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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – PR

Aline blaublau, brasileira, casada, blaublau,


inscrita no CPF n.° xxxxxxx, residente e domiciliada à Rua xxxxxxxxxxxxx,
xxx, CEP xxxxxxx, Curitiba/PR, vem, através de seus advogados infra-
assinados, com procuração anexa, vem a presença de Vossa Excelência, com
o devido respeito, com fulcro no art. 273 e 282 do CPC, propor a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS C/C CANCELAMENTO DE


CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TELEFÔNICOS

em face de VIVO S.A., pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 02.558.157/0518-24, com sede social
na Av. Higienópolis, 1365, CEP 86.015-010 Londrina/PR, pelas razões de
fato e de direito adiante declinadas:

Contra a CLARO S.A., pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua
Flórida, 1.970, CEP 04.565-001, Brooklin/Cidade Moções, em São Paulo/SP,
inscrita no CNPJ/MF sob o nº 40.432.544/0001-47 e com filial na Rua
Desembargador Motta, nº 1924, 12º, 13º, 14º e 15º andares, CEP 80.420-
190, Centro, em Curitiba/PR, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º
40.432.544/0224-69, pelas razões de fato e de direito que passo a expor.

I.1. DAS NOTIFICAÇÕES E INTIMAÇÕES

Requer, desde logo, que as notificações e intimações que não tenham


caráter personalíssimo, especialmente aquelas via Diário da Justiça,
sejam realizadas na pessoa do Dr. Daniel Zubreski Montenegro, OAB/PR
55.336 e assim, ante o pedido expresso, evitar futuras nulidades
processuais.
I.2. DA AUTENTICIDADE DAS CÓPIAS ANEXAS

Os procuradores abaixo assinados firmam como autênticas as cópias


acostadas à exordial nos termos da lei.

II. DOS FATOS

A demanda em questão trata-se, da Propaganda Enganosa, do Call Center


ineficiente, das alegações infundadas e errôneas, cobrança indevida e a
INTERRUPÇÃO da prestação do serviço de telefonia celular do Requerente
e de sua esposa, imotivada, pela Requerida.
Em julho de 2015, após ter recebido várias ofertas por telefone da
operadora NET para adesão do Combo Multi NET CLARO, decidiram, Requerente
e sua esposa, ir à loja CLARO no shopping Palladium verificar o melhor
pacote de serviço celular que pudesse, atende-los.
A vendedora Cintia Aparecida da Silva Panuci que os atendeu, comparando
as contas TIM e CLARO, ofereceu-lhes o plano: ONLINEMAX 3GB
+200M+SMS+LDNCOMBOMULTI_NET.

Veja-se que a reclamante nunca necessitou ou utilizou a segunda linha,


só realizando ligações da linha contratada.

Após um ano sofrendo cobranças abusivas, a reclamante, percebendo o que


vinha acontecendo, realizou diversos protocolos requerendo o
cancelamento da segunda linha.

De fato, foram ONZE protocolos desde o primeiro, realizado em 22/01/2014


– o extrato completo dos protocolos encontra-se em anexo. Em que pese
as incontáveis tentativas e toda a dor de cabeça envolvida, a reclamada
até o dia de hoje não realizou o cancelamento devido, e continua cobrando
R$ 33,80 indevidamente da reclamante.

A conduta da reclamada, além de gravíssima, causou danos materiais e


morais passíveis de reparação. É o que se passa a demonstrar.

III. DO DIREITO
III.1. DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E DA INVERSÃO
DO ÔNUS DA PROVA

A Aplicabilidade do CDC ao caso dos autos é cristalina, ante o comando


contido nos seus arts. 2ª e 3ª.

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou


utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas,
ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestação de serviços.

Portanto, insofismável a pertinência deste diploma legal ao caso


concreto. Ademais, como corolário de aplicabilidade do Código de Defesa
do Consumidor, deve ser invertido o ônus da prova, com fulcro no art.
6ª, VIII do CDC.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;

Destarte, deve a reclamada apresentar em juízo qualquer documentação


relevante para o deslinde do feito. Na mesma esteira, a ausência de
contrato escrito deve ser interpretada de forma favorável à consumidora.

III.2. DO CANCELAMENTO DAS COBRANÇAS

Antes de mais nada, ante à demonstração cabal do pedido de cancelamento


da segunda linha, conforme os protocolos informados no extrato em anexo,
deve ser determinado o cancelamento da linha (41)3018-8310, sem prejuízo
das reparações cabíveis.

IV. DO DIREITO AO ESTORNO – DANO MATERIAL

Em primeiro lugar, há que se destacar que a reclamante faz jus ao estorno


pelo serviço “contratado” mediante o que popularmente se denomina “venda
casada”. Veja-se o que dispõe o art. 39, I do CDC:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas:
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento
de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites
quantitativos;
(...)

No caso concreto, a reclamada condicionou a venda de uma linha


supostamente “promocional” à contratação de uma segunda linha também
supostamente “promocional”.

Em termos práticos, a reclamante contratou de forma indevida duas linhas


de R$ 33,80, acreditando estar obtendo uma “promoção”, ao passo que
estava sendo vítima de uma prática ilegal e abusiva de venda casada. De
forma bastante clara, a reclamada impôs um limite quantitativo – duas
linhas – para fornecer o serviço, sob alegação de que se tratava de uma
“promoção”.

Dito de outra forma, a reclamada aproveitou-se da pouca instrução da


reclamante para enriquecer ilicitamente.

As turmas recursais do Egrégio Tribunal de Justiça reconhecem a


ilegalidade da venda casada e a necessidade de haver a restituição dos
valores cobrados indevidamente. Por oportuno:

TJ-PR - Recursos Inominado RI 000726668201481601820


RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS POR
COBRANÇA INDEVIDA COM DEVOLUÇÃO DOS VALORES COBRADOS ILEGALMENTE.
COBRANÇA INDEVIDA DE VALORES RELATIVOS A GARANTIA ESTENDIDA E COMPRA
PROTEGIDA. VENDA CASADA. DANO MORAL QUE SE EVIDENCIA ANTE A REALIZAÇÃO
DA VENDA CASADA AO CONSUMIDOR. INTELIGÊNCIA DO ART. 39 , I , DO CDC .
QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. RECONHECIMENTO DO DEVER DE
RESTITUIÇÃO DO VALOR COBRADO. SENTENÇA REFORMADA. CONDENAÇÃO À
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. MULTA AFASTADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
(destacou-se)

Portanto, deve haver restituição dos valores desde a contratação do


serviço, referente à cobrança da segunda linha, de n° (41)3018-8310, que
foi fornecida mediante venda casada.

Sucessivamente, e apenas por hipótese, caso Vossa Excelência entenda que


esses valores não são passíveis de restituição, que seja determinada a
devolução desde o primeiro pedido de cancelamento da segunda linha,
ocorrido em 22/01/2014.

De fato, a restituição dos valores cobrados após o pedido de cancelamento


é questão que não comporta qualquer dúvida, eis que se amolda
perfeitamente à vedação consignada no art. 39, III do Código de Defesa
do Consumidor, que prescreve:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas:
(...)
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer
produto, ou fornecer qualquer serviço;
(omitiu-se)

Não pode a reclamada fornecer – e, por consequência lógica, muito menos


cobrar – um serviço não contratado, ou cancelado.
Inste-se que a restituição deve abranger todas as cobranças indevidas
já realizadas bem como as que eventualmente forem feitas no transcorrer
da lide, uma vez que, como relatado, a reclamada continua fazendo
cobranças indevidas, em que pese os requerimentos telefônicos de
cancelamento.

Outrossim, em se tratando de relação de consumo, aplicável o comando


legal constante do art. 42, parágrafo único do CDC, infratranscrito.

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será


exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento
ou ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à


repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.

Veja-se que a cobrança em dobro por serviço não contratado é matéria


pacificada, conforme Enunciado n° 1.8 das Turmas Recursais do E. TJ/PR.
Por oportuno.

Enunciado N.º 1.8– Cobrança de serviço não solicitado – dano moral -


devolução em dobro: A disponibilização e cobrança por serviços não
solicitados pelo usuário caracteriza prática abusiva, comportando
indenização por dano moral e, se tiver havido pagamento, restituição em
dobro, invertendo-se o ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do
CDC, visto que não se pode impor ao consumidor a prova de fato negativo.

Ou seja, a cobrança por serviço não solicitado gera não só dano moral,
bem como a devolução em dobro dos valores indevidamente cobrados.

No que tange ao valor, o serviço foi contratado em janeiro de 2013.


Multiplicando-se os 48 meses pela tarifa de R$ 33,80, apura-se um valor
de R$ 1.622,40 (mil seiscentos e vinte e dois reais e quarenta centavos),
o qual deve ser restituído em dobro.

Sucessivamente, caso Vossa Excelência entenda que a devolução só é devida


a partir do pedido de cancelamento – 22/01/2014 –, o valor a ser devolvido
é de R$ 1.216,80 (mil duzentos e dezesseis reais e oitenta centavos), o
qual deve ser restituído em dobro.
Finalmente, inste-se que a reclamante só possui as faturas a partir de
janeiro de 2014 – as quais encontra-se inclusas nesta peça vestibular.
Assim, deve a reclamada trazer aos autos todas as faturas anteriores a
janeiro de 2014.

V. DA INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL

Excelência, a prática abusiva e ilegal da reclamada causou diversos


prejuízos à reclamante, devendo haver reparação pelo abalo moral sofrido.
Com efeito, o dever de reparação civil encontra-se previsto no art. 927
do Código Civil de 2002, que assim dispõe:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Por sua vez, comete ato ilícito “aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral” (Art, 186 do C.C)

Depreende-se dos dispositivos legais de regência que, sempre que, por


ação ou omissão, alguém causar dano a outrem, dolosa ou culposamente,
exsurge o dever de reparação.

