OYA - Iansã: Vermelho

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OYA – Iansã

Filiação: Iemanjá e Oxalá, Princesa de Irá, em 1450 a.C, sobrinha neta do rei
de Elempé, neta de Torossi, prima de Xangô.
Dia: quarta-feira
Data: 04 de dezembro (sincretismo católico)
Metal: cobre.
Pedras: Rubi, ágata, coral, granada e Terracota.
Números: 09; 04; 11.
Animais símbolos: borboleta, gato e búfalo.
Folhas: Pára-Raio; louro; brinco de princesa; flor de coral; Malva Rosa; pitanga; guiné;
santa Bárbara; nega-mina; lacre; rosa chá; rosa caqui; flor de flamboiant; Erva-prata;
Bambu.
Frutas: romã; manga rosa; maracujá caiano.
Perfume: violeta, verbena e madeira.
Cor: marrom terra. Vermelho. Grená. Rosa. Coral.
Partes do corpo: fígado e o sangue. Rege o sistema nervoso e a circulação. Protege contra

doenças cardíacas, derrame e infarto, e tensão nervosa.


Comida: acarajé ou akara (bolinhos fritos de feijão fradinho); abará; feijão, amalá de
14 quiabos, ekuru, romã, palmito em rodelas (fresco).
Ewó: carneiro, cabrito, melão e abóbora.
Doenças: distúrbios respiratórios.
Animais de Oferendas: cabra; galinha; coquem (vermelha). Suas oferendas devem ser
entregues num bambuzal.
Adereços: Adê, couraça, escudo, tudo de cobre.
Símbolo: vento / eru kere; espada de cobre e o eru (rabo de búfalo, normalmente no Brasil
é substituído pelo de boi ou cavalo).
Dia da Semana Yorubá: ojo awo (dia do segredo).
Região da África: Irá.
Toques: ilù, agueré e ego.
Axé (forca emanada): proteção contra eguns.
Odus que rege: osá, Irosun e owarin.
Domínio: ventos, ventanias, raios, tempestades, caminhos, morte, eguns.
Características: sexualidade, dinamismo, poder sobre a morte, continuidade das gerações.
Sincretismo Católico – Santa Bárbara. Cuba: N.S. de La Candelária
Outros nomes sincréticos: Bamburucema; Matamba; Cita.
Planetas: Urano e Júpiter.
Signos sincréticos: libra, leão, aquario e sagitário.
Chacra sincrético: plexo cardíaco.
Mitologia Greco-romana: Eólio (vento) e Juno.
Tarô: A Imperatriz.
Elementos: Ar em movimento e Fogo.
Títulos: Alakokô; Opakokô; Senhora dos Raios e da Tempestade; Senhora da Tarde;
Carregadora de Ebós; Senhora dos Espíritos.
Nomes próprios derivados: Oyabiyi, Oyadê, Oloya.
Filhos famosos: Helena de Tróia, Joana D'Arc, Santa Bárbara, Anita Garibaldi.
Saudação: epa hey oya (ê parrei). Iya Mesan Orun!
Arquétipo: é de pessoas audaciosas, poderosas e autoritárias, pessoas que podem ser fiéis,
de uma lealdade absoluta em certas circunstâncias, mas que em outros momentos, quando
contrariadas em seus projetos e empreendimentos, deixam-se levar pelas manifestações da
mais extrema cólera. Pessoas, enfim, cujo temperamento sensual e voluptuoso podem levá-
las a aventuras amorosas extraconjugais, múltiplas e freqüentes, sem reserva de decência,
mas que não as impedem de continuarem muito ciumentas com os seus parceiros por elas
mesmas enganados.
Gostam de objetos de adornos, principalmente as bijuterias e o cobre. Pessoa extrovertida,
franca, amante da natureza. Revela ambição e temperamento forte. São guerreiras e
comunicativas. Maníacos por viagens; honestos com modos seguros, deixando os outros em
desvantagem. Em geral, são pessoas alegres, audaciosas, intrigantes, autoritárias, sensuais,
e desprendidas. Quando negativas, tendem a ter depressão, inquietude e ciúmes em
excesso.
Temperamento sensual e voluptuoso, podendo ser ciumentas com o marido que elas
próprias traíram. Quando contrariadas, podem exprimir grande cólera.
Pessoa inconstante; alegre, sociável, temperamental. Aventureira, Atrevida, impulsiva. Diz o
que quer, quando quer. Determinada, corajosa, ativa, forte, carismática. Personalidade forte,
muito sensual. Atrai os homens. Charmosa, graciosa, decidida. Amiga e companheira fiel.
Volúvel, apaixonada, líder, ousada, ciumenta, impetuosa, autoritária e temperamental. Não
se submete; é livre como o vento, porém muito dedicada a quem ama. Extrovertida.
Afinidades: mulher: homens de Ogun, Xangô, Oxumarê, Oxossi, Oxalá, Obaluaiê,
Exu e Ibeji. Homem: mulheres de Oxalá, Ogun, Exu, Xangô, Oxossi e Oxumarê.
Amor: mulher: Admirada, declara-se francamente quando quer alguém. Dá um fora com a
mesma franqueza. Possui beleza natural e é cheia de admiradores. Não é vaidosa, mas sabe
vestir-se e comportar-se quando necessário. O homem para ela tem que ser inteligente,
sóbrio, bom papo e místico. Excessivamente sensual; disposta a lutar com garra para manter
um romance.
Homem: Instável, volúvel, agitado, jamais se prende a uma pessoa só. Inconstante, quer
tudo ao mesmo tempo. Aventureiro, gosta de dançar. Embora seja ativo sexualmente,
precisa de uma parceira criativa.

