Trabalho de Textos Liricos

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Aiupa Fadil No 02

12a Classe, Turma: B1, Curso Diurno

Tema:

Textos liricos na idade média e Textos liricos Moçambicanos

Escola Secundaria São Vicente de Paulo

Nacala – Porto, 2019

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Aiupa Fadil No 02

12a Classe, Turma: B1, Curso Diurno

Tema:

Textos liricos na idade média e Textos liricos Moçambicanos

Trabalho de carácter avaliativo a ser


apresentado na disciplina de
Português, lecionado pelo docente:
dra. Rainha Passuane

Escola Secundaria São Vicente de Paulo


Nacala – Porto, 2019
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Índice

Introdução ........................................................................................................................................ 4
Textos literários ( Textos líricos ).................................................................................................... 5
História da lírica .............................................................................................................................. 5
Literatura Medieval ......................................................................................................................... 6
Contexto Histórico da literatura medieval ....................................................................................... 7
Idade Média (século V ao século IX): ............................................................................................. 8
Baixa Idade Média (século X ao século XV.................................................................................... 8
Exemplos de textos líricos na idade média ...................................................................................... 8
Textos liricos moçambicanos ........................................................................................................ 11
Poesia.............................................................................................................................................12
Prosa...............................................................................................................................................12
Exemplos de textos líricos moçambicanos .................................................................................... 13
Conclusão ...................................................................................................................................... 15
Bibliografia...................................................................................................................................................16

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1. Introdução
O termo “lírico” vem do latim (lyricu) e quer dizer “lira”, um instrumento musical grego.
Durante o período da Idade Média os poemas eram cantados e divididos por métricas (a medida
de um verso, definida pelo número de sílabas poéticas). A combinação de palavras, aliterações e
rima, por exemplo, foram cultivadas pelos poetas como forma de manter o ritmo musical. Logo,
essa é a origem da métrica e da musicalidade na poesia. A temática lírica geralmente envolve a
emoção, o estado de alma, os pensamentos, os sentimentos do eu-lírico, e também os pontos de
vista do autor e, portanto, é inteiramente subjetiva.

Esse género é geralmente expresso pela poesia, contudo, não é toda poesia que pertence
ao género referido, já que dependerá dos elementos literários inseridos nela.

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2. Textos literários ( Textos líricos )

A poesia, ou texto lírico, é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana
é utilizada com fins estéticos ou críticos, ou seja, ela retrata algo em que tudo pode acontecer
dependendo da imaginação do autor como a do leitor. Poesia, segundo o modo de falar comum,
quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte; a arte é a poesia, a obra
poema, o poeta o artífice. O sentido da mensagem poética também pode ser, ainda que seja a
forma estética a definir um texto como poético. A poesia compreende aspectos metafísicos e a
possibilidade desses elementos transcenderem ao mundo fático. Esse é o terreno que compete
verdadeiramente ao poeta.

Num contexto mais alargado, a poesia aparece também identificada com a própria arte, o
que tem razão de ser já que qualquer arte é, também, uma forma de linguagem (ainda que, não
necessariamente, verbal). É a arte de poetizar que nos permite exprimir aquilo que está dentro de
nós. Também pode ser encarado, como o modo de uma pessoa se expressar usando recursos
linguísticos e estéticos.

2.1. História da lírica


Wisława Szymborska (1923-2012), que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 1996,
foi umas das poetisas mais conhecidas do mundo.

A tábua Dilúvio da Epopeia de Gilgamexe em acadiano, por volta do segundo milênio


a.C.

A poesia como uma forma de arte pode ser anterior à escrita. Muitas obras antigas, desde
os vedas indianos (1700–1200) e os Gathas de Zoroastro (1200–900 a.C.), até a Odisseia (800–
675 a.C.), parecem ter sido compostas em forma poética para ajudar a memorização e a
transmissão oral nas sociedades pré-históricas e antigas. A poesia aparece entre os primeiros
registros da maioria das culturas letradas, com fragmentos poéticos encontrados em antigos
monólitos, pedras rúnicas e estelas.

