Escrita acadÊMICA

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INTRODUÇÃO

AOS GÊNEROS
ACADÊMICOS

LABORATÓRIO
DE LEITURA E
PRODUÇÃO
COLÉGIO TÉCNICO
DE FLORIANO
TEXTUAL
FICHA TÉCNICA

MÓDULO 3.2
AUTORIA:

MARILENE MENDES
ANA MARIA PEREIRA

REVISÃO:

DAW TON VALENTIM


D E N I S E TA M A Ê
JOSÉ RIBAMAR JR.

DIAGRAMAÇÃO:

ROMANO ROCHA

LABORATÓRIO
DE LEITURA E
PRODUÇÃO
COLÉGIO TÉCNICO
DE FLORIANO
TEXTUAL
P R E PA R A Ç Ã O D E S L I D E S : a s p e c t o s
gráficos, estruturais e semânticos

APRESENTAÇÃO

Caro estudante,
Esperamos que esteja gostando deste curso e que ele realmente auxilie você a,
inicialmente, identificar, interagir e produzir gêneros acadêmicos. Neste módulo,
abordaremos os slides, um recurso bastante utilizado em sala de aula, especialmente na
educação superior, mas também em outras situações acadêmicas, como em palestras,
comunicações orais em eventos etc. Trataremos dos aspectos gráficos, semânticos e
estruturais dos slides, numa perspectiva dialógica e comunicacional.
Desejamos um excelente aprendizado!

INTRODUÇÃO

Este módulo foi pensado com o intuito de que, ao final da sua leitura e estudo, o
estudante seja capaz de:
• Compreender a apresentação de slides como ferramenta para a realização
do gênero discursivo acadêmico – comunicação de pesquisas;
• Identificar formas de articulação entre os elementos multimodais para o
estabelecimento do propósito comunicativo;
• Produzir apresentações de slides utilizando algumas das ferramentas
abordadas e considerando contexto e propósito comunicativos.

Para tanto, seu conteúdo foi organizado da seguinte maneira:


1. A apresentação de slides e os gêneros discursivos
2. A multimodalidade e a disposição dos elementos constituintes dos slides
3. Produção de slides: sumarização e principais ferramentas
Conclusões

Para que você alcance uma melhor compreensão sobre o tema, sugerimos que,
além de ler este módulo, faça as leituras complementares, assista aos vídeos sugeridos e
resolva os exercícios propostos. Boa leitura!

01
1. A apresentação de slides e os gêneros discursivos

A apresentação de conteúdos através da exposição oral pelo professor é uma


prática que remete às práticas mais rotineiras da escola, segundo a qual o professor
tinha a função de transferir os conhecimentos ao aluno - perspectiva que foi
denominada por Freire (1999) como educação bancária.
A partir do século XIX, com a
propagação do ensino monitorial ou
mútuo (BASTOS, 2005), o ensino
deixou de ser individualizado e passou
a ser dirigido a um grande número de
estudantes, simultaneamente. Com
isso, a sala de aula ganhou a
disposição espacial que ainda hoje é
predominante em muitas instituições
de ensino, em que, basicamente, a sala
é dividida em dois espaços: o
Figura 1 – Sala de aula atual
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/371124825519959002/ primeiro, próximo à porta de acesso,
onde fica a mesa e cadeira do
professor e o quadro; e o segundo, onde ficam as cadeiras dos estudantes, enfileiradas.
Apesar de ocorrerem muitas mudanças nas concepções de ensino e de
aprendizagem a partir de muitas teorias e experiências em educação que foram
difundidas e vivenciadas, a disposição espacial da sala de aula tradicional ainda perdura
na maioria dos estabelecimentos escolares, inclusive nos de ensino superior.
No entanto, percebemos algumas transformações no uso desse espaço. Uma
delas, de ordem material, é a substituição do quadro pelo projetor de imagem
(“Datashow”). Essa transformação se deve ao avanço das tecnologias da informação e
comunicação e à popularização dos recursos digitais. Outra transformação, talvez mais
significativa que a anterior, é a ocupação do espaço que antes era exclusivo do professor
pelos alunos, em atividades de ministração de seminários.
O que devemos ter em mente é que, essas transformações por si mesmas não
garantem que tenhamos avançado nas concepções de educação, ensino e
aprendizagem. Nesse sentido, podemos ter situações em que uma aula em moldes
tradicionais pode ser ministrada com o uso do projetor de mídia mais avançado
tecnologicamente, e, por outro lado, estudantes podem ocupar o espaço reservado ao
professor (o que teoricamente representaria uma concepção de educação mais

