Caderno Direito Penal
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Caderno Direito Penal
Alexandre Carvalho
Princípios norteadores:
Esta é a regra.
É uma exceção.
# Esta lei alcança os efeitos penais e civis do fato??? Não. Abole apenas os penais,
mas os efeitos civis permanecem.
OBS: Sentença condenatória definitiva – art. 66, II, LEP – quem aplica a lei abolitio
criminis é o juiz da execução.
Estatuto do desarmamento:
Art. 12 – Posse da arma de fogo em casa – trouxe uma norma de abolitio criminis
temporária (prazo para entrega da arma, sem cometer o crime).
Passa a prever como crime uma conduta que antes não o era.
Os fatos anteriores continuarão a ser regidos pela lei vigente à época efeito da
ultratividade da lei.
A lei continua a ser aplicada, mesmo após perder a vigência.
Ex: Lei1 mais gravosa; Lei2 mais benéfica; Lei3 mais gravosa
É uma lei benéfica, por isso retroage, ainda que o fato seja objeto de uma
condenação transitada em julgado.
Aspectos da L. 12.015/09:
Art 214 foi incorporado ao art. 213 (atentado violento ao pudor = estupro):
A pena continuou a mesma do caput.
Se essa lei não agravou nem beneficiou, não deve ser aplicada retroativamente –
Prof. assim entende; mas na prática, ela vem sendo aplicada retroativamente (Caso
do ginecologista e pacientes).
OBS: Prof. entende que a CR quis apenas que a lei benéfica retroagisse; interpretar
que a lei que não agrava também deve retroagir é interpretar de forma diversa ao
entendimento constitucional Prof. já discutiu isso com o Canedo este concordou
com tal entendimento.
A pena é mais grave que a anteriormente cominada (art. 213 c/c 224) – hipótese de
Lex gravior (não retroage).
OBS: Há discussão: Com os §§ 3º e 4º, entende-se que trouxe para este artigo a
violência real, pois não há como haver lesão grave ou morte sem o emprego da
violência ou grave ameaça contra menor de 14 anos; portanto, parece que a
discussão acerca da existência de violência real também vai cair por terra – mas
ainda não há consenso.
Correntes doutrinárias:
1ª) MINORITÁRIA. Essa corrente entende que não é admissível a Lex tertia porque
ofende o p. da separação dos Poderes, quando de sua elaboração e aplicação, o
juiz invade campo exclusivo e privativo do legislador, transformando-se em legislador
positivo.
2ª) Entende que o juiz pode combinar leis em favor do réu; porque não ofende o p.
da separação dos Poderes, considerando que ele não inova o ordenamento jurídico,
não cria conteúdo jurídico novo, não configurando a situação de legislador positivo.
Outro argumento: “quem pode o mais pode o menos” – se o juiz pode aplicar a L1
em sua integralidade, porque lhe seria vedado de aplicá-la parcialmente (idem L2 –
que poderia ser aplicada retroativamente).
Além disso, o juiz ao agir assim está observando estritamente os princípios do art.
5º, XL, CR: tempus regit actum e retroatividade mais benéfica função garantista
do juiz.
1. Versão quadripartite:
Teoria minoritária.
2. Versão tripartite:
Teoria majoritária
3. Versão bipartite:
Crime = FT + Antijurídico
Culpabilidade = pressuposto de aplicação da pena
Punibilidade = conseqüência jurídica do crime
Portanto:
5. Versão tripartite:
Final do Séc. XIX – Von Liszt inicia a construção do primeiro modelo sobre conceito
analítico do crime.
Em 1907, Von Liszt é auxiliado por Beling e formam o primeiro sistema jurídico penal
sobre o conceito analítico do crime.
Liszt construiu um sistema muito singelo: todos os aspectos objetivos do crime (que
podem ser visualizados, percebidos pelos sentidos) estavam concentrados na
tipicidade e na antijuridicidade; mas o crime não poderia ser construído apenas com
elementos objetivos, porque já era inaceitável à época a responsabilidade penal
objetiva.
Portanto, os aspectos subjetivos estariam concentrados na culpabilidade.
Foi com base na concepção de ação humana relevante para o direito penal que Von
Liszt desenvolveu sua teoria: usou o método positivista-naturalístico
Esse sistema não trabalha com “valoração”, é puramente descritivo (não importa a
vontade interna do agente, no sentido do que ele quer alcançar, não trabalha com a
finalidade da ação humana). O que importa é o desvalor do resultado, não o da
conduta.
