Maxixe

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Dados Artísticos

Dança urbana surgida no Rio de Janeiro por volta de 1870. Segundo José Ramos Tinhorão, o
maxixe desenvolveu-se a partir do momento em que a polca, gênero musical de origem
européia e tocado nos salões da corte imperial e da alta classe média carioca, sempre ao
piano, passou a ser tocada por músicos populares chamados chorões com a utilização de
flauta, violão e oficlide. Tais grupos costumavam animar festas em casas populares tocando
polcas, valsas e mazurcas. Para o pesquisador Renato de Almeida, em sua História da Música
Brasileira, o maxixe seria "uma adaptação de elementos que se fixaram num tipo novo, de
dança popular com uma coreografia cheia de movimentos requebrados e violentos, muitos
deles emprestados ao batuque e ao lundu". Já para Mário de Andrade, o maxixe seria a
primeira dança genuinamente nacional e que teria nascido a partir da fusão do tango e da
havaneira com a ritmica da polca, tendo ainda uma adaptação da síncopa afro-lusitana. Já para
Ricardo Cravo Albin, o maxixe seria "outro gênero musical fundador da MPB".

O maxixe, portanto, surgiu a partir da mistura de diferentes ritmos e ganhou sua configuração
definitiva enquanto dança nas festas da Cidade Nova e nos cabarés da Lapa. Segundo José
Ramos Tinhorão: "Transformada a polca em maxixe, via lundu dançado e cantado, através de
uma estilização musical efetuada pelos músicos dos conjuntos de choro, para atender ao gosto
bizarro dos dançarinos das camadas populares da Cidade Nova, ia chegar ao conhecimento
das demais classes sociais do Rio de Janeiro (...)".

A designação de "maxixe" à música e à dança surgidas na região da Cidade Nova atesta o seu
caráter popular ligado às classes mais baixas da sociedade carioca da época, uma vez que a
palavra era usada para designar coisas de pouco valor. Ao que parece, a primeira
apresentação do maxixe em palcos de teatro da cidade do Rio de Janeiro ocorreu em 1883,
quando o ator Francisco Correia Vasques apresentou o espetáculo "Aí, Caradura!", cuja maior
atração eram os trechos cantados e dançados de maxixes. No entanto, o maxixe somente virou
verdadeiramente um sucesso que abarcou quase toda a cidade a partir da apresentação do
maxixe "As laranjas da Sabina", de Artur Azevedo na revista "República". A partir de então esse
gênero logrou um período de sucesso de quase 40 anos, sendo presença certa em
praticamente todas as revistas musicais.

No final do século XIX começaram a aparecer as primeiras partituras com maxixes, "quando as
casas editoras o reconheceram como gênero musical específico", segundo Cravo Albin. Alguns
compositores que se destacaram na composição de maxixes foram Eduardo Souto, Sinhô,
Sebastião Cirino, Romeu Silva, J. Bicudo e eventualmente, Chiquinha Gonzaga. A primeira
composição gravada como maxixe foi "Sempre contigo", lançada pela Banda da Casa Edson
por volta de 1902, sendo de autor não registrado. Em 1904, fez sucesso o "Maxixe
aristocrático", do maestro José Nunes, apresentado na revista "Cá e Lá", pela dupla Pepa
Delgado e Marzullo. A letra desse maxixe dava conta de como esse gênero iria tomar o lugar
das valsas, polcas e quadrilhas nos bailes aristocráticos. Enquanto dança, o maxixe era
dançada com passos ousados e sensuais recebendo esses passos nomes como carrapeta,
balão, parafuso, corta-capim ou saca-rolha. O maxixe foi dançado na Europa pela primeira vez
em 1906 por uma dupla de dançarinas francesas que dançaram o maxixe em Paris. Nesse ano,
o maxixe "Vem cá mulata", apresentado na revista "O maxixe", pela atriz Maria Lino, tornou-se
um grande sucesso popular.

Em 1908, a dupla de cantores e dançarinos Geraldo Magalhães e Nina fizeram apresentações


em Portugal onde dançaram o maxixe. Por volta de 1909, o dentista baiano Antônio Lopes de
Amorim, conhecido pelo nome artístico de Duque, embarcou para a Europa e se tornou por
vários anos o principal divulgador do maxixe na Europa. Inicialmente, Duque apresentou-se
dançando tango, e somente em 1910, quando conheceu em Paris a atriz Maria Lino, que
estava em excursão na França com uma companhia de revistas começou a dançar o maxixe,
tornando-se logo um sucesso retumbante.

