Joseph Gredt - Lógica - Aula V
Joseph Gredt - Lógica - Aula V
Joseph Gredt - Lógica - Aula V
LÓGICA
SOBRE O JUÍZO
Iudicii notio. – Iudicium definitur: actio 26 Noção de juízo. – O juízo define-se: a ação
intellectus, qua componit vel dividit do intelecto pela qual compõe ou divide
afirmando vel negando. – Explicatur afirmando ou negando. – A definição
definitio: Dupliciter potest intellectus explica-se: o intelecto pode compor e dividir
componere et dividere: a) simpliciter sibi de dois modos: a) simplesmente
repraesentando rerum aggregatum, quin representando a si um agregado de coisas,
quidquam affirmet vel neget – simplex sem que nada afirme ou negue – simples
apprehensio complexa: homo doctus, leo apreensão complexa: homem douto, leão que
rugiens; intellectus hoc modo simpliciter rugiente; o intelecto pode, desse modo,
apprehendere potest integram apreender simplesmente a proposição
propositionem; b) afirmando et negando. inteira; b) afirmando e negando. A essência
In affirmatione vel negatione seu in do juízo consiste na a afirmação ou negação,
sententia, quam fert intellectus ou antes, na sentença, que o intelecto
perspiciendo convenientiam vel concebe percebendo a conveniência ou
discrepantiam duorum conceptuum inter discrepância de dois conceitos entre si.
se, consistit essentia iudicii. Em todo juízo, distinguimos a matéria, ou
In omni iudicio distinguimus materiam antes, aquelas coisas que são compostas ou
seu ea, quae componuntur vel separantur separadas entre si: Sujeito e Predicado, e a
ad invicem: Subiectum et Praedicatum, et forma: composição ou divisão. O sujeito e o
2
CONFRARIA DE ARTES LIBERAIS
www.artesliberais.com.br
___________________________________________________________________________
1
Ou mediatamente a partir da autoridade; e assim a relação entre o sujeito e o predicado não é conhecida, mas é
acreditada.
3
CONFRARIA DE ARTES LIBERAIS
www.artesliberais.com.br
___________________________________________________________________________
percepta formatur iudicium: totum maius conotação, forma-se o juízo: o todo é maior
est sua parte), aut ex experientia). que a sua parte) ou a partir da experiência.
Iudicium potest considerari logice et O juízo pode ser considerado logicamente e
physice. Iudicium logice consideratum (ut fisicamente. O juízo considerado
artefactum logicum) est aliquid complexi, logicamente (enquanto artefato lógico) é
quod tamquam ex materia constat ex Pº et algo complexo que consta de predicado e
Sº, quae uniuntur vel separantur, i. e. sujeito como de matéria, que são unidas ou
relationibus rationis identitatis vel separadas, isto é, se referem por uma relação
discrepantiae ad invicem referuntur, in de razão de identidade ou discrepância, na
quo eius forma consistit. Physice qual consiste sua forma. Mas fisicamente o
veroiudicium est simplex actus, quo mens juízo é um ato simples, pelo qual a mente,
perspiciendo convenientiam vel percebendo a conveniência ou discrepância
discrepantiam inter S et P pronuntiat ea entre o sujeito e o predicado, pronuncia que
convenire vel non convenireinter se. eles convêm ou não convêm entre si. O
Intellectus autem perspiciendo hanc intelecto percebendo essa conveniência ou
convenientiam vel discrepantiam duorum discrepância de dois conceitos, produz um
conceptuum producit novum conceptum novo conceito que representa essa
repraesentativum huius convenientiae vel conveniência ou discrepância. Portanto,
discrepantiae. Quare, sicut in simplici assim como na simples apreensão, também
apprehensione, ita etiam in iudicio no juízo devem ser distinguidos o ato e o
distinguendus est actus et terminus seu termo, ou antes, o conceito por ele
conceptus ab eo productus. produzido.
CAPÍTULO II.
QUESTÃO I: Sobre os modos pelos quais a mente pode se achar quanto a uma verdade
a ser possuída.