Por sua vez, nas relações consumeristas, o art. 14 do Código de Defesa


do Consumidor é claro e literal quando estabelece que o fornecedor
responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços. Por oportuno, veja-se:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
No caso concreto, não há dúvidas de que a venda casada e as cobranças
indevidas se amoldam ao conceito de falha na prestação de serviço
insculpido no art. 14 do CDC.

Ademais, o Superior Tribunal de Justiça já assentou que, comprovado o


ato/fato ensejador de dano, a indenização é cabível, não sendo necessária
a prova do dano moral em si. Por oportuno:
"Como assentado em precedente da Corte, não há falar em prova do dano
moral, mas, sim, na prova do fato que gerou a dor, o sofrimento,
sentimentos íntimos que o ensejam. Provado, assim, o fato, impõe-se a
condenação, sob pena de violação ao art. 334 do Código de Processo Civil"
(Superior Tribunal de Justiça, R Esp nº 145.297- SP, min. Carlos Alberto
Menezes Direito, DJU 14.12.1998).

De toda forma, a imposição de condenação por danos morais por cobranças


indevidas é questão já pacificada, nos termos do Enunciado n° 1.8
supratranscrito.

Finalmente, destaque-se que, muito embora a venda casada seja suficiente


para caracterizar o dano moral, no caso em comento, são anos de cobranças
indevidas após 11 pedidos de cancelamento do serviço. Assim, resta
somente a adequação do quantum indenizatório.
Da Multa
Ainda sim, o Requerente se viu diante da imposição irregular de duas
multas, que se supõem ser por quebra de contrato, ou cancelamento, ou
quebra de fidelidade (R$ 696,36 e R$230,82) já pagas. Tal suposição se
deve, ao fato do não ter recebido nenhum detalhamento das importâncias
impostas ou informações esclarecedoras, obrigação da operadora. Oportuno
destacar que não foi celebrado nenhum contrato, bem como nenhuma via
deste lhe foi entregue, sendo todas as tratativas verbais. E quando
questionada sobre as vias do contrato foi informados que não existe
contrato. E que assim sendo, o Requerente desconhece as penalidade ou
multa que possam lhe ser aplicado pelo descumprimento de contrato. E que
todas as multas impostas e demais cobranças são, portanto, ilegítimas e
abusivas. Consta no termo de adesão a importância de R$951,00 a ser
entendida como multa pela permanência do aparelho (fidelidade) pelo prazo
de 365 dias. Entretanto há que se considerar e abater o período em que
o Requerente ficou com o plano, e seguramente o valor cobrado devera ser
inferior. Além do que a solicitação da portabilidade solicitada pelo
Requerente é de exclusiva responsabilidade da requerida que interrompeu
a prestação de serviços telefônica sem nenhum motivo justificável.
Que além do prejuízo e perda de tempo para sanar um problema ocorrido
por culpa exclusiva da Requerida, teve ainda o Requerente que arcar com
multas indevidas e não justificadas. O que se pode concluir desta
situação caótica é o tamanho das dificuldades enfrentadas pela esposa
do Requerente, médica obstetra, no seu dia-a-dia, em situação corriqueira
de uma de suas pacientes entrarem em trabalho de parto e precisar avisar
a médica da EMERGÊNCIA, e não poder porque simplesmente o telefone
celular foi indevidamente cortado sem nenhum comunicado ou aviso prévio
que pudesse o Requerente e sua esposa em tempo pudessem tomar alguma
medida cabível no sentido que evitar o corte. Este é um dos problemas
enfrentado pela médica que sem o celular teve que se virar e resolver
de outra maneira. Pois não lhe foi avisado do corte do telefone e nem
teve tempo de poder avisar as suas pacientes. Sendo assim, não há dúvidas
que a Requerida agiu com manifesta negligência e falha na prestação dos
serviços de telefonia ao interromper os serviços, pago devidamente e sem
justificativa legal.

Segue abaixo as explicações e os protocolos:


Data: 01 mar. 2019
Ocorrência: Contato com CallCenter, opção Assistência Técnica;
Detalhamento Ocorrência: Solicitado serviço de reparo, pois o telefone
fixo estava mudo em razão das fortes chuvas que o telefone ficou mudo.
Observação: Não houve contato prévio à esta data solicitando atendimento

DATA/HORA OCORRÊNCIA PROTOCOLO DETALHAMENTO OCORRÊNCIA


Telefone
01/03/2019
fixo mudo
Solicitado serviço de
reparo, pois o telefone
fixo estava mudo em
Contato razão das fortes chuvas
Não houve
CallCenter que o telefone ficou
contato
NET – nº mudo.
01/03/2019 prévio à
10621, Atendente informa que já
21:11 esta data
opção havia pedido de
solicitando
Assistência verificação técnica já
atendimento
Técnica havia uma visita técnica
programada e que não
havia necessidade novo
agendamento.
Contato
CallCenter
07/03/2019 NET – nº
Ligação não passa das
20:30 10621,
opções de atendimento
opção
Assistência
Técnica
Contato
CallCenter
09/03/2019 NET – nº
Ligação não passa das
19:55 10621,
opções de atendimento
opção
Assistência
Técnica
Atendente informa
existir pedido de
alteração do pacote para
combo e suspensão dos
serviços de telefonia em
data de 29/02/2019.
Contato Não informou quem
CallCenter requisitou a suspensão.
NET – nº Não informou o tipo de
11/03/2019
10621, alteração.
20:29
opção Confirmou que o telefone
Assistência fixo seria religado em
Técnica 72h.
Confirmou que seria
cancelada a alteração do
pacote Combo.
Confirmou que nenhum
valor extra seria
cobrado.
Contato
CallCenter
NET – nº
Ligação não passa das
10621,
opções de atendimento
opção
Assistência
Técnica
Permanece telefone sem
funcionar.
Atendente informa que a
alteração foi feita por
alguém chamado Eduardo.
Contato Informa ainda que houve
CallCenter pedido de 02 chips de
NET – nº celulares para conta
15/03/2019
10621, pós-paga e que a fatura
17:55
opção destes dois celulares
Assistência deveria ser cobrada na
Técnica conta do net fone.
Informou que qualquer
pessoa de posse dos
dados pessoais do
assinante pode fazer
requisições.
Contato
CallCenter
16/03/2019 NET – nº Ligação não passa das
15:11 10621,
opções de atendimento
opção
Assistência
Técnica
Frente a esse impasse na regularização dos telefones celulares, e a
insistência em manter os telefones cortados e sem explicações pela
operadora de telefonia CLARO, o requerente não teve alternativa, a não
ser, em pedir o retorno da portabilidade em 16 de Outubro de 2015 para
a operadora TIM.

VI. DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

O dano moral, ao contrário do material, comporta um juízo subjetivo e


valorativo capaz de determinar a sua extensão. Deve-se sopesar, por um
lado, o desvalor do ato ofensor e, por outro, a gravidade da lesão
ensejada.

No caso em apreço, sendo certa a condenação da reclamada, cumpre apenas


estabelecer o quantum reparatório.

A primeira circunstância a ser destacada é o ingente poderio econômico


da reclamada, devendo a condenação refletir essa condição, sob pena de
perder-se o caráter pedagógico e inibidor da punição.

Devem ainda ser sopesadas, na fixação do quantum indenizatório, todas


as circunstâncias relatadas supra, bem como todo o desconforto e prejuízo
sofridos pela reclamante. Neste diapasão, há que se ressaltar que a
reclamante vem buscando resolver

amigavelmente a controvérsia desde 22/01/2014!!! Desde então foram ONZE


tentativas de cancelar o serviço por telefone.

Com efeito, é uma situação bizarra que foge completamente da normalidade.


O descaso da reclamada é sem paralelos. Veja-se o quantum condenatório
que as decisões infratranscritas, todas recentes, para casos de cobrança
indevida.

TELEFONIA. COBRANÇA INDEVIDA. A RECLAMANTE ALEGA QUE POSSUI CONTRATO DE


PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE TELEFONIA COM A RECLAMADA; QUE NA FATURA
REFERENTE AO MÊS DE SETEMBRO/2012 OBSERVOU UMA COBRANÇA A TÍTULO DE
?ARREC. TERC DOAC LBV ? ATEND AO COLAB? NO VALOR DE R$ 5,00. ADUZ QUE
ENTROU EM CONTATO COM A RECLAMADA POR MEIO DO CALL CENTER E FOI INFORMADA
QUE TAL COBRANÇA REFERIA-SE A DOAÇÃO À LBV ? LEGIÃO DA BOA VONTADE, QUE
AO SOLICITAR O CANCELAMENTO FOI INFORMADA PELA ATENDENTE QUE DEVERIA
CONTATAR A LDB PARA PROMOVER TAL CANCELAMENTO; QUE TENTOU POR INÚMERAS
VEZES O CANCELAMENTO DESTA COBRANÇA QUE JAMAIS AUTORIZOU, MAS NÃO OBTEVE
ÊXITO; QUE EM ABRIL/2013 RECEBEU NOVA COBRANÇA SOB A MESMA DENOMINAÇÃO;
PUGNA PELA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA E PELA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS
E MORAIS. CONCEDIDA A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA PARA DETERMINAR A SUSPENSÃO
DA COBRANÇA DESCRITA NA INICIAL, NO PRAZO DE CINCO DIAS, SOB PENA DE
MULTA DE R$ 50,00 POR COBRANÇA, LIMITADA A R$ 4.000,00. SOBREVEIO
SENTENÇA PROCEDENTE QUE CONFIRMOU A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA, DECLARANDO A
NULIDADE DAS COBRANÇAS DESCRITAS NA INICIAL, BEM COMO CONDENOU A
RECLAMADA A PAGAR EM FAVOR DA RECLAMANTE, DE FORMA DOBRADA O VALOR
EFETIVAMENTE PAGO A TÍTULO DE ?ARREC. TERC DOAC LBV ? ATEND AO COLAB? E
AO PAGAMENTO DE R$ 8.000,00 A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
(...)
EVIDENTE DECEPÇÃO DO CONSUMIDOR QUE PACTUA COM RENOMADA EMPRESA DE
TELEFONIA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NÃO REGULARMENTE PACTUADO. PRINCÍPIOS
DA BOA-FÉ E CONFIANÇA DESRESPEITADOS PELA COMPANHIA. COBRANÇA ERRÔNEA
QUE PROVOCA NO CONSUMIDOR DESGASTE DESNECESSÁRIO, JUSTAMENTE PORQUE
ESPERA DA OPERADORA A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS CONFORME DIVULGADOS EM
SUAS

CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS. A FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS ACARRETA O


DEVER DE INDENIZAR, POR SE TRATAR DE UMA RELAÇÃO DE CONSUMO.
(...)
(TJPR - 1ª Turma Recursal - 0004556-08.2014.8.16.0075/0 - Cornélio
Procópio - Rel.: Fernando Swain Ganem - J. 09.04.2015)
(destacou-se)

DEMANDA DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE COBRANÇAS INDEVIDAS C/C DANOS


MORAIS. COBRANÇA DE TARIFA MAXICONTA SEM ANUÊNCIA DO CONSUMIDOR.
DESRESPEITO DOS PRINCÍPIOS DA BOA FÉ OBJETIVA, DA TRANSPARÊNCIA E DA
INFORMAÇÃO. VIOLAÇÃO ARIGOS 6º, III, e 14 do CDC - FALHA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS. DEVOLUÇÃO EM DOBRO DOS VALORES DESCONTADOS. DANO MORAL
CONFIGURADO R$6.000,00. AUSENTE RECURSO DA PARTE AUTORA. IMPOSSIBILIDADE
DE MINORAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA.
Recurso conhecido e improvido (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0002336-
13.2014.8.16.0083/0 - Francisco Beltrão - Rel.: Marco Vinícius Schiebel
- - J. 14.09.2015)
(destacou-se)

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C DANOS


MATERIAIS E MORAIS. DÉBITO EM CONTA CORRENTE DE MENSALIDADE DE SEGURO
NÃO CONTRATADO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CADEIA DE FORNECEDORES.
ART.18 DO CDC. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO
EM DOBRO. ART.42
§ÚNICO DO CDC. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO EM
R$ 7.000,00 EM ATENDIMENTO AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE, BEM COMO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS DESTA TURMA RECURSAL.
SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. APLICAÇÃO DO ART. 46
DA LEI 9.099/95. RECURSO NÃO PROVIDO.
Precedente: 0004651-67.2014.8.16.0033/0. (TJPR - 2ª Turma Recursal -
0000886-72.2013.8.16.0082/0 - Formosa do Oeste - Rel.: James Hamilton
de Oliveira Macedo - - J. 14.12.2015)
(destacou-se)

Procópio - Rel.: Fernando Swain Ganem - J. 09.04.2015)


RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS C/C
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. SUPOSTA COMPRA DE SERVIÇO DENOMINADO “OS PLUS 1
MONTH MEMBERSHIP”. ASSINATURA INICIALMENTE GRATUITA. RENOVAÇÃO
AUTOMÁTICA. COBRANÇA INDEVIDA. PRÁTICA ABUSIVA. DANO MORAL

CONFIGURADO. QUANTUM MAJORADO. SENTENÇA


PARCIALMENTE REFORMADA. Recurso conhecido e provido. 1.No que tange ao
quantum indenizatório, tem-se que na sua fixação, está consolidado, tanto
na doutrina como na jurisprudência pátria, que se deve ter o cuidado de
não proporcionar, por um lado, um valor que para o Autor se torne
inexpressivo e, por outro, que seja causa de enriquecimento injusto,
nunca se olvidando que a indenização do dano imaterial tem efeito
sancionatório ao causador do dano e compensatório à vítima. É de se
considerar também a condição financeira das partes e a função social da
responsabilidade civil, a qual nada mais é do que evitar que novos danos
sejam causados por este mesmo fato. Nesta linha de raciocínio, entendo
que o valor dos danos morais fixados em R$ 1.000,00 (mil reais) não
atenta para os critérios acima mencionados, devendo ser majorado para
R$ 6.000,00 (seis mil reais), em atenção às peculiaridades do caso
concreto e precedentes desta Turma Recursal. Valor que deverá ser
corrigido pela média do INPC e IGPDI a partir desta decisão e acrescidos
de juros moratórios de 1% ao mês a partir da citação.
(destacou-se)

Note-se que há decisões de R$ 6.000,00, R$ 7.000,00 e R$ 8.000,00.


Contudo, o caso dos autos é nitidamente mais grave. Ora, além da
reclamada ter se aproveitado da situação de grande simplicidade da
reclamante, há que se destacar que foram ONZE tentativas de cancelar o
serviço por telefone, a primeira delas em 22/01/2014!!! Foram quase R$
2.000,00 (dois mil reais) em cobranças indevidas.

Ou seja, com base na jurisprudência das E. Turmas Recursais do Paraná,


e com base nas agravantes do caso concreto, requer-se a condenação por
danos morais de R$ 12.000,00 (doze mil reais).

VII. DA TUTELA ANTECIPADA

O Código de Processo Civil prevê, em seu art. 300, o instituto da tutela


de urgência. Por oportuno:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.

No caso concreto, há elementos suficientes nos autos que evidenciam a


probabilidade do direito da reclamante. Com efeito, demonstrou-se que a
reclamante já fez diversos pedidos administrativos para cancelamento da
segunda linha.
Em relação ao periculum in mora, inste-se que as cobranças persistem,
em que pesem os pedidos de cancelamento realizados. Ou seja, é mais do
que razoável supor que as cobranças persistirão, a menos que haja
intervenção judicial.

Assim, requer-se seja concedida a antecipação dos efeitos da tutela para


determinar o imediato cancelamento da linha (41)3018-8310 e a cessação
das cobranças mensais, sob pena de multa a ser fixada por Vossa
Excelência.

VIII. DO REQUERIMENTO

Ex Positis, requer-se:

1. Seja concedida antecipação de tutela, inaudita altera pars,


determinando o cancelamento da linha (41)3018-8310 e, ato contínuo, as
consequentes cobranças, sob pena de multa diária a ser fixada por Vossa
Excelência;
2. A inversão do ônus probatório, por ser aplicável o CDC ao caso,
determinando-se, inclusive, que a reclamada traga aos autos todas as
faturas anteriores a janeiro de 2014;
3. A citação da reclamada para, querendo, apresentar resposta, sob
pena

de revelia;

4. Seja julgada procedente a ação, a fim de:


a) confirmando-se a antecipação de tutela, determinar o cancelamento
da

linha (41)3018-8310;
b) condenar a reclamada ao pagamento de indenização por danos morais
no valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais), contados desde a ocorrência
do evento danoso; sucessivamente da data da citação, tudo nos termos da
fundamentação;
c) condenar a reclamada a restituir, a título de dano material, o
valor de R$ 1.622,40 (mil seiscentos e vinte e dois reais e quarenta
centavos), em dobro, com juros e correção monetária, nos termos do art.
42 do CDC; sucessivamente, o valor de R$ 1.216,80 (mil duzentos e
dezesseis reais e oitenta centavos), também em dobro com juros e correção
monetária, conforme a fundamentação.

Pugna-se pela produção de todos os meios de prova admitidos em


direito.

Dá-se à presente causa, para efeitos de alçada, o valor de R$ 13.622,40


(treze mil seiscentos e vinte e dois reais e quarenta centavos).

Nestes Termos, Pedem Deferimento.


Curitiba, 06 de dezembro de 2016.

DANIEL ZUBRESKI MONTENEGRO OAB/PR 55.336


AO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE

Nome completo do autor, casada, ocupação profissional,


profissão, inscrito no CPF sob nº , residente e domiciliada
na rua xxxx, bairro xxxx, município xxxx, estado xxxx, CEP,
vem à presença de Vossa Excelência, por meio do seu Advogado,
infra assinado, propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO


DE INDÉBITO E DANOS MORAIS

em face de xxxxx, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob nº , e-mail, do representante, da
empresa ré, estabelecida à rua xxx, bairro, xxx, município
xxx, estado xxx, CEP xxxx.

I. LEGITIMIDADE DAS PARTES


1. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio,
salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. Parágrafo
único. Havendo substituição processual, o substituído
poderá intervir como assistente litisconsorcial. (Art. 18 do
CPC):
Art. 18 do CPC: Ninguém poderá pleitear
direito alheio em nome próprio, salvo quando
autorizado pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo substituição
processual, o substituído poderá intervir
como assistente litisconsorcial. Informe
nome completo, de acordo com documento de
identidade.

II. DOS FATOS


2. Em xxx o Autor foi surpreendido com a cobrança de R$
xxxx pela empresa Ré.
3. Ao tentar obter informações sobre a origem de tais
valores, o Autor verificou que se tratava de "Quais são
os motivos que @reu alega para realizar as cobranças.
4. Ocorre que o nunca teve qualquer relação contratação
junto ao estabelecimento Réu.
5. Na tentativa de solucionar o problema, o Autor fez
diversas ligações para a Requerida sem que obtivesse qualquer
êxito, conforme "Quais são as provas que confirmam o
contato com @reu com o objetivo de solucionar o problema?"
em anexo.

6. Não bastassem os descontos infundados, o Autor foi


inscrito indevidamente em cadastro de inadimplentes,
conforme extrato em anexo.

