Semana Acadêmica de Engenharia Mecânica – de 27 a 31 de maio de 2019

ADEQUAÇÃO DA ERGONOMIA EM UM VEICULO OFF- ROAD BAJA

Gustavo de Souza Ehlert, [email protected]

Vitor Garlet Caetano, [email protected]
Felipe Molinar Machado, [email protected]
Franco da Silveira, [email protected]

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Av. Universidade das missões, 464
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av Paulo da Gama, 110

Resumo: Este trabalho traz uma metodologia de adequação do projeto de um veículos off-road tipo baja para o perfil
ergonômico que cause menos danos ao piloto em decorrência da postura ao dirigir, assim como os esforços
necessários para operação do veículo, assim como pelo próprio ajuste do assento em relação aos outros componentes
do carro, como pedais, volante, painel e botão de emergência. O estudo tem foco no aprimoramento do Baja 2019 em
relação ao conforto e segurança em provas de media a longa duração pelas quais os veículos construídos por
estudantes de todo mundo são submetidos na competição BAJA SAE.

Palavras-chave:
 Semana Acadêmica de Engenharia Mecânica – de 27 a 31 de maio de 2019
1. INTRODUÇÃO

Mediante os avanços no setor automotivo, assim como a influência do comercio de veículos novos na economia
mundial, o setor industrial automotivo demanda cada vez mais profissionais capacitados nessa área, devido a isso foi
criada na década de 70, pela sociedade de engenheiros automotivos (Society of Automotive Engineers – SAE) uma
competição de veículos Off-road com objetivo de apresentar aos estudantes das áreas com aplicação na indústria
automobilística o âmbito de projetar e construiu um automóvel, assim como desenvolver competências exigidas na
indústria em geral como o trabalho em equipe, gerenciamento de projeto, aplicação dos aprendizados da graduação
entre outros.
O projeto de um veículo é algo extremamente complexo devido as quantidades de peças interagindo entre si
para o funcionamento correto do automóvel. Na fase de projeto do veículo, além de trabalhar a relação entre os
componentes da máquina, é imprescindível realizar estudos sobre a interação homem-máquina-ambiente, visando tornar
o veículo mais seguro, confortável para que sejam reduzidas as possibilidades de danos ao condutor. Os principais
fatores a serem considerados levam em conta interfaces do sistema, assentos, dispositivos operacionais do veículo,
altura e distância do volante, cintos, iluminação, dentre vários outros. (TANABE, 2014)
No desenvolvimento de um veículo, deve-se levar em conta inclusive a preocupação com os dispositivos ajustáveis,
os quais devem atender a uma vasta faixa de estatura da população para homologação. Neste contexto, a ergonomia é
uma das áreas mais importantes nos projetos de automóveis, pois seus conceitos orientam a melhor forma de adequar a
máquina ao uso do homem, levando em consideração os fatores ambientais e humanos (TANABE, 2014).

2. DESENVOLVIMENTO

O principal objetivo desta pesquisa é o estudo das relações entre o sistema homem-máquina-ambiente, para assim
desenvolver uma metodologia para a adequação dos projetos de veículos BAJA desenvolvidos pela URI nos anos
subsequentes, focando no conforto e segurança dos pilotos mediante o regulamento ainda vigente, o qual delimita o
escopo do projeto, assim como as atividades propostas.

2.1. Justificativa

Mediante os fatores mais importantes a serem levados em conta podemos desenvolver uma metodologia simples de
adequação da estrutura e componentes para obter o melhor resultado possível para cada projeto. Tendo os seguintes
pontos de estudo como base: Aspectos antropométricos, dimensionamento interno, posicionamento dos dispositivos a
serem utilizados, assento, volante e esforços ao dirigir.

2.2. Metodologia

Após a competição baja SAE Etapa Sul 2018 foi constatado um estresse excessivo do piloto em decorrência a
problemas ergonômicos, desconfortos causados pelo posicionamento errôneo dos membros (figura 1), e das partes
mecânicas acionáveis do veículo, como volante e pedais.

72°
72°
122° 98°
98°
 TÍTULO COMPLETO DO TRABALHO EM NEGRITO, CENTRALIZADO, FONTE ARIAL 8.
IV Mostra de Trabalhos de Engenharia Mecânica

Figura 1: Ângulo formado pelos membros do piloto

Mediante uma análise posterior a competição, foram observados alguns fatores de grande influência no desconforto
sofrido pelo piloto. Sendo eles na parte de direção, causados pela folga na barra de direção, que por conveniência de
projeto foi feita com uma repartição usando cruzetas reaproveitadas do veículo passado para corte de gastos, ainda que
feita as manutenções possíveis alguns problemas reincidiram durante a competição. Outra crítica apresentada pelo
piloto foi de dores no antebraço após períodos pilotando o veículo, o qual segundo Medeiros (2004) é causado por
pegas inadequados ao volante somado a uma angulatura do pulso fora dos percentis recomendados.

