segundo capitulo de João, por exemplo, nosso
Senhor manteve seu posicionamento contra todos os
líderes judeus do seu tempo, porque eles haviam
transformado sua casa numa casa comercial. Ele os
enxotou com açoites e virou suas mesas. Repreendeu-os
duramente por sua corrupção.
Numa ocasião, quando eu estava ensinando sobre
esse texto, um jovem promissor aluno, homem de
negócios, interrompeu: “Sempre achei isso aí a coisa mais
tola do mundo. Ele fez isso, mas no dia seguinte o pessoal
voltou, colocou as mesas de volta no lugar e continuou a
fazer a mesma coisa”.
Antes que eu pudesse replicar, uma jovem dona-de-
casa retrucou: “Às vezes temos que agir simbolicamente.
Jesus não podia limpar o templo todos os dias. E nem
pretendia fazê-lo. Ele poderia ter passado todo o seu
ministério procurando meios de derrubar as mesas e
enxotar os vendilhões. Mas ele usou aquela ação como um
meio para atingir toda a nação judaica; com aquele ato tão
significativo ele mostrou a todos aquilo em que cria e o que
ele próprio representava”.
Eu, certamente, não teria tido melhor resposta do que
essa.
Não precisamos de mais moralistas na nossa
sociedade atual; o mundo está cheio deles. Precisamos,
sim, de líderes que nos conduzam corajosamente, que
conheçam a verdade e a proclamem sem medo. Não
precisamos que nos digam quais são as nossas
abnegações; precisamos da coragem de Cristo para fazer
aquilo que já sabemos muito bem que devemos fazer.
Coragem na Luta
Certo líder disse: “Os líderes escolhem suas próprias
batalhas. Mas não podem vencer todas elas. Estão sujeitos
a perder algumas durante a campanha, mas podem vencer
a guerra”.
A liderança é, muitas vezes, uma batalha, e a luta
requer coragem.
Ter coragem não significa nunca sentir medo ou
vacilar; não quer dizer que você nunca vai se sentir
confuso, nem perguntar: “Oh Deus! será que é certo o que
estou fazendo?” Ter coragem é fazer o que é certo,
independente das conseqüências.
Martinho Lutero, o ardente reformador do século XVI,
foi um homem de muita coragem. Ele desafiou a igreja
daquela época, o papa e outros líderes religiosos e
seculares. Em 1521 apareceu diante da Dieta Germânica,
na cidade de Worms, e, embora tivesse a promessa de ser
protegido, sabia muito bem que estava arriscando a vida. A
mesma promessa tinha sido feita a João Huss um século
antes, e ele tinha sido queimado na fogueira. Os líderes da
igreja prometeram a Lutero perdoá-lo caso se arrependesse
dos “erros” e voltasse à “fé verdadeira”. Lutero sabia que
essa promessa tinha pouco valor, porque para eles uma
promessa feita a um herético não precisava ser cumprida.
Ele conhecia a história dos dois séculos anteriores, quando
mulheres de cristãos tinham sido torturadas, e muitos
outros mortos durante a infame Inquisição Espanhola.
Lutero conseguiu chegar à corte em segurança, mas
foi-lhe negada a oportunidade de defender suas teses. Em
vez disso, apresentaram-lhe uma lista dos “erros” nelas
contidos. Mesmo sabendo que a corte podia decidir sobre
sua vida ou morte, quando instado a dizer se se retrataria,
sua resposta foi:
“A menos que eu esteja convencido do erro através do
testemunho das Escrituras (já que não deposito fé na
autoridade insustentável do papa e dos concílios,
porque está claro que eles tem errado muitas vezes e
que, também, muitas vezes tem entrado em
contradição uns com os outros), e com as Escrituras
para as quais apelei, não poderei me retratar e nem
me retratarei de nada, porque agir contra a própria
consciência não é certo, nem nos é permitido.
A Coragem em Ação
Alguns anos atrás, havia na Austrália um líder cristão
— vamos chamá-lo de Jim — , que trabalhava para o
governo. Logo na sua primeira semana do trabalho, seu
superior perguntou-lhe se ele gostaria de “fazer umas horas
extras”. Como precisasse de dinheiro, Jim disse que sim.
Na primeira noite, seus companheiros sentaram-se a
uma mesa para jogar cartas. Quando perguntou pelo
trabalho que devia fazer, sou supervisor disso: “Que
trabalho? Hora extra é ficar por aqui ‘fazendo cera’ e bater
o ponto depois do expediente”.
Jim não se deixou intimidar. Em vez disso, o que fez foi
repreendê-lo : “Se estamos sendo pagos para trabalhar,
temos de trabalhar”.
Os outros empregados não só se aborreceram com Jim,
como até começaram a persegui-lo.
Primeiro impediram que ele fizesse qualquer hora
extra; depois, a chefe deu-lhe as piores tarefas. Naquele
escritório Jim começou a ficar conhecido por “bíblia”,
“pastorzinho”, “fanático” e por mais uma porção de
apelidos pejorativos.
Jim se manteve firme. O chefe disse: “Você é um cara
legal — esquece esse negócio de lealdade. Faz como os
outros e você vai ganhar muito mais dinheiro.”
“Tenho que trabalhar se estou sendo pago para isso.
Jogar cartas nas horas de trabalho, quando estamos
ganhando extra, não condiz com minhas convicções”.
A situação acabou se tornando insuportável e Jim teve
de deixar o trabalho. Antes de sair, o chefe do
departamento chamou-o ao escritório e disse-lhe que sua
posição tinha mudado a atitude de outros empregados. As
pessoas tinham começado a falar em um nível de
consciência muito mais alto do que jamais se ouvira
naquela empresa.
A coragem de Jim tinha feito dele um líder. Sua recusa
em agir como os demais foi honrada por Deus, que desde
então o tem abençoado abundantemente, quer no setor
financeiro, quer na vida espiritual. Foi o próprio Deus que
prometeu: “aos que me honram, honrarei” (1 Sm 2.30).
O Preço da Coragem
Os cristãos que estão em cargos de chefia sabem que
um posicionamento definido pode significar prejuízo
financeiro, e até mesmo perda de emprego. Os
empregadores podem acusá-los de deslealdade.
Mas um líder corajoso sabe que agradar a Deus deve
ser a prioridade máxima em sua vida.
O apóstolo Paulo lutou com o problema de agradar a
Deus ou conquistar a aprovação dos outros. A epístola aos
gálatas mostra isso claramente. Paulo tinha transmitido aos
gálatas a mensagem evangélica de que Deus salva através
da fé em Cristo — e que isso era tudo. Depois que ele saiu
da Galácia, apareceu um grupo de mestres dizendo aos
membros da igreja que era preciso que eles cressem em
Jesus e se submetessem à circuncisão.
Paulo se lhes opôs: “Absolutamente não!” Ele sabia
que aqueles homens estavam ensinando um “evangelho
diferente” (Gl 1.6). Insistiu com o povo para não dar
ouvidos aqueles cristãos judaizantes e concluiu dizendo:
“Porventura procuro eu agora o favor dos homens, ou
o de Deus? Ou procuro agradar os homens? Se
agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo”
(Gl 1.10).
PRINCÍPIO 4
O Lado Amoroso
Em outras ocasiões, porém, Jesus mostrou o lado terno
de sua natureza.
Em nenhum outro lugar é isso tão flagrante como no
episódio da mulher apanhada em adultério. Jesus não
desculpou o pecado dela, ele o perdoou. Depois que seus
acusadores partiram, ele lhe disse: “Nem eu tão pouco te
condeno; vai, e não peques mais”. (Jo 8.11).
Quando analisamos o estilo de liderança de Jesus,
podemos ser tentados a dar maior ênfase em sua iniciativa
— seguindo sempre adiante — e à sua visão, e nos
esquecermos da sua bondade e mansidão. Mas este é um
dos elementos importantes da liderança que Jesus
exemplificou com muita beleza.
Quando Jesus se confrontava com os que tramavam
contra ele, enfrentava-os com firmeza e não arredava o pé
em suas posições. Mas quando estava diante do povo —
daqueles que eram necessitados — sua bondade e
mansidão vinham à tona. Em uma das passagens mais
comoventes do Novo Testamento, Jesus e seus discípulos
estavam sendo seguidos pela multidão, até que sentiram
necessidade de descansar. Pegaram um barco e se
afastaram para um lugar solitário.
A Força da Bondade
Alí por volta de 1970 apareceu na televisão americana
uma pequena série chamada “O Dócil Ben”. Ben era um
urso grande e forte. Mas ele era também carinhoso com a
família que o havia adotado. Ele podia ficar furioso e
demonstrar uma enorme força física, mas também era
capaz de mostrar sua natureza gentil. Aquele urso é a
imagem mais palpável de delicadeza de que posso me
lembrar.
