Apostila de Educação Especial Inclusiva
Apostila de Educação Especial Inclusiva
Apostila de Educação Especial Inclusiva
INSTITUTO EDUCACIONAL
WALLON FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
INSTITUTO EDUCACIONAL
APRESENTAÇÃO.
Henri Wallon nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia passou pela filosofia
e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais explicitada à aproximação com a educação.
Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola Normal Superior, cursou também
medicina, formando-se em 1908. Viveu num período marcado por instabilidade social e
turbulência politica.
Henry Wallon além de elaborar uma teoria sobre o desenvolvimento humano, em virtude
de sua preocupação com a educação, escreveu também sobre suas ideias pedagógicas apontando
bases que a psicologia pode oferecer À atuação pedagogia e o uso que a pedagogia pode fazer
dessas bases, além de se nutrir da experiência pedagógica.
Você está recebendo este material didático, na certeza de contribuirmos para sua
formação acadêmica e, consequentemente, propiciando oportunidade para melhoria de seu
desempenho profissional. Todos nós, da equipe WALLON, esperamos retribuir a sua escolha,
reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma estrutura aberta
e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.
O presente material didático foi produzido criteriosamente, por meio de coletâneas,
compilações e pesquisas, pelos Professores e Coordenadores do Instituto Wallon, para que os
referidos conteúdos e objetivos sejam atingidos com êxito. Esperamos que este seja-lhe de grande
ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhecimento teórico e para o
aperfeiçoamento de sua prática. Leia com muita atenção as orientações a seguir e um ótimo
estudo!
Abraços!
Direção Geral
Como você sabe, a escola é a primeira oportunidade que a criança tem para
aprender a conviver com outras crianças fora do ambiente familiar. Além disso, a escola
também precisa atingir quatro objetivos muito importantes:
• Transmitir conhecimentos;
• Formar cidadãos conscientes de seus direitos
e deveres;
• Preparar para o trabalho;
• Promover o desenvolvimento pessoal.
Percebeu-se que as escolas estavam ferindo estes direitos, tendo em vista os altos
índices de exclusão escolar; populações mais pobres, pessoas com deficiência, dentre
outros, estavam sendo, cada vez mais, marginalizadas do processo educacional. A
Declaração Mundial de Educação para Todos (1990), a Declaração de Salamanca (1994)
e a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra a Pessoa Portadora de Deficiência (1999) são alguns dos mais importantes
documentos produzidos sobre esse assunto.
DOCUMENTOS INTERNACIONAIS
No Brasil, muitas leis municipais, estaduais e federais foram feitas para defender o
direito das pessoas com deficiência. Diversas Leis orgânicas (uma espécie de
constituição dos municípios) e Constituições estaduais, inspiradas na Constituição
Federal de 1988, determinam que o aluno com deficiência tem direito e deve receber, na
classe comum da escola comum, todo o atendimento específico que necessitar.
Onze milhões de pessoas com deficiência, com 15 anos ou mais, não têm
nenhuma ou têm uma baixíssima escolaridade.
1988 – Constituição Federal (Art. 208, III) estabelece o direito das pessoas com
necessidades especiais de receberem educação, preferencialmente na rede regular de
ensino.
1854 - Instituto Benjamin Constant (IBC) fundado no Rio de Janeiro, RJ, com o
nome de Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Foi a primeira instituição de educação
especial da América Latina; ainda em funcionamento.
LEGISLAÇÃO NACIONAL
1989 — Lei N.º 7.853 cria a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa
1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei n.º 8.069). No Art. 53,
assegura a todos o direito à igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola e atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de
ensino.
1999 — Decreto N.º 3.298 regulamenta a Lei no 7.853/89 que trata da Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e estabelece a matrícula
compulsória, em cursos regulares de escolas públicas e particulares, de pessoas com
deficiência.
2000 — Lei N.º 10.098 estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida
mediante a eliminação de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no
mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de
comunicação.
Apesar das leis que garantem o direito dos alunos com deficiência à educação,
sabemos que 40% de todas as crianças e todos os adolescentes que estão fora da escola
são meninos e meninas com deficiência3. Em outras palavras, o Brasil só vai conseguir
colocar todas as crianças na escola quando a educação for de fato inclusiva e a escola for
realmente de qualidade para todos.
Somente com o apoio dos professores, o Brasil poderá, de fato, oferecer uma
Educação de Qualidade para Todos. E você, professor, pode começar a fazer isso agora.
Não é preciso cursar uma faculdade. Basta você usar sua criatividade, seu bom senso,
sua vontade de ensinar, sua experiência. E os professores especializados em alunos com
deficiência e outros profissionais, como pedagogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais
estão aí para ajudar você. A Secretaria de Educação da sua cidade pode ajudar você a
encontrá-los.