História
Oyá foi uma princesa real em Irá, no ano de 1450 a.C. Sobrinha neta do rei de Elempé, neta
de Torossi (mãe de Xangô) conquistou com valentia e coragem seu caminho para o trono
de Oyó. Foi mulher de Xangô e ajudou-o em suas conquistas. Quando ele foi invadir Nupe
e Tapa, onde ela nasceu, Oyá o abandonou e foi para as cidades enfrentá-lo. Nem Xangô
ousou desafiá-la.
Menina dos olhos de Oxalá; é a única divindade que entra no igbalé de Egungun.

Filha de Nánà. Deusa dos ventos, das tempestades, dos tufões, dos elementos aéreos
ligados ao relâmpago (ar + movimento = ao fogo). É a deusa do rio Níger na África,
comanda os Eguns (os mortos).
Conta uma das lendas que Iansã, a primeira esposa de Sàngó, teria ido, a seu mandato, a
um reino vizinho buscar 3 cabaças que estavam com Obaluaiê. Foi dito a ela que não
abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a Sàngó. Iansã foi e lá Obaluaiê
recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto
acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora. Iansã ia muito apressada e não
agüentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça,
desrespeitando a vontade de Obaluaiê. Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou
para os céus. Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça. Da
segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii! Na vez da terceira cabaça
Sàngó chegou e a pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.

Ela tinha um temperamento ardente e impetuoso. Foi a única entre as mulheres de Sàngó
que, no fim de seu reinado, o seguiu em sua fuga para Tapá. Quando ele recolheu-se para
baixo da terra em Cosso, ela fez o mesmo em Yiá.

OYA teve nove filhos, uns dizem que foi com ÒGÚN, outros que foi com SÀNGÓ. Oito deles
nasceram mudos e o último nasceu um ÉGÚN e graças aos sacrifícios recomendados por
IFÀ, nasceu com o poder de falar com voz estranha e sobrenatural, chamada SEGI, que imita
a voz do macaco africano chamado IJIMARÈ, macaco que é consagrado aos ÉRÉS.
Seus filhos foram:
- 1 - IMALEGÃ -> Nasceu no primeiro dia do EBOYKÙ, arrancado do ventre de OYA
pelas ÌYÁMI, e foi envolvido em abanos;
- 2 - IORUGÃ -> Foi envolvido na palha seca e alimentado com talos de
bananeira. Nasceu com a vaidade de OYA e é o preferido;
- 3 - AKUGÃ -> Nasceu no terceiro dia da tempestade e foi criado nas touceiras de
bambu. É rebelde. Não se deve tocar o chão do bambuzal;
- 4 - URUGÃ -> Alimenta-se das folhas da bananeira e esconde-se nas florestas. Faz
buracos;
- 5 - OMORUGÃ -> Alimenta-se do pó do bambu que está caído no chão. Vive no
milharal e fica escondido nos bambuzais observando os seres humanos;
- 6 - DEMÓ -> OYA cobriu-o de lama para saber os segredos de seus inimigos. Usa
pele de búfalo para acompanhar ÒSÓÒSÌ;
- 7 - REIGÁ -> Acompanha os mortos e ronda os cemitérios. Esconde-se nas grandes
árvores dos cemitérios e ronda as sepulturas a procura de objetos perdidos ou
esquecidos pelas pessoas;
- 8 - HEIGÁ -> É violento e vive perseguindo o ORI do ser humano. Propicia desastres
e desordens;
- 9 – EGUN-EGUN - Filho de SÀNGÓ. OYA preparou-o para combater. Ele se apossa
do ser humano, fazendo-o cometer desatinos.

