Escrita acadÊMICA
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AOS GÊNEROS
ACADÊMICOS
LABORATÓRIO
DE LEITURA E
PRODUÇÃO
COLÉGIO TÉCNICO
DE FLORIANO
TEXTUAL
FICHA TÉCNICA
MÓDULO 3.2
AUTORIA:
MARILENE MENDES
ANA MARIA PEREIRA
REVISÃO:
DIAGRAMAÇÃO:
ROMANO ROCHA
LABORATÓRIO
DE LEITURA E
PRODUÇÃO
COLÉGIO TÉCNICO
DE FLORIANO
TEXTUAL
P R E PA R A Ç Ã O D E S L I D E S : a s p e c t o s
gráficos, estruturais e semânticos
APRESENTAÇÃO
Caro estudante,
Esperamos que esteja gostando deste curso e que ele realmente auxilie você a,
inicialmente, identificar, interagir e produzir gêneros acadêmicos. Neste módulo,
abordaremos os slides, um recurso bastante utilizado em sala de aula, especialmente na
educação superior, mas também em outras situações acadêmicas, como em palestras,
comunicações orais em eventos etc. Trataremos dos aspectos gráficos, semânticos e
estruturais dos slides, numa perspectiva dialógica e comunicacional.
Desejamos um excelente aprendizado!
INTRODUÇÃO
Este módulo foi pensado com o intuito de que, ao final da sua leitura e estudo, o
estudante seja capaz de:
• Compreender a apresentação de slides como ferramenta para a realização
do gênero discursivo acadêmico – comunicação de pesquisas;
• Identificar formas de articulação entre os elementos multimodais para o
estabelecimento do propósito comunicativo;
• Produzir apresentações de slides utilizando algumas das ferramentas
abordadas e considerando contexto e propósito comunicativos.
Para que você alcance uma melhor compreensão sobre o tema, sugerimos que,
além de ler este módulo, faça as leituras complementares, assista aos vídeos sugeridos e
resolva os exercícios propostos. Boa leitura!
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1. A apresentação de slides e os gêneros discursivos
Sobre essa reflexão, sugerimos que você assista ao vídeo “Tecnologia e Metodologia”, produzido pelo Grupo de
trabalho de imagem e conhecimento (GTRIC), da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), em 2007,
disponível no link: https://youtu.be/IJY-NIhdw_4 .
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moderna) em atividades de pura repetição de conteúdo, como se ministrassem aulas
nos moldes tradicionais. Assim, mais do que as mudanças visíveis, importam e
realmente fazem diferença as transformações invisíveis, ou seja, as concepções de
educação, de ensino e de aprendizagem, assim como de homem e de sociedade, que
são compartilhadas pelos atores envolvidos no processo educacional.
Mas você deve estar se perguntando: Que relação tem isso tudo que foi falado
até aqui com a preparação de slides? E nós respondemos que tem tudo a ver, pois a
preparação de slides em um curso de escrita na universidade é uma prática diferente da
preparação de slides para uma convenção empresarial, ou mesmo de uma festa de
aniversário, etc. Porque fazer uma apresentação com slides em uma aula de graduação
deve nos fazer pensar, dentre outras questões, sobre:
• O conteúdo – Que tipo de conteúdo será abordado? Será que temos
domínio e segurança para fazer uma apresentação sobre o assunto? Por
qual perspectiva será abordado? Etc.
• Os interlocutores – Quem serão os nossos interlocutores? Qual o seu
nível de conhecimento sobre o conteúdo que será apresentado? Etc.
• A avaliação – Quais os critérios de avaliação que o professor utilizará para
atribuir uma nota à apresentação? Como os demais colegas analisarão a
apresentação? Etc.
• O contexto – Qual a infraestrutura do local onde será realizada a
apresentação? Quais os programas de apresentação de conteúdos que
estão instalados no computador que será utilizado? Etc.
