Abordagem Baseada em Tarefas
Abordagem Baseada em Tarefas
Abordagem Baseada em Tarefas
De acordo com Borges (2012, p. 30) o termo comunicacional foi cunhado por
Prabhu (1987) para contrapor ao já usado termo comunicativo da AC, “tendo em vista
que a concepção de desenvolvimento de competência em L2 foi além da sistematização
de inputs da linguagem e/ou da maximização de práticas planejadas como subentendido
no ECL1 e/ou na abordagem comunicativa”. Nesse contexto, com a sistematização da
abordagem comunicacional (ACC), “objetivou-se criar condições para que os
aprendizes se engajassem num esforço para lidar com a comunicação”. A autora ainda
afirma que na ACC é desenvolvida a competência gramatical, nos moldes descritos por
Palmer (1964 [1921]), “em detrimento da competência comunicativa de Hymes como
pressuposto no ECL”; pois segundo Prabhu (1987, p.14, apud BORGES, 2012, p.36),
“o desenvolvimento da competência gramatical dos aprendizes é o objetivo primário”
no ECCL2. Para Prabhu (1987), a competência linguística e/ou gramatical é uma
resposta imediata ao esforço e necessidade de estabelecer uma comunicação e deve ser
o primeiro objetivo da pedagogia do ensino de línguas, promovendo-a por meio do
desenvolvimento de atividades focadas no significado que incentivem o aprendiz a
esforçar-se para comunicar-se ou para lidar com a comunicação. Para Richards e Rogers
(2004), a ACC é uma abordagem baseada no uso de tarefas – levando, por vezes
também, a denominação de abordagem baseada em tarefas – como a unidade central de
planejamento e instrução no ensino de línguas. Alguns de seus proponentes a
apresentam como um desenvolvimento lógico do ensino comunicativo de línguas, uma
vez que se baseia em vários princípios que faziam parte do movimento comunicativo de
ensino de línguas dos anos 80.
Todavia, a ACC fundamentou-se, de forma pioneira para a área, conforme
afirma Borges (2012, p. 30), no desenvolvimento e utilização de tarefas em sala de aula,
que Prabhu (1987, p. 24) denominou como sendo uma “atividade que requer do
aprendiz chegar a um resultado de uma dada informação através de algum processo de
pensamento, controlado e regulado pelos professores”.
Desta forma, as tarefas são propostas como veículos úteis para aplicação dos
seguintes princípios de ensino (RICHARDS e ROGERS, 2004, p. 223)
1
Ensino Comunicativo de Língua. Segundo Borges (2012, p. 30) esse termo tornou-se sinônimo de
abordagem comunicativa e de competência comunicativa de Hymes.
2
Ensino Comunicacional de Lingua. Conforme Borges (2012, p. 30) esse termo visa descrever a visão de
pedagogia de segunda língua subjacente ao Projeto Comunicacional de Ensino ou Projeto Bangalore
coordenado por Prabhu (1987).
Atividades que envolvam comunicação real são essenciais para o
aprendizado de línguas;
Atividades nas quais a linguagem é usada para realizar tarefas
significativas promovem a aprendizagem;
Linguagem que é significativa para o aluno apoia o processo de
aprendizagem.
Dentro das questões voltadas para a língua, para a cultura, a ACC utiliza-se da
aculturação3 dentro de algumas tarefas, essas contando, então, com uma gama de
estruturas linguísticas relevantes e/ou aparentes, como por exemplo, seguir instruções
para achar um ponto no mapa (LARSEN-FREEMAN e ANDERSON, 2011). Desta
forma, as quatro habilidades podem ser contempladas dentro desta abordagem.
De acordo com Prabhu (1976 apud LARSEN-FREEMAN e ANDERSON,
2011), na ACC há a identificação de três tipos de tarefas, sendo: tarefa de lacunas de
informação (Information-gap Task), tarefa de lacuna de opinião (Opinion-gap Task) e
tarefa de lacuna de raciocínio (Reasoning-gap Task). Consecutivamente, a primeira
envolve troca de informações entre os participantes para completar a tarefa; a segunda
requer que os alunos expressem suas próprias opiniões, preferências, sentimentos ou
atitudes para completar a tarefa; e a terceira requer que os alunos obtenham algumas
novas informações inferindo-as a partir de informações que já lhes foram dadas.
Ainda dentro de questões pontuais sobre as tarefas, Larsen-Freeman e Anderson
(2011) consideram a existência de duas categorias de tarefas, as focadas e as não-
focadas. A primeira é desenvolvida para fornecer oportunidades de comunicação usando
algum item linguístico específico, usualmente uma estrutura gramatical – o que, é
refutado pela própria autora em escritos posteriores. Como todas as tarefas, as focadas
também devem ser significativas, por essa razão, o aspecto linguístico focado está
“escondido”, uma vez que não é informado explicitamente aos alunos qual aspecto
linguístico está sendo focado na tarefa. Já a segunda é usada para fornecer aos alunos
oportunidades de comunicação em geral. Os alunos utilizam-se de seus próprios
recursos linguísticos para concluir a tarefa.
O processo de ensino, de acordo com Larsen-Freeman e Anderson (2011),
estrutura-se da seguinte forma: pré-tarefa, tarefa e pós-tarefa. Consecutivamente, essas
3
Segundo Paiva (2012), “os estudos de Schumann indicam que a ASL resultaria da aculturação, que é
definida pelo autor como “a integração social e psicológica do aprendiz com a língua-alvo do grupo” (p.
29). O modelo da aculturação argumenta que os aprendizes serão mais bem-sucedidos na ASL se as
distâncias sociais e psicológicas menores entre eles e os falantes da segunda língua forem menores.” (p.
12).
etapas podem ser observadas como sendo a pré-tarefa a fase que inicia a sequência de
tarefas. Durante essa fase, o professor pode apresentar aos alunos a linguagem que eles
irão precisar para completar a tarefa; as tarefas como sendo significativas e relevantes,
assim podem entender o motivo para fazer a tarefa. Desta forma, eles podem perceber
como a tarefa se relaciona com possíveis situações em suas vidas. Os alunos são
ativamente engajados nas tarefas, com o professor monitorando suas performances e
interferindo quando e se for necessário. As tarefas também devem ter resultados claros
para que os alunos e o professor possam perceber se foi completada com sucesso; e a
pós-tarefa como um reforço no aprendizado ou aborda problemas que possam ter
surgido.
Os autores supracitados salientam, também, três pontos dessa abordagem: o erro,
a avaliação e as tarefas como instigadoras do output. Assim, a correção do erro dentro
desta perspectiva é feita por reformulação ou remodelação e por breves explicações
gramaticais, sempre na etapa da pós-tarefa. A avaliação, por sua vez, é realizada de
forma contínua pelo professor que avalia os alunos em cada resultado das tarefas
desenvolvidas e pela língua utilizada pelos aprendizes. No que diz respeito à instigação
do output, há o estímulo para que os alunos produzam, desenvolvendo habilidades de
fala e de escrita de forma significativa – nesse sentido, é possível observar que, apesar
do foco geral no desenvolvimento das quatro habilidades, há foco específico em duas
delas.
Segundo Richards e Rogers (2004),
[e]mbora a noção de tarefa possa variar, há um entendimento comum de que
a tarefa seja um convite para a realização de atividades do uso da língua,
como por exemplo, encontrar uma solução para um problema, ler um mapa e
dar informações sobre localização, [...] (p. 224)