Em 1914, fez sucesso o maxixe "São Paulo futuro", de Marcelo Tupinambá e Dalton Vampré,
gravado por Bahiano na Odeon. Em 1924, Romeu Silva fez sucesso com o maxixe "Fubá", de
sua autoria, composto a partir de motivo popular. Nesse ano, atestando o sucesso popular do
maxixe, o Jornal do Brasil publicava a seguinte nota"O maxixe - As pessoas habituadas a
freqüentar festas sabem que há um verdadeiro delírio em certas danças contemporâneas.
Aquela medida polida, aquela graça requintada, dos antigos passos, está irremediavelmente
perdida. Hoje, tudo é delírio, é frenesi. No mundo inteiro, notam-se estas manifestações de
dança. No Brasil, entretanto, a verificação é mais fácil de se fazer do que em qualquer outra
parte. Por que? Porque nenhuma dança poderá revelar tanto quanto o maxixe essa verdadeira
alucinação que se apossa do instinto dançante da humanidade, hoje em dia".

Em 1925, foram sucessos os maxixes "Ciganos do Catumbi", de J. Rezende, gravado pela


Orquestra Cícero; "De cartola e bengalinha", de Freire Júnior; lançado em dueto por Bahiano e
Fernando; "Caneca de couro", de Sinhô, gravado por Fernando e coro; "Sandália de couro", de
Pedro de Sá Pereira, Ari Pavão e Marques Porto, lançada pela Jazz Band Sul Americana de
Romeu Silva; "Suspira, nega, suspira", de Pedro de Sá Pereira gravado por Fernando, e
"Nosso ranchinho", de Donga, registrado pelo Grupo do Donga. Em 1926, foi sucesso o maxixe
"Café com leite", de Freire Júnior, gravado por Fernando e que também deu nome a uma
revista de sucesso apresentada no Teatro Recreio. Nesse ano, fez sucesso ainda o maxixe
"Cristo nasceu na Bahia", de Sebastião Cirino e Duque, lançado na revista "Tudo preto", da
Companhia Negra de Revistas, cuja orquestra era regida por Pixinguinha. Em 1927, Francisco
Alves gravou com sucesso o maxixe "Cassino maxixe", de Sinhô. Ainda nesse ano, "Cristo
nasceu na Bahia" foi gravado na Odeon por Artur Castro constituindo-se no último grande
sucesso do maxixe. Muitos críticos até hoje comentam que o samba primordial, "Pelo telefone",
de Donga e Mauro de Almeida, não era senão um maxixe na sua forma musical. Bem como
também seria maxixe boa parte dos sambas de Sinhô, inclusive os clássicos "Jura", "De que
vale a nota sem os carinhos da mulher", "Vamos deixar de intimidade" e "Gosto que me
enrosco".

O maxixe é uma dança de salão brasileira que esteve na moda entre o fim do século XIX e o
início do século XX e, com o passar do tempo, além de alguns passos terem sido absorvidos
pelo samba, o gênero se mantém até hoje presente na cultura do país.

A dança surgiu no Rio de Janeiro e teve influência do tango que na mesma época despontava
na Argentina e Uruguai. Por conta disso, apelidaram o maxixe de “tango brasileiro”.

O maxixe surgiu primeiro como dança porque na verdade sua execução coreográfica estava a
princípio condicionada à polca, à habanera, ao lundu e posteriormente ao tango brasileiro
(conhecido como tanguinho), ou seja, a dança foi formada assimilando elementos rítmicos e
melódicos de outras danças. Algum tempo depois, por volta de 1902 a 1903, surgiram as
primeiras partituras a apresentarem o nome maxixe como gênero musical.

