Memória Fernanda Aragão Final

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

FERNANDA MARIA BARAÚNA DE FREITAS ARAGÃO

RIBEIRA DE ITAPAGIPE
HISTÓRIA E COTIDIANO DE UM BAIRRO DE SALVADOR

Salvador
2012
FERNANDA MARIA BARAÚNA DE FREITAS ARAGÃO

RIBEIRA DE ITAPAGIPE
HISTÓRIA E COTIDIANO DE UM BAIRRO DE SALVADOR

Memória descritiva da série de reportagens


“Ribeira de Itapagipe”, apresentada como
requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Comunicação com habilitação em
Jornalismo.

Orientadora: Profa. Dra. Simone Terezinha


Bortoliero

Salvador
2012
AGRADECIMENTOS

A Deus, minha fortaleza, em quem ponho toda minha esperança;


À minha mãe, Sandra Baraúna, minha maior admiradora, pelas orações e pelo amor
incondicional dedicado em todos os momentos desta graduação;
Ao meu pai, Antônio Mário, pelo exemplo e estímulo para que eu crescesse em
conhecimento, humildade, maturidade e fé;
Ao meu namorado, Aislan, pelo companheirismo e apoio em cada etapa, principalmente,
neste trabalho final;
À professora Simone Bortoliero pela paciência, a alegria e as palavras de incentivo que foram
muito importantes no desenvolvimento deste trabalho;
A todos que trabalharam comigo na Rede Bahia, principalmente, à equipe do programa Fala
Bahia, por terem me dado a oportunidade de vivenciar a rotina de uma televisão;
Aos moradores da Ribeira, pela disponibilidade de compartilhar comigo suas histórias,
satisfações e insatisfações sobre o bairro;
Aos cinegrafistas João Tatu e Léo Braga, ao meu cunhado, Álvaro Ribeiro, a minha prima,
Ingrid Freitas, ao editor João Gabriel e ao designer Gilson Rabelo, que foram fundamentais
para a realização deste trabalho.
"Repórter de verdade atravessa a rua de si mesmo para
olhar a realidade do outro lado de sua visão de mundo"
Eliane Brum
RESUMO

“Ribeira de Itapagipe” é uma série de quatro reportagens em vídeo sobre o bairro da


Ribeira, localizado na Península de Itapagipe, em Salvador/BA. Apresenta a história do local,
suas tradições, características geográficas, problemas relacionados ao saneamento básico,
ambientes de lazer, além da prática de esportes e projetos sociais desenvolvidos por
moradores do bairro. Cada uma das reportagens aborda assuntos diferentes e, juntas,
apresentam um dos mais belos bairros da capital baiana. Nesta Memória, está descrito o
processo de desenvolvimento deste trabalho desde a concepção da ideia, passando pelas
dificuldades enfrentadas até sua finalização.
Palavras-chave: Península de Itapagipe; Ribeira; Bairro; Telejornalismo; Reportagem.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 7

2 OBJETIVO ................................................................................................................. 9

3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 10

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 12


4.1 HISTÓRIA DA PENÍNSULA ................................................................................. 12
4.1.1 Ribeira das naus ........................................................................................................ 14
4.2 SÉRIE DE REPORTAGENS PARA TELEVISÃO .................................................. 18

5 PROCESSOS PRODUTIVOS ................................................................................ 22


5.1 PESQUISA ................................................................................................................. 22
5.2 ESCOLHA DOS ENTREVISTADOS ....................................................................... 24
5.3 ROTEIROS ................................................................................................................. 26
5.3.1 Reportagem História (R1) ....................................................................................... 26
5.3.2 Reportagem Contrastes (R2) ................................................................................... 27
5.3.3 Reportagem Lazer (R3) ........................................................................................... 28
5.3.4 Reportagem Esportes (R4) ..................................................................................... 28
5.4 GRAVAÇÃO ............................................................................................................. 29
5.4.1 Aspectos Técnicos ..................................................................................................... 29
5.4.2 Pautas e diárias de gravação ................................................................................... 30
5.5 RESPOSTAS/ASSESSORIAS DE IMPRENSA ...................................................... 31
5.6 EDIÇÃO .................................................................................................................... 32
5.7 ORÇAMENTO ........................................................................................................... 34
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 35
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 37
ANEXO ...................................................................................................................... 39
7

1 INTRODUÇÃO

Salvador, capital do estado da Bahia, tem 1601 bairros, cada um com história e
condições diferenciadas no que diz respeito à oferta de infraestrutura, transporte, educação e
saúde. Quatorze2 deles formam a Península de Itapagipe, região da cidade conhecida por belos
pontos turísticos e por ser o lugar onde são realizadas importantes festas populares, como a
Lavagem do Senhor do Bonfim e a Procissão de Bom Jesus dos Navegantes. Ribeira de
Itapagipe é uma série de quatro reportagens que apresenta uma parte desta península: o bairro
da Ribeira.

A Ribeira surgiu como vila de pescadores e foi sendo ocupada com a expansão da
atividade naval. Em sua estrutura arquitetônica, conserva construções antigas e igrejas
seculares, como o Solar Amado Bahia e a Igreja de Nossa Senhora da Penha respectivamente.
Além disso, é o lugar onde está localizada a “Sorveteria da Ribeira”, que é ponto turístico de
Salvador.

Como outros bairros da cidade, possui problemas de infraestrutura urbana. Drenagem


pluvial inadequada – situação que provoca alagamentos – e acúmulo de lixo nas ruas são
alguns exemplos. Em 2012, o Governo do Estado, por meio da Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), retomou a execução de obras de
revitalização, iniciadas em 2010, em um trecho da orla do bairro. No mesmo ano, foi
concluída a construção do primeiro Terminal Pesqueiro Público de Salvador próximo ao final
de linha do bairro.

Por estas e outras questões, Ribeira de Itapagipe vai além de “sorvete e tranquilidade”.
Mostra um bairro constituído por moradores que amam o lugar onde vivem e lutam para
melhorá-lo. Apresenta a Ribeira como um local rico em história e tradições e que precisa de,
cada vez mais, atenção do poder público.

Ao desenvolver estes vídeos sobre a Ribeira, meu intuito foi compreender e mostrar o
que faz tantas pessoas amarem este bairro e a região onde ele está inserido. Além disso,

1
Este número tem como base o estudo desenvolvido por órgãos da prefeitura de Salvador e do governo da
Bahia, além do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE) em parceria com a Universidade Federal da
Bahia que culminou no livro “Caminho das Águas”.
2
Os bairros são: Boa Viagem, Bonfim, Calçada, Caminho de Areia, Jardim Cruzeiro/ Vila Ruy Barbosa, Lobato,
Mangueira, Mares, Massarandura, Monte Serrat, Ribeira, Roma, Santa Luzia e Uruguai.
8

documentar suas tradições e sua beleza natural, as quais não se encontram, em formato
audiovisual, nos principais acervos históricos da cidade.

Este trabalho também pretende servir de bibliografia para outros que venham a ser
desenvolvidos por estudantes da própria Faculdade de Comunicação da Universidade Federal
da Bahia (Facom/UFBA), de outras unidades e também de outras instituições brasileiras.
Assim fizeram “Três Marés”, desenvolvido pela estudante Vanessa Prazeres, “Cruch:
Histórias sobre uma ponte”, por Diego Mascarenhas, e “Vila Brandão”, por Érica Amorim e
Michele Pinheiro, ao servirem de inspiração no desenvolvimento deste trabalho.

A escolha pelo formato “série de reportagens” levou em consideração meu percurso


acadêmico e a diversidade de assuntos a serem abordados. Julguei que a separação dos
assuntos em reportagens diminuiria a possibilidade de o trabalho tornar-se desinteressante e
enfadonho.

Nesta Memória, apresento a história do bairro e da península; discuto as dificuldades


relacionadas à definição do formato e descrevo o processo produtivo, desde a pesquisa até a
edição.
9

2 OBJETIVO

Produzir uma série de reportagens sobre o bairro da Ribeira, mostrando sua história e
seu cotidiano, a partir do depoimento de seus moradores, a fim de dar visibilidade à região
onde ele está localizado.
10

3 JUSTIFICATIVA

A afinidade com o audiovisual fez com que a decisão pelo vídeo experimental como
Trabalho de Conclusão de Curso fosse tomada precocemente.

Durante a graduação, a partir das disciplinas cursadas e das experiências vivenciadas


em atividades externas à universidade o interesse pela linguagem audiovisual aumentou. Entre
as atividades que fizeram diferença ao longo dos oito semestres, destaco: a participação no
Concurso Universitário de Jornalismo CNN 2011 e a conquista do terceiro lugar na
classificação geral; o estágio no programa Fala Bahia, da Rede Bahia, quando vivenciei a
rotina de uma televisão e o contato com diversos documentários na disciplina “Temas
especiais em Comunicação”, cursada no terceiro semestre.

Já a escolha do tema levou em consideração a viabilidade de execução, a possibilidade


de captação de belas imagens e a apresentação de histórias de vida. Estes critérios me
conduziram a escolher desenvolver um produto audiovisual que mostrasse, de alguma
maneira, a Península de Itapagipe. Como moradora de um dos bairros, me interessava
entender e mostrar o que faz tantas pessoas gostarem de Itapagipe e qual a história deste lugar.
Mas, devido à dimensão da região, foi preciso fazer um “recorte”.

A primeira proposta de trabalho, desenvolvida no anteprojeto de pesquisa, foi


apresentar a Enseada dos Tainheiros, uma reentrância da Baía de Todos os Santos que banha
o bairro da Ribeira, a partir de três assuntos: a história do remo, esporte que se utiliza deste
ambiente natural; os problemas relacionados à poluição dessa parte do mar e as consequências
da presença do Primeiro Terminal Pesqueiro Público de Salvador – que estava em construção
no bairro – nesta área. Durante o período de pesquisa, já na elaboração do projeto final, a
proposta foi ampliada para abranger outros aspectos relativos ao bairro da Ribeira. Neste
processo, percebi que o bairro abrange assuntos comuns a outras localidades da península
servindo, desta maneira, como uma espécie de síntese sobre a região.

É importante lembrar que a proposta dos vídeos foi apresentar um apanhado de


situações que compõem o bairro a fim de que ele seja conhecido, dando assim visibilidade à
península. Os assuntos abordados nas quatro reportagens foram os que mais se destacaram a
partir da observação pessoal e do depoimento de moradores. Assim, temas como acesso à
saúde e violência não foram abordados. O primeiro, por não ser uma queixa recorrente e o
segundo pela dificuldade de apresentação, além de não ser o que mais caracteriza a
11

comunidade. Durante a pesquisa, tentei encontrar informações a respeito da pesca com


bomba, mas embora tenha escutado depoimentos sobre o assunto, não consegui apurar
suficientemente a ponto de ter como abordar o tema nas reportagens.

Quanto ao formato, inicialmente, pensei em desenvolver uma série de três reportagens.


Pelo fato de ter conteúdo histórico, cheguei a pensar que fosse mais apropriado fazer um
documentário. A opção por apenas uma grande reportagem também foi analisada, mas a
diversidade de tópicos interessantes me fez retornar à opção “série de reportagens”, sendo
que, ao invés de dividir o trabalho em três partes, defini a partir da orientação da professora
Simone Bortoliero que seriam quatro reportagens.

Considero que minha escolha tenha sido corajosa, já que fazer reportagens sobre um
bairro tão próximo ao que moro sugere indagações relacionadas à questão da objetividade
jornalística. Sobre este assunto pude refletir ao longo do processo de produção.

O fato de eu ser moradora da península não faz com que eu conheça a realidade de
todos os bairros. Muitas situações relacionadas à Ribeira foram descobertas durante o
processo de produção. Por outro lado, a escolha em mostrar um bairro da região onde moro já
demonstra meu interesse em dar visibilidade à área. Contudo, me preocupei em apresentar não
apenas as coisas positivas do local, mas também os problemas, sempre buscando respostas
dos órgãos competentes. Ao mesmo tempo, a apresentação destes problemas surgiu de
inquietações que talvez não fossem suscitadas por alguém que não mora na península.

Assim, não posso negar que meu envolvimento com a área tenha influenciado no
decorrer do processo produtivo. Contudo, acredito que isto não tenha comprometido a
proposta do trabalho, que era mostrar o bairro a partir da sua história e do seu cotidiano –
chegando além dos clichês “sorvete e tranquilidade” – com o objetivo de fazer as pessoas
conhecerem um pouco da Península de Itapagipe.

Considero corajoso também o fato de aparecer tantas vezes no vídeo, já que esta não é
a tradição dos trabalhos de graduação da Facom/UFBA. Seguindo a orientação da professora
sobre a importância de mostrar meu bom desempenho na frente das câmeras – demonstrado
em outras atividades ao longo do curso – decidi encarar os desafios e críticas e aparecer duas
vezes em cada uma das reportagens, além das apresentações.
12

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 HISTÓRIA DA PENÍNSULA

A palavra “Itapagipe” deriva do vocábulo indígena “Itapégype” que significa “o


caminho de pedra dentro d’água” (CEDRAZ e RAMOS, 2010, p.9). Segundo Consuelo Pondé
de Sena, reportando-se a Theodoro Sampaio, a palavra Itapagipe deriva de itapé-gy-pe, que se
traduz como ‘no rio da laje’ na língua dos Tupinambá, primeiros habitantes do local
(SANTOS, et al, 2010, p.365).

No período da colonização, cogitou-se a possibilidade de Salvador ser construída nesta


península, mas a ideia foi abandonada “por ser o local desprovido de pontos estratégicos para
defesa” (RUY, A, 1949, p.298 apud CARDOSO 2004). Ainda assim, a área abrigou
importantes fortificações. Em 1591, foi construído, na Ponta de Monte Serrat, o forte de São
Felipe. Nesta época, há registros de que também existiu o forte de São Diego “situado no
extremo da Ribeira de Itapagipe, cabeça da ponta que avança na Enseada dos Tainheiros”
(CARDOSO, 2004 p. 20).

Entre os séculos XVII e XVIII, o que marcou a história da península foi a construção
de diversas igrejas católicas. Entre 1608 e 1614 foi construída a Igreja de Monte Serrat. Por
volta de 1712, a ordem Franciscana ergueu a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem. Já em
1742, surgiu a igreja de Nossa Senhora da Penha de França e, por volta de 1802, a de Nossa
Senhora do Rosário – ambas localizadas no bairro da Ribeira – as quais serão melhor
apresentadas adiante. A Igreja do Bonfim começou a ser construída em 1745, mas sua parte
interna só ficou pronta em 1754. Ela é a mais famosa, por causa da festa popular chamada
Lavagem do Bonfim que acontece na segunda quinta-feira do mês de janeiro, após o dia de
Reis, desde 1773. A igreja dos Mares e a igreja de São Jorge, localizadas nos bairros Mares e
Jardim Cruzeiro/Vila Rui Barbosa, respectivamente, são do século XX.

