Trabalho de Orientação Escolar e Profissional
Trabalho de Orientação Escolar e Profissional
Trabalho de Orientação Escolar e Profissional
em Angola
1 de Novembro, 2010
Neste livro, Carlinhos Zassala propõe esclarecer as causas que determinam o fraco
rendimento dos alunos do ensino de base regular do I° nível, ensino primário, que muito
bem classifica de «pedra angular de qualquer subsistema de ensino», apontando para três
factores que, no nosso país, comprometem o desempenho escolar dos alunos do I° nível.
O primeiro, refere-se à problemática da utilização do português como língua de ensino em
Angola, questão absolutamente pertinente na medida em que o português não é a língua
materna da maioria das crianças angolanas. Na verdade muitas delas entram somente em
contacto sistemático com a língua portuguesa quando começam a frequentar o ensino
primário. Mesmo as crianças que no decorrer do processo de socialização exercitam o seu
uso, fazem-no com muitas deficiências estruturais, quer a nível gramatical quer de
vocabulário e pronunciação, factor que concorre para que, no cômputo geral, se verifique
a grande dificuldade sentida por elas no domínio da mesma. O Autor relaciona ainda o
fraco desempenho escolar com a precária formação técnico-cultural e psicopedagógica
dos professores, que para além de, por norma, estarem afectos a estruturas e organismos
disfuncionais que pouco ou nada contribuem para a promoção da sua formação
profissional, sentem-se ainda miseravelmente limitados e constrangidos pela ausência
total de incentivos que se deveriam traduzir na formação contínua e em contrapartidas
sociais e económicas. Por último, o terceiro factor apontado como condicionante do fraco
rendimento escolar dos alunos do I° nível refere-se às condições de aprendizagem na
escola e em casa, que para a maioria são praticamente inexistentes. Pode afirmar-se que
os alunos e os professores angolanos não encontram nos seus lares nem nas escolas as
condições mínimas de trabalho conducentes a uma prestação positiva de ambos.
Como somos um país que fala a língua portuguesa, também tivemos em conta
as normas curriculares do Brasil e de Portugal. É quase impossível nós
considerarmos todos os países para onde Angola manda os seus estudantes
porque, de uma certa forma, estamos a pagar algumas falhas que cometemos,
logo depois da independência, ao encaminharmos estudantes quase ao nível de
todos os países do mundo.
Exactamente!
Sim! Até fui convidado para a abertura dessa instituição. Penso que, quando
tomamos medidas não devemos fazer com base no sentimento ou nas
influências do momento porque se for assim agora temos muita cooperação
com a China, vamos ensinar o mandarim. Amanhã teremos mais cooperação
com o Japão e vamos ensinar o japonês e quem sabe qual será a próxima
civilização? O mais importante é reforçarmos, primeiro, a língua oficial e
também reforçar as línguas africanas.
EDUCAÇÃO DA JUVENTUDE
Muitas vezes, tenho ouvido pessoas a dizerem que os jovens de hoje não têm
rumo, estão a perder valores. Mas os que estão a perder valor são os mais
velhos porque os valores são transmitidos da geração mais velha para as novas
gerações. Hoje em dia , posso confirmar sem medo de errar que os nossos
gtjovens estão desorientados. Em Psicologia, há um capítulo que costumo dar,
que fala dos processos grupais. Existem os processos grupais benignos, que
ajudam a socialização da geração mais nova; e os processos grupais malignos,
que desorientam a juventude e parece-me que nós aqui autorizámos bastante
esses processos grupais malignos. Posso partir de um exemplo concreto. Eu
não concordo com essa forma de pipocação de seitas religiosas no nosso país
porque elas constituem uma verdadeira máquina na formação e mudança de
atitudes. Ora, quando o Governo tem conhecimento de seitas religiosas que
não são legais, mas operam livremente, mas não sabe o que ela transmite aos
jovens. Isso é preocupante. Eu tomei conhecimento com muita preocupação,
através da Rádio Luanda, de uma seita religiosa chamada “Igreja da Verdade”
que anunciava o fim do mundo em Setembro deste ano, tendo alertado aos
fiéis que não trabalhassem. Esses são processos grupais malignos . É para
semear confusão. Os jovens são muito mais influenciados pelo sentimento,
pela moda, portanto, devem ser protegidos, orientados pelo Estado.
Contrariamente, os processos malignos conduzem para a deterioração da
própria sociedade.