Dca1-1 - Doutrina Da Fab
Dca1-1 - Doutrina Da Fab
Dca1-1 - Doutrina Da Fab
COMANDO DA AERONÁUTICA
DOUTRINA AEROESPACIAL
DCA 1-1
2012
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
ESTADO-MAIOR DA AERONÁUTICA
DOUTRINA AEROESPACIAL
DCA 1-1
2012
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
SUMÁRIO
6 CONCLUSÃO..................................................................................................................... 58
7 DISPOSIÇÕES FINAIS..................................................................................................... 59
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 60
ÍNDICE.................................................................................................................................... 68
DCA 1-1/2012
PREFÁCIO
1 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
1.1 FINALIDADE
1.2 CONCEITUAÇÕES
1.2.7 CONCEITO
1.2.11 NORMA
Conjunto coordenado de Tarefas Básicas e Ações de Força Aérea, que tem por
objetivo empregar o Poder Aeroespacial para o cumprimento de uma missão específica
atribuída por autoridade competente.
1.2.14 PRINCÍPIO
1.2.15 PROCEDIMENTO
1.3 ÂMBITO
2 DOUTRINA MILITAR
2.1.2 No âmbito das Forças Armadas (FA) brasileiras, utiliza-se a expressão Doutrina Militar
para denominar o “conjunto harmônico de ideias e de entendimentos que define, ordena,
distingue e qualifica as atividades de organização, preparo e emprego das FA. Englobam,
ainda, a administração, a organização e o funcionamento das instituições militares”. Note-se
que esse termo se refere tanto ao preparo quanto ao emprego, além de abranger aspectos
relativos a atividades conduzidas em tempo de paz.
2.1.3 No que diz respeito ao emprego do Poder Militar Nacional, a Doutrina Militar de Defesa
(DMD) é o documento de nível estratégico que estabelece os fundamentos doutrinários, que
visam ao emprego de forças militares na defesa da Pátria e em outras missões previstas na
Constituição Federal, nas leis complementares e em outros diplomas legais. É definida no
Glossário das Forças Armadas como “parte da doutrina militar brasileira que aborda as
normas gerais da organização, do preparo e do emprego das FA, quando empenhadas em
atividades relacionadas com a defesa do País. Seus assuntos vinculam-se diretamente com a
garantia da soberania e da integridade territorial e patrimonial do País, além da consecução
dos interesses nacionais”.
2.1.7 A Doutrina em Nível Tático, também sob a responsabilidade dos ODSA do COMAER,
deve definir as normas e os procedimentos a ser seguidos na execução das Ações de Força
Aérea que sustentam o emprego do Poder Militar Aeroespacial. Ela deve ser estabelecida em
concordância com os conceitos, as normas e os procedimentos preconizados na Doutrina em
Nível Operacional.
demandas de defesa do País. Abrange três níveis: o nacional, formado pelas mais altas
autoridades do País; o setorial, constituído pelo MD e demais órgãos com responsabilidades
diretas com a defesa; e o subsetorial, composto pelas FA.
2.2.4 No mais alto nível do planejamento de defesa da Nação, a PDN tem por finalidade fixar
objetivos e diretrizes para o preparo e o emprego de todos os elementos constitutivos do
Poder Nacional.
2.2.7 A EMiD, por sua vez, orienta o planejamento estratégico para o preparo e o emprego
das FA e estabelece diretrizes para a consecução dos objetivos estabelecidos na PMD. A
EMiD é condicionada pelas orientações da END e contém as Hipóteses de Emprego (HE)
para as FA.
2.2.11 Portanto, os objetivos estabelecidos pelas diretrizes políticas (PDN, PMD e PMA), as
orientações estratégicas de defesa e aeronáutica (END, EMiD e EMiAer) e as doutrinas
militares orientam o planejamento do preparo e do emprego da FAB.
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2.3.1 A primeira edição da DBFAB foi publicada por meio da Portaria nº 1.000/GM2, de 10
de dezembro de 1958. O documento nasceu com vistas a “servir de base para a elaboração dos
demais manuais de emprego da Força Aérea Brasileira”. O texto voltou-se para o Poder
Aeroespacial, conceituando-o como “a capacidade de controlar e utilizar o espaço aéreo com
propósitos definidos”. Estabeleceu também que “a expressão Poder Aeroespacial, na sua
acepção mais geral, abrange toda a capacidade aeronáutica da Nação” e que “na guerra [...] o
objetivo inicial deve ser sempre a conquista do Controle do Ar”.
2.3.3 A terceira edição foi aprovada pela Portaria nº R-497/GM3, de 13 de dezembro de 1989.
O novo formato foi justificado pelo fato de a doutrina ser “um processo dinâmico que evolui
em função da conjuntura nacional e internacional, dos objetivos nacionais, de novas
concepções de emprego das Forças Armadas e dos novos desenvolvimentos tecnológicos ao
seu alcance”. Ficou estabelecido nesse documento que “a Força Aérea Brasileira é o
instrumento militar, por excelência, do Poder Aeroespacial Brasileiro, competindo-lhe
executar as ações militares aéreas, espaciais e aeroespaciais, necessárias à Segurança
Nacional” e que “cabe à Força Aérea Brasileira conquistar e manter o controle do espaço
aéreo, em grau adequado, quando e onde se fizer necessário”.
2.3.5 A quinta edição foi aprovada por intermédio da Portaria nº 476/GC3, de 28 de abril de
2005. Seu intento básico foi de “atualizar a presente Diretriz, imprimindo as alterações
necessárias, incluindo, modificando e suprimindo capítulos e textos”. Estabeleceu a ideia de
que a redação da Doutrina Básica “se norteia, consolidada na seguinte tríade: aproveitamento
das experiências incorporadas, algumas das quais assimiladas no emprego em combate;
acompanhamento da evolução estratégica e tática que revoluciona os novos conflitos; e a
adaptação doutrinária às novas tecnologias”. O texto não sofreu alterações significativas,
resultando em um aprimoramento da versão anterior.
2.3.7 Assim, este documento foca os princípios e conceitos que fundamentam o atual emprego
da FAB em tempos de paz, crise ou guerra, seja em ações isoladas, conjuntas ou em alianças
com outras nações.
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3.1.1 As relações internacionais envolvem, entre outros aspectos, atores e interesses políticos,
sociais e econômicos. Os mecanismos de interação entre os atores variam segundo a
convergência ou a divergência de tais interesses. Quando prepondera a cooperação entre os
atores, as relações transcorrem naturalmente; mas, se surgem divergências, instala-se a crise e
corre-se o risco de chegar-se à guerra.
