Vanguardas Europeias
Vanguardas Europeias
Vanguardas Europeias
Modernismo
Vanguardas Europeias
Hípica
Saltos records
cavalos da penha
correm jaquéis e higionopolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca chá
Na sala de cocktails
ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. In: Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1974. v. 7, p. 129.
Futurismo
Surgiu através do Manifesto Futurista, criado pelo italiano Tommaso Marinetti em 1909. Suas
proposições eram negar o passado, o academicismo e trazer o interesse ideológico, a
pesquisa, a experimentação, a técnica e a tecnologia para a arte. Marinetti pregava o
desapego ao tradicionalismo, especialmente quanto à sintaxe da língua.
Proposta violenta de destruição total do passado; o fascínio pela guerra que promove a
aniquilação dos símbolos do passado; a exaltação pelas formas do mundo
moderno: automóveis, aviões, em um eterno culto à velocidade
Adotando uma perspectiva violenta, agressiva e iconoclasta, os futuristas exaltam “a
bofetada e o soco” como meio de despertar o público para a passividade em que se
encontra. A violência que destrói as certezas e os modelos obriga o leitor a reagir. O
processo de recepção da nova arte passa a ser, assim, mais dinâmico e interativo.
Lado sombrio do Futurismo: na Itália, com a chegada de Mussolini ao poder. O fascínio de
Marinetti pela violência e pela guerra, aliado a um patriotismo exacerbado, faz com que
transforme o movimento em uma espécie de porta-voz do regime fascista, a partir de 1919.
Futurismo
CARACTERÍSTICAS DO FUTURISMO
• Dinamicidade
• Aspectos mecânicos
• Velocidade abstrata
• Uso de elementos geométricos
• Esquemas sucessivos de representação do objeto pictórico, como exposição fotográfica
múltipla.
• Movimentos animados pela fragmentação das figuras representadas, conforme o modernismo.
(no final da fase fica próximo ao cubismo)
Futurismo
Manifesto do Futurismo
1 – Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito à energia e à temeridade.
2 – Os elementos essenciais da nossa poesias são a coragem, a audácia e a revolta.
3 – Tendo a literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, nós queremos
exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo ginástico, o salto mortal, a bofetada o soco.
4 – Nós declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma beleza nova: a beleza da
velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre adornado de grossos tubos como serpentes de
fôlego explosivo…um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória
de Samotrácia. […]
9 – Nós queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo – o militarismo, o patriotismo, o gesto
destruidor dos anarquistas, as belas idéias que matam, e o menosprezo à mulher.
10 – Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo, o feminismo e todas as
covardias oportunistas e utilitárias.
11- Nós cantaremos as grandes multidões movimentadas pelo trabalho, pelo prazer e pela revolta; […]
os navios aventureiros farejando o horizonte; as locomotivas de grande peito, que escoucinham os
trilhos, como enormes cavalos de aço freados por longos tubos, e o vôo deslizante dos aeroplanos, cuja
hélice tem os estalos da bandeira e os aplausos da multidão entusiasta.”
É na Itália que nós lançamos este manifesto de violência agitada e incendiária, pela qual fundamos
hoje o Futurismo, porque queremos livrar a Itália de sua gangrena de professores, de arqueólogos, de
cicerones e de antiquários.
Futurismo
Ode triunfal- Álvaro de Campos Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos [modernos,
"À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da De vos ouvir demasiadamente de perto,
fábrica
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um
Tenho febre e escrevo. excesso
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza De expressão de todas as minhas sensações,
disto,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos máquinas! “
antigos.
[...)
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu
[sinto!
Expressionismo
Surge na Alemanha em 1910. A base do Expressionismo é o
resultado de um processo criativo que supõe a perda do
controle consciente durante a produção da obra de arte. A
realidade não deve mais ser percebida em planos distintos
(físico, psíquico, etc.), mas sim transformada em expressão.
Valorizava a subjetividade, opondo-se à estética impressionista.
Os expressionistas preconizavam a arte como elemento legítimo
para expressão dos sentimentos do artista.
Características na literatura: linguagem fragmentada, elíptica,
constituídas por frases nominais( aglomerado de substantivos e
adjetivos); despreocupação com a organização do texto em
estrofes, com o emprego de rimas e musicalidade e combate á
fome, á inércia e aos valores do mundo burguês.
Expressionismo
A luz delirava, apressada a um vago aviso da
O Fim do Mundo (Weltende) tarde. Era tal e tanta que embaçava de ouro a
amplidão. Se via tudo de longe num halo que
Um chapéu voa destapando um burguês. divinizava e afastava as coisas mais. Lassitude.
Todo o ar ressoa como um grito. No quiriri tecido de ruidinhos abafados, a cidade
Aterram os telhados e quebram-se em dois. se movia pesada, lerda. O mar parava azul. […]
A costa- lê-se nos jornais-está cheia das marés.