IMPORTANTE: Cada teoria recebe o nome de acordo com o conceito de ação
humana para o crime; neste caso: Teoria causalista clássica (causalismo-
naturalístico) A teoria naturalística do resultado surge da teoria causal da ação
(sistema descritivo: ação, causa e efeito)
a) Demonstração do mínimo que uma ação humana deve possuir para ser relevante
para o DP – Requisitos mínimos:
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a.1. Voluntária = ação fisicamente livre;
OBS: Para Zaffaroni, o ato reflexo e o sonambulismo são atos humanos involuntários
(estado de inconsciência da realidade), portanto o que se verifica é uma “ausência
de conduta”.
Canedo: uma ausência de conduta não pode gerar legítima defesa; mas pode gerar
estado de necessidade, porque a conduta é irrelevante para o DP!!!!
OBS: lembrar que a hipnose pode ser voluntária!!! Neste caso, a pessoa responderá
com base na teoria da actio libera in causae. A pessoa poderia não ter ingressado
naquele estado.
O aspecto subjetivo vai ser examinado no momento em que se colocava em hipnose
(ação livre na origem), não no momento do crime.
Pontos negativos:
Problema: esse conceito amolda-se à estrutura dos crimes materiais, que exigem
ação e resultado naturalístico para sua consumação.
E os crimes formais ou de mera conduta, os crimes omissivos?!?! Como explicar que
a ação é relevante para o DP sendo que não há transformação no mundo real?!?!
Ex: permanecer em residência alheia sem autorização.
Não há explicação.
Nexo de causalidade:
Para explicar o nexo causal, Liszt usa a teoria da equivalência dos antecedentes
causais ou da conditio sine qua nom – é a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido. Teoria exclusivamente naturalística.
Neste caso, utiliza-se o procedimento hipotético de Thyrén: para verificar quais os
antecedentes são relevantes, fazendo-se a seguinte pergunta: “eliminado aquele
antencedente o resultado do delito teria acontecido como aconteceu?”
Essa teoria é criticada, porque não impõe um limite a esse juízo regressivo na
realidade; podendo-se chegar ao absurdo de condenar o nascimento do criminoso.
**Portanto, os doutrinadores colocaram como limite o elemento subjetivo regride-
se até onde se verifique o dolo ou a culpa.
Tipicidade:
Liszt: “Valores são subjetividades que ficam no campo dos pensamentos e são tão
porosos que, se ingressarem no sistema jurídico penal torná-lo-ão absolutamente
inseguro” – sistema acromático (sem cor, sem valor).
Beling elaborou a tese nesse sistema de que o tipo penal é puramente objetivo
tipo penal neutro; tipo penal acromático; tipo penal acrítico; tipo penal avalorado:
Tipo penal objetivo = aquele composto por apenas elementos objetivos.
Primeira tese de Beling (1907): tipicidade não possui nenhuma relação jurídica com
a antijuridicidade, sendo elementos autônomos e estanques suas funções são
autônomas (sem vínculo e sem relação) – absoluta neutralidade.
Por volta de 1920, Beling muda esse entendimento de acordo com Meyer
(neokantista), passando a entender que existe relação entre ambos, permitindo a
análise de causas excludentes da ilicitude.
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2. Antijuridicidade (formal):
Dolo e culpa são a própria culpabilidade (externam esse vínculo psicológico entre o
agente e o FT por ele realizado).
Não há nesse sistema o dolo normativo, pois este sistema não trabalha com
consciência da ilicitude, pois isso significa trabalhar com valores, e o sistema causal
clássico não trabalha com valores.
Para verificar se o agente agiu com culpa, neste sistema, analisa-se apenas a
previsibilidade objetiva, ou seja, a culpa é a ausência do cuidado necessário, que se
baseia em dois exames: previsibilidade objetiva (dever genérico de cuidado, com
base no “homem prudente” = “homem médio”) e previsibilidade subjetiva (aquela em
que se analisa a conduta do agente em relação a ele mesmo, se o agente tomou os
cuidados necessários, se a ação dele era previsível, para ele, que gerasse o
resultado).
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E a imputabilidade???