3.1.2 A paz é caracterizada pela ausência de lutas, violências ou graves perturbações nas
relações internacionais de um Estado. Todavia, essa não é uma condição imutável, pois as
ameaças ao patrimônio e aos interesses vitais das Nações podem compeli-las a envolverem-se
em conflitos.
3.1.3 Por isso, durante o período de paz, devem ser desenvolvidos planos nos níveis
estratégico, operacional e tático que possibilitem o preparo do Poder Nacional, em especial o
Poder Militar, para fazer face às diversas HE antevistas para a Nação. Esse planejamento
desenvolve-se em aproximações sucessivas, avaliando-se ciclicamente a evolução da situação,
os cenários vislumbrados e os planos elaborados, até que estes estejam prontos para a
execução.
3.1.6 Diante da possibilidade de a crise evoluir para conflito armado, podem ser
desencadeadas, entre outras, as seguintes medidas:
a) ativação dos comandos operacionais previstos na Estrutura Militar de
Defesa (Etta Mi D);
b) atualização e implementação dos planos elaborados no estado de paz;
c) adjudicação de forças operativas e de apoio das três Forças aos Comandos
Operacionais ativados;
d) desdobramento total ou parcial das forças militares para as áreas de
interesse; e
e) decretação da Mobilização Nacional, se necessário.
3.1.7 A Guerra, ou Conflito Armado, é o fenômeno social que resulta da aplicação violenta do
poder, com predominância da Expressão Militar do Poder Nacional. É a mais séria
manifestação de um conflito entre Estados e requer a participação plena de todas as
expressões do Poder Nacional contra o poder inimigo, em função dos riscos envolvidos: perda
de soberania e comprometimento da integridade territorial e patrimonial.
DCA 1-1/2012 17/71
3.2.1 A DMD define os níveis de decisão da guerra, como político, estratégico, operacional e
tático:
3.2.1.1 Político
3.2.1.2 Estratégico
3.2.1.3 Operacional
3.2.1.4 Tático
3.3.1 Ainda que possam ser apontadas algumas condições usuais para o término de um
conflito armado, tais como a redução na capacidade militar das forças inimigas, a
incapacidade logística para manter o esforço de guerra ou a falta de apoio popular ao esforço
de guerra, em tese, a solução definitiva da guerra ocorre quando são atingidos os objetivos
políticos e quando é alcançado o estado final desejado.
3.3.2 A situação pós-conflito deve merecer especial atenção dos planejadores, pois é
conveniente criar condições para evitar o reinício das hostilidades. Assim, por exemplo, faz-
se indispensável garantir que as áreas geográficas e o espaço aéreo de interesse sejam
mantidos sob rígido controle. Além disso, deve ser realizada a progressiva desmobilização
dos meios militares, bem como precisam ser executadas ações de assistência humanitária a
refugiados, deslocados e outros civis, vítimas das hostilidades.
3.3.3 Trata-se, ademais, de propiciar ao vencido condições para a sua recuperação, fator
essencial para o restabelecimento da paz.
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3.4.2 As mitologias grega e romana, por exemplo, estão repletas de deuses, guerreiros e
animais alados travando heróicas batalhas. Na China antiga, as pipas eram utilizadas como
dispositivo de sinalização para transmitir mensagens à distância entre destacamentos
militares.
3.4.4 Depois do balão e do dirigível, inventores como Otto Lilienthal (1848-1896, inventor
pomerano), Santos-Dumont, os irmãos Wright, Orville e Wilbur (1871-1948 e 1867-1912,
inventores norte-americanos) e Gustave Albin Whitehead, nascido Gustav Albin Weisskopf,
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(1874-1927, imigrante alemão precursor da aviação nos Estados Unidos) tentaram criar
máquinas mais pesadas do que o ar que pudessem voar por meios próprios. Algum tempo
após ter sido inventado, o avião passou a ser usado em atividades militares.
3.4.5 A Guerra Ítalo-Turca e a Primeira Guerra dos Bálcãs, ocorridas entre 1911 e 1913,
parecem ter sido verdadeiros campos de provas para o emprego de aeronaves e dirigíveis em
ações militares de reconhecimento e de bombardeios aéreos. Apesar de algumas limitações
técnicas e operacionais, como pouca confiabilidade dos aparelhos, falta de material de apoio e
baixa eficiência dos pilotos, foi possível constatar o grande potencial da arma aérea.
3.4.6 A Primeira Guerra Mundial foi, sem dúvida, o primeiro conflito no qual os meios aéreos
foram largamente empregados como armas de guerra, apresentando reflexos evidentes nas
manobras das forças de superfície e no desenrolar da guerra. As ações iniciais de
reconhecimento de posições inimigas e a regulagem de tiros de artilharia rapidamente deram
lugar aos bombardeios táticos e estratégicos.
3.4.7 Inicialmente, as aeronaves e os aeróstatos agiam com liberdade, pois a oposição inimiga
era praticamente inexistente. Contudo, os estrategistas militares logo perceberam a
necessidade de negar o uso do espaço aéreo aos seus antagonistas, sob pena de perderem o
elemento surpresa ou a capacidade de manobra. Por conseguinte, as aeronaves foram
contempladas com melhorias aerodinâmicas, motores mais potentes e armas de autodefesa,
surgindo o combate aéreo, o emprego do avião em formações e a defesa aérea.
3.4.8 No Brasil, a aviação militar também teve sua gênese nos campos de batalha. Durante a
Guerra do Paraguai, o então Marquês de Caxias, posteriormente Duque de Caxias (Luis Alves
de Lima e Silva, 1803-1880, Patrono do Exército Brasileiro), empregou balões cativos para
reconhecer as posições inimigas e preparar os planos de ataque nas campanhas militares das
regiões de Humaitá, Tuiuti e Curupaiti, entre 1867 e 1869. Nesse cenário, em 1915, o Tenente
do Exército Brasileiro Ricardo João Kirk (1874-1915, aviador militar brasileiro) e o civil
italiano Ernesto Darioli (nascido em 1881, instrutor de vôo de Kirk), a serviço do Ministério
da Guerra, realizaram missões aéreas, basicamente de reconhecimento, em apoio às operações
terrestres durante a Campanha do Contestado. Ademais, deve-se citar a participação de
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3.4.9 Após a Primeira Guerra Mundial, os pensadores militares criaram o termo “Poder
Aeroespacial”, sugerindo que a arma aérea havia proporcionado uma nova forma de vencer
conflitos armados. Contudo, o debate entre os estudiosos sobre a melhor opção para aplicação
das suas capacidades - como extensão tática das forças de superfície ou como arma
estratégica, capaz de, isoladamente, decidir um conflito - continuou até a Segunda Guerra
Mundial.