O poema épico mais antigo sobrevivente é a Epopeia de Gilgamexe, originado no terceiro

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milênio a.C. na Suméria (na Mesopotâmia, atual Iraque), que foi escrito em escrita cuneiforme
em tabletes de argila e, posteriormente, papiro.[5] Outras antigas poesias épicas incluem os
épicos gregos Ilíada e Odisseia, os livros iranianos antigos Gathas Avesta e Yasna, o épico
nacional romano Eneida, de Virgílio, e os épicos indianos Ramayana e Mahabharata.

Os esforços dos pensadores antigos em determinar o que faz a poesia uma forma distinta,
e o que distingue a poesia boa da má, resultou na "poética", o estudo da estética da poesia.
Algumas sociedades antigas, como a chinesa através do Shi Jing (Clássico da Poesia), um dos
Cinco Clássicos do confucionismo, desenvolveu cânones de obras poéticas que tinham ritual bem
como importância estética. Mais recentemente, estudiosos têm se esforçado para encontrar uma
definição que possa abranger diferenças formais tão grandes como aquelas entre The Canterbury
Tales de Geoffrey Chaucer e Oku no Hosomichi de Matsuo Basho, bem como as diferenças no
contexto que abrangem a poesia religiosa Tanakh, poesia romântica e rap.

O contexto pode ser essencial para a poética e para o desenvolvimento do gênero e da


forma poética. Poesias que registram os eventos históricos em termos épicos, como Gilgamexe
ou o Épica dos Reis, de Ferdusi, serão necessariamente longas e narrativas, enquanto a poesia
usada para propósitos litúrgicos (hinos, salmos, suras e hádices) é suscetível de ter um tom de
inspiração, enquanto que elegia e tragédia são destinadas a invocar respostas emocionais
profundas. Outros contextos incluem cantos gregorianos, o discurso formal ou diplomático,
retórica e invectiva políticas, cantigas de roda alegres e versos fantásticos, e até mesmo textos
médicos.

3. Textos líricos na idade média

3.1. Literatura Medieval


A literatura medieval foi aquela produzida durante a Idade Média (século V e XV) até o
início do Renascimento.
Esteve marcada inicialmente pelo uso do latim e ainda, por temas religiosos, históricos e
amorosos.

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Nesse momento foram produzidos poesias e textos em prosa. Note que além do
trovadorismo (século XII a XIV), o movimento literário e de transição do humanismo (século
XV) está incluso na literatura medieval.

3.2. Contexto Histórico da literatura medieval

A Idade Média foi um longo período da história que esteve dividido em:

 Alta Idade Média (século V ao século IX): as principais características foram: o


sistema feudal; o Império Bizantino; a expansão dos reinos germânicos e dos francos;
expansão do islamismo; a Igreja Medieval e o Sacro Império.
 Baixa Idade Média (século X ao século XV): as principais características
foram: crise do sistema feudal; expansão do cristianismo; as cruzadas; o renascimento
urbano e comercial; a formação das monarquias nacionais.

A Idade Média teve início com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476. Esse
período esteve marcado pela religiosidade e pelo conceito de teocentrismo (Deus no centro do
mundo).

A sociedade medieval era rural e autossuficiente, a qual esteve baseada no sistema feudal.
Nesse período, a Igreja possua grande poder sobre a vida das pessoas.

Somente sabiam ler os membros da Igreja e alguns nobres. Esse fator, foi determinante
para que a arte medieval estivesse voltada para a educação das pessoas

A Idade Média terminou com a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453.

3.3. Poesia medieval

A poesia medieval procurou enaltecer os valores e as virtudes do cavaleiro: justiça, amor,


prudência e cortesia. Na poesia épica exaltava-se a ação corajosa doa cavaleiros em prol da
cristandade. Na poesia lírica, exaltava-se o amor cortês dos cavaleiros em relação às suas damas.