7. Em razão desta falsa dívida, foi determinada a busca e


apreensão do(a) "Qual bem foi objeto da busca e apreensão?
, gerando grave e inequívoco constrangimento do Autor .
8. Não bastasse a cobrança indevida, a Autora passou a
sofrer inúmeros constrangimentos, sendo cobrada no trabalho,
nos domingos pela manhã, em pleno horário de descanso e por
meio de seus familiares, conforme "Quais são as provas
que confirmam a cobrança excessiva d@reu com @vc?"
"indicar provas", que junta em anexo.

9. Inconformado com o constrangimento infundado, o Autor


busca a imediata repetição dos valores indevidamente
descontados, bem como a composição do dano moral sofrido por
abalo de crédito e desvio produtivo.

III. INTERESSE DE AGIR

10. O interesse de agir deve ficar demonstrado e geralmente


vem amparado pela pretensão resistida e utilidade da ação,
ou seja, antes da ação o Autor tentou resolver o impasse e
o deferimento do pedido traz efetivamente uma solução ao
problema. Esta prova é importante para demonstrar o interesse
de agir do Autor.

IV. DO DIREITO
11. Conforme narrado, trata-se de cobrança indevida,
realizada pela Empresa Ré que não tomou qualquer precaução
no controle de seus registros, permitindo a inclusão de
dívidas inexistentes em nome do Autor.
12. Portanto, configurada a falha no serviço, nasce o dever
de indenizar, que no presente caso é consubstanciado nos
valores indevidamente pagos, cumulado com as despesas com
Advogados e "Quais foram as outras despesas que @vc teve,
além do advogado, por causa das cobranças indevidas?"
13. "Indique quais despesas os débitos indevidos causaram
a @vc.", conforme preconiza os Art. 186 e 187 do Código
Civil:
14. Afinal, trata-se de proteção expressamente prevista no
Código de defesa do Consumidor, que dentre as normas
previstas, dispõe:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

(...)

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva,


métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de
produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam


prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais


e morais, individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com


vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
proteção Jurídica, administrativa e técnica aos
necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive


com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação
ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências;

IX -(...)
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em
geral.

Tratando-se portanto, de ato ilícito, tem-se por necessária


a defesa estatal do consumidor hipossuficiente, com o
reconhecimento da abusividade, ilicitude e o dever de
indenizar.

CONTA CONJUNTA - DA INDEVIDA CONSTRIÇÃO SOBRE A CONTA DO


AUTOR

15. Conforme relatado, a pretensa dívida existente é apenas


em nome de "" "indicar nome do detentor da dívida",
dívida que tem motivado os descontos em conta conjunta do
Autor.
16. Ocorre que, conforme entendimento consolidado pelo STJ,
“em se tratando de conta corrente conjunta solidá
ria, na
ausência de comprovaçã
o dos valores que integram o
patrimônio de cada um, presume-se a divisã
o do saldo em
partes iguais, de forma que os atos praticados por quaisquer
dos titulares em suas relaçõ
es com terceiros nã
o afetam os
demais correntistas”. (REsp 1.510.310-RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, por unanimidade, julgado em 03/10/2017, DJe
13/10/2017.)
17. Portanto, o desconto em valore que atinge patamar de
50% do saldo da conta é manifestamente irregular, pois
ultrapassa o percentual de 50% pertencente a cada um:

BLOQUEIO DA INTEGRALIDADE DO VALOR DEPOSITADO EM CONTA


CONJUNTA. IMPOSSIBILIDADE. CORRENTISTAS QUE SÃO CONSIDERADOS
SOLIDARIOS SOMENTE PERANTE A INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. LIMITAÇÃO
DA CONSTRIÇÃO JUDICIAL A 50% DO VALOR EXISTENTE NA CONTA.
PRECEDENTES DO STJ E DESTA CORTE ESTADUAL. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA. REDISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS
SUCUMBENCIAIS.

1. Em se tratando de conta-corrente conjunta solidária, na


ausência de comprovação dos valores que integram o patrimônio
de cada um, presume-se a divisão do saldo em partes iguais,
de forma que os atos praticados por quaisquer dos titulares
em suas relações com terceiros não afetam os Apelação Cível
nº 0011355-91.2011.8.16.0004 (wi) demais correntistas (REsp
1.510.310-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade,
julgado em 03/10/2017, DJe 13/10/2017).

2. Ainda que o patrimônio da conta conjunta se confunda entre


seus titulares é importante proteger o terceiro de boa-fé
que não assumiu qualquer dívida, ou sequer é parte na ação
executiva. Isso porque, em se tratando de conta conjunta, a
solidariedade ativa e passiva quanto a créditos e débitos
somente existe em relação a instituição financeira
mantenedora da conta, mas não em relação a terceiros.

(...).

RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR


- 3ª C.Cível - 0011355-91.2011.8.16.0004 - Curitiba - Rel.:
José Laurindo de Souza Netto - J. 31.07.2018)<br>

PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. EMBARGOS DE TERCEIRO. EXECUÇÃO


FISCAL. MEAÇÃO DO CÔNJUGE. CONTA CONJUNTA. PENHORA.
IMPOSSIBILIDADE. VERBA HONORÁRIA. CAUSALIDADE. RECURSO DE
APELAÇÃO DA UNIÃO FEDERAL E REEXAME NECESSÁRIO IMPROVIDOS.
RECURSO ADESIVO DA EMBARGANTE PROVIDO.

(...)
- Na hipótese de vir a ser penhorado bem de propriedade comum
de cônjuges casados no regime de comunhão universal de bens,
é resguardado ao que não figura no processo de execução em
que foi determinada a penhora, a respectiva meação.

- Na hipótese de vir a ser penhorado bem de propriedade comum


de cônjuges casados no regime de comunhão universal de bens,
é resguardado ao que não figura no processo de execução em
que foi determinada a penhora, a respectiva meação.

- (...) A embargante comprovou ser Co titular da conta


corrente conforme extrato consolidado emitido pela
instituição financeira (fl. 20) o que, embora não permita a
liberação do total dos valores bloqueados, lastreia a
argumentação do uso efetivo da conta corrente para fins
pessoais da autora, gerando a presunção iuris tantum de que,
na ausência de prova em contrário, metade dos valores
constritos lhe pertence em razão da copropriedade, sendo de
rigor a sua liberação.

-(...).

- Desnecessária a comprovação da origem dos valores


constritos, sendo também descabido falar-se em solidariedade
dos cotitulares relativamente à obrigação contraída pelo
correntista executado uma vez que esta não se presume;
resulta da lei ou da vontade das partes (art. 265 do CC).

- (...).

- Na espécie, os embargos de terceiro foram julgados


procedentes, para determinar o desbloqueio de 50% (cinquenta
por cento) do valor bloqueado eletronicamente na conta
investimento junto ao Banco (...).
- Haja vista o caráter contencioso dos embargos de terceiro
é devida a condenação da União Federal ao pagamento de
honorários advocatícios ao patrono da embargante, à medida
em que esta, tendo tido penhorados indevidamente valor
constantes de conta conjunta, viu-se compelida a constituir
procurador nos autos a fim de apresentar defesa.

- (...). Recurso Adesivo provido. (TRF 3ª Região, QUARTA


TURMA, ApReeNec - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA - 1702243 -
0003902-42.2010.4.03.6126, Rel. DESEMBARGADORA FEDERAL
MÔNICA NOBRE, julgado em 21/02/2018, e-DJF3 Judicial 1
DATA:19/03/2018 )

18. Portanto, os descontos acima de 50% do valor da conta


devem ser devolvidos, por manifestamente ilícita a cobrança
e restrição de patrimônio daquele que não figura como
responsável pela dívida.
19. Ademais, insta consignar que trata-se de execução de
dívida oriunda de "" "indicar origem da dívida", ou
seja, a dívida não foi contraída para o benefício do casal,
não havendo qualquer prova de que referido débito tenha sido
proveitoso à unidade familiar. Dessa forma, qualquer
cobrança pode recair exclusivamente sobre a parcela de
patrimônio do detentor da dívida, conforme precedentes sobre
o tema:

PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.


MEAÇÃO DO CÔNJUGE. BEM INDIVISÍVEL. PENHORA. IMPOSSIBILIDADE
DE HASTA PÚBLICA DA FRAÇÃO IDEAL DA PARTE EXECUTADA. PROTEÇÃO
AO DIREITO DE PROPRIEDADE. ART. 5º, CAPUT E XXII, DA CF.
RECURSO IMPROVIDO.

- O art. 1.046 do CPC/1973 (art. 674 do CPC/2015) autoriza


ao proprietário ou ao possuidor a defesa de seu patrimônio
objeto de penhora por meio dos embargos de terceiro, haja
vista que somente o patrimônio do executado responde perante
o Juízo da Execução.

- Na hipótese de vir a ser penhorado bem de propriedade comum


de cônjuges casados no regime de comunhão universal de bens,
é resguardado ao que não figura no processo de execução em
que foi determinada a penhora, a respectiva meação.

- (...) Portanto, a meação em tela somente responde pelos


débitos executados caso o credor comprove, efetivamente, que
os valores cobrados foram revertidos em benefício do
executado e/ou cônjuge, o que não ocorreu na espécie (Súmula
251 do C. STJ: "a meação só responde pelo ato ilícito quando
o credor, na execução fiscal, provar que o enriquecimento
dele resultante aproveitou ao casal").

- Considerada a proteção constitucional ao direito de


propriedade, não há que se falar na alienação do bem
indivisível em hasta pública com posterior entrega do valor
correspondente à meação ao embargante.

- Apelação improvida. (TRF 3ª Região, QUARTA TURMA, Ap -


APELAÇÃO CÍVEL - 1744300 - 0016801-25.2012.4.03.9999, Rel.
DESEMBARGADORA FEDERAL MÔNICA NOBRE, julgado em 21/02/2018,
e-DJF3 Judicial 1 DATA:19/03/2018 )

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. EXECUÇÃO


DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. MEAÇÃO.
SÚMULA 251 DO STJ.