Alguns estudiosos levantam a hipótese do maxixe ter tido sua origem nos ritmos africanos. Lira
( p.253) nos apresenta a seguinte definição: “estilização brasileira com aproveitamento do
batuque dos negros, o maxixe é pura dança tropical”. Por ser uma dança de caráter tanto lúdico
quanto sensual, foi alvo de preconceitos por boa parte da sociedade que a julgava “indecente”,
o que motivou o apelido "tango brasileiro" para que as composições fossem aceitas.
O maxixe tem sua origem no batuque estilizado. É dançado em ritmo sincopado e lembra a
polca e a habanera. A influência do temperamento ardente do africano nesta dança empresta-
lhe um quê de sensualismo, motivo pelo qual foi excluída do repertório das danças sociais de
salão. E o samba, de estilo coreográfico menos excitante, passou a ocupar o seu lugar.
(FELICITAS, 1968, p. 212).
O preconceito com a dança fez com que o maxixe se popularizasse apenas através dos clubes
carnavalescos e do teatro de revista e fosse divulgada pelos grupos de choro, bandas de
música e pianistas populares. Sendo a primeira dança urbana do Brasil, segundo Maxixe
(2013, p.1), era dançado no Rio de Janeiro, por volta de 1875, em locais que não atendiam a
moral e aos bons costumes da época, tais como: forrós, gafieiras da cidade nova e cabarés da
Lapa. Curiosamente os homens de classes mais abastadas frequentavam esses bailes
buscando a sensualidade da dança.
Por enlaçar pelas pernas e braços e apoiarem as testas dos pares, a maneira de dançar lhe
valeu o título de dança escandalosa e excomungada. Foi perseguida pela polícia, igreja, chefes
de família e educadores. Para que pudessem ser tocadas em casa de família, as partituras de
maxixe eram chamadas com o impróprio nome de "Tango Brasileiro", por exemplo: “Odeon” e
“Brejeiro” de Ernesto Nazareth e ”O corta jaca” de Chiquinha Gonzaga. (MAXIXE, 2013, p. 1).
Chiquinha Gonzaga, a primeira maestrina brasileira, compreendendo o valor e a cadencia do
ritmo, compôs alguns sucessos desse gênero musical, a exemplo de “Lição de Maxixe”, porém,
a letra de Corta Jaca é a que mais revela a magia do ritmo e a disfarçada cobiça da
sensualidade por trás dos movimentos:
Neste mundo de misérias Que não saibam requebrar, requebrar
Quem impera Este passo tem feitiço
É quem é mais folgazão Tal ouriço
É quem sabe cortar jaca Faz qualquer homem coió
Nos requebros Não há velho carrancudo
De suprema, perfeição, perfeição Nem sisudo
Ai, ai, como é bom dançar, ai! Que não caia em trololó, trololó
Corta-jaca assim, assim, assim Quem me vir assim alegre
Mexe com o pé! No Flamengo
Ai, ai, tem feitiço tem, ai! Por certo se há de render
Corta meu benzinho assim, assim! Não resiste com certeza
Esta dança é buliçosa Com certeza
Tão dengosa Este jeito de mexer
Que todos querem dançar Um flamengo tão gostoso
Não há ricas baronesas Tão ruidoso
Nem marquesas Vale bem meia-pataca
Dizem todos que na ponta
Está na ponta
Nossa dança corta-jaca, corta-jaca!

No início do século XX, assim como o tango, que surgiu na mesma época, o maxixe foi também
exportado para a Europa e Estados Unidos. O dançarino brasileiro Antônio Lopes de Amorim
Diniz: o Duque, levou requinte e notariedade para a dança apresentando-a à França e
Inglaterra entre 1914 e 1922.

De acordo com Botelho (2014, p. 6) em 26 de outubro de 1914, Nair de Teffé, segunda esposa
do Presidente da República, o Marechal Hermes da Fonseca, que governou o Brasil entre 1910
e 1914, aproveitando as solenidades de despedida da gestão do marido, abriu espaço, em um
jantar oficial, para a música brasileira. Acompanhada de seu amigo Catulo da Paixão Cearense,
tocaram o maxixe "Corta-Jaca", escrito por Chiquinha Gonzaga e Machado Careca em 1895.
Esse episódio bastante polêmico ficou conhecido como “A Noite do Corta-Jaca”.

O maxixe influenciou Donga e Sinhô, os primeiros compositores do samba, que o substituiria


mais tarde como principal gênero musical brasileiro.

Na atualidade, o maxixe ainda existe no samba preservando muitas de suas estruturas rítmicas
e está presente em grande variedade de passos e figurações como o parafuso, saca-rolha,
balão, carrapeta, corta-capim, etc. Outra dança que recebeu influência do maxixe foi a
lambada, um gênero musical que teve suas origens na Região Norte do Brasil, mais
especificamente no estado do Pará e foi sucesso nos anos 1980.

Em 1995, segundo Mattos e Ramos (2016, p.9), Michel Teló liderava o Grupo Tradição (MS),
que popularizou a Vanera a nível nacional. Nesse contexto surgiu o Gaúcho da Fronteira
lançando o seu Vanerão Sambado e o famoso Forrónerão que teve projeção nacional e, a nível
estadual, através de um projeto da Zero Hora dominical, surgiu a nova onda musical chamada
“Tchê Music”.