Por trás da docilidade sempre se esconde grande
força. Muita gente se engana pensando que um líder bom e
dócil é um líder fraco; mas quando alguém é
verdadeiramente manso, tem também uma reserva interior
de poder.
PRINCÍPIO 5
SÓ UM LIDER VERDADEIRAMENTE FORTE PODE SER
VERDADEIRAMENTE BONDOSO.
Instituições e Regulamentos
Durante meus estudos de doutorado, fiz pesquisas
sobre as instituições e movimentos sociais. Foi quando
verifiquei que, sempre que uma nova instituição é criada —
seja ela cristã ou não — , seus fundadores criticam as
organizações já estabelecidas. Por exemplo, uma
companhia recém-formada, que vende programas de
computador, gaba-se: “Nós oferecemos serviço
personalizado. O pessoal de uma grande companhia não dá
a mínima para os seus clientes”.
Quando uma nova congregação ou denominação se
forma, muitas vezes é porque seus membros se sentem
decepcionados com a igreja da qual saíram, por acharem
que ela se tornou muito rica, muito impessoal, e que não se
importa mais com os indivíduos — que só funciona à base
de regras e regulamentos. Pode ser que sentiram que sua
ex-igreja estava preocupada era em arrecadar dinheiro
para encher os cofres e sustentar seus programas — mas
nem um pouco interessada em alimentar ovelhas.
Então, a nova igreja ou instituição cresce e se afirma, e
os novos fundadores acabam sofrendo as mesmas
acusações que faziam aos seus antecessores. E mais uma
vez, um jovem líder, radical e entusiasmado, cheio de
iniciativa, surge e declara que “nós” devemos acabar com
esses regulamentos tolos e retrógrados, que nos impedem
de atingir o povo. “Nós” devemos estar voltados para o
povo.
Da mesma maneira, quando Deus comunicou a lei a
Moisés, ele estava dando estatutos para o bem da
comunidade. Com o correr dos séculos, os líderes
interpretaram, reinterpretaram, explicaram e tornaram a
explicar esses estatutos básicos.
Com o tempo, os estudiosos e os filósofos fizeram
acréscimos as leis, através de constantes interpretações e
explicações.
Chegaram ao ponto em que todo o judeu ortodoxo
tinha que observar 613 obrigações diárias. Esses mesmos
mestres dividiram as leis em duas partes, as chamadas
pesadas (248 obrigações diárias) e as chamadas leves (365
preceitos). A quebra das regras leves não implicava em
penalidade muito pesada.
De Volta às Bases
O estilo de liderança de Jesus foi o reverso do estilo
dos escribas, fariseus e sacerdotes. Quando eles desejavam
falar com autoridade, diziam: “Como ensinava o Rabino
Hillel...” Referiam-se a regras, preceitos ou ensinamentos
de um famoso predecessor.
Jesus, por outro lado, dizia o que tinha a dizer sem
citar os mestres, como se vê no Sermão da Montanha:
“Ouviste o que foi dito... Eu porém vos digo” (Mt 5.27-
44).
O Estilo de Paulo
Paulo mostrou essa característica de liderança quando
escreveu para as igrejas da Galácia. Os crentes de lá
estavam envolvidos num emaranhado tão grande de
regras, que pareciam estar sendo enterrados em areia
movediça, sem perspectiva de se livrarem. Paulo tentou
mostrar-lhes como Cristo os havia libertado, explicando-
lhes o conceito de liberdade cristã.
Será isso o que está acontecendo atualmente nas
igrejas? Muitas congregações parecem estar mortas por
que se aferraram a tradições que tiveram inicio há séculos.
Embora sejam “respeitáveis”, supervaloriza maneiras de
adorar que acabam bloqueando o ato de adoração em si.
Alguns missionários também falharam no seu trabalho
no estrangeiro porque foram por demais inflexíveis no
exercício da liberdade cristã.
Muitos construíram igrejas que seriam muito mais
adequadas para funcionar em Boston ou Londres do que na
África ou Ásia, usando uma arquitetura ocidental, com
bancos, púlpitos e coros que nada tinham a ver com
aquelas culturas, com corais usando becas, totalmente em
desacordo com o clima da região. Eles não só introduziram
elementos totalmente estranhos a essas culturas, como
tornaram esses elementos partes integrantes da adoração
e dos cultos.
Conheço missionários, por exemplo, que trabalharam
nos anos 30 e 40 na África Oriental. Eles encontraram
naquela região povos com suas músicas próprias, cantadas
em tom menor e sem ritmo regular. Cheios de zelo e boas
intenções começaram a ensinar os hinos no estilo
ocidental, traduzindo as letras para as línguas locais. Mas
deram-se mal, e logo enfrentaram problemas.
Primeiro insistiram que a métrica fosse regular. “Afinal,
assim é que uma música deve ser”, disse um missionário.
Insistiram em ensinar a música ocidental com sua escala
tonal, sacrificando às vezes a clareza do texto para a
regularidade do ritmo. Pior ainda foi o fato de proibirem que
os nativos cantassem qualquer coisa típica de sua cultura,
por acharem que suas canções estavam associadas ao
ateísmo. Até onde vai meu conhecimento, esses
missionários não se deram o trabalho de ouvir essas
músicas e entender o seu significado.
Fico pensando se Jesus diria àqueles bem-
intencionados missionários:
“Vocês estão mais interessados na sua preferência
musical do que nas necessidades dessas pessoas. Mas eu
lhes digo, deixem que se alegrem, que louvem à sua
maneira, com suas vozes, seus cantos e seu próprio estilo
de música”.
Como será que alguns desses missionários
responderiam a essas palavras? Da mesma maneira que
alguns dos líderes rígidos e intransigentes do tempo de
Jesus, embora não tão drasticamente.
Depois de Jesus ter curado o homem de Betesda, “os
judeus perseguiam a Jesus, porque fazia estas cousas no
sábado” (Jo 5.16).
PRINCÍPIO 6
CAPÍTULO 7 - GENEROSIDADE
A Generosidade de Jesus
Um acontecimento que ilustra a atitude generosa de
Jesus Cristo é o episódio onde ele alimentou os 5.000 (Jo
6.1-14). E o único milagre registrado em todos os quatro
evangelhos, o que indica a profunda impressão que causou
nos crentes da igreja primitiva.
Jesus pegou o alimento que serviria de refeição a um
menino e multiplicou aquela pequena quantidade de
maneira a alimentar toda a multidão que o havia seguido.
Os autores dizem 5.000 homens, o que talvez signifique
que não incluíram as mulheres e crianças presentes.
Esse milagre demonstra a generosidade de Jesus em
prover as necessidades das pessoas. Ele poderia ter
mandado a multidão embora. Poderia ter-lhes prevenido,
naquela manhã, que o dia seria longo e que eles não teriam
alimento. Poderia ter-se omitido — “não é problema meu”.
Os discípulos, que eram realistas, reconheceram que
as pessoas deviam estar com fome, e se preocuparam com
elas. Mas do ponto de vista deles, Jesus não tinha
responsabilidade para com aquela multidão; ele não havia
chamado ninguém para segui-lo. Fizeram, portanto uma
sugestão sensata: mandar as pessoas para casa antes que
ficasse muito escuro.
Quem iria culpar Jesus se ele fizesse isso? Seria
perfeitamente natural para todos. Mas Jesus não os
mandou embora; deu-lhes o que precisavam. E aí está a
generosidade de Jesus.
Ele dá mesmo quando não temos direito a
reclamações, quando não há razão para pedir, a até
quando não estamos esperando nada.
Jesus deu àquelas pessoas o que elas não podiam
obter por si mesmas.
Nesse caso, foi alimento. Para o cego em João 9, foi a
visão. Na festa de casamento em João 2, os convidados não
tinham razão para esperar que Jesus lhes desse vinho. Mas
Jesus, num ato de generosidade, supriu-os do que havia de
melhor. E isso nos leva a um outro princípio de liderança.
PRINCÍPIO 7
Executivos Generosos
Ao contrário do que a maioria pensa, não é pisando
uns nos outros que os bons líderes atingem o topo. Às
vezes pensamos que aqueles que estão “lá em cima” têm a
seguinte atitude: “Abri meu próprio caminho, você trate de
abrir o seu”. Mas a minha experiência contraria essa idéia.
Aqueles que atingem o alto — principalmente os que
tiveram de vir de baixo — conhecem as dificuldades e
decepções da subida numa organização e sabem da
importância de serem ajudados.
