Roteamento IP PDF
Roteamento IP PDF
Roteamento IP PDF
Roteamento IP
Rio de Janeiro
Escola Superior de Redes
2013
Copyright © 2013 – Rede Nacional de Ensino e Pesquisa – RNP
Rua Lauro Müller, 116 sala 1103
22290-906 Rio de Janeiro, RJ
Diretor Geral
Nelson Simões
Edição
Pedro Sangirardi
Versão
1.0.0
Este material didático foi elaborado com fins educacionais. Solicitamos que qualquer erro encon-
trado ou dúvida com relação ao material ou seu uso seja enviado para a equipe de elaboração de
conteúdo da Escola Superior de Redes, no e-mail [email protected]. A Rede Nacional de Ensino e
Pesquisa e os autores não assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas, a
pessoas ou bens, originados do uso deste material.
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Distribuição
Escola Superior de Redes
Rua Lauro Müller, 116 – sala 1103
22290-906 Rio de Janeiro, RJ
http://esr.rnp.br
[email protected]
Bibliografia: p. 127-129.
ISBN 978-85-63630-24-7
CDD 004.62
Sumário
Componentes do roteamento 2
Roteamento IP 3
Tabela de rotas 5
Roteamento estático 7
Roteamento dinâmico 8
Modos de comando 10
Roteamento dinâmico 28
Algoritmo de roteamento 30
iii
RIPv2 – Características 33
Contagem ao infinito 35
Pacote RIP 37
Autenticação OSPF 54
Backbone OSPF 56
Atributos do BGP 72
iv
Configuração BGP – roteadores Cisco 81
Mensagens BGP 88
Mensagem Open 89
Mensagem Keep-Alive 90
Mensagem Update 91
Mensagem Route-Refresh 92
Mapas de rotas 93
Route Reflector 96
Cluster list 98
Troca de tráfego 99
Estrutura da internet 101
Pontos de acesso 102
Conexão do AS ao PTT 103
Anúncios de rotas 109
6. Resolução de problemas
Orientações gerais 115
Problema 1 116
Problema 2 117
Problema 3 117
Problema 4 118
v
Problema 5 118
Problema 6 119
Bibliografia 127
vi
Escola Superior de Redes
A Escola Superior de Redes (ESR) é a unidade da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
(RNP) responsável pela disseminação do conhecimento em Tecnologias da Informação
e Comunicação (TIC).
A ESR oferece dezenas de cursos distribuídos nas áreas temáticas: Administração e Pro-
jeto de Redes, Administração de Sistemas, Segurança, Mídias de Suporte à Colaboração
Digital e Governança de TI.
A metodologia da ESR
A filosofia pedagógica e a metodologia que orientam os cursos da ESR são baseadas na
aprendizagem como construção do conhecimento por meio da resolução de problemas típi-
cos da realidade do profissional em formação. Os resultados obtidos nos cursos de natureza
teórico-prática são otimizados, pois o instrutor, auxiliado pelo material didático, atua não
apenas como expositor de conceitos e informações, mas principalmente como orientador do
aluno na execução de atividades contextualizadas nas situações do cotidiano profissional.
Dessa forma, o instrutor tem participação ativa e dialógica como orientador do aluno para as
atividades em laboratório. Até mesmo a apresentação da teoria no início da sessão de apren-
dizagem não é considerada uma simples exposição de conceitos e informações. O instrutor
busca incentivar a participação dos alunos continuamente.
vii
As sessões de aprendizagem onde se dão a apresentação dos conteúdos e a realização das
atividades práticas têm formato presencial e essencialmente prático, utilizando técnicas
de estudo dirigido individual, trabalho em equipe e práticas orientadas para o contexto de
atuação do futuro especialista que se pretende formar.
Sobre o curso
O curso fornece uma visão geral dos conceitos básicos de roteamento e protocolos de
roteamento IP. Roteamento estático e dinâmico; protocolos RIP, OSPF e BGP. Ao final do
curso, o aluno será capaz de configurar protocolos de roteamento de uma rede TCP/IP e
de conectá-la à internet.
A quem se destina
O público-alvo do curso é composto por profissionais de redes (segmento corporativo) e
estudantes de informática (formandos em Ciência da Computação/Informática), interessados
em obter um maior domínio de protocolos de roteamento da arquitetura TCP/IP, condição
fundamental para a formação de especialistas em administração de redes de computadores.
Itálico
Indica nomes de arquivos e referências bibliográficas relacionadas ao longo do texto.
viii
Largura constante
Conteúdo de slide
Indica o conteúdo dos slides referentes ao curso apresentados em sala de aula.
Símbolo
Indica referência complementar disponível em site ou página na internet.
Símbolo
Indica um documento como referência complementar.
Símbolo
Indica um vídeo como referência complementar.
Símbolo
Indica um arquivo de aúdio como referência complementar.
Símbolo
Indica um aviso ou precaução a ser considerada.
Símbolo
Indica questionamentos que estimulam a reflexão ou apresenta conteúdo de apoio ao
entendimento do tema em questão.
Símbolo
Indica notas e informações complementares como dicas, sugestões de leitura adicional ou
mesmo uma observação.
Permissões de uso
Todos os direitos reservados à RNP.
Agradecemos sempre citar esta fonte quando incluir parte deste livro em outra obra.
Exemplo de citação: LOBATO, Luiz Carlos Lobo. Roteamento de Protocolos IP. Rio de Janeiro:
Escola Superior de Redes, 2013.
Comentários e perguntas
Para enviar comentários e perguntas sobre esta publicação:
Escola Superior de Redes RNP
Endereço: Av. Lauro Müller 116 sala 1103 – Botafogo
Rio de Janeiro – RJ – 22290-906
E-mail: [email protected]
ix
Sobre os autores
Luiz Carlos Lobato é formado em Engenharia Eletrônica pelo ITA, com pós-graduação em
Negócios e Serviços de Telecomunicações pelo CEFET-RJ. Possui certificação de redes Cisco
CCNA. Gerente da Divisão de Suporte Técnico da Telebrás até a privatização das Teleco-
municações, sendo responsável pela operação e gerência da Rede de Dados do Sistema
Telebrás. Após a privatização atuou como Coordenador de Cursos de Tecnologia de Redes
(Graduação Superior) em diversas faculdades. É colaborador da Escola Superior de Redes
desde 2008, tendo elaborado material de treinamento e lecionado diversos cursos na área
de Redes. Atualmente é Coordenador Acadêmico de Redes da ESR.
x
1
Conceitos básicos de roteamento
Neste capítulo veremos os conceitos básicos, para que possamos entender o que é
objetivos
conceitos
Roteamento IP, tabela de rotas, roteamento estático, roteamento dinâmico
e configuração básica de roteador.
Conceito de roteamento
Roteamento é a transferência de informação da origem até o destino através de uma rede. q
Origem Destino
Figura 1.1
Conceito de
roteamento.
1
Componentes do roteamento
11 Determinação de rotas. q
11 Transporte dos pacotes (comutação).
Determinação de rotas.
11 Métrica.
11 Tabelas de roteamento.
11 Troca de mensagens.
10 Nó A
15 Nó B
20 Nó C
30 Nó A
25 Nó B
Figura 1.2
45 Nó A Exemplo de
tabela de rotas.
Os algoritmos de roteamento usam algum padrão de medida (chamado de métrica) para deter-
minar a rota ótima para um dado destino. Para ajudar no processo de determinação de rotas, os
algoritmos de roteamento inicializam e mantêm tabelas de roteamento, que contêm informa-
ções de rotas. Essas informações tipicamente são armazenadas no formato destino/próximo nó
(destination/next hop). A tabela mostrada na figura anterior exemplifica o que foi dito.
Os roteadores se comunicam entre si, para terem conhecimento de seus vizinhos e man-
terem atualizadas as tabelas de rotas. A internet é uma rede em constante mudança e não
pode parar; desse modo, as mudanças precisam ser feitas dinamicamente. Para isso, os
roteadores trocam mensagens para a manutenção das tabelas.
Protocolos de Roteamento IP
2
Transporte dos pacotes
Origem
Pacote
Roteador 2
Pacote
Para:Destino (endereço rede)
Roteador (endereço físico)
O host envia o pacote para o roteador, colocando o endereço físico do roteador (normal-
mente estão na mesma rede local, portanto o endereço físico será o MAC address) e o
endereço do protocolo de rede do host de destino. O roteador então examina o pacote e
tenta encaminhá-lo para o host de destino, baseado no seu endereço de rede. Se o roteador
tiver na sua tabela de rotas a rota adequada, ele encaminhará para o próximo nó, mudando
o endereço físico para o endereço do próximo nó e mantendo o endereço de rede do host de
destino. Se não tiver a rota na tabela, o roteador simplesmente descartará o pacote.
E o processo se repetirá até chegar ao roteador que está na mesma rede do host de destino,
que entregará o pacote enviando-o para o endereço físico do host de destino. Assim, à
medida que o pacote atravessa a rede, seu endereço físico vai mudando; porém, o endereço
Capítulo 1 - Conceitos básicos de roteamento
Roteamento IP
11 Diretamente conectado. q
11 Gateway padrão.
3
o datagrama IP é enviado diretamente para o destino. Caso contrário, o host envia o data-
grama para um default router (gateway padrão) e deixa o roteador entregar o datagrama
no seu destino.
O host poderá ser configurado para atuar como host ou como host e roteador. Se o host
estiver configurado para atuar como um roteador, ele poderá encaminhar datagramas de
uma de suas interfaces de rede para outra. Se não estiver configurado como roteador, ele
só poderá encaminhar datagramas gerados pelas camadas superiores do protocolo nele
residente (TCP, UDP, ICMP ou IGRP), não podendo encaminhar datagramas recebidos de
suas interfaces de rede.
O IP pesquisa uma tabela de roteamento na memória do host cada vez que ele recebe um data-
grama de uma interface de rede para enviar. Os seguintes procedimentos serão executados:
2. Se ele não estiver configurado como router, o datagrama será simplesmente descartado.
RJ 01 RJ 02 RJ 03 SP 01 SP 02 SP 03
172.16.10.10 172.16.10.11 172.16.10.12 172.16.20.10 172.16.20.11 172.16.20.12
Roteador RJ Roteador SP
172.16.10.1 172.16.20.1
Rede WAN
172.16.30.0/24 Figura 1.4
Exemplo de
roteamento IP.
q
Protocolos de Roteamento IP
Sejam as duas redes locais da figura 1.4, uma no Rio de Janeiro e outra em São Paulo. A rede
local do Rio de Janeiro usa o endereço de rede 172.16.10.0/24 e a de São Paulo usa o ende-
reço de rede 172.16.20.0/24.
4
Os respectivos roteadores usam na interface diretamente conectada às redes (interface
Ethernet E0) um endereço válido de cada uma delas; no caso, no Rio de Janeiro o endereço
172.16.10.1 e, em São Paulo, o endereço 172.16.20.1. Esses endereços serão os gateways
padrão das respectivas redes, tendo de ser configurados em todos os hosts das duas redes.
Para se comunicarem entre si, os roteadores usam uma linha dedicada conectada a uma
interface serial (S0). Os endereços dessas interfaces têm de ser diferentes dos endereços
das interfaces Ethernet, ou, em outras palavras, têm de ser de outra rede, mesmo porque
essa linha dedicada é também uma rede física e nós já vimos que cada rede física tem de ter
um prefixo de rede diferente.
Suponha que a máquina RJ 01 tenha de enviar um pacote para a máquina SP 03. Os respec-
tivos endereços de origem e destino serão:
11 Origem: 172.16.10.10.
11 Destino: 172.16.20.22.
A máquina RJ01 conclui que o endereço de destino não é da rede dela e, nesse caso, envia
para o gateway padrão porque o host não foi configurado como roteador. Trata-se de uma
entrega indireta. Ao chegar ao roteador RJ (via interface 172.16.10.1), o roteador consulta
sua tabela de rotas para saber como despachar o pacote. A sua tabela de rotas informa que,
para chegar à rede de destino (172.16.20.0/24), ele precisa enviar o pacote para o roteador
de SP no endereço 172.16.30.2 (nexthop), via interface serial que tem o endereço 172.16.30.1.
E assim ele o faz.
O roteador de São Paulo consulta sua tabela de rotas e verifica que está diretamente
conectado à rede de destino, logo ele entrega o pacote ao host 172.16.20.22 via interface
172.16.20.1.
Tabela de rotas
11 Tabela com as rotas conhecidas do roteador. q
11 Formato padrão.
22 Máscara de sub-rede.
22 Gateway (nexthop).
Capítulo 1 - Conceitos básicos de roteamento
22 Métrica.
11 Administrador de rede.
11 Protocolos de roteamento.
Quando um pacote chega a uma das interfaces do roteador, ele analisa a sua tabela de
roteamento para verificar se nela existe uma rota para a rede de destino. Pode ser uma
rota direta ou a indicação do roteador para o qual o pacote deve ser enviado. Esse processo
continua até que o pacote seja entregue na rede de destino.
5
As informações da tabela de roteamento devem ser suficientes para que o roteador possa
fazer isso. O formato padrão de uma entrada na tabela de roteamento é:
Para montar essa tabela, o roteador pode “aprender” as rotas de duas maneiras:
11 Administrador de rede.
11 Protocolos de roteamento.
A primeira maneira é manual e a segunda é automática. Mais adiante veremos em que situa-
ções elas se aplicam melhor.
C:\>route print
==========================================================
========
Lista de interfaces
==========================================================
========
Rotas ativas:
Gateway padrão:189.6.12.1
Protocolos de Roteamento IP
==========================================================
========
O comando routeprint do DOS lista a tabela de rotas atual aprendida pelo Windows.
6
Na primeira parte temos a lista de interfaces de rede atualmente ativas: a loopback (teste
interno) e, no caso, uma interface Ethernet. Depois vêm as rotas ativas. Veja, por exemplo, a
primeira entrada:
Essa entrada é a chamada de rota padrão. Essa rota é indicada por uma identificação de
rede 0.0.0.0 com uma máscara de sub-rede 0.0.0.0. Quando o TCP/IP tenta encontrar uma
rota para um determinado destino, ele percorre todas as entradas da tabela de roteamento
em busca de uma rota específica para a rede de destino. Caso não seja encontrada uma rota
para a rede de destino, será utilizada a rota padrão. Em outras palavras, se não houver uma
rota específica, envie através da rota padrão.
Observe que a rota padrão é justamente o default gateway da rede (189.6.12.1), ou seja, a
interface de LAN do roteador da rede. O parâmetro Interface (189.6.12.158) é o número IP da
placa de rede do próprio computador. Não havendo uma rota específica, deve-se enviar para
a rota padrão, onde o próximo hop da rede deverá ser o 189.6.12.1, e o envio para esse hop é
feito através da interface 189.6.12.158 (ou seja, a própria placa de rede do computador).
A próxima entrada define o endereço de loopback que, como já dissemos, é usado para a
finalidade de testes internos.
Essa rota é conhecida como rota da rede local. Ela basicamente diz o seguinte: “Quando o
endereço IP de destino for um endereço da minha rede local, envie as informações através
da minha placa de rede” (observe que tanto o parâmetro gateway como o parâmetro Inter-
face estão configurados com o número IP do próprio computador). Ou seja, “se for para uma
das máquinas da minha rede local, envie através da placa de rede, não precisa enviar para o
roteador”. É o caso de uma entrega direta.
Quando um roteador é configurado com os endereços IP de cada interface, ele só pode enviar
pacotes IP para as redes às quais está diretamente conectado. Se ele receber um pacote desti-
nado a uma rede remota que não está na tabela de roteamento, ele simplesmente descarta o
pacote (não envia em nenhuma hipótese um broadcasting para localizar a rede remota).
Para que o roteador seja capaz de enviar pacotes para redes remotas, é necessário confi-
gurar as rotas.
Capítulo 1 - Conceitos básicos de roteamento
11 Roteamento estático.
11 Roteamento dinâmico.
Roteamento estático
Vantagens: q
11 Sem overhead na CPU do roteador.
7
Desvantagens: q
11 Exige maior conhecimento técnico.
Roteamento dinâmico
Vantagens: q
11 Configuração mais fácil que a da rota estática.
Desvantagens:
Esse método é usado normalmente em grandes redes, porque permite que os próprios
roteadores construam e atualizem suas tabelas de roteamento, através de protocolos de
roteamento: IPX (só em redes Novell), RIP, IGRP, OSPF etc. É mais simples de configurar do
que rotas estáticas, porém à custa da CPU dos roteadores e da largura de banda da rede.
11 Roteadores vizinhos dos quais possa aprender rotas para as redes remotas.
trador da rede. O roteador então constrói a tabela de roteamento, que descreve a forma de
achar as redes remotas.
8
Se ocorrer uma mudança de topologia na rede, os protocolos de roteamento dinâmico
automaticamente informam todos os roteadores a respeito da mudança. Se, por outro lado,
forem usadas rotas estáticas, é responsabilidade do administrador de rede atualizar as
rotas em todos os roteadores da rede.
Exercício de fixação 1 e
Tabela de rotas
Considerando a rede da Figura 1.4, exemplo de roteamento IP, uma possível tabela de rotas
(parcial) para as estações SP01 e RJ01 seria:
C:\>route print
===========================================================
Estacao RJ01
===========================================================
Rotas ativas:
...
===========================================================
C:\>route print
===========================================================
Estacao SP01
===========================================================
Rotas ativas:
172.16.20.0 255.255.255.0172.16.20.10172.16.20.10 1
...
===========================================================
9
Configuração básica de roteador
11 Comandos de configuração variam de um fabricante para outro. q
11 Padrão de mercado: IOS, da Cisco.
22 Modos de comando.
Modos de comando
Hierarquia para navegação entre os modos de comando: q
11 user EXEC mode
11 configuration submodes
11 configuration subsubmodes
Digitando o caractere “?” (interrogação, sem as aspas) você obterá a lista de comandos
possíveis no modo de comando em que você está no momento. A hierarquia básica para
navegação entre os modos de comando é:
11 Router#.
10
Quando você inicia uma sessão em um roteador, você inicia no modo user EXEC mode, que
não permite configurar o roteador, apenas verificar o status, nada mais. Em nosso simulador
esse modo não existe, mesmo porque não possui utilidade para os nossos propósitos. Para
ter acesso aos comandos de configuração, você precisa navegar para o modo seguinte, que
é o privileged EXEC mode, no qual você pode digitar comandos tipo EXEC, por exemplo, ou o
comando show, que mostra o status da configuração corrente do roteador.
Os comandos tipo EXEC não são salvos quando você dá reboot no roteador.
O modo seguinte é o global configuration mode, que permite a configuração das caracte-
rísticas gerais do roteador, fazendo modificações na configuração corrente do roteador
(running configuration). Se você salvar a configuração modificada, os comandos terão efeito
no próximo reboot do roteador.
A partir do modo de configuração global, você pode entrar nos modos específicos de
configuração e em seus submodos.
Router#
Router#disable
Router>
22 copyrun star
O termo “global” é usado para indicar características que afetam o sistema como um todo. Esse
modo é usado para configurar o roteador globalmente ou para entrar em modos específicos de
configuração que servem para configurar certos elementos, tais como interfaces ou protocolos.
11
O comando privilegiado para entrar no modo de configuração global é:
Router(config)#
Note que o prompt mudou, indicando que você está no modo de configuração global.
Os comandos executados nesse modo atualizam a configuração corrente (running
configuration) em tempo real. Porém, é importante notar que essa configuração será
perdida no próximo reboot.