Conta outra lenda que Ògún foi caçar na floresta.


Colocando-se a espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para
matá-lo quando o animal, parando subitamente, retirou sua pele e uma linda mulher
apareceu diante de seus olhos. Era Oyá, Iansã. Ela escondeu a pele num formigueiro e
dirigiu-se ao mercado da cidade vizinha. Ògún apossou-se do despojo, escondeu-o no fundo
de um depósito de milho ao lado de sua casa. Foi em seguida ao mercado fazer a corte à
mulher búfalo. Ele chegou a pedi-la em casamento, mas Oyá recusou-se inicialmente.
Entretanto, ela acabou aceitando quando de volta a floresta não mais achou sua pele. Iansã
recomendou ao caçador não contar a ninguém que na realidade ela era um búfalo, um
animal.
Eles viveram bem durante alguns anos e ela teve nove crianças, o que provocou o ciúme das
outras esposas de Ògún. Estas, porém, conseguiram descobrir o segredo da aparição da
nova mulher. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: "Você pode beber,
comer e exibir sua beleza, mas a sua pele esta no depósito, você é um animal".
Iansã compreendeu a alusão. Encontrando sua pele, vestiu-a e, voltando em forma de
búfalo, matou as mulheres ciumentas. Em seguida, deixou para seus filhos os chifres,
dizendo-lhes que em caso de necessidade batessem um contra o outro e ela viria
imediatamente em socorro deles.

Conhecida no Brasil como Yansã, cujo nome advém de algumas formas prováveis:
Oyamésàn - nove Oyàs; usado como um dos nomes de Oyá. Ìyá Omo mésàn, mãe de
nove crianças, Iansã, que da lenda da criação da roupa de Egungun por Oyá. Ìyámésàn
"a mãe (transformada em) nove", que vem da história de Ifá, da sua relação com Ogum.
Observe-se que em todas as formas, está relacionado com o número 9, indicativo principal
do seu odu.
Está associada ao ar, ao vento, a tempestade, ao relâmpago/raio (ar+movimento e fogo) e
aos ancestrais (eguns). Principal esposa de Xangô, impetuosa, guerreira e de forte
personalidade, também rainha dos espíritos dos mortos, sendo reverenciada no culto dos
eguns. Em yorubá, chama-se Odò Oyá.

Recebeu de SÀNGÓ o título de YÀSÁN, que quer dizer, "a senhora das tardes", pois
chegava sempre às tardes, linda e esvoaçante com sua roupa de fogo.

Diz uma das lendas que Oyá lamentava-se de não ter filhos, uma situação conseqüente da
sua ignorância a respeito das suas proibições alimentares. Embora lhe fosse recomendado
comer cabra, ela comia carneiro. Foi consultar um babalaô, que informou seu erro, lhe
aconselhando a fazer oferendas, entre as quais deveria haver um tecido vermelho. Este
pano, mais tarde, haveria de servir para confeccionar as vestimentas dos Egungun. Tendo
cumprido essa obrigação, Oyá tornou-se mãe de nove crianças.

Suas contas são vermelhas ou tijolo, o coral por excelência, o monjolo (uma espécie de conta
africana, oriunda de lava vulcânica). Seus símbolos são: os chifres de búfalo, um alfanje,
adaga, eruesin [eruexin] (confeccionado com pelos de rabo de cavalo, encravados em um
cabo de cobre, utilizado para "espantar os eguns").
Duas espadas e um par de chifres de búfalo representam a imagem de Oyá. Seus adeptos
não podem sequer encostar-se a carneiro e em volta dos pescoços usam contas de um certo
tom de vermelho (Marrom).