1. A Súmula 251 do STJ estabelece que a meação só responde


pelo ato ilícito quando o credor, na execução fiscal, provar
que o enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal.
2. Hipótese em que a rejeição liminar de embargos de terceiro
estabelece cerceamento de defesa, exigindo no mínimo
instrução processual para definir se a dívida aproveitou e
beneficiou a família.

3. A reserva da meação é assegurada ante a ausência de


comprovação de que o proveito econômico obtido tivesse
revertido em favor do casal.

4. Sentença desconstituída, para retorno à origem e


processamento dos embargos de terceiro, ficando suspensa a
execução e preservada a meação até julgamento final dos
embargos de terceiro.

DERAM PROVIMENTO AO APELO PARA DESCONSTITUIR A SENTENÇA.


(TJRS, Apelação 70075524991, Relator(a): Alex Gonzalez
Custodio, Primeira Câmara Especial Cível, Julgado em:
28/11/2017, Publicado em: 30/11/2017)

20. Portanto, diante da demonstração da indevida constrição


na conta conjunta do casal, requer o acolhimento da presente
ação para considerar nulos os descontos da conta com a
repetição de indébito.

"inexistencia-de-contrato-com-o-reu" "Inexistência de
contrato com o Réu"

DA AUSÊNCIA DE VÍNCULO CONTRATUAL

</h2>

21. Conforme narrado, o débito cobrado trata-se de relação


jurídica inexistente, uma vez que não houve serviço
contratado junto à empresa Ré. Nessa toada, a
responsabilidade do réu é objetiva, ou seja,
independentemente da existência de culpa, motivo pelo qual
deverá responder pelos danos causados ao autor.
DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO

22. Trata-se de cobrança irregular, indevidamente paga pelo


Consumidor, sendo-lhe negado o reembolso mesmo após
reiteradas solicitações, evidenciando a existência de Má Fé.
O total descaso em solucionar o "equívoco" cometido deve ser
suficiente para a repetição indébito dos valores
indevidamente cobrados, nos termos do parágrafo único do
artigo 42 da Lei 8078/90:

Art. 42.

(...)

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida


tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro
do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e
juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

O pedido de repetição de indébito exige prova de má fé do


fornecedor. Simples cobrança indevida não evidencia o
direito à repetição em dobro:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA


DE DÉBITO C/C REPETIÇAO DE INDÉBITO (...) - RESTITUIÇÃO DE
INDÉBITO EM DOBRO - MÁ-FÉ DO CREDOR - NÃO COMPROVAÇÃO. -
(...) A repetição em dobro do indébito, sanção prevista no
art. 42, parágrafo único, do CDC, pressupõe tanto a
existência de pagamento indevido quanto a má-fé do credor.
(TJ-MG - AC: 10194150039544001 MG, Relator: Pedro Aleixo,
Data de Julgamento: 14/03/2018, Data de Publicação:
23/03/2018)
Ausente má fé, cobrar apenas a restituição simples para
evitar sucumbência recíproca. A doutrina, ao lecionar sobre
o dever da devolução em dobro dos valores pagos, destaca:

"É de perceber que não se exige na norma em destaque, a


existência de culpa do fornecedor pelo equívoco da cobrança.
Trata-se, pois, de espécie de imputação objetiva, pela qual
o fornecedor responde independente de ter agido ou não com
culpa ou dolo. Em última análise, terá seu fundamento na
responsabilidade pelos riscos do negócio, no qual se inclui
a eventualidade de cobrança de quantias incorretas e
indevidas do consumidor., Bruno. Curso de Direito do
Consumidor - Ed. RT 2016. Versão e-book, 3.2.2 A cobrança
indevida de dívida)

A má fé do Réu fica caracterizada diante da

A jurisprudência entende ser devida a repetição de indébito


somente quando demonstrada a má fé do fornecedor. Simples
cobrança indevida não gera repetição de indébito. "indicar
conduta que caracteriza má fé."

Exigir do Autor prova da má fé mais evidente do que esta, é


exigir prova impossível, criando-se um requisito não
previsto em lei, permitindo que grandes instituições lesem
um número expressivo de consumidores com a certeza de que
apenas alguns poucos buscariam efetivar seus direito
judicialmente. A empresa ré agiu de forma negligente e
imprudente ao dispor no mercado um serviço falho que pudesse
causar o presente constrangimento ao consumidor. Nesse
sentido, é esclarecedora a redação jurisprudencial acerca da
repetição de indébito de valores cobrados indevidamente:

"Não obstante, o Superior Tribunal de Justiça, nos Recursos


Especiais 1517478/RS e 1523754/RS, (...), tenha pacificado
o entendimento sobre a aplicação do art. 42 do CDC, em
relação à cobranças não contratadas; no que tange ao dano
moral, em meu entender, de maneira equivocada, exarou
posicionamento de que a indevida contratação constituiu-se
em mera falha na prestação de serviço, um mero dissabor, não
ensejando o dano moral presumido. Por óbvio que em aplicação
a normas comezinhas de hermenêutica jurídica não se pode
solucionar o presente caso, considerando-o mera falha na
prestação de serviço tão-somente com a exclusiva aplicação
do instituto da repetitio indebit, previsto no parágrafo
único do art. 42 da Lei 8078/90. Para Carlos Maximiliano ,
“a hermenêutica jurídica tem por objeto o estudo e a
sistematização dos[1] processos aplicáveis para determinar
o sentido e o alcance da norma. ” (...). Em análise
sistemática do disposto no art. 42 do CDC, verificamos de
imediato que no caput o legislador refere-se ao consumidor
inadimplente, reportando-se à dívidas existentes e que foram
pagas em excesso (portanto, que ultrapassaram o devido),
senão vejamos, in verbis: Na cobrança de débitos, não será
exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de o
consumidor inadimplente constrangimento ou ameaça. Desta
forma o consumidor cobrado em tem direito à repetição do
indébito, quantia indevida por , acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipótese de engano valor
igual ao dobro do que pagou em excesso justificável. (Grifei)
Interpretação em sentido contrário, de que a singela
aplicação da condenação em dobro pela cobrança de dívidas
que não foram contratadas pelo consumidor repararia o dano
sofrido, fomentaria ain totum continuidade da abusividade
por parte dos fornecedores de serviço de telefonia, posto
que o critério custo/benefício (de meter a mão no bolso do
consumidor sem o seu consentimento) seria justificado em
relação às outras centenas de milhares de dívidas
inexistentes (decorrentes de serviços não contratados) que
continuam e continuarão a serem cobradas de outros
consumidores desavisados, em especial, daqueles que não tem
por hábito conferir, ou ainda, daqueles que conferem, porém
não entendem os lançamentos de débitos em suas faturas
telefônicas. Diante deste cenário, estas Turmas Recursais
firmaram entendimento quanto a abusividade dos descontos de
serviços não contratados, que resultou no Enunciado 1.8, que
dispõe: Cobrança de serviço não solicitado - dano moral -
devolução em dobro: A disponibilização e cobrança por
serviços não solicitados pelo usuário caracteriza prática
abusiva, comportando indenização por dano moral e, se tiver
havido pagamento, restituição em dobro, invertendo-se o ônus
da prova, nos termos do art. 6°, VIII, do CDC, visto que não
se pode impor ao consumidor a prova de fato negativo.

(...)

Os danos advindos destas práticas são vários e fomentam a


prática abusiva, em face do critério custo/benefício
amparado pela banalização dos direitos do consumidor, (...).

Diante desta situação, parece claro que a simples reparação


do dano não se mostra suficiente (como não tem se mostrado),
para dissuadir o ofensor da reiteração da conduta danosa,
há, a título de exemplo, o caso em que o custo da indenização
é inferior ao custo de evita-la ou, por outro lado, quando
o proveito obtido com o ato danoso supera o prejuízo
resultante da reparação do dano. Não são raras as vezes que
algumas empresas, visando tão somente o lucro, não hesitam
em desconsiderar contratos e/ou normas legais, certas de que
a sanção reparatória por ventura imposta configura um
montante mais que satisfatório pela possibilidade de obter
unilateralmente um bem que deveria depender do consentimento
de outrem, desrespeitando, assim, a liberdade contratual.
Diante de tal sanção desestimuladora, tem-se, por
consequência, o caráter preventivo, em virtude de que o
ofensor, responsabilizado e obrigado a pagar o valor, irá
procurar, logicamente, evitar futuros pagamentos dessa
natureza, da mesma forma que terceiros terão como exemplo
tal fato."(TJPR - 0013282-27.2015.8.16.0045 - Arapongas -
Rel.: Siderlei Ostrufka Cordeiro. J. 10.02.2017)

Tal prática demonstra a conduta leviana da empresa Ré,


configurando a má fé pela simples ocorrência da prática
abusiva, sendo devida a repetição de indébito.

"Contrato Bancário"

No presente caso, tratando-se de falha com Instituição


Bancária, a repetição de indébito independe da prova do erro,
conforme sumulado pelo STJ:

Súmula 322 STJ: “Para a repetição de indébito, nos contratos


de abertura de crédito em conta corrente, não se exige a
prova do erro”.

Portanto, inequívoca a responsabilidade e dever do réu no


pagamento em dobro dos valores indevidamente descontados
conforme memória de cálculo que junta em anexo.

DO ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

norma que rege a proteção dos direitos do consumidor, define,


de forma cristalina, que o consumidor de produtos e serviços
deve ser abrigado das condutas abusivas de todo e qualquer
fornecedor, nos termos do art 3º do referido Código.

No presente caso, tem-se de forma nítida a relação


consumerista caracterizada, conforme redação do Código de
defesa do Consumidor: Lei. 8.078/90 –

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública


ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que


adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final.

Assim, uma vez reconhecido o Autor como destinatário final


dos serviços contratados, e demonstrada sua hipossuficiência
técnica, tem-se configurada uma relação de consumo, conforme
entendimento doutrinário sobre o tema:

"Sustentamos, todavia, que o conceito de consumidor deve ser


interpretado a partir de dois elementos: a) a aplicação do
princípio da vulnerabilidade e b) a destinação econômica não
profissional do produto ou do serviço.