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A seguir, apresentamos uma figura que retrata o
processo de uma apresentação com o uso de slides:
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apresentação em um curso de graduação, o estudante reflita sobre o contexto
comunicativo, caso o conheça, buscando definir, entre outros pontos, seu nível de
profundidade de abordagem do conteúdo, o tipo de linguagem a ser utilizada, o nível de
formalidade e a postura que adotará durante a exposição oral.
Caso o público alvo não seja conhecido, é importante que o apresentador tente
simular sua plateia. Isso pode ser feito através de um pouco de reflexão e busca de
informações, inclusive com o próprio professor ou professora proponente da atividade.
Por exemplo, se o estudante vai apresentar um trabalho oral em um evento fora de sua
instituição, é provável que utilize os mesmos critérios para elaborar uma apresentação
para qualquer evento científico. Contudo, se ele for fazer uma apresentação em uma
atividade de extensão - em que o público-alvo geralmente é a comunidade externa, que
muitas vezes não se utiliza do discurso acadêmico -, esse público pode não ser atingido
com um discurso muito formal, sendo oportuna uma modalização da linguagem
utilizada.
Para além do público alvo, o contexto comunicativo envolve questões
institucionais, ideológicas, políticas, sociais e culturais, bem como questões
relacionadas à infraestrutura. Portanto, o apresentador deve se precaver a possíveis
problemas de formatação, compatibilidade de softwares, tamanhos de fontes e outros
pontos que serão abordados nos itens seguintes deste material.
A elaboração de um roteiro, que pode ser escrito ou mental, constitui uma ação
de gerenciamento da sua produção. Ressaltamos que, assim como o roteiro da Figura 2,
um roteiro não tem caráter de rigidez, pelo contrário, ele pode e deve ser modificado de
modo que os tópicos existentes na apresentação em slides não serão necessariamente
apenas os tópicos do roteiro, ou mesmo, alguns tópicos do roteiro poderão não constar
na apresentação e vice-versa. A elaboração de um roteiro auxilia o estudante a não
perder de vista seu objetivo principal com a apresentação e a não esquecer dos pontos
mais importantes. Um roteiro bem elaborado contribui de forma significativa no
processo de produção dos slides.
Depois de um roteiro bem elaborado, é chegado o momento da construção da
apresentação em si. Conforme as reflexões anteriores sobre o contexto comunicativo e o
roteiro da apresentação, faça as escolhas do layout dos slides. O design das lâminas
normalmente é elaborado de modo a atender objetivos de apresentações diferenciados.
Por exemplo, se a sua apresentação possui mais elementos visuais como figuras e
gráficos, escolha um modelo de slide que apresente layout com esses elementos. Já se a
sua apresentação possui predominantemente elementos texto-verbais, opte por um
layout com mais texto.
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Figura 3 – Slide com layout para texto Figura 4 – Slide com layout para imagem
Fonte: Microsoft Office 2010. Fonte: Microsoft Office 2010.
Queremos deixar claro que você também tem autonomia para criar seus
próprios designs tanto a partir dos modelos pré-existentes, quanto a partir de um
modelo em branco. Contudo, isso vai depender do tempo disponível e do seu
letramento digital nessa prática. Como nosso intuito é fazer com que a elaboração de
slides ocorra de uma forma mais eficaz, estamos orientando seguir os modelos
propostos, porém, fique à vontade para, em situações em que você disponha de tempo e
tenha desenvolvido habilidades necessárias para lidar com o layout dos slides, criar e ou
personalizar seus próprios designs.
Outros pontos a serem considerados são o formato e o tamanho das letras, bem
como as cores do fundo e o contraste que produzem, e os efeitos de sentido
pretendidos. Pode acontecer de, com a projeção, as cores serem alteradas pela
iluminação de modo que a leitura seja dificultada; assim como, mesmo sem a
interferência da luz, as cores escolhidas para o fundo do slide e para a fonte serem
semelhantes, e aí, mesmo que a iluminação seja perfeita, a leitura pode também ser
prejudicada. Por isso, abordaremos algumas noções de contraste nos tópicos seguintes.