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OBS: Esse sistema foi criticado justamente por isso, pelo método,
considerando o alto grau de subjetividade, o que conduz ao “relativismo
valorativo (ou normativista) do neokantismo” os valores se encontram no
pensamento dos cientistas pensamento científico subjetivista relativismo
axiológico gera insegurança.
SER método causalista clássico
DEVER SER método neokantista
Welzel disse: “os neokantistas estão flutuando nas nuvens do dever ser”
Estrutura:
Conduta
1. Fato típico Resultado (aquilo que tem significado social)
Nexo de causalidade/ imputação (seria o mais correto a
inserção desta aqui)
Tipicidade
* Nexo de causalidade:
Mas, Mezger, Meyer e outros, disseram que, para estabelecer o vínculo entre a
conduta e o resultado, com base apenas na causalidade naturalística, era um
grande erro.
A partir daí, foram elaboradas várias teorias para estabelecer o nexo de imputação.
Uma das teorias foi elaborada por Mezger: “teoria da relevância jurídica” ou
“teoria da relevância típica”: ela complementa a teoria da equivalência, pois
trabalha com o nexo de imputação:
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Causa não é apenas a conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido como
ocorreu, mas também a conduta que no plano da tipicidade penal apresenta-se
como relevante para a geração do resultado; ingressa-se no plano dos valores.
* Tipicidade:
Foi lançada a base a tipicidade conglobante: não existe tipicidade sem lesão a um
bem jurídico.
Porém eles ficaram num relativismo muito grande.
1. Beling disse que todo tipo penal era constituído por elementos objetivos da
realidade (tipo objetivo)
Neokantistas rebateram dizendo que não tem como se construir um sistema penal
baseado apenas em elementos objetivos (descritos pela realidade – perceptíveis
pelos sentidos). Vários tipos penais exigem os elementos normativos (julgamento de
valor) e/ou subjetivos (elemento subjetivo do tipo ou do injusto – que designa a
finalidade de agir).
Mezger (neokantista) disse que a teoria do tipo objetivo (causalista) deveria ser
usada como regra, porque a maioria dos tipos eram constituídos apenas por
elementos objetivos. Portanto, a regra era o tipo objetivo de Beling tipo normal
ou seja, a análise do dolo deveria ser na oportunidade de análise da culpabilidade
(sistema regra); mas, excepcionalmente, quando o tipo penal impuser a antecipação
da análise do dolo na tipicidade, essa deverá ser feita como uma anormalidade do
sistema, portanto, neste caso, denominou de tipo anormal.
OBS: Tipo complexo (surge no finalismo) = tipo objetivo + tipo subjetivo (dolo)
Mas o tipo complexo foi antevisto no neokantismo; no tipo anormal.
Legislador elege um bem jurídico para ser protegido penalmente (ex: vida); em
seguida, estabelece a norma proibitiva e descreve o fato.
Portanto, todo tipo penal é “tipo de injusto” porque descreve o fato proibido no
direito; portanto a antijuridicidade se amolda no tipo penal daí porque deve haver
vínculo entre antijuridicidade e tipicidade.
A mesma relação se dá entre o fogo e a fumaça; sendo que pode haver a fumaça e
o fogo já ter sido extinto.
O que está dentro de cada tipo penal é uma antijuridicidade tipificada; ou seja, a
função do tipo penal é descrever a antijuridicidade.
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Se a antijuridicidade não existir, o tipo também perde a razão de existir.
PS: Antes da teoria causal clássica, antes de se estratificar o conceito de crime, tudo
o que havia era o entendimento de que existia o corpus delicti isso era o tipo
penal (englobando tudo: FT, antijurídico e culpável – tudo misturado).
Portanto, tipicidade tem que descrever não apenas os elementos que positivam o
crime, mas também os elementos que negam a antijuridicidade (negam a existência
da proibição) que são as excludentes da ilicitude (da antijuridicidade).
Ex: art. 121 deveria ser escrito: matar alguém exceto em legítima defesa, estrito
cumprimento do dever legal, estado de necessidade e inexigibilidade de conduta
diversa.
Essa teoria trabalhou com a teoria bipartite: pois defendem a fusão da tipicidade e
antijuridicidade (o que Mezger não quis fazer).
Canedo Tipo total de injusto: surgiu com esta teoria; porque coloca tudo sobre o
injusto dentro do tipo penal (tipicidade, antijuridicidade e excludentes da ilicitude).