Router(config)# end
Router(config)# exit
Router(config)# ^Z(Ctrl-z)
11 Router(config-if)# no shut
11 Router(config-router)# network
Router(config-if)#
Note que o prompt mudou, indicando que você está no modo de configuração de interface. Um
dos comandos mais usados, que podem ser digitados agora, é o de atribuição de endereço IP:
Router(config-if)#no shutdown
esse comando para “levantar” a interface. É que não existe um comando específico para
“levantar” a interface.
Router(config)#router rip
Router(config-router)#network 192.168.1.0
Router(config-router)#network 10.0.0.0
12
Os comandos acima habilitam o protocolo de roteamento RIP e definem as redes que serão
anunciadas pelo roteador para os seus vizinhos. Note a mudança do prompt.
O comando acima cria uma rota estática para a rede 192.168.0.0/24, apontando para o
próximo salto (next hop) 192.168.1.1.
11 Router(config)# shint
11 Router(config)# sh run
11 Router(config)# sh star
Router#show ?
Router#show arp
Router#sh interfaces
Router#shiproute
Router#shrunning-config
Router#sh startup-config
sh no lugar de show; conf t no lugar de configure terminal; shint no lugar de show interface etc.
13
Prefixo da CLI Significado
Se o erro for detectado depois de apertar a tecla <Enter>, o comando errado já está regis-
trado na memória RAM do roteador, mais precisamente no arquivo “running-config”. Você
pode verificar isso usando o comando sh run (forma reduzida de show running-config).
Nesse caso, não basta simplesmente digitar o comando correto que ele não irá apagar o
comando errado anteriormente digitado. O que vai acontecer é ficarem na memória RAM
os dois comandos. É preciso repetir o comando errado inserindo antes dele a palavra “no”
(negar o comando).
Exemplo:
Observe que, para negar o comando, é preciso redigitá-lo exatamente como foi digitado
antes, com a palavra “no” na frente.
Protocolos de Roteamento IP
14
Roteiro de Atividades 1
Atividade 1.1 – Comandos de configuração básica
Vamos usar a rede da Figura 1.4 para configurar rotas estáticas. Siga o procedimento:
1. Inicie o VMWare Player e selecione a opção Open a Virtual Machine. Selecione a máquina
virtual vcore-4.2 no diretório que o instrutor indicar e a inicie.
3. Selecione File no menu suspenso, selecione a opção Open e localize o diretório onde se
encontra a rede: Rede1_Sessao1_ADR10.imn, seguindo a orientação do instrutor.
Figura 1.7
Rede usada 5. Os endereços IPv4 dos PCs já estão configurados, conforme mostrado na figura. Temos três
no exercício. redes físicas representadas pelos switches Rede_RJ, Rede_SP e o enlace serial entre os dois
roteadores. Cada rede física tem um prefixo de rede diferente, conforme a tabela a seguir.
6. Nenhum tipo de rota ou protocolo de roteamento está configurado, bem como nenhuma
das interfaces dos dois roteadores estão configuradas. Nesta atividade vamos configurar
Capítulo 1 - Roteiro de Atividades
O modo inicial de operação do simulador é o Modo de Edição. Esse modo é utilizado para
desenhar a rede e configurar o endereçamento IPv4. Para efetivamente executar os proto-
colos de roteamento e as aplicações, é necessário iniciar o experimento, que pode ser feito
de duas maneiras:
15
No Modo de Experimento, não é possível fazer edição da topologia da rede (note a barra de
ferramentas modificada). Aguarde até que toda a rede seja iniciada (até desaparecerem os
colchetes vermelho/verde em cada nó da rede).
11 Aponte com o mouse para o roteador, clique no botão direito e selecione a opção:
Shell window/vtysh, conforme mostrado na Figura 1.9.
Figura 1.9
Abertura console
do Roteador_RJ.
Figura 1.10
Console do
Roteador_RJ.
ubuntu# sh run
Building configuration...
Current configuration:
interface eth0
ipv6nd suppress-ra
!
Protocolos de Roteamento IP
interface eth1
ipv6nd suppress-ra
interface lo
16
ip forwarding
ipv6 forwarding
linevty
end
ubuntu#
Observe que nenhuma interface (eth0 e eth1) foi configurada. A configuração das interfaces
dos dois roteadores será feita de acordo com as informações a seguir.
ubuntu# conf t
ubuntu(config-if)# no shut
ubuntu(config-if)# no shut
ubuntu(config-if)# ^Z
ubuntu#
O comando que atribui o endereço IP às interfaces tem uma sintaxe um pouco diferente
daquela mostrada nos exemplos anteriores (a máscara é informada em contagem de bits).
Note também que a configuração foi encerrada com um Ctrl + Z. Para verificar a configuração
do roteador, digite o comando shrun, conforme mostrado na listagem a seguir.
ubuntu# sh run
Building configuration...
Capítulo 1 - Roteiro de Atividades
Current configuration:
interface eth0
ip address 172.16.10.1/24
ipv6nd suppress-ra
17
interface eth1
ip address 172.16.30.1/24
ipv6nd suppress-ra
interface lo
ip forwarding
ipv6 forwarding
linevty
end
ubuntu#
10. Vamos fazer a configuração do Roteador_SP, que é idêntica à do Roteador_RJ, que pode
ser usada como referência. Anote os comandos necessários abaixo.
11. Feitas as configurações dos roteadores, vamos testar a comunicação entre as duas redes locais
fazendo um ping do RJ01 para o SP03, por exemplo. Para isso, siga o seguinte procedimento:
11 Aponte com o mouse para o RJ01, clique no botão direito e selecione a opção:
Shell window/bash.
root@RJ01:/tmp/pycore.38136/RJ01.conf#
18
Por que não funcionou, se os roteadores foram configurados corretamente?
Responda no espaço a seguir.
12. Vamos precisar “ensinar” ao Roteador_RJ como encaminhar pacotes para a rede
172.16.20.0/24, que fica em SP e que só pode ser alcançada através do Roteador_SP.
Para isso, os seguintes comandos devem ser digitados no console de Roteador_RJ:
ubuntu#conf t
ubuntu(config)# ^Z
ubuntu#
Esse comando define uma rota estática que “ensina” ao Roteador_RJ como encaminhar
pacotes para a rede 172.16.20.0/24, enviando-os para o próximo salto (next-hop), que é a
interface eth1 do Roteador_SP (endereço IP 172.16.30.2).
13. Vamos fazer a mesma coisa para o Roteador_SP. Anote os comandos no espaço abaixo.
14. Agora, com as rotas configuradas, o ping deve funcionar, conforme mostrado a seguir.
root@RJ01:/tmp/pycore.38136/RJ01.conf#
15. Para confirmar que a rota foi configurada corretamente, basta digitar o comando abaixo,
no console do Roteador_RJ.
19
C>* 127.0.0.0/8 is directly connected, lo
ubuntu#
Observe que a rota estática aparece com um S>* no início da linha e as redes diretamente
conectadas, com um “C>*”.
11 Escritório central.
11 20-30 computadores/rede.
Backbone Corporativo
(BKB) Figura 1.12
Estudo de caso
(parte 1).
Este estudo de caso deve ser resolvido em 15 minutos. Os alunos podem fazê-lo em duplas.
Cada departamento tem uma rede com cerca de 20 a 30 computadores. Essas redes estão
interligadas ao backbone corporativo composto por um Switch Gigabit Ethernet que, por sua
vez, interliga todas as redes departamentais.
Está disponível uma Classe C 200.248.228.0/24, que se deseja dividir em sub-redes que
Protocolos de Roteamento IP
20
Rede Endereço Faixa de Hosts Interface eth0 Interface eth1
de sub-rede roteador roteador
FIN
RH
MKT
ENG
BKB – –
Uma vez feito o planejamento, vamos configurar a rede, seguindo o procedimento descrito abaixo.
Figura 1.13
Rede do estudo de
caso (parte 1).
3. Ainda falta a configuração de rotas estáticas, para que cada roteador possa acessar as
redes remotas. Por exemplo, no caso do roteador Rot_FIN, precisamos “ensinar” as rotas
Capítulo 1 - Roteiro de Atividades
De forma semelhante para os demais roteadores (consulte a sua tabela de endereços IP).
21
4. Precisamos configurar os PCs.
Precisamos definir também o gateway padrão dos PCs, que será a interface eth0 do rote-
ador correspondente a cada departamento. Por exemplo, na console do FIN01, se digi-
tarmos o comando route –n, obteremos a seguinte resposta:
root@FIN01:/tmp/pycore.38996/FIN01.conf# route –n
root@FIN01:/tmp/pycore.38996/FIN01.conf#
Aparece somente a rota para a rede 200.248.228.0/24, que é usada para entrega direta.
Falta o gateway padrão para poder encaminhar pacotes para as outras redes. O comando é:
Verificando:
root@FIN01:/tmp/pycore.38996/FIN01.conf# route –n
root@FIN01:/tmp/pycore.38996/FIN01.conf#
5. Para verificar se os roteadores aprenderam todas as rotas para todas as sub-redes, use o
comando shiproute, conforme mostrado a seguir, para o roteador Rot_FIN.
ubuntu#
22
6. Agora podemos testar a continuidade entre os PCs, por exemplo, entre o FIN01 e o ENG01.
root@FIN01:/tmp/pycore.38996/FIN01.conf#
Rot A Rot B
Matriz eth0 eth 1 eth1 eth0 Filial B
eth2 eth2
Rot C
eth2 eth1
eth0
Figura 1.14
Estudo de caso Filial C
(parte 2).
Suponhamos agora que seja necessário acrescentar a essa rede do Escritório Central (Site A)
mais duas filiais (Sites B e C), cada uma com cerca de 8 a 10 computadores, conforme
mostrado na Figura 1.14. Note que o Site A continua como está e o roteador RotA será
acrescentado ao backbone corporativo (via interface eth0), respeitando o endereçamento
previamente definido.
Capítulo 1 - Roteiro de Atividades
Definir:
23
Rede Física Endereço Faixa de Hosts Interface eth0 Interface eth1 Interface eth2
de sub-rede roteador roteador roteador
BKB Matriz
RotA-RotB – – –
RotA-RotC – – –
RotB-RotC – – –
Filial B
Filial C
2. Configure as interfaces eth0, eth1 e eth2 dos roteadoresRotA, RotB e RotC. Configure um Figura 1.15
Rede do estudo de
PC de cada filial, conforme mostrado na Figura 1.15. Use o primeiro endereço disponível caso (parte 2).
de cada sub-rede para o roteador e o último endereço para o PC.
3. Ainda falta a configuração de rotas estáticas, para que cada roteador possa acessar as
redes remotas. Por exemplo, no caso do roteador Rot_A, precisamos “ensinar” as rotas
Protocolos de Roteamento IP
24
De forma semelhante para os roteadoresRotB e RotC (consulte a sua tabela de endereços
IP). Os roteadores Rot_FIN, Rot_RH, Rot_MKT e Rot_ENG já tiveram as interfaces e as rotas
estáticas configuradas na atividade anterior.
root@FIN01:/tmp/pycore.343287/FIN01.conf#
Conclusão
Este estudo de caso simula a atividade de planejamento de endereçamento de sub-redes:
25
26
Protocolos de Roteamento IP
2
Protocolo de roteamento RIP
objetivos
conceitos
Sistema Autônomo, CIDR, métricas de protocolo, algoritmos de roteamento
e protocolo RIPv2.
Sistema Autônomo – AS
Conceito de Sistema Autônomo (Autonomous System – AS): q
11 Um grupo de redes e roteadores controlados por uma única autoridade administrativa.
Uma definição comumente adotada diz apenas que o AS está sujeito a administração única.
Uma definição mais rigorosa acrescenta que deve haver uma política de roteamento única
no AS. Esse é o requisito básico para ter um AS.
Exemplo:
192.168.0.0/24
192.168.1.0/24
192.168.0.0/2
192.168.2.0/24
192.168.3.0/24
O RFC 1930 enfatiza a importância de uma política de roteamento única, relaciona os erros
mais comuns na definição de ASs e também discute os critérios de decisão para definir a
w
necessidade de um AS.
Os ASs são controlados pelo Internet Assigned Numbers Authority – Iana (http://www.iana.org).
11 Exteriores (Exterior Gateway Protocol – EGP): usados para comunicação entre rotea-
dores de ASs diferentes.
d
Os roteadores na internet são organizados hierarquicamente. Alguns roteadores são usados
para enviar informação através de um grupo particular de redes sob uma mesma autori-
É recomendável usar
dade administrativa e de controle (AS). Roteadores usados para troca de informação no inte- protocolos padroni-
rior dos ASs são chamados roteadores interiores (interior routers) e usam uma variedade zados, sempre que
possível. Os padrões
de protocolos chamada Interior Gateway Protocols (IGPs). Roteadores usados para troca
podem ser encon-
de informação entre os ASs são chamados roteadores exteriores (exterior routers) e usam trados na listagem de
protocolos chamados Exterior Gateway Protocols (EGPs). RFCs, disponível em:
http://www.rfc-editor.
Os principais protocolos padronizados usados atualmente são RIP, OSPF e BGP-4. Existem org/rfc-index2.html
Protocolos de Roteamento IP
outros protocolos proprietários de fabricantes, como por exemplo o IGRP e o EIGRP, da Cisco.
Roteamento dinâmico
Métrica dos protocolos de roteamento: q
11 Contador de hops.
11 Delay (retardo).
28
11 Custo. q
11 Confiabilidade.
11 Carga.
11 MTU.
11 Ticks.
A
R0 64k R2
E1 56k
R1 E1 R3
Figura 2.1
Métrica dos
protocolos de
roteamento.
O melhor caminho entre redes ou sub-redes é determinado por uma métrica de rote-
amento. As métricas são importantes porque, além de determinarem uma rota para o
destino, os roteadores têm de determinar a melhor rota para cada destino. Na Figura 2.1,
por exemplo, no caminho de A para B é evidente que a rota que passa por R1 é mais rápida
que a rota que passa por R2. Assim, o roteador R0 deve usar essa informação para escolher
a melhor rota.
11 MTU: unidade máxima de transmissão. O maior tamanho do pacote para um meio em particular.
29
11 Custo: um valor arbitrário indicando o custo para usar essa interface. Usualmente
expressa como um valor inteiro; definido para uma interface de saída.
11 Ticks: um valor arbitrário associado a um delay quando links e interfaces são usados.
O valor usualmente adotado é 1/18 de segundo.
Algoritmo de roteamento
11 Vetor-Distância (Bellman-Ford): q
22 Cada roteador mantém uma lista de rotas conhecidas.
22 Vide anotações.
1. Quando o roteador executa o boot, ele armazena na tabela informações sobre cada uma
das redes que estão diretamente conectadas a ele. Cada entrada na tabela indica uma
rede de destino, o gateway para a rede e a sua métrica.
2. Periodicamente cada roteador envia uma cópia da sua tabela para qualquer outro rote-
ador que seja diretamente alcançável (seus vizinhos).
3. Cada roteador que recebe uma cópia da tabela verifica as rotas divulgadas e suas
métricas. O roteador soma à métrica divulgada o custo do enlace entre ele e o roteador
que fez a divulgação. Depois, compara cada uma das entradas da tabela divulgada com
as entradas da sua tabela de roteamento. Rotas novas são adicionadas e rotas existentes
são selecionadas pela sua métrica.
3.1. Se a rota já existe na tabela e a métrica calculada é menor do que a da rota conhe-
cida, então remove a entrada anterior e adiciona a nova rota divulgada.
3.2. Se a rota já existe na tabela e a métrica calculada é igual a da rota conhecida, então
não altera a entrada, desprezando a rota divulgada.
3.3. Se a rota já existe na tabela e a métrica divulgada é maior do que a da rota conhe-
cida, então verifica se o gateway para essa rota é o mesmo que está fazendo a nova
divulgação:
a rota anunciada.
30
Tabela de roteamento Vetor-Distância
Router0 Router1 Router2
Destino Next Hop Métrica Destino Next Hop Métrica Destino Next Hop Métrica
Rede 40 - 1
172.16.20.0 172.16.40.0
Rede 20 Rede 40
Figura 2.2
Tabela de rotas 172.16.10.0 172.16.30.0 172.16.50.0
após a inicialização. Rede 10 Rede 30 Rede 50
Considere a rede exemplo da Figura 2.2 com três roteadores e cinco sub-redes. Todas as
sub-redes são /24. O mecanismo de cálculo da tabela de rotas através do algoritmo
Vetor-Distância (Bellman-Ford) funciona conforme explicado a seguir.
Na inicialização, antes de trocar informações com seus vizinhos, cada roteador só conhece
as redes às quais está diretamente conectado. Então as respectivas tabelas, mostradas na
figura, só têm as seguintes redes diretamente conectadas:
Todas as redes têm métrica =1, porque não há nenhum roteador entre as redes e os respec-
tivos roteadores. Segundo a recomendação do RFC 2453, usualmente adota-se a métrica =1
nesse caso, embora não haja nenhum hop intermediário para redes diretamente conec-
tadas. Teoricamente a métrica seria zero para redes diretamente conectadas.
31
Router0 Router1 Router2
Destino Next Hop Métrica Destino Next Hop Métrica Destino Next Hop Métrica
Rede 50 Router2 2
172.16.20.0 172.16.40.0
Rede 20 Rede 40
Figura 2.3
Tabela de rotas
172.16.10.0 172.16.30.0 172.16.50.0
após o primeiro
Rede 10 Rede 30 Rede 50
anúncio de rotas.
As tabelas vistas na figura anterior serão anunciadas pelos roteadores a seus vizinhos,
da seguinte forma:
11 router1 informa ao router0 e ao router2 que tem acesso às redes 20, 30 e 40.
11 router0 recebe as informações do router1 e ignora a rota da rede 20, porque ele já a tem
na tabela com métrica = 1; as rotas para as redes 30 e 40 são acrescentadas na tabela com
métrica = 2, porque elas passam pelo router1, que informou essas rotas com métrica = 1.
11 router2 recebe as informações do router1 e ignora a rota da rede 40, porque ele já a tem
na tabela com métrica = 1; as rotas para as redes 20 e 30 são acrescentadas na tabela com
métrica = 2, porque elas passam pelo router1, que informou essas rotas com métrica = 1.
Nesse ponto, a tabela do router1 está completa, mas as tabelas dos roteadores router0 e
router2 ainda não estão.
Protocolos de Roteamento IP
No router0 falta a rota para a rede 50 e, no router2, falta a rota para a rede 10.
32
Router0 Router1 Router2
Destino Next Hop Métrica Destino Next Hop Métrica Destino Next Hop Métrica
172.16.20.0 172.16.40.0
Rede 20 Rede 40
Figura 2.4
Tabela de rotas
172.16.10.0 172.16.30.0 172.16.50.0
após o segundo
Rede 10 Rede 30 Rede 50
anúncio de rotas.
11 O router1 vai ignorar as informações de rotas dos outros dois roteadores, porque a
tabela dele está completa.
11 router0 atualiza a rota para a rede 50 com métrica = 3, porque o router1 informou que
sua métrica era 2 e essa rota passa pelo router1.
11 router2 atualiza a rota para a rede 10 com métrica = 3, porque o router1 informou que
sua métrica era 2 e essa rota passa pelo router1.
Fim de atualização. Finalmente as tabelas estão completas. Dizemos que o protocolo con-
vergiu. O tempo de convergência vai depender do tempo de cada atualização.
RIPv2 – Características
11 Distribuído em 1982 junto com BSD Unix (v1). q
11 RFC 2453 (standard 56) (v2).
O protocolo RIP foi projetado inicialmente para a arquitetura Xerox Network Systems (XNS).
Em 1982, a versão RIP-IP (v1) foi distribuída junto com o BSD Unix, formalmente definida
pelo RFC 1058 de 1988. A versão atual (v2) foi definida pelo RFC 2453.