Para que isso ocorra, é fundamental que as crianças com deficiência tenham o
apoio de que precisam, isto é, acesso físico, equipamentos para locomoção, comunicação
(tecnologia assistiva) ou outros tipos de suporte. Mas, o mais importante de tudo, é que a
prática da Educação Inclusiva pressupõe que o professor, a família e toda a comunidade
escolar estejam convencidos de que:
• Os alunos com deficiência não são problemas. A Escola Inclusiva entende esses
alunos como pessoas que apresentam desafios à capacidade dos professores e das
escolas para oferecer uma educação para todos, respeitando a necessidade de cada um;
Deficiência visual: abrange desde a cegueira até a visão subnormal (ou baixa
visão), que é uma diminuição significativa da capacidade de enxergar, com redução
O aluno com deficiência mental tem um potencial, que pode ser estimulado na sala
de aula e através do convívio com outros alunos. Muitas pessoas confundem a deficiência
mental com a doença mental (esquizofrenia, paranoias e outras), o que não é correto. São
fenômenos completamente diferentes. A pessoa com deficiência mental não tem surtos,
não tem ataques e não tem convulsões. É perfeitamente possível conviver com ela.
A partir dos anos oitenta, esse modelo começou a ser questionado. Já nos anos
noventa, estava consolidado o novo conceito proposto: o da Inclusão.
Por esse modelo, a deficiência não é um problema da pessoa mas, sim, o resultado
da incapacidade da sociedade em atender às necessidades dessa mesma pessoa.
Você deve ter ouvido muita gente falar que a Educação Inclusiva é uma ilusão e
que ela nunca vai funcionar. Você deve ter ouvido muitos professores dizendo que uma
boa classe especial ou Escola Especial é melhor para as pessoas com deficiência do que
uma Escola Inclusiva ruim.
O que você pode dizer a essas pessoas é que esse é um falso dilema. As pessoas
com deficiência têm direito a uma educação de qualidade e inclusiva. As duas coisas não
são e não podem ser consideradas excludentes. Esse é um direito intransferível de todas
as crianças e ninguém pode negar isso a elas.
POR QUE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA QUASE NÃO SÃO VISTAS NAS RUAS?
Desde a década de 80, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 10%
da população de todo país, em tempo de paz, são constituídos por pessoas com algum
tipo de deficiência.
No entanto, as pessoas com deficiência, ainda hoje, quase não são vistas nas ruas,
nos ônibus, nas escolas, nos cinemas, nos restaurantes, e raramente aparecem na
televisão, na política etc. Por que isso acontece?
Adaptações arquitetônicas
Para que o ambiente da escola seja acessível, é preciso que as pessoas com
deficiência, inclusive aquelas que usam cadeira de rodas, possam usar o mobiliário
(cadeiras, mesas, balcões, bebedouros, quadros de avisos, equipamentos etc), se
movimentar por todo o edifício (entrada principal, salas de aula, sanitários, pátios,
quadras, parques, bibliotecas, laboratórios, lanchonetes, etc) e pela vizinhança.
Isso significa que devemos observar também como está o lado de fora da escola.
Olhe se há guias rebaixadas para pessoas em cadeira de rodas, travessia de pedestres
sinalizada, semáforos sonoros para cegos, pontos de ônibus que permitam o embarque
seguro e calçadas conservadas e livres de canteiros de flores, postes, caixas de correio,
orelhões e bancas de jornal mal posicionados. Muitas vezes nem percebemos, mas estes
obstáculos podem representar uma verdadeira ―olimpíada‖ para as pessoas com
deficiência.
É claro que isto é o ideal e nossa realidade está muito longe de atingi-lo. No
entanto, não significa que você deve desistir de buscar o que for o possível para seu
aluno. Até porque, num ambiente onde pessoas em cadeiras de rodas ou pessoas cegas
e surdas circulam de maneira autônoma e segura, TODOS se beneficiam porque se
locomovem com menos esforço e mais conforto.
• sanitários que permitam entrar e fazer a volta com a cadeira de rodas; com vaso
sanitário da altura da cadeira de rodas; com pias que permitam o encaixe da cadeira de
rodas e manuseio confortável da torneira; com a porta sem mola que abre para fora e com
indicação de feminino e masculino de cor contrastante, de fácil reconhecimento e com
tamanho bem visível;
• pisos antiderrapantes.
• salas de vídeo com televisores com sistema de legendas ocultas para seus
usuários surdos. A maioria dos novos modelos de TV já sai de fábrica com esse
dispositivo de acionamento opcional chamado ―closed caption‖, através do qual tudo o
que é dito aparece legendado na tela. Porém, ainda não são todas as emissoras de TV
que oferecem o serviço de legendagem em sua programação.
Sabemos que muitas escolas infelizmente não têm bibliotecas ou salas de leitura,
mas outras têm. É importante que você, professor, fique atento sobre a importância que a
leitura tem para a criança com deficiência e, sempre que possível, estimule a comunidade
escolar, a Associação de Pais e Mestres ou a Biblioteca Pública de sua cidade a se
adaptar para acolher a criança e o jovem com deficiência.
A comunicação visual existente nas escolas deve ser compreendida por pessoas
com todos os tipos de deficiência. Os quadros de avisos e placas de sinalização e
orientação de usuários devem ter textos curtos, com letras grandes, acompanhados de
símbolos e devem ser colocados no nível dos olhos de uma pessoa em cadeira de rodas.
Devem ser instalados sinais de alerta com luz para avisar aos usuários surdos de
eventuais emergências.
Não deve haver barreiras arquitetônicas que possam dificultar o acesso de alunos
usuários de cadeiras de rodas ou com locomoção reduzida (degraus, areia fofa em todo o
solo, desníveis de um brinquedo para outro, etc.)