Há alguns anos uma revista americana fez um estudo
sobre os executivos de alto cargo, de vinte das maiores
empresas. Todos eles disseram ter conseguido o maior
impulso em sua carreira quando algum superior notou-o,
ficou impressionado com sua atuação e capacidade, e
resolveu ajudá-lo. Um deles acrescentou: “Cada vez que
“meu protetor” subia de cargo, me levava junto e eu subia
com ele.”
Quando li esse artigo, uma qualidade daqueles líderes
me surpreendeu.
Notei que os que atingem posições elevadas não são
necessariamente o tipo de gente que espezinha quem
deixou de lhes ser útil. São pessoas que trabalham bem
com os outros e é assim que conseguem sentar-se na
cadeira de executivo. Eles ajudam os outros, mesmo que,
às vezes, esse auxílio resulte em competição com eles.
Desde que li esse artigo, tenho encontrado ou ouvido
falar de vários executivos cristãos. Nem todos são um
exemplo de generosidade, mas muitos sim.
Quando falo de generosidade, quero dizer dar de si
sem esperar retorno.
Não estou falando de dar para receber. Não estou
falando de ajudar alguém e depois lembrar: “Você” está me
devendo isso, “hem”.
Os líderes generosos não se contentam em ajudar
apenas a um ou outro.
Eles tentam beneficiar maior número de pessoas.
Animam, incentivam. Querem que os outros tenham
sucesso.
O falecido Cecil B. Day foi esse tipo de líder. Ele fundou
a “Day’s in of América”, uma cadeia de pousadas de
estrada que, atualmente, chegam a ser mais de trezentas.
As pousadas se destinavam ao viajante de baixa renda, a
funcionários públicos e outros empregados que tinham de
viajar com diárias restritas pagas pelo governo.
Cecil teve um começo de vida modesto, mas chegou a
fundar uma cadeia de hotéis multimilionária. Ficou
conhecido como um homem que trabalhava com afinco
para ter dinheiro para investir em causas que glorificassem
a Deus.
Antes de morrer, Cecil abriu mão de todas as suas
propriedades. Ele vivia dando oportunidade a pessoas que
mereciam — jovens, evangelistas, pastores e outros
obreiros cristãos. Sua vida foi um ato constante de doação.
O Principio da Doação
Jesus disse: “De graça recebestes, de graça dai” (Mt
10.8). Paulo cita Jesus como tendo dito: “mais bem-
aventurado é dar do que receber” (At 20.35).
O princípio apresentado aqui é o de que nunca se
perde quando se dá.
Com isso só se pode ganhar. Para os céticos, essa idéia
pode parecer estranha. Mas ela funciona. À proporção que
o líder se dá, produz melhores auxiliares, cria melhores
relacionamentos. Dar torna a Regra de Ouro um modo
prático da vida.
A nossa natureza, porém, faz com que a maioria de
nós prefira não dar. Geralmente aprendemos a ser
generosos através do exemplo de alguém. Se fomos
ajudados por um benemérito, um amigo, um colega ou
chefe, ai, então, desejamos fazer o mesmo para com os
outros.
O Espírito Generoso
A generosidade se revela de várias formas. Quando o
líder planeja com antecedência, tornando a estrada um
pouco mais fácil para aqueles que virão depois dele, isso é
generosidade. Quando o líder prepara, equipa, ensina,
exorta e encoraja seus subordinados a crescerem, isso é
generosidade; não que ele tenha obrigação de agir assim;
pelo contrário, teria até menos problemas se os deixasse
ficar cada um quieto em sua posição.
Mas seja qual for a forma em que a generosidade se
revele, ela é algo que vem do profundo de nosso ser. Não
se manifesta apenas para conquistar o reconhecimento
nem a 1ealdade dos outros.
Um dos homens de Deus mais generosos que já
encontrei é alguém de instrução muito restrita, sem
grandes talentos. Vou chamá-lo de Cláudio.
Durante o tempo em que trabalhava de tempo
integral, num serviço braçal bastante pesado, Cláudio
começou a se interessar pelas pessoas de um dos bairros
pobres da cidade. Juntamente com a esposa e duas filhas,
começou uma pequena congregação numa casa alugada.
As pessoas começaram a freqüentar a igreja. Passaram-se
seis anos antes que o grupo crescesse o bastante para que
Cláudio pudesse deixar o emprego e se dedicar
exclusivamente à igreja.
Passado mais algum tempo, um jovem que havia
encontrado Jesus Cristo naquela igreja, deixou a
congregação. Num domingo, quando eu estava na casa de
Cláudio fazendo uma visita, o telefone tocou. Era o jovem
que queria falar com ele.
Depois de conversar um certo tempo, Cláudio voltou à
mesa e disse à esposa e às filhas quem tinha telefonado.
“Ele quer iniciar uma congregação aqui na nossa rua”,
disse ele.
Os dois, ele e o rapaz, tentariam atingir a mesma
vizinhança.
“O que foi que você disse a ele?” perguntou a esposa.
“Eu disse para ele vir, porque tem gente bastante para
nós dois.” O sorriso daquele homem mostrava claramente
sua sinceridade. Suas últimas palavras àquele jovem foram.
“Você começa numa ponta, eu começo na outra, e nos
encontramos no meio.”
Isso é generosidade!
O contrário ocorreu com um outro pastor que havia
construído uma igreja de bom tamanho em outra cidade.
Ele estava interessado em atingir um conjunto habitacional
recém-construído, que ficava mais na periferia da cidade.
Como pertencia a uma denominação cujas igrejas planejam
juntas novos planos de expansão, ele e outros membros da
congregação informaram a três outras igrejas os planos que
tinham em mente.
“Pretendemos iniciar uma igreja-satélite e dar-lhe
apoio até que possa funcionar com seus próprios recursos”,
disseram eles.
Representantes de uma das igrejas, que ficava a oito
quilômetros do lugar onde ia ser implantada a nova
congregação, protestaram imediatamente: “Vocês não
podem fazer isso. Vão tirar gente da área que pretendemos
atingir”.
O pessoal então recuou, supondo que a igreja que
havia protestado pretendia trabalhar com vigor para atingir
os moradores do conjunto.
Cinco anos depois, porém, nada tinha sido feito. Parece
que eles não desejavam trabalhar naquele lugar, mas,
tampouco desejavam que outra pessoa o fizesse!
Infelizmente encontramos essa atitude em muita gente
neste mundo até mesmo entre o povo de Deus.
Mas o líder generoso não tem esse tipo de
mentalidade. Ele sente alegria e prazer tanto em dar como
em partilhar. Sabe que um líder autêntico tem que ser
generoso, como Jesus o é.
CAPÍTULO 8 - SINCERIDADE
O que é a Verdade?
Há um velho ditado que diz: “Toda história tem três
lados: o seu lado, o lado do outro, e a verdade.” Esse ditado
devia nos fazer pensar.
Nossa tendência é torcer os fatos a nosso favor —
omitindo informações ou acrescentando alguma coisa à
verdade.
O Evangelho de João registra um dialogo
surpreendente entre Jesus e Pilatos, acerca da verdade.
Teve lugar quando os líderes judeus trouxeram Jesus à
presença do governador para que este o julgasse e
condenasse. Quando perguntaram se ele era o rei, Jesus
respondeu:
“Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso
vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” (Jo
18.37.)
Falando a Verdade
Não podemos apenas falar sobre a verdade;
precisamos aprender a falar a própria verdade. Isto nem
sempre é fácil fazer.
Há alguns anos, por exemplo, eu e alguns amigos
ouvimos um conferencista bastante conhecido falando em
uma convenção. Nenhum de nós o tinha ouvido antes,
apesar da sua fama. Ninguém gostou muito da sua
mensagem naquela noite; ele havia juntado partes de cinco
mensagens e tentado, sem sucesso, formar um todo
harmonioso.
Por ser ele grande amigo de um casal que eu conhecia
bem, telefonei para ele na manhã daquele dia convidando-
o para um café conosco depois da reunião. Depois das
devidas apresentações ao redor da mesa, ele perguntou: “O
que vocês acharam da minha mensagem?”
Aquilo soou como uma verdadeira bomba. Olhei para o
rosto dos outros que lutavam para encontrar uma resposta
razoável. O primeiro, tentando usar de diplomacia,
respondeu: “O senhor falou com energia e sinceridade. Dá
para sentir que o senhor gosta de falar ao público. Tenho
certeza de que o senhor tocou muitas pessoas”.
O segundo mais à vontade do que o outro, disse: “O
senhor deu tudo que tinha, não é mesmo? Aposto como
gastou um bocado de tempo para preparar a mensagem”!
O conferencista sorriu ao ouvir essa resposta, e aí
voltou-se para mim.