Sobre essa reflexão, sugerimos que você assista ao vídeo “Tecnologia e Metodologia”, produzido pelo Grupo de
trabalho de imagem e conhecimento (GTRIC), da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), em 2007,
disponível no link: https://youtu.be/IJY-NIhdw_4 .

02
moderna) em atividades de pura repetição de conteúdo, como se ministrassem aulas
nos moldes tradicionais. Assim, mais do que as mudanças visíveis, importam e
realmente fazem diferença as transformações invisíveis, ou seja, as concepções de
educação, de ensino e de aprendizagem, assim como de homem e de sociedade, que
são compartilhadas pelos atores envolvidos no processo educacional.
Mas você deve estar se perguntando: Que relação tem isso tudo que foi falado
até aqui com a preparação de slides? E nós respondemos que tem tudo a ver, pois a
preparação de slides em um curso de escrita na universidade é uma prática diferente da
preparação de slides para uma convenção empresarial, ou mesmo de uma festa de
aniversário, etc. Porque fazer uma apresentação com slides em uma aula de graduação
deve nos fazer pensar, dentre outras questões, sobre:
• O conteúdo – Que tipo de conteúdo será abordado? Será que temos
domínio e segurança para fazer uma apresentação sobre o assunto? Por
qual perspectiva será abordado? Etc.
• Os interlocutores – Quem serão os nossos interlocutores? Qual o seu
nível de conhecimento sobre o conteúdo que será apresentado? Etc.
• A avaliação – Quais os critérios de avaliação que o professor utilizará para
atribuir uma nota à apresentação? Como os demais colegas analisarão a
apresentação? Etc.
• O contexto – Qual a infraestrutura do local onde será realizada a
apresentação? Quais os programas de apresentação de conteúdos que
estão instalados no computador que será utilizado? Etc.

E a reflexão sobre questões como essas perpassa a nossa concepção sobre o


que é educação, ensinar e aprender, especialmente no contexto de uma sociedade que
se mostra cada vez mais digital.

Exercício 1 – Vamos partir do princípio de que você, alguma vez, já elaborou


uma apresentação com slides, certo? (Caso nunca o tenha realizado, imagine como seria
a sua primeira apresentação.) Tente reviver essa situação e responda:
- O que você realmente pretendia alcançar com a sua apresentação em slides?
- Você parou e pensou sobre as questões elencadas (conteúdo, interlocutores,
avaliação e contexto)?
Não é necessário escrever a sua resposta. A nossa intenção com esse exercício é
fazer com você reflita sobre o processo de produção e compreenda que se trata de uma
ação situada social e historicamente.

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A seguir, apresentamos uma figura que retrata o
processo de uma apresentação com o uso de slides:

Queremos deixar claro que esse roteiro é apenas


uma abordagem para a preparação de slides, logo a
sequência proposta não é fixa. No entanto, alguns pontos
apresentados devem ser considerados, como, por
exemplo, o fato de que a elaboração dos slides em si
constituir a penúltima etapa de todo o processo.
É bastante comum, e afirmamos isso com base em
obser vações informais do cotidiano acadêmico,
estudantes que se propõem a fazer uma apresentação em
slides começarem o processo pela confecção das lâminas
nos programas disponíveis. E, como ainda não definiram
os tópicos a serem elencados, a forma como serão
abordados e uma sequência a ser seguida, gastam muito
tempo tentando adaptar os designs dos slides a um roteiro
que ainda não foi definido.