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3.4. Idade Média (século V ao século IX):
Antiguidade Tardia Queda do Império Romano do Ocidente Império Bizantino
Cristianização Migrações dos povos bárbaros Reino Merovíngio Reino Suevo Reino Vândalo
Reino Visigótico Reino Ostrogótico Reino Lombardo Inglaterra anglo-saxã Reino das Astúrias
Império Carolíngio Rússia de Quieve Era Viking Primeiro Império Búlgaro Reino da Croácia
Reino da Arménia

3.5. Baixa Idade Média (século X ao século XV


Sacro Império Romano-Germânico Reino Arménio da Cilícia Segundo Império Búlgaro
Feudalismo Grande Cisma do Oriente Questão das investiduras Cruzadas Escolástica
Monaquismo Comuna medieval Senhorialismo Invasão mongol da Europa Condado
Portucalense Reconquista

 Séculos XIV e XV

Guerra dos Cem Anos Guerra das Rosas Guerras Hussitas Ducado da Borgonha Casa de
Habsburgo Grande Cisma do Ocidente Queda de Constantinopla Ascensão do Império Otomano
Cavalaria Humanismo renascentista Universidade medieval Crise do século XIV Pequena Idade
do Gelo

 Cultura

Arquitetura Arte Culinária Demografia Literatura Medicina Filosofia Poesia Ciência


Tecnologia Armamento

3.6 . Exemplos de textos líricos na idade média


Cantiga de Amor:

Exemplo de Cantiga de Amor:

“Senhora minha, desde que vos vi,


lutei para ocultar essa paixão
que me tomou inteiro o coração;

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mas não o posso mais e decidi
que saibam todos meu grande amor,
a tristeza que tenho, a imensa dor
que sofro desde o dia em que vos vi.”

São tipos de Cantiga de Amor: a Cantiga de Meestria: é o tipo mais difícil de cantiga de
amor. Não apresenta refrão, nem estribilho, nem repetições (diz respeito à forma.) ; Cantiga de
Tense ou Tensão: diálogo entre cavaleiros em tom de desafio sobre um conflito em torno de
mesma mulher; Cantiga de Pastorela: trata do amor entre pastores (plebeus) ou de um trovador
enamorado por uma pastora (plebéia); Cantiga de Plang: cantiga de amor repleta de lamentos.

A Cantiga de Amigo
Constituem a variedade mais importante e original da nossa produção lírica da Idade
Média.

Nela, o eu-lírico é uma mulher (mas o compositor e cantor era masculino), que canta o
seu amor pelo “amigo” (por “amigo”, entende-se amado ou namorado pois na altura o termo
“amigos” entre um homem e uma mulher compreendia um vínculo amoroso), muitas vezes em
ambiente natural, e muitas vezes também em diálogo com a sua mãe ou as suas amigas.

A figura feminina que as cantigas de amigo desenham é, pois, a da jovem que se inicia no
universo do amor, por vezes lamentando a ausência do amado, por vezes cantando a sua alegria
pelo próximo encontro. Muitas vezes tal cantiga também revelava a tristeza da mulher, pela ida
de seu amado à guerra.

Fragmento das trovas de D. Dinis


Exemplo de Cantiga de Amigo ( Composto pelo rei D. Dinis):

“Ai flores, ai flores do verde pino,


se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?(onde está ele?)

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(…)
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?”

Cantigas de Escárnio
Nas cantigas de escárnio, o troavador faz uma sátira a alguma pessoa. Essa sátira era
indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio definem-se, pois, como sendo aquelas
feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos
semânticos.

Exemplo de Cantiga de Escárnio:

Rui queimado morreu con amor


Em seus cantares por Sancta Maria
ua(uma) dona que ele gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lhela (ela) non o quis benfazer (corresponder ao amor)
fez-se ele en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer (terceiro) dia!..

A Cantiga de Maldizer

Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e sem duplos
sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até
palavrões. O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.