A atividade rural, a pesca e a tradição religiosa compuseram a península durante


séculos, por isso, no início do século XIX havia quem duvidasse que a região pertencesse à
cidade (NASCIMENTO, 1986, p. 97 apud CARDOSO, 2004). A chegada das linhas de bonde
e das indústrias, no final do século, contribuiu com a transformação física e social de
Itapagipe.

A Península aprazível e tranquila, consolidada, ao longo do século XVIII, como


distante lugar de descanso, torna-se uma zona complexa concentrando-se no seu
território atividades de características contraditórias. Se para essa freguesia, retiravam-
13

se pessoas necessitadas de repouso, neste momento converge uma população com


feições diversas das de antes: para aí flui uma grande leva de trabalhadores, gente de
parcas posses, dispostos a servir de mão-de-obra para as indústrias. Registros atestam
ser a península a área onde uma grande parcela da população pobre de Salvador foi-se
instalar. (CARDOSO, 2004, p. 86-87)

A partir da década de 1940, essa população de menor poder aquisitivo começou a


ocupar parte da Enseada dos Tainheiros com as construções, em madeira, denominadas
palafitas. O surgimento do aglomerado de moradias, que passou a ser chamado de “Alagados”
também foi consequência das pesquisas de petróleo no Recôncavo que começava a substituir
a agricultura, conforme estudos da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da
Bahia (CONDER). Este movimento populacional alterou a conformação geográfica da
Península de Itapagipe, como mostram os mapas abaixo:

Figura 1 Península de Itapagipe em 1959


Fonte: Informes Conder
14

Figura 2 Península de Itapagipe em 1989 (já com parte da Enseada dos Tainheiros ocupada)
Fonte: Informes Conder

A partir da década de 1970, a Conder começou a desenvolver um projeto de


requalificação urbana da Enseada dos Tainheiros chamado Ribeira Azul. Assim, surgiu um
novo espaço urbano em Itapagipe, o qual também compõe o atual bairro da Ribeira.

4.1.1 Ribeira das naus

A palavra “Ribeira” tem origem portuguesa e significa “ancoradouro para reparação de


naus” (DÓREA,1999). O nome vem do fato de a atividade naval ter sido a que impulsionou a
formação do bairro.

Cumprindo Parte da Corôa e como parte da instalação da Empresa de Conserto e


Fabricação de Embarcações é construída, a mando de Tomé de Souza e no mesmo ano
de 1550, a Ribeira das naus. A cidade-estaleiro, fábrica de navios, revela-se de enorme
importância para a indústria manufatureira baiana estimulando outras manifestações
ancilares da própria Salvador e em seus arredores (CARDOSO, 2004, p.23).
15

Figura 3 Vista do Largo da Ribeira (data e autor não identificados) Fonte: Fundação Gregório de Matos

Na mesma década, Garcia D’Ávila, proprietário de cabeças de gado, começou a


montar seus currais na região da Penha, nome de uma das pontas do bairro onde está
localizada a igreja de Nossa Senhora da Penha de França.

O templo foi construído, inicialmente, para ser a capela particular do arcebispo D. José
Botelho de Mattos, que ainda tinha uma residência de verão no terreno ao lado. Em 1760, a
igreja foi elevada à categoria de matriz e com a morte do arcebispo, em 1787, a casa de
veraneio foi deixada para ser utilizada por párocos.

A igreja de Nossa Senhora da Penha de França possui uma forte relação com a igreja
do Senhor do Bonfim, pois foi nela que a imagem do Senhor do Bonfim ficou abrigada até
que a parte interna da basílica fosse concluída em 1754. Essa relação também se expressa por
meio da festa chamada Segunda Feira Gorda da Ribeira, que acontece logo após a Lavagem
do Bonfim.

Apesar de ser uma festa puramente profana, a Segunda-Feira Gorda da Ribeira


acontece na data em que são iniciadas as celebrações em louvor à Nossa Senhora da
Guia. Há alguns anos a festa era considerada a primeira prévia do Carnaval de
Salvador, quando trios elétricos percorriam as ruas da região fazendo uma espécie de
lançamento dos novos sucessos musicais. Hoje em dia não há mais trios, a música fica
por conta das barracas e, principalmente dos grupos de samba de roda e partido alto. A
festa, regada a muita cerveja tem como destaque gastronômico o famoso cozido,
16

muito procurado pelos foliões que fazem a festa na Enseada dos Tainheiros.
(FUNDAÇÃO GREGÓRIO DE MATOS3)

Na Ribeira ainda foi erguida, possivelmente em 1802, a Igreja do Rosário, construída


por negros entre as ruas Lélis Piedade e Júlio David (CARDOSO, 2004, pg. 31).

Além da presença da religiosidade, é possível perceber, através dos casarões de


arquitetura rebuscada, que a Ribeira foi uma das partes da península onde famílias de alto
poder aquisitivo se estabeleceram. O solar Amado Bahia, localizado na Avenida Porto dos
Tainheiros, pertencia à família do comerciante Amado Bahia que, no final do século XIX e
início do século XX, controlou o comércio de carne verde da cidade. O historiador Cid
Teixeira costuma chamar o imóvel, construído em 1901, de “palácio dos importados”, por
reunir material de três países, Portugal, França e Itália (INSTITUTO GEOGRÁFICO E
HISTÓRICO DA BAHIA, p.90).

É, ainda, na Ribeira, que está localizado o prédio do primeiro hidroporto de Salvador,


construído entre 1937 e 1939.

Os aviões, chamados de hidroaviões, de modelo Catalina, decolavam do mar e como


era na água, ao invés de aterrissar eles amerissavam. Era conhecido como Aeroporto
dos Tainheiros. Tinha instalações luxuosas, com sala de espera, sala de bagagem,
espaço para agências e companhias aéreas e um restaurante-bar. Os hidroaviões
amerissavam em uma ponte em forma de Y. À noite formavam uma fileira de canoas
com tochas para iluminar o lugar onde pousariam os hidroaviões. Quando os aviões se
aproximavam era tocada uma sirene para alertar aos banhistas e condutores de barcos
para que se afastassem do local de pouso, a fim de evitar acidentes. (FUNDAÇÃO
GREGÓRIO DE MATOS4)

Depois da sua desativação – quando foi construído o Aeroporto Internacional Luís


Eduardo Magalhães, por volta de 1943 – o local foi utilizado como sede da Associação dos
Rádio Amadores, funcionou como Clube dos Sargentos da Marinha e ainda como boate.
Atualmente, o espaço abriga uma loja náutica, um restaurante e também serve como píer para
embarcações.

Além do hidroporto, ainda no século XX, surgiram ambientes que retratam o modo de
vida dos moradores do bairro da Ribeira nesta época. O Largo da Madragoa, inaugurado em

3
http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/festa-modelo.php?festa=9 acesso em 20 de fev de 2013
4
http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-polo.php?cod_area=3&cod_polo=19 acesso em 15 de
jul de 2012
17

17 de dezembro de 1903, é um destes. O local era um manguezal que foi aterrado para a
instalação de um circo e seu nome é inspirado em um crustáceo que viveu no ambiente, o
“madragol”. Próximo ao largo, havia o Cinema Itapagipe, que funcionou entre 1920 e 1965,
tendo sido substituído por um posto de gasolina após sua desativação.

Já o “Banco dos Vadios” está localizado na Avenida Beira Mar. O local é frequentado
por militares e bancários aposentados que se reúnem para jogar dominó e conversar sobre
diversos temas como esporte e política. Surgiu na década de 1940 quando quatorze senhores
começaram a se reunir em uma árvore na praia do Bogari. Com a criação do clube Cabana do
Bogari, o Banco dos Vadios foi deslocado para a calçada da Avenida Beira Mar. “O primeiro
banco de fato foram duas bandas de uma canoa furada que eram usadas como assento.
Durante a prefeitura de Lídice da Mata, o espaço ocupado no passeio da Av. Beira Mar foi
calçado e recebeu bancos e mesas de concreto para os jogos” (FUNDAÇÃO GREGÓRIO DE
MATOS5).
Outro ambiente que faz parte da história do bairro da Ribeira é a Enseada dos
Tainheiros, onde acontecem, desde 1905, competições de remo. Durante décadas, as disputas
foram um dos principais acontecimentos do bairro.

Durante os anos trinta a quarenta do século XX, a Companhia de Navegação Bahiana


alugava, aos clubes, navios que ficavam ancorados na Ribeira, fora da raia. Cada
Clube tinha o seu navio, de onde as pessoas assistiam às regatas ao som de bandas de
jazz e com muita comida e bebida. A festa acontecia também em terra, atraindo
pessoas de toda a cidade. Os páreos tinham padrinhos ilustres, como integrantes das
famílias Tarquínio e Martins Catharino, Agenor Gordilho, Júlio Correa e outros .
(FUNDAÇÃO GREGÓRIO DE MATOS6)

Neste período, surge também o principal ponto turístico do bairro: a sorveteria da


Ribeira. O estabelecimento foi criado em 1931 pelo italiano Mario Tosta, que, anteriormente,
tinha uma pizzaria. Em 1964, a administração da sorveteria passou para o espanhol José
Lorenzo Hermida que, ao ir morar no Rio de Janeiro, em 2008, deixou o empreendimento
para o morador da península, Francisco Lemos. A sorveteria, antes frequentada apenas por
moradores, tornou-se ponto turístico, principalmente, pela fabricação artesanal de sorvete.
Entre os sabores mais exóticos estão jaboticaba, jaca, jamelão, sapoti, cupuaçu e o biri-biri7.

5
http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-polo.php?cod_area=3&cod_polo=19 acesso em 15 de
jul de 2012
6
http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-polo.php?cod_area=3&cod_polo=19 acesso em 15 de
jul de 2012
7
http://www.sorveteriadaribeira.com.br/
18

4.2 SÉRIE DE REPORTAGENS PARA TELEVISÃO

Ao decidir fazer uma série de reportagens fui à procura de bibliografia específica sobre
reportagens no telejornalismo e enfrentei muita dificuldade. As principais informações
encontradas diziam respeito às grandes reportagens ou às reportagens especiais, pouco se
falava em série. Neste processo de leituras, fiz algumas reflexões e defini formas de
desenvolver o trabalho, as quais serão apresentadas a seguir.

A dificuldade que me refiro é reforçada por De la Rue (2016) quando este reflete sobre
as características da grande reportagem.

A falta de estudos acadêmicos sobre a grande reportagem indica ainda uma


dificuldade de definição, uma dificuldade de se dar um nome a um evento
que – todos sabemos – é muito heterogêneo. A grande reportagem é maior,
mas não sabemos bem quanto é esse tempo. Assim, a grande reportagem se
define hoje muito mais pelo que ela não é, numa oposição ao jornalismo
diário. (DE LA RUE, 2006, p.186)

Carvalho (2010), entre outros, apresentam afirmações parecidas ao falarem sobre


reportagens especiais. No entendimento deles, essas reportagens ganham segundos ou até
minutos a mais que as notícias do dia a dia e usam ferramentas presentes no documentário,
mas não se definem por causa disso. Elas, na verdade, estariam sendo elaboradas como
alternativa à forma superficial com que alguns assuntos são tratados em telejornais diários.
Este tipo de reportagem também exigiria do jornalista “um olhar mais cuidadoso e uma leitura
mais aprofundada da realidade” (CARVALHO, et al, 2010, p. 26). Ainda segundo estes
autores, os temas abordados em uma reportagem especial não precisam ser inéditos, mas o
olhar para este tema precisa ser novo.

Diante destas definições, surgiu um questionamento. O que diferenciaria uma grande


reportagem de uma reportagem especial?

Compreendi que trata-se do mesmo tipo de reportagem, aquelas que apresentam


determinado assunto ligado à atualidade de forma mais aprofundada, despendendo mais
tempo de produção e de exibição, opondo-se ao formato padrão do tempo em reportagens
elaboradas no jornalismo diário, o qual Coutinho (2008) se refere a partir de Calabrese e Voli.

Fruto de uma forte seleção, a dimensão da notícia televisiva é limitada por


exigência de tempo, espaço a ser ocupado no fluxo audiovisual. Assim, cada
notícia em TV deveria ser oferecida em pacotes informativos com cerca de 90
segundos (um minuto e meio), sendo possível a ampliação desses limites em
19

casos excepcionais, ou de excepcional interesse e atração da audiência.


(COUTINHO, 2008, p.3)

Embora não tenha feito um estudo aprofundado sobre reportagens no telejornalismo –


e este não seja o objetivo desta memória descritiva – arrisco-me a afirmar que tais nomeações
diferentes para o mesmo produto ocorrem devido à própria dificuldade de se definir as
produções em televisão, que, de acordo com Duarte (2003), tem como condição natural a
complexidade e a hibridização.

À parte estas discussões, Ribeira de Itapagipe foi elaborada com base nas
características apresentadas sobre a grande reportagem ou reportagem especial. O bairro
costuma ser pautado em telejornais da Bahia, na maioria das vezes, como ponto turístico ou
lugar ideal para desfrutar de tranquilidade. Por isso, o principal exercício foi olhar a
localidade de maneira mais aprofundada. A reflexão e a própria observação do seu cotidiano
me fizeram perceber, por exemplo, os contrastes apresentados na segunda reportagem (R2).

Ainda tendo como base o modo de conceber as grandes reportagens, é interessante


ressaltar “as características cruzadas, de vários campos do conhecimento” que De la Rue
(2006) diz existir neste tipo de reportagem. Algumas delas foram utilizadas neste trabalho.

Nas reportagens que lidam menos com o fator “atualidade”, foram utilizadas
características dos documentários, principalmente, na primeira reportagem (R1) e na quarta
reportagem (R4). O uso de personagens, ou melhor, “cada um dos indivíduos fictícios ou reais
que figuram em qualquer forma de narrativa (romance, reportagem, poema, peça teatral, filme
etc.)” (BARBOSA e RABAÇA, 2001, p. 561) é um exemplo. Para Lage (2006), este uso de
personagens é um recurso do cinema que é usado na reportagem de televisão. O autor
considera que a própria televisão, a partir do momento que começou a editar imagens – uma
evolução com relação ao rádio – foi inserida na “história do documentarismo, gênero de
produção audiovisual que passou a ter nome em 1920” (LAGE, 2006, p.33).

Outra característica do documentário utilizada neste trabalho diz respeito à liberdade


de enquadramentos que pode ser observada na quarta reportagem (R4). A interação com o
personagem “Chocolate” no clube de regatas São Salvador, as imagens do Campo do Laska
feitas a partir da grade de proteção e os planos sequência em que os jogadores são
acompanhados em campo são alguns exemplos. O uso do equipamento slider8, que permitiu o

8
Slider é um equipamento sobre o qual uma câmera é fixada e pode ser deslizada de forma retilínea
http://www.cursodecinema.com/trilhos-slider-dolly-para-cameras-dslr-por-menos-de-1000-reais/
20

movimento da imagem do lixo na Enseada dos Tainheiros e do entardecer, na terceira


reportagem (R3), é outro recurso utilizado no cinema e que foram incorporados a este
trabalho.