Cadeiras: pode-se serrar ou aumentar a altura das pernas das cadeiras, para que
fiquem de acordo com a altura da criança. Encostos e assentos adicionais, como
almofadas, podem ser combinados, se necessário, com apoio de pés.
Há empresas no Brasil que têm brinquedos próprios para crianças com deficiência.
Se quiser informações, faça uma busca na Internet ou escreva para a Rede SACI. Podem
ser colocados cintos que facilitem a posição ereta ou evitem que o aluno escorregue ou
caia para os lados. Estes cintos podem ser horizontais, em X e/ou que saiam dentre as
pernas, para manter o quadril posicionado.
Cada um tem o seu jeito de dar aulas, como você bem sabe. Quando recebemos
um aluno com deficiência, somos estimulados a rever nossa prática e a buscar outras
formas de ensinar.
A cooperação em sala de aula pode ser um fator importante para a inclusão das
pessoas com deficiência, pois permite interação e troca entre os alunos. O
desenvolvimento de algumas estratégias pode ser decisivo para criar um ambiente de
cooperação em que aqueles alunos que têm mais habilidades em alguma matéria possam
ajudar aqueles com menos habilidades.
Aprendizagem cooperativa
Círculo de amigos: é uma estratégia para que os alunos de uma turma recebam
um novo colega com deficiência e aprendam a conhecê-lo e ajudá-lo a participar de
atividades dentro e fora da escola. Inicialmente, organiza-se uma espécie de ―comitê de
boas-vindas‖, formado por alunos que, diariamente, poderão fazer visitas ou manter
conversas por telefone com o novo colega e saber das suas experiências no novo
ambiente escolar. O professor funciona como facilitador para criar o círculo de amigos e
pode dar apoio, orientação e conselhos, à medida que o resto da classe vai sendo
agregado ao circulo inicial.
É importante deixar claro que esse grupo de amigos não é um ―projeto para amigos
especiais‖, para alunos ―coitadinhos‖, nem tem a finalidade de ―praticar boas ações‖.
Pretende, isto sim, criar verdadeiros laços de amizade que resultem num apoio
real. É possível que a composição do grupo mude mas, geralmente, criam-se laços
prolongados de amizade. As crianças com e sem deficiência têm a oportunidade de se
beneficiar desta experiência.
O objetivo de uma rede de apoio entre colegas é enriquecer a vida escolar de todos
os alunos. É sem dúvida enorme a capacidade dos alunos para se ajudarem uns aos
outros na escola, mas para que esta capacidade se exerça é necessário que os
professores liderem o processo, encorajando-os.
Veja a seguir um relato sobre o quanto pode ser importante esta interação entre os
alunos.
Isso é uma coisa de que não ouço falar, o auxílio advindo dos colegas de classe. É
tão importante! Até hoje, lembro-me com gratidão dos que liam para mim e que
aprenderam o braile apenas por observar-me escrever o que ditavam. Essa interação,
que me foi fundamental, era incentivada, sob o ponto de vista privado, por minha mãe e,
sob o ponto de vista público, pela escola de jesuítas ―Colégio São Luís‖, em que estudei.
Os padres faziam questão que os alunos fossem solidários e ajudar-nos era uma
demonstração disso. Por outro lado, éramos cobrados na exata medida dos outros. Não
havia o menor privilégio. Física, Química, Matemática e Biologia eram alvo de avaliação
absolutamente idêntica à empregada para os demais alunos. Eu usei curvas francesas
para desenhar, sempre com a ajuda dos demais estudantes, alguns deles amigos meus
até hoje.
Por outro lado, fazíamos colas incríveis em braile, pois os professores nem sempre
tinham ciência de que os demais estudantes também pudessem entender aquilo.
Chegávamos ao cúmulo de deixar folhas em braile no tampo da mesa, sem que se
dissesse coisa alguma a respeito.
Há vinte anos, quando Amyr Klink voltou de sua primeira viagem, fizemos um jantar
no Clube Paulistano. Havia alguns padres e professores presentes. Começamos a contar-
lhes as peripécias que fizemos a esse respeito e rimos por algumas horas. Isso é o que
eu chamo de inclusão. É fazer com que os estudantes com deficiências participem da vida
da escola, que estudem com os demais, viajem com eles, vão às festas deles todos e
―aprontem‖ com todos também. Nesse colégio, aliás, estudaram muitos cegos como o
músico Sérgio Sá, por exemplo. Ele estava um ano na minha frente. No salão de provas,
juntavam-no. Embora devamos procurar a independência, precisamos entender que ela é
inalcançável em sua plenitude.
Ensino Cooperativo
Noto que todas as discussões daqui visam uma autonomia que ninguém tem.
Nunca se fala em como devemos nos relacionar com os colegas de classe ou de
escritório, ajudando-os no que pudermos e pedindo ajuda para o que precisarmos. Ilustro
com um caso recente: um outro professor e eu reprovamos um trabalho de conclusão de
curso em que os alunos esperavam obter um prêmio. Ocorre que ele estava errado
demais para que pudéssemos relevar.
Eles faziam suas hipóteses em função das imagens que viam. A professora de
apoio então intervinha como escriba do grupo, se propondo a escrever o resultado da
pesquisa para eles e suas hipóteses. Pedia para que cada um falasse, inclusive e
principalmente Lucas, que fez, em certa ocasião, parceria com outro coleguinha que se
prontificou a ajudá-lo. Ou seja: o professor de apoio não precisa ficar sempre ao lado da
criança, ou como seu único parceiro de atividades. Ele deve transitar pelo grupo e atuar
no sentido de favorecer as situações de interação e aprendizado. Ele não é um professor
particular, de reforço da criança com deficiência, mas um profissional a serviço do
funcionamento inclusivo dentro da classe.