Exemplo de Cantiga de Maldizer:

Ai, dona fea (feia), foste-vos queixar


que vos nunca louvo em meu cantar;

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mais ora (agora) quero fazer um cantar
em que vos louvarei toda via;
e vede como vos quero louvar:
dona fea, velha e sandia!(maluca) (…)

4. Textos liricos mocambicanos

A Literatura de Moçambique é, geralmente, a literatura escrita em língua portuguesa -


vulgarmente misturada com expressões moçambicanas -, por autores moçambicanos. É ainda
muito jovem, mas já conta com exímios representantes como José Craveirinha, Paulina
Chiziane e Mia Couto, sendo vital na exigente Literatura Lusófona.

A literatura produzida em Moçambique, como as demais literaturas africanas nos países


colonizados por Portugal, era uma extensão da literatura portuguesa. Sob a forma escrita, a
produção literária sedimenta-se, a partir da década de 1940, por meio de periódicos publicados
por intelectuais e escritores, em geral de contestação ao colonialismo português, a exemplo do
"Brado literário" que circulou no país entre 1918 e 1974 com textos de Rui Nogar, Marcelino dos
Santos, José Craveirinha, Orlando Mendes e Virgílio Lemos, entre outros. No século XIX, a
imprensa e a literatura estiveram próximas, sendo a primeira uma alternativa profissional para os
escritores que não podiam sobreviver da produção literária. Em 1975, quando alcançou sua
independência política, Moçambique ainda era distante de um "sistema literário", conceito criado
pelo teórico Antonio Cândido, segundo o qual um sistema literário passa a existir quando um
grupo de escritores escreve para um público que reage influenciando-os a produzir novas obras, e
assim sucessivamente.

Embora tênue, a linha divisória entre a literatura portuguesa e as literaturas africanas em


nossa língua era bastante bem definida por sua busca de uma identidade nacional no contexto das
lutas contra o colonialismo: pensar a identidade cultural do país não como colônia, mas como
nação independente, com autonomia política, econômica, cultural e religiosa. Entre 1964, quando
teve início a luta armada de libertação nacional, até 1975, quando Moçambique conquistou sua
independência política, a literatura voltou-se para a própria história e seus fatos, a luta armada e a

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revolução, a exemplo do Chigubo publicado em 1964 por Craveirinha, cujo significado em
dialeto local é "grito de guerra".

4.1. Poesia
Poesia de Moçambique

Foi na na década de 1940 que começaram a despertar as primeiras vozes poéticas de


Moçambique, nomeadamente com a poesia de Noémia de Sousa e de Virgílio de Lemos

Nesta categoria destacam-se atualmente brilhantes escritores como José Craveirinha,


vencedor do Prémio Camões, Albino Magaia, associado à prestigiada Associação dos Escritores
Moçambicanos, e o jovem Eusébio Sanjane. Seguem ambos um estilo poético inteiramente
ligado ao ambiente tropical e rural do país. Todavia, a poesia moçambicanaainda é pouco
influente na Literatura Lusófona.

4.2. Prosa

Prosa de Moçambique

Na prosa moçambicana - esta sim, embora jovem, considerada um elemento vital e


prodigioso na Literatura Lusófona - destacam-se, primeiramente, Mia Couto, talvez o mais
influente autor moçambicano, vencedor do Prémio União Latina de Literaturas
Românicas de 2007 - de importância amplamente reconhecida, visto que alguns dos seus contos
são leccionados nas escolas portuguesas -, seguidamente, José Craveirinha, o aclamado vencedor
do Prémio Camões, Eusébio Sanjane, eleito Escritor do Ano de 2005 pelarevista Tvzine, por
votação popular, consagrando o seu sucesso junto do público, Paulina Chiziane, uma das mais
promissoras escritoras da lusofonia, embora não tenha ganho ainda qualquer prémio, Eduardo
White, associado à Associação dos Escritores Moçambicanos e um dos mais prestigiados
escritores de Moçambique, Gulamo Khan, cuja obra só foi publicada numa antologia feita
postumamente, e Reinaldo Ferreira, nacionalizado português, embora tenha nascido na
antiga Lourenço Marques e tenha escrito toda a sua obra em terras moçambicanas

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4.3. Exemplos de textos líricos moçambicanos
O pescador de Moçambique»:

— Eu nasci em Moçambique,
de pais humildes provim,
a cor negra que eles tinham
é a cor que tenho em mim:
sou pescador desde a infância,
e no mar sempre vaguei;
a pesca me dá sustento,
nunca outro mister busquei.