O Maxixe ressurgiu com força total nas periferias de Porto Alegre, nos bailes tradicionais
gaúchos onde predominava o Vanerão, porém, a parte negra da população só começou a
frequentar os Centros de Tradições Gaúchas com a inclusão de elementos do axé e do pagode
no som da Tchê Music. Começaram então a rebolar e adaptar o seu ritmo ao som da sanfona.
As pessoas achavam engraçado a dança e a imitavam, surgindo assim o modo gaúcho de
dançar o maxixe. Apesar de contrariar os representantes da tradição campeira e dos valores da
família gaúcha, que não concordavam com a forma sensual da dança e chegaram a proibi-la
nos Centros de Tradição Gaúcha, o maxixe ficou cada vez mais conhecido nesta capital. E
assim durante o século XX, mais especificamente no ano de 1999, a dança “Maxixe Gaúcho”
ganhou fama e se apresentava de uma forma sem precedentes em todos os bailes e
fandangos e demais lugares por onde esses grupos musicais se apresentavam no Rio Grande
do Sul.
Atualmente existem diversos grupos organizados, como o Bonde dos Maxixeiros, DN -Danadas
Maxixeiras, Tradição Maxixeira, SWAT - Elite Maxixeira e os pioneiros da Patrulha Maxixeira (o
primeiro a se organizar e hoje um dos maiores e mais ativos). (WIKIDANÇA, 2013, p. 2).
No Rio Grande do Sul também acontecem concursos de “maxixeiros” a exemplo do “1º
Concurso de Maxixe da Região” no dia 6 de abril de 2014 na cidade de Montenegro.
No ano de 2015 ocorreu o Primeiro Congresso de Maxixe Gaúcho, organizado por líderes de
grupos de dança, com a ideia de inovar e integrar as pessoas nessa modalidade. A dança do
Maxixe (fortemente presente nos bailes gaúchos) conta atualmente com mais de 30 grupos
atuantes no estado.

CURIOSIDADES:
1- O maxixe era basicamente dançado com os corpos colados e os pés praticamente
fixos no chão e com acentuados requebros de cintura.

2- No início, o maxixe era apenas uma forma de dançar certas músicas europeias que
foram popularizadas no Brasil, mas depois assumiu personalidade própria e foi
espalhada pelo mundo por marinheiros, viajantes e dançarinos.

3- Existe muita controvérsia em torno da origem do nome Maxixe. Segundo a versão de


Villa-Lobos, esse nome vem de um indivíduo apelidado Maxixe que, durante um
carnaval, dançou o lundu de uma maneira diferente e foi imitado. Outros autores como
Jota Efegê não corroboram esta versão. Existe outra versão que fala que o nome maxixe
é oriundo de uma planta rasteira e a palavra passou a ser associada a tudo o que fosse
pouco refinado. Existe ainda a hipótese de o ritmo ter sido trazido por escravos de
Moçambique de uma cidade chamada Maxixe.