Por estas e outras características, a grande reportagem é um “híbrido, jornalismo com


roteiro” (DE LA RUE 2006, p. 184). Mas e a série de reportagens?

A denominação “série de reportagens” seria uma forma possível de apresentação de


assuntos que tiveram um tratamento mais primoroso do ponto de vista plástico e de conteúdo,
como sugere Carvalho (2010), entre outros. Ela também pode ser entendida como “um dos
formatos noticiosos veiculados nos telejornais” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS
INTERDISCIPLINARES, 2010).

Concordando com estas definições, Coutinho (2008) diz que a série é a denominação
que apresentadores dos telejornais de diversas emissoras anunciam um material jornalístico
que se aproxima de uma espécie de novela informativa capaz de oferecer informação sobre
um tema ou aspecto da realidade de forma mais aprofundada na televisão.

Compreendo, contudo, que esta não seja uma série adequada para ser exibida em um
telejornal diário devido, sobretudo, ao seu tamanho – as reportagens têm 08’16’’, 08’02’’,
06’24’’, 08’14’’ respectivamente. Programas semanais como revistas eletrônicas ou os
educativos seriam mais apropriados. Neste caso, a depender do tamanho deles, as reportagens
poderiam ser exibidas separadamente – uma em cada semana – ou uma em cada bloco.

Esta divisão em blocos é como opera o Globo Repórter, exibido na Rede Globo, que,
segundo Vera (2010), é o programa de grande reportagem mais tradicional do país, tendo
influenciado produções de emissoras concorrentes. A grande reportagem, neste caso, é
apresentada no mesmo dia, porém, separada por intervalos.

De acordo com Serafim (2009), o programa começou a ser exibido em 1973 e, nas
primeiras edições, era possível “observar nitidamente um viés documental e criativo que foge
à estética televisiva e da reportagem” (SERAFIM, 2009, p.55). Em 1983, “o programa se
aproxima mais da reportagem, o seu formato atual: presença de um repórter, eleição de só um
tema para o programa, que é dividido em cinco blocos, com duração atual aproximada de 45
minutos” (SERAFIM, 2009, p. 56).
21

Por apresentar tais características e ter sido citado na bibliografia encontrada, o Globo
Repórter foi uma das fontes de pesquisa durante a busca por entender mais sobre o modo de
se fazer reportagem na televisão. Duas edições do programa se aproximaram da minha
proposta e serviram de inspiração.

A edição do dia 3 de agosto de 2012 foi sobre a Eslovênia, um país da Europa. No


primeiro bloco, a repórter, Glória Maria, mostrou a história do lugar a partir de uma família
que reúne três gerações de eslovenos e por meio de visitas a monumentos históricos como um
castelo e uma igreja. No segundo, as belezas naturais e o cotidiano das pessoas que vivem no
campo foram ressaltados. As curiosidades e atrações culturais do país foram os destaques do
terceiro bloco que trouxe ataques de ursos e o tratamento especial para cavalos que fazem
apresentações para turistas. O quarto bloco apresentou famosas cavernas do país, dentro de
uma contextualização histórica. O último mostrou receitas da culinária local.

A outra edição foi sobre Dubai, na Índia, e foi exibida no dia 25 de maio de 2012. O
primeiro bloco dedicou-se a apresentar a cidade. A história da sua origem foi contada na
abertura, seguida de informações sobre seu crescimento, modernização e riquezas. Um casal,
formado por um árabe e uma brasileira, ajudou a caracterizar a cultura dos povos locais e
também a modernidade relacionada ao convício social. No segundo, foi mostrada a cidade
luxuosa em que ponto de ônibus tem ar condicionado. Já o terceiro bloco, trouxe um bairro
afastado do centro, onde muitas pessoas vivem em condições miseráveis, contrastando com as
situações do bloco anterior. O quarto dedicou-se a apresentar o comércio local, a partir do
maior shopping do mundo e da economia da região. No quinto e último bloco, uma
curiosidade: águia e falcão sendo criados como animais de estimação.

Ainda que meu projeto não tenha sido a elaboração de um programa piloto, foi
importante perceber de que maneira a grande reportagem sobre essas localidades foi
construída e exibida.

Decidi, após este percurso pelas referências encontradas, que dividir os assuntos sobre
o bairro da Ribeira em quatro seria mais interessante do que apresentar uma única grande
reportagem, tanto pelo fato de se tornar menos enfadonho, quanto pela minha falta de
experiência e desenvoltura (se comparada à de repórteres experientes).
22

5 PROCESSOS PRODUTIVOS

“Reportagem é difícil. Em telejornalismo, muito difícil” (CARVALHO, et al, p.16).


Nesta afirmação, os autores referem-se à complexidade envolvida no processo de elaboração
de uma reportagem para televisão devido ao fato de envolver diversos profissionais
trabalhando em etapas distintas. Ainda que, neste trabalho, a estrutura não tenha sido igual à
de uma televisão o fator “trabalho em equipe” foi fundamental durante seu desenvolvimento.
Além de mim atuando nas funções de produtora e repórter, contratei cinegrafista e editor de
imagens e contei com o auxílio de familiares e amigos na função de assistente de câmera.

5.1 PESQUISA

A busca por informações sobre o bairro da Ribeira começou ainda durante a


elaboração do anteprojeto de pesquisa, vasculhando conteúdo na internet. Entre as páginas
cujas informações utilizei, destaco: site “Salvador Cultura Todo Dia”, criado pela Fundação
Gregório de Mattos e o blog “Ribeira na Rota”, desenvolvido por estudantes da turma 2008.2
da Facom/UFBA. Mas a pesquisa para a elaboração desta série de reportagens não se limitou
ao conteúdo encontrado na internet. Realizei visitas aos principais acervos públicos da cidade.

A primeira foi à Biblioteca Municipal Professor Edgard Santos, localizada no próprio


bairro da Ribeira. Foi a partir de informações encontradas em livros e revistas deste acervo
que avancei na pesquisa e na escolha dos entrevistados das reportagens. A partir da legenda
de imagens antigas, por exemplo, fui levada à Fundação Gregório de Mattos, onde encontrei
imagens que mostram a Ribeira do início do século XX.

É importante ressaltar a burocracia enfrentada para conseguir a cópia destas imagens.


Foi preciso apresentar documentos, assinar um contrato de compromisso com a não
reprodução das imagens para fins comerciais; pagar uma taxa por cada imagem e aguardar 20
dias para pegar uma cópia em cd do material. Este procedimento é aceitável, se o objetivo é
evitar a comercialização. O que não é aceitável é a condição de armazenamento dessas
relíquias históricas. No dia da visita, em março de 2012, a sala onde se encontravam as
fotografias estava com infiltrações e as pastas-arquivo precisaram ser cobertas com lonas de
plástico para que não fossem danificadas pela água da chuva que invadiu a sala. Além disso,
as imagens em vídeo que funcionários disseram que existiam não puderam ser vistas e nem
23

copiadas porque o aparelho de reprodução não estava funcionando e não havia previsão de
quando seria consertado.

Com a solicitação das imagens feita, continuei a procura por informações históricas e,
principalmente, por imagens antigas do bairro. O acervo audiovisual da Biblioteca Pública do
Estado da Bahia foi o destino seguinte. Não encontrei uma imagem sequer. Continuei a busca
na videoteca da TV Educativa da Bahia (TVE) e, novamente, não foram encontrados vídeos
sobre a Ribeira ou outras localidades da península. Esta situação reforçou minha vontade de
realizar este trabalho.

A tentativa de conseguir imagens também se estendeu à emissora comercial TV Bahia,


para a qual enviei um oficio, via e-mail, (ANEXO A) destinado ao diretor de jornalismo,
Roberto Appel, solicitando cópias de imagens que mostrassem o problema dos alagamentos
no bairro, o qual já havia sido mostrado em telejornais da emissora. Mais uma vez não
consegui material audiovisual.

Na biblioteca da Conder, sem muitas dificuldades, consegui informações a respeito do


programa de moradias para Alagados e solicitei cópias de imagens de satélite antigas da
península, as quais são utilizadas nesta Memória. Foi na Conder também que consegui
material em power point sobre as obras de revitalização que foram realizadas no bairro.

Durante esta fase de pesquisa, ainda estive na Biblioteca da Faculdade de Arquitetura


da UFBA para ter acesso à versão impressa da tese de mestrado “Arquitetura e Indústria: A
Península de Itapagipe como sítio industrial da Salvador Moderna 1891 – 1947”,
desenvolvida por Ceila Cardoso, pela Universidade de São Paulo. O conteúdo tinha sido
encontrado na internet, mas o acesso foi bloqueado no decorrer do processo de pesquisa.

Após compilar conteúdo histórico suficiente, observei que não tinha uma informação
importantíssima: a delimitação do bairro da Ribeira. “Onde ele começa e termina?”, foi o meu
questionamento. Ao ser informada sobre a existência de um projeto, em tramitação, que
solicitava a criação de uma lei para delimitar os bairros da cidade entrei em contato com a
Câmara Municipal de Salvador para encontrar a informação.

De acordo com a Indicação nº 3.875/2011 emitida pela Câmara Municipal de


Salvador, em 18 de maio de 2011 (ANEXO B), a divisão em bairros de Salvador ainda é
determinada pela Lei nº 1.038/60, vigente desde 15 de junho de 1960. O documento solicitava
24

que o então prefeito, João Henrique, enviasse para a Casa Legislativa, projeto referente à
atualização urbana e suburbana dos bairros de Salvador9.

A falta de delimitação atualizada fez com que órgãos e empresas, que necessitam desta
informação, elaborassem a própria delimitação, situação que dificulta a aplicação de políticas
públicas em regiões da cidade e o próprio desenvolvimento de pesquisas e trabalhos
acadêmicos, como este.

Diante desta realidade, optei por utilizar o dado obtido na execução do Projeto de
Pesquisa “Qualidade Ambiental das Águas e da Vida Urbana em Salvador”. A pesquisa delimitou 160
bairros na capital baiana e foi realizada, entre os anos de 2006 e 2009, pelo Grupo ÁGUAS do Centro
Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gestão Social (CIAGS) da Escola de Administração da UFBA.
A execução do projeto contou com a parceria de órgãos da Prefeitura de Salvador, Governo da
Bahia e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

É interessante destacar que os números da população do bairro da Ribeira,


apresentados na segunda reportagem (R2) – em 2000, 18.692 moradores e em 2010, 19.578 –
foram obtidos em visita à sede do IBGE, em Salvador, já que a falta da lei não permite que o
órgão apresente, em seu site oficial, estas informações baseadas no resultado do projeto
citado.

5.2 ESCOLHA DOS ENTREVISTADOS

O processo de busca por entrevistados foi tão importante quanto a pesquisa teórica.
Considero, inclusive que esta etapa – que aconteceu paralelamente à descrita anteriormente –
tenha sido mais trabalhosa e, ao mesmo tempo, empolgante.

Além dos entrevistados que consegui a partir de reportagens antigas encontradas nos
acervos, fui à procura de moradores que contassem suas histórias, curiosidades e problemas
relacionados ao bairro, a fim de identificar aqueles que pudessem participar, posteriormente,
das gravações da série. Com cada um, realizei o que Santos (2009) descreve como entrevista
de compreensão, “quando o jornalista não deve se prender a roteiros, pois a riqueza

9
Até a finalização deste Trabalho de Conclusão de Curso, não foi constatada a execução do pedido e, portanto, a
criação da nova lei de delimitação dos bairros.
25

informativa ocorre nas sutilezas dos gestos, no tom da voz, nas expressões, revelações que
surgem conforme a ‘conversa’ vai avançando” (SANTOS, 2009, p.26).

De modo mais detalhado, o mecanismo foi o seguinte: com cada contato indicado por
alguém ou encontrado em outras reportagens ou blogs agendei um “bate-papo” para recolher
informações e checar a disponibilidade destas pessoas para participar das gravações. Neste
encontro presencial, procurei observar o ambiente que seria propício para gravar; quais
recursos eu precisaria utilizar para apresentar visualmente o que a pessoa me contava; como
seria o deslocamento até o ambiente de gravação da entrevista; que tipo de imagem de apoio
eu precisaria; entre outras observações.

A principal dificuldade neste processo foi manter o contato com os entrevistados nos
meses que separaram a pré-entrevista da gravação. As conversas foram realizadas entre março
e abril de 2012 e a primeira gravação só aconteceu no final do mês de julho do mesmo ano.
Por isso, neste intervalo de tempo, foi necessário ligar para cada um dos escolhidos para
lembrar o compromisso de participar das reportagens. Confesso que este espaço de tempo
provocou ansiedade e incerteza. Felizmente, muitos ficaram entusiasmados com o trabalho e
cobraram retorno com relação ao resultado.

O primeiro contato pessoal foi com o presidente da Associação de Moradores e


Amigos de Itapagipe (AMAI), Roque Gomes. Além de ter sido entrevistado na R2, ele
indicou pessoas que poderiam contribuir com o trabalho. Entre elas, Geni Vieira, o radialista
que apresenta informações sobre problemas da Ribeira ( também na R2) e Elney de Andrade,
o coordenador da Administração Regional de Itapagipe e vice-presidente da Federação dos
Clubes de Regatas de Itapagipe que forneceu diversas informações e outros contatos, mas não
foi filmado. Dona Cecy Ramos, entrevistada da R1, foi uma das indicações do coordenador.

Os entrevistados principais da R4 foram encontrados durante visitas, sem prévia


indicação. Bastou uma visita ao espaço de treino de ambos os esportes e uma conversa
descontraída para escolher Chocolate, ou Nilson Souza, o remador experiente que mostra suas
medalhas e Antônio “Campeão”, o morador que se dedica às atividades do Campo do Laska.
Antônio Freire de Carvalho, o senhor que fala sobre as antigas regatas, foi um dos
personagens apresentados pela Revista Grauçá10, em uma edição especial sobre o remo na
Enseada dos Tainheiros. Ao ler sobre sua história, entrei em contato com a revista e com

10
A Revista Grauçá é uma publicação específica sobre a Península de Itapagipe. Seu conteúdo pode ser através
do endereço www.revistagrauca.com.br (acesso em 4 de mar. de 2013)
26

pessoas ligadas ao remo na Ribeira, consegui seu telefone e marquei uma visita ao acervo
particular sobre o remo, localizado em seu apartamento no bairro da Pituba.