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2. Antijuridicidade (material)
3. Culpabilidade
Em 1895, Liszt cria a idéia da culpabilidade psicológica (vínculo psíquico entre o fato
típico e a vontade do agente).
Em 1907, Frank examina essa idéia de Von Liszt e disse que era um erro, pois não
poderia ser resumida em dolo e culpa; pois o agente poderia agir com dolo, mas
sem possibilidade de agir de outro modo (ex: coação moral) isso não foi tratado
no causalismo.
OBS: O dolo era natural (causalismo clássico: vontade consciente de realização dos
elementos do tipo); a consciência da ilicitude do fato era um elemento
desconsiderado.
Dolus malus = Dolo normativo vontade consciente de realização dos elementos
do tipo (dado da natureza humana) + consciência da ilicitude
Dado normativo
Com base nesses problemas, Welzel propõe a volta à realidade (campo do SER –
do causalismo clássico), porém consertando os erros do causalismo clássico.
Importante:
OBS: Com base nessa teoria, na Alemanha pune-se o crime impossível, porque o
que importa é o desvalor da conduta (não o desvalor do resultado) aplica-se o
finalismo puro.
No Brasil isso não ocorre, então, como defender que o nosso país adotou o
finalismo???
A finalidade integra a ação, pois é a essência do dolo e este foi colocado na ação.
Welzel entendeu que a culpa também é uma conduta finalista (erro).
AULA 13/01/10
2. Antijuridicidade (material)
imputabilidade
3. Culpabilidade (normativa pura) potencial consciência da ilicitude
exigibilidade de conduta diversa
*Em relação ao crime doloso o conceito finalista é muito bom. Outro problema que
foi resolvido em relação às teorias anteriores é a questão da tentativa, graças ao tipo
complexo:
OBS: Não tem como explicar a conduta finalista no caso de negligência resultando
homicídio culposo (ex: caso do pai que esquece arma e filho mata o irmão). A teoria
finalista não explica isso.
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* P. da adequação social – criado por Welzel (p. penal fundamental – tema do edital
MP)
Os tipos penais só descrevem e alcançam condutas socialmente inadequadas, não
é possível que os tipos penais descrevam como proibidas condutas historicamente
conformadas no âmbito de uma sociedade.
Welzel não sabia onde posicionar este princípio: às vezes ele o colocava na
tipicidade, outras, na antijuridicidade.
Por fim, entendeu-se que deveria estar no fato típico, como instrumento de
interpretação dos tipos penais visando reduzir a larga abrangência formal dos tipos.
Ex: mãe que fura orelha da filha formalmente a conduta amolda-se ao art. 129;
mas é uma conduta adequada socialmente, portanto, o tipo penal não visa alcançá-
la.
Apesar disso, é um p. muito poroso (sem muito balizamento), porque às vezes o que
é adequado em um lugar não o será em outro.
Justamente por essa função do DP no finalismo é que não tem razão a aplicação do
p. da insignificância.
Não haverá quando existir alguma vontade que deve ser tolerada pelo sistema (ex:
legítima defesa)
OBS: Roxin a chama de “teoria mista” (em seu manual ele não trata como Teoria
Social da ação)
Porém, a doutrina não aceita esse conceito, não devendo ser acolhido devido a seus
problemas:
Problema metodológico: não se baseia em estruturas lógico-reais nem em valores
imperfeição muito grande.
Outro problema é o significado de “socialmente relevante”, não há definição.
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Gallas (doutrinador alemão) disse que a culpabilidade jamais pode ser puramente
psicológica (causalistas clássicos); o juízo de reprovabilidade deve ser feito de
acordo com a atitude interna juridicamente desaprovada, que o leva a exteriorizar a
vontade; que não se confunde com a vontade.
Esse juízo de reprovabilidade deve incidir diretamente sobre essa atitude interna.
Tese construída nos anos 30 (mas não muito utilizada)
Essa teoria também adota o tipo complexo, porque dolo e culpa também estão no
FT, como no finalismo.
Não confundir com a teoria complexa da culpabilidade!!!
Explicada acima.
ERROS:
* Importante seu estudo aqui, para dar continuidade no estudo das teorias.