Figura 2 – Roteiro para Outra situação bastante corriqueira é a


elaboração de slides preocupação com a formatação dos slides em detrimento
Fonte: Elaboração das autoras.
das informações que eles passam ou deveriam passar para
os leitores/espectadores da apresentação.
Desse modo, quando sugerimos que o primeiro passo seja o domínio do
conteúdo estamos propondo que o estudante tenha conhecimento sobre o assunto que
irá abordar. Caso isso ainda seja um pondo a ser trabalhado, o melhor a fazer é ir estudar,
pesquisar sobre o assunto. Nesse momento, não é interessante deter-se a questões
como o modelo dos slides, estilos de apresentações ou tipos de letras.
Após o domínio do conteúdo a ser abordado, o roteiro apresentado na Figura 2
sugere que se leve em consideração o contexto comunicativo. Esse conceito remete aos
gêneros discursivos, teoria linguística de Bakhtin (2011), segundo a qual “(...) cada
campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados,
os quais denominamos gêneros do discurso”. (2011, p. 262, grifos do autor). Nesse
sentido, a apresentação em slides constitui uma importante estratégia de sumarização
de conteúdos (MACHADO et al, 2004) que interferem no gênero discursivo próprio do
campo da comunicação acadêmica (comunicação de pesquisas em eventos ou em
seminários). Por isso, é importante que, ao elaborar slides para proferir uma

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apresentação em um curso de graduação, o estudante reflita sobre o contexto
comunicativo, caso o conheça, buscando definir, entre outros pontos, seu nível de
profundidade de abordagem do conteúdo, o tipo de linguagem a ser utilizada, o nível de
formalidade e a postura que adotará durante a exposição oral.
Caso o público alvo não seja conhecido, é importante que o apresentador tente
simular sua plateia. Isso pode ser feito através de um pouco de reflexão e busca de
informações, inclusive com o próprio professor ou professora proponente da atividade.
Por exemplo, se o estudante vai apresentar um trabalho oral em um evento fora de sua
instituição, é provável que utilize os mesmos critérios para elaborar uma apresentação
para qualquer evento científico. Contudo, se ele for fazer uma apresentação em uma
atividade de extensão - em que o público-alvo geralmente é a comunidade externa, que
muitas vezes não se utiliza do discurso acadêmico -, esse público pode não ser atingido
com um discurso muito formal, sendo oportuna uma modalização da linguagem
utilizada.
Para além do público alvo, o contexto comunicativo envolve questões
institucionais, ideológicas, políticas, sociais e culturais, bem como questões
relacionadas à infraestrutura. Portanto, o apresentador deve se precaver a possíveis
problemas de formatação, compatibilidade de softwares, tamanhos de fontes e outros
pontos que serão abordados nos itens seguintes deste material.
A elaboração de um roteiro, que pode ser escrito ou mental, constitui uma ação
de gerenciamento da sua produção. Ressaltamos que, assim como o roteiro da Figura 2,
um roteiro não tem caráter de rigidez, pelo contrário, ele pode e deve ser modificado de
modo que os tópicos existentes na apresentação em slides não serão necessariamente
apenas os tópicos do roteiro, ou mesmo, alguns tópicos do roteiro poderão não constar
na apresentação e vice-versa. A elaboração de um roteiro auxilia o estudante a não
perder de vista seu objetivo principal com a apresentação e a não esquecer dos pontos
mais importantes. Um roteiro bem elaborado contribui de forma significativa no
processo de produção dos slides.
Depois de um roteiro bem elaborado, é chegado o momento da construção da
apresentação em si. Conforme as reflexões anteriores sobre o contexto comunicativo e o
roteiro da apresentação, faça as escolhas do layout dos slides. O design das lâminas
normalmente é elaborado de modo a atender objetivos de apresentações diferenciados.
Por exemplo, se a sua apresentação possui mais elementos visuais como figuras e
gráficos, escolha um modelo de slide que apresente layout com esses elementos. Já se a
sua apresentação possui predominantemente elementos texto-verbais, opte por um
layout com mais texto.

