Vanguardas Europeias

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Vanguardas Europeias

Modernismo
Vanguardas Europeias

 As vanguardas europeias são o conjunto de tendências artísticas vindas de diferentes países


europeus cujo principal objetivo era levar para a arte o sentimento de liberdade criadora, a
subjetividade e até mesmo certo irracionalismo, sobretudo em um contexto em que as correntes
filosóficas de cunho positivista influenciavam toda produção artística da época. Os movimentos de
vanguarda emergiram nas duas primeiras décadas do século XX e provocaram uma ruptura com a
tradição cultural do século XIX, influenciando não apenas as artes plásticas, mas também outras
manifestações artísticas, entre elas a literatura.
 Do francês avant-garde, a palavra vanguarda significa “o que marcha na frente”. As correntes de
vanguarda, embora apresentassem propostas específicas, pregavam um mesmo ideal: era preciso
derrubar a tradição por meio de práticas inovadoras, capazes de subverter o senso comum e captar
as tendências do futuro. Essas propostas, incompreendidas à época em virtude, principalmente, do
contexto conservador no qual estavam inseridas, adquiriram importância histórica e influenciaram o
trabalho de vários artistas no mundo. No Brasil, as vanguardas estiveram intrinsecamente
relacionadas com a primeira geração do Modernismo, uma vez que seus representantes (presentes
na literatura, na arquitetura, nas artes plásticas ou na música), contagiados pelo sentimento de
renovação, observaram a necessidade de alinhar o pensamento artístico brasileiro às vanguardas
que surgiram na França no início do século XX.

Cubismo
 Teve maior representatividade entre os anos de 1907 e 1914,
mais especificamente na pintura. Seu propósito era
decompor, fragmentar as formas geométricas. Investia na
subjetividade de interpretação das obras, afirmando que um
mesmo objeto poderia ser visto de vários ângulos. Na
literatura, caracteriza-se pela representação de uma
realidade fragmentada, que é retratada por palavras
dispostas simultaneamente, com o objetivo de formar uma
imagem. Os principais artistas que representaram esta
vanguarda foram: Pablo Picasso, Fernand Léger, André de
Lothe, Juan Gris e Georges Braque, na pintura, e Apollinaire e
Cendras na literatura.
Cubismo

 Hípica

 Saltos records
cavalos da penha
correm jaquéis e higionopolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca chá
Na sala de cocktails
 ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. In: Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1974. v. 7, p. 129.
Futurismo

 Surgiu através do Manifesto Futurista, criado pelo italiano Tommaso Marinetti em 1909. Suas
proposições eram negar o passado, o academicismo e trazer o interesse ideológico, a
pesquisa, a experimentação, a técnica e a tecnologia para a arte. Marinetti pregava o
desapego ao tradicionalismo, especialmente quanto à sintaxe da língua.
 Proposta violenta de destruição total do passado; o fascínio pela guerra que promove a
aniquilação dos símbolos do passado; a exaltação pelas formas do mundo
moderno: automóveis, aviões, em um eterno culto à velocidade
 Adotando uma perspectiva violenta, agressiva e iconoclasta, os futuristas exaltam “a
bofetada e o soco” como meio de despertar o público para a passividade em que se
encontra. A violência que destrói as certezas e os modelos obriga o leitor a reagir. O
processo de recepção da nova arte passa a ser, assim, mais dinâmico e interativo.
 Lado sombrio do Futurismo: na Itália, com a chegada de Mussolini ao poder. O fascínio de
Marinetti pela violência e pela guerra, aliado a um patriotismo exacerbado, faz com que
transforme o movimento em uma espécie de porta-voz do regime fascista, a partir de 1919.
Futurismo

 CARACTERÍSTICAS DO FUTURISMO
 • Dinamicidade
 • Aspectos mecânicos
 • Velocidade abstrata
 • Uso de elementos geométricos
 • Esquemas sucessivos de representação do objeto pictórico, como exposição fotográfica
múltipla.
 • Movimentos animados pela fragmentação das figuras representadas, conforme o modernismo.
(no final da fase fica próximo ao cubismo)
Futurismo