1. Erros essenciais:
Canedo: Culpabilidade do autor foi adotada por Mezger (DP do autor) pune o
autor do fato e não o fato, pune a pessoa pela condição de vida, por suas
concepções, raça, cor etc; escola nazista da teoria de Kiel.
# Qual foi a fase de passagem??? Teoria limitada do dolo – admite que alguém que
não conhecia realmente a ilicitude, mas poderia conhecer, responda por crime
doloso. (idem)
Exemplo:
Agente que casa pela segunda vez sem saber que era crime (bigamia): desconhecia
a ilicitude do fato. Mas poderia conhecê-la??? Quis casar de novo, então tem dolo;
Se sim, culpabilidade permanece e terá redução de pena.
Welzel entende que isso é erro de proibição, apesar de incidir sobre um elemento do
tipo, se referente a um elemento da ilicitude tese minoritária (Damásio)
A maioria da doutrina brasileira entende que é caso de erro de tipo (LFG, Régis
Prado) justamente porque o erro afeta um elemento do tipo; e, basicamente, afeta o
dolo – Canedo adota esta teoria.
IMPORTANTE SABER:
Erro de vigência: agente sabe da ilicitude do fato, mas acha que a norma
não está mais vigente; segundo a maioria da doutrina, não pode ser tratado
como erro de proibição trata-se de um erro irrelevante.
Erro de punibilidade: agente sabe que a conduta é proibida, mas acha que
não é punível (não deveria praticá-la) não tem relevância penal para excluir
o crime.
a) Erro de existência:
Pessoa pensa que a causa de justificação existe, porém ela não está presente na
lei.
A causa de justificação existe, porém não abrange todos os atos praticados, como a
pessoa entendia que estavam abrangidos.
Para esta teoria, só existem duas espécies de erro de tipo (afeta o dolo) ou de
proibição (quando não afeta o dolo). Todos os erros são de proibição.
a) Erro de existência (ex: matar a esposa infiel e não o amante, achando que é
direito matar a mulher adúltera) erro de proibição (erro sobre a ilicitude do fato)
b) Erro sobre os limites (ex: excesso na legítima defesa; sujeito erra na
interpretação do excesso – mas na realidade o agente quis matar, estando em
legítima defesa e desconhecendo os limites) erro de proibição
c) Erro sobre os pressupostos erro de proibição.
c) Pressupostos São erros de tipo (entendem que Welzel errou, pois não é uma
solução justa para o DP)
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Ex: caso do pai que mata filha que pulou a janela voltando para casa; pai pensou
que fosse um ladrão. Não seria justa a aplicação da tese de Welzel = erro de
proibição; por isso tratou como erro de tipo.
Erro dessa teoria no exemplo, o pai quis matar alguém existe o dolo, não
poderia ser erro de tipo.
CP – art. 20, § 1º trata desse erro sobre o pressuposto fático de forma diversa
dos demais agente responde por culpa se o erro for vencível (ver item 17 e 19 da
exposição de motivos do CP – adota o erro de tipo, porem “isento de pena” significa
isenção de culpabilidade, o que não é erro de tipo; porém também não é erro de
proibição porque pune a culpa se o erro for vencível)
4. Erros acidentais:
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FUNCIONALISMO:
Antes do pensamento de Roxin, vigia que política criminal e DP não podem ter
interface;
Roxin, quebrando esse entendimento, disse que toda norma penal é fruto de um
valor de política criminal que se encontra subjacente a ela a política criminal
oriental a criação e aplicação de toda e qualquer norma penal.
* Alguns doutrinadores dizem que esse conceito é uma mistura dos conceitos
finalista e causal Prof. concorda com esses autores.
Estrutura:
Culpabilidade
3. Responsabilidade +
Necessidade concreta da pena
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1. Fato típico:
É uma teoria que, no âmbito do tipo objetivo, tem por finalidade complementar o
nexo de causalidade naturalístico estabelecendo um nexo normativista entre
conduta e resultado.
Roxin considera que os valores não podem ser relativizados na pauta de cada
interprete; eles tem que ser valores de política criminal, que devem estar
demonstrados de modo claro na const. federal e na legislação penal.
Essa teoria estabelece critérios de não imputação para excluir cada um dos
requisitos para imputação:
Roxin: para saber se houve o incremento ou não, é preciso saber que, ainda que a
pessoa cumprisse a regra, se o risco diminuiria ou se seguiria do mesmo jeito (neste
último caso, seria fato atípico).