Eu não sabia o que dizer. Não tinha gastado nem um
pouco da mensagem; ele tinha divagado demais e usado
inadequadamente as Escrituras. Eu não queria mentir e não
conseguia pensar tão rápido como o outro que tinha
acabado de responder. Não dizer nada seria a mesma coisa
que declarar “não gostei”, e eu não desejava ferir seus
sentimentos.
Finalmente consegui dizer: “É melhor passar por mim.
Eu não estava num dos meus melhores dias a não pude me
manter atento o bastante para poder opinar. É melhor não
me perguntar nada”.
Minha resposta não me agradou nem um pouco.
Gostaria de ter dito, com atitude de amor, algo mais ou
menos assim: “Não gostei da sua mensagem. Se o senhor
se interessar, quem sabe podemos nos encontrar mais
tarde a darei minhas razões”.
Depois, conversando sobre o meu dilema com um
amigo, ele me disse: “Se as pessoas não desejam ouvir a
verdade, não devem perguntar”. Nada respondi, mas
desconfio que o conferencista desejava mesmo era receber
um “feedback” positivo, talvez até ser lisonjeado — O que
não desejava era ouvir a verdade.
Tenho certa dificuldade em ser sincero, e não raro isso
constitui um problema para mim. Grandes mentiras não me
escapam dos lábios; o que me perturba são as meias-
verdades, as insinuações, os silêncios, as omissões. Sorrio
quando estou resistindo mentalmente. Evito confrontações
porque não gosto de ferir os outros. E acabo, na maior
parte das vezes, não falando a verdade. — pelo menos não
a verdade completa.
Manipulando a Verdade
Quando falamos menos do que a verdade, estamos
mentindo. E há muitas maneiras de se fazê-lo. Aqui estão
algumas:
• Cantar hinos de consagração de vida, quando
não há disposição de entrega total.
• Manter silêncio quando deveríamos falar. Nossos
silêncios muitas vezes implicam em
concordância ou consentimento.
• Fazer promessas que não temos intenção de
cumprir.
• Dizer às pessoas: “Você precisa vir me visitar”,
sabendo que, se isto acontecer, vai nos
incomodar.
• Deixar que os outros creiam que fizemos
conquistas espirituais, que, de fato, não fizemos.
O Juramento
Todo esse nosso conflito em não falar toda a verdade,
não deve ser surpresa para ninguém. Como a Bíblia diz
muito bem, em geral somos desonestos. Gênesis 3 mostra
como nossos primeiros pais se desviaram da verdade
quando Deus os confrontou em relação à sua
desobediência.
Talvez seja essa a razão por que se exige juramento
quando se trata de questões legais. É a prova de que
reconhecemos nossa tendência natural de não dizer a
verdade.
Os judeus do passado tinham um ditado: “Aquele que
empenha sua palavra e depois se retrata, é tão mau quanto
os que adoram ídolos”. De modo que, para eles, mentir era
um assunto extremamente sério, já que nenhum pecado
era mais repugnante do que a idolatria. Fazer um
juramento naquele tempo era tomar Deus como
testemunha de que a pessoa estava dizendo apenas a
verdade. Isso era, sem duvida, parte da intenção do
mandamento que dizia: “Não tomarás o nome do Senhor
teu Deus em vão” (Ex 20.7).
Esse mandamento condena as promessas que
fazermos em nome de Deus; promessas que não podem ser
ou não serão cumpridas. Em Números 30.2, Deus declara:
“Quando um homem fizer voto ao Senhor, ou
juramento para obrigar-se a alguma abstinência, não
violará a sua palavra; segundo tudo o que prometeu,
fará”.
Jesus e a Verdade
Jesus não apenas ensinou que deveríamos dizer a
verdade; ele personificou a própria verdade. Depois de ter
sido traído, nosso Senhor compareceu perante o sumo-
sacerdote e foi por ele interrogado.
“Declarou-lhe Jesus: Eu tenho falado francamente ao
mundo; ensinei continuamente tanto nas sinagogas
como no templo, onde todos os judeus se reúnem, e
nada disse em oculto. Por que me interrogas?
Pergunta aos que me ouviram o que lhes falei; bem
sabem eles o que eu disse”. (Jo 18.20,21).
Verdade e Amor
Não basta dizer a verdade. Como dizê-la é também
muito importante.
Quem não conhece pessoas que falam a verdade — da
pior maneira possível? Conheço um homem que expressa
suas opiniões sobre qualquer assunto, sem se preocupar
com a reação dos outros. E ainda se defende: “As pessoas
sabem como sou. Não acredito nessa história de fazer
rodeios”. Ninguém o acusa de hipocrisia ou tapeação. Mas
consideram suas palavras destituídas de amor, compaixão,
delicadeza.
Os cristãos precisam falar a verdade. Mas Paulo disse:
“Mas seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo
naquele que é o cabeça, Cristo.” (Ef 4.15).
Quando falamos a verdade inconseqüentemente e,
com isso, ferimos os outros, estamos agindo mal. Quando
falamos de maneira a diminuir ou rebaixar alguém, o
Espírito Santo não está falando por nosso intermédio. A
verdade, às vezes, machuca, e nem sempre podemos
impedir que isso aconteça. Mas é bom que verifiquemos os
motivos que nos levaram a dizê-la.
Certa feita, alguém me disse: “O Espírito Santo é um
cavalheiro.
Um cavalheiro jamais se comporta indelicadamente ou
com maldade”. Deus veste a verdade com as roupagens da
bondade. E isso nos leva ao próximo princípio.
PRINCÍPIO 8
CAPÍTULO 9 - PERDÃO
Jesus, O Perdoador
Os cristãos primitivos aprenderam a perdoar através
do exemplo do próprio Jesus. Nos momentos mais sombrios
de sua vida, ele suplicou ao Pai que perdoasse seus
executores. Um ano mais tarde, o primeiro mártir cristão
que conhecemos, Estevão, fez a mesma coisa.
Enquanto estava sendo atingido por grandes pedras,
que lhe tiraram a vida, orava: “Não lhes imputes este
pecado” (At 7.60).
O perdão não diz apenas: “Não tenho nada contra
você. Deseja também que o culpado seja perdoado por
Deus. Às vezes achamos muito difícil pedir e desejar de
coração que seja assim. Mas, como Jesus e Estevão nos
mostraram, não é impossível”.
Jesus também ensinou a perdoar quando mostrou a
seus discípulos como orar (Lc 11.14). Quando, em algumas
igrejas, as pessoas repetem o Pai-Nosso, semana após
semana, muitas vezes não se dão conta do que estão
dizendo. Mas se todos nós levássemos a sério as suas
palavras, quantos poderíamos fazer essa oração? Quando
oramos “Perdoa-nos as nossas dívidas” (ou faltas) e
prosseguimos “como nós perdoamos...”, O que estamos
pedindo a Deus é que nos perdoe na mesma medida que
perdoamos os outros. E isso mesmo que desejamos que
aconteça?
A Marca da Liderança
Uma das marcas que o verdadeiro líder tem é a
capacidade de perdoar.
Quando as pessoas nos decepcionam ou fazem algo
contra nós, principalmente se percebemos que foi uma
atitude deliberada, não há nada melhor a fazer do que
lembrar as palavras de Jesus:
“Nem eu tão pouco te condeno. Vai e não peques
mais”. Mas o verdadeiro perdão precisa do auxílio divino. A
maioria de nós prefere vingança — ou pelo menos provar
que estamos certos antes de perdoar.
Todos nós já não tivemos nossos sentimentos feridos
pelos irmãos da igreja, colegas de trabalho ou empregados,
que disseram coisas desagradáveis — às vezes até injustas
e mentirosas? Todos nós temos, ou já tivemos, algum
parente que, todas as vezes que nos encontra, nos faz
sentir amargurados, porque arranja sempre um jeito de nos
ofender. Como é que vamos lidar com essas situações?
Podemos nos deter naquilo que a pessoa fez contra
nós. Podemos continuar nos lembrando dos seus erros, das
suas más intenções, da sua mesquinharia. Ou podemos
clamar por “justiça”, quando o que realmente estamos
pensando é: “Mostra que eu estou certo.” Ou podemos
ainda dizer: “Faça com que aquele cachorro se sinta
terrivelmente mal até que ele se arrependa.”
Também podemos tentar “ficar quites” com a pessoa.
Empatar. Ouvi certa vez um sermão sobre esse tema. O
pastor disse mais ou menos assim:
“A maioria de nós quer empatar, e podemos fazer isso.