3.4.10 A experiência da Primeira Guerra Mundial, por exemplo, levou os ingleses a criarem a
Royal Air Force, em abril de 1918, a partir da união do Royal Flying Corps com o Royal
Naval Air Service, respectivamente, do Exército e da Marinha Britânica. Outras nações, como
a Itália, a França, o Chile e a União Soviética também criaram suas forças aéreas
independentes durante o período entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais.
3.4.12 Seja como for, as experiências decorrentes da Segunda Guerra Mundial foram
importantes para demonstrar que se impunha considerar o controle do ar como uma ação
eficaz para proporcionar segurança e liberdade de manobra para as forças de superfície
amigas.
3.4.13 A rápida evolução da arma aérea, inicialmente subjugada às marinhas e aos exércitos
nacionais, suscitou calorosas discussões sobre a necessidade de criação de um componente
militar independente responsável pelas operações aéreas.
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Figura 4 - 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira, na Campanha da Itália, durante a
Segunda Guerra Mundial (fonte: CECOMSAER).
3.4.15 Nos conflitos que se seguiram à Segunda Grande Guerra, a aviação militar consolidou
suas funções táticas e estratégicas, e, ainda, adquiriu um caráter dissuasório importante,
devido ao valor que as forças aéreas obtiveram no balanço de poder entre as nações.
3.5.1 DOUHET
3.5.1.1 O mais famoso teórico do Poder Aeroespacial foi o General do Exército Italiano
Giulio Douhet (1869-1930), cuja obra principal denomina-se “O Domínio do Ar”.
Impressionado pelos sangrentos combates da Primeira Guerra Mundial, Douhet defendia que
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somente o avião poderia sobrepor-se à extensa guerra de atrito provocada pelos exércitos
equipados com armas modernas, ou seja, a supremacia aérea significaria a vitória. Em termos
gerais, a fórmula de vitória preconizada por Douhet era composta pela obtenção da
supremacia aérea, pela neutralização dos centros vitais estratégicos do inimigo e pela
manutenção da defensiva na superfície enquanto fosse construída a ofensiva pelo ar.
3.5.1.2 Douhet foi o primeiro a perceber que a chave do Poder Aeroespacial estava na escolha
criteriosa dos alvos. Ele identificou cinco sistemas básicos como centros vitais de um país
moderno: indústria, infraestrutura de transporte, nós de comunicação, edificações
governamentais e, o mais importante, a vontade de lutar do povo. Para Douhet, o emprego
massivo do ataque aéreo levaria a população inimiga ao pânico e à desistência do combate,
sem a necessidade de envolvimento das forças de superfície. Interessante notar que, muito
antes, Augusto Severo já defendia essa tese.
3.5.1.4 O primeiro grande teste das teorias de Douhet ocorreu na Segunda Guerra Mundial.
Surpreendentemente, tanto críticos como defensores encontraram, nos resultados observados
durante o conflito, argumentos contra a supremacia do Poder Aéreo e a favor dela como fator
crucial para o sucesso na guerra convencional. Entretanto, a teoria preconizada por Douhet foi
utilizada com sucesso na Guerra do Golfo de 1991, quando a tecnologia permitiu a aplicação
mais eficiente e efetiva da arma aérea.
3.5.2 TRENCHARD
3.5.2.1 Antes da Segunda Guerra Mundial, a RAF também se preocupou em desenvolver uma
teoria do Poder Aeroespacial. De maneira similar à aplicação do Poder Naval, na tradição
inglesa, essa teoria baseava-se no princípio da pressão contra a economia e o comércio do país
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oponente, como forma de forçá-lo a uma mudança na sua política. O Marechal Hugh
Montague Trenchard (1873-1956), Comandante da RAF desde sua criação em 1918 até 1930,
defendeu suas concepções em diversas obras. Ele acreditava que o avião era uma arma
ofensiva estratégica, que poderia atingir, pela destruição da indústria do inimigo, o moral de
trabalhadores de fábricas e, por extensão, da população como um todo. Entretanto, ao
contrário de Douhet, Trenchard não era adepto da ideia de que uma campanha aérea poderia,
sozinha, trazer a vitória na guerra.
3.5.3 MITCHELL
3.5.3.1 Nos Estados Unidos da América (EUA), o General do Exército William “Billy”
Mitchell (1879-1936) desempenhou um papel relevante na defesa da argumentação de que
aviões bombardeiros poderiam ganhar guerras mais rapidamente e a um custo menor. Da
mesma forma que Trenchard, Mitchell sustentou, em sua obra “Winged to Defense”, a
necessidade de uma força aérea autônoma, livre da influência dos comandantes das forças de
superfície.
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3.5.3.2 Segundo Mitchell, a força aérea deveria conduzir operações aéreas independentes,
como o bombardeio estratégico, preocupando-se com objetivos próprios e não somente com
ações de apoio. Tais convicções viriam a servir de suporte doutrinário para a Força Aérea
norte-americana.
3.5.3.3 Para Mitchell, a primeira missão do Poder Aeroespacial deveria ser a destruição da
força aérea inimiga e, em seguida, viria o bombardeio aos centros vitais. Diferentemente de
Douhet, que preferiu sugerir a inclusão de metralhadoras para proteção dos bombardeiros,
Mitchell pensou em utilizar aeronaves de caça para a escolta desses bombardeiros contra os
aviões de interceptação do inimigo.
3.5.3.4 Mitchell é considerado, ainda, o grande profeta americano do Poder Aeroespacial. Ele
anteviu o desenvolvimento do armamento de precisão, dos veículos pilotados remotamente,
das aeronaves invisíveis ao radar, das aeronaves supersônicas e da utilização de tanques
externos de combustível para aumentar o alcance de aeronaves de caça.
3.5.4 SEVERSKY
3.5.4.2 De sua vasta obra, destacam-se dois livros de fundamental importância para a teoria
do Poder Aeroespacial: “Victory Through Air Power”, no qual fez apologia à supremacia da
arma aérea e ao bombardeio estratégico, e “Air Power: Key to Survival”, obra dedicada à
análise do emprego do Poder Aeroespacial nos três primeiros anos da Segunda Guerra
Mundial.