33
A tabela de roteamento do RIP fornece várias informações sobre as rotas, tais como:
métrica, máscara de sub-rede, temporizadores etc. A métrica usada indica o número de
hops até o destino, por default. Em algumas implementações de RIP, o administrador pode
definir uma métrica diferente de 1, para um determinado enlace. O RIP mantém apenas
a melhor rota para cada destino, sem rotas alternativas. Quando chega nova informação
sobre rotas, a antiga é desprezada. Cada roteador, ao perceber modificações nos seus
enlaces, manda informação de atualização de rotas para os outros roteadores e assim por
diante, propagando as mudanças ao longo da rede.
Na versão 1 (RIPv1), essa atualização era feita através de mensagens broadcast. Na versão
2 são usadas mensagens multicast com endereço multicast padrão: 224.0.0.9. Como outros
protocolos de roteamento, o RIP usa certos temporizadores (timers) para regular sua perfor-
mance. Os temporizadores utilizados pelo RIP são os seguintes:
11 Route-holddown timer: tempo em que uma rota permanece na tabela após ser decla-
rada inválida por um outro roteador. Quando outro roteador informa que uma rota não
é mais válida, esse roteador inicia esse temporizador e aguarda anúncios de atualização
para essa rota. Enquanto isso, essa rota é marcada como “possivelmente inválida”. Se
vierem anúncios válidos para essa rota, esse temporizador é desligado e essa rota volta a
ser anunciada normalmente. Geralmente configurado para 180 segundos.
11 Route-timeout timer: tempo máximo em que a rota pode ficar sem anúncio de atualização
de rota. Esse temporizador controla quando uma rota não está mais disponível. O timeout,
normalmente configurado para 180 segundos, determina quanto tempo precisa decorrer
sem que um roteador receba qualquer informação sobre uma rota antes que a rota seja
declarada inválida. A rota também pode ser declarada inválida se tem métrica = 16.
11 Route-flush timer: tempo para remoção da rota da tabela. Esse temporizador controla
quanto tempo a rota ainda permanece na tabela de rotas depois que vence o temporizador
Route-timeout timer. Quando uma rota é declarada inválida, ela permanece na tabela para
que os vizinhos possam ser notificados do fato. Essa notificação tem de ocorrer antes do
término desse temporizador, normalmente configurado para 120 segundos. Quando esse
temporizador expira, a rota é removida da tabela.
Vantagens: q
11 Simples de configurar.
Desvantagens:
11 Problemas de estabilidade.
22 Loops.
Com o advento dos protocolos OSPF e IS-IS, parecia que o protocolo RIP se tornaria obso-
leto. Embora os novos protocolos sejam superiores ao RIP, este ainda tem algumas vanta-
gens interessantes. Considerando as pequenas redes, o overhead do RIP é muito pequeno,
34
tanto em termos do uso de largura de banda, como em termos de simplicidade de configu-
ração e implementação. Além disso, existem muito mais implementações de RIP nas redes
atuais do que nos outros dois protocolos combinados.
Como desvantagens, podemos citar o fato de que ele é limitado a 15 hops, tornando-o
inviável em redes grandes. Por outro lado, com grande número de roteadores, teremos
muitas mensagens de anúncio de rotas. Também não suporta rotas alternativas, mantendo
apenas a melhor rota para cada destino na tabela. Essas limitações são, na realidade,
consequências da concepção do protocolo. Ainda como consequência da concepção do RIP,
existem problemas de estabilidade e convergência de tabelas de rotas. A convergência das
tabelas dos diversos roteadores é lenta, devido ao tempo de atualização. Definimos tempo
de convergência como o tempo necessário para que todas as tabelas dos roteadores fiquem
atualizadas, quando há mudança de topologia.
Quanto aos problemas de estabilidade, podemos citar a contagem ao infinito. Veremos que
esse problema pode ser minimizado com as técnicas de horizonte dividido, horizonte divi-
dido com inversão envenenada e atualizações imediatas.
Contagem ao infinito
Suponha que a rede 10 esteja fora (caiu o link). q
11 router0 anuncia que a rota tem métrica 3 (via router1).
Rede 20 - 1 Rede 20 - 1
Roteador 0 Roteador 1
O problema da contagem ao infinito (count to infinity) pode ser demonstrado na Figura 2.5.
Capítulo 2 - Protocolo de roteamento RIP
11 Quando o router0 recebe a tabela do router1, ele atualiza sua tabela incluindo a rede 30,
com métrica = 2 via router1.
11 Quando o router1 recebe a tabela do router0, ele atualiza sua tabela incluindo a rede 10,
com métrica = 2 via router0.
As tabelas ficam como estão na figura. Imagine agora que o link do router0 para a rede 10 caiu
(representado pelo X). O router0 verifica que o router1 anuncia que tem rota para a rede 10 com
métrica = 2. O router0 então atualiza sua tabela para a rede 10 com métrica = 3, via router1.
35
O que o router0 não percebe (e aí está o problema) é que a rota anunciada pelo router1
passa por ele mesmo (router0), deixando de ser uma rota válida.
O router1 por sua vez atualiza sua tabela colocando métrica = 4 para a rede 10. O router0,
baseado na informação do router1, atualiza a sua tabela para métrica = 5 e assim por diante,
até atingir a métrica = 16, que significa rede inatingível.
Considerando que as atualizações são feitas a cada 30 segundos, vai demorar muito para as
tabelas convergirem.
Algumas implementações foram feitas no RIPv2 para resolver ou contornar esse problema.
22 Não retorna informações de uma rota ao roteador do qual aprendeu essa rota.
22 Retorna informação de uma rota com métrica = 16 para o roteador que aprendeu
essa rota.
11 Atualizações imediatas:
11 Horizonte dividido (Split horizon): com essa técnica, o roteador registra a interface
através da qual recebeu informações sobre uma rota, e não difunde informações sobre
essa rota através dessa mesma interface. No nosso exemplo, o router1 receberia
informações sobre a rota para a rede 10, a partir do router0, logo o router1 não iria
enviar informações sobre rotas para a rede 10 de volta para o router0. Com isso já seria
evitado o problema do count to infinity. Em outras palavras, essa característica pode ser
resumida assim: eu aprendi uma rota para a rede X através de você, logo você não pode
aprender uma rota para a mesma rede X através de minhas informações.
11 Inversão envenenada (Split horizon with poison reverse): nessa técnica, quando um
roteador aprende o caminho para uma determinada rede, ele anuncia o seu caminho
de volta para essa rede, com uma métrica = 16. No exemplo da figura anterior, o router1
recebe a informação do router0 de que a rede 10 está a 1 hop de distância. O router1
anuncia para o router0 que a rede 10 está a 16 hops de distância. Com isso, jamais o
router0 vai tentar achar um caminho para a rede 10 através do router1, o que faz sentido,
já que o router0 está diretamente conectado à rede 10.
ciadas imediatamente com um hop de 16, ou seja, inalcançável. Essa técnica é utilizada
em combinação com a técnica de inversão envenenada, para tentar diminuir o tempo de
convergência da rede em situações onde houve indisponibilidade de um roteador ou de
um link. Essa técnica diminui o tempo necessário para convergência da rede, porém gera
mais tráfego na rede.
As implementações de RIP têm de suportar split horizon e split horizon with poison reverse,
embora essa última possa ser desabilitada pelo administrador, se ele o desejar. Normal-
mente isso é feito por motivo de tráfego.
36
Por outro lado, as atualizações imediatas geram muito tráfego, mas aumentam a velocidade
de convergência.
Pacote RIP
11 RIP usa protocolo UDP porta 520 para enviar e receber mensagens de atualização de rotas. q
11 Formato da mensagem.
0 7 8 15 16 31
Máscara de sub-rede T
O protocolo RIP (v1 ou v2) utiliza o UDP, port 520, para enviar e receber datagramas. Todas
as mensagens de atualização de rotas usam o port UDP520.
O layout do pacote RIP está mostrado na figura. O cabeçalho tem 4 octetos (32 bits) e cada
anúncio de rota (RouTe Entry – RTE) tem 20 octetos.
São permitidas até 25 RTE por pacote. Se o roteador tiver de anunciar mais de 25 rotas, terá
de enviar um segundo pacote.
11 Atributo da rota (route tag): deve ser usado para diferenciar as rotas RIP internas do
Capítulo 2 - Protocolo de roteamento RIP
domínio de outras rotas aprendidas de outros AS, via BGP, ou ainda de outros protocolos
IGP do domínio como, por exemplo, OSPF.
11 Endereço IP: identificação da rede para a qual a rota está sendo anunciada.
11 Máscara de sub-rede (subnet mask): deve ser aplicada ao endereço IP para separar a
parte de endereço de rede da parte de endereço de host.
11 Próximo hop (next hop): endereço IP do próximo hop imediato para o qual os pacotes
destinados à rede anunciada devem ser encaminhados.
11 Métrica: deve conter um valor entre 1 e 15; o valor de 16 indica destino inalcançável.
37
Configuração do protocolo RIP
No simulador Core os comandos de configuração do protocolo RIP obedecem ao padrão
Cisco IOS, conforme mostrado na tabela abaixo.
Comando Função
# Configure terminal (conf t) Entra no modo de configuração. Para poder entrar nesse modo, o
prompt do roteador tem de terminar com o caractere #, que indica
o modo privilegiado de configuração.
(config)# router rip Habilita o protocolo de roteamento RIP. Note a mudança do prompt
do roteador, devido ao comando anterior.
(config-router)# Network Define a rede (endereço e máscara) que será anunciada pelo proto-
<endereço rede>/<máscara> colo RIP. Tem de ser uma rede que esteja diretamente conectada às
interfaces do roteador. Observe a mudança do prompt.
Figura 2.7
Comandos de
configuração do
protocolo RIP.
Protocolos de Roteamento IP
38
Roteiro de Atividades 2
Atividade 2.1 – Configuração do protocolo RIP
11 Carregar a rede Rede1_Sessao2_ADR8.imn no Core.
39
11 Verificar novamente as tabelas de rotas dos roteadores.
As seguintes redes foram atribuídas às respectivas redes físicas, conforme a tabela abaixo. Figura 2.9
Rede2_Sessao2_
Rede física Identificação da rede Máscara de rede ADR8.imn.
RH 200.130.25.0/24 255.255.255.0
40
11 Verificar as tabelas de rotas dos roteadores.
Conclusão
Nestas atividades práticas aprendemos a:
41
42
Protocolos de Roteamento IP
3
Protocolo de roteamento OSPF
objetivos
Realizar uma comparação entre os protocolos RIP e OSPF, assim como entre suas
características básicas e configurações.
conceitos
Protocolo OSPF, Estado de Enlace, Algoritmo SPF, Arquitetura OSPF e Pacotes OSPF.
O OSPF foi criado pela mesma razão que o IGRP: o protocolo RIP estava se tornando incapaz
de operar em redes grandes e heterogêneas. O OSPF é padronizado pelo RFC 2328, sendo,
portanto, um padrão aberto e bastante difundido entre todos os fabricantes de roteadores.
O OSPF é um protocolo do tipo Estado do Enlace (Link State). Como tal, ele solicita aos rote-
adores dentro da mesma área hierárquica que enviem Anúncios do Estado do Enlace (Link
State Advertisements – LSAs), que contêm informações sobre métricas usadas, interfaces
conectadas e outras variáveis. À medida que os roteadores acumulam informações sobre o
estado dos enlaces, eles usam o algoritmo SPF para calcular a menor trajetória para cada nó.
O OSPF contrasta com os protocolos RIP e IGRP, que usam algoritmo de Vetor de Distância
(Distance Vector). Estes últimos enviam parte ou toda a tabela de roteamento em mensagens
43
de atualização de rotas, mas somente para seus vizinhos. Diferentemente do RIP, o OSPF
pode operar dentro de uma hierarquia. A entidade de nível mais alto é o Sistema Autônomo
(Autonomous System – AS), que é uma coleção de redes sob uma administração comum,
compartilhando uma estratégia de roteamento comum. OSPF é um protocolo de roteamento
intra-AS (Interior Gateway), embora seja capaz de receber e enviar rotas para outros ASs.
O algoritmo SPF é a base para operação do OSPF. Quando um roteador OSPF é ligado, ele
inicializa suas estruturas de dados do protocolo de roteamento e espera que os protocolos
da camada inferior indiquem que suas interfaces estão funcionais. Uma vez assegurado do
funcionamento de suas interfaces, o roteador usa mensagens de Hello para conhecer seus
vizinhos, que são roteadores com interfaces para uma rede comum.
As métricas, por default, são calculadas segundo a velocidade do enlace, usando a fórmula:
44
Comparação das características dos protocolos RIP e OSPF:
11 RIP é limitado a 15 hops, acima disso é inalcançável; o OSPF não tem limite no número de
hops.
11 RIPv1 não suporta VLSM, que é um recurso muito útil para o aproveitamento de endere-
çamento IP; o RIPv2 suporta VLSM, bem como o OSPF, que faz um uso inteligente desse
recurso.
11 RIPv1 não suporta mensagens multicast de atualização de tabelas, apenas o RIPv2, bem
como o OSPF.
11 RIP tem uma convergência mais lenta do que o OSPF, porque os roteadores RIP tempo-
rizam hold-down e garbage collection, e demoram para perceber o timeout de informa-
ções; o OSPF propaga instantaneamente as informações da tabela de roteamento, e não
periodicamente, como o RIP.
11 RIP usa somente a métrica de número de hops, sem considerar retardo dos enlaces e
custos das rotas, que são parâmetros importantes em grandes redes; links com menos
hops são sempre preferidos em detrimento de links com mais hops, embora esses
últimos possam ser mais velozes.
11 OSPF considera o custo de cada rota e faz um melhor balanceamento de carga conside-
rando o uso de rotas alternativas; isso é possível porque o OSPF tem um banco de dados
da topologia da rede e não apenas dados de cada rota que ele conhece; em consequência
disso, o OSPF calcula rotas livres de loops.
11 Redes RIP não têm hierarquia (são ditas flat — planas), não permitindo a definição de
áreas; OSPF permite a divisão do domínio de roteamento (AS) em várias áreas, reduzindo
a propagação de informações de roteamento.
11 RIPv1 não autentica mensagens de atualização de tabelas, apenas o RIPv2, bem como o OSPF.
11 RIP não permite a comunicação com protocolos exteriores ao AS (como o BGP, por
exemplo); o OSPF permite a introdução de rotas externas oriundas do BGP.
Características:
Podemos considerar um enlace (link) como uma interface do roteador. O Estado do Enlace
(Link State) é uma descrição da interface e de seu relacionamento com os seus roteadores
vizinhos. Uma descrição da interface pode incluir, por exemplo, o endereço IP da interface,
45
a máscara de sub-rede, o tipo de rede a qual está conectada, os roteadores conectados
àquela rede e assim por diante.
Esse protocolo com abordagem dinâmica é um dos mais populares algoritmos empregados
em redes modernas, substituindo o protocolo Vetor-Distância pelas vantagens apresentadas
na comparação RIP x OSPF.
O roteamento pelo caminho mais curto se baseia no algoritmo de Dijkstra, cujos passos
estão representados anteriormente. Basicamente consiste em construir um grafo da rede,
onde cada nó representa um roteador, e o arco que interliga um par de nós representa uma
linha de comunicação (link).
Para escolher uma rota entre um dado par de roteadores, o algoritmo precisa apenas deter-
minar o caminho mais curto entre os roteadores no grafo. Para isso, pode se basear em
diferentes métricas:
O administrador pode definir um valor único que representa a ponderação desses fatores e
Protocolos de Roteamento IP
que se chama custo da rota. O caminho mais curto será o caminho mais rápido, não neces-
sariamente o de menor número de hops ou de quilômetros.
46
Algoritmo SPF (passo 1)
B C
7
2 3
2 E 2 F 3
A D
1 2
Figura 3.1 6 2
4
Algoritmo SPF
(passo 1). G H
2. Nó A é chamado Nó de Trabalho.
2 3
2 E(∞,-) 2 F(∞,-) 3
A D(∞,-)
1 2
Figura 3.2 6 2
4
Algoritmo SPF
(passo 2). G(6,A) H(∞,-)
5. Tendo sido examinados todos os nós adjacentes ao nó A, aquele com o menor valor é
feito nó permanente, passando a ser o novo Nó de Trabalho, no caso, o nó B.
B(2,A) C(9,B)
7
2 3
2 E(4,B) 2 F(∞,-) 3
A D(∞,-)
1 2
Figura 3.3 6 4 2
Algoritmo SPF
Capítulo 3 - Protocolo de roteamento OSPF
6. A partir do novo Nó de Trabalho (nó B), cada um dos nós adjacentes é examinado. Se q
a soma da etiqueta em B com a distância entre o nó B e o nó que está sendo exami-
nado for menor que o valor da etiqueta naquele nó, está definido o menor caminho,
e o nó é reetiquetado.
47
Algoritmo SPF (passo 4)
B(2,A) C(9,B)
7
2 3
2 E(4,B) 2 F(6,E) 3
A D(∞,-)
1 2
6 4 2 Figura 3.4
Algoritmo SPF
G(5,E) H(∞,-) (passo 4).
8. A partir do novo Nó de Trabalho (nó E), cada um dos nós adjacentes é examinado. q
Se a soma da etiqueta em E com a distância entre o nó E e o nó que está sendo
examinado for menor que o valor da etiqueta naquele nó, está definido o menor
caminho e o nó é reetiquetado.
B(2,A) C(9,B)
7
2 3
2 E(4,B) 2 F(6,E) 3
A D(∞,-)
1 2 Figura 3.5
6 4 2
Algoritmo SPF
G(5,E) H(9,G) (passo 5).
10. A partir do novo Nó de Trabalho (nó G), cada um dos nós adjacentes é examinado. q
11. Após todos os nós adjacentes ao Nó de Trabalho terem sido examinados, o nó com o
menor valor se torna permanente e passa a ser o novo Nó de Trabalho (nó F).
B(2,A) 7 C(9,B)
2 3
2 E(4,B) 2 F(6,E) 3
A D(10,H)
1 2
6 4 2 Figura 3.6
Algoritmo SPF
G(5,E) H(8,F) (passo 6).
12. A partir do novo Nó de Trabalho (nó F), cada um dos nós adjacentes é examinado. q
13. Após todos os nós adjacentes ao Nó de Trabalho terem sido examinados, o nó com o
menor valor se torna permanente e passa a ser o novo Nó deTrabalho (nó H).
Protocolos de Roteamento IP
48
Algoritmo SPF (resumo)
B C B(2,A) C
7 7
2 3 2 3
2 E 2 F 3 2 E 2 F 3
A D A D
1 2 1 2
6 4 2 6 4 2
G H G(6,A) H
2 3 2 3
2 E(4,B) 2 F 3 2 E(4,B) 2 F(6,E) 3
A D A D
1 2 1 2
6 4 2 6 4 2
G(6,A) H G(5,E) H
2 3 2 3
2 E(4,B) 2 F(6,E) 3 2 E(4,B) 2 F(6,E) 3
A D A D(10,H)
1 2 1 2
6 4 2 6 4 2
11 Passo 2: como o nó B é de menor valor, ele passa a ser o novo Nó de Trabalho; a partir
dele são calculadas as distâncias relativas aos nós C e E; o nó E é tornado permanente
porque tem o menor valor.
49
Funcionamento do protocolo OSPF
Os passos do algoritmo do Estado de Enlace: q
1. O roteador gera um anúncio de Estado de Enlace.
3. Após completar o banco de dados, cada roteador calcula o caminho mais curto para
os demais.