Fernanda Nunes, presidente da Associação Beneficente Educação, Arte e Cidadania


(ABEAC), foi escolhida como fonte com base em seu cargo. Na primeira visita à organização,
o contato foi feito com um dos coordenadores da associação, contudo, julguei mais
interessante entrevistar Fernanda por ela ter sido a fundadora da ONG e ser moradora da
península desde que nasceu.

Nos casos do coordenador do Inema, Eduardo Topázio, que explica a poluição na


Enseada dos Tainheiros, na R3, e do coordenador da Conder, Antônio Brito, que fala sobre as
obras de revitalização da Ribeira, na R2, o contato aconteceu via assessoria de comunicação.
À Conder, precisei enviar um ofício com a assinatura da professora orientadora solicitando
informações sobre as obras, as quais foram transmitidas por outra funcionária, no primeiro
contato, depois por Brito, no momento da gravação.

O casal, Angélica e Amilton e a senhora Delzuíta foram as únicas fontes que já eram
conhecidas previamente. Mesmo tendo sido indicadas por familiares, passaram pelo contato
antes da gravação.

5.3 ROTEIROS

Com os entrevistados escolhidos, o passo seguinte foi elaborar um roteiro para cada
uma das reportagens. Entretanto, estes roteiros foram modificados após as gravações. A
quantidade de assuntos a serem combinados em cada uma das reportagens fez com que a
proposta inicial fosse, praticamente, abandonada no momento da escrita da reportagem final.
Mas, sem um roteiro prévio, seria improvável conseguir agregar tantos assuntos diferentes
nesta série. Considero que a organização destes roteiros tenha sido como montar um quebra-
cabeça.

5.3.1 Reportagem História (R1)

A proposta foi contar a história do bairro mesclada às experiências dos moradores


antigos. Para isso, selecionei trechos de entrevistas que pudessem introduzir fatos distintos.
Assim, Dona Delzuíta fala sobre o hidroporto e sobre a Segunda-feira Gorda; o casal, Amilton
e Angélica, ilustra a participação de moradores na secular igreja da Penha e Dona Cecy conta
27

o que lembra do Largo da Madragoa, um dos ambientes mais representativos do bairro. O


professor de história, Ricardo Carvalho, é a única fonte externa consultada nesta reportagem.
Ele foi escolhido para complementar a matéria com informações importantes sobre a história
do bairro e que não haviam sido apresentadas pelos moradores em seus depoimentos.
Acredito que esta entrevista poderia ter sido concedida por um docente da UFBA – inclusive
pelo fato de Ricardo Carvalho ser uma fonte recorrente em reportagens locais – mas a greve
de professores, ocorrida no período de gravação, atrapalhou a procura pelos docentes da
universidade. Como o foco nesta e em todas as reportagens são os moradores, considero que a
inclusão desta fonte não tenha comprometido a ideia geral do trabalho.

A utilização das fotografias antigas teve como propósito fazer o telespectador


imaginar aquilo que os entrevistados fossem contando. Já o poema escrito e declamado por
Cecy Ramos, ilustrado com imagens de pontos turísticos da península, foi a forma mais rápida
que encontrei para fazer uma apresentação da região. A passagem abertura vem logo após,
com o objetivo de ratificar que a Ribeira é apenas um dos bairros da península.

5.3.2 Reportagem Contrastes (R2)

Nesta reportagem, meu objetivo foi chamar atenção para os contrastes do bairro. É
notória a diferença existente entre a parte mais antiga e a área conhecida como Areal que
surgiu a partir da invasão do mar. Com a tentativa de evidenciar tal diferença, apresento as
intervenções dos órgãos públicos na execução das obras de revitalização e a falta dela, no que
diz respeito à coleta de lixo.

Por ser moradora da península, já havia escutado pessoas falando que a região
conhecida como Areal não fazia parte da Ribeira, como conta o radialista Geni Vieira. Por
isso, para me certificar de que as duas partes (Ribeira antiga e Areal) compunham o bairro,
perguntei a diversos moradores do chamado Areal se eles consideravam morar na Ribeira e
se, em suas correspondências, este era o nome que aparecia no endereço. Todos afirmaram ser
moradores da Ribeira e, com base nisto e no mapa do bairro, fornecido pelo IBGE, considerei
todo o espaço como um bairro apenas.

Acredito que esta tenha sido a reportagem mais densa do ponto de vista da quantidade
de informações apresentadas.
28

5.3.3 Reportagem Lazer (R3)

O mais importante desta reportagem foi mostrar a importância turística da Ribeira e a


grande movimentação nos finais de semana, contestando a ideia de que “Ribeira é um lugar
sempre tranquilo”. Julguei que fosse interessante apresentar este lado mais movimentado, pois
é algo marcante, mas que parece ser deixado de lado quando se fala do bairro. Por outro lado,
ao mostrar o “Banco dos vadios”, tentei deixar claro que não estou negando a tranquilidade
existente no bairro.

Nesta reportagem, também aparecem elementos históricos como a sorveteria, a


tradição de comer cozido e a poluição na Enseada dos Tainheiros. No que diz respeito à
totalidade da matéria, este último fato acabou destoando dos outros assuntos, mas não acredito
que sua presença tenha comprometido a ideia principal da reportagem. Por ter sido uma
situação marcante na história do bairro, não quis eliminá-lo. É verdade que eu poderia inclui-
lo na R2, mas, no momento em que escrevi a reportagem, achei que coloca-lo na R3 fosse a
melhor opção.

5.3.4 Reportagem Esportes (R4)

Esta foi a reportagem mais fácil de elaborar o roteiro e, ao mesmo tempo, a mais
difícil. Fácil pelo fato de tanto o remo quanto o futebol de várzea serem esportes, gerando um
clima de “leveza” para a matéria. Difícil pela quantidade de situações interessantes para
mostrar, pois cada um dos lugares renderia um Trabalho de Conclusão de Curso separado.

Diante disso, tive que privilegiar a história e os problemas vivenciados por quem
pratica o remo e, no caso do futebol de várzea, o Campo do Laska como espaço de
socialização e “vitrine” de atletas.

A partir da apresentação dos personagens Mussura, Chocolate e Antônio Campeão,


tentei mostrar a paixão que cada um expressa pelo esporte que pratica. Ou melhor, o amor,
pois eles doaram e ainda doam suas vidas a estas atividades.
29

5.4 GRAVAÇÕES

Esta etapa foi a mais prazerosa e cansativa. Foi durante ela que vivenciei imprevistos e
tive que tomar decisões rápidas; exercitei minha postura diante das câmeras e, em alguns
momentos, me questionei sobre meu futuro profissional.

Figura 4 Gravação na Praia da Penha 29/07/2012 Cinegrafista João Tatu e auxiliar Álvaro Ribeiro

5.4.1Aspectos Técnicos

A quantidade de equipamento e operadores insuficiente diante da demanda de


trabalhos na Facom/UFBA, fez com que eu decidisse contratar os serviços de cinegrafistas,
editor e designer, em vez de utilizar os equipamentos da universidade. A greve de professores
ocorrida, no período de maio a agosto de 2012, também contribuiu para esta decisão.

Outro fator, não menos importante, foi a preocupação com a qualidade das imagens. A
série foi gravada em imagens Full HD (High definition), tecnologia ainda não disponível na
faculdade. A gravação neste formato de vídeo, mais do que ter proporcionado a captura de
belas imagens, facilitou no momento da decupagem do material, já que, para cada imagem
gravada (a fachada de um prédio, por exemplo) foi gerado um clipe, diferentemente do que
acontece com a utilização da fita mini-dv que grava tudo em sequência. Assim, foi possível
assistir as imagens e entrevistas por meio do computador pessoal, o que agilizou e facilitou o
processo de edição.

Quase todas as entrevistas e imagens foram feitas com a câmera Panasonic HMC 150.
As realizadas em slider, equipamento citado anteriormente, foram captadas por uma câmera
30

SONY NX5N. Nos momentos em que foi possível, utilizamos rebatedor, como na gravação
da segunda passagem da R1 e nas apresentações de cada reportagem da série.

5.4.2 Pautas / Diárias de gravações

A elaboração de uma reportagem para televisão exige muitos detalhes e, por isso, é
preciso planejamento. Neste caso, a pauta acaba tendo uma importância maior na TV que em
outros meios de comunicação (BARBEIRO e LIMA, 2002, p.111). Diante de tal importância
e levando em consideração que o processo produtivo foi inspirado na produção de reportagens
televisivas, para cada um dos oito dias de gravação (entre os meses de julho, agosto, setembro
e dezembro) foi elaborada uma pauta com endereço e contato de entrevistados, resumo do que
seria gravado e sugestões de imagens.

As pautas não seguiram os roteiros pré-estabelecidos. Agregaram assuntos a partir da


disponibilidade do entrevistado, da própria equipe de gravação e da proximidade dos
ambientes em que seriam realizadas as gravações, já que tivemos carro disponível apenas em
dois dias de gravação. Assim, em um mesmo turno – equivalente a seis horas – foram
programadas gravações de conteúdos de reportagens diferentes. Por exemplo: gravamos no
Terminal Pesqueiro, entrevistamos Fernanda Nunes, na ABEAC, e entrevistamos Cecy
Ramos no mesmo dia.

Em alguns momentos, as gravações ultrapassaram a pauta, pois encontramos situações


interessantes e decidimos gravar. O grupo de samba “Amigos da Madragoa”, que aparece na
R1; o dominó do “Banco dos Vadios”, da R3 e o acúmulo de lixo nas ruas, da R2, e no mar da
enseada, da R3, foram alguns eventos filmados sem programação.

Durante as gravações, percebi a importância de uma equipe de produção para a


realização de uma reportagem televisiva ou qualquer outro produto audiovisual. Como
acumulei as funções de repórter e produtora, tinha que me preocupar em avisar ao
entrevistado sobre possível atraso; carregar equipamento eventualmente; conversar com
pessoas que estivessem atrapalhando a gravação, entre outras atividades.

A afinidade com o cinegrafista João Tatu – que esteve presente em sete dias de
gravação – iniciada durante o estágio na TV UFBA e firmada ao longo das gravações, foi
fundamental para o sucesso do trabalho. A todo instante, conversamos sobre enquadramentos
31

e imagens importantes. Também discutimos sobre o melhor ambiente para gravar uma
passagem e a melhor forma de fazê-la – com movimentação ou parada.

Considero que a ausência de chuva nos dias de gravação tenha sido extremamente
importante para a realização da gravação em si e tenha contribuído para a captação de belas
imagens. Por outro lado, o sol forte da maioria dos dias foi uma espécie de provação para
alguém que deseja ser repórter. Não foi fácil controlar o suor, abrir os olhos e falar o texto da
forma mais natural possível em pleno sol do início da tarde.

A ausência de veículo próprio foi outra dificuldade enfrentada. Com exceção de dois
dias, quando tivemos carro disponível, no deslocamento de uma entrevista para outra,
tínhamos que carregar todos os equipamentos (câmera, tripé, rebatedor...). Este também foi
um dos fatores que contribuíram para que não capturássemos imagens noturnas. Sem um local
onde abrigar os equipamentos com relativa segurança ficaria difícil se deslocar à noite.
Contudo, a escolha por não filmarmos à noite está mais relacionada ao clima do bairro, que
demanda acontecimentos diurnos.

5.5 RESPOSTAS / ASSESSORIAS DE IMPRENSA

A apresentação de problemas fez com que se tornasse necessária a apresentação de


respostas por parte dos órgãos públicos competentes.

No caso da poluição da Enseada dos Tainheiros11 e do atraso nas obras de


revitalização, foi possível entrevistar os representantes dos órgãos competentes. Já no caso
dos problemas de acúmulo de lixo nas ruas e dos alagamentos, filmados no último dia de
gravação, isto não foi possível.

Como foram assuntos não previstos como essenciais, inicialmente, não pensei em
agendar entrevistas pessoalmente. Ainda que eu tentasse agendá-las, não teria sido possível
filmar em tempo hábil para a edição, já que passamos por uma troca de gestão no início de

11
Ainda no processo de pesquisa, entrei em contato, via e-mail, com a professora do Instituto de Química da
UFBA, Tânia Tavares, que havia feito uma pesquisa sobre o derramamento de mercúrio ocorrido na Enseada dos
Tainheiros, na década de 70. Ela informou que publicou um estudo mostrando que não havia risco grande de
contaminação epidemiológica para a população e que, depois que o governo aterrou, com areia limpa do fundo
da Baia de Todos os Santos, a área mais contaminada da enseada, ela não fez mais nenhum trabalho.
Posteriormente entrei em contato com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA).
32

2013, situação que, geralmente, dificulta o contato com as fontes. Dessa forma, resolvi
solicitar explicações via e-mail.

Embora com dias de atraso, tanto a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador,


Limpurb, quanto a Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop) responderam.
Porém, apenas a resposta da Limpurb pôde ser incluída a tempo na reportagem. A da Sucop
está disponível, na íntegra, no Anexo C.

Gostaria de ressaltar, entretanto, que alguns órgãos públicos não dedicam a atenção
necessária a estudantes. Neste trabalho, a Transalvador, órgão que administra o Trânsito e
Transporte da cidade, não forneceu informações referentes à manutenção do Terminal
Marítimo Ribeira-Plataforma, embora tenha sido solicitado – pelo menos, três vezes – por
telefone e e-mail.

5.6 EDIÇÃO

Após assistir os vídeos e entrevistas, escrevi as reportagens (ANEXO D) e corrigi o


texto com a professora Simone Bortoliero. A partir de suas observações, fiz alterações
retirando ou acrescentando informações antes de gravar os textos off.

Em janeiro de 2013, utilizamos o estúdio de rádio da faculdade, por conta da acústica,


para gravar os mais de 100 trechos, mas o equipamento utilizado foi um gravador portátil
digital pertencente ao editor de imagens. Como no decorrer da edição foi preciso corrigir
alguns e não foi possível utilizar o estúdio – por questões logísticas – ao menos quatro offs
apresentam entonações um pouco diferentes, como a resposta da Limpurb e o primeiro off
falando sobre as obras de revitalização na R2. Contudo, a diferença é quase imperceptível e
não compromete a reportagem inteira.

A elaboração de um roteiro próprio para edição foi a etapa seguinte. Para cada uma
das quatro reportagens fiz um roteiro indicando o tempo exato das sonoras e os clipes que
deveriam aparecer acompanhando os offs. A montagem das reportagens foi realizada
posteriormente, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2013, em um computador
MacBookPro, pertencente ao editor contratado.

A maior dificuldade enfrentada, neste processo, foi encontrar, entre as pastas de


gravação, imagens relativas a reportagens diferentes. Ou seja, a gravação de eventos distintos,
33

em um mesmo dia, dificultou o momento da edição, já que não foi possível, devido à
quantidade de clipes capturados, separá-los por assunto.