 Manifesto do Futurismo
1 – Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito à energia e à temeridade.
2 – Os elementos essenciais da nossa poesias são a coragem, a audácia e a revolta.
3 – Tendo a literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, nós queremos
exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo ginástico, o salto mortal, a bofetada o soco.
4 – Nós declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma beleza nova: a beleza da
velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre adornado de grossos tubos como serpentes de
fôlego explosivo…um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória
de Samotrácia. […]
9 – Nós queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo – o militarismo, o patriotismo, o gesto
destruidor dos anarquistas, as belas idéias que matam, e o menosprezo à mulher.
10 – Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo, o feminismo e todas as
covardias oportunistas e utilitárias.
11- Nós cantaremos as grandes multidões movimentadas pelo trabalho, pelo prazer e pela revolta; […]
os navios aventureiros farejando o horizonte; as locomotivas de grande peito, que escoucinham os
trilhos, como enormes cavalos de aço freados por longos tubos, e o vôo deslizante dos aeroplanos, cuja
hélice tem os estalos da bandeira e os aplausos da multidão entusiasta.”
É na Itália que nós lançamos este manifesto de violência agitada e incendiária, pela qual fundamos
hoje o Futurismo, porque queremos livrar a Itália de sua gangrena de professores, de arqueólogos, de
cicerones e de antiquários.
Futurismo
 Ode triunfal- Álvaro de Campos Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos [modernos,
"À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da De vos ouvir demasiadamente de perto,
fábrica
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um
Tenho febre e escrevo. excesso
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza De expressão de todas as minhas sensações,
disto,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos máquinas! “
antigos.
[...)
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu
[sinto!
Expressionismo
 Surge na Alemanha em 1910. A base do Expressionismo é o
resultado de um processo criativo que supõe a perda do
controle consciente durante a produção da obra de arte. A
realidade não deve mais ser percebida em planos distintos
(físico, psíquico, etc.), mas sim transformada em expressão.
 Valorizava a subjetividade, opondo-se à estética impressionista.
Os expressionistas preconizavam a arte como elemento legítimo
para expressão dos sentimentos do artista.
 Características na literatura: linguagem fragmentada, elíptica,
constituídas por frases nominais( aglomerado de substantivos e
adjetivos); despreocupação com a organização do texto em
estrofes, com o emprego de rimas e musicalidade e combate á
fome, á inércia e aos valores do mundo burguês.
Expressionismo
A luz delirava, apressada a um vago aviso da
 O Fim do Mundo (Weltende) tarde. Era tal e tanta que embaçava de ouro a
amplidão. Se via tudo de longe num halo que
Um chapéu voa destapando um burguês. divinizava e afastava as coisas mais. Lassitude.
Todo o ar ressoa como um grito. No quiriri tecido de ruidinhos abafados, a cidade
Aterram os telhados e quebram-se em dois. se movia pesada, lerda. O mar parava azul. […]
A costa- lê-se nos jornais-está cheia das marés.
Fräulein botara os braços cruzados no parapeito
A tempestade aí está, o tropel dos oceanos de pedra, fincara o mento aí, nas carnes rijas. E
desembarca e esmaga os grossos diques. se perdia. Os olhos dela pouco a pouco se
A constipação de muita gente vê-se no nariz, fecharam, cega duma vez. A razão pouco a
e os comboios caem nos túneis. pouco escampou. Desapareceu por fim,
escorraçada pela vida excessiva dos
(Trad. de J.T.Parreira) sentidos. Das partes profundas do ser lhe viam
apelos vagos e decretos fracionados. Se
misturavam animalidades e invenções geniais.
[…] Adquirira enfim uma alma vegetal.
 ANDRADE, Mário de. Amar, verbo
intransitivo. 18. ed. Belo Horizonte: Vila Rica,
1992. p. 120. (Fragmento)
Dadaísmo
 Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, o romeno Tristan Tzara
espanta o mundo com mais uma vanguarda: o Dadaísmo ou Dadá,
a mais radical e a menos compreensível de todas as vanguardas.
 Caracteriza-se pela agressividade verbal, pela desordem nas
palavras, a incoerência, a quebra da lógica e do racionalismo, e
pelo abandono das regras formais do fazer poético: rima, ritmo, etc.
 O Dadá vem para abolir de vez a lógica, a organização, o olhar
racional, dando à arte um caráter de espontaneidade total. A falta
de sentido já é anunciada no nome escolhido para a vanguarda.
Dizia Tzara que dada, palavra que encontrou casualmente num
dicionário, pode significar: rabo de vaca santa, mãe; certamente;
ama-de-leite. Mas acabou afirmando, no movimento
dadaísta: DADÁ NÃO SIGNIFICA NADA.
Dadaísmo
 Características: falta de lógica e a espontaneidade, agressividade, improvisação, desordem,
rejeição a qualquer tipo de racionalização e equilíbrio , livre associação de palavras e
invenção de palavras com base na exploração apenas de sua sonoridade.
Dadaísmo
 Receita de poema dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do
público.