Ou seja, em linha de princípio e tendo em vista a teleologia


da legislação protetiva deve-se identificar o consumidor
como o destinatário final fático e econômico do produto ou
serviço." (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor.
6 ed. Editora RT, 2016. Versão ebook. pg. 16)

Trata-se de conceito inequívoco, consolidado nos Tribunais:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR –


DESTINATÁRIO FINAL – VULNERABILIDADE – FACILITAÇÃO DA PROVA
– FORO DE ELEIÇÃO REPELIDO. –

Código de Defesa do Consumidor: plena subsunção das partes


à qualificação trazida pelos artigos 2º e 3º, da Lei 8.078,
de 1990;
- A cláusula que impõe foro diverso constitui cláusula
abusiva, nula de pleno direito (art. 51, XV, do Código de
Defesa do Consumidor), iterativa jurisprudência – decisão
que reconhece de ofício incompetência absoluta do Juízo do
Foro de Eleição deve ser mantida; RECURSO IMPROVIDO. (TJ-SP
- AI: 22487652820168260000 SP 2248765-28.2016.8.26.0000,
Relator: Maria Lúcia Pizzotti, Data de Julgamento:
17/05/2017, 30ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 24/05/2017)

O fato de tratar-se de PESSOA JURÍDICA não retira o per se


a qualidade de consumidor, uma vez que enquadrada como
destinatária final dos serviços prestados pela Ré,
apresentando-se, na relação jurídica estabelecida, condição
de hipossuficiência técnica. A VULNERABILIDADE se
caracteriza na medida em que, mesmo sendo pessoa jurídica,
não dispõe de condições técnicas para fazer oposição aos
argumentos da parte contrária quanto às impropriedades do
produto comprometedores de seu desempenho. Afinal o produto
adquirido não faz parte da cadeia de produção do objeto da
empresa Autora, tratando-se de verdadeira DESTINATÁRIA FINAL
do produto, conforme pacificado na jurisprudência
específica:

APELAÇÃO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAL.


CONSUMIDOR. COMPRA E VENDA DE PRODUTO REALIZADA PELA
INTERNET. PESSOA JURÍDICA DESTINATÁRIA FINAL DO PRODUTO.
RELAÇÃO DE CONSUMO RECONHECIDA. PRINCÍPIO DA
VULNERABILIDADE. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
(CDC). POSSIBILIDADE. POSIÇÃO PERFILHADA PELO C. SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ). ARREPENDIMENTO DO CONTRATO PELA
CONSUMIDORA NO PRAZO DO ART. 49 DO CDC. DIREITO DE
ARREPENDIMENTO ABSOLUTO. RECURSO NESSA PARTE IMPROVIDO.
1.- Aplica-se ao caso a legislação consumerista, pois a
empresa adquiriu o produto como destinatária final e não
como insumo. Ademais, verifica-se a situação de
vulnerabilidade da empresa-autora com relação à fornecedora-
ré, que lhe vendeu o produto por sua página na internet,
buscando, assim, restaurar o equilíbrio entre as partes.

2.- (...). (TJ-SP 10069654120178260564 SP 1006965-


41.2017.8.26.0564, Relator: Adilson de Araujo, Data de
Julgamento: 14/10/2017, 31ª Câmara de Direito Privado, Data
de Publicação: 14/10/2017)

Ademais, a sujeição das instituições financeiras às


disposições do Código de Defesa do Consumidor foi declarada
constitucional pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no
julgamento da ação direta de inconstitucionalidade 2.591/DF
DJU de 13.4.2007, p. 83.Trata-se de redação clara da Súmula
297 do Superior Tribunal de Justiça, que assim dispõe:

O Código de Defesa do consumidor é aplicável às instituições


financeiras.

Com esse postulado, o Réu não pode eximir-se das


responsabilidades inerentes à sua atividade, dentre as quais
prestar a devida assistência técnica, visto que se trata de
um fornecedor de produtos que, independentemente de culpa,
causou danos efetivos a um de seus consumidores.

DO RISCO DA ATIVIDADE E DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Considerando o risco da atividade, a Ré deveria cercar-se de


todas as medidas possíveis para evitar quaisquer equívocos
ou danos ao consumidor, seja na conferência da documentação
fornecida para qualquer contratação, ou mesmo dispondo de
sistemas de gestão e controle mais eficientes. Trata-se de
responsabilidade objetiva, nos termos do artigo 14 do Código
de Defesa do Consumidor, pela qual independe de comprovação
da culpa:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Ao lecionar a matéria, o ilustre Desembargador Sérgio


Cavalieri Filho destaca:

“Todo aquele que se disponha a exercer alguma atividade no


mercado de consumo tem o dever de responder pelos eventuais
vícios ou defeitos dos bens e serviços fornecidos,
independentemente de culpa. Esse dever é imanente ao dever
de obediência às normas técnicas e de segurança, bem como
aos critérios de lealdade, que perante os bens e serviços
ofertados, quer perante os destinatários dessas ofertas.

A responsabilidade decorre do simples fato de dispor-se


alguém a realizar atividade de produzir, estocar, distribuir
e comercializar produtos ou executar determinados serviços.

O fornecedor passa a ser o garante dos produtos e serviços


que oferece no mercado, respondendo pela qualidade e
segurança dos mesmos.” (Programa de Responsabilidade Civil,
8ª ed., Ed. Atlas S/A, pág.172).

Nessa toada, a responsabilidade do réu é objetiva, ou seja,


independentemente da existência de culpa, motivo pelo qual
deverá responder pelos danos causados ao autor.

DA COBRANÇA VEXATÓRIA
Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova no presente
processo, a empresa ré ao realizar cobranças abusivas, deixou
de cumprir com sua obrigação primária de zelo e cuidado no
manejo de suas cobranças, expondo o Autor a um
constrangimento ilegítimo, gerando o dever de indenizar,
conforme preconiza o Código de Direito do Consumidor:

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente


não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer
tipo de constrangimento ou ameaça. No mesmo sentido, o mesmo
código, a doutrina ao lecionar sobre o tema, estabelece
algumas diretrizes que devem ser observadas pelo fornecedor:
a) a relação entre fornecedor e consumidor é pessoal, logo,
não é lícito ao primeiro dar conhecimento da dívida, ou
tratar da questão com terceiras pessoas, como familiares,
colegas de trabalho, amigos ou demais pessoas das relações
do devedor; b) a exigência do crédito deve se dar de modo
discreto e formal, sem a exposição da situação a terceiros,
nem o constrangimento ou afetação da credibilidade social do
devedor; c) são expressamente vedadas quaisquer ameaças
físicas ou a adoção de medidas que não estejam previstas na
lei ou no contrato, visando causar prejuízo ao devedor; e
d) não é reconhecido ao credor o direito de perturbar o
consumidor em suas atividades cotidianas, como seus momentos
de descanso ou de desenvolvimento da atividade laboral, de
modo de causar perturbações tais que o levem a satisfazer a
dívida como modo de fazer cessar o infortúnio. (MIRAGEM,
Bruno Curso de Direito do Consumidor - Editora RT, 2016.
versão e-book, 3.2.1. Limites do exercício do direito de
crédito pelo fornecedor)

Portanto, considerando-se tratar de uma atitude ilícita, que


viola o direito do Autor, tem-se o dever de indenizar,
conforme clara disposição legal clara nos Art. 186 e 187 do
Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito


que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes. No presente caso, o dano é inequívoco, uma vez que
afeta diretamente a honra e a dignidade da pessoa. Trata-se
de dano que independe de provas, conforme entendimento
jurisprudencial:

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. COBRANÇA VEXATÓRIA.

Demonstrado pela prova dos autos que a autora foi importunada


na sede da empresa onde ela trabalha, impõe-se o
reconhecimento da ilicitude da conduta da demandada e o dever
indenizar pelo dano moral. O valor do dano moral deve ser
estabelecido de maneira a compensar a lesão causada em
direito da personalidade e com atenção aos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade. Manutenção do valor da
indenização fixado pela sentença, pois adequado ao caso
concreto Apelação não provida. (Apelação Cível Nº
70074370685, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Marcelo Cezar Muller, Julgado em 24/08/2017).

DIREITO DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. COBRANÇA


VEXATÓRIA. EXPOSIÇÃO DA VIDA PESSOAL DO CONSUMIDOR. DANO
MORAL.
1 (...) A cobrança vexatória é procedimento que não encontra
respaldo no ordenamento jurídico vigente (art. 42, caput, do
CDC e 71 do mesmo código), sendo que a violação a esta regra
implica em responsabilizar o fornecedor por danos morais.
Resta demonstrado no presente processo que a empresa ré
entrou em contato com a mãe, avó, ex companheiro da autora,
a fim de realizar a cobrança de débito existente junto à
escola, causando transtornos em sua vida familiar.