Embora no jornalismo diário seja praticamente impossível, em reportagens mais


elaboradas, como as desenvolvidas em Ribeira de Itapagipe, torna-se indispensável que o
repórter acompanhe o editor de imagens. Durante esta fase do processo, percebi esta
importância. Conversar sobre quando incluir “sobe sons” (espaços sem texto off ou sonora em
que deixamos transparecer o som ambiente ou alguma música), imagens de insert e a trilha
adequada evita que a reportagem fuja da proposta idealizada pelo repórter. Além disso, a
opinião de duas pessoas enriquece o trabalho.

Durante a escolha da trilha sonora, esta interação foi importantíssima. Não


encontramos os compositores de todas as músicas que utilizamos, por isso, nos questionamos
sobre os direitos autorais. Chegamos à conclusão de que seria menos problemático incluir os
nomes das músicas e dos intérpretes nos créditos finais, do que não fazer menção alguma a
este conteúdo nas reportagens.

Sobre este assunto, o capítulo IV da Lei de Direitos Autorais (LDA) que dispõe sobre
as limitações aos Direitos Autorais traz, no artigo 46, uma determinação que parece afastar o
possível problema da utilização dos trechos de música nesta série de reportagens.

“Não constitui ofensas aos direitos autorais: (...) VIII - a reprodução, em


quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de qualquer
natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a
reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não
prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo
injustificado aos legítimos interesses dos autores 12 .”

Mesmo assim, acreditamos que, caso o material venha a ser exibido em alguma
emissora de televisão, isto tenha que ser revisto. É importante lembrar que, caso isto venha a
se concretizar, o tempo de cada reportagem da série pode ser modificado. Ou seja, existe a
possibilidade de os conteúdos serem desmembrados para adequar-se à grande de programação
televisiva.

12
< http://www.cultura.gov.br/site/2010/11/10/tira-duvidas/#pergunta-20 e
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm > acessos em 4 de mar de 2013.
34

5.7 ORÇAMENTO

A não utilização de equipamentos da Facom/UFBA fez com que este trabalho tivesse
um orçamento relativamente alto para uma conclusão de graduação. Praticamente todos os
gastos dizem respeito à elaboração das reportagens. Seguem os principais, abaixo, para
conhecimento.

Diárias de gravação (oito) R$ 1.500,00

Gastos gerais com externas (combustível, R$ 150,00


lanche)

Edição R$ 1.200,00

Videografismo R$ 279,00

Fotografias (Fundação Gregório de Matos) R$ 22,50

HD externo R$ 258,00

Material de apresentação R$ 30,00

TOTAL R$ 3.439,50
35

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após quase um ano de trabalho, considero que tenha elaborado o melhor que pude a
partir do que aprendi na universidade e, principalmente, nos estágios. Sinto que atuei como
um ente social, pois, ao registrar eventos que fazem parte da história dos moradores da
Ribeira, participei do processo de construção do que é histórico, ou seja, fui além do simples
trabalho de informar. Neste sentido, posso afirmar que atuei na função de jornalista enquanto
historiador do cotidiano, como defende Andrade (2010).

Em momento algum pensei em apresentar um trabalho apenas para cumprir uma


atividade curricular. A elaboração desta série de reportagens tem como propósito a
contribuição com a documentação da região em que nasci e cresci e a minha inserção no
mercado de trabalho. Para isso, busquei apresentar as habilidades que desenvolvi neste
período de graduação e me preocupei em apresenta-las, inclusive, com uma qualidade técnica
superior à que me foi oferecida pela faculdade.

Compreendo que a escolha de apresentar um bairro não tenha sido a mais fácil e que,
em alguns momentos, eu tenha me perdido diante da variedade de assuntos encontrados na
pesquisa. A história dos saveiros, por exemplo, tão importante para o bairro, acabou não
sendo abordada. Confesso que não havia pensado na quantidade de situações que seriam
necessárias para a caracterização de um espaço físico e social. Porém, acredito que, ao longo
do processo produtivo, soube ouvir as orientações da orientadora, Simone Bortoliero,
eliminando excesso de informações, a fim de melhorar o produto final. Assim, Ribeira de
Itapagipe tornou-se uma série que ressalta a cultura do bairro da Ribeira, ao mostrar suas
tradições e a vida de seus moradores, sem encobrir problemas vivenciados na atualidade.

Mais do que exercitar minha capacidade de ser repórter – no sentido de saber pensar
sobre uma realidade, me posicionar diante das câmeras e entrevistar as pessoas – neste
trabalho de conclusão, precisei lidar com minhas próprias emoções. Fui perfeccionista em
alguns aspectos e sofri por conta disso. Vivi momentos de angústia e incertezas e me cobrei
como se fosse minha própria chefa, como se este trabalho já fosse uma realização
profissional.

Sei que não consegui fazer reportagens perfeitas – a cada vez que assisto encontro
erros que podem ser evitados das próximas produções – mas, com certeza, e as pessoas que
me acompanharam ao longo deste processo podem confirmar, busquei fazer o melhor.
36

Acredito que Ribeira de Itapagipe possa servir de modelo para que outros bairros de
Salvador sejam documentados em formato audiovisual. Pretendo oferecer a série para ser
exibida na TVE e no Canal Futura, canais que oferecem espaço para produções universitárias.

Por fim, afirmo que as dificuldades enfrentadas não chegam perto do aprendizado e da
satisfação de ver finalizadas as quatro reportagens com as quais eu poderei contribuir com a
documentação da história de onde eu vivo. Nem se aproximam do prazer de ter tido contato
com tantas pessoas maravilhosas. Estes, mais do que a finalização da graduação, são os
maiores ganhos neste processo.
37

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Ana Cláudia Pacheco de. Jornalismo e História: da notícia e produção da
fonte à análise da realidade, Salvador, 2010. Anais do V Encontro Estadual de História.
Associação Nacional de História – BA. Disponível em <http://anpuhba.org/wp-
content/uploads/2012/12/Ana_Claudia_Pacheco_de_Andrade.pdf.> acesso em 26 de fev. de
2013.
BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo de. Manual de Telejornalismo: os segredos
da notícia na TV. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
BISTANE, Luciana. BACELLAR, Luciene. Jornalismo de TV. São Paulo: Contexto, 2005.

BONNER, William. Jornal Nacional: Modo de Fazer. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2009.

BRUM, Eliane. O Olho da Rua: uma repórter em busca da literatura da vida real. São
Paulo: Globo, 2008.
CARVALHO, A. et al. Reportagem na TV: como fazer, como produzir, como editar. São
Paulo: Contexto, 2010
CASTRO, Vanda Viveiros de. Reportagem. In: Elizabeth Bastos Duarte & Maria Lília Dias
de Castro (Orgs.) Televisão: entre o Mercado e a Academia. Porto Alegre, Ed. Sulina,
2006, p. 189-192.
CARDOSO, Ceila Rosana Carneiro. Arquitetura e Indústria: A Península de Itapagipe
como sítio industrial da Salvador Moderna 1891-1947. Dissertação de Mestrado
(Arquitetura e Urbanismo) –Universidade de São Paulo. São Carlos, 2004.
COUTINHO, Iluska. Séries de reportagem em televisão: Reflexão sobre um possível
Telejornalismo interpretativo. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 31.,
2008, Natal, RN.
DEGL’ IESPOSTI, Júlio César. A grande-reportagem na televisão brasileira: Um estudo
do Globo Rural. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Faculdade Cásper Líbero.
Orientador: Dimas A. Künsch. São Paulo, 2009.
DE LA RUE, Saulo. A Grande Reportagem entre o Mercado e a Academia. In Elizabeth
Bastos Duarte & Maria Lília Dias de Castro (Orgs.) Televisão: Entre o Mercado e a
Academia. Porto Alegre, Ed. Sulina, 2006, p. 183-188.
DOCUMENTÁRIO. In: BARBOSA, Gustavo; RABAÇA, Carlos. DICIONÁRIO de
Comunicação. Rio de Janeiro: Campus, 2001.2 ed.rev. e atualizada.
GLOBO REPÓRTER: Eslovênia Disponível em <http://g1.globo.com/globo-
reporter/noticia/2012/08/eslovenia-esconde-ilha-considerada-mais-bonita-do-mundo.html >
acesso em 25 de fev de 2013
______. Dubai. Disponível em < http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2012/05/dubai-
cidade-que-e-sinonimo-de-riqueza-modernidade-e-ostentacao.html>
GUERRA, Gutemberg. Memória incerta da Ribeira. Belém: Paka-Tatu, 2011.
38

INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA. Salvador era assim II.


Organização de José Borges. Redação de Gláucia Lemos; orientação histórica de Cid
Teixeira. Bahia, 2001
LAGE, Nilson. Linguagem jornalística. Série Princípios.37.São Paulo: Ática, 2006.
______.______. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 9ª
ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.
NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas, SP: Papirus, 2005
PAGLIA, Ernesto. O diário de bordo do JN no Ar / Ernesto Paglia. São Paulo: Globo.
2011.
PATERNOSTRO, Vera Íris. O texto na TV. Manual de telejornalismo. Rio de Janeiro:
Campus, 2007 – 7ª reimpressão.

PERSONAGEM. In: BARBOSA, Gustavo; RABAÇA, Carlos. DICIONÁRIO de


Comunicação. Rio de Janeiro: Campus, 2001.2 ed.rev. e atualizada.
PROFETA, Erika Amorim; PINHEIRO, Michele de Menezes. Vila Brandão. Memória
(Graduação em Comunicação Social – Jornalismo) – Faculdade de Comunicação,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009
RAMOS, Cecy ; CEDRAZ, Antonio. Turma do Xaxado: A Península de Itapagipe.
Salvador: Ed. Cedraz, 2010.
REPORTAGEM. In: BARBOSA, Gustavo; RABAÇA, Carlos. DICIONÁRIO de
Comunicação. Rio de Janeiro: Campus, 2001.2 ed.rev. e atualizada.
SÉRIE. In: BARBOSA, Gustavo; RABAÇA, Carlos. DICIONÁRIO de Comunicação. Rio
de Janeiro: Campus, 2001. 2 ed. rev. e atualizada.
SANTOS, Diego. Crush: Histórias sobre uma ponte. Memória do audiovisual fotográfico.
2009. 54 f. Memória (Graduação em Comunicação Social – Jornalismo) – Faculdade de
Comunicação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009.
SANTOS, Elizabete, et al. O caminho das águas em Salvador: Bacias hidrográficas,
bairros e fontes. Salvador: CIAGS/UFBA; SEMA, 2010. 486p. Disponível em <
http://www.meioambiente.ba.gov.br/publicacoes/livros/caminho_das_aguas.pdf>
SANTOS, Marli dos. Histórias de vida na Grande reportagem reportagem: um encontro
entre Jornalismo e História oral. Goiânia, 2009. Comunicação e Informação. Disponível em
<http://www.revistas.ufg.br/index.php/ci/article/view/12266/8129> acesso em 26 de fev. de
2013.
SERAFIM, José Francisco. Televisão e documentário: afinidades e desacertos. In Itania Maria
Mota Gomes (Org.). Televisão e realidade. Salvador, EDUFBA, 2009, p. 49 – 59.

VERA, Luciana Alves Rodas. Jornalismo e Aventura no Globo Mar: Uma Análise de
Modo de Endereçamento e Gênero Televisivo. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso.
(Graduação em Jornalismo) – Universidade Federal da Bahia. Orientador: Itania Maria Mota
Gomes.
39

ANEXO A – Ofício de solicitação de imagens

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO
Rua Barão de Geremoabo, 147, Campus de Ondina, Salvador, Bahia.

OFÍCIO

Ilmo. Roberto Appel

Diretor de Jornalismo da TV Bahia (Rede Bahia)

Venho, através deste, solicitar a permissão de V.Sª. para que a estudante Fernanda
Maria Baraúna de Freitas Aragão, devidamente matriculada no Curso de Jornalismo da Faculdade
de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, através do número de matrícula 209104032,
possa utilizar cópias de imagens gerais do bairro da Ribeira, em Salvador, gravadas no final dos
anos 80 e nos anos 90. Além disso, imagens mais recentes que mostrem o problema do
alagamento nesta comunidade. As cópias concedidas serão utilizadas, com o devido crédito, em
duas das quatro reportagens que compõem a série a ser elaborada pela estudante como
Trabalho de Conclusão de Curso no semestre 2012.2 sob minha orientação. Ressalto que a
estudante não pretende utilizar imagens em que apareçam repórteres ou uma pessoa possa ser
claramente identificada.

Coloco-me à disposição para eventuais esclarecimentos.

Atenciosamente,

___________________________________

Profa. Simone Terezinha Bortoliero

[email protected]
40

ANEXO B – Indicação referente à delimitação dos bairros de Salvador


41

ANEXO C – Resposta SUCOP

Alagamentos na Ribeira - Informações para TCC Fernanda Aragão


Facom/UFBA

19 de fevereiro de 2013
Fernanda Aragão <[email protected]>
14:01
Para: "ASCOM. SUCOM" <[email protected]>

Prezados,
Sou estudante de jornalismo da UFBA e estou desenvolvendo uma série de quatro reportagens
sobre o bairro da Ribeira como Trabalho de Conclusão de Curso.
Em uma das matérias, um morador reclama de alagamentos em algumas partes do bairro. Posso
citar a região próxima ao condomínio Porto dos Saveiros, mas do lado onde chamam de Areal.
Neste local, algumas casas já têm passeios altos por conta disso. Há bueiros entupidos também.
Diante disto, gostaria que vocês esclarecessem algumas questões abaixo:

- Qual a explicação para a ocorrência destes alagamento?


- Existe algum projeto de macrodrenagem para o bairro?
- Os alagamentos são consequência de algum outro problema relacionado à região?

Estou finalizando as reportagens entre amanhã e quinta-feira, por isso, quanto mais rápido vocês
puderem me responder, será ótimo!!

Desde já, agradeço pela atenção!! A contribuição de vocês será fundamental para complementar
meu Trabalho!!