3.5.4.3 Após uma análise detalhada sobre a Batalha da Inglaterra, primeira grande campanha
conduzida apenas com o emprego do Poder Aeroespacial, que resultou em um marcante
fracasso alemão, Seversky apontou erros que deveriam ser evitados pelos planejadores
militares, a saber: não neutralizar o Poder Aeroespacial antagonista antes de efetuar
bombardeios estratégicos; escolher erradamente os objetivos vitais a atingir; e empregar o
Poder Aeroespacial de forma descontinuada.
DCA 1-1/2012 25/71
3.5.4.4 Seversky teve ainda o mérito de ser o primeiro pensador a verificar a influência dos
pensamentos de Douhet e Mitchell nos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. De
forma semelhante, concluiu que o sucesso das operações de superfície depende,
essencialmente, do domínio do ar.
3.5.5.1 Após a Primeira Guerra Mundial, alguns autores, entre eles Basil H. Liddell Hart e J.
F. C. Fuller, desenvolveram um conceito que ficou conhecido como “paralisia estratégica”.
Esse conceito, baseado no princípio da economia de forças, estabelece que se deve aplicar o
mínimo de esforço para produzir o máximo de efeito contra o inimigo, pela ação em três
esferas da guerra: física, moral e mental. A “paralisia estratégica” buscaria, portanto, o
desarme físico do inimigo (em vez de sua destruição), o que o deixaria mentalmente
desnorteado e o induziria a um colapso moral. Estrategistas do Poder Aeroespacial
rapidamente identificaram que a aviação teria as características necessárias para plena
aplicação desse conceito.
3.5.5.2 A partir do estudo da História militar, o Coronel da Força Aérea dos EUA John
Richard Boyd (1927-1997) identificou quatro fatores críticos para o sucesso em operações
militares: iniciativa, harmonia, variedade e velocidade. Essa combinação letal, semelhante à
noção atual dos “ataques paralelos”, serviria para sobrecarregar a capacidade do adversário
em perceber aqueles eventos que seriam mais perigosos. Pela redução da capacidade mental
do inimigo, atingir-se-ia também sua vontade moral de resistir, ou seja, seria possível obter a
“paralisia estratégica”. Boyd ainda seria conhecido pela criação da teoria do ciclo OODA, que
detalha o comportamento humano racional em quatro fases: Observar, Orientar-se, Decidir e
Agir. Girar o ciclo de decisão mais rapidamente que o oponente, segundo Boyd, garantiria a
vitória.
26/71 DCA 1-1/2012
3.5.5.3 Noutra via, o Coronel da Força Aérea dos EUA John A. Warden III foi o idealizador
da campanha aérea da Operação Tempestade no Deserto, em 1991. Como importante
pensador americano para a guerra aérea, destacou-se na defesa do predomínio do Poder
Aeroespacial sobre os demais. O tema principal de seu livro “The Air Campaign: Planning
for Combat” é que o Poder Aeroespacial possui, de maneira única, a capacidade de atingir os
fins estratégicos da guerra com o máximo de eficiência e o mínimo de custo. Warden buscou
inspiração no General prussiano Carl Von Clausewitz (1780-1831) para definir o conceito de
Centros de Gravidade (CG), como “pontos que concentram todo o poder e o movimento, onde
um ataque teria mais chances de ser decisivo”. Agrupou os CG em cinco anéis concêntricos,
representando sistemas vitais para o oponente, com a liderança no centro.
3.5.5.4 Tanto Boyd quanto Warden deixaram contribuições para a teoria do Poder
Aeroespacial, identificando a relevância da “paralisia estratégica” em uma nova sociedade,
que passou da era industrial do Século XX para a era da comunicação e da informação do
Século XXI.
Forças Posicionadas
População
Infraestrutura Nacional
Funções Vitais
Lideranças Nacionais
Figura 11 - Centros de Gravidade - modelo dos cinco anéis de John A. Warden III (fonte: DCA 1-1/2005).
3.6.2 Nesse contexto, o termo “Poder Aeroespacial” passou gradativamente a ser utilizado,
aglutinando as diferentes características do segmento aéreo (“Poder Aéreo”) e do espacial
(“Poder Espacial”).
3.6.4 É importante esclarecer, contudo, que não há uma linha divisória entre os ambientes
atmosférico e cósmico, ainda que as diferenças físicas sejam nítidas. Uma das referências
consideradas no meio científico, mas não adotada por todos os países signatários do “Tratado
sobre Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço
Cósmico”, de 1967, estabelece a altitude de 100-110 Km, conhecida como a Linha Karman,
acima da qual seria considerado o espaço exterior.
3.6.7 A partir dessas premissas, constata-se que o planejamento do uso do segmento espacial
em coordenação com o segmento aéreo deve ser preciso e detalhado, a fim de que as
operações possam ser integradas. A interdependência entre os dois segmentos é observada em
áreas como: enlaces de comunicações por satélites; sensoriamento por meio de plataformas
espaciais; sistemas de referência para posição, navegação e tempo; capacidade de comando e
controle mais abrangente; e precisão para emprego de armamentos.
3.6.8 No presente documento, os termos Poder Aéreo e Poder Aeroespacial são utilizados
com o mesmo sentido, mesmo que tratem de ambientes operacionais diferentes.
3.7.3 O comandante que os considere, a priori, como dogmas válidos para quaisquer
situações, pode ser levado a adotar decisões inadequadas, em face das múltiplas influências
contingenciais da realidade, que nem sempre se ajustam perfeitamente aos juízos genéricos e
teóricos. Também não é conveniente estabelecer-se ordem de prioridade na enumeração
desses princípios, porquanto a importância de cada um em relação aos demais varia de acordo
com a situação considerada.
3.7.4 Nessa ordem de ideias, o emprego do Poder Aeroespacial deve ser orientado pelos
Princípios de Guerra, a saber:
DCA 1-1/2012 29/71
Figura 12 - Os Comandantes e seus Estados-Maiores devem ter sempre em mente os Princípios de Guerra
e as características e os fundamentos do Poder Aeroespacial, quando planejando e conduzindo as suas
operações (fonte: CECOMSAER).