Foi a única mulher de Sàngó que o acompanhou em sua fuga para a terra de Tapa, mas se
desencorajou em Ira, sua cidade natal, onde, de acordo com o ditado "Oyá wole ni ilê Ira,
Sàngó wole ni Koso" (Oyá entrou na terra na casa de Ira, Sàngó entrou em Koso), ela
suicidou-se ao receber a noticia da morte de Sàngó. Oyá tornou-se a divindade do Rio
Níger. Os tornados e tempestades são as marcas de seu descontentamento.

Introdução: yansã é orixá de um rio, conhecido como níger, (original yorubá=oyá). Orixá
dos ventos, raios e tempestades, também guerreira, ágil e agitada como o próprio vento.
Extrovertida e sensual como poucas. Senhora absoluta dos eguns, além de esposa predileta
de xangô, divide com ele o domínio sobre as tempestades. Destemida, justiceira e guerreira,
não teme a nada.

Lendas: ogum foi caçar na floresta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo veio
em sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no animal, ogum
tratou de segui-lo. o búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiu sua
pele, transformando-se numa linda mulher. Era yansã, coberta por belos panos coloridos e
braceletes de cobre. Yansã fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a
no formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que ogum tinha visto tudo.
Assim que ela se foi, ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu celeiro. Depois foi a
cidade, e passou a seguir a mulher ate que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como
toda mulher bonita, ela recusou a corte. Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua
surpresa, não encontrou a trouxa. Tornou à cidade e encontrou ogum, que lhe disse estar
com ele o que procurava. Em troca de seu segredo (pois ele sabia que ela não era uma
mulher e sim animal), yansã foi obrigada a se casar com ele; apesar disso, conseguiu
estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de comentar o assunto com
qualquer pessoa. Chegando em casa, ogum explicou suas outras esposas que yansã iria
morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem; enquanto
ogum saía para trabalhar, yansã passava o dia procurando sua trouxa. Desse casamento
nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis. Uma
delas, para vingar-se, conseguiu embriagar ogum e ele acabou relatando o mistério que
envolvia yansã. Depois que ogum dormiu as mulheres foram insultá-las, dizendo que ela
era um animal e revelando que sua trouxa estava escondida no celeiro. Yansã encontrou
então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos,
poupando apenas seus filhos. Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a
acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres e orientou-os
para, em caso de perigo deveriam bater os chifres um contra o outro; com esse sinal ela iria
socorrê-los imediatamente. E por esse motivo que os chifres estão presentes nos
assentamentos de yansã/oyá.

Orixá da provocação e do ciúme, sendo também a paixão, a paixão violenta que corrói, é o
desejo sexual. Senhora dos cemitérios. Possui rivalidade com Ogum.

Era prima e esposa de Sàngó, viveu em 1400 a.C., Nascida na cidade de Irá em Nupé
(Nigéria), onde era princesa real.
Controla as almas e o culto de Eguns.
O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Níger, é imponente e atravessa todo o
país, esse rio é conhecido como Odo Oyá, já que ya em yorubá significa rasgar espalhar.
Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove, Yià Mésàn,
Yansã.
Oyá nasce da água e do fogo (elementos contraditórios), da tempestade, do raio, é a filha
do fogo - Omo Iná.
A tempestade é o poder manifesto de Oyá, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que
fecha sem chover.
Oyá é uma guerreira por vocação. Comanda os ventos e as forças dos elementos, o
estrondo do trovão anuncia a chegada da tempestade, anuncia a chegada de Oyá. O vento é
seu grande domínio, pois o ar em movimento é sinônimo de fogo, já que o vento propaga as
chamas e sem ar o fogo, simplesmente morre.
A morte e seus mistérios não assustam Oyá, Senhora dos Eguns. Foi Oyá quem teceu a
roupa de Egun, ela conhece o segredo, sabe o que há em baixo do pano, por isso Egungun
respeita sua rainha, sua mãe Oyá, a única que pode revelar o mistério da morte e do
renascimento.
O numero nove é sagrado para Oyá. Nove são as qualidades de Oyá. Nove são os espaços
do Orun. Oyá não podia ter filhos, mas teve nove depois de sacrificar um carneiro. E em
sinal de respeito, por ter seu pedido atendido, Yansã, a mãe dos nove filhos, nunca mais
comeu carneiro, por isso as casas que têm ligação com Oyá não derrubam esse animal
(agutan).
Oyá usava seus encantos e sedução para adquirir poder, por isso entregou-se a vários
homens, deles recebendo algum presente.
Com Ògún casou-se e teve nove filhos e adquiriu o direito de usar a espada em sua defesa
e dos demais.
Com Osogyian, adquiriu o direito de usar o escudo, para proteger-se dos inimigos. Com
Esú, adquiriu os direitos de usar o poder do fogo e da magia, para realizar os seus desejos e
os de seus protegidos. Com os ensinamentos que ganhou de Esú usou de sua magia para
transformar-se em búfalo, quando ia a defesa de seus filhos.
Com Odè, aprendeu a caçar, para suprir-se de carne e a seus filhos.
Com Logunèdè, adquiriu o direito de pescar e tirar dos rios os frutos d’água.
Com Omolu Oyá divide o mundo dos mortos, ele fez de OYÀ A Rainha dos espíritos dos
mortos, ela usa o Irukeré, o espanta mosca com que leva os eguns para o outro mundo.
Rainha Oyá Igbalé, a condutora dos espíritos.
Com Sàngó, adquiriu o poder de encantamento, o posto da justiça e o domínio dos raios.