Quotuplici modo mens humana habere 663 De quantos modos a mente pode se achar
se possit ad veritatem possidendam. – quanto a uma verdade a ser possuída. –
Intellectus noster quoad veritatem O nosso intelecto pode se achar quanto a
aliquam possidendam potest esse aut in uma verdade a ser possuída ou em pura
pura potentia, ita ut veritatem illam potência, de modo que não possua
omnino non possideat neque ullum absolutamente aquela verdade, nem tenha
habeat actum, quod appropinquet veritati nenhum ato que a aproxime da verdade a
possidendae; aut in actu sive imperfecto, ser possuída; ou em ato, seja imperfeito,
quo appropinquat ad veritatem pelo qual se aproxima à verdade a ser
possidendam, sive perfecto, quo possuída, seja perfeito, pelo qual possui a
veritatem perfecte possidet. Status purae verdade perfeitamente. O estado de pura
potentiae, in quo versatur intellectus, potência em que se encontra o intelecto tem
habet aut rationem merae negationis, ou a razão de mera negação, quando o
cum intellectus non est capax veritatis, de intelecto não é capaz de conhecer a verdade
qua agitur, cognoscendae, aut privationis, de que se trata, ou de privação, quando o
cum intellectus capax est veritatis intelecto é capaz de conhecer a verdade.
cognoscendae. Haec privatio est aut Esta privação é ou a ignorância, ou o erro,
6
CONFRARIA DE ARTES LIBERAIS
www.artesliberais.com.br
___________________________________________________________________________
ignorantia aut error, quatenus intellectus enquanto o intelectoo não tem ou tem um
non habet aut habet iudicium, sed falsum juízo, mas falso, ou antes, não adequado à
seu non adaequatum rei. Actus autem realidade. Agora, o ato imperfeito acerca de
imperfectus circa veritatem est aut uma verdade é ou a dúvida, quando o
dubium, cum intellectus versatur circa intelecto se encontra, acerca da verdade,
veritatem sine assensu seu iudicio, quo sem um assenso, ou antes, juízo, pelo qual
unam partem contradictorii, de quo admitiria uma parte do contraditório antes
agitur, admitteret prae alia; aut opinio, da outra; ou é a opinião, quando se
cum versatur circa veritatem cum assenso encontra, acerca da verdade, com um
seu iudicio, quo admittit unam partem, assenso, ou antes, juízo, pelo qual admite
sed infirmo, i. e. cum formidine uma parte, mas sem firmeza, isto é, com
contradictorii. Actus perfectus in virtute temor do contraditório. O ato perfeito em
cuius intellectus veritatem perfecte virtude do qual o intelecto possui uma
possidet, est certitudo. verdade perfeitamente é a certeza.
Quid sit nescientia, ignorantia, error, 664 Que são a nesciência, a ignorância, o erro
dubium. – Nescientia est carentia e a dúvida. – A nesciência é a carência de
cognitionis non debitae. Ignorantia est um conhecimento não devido. A ignorância
carentia cognitionis debitae. Haec é a carência de um conhecimento devido.
privatio, illa mera negativo. – Error est Esta é uma privação, aquela, mera negação.
status, quo intellectus approbat falsa pro – O erro é o estado pelo qual o intelecto
veris. – Dubium est status, quo intellectus admite coisas falsas como verdadeiras. – A
fluctuat inter duas partes contradictorii dúvida é o estado pelo qual o intelecto
nec magis quam ad aliam inclinatur. In flutua entre duas partes do contraditório não
dubio intelellectus iudicando unam se inclinando mais a uma que a outra. Na
partem prae alia contradictorii, de quo dúvida, o intelecto, julgando, não admite
agitur, non admittit aut ex defectu uma parte antes da outra, ou por falta
moventium, cum non apparent rationes daquilo que o move, quando não aparecem
neque pro uma neque pro altera parte – razões nem para uma parte, nem para a
dubium negativum; aut ex aequalitate outra – dúvida negativa; ou por sua
eorum, cum rationes apparent aequales igualdade, quando as razões parecem iguais
7
CONFRARIA DE ARTES LIBERAIS
www.artesliberais.com.br
___________________________________________________________________________
pro utraque parte – dubium positivum. para ambas as partes – dúvida positiva.
Etiam dubium negativum est actus Também a dúvida negativa é um ato
imperfectus circa veritatem, quo mens ad imperfeito acerca da verdade, pelo qual a
eius possessionem appropinquat, quia mente se aproxima de sua possessão,
deliberat de re, de qua agitur, porque delibera sobre a coisa de que se
considerando eam secundum diversas trata, considerando-a segundo diversas
partes. partes.