Nas rodas de leitura, por exemplo, a professora de ensino regular escrevia uma
música numa cartolina e pedia para que as crianças lessem. Na verdade, nesta idade as
crianças ainda não leem, mas possuem estratégias para lerem de uma forma ―fictícia‖,
digamos assim, decoram as letras e as ―leem‖, guiando-se mais pelo ritmo da música.
Você pode trabalhar em sala de aula com histórias infantis, usar músicas e
brincadeiras da região, encenar peças teatrais com seus alunos e assistir filmes que
discutam o tema da diversidade. A incorporação deste tema ao currículo escolar pode
contribuir para o aprendizado dos alunos e também para construção de sua cidadania.
Você também pode trazer uma pessoa com deficiência para conversar com seus
alunos. Veja abaixo o quanto isto pode ser legal.
―Recebi um convite para participar de uma atividade com duas turmas de crianças
de 6 anos em uma escola de educação infantil. A atividade consistia em uma entrevista
coletiva comigo e o tema era a minha experiência de vida como pessoa cega. Tratava-se
da culminância de um projeto no qual as professoras haviam trabalhado com as crianças
informações básicas e elementares sobre a locomoção de pessoas cegas e o sistema
braile.
Certa vez, ao retornar de Natal para Belo Horizonte, no avião, eu lia uma revista
em braile, o que despertou a curiosidade de duas crianças que viajavam ao meu lado. Era
uma garota de doze anos que também lia um livro e seu irmão de 6 anos. Durante uma
demorada escala em Recife, elas fizeram perguntas sobre o braile e eu procurei explicar
de forma simples e didática com uma breve demonstração. Elas se empolgaram,
decidiram escrever seus nomes e, juntas, conseguimos esta proeza. A garota quis ir além
e escreveu seu nome em braile na capa do livro que lia. Depois, pediu-me para ditar as
letras do alfabeto porque ela queria mostrar ao pai o que aprendeu no avião.
Muitas vezes, temos dúvidas a respeito de quais estratégias utilizar para melhor
proporcionar o aprendizado de nossos alunos. Veja algumas soluções adotadas pela
professora Mara; elas podem inspirar outras ideias e alternativas, de acordo com sua
realidade.
A UTOPIA POSSÍVEL
Por Mara Cassas
―Recebi um aluno com Síndrome de Down em classe, que tinha completado nove
anos no início de 2003 e cursou a primeira série numa outra escola comum. A classe era
pequena, tinha apenas 10 alunos e duas professoras. Ele estava em processo de
alfabetização, na fase alfabética e conhecia algarismos até 15 e contava até 10,
respeitando a sequência. Ao realizar o planejamento eu ia, sempre que possível, em
busca de uma estratégia que possibilitasse o envolvimento de todos os alunos e na hora
de fazer os registros pensava na melhor maneira de atender o aluno em processo de
inclusão.
Numa aula da disciplina de Português havia uma atividade que deveria ser
realizada no livro didático. O objetivo era estudar um novo gênero textual que é Tirinhas
em quadrinhos e suas características tais como o uso de balões para indicar diálogos, fala
de narrador, expressões dos personagens etc. Para que houvesse maior envolvimento do
aluno, eu trouxe para a classe uma cestinha com vários gibis da Turma da Mônica, cujos
personagens faziam parte da tirinha do livro. Proporcionei um tempo para que todas as
crianças escolhessem um gibi, fossem para o fundo da classe, se espalhassem pelo chão
e se divertissem com sua leitura. Esperei que o aluno em questão escolhesse uma delas,
visse sozinho a história e depois pedisse que alguém lhe contasse. Em seguida alguns
contaram suas histórias, inclusive ele e depois retornamos às carteiras para fazer as
atividades propostas pelo livro. Oralmente fui fazendo adaptações das atividades do livro,
solicitei que as respostas fossem dadas de acordo com as histórias dos gibis que eles
haviam lido. Dessa forma, foi mais interessante para o aluno em processo de inclusão,
que se envolveu e deu respostas adequadas levando-se em conta suas dificuldades, e
para toda classe que ficou mais interessada. A leitura dos gibis proporcionou um
envolvimento maior.
Dessa forma todos contribuíram de acordo com suas capacidades naquilo que
tinham mais facilidade. Uns escreviam, outros desenhavam e outros pintavam ou
recortavam. Os conteúdos, sempre que possível eram trabalhados utilizando diferentes
estratégias para que envolvessem a todos os alunos, então esses conteúdos eram
apresentados de forma lúdica e acadêmica para a sistematização.
Um dos temas trabalhados em Ciências foi sobre o Meio Ambiente. Além de textos
apresentei filmes, excursão e aula no laboratório. Montei um jogo com dados e os alunos
faziam o percurso onde todos tinham que caminhar de acordo com o número obtido nos
dados e com as regras de cada número.