Atenciosamente,
--
Fernanda Aragão
Estudante de Jornalismo FACOM/UFBA
Tel.: (71) 8857-3810

21 de fevereiro de 2013
AGECOM SALVADOR <[email protected]>
17:26
Para: [email protected]

NOTA SOBRE ALAGAMENTO NA RIBEIRA


O bairro da Ribeira é notoriamente conhecido como um dos mais antigos de Salvador,
anteriormente reconhecido como destino de veraneio no século passado. Por conta destes
fatores históricos e habitação desordenada, visto a falta de diretrizes de urbanização não
existentes na época; a infraestrutura – tocante a redes de drenagem, escoamento pluvial e outros
– encontra-se em defasagem ao quantitativo populacional atual. Esta rede antiga não atende à
demanda existente e a reformulação total, reconstrução e reestruturação faz parte de um amplo
projeto, que envolveria não somente as redes de drenagem, mas toda a Bacia Hidrográfica da
Ribeira. Este desenvolvimento carece de um longo estudo, já iniciado no Plano Municipal de
Saneamento Básico, que pode servir de embasamento ao desenvolvimento do seu projeto TCC;
encontrado
em: http://www.infraestrutura.salvador.ba.gov.br/index.php?option=com_wrapper&Itemid=39. Este
plano está aberto para consulta pública e está em continuidade de ação. Outro fator que contribui
para a situação do local é a deposição de areia e outros expurgos nas saídas dos dispositivos
drenantes, bloqueando não somente a água das marés como o escoamento pluvial. Vale frisar
que a manutenção das redes de drenagem é efetuada de forma sistêmica, abrangendo toda a
cidade.
--
Agecom
Sara/Telma
2201-6106
42

ANEXO D – REPORTAGENS (ROTEIROS-TEXTO “OFF”)

REPORTAGEM HISTÓRIA
ABERTURA 1: UM BAIRRO É UMA UNIDADE DO TERRITÓRIO QUE COMPÕE UMA CIDADE./
PODERÍAMOS DIZER TAMBÉM QUE É UMA PORÇÃO DE TERRA EM QUE OS MORADORES TÊM
CONSCIÊNCIA DE PERTENCER./ NA SÉRIE “RIBEIRA DE ITAPAGIPE” VOCÊ VAI CONHECER O BAIRRO DA
RIBEIRA QUE MISTURA BELEZA DE CIDADEZINHA DO INTERIOR COM PROBLEMAS COMUNS DE
GRANDES MUNICÍPIOS COMO SALVADOR, CAPITAL DA BAHIA.//

VINHETA

SOBE SOM VOZ DE DONA CECY COM IMAGENS DA PENÍNSULA

“Itapagipe pedacinho do mundo onde a natureza faz sua morada...aqui está o mais lindo cartão
postal” clip Cecy Ramos 4 [02:04 a 03:06]

PASSAGEM 1: UM ESTUDO DESENVOLVIDO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA COM APOIO DE


ÓRGÃOS DA PREFEITURA E DO GOVERNO DO ESTADO DELIMITOU 14 BAIRROS NA PENÍNSULA DE
ITAPAGIPE./ UM DELES É O BAIRRO DA RIBEIRA QUE VOCÊ VAI CONHECER A PARTIR DE AGORA.// clip
75 [0:14 a 0:34]

SOBE SOM CLIPE COM IMAGENS DA RIBEIRA

OFF 1: O BAIRRO COMEÇOU COMO ALDEIA DE PESCADORES AINDA DURANTE A FORMAÇÃO DE


SALVADOR, NO SÉCULO DEZESSEIS./ FOI SENDO OCUPADO COM A EXTENSÃO DA ATIVIDADE NAVAL./
DAÍ VEM O NOME “RIBEIRA” QUE SIGNIFICA ANCORADOURO PARA REPARAÇÃO DE NAUS.//

SONORA Ricardo Carvalho [0:26 a 0:37]“ Essa área mais específica da Ribeira, inicialmente, era um
curtume, alguns currais também se estabeleceram aqui. Inclusive a família Garcia D’ávila foi uma das
primeiras a ganhar dinheiro com essa área aqui. [corta] [0:53 a 1:17] A gente pode dizer
tranquilamente que essa área de Salvador, que é a área da Ribeira, já foi a ponta social da cidade. As
grandes famílias mais ricas da cidade se estabeleceram aqui. A gente sabe que casarões como o
Amado Bahia são a representação disso. Um imóvel que veio praticamente todo de fora e foi
montado aqui na praia da Ribeira provando o que era o poder econômico dessas pessoas que se
estabeleceram aqui na chamada ‘Ribeira dos galeoes ‘”.

(colocar insert de imagens antigas do bairro e do casarão quando ele falar)

OFF 2: NO SÉCULO VINTE, ENTRE 1937 E 1939, FOI NA RIBEIRA - NESTE LOCAL ONDE FUNCIONA UM
RESTAURANTE E UMA LOJA NÁUTICA - QUE CONSTRUÍRAM O PRIMEIRO AEROPORTO, OU MELHOR,
HIDROPORTO DE SALVADOR./ SEGUNDO MORADORES, ERA POSSÍVEL VER PERSONALIDADES DA
ÉPOCA CHEGANDO NOS HIDROAVIÕES.//

SONORA Delzuíta [05:01 a 05:14]...ele descia, vinha, vinha, chegava aí...naquele tempo, parece que,
se não me engano, o pai de juraci Magalhães, esse povo... Mangabeira soltava aí.”
43

OFF 3: A RIBEIRA DESSE PERÍODO HISTÓRICO ESTÁ NA MEMÓRIA DE DONA DELZUÍTA E TAMBÉM EM
FOTOGRAFIAS QUE ETERNIZAM A JUVENTUDE DESTA SENHORA DE 88 ANOS...

SONORA CLIP 0003 [01:00 a 01:15] “ Aqui, se consta bem longe a igreja da Penha, a torre da igreja da
Penha. Era tudo murado...tinha os cavaleiro, era muito bom, era muito bom a festa da Ribeira daqui”
(15’’)

PASSAGEM 2: A FESTA É A SEGUNDA-FEIRA GORDA DA RIBEIRA, UMA EXTENSÃO DA LAVAGEM QUE


ACONTECE LÁ NO BAIRRO DO BONFIM NO MÊS DE JANEIRO./ COMEÇOU NO SÉCULO DEZENOVE./
QUANDO ACABAVAM AS HOMENAGENS AO SENHOR DO BONFIM, NO DOMINGO, O GRUPO QUE
TOCAVA MÚSICA SACRA, MUDAVA O RITMO PARA O SAMBA E VINHA EM DIREÇÃO AO BAIRRO DA
RIBEIRA./ NO SÉCULO VINTE, A FESTA QUE IA ATÉ A SEGUNDA FEIRA, FICOU CONHECIDA COMO UMA
PRÉVIA DO CARNAVAL.//

SOBE SOM COM JORNAL ANTIGO SOBRE A SEGUNDA-FEIRA GORDA

OFF 4: MAS O QUE POUCOS SABEM É QUE, ATÉ QUE A BASÍLICA DO SENHOR DO BONFIM FICASSE
PRONTA EM 1754, A IMAGEM QUE ATRAIU E AINDA ATRAI TANTA DEVOÇÃO, FICOU ABRIGADA NA
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA PENHA, ERGUIDA EM 1742 EM UMA DAS PONTAS DO BAIRRO DA
RIBEIRA.//

SOBE SOM IGREJA DA PENHA IMAGENS DO CASAL

SONORA Dona Angélica [03:59 a 04:09] “Há trinta anos nós fazemos parte da pastoral familiar,
(corta)[04:16 a 04:22] nos reunimos de 15 em 15 dias, lemos a bíblia, refletimos, botamos nossa vida,
nossas queixas...”

OFF 5: O CASAL, FREQUENTADOR DA IGREJA DA PENHA, VIVE NA RIBEIRA HÁ 50 ANOS./ OS TRÊS


FILHOS TIVERAM O PRIVILÉGIO DE BRINCAR LIVREMENTE NA PORTA DE CASA./ A TRANQUILIDADE,
SOMADA À BOA CONVIVÊNCIA COM OS VIZINHOS E À OFERTA DE SERVIÇOS TORNAM A RIBEIRA O
BAIRRO IDEAL PARA ELES.//

SONORA Seu Amilton [1:55 a 2:10] “ Eu digo sempre. Eu moro aqui na Travessa Domingos Rabelo,
eu tenho tudo na minha porta. Tudo sem precisar me ‘avexar’. ( E se precisasse tirar vocês daqui para
levar pra outro bairro?) Ave Maria, ia me matar (risos).

SOBE SOM (TRANSIÇÃO PARA OUTRA PARTE DO BAIRRO)

OFF 6: NA AVENIDA PORTO DOS MASTROS MORA DONA CECY RAMOS, AUTORA DO POEMA DE
ABERTURA DESTA REPORTAGEM./ A GUARDIÃ DE ITAPAGIPE, COMO É CHAMADA PELOS AMIGOS,
TAMBÉM PARTILHA DESSE SENTIMENTO PELA RIBEIRA./ ALÉM DE POEMAS, A PROFESSORA E
BIBLIOTECÁRIA ESCREVEU UM LIVRO CONTANDO A HISTÓRIA DA RIBEIRA E DE OUTROS BAIRROS DA
PENÍNSULA./EM 2010, ELE FOI ADOTADO EM ESCOLAS MUNICIPAIS.//

SONORA: [05:13 a 05:31] “ Era o que eu queria. Meu objetivo era esse: que as crianças soubessem a
história da onde eles moravam. Por que eu acho que quando a gente conhece a história a gente
gosta mais do local, ama e vai ter mais cuidado.”
44

OFF 7: ELA TEM UMA COLEÇÃO DE FOTOGRAFIAS E LIVROS SOBRE A PENÍNSULA./ FICAMOS
ENCANTADOS COM SUA HISTÓRIAS...

SONORA CLIP 156 [01:02 a 01:21] “Tinha um coreto aqui, onde se apresentavam as
filarmônicas...isso eu alcancei. Só não alcancei ele cercado. Mas alcancei ele dessa forma com o
coreto. Aqui na frente era o cinema de Itapagipe.”

OFF 8: O LARGO CONTINUA SENDO UM AMBIENTE PROPÍCIO PARA MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS,


MAS AO INVÉS DE FILARMÔNICAS E CINEMA, HÁ DOIS ANOS, A ANIMAÇÃO FICA POR CONTA DO
GRUPO MUSICAL AMIGOS DA MADRAGOA.//

SOBE SOM BANDA

SONORA [ 00:54 a 01:05] “ Aqui a gente toca chorinho, bolero, salsa, samba, seresta, forró e a gente
oportuniza várias pessoas dá canja aí. (corta)

SOBE SOM COM BANDA TOCANDO

[ 01: 13 a 01:18] Essa praça tem algo mais. Essa praça tem uma...tem uma energia positiva”

OFF 9: ENERGIA QUE PARECE TER GANHADO FORÇA AO LONGO DO TEMPO... E QUE SE MANIFESTA
NO SORRISO DE QUEM FREQUENTA ESTE AMBIENTE, UM DOS MAIS REPRESENTATIVOS DO BAIRRO
DA RIBEIRA.//

SONORA CLIP 79 [00:11 a 00:15] “A gente se sente bem, todo domingo eu estou aqui na praça.
(corta) [00:24 a 00:28] Danço, gosto, me sinto bem, não tenho dor, não tenho nada.”

SOBE SOM CRÉDITOS FINAIS DIVIDINDO TELA COM IMAGENS

REPORTAGEM CONTRASTES
ABERTURA 2: O BAIRRO DA RIBEIRA POSSUI PROBLEMAS DE INFRAESTRUTURA COMO QUALQUER
OUTRO DA PERIFERIA DA CIDADE. NESTA REPORTAGEM, VOCÊ VAI CONHECER ESTES PROBLEMAS, AS
INTERVENÇÕES DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS E A VIDA DE QUEM MORA NESTA PARTE DO BAIRRO QUE
NÃO APARECE NO ROTEIRO TURÍSTICO DA CIDADE.//

VINHETA

SOBE SOM VISÃO DE SALVADOR (GOOGLE MAPS) /CONTINUA COM MAPA MOSTRANDO O BAIRRO
DA RIBEIRA JÁ COM O OFF

OFF 1: O BAIRRO DA RIBEIRA É UM DOS MAIORES DA PENÍNSULA DE ITAPAGIPE./ FAZ LIMITE COM
OS BAIRROS BONFIM E MANGUEIRA./ SEGUNDO DADOS DO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, IBGE, SUA POPULAÇÃO PASSOU DE APROXIMADAMENTE 18 MIL E 700 MORADORES
EM 2000 PARA 19 MIL E 600 EM 2010./

(COLOCAR NÚMERO EM CARACTERES)


45

SONORA Roque Gomes [20’’ a 39’’] A Ribeira, na verdade, (corta) é um bairro que como outros
também em outros locais ele cresceu. (corta) mas hoje do Papagaio, do Largo do Papagaio pra dentro
você colocando o seu endereço como Ribeira ele chega.”

OFF 2: O CRESCIMENTO VEIO ACOMPANHADO DE PROBLEMAS./ É COMUM VER LIXO E ENTULHO


ACUMULADOS NAS RUAS./ EM DEZEMBRO DE 2012, REGISTRAMOS O TRABALHO DA PREFEITURA NA
AVENIDA PORTO DOS TAINHEIROS E NO CALÇADÃO DA ORLA./ MAS VOCÊ VAI VER QUE ISSO NÃO
PARECE SER UMA PRÁTICA COMUM A TODAS AS RUAS DO BAIRRO.//

OS PASSEIOS ALTOS E O BOEIRO ENTOPIDO DEMONSTRAM OUTRO PROBLEMA: OS


ALAGAMENTOS.//

SONORA Roque Gomes [ 4’25’’ a 4’37’’] Existe um pedido da comunidade de uma macrodrenagem
em itapagipe porque aqui, na verdade, você não precisa perder tempo e ir a Veneza, se você chegar
aqui você vai encontrar o alagamento maravilhoso.

OFF 3: PERCORRENDO O BAIRRO É POSSÍVEL PERCEBER ALGUMAS DIFERENÇAS INFRAESTRUTURAIS./


DE UM LADO, CASAS GRANDES, CONSTRUÇÕES ANTIGAS, PRÉDIOS, PRAÇAS... DE OUTRO, RUAS
ESTREITAS, MORADIAS SIMPLES, OS FAMOSOS “PUXADINHOS”...