3.7.4.2 Exploração
3.7.4.3 Manobra
3.7.4.4 Massa
Os Meios de Força Aérea a ser aplicados devem ser superiores aos meios do
inimigo, em termos de quantidade, qualidade e eficiência, em pontos ou áreas específicos e no
tempo devido, com capacidade para sustentar esse esforço enquanto necessário, com vistas à
obtenção de resultados decisivos. O Poder Aeroespacial tem a capacidade singular de lançar
um ataque a partir de locais dispersos e concentrá-lo sobre o objetivo definido.
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3.7.4.5 Moral
3.7.4.6 Objetivo
3.7.4.7 Ofensiva
3.7.4.8 Prontidão
3.7.4.9 Segurança
3.7.4.10 Simplicidade
Os planos elaborados para o emprego dos Meios de Força Aérea devem possuir
concepções claras e simples, de maneira a não gerar prejuízo à precisão, à eficácia, à
eficiência e à efetividade de suas execuções.
3.7.4.11 Surpresa
3.8.1 O Poder Aeroespacial possui características próprias, distintas dos demais componentes
do Poder Militar, que podem potencializar ou limitar o seu emprego, em decorrência dos
meios que utiliza e do ambiente com o qual interage.
3.8.2 Tais características são apontadas como Pontos Fortes (Fatores de Força) e Pontos
Fracos (Fatores de Fraqueza), que devem ser, respectivamente, exploradas e minimizadas no
âmbito do emprego do Poder Aeroespacial.
3.8.2.1.1 Alcance
3.8.2.1.3 Mobilidade
3.8.2.1.4 Penetração
3.8.2.1.5 Pronta-resposta
3.8.2.1.6 Velocidade
3.8.2.2.4 Fragilidade
3.9.2.3 Persistência
3.9.2.4 Concentração
3.9.2.5 Prioridade
3.9.2.6 Equilíbrio
4.1 GENERALIDADES
4.1.6 Não obstante essas mudanças conjunturais, o conceito de Poder Aeroespacial mantém-se
incólume e compreende toda a capacidade nacional relacionada ao domínio do espaço aéreo e
do espaço exterior, nas esferas militar e civil, daí configurando-se, claramente, a
caracterização da dualidade.
Figura 13 - Aeronaves A-29 Super Tucano da Força Aérea Brasileira (fonte: CECOMSAER).
4.2.3 Nesse contexto, deve-se ainda considerar o Poder Militar Aeroespacial, no tocante
especificamente à parte integrante do Poder Aeroespacial que compreende a Força Aérea
Brasileira e os meios aeroespaciais adjudicados pelos Poderes Naval e Militar Terrestre,
quando vinculados ao cumprimento de missão da FAB e submetidos a algum tipo de comando
e controle de autoridade militar aeroespacial.
4.2.4 Faz-se relevante destacar que o preparo dos elementos civis do Poder Aeroespacial
brasileiro para atender às necessidades da Aeronáutica será executado à luz da Constituição
Brasileira e da legislação sobre a Mobilização Nacional. Tal preparo consiste na realização de
ações estratégicas por parte do Estado brasileiro, planejadas, coordenadas e desenvolvidas de
modo metódico e permanente desde a situação de normalidade, que viabilizem a capacitação
da FAB para fazer frente às situações decorrentes da efetivação ou da iminência da
concretização de uma HE.
4.2.5 Nessa mesma ordem de ideias, o preparo dos meios aeroespaciais dos Poderes Naval e
Militar Terrestre será responsabilidade, respectivamente, da Marinha do Brasil e do Exército
Brasileiro, de acordo com as diretrizes políticas e as orientações estratégicas de defesa e os
respectivos planos estratégicos.
4.2.6 Quando pertinente, a execução da Mobilização Nacional será decretada por ato do Poder
Executivo autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando no intervalo
das sessões legislativas. Esse ato deverá especificar o espaço geográfico do território nacional
em que será realizada a Mobilização e as medidas necessárias à sua execução, a saber, dentre
outras:
a) a convocação dos entes federados para integrar o esforço da Mobilização
Nacional;
b) a reorientação da produção, da comercialização, da distribuição e do consumo
de bens e da utilização de serviços;
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4.3.3 As atribuições subsidiárias gerais das FA dizem respeito ao emprego de natureza não
militar e estão relacionadas à cooperação com o desenvolvimento nacional e com a defesa
civil, na forma determinada pelo(a) Presidente da República. Integram as referidas ações de
caráter geral:
a) a participação em campanhas institucionais de utilidade pública ou de
interesse social; e
b) preservadas as competências exclusivas das polícias judiciárias, a atuação,
por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre,
no mar e nas águas interiores, independentemente da posse, da propriedade,
da finalidade ou de qualquer gravame que sobre ela recaia, contra delitos
transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros
órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de
patrulhamento, revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e
de aeronaves e prisões em flagrante delito.
Figura 16 - Ajuda humanitária em catástrofes naturais realizada pela Força Aérea Brasileira (fonte:
CECOMSAER).
4.3.8 O “Emprego da Força Aérea” diz respeito ao comando e controle das Ações de Força
Aérea a ser empreendidas em uma campanha ou operação militar, em que os Meios de Força
Aérea e, quando aplicável, os meios de outros elementos do Poder Aeroespacial adjudicados à
FAB são usados para cumprir uma missão específica atribuída por autoridade competente,
com objetivos próprios e duração limitada.
5.1.2 Para alcançar tal nível de operacionalidade, faz-se pertinente identificar e desenvolver as
Capacidades Essenciais da Força Aérea. Essas capacidades têm origem na conjugação das
características do Poder Aeroespacial com as habilidades inerentes aos Meios de Força Aérea
e traduzem as áreas de especialização do “Emprego da Força Aérea”, em campanhas e
operações militares, no âmbito de ações independentes, conjuntas ou combinadas.
5.1.3 Em uma perspectiva mais ampla, as Capacidades Essenciais são fundamentos que
orientam a formulação das Tarefas Básicas da FAB e das Ações de Força Aérea.
5.1.4 As Tarefas Básicas e as Ações de Força Aérea dizem respeito aos efeitos que podem ser
produzidos com os Meios de Força Aérea. Enquanto as Tarefas Básicas definem os propósitos
mais abrangentes de uma campanha ou operação militar, mormente estratégicos e
operacionais, as Ações de Força Aérea descrevem atos específicos a sere executados no nível
tático para a consecução daqueles propósitos. O somatório dos efeitos causados pelas Tarefas
e pelas Ações contribui para a consecução dos objetivos da campanha ou operação militar e
para o alcance do estado final desejado.