Fräulein botara os braços cruzados no parapeito
A tempestade aí está, o tropel dos oceanos de pedra, fincara o mento aí, nas carnes rijas. E
desembarca e esmaga os grossos diques. se perdia. Os olhos dela pouco a pouco se
A constipação de muita gente vê-se no nariz, fecharam, cega duma vez. A razão pouco a
e os comboios caem nos túneis. pouco escampou. Desapareceu por fim,
escorraçada pela vida excessiva dos
(Trad. de J.T.Parreira) sentidos. Das partes profundas do ser lhe viam
apelos vagos e decretos fracionados. Se
misturavam animalidades e invenções geniais.
[…] Adquirira enfim uma alma vegetal.
ANDRADE, Mário de. Amar, verbo
intransitivo. 18. ed. Belo Horizonte: Vila Rica,
1992. p. 120. (Fragmento)
Dadaísmo
Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, o romeno Tristan Tzara
espanta o mundo com mais uma vanguarda: o Dadaísmo ou Dadá,
a mais radical e a menos compreensível de todas as vanguardas.
Caracteriza-se pela agressividade verbal, pela desordem nas
palavras, a incoerência, a quebra da lógica e do racionalismo, e
pelo abandono das regras formais do fazer poético: rima, ritmo, etc.
O Dadá vem para abolir de vez a lógica, a organização, o olhar
racional, dando à arte um caráter de espontaneidade total. A falta
de sentido já é anunciada no nome escolhido para a vanguarda.
Dizia Tzara que dada, palavra que encontrou casualmente num
dicionário, pode significar: rabo de vaca santa, mãe; certamente;
ama-de-leite. Mas acabou afirmando, no movimento
dadaísta: DADÁ NÃO SIGNIFICA NADA.
Dadaísmo
Características: falta de lógica e a espontaneidade, agressividade, improvisação, desordem,
rejeição a qualquer tipo de racionalização e equilíbrio , livre associação de palavras e
invenção de palavras com base na exploração apenas de sua sonoridade.
Dadaísmo
Receita de poema dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do
público.
TZARA, Tristan. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. 9. ed. Petrópolis:
Vozes, 1986. p. 132. (Fragmento).
Surrealismo
Foi, cronologicamente, o último movimento da
vanguarda europeia do início do século XX. André
Breton (1896 – 1966), autor do primeiro manifesto
surrealista, definiu o movimento: “Surrealismo, s.m.
Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe
exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de
qualquer outra maneira, o funcionamento real do
pensamento.”
“O Surrealismo não é um estilo. É o grito da mente
que se volta para si mesma.” Assim o ator e escritor
Antonin Artaud definiu essa vanguarda.
É ligada às artes visuais e se interessa em adquirir um
maior conhecimento do ser humano. Seus seguidores
pretendem, por meio da valorização da fantasia, do
sonho, do interesse pela loucura, liberar o
inconsciente humano, terreno fértil e ainda muito
pouco explorado.O fascínio pelo inconsciente e por
todas as formas que vão além da realidade objetiva
aproxima os surrealistas da teoria psicanalítica de
Sigmund Freud.
Surrealismo
O grande nome da literatura surrealista é André Breton. Em 1924, ele publica em Paris
o Manifesto do Surrealismo, em que define o espírito e os objetivos da nova vanguarda.
Na literatura, a liberação do inconsciente deve ser alcançada com o auxílio da escrita
automática.
[…] Mandem trazer algo com que escrever, depois de se haverem estabelecido em um lugar
tão favorável quanto possível à concentração do espírito sobre si mesmo. Ponham-se no
estado mais passivo, ou receptivo que puderem. Façam abstração de seus gênios, de seus
talentos e dos de todos os outros. Digam a si mesmos que a literatura é um dos: mais tristes
caminhos que levam a tudo. Escrevam depressa, sem um assunto preconcebido, bastante
depressa para não conterem e não serem tentados a reler. A primeira frase virá sozinha,
tanto é verdade que a cada segundo é uma frase estrangeira ou estranha a nosso
pensamento consciente que só pede para se exteriorizar.[…]
BRE TON, André. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo
brasileiro. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. p. 194. (Fragmento).
Surrealismo
Aproximação do terror
I (apud Laís Correa de Araújo, Murilo Mendes,
2ªed., Petrópolis, Vozes,1 972, p. 132)
Dos braços do poeta
Pende a ópera do mundo
(Tempo, cirurgião do mundo):
O abismo bate palmas,
A noite aponta o revólver.
Ouço a multidão, o coro do universo,
O trote das estrelas
Já nos subúrbios da caneta:
As rosas perderam a fala.
Entrega-se a morte a domicílio.
Dos braços…
Pende a ópera do mundo.
Referências
www.google.com
CEREJA, W.R. e MAGALHÃES, T.C. Português: linguagens. Volume único.
São Paulo, Atual, 2005.
https://daliteratura.wordpress.com