Fichamento de Sofista - de - Platao PDF
Fichamento de Sofista - de - Platao PDF
Fichamento de Sofista - de - Platao PDF
com>
2008
Resumo
Um discurso falso se refere a algo que seja “contrário” àquilo que realmente é, ou
ainda, “são os não-seres, o que a opinião falsa concebe.” Para Platão, esta conclusão serviria
de refúgio ao sofista que tentaria refutar sua acusação – que este seria um mero produtor de
simulacros – com base na teoria de Parmênides de que o não-ser é impensável e indizível.
Desta forma, contrariando a teoria pamenidiana, Platão investe na afirmação do não-ser como
alteridade do ser e não necessariamente como o contrário do ser, e assim, demonstrando a
possibilidade da existência de falsidade em um discurso.
Portanto, o que aparece em primeiro plano neste diálogo de Platão é o debate a cerca
do discurso falso em contraposição ao discurso verdadeiro – associado à análise que
estabelece o não-ser como alteridade do ser – e a estratégia de relegar a sofística a um plano
inferior do conhecimento, em contraste com o saber superior da filosofia.
Por outro lado, ao superar as posições contrárias das doutrinas pluralistas e unitárias a
cerca do ser, bem como da irredutibilidade do ser ao movimento (Heráclito) e ao repouso
(Parmênides), Platão afirma que o verdadeiro ser (a idéia, a forma) é, ao mesmo tempo, uno
(em relação às suas cópias finitas no mundo sensível) e múltiplo (em relação à multiciplidade
infinita das formas), propondo assim uma nova teoria do ser, ou seja, a do ser metafísico.
Fichamento do Sofista de Platão por Caius Brandão <[email protected]>
2008
Fichamento
Reconhecendo a sofística como uma arte, a compara com a arte da pesca por anzol:
Atribui ao pescador por anzol e ao sofista uma arte em comum, a saber, a arte de
aquisição, definindo a ambos como caçadores.
Fichamento do Sofista de Platão por Caius Brandão <[email protected]>
2008
Com o pretexto de ensinar, o sofista se empenha na caça interesseira aos jovens ricos
para obter vantagens econômicas.
De acordo com o Estrangeiro, o sofista “de cidade em cidade vende as ciências por
atacado, trocando-as por dinheiro.” Desta forma, coloca a sofística no plano da arte da
aquisição, ou mais especificamente, “da troca comercial, da importação espiritual, que negocia
discursos e ensinos relativos à virtude”.
O Estrangeiro reluta, mas acaba definindo o sofista como um refutador que purifica as
almas das opiniões, na medida em que seriam estas um obstáculo às ciências.
O sofista produz uma falsa aparência de possuir uma ciência universal. Através do
discurso, produz ficções verbais, dando a impressão de ser verdadeiro tudo o que fala.
Dizer algo sem verdade é afirmar o falso. Como pensar e dizer que o falso é real sem
cair em contradição?
Um discurso falso se refere a algo que seja “contrário” daquilo o que realmente é, ou
seja, “são os não-seres, o que a opinião falsa concebe.” Para o Estrangeiro, esta conclusão
serviria de refúgio ao sofista que tentaria refutar sua acusação – que este seria um mero
produtor de simulacros – com base na teoria de Parmênides de que o não-ser é impensável e
indizível. Mas a imagem produzida pelo simulacro seria um objeto parecido com o verdadeiro.
Sendo o ser o que há de real, a imagem não poderia ser senão na dimensão do irreal, ou seja,
um “não-ser irreal”. Desta forma, o Estrangeiro afirma: “Na falsidade dos discursos e opiniões
o não-ser de alguma forma é”.
Se o frio e o quente igualmente são, o que seria o Todo? O somatório dos dois,
portanto o Todo seria três? Ou seria o Todo o par? Mas isto não seria afirmar que dois é um?
Fichamento do Sofista de Platão por Caius Brandão <[email protected]>
2008
Os defensores das doutrinas unitárias afirmam que o Todo é uno. Também afirmam
que o ser é uno, empregando dessa forma dois nomes para o mesmo objeto. Como podemos
admitir que há dois nomes quando se acabou de afirmar que só existe o Uno e nada mais?
O Estrangeiro afirma que tudo o que foi gerado, veio a ser sob forma de um todo.
Desta forma, não podemos admitir nem a existência, tão pouco a própria geração, se o Uno
não for considerado como Todo no número dos seres. O que tiver alguma quantidade, a terá
como um todo. Serão infinitas as dificuldades para quem definir o ser ou como um par ou
como uma unidade.
O Estrangeiro reconhece o debate entre aqueles que afirmam o corpo e a existência como
idênticos (materialistas) e os que defendem que o “ser verdadeiro” são certas formas
inteligíveis e incorpóreas (amigo das formas).
Mesmo que provisoriamente, o Estrangeiro define o ser como tudo aquilo que possui o
poder para exercer ou sofrer ação.
Para os amigos das formas, o devir (que implica movimento) participa do poder de sofrer
e de exercer ação, mas este poder não poderia ser atribuído ao ser (eles separam o devir do
ser). Por outro lado, para o Estrangeiro, a vida, a alma e o movimento são definitivamente
seres e assim, conclui que não se poder negar o movimento nem o repouso aos seres.
O Estrangeiro afirma que o ser não é a reunião de repouso e movimento, mas algo
distinto de ambos. Por outro lado, reconhece ser impossível que o ser revele-se separado do
repouso e do movimento. Esta dificuldade é comparável àquela que eles encontraram
anteriormente, quando tentaram relacionar alguma coisa ao não-ser.
Fichamento do Sofista de Platão por Caius Brandão <[email protected]>
2008
Visto que o não-ser possui uma natureza que lhe é própria, neste caso, de ser algo
diferente do ser, da mesma forma podemos afirmar que o belo é belo e o não-grande o não-
grande. “O não-ser é uma unidade integrante do número que constitui a multidão das formas”.
A ordem dada aos vocábulos é um fator que determina o sentido de um discurso. Nomes
Fichamento do Sofista de Platão por Caius Brandão <[email protected]>
2008
e verbos usados separadamente não formam um discurso, pois não discorreriam sobre nada.
Da combinação entre nomes e verbos, surge o discurso que necessariamente discorre sobre
algo. O discurso verdadeiro discorre sobre algo como ele realmente é, enquanto que o
discurso falso discorre sobre um outro como sendo o mesmo daquilo que realmente é.
O sofista é, então, um imitador do sábio, visto que ele nada conhece realmente. Através
de simulacros e de discursos falso, ele produz somente ilusões.