Dos nove filhos que nasceram de Oyá, oito eram mudos, ela procurou o babalawo e fez
oferendas, tempos depois nasceu um filho que não era mudo, mas tinha uma voz estranha,
rouca, profunda, cavernosa. Esse filho foi Egungun, o antepassado que fundou cada
família, o ancestral que fundou cada cidade, o nono filho de Oyá! Quando Egungun volta
para dançar entre seus descendentes, usando suas ricas mascaras e roupas coloridas ele se
curva somente diante de Oyá. Todos aqueles que morrem, tem seus espíritos levados ao
Orun por OYÀ. Antes, porém devem ser homenageados por seus entes queridos, numa festa
com comidas, cantos e danças (Asésé) esses rituais foi criado por OYÀ.

Oyá e o Culto dos Eguns:


Os espíritos das adosù são cultuados no Ilé-ibo-akú (lésè òrìsà), isolado dos outros Ilé,
no próprio "terreiro" de òrìsà; esses espíritos são cultuados junto aos dos Èsà, primeiros
ancestres coletivos dos afro-brasileiros, os antepassados fundadores dos "terreiros" de
òrìsà.
O fato é de que os antepassados, em geral, são adorados em "terreiros" separados e são
objeto de um culto em que a forma e a organização diferem totalmente do dos òrìsà.
Os ancestrais adorados em território Yorubá também foram e são objetos de adoração no
Brasil. Alguns desses ancestres representam linhagens, quer seja de famílias quer seja de
disnatias reais; outros são projetores de certas cidades e regiões e alguns, preenchendo
funções particulares representam diversos aspectos da morte.
Aqueles ancestrais que tomam formas corporais constituem os Egun ou Egungun. É em
volta desses Egun, cuja origem se situa na África e que foram trazidos para o Brasil, que se
formaram grupos do culto Egungun.
A primeira brevíssima referência escrita (duas linhas) a respeito da presença do culto de
Egun no Brasil aparece em 1896 na obra pioneira de Nina Rodrigues (1935: 156).
Entretanto, há evidências da origem de vários "terreiros" Egun, fundados pelos africanos, no

decorrer do primeiro terço do século XIX. Só mencionamos, sumariamente, os nomes dos