O protocolo OSPF usa o algoritmo do Estado de Enlace para construir e calcular o caminho
mais curto para todos os destinos conhecidos. Um resumo dos passos do algoritmo pode
ser descrito como:
11 Depois que cada roteador completa o seu banco de dados, ele calcula a árvore de traje-
tórias mais curta (Shortest Path Tree) para todos os destinos. O roteador usa o algoritmo
de Dijkstra para fazer esse cálculo. Os destinos, o seu respectivo custo associado e o
próximo hop para atingir aquele destino formam a tabela de roteamento IP.
11 Se nenhuma alteração na rede OSPF ocorrer, como, por exemplo, o custo de um link
ou novas redes adicionadas ou excluídas, OSPF permanecerá em silêncio. Quaisquer
mudanças que ocorram serão informadas via pacotes de Estado de Enlace e o algoritmo
de Dijkstra é recalculado para encontrar o caminho mais curto.
22 Internal Router.
22 Backbone Router.
Protocolos de Roteamento IP
22 AS Border Router.
Um AS pode ser dividido em áreas, que são um grupo de redes contíguas e seus hosts
conectados. Roteadores com múltiplas interfaces podem participar em múltiplas áreas e são
chamados roteadores de fronteira de área (Area Border Routers).
Eles mantêm bancos de dados topológicos para cada área. Um banco de dados topológico
é essencialmente uma visão geral de redes relativamente a roteadores, contendo a coleção
50
de Anúncios de Estado de Enlace (LSAs) recebidos de todos os roteadores na mesma área.
Como os roteadores dentro da mesma área compartilham a mesma informação, todos têm
idênticos bancos de dados topológicos.
O termo domínio é algumas vezes usado para descrever uma parte da rede na qual os rotea-
dores têm bancos de dados topológicos idênticos, sendo, portanto, frequentemente usados no
lugar de AS, embora sejam diferentes. Eventualmente, um AS pode conter apenas um domínio.
A topologia de uma área é invisível para entidades fora da área; dessa forma, o OSPF reduz o
tráfego de roteamento em relação a ASs não particionados. O particionamento de áreas cria
dois tipos diferentes de roteamento OSPF, dependendo se a origem e o destino estão na mesma
área ou em áreas diferentes. Roteamento intra-área ocorre quando a origem e o destino estão
na mesma área; roteamento inter-área ocorre quando eles estão em áreas diferentes.
Um roteador que pertence a apenas uma área é um Internal Router. Um roteador que per-
tence ao backbone é um Backbone Router.
ÁREA 0
Roteador do
backbone
Roteador
ÁREA 1 ÁREA 2
de borda
de área
Roteador
interno Roteador Roteador
Roteador interno
de borda de borda
de área de área
Capítulo 3 - Protocolo de roteamento OSPF
Figura 3.8
Conceito de AS
roteadores de EXTERNO
borda e de área.
11 Area Border Router: está conectado a múltiplas áreas e executa várias cópias do algo-
ritmo de roteamento para cada área em que está conectado.
11 Internal Router: um roteador que está conectado a redes pertencentes à mesma área;
executa apenas uma única cópia do algoritmo de roteamento.
51
11 Autonomous System Border Router: um roteador que troca informações de rotea-
mento com roteadores pertencentes a outros sistemas autônomos.
11 Summary Links.
11 External Links.
DR
ABR
ASBR
AS
Figura 3.9
Pacotes de Estado
de Enlace.
Os diferentes tipos de pacotes de Estado de Enlace mais comuns estão ilustrados na figura
anterior. São eles:
11 Router links: descrevem o estado e o custo dos enlaces do roteador (interfaces) para
a área (intra-área).
11 Network links: originados por um Designated Router (DR) para segmentos multiacesso
com mais de um roteador conectado. Descreve todos os roteadores conectados ao
segmento específico.
11 Summary links: originados somente por ABRs (Area Border Routers). Descrevem
as redes no AS fora de uma área (inter-área). Também descrevem a localização do
Autonomous System Border Router (ASBR).
Como mostrado anteriormente, os pacotes router links são uma indicação do estado das
interfaces de um roteador que pertence a certa área. Cada roteador gera um router link
para todas as suas interfaces.
Pacotes summary links são gerados por ABRs. Essa é a maneira como a informação de rotas
das redes é disseminada entre áreas. Normalmente, toda a informação é enviada para o
backbone (área 0) e, por sua vez, o backbone a propaga para as outras áreas.
52
ABRs também têm a tarefa de propagar a rota para o ASBR. Essa é a maneira como os rotea-
dores conhecem as rotas externas para outros ASs.
Pacotes network links são gerados por um DR num segmento de rede. Essa informação é
uma indicação de todos os roteadores conectados a um particular segmento multiacesso,
tal como redes locais Ethernet, Token ring e FDDI, além de redes NBMA.
Pacotes external links são uma indicação de redes fora do AS. Essas redes são informadas
ao OSPF via redistribuição. O ASBR tem a tarefa de informar essas rotas para o AS.
11 LSAs são propagados na área OSPF usando o algoritmo de flooding para sincronizar
os bancos de dados.
Uma cópia independente do algoritmo de roteamento básico do OSPF roda em cada área.
Roteadores que têm interfaces para múltiplas áreas rodam múltiplas cópias do algoritmo.
A seguir um resumo do funcionamento do algoritmo de roteamento.
O roteador usa o protocolo Hello para conhecer seus vizinhos. O roteador envia pacotes de
Hello para seus vizinhos e, em troca, recebe deles pacotes de Hello. Em redes ponto a ponto
e broadcast, o roteador detecta dinamicamente seus vizinhos enviando pacotes de Hello
para o endereço multicast 224.0.0.5. Em redes NBMA e broadcast o protocolo de Hello elege
um DR para a rede.
Dois roteadores não se tornarão vizinhos, a menos que concordem com as seguintes condições:
Capítulo 3 - Protocolo de roteamento OSPF
11 Area-id: para dois roteadores no mesmo segmento, suas interfaces têm de pertencer
à mesma área no segmento.
11 Authentication: OSPF permite a configuração de uma senha para a área específica. Rote-
adores que querem ser vizinhos têm de ter a mesma senha num segmento em particular.
11 Hello and Dead Intervals: OSPF troca pacotes Hello em cada segmento; isso é uma
forma de keep alive usada pelos roteadores para conhecer a existência deles num seg-
mento e também para eleição de um DR.
53
roteador seja declarado inativo (down). OSPF exige que esses dois intervalos sejam exata-
mente iguais entre dois vizinhos. Se não, os roteadores não se tornarão vizinhos.
11 Stub area flag: dois roteadores também têm de concordar com o stub area flag
(caso pertençam ambos a uma stub area) nos pacotes Hello, para que possam ser vizinhos.
O roteador tentará criar adjacências com alguns de seus novos vizinhos conhecidos.
Os bancos de dados de Estado de Enlace são sincronizados entre pares de roteadores adja-
centes. Em redes broadcast e NBMA, o DR determina que os roteadores se tornarão adja-
centes. Adjacências controlam a distribuição de informação de roteamento. Atualizações de
rotas são enviadas e recebidas somente entre roteadores adjacentes.
LSAs são propagadas na área por flooding (inundação). O algoritmo de flooding é confiável,
garantindo que todos os roteadores numa área tenham exatamente o mesmo banco de
dados de Estado de Enlace. Esse database consiste em um conjunto de LSAs originados de
cada roteador pertencente à área.
A partir desse banco de dados, cada roteador calcula os caminhos mais curtos
(shortest-path tree), sendo ele mesmo a raiz. Esses caminhos mais curtos permitem
a montagem da tabela de roteamento do protocolo OSPF.
Autenticação OSPF
11 Autenticação nula, por default. q
11 Autenticação com senha simples (simple password):
22 Autenticação criptográfica.
54
Para habilitar autenticação com senha, use os comandos:
Exemplo:
interface Ethernet0
network 10.10.0.0 0.0.255.255 area 0 (note que aqui não é subnet mask, mas a
máscara que indica a rede 10.10.0.0/16).
area 0 authentication
Exemplo:
Capítulo 3 - Protocolo de roteamento OSPF
interface Ethernet0
router ospf 10
55
Backbone OSPF
11 Todas as áreas devem estar conectadas ao backbone. q
11 O backbone deve ser o ponto de partida do projeto.
Rotas intra-áreas
Área 1
Rotas inter-áreas
(Rotas sumarizadas)
Área 3 BACKBONE
(0.0.0.0)
Área 2
RIP
BGP
Rotas externas
Figura 3.10
Backbone OSPF.
OSPF tem restrições especiais quando múltiplas áreas estão envolvidas. Se mais de uma
área for configurada, uma dessas áreas tem de ser a área 0 (zero). Ela é chamada backbone
(espinha dorsal). No projeto de redes, uma boa prática é iniciar com a área 0 e expandir para
as outras áreas depois. O backbone tem de estar no centro de todas as áreas, ou seja, todas
as áreas têm de estar fisicamente conectadas ao backbone, porque o OSPF espera que todas
as áreas propaguem informações de roteamento para o backbone e este, por sua vez,
propagará essas informações para as outras áreas. A figura acima ilustra o fluxo de infor-
mação numa rede OSPF.
Observe que todas as áreas estão conectadas ao backbone. Quando acontece de uma área nova
não poder ser fisicamente conectada ao backbone, um enlace virtual terá que ser configurado.
As rotas que têm origem e destino na mesma área são chamadas intra-area routes e são
representadas pela letra O na tabela de roteamento IP. Rotas originadas de outras áreas são
chamadas inter-area routes ou summary routes e são representadas por O IA na tabela de
roteamento IP.
que são propagadas para o OSPF através de redistribuição são chamadas external routes e
são representadas por O E2 ou O E1 na tabela de roteamento IP.
56
Para pensar
Enlaces virtuais (virtual links) são usados para conectar áreas que não têm conexão
física com o backbone. O enlace virtual tem de passar por outra área que sirva de
“ponte” entre a área em questão e o backbone. Também podem ser usados para
particionamento do backbone.
Rotas externas do tipo 2 são aquelas nas quais o custo é sempre o custo externo, indepen-
dente do custo interno para aquela rota.
Rotas externas do tipo 1 são aquelas nas quais o custo é a soma do custo externo com o
custo interno para aquela rota. Uma rota do tipo 1 tem sempre preferência sobre uma rota
do tipo 2 para o mesmo destino.
0 78 15 16 31
Version Type Packet length
Router ID
Area ID
Checksum AU type
Figura 3.11 Authentication
Cabeçalho do
pacote OSPF. Authentication
11 Type: tipo do pacote OSPF; tipo 1) Hello; tipo 2) descrição do banco de dados (database
description); tipo 3) pedido de Estado de Enlace (Link State Request); tipo 4) atualização
de Estado de Enlace (Link State Update); tipo 5) reconhecimento de Estado de Enlace
(Link State Acknowledgement).
11 Area ID: número de 32 bits que identifica a área à qual esse pacote pertence. Todos
Capítulo 3 - Protocolo de roteamento OSPF
os pacotes OSPF são associados a uma única área. A maioria atravessa um único hop
somente. Pacotes que atravessam um enlace virtual são identificados com 0.0.0.0, que é
a identificação da área do backbone (backbone Area ID).
Pacotes Hello são pacotes OSPF tipo 1. Esses pacotes são enviados periodicamente para
todas as interfaces (incluindo enlaces virtuais) com o objetivo de estabelecer e manter
57
relacionamentos de vizinhança. Além disso, pacotes Hello usam endereço multicast nas
redes que têm capacidade multicast/broadcast, permitindo a descoberta dinâmica de
roteadores vizinhos.
0 15 16 23 24 31
Network Mask
HelloInterval Options Rtr Pri
RouterDeadInterval
DesignatedRouter
Neighbor
Figura 3.12
BackupDesignatedRouter
Pacote Hello
... (sem cabeçalho).
Todos os roteadores conectados numa mesma rede têm de negociar certos parâmetros
(Network mask, HelloInterval e RouterDeadInterval). Esses parâmetros são incluídos nos
pacotes Hello, para que eventuais diferenças não possam impedir a formação de relaciona-
mentos de vizinhança.
11 Rtr Pri: prioridade desse roteador. Usado na eleição de DR e BDR; se inicializada com 0
(zero), esse roteador será inelegível para DR ou BDR.
11 Neighbor: as identificações (Router IDs) de cada roteador que recebeu pacotes Hello recen-
temente na rede. Recentemente significa tempo menor do que o RouterDeadInterval.
Pacotes de descrição do banco de dados são pacotes OSPF tipo 2. Esses pacotes são trocados
quando uma adjacência está sendo inicializada. Eles descrevem o conteúdo do banco de
dados de Estado de Enlace. O procedimento é do tipo master slave, onde o roteador desig-
nado como master envia os pacotes e o outro (slave) recebe e envia reconhecimentos como
resposta; as respostas são relacionadas aos pacotes enviados via DD sequence number.
Protocolos de Roteamento IP
0 15 16 23 24 31
Interface MTU Options 0 0 0 0 0 I M MS
DD sequence number
58
Os campos do pacote Database description são:
11 Interface MTU: o tamanho em bytes do maior datagrama IP que pode ser enviado nessa inter-
face, sem fragmentação. No RFC1191, tabela 7-1, há uma lista das MTUs em uso na internet.
11 I-bit: o bit de Init; quando ligado (valor 1), indica que esse pacote é o primeiro da sequência de
pacotes de descrição do banco de dados; os 5 bits anteriores a este precisam ter valor zero.
11 M-bit: o bit de More; quando ligado (valor 1), indica que mais pacotes de descrição do
banco de dados virão em seguida.
11 MS-bit: o bit master/slave; quando ligado (valor 1), indica que esse roteador é o master no
processo de troca de informações do banco de dados; caso contrário, esse roteador é o slave.
O resto do pacote (An LSA Header) é uma lista das partes do banco de dados de Estado de
Enlace. Cada LSA existente no banco de dados é descrito pelo seu cabeçalho.
0 15 16 23 24 31
LS age Options LS type
Link State ID
Advertising Router
LS sequence number
Figura 3.14
LS checksum Length
Cabeçalho do LSA.
11 LS type: o tipo do LSA; cada LSA tem um formato específico. Os tipos são: 1) Router LSAs; 2)
Network LSAs; 3) Summary LSAs (IP network); 4) Summary LSAs (ASBR); 5) AS-External_LSAs.
11 Link State ID: esse campo identifica a porção do ambiente internet (domínio de rote-
amento) que está sendo descrita nesse LSA. O conteúdo depende do tipo de LSA; por
exemplo, nos Network LSAs esse campo contém o endereço IP da interface do DR da rede.
11 Advertising Router: a Router ID do roteador que originou o LSA; por exemplo, nos
Network LSAs esse campo contém a Router ID do DR da rede.
Link State Request (Pedido de Estado de Enlace) são pacotes OSPF do tipo 3. Após a troca de
pacotes de descrição de banco de dados com um roteador vizinho, o roteador pode achar
59
que partes do seu banco de dados de Estado de Enlace estão desatualizadas. Um ou mais
pacotes de Pedido de Estado de Enlace são usados para solicitar as partes do banco de
dados do vizinho que estejam mais atualizadas.
0 31
LS type
Link State ID Figura 3.15
Pacote Link State
Advertising Router Request
.... (sem cabeçalho).
O roteador que solicita essas partes sabe exatamente do que está precisando. Cada parte é
identificada pelos campos LS sequence number, LS checksum e LS age.
Cada pedido enviado é identificado pelos campos LS type, Link State ID e Advertising Router, que
identifica o LSA, mas não a sua instância. Os pacotes Link State Request são entendidos como
pedidos da instância mais recente (seja ela qual for). Os campos desse pacote já foram descritos.
0 31
#LSAs
Pacotes Link State Update (Atualização de Estado de Enlace) são pacotes OSPF tipo 4. Esses
pacotes implementam o algoritmo de flooding (inundação) de LSAs. Cada pacote transporta
um conjunto de LSAs, um hop além da sua origem. Um pacote pode conter vários LSAs.
11 # LSAs: número de LSAs contidos no pacote. O conteúdo do pacote é uma lista de LSAs,
cada um iniciando com um cabeçalho de 20 bytes descrito anteriormente.
0 31
Figura 3.17
An LSA Header Pacote Link State
.... Acknowledgement
(sem cabeçalho).
w
Protocolos de Roteamento IP
60
Roteiro de Atividades 3
Atividade 3.1 – Configuração do protocolo OSPF
Nesta atividade vamos configurar uma rede OSPF com 3 áreas, inclusive o backbone. Serão
revistos os conceitos teóricos sobre a arquitetura OSPF.
Para esta atividade utilizaremos a Rede1_Sessao3_ADR8.imn, composta por três áreas: área 0
(backbone), área 1 e área 2.
61
Atividade 3.2 – Projeto e configuração do protocolo OSPF
Objetivos desta atividade:
A rede a seguir representa uma empresa com uma matriz e três filiais remotas. A matriz tem
três redes físicas, representadas pelos switches SW1, SW2 e BKB (Backbone Corporativo).
As filiais remotas possuem uma rede física cada uma, representadas pelos switches SW3,
SW4 e SW5. As interfaces de todos os equipamentos já estão configuradas, de acordo com a Figura 3.19
tabela fornecida no enunciado do problema. Falta definir as áreas OSPF e configurar o Rede2_Sessao3_
ADR8.imn.
protocolo OSPF nos roteadores.
As seguintes redes foram atribuídas às respectivas redes físicas, conforme a tabela a seguir.
62
Conclusão
Nestas atividades práticas aprendemos a:
63
64
Protocolos de Roteamento IP
4
Protocolo de roteamento BGP4 –
Parte 1
objetivos
conceitos
Protocolos Exteriores (EGP), Routing Information Base (RIB), Vizinhos e pares BGP
e Atributos BGP.
Histórico
11 Roteamento interno – Interior Gateway Protocol (IGP). q
22 RIP, OSPF, IS-IS, IGRP e EIGRP.
11 Backbone Arpanet.
22 Core router.
22 Non-core router.
Arpanet
65
Os roteadores utilizados para trocar informações dentro de Sistemas Autônomos são cha-
mados de roteadores internos (interior routers) e podem utilizar uma variedade de proto-
colos de roteamento interno (Interior Gateway Protocols – IGPs). Entre eles estão: RIP, OSPF,
IS-IS, IGRP e EIGRP.
Os dois primeiros são padronizados pelo IETF (RFC2453 e RFC2328) e já foram vistos nas uni-
dades anteriores. O IS-IS (ISO 10589) é um protocolo padrão do modelo OSI. Os protocolos
IGRP e EIGRP são proprietários da Cisco.
Roteadores que trocam dados entre Sistemas Autônomos são chamados de roteadores externos
(exterior routers) e utilizam o Exterior Gateway Protocol (EGP) ou o BGP (Border Gateway
Protocol). Para esse tipo de roteamento são consideradas basicamente coleções de prefixos
Classless Inter Domain Routing (CIDR), identificados pelo número de um Sistema Autônomo.
O BGP (RFCs 4271, 1772, 1773, 1930, 1997, 2119, 2858, 3065, 4456), assim como o EGP, é um
protocolo de roteamento interdomínios, criado para uso nos roteadores principais da internet.
O BGP foi projetado para evitar loops de roteamento em topologias arbitrárias, que era o
problema mais sério de seu antecessor, o EGP (Exterior Gateway Protocol). Outro problema
que o EGP não resolve — e é abordado pelo BGP — é o do roteamento baseado em política
(policy-based routing), um roteamento com base em um conjunto de regras não técnicas,
definidas pelos Sistemas Autônomos.
A última versão do BGP, o BGP4, foi projetada para suportar os problemas causados pelo
grande crescimento da internet.
Para pensar
centralizado grupo de roteadores (core routers) que tinham, em suas tabelas, as rotas para
todos os possíveis destinos da internet; e um outro grupo maior de roteadores que pos-
suíam em suas tabelas apenas informações (rotas) parciais, e não para toda a internet.