Ex1: Caso dos pelos de cabra da China. Empresário dono de indústria de pincéis
importava esses pêlos da China, os quais tinham que ser desinfetados ao entrar no
país. O empresário retira os pelos sem desinfetar e entrega a um empregado que
ele gostaria de matar. Este empregado vem a falecer em face de contaminação dos
pelos houve incremento do risco.
Porém, neste mesmo exemplo, a Vigilância sanitária do país descobre que o vírus
que matou o empregado é desconhecido e que, mesmo que realizados o
procedimento de desinfecção, os desinfetantes não seriam capazes de acabar com
esse vírus, portanto, não houver, neste caso, incremento do risco, porque se
observasse a regra, o risco seria o mesmo. Neste caso, responderá por tentativa
de homicídio.
Somente será punido se o desvio estiver dentro da linha evolutiva do perigo criado
pela conduta anterior. Ex: Fulano dá uma facada em Cicrano, num lugar ermo. Ele
fica sem receber socorro por grande tempo, depois vem a falecer por infecção
generalizada provocada pelo ferimento que infeccionou, neste caso, está dentro da
linha evolutiva do perigo criado pela conduta anterior, portanto, responderá pelo
crime.
Assis Toledo entende que a infecção hospitalar generalizada causada por internação
em hospital depois de a vítima ser socorrida (Fulano atira em Cicrano); entende que
se trata de um desvio natural, portanto, o agente deve responder por homicídio
doloso consumado.
Mas, este caso não é pacífico, porque há doutrinadores, como LFG que entendem
que se trata de concausa superveniente relativamente independente, devendo o
agente responder por tentativa.
Princípio da confiança:
OBS: Esse p. não se aplica no caso de médico preceptor com o residente; estagiário
de engenharia e engenheiro chefe (nesses casos ambos são aprendizes, então o
outro é responsável, não há relação de confiança).
2. Antijuridicidade:
Trata-se de saber se o sujeito individual merece uma pena pelo injusto que realizou
Já para Roxin, a culpa do tipo abrange tanto a previsibilidade objetiva (seu marco
mínimo) e a previsibilidade subjetiva (seu marco máximo).
Para Roxin, o que é fundamental para aplicação da pena a pena tem uma função
de prevenção geral, dirigida a todos; e a função de prevenção especial, dirigida tão-
somente ao condenado.
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Estado de necessidade
Günther Jakobs
2. Antijuridicidade (material)
Proibição de regresso:
Ex: Fulano que vende pão para Cicrano, sabendo que este vai usar o pão para
envenenar Beltrano. Ele realmente o faz. Fulano (padeiro), não poderá ser
responsabilizado, porque ele cumpriu seu papel, o qual não representa uma fonte de
perigo, encontrável em toda sociedade, por isso não cabe a regressão penal para
atingir quem cumpriu seu papel; ainda que ele tenha conhecimento da “mera
cogitação” da possível realização do crime.
OBS: Lembrar que, para a doutrina tradicional, nem sempre será assim! Ex: pessoa
que aluga casa sabendo que vai ser utilizada para ponto de tráfico para Jakobs
não vai ser punido; para doutrina clássica vai.
Culpabilidade:
Quando houver necessidade de prevenção geral (ele não trabalha com prevenção
especial, devido à função do DP confiança na norma) previsão concreta de
pena.
Para existir tipicidade penal não basta que haja a adequação do fato à lei (tipicidade
legal – nós podemos chamar de tipicidade formal); deva haver, também, a
antinormatividade e a lesividade ao bem jurídico
Zaffaroni Uma norma não pode proibir o que outra ordena ou fomenta; sob pena
de não estarmos diante de ordenamento normativo, mas sim de uma desordem
normativa. Por isso, ao analisarmos a tipicidade penal devemos reunir todo o
ordenamento jurídico para saber se o fato está ordenado ou fomentado por esse
ordenamento; o que não poderá ser reprimido em outro.
Ou seja, o DP não pode proibir o que outro ramo do Direito ordena ou fomenta.
Quando existir uma norma meramente permissiva, significa que o Estado a tolera.