Jesus nos disse como: “Ouvistes que foi dito: amarás a teu
próximo, e odiarás a teu inimigo. Eu porém, vos digo. Amai
os vossas inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Ml
5.43,44). Você quer ficar quites? Ore pelos antipáticos,
desagradáveis, estúpidos, insensíveis, os duros de coração,
os grosseiros e os mesquinhos.”
O pastor terminou o sermão com um aviso:
“Cuidado com suas orações. Elas não só mudam os
outros como, às vezes, voltam-se contra nós e nos
transformam também. E ai estaremos empatados!”
Se já houve alguém com razão para querer fazer o
mesmo aos seus inimigos, esse alguém foi Jesus. Mas
quando foi trazido diante do sumo-sacerdote, o Senhor nem
sequer tentou explicar ou provar sua inocência. Ele disse
apenas: “Eu tenho falado francamente ao mundo; ensinei
continuamente tanto nas sinagogas como no templo, onde
todos os judeus se reúnem, e nada disse em oculto”. (Jo
18.20.)
Mais tarde, diante de Pilatos, Jesus teve sua segunda
oportunidade de defender-se. Mas em hora alguma tentou
ele mostrar a violência ao insulto das acusações, a
falsidade dos seus acusadores e o pecado de suas ações.
Durante todo o confronto com Pilatos, ele não disse nada
em sua defesa (Jo 18.28-38). Essa não era uma atitude
típica de um homem ofendido; era o estilo de Jesus, o
perdoador.
PRINCÍPIO 9
CAPÍTULO 10 - PODER
O Abuso do Poder
Nas igrejas hoje, o uso do poder é quase sempre
verbal. Mas nem sempre foi assim. Muitas vezes houve
situações que envolviam excomunhão, exclusão (prática
que ainda vigora em algumas igrejas), tortura física e até
morte.
Hoje, porém, os líderes, para manterem o poder,
lançam mão dos seguintes meios:
• persuasão/manipulação;
• criam sentimento de culpa, vergonha ou
ignorância;
• fazem ameaças;
• rebaixam ou ridicularizam;
• apelam.
Persuasão/Manipulação
Nenhuma outra figura da atualidade ilustra melhor
esse tipo de abuso de poder que o infame Jim Jones de
Jamestown, Guiana. Ele persuadiu seus seguidores, usando
sua personalidade carismática, de que poderia e iria dar a
eles uma vida melhor.
Depois que os convertidos se tornavam membros da
Igreja do Povo, os métodos persuasivos de Jones se
transformavam em formas demoníacas de manipulação. A
persuasão legitima usa da lógica, de fatos, apelos à razão.
O tipo de persuasão deturpada insinua que a pessoa não
está cooperando (“Você não vai querer que os outros
pensem que você não quer cooperar nem fazer o melhor
para Deus, vai?”), ou não está sendo razoável (“Eu sabia
que você” havia de entender se eu falasse sobre isso. Todo
mundo acha você uma pessoa razoável e eu tenho dito a
todos que você não costuma criar caso”) Como resultado
final, a manipulação de Jones matou-o e matou a maioria
dos seus seguidores.
Essa maneira pervertida de persuadir impede os
indivíduos de pensar e agir por si próprios. Em João 7.45-
52, Nicodemos tentou fazer alguma coisa por Jesus,
perguntando se a lei condenava um homem sem
julgamento. Os fariseus fizeram com que se calasse
perguntando: “Dar-se-á o caso de que também tu és da
Galiléia? Examina, e verás que da Galiléia não se levanta
profeta”.(7.52.) O pobre do Nicodemos não teve nenhuma
chance:
Os líderes caíram em cima dele para valer. Ele ia
passar por tolo se dissesse mais alguma coisa. Esse jeito de
agir é típico dos líderes manipuladores.
Ameaças
No mundo dos negócios, as ameaças financeiras por
parte dos chefes muitas vezes forçam as pessoas a se
submeterem ou pedirem conta. O medo de serem
mandados embora, de não receberem aumento e de
conseguir um índice baixo na ava1iaçao anual de
desempenho pessoal, é explorado pelos chefes para
manter os empregados na linha.
Às vezes, a ameaça não é feita pessoalmente pelo
próprio líder. Ele se serve dos outros para serem os “vilões”
da peça.
“Se você quer passar por tolo, está bem, toca prá
frente a sua idéia”.
“Embora eu pessoalmente não tenha nada contra a
sua idéia, você sabe que o resto da congregação (equipe,
comissão) vai derrubá-la, não sabe?”
“Eu vou com você até a comissão, mas, se eles rirem
de nós, não me culpe por isso...”
“ Muita gente vem pensando em sugerir seu nome
para diácono, mas se começarem a achar que você é
criador de casos, são bem capazes de desistir.”
Ameaças não são nenhuma novidade no uso do
poder por parte dos líderes. No capítulo 9 de João, depois
de Jesus ter curado o cego de nascença, os fariseus
pressionaram os pais do homem para ver se conseguiam a
ajuda deles na campanha contra Cristo.
“Não acreditaram os judeus que e fora cego e que
agora via, enquanto não lhe chamaram os pais, e os
interrogaram: E este o vosso filho, de quem dizeis que
nasceu cego? Como, pois, vê agora? Então os pais
responderam: Sabemos que este é nosso filho, e que
nasceu cego; mas não sabemos como vê agora; ou
quem lhe abriu os olhos também não sabemos.
Perguntai a ele, idade tem; falará de si mesmo. Isso
disseram seus pais porque estavam com medo dos
judeus; pois estes já haviam assentado que se alguém
confessasse ser Jesus o Cristo, fosse expulso da
sinagoga.” (Jo 9. 18-22).
Rebaixar e Ridicularizar
Essa talvez seja a espécie mais cruel de manipulação
do poder. O líder que usa desse artifício ridiculariza as
sugestões de maneira a fazer com que pareçam não ter
nenhum valor. Geralmente mantém um sorriso forçado e
um tom de voz macio e cordial. Quando desafiado, sua
reação é basicamente uma destas:
“Puxa, a gente não pode nem fazer uma brincadeira?
Por que é que você” está tão chateado?”
“Você” só pode estar brincando, não é?”
“Hum! Você” até que tem senso de humor, João. Mas
tenho certeza de que não é isto que você está querendo
dizer. Portanto, vamos partir para outra”.
Fazendo Apelos
Às vezes os líderes simplesmente pedem. Suas
palavras podem até não parecer pedidos, mas, no fundo,
são apelos à lealdade, simpatia ou respeito à hierarquia.
“Sou seu pastor, você sabe.” “Espero que você não
pense que eu faria intencionalmente alguma coisa errada.”
“O senhor compreende, o conselho apenas recomenda,
mas sou eu quem dá realmente a última palavra”.
“Você” sabe, quando você entrou para a igreja (ou
tornou-se professor da Escola Dominical, ou foi eleito para o
presbitério) prometeu se sujeitar à autoridade e à disciplina
da igreja. Como amigo e líder apelo para você”...
“Estou apenas tentando fazer o melhor que posso
aqui. Tinha esperança de contar com seu apoio. Você é
uma das pessoas de maior zelo espiritual do grupo. Tenho
em alta conta a sua opinião”.
Essas frases falam por si, dispensam comentários.
PRINCÍPIO 10
O Ego de Jesus
Jesus nunca pareceu aborrecido quando não era
reconhecido. Geralmente evitava publicidade e
reconhecimento.
Numa ocasião, Felipe insistiu com Natanael para ir
encontrar-se com Jesus (Jo 1.46-51). Quando Natanael
soube de onde Jesus tinha vindo, fez esta pergunta: “De
Nazaré pode sair alguma cousa boa?” (V. 46).
Jesus nunca censurou Natanael por essas palavras.
Nessa ocasião a fama de Jesus já tinha se espalhado por
aquelas terras, mas ele não demonstrou o menor sinal de
ter-se ofendido por Natanael não tê-1o reconhecido.
Conversou com ele; e ao término da conversa Natanael
exclamou: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de
Israel!” (V.49).
Pela maneira como agiu podemos concluir que Jesus
não deixou escapar esta revelação: “Eu sou o Messias”. Ele
provavelmente não deixou sequer transparecer quem era.
Jesus, o Líder, se concentrava em ensinar, pregar e
demonstrar o propósito de sua vinda. Ele deixava que as
pessoas descobrissem por elas mesmas a sua identidade.
Fosse onde fosse o lugar para o qual Jesus viajasse, ele
não esperava bandeiras, comissões de recepção, nem
honras especiais. Seu ego não estava procurando a
satisfação que poderia advir da adoração que os outros lhe
prestassem, ou pelos títulos de respeito e honraria que lhe
pudessem conferir. Como ele mesmo disse: “Eu não aceito
glória que vem dos homens”.(Jo 5.41). Ele veio com uma
missão e uma mensagem — levar as pessoas ao Pai — e
não para usurpar a posição de outros.