Os core routers eram administrados pelo Internet Network Operations Center (INOC), e o
grupo maior de roteadores externos ficou conhecido pelo termo noncore routers (roteadores
fora do núcleo), que conectavam as redes locais das instituições de pesquisa ao backbone da
Arpanet. Foi desenvolvido, então, o protocolo Gateway-to-Gateway Protocol (GGP), que foi
usado nos core routers para atualização automática das tabelas de rotas entre eles.
66
O GGP era um protocolo baseado no algoritmo de vetor de distância (Vector-Distance,
também conhecido como Bellman-Ford).
Essa arquitetura tem, tecnicamente, graves pontos fracos, principalmente com relação
à sua capacidade de expansão, e a internet acabou crescendo muito, indo além de um
único backbone gerenciado de forma centralizada. Verificou-se, portanto, não ser possível
expandir esse backbone arbitrariamente, pelas diversas limitações técnicas.
Como o backbone de cada site pode ter uma estrutura complexa, o esquema de core routers
não iria conseguir conectar todas as redes diretamente. Era necessário um novo esquema
que permitisse aos noncore routers passar informações aos core routers sobre as redes que
estavam “atrás” deles, além de oferecer autonomia de gerenciamento aos sites. Até o momento,
estava sendo usado o conceito de interconexão, que levava em conta apenas a arquitetura do
roteamento em uma internet e não contemplava as questões administrativas envolvidas.
AS 1900
Backbone da NSFnet
Figura 4.2
Exemplos
de Sistemas AS 100 AS 200 AS 300
Autônomos (AS).
Para anunciar as rotas para suas redes internas entre si, os ASs precisavam concordar em
usar um esquema único, como um mesmo idioma por toda a internet. Para permitir que
um algoritmo de roteamento automatizado pudesse distinguir entre um AS e outro, foi
designado a cada AS um número (Autonomous System Number – ASN) por uma autoridade
central, a Internet Assigned Numbers Authority – IANA (http://www.iana.org/) – encarregada
de atribuir todos os endereços identificadores das redes conectadas à internet. A figura do
backbone da National System Foundation Network (NSFnet) ilustra a interconexão de ASs.
67
Exterior Gateway Protocol (EGP): q
11 Vizinhos internos.
11 Vizinhos externos.
Problemas:
11 Loops de roteamento.
Backbone da NSFnet
EGP
EGP
EGP
Figura 4.3
Backbone da
NSFnet que
AS 100 AS 200 AS 300 interliga ASs.
Dois roteadores que pertençam ao mesmo AS são considerados “vizinhos internos” (interior
neighbors). Se ambos pertencerem a ASs diferentes e trocarem informações de roteamento
entre si, são considerados “vizinhos externos” (exterior neighbors). O protocolo de rotea-
mento usado pelos exterior neighbors é o Exterior Gateway Protocol ou simplesmente EGP
(RFC 904). É ele que permite o anúncio das rotas para as redes internas do AS para o núcleo
(core) da internet, como mostra a figura anterior.
Com o tempo, o EGP apresentou diversas limitações técnicas e potenciais problemas ao ser
usado na internet. Apesar das tentativas para produzir novas versões (EGP2 e EGP3) do pro-
tocolo, os projetistas não obtiveram sucesso, por haver a necessidade de muitas alterações
fundamentais na estrutura do protocolo.
Um grande desafio para os projetistas era transformar uma arquitetura internet que não
dependesse de um sistema centralizado (core routers), deixando uma topologia organizada
Protocolos de Roteamento IP
hierarquicamente e iniciando outra com estrutura diferente. Além disso, tinha o desafio
de fazer uma arquitetura internet suportar uma forma de colaboração mais próxima entre
certos ASs do que entre outros. Isso levou os engenheiros do IETF a desenvolverem uma
solução para esses problemas através de um novo, mais moderno e mais robusto protocolo
de roteamento externo, como veremos.
68
Border Gateway Protocol (BGP-4)
11 Sucessor do EGP. q
11 Roteamento entre ASs.
11 Suporta CIDR.
O BGP é um protocolo de roteamento para ser usado entre múltiplos sistemas autônomos em
redes baseadas no protocolo TCP/IP. O BGP-4 (RFCs 4271, 1772) tornou-se o sucessor natural
do EGP, efetivamente atacando suas deficiências mais sérias, ou seja, evitando loops de rotea-
mento e permitindo o uso de políticas de roteamento entre ASs baseadas em regras arbitrá-
rias por eles definidas. Além disso, o BGP-4 foi a primeira versão do BGP a suportar endereços
agregados (Classless Interdomain Routing ou simplesmente CIDR) e o conceito de supernets.
O BGP faz uso do TCP (porta 179) para o transporte das informações de roteamento, de
modo que ele próprio não precisa preocupar-se com a correta transmissão das informações.
Outra característica do BGP-4 é a atualização das tabelas de rotas feitas de forma incremental,
como nos algoritmos de estado de enlace. A atualização completa da tabela de rotas é feita
somente uma vez, quando se estabelece a sessão entre os neighbors (vizinhos) ou peers (pares).
Para o estabelecimento de uma sessão BGP entre neighbors ou peers, basicamente, os Capítulo 4 - Protocolo de roteamento BGP4 – Parte 1
seguintes passos são executados:
11 É estabelecida a conexão TCP entre os dois roteadores que trocam mensagens de aber-
tura da sessão e negociam os parâmetros de operação.
11 O primeiro fluxo de dados transmitido é a tabela completa de rotas BGP. Atualizações pos-
teriores são feitas nessa tabela, incrementalmente, à medida que as mudanças ocorrem.
11 Mensagens de aviso são enviadas quando ocorrem erros ou outras situações especiais.
69
11 Caso uma conexão verifique um erro, uma mensagem é enviada e a conexão fechada,
encerrando a sessão.
Basicamente, o BGP serve para informar às redes externas a um AS quais são as rotas para redes
possíveis de se atingir dentro de sua rede. Falando de outra forma: o propósito do BGP-4 é anun-
ciar rotas para outras redes externas ou sistemas autônomos. Esses anúncios são como “garan-
tias” de que os dados serão transportados para o espaço IP representado pela rota anunciada.
Se, por exemplo, um AS anunciar uma rota para 200.130.26.0/24 (na sintaxe ante-
rior ao CIDR, esse endereço é a classe C, que começa em 200.130.26.0 e termina em
200.130.26.255), e alguém enviar dados destinados a qualquer endereço dentro dessa faixa,
esse AS estará “garantindo” que sabe enviar os dados até o destino.
Note que a partir das informações armazenadas na RIB e de acordo com o processo de
seleção de rotas, é montada a tabela das melhores rotas, que será usada nas decisões de
roteamento pelo BGP, chamada de Forwarding Information Base (FIB). As políticas de expor-
tação de rotas e os mapas de rotas determinam que rotas serão informadas aos protocolos
interiores e aos pares BGP.
22 Diretamente conectadas.
22 Estáticas.
22 Agregadas.
22 Protocolos IGP.
70
IS-IS OSPF RIP BGP BGP BGP Aggregate Direct Static
Peer 1 Peer 2 Peer 3
Mapa de rotas
Políticas de importação
Mapa de rotas
FIB
BGP BGP BGP (Base de informação
IS-IS OSPF RIP Peer 1 Peer 2 Peer 3 de encaminhamento)
Figura 4.4 Observe que as políticas de importação de rotas filtram as rotas que serão armazenadas na
Routing Information RIB, sejam elas oriundas dos protocolos IGP (RIP, OSPF, IS-IS etc.), sejam de pares BGP. As rotas
Base (RIB).
oriundas de pares BGP são filtradas adicionalmente pelos mapas de rotas, que serão descritos
mais adiante. As demais rotas são armazenadas sem qualquer filtragem. Na divulgação das
rotas atuam as políticas de exportação de rotas e também os mapas de rotas.
Sistemas (roteadores) que são “vizinhos BGP” (BGP neighbors) comunicam-se através de
sessões TCP estabelecidas entre eles. Os roteadores de borda (border routers) de ASs
vizinhos são considerados peers (pares). Esses pares são as fronteiras políticas dos ASs, que
trocam tráfego de acordo com as regras definidas pelos ASs participantes.
71
Peering
AS 6500 AS 1900
eBGP
iBGP iBGP
eBGP eBGP
iBGP
Legenda:
Enlaces (links)
Sessões iBGP AS 4200
São chamados neighbors os sistemas BGP (roteadores) que possuem sessões BGP estabele- Figura 4.5
cidas entre eles. Então, os roteadores de borda são neighbors? Sim. Porém, quando uma Vizinhos e pares BGP.
Existem outras situações em que os vizinhos BGP não são, obrigatoriamente, os roteadores
entre ASs, e sim roteadores do mesmo AS. Nesse caso, as sessões estabelecidas entre eles
acontecem internamente ao AS. O que permite isso é o iBGP ou internal BGP, que permite a
troca de rotas no mesmo AS. De forma análoga, a troca de rotas entre ASs é feita pelo eBGP
(exterior BGP). Um importante conceito do iBGP é que os neighbors não têm a obrigação de
estarem diretamente conectados (como na figura acima) através de uma linha serial ou via
interface Ethernet, por exemplo. Os peers, por outro lado, não podem estar conectados de
outra forma que não seja a direta, seja link serial ou interface Ethernet.
Atributos do BGP
11 Controlam informações relativas a rotas. q
11 Usados pelo algoritmo para tomada de decisões.
22 Type.
Protocolos de Roteamento IP
22 Length.
22 Value.
A seguir são descritos alguns dos atributos do BGP. Para conhecer todos os atributos,
ver RFC 4271.
72
Atributos de caminho (path attributes) são um conjunto de parâmetros que descrevem as
várias características de um caminho (path) para um determinado prefixo IP de destino.
Eles são muito usados no processo de seleção de rotas para a escolha da melhor rota entre
várias disponíveis e também para construção das políticas de roteamento através da compa-
ração e definição de atributos.
11 Discricionário bem conhecido: pode existir e tem de ser implementado por todos os
protocolos BGP, embora não faça sentido em certas situações.
11 Transitivo opcional: pode existir e pode ser implementado por todos os protocolos
BGP; encaminhado para os outros protocolos.
11 Não transitivo opcional: pode existir e pode ser implementado por todos os protocolos
BGP; ignorado e não encaminhado para os outros protocolos.
Cada atributo BGP é representado no formato Type Length Value (TLV – Tipo Comprimento
Valor) e enviado com a informação Network Layer Reachability Information (NLRI) asso-
ciada, nas mensagens de Update (o formato das mensagens BGP será visto mais adiante).
Há quatro categorias de atributos BGP que descrevem como processar e distribuir a infor-
mação de roteamento para os outros protocolos BGP (BGP speakers):
W/O N/T C/P E/L Não usado (4 bits) Código do tipo de atributo (1 byte)
Figura 4.6
Formato do Atributo
de Caminho Tamanho do atributo (1 ou 2 bytes) Valor do atributo (variável)
(Path Attribute).
A Figura 4.6 mostra o formato de cada atributo de caminho e como ele é enviado no campo
de Atributo de Caminho (Path Attributes) da mensagem Update. Os primeiros 8 bits descrevem
a categoria do atributo, conforme detalhado a seguir, e os demais campos contêm o formato
TLV do atributo.
73
Descrição dos campos:
11 Bit 3: (EL) Extended Length, define se o campo comprimento do atributo tem 1 byte
(valor 0) ou 2 bytes (valor 1).
d
11 Código do tipo de atributo (Attribute Type Code).
Atributo Origin
Type Code 1, Well-known Mandatory – RFC 1771. q
11 Indica a origem do anúncio de rota.
11 Origin: indica a origem do anúncio de rota ou NLRI (que indica o prefixo e a máscara de
bits), com relação ao AS que o originou. Pode conter um dos valores:
3. Incomplete: a NLRI é desconhecida ou aprendida por outros meios (além dos citados
acima). Geralmente acontece quando uma rota estática (configurada manualmente por
Protocolos de Roteamento IP
74
Atributo As_Path
Type Code 2, Well-known Mandatory – RFC 1771. q
AS 65003
AS 65002
10.0.0.0/8 65003 65002 65001
10.0.0.0/8 65001
AS 65004
As_path é uma sequência de ASNs que uma rota cruza para alcançar uma determinada rede
de destino. O AS que origina uma rota acrescenta seu ASN ao anunciar uma rota sua para
seus vizinhos BGP externos. Daí para frente, cada AS que receber a rota acrescenta seu
próprio ASN no início da sequência de ASNs e repassa a rota para outros peers seus, que
farão o mesmo. A lista final vai representar todos os ASNs que uma rota atravessou com o
ASN do AS de origem da rota no final da sequência, também conhecida como AS_Sequence.
Caso um AS receba um anúncio de rota que contenha seu próprio ASN na sequência inclusa
no As_Path, esse anúncio será rejeitado e descartado, garantindo que não haverá loop
de roteamento na tabela BGP desse AS. Caso o As_Path seja anunciado para um vizinho
do mesmo AS, a informação contida no As_Path não é alterada. A informação contida no
As_Path é uma das informações usadas no processo de seleção da melhor rota para deter-
minado destino. Ao comparar duas rotas para um mesmo destino (considerando que os
outros atributos sejam idênticos), o BGP vai preferir a que possuir o As_Path menor. Caso
o caminho (path) seja do mesmo tamanho, o BGP vai usar outros atributos para fazer a sua
escolha da melhor rota. Capítulo 4 - Protocolo de roteamento BGP4 – Parte 1
A Figura 4.7 ilustra o uso desse atributo para o prefixo de rede 10.0.0.0/8 anunciado pelo
AS65001 e propagado para os ASs 65002, 65003 e 65004. Cada roteador acrescenta no início
da lista de AS seu próprio número, quando faz o anúncio do prefixo para seu EBGP par.
Quando o roteador que originou o anúncio detecta seu AS na lista, descarta o prefixo.
Atributo Next_Hop
Type Code 3, Well-known Mandatory – RFC 1771. q
Basicamente, o atributo Next Hop recebe o endereço IP da interface do próximo rote-
ador — próximo salto (next hop) a ser dado — para alcançar determinado destino.
75
172.16.0.0/12 próximo salto é 169.254.1.1
10.0.0.0/8 próximo salto é 192.168.1.1
AS 65002
172.16.0.0/12
IBGP e OSPF
169.254.1.1
2. Em sessões iBGP, onde a rota foi originada dentro do AS, o Next_Hop será o endereço IP
do vizinho que anunciou a rota originalmente.
3. O Next_Hop aprendido pelo eBGP não é alterado pelo iBGP, permanecendo o endereço
IP do peer eBGP que originou o anúncio da rota. Quando a rota é anunciada em mídias de
multiacesso (como Ethernet e Frame Relay), o Next_Hop geralmente é o endereço IP da
interface do roteador conectada à mídia que originou a rota. Existem ainda outras regras
definidas pelo RFC 4271.
A Figura 4.8 mostra um exemplo desse atributo. Cada roteador precisa resolver o próximo
passo BGP (BGP next hop) antes que a rota possa ser usada. Não confunda os dois next
hops. O BGP next hop (o atributo Next_Hop) é transportado pelo BGP, enquanto o endereço
do próximo passo (next hop address) é usado para resolver o próximo passo do BGP da FIB.
Atributo Multi_Exit_Disc
q
Protocolos de Roteamento IP
O atributo Multi-Exit Discriminator (MED) tem como finalidade informar para os vizinhos BGP
externos (peers) o melhor caminho (path) para uma determinada rota do próprio AS, influen-
ciando-os, assim, em relação ao caminho que deve ser seguido no caso do AS possuir diversos
pontos de entrada. Esse atributo influencia o tráfego entrante no AS. O MED é anunciado
somente entre ASs. Porém, só o AS de origem pode fazer anúncios com valores nesse atributo,
enquanto um AS vizinho que receba o atributo via mensagem Update não pode repassar o valor
desse atributo a outros ASs, fazendo uso destes apenas para tomadas de decisão internas do AS.
76
A Figura 4.9 mostra um exemplo como MEDs podem ser usados para obter uma distribuição
de carga e caminhos de backup de uma forma bem simples. Essa é uma das aplicações mais
comuns dos MEDs. O usuário (AS 65002) anuncia prefixos com MEDs de valores opostos
(alto e baixo) para o seu provedor (ISP), com o objetivo de direcionar o tráfego entrante para
uma rota particular. Quando ambos os enlaces estiverem operando (up), a carga é comparti-
lhada entre os enlaces. Se um enlace falhar, o roteador do provedor ainda tem um caminho
backup através do roteador que está anunciando o MED com o valor mais alto.
AS 65002
T1
Fluxo de
tráfego
172.16.0.0/12 próximo salto é 169.254.1.1,
mas use 192.168.1.1 como backup
10.0.0.0/8 próximo salto é 192.168.1.1,
mas use 169.254.1.1 como backup
AS 65001
A métrica do IGP também pode ser usada como MED para permitir ao IGP dinamicamente
direcionar o tráfego entrante para o melhor rotador de borda através do BGP.
77
Atributo Local_Pref
Type Code 5, Well-known Discretionary – RFC 1771. q
10.0.0.0/8 próximo salto é 192.168.1.1,
mas use 169.254.1.1 como backup
AS 65002
10.0.0.0/8 LOCALP_PREF=500
IBGP
OC
T1
192.168.1.1
169.254.1.1
AS 65001
Provedor
Figura 4.10
de trânsito
Exemplo do atributo
Local_Pref.
O atributo Local_Pref serve para anunciar o caminho preferencial de saída (de pacotes)
para uma determinada rota, destinada a uma rede externa ao AS. Esse atributo influencia
o tráfego que sai do AS. Como o próprio nome do atributo sugere, o Local_Pref somente é
anunciado (repassado) entre os roteadores vizinhos BGP (iBGP) do mesmo AS, e não é repas-
sado aos roteadores vizinhos externos (eBGP). Caminhos (paths) que possuem o Local_Pref
com maior valor são preferidos pelo BGP. O valor padrão do Local_Pref é 100.
A Figura 4.10 mostra um exemplo como Local_Prefs podem ser usados para obter uma dis-
tribuição de carga e caminhos de backup de uma forma bem simples. Local preference é
normalmente usado para escolher uma saída particular de um AS. No exemplo, o usuário
(AS 65002) está conectado ao provedor por um enlace OC3 (155 MBPS) e um enlace T1
(1.5 MBPS) de backup. Todo o tráfego que sai da rede do usuário deveria usar o enlace
Protocolos de Roteamento IP
OC3, a menos que o enlace falhe. O usuário define um alto valor de local preference nas
rotas recebidas pelo enlace OC3 e mantém o valor default de 100 nas rotas recebidas pelo
enlace T1. Quando ambos os enlaces estão operacionais, o tráfego é enviado pelo enlace
OC3, de acordo com o maior valor do atributo local preference. Se o enlace OC3 falhar,
então o tráfego será enviado pelo enlace T1 de backup.
78
Atributo Atomic_Aggregate
Type Code 6, Well-known Discretionary – RFC 1771. q
O atributo Atomic Aggregate é usado por um roteador que, ao ter de selecionar uma rota
dentre outras — recebidas de seu peer — que se sobrepõem, escolhe uma, ignorando
a mais específica. Então, ele deve incluir o atributo Atomic_Aggregate à rota quando for
propagá-la a seus vizinhos (caso o atributo ainda não esteja presente na rota menos especí-
fica recebida). Um roteador que receba uma rota com o atributo Atomic_Aggregate não deve
removê-lo e não deve fazer nenhum NLRI da rota mais específica quando for propagar a
rota aos vizinhos BGP. Ele precisa também reconhecer que o caminho atual para os destinos
(como especificado no campo NLRI da rota), respeitando a ausência de loops de roteamento,
pode cruzar ASs que não estejam listados no As_Path. Outra observação importante: não é
possível agregar um endereço sem ter uma rota mais específica daquele endereço na tabela
de roteamento.