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Figura 3 – Slide com layout para texto Figura 4 – Slide com layout para imagem
Fonte: Microsoft Office 2010. Fonte: Microsoft Office 2010.

Queremos deixar claro que você também tem autonomia para criar seus
próprios designs tanto a partir dos modelos pré-existentes, quanto a partir de um
modelo em branco. Contudo, isso vai depender do tempo disponível e do seu
letramento digital nessa prática. Como nosso intuito é fazer com que a elaboração de
slides ocorra de uma forma mais eficaz, estamos orientando seguir os modelos
propostos, porém, fique à vontade para, em situações em que você disponha de tempo e
tenha desenvolvido habilidades necessárias para lidar com o layout dos slides, criar e ou
personalizar seus próprios designs.
Outros pontos a serem considerados são o formato e o tamanho das letras, bem
como as cores do fundo e o contraste que produzem, e os efeitos de sentido
pretendidos. Pode acontecer de, com a projeção, as cores serem alteradas pela
iluminação de modo que a leitura seja dificultada; assim como, mesmo sem a
interferência da luz, as cores escolhidas para o fundo do slide e para a fonte serem
semelhantes, e aí, mesmo que a iluminação seja perfeita, a leitura pode também ser
prejudicada. Por isso, abordaremos algumas noções de contraste nos tópicos seguintes.
Por fim, consideramos oportuno retomar o conceito de contexto comunicativo
(BAKHTIN, 2011) ao nos referirmos à apresentação. Os slides devem ser um elemento de
apoio para o estudante e não a única fonte de informação da apresentação. Por isso, não
coloque nos slides tudo o que você vai falar, mas apenas tópicos que lhe darão uma
orientação durante a apresentação.
Outra dica importante é não colocar
muito texto em um slide, pois você vai
pa s s a r ba s t a n te te m p o l e n d o ,
possivelmente de costas para a os
espectadores, e sua apresentação se
tornará enfadonha. O interessante é
colocar palavras-chaves ou conceitos
curtos, que você possa complementar
Figura 5 – Apresentação com suporte de slides
Fonte: com suas próprias palavras.
http://noticias.universia.com.br/net/images/educacion/c/co
/com/como-realizar-um-seminario-fantastico-na- A apresentação em si
faculdade.png

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constitui-se em uma apresentação em público, situação que deixa a grande maioria das
pessoas desconfortável. Duas dicas para amenizar esse desconforto são: i – dominar o
conteúdo, pois quando você tem segurança sobre o que vai falar, o medo de falar em
público fica reduzido à situação de exposição; ii- treine o quanto puder, pois isso fará
com que você se familiarize cada vez mais com a situação. Se possível, treine diante de
um espelho ou mesmo de uma câmera (que tal gravar no seu celular sua apresentação
para depois se ver e autoanalisar?!). Aproveite, durante o treino, para ver quanto tempo
você gasta em sua apresentação, assim consegue ajustar sua fala ao tempo disponível, o
que tem sido uma dificuldade para muitos oradores não profissionais.

Exercício 2 – Neste exercício, você deverá adequar os modelos de slides às


apresentações que você normalmente faz. Para tanto, vá até o programa de produção de
slides instalado no seu computador, inicie um documento e faça o seguinte exercício:
imagine um roteiro de apresentação que você precisa fazer (Figura 2) e escolha um
modelo de slide que melhor se adequa a essa apresentação.
Se você tem habilidades de criar designs para slides, então, crie um slide próprio
para apresentar uma imagem (gráfico, mapa, esquema etc.) e outro para apresentar um
conceito (texto curto).