3 Valor da indenização. Na fixação da indenização por danos


morais há de se ter em vista que o devedor deu causa à
cobrança ao deixar de cumprir sua obrigação no tempo e modo,
cabendo o devedor responder apenas pelo excesso. (...) (TJ-
DF 07138731620178070016, Relator: AISTON HENRIQUE DE SOUSA,
1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais
do DF, Data de Publicação: Publicado no DJE : 16/10/2017)

E nesse sentido:

a indenização por dano moral deve representar para a vítima


uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo
sofrido e de infligir ao causador sanção e alerta para que
não volte a repetir o ato, uma vez que fica evidenciado
completo descaso aos transtornos causados.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO MORAL

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que junta


no presente processo, a empresa ré deixou de cumprir com sua
obrigação primária de cautela e prudência na atividade,
causando constrangimentos indevidos ao Autor. Não obstante
ao constrangimento ilegítimo, as reiteradas tentativas de
resolver a necessidade do Autor ultrapassa a esfera dos
aborrecimentos aceitáveis do cotidiano, uma vez que foi
obrigado a buscar informações e ferramentas para resolver um
problema causado pela empresa contratada para lhe dar uma
solução. Assim, no presente caso não se pode analisar
isoladamente o constrangimento sofrido, mas a conjuntura de
fatores que obrigaram o Consumidor a buscar a via judicial.
Ou seja, deve-se considerar o grande desgaste do Autor nas
reiteradas tentativas de solucionar o ocorrido sem êxito,
gerando o dever de indenizar, conforme precedentes sobre o
tema:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO


JURÍDICO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS – (...). CONTRATO NÃO APRESENTADO PELA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA – DANOS MORAIS CONFIGURADOS – QUANTUM
INDENIZATÓRIO (DANOS MORAIS) MAJORADOS PARA R$ 10.000,00 –
REPETIÇÃO DE INDÉBITO NA FORMA DOBRADA – MÁ-FÉ DEMONSTRADA
– DA COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO – IMPOSSIBILIDADE – RECURSO
IMPROVIDO.

(...).

A instituição financeira ré, descuidando-se de diretrizes


inerentes ao desenvolvimento regular de sua atividade, não
comprovou que os contratos foram, de fato, celebrados pelo
consumidor, tampouco tenha sido ele o beneficiário do produto
dos mútuos bancários. Não basta para elidir a
responsabilização da pessoa contratada a alegação de suposta
fraude. À instituição ré incumbia o ônus de comprovar que
agiu com as cautelas de praxe na contratação de seus
serviços, até porque, ao consumidor não é possível a produção
de prova negativa (CDC, art. 6, VIII c/c CPC, art. 373, II).
Inafastáveis os transtornos sofridos pela idosa que foi
privada de parte de seu benefício de aposentadoria, por
conduta ilícita atribuída a instituição financeira,
concernente à falta de cuidado na contratação de empréstimo
consignado, situação apta a causar constrangimento de ordem
psicológica, tensão e abalo emocional, tudo com sérios
reflexos na honra subjetiva. Levando-se em consideração a
situação fática apresentada nos autos, a condição
socioeconômica das partes e os prejuízos suportados pela
parte ofendida, evidencia-se que o valor do quantum fixado
pelo juízo a quo deve sofrer majoração para R$ 10.000,00
(dez mil reais), quantia que se mostra adequada e consentâneo
com as finalidades punitiva e compensatória da indenização.
(...) (TJMS. Apelação n. 0801609-05.2015.8.12.0016, Mundo
Novo, 4ª Câmara Cível, Relator (a): Des. Claudionor Miguel
Abss Duarte, j: 25/04/2018, p: 26/04/2018)

Trata-se da necessária consideração dos danos causados pela


perda do tempo útil (desvio produtivo) do consumidor.

DOS DANOS PELO DESVIO PRODUTIVO

Conforme disposto nos fatos iniciais, o Consumidor teve que


desperdiçar seu tempo útil para solucionar problemas que
foram causados pela empresa Ré que não demonstrou qualquer
intenção na solução do problema, obrigando o ingresso da
presente ação.

Este desgaste fica perfeitamente demonstrado por meio de


"" "indicar provas das tentativas de solução"

PROVAS:
Importante evidenciar as inúmeras tentativas de solução do
problema junto ao Réu por meio de protocolos de ligações, e-
mails à ouvidoria, etc.

Este transtorno involuntário é o que a doutrina denomina de


DANO PELA PERDA DO TEMPO ÚTIL, pois afeta diretamente a
rotina do consumidor gerando um desvio produtivo
involuntário, que obviamente causam angústia e stress.

Humberto Theodoro Júnior leciona de forma simples e didática


sobre o tema, aplicando-se perfeitamente ao presente caso:

Entretanto, casos há em que a conduta desidiosa do fornecedor


provoca injusta perda de tempo do consumidor, para solucionar
problema de vício do produto ou serviço.

(...) O fornecedor, desta forma, desvia o consumidor de suas


atividades para “resolver um problema criado” exclusivamente
por aquele. Essa circunstância, por si só, configura dano
indenizável no campo do dano moral, na medida em que ofende
a dignidade da pessoa humana e outros princípios modernos da
teoria contratual, tais como a boa-fé objetiva e a função
social:

(...) É de se convir que o tempo configura bem jurídico


valioso, reconhecido e protegido pelo ordenamento jurídico,
razão pela qual, “a conduta que irrazoavelmente o viole
produzirá uma nova espécie de dano existencial, qual seja,
dano temporal” justificando a indenização. Esse tempo
perdido, destarte, quando viole um “padrão de razoabilidade
suficientemente assentado na sociedade”, não pode ser
enquadrado noção de mero aborrecimento ou dissabor."
(THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do Consumidor. 9ª ed.
Editora Forense, 2017. Versão ebook, p. 4016)

Bruno Miragem, no mesmo sentido destaca:


"Por outro lado, vem se admitindo crescentemente, a partir
de provocação doutrinária, a concessão de indenização pelo
dano decorrente do sacrifício do tempo do consumidor em razão
de determinado descumprimento contratual, como ocorre em
relação à necessidade de sucessivos e infrutíferos contatos
com o serviço de atendimento do fornecedor, e outras
providências necessárias à reclamação de vícios no produto
ou na prestação de serviços." (MIRAGEM, Bruno. Curso de
Direito do Consumidor - Editora RT, 2016. versão e-book,
3.2.3.4.1)

Nesse sentido:

Então, a perda injusta e intolerável do tempo útil do


consumidor provocada por desídia, despreparo, desatenção ou
má-fé (abuso de direito) do fornecedor de produtos ou
serviços deve ser entendida como dano temporal (modalidade
de dano moral) e a conduta que o provoca classificada como
ato ilícito. Cumpre reiterar que o ato ilícito deve ser
colmatado pela usurpação do tempo livre, enquanto violação
a direito da personalidade, pelo afastamento do dever de
segurança que deve permear as relações de consumo, pela
inobservância da boa-fé objetiva e seus deveres anexos, pelo
abuso da função social do contrato (seja na fase pré-
contratual, contratual ou pós-contratual) e, em último grau,
pelo desrespeito ao princípio da dignidade da pessoa humana."
(GASPAR, Alan Monteiro. Responsabilidade civil pela perda
indevida do tempo útil do consumidor. Revista Síntese:
Direito Civil e Processual Civil, n. 104, nov-dez/2016, p.
62)

A jurisprudência, no mesmo sentido, ancora o posicionamento


de que o desvio produtivo ocasionado pela desídia de uma
empresa deve ser indenizada, conforme predomina a
jurisprudência:

RELAÇÃO DE CONSUMO – DIVERGÊNCIA DO PRODUTO ENTREGUE –


OBRIGAÇÃO DE FAZER CONSISTENTE NA ENTREGA DO PRODUTO
EFETIVAMENTE ANUNCIADO PELA RÉ E ADQUIRIDO PELO CONSUMIDOR
– INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL – RECONHECIMENTO.

(...) Caracterizados restaram os danos morais alegados pelo


Recorrido diante do "desvio produtivo do consumidor", que se
configura quando este, diante de uma situação de mau
atendimento, é obrigado a desperdiçar o seu tempo útil e
desviar-se de seus afazeres à resolução do problema, e que
gera o direito à reparação civil. E o quantum arbitrado (R$
3.000,00), em razão disso, longe está de afrontar o princípio
da razoabilidade, mormente pelo completo descaso da Ré, a
qual insiste em protrair a solução do problema gerado ao
consumidor.

3. Recurso conhecido e não provido. Sentença mantida por


seus próprios fundamentos, ex vi do art. 46 da Lei nº
9.099/95. Sucumbente, arcará a parte recorrente com os
honorários advocatícios da parte contrária, que são fixados
em 20% do valor da condenação a título de indenização por
danos morais. (TJSP; Recurso Inominado 0003780-
72.2017.8.26.0156; Relator (a): Renato Siqueira De Pretto;
Órgão Julgador: 1ª Turma Cível e Criminal; Foro de Jundiaí -
4ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 12/03/2018; Data de
Registro: 12/03/2018)

APELAÇÃO – AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C.C. INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS – CONSUMIDOR DEMANDANTE INDEVIDAMENTE
COBRADO, POR DÉBITO REGULARMENTE SATISFEITO
Completo descaso para com as reclamações do autor – Situação
em que há de se considerar as angústias e aflições
experimentadas pelo autor, a perda de tempo e o desgaste com
as inúmeras idas e vindas para solucionar a questão –
Hipótese em que tem aplicabilidade a chamada teoria do desvio
produtivo do consumidor – Inequívoco, com efeito, o
sofrimento íntimo experimentado pelo autor, que foge aos
padrões da normalidade e que apresenta dimensão tal a
justificar proteção jurídica – Indenização que se arbitra na
quantia de R$ 5.000,00, à luz da técnica do desestímulo.
(...) (TJSP; Apelação 1027480-84.2016.8.26.0224; Relator
(a): Ricardo Pessoa de Mello Belli; Órgão Julgador: 19ª
Câmara de Direito Privado; Foro de Guarulhos - 8ª Vara Cível;
Data do Julgamento: 05/03/2018; Data de Registro:
13/03/2018)

RELAÇÃO DE CONSUMO – VÍCIO OCULTO NO PRODUTO(SOFÁ) –


OBSERVÂNCIA DO CRITÉRIO DA VIDA ÚTIL DO BEM DURÁVEL –DESVIO
PRODUTIVO DO CONSUMO – INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS – RECONHECIMENTO.