Por exemplo: um roteador não pode gerar uma rota agregada para 160.0.0.0 sem possuir
previamente uma rota de 160.0.0.0 em sua tabela de roteamento.
192.168.1.1
AS 65001
10.0.9.0/24
Atributo Communities
Type Code 8, Optional Transitive – RFC 1991. q
Communities é um atributo usado para representar um agrupamento de destinos que
compartilhem uma ou mais características, não sendo essas restritas a um mesmo AS, rede
ou conjunto de redes. As delimitações do agrupamento são políticas, podendo envolver
mais de um AS, inclusive. As comunidades (communities) podem ser compostas por diversas
79
redes pertencentes a qualquer AS, usadas para simplificar políticas de roteamento, iden-
tificando rotas por algum parâmetro lógico em vez de por prefixos CIDR ou ASNs. Usando
esses atributos, um roteador pode combiná-los com outros para determinar, para cada
comunidade, quais rotas devem ser aceitas, descartadas, preferidas ou repassadas para
outros vizinhos. O valor desse atributo pode estar entre 0 (zero) e 4.294.967.200, e consiste
de conjuntos de valores de 4 bytes.
172.16.0.0/12 65001:900
AS 65002
AS 65001
Figura 4.12
AS 65001 10.0.0.0/8 NO_EXPORT
Exemplo do atributo
172.16.0.0/12 65001:900
Communities.
Esse atributo fornece uma maneira de classificar de forma lógica um prefixo para uso em
políticas de roteamento, anexando um identificador que é significante dentro de uma rede.
Por exemplo, ele pode ser usado para informar sobre onde um prefixo entrou na rede ou
como um prefixo deveria ser anunciado para diferentes pares. Prefixos podem ter múltiplas
comunidades e políticas de roteamento podem ser baseadas em uma ou mais comunidades.
Na linha de comando (CLI), comunidades são representadas com dois números separados
por um “:”, por exemplo, “65001:500” ou “65000:750”. Cada número pode estar na faixa
0 – 65535. A convenção usada é definir o primeiro número para o AS local e o segundo
número como um valor arbitrário que é definido pelas políticas administrativas de rede.
Isso torna possível rastrear qual AS definiu uma comunidade particular. As comunidades
“0:0” a “0:65535” e “65535:0” a “65535:65535” são reservadas e não podem ser usadas, de
forma que a linha de comando (CLI) não aceitará comunidades nesta faz faixas.
Algumas comunidades bem conhecidas dessa faixa reservada foram definidas por conveni-
ência e são entendidas por todos os roteadores. São elas:
11 No_Export (65535:65281): não deveria ser anunciado ao par EBGP; é útil para filtrar anún-
cios nas bordas da rede; marcado como no-export na linha de comando (CLI).
11 No_Advertise (65535:65282): não deveria ser anunciado a nenhum par; marcado como
no-advertise na linha de comando (CLI).
Weight
Protocolos de Roteamento IP
Definido pela Cisco Systems, o Weight não é propriamente um atributo BGP. Ele influencia
no processo de seleção da melhor rota do roteador onde for definido e, como é um atributo
local ao roteador, não é repassado e nem propagado aos seus vizinhos nas mensagens de
Update. O Weight é um valor decimal situado entre 0 e 65535, sendo o valor padrão igual a
32768, assumido para rotas originadas pelo roteador. Outras rotas possuem o Weight igual
a 0 (zero), por padrão. Havendo mais de uma rota possível para um mesmo destino, o BGP-4
seleciona a que possuir o atributo Weight com maior valor. Esse atributo é comumente
usado pelos operadores de redes para influenciar o processo de escolha de rotas do BGP.
80
Configuração BGP – roteadores Cisco
Configuração básica: q
11 Enable BGP Routing (obrigatório).
11 BGP Version.
11 Enable BGP Routing: para habilitar o roteamento BGP, use os seguintes comandos no
modo de configuração global no console do roteador:
11 BGP Neighbors: é necessário configurar os vizinhos BGP manualmente. BGP suporta dois
tipos de vizinhos: 1) vizinhos externos que residem em diferentes ASs e, normalmente, são
adjacentes e compartilham uma sub-rede; 2) vizinhos internos que residem em qualquer
lugar do mesmo AS, não sendo necessariamente adjacentes. Para isso, use o seguinte
comando no modo de configuração de roteador: neighbor {ip-address|peer-group-name}
remote-as <number>, onde o primeiro parâmetro especifica o endereço IP do vizinho ou o Capítulo 4 - Protocolo de roteamento BGP4 – Parte 1
nome do grupo par (peer-group-name) ao qual ele pertence, e o segundo parâmetro espe-
cifica o número do AS remoto (se for um vizinho remoto).
11 Reset BGP Connections: sempre que dois roteadores forem definidos como vizinhos,
eles estabelecerão uma conexão BGP e trocarão informações de roteamento. Se, poste-
riormente, forem feitas alterações de filtro BGP, peso (weight), distância, versão ou outras
alterações similares, a conexão BGP deve sofrer um reset para que as alterações tenham
efeito. Qualquer um dos dois comandos a seguir pode ser usado:
81
22 Clear ip bgp <address> dá reset numa conexão BGP específica.
11 BGP Interactions with IGPs: se o seu AS estiver conduzindo tráfego de um AS para outro
AS, é importante que o protocolo BGP esteja sincronizado com o protocolo IGP do seu AS,
para que as rotas anunciadas sejam consistentes. A sincronização BGP/IGP é habilitada por
default; porém, nos casos em que o seu AS não conduz tráfego de um AS para outro, não
há necessidade dessa sincronização. Para desabilitá-la, use o comando no synchronization.
Também é preciso dar reset nas conexões BGP.
11 BGP Route Filtering by neighbor: é possível filtrar os anúncios de rotas BGP de duas
maneiras: 1) através de filtros de trajetória de AS (AS-path) usando os comandos ip
as-path access-list e neighbor filter-list; 2) usando listas de acesso ou de prefixo com o
comando neighbor distribute-list, cujo formato é: neighbor {ip-address|peer-group-name}
distribute-list {access-list-number|name} {in|out}.
11 Disable Next-Hop Processing on BGP Updates: o IOS Cisco pode ser configurado para
desabilitar o processamento do próximo hop (Next-Hop Processing) nas atualizações
BGP (BGP Updates). Isso é útil em redes Frame Relay e X.25 que possuem topologia em
malha parcialmente ligada, onde os vizinhos BGP não têm acesso direto a todos os outros
vizinhos na mesma sub-rede. Há duas maneiras de fazer isso:
11 BGP Version: por default, a versão do BGP é a 4. Se necessário, o BGP negocia a ope-
ração em versões anteriores. Para impedir a negociação e forçar o uso específico de uma
versão, use o comando neighbor {ip-address|peer-group-name} version value.
11 Multi Exit Discriminator Metric (MED): BGP usa essa métrica para indicar aos vizinhos
externos as trajetórias preferidas. O comando é default-metric number.
Protocolos de Roteamento IP
11 Route Aggregation.
11 Redistribute to BGP.
82
11 Defining Peer Group. q
11 Defining Peer.
11 Show IP BGP.
11 BGP route: é preciso adicionar redes ao AS com o comando network A.B.C.D/M, onde A.B.C.D
é o endereço de rede e /M é a máscara de sub-rede (notação CIDR); essa rede será anun-
ciada pelo BGP aos seus pares. Exemplo: router bgp 1; network 10.0.0.0/8. A rede 10.0.0.0/8
será anunciada a todos os vizinhos. Alguns fabricantes de roteadores não permitem que os
roteadores anunciem redes que não estejam nas tabelas de roteamento do protocolo IGP
(OSPF, RIP etc.). Nessa implementação o BGP não leva em consideração as rotas IGP.
11 Redistribute to BGP: o protocolo BGP pode aprender rotas internas ao AS, sejam elas do
kernel, estáticas, de redes diretamente conectadas ou de protocolos IGP (RIP, OSPF).
O comando é redistribute {kernel | static | connected | rip | ospf }. Apenas um deles pode ser
informado de cada vez. Se necessário, redistribua várias rotas, digitando vários comandos.
1. Criar o peer group com o comando neighbor peer-group-name peer group, onde
peer-group-name é o nome do grupo.
2. Configurar opções para o grupo, entre elas: Capítulo 4 - Protocolo de roteamento BGP4 – Parte 1
11 Defining Peer: para criar um vizinho em outro AS, use o comando neighbor ip-address
remote-as asn, onde o endereço IP informado é o do vizinho no AS remoto de número asn.
Exemplo: router bgp 1; neighbor 10.0.0.1 remote-as 2. O roteador do AS 1 está tentando o
acesso ao par (peer) 10.0.0.1 no AS 2. Esse comando tem de ser o primeiro a ser usado na
configuração de vizinho.
83
11 BGP Peer neighbor: o protocolo BGP requer configurações específicas de vizinhos.
Vejamos algumas delas:
22 neighbor ip-address next-hop-self: faz com que o roteador corrente anuncie a si mesmo
como o próximo hop para o vizinho especificado; todos os demais roteadores enviarão
para esse roteador os pacotes, em vez de enviar para o vizinho especificado, e esse
roteador se encarregará de encaminhá-los.
22 neighbor ip-address default-originate: por default, o BGP não anuncia a rota padrão
(0.0.0.0/0), mesmo que ela esteja na tabela de roteamento; esse comando faz com que
a rota padrão seja anunciada para o vizinho.
11 Show IP BGP: lista as rotas BGP; se for especificado um endereço, lista as rotas relacio-
nadas; se não, lista todas as rotas. O comando é show ip bgp A.B.C.D.
Protocolos de Roteamento IP
84
Roteiro de Atividades 4
Atividade 4.1 – Configuração do protocolo BGP
11 AS6500 – roteadores ROT1, ROT2, ROTA, ROTB e ROTC.
11 O AS 6500 é composto por cinco roteadores: ROT1 ROT2, ROTA, ROTB e ROTC, e pelas
redes 200.130.24.0/24, 200.130.25.0/24, 200.130.26.0/24 e 200.130.27.0/24 (bloco
200.130.24.0/22).
11 O ROTA mantém sessão iBGP com os roteadores ROT1 e ROT2 e sessão eBGP com o router0.
11 O AS 1900 é composto por três roteadores: router0, router1 e router2, e pelas redes
192.168.10.0/24, 192.168.20.0/24 e 192.168.30.0/24 (bloco 192.168.0.0/16).
11 O router2 usa somente o protocolo OSPF. Os demais roteadores usam OSPF e BGP.
11 O router0 mantém sessão iBGP com o router1 e sessão eBGP com o ROTA.
85
Conclusão
Nestas atividades práticas aprendemos a:
É assim que os ASs se comunicam na internet. Esta configuração é adequada para inter-
ligar dois ASs privados, mas não é adequada pra interligar um AS privado a um AS público
como, por exemplo, de uma Telemar, Embratel ou Brasil Telecom. A razão disso é que as
rotas BGP são redistribuídas para as rotas OSPF intra-domínio. Se o AS vizinho for público,
os roteadores internos do AS privado que estão rodando OSPF receberão todas as rotas do
AS público, quantidade essa que pode chegar facilmente a 200 mil rotas, sobrecarregando a
tabela de rotas sem necessidade.
86
5
Protocolo de roteamento BGP4 –
Parte 2
objetivos
conceitos
Sessão BGP, Mensagens BGP, Mapas de rotas e Pontos de Troca de Tráfego (PTT).
Sessão BGP
11 Entre vizinhos BGP (BGP neighbors). q
11 Usa o protocolo TCP (porta 179).
22 Mensagens Update.
87
Nesse sentido, o BGP é bem econômico, somente enviando mensagens de atualização
quando ocorrem mudanças nas rotas (exemplo: uma rota se tornou inválida) e informando
novas rotas. Caso não existam atualizações a serem informadas, os roteadores trocam
apenas mensagens do tipo Keep-Alive para se certificarem de que a comunicação entre eles
está “viva”, ou seja, ainda está ativa. Essas mensagens são pequenas (apenas 19 bytes), não
sobrecarregando a CPU dos roteadores e nem o enlace entre eles.
Uma característica das tabelas de rotas BGP é a existência de um número de versão, que é
incrementado a cada atualização feita (através das mensagens do tipo Update), permitindo
assim a verificação de inconsistências nas informações de roteamento.
Se ocorrer rápido aumento no número da versão das tabelas, isso pode ser um indicativo de
instabilidade na rede.
Mensagens BGP
11 Tamanho mínimo de 19 e máximo de 4.096 bytes. q
11 Cabeçalho + Dados.
11 Campos do cabeçalho.
22 Marcador.
22 Comprimento.
22 Tipo.
22 Dados (opcional).
Campos do cabeçalho:
11 Tipo (Type): deve conter um número que representa o código de um tipo de mensagem.
88
Tipos de mensagens BGP
Os tipos de mensagens são: q
11 Open.
11 Notification.
11 Keep-Alive.
11 Update.
11 Route-Refresh.
Mensagem Open
11 Versão.
11 Número do AS (ASN).
11 Tempo de espera.
11 Identificador BGP.
11 Parâmetros opcionais.
A mensagem do tipo Open (tipo 1) é enviada para que seja iniciada a abertura de uma sessão
BGP entre neighbors ou peers BGP. O formato dessa mensagem está mostrado na Figura 5.2.
11 Versão (Version): identifica a versão do BGP (3 ou 4). Esse é um dos parâmetros nego-
ciados pelos roteadores que, normalmente, tentam entrar em acordo para usar a maior
versão suportada. Não havendo possibilidade de consenso (exemplo: um dos roteadores
não suporta o BGP-4), eles tentam usar versões anteriores, até que coincidam. Nos
roteadores Cisco, há como configurar a versão a ser usada pelos roteadores (se previa-
mente sabemos a versão que ambos suportam), eliminando essa fase de negociação do
Capítulo 5 - Protocolo de roteamento BGP4 – Parte 2
processo de abertura da sessão BGP, resultando em economia de tempo.
11 Tempo de espera (Hold Time): deve conter o valor, em segundos, do maior tempo de
espera (hold time), permitido entre mensagens do tipo Update ou Keep-Alive. O BGP
mantém um contador do hold time, que é reiniciado (zerado) a cada vez que uma men-
sagem do tipo Keep-Alive ou Update é recebida. Caso nenhuma das duas seja recebida
no prazo máximo, o BGP considera que a comunicação com o outro roteador foi perdida,
e a sessão é encerrada, tendo de ser reiniciada novamente. Os roteadores tentam usar o
menor hold time entre os dois. Caso o valor seja estabelecido como zero, a sessão será
considerada como estando sempre “viva” (ativa) e mensagens de Keep-Alive não serão
transmitidas, pois os contadores do hold time e do Keep-Alive não serão zerados nunca.
O valor mínimo recomendado para esse parâmetro é de três segundos.
89
11 Identificador BGP (BGP ID): é a identificação BGP do roteador que enviou a mensagem
Open. Contém o endereço IP definido no comando bgp router-id.
Mensagem Notification
11 Erro. q
11 Subcódigo de erro.
11 Dados.
Esse tipo de mensagem (tipo 4) é enviada no caso de detecção de erros durante ou após o
estabelecimento de uma sessão BGP. O formato da mensagem Notification está mostrado
na Figura 5.3.
11 Subcódigo de Erro (Error subcode): deve conter um valor que fornece mais informações
sobre o erro.
11 Dados (Data): pode conter dados referentes ao erro, como por exemplo um cabeçalho
mal formado (inválido) ou um número de AS inválido.
Mensagem Keep-Alive
Somente o cabeçalho padrão BGP (19 bytes). q
São mensagens (tipo 3) trocadas periodicamente com o propósito de verificar se a comuni-
cação entre os vizinhos está ativa. A mensagem do tipo Keep-Alive é composta apenas pelo
cabeçalho padrão das mensagens BGP, sem dados transmitidos após o cabeçalho. O tempo
Protocolos de Roteamento IP
Para manter aberta a sessão, a mensagem de Keep-Alive deve ser enviada antes que expire
o prazo definido no hold time; caso contrário, a sessão será encerrada. A recomendação é
de que a mensagem seja enviada em até 1/3 do tempo definido no hold time. Se o seu valor
for igual a zero, então as mensagens do tipo Keep-Alive não serão enviadas.
90
Mensagem Update
11 Rotas removidas (unfeasible routes). q
22 Comprimento do campo (length).
11 Informações NLRI.
As mensagens Update (tipo 2) trocadas entre os peers ou neighbors BGP são de extrema
importância, pois são elas que levam as informações para a atualização da tabela de rotas
mantida pelo BGP. O formato da mensagem do tipo Update está mostrado na Figura 5.4.
NLRL Information
Figura 5.4 2 bytes
Mensagem Update.
A estrutura básica das mensagens do tipo Update é composta por três itens:
22 Atributos do Caminho.
11 Rotas removidas (Withdrawn routes): este campo inclui uma lista de prefixos de ende-
reços para rotas que devem ser removidas da tabela de rotas BGP. É composto de ende-
reços IP (prefixos) e do tamanho do prefixo (notação CIDR). Um exemplo de entrada seria:
<16,143.54.0.0>, que representa a rede 143.54.0.0, dizendo que o endereço de rede é até
o décimo sexto bit, ou seja, em notação CIDR representa a rede 143.54.0.0/16.
91
11 Comprimento Total do Atributo Caminho (Total Path Attribute Length): deve indicar o
comprimento total, em bytes, do campo Atributo Caminho. O valor contido nesse campo
deve permitir determinação do comprimento do campo NLRI (ver RFC1771). Se o valor desse
campo for 0 (zero), significa que não há informação NLRI presente na mensagem Update.
Mensagem Route-Refresh
11 Definida no RFC2918. q
22 Address Family Identifier (AFI).
A mensagem Route-Refresh (tipo 5) não está definida no RFC4271, mas sim no RFC2918,
como uma capacidade do BGP. O leiaute dela está mostrado na Figura 5.5.
Um exemplo: o campo AFI pode ser IPv4 ou IPv6, enquanto o campo SAFI pode ser unicast
ou multicast.
Protocolos de Roteamento IP
92
ERROR CODE ERROR SUBCODE
As mensagens de erro BGP sinalizam as diversas condições de erro que podem ocasionar a
perda de informações ou até o encerramento da conexão TCP e, portanto, da sessão BGP.
Mapas de rotas
Redistribuição: q
11 Cada protocolo de roteamento mantém sua própria tabela.
Capítulo 5 - Protocolo de roteamento BGP4 – Parte 2
11 O roteador mantém uma tabela de todas as rotas.
11 ip prefix-list nome seq número permit|deny prefix [le len] [ge len]
Num roteador, cada protocolo de roteamento mantém a sua tabela de rotas individual na
memória, enquanto o próprio roteador mantém outra tabela montada com rotas fornecidas
por todos os protocolos de roteamento que estiverem sendo executados nele. Essa é a
tabela utilizada pelo roteador para executar sua função de rotear pacotes de dados.
93
A redistribuição acontece quando, em um roteador, um protocolo de roteamento repassa
as rotas de sua tabela para outro protocolo de roteamento. O outro protocolo pode aceitar
(ou não) todas ou apenas algumas e incluí-las em sua tabela de rotas. Posteriormente, essas
rotas serão anunciadas por esse outro protocolo para os roteadores vizinhos que “falam”
esse mesmo protocolo.