2. A multimodalidade e a disposição dos elementos constituintes dos slides

A multimodalidade se refere à presença de diferentes linguagens em um


mesmo texto. Os textos podem ser considerados como multimodais desde as inscrições
pictóricas nas cavernas. Contudo, somente com o avanço tecnológico digital, que
possibilitou uma diversidade de recursos visuais, a disseminação de textos híbridos,
com elementos verbais e visuais, ou seja, texto e imagens juntos, passou a ocorrer em
larga escala. Assim, passou-se a investir mais em sua utilização, o que acabou por gerar
demandas para estudos e investigação.
A multimodalidade não tem como única finalidade melhorar a visualização
estética do texto, pelo contrário, ela contribui para a construção de sentidos que são
construídos em sua leitura (VIEIRA; SILVESTRE, 2015). Desse modo, quando utilizamos
palavras e imagens juntas, em um mesmo texto, queremos passar alguma mensagem,
que seria mais difícil, demorado ou menos efetivo apenas com palavras. Por isso, é
importante termos algumas noções sobre os estudos multimodais para que possamos
usufruir de alguns recursos de construção de sentidos que esses estudos nos oferecem.
Uma análise multimodal busca compreender a(s) forma(s) como as imagens

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representam o mundo real. Nesse sentido, Vieira e Silvestre (2015), baseadas em Kress e
Van Leeuwen (2006), apresentam algumas categorias para se analisar textos
multimodais. Dentre elas, destacamos a categoria modo ou modalização, que está
relacionada com a função interpessoal da linguagem e corresponde à forma como os
discursos são enunciados, de acordo com as escolhas léxico-gramaticais realizadas
pelos sujeitos, como adjetivos e verbos, em textos verbais.
Passando para textos híbridos, a questão central da categoria modo ou
modalização reside na combinação e distribuição das imagens para marcar os valores a
serem expressos. Logo, elementos visuais não devem ser inseridos de forma aleatória
em um texto, pois eles sempre passam uma mensagem. Se você gosta de inserir
imagens nos seus slides, tome cuidado para que esses elementos visuais contribuam na
compreensão do assunto pelos espectadores, do contrário, tais elementos podem
constituir em desvios de atenção durante a apresentação e dificultar a compreensão.
Abordaremos os seguintes recursos nessa categoria: escala de detalhes,
elementos tipográficos e cores. Sugerimos que você pesquise alguns materiais,
indicados no final deste módulo, caso deseje se aprofundar nessa temática.
A escala de detalhes diz respeito a itens como o contraste entre os planos de
frente e fundo, a luz e a distribuição dos elementos no espaço do slide. Observe o
exemplo abaixo:

O primeiro olhar nos chama a


atenção para o centro do espaço, uma
vez que todos os elementos (texto e
imagem) estão dispostos de forma
centralizada. O efeito produzido pela
luz, que emana por detrás da figura
reforça a ideia de centralização, uma
vez que chama a atenção do leitor
para o centro do slide, onde está mais
claro. O mesmo efeito é utilizado
dentro da imagem inserida no slide.
Figura 6 – Slide sobre drogas
Fonte: https://pt.slideshare.net/flaviia_cra/drogas-na- Ao dispor todos os elementos no
adolescncia
centro, o autor passa a mensagem de
que todos eles possuem a mesma
importância, uma vez que não há destaque para um ou outro. Assim, esse slide mantém
uma harmonia entre todos os seus elementos, a partir dos detalhes como fundo, luz e
distribuição do espaço, sendo coerente com a mensagem que deseja transmitir.