que foram mais famosos.
Terreiro de Vera Cruz, fundado em torno de 1820, por um africano chamado Tio Serafim,
em Vera Cruz, Ilha de Itaparica.
Terreiro de Mocambo, fundado por volta de 1830 por um africano chamado Marcos-o-
Velho para distingui-lo de seu filho, na plantação de Mocambo, na Ilha de Itaparica.
Terreiro de Encarnação, fundado por volta de 1840 por um filho do Tio Serafim, chamado
João-dois-Metros por causa de sua altura excepcional, no povoado de Encarnação.
Terreiro de Tuntun, fundado em torno de 1850, pelo filho de Marcos-o-Velho, chamado Tio
Marcos, num velho povoado de africanos denominado Tuntun, na Ilha de Itaparica.
Todos esses "terreiros", e alguns outros que não enumeramos, eram bem conhecidos e
existiram aproximadamente entre 1820 e 1935 funcionando regularmente, segundo seus
calendários litúrgicos, com hierarquias e rituais bem definidos. Os Òjè, sacerdotes do culto
de Egungun, se conheciam, visitavam as diversas casas de culto e participavam de
cerimônias que se desenvolviam fora de seus próprios "terreiros". Assim constituía uma
fraternidade, uma espécie de maçonaria de características bem definidas. Os nomes e as
atividades de muitos desses Òjè são bem conhecidos. Seus descendentes diretos e outros
iniciados por eles nas antigas casas de culto continuam a praticar os rituais e conservam até
hoje duas casas de culto de Egun, atualmente as únicas existentes no Brasil. O Ilé-Agbóula
na Ilha de Itaparica foi fundado durante o primeiro quarto deste século e descende em linha
direta dos antigos "terreiros". O Ilé-Oya, de fundação muito mais recente é apenas um ramo
precedente.
Essas casas de culto dos Egungun herdaram dos antigos "terreiros" não só a liturgia e a
doutrina, não só o conhecimento do mistério e dos segredos do culto, mas também os
Eguns ancestrais que são e já foram objeto de adoração nos antigos "terreiros".
Com o tempo, a esses Egun de origem africana agregaram-se os Egun dos vários Òjè
mortos na Bahia e que, durante suas vidas, foram suficientemente eminentes para merecer a
honra de vir a ser os guardiões mortais da cultura Nàgô.
"O objeto primordial do culto Egungun consiste em tornar visíveis os espíritos
ancestrais, em manipular o poder que emana deles e em atuar como veículo entre os vivos
e os mortos. Ao mesmo tempo em que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o
culto Egungun também mantém estrito controladas relações entre vivos e mortos,
estabelecendo uma distinção muito clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos"
(os dois níveis da existência).
"Com efeito, os Baba trazem para seus descendentes e fiéis o benefício de sua bênção e
de seus conselhos, mas eles não podem ser tocados e ficam sempre isolados dos vivos. Sua
presença é rigorosamente controlada pelos Òjè e ninguém pode aproximar-se dos
Egungun".
Os Egungun; Baba Egun; ou simplesmente Baba, espíritos daqueles mortos do sexo
masculino especialmente preparados para ser invocado, aparecem de maneira característica,
inteiramente recobertos de panos coloridos, que permitem aos espectadores perceber
vagamente formas humanas de diferentes alturas e corpo. Acredita-se que sob as tiras de
pano que cobrem essas formas encontra-se o Egun de um morto, um ancestre conhecido
ou, se a forma não é reconhecível, qualquer aspecto associado à morte. Nesse último caso, o
Egungun representa ancestres coletivos que simbolizam conceitos morais e são os
guardiões de herdados costumes e tradições. Esses ancestres coletivos são os mais
respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiões que são da ética e da disciplina
moral do grupo.
A presença de Egun é o signo mais evidente da continuidade da vida.
No símbolo Egun está expresso todo o mistério da transformação de um ser-deste-mundo
num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no àiyé. Esse mistério, awo,
constitui o aspecto mais importante do culto Egun. A esse respeito uma cantiga declara:

1. Gégé orò aso la rí de acordo com os ritos, roupas, (é o que) vemos;


2. La ri, la rí, (é o que) vemos; (é o que) vemos,
3. Gégé orò aso lèmon De acordo com os ritos, tiras de pano (é o que) vemos,
4. A ko mò Baba Nós não sabemos, Pai.

Da morte só vemos suas roupas exteriores, as tira de pano, mas tanto o mistério da
transformação, o awo, quanto Ikú ou os elementos que são extensão dele (lembremos que
morte é do sexo masculino), não são, nem podem ser conhecidos. Como exige o segredo da
Sociedade Egungun, não é possível conhecer e não se deve procurar saber aquilo que está
oculto sob as tiras de pano.
Se, no mito Egun é filho, resultado da relação harmoniosa entre o poder masculino,
representado por Obatalá, e o poder feminino, representado por Odúa, num outro mito
Égún é o nono filho de Oyá e de Sàngó (por sua vez òrìsà-filhos na constelação das
entidades divinas).

Um mito conta que Oyá era a mulher de Ògùn e não podia ter filhos. Ela consultou um
Babalawo que revelou que ela só poderia ter criança de um homem que a possuísse com
violência. E foi assim que Sàngó a tomou. Oyá teve nove filhos dele. Os oito primeiros
nasceram mudos. Novamente, Oyá foi consultar o Babalawo que lhe disse que fizesse
sacrifícios. O resultado foi o nascimento de Egun ou Egungun, que não era mudo, mas só
podia falar com uma voz inumana. Isto se refere a particular maneira de falar de egun.