Não houve necessidade de se mudar a disposição das carteiras, pois sempre achei
importante dispor a classe em duplas ou trios para que todos trabalhassem juntos. Essas
duplas iam sendo alteradas com uma certa periodicidade, para que no final do ano todos
os alunos tivessem trabalhado com todos os seus colegas da classe. Sempre que
possível, também planejo tarefas para serem realizadas em grupo. Esses grupos também
não são fixos.
O objetivo era fazer com que todos os alunos aprendessem a trabalhar com todos
os colegas, respeitando as características individuais de cada um, aceitando- os como
são.‖
• Realizava todas as atividades sem a ajuda do adulto e não circulava mais entre
os colegas;
Infelizmente, esses recursos são caros para a maioria das pessoas com
deficiência. É aí que entra a criatividade da professora que engrossa o lápis com fita
adesiva para que o aluno possa segurá-lo melhor e, sem saber, também está fazendo
tecnologia assistiva, por exemplo.
Lembre-se que:
• a necessidade de cada aluno com deficiência é única; portanto, a família e ele mesmo
devem participar da criação e da escolha dos recursos que podem ajudá-lo;
• o recurso deve sempre ser reavaliado pelo aluno e pelo professor, para ter certeza de
que está realmente sendo útil e como pode ser aprimorado ou substituído;
Nesses momentos, é bom lembrar que cada caso é um caso. Confie na sua
criatividade, no seu bom senso e, principalmente, na opinião do aluno. Se não conseguir
resolver a dificuldade, talvez seja interessante buscar a opinião de profissionais da área
de reabilitação ou especializados em educação de crianças com deficiência. Pessoas com
formações diversas podem abordar a dificuldade sob perspectivas diferentes, o que pode
ser útil em situações mais complexas.
José tem 5 anos e está em uma escola regular de ensino infantil. A professora
percebeu que, ao desenvolver atividades de escrita, mesmo avisado de que não deveria
fazê-lo, o aluno continuava a ultrapassar os limites da folha. Depois de refletir sobre a
situação, a professora percebeu que José tinha dificuldade para entender instruções
Você também pode trabalhar esse conceito partindo de figuras que mostram cenas
familiares em revistas, em obras de arte famosas sobre o tema, em novelas de TV que o
aluno assiste, ou através de uma entrevista com uma família vizinha do aluno. Depois
disso, você pode fazer, com a ajuda do aluno, uma árvore genealógica, usando diversos
materiais (cartolina, lápis de cor, folhas de árvore, fotografias dele com seus familiares.
Esta é apenas uma forma de usar ao máximo o potencial de uma atividade, usando
recursos sensoriais e cognitivos diversos sobre um mesmo tema.
Lucas, de seis anos, possuía uma série de limitações físicas: estatura abaixo da
média, dificuldades para andar e não tinha o polegar da mão direita. Ele estava
matriculado no Infantil II, que é quando a criança começa a escrever com mais
regularidade e testa suas hipóteses sobre a escrita.
Lucas chegou ao Infantil II sabendo escrever o próprio nome, como todos os outros
alunos do ano anterior. Logo se percebeu que ele escrevia com enorme dificuldade pois,
apesar de possuir o polegar apenas da mão esquerda, Lucas era destro e pegava a
caneta sempre com a mão direita e foi com ela que aprendeu a escrever seu nome.
Para ajudá-lo, foi tentado o uso de canetas, canetinhas e lápis de cor mais grossos.
No entanto, mesmo assim, o processo do aprendizado da grafia das letras estava
exigindo muito tempo e esforço.
Então, essa estratégia foi substituída pelo uso das letras móveis escritas em
quadradinhos de cartolina. Assim, Lucas ―deslanchou‖ no processo de aquisição da
escrita, do mesmo modo que as demais crianças.
Depois de algum tempo, além de montar as palavras com as letras móveis, Lucas
passou a escrevê-las, e, no seu próprio ritmo, passou a fazer as mesmas lições propostas
aos colegas de classe.
• Converse com o aluno e pergunte se ele acha que precisa de outros recursos;
• Avalie e defina com o aluno quais as atividades que podem ser facilitadas com uso de
materiais pedagógicos adaptados ou tecnologias assistivas para as atividades da vida
diária;
• Converse com o aluno, sua família e colegas de sala para encontrar soluções. Converse
com outros profissionais que também trabalham com o aluno;
É importante relembrar que as tecnologias assistivas vão desde uma fita crepe
colocada nos cantos do papel para que a folha não escorregue com os movimentos
involuntários de um aluno com deficiência motora, a criação de um jogo da memória com
desenhos feitos em relevo (com cola plástica, dentre outras alternativas) até um software
adaptado para que os cegos possam ter acesso ao computador. Portanto, não se assuste
professor! Uma boa dose de criatividade fará com que você encontre soluções simples
para facilitar o aprendizado de seus alunos. Caso não disponha de nenhum recurso
material, você pode pedir para que um outro aluno segure a folha para que a pessoa com
deficiência motora possa fazer sua atividade.
O importante é que, mesmo sem recursos, você encontre soluções para que seu
aluno possa acompanhar as atividades da sala de aula. O que conta verdadeiramente é a
sensibilidade do professor em relação ao aluno e a disponibilidade para encontrar
soluções que o ajudem.