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Utilizando essa mesma Figura 6, façamos uma análise dos elementos
tipográficos. Esses elementos fazem referência, como o próprio nome revela, aos tipos,
letras ou fontes utilizadas no texto verbal. E não se trata apenas do modelo da fonte, mas
também de outros aspectos como seu tamanho, cor e formato. No slide acima existem
três mensagens de texto, sendo cada uma delas com uma fonte diferente: a primeira, o
título, está escrita em caixa alta, com letras grandes, para chamar a atenção para o tema,
que é a função de um título, como o de um capítulo de livro, seção de um artigo, dentre
outros; a segunda mensagem, escrita em quatro linhas, justificada, localizada entre o
título e a gravura, detalha a informação passada pelo título, assim, é escrita com letras
maiúsculas e minúsculas e menores que as letras do título, como em um texto
convencional; e a terceira mensagem textual, presente na gravura (“Drogas destroem o
viciado e a família”), está escrita também com letras maiúsculas e minúsculas, porém em
um tamanho um pouco maior que a segunda mensagem. O terceiro texto tem a função
de sintetizar a mensagem do slide e está diretamente relacionado à gravura.
Quanto ao tipo das fontes utilizadas, podemos afirmar que são fontes mais
limpas, ou seja, com traços retos, sem os detalhes conhecidos como “serifas”. As fontes
“sans”, ou seja, aquelas que não possuem serifas, normalmente são mais indicadas para
textos em suporte digital, enquanto as fontes com serifas, para textos impressos. Para
saber um pouco mais sobre esses dois tipos de fontes, consulte o “Infográfico: tipografia
com ou sem serifa”, disponível no site “Tutano por trampos.co”, disponível no link:
http://tutano.trampos.co/12742-infografico-tipografia-serifa/ .
Essa escolha por parte do autor demonstra que sua intenção é comunicar com
clareza e facilitar a compreensão. A escolha das cores das fontes levou em conta as cores
dos fundos, o que é de suma importância para proporcionar uma melhor acuidade
visual. Ressaltamos que esse cuidado na escolha do tipo de fonte e no contraste
demonstra também respeito para com as pessoas que possuem alguma deficiência
visual, como baixa visão, portanto, deve ser sempre levado em consideração.
Nesse ponto, aprofundaremos o elemento cores, que é tratado pela
cromologia, ciência que trata das interações entre o ser humano e as cores. Nessa linha
de pensamento, quando escolhemos uma determinada cor significa que desejamos que
determinados sentidos sejam construídos pelos espectadores ao visualizarem a referida
cor. Da mesma forma, reagimos de formas mais ou menos semelhantes diante de
determinadas cores ou suas combinações, bem como temos perspectivas diferentes em
relação a outras cores ou suas combinações.
Uma dica valiosa é usar o contraste de cores a seu favor, de forma coerente com
a mensagem que você deseja passar em seus slides. Para tanto, profissionais da área de
Comunicação Visual orientam recorrer ao círculo cromático, que distribui as doze cores
mais conhecidas em dois grupos: quentes e frias, conforme figura 7 abaixo.

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Figura 7 – Círculo cromático
Fonte: OLIVEIRA, 2018.

Segundo esses profissionais, o segredo para combinar as cores de acordo com a


mensagem que você deseja transmitir é: usar cores opostas, ou seja, as cores que se
posicionam no extremo de acordo com o círculo cromático (ex.: verde limão e vinho;
verde e vermelho; amarelo e violeta) quando você deseja criar contraste; e utilizar cores
próximas quando quiser passar uma ideia de harmonia e equilíbrio. Observe as imagens
abaixo:

CONTRASTE HARMONIA

Figura 8 – Contraste de cores Figura 9 – Harmonia entre cores


Fonte: Elaboração das autoras. Fonte: Elaboração das autoras.

Você percebe as noções de contraste e harmonia causadas pelas combinações


de cores acima? Agora imagine essa combinação em lâminas de uma apresentação: se o
apresentador vai falar para um público juvenil sobre um evento e deseja empolgar esse
público, o mais indicado é que ele use cores contrastantes para chamar a atenção dos
interlocutores; já em outra situação totalmente diversa, caso um palestrante esteja
fazendo um exercício de relaxamento ou falando sobre um tema como meditação, é
mais coerente que ele faça combinações de cores que provoquem harmonia e
equilíbrio.

Exercício 3 – Que tal testar seus conhecimentos recém adquiridos sobre


multimodalidade?! Então, procure uma apresentação em slides que você já fez e
proceda com a análise, observando os elementos apresentados nesta seção 2: escala de
detalhes, elementos tipográficos e cores. Tente identificar a mensagem que esses
elementos possam ter passado para os espectadores e o mais importante, se essa era a
mensagem que você, enquanto autor dos slides, também pretendia passar.