Quando os discípulos lhe ofereceram alimento, por
ocasião de seu encontro com a samaritana, sua resposta
foi: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele
que me enviou, e realizar a sua obra” (Jo 4.34).
Esse comentário meio misterioso não queria dizer que
ale não estivesse com fome, mas que suas próprias
necessidades estavam subordinadas à missão que o Pai lhe
confiara. Ele exerceu liderança sobre os discípulos para
mostrar-lhes que eles também tinham que realizar a missão
do Pai.
Observando as lideranças atuais, raramente vemos
uma que adote o estilo não egocêntrico de Jesus. Ele veio
com uma missão de servo, fazer a vontade do Pai não de se
tornar uma celebridade.
A liderança requer que aqueles que a exercem saibam
o que tem a fazer e se dediquem a sua realização. Isso soa
meio simplista; no entanto, muitos dos possíveis futuros
líderes, em vez de se dedicarem ao trabalho que tem a
fazer, ficam sonhando com o que poderão vir a fazer ou
que fará algum dia. Ou, então, ficam esperando
reconhecimento e elogio por cada coisa que fazem.
Mesmo aqueles que se dedicam de fato ao trabalho,
esperam reconhecimento. Se um gerente faz um bom
trabalho para a sua empresa, ele espera ser elogiado. Se
não, ou fica resmungando quando não há ninguém por
perto, ou reclama irado, em alto e bom som, pelos seus
direitos. Não levam em conta o exemplo de Jesus Cristo.
Recebendo os Créditos
Uma senhora crente, que trabalhava numa editora,
ocupava o cargo de assistente de redação. Ela lia os
manuscritos depois que a redatora-chefe terminava de os
ler, corrigindo, principalmente, erros de gramática e
pontuação.
A redatora-chefe, mulher incompetente, sabia que a
assistente tinha mais capacidade do que ela — e já
deixando para a assistente cada vez mais o serviço. Por
fim, a assistente fazia quase todo o trabalho, embora o
crédito ficasse com a chefe.
Um dia, numa discussão com o editor, a redatora
ameaçou demitir-se se o seu pedido não fosse atendido. O
diretor respondeu: “A senhora pode se demitir à vontade.
Afinal, tem sido sua assistente que tem feito a maior parte
do trabalho”!
“Foi ela que lhe contou isso?” gritou a mulher.
“Não era preciso que ela contasse”, respondeu o
diretor. “Venho observando isso há meses, e pensando
quando é que a senhora iria dar a ela os créditos pelo
trabalho”.
No final das contas, a assistente acabou se tornando a
redatora-chefe.
Ela fazia seu trabalho muito bem feito e não esperava
reconhecimentos.
Quando o editor, que não era crente, perguntou por
que ela tinha trabalhado tanto, sem nunca ter falado sobre
o assunto, ela citou Colossenses 3.23,24: “Tudo quanto
fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor, e
não para os homens, cientes de que recebereis do Senhor a
recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estás
servindo.”
“Decidi há muito tempo não buscar glórias para mim”,
disse ela no seu grupo de estudo bíblico semanal. “Tenho
ambição e não creio que isso seja desagradável a Deus.
Mas prometi a ele que jamais tentaria subir prejudicando
outra pessoa. Quando percebi o que a minha chefe estava
fazendo, disse a Deus que faria o trabalho da melhor
maneira possível e deixaria que o reconhecimento viesse
da parte dele.”
Dois anos mais tarde o diretor disse aquela senhora:
“Não sei muita coisa sobre religião, mas uma coisa eu
sei: se existe alguém no mundo que seja realmente crente,
esse alguém é a senhora”.
Isto é liderança — a verdadeira liderança, que surge
quando alguém quer ver o trabalho realizado, sem se
importar com quem vai receber os créditos.
O Líder Seguro
Quando um líder crente assume uma posição
importante, implicitamente promete fazer o melhor para a
sua igreja ou sua empresa.
Se chegou àquele cargo de destaque é porque alguém
ou alguma comissão considerou-o capaz para tal.
Assumindo o cargo está automaticamente se
comprometendo a lutar por obter os resultados desejados,
em atendimento as expectativas. Outra maneira de se dizer
isso é como o fez Paulo: “O que se requer dos despenseiros
é que cada um deles seja encontrado fiel”. (1 Co 4.2).
O verdadeiro líder tem, também, auto-confiança e
força interior para saber o que é e o que pode fazer. Não
teme perder sua posição. Nem é tolo de deixar que pessoas
sem escrúpulos assumam a direção. Tampouco, se
preocupa que alguém lhes tome o lugar.
Aprenderam a seguir a exortação de Paulo:
“Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo,
porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas
petições, pela oração e pela súplica, com ações de
graça. E a paz do Deus, que excede todo o
entendimento, guardará os vossos corações e as
vossas mentes em Cristo Jesus”. (Fp 4.6,7).
CAPÍTULO 12 - IRA
Tumulto no Templo
Jesus fez quatro coisas no templo naquele dia: fez um
chicote de cordas, enxotou os animais, derramou no chão o
dinheiro dos cambistas e virou as mesas. Em nenhuma
outra passagem do seu ministério o encontramos tão irado.
Se quisermos saber por que Jesus agiu daquela
maneira, precisamos entender como começaram e como
estavam se processando aquelas vendas e trocas no
templo. Começou com o fato de que a Páscoa era a maior
de todas as festas judaicas; e a Lei estabelecia que todo
judeu que vivesse num raio de trinta quilômetros de
Jerusalém tinha de estar presente a essa ordenação. Na
ocasião em que Jesus nasceu, os judeus já tinham se
espalhado pelo mundo todo, mas voltavam à sua terra de
origem para passar a Páscoa. Estudiosos calculam que pelo
menos dois milhões de pessoas se reuniam em Jerusalém
para o evento.
A Lei determinava que todo homem acima de
dezenove anos pagasse uma taxa, de modo que os
sacerdotes pudessem continuar fazendo sacrifícios no
templo. Eles pagavam a taxa ou com a moeda da Galiléia,
os siclos, ou com “os siclos do santuário”, porque todas as
outras moedas eram impuras para o cerimonial. O dinheiro
de outros paises, apesar de aceito para negócios em toda
Jerusalém, não podia ser usado para o culto a Deus. E já
que os peregrinos traziam suas moedas de todas as partes
do mundo, os cambistas se sentavam nos pátios do templo
para fazerem as trocas.
Se tivessem agido com honestidade em seus negócios,
esses cambistas estariam prestando um grande serviço ao
povo. Mas eles cobravam preços exorbitantes para trocar
as moedas; há uma estimativa de estudiosos do assunto
que calcula o montante do negócio em 200 mil dólares por
ano.
Os vendedores de animais também tinham suas lojas
no templo. A Lei só permitia que fossem sacrificados
animais e pássaros perfeitos, de modo que, quando os
inspetores examinavam os animais que os fiéis tinham
trazido, naturalmente declaravam que eles eram doentes
ou defeituosos. Isso forçava as pessoas a comprarem
outros animais por preços exorbitantes.
Essas duas trapaças já seriam por si condenáveis por
padrões mundanos. Mas perpetrá-las em nome da religião,
e com o consentimento óbvio dos líderes religiosos, tornava
as coisas mais repugnantes ainda.
Jesus ficou irado com o que estava acontecendo no
templo. Os mercadores tinham profanado a casa de Deus.
Estavam ganhando dinheiro às custas de muita gente que
mal tinha com que pagar.
Então, enxotou-os. Por que? Para mostrar-lhes que o
templo era uma casa de oração. Em Marcos 11.17 está
escrito: “A minha casa será chamada casa de oração, para
todas as nações”. Parece que as compras e vendas se
realizavam livremente no Pátio dos Gentios — O único lugar
onde os não-judeus podiam entrar. Se os gentios,
procurando a Deus, quisessem orar e meditar, não
encontrariam lugar. O local estava em permanente
confusão de bois, ovelhas, pombas e negociantes.
É bem possível também que Jesus quisesse mostrar
que sacrifícios de animais não estavam mais agradando a
Deus. Podemos perceber como Deus encarava os sacrifícios
em passagens como Isaias 1.11,13:
“Estou farto do holocausto de carneiros, e da gordura
de animais cevados, e não me agrado do sangue de
novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes... Não
continueis a trazer ofertas vãs”.