• Reglete (tipo de régua para se escrever em braile) - O papel fica preso entre essa
régua e um pedaço de madeira. Com a punção (um pino com ponta de metal afiada) faz
os buraquinhos que formarão as palavras em alto relevo do lado do avesso. A escrita é
feita da direita para a esquerda e a leitura da esquerda para a direita;
• Mapa tátil para ensinar geografia e informar sobre a localização de lugares para
pessoas cegas. Pode ser feito recobrindo-se os mapas comuns com materiais com
texturas diferentes ou com areia, argila, massinha etc.;
Um pouco de história
• Alguns pais preferem que seus filhos aprendam a falar, outros preferem que
aprendam a Língua Brasileira de Sinais, chamada também de Libras. Há os que querem
que seus filhos aprendam ambas as línguas;
• Para que possa expressar seus desejos e suas necessidades, a criança surda
deve aprender algum tipo de linguagem;
As crianças com deficiência motora, que têm dificuldade para segurar o lápis e
coordenar os movimentos podem ter maior independência com a utilização de algumas
adaptações nos materiais escolares.
Experimente:
• Os lápis podem ter seu diâmetro engrossado por várias camadas de fita crepe,
argila, espuma, massa do tipo epóxi ou outro material;
• Evitar o uso de cadernos que são difíceis de fixar na mesa; prefira a folha solta de
tamanho A4 ou papel manilha (papel de embrulho);
• Para a criança na fase de construção da escrita, faça linhas com pincel atômico e
espaço entre linhas de acordo com o tamanho da letra do aluno. O espaço entre as linhas
pode ser diminuído gradativamente;
Hoje em dia, cada vez mais escolas públicas estão recebendo computadores. Eles
não substituem o professor, mas podem ser úteis para desenvolver atividades
pedagógicas. Independentemente do tipo ou grau de deficiência, todos os alunos podem
se beneficiar com o uso do computador.
• Existem programas de computador que facilitam seu uso pelo aluno com
deficiência. Alguns deles leem em voz alta tudo o que está escrito na tela, outros facilitam
o uso do teclado e do mouse. Estes softwares são utilizados para o acesso aos
programas básicos como Word, Excel, Internet e outros. Vários desses programas são
gratuitos;
Vale a pena você conferir estes sites e aprender sobre os softwares educativos.
Boa navegação!
• EducaRede – http://www.educarede.org.br
• Programa Braille Virtual é um curso on-line gratuito, para ensinar o sistema Braille
a pessoas que vêem. Destina-se a crianças, pais, professores e funcionários de Escolas
Inclusivas - http://www.braillevirtual.fe.usp.br/
Programa da IBM Brasil que facilita a navegação na Internet para pessoas que têm
limitações na visão, dificuldades motoras, ou idosos, com pouca familiaridade com a Web.
Infelizmente, ela ainda não contempla pessoas cegas, apenas aquelas com visão
subnormal ou com vista cansada.
CAEC
Outras formas de adquirir o programa são: download a partir do site da Rede SACI:
http://www.saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=3846
http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/programas/dv31b-setup.exe
É um leitor de tela que possui um software sintetizador de voz que utiliza a própria
placa de som do computador. A versão de demonstração pode ser obtida gratuitamente
no site : http://www.freedomscientific.com
É uma versão condensada do software Dosvox, leitor de tela. Pode ser usado por
pessoas com deficiência visual, com dislexia e outras dificuldades. O software é
distribuído gratuitamente na página da Internet:
http://www.saci.org.br/?modulo=akemi¶metro=3846
O Kit SACI II traz um pacote de programas para pessoas com deficiências motoras.
A grande novidade é o Teclado Amigo que, por meio de um dispositivo acoplado a
qualquer parte móvel do corpo do usuário, proporciona o acesso ao micro. Entre os
programas incluídos no Kit II estão um editor de texto e uma calculadora. Disponível
gratuitamente na página da Internet:
http://www.saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=6897
O programa Motrix foi criado para permitir o acesso de pessoas com tetraplegia ou
deficiências motoras severas que impeçam o uso efetivo dos membros superiores.
Através dele, é possível comandar com a voz a maior parte das funções de um
computador com Windows. Este software é distribuído gratuitamente pela UFRJ, através
do site: intervox.nce.ufrj.br/motrix/
O Windows tem opções que o fazem acessível para pessoas com deficiência, nem
sempre conhecidas pelas pessoas. Aqui vão algumas orientações.
Clique em Avançar. Selecione Sim ou Não para ser notificado por meio de avisos
visuais sobre eventos do sistema. Clique em Avançar novamente e selecione Sim ou Não
para ver textos para diálogos e sons. Clique em Concluir;
• A pessoa com deficiência é como todo mundo: pode ter dificuldade em algumas
atividades e facilidade em outras;
• Pergunte antes de ajudar. Sempre que quiser, ofereça ajuda. Sempre espere sua
oferta ser aceita, antes de ajudar. Sempre pergunte qual é a forma mais adequada para
ajudar;
• Não se ofenda se a oferta for recusada. Nem sempre as pessoas com deficiência
precisam de ajuda;
• Se você não se sentir confortável ou seguro para fazer alguma coisa solicitada
por uma pessoa com deficiência, procure outra pessoa que possa ajudar;
• Trate as pessoas com deficiência de acordo com a sua faixa etária. Se for
criança, trate como criança, se for jovem, trate como jovem;
• As pessoas com deficiência são pessoas como você. Têm os mesmos direitos, os
mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos.