Por fim, consideramos oportuno retomar o conceito de contexto comunicativo
(BAKHTIN, 2011) ao nos referirmos à apresentação. Os slides devem ser um elemento de
apoio para o estudante e não a única fonte de informação da apresentação. Por isso, não
coloque nos slides tudo o que você vai falar, mas apenas tópicos que lhe darão uma
orientação durante a apresentação.
Outra dica importante é não colocar
muito texto em um slide, pois você vai
pa s s a r ba s t a n te te m p o l e n d o ,
possivelmente de costas para a os
espectadores, e sua apresentação se
tornará enfadonha. O interessante é
colocar palavras-chaves ou conceitos
curtos, que você possa complementar
Figura 5 – Apresentação com suporte de slides
Fonte: com suas próprias palavras.
http://noticias.universia.com.br/net/images/educacion/c/co
/com/como-realizar-um-seminario-fantastico-na- A apresentação em si
faculdade.png
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constitui-se em uma apresentação em público, situação que deixa a grande maioria das
pessoas desconfortável. Duas dicas para amenizar esse desconforto são: i – dominar o
conteúdo, pois quando você tem segurança sobre o que vai falar, o medo de falar em
público fica reduzido à situação de exposição; ii- treine o quanto puder, pois isso fará
com que você se familiarize cada vez mais com a situação. Se possível, treine diante de
um espelho ou mesmo de uma câmera (que tal gravar no seu celular sua apresentação
para depois se ver e autoanalisar?!). Aproveite, durante o treino, para ver quanto tempo
você gasta em sua apresentação, assim consegue ajustar sua fala ao tempo disponível, o
que tem sido uma dificuldade para muitos oradores não profissionais.
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representam o mundo real. Nesse sentido, Vieira e Silvestre (2015), baseadas em Kress e
Van Leeuwen (2006), apresentam algumas categorias para se analisar textos
multimodais. Dentre elas, destacamos a categoria modo ou modalização, que está
relacionada com a função interpessoal da linguagem e corresponde à forma como os
discursos são enunciados, de acordo com as escolhas léxico-gramaticais realizadas
pelos sujeitos, como adjetivos e verbos, em textos verbais.
Passando para textos híbridos, a questão central da categoria modo ou
modalização reside na combinação e distribuição das imagens para marcar os valores a
serem expressos. Logo, elementos visuais não devem ser inseridos de forma aleatória
em um texto, pois eles sempre passam uma mensagem. Se você gosta de inserir
imagens nos seus slides, tome cuidado para que esses elementos visuais contribuam na
compreensão do assunto pelos espectadores, do contrário, tais elementos podem
constituir em desvios de atenção durante a apresentação e dificultar a compreensão.
Abordaremos os seguintes recursos nessa categoria: escala de detalhes,
elementos tipográficos e cores. Sugerimos que você pesquise alguns materiais,
indicados no final deste módulo, caso deseje se aprofundar nessa temática.
A escala de detalhes diz respeito a itens como o contraste entre os planos de
frente e fundo, a luz e a distribuição dos elementos no espaço do slide. Observe o
exemplo abaixo:
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Utilizando essa mesma Figura 6, façamos uma análise dos elementos
tipográficos. Esses elementos fazem referência, como o próprio nome revela, aos tipos,
letras ou fontes utilizadas no texto verbal. E não se trata apenas do modelo da fonte, mas
também de outros aspectos como seu tamanho, cor e formato. No slide acima existem
três mensagens de texto, sendo cada uma delas com uma fonte diferente: a primeira, o
título, está escrita em caixa alta, com letras grandes, para chamar a atenção para o tema,
que é a função de um título, como o de um capítulo de livro, seção de um artigo, dentre
outros; a segunda mensagem, escrita em quatro linhas, justificada, localizada entre o
título e a gravura, detalha a informação passada pelo título, assim, é escrita com letras
maiúsculas e minúsculas e menores que as letras do título, como em um texto
convencional; e a terceira mensagem textual, presente na gravura (“Drogas destroem o
viciado e a família”), está escrita também com letras maiúsculas e minúsculas, porém em
um tamanho um pouco maior que a segunda mensagem. O terceiro texto tem a função
de sintetizar a mensagem do slide e está diretamente relacionado à gravura.