A Ira Saudável
A ira saudável — contra a injustiça, os atos perversos e
o mal — é aceitável em situações adequadas. Aqui vão
alguns exemplos:
- Em 1981 foi criada nos Estados Unidos uma
organização chamada MADD (Mães contra motoristas
bêbados), porque uma mãe, Candy Lightner, perdeu uma
filha adolescente quando um motorista bêbado atropelou-a
e matou-a. A senhora Lightner partilhou sua revolta com
outros pais que haviam perdido filhos e filhas nas mesmas
circunstâncias. Em pouco tempo a campanha ganhou
dimensão nacional.
- Revolta contra o abuso praticado contra crianças
trouxe o assunto à baila, engajando muitas pessoas que,
antes, nunca tinham dado atenção a ele. Agora, estão
sendo feitos esforços muito maiores para coibir e fazer
cessar esses abusos, e no intuito de prestar
aconselhamento e orientação a pessoas que sofreram esse
trauma quando crianças.
- Mulheres revoltadas e humilhadas tem feito saber ao
mundo que o estupro é um ato de violência, não de paixão,
e que não foram elas que provocaram os homens, levando-
os a atacá-las. Uma nova determinação de varrer esses
atos de violência do seio da sociedade está se espalhando
rapidamente.
- Revolta contra o abuso de drogas está levantando
pessoas para lutar contra o tráfico e para ajudar os viciados
a se livrarem do vicio. O problema está longe de ter sido
resolvido, mas tem havido algum progresso.
A Ira Doentia
A maioria de nós não é tão nobre assim em seus
momentos de ira, zanga e revolta. Nosso
descontentamento se mostra de maneiras bem
desagradáveis e antipáticas, e a nossa “indignação” não é
exatamente o que se pode chamar de justa. Ficamos irados
quando:
- Sentimo-nos frustrados. Isso começa na infância,
quando ainda somos bem pequenos e fazemos “cenas” e
temos acessos de raiva. Mas isso não pára quando
crescemos.
- Ficamos ansiosos, ao percebermos ameaças contra
nós, nossas propriedades ou contra as pessoas que
amamos.
- Não gostamos de ser como somos, ou sentimos que
falhamos. Muitas vezes a ira fica bem guardada dentro de
nós e se transforma em depressão.
- Somos (ou pensamos que somos) tratados
injustamente, quando acontecem coisas que não
consideramos “certas”, justas.
Quase todos nós não estamos satisfeitos com a
maneira de lidarmos com a raiva ou revolta que sentimos.
Algumas pessoas são mais “esquentadas” do que outras,
prontas para começar uma batalha à simples menção de
uma palavra desagradável ou por causa de alguma atitude
ou ato menos generoso ou gentil. Outros me fazem lembrar
folhas secas se queimando; o fogo fica alastrando por baixo
até que um incidente faz com que as chamas cresçam até
ficar fora de controle.
Independentemente do tipo de pessoa que somos,
precisamos aprender a lidar com nossa ira, para o nosso
próprio bem e para o bem de nossos liderados. Claro que os
líderes não são as únicas pessoas sujeitas à ira, mas o
papel que desempenhamos nos expõe a situações por
demais desgastantes — fazendo com que as “radiações”
afetem outros, quando não conseguimos nos conter e
“explodimos”.
PRINCÍPIO 12
Líderes Solitários
Então, que pode você fazer para esclarecer e separar
seus motivos quando sua liderança toma novo rumo e
enfrenta oposição?
- Busque a direção de Deus. Peça-lhe que mostre se
sua liderança está certa ou errada. Confronte seus planos
com a Sua Palavra.
- Fale com alguns amigos crentes de sua confiança
sobre a sua preocupação ou dúvida. Peça que orem com
você e por você.
- Sonde o seu coração. Você está em paz em relação a
seus planos? Sente que está agradando a Deus? Sente-se
irado ou enraivecido contra aqueles que se opõem a seus
planos? Se Deus quer que você se engaje num novo
negócio ou atividade, ele fará você se sentir em paz,
apesar da oposição dos outros.
Conheço um casal que seguiu esses três passos. Eles
acreditavam que era a vontade de Deus que fossem como
missionários para a África, apesar da violência dos
movimentos políticos que estavam acontecendo lá. Suas
famílias tentaram dissuadi-los, principalmente porque o
casal tinha três filhos em idade pré-escolar. Uma junta
missionária acabou por aceitá-los — mas com muita
relutância, e somente depois de terem enfrentado forte
oposição a cada passo.
O marido disse a um grupo de oração de apoio:
“Tamanha era a certeza intima de que aquilo vinha de
Deus, que não faria mal se ninguém nos apoiasse.
Sabíamos que Deus estava conosco e estávamos
determinados a prosseguir”.
E foram mesmo. Passaram vários anos num ministério
relevante na África. Se tivessem dado ouvido as vozes que
se levantaram contra seus planos, não teriam ido nunca. A
paz de Deus é que estabeleceu a diferença.
PRINCÍPIO 13
UM VERDADEIRO LÍDER, COM A AJUDA DE DEUS, EQUIVALE A
UMA GRANDE MAIORIA.
CAPÍTULO 14 - OS DESCRENTES
Da Dúvida à Crença
O estilo de liderança de Jesus sempre visou a
restaurar, incentivar e mudar as pessoas de um ponto ou
estágio de suas vidas para outro mais elevado; da dúvida
para a crença, do ceticismo para a entrega e compromisso,
da inimizade para o amor. Em outras palavras, ele ajudava
as pessoas a crescer.
Jesus não lidou com as pessoas para envergonhá-las
ou para se exibir, embora tivesse todo direito de fazê-lo.
Não se postou diante dos incrédulos apenas para lhes
mostrar como estavam errados. Ele queria que as pessoas
ampliassem o potencial que Deus lhes havia dado.
Da mesma maneira que Natanael tinha exclamado:
“Mestre, tu és o Filho de Deus”, quando soube que
Jesus o tinha visto debaixo de figueira, assim, também,
Tomé se esquece de sua incredulidade e fez uma confissão
enlevada: “Senhor meu e Deus meu”! (Jo 20.28).
Quando vemos a mudança de atitude de Tomé
percebemos logo, sem sombra de dúvida, como a
estratégia de Jesus funcionou. O resultado que ele buscava
era o crescimento espiritual dos que duvidavam dele.
E isso é também um traço do estilo de liderança de
Jesus.
PRINCÍPIO 14
CAPÍTULO 15 - CRÍTICAS
Primeira Reação
Qual deve ser nossa primeira reação às críticas? Como
líderes crentes, precisamos ouvir. Nossos críticos podem
estar falando a verdade. Pode ser que não façam isso com
delicadeza ou tato, mas a verdade continua verdade,
independente da maneira com que é apresentada.
Como disse Abraão Lincoln quando lhe contaram que o
Secretário de Estado o havia chamado de tolo: “Stanton é
um homem sábio. Se ele disse que sou um tolo, o melhor
que tenho a fazer é pensar no assunto”.
Quando os críticos nos atacam, quase todos nós temos
a tendência de pegar fogo, prontos para uma réplica
contundente ou então nos dá vontade de chorar. Queremos
nos defender, explicar como as pessoas estão sendo
injustas, ou nos queixar de que os outros não nos
compreendem. Mas, em vez disso tudo, deveríamos ouvir.
Segunda Reação
Quando a crítica é justa, precisamos corrigir o que for
possível.
Só podemos avaliar se a crítica é procedente se
sondarmos nosso coração, orarmos para que Deus nos guie
e nos ilumine de maneira a ouvirmos claramente, e nos
aconselharmos com outras pessoas.
Se depois de tudo isso ainda considerarmos as críticas
injustas, então o que devemos fazer é pedir a Deus a graça
de podermos suportar a oposição. Alguns de nós fazem isso
melhor do que os outros. Se dependermos de nossas
próprias forças, pouquíssimos conseguirão se livrar de um
ataque imerecido sem padecer uma tremenda agitação ou
sofrer um desgaste íntimo.
Afinal, queremos que as pessoas gostem de nós, que
nos aprovem.
Podemos até desejar a aprovação delas. Quando elas
reagem negativamente sentimo-nos feridos.
Um amigo meu, por exemplo, contou-me que na
década de 50 fez vários negócios tanto com brancos
quanto com pessoas de cor. Muita gente criticou-o por
tratar os negros da mesma maneira que os brancos. Ele me
disse que nunca discutiu com os racistas, pensando que
suas ações seriam mais eloqüentes do que palavras. “Mas,
às vezes, eu tinha que orar sem parar para conseguir
controlar meu gênio e não explodir por causa daquelas
atitudes preconceituosas” admitiu ele.
Às vezes é bom lembrarmos que, como disse o
apóstolo Paulo, “quem me julga é o Senhor”. Se temos
consciência de que estamos colocando Deus em primeiro
lugar em nossa vida, e se verificarmos os pontos
mencionados acima, não teremos que perder nosso
precioso tempo nos defendendo.