Muitas vezes, é o professor que consegue perceber que a criança tem alguma
dificuldade. Sua função é avisar a família, orientando-a para procurar ajuda especializada.
Mas isso não é um diagnóstico, cabe somente ao profissional especializado realizá-lo.
Deficiência visual
• Estrabismo (vesgo);
• Se a pessoa cega não estiver prestando atenção em você, toque em seu braço
para indicar que você está falando com ela.
Avise quando for embora, para que ela não
fique falando sozinha;
• Algumas pessoas, sem perceber, aumentam o tom de voz para falar com pessoas
cegas. Use tom normal de voz; Não modifique a posição dos móveis sem avisar a pessoa
cega e cuide para objetos não fiquem no seu caminho. Avise se houver objetos cortantes
ou cinzeiros perto dela;
• Para indicar uma cadeira, coloque a mão da pessoa cega sobre o encosto e
informe se a cadeira tem braço ou não. Deixe que a pessoa se sente sozinha;
• Sempre que possível, passe a mesma lição que foi dada para a classe;
• Possibilite usar formas alternativas nas provas: o aluno pode ler o que escreveu
em braile; fazer gravação em fita K-7 ou escrever com tipos ampliados;
• Evite dar um exame diferente, pois isso pode ser considerado discriminatório e
dificulta a avaliação comparativa com os outros estudantes;
Ele tem as mesmas condições para aprender matemática que uma criança não
deficiente. Porém, é preciso que você adapte as representações gráficas e os recursos
didáticos que vai utilizar.
Para ensinar matemática, o instrumento mais utilizado é o ábaco (ou soroban) que
é de origem japonesa. Seu manuseio é fácil e pode ajudar também os alunos que
enxergam, pois ele concretiza as operações matemáticas.
Outra técnica complementar que pode ser utilizada com bons resultados é o cálculo
mental, que deve ser estimulado desde o início da aprendizagem e que será útil,
posteriormente, quando o aluno estudar álgebra.
Deficiência auditiva
• Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não estiver prestando atenção
em você, acene para ela ou toque levemente em seu braço;
• Se ela fizer leitura labial, fale de frente para ela e não cubra sua boca com gestos
e objetos. Usar bigode também atrapalha;
• Quando estiver conversando com uma pessoa surda, pronuncie bem as palavras,
mas não exagere. Use a sua velocidade normal, a não ser que lhe peçam para falar mais
devagar;
• Mantenha sempre contato visual; se você desviar o olhar, a pessoa surda pode
achar que a conversa terminou;
• A pessoa surda que é oralizada (ou seja, que aprendeu a falar) pode não ter um
vocabulário extenso. Fale normalmente e, se perceber que ela não entendeu, use um
sinônimo (carro em vez de automóvel, por exemplo);
• Nem sempre a pessoa surda que fala tem boa dicção. Se não compreender o que
ela está dizendo, peça que repita. Isso demonstra que você realmente está interessado e,
por isso, as pessoas surdas não se incomodam de repetir quantas vezes for necessário
para que sejam entendidas;
• Os alunos com deficiências auditivas devem ficar sempre na primeira fila na sala
de aulas. Dependendo da condição sócioeconômica da família e do tipo de surdez, o
aluno pode utilizar um recurso acústico (Aparelho Auditiva e/ou Sistema de FM), para
amplificar o som da sala;
• É sempre útil fornecer uma cópia dos textos com antecedência, assim como uma
lista da terminologia técnica utilizada na disciplina, para o aluno tomar conhecimento das
palavras e do conteúdo da aula a ser lecionada. Pode também justificar-se a utilização de
um intérprete que use a língua brasileira de sinais;
• Este estudante pode necessitar de tempo extra para responder aos testes;
• Evite estar em frente à janela ou outras fontes de luz, pois o reflexo pode obstruir
a visão;
Você sabia que é errado dizer ―surdo-mudo‖? Algumas pessoas surdas não falam
porque não aprenderam a falar. Elas não são mudas, porque podem emitir sons. A
pessoa muda é aquela que não consegue emitir nenhum som. As pessoas surdas podem
se comunicar de várias formas, uma delas é através da língua de sinais, que funciona
como uma linguagem gestual.
Deficiência física
• Quando estiver empurrando uma pessoa sentada numa cadeira de rodas e parar
para conversar com alguém, lembre-se de virar a cadeira de frente, para que a pessoa
também participe da conversa;
• Para uma pessoa sentada em cadeira de rodas, é incômodo ficar olhando para
cima por muito tempo. Portanto, se a conversa for demorar mais, sente-se ou abaixe-se
para que você e ela fiquem com os olhos no mesmo nível;
• Nunca movimente a cadeira de rodas sem antes pedir permissão para a pessoa
que a utiliza;
• É mais seguro subir rampas ou degraus de frente. Para descer, é mais seguro de
costas;
• Para subir um degrau, incline a cadeira para trás, levante as rodinhas da frente
para apoiá-las sobre o degrau;
• Para descer um degrau, é mais seguro fazê-lo de marcha a ré, sempre apoiando
a cadeira, para que a descida seja sem solavancos;
• Se você estiver acompanhando uma pessoa com deficiência que anda devagar,
procure acompanhar o passo dela;
• Pessoas com paralisia cerebral podem ter dificuldades para andar, fazer
movimentos involuntários com pernas e braços, apresentar expressões estranhas no
rosto e ter dificuldade para falar. Não se intimide com isso. São pessoas como você.