Figura 2: Pegada do volante e ângulos dos punhos

De acordo com o estudo de Ikeda et al. (2011), as condições ergonômicas para o condutor de um veículo, quando
inadequadas, podem influenciar seu desempenho devido aos níveis elevados de desconforto corporal. Ao dirigir um
veículo off-road, o piloto executa movimentos repetitivos de baixa amplitude que exigem esforço devido a mecânica do
veículo e as condições da pista somada a precisão requerida da atividade. Perante este ponto, o espaço interno do
veículo representa um importante fator de desempenho e ergonomia. Segundo Santos (2015), este deve ser de fácil
acesso aos mecanismos e permitir movimentos das mãos e dos pés no momento de acioná-los.
Levando em conta que a prova de endurance é uma prova de longa duração (4 horas), o conforto postural tem uma
grande influência no bom desempenho do piloto durante a prova. Com isso, a avaliação da postura e movimentos
realizados pelo piloto na condução do veículo poderá acarretar condições de sobrecarga biomecânica, as quais podem
exigir ajustes posteriores no projeto do veículo.
Outro fator diretamente relacionado a fadiga do piloto foi a disposição dos pedais em relação ao setor do carro, no
qual teve de ser adicionado uma proteção extra a pedido dos juízes para isolar partes móveis (figura 3). Com isso o
ângulo necessário para o acionamento dos pedais demanda uma flexão plantar dos pés, onde o posicionamento ideal
seria um ângulo de 90 graus com um perfil neutro, onde os tendões e a musculatura dos pés e pernas não fiquem
tensionados.
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IV Mostra de Trabalhos de Engenharia Mecânica

Figura 3: Disposição dos pedais e do amortecedor prejudicando o conforto do piloto

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tendo como base a revisão bibliográfica elaborada por Hoffman e Junior (2010) extraíram algumas recomendações
dentre diversos artigos pesquisados para a questão da postura do piloto em relação ao assento do veículo:
• Formato do assento deve acompanhar a curvatura da coluna, sem retifica-la, uma vez que apoios na coluna dorsal
diminuem a pressão nos discos intervertebrais.
• A dimensão ântero-posterior do assento deve apoiar totalmente as coxas, entretanto, não deve comprimir a região
posterior dos joelhos.
• Apoio lombar não deve ser elevado a fim de não comprometer a movimentação dos membros superiores.
Levando em conta a análise inicial, referente a fadiga dos membros inferiores causados pela pisada inadequada
nos pedais, tem por solução afastar o setor dos pedais nos projetos subsequentes para que assim seja evitado a
interferência do mesmo na pisada dos pedais.
Ainda referindo-se a análise feita anteriormente, existem diversas possibilidades de ajustes para uma melhor
pegada no volante, destas as mais acessíveis seriam a alteração da inclinação do assento permitindo um maior espaço
para os braços, assim como aumentar a área de contato com o assento na direção antero-posterior. Ainda sobre o volante
outra sugestão para reduzir o esforço ao dirigir seria a remoção dos elementos moveis da barra de direção (cruzetas),
inclinando o setor e utilizando uma barra ligando diretamente o setor ao volante.

4. CONCLUSÃO

O presente estudo demostrou medidas para serem verificadas durante o planejamento ergonômico de um veículo
off-road, mais especificamente um baja. Utilizando como embasamento bibliografias sobre o tema, é constatada a
importância da ergonomia para o bom desempenho do piloto, principalmente em provas longas e com terrenos
acidentados, que é a especialidade do carro em questão. Ademais cabe ressaltar que para um bom desempenho
ergonômico, que garanta a integridade física e o conforto do piloto, é necessária uma série de fatores trabalhando em
conjunto, como: a fixação do assento, garantindo uma postura correta; a posição dos pedais, garantindo que o piloto não
necessite fazer um esforço excessivo para acionar os mesmo; e a correta fixação e posicionamento do volante,
garantindo uma liberdade de movimentos ao condutor e possibilitando a utilização da tração muscular de forma correta,
reduzindo assim o esforço necessário para execução de manobras.

5. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. ERG BR 1002: Código de Deontologia do Ergonomista

Certificado. Ouro Preto: Minas Gerais, 2003.
BERTOLACCINI, G.S., et al. Avaliação da Influência de Dois Diferentes Veículos Baja na Atividade Muscular e
Movimentos do Piloto: Um Estudo de Caso. Ergonomia Aplicada: Transporte. 2016. (TBP)
TANABE, Alexandre. Y. Ergonomia no Processo de Desenvolvimento do Automóvel. 2014. 103 f. Monografia
(Graduação) – Engenharia de Produção, Escola Politécnica de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: - Acesso
em 12 abr. 2015.
MEDEIROS, Cindy. R. P. X. Avaliação do Cockpitde Veículos Automotores do Transporte de Carga: Método Apoiado
na Ergonomia e na Usabilidade.2004. 257 f. Monografia (Pós Graduação) – Engenharia Mecânica, Universidade
Federal do Paraná, Curitiba, 2004. Disponível em: - Acesso em: 20 mar. 2015.
Ikeda, A. Y. Et Al. (2011) Desconforto Percebido Em Condutores De Veículos Baja, VI Congresso Internacional de
Pesquisa em Design. [Meio eletrônico]
SANTOS, A. B. dos. Estudo ergonômico do veículo Baja do Centro Univeritário UNIVATES. Monografia. Engenharia
de Produção - Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, 03 dez. 2015. 65 p. Disponível em: .

6. RESPONSABILIDADE AUTORAL

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