PASSAGEM: ESSA ÁREA AQUI ONDE NÓS ESTAMOS ERA PARTE DO MAR./ ENTRE AS DÉCADAS DE 80
E 90, UM PROJETO HABITACIONAL DO GOVERNO TROUXE AREIA DE LÁ DA ÁREA DA BEIRA MAR PRA
CÁ./ AS PRIMEIRAS CASAS QUE FORAM ENTREGUES ERAM FEITAS DE MADEIRITE, POR ISSO,
DURANTE UM TEMPO, ESSA REGIÃO FICOU CONHECIDA COMO "CIDADE DE MADEIRITE", MAS O
APELIDO QUE PEGOU MESMO FOI AREAL.//

OFF 4: FOI NESSA PARTE DO BAIRRO QUE FLAGRAMOS ESTAS CENAS.//

SOBE SOM - DEIXA SÓ AS CENAS POR ALGUNS SEGUNDOS

A LIMPURB, EMPRESA DE LIMPEZA URBANA DE SALVADOR, INFORMOU, EM JANEIRO DE 2013, QUE


A COLETA É REALIZADA DE SEGUNDA A SÁBADO E QUE UMA EQUIPE DE FISCALIZAÇÃO SERIA
COLOCADA NAS RUAS PARA COIBIR O DESCARTE EM LOCAL INADEQUADO.//

SONORA Geni Vieira CLIP 04 [25’’ a 40’’ ] Quem mora no areal o pessoal não dizia que era Ribeira.
Era Massaranduba, era Mangueira, não queria dizer que era morador da Ribeira. Alguns moradores
daqui do final de linha da Ribeira tinha esse apartheid com o pessoal, por que veio da palafita, com o
pessoal da comunidade”

OFF 5: E FOI JUSTAMENTE DESTE LADO DA RIBEIRA, ONDE, HISTORICAMENTE, VIVEM PESSOAS
MENOS FAVORECIDAS, QUE A MORADORA FERNANDA NUNES COMEÇOU A DESENVOLVER UM
TRABALHO SOCIAL./ O REFORÇO ESCOLAR, NA GARAGEM DE CASA, VIROU A ASSOCIAÇÃO
BENEFICENTE EDUCAÇÃO ARTE E CIDADANIA./ ELA CONTA COMO PERCEBE A IMPORTÂNCIA DO
PROJETO PARA O BAIRRO.//

SONORA FERNANDA CLIP 109 [ 00:24 a 00:40] “ A comunidade da gente tem problemas? tem. mas
eu vejo assim: poxa, quando eu chego em outras comunidades que eu ouço, eu digo poxa..e as vezes
o depoimento dos pais. Eles dizem: Ave Maria, eu saí de tal bairro, não quero de jeito nenhum,
46

porque aqui é tão bom. Aí eu digo: e porque assim? Aí eles dizem: ah, porque aqui meu filho tem
direito a fazer esporte, meu filho tem isso...

OFF 6: A ORGANIZAÇÃO FUNCIONA NESTE ESPAÇO, DE SEGUNDA A SEXTA, DAS SETE DA MANHÃ ÀS
NOVE E MEIA DA NOITE./ AS CRIANÇAS FREQUENTAM NO TURNO OPOSTO AO DA ESCOLA./ TÊM
DIREITO ÀS REFEIÇÕES, RECEBEM AJUDA COM OS EXERCÍCIOS DE CASA E PRATICAM ATIVIDADES
EXTRAS.//

SOBE SOM RÁPIDO CLIP 121

SONORA ALEXSANDRO CLIP 124 [00:28 a 00:55]“ Hoje estamos em 10 escolas, três clubes de remo e
o projeto, inclusive tem a parceria com a Universidade estadual da Bahia, no qual as estagiárias na
área de fonoaudiologia, de nutrição, de farmácia, de serviço social vem à instituição ou nas escolas e
faz um trabalho com os beneficiários do projeto.”

OFF 7: ESSAS PESSOAS ATENDIDAS PELO PROJETO MORAM NA PRÓPRIA RIBEIRA, EM OUTROS
BAIRROS DA PENÍNSULA E TAMBÉM DO SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR, QUE FICA DO
OUTRO LADO DA ENSEADA DOS TAINHEIROS E SE COMUNICA COM A RIBEIRA...PELO MAR.//

FAZ ALGUMA TRANSIÇÃO

PASSAGEM 2: ESTAMOS EM UMA DAS BARCAS QUE FAZEM A TRAVESSIA ENTRE O BAIRRO DA
RIBEIRA E O BAIRRO DE PLATAFORMA./ ESSA PAISAGEM LINDA QUE VOCÊS PODEM VER É A MESMA
QUE TRABALHADORES E ESTUDANTES VÊEM TODOS OS DIAS QUANDO SAEM ENTRE O SUBÚRBIO
FERROVIÁRIO DE SALVADOR E A PENÍNSULA DE ITAPAGIPE./ ESSA É A FORMA MAIS RÁPIDA DE
FAZER O TRAJETO E DURA ENTRE OITO E DEZ MINUTOS.//

OFF 8: O TERMINAL FICOU 24 ANOS SEM FUNCIONAR./ FOI REINAUGURADO EM 2008 PELA
PREFEITURA DE SALVADOR./ A PASSAGEM CUSTA UM REAL E ESTUDANTE PAGA A METADE./ RITA
MORA NO SUBÚRBIO E ESTUDA À NOITE NA RIBEIRA./ É UMA DEFENSORA DESSA COMUNICAÇÃO
MARÍTIMA ENTRE AS REGIÕES.//

SONORA RITA CLIP 0007 [2:14 a 2:25] “ A gente passou um tempão sem lancha aqui, era
horrível,(corta) gente tinha que depender do transporte ferroviário e do rodoviário, do ônibus.”

OFF 9: PRÓXIMO AO TERMINAL MARÍTIMO RIBEIRA-PLATAFORMA, FOI INAUGURADO, EM


NOVEMBRO DE 2012, O PRIMEIRO TERMINAL PESQUEIRO PÚBLICO DE SALVADOR, COM
INVESTIMENTOS DO MINISTÉRIO DA PESCA E DO GOVERNO DA BAHIA./ O LOCAL VAI SERVIR PARA
SELECIONAR E ARMAZENAR PESCADOS, OFERECER MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS E VENDA DE
GELO A CUSTO MAIS BAIXO./ DALMO, QUE PRATICA PESCA ARTESANAL NA RIBEIRA HÁ MAIS DE
VINTE ANOS, TEM ESPERANÇA.//

SONORA Dalmo [0:31 a 0:44] “Em alguma coisa vai melhorar, né? Porque tem momentos que as
vezes a pescaria não chega, a gente pode até comprar o peixe lá pra dar uma trabalhadazinha, pra
aliviar um pouco o lado da gente.”

OFF 10: ALÉM DA CONSTRUÇÃO DO TERMINAL PESQUEIRO, OBRAS DE REQUALIFICAÇÃO, INICIADAS


EM 2010 E QUE DEVERIAM TER SIDO CONCLUIDAS NO MESMO ANO, RECOMEÇARAM EM 2012./ DE
ACORDO COM ANTÔNIO BRITO, SUPERINTENDENTE DA COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO
URBANO DA BAHIA, OCORRERAM IMPREVISTOS./ FOI IDENTIFICADA INSTABILIDADE NA CONTENÇÃO
QUE SEPARA A PRAIA DO ASFALTO E HOUVE TAMBÉM IMPASSE QUANTO À MUDANÇA DO LOCAL DO
TERMINAL DE ÔNIBUS DO BAIRRO./ SITUAÇÕES QUE CONTRIBUIRAM PARA O ATRASO NAS OBRAS E
47

AUMENTO NO ORÇAMENTO INICIAL QUE ERA DE, APROXIMADAMENTE, CINCO MILHÕES E 400 MIL
REAIS.//

(COLOCAR NÚMERO NA TELA – 5,4 MILHÕES)

SONORA Antônio Brito [ 10:58 a 11:17] Como é uma requalificação, é uma reforma no espaço
urbano, quando você tira uma estrutura, você pode encontrar uma outra estrutura danificada e isso
foi levando o contrato a chegar no limite do valor do recurso que foi seis milhões e 44 mil.”

OFF 11: ENTRE JULHO E DEZEMBRO DE 2012 REGISTRAMOS ALTERAÇÕES NO TRÁFEGO, MUDANÇA
NA SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITO, PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA E ALARGAMENTO DAS CALÇADAS./

PARA MUITOS QUE VIVEM NA RIBEIRA, FICA A ESPECTATIVA DE QUE AS MELHORIAS CHEGUEM A
OUTRAS PARTES DO BAIRRO...POR ONDE TURISTAS NÃO COSTUMAM PASSAR.//

SOBE SOM IMAGENS DO BAIRRO DEPOIS SEGUEM CRÉDITOS COM TELA DIVIDIDA

REPORTAGEM LAZER

ABERTURA 2 : A RIBEIRA ESTÁ NO ROTEIRO TURÍSTICO DE SALVADOR COMO LUGAR TRANQUILO,


IDEAL PARA PASSEIOS NA TARDE DE DOMINGO...MAS NESTA SEGUNDA REPORTAGEM, VOCÊ VAI
CONHECER TAMBÉM UM OUTRO LADO DO BAIRRO, ONDE O FIM DE SEMANA SÓ ACABA NA
SEGUNDA-FEIRA.//

VINHETA

SOBE SOM

OFF 1: O CASARÃO NA AVENIDA PORTO DOS TAINHEIROS PARECE APENAS MAIS UM NA


COMPOSIÇÃO DA ARQUITETURA DO BAIRRO DA RIBEIRA./ MAS A FACHADA DESARRUMADA
ESCONDE TRABALHOS BELÍSSIMOS./

O ARTISTA É ESTE AÍ, PRENTICE CARVALHO./ AOS 72 ANOS, ELE PINTA AZULEJOS E FAZ ESCULTURAS
RETRATANDO A CULTURA BAIANA./ HÁ 49 ANOS ESTÁ NESTA CASA, QUE, SEGUNDO ELE, PERTENCEU
À FAMÍLIA AMADO BAHIA./ SEU TRABALHO, EMBORA PAREÇA ESTAR ESCONDIDO NA RIBEIRA, É
CONHECIDO FORA DO PAÍS.//

SONORA [5:48 a 5:58] “ As televisões de países franceses, Rússia, Estados Unidos...tudo me conhece.
Coreia...aí já tem a propaganda minha lá fora aí já vem me procurando.”

OFF 2: ENCANTADA PELAS OBRAS DO ARTISTA E PELA RIBEIRA, A TURISTA NÃO PODERIA TER OUTRA
REAÇÃO.//

SONORA TURISTA [00:11 a 00:14]“It’s fantastic place, it’s my second time here. (corta) [0:29 a 00:33]
“One day, I come back for sure”

(COLOGAR LEGENDA COM TRADUÇÃO)


48

OFF 3: MAS O QUE A MAIORIA DOS TURISTAS PROCURAM NA RIBEIRA ESTÁ NA LARGO PRINCIPAL: A
FAMOSA SORVETERIA DA RIBEIRA, QUE TAMBÉM É CONHECIDA INTERNACIONALMENTE E JÁ FAZ
PARTE DA HISTÓRIA DO BAIRRO.//

PASSAGEM 1: O CRIADOR DA SORVETERIA FOI O ITALIANO MÁRIO TOSTA./ ANTES ELE TINHA UMA
PIZZARIA, MAS RESOLVEU INVESTIR NO CLIMA DA CAPITAL BAIANA./ QUANDO ELE FOI PRO RIO DE
JANEIRO, DEIXOU O EMPREENDIMENTO COM O ESPANHOL JOSÉ HERMIDA, QUE JÁ ERA
FUNCIONÁRIO DA SORVETERIA DESDE A DÉCADA DE 60./ HÁ 4 ANOS, A SORVETERIA DA RIBEIRA
ESTÁ SOB ADMINISTRAÇÃO DE UM MORADOR DAQUI DA PENÍNSULA DE ITAPAGIPE QUE JÁ FEZ
ALGUMAS MODIFICAÇÕES NO ESPAÇO PARA ATRAIR AINDA MAIS BAIANOS E TURISTAS.//

OFF 4: O ESTACIONAMENTO PRÓPRIO É UMA DAS NOVIDADES DOS ÚLTIMOS ANOS./ MAS O QUE
CONTINUA A ATRAIR TANTAS PESSOAS É A VARIEDADE DE SABORES E O CLIMA AGRADÁVEL DA
RIBEIRA.//

SONORA Plínio [ 0:17 a 0:27 ] “Eu acho que o bairro tem essa qualidade de vida, proporciona isso às
pessoas que visitam aqui, além do fato da sorveteria ser bastante comentada, famosa em toda
cidade. E com um sorvete de qualidade, que é importante, né?!”

OFF 5: A FAMA DA SORVETERIA ACABA BENEFICIANDO OUTROS COMERCIANTES DA ÁREA.//

SONORA Francisco Carlos (dono) [0:50 a 1:18] “Ela consegue atrair um público enorme,
principalmente aos finais de semana, aonde deixa todos os comerciantes satisfeitos. E eu tenho
convicção que a sorveteria da Ribeira que faz isso, é o carro chefe. E não só a Ribeira. Salvador, a
Bahia. Muitas pessoas que vêm à Salvador, vêm à Sorveteria da Ribeira.//

OFF 6: MAS QUEM MORA NA REGIÃO E COSTUMA PASSEAR PELO LARGO PRINCIPAL, ONDE FICA A
SORVETERIA, OBSERVA ALGUNS PROBLEMAS QUE SE ESTENDEM PARA OUTRAS PARTES DO
BAIRRO.//

SONORA MONICA [00:36 a 00:43] “ Tem certos momentos que você não pode vir. Dia de domingo,
às vezes, ta muito engarrafado. Você não tem opção de passar de ficar. (corta) [1:12 a 1: 19] A praia
daqui já foi uma praia muito boa e, ultimamente você vê: lixo, esgoto...”

OFF 7: ESSAS IMAGENS SÃO DE PARTE DA ENSEADA DOS TAINHEIROS...

(DEIXA IMAGENS COM MÚSICA DE FUNDO ALGUNS SEGUNDOS)

O MAR DA RIBEIRA JÁ SOFRE DEGRADAÇÃO HÁ ANOS./ NA DÉCADA DE 70, HOUVE DERRAMAMENTO


DE MERCÚRIO NESTA ÁREA, MAS, SEGUNDO PESQUISAS, NÃO HÁ MAIS RISCO PARA A
POPULAÇÃO.//

SONORA Eduardo [6:14 a 6:29] Hoje o grande problema que tem lá é matéria orgânica. É
saneamento básico, é resíduos sólidos, é esgotamento sanitário, é fazer um sistema de drenagem
adequado, ter uma coleta de lixo eficiente e a colaboração essencialmente da população.”

OFF 8: DO OUTRO LADO DO BAIRRO, NA PRAIA DA BEIRA MAR, QUE PASSA POR MONITORAMENTO
DO INEMA, AS CRIANÇAS APROVEITAM PRA SALTAR DA PONTE DA CRUSH./

SOBE SOM CRIANÇAS PULANDO NA ÁGUA


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DIA DE DOMINGO QUASE NÃO HÁ LUGAR NA AREIA, MAIOR PARTE OCUPADA POR PESSOAS DE
OUTROS BAIRROS QUE SÃO ATRAÍDOS PELAS ÁGUAS TRANQUILAS.//

MAS TRANQUILIDADE MESMO É DIFÍCIL ENCONTRAR DESTE LADO DO BAIRRO NESSES DIAS...E O
AGITO ULTRAPASSA O FIM DE SEMANA.//

PASSAGEM 2: SEGUNDA-FEIRA É REALMENTE UM DIA MARCANTE NA HISTÓRIA DO BAIRRO DA


RIBEIRA./ ALÉM DA SEGUNDA-FEIRA GORDA, QUE ACONTECE LOGO DEPOIS DA LAVAGEM DO
BONFIM, TEM OUTRA TRADIÇÃO QUE DURA O ANO INTEIRO: A DE COMER COZIDO E FAZER FESTA
DIA DE SEGUNDA FEIRA.//

SONORA DAVID ALMEIDA [00:15 a 00:24] “É uma tradição já antiga. Não só eu mas as outras pessoas
também vem. É ótima. O cozido é bom, a higiene é boa (corta)”

OFF 9: NINGUÉM SABE AO CERTO QUANDO COMEÇOU ESSE COSTUME DE COMER COZIDO NA
RIBEIRA, MAS PARA OS COMERCIANTES ESSA TRADIÇÃO É, REALMENTE, UM PRATO CHEIO!!//

SONORA SEU BOCA SONORA BOCA [00:15 a 00:21] “ Essa tradição já é velha já, quando eu cheguei
aqui já encontrei, tem mais de 50 anos isso aí. (corta) [00:29 a 00:38] “ Vem gente de longe. Os
pessoal que chega, que vem de viagem, praqui pra fora aí procura aqui onde é o “bar do boca” e
todo mundo desce praqui, pra comer esse cozido.”