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3. Produção de slides: sumarização e principais ferramentas

Nesta seção, abordaremos as principais ferramentas utilizadas para elaboração


de apresentação em slides. Trata-se de programas, sites e ou aplicativos e seus principais
recursos. No entanto, antes de passarmos para as ferramentas, gostaríamos de abordar
um item importante em qualquer apresentação: a sumarização, ou seja, a estrutura ou
sequência dos slides.
Todo texto possui uma estrutura que o caracteriza como gênero textual, como,
por exemplo, um convite é composto pelo remetente e destinatário, o convite em si e as
informações sobre o evento (data, local, horário etc.). Da mesma forma, uma
apresentação em slides terá sua estrutura definida de acordo com o conteúdo e
finalidade. Uma apresentação acadêmica (seminário, TCC etc.) geralmente segue, mais
ou menos, a seguinte estrutura sequencial: capa, roteiro/sumário/índice, slides de
conteúdo (introdução/desenvolvimento/conclusão), referências bibliográficas, slide de
finalização, como mostra a figura 10 abaixo:
Dessa forma, antes de
iniciar a produção dos seus
slides, anote os tópicos
sugeridos na estrutura
sequencial acima. Certamente
essa atitude ajudará você tanto
na produção dos slides em si,
quanto na apresentação, pois
você construiu uma sequência
lógica que lhe norteará.
Ressaltamos que informar o seu
contato (e-mail e ou alguma rede
Figura 10 – Sequência dos slides
Fonte: Elaboração das autoras, com base em: social) no último slide é bastante
https://pt.slideshare.net/sala40/sequencia-de-slides
interessante para apresentações
em eventos, em que, geralmente
os participantes não se conhecem. Assim, se houver alguma afinidade ou interesse em
sua pesquisa/trabalho, poderão ocorrer interações sobre o tema da pesquisa e ou
mesmo a criação e ampliação de redes de contatos com fins acadêmicos.
Agora passemos para os softwares de elaboração de slides. Um dos programas
mais conhecidos e utilizados é o PowerPoint, da Microsoft. Dependendo da versão do
Office, alguns recursos complementares são disponibilizados, como os layouts dos
slides, recursos de transição e fontes. Segue o link de um vídeo que trata sobre a criação
de slides no PowerPoint:

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https://youtu.be/20f3qjzLgyo (Como fazer um slide no Power Point)

Além do PowerPoint, outros programas possibilitam a criação de slides, como,


por exemplo o Prezi e o Google Drive, no entanto, com possibilidades e limitações. Uma
dessas limitações é o acesso pago. Muitos sites disponibilizam uma versão gratuita ou
mesmo um período de acesso gratuito. Para além dessas permissões, nós temos que
trabalhar nesses sites com a limitação dos recursos que eles nos oferecem.
O Prezi, por exemplo, possui muitos recursos de transição de slides, que o
caracteriza; contudo, normalmente necessita de conexão à internet para ser
reproduzido. Enquanto o Google Drive é bastante limitado no tocante aos recursos
visuais, porém, possibilita a elaboração compartilhada e seu acesso online ou offline,
devido seu recurso de armazenamento em nuvem.
Vale a pena conferir esses programas e tentar montar apresentações neles. Não
se preocupe se você nunca os acessou, bata ir na internet e pesquisar por tutoriais, que
geralmente estão disponíveis em formato de arquivos de texto ou de vídeos
explicativos. Abaixo compartilhamos tutorias para uso do Prezi e do Google Drive em
apresentações:

• Video - Prezi: https://youtu.be/Ov2lYRMky6E (Aprenda a usar o PREZI em


SEIS MINUTOS [tutorial passo a passo])
• P D F - P r e z i :
http://k01.com.br/downloads/sindusfarma/dec16/TUT_PREZI.pdf
(Tutorial de Prezi)
• Video - Google Drive: https://youtu.be/bYSe1e9J1V0 (Apresentações
Google - Aula 01)

Uma dica importante para você buscar tutoriais na internet é observar a data de
publicação dos tutoriais, pois os programas são alterados com uma certa frequência e
ganham novos recursos, bem como sofrem alterações em seu layout. Assim, quanto
mais recente for o tutorial, mais claro e efetivo ele será para você.
Além dos programas citados acima, existe um grande número de aplicativos
que possibilitam apresentações em slides. Um deles, com layouts profissionais, mas
bem acessíveis, é o Canva (www.canva.com). Uma das limitações é que você necessita
baixar o arquivo, geralmente em PDF ou em arquivo de imagem, e, nesse caso, não há
recursos de movimentos ou transição dos slides.