No capítulo anterior vimos o exemplo oposto: as rotas BGP sendo anunciadas para o proto-
colo OSPF, que é um IGP. Também existem riscos naquele caso, conforme foi mostrado.
Route maps servem para o BGP controlar e modificar informações de roteamento e também
definir as condições da propagação de rotas entre domínios de roteamento. Os route maps pos-
sibilitam a definição de condições para, por exemplo, redistribuição de rotas entre protocolos de
roteamento (BGP e algum IGP) ou para o controle das rotas injetadas (ou removidas) no BGP.
11 route-map nome [[permit | deny] | [seq]]: o nome identifica o route map. O seq indica a
posição que a instância do route map deve ter em relação a outras instâncias do mesmo
route map, sendo as instâncias ordenadas sequencialmente. Exemplos de route maps:
Quando o BGP aplica o route map TESTE nas atualizações de roteamento (route updates),
primeiro é aplicada a instância que possuir o menor número sequencial (no exemplo acima,
a instância 10) e depois as subsequentes, se houver. Se o primeiro conjunto de condições
não for satisfeito, o segundo será aplicado e assim por diante, até que algum conjunto de
condições seja satisfeito ou quando não houver mais condições a serem aplicadas.
Os comandos match e set são usados para definir as condições no route map. O comando
match define a condição a ser satisfeita e o comando set especifica a ação a ser tomada caso
o update corresponda à condição. Abaixo, um exemplo de route map simples:
Quando uma rota corresponder ao endereço IP 10.10.8.1, o BGP vai configurar a métrica do
Protocolos de Roteamento IP
update para 10, propagá-lo (pelo uso da palavra-chave permit) e sair da lista de instâncias
de route maps. Caso o update não corresponda ao critério de uma instância definida, o BGP
vai comparar com a instância seguinte, até que uma ação seja tomada ou até que a última
instância seja comparada. Se o update não satisfizer nenhuma das condições, o update não
será propagado. Caso seja usada a palavra-chave deny na configuração do route map e o
update corresponder ao critério definido, o BGP vai interromper a comparação com a lista
de instâncias e o update não será propagado.
94
Uma restrição que deve ser observada no uso de route maps é que eles podem ser usados
para filtrar anúncios (redistribuição) de updates baseados em endereços IP, mas não para
filtrar o recebimento de updates baseados nos endereços IP.
Listas de Prefixo (Prefix Lists) podem ser usadas como alternativa para as listas de acesso
(Access Control Lists – ACLs) em muitos comandos de filtragem de rotas BGP. Tais listas
fornecem o mais poderoso mecanismo de filtragem baseado em prefixos, com as seguintes
vantagens sobre as listas de acesso:
11 Suporte para atualizações incrementais; a filtragem que usa listas de acesso estendidas
não suporta atualizações incrementais.
11 Interface de linha de comando mais amigável; a interface de linha de comando para uso
de listas de acesso na filtragem de atualizações BGP é difícil de compreender e de utilizar,
porque utiliza o formato de filtragem de pacotes.
11 Maior flexibilidade; antes de usar uma lista de prefixo num comando é necessário pre-
parar a aplicação da lista num mapa de rotas, como veremos mais adiante.
11 número: número sequencial que determina a ordem dentro da lista; pode ser numerado
manualmente ou automaticamente; nesse último caso a numeração será de 5 em 5.
Esses dois últimos comandos podem ser usados sozinhos ou em conjunto, não importando
a ordem.
A filtragem por lista de prefixo envolve a comparação dos prefixos das rotas com aquelas
relacionadas na lista de prefixo. Quando ocorre uma igualdade (match), a rota é usada. A
comparação é similar àquela usada nas listas de acesso.
11 Quando um dado prefixo aparece várias vezes na lista de prefixo (multiple entries), a
ocorrência com o menor número de sequência será a escolhida (match).
O roteador inicia a pesquisa no início (top) da lista de prefixo, pelas ocorrências de menor
número sequencial. Quando ocorrer uma igualdade (match), o roteador interrompe a pes-
quisa e ignora o resto da lista, executando as ações definidas na ocorrência em que ocorreu
a igualdade. Para maior eficiência na pesquisa da lista, é recomendável colocar as ocorrên-
cias mais comuns no topo da lista.
95
Uso de mapas de rotas
11 route-map meumapa permit 10 q
22 match ip address 10.0.0.1
22 set metric 5
Embora existam muitos métodos para filtragem de rotas em BGP, vamos exemplificar aqui
o uso de listas de prefixo e mapas de rotas. O primeiro exemplo verifica as atualizações que
têm o endereço IP 10.0.0.1, alterando a métrica para 5. Como o mapa foi declarado com a
condição permit, a rota será propagada. Se a condição fosse deny, a rota não seria propa-
gada. Nota: é inútil declarar a cláusula set quando a condição for deny, porque a rota não
será propagada, e a alteração não será feita.
Os três exemplos seguintes são de lista de prefixo. O primeiro deles permite rotas
192.0.0.0/8 de tamanho de prefixo de até 24. O segundo deles nega as rotas 192.0.0.0/8 de
tamanho de prefixo maior ou igual a 25. O terceiro deles permite todas as rotas.
O último exemplo define um mapa de rotas chamado rotaspadrao, que usa a lista de prefixo
chamada BOGONS, que define as rotas que não vamos aceitar porque são as rotas óbvias:
rota padrão, endereços privados (RFC1918), endereço multicast e outras específicas do
domínio local.
Route Reflector
11 Número de sessões BGP: n(n-1)/2. q
11 Full-mesh BGP.
96
Como vimos anteriormente, não há detecção de loop de roteamento em sessões iBGP.
Dessa forma, o anúncio de rotas para um vizinho iBGP pode causar um loop de roteamento
que não será detectado. É por essa razão que os roteadores iBGP não anunciam rotas para
seus vizinhos. Em outras palavras: cada roteador iBGP tem de manter uma sessão BGP com
todos os outros roteadores iBGP, mesmo não tendo uma conexão física com eles. É o que
nós chamamos de full mesh BGP.
Na Figura 5.7, com apenas 6 roteadores teríamos n(n-1)/2 sessões: 6(6-1)/2 = 15 sessões, o
que torna quase inviável a comunicação iBGP. Por outro lado, não configurar todos os vizinhos
(peers) dentro do AS pode fazer com que alguns roteadores desconheçam algumas rotas.
Rota 10.0.0.0/8
originator-ID
192.168.1.1
/8
0.0
Router-ID
.0.
192.168.1.1
10
Figura 5.7 Para resolver esse problema, duas soluções podem ser adotadas: route reflection (reflexão
Sem Route de rotas) e confederations (confederações). Ambas são amplamente utilizadas e não são
Reflector/Com
Route Reflector (RR). mutuamente exclusivas, podendo ser utilizadas dentro do mesmo AS.
Os vizinhos do route reflector são chamados clientes (clients). O roteador escolhido para
ser o route reflector pode redistribuir rotas iBGP para seus clientes. Cada grupo de clientes
com seu respectivo route reflector é chamado de cluster (concentração). Cada cluster recebe
uma identificação única (cluster ID).
Capítulo 5 - Protocolo de roteamento BGP4 – Parte 2
Todos os atributos de caminho (path attributes) são passados para os clientes sem modifi-
cação, especialmente o endereço do próximo salto (next hop address), se não todo o tráfego
teria de passar pelo route reflector (RR).
Já que agora o route reflector pode anunciar rotas iBGP para seus vizinhos, podem ocorrer
loops de roteamento. Para evitar isso foram definidos dois novos atributos de caminho:
Originator-ID e Cluster List, ambos definidos no RFC2796.
Suponha, na figura anterior, que o roteador 192.168.1.1 anunciou a rota 10.0.0.0/8 para o
RR que, por sua vez, a repassou para os seus clientes. O RR anunciou a rota com o atributo
Originator-ID = 192.168.1.1, para indicar o roteador que anunciou aquela rota. Esse anúncio
nunca será feito para o roteador que originou essa rota (o próprio 192.168.1.1), se não pode-
ríamos ter um loop de roteamento. Os clientes nunca usam esse atributo.
97
Cluster list
A lista de cluster (cluster list) registra os clusters que um anúncio de prefixo atravessou.
Os RRs acrescentam o cluster-ID à lista de clusters quando anunciam a rota para outro
cluster. Se um RR detectar seu próprio cluster-ID no anúncio feito por um vizinho, esse RR
não aceitará o anúncio do prefixo, pois isso poderia provocar um loop de roteamento.
Os clientes nunca modificam o atributo Cluster-List.
Na Figura 5.8, a rota 10.0.0.0/8 foi anunciada pelo cluster 192.168.1.1 e, depois de passar
pelos clusters 192.168.1.2 e 192.168.1.3, será anunciada para o cluster 192.168.1.1, que
originou essa rota; por isso ela é rejeitada.
Cluster-ID
loop detectado; 192.168.1.2
este prefixo não 10
será usado clu .0.0.
/8 19 ster 0/8
0.0 19 2.16 -ID
0 .0. r-ID .1 2.1 8.1
1 ste 8.1 68 .1
clu 2.16 .1.
19 2
RR
RR 10.0.0.0/8 RR
cluster-ID
Cluster-ID 192.168.1.1 Cluster-ID
192.168.1.1 192.168.1.2 192.168.1.3
192.168.1.3
Figura 5.8
Pontos de Troca de Tráfego (PTT) Exemplo de
q
Cluster list.
11 A internet é uma “nuvem”.
É comum imaginar a internet como uma “nuvem” a qual se está, de alguma forma, conec-
tado; e a forma de conexão mais comum é uma relação comercial de compra de trânsito
com um provedor, como representado na Figura 5.9.
Protocolos de Roteamento IP
98
provedor Internet
Figura 5.9
Provedor de acesso
à internet.
Normalmente uma empresa ou usuário doméstico realizam sua conexão à internet através
de um provedor. Esse desenho reflete uma forma comum de pensar e não ajuda a perceber
a realidade de que a empresa, os computadores domésticos e o próprio provedor, todos
fazem parte da internet.
Figura 5.10
A internet como
uma ‘nuvem’.
Essa “nuvem” é, de fato, uma abstração que representa todas as redes interligadas,
incluindo os usuários domésticos, empresas de todos os tamanhos, redes acadêmicas e
governamentais etc. Ligações diretas entre essas redes, sem a participação obrigatória de
provedores, são possíveis, reais, e parte integrante da internet, e não apenas uma abstração
teórica na sua definição.
Troca de tráfego
Mesmo técnicos experientes em redes, por vezes, fazem confusão quando se trata desse
assunto. Não se está afirmando aqui que os provedores sejam dispensáveis.
99
Para a maioria das situações eles devem ser o principal meio de conexão à internet.
Contudo, pode-se identificar outros participantes da internet com quem a comunicação
através da rede seja relevante e estabelecer um enlace físico direto, trocando através dele o
tráfego que antes passava pelo provedor.
Isso se chama troca de tráfego, e continua sendo parte da internet. Essa substituição de
uma relação de compra de trânsito pela troca de tráfego está ilustrada na Figura 5.11, onde a
primeira situação está representada do lado esquerdo e a segunda do lado direito.
Internet Internet
Figura 5.11
Compra de trânsito
x troca de tráfego.
Pode-se identificar, então, dois tipos básicos de relação entre participantes da internet: a
compra de trânsito, bem conhecida, onde um provedor fornece acesso a parte ou à totalidade
das demais redes interligadas, em troca de dinheiro; e a troca de tráfego (em inglês: peering),
onde redes conectam-se diretamente, fornecendo acesso umas às outras mutuamente.
A troca de tráfego traz economia, porque se deixa de pagar ao provedor pelo tráfego que
é trocado diretamente com as outras redes. Traz também melhoria de qualidade, porque
conexões diretas são mais rápidas e confiáveis.
No entanto, há despesas envolvidas. Enlaces devem ser estabelecidos, o que costuma custar
muito caro, especialmente no Brasil. Equipamentos, como roteadores, podem ter de ser tro-
cados. E deve-se dispor de mão de obra especializada, capaz de lidar com as configurações
necessárias. Além disso, como muitas vezes a troca de tráfego implica numa relação não
comercial, nem sempre há acordos de nível de serviço estabelecidos; em caso de problemas,
conta-se com a boa vontade do parceiro para resolvê-los, sem garantias contratuais.
Dessa forma, não são necessários vários enlaces distintos para estabelecer relações de
troca de tráfego com diferentes redes, mas apenas um enlace, para o PTT. Esse conceito está
Protocolos de Roteamento IP
100
Ponto de troca
de tráfego
Figura 5.12 Uma vez conectadas, as empresas e instituições podem fazer acordos bilaterais ou multila-
Pontos de Troca de terais para troca de tráfego, de caráter comercial ou não. Mesmo relações de compra de
Tráfego (PTT).
trânsito podem também ser estabelecidas através dos PTTs, com um ou mais provedores e
em conjunto ou não com relações de troca de tráfego, embora isso não seja o objetivo
principal de sua existência.
Costuma-se fazer uma analogia, comparando um Ponto de Troca de Tráfego a uma mesa
de bar. Várias pessoas podem estar presentes. A cerveja está disponível. O bar oferece um
ponto de encontro e toda a infraestrutura necessária. Isso não quer dizer que todos estejam
bebendo, e menos ainda que todos bebam ou conversem juntos. Essa possibilidade existe
e pode até ser bem interessante, mas as circunstâncias podem levar um pequeno grupo a
se reunir para beber e conversar num canto, outro no canto oposto, etc. Há vários tipos de
situações que podem levar determinadas redes a terem, ou não, interesse em trocar tráfego
com outras, mesmo participando do PTT.
Estar em um PTT não significa a obrigatoriedade em se trocar tráfego com todos os outros
participantes, mas traz, isso sim, essa possibilidade. Não se deve confundir os Pontos
de Troca de Tráfego com backbones. Os PTTs são regionais, normalmente de caráter
metropolitano. Sua função não é carregar o tráfego das redes a longas distâncias, mas sim,
melhorar os custos e a qualidade das conexões das redes de uma mesma localidade. O ideal
é que haja um PTT por região.
Capítulo 5 - Protocolo de roteamento BGP4 – Parte 2
Estrutura da internet
Estrutura hierárquica: q
11 Provedores de nível 1 – Sprint, Genuity/BBN, AT&T...
11 Demais provedores.
101
Os provedores que não conseguem acesso a toda a internet através da troca de tráfego
devem se tornar clientes dos provedores de nível 1, pagando a eles pela conexão à internet.
Eles são chamados de provedores nível 2 e nessa categoria incluem-se nossos principais
provedores nacionais, como Embratel, Telefônica, Telemar, Brasil Telecom etc.
A troca de tráfego regional entre os provedores nível 2 brasileiros, e mesmo entre prove-
dores menores e usuários finais, é recomendada, pois traz as vantagens já mencionadas
anteriormente: custos menores, com a redução do valor pago aos provedores estrangeiros,
e melhoria de qualidade, com diminuição da latência e da taxa de erros nas conexões.
No Brasil, o Comitê Gestor da Internet (CGI.br) lançou mão do projeto PTTMetro, como
forma de incentivar e apoiar a troca de tráfego regional. O projeto PTTMetro foi criado em
meados de 2004, tendo o escopo inicial de construir cinco PTTs em importantes capitais
brasileiras. No final do mesmo ano entrou em operação o PTT de São Paulo.
Em maio de 2008 eram oito os Pontos de Troca de Tráfego do PTTMetro: São Paulo, Porto
Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Salvador.
Juntos, eles são responsáveis por lidar com um tráfego médio de 3,3 Gb/s de dados, e que
apresenta picos de 6,4Gb/s.
Em abril de 2012 havia 20 PTTs (URL: www.ptt.br/particip.php) cujo tráfego agregado está
mostrado na Figura 5.13 (atualizado em 17/04/2012 15:00hs).
Figura 5.13
Tráfego agregado
diário PTTs.
Pontos de acesso
É importante notar que, quando se diz que os PTTs devem ser regionais, ou ainda que há um
único PTT numa determinada cidade, não significa que possa haver apenas um único ponto
de conexão físico ao PTT. Um Ponto de Troca de Tráfego pode ter vários Pontos de Acesso,
chamados também de PIXes. No PTTMetro, empresas particulares, como datacenters,
podem ser PIXes. Para isso elas devem estabelecer uma conexão com o PIX Central da região
através de uma fibra óptica apagada (que permite grande escalabilidade no tocante ao
volume de dados) e arcar com os custos do equipamento local (switch).
Elas podem, então, estabelecer condições e valores para a conexão dos participantes do PTT
Protocolos de Roteamento IP
102
A Figura 5.14 mostra a estrutura do PTT de São Paulo, para permitir a melhor compreensão
do conceito de PIX. Há um PIX Central, no NIC.br; um PIX acadêmico, na USP; e diversos PIX
comerciais, na Brasil Telecom, Locaweb etc. Não importa onde um determinado participante
se conecte, a comunicação com os demais é transparente. Um participante conectado, por
exemplo, no PIX Locaweb, pode ter um acordo de troca de tráfego com outro, digamos,
ligado ao PIX Tivit.
Figura 5.14
Estrutura do PTT de
São Paulo do NIC.br.
Como no Brasil os custos dos enlaces locais são muito altos, essa diversidade de PIXes colabora
de forma importante para o sucesso do projeto. Um participante pode escolher conectar-se
ao PIX que implicará num custo de enlace menor. Como muitos dos PIXes são datacenters
comerciais, pode também existir o caso em que toda a rede ou parte importante da rede da
instituição participante esteja dentro do próprio datacenter, levando o custo de conexão para
próximo de zero.
Capítulo 5 - Protocolo de roteamento BGP4 – Parte 2
O PTTMetro tem hoje participantes importantes, como os principais provedores de banda
larga: Brasil Telecom, Oi, Telefônica, Embratel, CTBC Telecom, GVT e Net. Conta também
com a participação da RNP, que conecta as principais universidades e centros de pesquisa
do país. Tem ainda os principais conteúdos da internet brasileira, através da participação
da Locaweb, Terra, Yahoo! e UOL. São cerca de 80 participantes no total, alguns dos quais
presentes em mais de um dos PTTs.
Conexão do AS ao PTT
Cada AS deve ser registrado no IANA, obtendo assim seu número de AS (ASN – Autonomous
System Number). Esse número é usado na configuração do protocolo BGP, como já vimos na
sessão anterior. Veja os RFCs: 1930, 4893 e 5398.
103
Para se conectar à internet, a entidade interessada deve fazê-lo inicialmente através de um
provedor no modelo conhecido como Modelo Acesso IP – Entidade Cliente ISP, mostrado na
Figura 5.15 a seguir. Nesse modelo a entidade não tem opções de conexão direta com redes
externas (internet). Para a internet a entidade faz parte do ISP A, que provê seu acesso.
Internet
ISP A
Entidade
Figura 5.15
Modelo Acesso IP –
Entidade Cliente ISP.
Se a entidade tiver um ASN, ela pode se conectar ao PTT, além de se conectar ao provedor,
conforme mostrado na Figura 5.16.
Internet
ISP A
PTTMetro
AS W
Protocolos de Roteamento IP
Nesse modelo a entidade AS tem opção de conexão com o AS W via internet (ou com outros
ASs) ou via PTT, conforme mostra a Figura 5.17.
104
Internet
ISP A
PTTMetro
AS W
Figura 5.17
Entidade
Opções de conexão AS
da Entidade AS.
Podemos então visualizar a inter-rede internet não apenas como uma interligação de redes
físicas, mas sim como um conjunto de sistemas autônomos (AS) interconectados, conforme
esquematizado na Figura 5.18.