Ficando de Sobreaviso
Por fim, precisamos nos preparar para a critica que
ainda está por vir. Se sabemos que as pessoas vão falar
mal de nós, nos rebaixar, ou mesmo nos arrasar, podemos
nos prevenir e fortalecer contra seus ataques.
Uma secretária executiva aprendeu a fazer isso muito
bem. Ela mantém um papel com uma oração impressa ao
lado do telefone. Como é ela quem recebe a maioria das
reclamações dirigidas à companhia, enquanto ouve
palavras quase sempre irritadas, ela lê, muitas vezes, em
silêncio, aquela oração:
“Senhor Deus, tu sentiste o ódio dos pecadores e os
amaste. Ajuda-me a lembrar que podes me ajudar a amar
os que me criticam”.
A Minoria Barulhenta
A crítica aos líderes parte, freqüentemente, de uma
minoria que se manifesta. Mas essa minoria fala tão alto e
tantas vezes, que nem sempre é fácil avaliar quantas
pessoas ela representa.
Numa ocasião, um pastor realizou uma porção de
modificações na sua igreja. Como resultado, pela primeira
vez, em noventa anos, a igreja cresceu. Pouco depois, foi
preciso realizar dois cultos pela manhã para atender a
todos, e construir novas dependências para as classes da
escola dominical e os cultos.
Nessa altura, o pastor começou a ouvir uma série de
criticas, das quais ele tomava conhecimento através de um
dos membros, que começava sempre assim: “Olha, estão
dizendo...”
Um dia, bastante abatido, o pastor andava de lá para
cá no seu escritório, pensando seriamente se devia ou não
se demitir. Ele não conseguia enxergar nada de bom do que
tinha feito, de como tinha conseguido fazer a igreja crescer,
e como tantas vidas tinham sido transformadas. A única
coisa que conseguia sentir eram as críticas. As acusações
tinham-se tornado tão hostis, que ele se sentia como se
toda a igreja estivesse contra ele.
Escreveu então a um amigo: “É uma situação terrível
quando você tem mais de 400 membros; 350 odeiam você,
e os outros 50 não estão nem aí”.
E, angustiado, parou e se ajoelhou. Orou pedindo que
Deus o guiasse e lhe desse paz de espírito. Mais tarde,
contou o que tinha acontecido:
“Quase instantaneamente compreendi que as
reclamações que tanto me pesavam provinham de apenas
quatro famílias da poderosa estrutura da igreja, antes de eu
ser pastor — aquelas não queriam mudanças de espécie
alguma. Entendi também que elas representavam a minoria
da igreja”.
Temos que ouvir as críticas, mas temos também que
colocá-las na perspectiva justa. Lendo sobre as críticas e
perseguições feitas a Jesus, podemos pensar que todos
estavam contra ele. No entanto, Marcos diz: “E a grande
multidão o ouvia com prazer” (Mc 12.37).
As vozes dos críticos podem ter soado alto, e até
mesmo ter sido mortíferas, mas provinham de um grupo de
líderes que não desejavam que Jesus efetuasse nenhum
tipo de mudança. A gente comum, isto é, o povo, ouviu e
alegrou-se, e aceitou os ensinamentos de Jesus e seus
discípulos.
Quando você enfrentar criticas e reclamações, faça a
si mesmo algumas perguntas, antes de se deixar envolver
por um torvelinho emocional:
- De onde provem as criticas?
- Estão todos contra mim? Ou é apenas um punhado
de descontentes?
- Existe alguma verdade nas críticas — mesmo que em
pequena porcentagem?
- Existe alguma coisa nas palavras dos meus críticos
ou acusadores que devam ser aproveitadas como
ensinamentos?
Lyle Schaller, um homem que, há muito tempo, vem
observando e estudando igrejas a denominações, lembrou
a um grupo de líderes religiosos o fato de que certas
pessoas estão sempre reclamando. Essa gente carrega um
saco cheio de criticas e reclamações, e é sempre rápida em
pô-las para fora ao primeiro sinal de qualquer sugestão de
um novo programa:
- É muito barulhento.
- É muito mundano.
- Caro demais.
- usar mal o dinheiro de Deus.
- Vai atrair o tipo errado de gente.
PRINCÍPIO 15
Gente Mesquinha
Aqui estão alguns tipos de líderes mesquinhos que, por
suas atitudes e estilo de trabalho, podem criar conflito:
Paulo e os Probleminhas
Quando Paulo escreveu as cartas aos novos-
convertidos, ele geralmente se referia aos problemas
existentes nas igrejas referidas na carta. Os problemas
vinham em escala dos maiores para os menores. Nas duas
epistolas aos coríntios, por exemplo, ele abordou os
assuntos mais importantes da moralidade e dos dons
espirituais.
Mas ele admoestou os coríntios também sobre comer
carne oferecida aos ídolos — um assunto de importância
relativamente pequena, mas que estava causando
desentendimentos. Pelo que parece, alguns cristãos
compravam bons pedaços de carne num açougue de
segunda mão, pode-se dizer (já que os ídolos não comiam a
carne, os pagãos tinham que fazer alguma coisa com ela).
Paulo resolveu rapidamente, e de maneira magistral, o
impasse criado por essa prática, ou seja, saber se era
permitida ou não. (Ver 1 Coríntios 8).
Doutra feita Paulo escreveu uma carta de apreciação
por um presente que os filipenses tinham mandado para
ele na prisão. A carta inteira só continha uma nota de
advertência. O problema por ele enfrentado era pequeno,
de modo que não se transformou num caso sério:
“Rogo a Evódia, e rogo a Síntique pensem
concordantemente, no Senhor” (Fp 4.2).
PRINCÍPIO 16
Descobrindo a Liderança
Jesus não esperou que a liderança brotasse
espontaneamente. Ele não administrou testes, não fez
listas de avaliação, não pediu aos discípulos que
escrevessem seus currículos. Mas sua percepção infalível
mostrou o potencial de cada um deles. Ele os escolheu e
disse:
“Sigam-me”.
É muito comum os líderes não perceberem que em
toda congregação ou grupo encontra-se gente bastante
para atender às necessidades da liderança. Aqui está um
exemplo de uma igreja, num bairro periférico da classe
média.
W. A. e Edna Hanson eram líderes de destaque. A
igreja que eles freqüentavam tinha, como a maioria tem,
um membro que é, reconhecidamente, a pessoa mais
poderosa do grupo: e essa pessoa era W. A. Ao mesmo
tempo, Edna era responsável por todas as atividades que
envolviam as senhoras. O casal carregava junto a maior
parte do peso do trabalho de liderança; Se algo tinha que
ser feito, era só o pastor ou os membros chamarem W.A. ou
Edna e tudo estava pronto.
E então foi aquele choque: O casal tinha que se mudar.
Edna estava com problemas de saúde e o médico havia
dito que sua única esperança de melhora era mudar-se
para um lugar de clima mais quente. Depois de ter sofrido
o frio intenso de dois invernos, o casal mudou-se para a
ensolarada Flórida.
Mesmo antes da partida, a igreja já lamentava a sua
perda. O pastor, talvez mais do que qualquer outra pessoa,
sentiu o vazio que eles iam deixar. Que é que vamos fazer?
perguntava-se constantemente.
Duas semanas antes da viagem, o pastor fez um apelo
do púlpito: “Temos inúmeros trabalhos que W. A. e Edna
costumavam fazer aqui. Estamos precisando de gente que
venha tomar-lhes o lugar e assumir a responsabilidade que
eles tinham”.
Para surpresa dele, o pessoal respondeu ao seu apelo.
Quando chegou o dia da partida, oito pessoas tinham
assumido as tarefas que o casal costumava fazer. Por
muitas vezes o pastor repetiu estas lições valiosas que ele
aprendeu com aquela experiência:
PRINCÍPIO 17
LÍDERES
PRINCÍPIO 18
A Preparação de Líderes
Jesus usou pelo menos quatro métodos para treinar
seus seguidores a se tornarem líderes. Esses métodos são
válidos para se treinarem líderes em qualquer Área:
Parabéns, Formandos!
Todo curso de treinamento deve terminar um dia. Os
estudantes recebem seus diplomas ou certificados e colam
grau. Agora precisam ir embora e começar a trabalhar.
Completaram sua preparação.
Se houve qualquer coisa parecida com uma festa de
formatura para os primeiros discípulos, isso aconteceu em
João 20.19-23. Depois da ressurreição, Jesus apareceu para
seus seguidores no mesmo cenáculo onde haviam ceado na
noite da Páscoa, e disse-lhes o seguinte:
“Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”
(V. 21).
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