[...]

Vou da cabaceira às praias,


atravesso Mussuril,
traje embora o céu d’escuro,
ou todo seja d’anil
de Lumbo visito as águas
e assim vou até Sancul,
chego depois ao mar-alto
sopre o norte ou ruja o sul.

(João Albasini - 2.° Período, de Prelúdio – periodização da literatura moçambacana)

Surge et ambula

Dormes! e o mundo marcha, ó pátria do mistério.


Dormes! e o mundo rola, o mundo vai seguindo...
O progresso caminha ao alto de um hemisfério
E tu dormes no outro o sono teu infindo...

A selva faz de ti sinistro ermitério,


onde sozinha à noite, a fera anda rugindo...

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Lança-te o Tempo ao rosto estranho vitupério
E tu, ao Tempo alheia, ó África, dormindo...

Desperta. Já no alto adejam negros corvos


Ansiosos de cair e de beber aos sorvos
Teu sangue ainda quente, em carne de sonâmbula...

Desperta. O teu dormir já foi mais do que terreno...


a voz do Progresso. este outro Nazareno
Que a mão te estende e diz: — África surge et ambula

(Rui de Noronha- 2.° Período, de Prelúdio – periodização da literatura moçambacana)

Exemplo de Rui Knopfli


Europeu me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina
europeias
e europeu me chamam.
Não sei se o que escrevo tem raiz de algum
pensamento europeu,
É provável...Não. É certo,
mas africano sou.

Exemplo de Mia Couto

Pedregoso o chão da pátria


apenas o tamanho de um brado.
Asfixiava-nos o abraço das serras
horizonte de granito urze e lobos:
ampla e aberta apenas a porta do mar

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5. Conclusão
Durante a pesquisa do presente trabalho conclui – se que, uma parte significativa da
produção literária moçambicana deve-se aos poetas da "literatura européia", ou seja, aqueles que,
sendo brancos, centram toda, ou quase toda a sua temática nos problemas de Moçambique; foram
eles que contribuíram decisivamente para a formação da identidade nacional moçambicana.
Merecem especial realce: Alberto de Lacerda , Reinaldo Ferreira, Rui Knopfli, Glória Sant'Anna,
Sebastião Alba, Luis Carlos Patraquim e António Quadros. Alguns destes poetas escrevem
poesia de carácter mais pessoal, enquanto os outros estão virados para o aspecto "social". Por
exemplo, Reinaldo Ferreira e Rui Knopfli são poetas cuja obra se debruça fundamentalmente
sobre a África, a "Mãe África" e o povo que vive e sofre as consequências do colonialismo. Por
muita desta poesia perpassa também a centelha da esperança da libertação. São estes autores que
contribuíram deum modo decisivo para a emergência da literatura da "moçambicanidade". Em
muitos destes poetas podemos detectar a alienação em que se encontram perante a sociedade
africana a que pertencem.

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Bibliografia

«Fonseca, Maria Nazaré Soares, e Moreira, Terezinha Taborda em "PANORAMA DAS


LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA"» (PDF). Consultado em 7 de
janeiro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 23 de novembro de 2015

TRIGO, Salvato. “Literatura Colonial - Literaturas Africanas”. Literaturas Africanas de


Língua Portuguesa – Colóquio sobre Literaturas dos Países Africanos de Língua Portuguesa,
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian (1987).

Oliveira, Ildenes Maria de (2013). O universo poético de Armando Artur, Tese de


mestrado, Estudos Românicos (Estudos Brasileiros e Africanos), Universidade de Lisboa,
Faculdade de Letras.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Mo%C3%A7ambique - cite_note-2

http://lusofonia.x10.mx/Mocambique.htm

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