5.1.5 As Tarefas e as Ações não estão relacionadas aos Meios de Força Aérea específicos. A
maioria dos meios aéreos, por exemplo, está capacitada a cumprir mais de um tipo de Ação,
sendo possível, em um único voo, o cumprimento de várias Ações em proveito de mais de
uma Tarefa. Ademais, uma única Ação pode combinar diversos Meios de Força Aérea para
alcançar os efeitos desejados. Portanto, cabe ao Comandante e seu Estado-Maior a arte de
combinar as Ações de Força Aérea mais adequadas e os Meios de Força Aérea disponíveis
para, no âmbito maior das Tarefas, produzir os efeitos desejados, em função dos objetivos
fixados.
5.2.1 Os itens a seguir listados não esgotam o rol de aptidões da Força Aérea, tampouco
dizem respeito às habilidades exclusivas do Poder Aeroespacial, porém expressam as mais
relevantes contribuições da FAB para o emprego do Poder Militar Nacional.
5.2.1.1.1 O estudo das guerras modernas demonstra que o controle do espaço aéreo, em
determinado grau, é condição indispensável para assegurar a liberdade de ação das forças
militares no campo de batalha. Para exercer tais graus de controle, a Força Aérea deve engajar
e destruir elementos específicos do Poder Aeroespacial inimigo, não somente para garantir a
segurança das forças de superfície amigas mas, também, para permitir o emprego dos Meios
DCA 1-1/2012 43/71
de Força Aérea.
5.2.1.1.2 O domínio do ambiente espacial pela Força Aérea, mesmo que parcial e limitado em
espaço e tempo, contribui efetivamente para o emprego das forças amigas, à medida que
possibilita atividades como comunicações, navegação, vigilância, meteorologia,
sensoriamento e uso de armamento inteligente por intermédio de plataformas espaciais. Por
outro lado, negar ao inimigo o uso desses recursos espaciais torna possível o emprego de
forças amigas sem interferência significativa.
5.2.1.1.3 Portanto, o domínio dos segmentos aéreo e espacial configura-se como vital para o
sucesso das operações militares.
5.2.1.2.2 Nesse contexto, também deve ser considerado o controle do ambiente cibernético,
conformado por Sistema de Comunicações e Tecnologia da Informação para Comando e
Controle (SCTIC2), que são vitais para troca de informações entre todos os escalões da cadeia
de comando. O domínio do ambiente cibernético pode, direta ou indiretamente, afetar as
lideranças, as forças militares e as infraestruturas críticas do inimigo, até o ponto de evitar a
confrontação militar direta.
5.2.1.2.3 Controlar a informação, portanto, significa ter habilidade para coletar, processar,
armazenar, disseminar e proteger dados e conhecimentos e, paralelamente, negar ao
adversário a possibilidade de fazer o mesmo.
5.2.1.3.5 Portanto, a Força Aérea deve estar condicionada ao mais elevado grau de prontidão,
bem como ao mais rápido processo de acionamento, de modo a atuar em toda a gama de
Ações de Força Aérea, empregando meios na dimensão correta, no local adequado, no
momento oportuno e com a precisão requerida.
5.2.1.4.2 Esse apoio diz respeito à previsão, à provisão e à manutenção de todos os recursos e
serviços necessários ao emprego dos Meios de Força Aérea, e deve ser proporcionado na
medida adequada às necessidades e no tempo certo.
5.2.1.5.4 As ameaças ao Poder Aeroespacial podem ser passivas e ativas, envolvendo desde
ataques aéreos e de superfície até os químicos, biológicos, nucleares, radiológicos,
cibernéticos, eletrônicos e psicológicos. Ademais, podem constituir ameaças ao Poder
Aeroespacial os efeitos sobre as operações decorrentes de desastres provocados pelo homem
ou pela natureza.
f) Sustentação ao Combate.
5.3.1.1.4 Dessa forma, o Comandante de Força Aérea e seu Estado-Maior devem planejar
Ações de Força Aérea, letais e não letais, que possibilitem a produção de conhecimentos
exatos e oportunos, a proteção permanente do conhecimento e dos dados que circulam nos
sistemas de C2 da Força Aérea, a degradação apropriada dos sistemas de apoio à decisão do
inimigo e a influência decisiva na opinião pública favorável aos objetivos da campanha ou
operação militar.
Figura 17 - R-99 Guardião, capaz de fornecer, em tempo real, imagens e informações eletrônicas sobre
objetivos no solo (fonte: CECOMSAER).
5.3.1.2 Controle do Ar
outra em determinado cenário. Usam-se, comumente, três níveis para caracterizar o grau de
Controle do Ar:
5.3.1.3.1 A Projeção Estratégica do Poder Aeroespacial é a Tarefa Básica realizada com dois
propósitos: anular a capacidade inimiga de sustentar o esforço de guerra e de “quebrar” sua
determinação de continuar o conflito.
DCA 1-1/2012 47/71
5.3.1.3.3 Todas as expressões do Poder Nacional - não somente a militar - podem ser
empregadas para alcançar efeitos estratégicos em uma Operação de Guerra (Op G) ou em uma
Operação Militar de Não-Guerra (OMNG). A Força Aérea, entretanto, diferencia-se das
demais FA devido à sua capacidade de alcançar os CG estratégicos do oponente sem engajar
com sucessivos escalões de forças inimigas.
5.3.1.4.3 Nesse sentido, o Comandante e seu Estado-Maior devem planejar Ações de Força
Aérea, letais e não letais, para causar efeitos diretos ou indiretos no campo de batalha, que
afetem o poder de combate das forças inimigas e possibilitem aos componentes naval e
terrestre amigos a execução de suas manobras, de acordo com os objetivos e as prioridades
estabelecidos pelo Comandante do Comando Operacional Conjunto (C Op Cj) ou do
Comando Operacional Combinado (C Op Cbn).
Figura 19 - A-1M Falcão, capaz de destruir alvos de superfície na Tarefa de Interdição do Campo de
Batalha (fonte: CECOMSAER).
48/71 DCA 1-1/2012
5.3.1.5.3 A Proteção da Força, então, envolve Ações de Força Aérea que resultam na
salvaguarda dos recursos humanos, dos equipamentos, das instalações e dos sistemas, pois
somente a partir dessa condição pode-se garantir a liberdade de ação e a efetividade
operacional da Força Aérea.
Figura 21 - Instalações temporárias com barracas climatizadas, para centros de C2, alojamentos,
refeitórios, apoio de saúde e outras funções (fonte: CECOMSAER).