Quid sit opinio – Opinio definitur: 665 Que é a opinião. – A opinião define-se: o
assensus in unam partem contradictorii assenso em uma parte do contraditório por
ob rationem vel motivum probabile cum razão ou motivo provável, com temor da
formidine partis oppositae. Ab opinione parte oposta. Não se distingue
essentialiter non distinguitur suspicio, essencialmente da opinião a suspeita, que é
quae est assensus inclinans in aliquam o assenso que inclina a uma parte pro algum
partem ex aliquo levi signo. Ratio leve signo. A razão formal da opinião, pela
formalis opinionis, qua distinguitur a qual se distingue da certeza, é o assenso
certitudine, est assensus infirmus seu infirme, ou antes, com temor do
cum formidine contradictorii. Assensus contraditório. O assenso é o ato intelecto
est actus intellectus iudicantis seu que julga, ou antes, a sentença, que o
sententia, quam fert intellectus. Hanc intelecto produz. Ora, o intelecto produz
autem sententiam intellectus fert, essa sentença percebendo que a coisa
perspiciendo rem etiam aliter esse posse, também pode ser de outro modo que o que é
quam esse pronuntiatur. Ideo assensus dito. Portanto, o assenso é dito ser com
dicitur esse cum formidine contradictorii. temor do contraditório. O temor (medo) que
Formido (timor), quae proprie non est propriamente não é um ato do intelecto, mas
actus intellectus, sed actus appetitus circa um ato do apetite acerca do mal, se diz do
malum, de intellectu et de assensu eius intelecto e do assenso somente causalmente,
dicitur causaliter tantum, quatenus enquanto aquela percepção em virtude da
perspicientia illa, in virtute cuius qual o intelecto percebe que a coisa pode
intellectus perspicit rem aliter esse posse, ser de outro modo, causa no apetite o medo,
causat in appetitu formidinem seu ou antes, o temor. Assim como a certeza se
8
CONFRARIA DE ARTES LIBERAIS
www.artesliberais.com.br
___________________________________________________________________________
ARTIGO I.
Quid sit certitudo. – Certitudo in genere 666 Que é a certeza. – A certeza em gênero, ou
seu late sumpta est status mentis, firmiter antes, tomada em sentido amplo, é o estado
et sine ulla formidine contradictorii da mente que adere firmemente e sem
adhaerentis uni parti contradictionis. nenhum medo do contraditório a uma parte
Certitudo igitur ita late sumpta nihil aliud da contradição. Portanto, a certeza tomada
dicit nisi iudicium firmum propter em sentido amplo não diz outra coisa que o
remotionem formidinis contradictorii. juízo firme por causa da remoção do medo
Certitudo primarie est aliquid subiectivi, do contraditório. A certeza é primariamente
i. e. status mentis, firmiter adhaerentis algo subjetivo, isto é, um estado da mente
uni parti contradictionis — certitudo que adere firmemente a uma parte da
subiectiva; sed secundarie per analogiam contradição – a certeza subjetiva; mas
attributionis certitudinis nomen secundariamente, por analogia de
transfertur ad significandum etiam atribuição, o nome de certeza é transferido
obiectum, quod fundat hunc statum para significar também o objeto que funda
mentis — certitudo obiectiva seu esse estado da mente – a certeza objetiva,
fundamentalis. Certitudo subiectiva ou antes, fundamental. A certeza subjetiva
dicitur mere subiectiva, si non fundatur se diz meramente subjetiva, se não se funda
incertitudine obiectiva. Certitudo vero na certeza objetiva. Mas a certeza subjetiva
subiectiva, fundata in obiectiva, est fundada na objetiva é a certeza formal.
10
CONFRARIA DE ARTES LIBERAIS
www.artesliberais.com.br
___________________________________________________________________________
certitudo formalis.
QUESTIONÁRIO
1. Que é o juízo?
2. Qual a diferença entre a verdade do juízo e a da simples apreensão?
3. Qual a diferença entre o erro, a ignorância e a nesciência?
4. Qual a diferença entre a dúvida positiva e a negativa?
5. Qual a diferença entre a certeza, a opinião e a suspeita?
6. A probabilidade de uma opinião diminui necessariamente a de sua contraditória?
7. De que modo se distinguem a certeza formal, a meramente subjetiva e a objetiva?
8. Qual a diferença entre a evidência da verdade e a da credibilidade?