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Exercício 4 – Agora que você já conheceu algumas ferramentas utilizadas na
elaboração de slides, que tal inovar nessa prática?!
Tente criar apresentações em um dos recursos apresentados que você
desconhecia ou que não é muito familiarizado. Lembre-se de utilizar os conhecimentos
adquiridos ao longo deste módulo.

Conclusões

Chegamos ao final deste módulo e esperamos ter contribuído de alguma forma


para a sua prática de elaboração de slides. Abordamos aspectos gráficos (layout, fontes,
cores etc.), estruturais (sequência, roteiro etc.) e semânticos (contexto comunicativo,
slide como gênero discursivo), que estão envolvidos nesta prática de letramento
acadêmico.
O conhecimento pelo estudante desses aspectos possibilita sua utilização de
maneira efetiva para a mensagem que quer transmitir e o sentido que deseja construir
com sua apresentação.
Desejamos que você conclua este curso de maneira satisfatória que consiga
melhorar cada vez mais suas apresentações com slides.
Abraços!!!

As autoras

Questão final – Classifique as alternativas em corretas (C) e incorretas (I):


( ) Dominar o conteúdo; considerar o contexto comunicativo; construir um roteiro;
elaborar os slides; e ensaiar a apresentação constituem a sumarização ou estrutura
sequencial dos slides em uma apresentação. (incorreta)
( ) Quando se deseja causar um efeito de contraste entre fundo e fonte dos slides,
deve-se combinar cores quentes e frias, que ficam em posições opostas no círculo
cromático. (correta)
( ) Considerando o que foi abordado sobre fontes com serifas e fontes sans, pode-se
afirmar que a fonte ARIAL é uma fonte sans, ou seja, não possui serifas. (correta)
( ) Uma apresentação em slides é considerada efetiva quando contém tudo o que o
estudante deseja falar, inclusive conceitos longos, pois assim constitui uma
apresentação mais completa. (incorreta)
( ) Os recursos gráficos podem contribuir na construção de sentido sobre o conteúdo

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da apresentação em slides, desde que estejam relacionados com o tema abordado.
Logo, não se deve incluir elementos gráficos apenas por uma questão estética, pois
podem causar distrações, dispersão e dificuldades na compreensão do conteúdo.
(correta)
A sequência correta é:
a) I, C, C, I, C
b) I, C, I, C, C
c) C, C, C, I, I
d) I, C, C, C, C

Referências

BAKHTIN, Mikhail. Gêneros do Discurso. Estética da Criação Verbal. Trad. Paulo Bezerra.
6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 261-306.

BASTOS, Maria Helena Câmara. O ensino monitorial/mútuo no Brasil (1827-1854). In:


STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena Câmara (Orgs.). Histórias e memórias da
educação no Brasil - Vol. II - Século XIX, Volume 2. Petrópolis: Editora Vozes, 2005, p. 34-
51.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
KRESS, Gunther; VAN LEEUWEN, Theo. Reading images: the grammar of visual design.
London: Routledge, 2006.

MACHADO, Anna Raquel; LOUSADA, Eliane Gouvêa; ABREU-TARDELLI, Lília Santos.


Resumo. São Paulo: Parábola Editorial, 2004, 69p.

OLIVEIRA, Jorge. Unidade 3 - Cores. São Carlos, 2018. Curso de Desenvolvimento de


apresentações em PowerPoint. Secretaria Geral de Educação a Distância da
Universidade Federal de São Carlos.

VIEIRA, Josenia; SILVESTRE, Carminda. Introdução à Multimodalidade: Contribuições da


Gramática Sistêmico-Funcional, Análise de Discurso Crítica, Semiótica Social. Brasília,
DF: J. Antunes Vieira, 2015.

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