5.4.1 As Ações de Força Aérea são executadas por meio da combinação adequada de pessoal,
aeronaves, plataformas espaciais, veículos terrestres, embarcações, armamentos, instalações,
equipamentos e sistemas, com o objetivo de alcançar os efeitos desejados.
5.4.2 As Ações de Força Aérea passam a denominar-se Missões de Força Aérea tão logo
sejam atribuídas a um comandante de aeronave, líder de formação de aeronaves, comandante
de unidade terrestre ou comandante de fração de tropa, com o propósito de atingir um ou mais
efeitos desejados.
5.4.3.2 Antissubmarino
Apoio Aéreo Aproximado (Ap AA) é a Ação que consiste em empregar Meios
de Força Aérea para detectar, identificar e neutralizar ou destruir forças de superfície inimigas
que estejam em contato direto com forças de superfície amigas.
Assuntos Civis (As Civ) é a Ação que consiste em empregar Meios de Força
Aérea para viabilizar o bom relacionamento do Comandante de Força Aérea e das Unidades
subordinadas e adjudicadas com as autoridades civis e a população da área ou território, sob a
responsabilidade ou jurisdição desse Comandante.
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5.4.3.6 Ataque
Ataque (Atq) é a Ação que consiste em empregar Meios de Força Aérea para
neutralizar ou destruir alvos inimigos, previamente localizados e identificados.
5.4.3.11.1 A Com Soc envolve as Relações Públicas (RP), a Informação Pública (Info Pub) e
a Divulgação Institucional (Dvg Ittc):
5.4.3.11.1.1Relações Públicas
5.4.3.11.1.2Informação Pública
5.4.3.11.1.3Divulgação Institucional
5.4.3.13 Contraterrorismo
Contraterrorismo (C Trr) é a Ação que consiste em empregar Meios de Força
Aérea para neutralizar a ação de grupos terroristas, em um contexto de Garantia da Lei e da
Ordem ou de Defesa da Pátria, em áreas de interesse da Força Aérea.
Defesa Aérea (DA) é a Ação que consiste em empregar Meios de Força Aérea
para detectar, identificar e neutralizar ou destruir vetores aéreos inimigos que ameacem forças
amigas e áreas de interesse.
5.4.3.17.1 Defesa Cibernética (Def Ciber) é a Ação que consiste em empregar Meios de Força
Aérea para proteger os SCTIC2 das forças amigas, para obter dados para a produção de
conhecimento de Inteligência e para causar prejuízos aos sistemas similares do oponente.
5.4.3.17.2 A Def Ciber engloba a Proteção Cibernética (Ptç Ciber), Exploração Cibernética
(Exp Ciber) e o Ataque Cibernético (Atq Ciber).
5.4.3.17.2.1Proteção Cibernética
São as atividades de Def Ciber defensivas que consistem em empregar Meios
de Força Aérea para neutralizar ataques cibernéticos e explorações cibernéticas realizados
contra os SCTIC2 das forças amigas.
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5.4.3.17.2.2Exploração Cibernética
São as atividades de Def Ciber exploratórias que consistem em empregar
Meios de Força Aérea para coletar dados de interesse nos SCTIC2 inimigos e para identificar
as vulnerabilidades desses sistemas.
5.4.3.17.2.3Ataque Cibernético
São as atividades de Def Ciber ofensivas que consistem em empregar Meios de
Força Aérea para neutralizar ou destruir os SCTIC2 inimigos.
5.4.3.18 Escolta
Escolta (Esct) é a Ação que consiste em empregar Meios de Força Aérea para
detectar, identificar, neutralizar ou destruir vetores aéreos inimigos e forças de superfície
oponentes que ameacem aeronaves amigas em voo.
5.4.3.25 Logística
5.4.3.25.1 Logística (Log) é a Ação que consiste em empregar Meios de Força Aérea para
prever, prover e manter recursos e serviços necessários ao emprego da Força Aérea.
5.4.3.25.2.1Engenharia
5.4.3.25.2.2Manutenção
5.4.3.25.2.3Recursos Humanos
5.4.3.25.2.4Salvamento
5.4.3.25.2.5Saúde
5.4.3.25.2.6Suprimento
5.4.3.25.2.7Transporte
Minagem Aérea (Min Ae) é a Ação que consiste em empregar Meios de Força
Aérea para para impedir ou limitar o movimento de navios e submarinos inimigos em áreas de
interesse.
5.4.3.38 Varredura
Varredura (Var) é a Ação que consiste em empregar Meios de Força Aérea
para detectar, identificar e neutralizar ou destruir vetores aéreos inimigos em espaço aéreo de
interesse.
5.5.2 Também são Ações Complementares as atividades aéreas realizadas por algumas
Organizações da Aeronáutica para possibilitar a formação e o adestramento dos Meios de
Força Aérea, a exemplo daquelas realizadas na Academia da Força Aérea e nas unidades
aéreas.
5.5.3.2 Aerolevantamento
Aerolevantamento (Alev) é a Ação que consiste em empregar Meios de Força
Aérea para obter imagens do terreno.
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6 CONCLUSÃO
6.1 A presente Doutrina Básica conforma os alicerces doutrinários para o preparo e o emprego
da Força Aérea. Seu conhecimento e aplicação são obrigatórios em todos os escalões,
devendo constituir disciplina compulsória nos cursos de formação, de aperfeiçoamento e de
altos estudos, para Oficiais, Graduados e Praças, variando-se o nível exigido de
aplicabilidade.
6.2 Com fundamento neste documento, devem ser elaboradas as doutrinas de nível
operacional e os manuais táticos específicos, os quais, em conjunto, orientarão o emprego da
Força Aérea.
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7 DISPOSIÇÕES FINAIS
7.1 Esta Diretriz deve ser atualizada por iniciativa do Estado-Maior da Aeronáutica
(EMAER), em coordenação com os ODSA, quando a situação da conjuntura nacional e
internacional, os objetivos nacionais, as novas concepções operacionais das Forças Armadas e
os desenvolvimentos tecnológicos assim justificarem.
7.3 Os casos não previstos nesta Diretriz serão submetidos à apreciação do Comandante da
Aeronáutica.
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REFERÊNCIAS
_______. Decreto no 3.897, de 16 de agosto de 2001. Fixa as diretrizes para o emprego das
Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, e dá outras providências. Brasília-DF: Poder
Executivo, 2001.
_______. Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999. Dispõe sobre as normas gerais
para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas. Brasília-DF: Poder
Executivo, 1999.