Quanto ao tipo das fontes utilizadas, podemos afirmar que são fontes mais
limpas, ou seja, com traços retos, sem os detalhes conhecidos como “serifas”. As fontes
“sans”, ou seja, aquelas que não possuem serifas, normalmente são mais indicadas para
textos em suporte digital, enquanto as fontes com serifas, para textos impressos. Para
saber um pouco mais sobre esses dois tipos de fontes, consulte o “Infográfico: tipografia
com ou sem serifa”, disponível no site “Tutano por trampos.co”, disponível no link:
http://tutano.trampos.co/12742-infografico-tipografia-serifa/ .
Essa escolha por parte do autor demonstra que sua intenção é comunicar com
clareza e facilitar a compreensão. A escolha das cores das fontes levou em conta as cores
dos fundos, o que é de suma importância para proporcionar uma melhor acuidade
visual. Ressaltamos que esse cuidado na escolha do tipo de fonte e no contraste
demonstra também respeito para com as pessoas que possuem alguma deficiência
visual, como baixa visão, portanto, deve ser sempre levado em consideração.
Nesse ponto, aprofundaremos o elemento cores, que é tratado pela
cromologia, ciência que trata das interações entre o ser humano e as cores. Nessa linha
de pensamento, quando escolhemos uma determinada cor significa que desejamos que
determinados sentidos sejam construídos pelos espectadores ao visualizarem a referida
cor. Da mesma forma, reagimos de formas mais ou menos semelhantes diante de
determinadas cores ou suas combinações, bem como temos perspectivas diferentes em
relação a outras cores ou suas combinações.
Uma dica valiosa é usar o contraste de cores a seu favor, de forma coerente com
a mensagem que você deseja passar em seus slides. Para tanto, profissionais da área de
Comunicação Visual orientam recorrer ao círculo cromático, que distribui as doze cores
mais conhecidas em dois grupos: quentes e frias, conforme figura 7 abaixo.
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Figura 7 – Círculo cromático
Fonte: OLIVEIRA, 2018.
CONTRASTE HARMONIA
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3. Produção de slides: sumarização e principais ferramentas
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https://youtu.be/20f3qjzLgyo (Como fazer um slide no Power Point)
Uma dica importante para você buscar tutoriais na internet é observar a data de
publicação dos tutoriais, pois os programas são alterados com uma certa frequência e
ganham novos recursos, bem como sofrem alterações em seu layout. Assim, quanto
mais recente for o tutorial, mais claro e efetivo ele será para você.
Além dos programas citados acima, existe um grande número de aplicativos
que possibilitam apresentações em slides. Um deles, com layouts profissionais, mas
bem acessíveis, é o Canva (www.canva.com). Uma das limitações é que você necessita
baixar o arquivo, geralmente em PDF ou em arquivo de imagem, e, nesse caso, não há
recursos de movimentos ou transição dos slides.
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Exercício 4 – Agora que você já conheceu algumas ferramentas utilizadas na
elaboração de slides, que tal inovar nessa prática?!
Tente criar apresentações em um dos recursos apresentados que você
desconhecia ou que não é muito familiarizado. Lembre-se de utilizar os conhecimentos
adquiridos ao longo deste módulo.
Conclusões
As autoras
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da apresentação em slides, desde que estejam relacionados com o tema abordado.
Logo, não se deve incluir elementos gráficos apenas por uma questão estética, pois
podem causar distrações, dispersão e dificuldades na compreensão do conteúdo.
(correta)
A sequência correta é:
a) I, C, C, I, C
b) I, C, I, C, C
c) C, C, C, I, I
d) I, C, C, C, C
Referências
BAKHTIN, Mikhail. Gêneros do Discurso. Estética da Criação Verbal. Trad. Paulo Bezerra.
6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 261-306.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
KRESS, Gunther; VAN LEEUWEN, Theo. Reading images: the grammar of visual design.
London: Routledge, 2006.
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