OFF 10: SEU CARLOS PEREIRA, MAIS CONHECIDO COMO BOCA, TAMBÉM É DONO DA MAIOR CASA
DE SHOWS DO BAIRRO./ ELE AFIRMA TER UM BOM RELACIONAMENTO COM OS VIZINHOS.//

SONORA [01:03 a 01:16] “ Aqui quando termina a festa eu coloco segurança aqui na rua pra proteger
pra não fazer zoada pro pessoal não fazer zoada. As vezes tem viatura que fica parada na porta aqui.”

OFF 11: MESMO ASSIM, ALGUNS MORADORES SE SENTEM INCOMODADOS.//

SONORA NIVALDO NETO [00:13 a 00:30]“ A casa de show a gente não escuta barulho nenhum. O
grande problema é o partido que acontece ali debaixo do toldo que é o dia todo tocando partido. A
gente não pode assistir nada, entendeu? E no final das festas a saída do pessoal que é bastante
problemática.”

OFF 12: PARA OUTROS A FOLIA É UMA DISTRAÇÃO.//

[2:15 a 2:21] “ Até que eu gosto, nega, porque, quando nada, alegra minha rua. Não fica uma rua
monótona como era.”

OFF 13: MAS ANDANDO UM POUCO PELO BAIRRO AINDA É POSSÍVEL ENCONTRAR A RIBEIRA
TRANQUILA./ FLAGRAR CENAS COMO ESTA NO FAMOSO “BANCO DOS VADIOS” E DESFRUTAR O
ENTARDECER.//

SOBRE SOM BELAS IMAGENS DO ENTARDECER. DEPOIS SEGUE COM OS CRÉDITOS DIVIDINDO TELA
COM IMAGENS

REPORTAGEM ESPORTES
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ABERTURA 4 O BAIRRO DA RIBEIRA É UM UM LUGAR PROPÍCIO À PRÁTICA DE ESPORTES./ NESTA


REPORTAGEM, VOCÊ VAI CONHECER A HISTÓRIA DE QUEM FEZ E FAZ A DIFERENÇA COM O FUTEBOL
NO CAMPO DO LASKA E O REMO, NA ENSEADA DOS TAINHEIROS.//

VINHETA

SOBE SOM IMAGENS REMO

OFF 1: BARCOS NO MAR, BANDEIRAS E TORCIDAS A POSTOS./ É DIA DE REGATA NA ENSEADA DOS
TAINHEIROS./ HÁ PELO MENOS 107 ANOS, ESSE É O EVENTO MAIS TRADICIONAL DO BAIRRO DA
RIBEIRA./ E NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO VINTE A PARTICIPAÇÃO ERA AINDA MAIOR.//

SONORA Seu Freire [4:04 a 4:32] “Era uma regata que vinha cavalheiros com chapéu aqui
era...mulheres com sombrinhas. Era três, quatro cinco navios, cada clube tinha um navio que trazia
danças aqui e levava, e voltava para o porto e chegava lá ainda ficavam dançando...”

OFF 2: SEU MUSSURA, OU ANTÔNIO FREIRE DE CARVALHO FOI REMADOR E PRESIDENTE DE CLUBE
DE REMO DURANTE MAIOR PARTE DOS SEUS 77 ANOS./ MESMO COM PROBLEMAS DE SAÚDE, ELE
FAZ QUESTÃO DE PARTICIPAR DE TODOS OS CAMPEONATOS.//

SOBE SOM BEM RÁPIDO SÓ PARA FAZER UMA TRANSIÇÃO ENTRE OS PERSONAGENS

NILSON SOUZA, MAIS CONHECIDO COMO CHOCOLATE, PRATICA O ESPORTE DESDE OS 17 ANOS./ NA
SALA DE PRÊMIOS DO CLUBE DE REGATAS SÃO SALVADOR, ELE NOS MOSTROU RECORTES DE
JORNAIS E OS QUADROS ONDE EXIBE AS CONQUISTAS.//

SONORA Chocolate Documental [8:19 a 8:38]“ Essa aqui foi no campeonato brasileiro na lagoa
Rodrigo de Freitas. Essa foi em 60, é a medalha de bronze que foi o terceiro lugar. Essa daqui foi a
primeira medalha que eu ganhei...foi essa daqui, 58...1958, foi quando eu tava começando.”

OFF 3: EXPERIÊNCIA E DEDICAÇÃO QUE ELE FAZ QUESTÃO DE TRANSMITIR AOS NOVOS
REMADORES.//

SOBE SOM IMAGENS DO TREINO

SONORA Seu Chocolate [ 3:00 a 3:10] “ Quando os meninos chegam aqui pra remar, eles aprendem
comigo, né? Quando está pronto eu passo pra jair, que é o técnico, né?”

OFF 4: MARILENE JÁ RECEBEU MUITAS INSTRUÇÕES DE CHOCOLATE./ E APRENDEU DIREITINHO./


HOJE, A ITAPAGIPANA, MORADORA DA RIBEIRA, REPRESENTA O REMO BAIANO PELO BRASIL./ MAS É
NAS ÁGUAS DA ENSEADA DOS TAINHEIROS QUE ELA SE SENTE À VONTADE.//

SONORA MEURY [ 0:12 a 0:30] “Cada prova é uma emoção, ainda mais que a família está aí! E isso
está sendo emocionante pra mim. Eu não corro atrás da vitória. Eu corro atrás de que venha criança
fazer remo, saia dessas porcarias chamadas drogas e a minha felicidade é essa: a cada hora que eu
desço eu quero que uma pessoa venha comigo.”

PASSAGEM 1: QUATRO CLUBES DE REMO FUNCIONAM NA RIBEIRA./ CADA UMA TEM UMA GESTÃO
PRÓPRIA./ NOS CAMPEONATOS FORA DE SALVADOR, A SUPERINTENDÊNCIA DOS DESPORTOS DO
ESTADO DA BAHIA AJUDA COM AS PASSAGENS, UNIFORMES... NAS DISPUTAS INTERNAS, OS
51

GOVERNOS ESTADUAL E MUNICIPAL AUXILIAM NA MONTAGEM DA ESTRUTURA, NA ORGANIZAÇÃO


DO TRÁFEGO...O REMO TAMBÉM RECEBE O PATROCÍNIO ANUAL DE UMA EMPRESA, MAS É A
MOTIVAÇÃO DOS ATLETAS E AS DOAÇÕES DOS ORGANIZADORES QUE REALMENTE SUSTENTA A
PRÁTICA DESSE ESPORTE.//

OFF 5: O CLUBE MAIS BEM EQUIPADO É O VITÓRIA, QUE RECEBE MAIS INCENTIVO FINANCEIRO POR
CAUSA DO FUTEBOL./ O SÃO SALVADOR TEM EQUIPES FORTES MESMO COM ALGUNS PROBLEMAS
NOS EQUIPAMENTOS./ O SANTA CRUZ FUNCIONA COM MAIS DIFICULDADE NESTE GALPÃO E O
ITAPAGIPE, QUE TEVE A SEDE LEILOADA EM 2011, FUNCIONA DE FORMA IMPROVISADA NESTE
LOCAL.//

SONORA SEU FREIRE [3:35 a 4:00]“ O remo era uma coisa linda. O futebol pedia permissão à
federação dos clubes de regata da bahia pra poder fazer um jogo. Hoje, o futebol vem na primeira
página de A Tarde (corta)[4:00 a 4:03] mas não tem uma notinha de uma regata de hoje.”

OFF 6 : MESMO ASSIM, CHOCOLATE FAZ QUESTÃO DE DIZER O QUANTO É GRATIFICANTE SE


DEDICAR A ESSE ESPORTE.//

SONORA CHOCOLATE [0:30 a 0:48]“Ele é tão gratificante que eu que vou fazer 73 anos ainda estou
aqui no remo...só saio daqui quando morrer. Se ainda tiver remo lá em cima, eu tô lá (risos)

SOBE SOM IMAGENS DO REMO E DEPOIS DE UM TEMPINHO FAZ TRANSIÇÃO COM IMAGENS DOS
MENINOS JOGANDO NO CAMPO DO LASKA

OFF 7: DO MAR, PRO CHÃO DE BARRO.//

SEGUEM, RAPIDAMENTE, IMAGENS DOS MENINOS JOGANDO

OFF 8: NO CAMPO DO LASKA É ASSIM: SEMPRE TEM ALGUÉM JOGANDO./

SOBE SOM MAIS UMA VEZ

ELE FICA NA AVENIDA PORTO DOS MASTROS NO INÍCIO DO BAIRRO DA RIBEIRA./

A HISTÓRIA É A SEGUINTE: ANTES DE SER CAMPO, ESSE LUGAR AQUI ERA UMA OFICINA MECÂNICA E
TINHA MUITO ENTULHO./ POR ISSO, QUANDO OS GAROTOS IAM JOGAR DESCALÇOS,
MACHUCAVAM, OU COMO DIZEM, LASCAVAM O PÉ.../ DAÍ PEGOU: “CAMPO DO LASKA”.

SÃO MAIS DE MIL JOGADORES DISTRIBUÍDOS EM 40 GRUPOS QUE DISPUTAM CAMPEONATOS NOS
FINAIS DE SEMANA./ TEM TAMBÉM JOGOS RECREATIVOS DE SEGUNDA A SEXTA E ESCOLINHA DE
FUTEBOL GRATUITA.//

SONORA Hagamenon Silva Clip 26 [2:07 a 2:25] “Tiramos as crianças da rua, da criminalidade, das
drogas e procuramos sempre ressocializar todas essas crianças para que amanhã sejam os homens e
as meninas, pro que nós temos também aqui grupos femininos, do futuro.”

OFF 9: É ISSO MESMO, TEM ESPAÇO PRA TODO MUNDO NO CAMPO DO LASKA./ CRIANÇA, JOVEM,
IDOSO.../ E OS MORADORES DO ENTORNO ATÉ QUE GOSTAM DA MOVIMENTAÇÃO.//
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SONORA [00: 20 a 00: 37] “Pelo menos nós estamos livres de qualquer vandalismo, ladrões...muita
gente passeando aqui, é difícil deles encostarem. Isso aqui a gente não tem aqui, é muita
tranquilidade.”

OFF 10: O CAMPO DO LASKA NÃO RECEBE INCENTIVO FINANCEIRO POR PARTE DOS GOVERNOS./ OS
JOGADORES SE ORGANIZAM E CONTRIBUEM COM UMA TAXA QUE VARIA DE ACORDO COM O TIPO
DE PARTICIPAÇÃO./ OS TIMES QUE JOGAM DURANTE A SEMANA, POR EXEMPLO, CONTRIBUEM COM
25 REAIS MENSAIS.//

SONORA Agnaldo Silva [3:13 a 3:25]“ A gente faz um trabalho filantrópico, porque a agente gosta de
fazer. Não é que a gente é remunerado nem nada.”

OFF 11: E QUEM NÃO TRABALHA COM FUTEBOL, APROVEITA A MOVIMENTAÇÃO NO CAMPO PRA
VENDER COMIDA E BEBIDA DURANTE OS JOGOS.//

SONORA Simone Santos Clip. 84 [02:00 a 2:07] “ O Campo do Laska pra mim é o que tá me servindo.
É da onde eu tô tirando o sustento de meus filhos e pra mim ta ótimo.”

PASSAGEM 2: O CAMPO DO LASKA É UM ESPAÇO DE LAZER PRA QUEM VIVE NA RIBEIRA E PRA
QUEM NÃO MORA MAIS NO BAIRRO E VEM REVER OS AMIGOS./ MAS AQUI TAMBÉM É UMA
ESPÉCIE DE VITRINE DE ATLETAS./ DAQUI, JÁ SAÍRAM MUITOS CRAQUES.//

DEIXA UM POUQUINHO DO JOGO QUE ESTÁ ATRÁS DE MIM

SONORA Antônio Campeão Clip 16 [ 3:30 a 3:46] “ De vez em quando eles aparecem aqui pra fazer a
peneira, a escolinha e levam um dois três pra fazer o treino por lá. [3:38]E os meninos se deslocam.
Quando eles não estouram aqui na Bahia, estouram em um outro estado, mas tenha certeza que a
origem foi aqui: Campo do Laska.”

OFF 12: NA DÉCADA DE 70, ANTÔNIO TAMBÉM FOI CONVIDADO PARA JOGAR EM UM TIME
PROFISSIONAL./ RECEBEU CONVITE DO FLAMENGO, MAS, COM MEDO, A MÃE NÃO PERMITIU QUE
ELE FOSSE./ HOJE, ANTÔNIO CAMPEÃO, COMO É CHAMADO, É UMA DAS FIGURAS MAIS
CONHECIDAS NESSA PARTE DO BAIRRO E NÃO SE ARREPENDE DE TER FICADO.//

(NESSA PARTE, COLOCAR FOTOGRAFIAS DE ANTÔNIO COM OS TIMES)

SONORA Antônio [00:25 a 00:34] “É uma dádiva que Deus me deu, é um dos maiores presentes que
Deus me deu. Nascer aqui nessa península Itapagipana e muito melhor junto do Campo do laska.”

OFF13: MAS TEVE GENTE QUE APROVEITOU

[1’49’’ a 2’02’’] “Nilton mota que hoje é diretor da base do bahia me convidou pra fazer um período
de testes do bahia. Eu fui feliz. Entre cem jogadores eu fui sorteado e joguei no bahia durante 12
anos.

OFF 14: O REMO E O FUTEBOL NA RIBEIRA SÃO MAIS QUE ESPORTES./ SÃO UMA MANEIRA DE
CONCRETIZAR SONHOS E TORNAR MAIS DIVERTIDA A REALIDADE DESSES MORADORES.//

COLOCA IMAGENS MESCLANDO O FUTEBOL E O REMO. SOBE SOM COM CRÉDITOS DIVIDINDO TELA

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