AS3 AS6
AS1 AS9
AS4 AS7
22 Condições financeiras.
105
A motivação para tornar-se um AS pode ser resumida nos seguintes pontos positivos:
11 Estrutura com complexidade mínima de rede (hoje medida pela necessidade de ende-
reços IPv4).
11 Duas conexões para acesso à internet ou uma conexão com a internet e um link de trans-
porte L2 até um Ponto de Troca de Tráfego (e.g. PTTMetro).
11 Equipamentos com suporte (recursos de hardware e software) para utilizar o protocolo BGP.
106
AS A
Roteador
IXP
PiX A
PIX
AS D Roteador PiX D PiX B Roteador AS B
Central
PiX C
Roteador
AS C
Figura 5.19
Matriz de comu-
tação do PTTMetro.
PTTMetro é o nome dado ao projeto do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIbr), que
promove e cria a infraestrutura necessária (Ponto de Troca de Tráfego – PTT) para a
interconexão direta entre as redes (Autonomous Systems – ASs) que compõem a internet
brasileira. A atuação do PTTMetro é voltado às regiões metropolitanas no país que apre-
sentam grande interesse de troca de tráfego internet.
O projeto arca com os equipamentos ativos (hardware), responsáveis pela transmissão intra e
inter PIXes e pelas interfaces de conexão dos participantes. Não há repasse de custo para os
participantes, sobre as suas interfaces de conexão, independente da capacidade (Fast Ethernet,
Gigabit Ethernet ou 10 Gigabit Ethernet), e mesmo considerando eventual redundância.
Numa determinada região, ASs com localização física relativamente próxima, podem trocar
tráfego entre si através de seus respectivos provedores de trânsito (ISP), junto com o res-
tante do tráfego internet. A Figura 5.20 mostra essa situação.
107
Internet
ISP A ISP B
Figura 5.20
Troca de tráfego
AS A AS B AS C AS D entre ASs relativa-
mente próximos.
Com um PTT na região, os AS participantes podem trocar tráfego entre si pelo PTT (menor
custo e latência) e deixar os seus links de trânsito para acesso aos outros AS da internet.
A Figura 5.21 mostra essa situação.
Internet
ISP A ISP B
AS A AS B AS C AS D
Figura 5.21
PTT
Troca de tráfego
(PIX)
entre ASs através
de um PTT regional.
108
Figura 5.22
Conexão externa
redundante via Internet
PTTMetro.
ISP A ISP B
PTT
AS W
Entidade
AS
PPTmetro possibilita isolamento lógico L2
em acordos bilaterais (e. g. trânsito IP)
Trânsito – Link direto
Trânsito – VLAN dedicada via PTTmetro
Troca de tráfego via PPTmetro
Figura 5.23
Acordo de troca de
Servidor Servidor Servidor de
tráfego multilateral
de Rotas 1 de Rotas 2 looking glass
(ATM).
Anúncios de rotas
Os anúncios de rotas devem ser feitos com muito cuidado, porque você está anunciando
para a internet (o mundo todo), que tem rota para determinadas redes. Se houver algum
engano nesses anúncios, na prática você está contando uma mentira para o mundo todo.
Vamos analisar um caso que ocorreu entre o Paquistão e o YouTube, que está bem docu-
mentado e ilustra bem esse ponto.
109
Estudo de caso: q
11 24/02/2008 Pakistan Telecom (AS 17557) fez anúncio não autorizado: 208.65.153.0/24.
11 PCCW Global (AS 3491) propagou este anúncio para toda a internet.
Linha do tempo v
Este estudo de caso
11 Antes, durante e depois de domingo, 24/2/2008: AS 36561 (YouTube) anuncia o prefixo está documentado no
208.65.152.0/22, entre outros (que não foram envolvidos nesse evento). vídeo “YouTube
Hijacking: A RIPE NCC
11 Domingo, 24/2/2008, 18:47 (UTC): AS 17557 (Pakistan Telecom) inicia o anúncio não RIS case study”.
autorizado do prefixo 208.65.153.0/24. Esse prefixo pertence ao bloco anunciado pelo
YouTube, que abrange as redes 208.65.152.0/24, 208.65.153.0/24, 208.65.154.0/24 e
208.65.155.0/24. O provedor AS 3491 (PCCW Global) propaga esse anúncio. Roteadores
ao redor do mundo recebem esse anúncio e, como consequência, o tráfego do YouTube
para esse prefixo é redirecionado para o Paquistão.
11 Domingo, 24/2/2008, 20:07 (UTC): AS 36561 (YouTube) percebe o que está acontecendo
e inicia o anúncio do prefixo 208.65.153.0/24. Note que esse prefixo é uma rota mais
específica do que o anúncio do bloco 208.65.152.0/22, mas ainda não foi suficiente para
recuperar o tráfego, porque com dois prefixos idênticos no sistema de roteamento, as
regras de política do BGP, tais como a preferência pelo caminho mais curto (shortest AS
path), determinam qual a rota a ser escolhida. Isso significa que o AS 17557 (Pakistan
Telecom) continua a atrair algum tráfego do YouTube.
11 Domingo, 24/2/2008, 20:18 (UTC): AS 36561 (YouTube) percebe que não deu certo e
inicia o anúncio dos prefixos 208.65.153.0/25 e 208.65.153.128/25, que são rotas mais
específicas do que a rota para o prefixo 208.65.253.0/24. Devido à regra da rota mais
específica (prefixo maior: /25 é maior do que /24), cada roteador que recebe esses anún-
cios envia o tráfego para o YouTube.
11 Domingo, 24/2/2008, 21:01 (UTC): AS 3491 (PCCW Global) remove todos os prefixos
originados pelo AS 17557 (Pakistan Telecom), interrompendo o sequestro do prefixo
208.65.153.0/24. Note que o AS 17557 não foi completamente desconectado pelo AS
3491. Prefixos originados por outros ASs do Paquistão ainda continuam sendo anun-
Protocolos de Roteamento IP
Observe que esses eventos ocorreram num período de tempo de pouco mais de duas horas.
Os prefixos envolvidos nesse sequestro e as contramedidas tomadas pelo YouTube foram
relatadas pelo RIPE NCC’s Routing Information Service (RIS). O que o Paquistão pretendia
fazer era bloquear o website do YouTube, especificamente três endereços IP: 208.65.153.238.
208.65.153.251 e 208.65.153.253. Acontece que esse anúncio, que devia ter efeito interna-
mente no Paquistão, foi repassado para a internet pelo provedor PCCW Global, resultando
num efeito global indesejado.
110
A Figura 5.24 resume o início e o fim desse evento.
Figura 5.24 A Figura 5.25 mostra a situação de tráfego durante o sequestro e a Figura 5.26 mostra
Início e fim do situação de tráfego depois do final do sequestro.
sequestro do
tráfego do YouTube
pelo Paquistão.
Figura 5.25
Situação de
tráfego durante o
sequestro.
111
Figura 5.26
Situação de tráfego
depois do final do
sequestro.
Protocolos de Roteamento IP
112
Roteiro de Atividades 5
Atividade 5.1 – Configuração do protocolo BGP
border1 AS 1900
AS 6500 ISP-A
loopback border2
Router 2 10.0.31.33 loopback 192.168.1.0
172.31.10.0 10.0.31.34 .2
.2 .1
172.16.30.0 .1 .17 .2
ser0 eth0 eth1 ser0
.2
Router 1 ser1 eth0
ser0
.1 eth1 .18
ser1 .1
.2 ser0
172.16.20.0 Switch1 rede Switch2 rede
.1 ser0 10.0.31.0/28 10.0.31.16/28
172.16.10.0
.1
11 O AS 6500 é composto por três roteadores: router0, router1 e router2 e das redes
172.16.0.0/16.
11 O router0 está configurado com duas interfaces Ethernet: eth0 (IP: 172.16.10.1/24) e eth1
(IP: 172.16.20.1/24).
11 O router1 está configurado com duas interfaces Ethernet: eth0 (IP: 172.16.20.2/24) e eth1
(IP: 172.16.30.1/24).
11 O router2 está configurado com duas interfaces Ethernet: eth0 (IP: 172.16.30.2/24) e eth1
(IP: 172.31.10.1/24).
11 Todos os roteadores usam o protocolo OSPF (já está configurado) e são vizinhos BGP.
11 O router2 é Route Reflector (RR) para os demais roteadores do AS 6500; portanto, mantém
sessões iBGP com os roteadores router1 e router0. Os roteadores router0 e router1 não
são vizinhos entre si e não mantêm sessões iBGP entre eles. Além disso, o router2 mantém
Capítulo 5 - Roteiro de Atividades
uma sessão eBGP com o border1 e é a rota padrão para saída do AS 6500.
11 O AS 1900 é composto por quatro roteadores: border1, border2, core1 e core2, e das
redes 10.0.0.0/16 e 192.168.0.0/16. Somente a rede 10.0.0.0/16 está sendo anunciada pelo
BGP para fora do AS 1900. Esse AS tem uma configuração dual, com caminhos redun-
dantes entre os quatro roteadores. É uma configuração semelhante às usadas pelas
empresas que proveem acesso à internet para seus clientes, inclusive para provedores
de conteúdo (como o ISP-A). Observe que são usadas duas redes para permitir o estabe-
lecimento dos caminhos duais: rede 10.0.31.0/28 e rede 10.0.31.16/28. As interfaces de
loopback dos roteadores usam endereços IP da rede 10.0.31.32/28.
113
11 Os quatro roteadores são identificados por suas interfaces de loopback: 10.0.31.33,
10.0.31.34, 10.0.31.35 e 10.0.31.36, respectivamente. Essa identificação tem a vantagem
de garantir maior estabilidade nas conexões TCP do protocolo BGP, porque a interface
de loopback, que é uma interface virtual, nunca sai do ar. Esse tipo de identificação é
recomendado para uso local, somente dentro do AS. Para outros ASs, recomenda-se usar
endereço IP de uma interface física do roteador de borda.
11 O border1 é Route Reflector (RR) para os demais roteadores do AS 1900; portanto, mantém
sessões iBGP com os roteadores border2, core1 e core2. Os roteadores border2, core1
e core2 não são vizinhos entre si e não mantêm sessões iBGP entre eles. Além disso, o
border1 mantém uma sessão eBGP com o router2 e é a rota padrão para saída do AS 1900.
11 O border1 está configurado com três interfaces Ethernet: eth0 (IP: 10.0.31.17/28), eth1
(IP: 10.0.31.1/28) e eth2 (IP: 172.31.10.2/24).
11 O border2 está configurado com três interfaces Ethernet: eth0 (IP: 10.0.31.18/28), eth1
(IP: 10.0.31.2/28) e eth2 (IP:192.168.1.1/28).
11 O core1 está configurado com 3 interfaces Ethernet: eth0 (IP: 10.0.31.3/28), eth1
(IP: 10.0.31.19/28) e eth2 (IP: 10.0.0.1/24).
11 O core2 está configurado com 3 interfaces Ethernet: eth0 (IP: 10.0.31.4/28), eth1
(IP: 10.0.31.20/28) e eth2 (IP: 10.0.1.1/24).
11 Todos os roteadores usam o protocolo OSPF (já está configurado) e são vizinhos BGP.
Conclusão
Nesta atividade prática aprendemos a:
Esta rede simula a situação de interconexão de um AS privado (AS 6500) com um AS público
(AS 1900). O recurso usado para que o OSPF saiba como rotear para fora do AS é definir uma
rota padrão de saída do AS através do comando default-configurate.
No capítulo anterior foi feita a configuração através da redistribuição das rotas BGP para o
protocolo OSPF, que não é adequada para este caso, conforme já dissemos.
114
6
Resolução de problemas
objetivos
conceitos
Comandos ping e traceroute, configurações de roteadores e hosts, verificação das rotas
aprendidas pelos roteadores, Wireshark para captura de pacotes.
Orientações gerais
11 Entender o problema. q
22 Geralmente o problema é relatado pelo usuário e as informações são insuficientes.
Na resolução de problemas, muitas vezes as informações fornecidas pelos usuários são insu-
ficientes e tecnicamente incorretas. O usuário se baseia no feeling dele, naquilo que ele está
vendo e pensando que está ocorrendo, o que nem sempre é necessariamente a realidade.
Lembre-se de que o problema pode ser ocasionado por uma série de erros e não apenas por um.
11 Cada grupo deve preparar uma apresentação da solução para os demais grupos.
O instrutor deve orientar a formação dos grupos e distribuir os problemas entre eles.
O tempo previsto para solução é de 90 minutos.
115
Problema 1 e
Essa rede apresenta uma configuração simétrica de roteadores com rotas alternadas no AS Figura 6.1
da direita. Em caso de falha de uma interface que está conectada ao sw1, por exemplo, há Rede1_Sessao6_
ADR8.
uma rota alternativa passando pelo sw2 e vice-versa.
Por exemplo, o PC1 pode atingir o PC20 passando pelo ROTA, border1, sw1 e core2.
O caminho alternativo é: ROTA, border1, sw2 ecore2. Ambas as rotas são iguais em termos
de custo (número de hops).
Protocolos de Roteamento IP
116
Problema 2 e
Figura 6.2
Rede2_Sessao6_
ADR8.
Essa rede apresenta quatro redes locais interligadas por três roteadores em diferentes loca-
lidades. Portanto, as ligações entre os roteadores constituem uma rede WAN que serve de
“ponte” entre as redes LAN. O Rot02 tem duas redes locais, enquanto os outros têm apenas
uma rede local cada um. Os enlaces entre os roteadores Rot01 e Rot03 e entre Rot01 e Rot02
são linhas de longa distância dedicadas (enlaces seriais).
Problema 3 e
Essa rede apresenta três redes locais em localidades remotas interligadas por três rotea-
dores. Foi utilizada uma subdivisão de uma rede Classe C que estava disponível:
201.38.10.0/24. A figura mostra o plano de endereçamento planejado pelo administrador da
rede, usando o protocolo RIP.
117
Problema 4 e
Roteador 2
Essa rede apresenta duas redes locais interligadas pela rede WAN de um provedor. O pro-
vedor utiliza os endereços da rede Classe B (131.100.0.0/16). As redes locais do cliente usam
endereços IP privativos (RFC 1918), conforme mostrado na figura.
Problema 5 e
Protocolos de Roteamento IP
Essa rede apresenta quatro redes locais interligadas por três roteadores usando Figura 6.5
endereçamento privativo. Rede5_Sessao6_
ADR8.
118
Problema 6 e
Figura 6.6 Essa rede apresenta dois ASs interligados por um enlace com protocolo BGP. Cada AS tem
Rede6_Sessao6_ duas áreas OSPF, sendo que o AS 6500 tem um enlace com o protocolo RIP.
ADR8.
119
Protocolos de Roteamento IP
120
Roteiro de Atividades 6
Atividade 6.1 – Configuração do protocolo BGP
Figura 6.7 Trata-se de duas redes que foram interligadas via enlace serial entre os roteadores ROTA e
Rede1_Sessão6_ border1 (rede 172.31.10.0/24). A rede do lado esquerdo (ROTA, ROTB, ROTC, ROT1 e ROT2)
ADR8.
usa endereçamento público do bloco 200.130.24.0/22 para as estações dos usuários e
endereçamento privativo da faixa 192.168.0.0 para interligação dos roteadores.
A rede do lado direito (border1, border2, core1 e core2) usa endereçamento privativo, sendo
que na sua parte central (switches sw1 e sw2) usa rotas alternadas para maior confiabilidade.
A tarefa a ser feita é a configuração do protocolo BGP e teste de conectividade entre as redes.
Use o número de AS 64500 para a rede da esquerda e AS 64501 para a rede da direita.
121
Atividade 6.2 – Configuração de sub-redes
A implementação foi feita utilizando sub-redes da rede 10.10.0.0/16, conforme mostrado
na figura.
Figura 6.8
Rede2_Sessão6_
ADR8.
Siga os seguintes procedimentos para fazer o diagnóstico dos problemas (há mais de um
erro de configuração) e corrigi-los:
122
Atividade 6.3 – Configuração de sub-redes
A implementação foi feita utilizando sub-redes da rede 201.38.10.0/24, conforme mostrado
na figura.
Siga os seguintes procedimentos para fazer o diagnóstico dos problemas (há mais de um
erro de configuração) e corrigi-los:
123
Atividade 6.4 – Projeto de endereçamento IP
A implementação foi feita utilizando sub-redes da rede 131.100.10.0/24 do provedor, con-
forme mostrado na figura.
4. Questão especial:
Siga os seguintes procedimentos para fazer o diagnóstico dos problemas (há mais de um
erro de configuração) e corrigi-los:
124
Atividade 6.5 – Configuração de rotas estáticas
Essa rede apresenta problemas de roteamento. Os endereços estão corretos e não devem
ser alterados.
2. Quando o PC2 tenta alcançar a rede 172.16.20.0, o pacote cai num “loop” de roteamento.
3. O PC3 não consegue enxergar as redes 172.16.10.0 e 172.16.20.0; quando tenta alcançar a
rede 172.16.40.0, não enxerga a interface eth1 do roteador R0.
Siga os seguintes procedimentos para fazer o diagnóstico dos problemas (há mais de um
erro de roteamento) e corrigi-los:
125
Atividade 6.6 – Configuração de OSPF e BGP
Esta atividade consiste em configurar o protocolo OSPF em dois ASs (AS 6500 e AS 1900) e o
protocolo BGP para interligá-los, além de configurar o protocolo RIP para uma rede isolada.
As áreas OSPF estão delimitadas na figura, bem como os enlaces BGP e RIP. As redes Figura 6.12
200.130.24.0/24, 200.130.25.0/24, 200.130.26.0/24 e 200.130.27.0/24 já estão configuradas, Rede6_Sessão6_
ADR8.
mas os roteadores não estão. Os enlaces entre roteadores devem todos ser configurados
com sub-redes da rede 192.168.10.0/24, que devem usar a máscara que permita a maior eco-
nomia possível de endereços IP.
Conclusão
Nestas atividades práticas aprendemos a:
126
Bibliografia
11 HALABI, SAM. OSPF Design Guide. Cisco Systems, 1996. Disponível em:
<http://www.cisco.com/warp/public/104/1.html>.
127
11 Tutoriais de TCP/IP. Disponível em: <http://www.juliobattisti.com.br/artigos>.
11 <http://www.cisco.com/univercd/cc/td/doc/product/software/
ios113ed/113ed_cr/np1_c/1cbgp.pdf>.
11 Protocolo RIP
<http://www.cisco.com/univercd/cc/td/doc/cisintwk/ito_doc/rip.pdf>
http://penta2.ufrgs.br/comdex2002/ppt/PTTDemi/index.htm
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialinter/pagina_4.asp
http://www.rnp.br/ceo/peering.html
128
11 GTER29 - Estudo de Caso de Sistema Autônomo com Conexão a PTT Local,
Remoto e Provedores de Trânsito:
ftp://ftp.registro.br/pub/gter/gter29/10-PTTLocalRemotoTransito.pdf
11 Protocolo OSPF
http://www.midiacom.uff.br/~debora/redes1/pdf/trab042/OSPF.pdf
11 Configuring OSPF
http://www.cisco.com/en/US/docs/ios/12_0/np1/configuration/
guide/1cospf.pdf
11 IBGP Scalability
http://web.archive.org/web/20070323205145/http://www.riverstonenet.
com/support/bgp/scalability/index.htm
11 BGP Fundamentals
http://web.archive.org/web/20070317143705/http://www.riverstonenet.
com/support/bgp/fundamentals/index.htm
11 Path Attributes
http://web.archive.org/web/20070320193903/http://www.riverstonenet.
com/support/bgp/fundamentals/attributes.htm#_Path_Attributes
Bibliografia
129
Protocolos de Roteamento IP
130
O curso prepara o aluno para projetar esquemas de
LIVRO DE APOIO AO CURSO