TZARA, Tristan. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. 9. ed. Petrópolis:
Vozes, 1986. p. 132. (Fragmento).
Surrealismo
Foi, cronologicamente, o último movimento da
vanguarda europeia do início do século XX. André
Breton (1896 – 1966), autor do primeiro manifesto
surrealista, definiu o movimento: “Surrealismo, s.m.
Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe
exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de
qualquer outra maneira, o funcionamento real do
pensamento.”
“O Surrealismo não é um estilo. É o grito da mente
que se volta para si mesma.” Assim o ator e escritor
Antonin Artaud definiu essa vanguarda.
É ligada às artes visuais e se interessa em adquirir um
maior conhecimento do ser humano. Seus seguidores
pretendem, por meio da valorização da fantasia, do
sonho, do interesse pela loucura, liberar o
inconsciente humano, terreno fértil e ainda muito
pouco explorado.O fascínio pelo inconsciente e por
todas as formas que vão além da realidade objetiva
aproxima os surrealistas da teoria psicanalítica de
Sigmund Freud.
Surrealismo

 O grande nome da literatura surrealista é André Breton. Em 1924, ele publica em Paris
o Manifesto do Surrealismo, em que define o espírito e os objetivos da nova vanguarda.
 Na literatura, a liberação do inconsciente deve ser alcançada com o auxílio da escrita
automática.
[…] Mandem trazer algo com que escrever, depois de se haverem estabelecido em um lugar
tão favorável quanto possível à concentração do espírito sobre si mesmo. Ponham-se no
estado mais passivo, ou receptivo que puderem. Façam abstração de seus gênios, de seus
talentos e dos de todos os outros. Digam a si mesmos que a literatura é um dos: mais tristes
caminhos que levam a tudo. Escrevam depressa, sem um assunto preconcebido, bastante
depressa para não conterem e não serem tentados a reler. A primeira frase virá sozinha,
tanto é verdade que a cada segundo é uma frase estrangeira ou estranha a nosso
pensamento consciente que só pede para se exteriorizar.[…]
BRE TON, André. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo
brasileiro. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. p. 194. (Fragmento).
Surrealismo
 Aproximação do terror
I (apud Laís Correa de Araújo, Murilo Mendes,
2ªed., Petrópolis, Vozes,1 972, p. 132)
Dos braços do poeta
Pende a ópera do mundo
(Tempo, cirurgião do mundo):
O abismo bate palmas,
A noite aponta o revólver.
Ouço a multidão, o coro do universo,
O trote das estrelas
Já nos subúrbios da caneta:
As rosas perderam a fala.
Entrega-se a morte a domicílio.
Dos braços…
Pende a ópera do mundo.
Referências

 www.google.com
 CEREJA, W.R. e MAGALHÃES, T.C. Português: linguagens. Volume único.
São Paulo, Atual, 2005.
 https://daliteratura.wordpress.com

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