Geralmente, têm inteligência normal ou, às vezes, até acima da média;
• Se você não compreender o que a pessoa está dizendo, peça para que repita.
Isso demonstra interesse e respeito e as pessoas com dificuldades de comunicação não
se incomodam de repetir.
• Se for possível, trabalhe diretamente com o aluno para criar um local acessível,
promovendo a participação dele em todas as tarefas;
Deficiência múltipla
Sinais de surdocegueira
• Ausência de fala;
Orientar os pais a procurar profissional especializado. Uma instituição que tem sido
considerada referência nesta área é o Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo
Deficiente Sensorial.
Deficiência mental
• É preciso que haja vários sinais para que se suspeite de deficiência mental. Um
único aspecto não pode ser considerado como indicativo de qualquer deficiência.
Este tipo de diagnóstico é feito por uma equipe multiprofissional composta por
psicólogo, médico e assistente social. Tais profissionais, atuando em equipe, têm
condições de avaliar o indivíduo em sua totalidade, ou seja, o assistente social através do
estudo e diagnóstico familiar (dinâmica de relações, situação da pessoa com deficiência
na família, aspectos de aceitação ou não das dificuldades da pessoa, etc.) analisará os
aspectos sócio culturais; o médico através de entrevista detalhada e exame físico
(recorrendo a avaliações laboratoriais ou de outras especialidades, sempre que
necessário) analisará os aspectos biológicos e finalmente o psicólogo que, através da
entrevista, observação e aplicação de testes, provas e escalas avaliativas específicas,
avaliará os aspectos psicológicos e nível de deficiência mental.
Dicas de convivência
• Para o aluno com deficiência mental, a escola é apenas um lugar para exercer
alguma ocupação fora de casa.
• Não subestime sua inteligência. As pessoas com deficiência mental levam mais
tempo para aprender, mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e sociais.
• Não superproteja as pessoas com deficiência mental. Deixe que ela faça ou tente
fazer sozinha tudo o que puder. Ajude apenas quando for realmente necessário;
• Valorize mais o processo do que o resultado. Mas não ignore os resultados, eles
também devem ser esperados e cobrados do aluno com deficiência m e n t a l ;
REFERÊNCIAS
AINSCOW, Mel. Educação para todos: torná-la uma realidade. Lisboa: Ministério
da Educação, 1997. 15 p.
ALENCAR, Marcelo. Incluir é derrubar preconceitos. Nova Escola, São Paulo, ano
XVII, n. 152, p. 36-38, maio 2002.
ALMEIDA, Marina da S. Rodrigues, Manual para pais sobre inclusão. Ed. Didática
Paulista, São Paulo, fevereiro 2004.
ATIVIDADE AVALIATIVA
Aluno (a):
Curso:
Cidade:
Disciplina:
A( ) não é necessário avaliar os alunos com deficiência, pois eles serão promovidos
automaticamente.
B( ) somente os alunos com deficiência devem ser objeto de uma avaliação processual.
C( ) a escola não necessita modificar os critérios de avaliação utilizados, cabendo ao
aluno com deficiência adaptar-se a eles.
D( ) a avaliação deve ocorrer somente para se decidir quanto à aprovação ou reprovação
do aluno no final do ano.
E( ) a avaliação de todos os alunos deve ser processual.
03)
“A questão da heterogeneidade dos grupos, em particular dos sistemas de ensino formais,
não pode prescindir de uma reflexão do papel do professor enquanto mediador,
fundamentalmente para o desenvolvimento do aluno conforme ele articula a ação
pedagógica.”
(CARNEIRO, Maria Sylvia. Ponto de vista. Florianópolis: NUPICED, v. 1, no 1, 1999, p. 39).
V - criação de um currículo específico somente para o ensino dos alunos com deficiência.
07) A criação de classes especiais está prevista na Resolução 02/2001(CNE, CEB). Com
relação ao funcionamento dessas classes, é CORRETO afirmar:
A( ) Devem ter um caráter transitório e atender apenas aos alunos que apresentem
surdez.
B( ) Devem ser permanentes e atender a todos os alunos surdos e cegos.
C( ) Devem ter um caráter transitório e atender apenas aos alunos com dificuldade de
aprendizagem.
D( ) Devem ser permanentes e ser dirigidas a alunos que apresentem dificuldades de
aprendizagem ou surdez e cegueira.
E( ) Devem ter um caráter transitório e ser dirigidas a alunos que apresentem dificuldades
acentuadas de aprendizagem ou condições de comunicação e sinalização diferenciadas
dos demais alunos e demandem ajuda e apoios intensos e contínuos.
08) Após análise das afirmativas abaixo, assinale a alternativa CORRETA. Uma escola
inclusiva é aquela que:
I - acolhe todos os alunos, adaptando-se às suas necessidades.
II - admite alguns alunos com deficiência nas classes comuns.
III - reestruturou-se para atender às necessidades decorrentes das diversas deficiências,
bem como àquelas resultantes de outras condições.
IV - promove a inserção de alunos com deficiência nas salas de aula somente quando
eles se encontram aptos para estudar com seus colegas.
V - inclui o aluno com deficiência somente com um acompanhamento direto de um
profissional do ensino especial.