Oyá, única òrìsà-filha, herdeira do princípio feminino do vermelho, representa o poder do


pássaro, é o princípio genitor feminino que é a base da existência de Egun.
De fato, Oyá é a rainha "mãe" dos Egun. Ela é venerada ao lado dos Egun e é quem
comanda o mundo dos mortos. Um dos seus oriki, nomes atributivos, já mencionado, é:
Iyá-mésàn-òrun
Mãe dos nove òrun

Os nove filhos do mito que representam os ará-òrum, habitantes dos nove espaços do òrun.
É simbolizando tal aspecto que ela manipula o èrùkèrè.
Igualmente importante é a relação estabelecida pelo mito entre Sàngó e Egun. Vimos
que Sàngó simboliza disnatia; nesse sentido, é a imagem coletiva de ancestrais. Se bem
que pertençam a categorias diferentes (Sàngó se separa dos mortos e representa
principalmente
descendência), Egun herda características de Sàngó. Este, em sua qualidade de òrìsà, e
Egun, na de ancestre, representam dois níveis de um mesmo símbolo, expressos no mito
pela fórmula: Égún-filho-de-Sàngó.

Não é surpreendente, pois que os cultos de Sàngó e de Egun sejam originários da mesma
região, de Òyó, a terra Yorubá propriamente dita e que os habitantes --- ará-aiyé --- dessa
região considerem Sàngó como o símbolo de sua dinastia real.
Um outro mito também ilustra o nascimento de Egun seu culto passado das mãos da
mulher às do homem, a tensão entre os dois sexos, Ogun símbolo-filho-primogênito
assumindo o papel de primeiro Egun "liberado" e a retirada das mulheres do culto dos
ancestres.
"No começo do mundo, a mulher intimidava o homem desse tempo, e o manejava com o
dedo mindinho. É por isso que Oyá (conhecida mais comumente nos cultos afro-brasileiros
sob o nome Iyãsan) foi a primeira a inventar o segredo ou a maçonaria dos Egungun,
sob todos seus aspectos. Assim, quando as mulheres queriam humilhar seus maridos,
reuniam-se numa encruzilhada sob a direção de Iyãsan. Ela já estava ali com um grande
macaco que tinha domado, preparado com roupas apropriadas ao pé do tronco de igi,
árvore, para ele fazer o que fosse determinado por Iyãsan por meio de uma vara que ela
segurava na mão, conhecida com o nome de isan. Depois da cerimônia especial, o macaco
aparecia e desempenhava seu papel seguindo as ordens de Iyãsan. Isso se passava diante
dos homens que fugiam aterrorizados por causa dessa aparição. Finalmente, um dia, os
homens resolveram tomar providências para acabar com a vergonha de viverem
continuamente sob o domínio das mulheres. Decidiram então ir a Orúnmìlà (deus do
oráculo Ifá) a fim de consultar Ifá para saber que poderiam fazer para remediar uma tal
situação.
Depois de ter consultado o oráculo, Orúnmìlà lhes explicou tudo o que estava
acontecendo e que eles deveriam fazer. Em seguida ele mandou Ogun fazer uma oferenda,
ebó, compreendendo galos, uma roupa, uma espada, um chapéu usado, na encruzilhada, ao
pé da referida árvore, antes que as mulheres se reunissem. Dito e feito, Ogun chegou
bem cedo à encruzilhada e fez o preceito com os galos de acordo com que Orúnmìlà
ordenou. Em seguida, ele pôs a roupa, o chapéu e pegou a espada em sua mão. Mais tarde,
durante o dia, quando as mulheres chegaram e se reuniram para celebrar os ritos habituais,
de repente, viram aparecer uma forma terrificante. A aparição era tão terrível que a principal
das mulheres, isto é que estava a frente, Iyãsan, foi a primeira a fugir. Graças à força e ao
poder que tinha, ela desapareceu para sempre da face da terra. Assim, depois
dessa época, os homens Dominaram as mulheres e são senhores absolutos do culto.
Proibiram e proíbem Sempre as mulheres penetrar no segredo de toda sociedade de tipo
maçônico.

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