Ela é contra o ordenamento normativo, mas ela não é uma conduta contrária ao
ordenamento jurídico, porque não causou danosidade real (é antinormativa e não é
antijurídica).
b) Acordo e consentimento
Consentimento é revogável a qualquer tempo (mas deve ter o limite até a ocorrência
do fato! – Zaffaroni não disse isso, mas é o óbvio).
E no caso das cirurgias plásticas??? são típicas! Porque não são fomentadas
nem ordenadas.
Apesar disso, podem ser lícitas, porque vão ser justificadas pelo consentimento do
ofendido.
f) P. da insignificância
A lesão ao bem jurídico é tão mínima que não gera a intervenção do DP.
AULA 15/01/09
1. FURTO:
Hoje, para a tese mais moderna e majoritária: posse breve e minimamente tranqüila.
Prática: não precisa sair da esfera de vigilância da vítima (lembrar exemplo da
empregada que esconde jóia da patroa, para algum tempo depois ela poder levar
consigo)
1. T. Objetivo-formal:
Ato executório: quando o agente inicia a prática da ação típica
Ato preparatório: qualquer ato anterior ao da prática da ação típica
(verbo núcleo do tipo), mas que esteja diretamente ligado a este.
2. T. Objetivo-material:
O ato de execução não se resume apenas àquele em que há o início
de realização da ação típica, mas também haverá ato executório
quando houver a prática de uma conduta imediatamente anterior à
típica que tenha com esta uma unidade natural.
Escalada:
É o ingresso no local da subtração por via anormal, desde que por meio que tenha
gerado um dispêndio de energia maior que o comum (Ex: cavar túnel)
Ex: Caso do taxista que está no shopping com o passageiro; este pede a chave para
buscar algo que esqueceu no carro. Como o taxista entrega a chave estelionato
Rompimento de obstáculo:
Exige para sua configuração, que haja uma ofensa à coisa (exige-se um esforço
para o rompimento)
OBS: se a pessoa remove telhas, sem quebrá-las, para entrar na casa, não há
rompimento de obstáculo. É necessário que haja “violência” contra a coisa.
MP entende que agente primário é aquele que, além de não ser reincidente,
possui bons antecedentes, ou seja, não possui maus antecedentes (mas a maioria
entende que basta que não seja reincidente).
Coisa de pequeno valor é aquela que, ao tempo do fato, tem valor igual ou inferior
a 1SM olhar isso no caderno do Rogério (aqui está muito simplista, ver tribunais)
Furto noturno:
OBS: O MP não acolhe essa tese doutrinária, porque não se encontra prevista em
lei e porque seria caso de mera presunção, considerando que, em tese, haveria
sempre uma possibilidade de consumação, ainda que pouco provável.
2. ROUBO:
Momento consumativo:
* Roubo próprio:
Tentativa é possível.
* Roubo impróprio:
Tentativa muitos doutrinadores entendem que não cabe, mas em tese, é cabível,
pois a pessoa pode iniciar a ação violenta e ser impedida.
Requisitos:
OBS: Seqüestro relâmpago Antes da 11.923/09, a maioria entendia que esse fato
deveria ser tratado como roubo, devido a duas características: mal iminente ou atual
e a falta de opção para a vítima; com a lei, hoje é caso de extorsão qualificada (art.
158, § 3º).
Configura-se quando há alguém que tem o dever legal de agir para evitar o roubo.
Pressupõe a existência de dolo, porque não existe punição para roubo culposo.
CONCURSO:
3. LATROCÍNIO:
STF já decidiu que o crime de latrocínio existe, ainda que a morte tenha ocorrido por
culpa.
Até mesmo na hipótese nº 2, quando a morte se der por culpa, aplica-se a SUM
610.
4. ESTATUTO DO DESARMAMENTO:
L. 10.826/03
Arts. 12, 14 e 15 (mais cobrados em provas)
Art. 15 disparo
A executor
B conduzir homicídio
C logística do crime
B e C fazem a sua parte. Porém, A toma uma das posições: AE (já praticou atos
executórios) ou DV (ainda não executou).
OBS: CECCON tem um parecer nesse sentido (existem só dois casos julgados em
MG)
Duas teses:
Portanto, no exemplo, A praticou o crime na forma tentada, porque o ato dele é FT,
antijurídico e culpável, porém, não punível.
OBS: Greco entende que a 2ª corrente está correta, porém, deve ser aplicada a 1ª,
apesar de estar incorreta!!!! Absurdo