_______. MD35-G-01 Glossário das Forças Armadas. 4. ed. Brasília, DF, 2007.
_______. MD51-M-04 Doutrina Militar de Defesa (Reservado). 2. ed. Brasília, DF, 2007.
_______. MD51-P-02 Política Militar de Defesa (Confidencial). 2. ed. Brasília, DF, 2005.
DCA 1-1/2012 61/71
MEILINGER, Phillip S. The paths of heaven: the evolution of airpower theory. School of
Advanced Airpower Studies, Air University, 1997.
MICHELL, William. Winged defense: the development and possibilities of modern air
power. Mineola: Drover Publications, 2006.
SEVERSKY, A. N. P. de. Air power: key to survival. 1. ed. New York: Simon and Schuster,
1950.
WANDERLEY, Nelson Freire Lavenère. História da Força Aérea Brasileira, 2. ed. Rio de
Janeiro: Editora Gráfica Brasileira Ltda, 1975.
WARDEN III, J. A. The air campaign: planning for combat. Disponível em:
<http://www.au.af.mil/au/awc/awcgate/warden/ward-toc.htm>, acessado em: 08 maio 2012.
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Figura 11 - Centros de Gravidade - modelo dos cinco anéis de John A. Warden III............... 26
AÇÕES
AÇÕES DE FORÇA AÉREA
COMPLEMENTARES
− Ação Direta − Guiamento Aéreo − Ação Cívico-Social
− Antissubmarino Avançado − Aerolevantamento
− Apoio Aéreo Aproximado − Infiltração Aérea − Assistência em Voo
− Assalto Aeroterrestre − Inteligência Operacional − Combate a Incêndio em Voo
− Assuntos Civis − Interferência Eletrônica − Demonstração Aérea
− Ataque − Logística − Ensaio em Voo
− Autodefesa Antiaérea − Minagem Aérea − Inspeção em Voo
− Autodefesa de Superfície − Operações Psicológicas − Instrução Aérea
− Busca e Salvamento − Patrulha Marítima − Socorro em Voo
− Busca e Salvamento em − Polícia da Aeronáutica − Transporte Especial
Combate − Posto de Comunicações no
− Comunicação Social Ar
ÍNDICE
Disposições preliminares, 1
finalidade, 1.1
conceituações, 1.2
ação de força aérea, 1.2.1
centro de gravidade, 1.2.2
comando de preparo, 1.2.3
comando operacional combinado, 1.2.4
comando operacional conjunto, 1.2.5
comandante de força aérea, 1.2.6
força aérea numerada, 1.2.7
meios de força aérea, 1.2.8
missão de força aérea, 1.2.9
operação aeroespacial, 1.2.10
poder aeroespacial, 1.2.11
sistema de comunicações e tecnologia da informação para comando e controle, 1.2.12
tarefa básica da força aérea brasileira, 1.2.13
âmbito, 1.3
Doutrina militar, 2
doutrina militar brasileira, 2.1
vinculação da doutrina com o planejamento militar, 2.2
evolução da doutrina básica da força aérea brasileira, 2.3
Guerra e Poder Aeroespacial, 3
paz, crise e guerra, 3.1
níveis de decisão da guerra, 3.2
político, 3.2.1.1
estratégico, 3.2.1.2
operacional, 3.2.1.3
tático, 3.2.1.4
solução da guerra, 3.3
Poder Aeroespacial, 3.4
pensadores do Poder Aeroespacial, 3.5
Douhet, 3.5.1
Trenchard, 3.5.2
Mitchell, 3.5.3
Seversky, 3.5.4
Boyd e Warden, 3.5.5
evolução do Poder Aeroespacial, 3.6
princípios de guerra sob a ótica do Poder Aeroespacial, 3.7
economia de forças ou de meios, 3.7.4.1
exploração, 3.7.4.2
manobra, 3.7.4.3
massa, 3.7.4.4
moral, 3.7.4.5
objetivo, 3.7.4.6
ofensiva, 3.7.4.7
prontidão, 3.7.4.8
segurança, 3.7.4.9
simplicidade, 3.7.4.10
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surpresa, 3.7.4.11
unidade de comando, 3.7.4.12
características do Poder Aeroespacial, 3.8
pontos fortes, 3.8.2.1
alcance, 3.8.2.1.1
flexibilidade e versatilidade, 3.8.2.1.2
mobilidade, 3.8.2.1.3
penetração, 3.8.2.1.4
pronta-resposta, 3.8.2.1.5
velocidade, 3.8.2.1.6
pontos fracos, 3.8.2.2
custos elevados, 3.8.2.2.1
dependência de tecnologia, 3.8.2.2.2
dependência de infraestrutura, 3.8.2.2.3
fragilidade, 3.8.2.2.4
permanência limitada, 3.8.2.2.5
restrição de carga útil, 3.8.2.2.6
sensibilidade às condições meteorológicas, 3.8.2.2.7
fundamentos do poder aeroespacial, 3.9
controle centralizado e execução descentralizada, 3.9.2.1
efeitos sinérgicos, 3.9.2.2
persistência, 3.9.2.3
concentração, 3.9.2.4
prioridade, 3.9.2.5
equilíbrio, 3.9.2.6
Poder aeroespacial brasileiro, 4
generalidades, 4.1
elementos do poder aeroespacial brasileiro, 4.2
força aérea brasileira, 4.2.2.1
aviação civil, 4.2.2.2
infraestrutura aeroespacial, 4.2.2.3
indústria aeroespacial e de defesa, 4.2.2.4
complexo científico-tecnológico aeroespacial, 4.2.2.5
recursos humanos especializados em atividades relacionadas ao emprego aeroespacial,
4.2.2.6
comando da aeronáutica, 4.3
Capacidades essenciais, tarefas básicas e ações de força aérea, 5
considerações iniciais, 5.1
capacidades essenciais da força aérea, 5.2
dominar o ambiente aeroespacial, 5.2.1.1
controlar a informação no campo de batalha, 5.2.1.2
agir com prontidão, mobilidade e precisão, 5.2.1.3
proporcionar suporte logístico apropriado e oportuno, 5.2.1.4
proteger o seu poder de combate, 5.2.1.5
tarefas básicas da força aérea brasileira, 5.3
exploração da informação, 5.3.1.3
controle do ar, 5.3.1.2
supremacia aérea, 5.3.1.2.2.1
superioridade aérea, 5.3.1.2.2.2
situação aérea favorável, 5.3.1.2.2.3
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