Breve história da Música Brasileira

O maxixe é o primeiro tipo de dança urbana criada no Brasil. Como todas as criações desse
nosso misturadíssimo povo, o maxixe se formou musical e coreograficamente pela fusão e
adaptação de elementos originados em várias partes.
Segundo o que se apurou até agora, a polca européia lhe forneceu o movimento, a habanera
cubana lhe deu o ritmo, a música popular afro-brasileira como o lundu e o batuque também
concorreram e finalmente o jeitinho brasileiro de dançar e tocar completaram o trabalho.
Da mesma fonte nasceu a sua coreografia: a vivacidade da polca, os requebros da habanera e
do lundu. O resultado foi uma dança sensual e muito desenvolta que acabou sendo até
proibida.
O maxixe nasceu primeiro como dança. Dançava-se à moda maxixe as polcas da época, as
habaneras, etc. Só mais tarde nasceu a música maxixe ou o ritmo maxixe e as composições
passaram a trazer impresso em suas partituras o nome de maxixe como gênero.
A época do seu aparecimento - 1870-1880 - coincide com a popularização da schottisch e da
polca. Teria o maxixe nascido exatamente da descida da polca, dos pianos dos salões para a
música dos choros, à base de flauta, violão e ofclide.
Transformada a polca em maxixe, via lundu dançado e cantado, por meio de uma estilização
musical realizada pelos músicos dos conjuntos de choro, a descoberta do novo gênero de
dança chegou ao conhecimento das outras classe sociais do Rio de Janeiro quase ao mesmo
tempo que a sua criação. Os veículos de divulgação da nova dança, foram os bailes das
sociedades carnavalescas e o teatro de revista.
Segundo uma versão de Villa-Lobos, o maxixe tomou esse nome de um indivíduo apelidado
Maxixe que, num carnaval, na sociedade Estudantes de Heidelberg, dançou um lundu de uma
maneira nova. Foi imitado e toda gente começou a dançar como o Maxixe.
Jota Efegê no seu maravilhoso livro Maxixe - a dança excomungada, editado em 1974 não
corrobora esta versão. Mas também não consegue explicar a origem do nome. Em suas
exaustivas pesquisas ele encontrou uma variedade grande de explicações que dão à origem do
maxixe, até hoje, certo ar de mistério.
O que se apurou realmente é que há, pela primeira vez, referências a machicheiros e
machicheiras (com ch) em jornais de 29 de novembro de 1880. Foi a Gazeta da Tarde, do Rio
de Janeiro que publicou uma matéria paga na coluna Publicações a Pedido nos seguintes
termos:
"U.R. (traduzidas por Jota Efegê como União Recreativa) - Primeira Sociedade do Catete -
Poucas machicheiras... grande ventania de orelhas na sala. Parati para os sócios em
abundância. Capilé e maduro para as machicheiras não faltou, serviço este a capricho do
Primeiro Orelhudo dos Seringas - O poeta das azeitonas."
Diz Jota Efegê que em nenhum dos puffs, da época do carnaval, encontrados nos jornais de
antes de 1880, aparece referência ao machiche ou mesmo machicheiros e machicheiras (com
ch).
Só em 1883, no Carnaval, a dança é anunciada numa quadrinha e sua prática incitada nas
folganças de Momo:
Cessa tudo quanto à musa antiga canta
Que do castelo este brado se alevanta
Caia tudo no maxixe, na folgança
Que com isso dareis gosto ao Sancho Pança.

Era um puff do Club dos Democráticos publicado no Jornal do Comércio de 4 de fevereiro de


1883, um domingo gordo de Carnaval. Segundo Jota Efegê esta foi a primeira referência
comprovada ao nome maxixe, grafado com x e não com ch.
Mas, até então, o maxixe era apenas dança.
A música denominada maxixe só se firmou como tal depois da dança se haver caracterizado
plenamente. Dançava-se maxixe, ou à moda maxixe, as polcas, as habaneras, a polca-lundu e
posteriormente até o tango brasileiro, chamado de tanguinho. As primeiras partituras a
apresentarem o nome maxixe como gênero de música só apareceu por volta de 1902/1903.
Na Discografia Brasileira de 78 rpm o nome maxixe só aparece na etiqueta dos discos a partir
da série Zon-O-Phone 1500 da Casa Edison ou, mais precisamente, nos discos 1585, 1597 e
1598.
A divulgação do maxixe dança foi levada a efeito por um bailarino brasileiro chamado Antônio
Lopes de Amorim Diniz - um dentista - que abandonou a profissão e em companhia das
bailarinas Maria Lina, Gaby e Arlette Dorgère levou o maxixe para Paris fazendo enorme
sucesso. Pela elegância dos seus passos, acabou recebendo o nome de Duque.
No Brasil sua divulgação maior se deu no teatro de revistas onde não foi menos aplaudido. Os
programas das revistas traziam-no como tempero indispensável e os artistas dançavam-no
com uma variedade admirável de nuanças.
Segundo Marisa Lira, o maxixe foi o primeiro passo dado para a nacionalização da nossa
música popular. Os compositores da Velha Guarda dedicaram ao povo "endiabrados maxixes
que entonteceram a gente daquela época".
Entre os cultores do gênero - como música e não como dança - destacam-se Irineu de Almeida,
Sebastião Cyrino e Duque, Sinhô, Romeu Silva, Pixinguinha, Paulinho Sacramento, Freire
Junior e Chiquinha Gonzaga - a grande maestrina brasileira - que compreendeu perfeitamente
o ritmo desse gênero musical e, graças às várias facetas do seu talento, criou um maxixe para
a peça "Forrobodó", uma burleta de costumes cariocas de Carlos Bittencourt e Luiz Peixoto e
que fez enorme sucesso na época.
Postado há 28th November 2012 por Unknown
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