1. (...) Caracterizados restaram, ainda, os danos morais


asseverados pelo Recorrido diante do "desvio produtivo do
consumidor", que se configura quando este, diante de uma
situação de mau atendimento, é obrigado a desperdiçar o seu
tempo útil e desviar-se de seus afazeres, e que gera o
direito à reparação civil. E o quantum arbitrado (R$
2.000,00), em razão disso, longe está de afrontar o princípio
da razoabilidade, mormente pelo completo descaso da Ré, loja
de envergadura nacional, para com o seu cliente.

3. Recurso conhecido e não provido. Sentença mantida por


seus próprios fundamentos, ex vi do art. 46 da Lei nº
9.099/95. Sucumbente, arcará a parte Recorrente com os
honorários advocatícios da parte contrária, que são fixados
em 20% do valor total da condenação. (TJSP; Recurso Inominado
1000711-15.2017.8.26.0156; Relator (a): Renato Siqueira De
Pretto. Órgão Julgador: 1ª Turma Cível e Criminal; Foro de
Ribeirão Preto - 2ª. Vara Cível; Data do Julgamento:
05/02/2018; Data de Registro: 05/02/2018)

Trata-se de notório desvio produtivo caracterizado pela


perda do tempo que lhe seria útil ao descanso, lazer ou de
forma produtiva, acaba sendo destinado na solução de
problemas de causas alheias à sua responsabilidade e vontade.

A perda de tempo de vida útil do consumidor, em razão da


falha da prestação do serviço não constitui mero
aborrecimento do cotidiano, mas verdadeiro impacto negativo
em sua vida, devendo ser INDENIZADO.

DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

O quantumindenizatório deve ser fixado de modo a não só


garantir à parte que o postula a recomposição do dano em
face da lesão experimentada, mas igualmente deve, servir de
reprimenda àquele que efetuou a conduta ilícita, como
assevera a doutrina:

“Com efeito, a reparação de danos morais exerce função


diversa daquela dos danos materiais. Enquanto estes se voltam
para a recomposição do patrimônio ofendido, por meio da
aplicação da fórmula “danos emergentes e lucros cessantes”
(CC, art. 402), aqueles procuram oferecer compensação ao
lesado, para atenuação do sofrimento havido. De outra parte,
quanto ao lesante, objetiva a reparação impingir-lhe sanção,
a fim de que não volte a praticar atos lesivos à
personalidade de outrem.” (BITTAR, Carlos Alberto. Reparação
Civil por Danos Morais. 4ª ed. Editora Saraiva, 2015. Versão
Kindle, p. 5423).

Neste sentido é a lição do Exmo. Des. Cláudio Eduardo Regis


de Figueiredo e Silva, ao disciplinar o tema:

Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve


arbitrar uma quantia que, de acordo com o seu prudente
arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta
ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado
pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as
condições sociais do ofendido, e outras circunstâncias mais
que se fizerem presentes" (Programa de responsabilidade
civil. 6. ed., São Paulo: Malheiros, 2005. p. 116). No mesmo
sentido aponta a lição de Humberto Theodoro Júnior: [...]
"os parâmetros para a estimativa da indenização devem levar
em conta os recursos do ofensor e a situação econômico-social
do ofendido, de modo a não minimizar a sanção a tal ponto
que nada represente para o agente, e não exagerá-la, para
que não se transforme em especulação e enriquecimento
injustificável para a vítima. O bom senso é a regra máxima
a observar por parte dos juízes" (Dano moral. 6. ed., São
Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2009. p. 61).
Complementando tal entendimento, Carlos Alberto Bittar,
elucida que" a indenização por danos morais deve traduzir-
se em montante que represente advertência ao lesante e à
sociedade de que se não se aceita o comportamento assumido,
ou o evento lesivo advindo. Consubstancia-se, portanto, em
importância compatível com o vulto dos interesses em
conflito, refletindo-se, de modo expresso, no patrimônio do
lesante, a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da
ordem jurídica aos efeitos do resultado lesivo produzido.
Deve, pois, ser quantia economicamente significativa, em
razão das potencialidades do patrimônio do
lesante"(Reparação Civil por Danos Morais, RT, 1993, p. 220).
Tutela-se, assim, o direito violado. (TJSC, Recurso
Inominado n. 0302581-94.2017.8.24.0091, da Capital - Eduardo
Luz, rel. Des. Cláudio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva,
Primeira Turma de Recursos - Capital, j. 15-03-2018)

Ou seja, enquanto o papel jurisdicional não fixar condenações


que sirvam igualmente ao desestímulo e inibição de novas
práticas lesivas, situações como estas seguirão se repetindo
e tumultuando o judiciário. Portanto, cabível a indenização
por danos morais, E nesse sentido>

a indenização por dano moral deve representar para a vítima


uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo
sofrido e de infligir ao causador sanção e alerta para que
não volte a repetir o ato, uma vez que fica evidenciado
completo descaso aos transtornos causados.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Demonstrada a relação de consumo, resta consubstanciada a


configuração da necessária inversão do ônus da prova,
conforme disposição expressa do Código de Defesa do
Consumidor:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

(...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos,


inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências.
A inversão do ônus da prova é consubstanciada na
impossibilidade ou grande dificuldade na obtenção de prova
indispensável por parte do Autor, sendo amparada pelo
princípio da distribuição dinâmica do ônus da prova
implementada pelo Novo Código de Processo Civil:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,


modificativo ou extintivo do direito do autor.

§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades


da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva
dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à
maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário,
poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde
que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar
à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi
atribuído.

No presente caso a HIPOSSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA fica


caracteriza diante da "" "motivos que impossibilitem
o acesso à prova".

Trata-se da efetiva aplicação do Princípio da Isonomia,


segundo o qual, todos devem ser tratados de forma igual
perante a lei, observados os limites de sua desigualdade.
Nesse sentido, a jurisprudência orienta a inversão do ônus
da prova para viabilizar o acesso à justiça:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE E INDENIZATÓRIA POR


DANOS MORAIS – ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA
– SERVIÇO DE TELEFONIA – NEGATIVAÇÃO DO NOME DO CONSUMIDOR
– RELAÇÃO CONSUMERISTA EVIDENCIADA – HIPÓTESE EM QUE A
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA SE MOSTRA PRESENTE – ÔNUS
PROBATÓRIO QUE INCUMBIA À EMPRESA NO TOCANTE À REGULARIDADE
DA CONTRATAÇÃO - OCORRÊNCIA DE FRAUDE PRATICADA POR TERCEIROS
QUE NÃO PODE SER SUPORTADA PELO CONSUMIDOR – CONFIGURAÇÃO
DOS DANOS MORAIS EM RAZÃO DE INDEVIDA NEGATIVAÇÃO DE SEU
NOME – CRITÉRIOS PARA SUA FIXAÇÃO BEM DELINEADOS – SENTENÇA
MANTIDA

No caso em tela, tratando-se de relação de consumo, a


inversão do ônus da prova se mostra necessária pois incumbia
à fornecedora, com muito mais facilidade, provar que o
consumidor de fato contratou seus serviços de telefonia.
Ainda que tenha havido fraude praticada por terceiros, as
consequências danosas daí decorrentes não podem ser
suportadas pela parte hipossuficiente desta relação, de modo
que, se a empresa aufere os bônus, deve suportar os ônus da
atividade que desenvolve. Ônus probatório do qual não se
desincumbiu a Telefônica, de modo a caracterizar a
irregularidade da inscrição do nome da autora em cadastro de
inadimplentes. Desnecessidade quanto à produção de prova
pericial, já que os documentos constantes dos autos, aliados
à inversão ônus probatório, evidenciam a ocorrência da
fraude. Dano moral presumido, despicienda prova quanto à sua
ocorrência. Critérios bem delineados quanto ao dano moral,
que deve considerar as condições das partes, sua função
punitiva e pedagógica. (TJSP; Recurso Inominado 1000984-
55.2017.8.26.0653; Relator (a): Bruna Marchese e Silva;
Órgão Julgador: Turma Recursal Cível e Criminal; Foro de
Santos - 12ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 25/04/2018;
Data de Registro: 25/04/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA DE REVISÃO. CÉDULA DE


CRÉDITO BANCÁRIO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. INVERSÃO DO ÔNUS A
PROVA. POSSIBILIDADE. HIPOSSUFICIÊNCIA. PRESENTE O REQUISITO
DO ART. 6º, INCISO VIII, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL. RECURSO DESPROVIDO.

(a) O Código de Defesa do Consumidor adotou a teoria da


distribuição dinâmica do ônus da prova. Assim, a inversão do
ônus nesse microssistema não se aplica de forma automática
a todas as relações de consumo, mas depende da demonstração
dos requisitos da verossimilhança da alegação ou da
hipossuficiência do 16ª Câmara Cível - TJPR 2 consumidor,
consoante dispõe o art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa
do Consumidor. Os elementos que constam dos autos são
suficientes para demonstrar que a autora encontrará
dificuldade técnica para comprovar suas alegações em juízo,
uma vez que pretendem a revisão de vários contratos, os quais
não estão em seu poder.

(b) Insta salientar que os requisitos da verossimilhança das


alegações e da hipossuficiência não são cumulativos,
portanto, a presença de um deles autoriza a inversão do ônus
da prova. (TJPR - 16ª C.Cível - 0020861-59.2018.8.16.0000 -
Paranaguá - Rel.: Lauro Laertes de Oliveira - J.
08.08.2018)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA


PROVA. PARTE COM MAIOR CONDIÇÃO DE PRODUÇÃO. (..) DECISÃO
FUNDAMENTADA. POSSIBILIDADE.

I ? O § 1º do art. 373 do CPC consagrou a teoria da


distribuição dinâmica do ônus da prova ao permitir que o
juiz altere a distribuição do encargo se verificar, diante
da peculiaridade do caso ou acaso previsto em lei, a
impossibilidade ou excessiva dificuldade de produção pela
parte, desde que o faça por decisão fundamentada, concedendo
à parte contrária a oportunidade do seu cumprimento.
II Negou-se provimento ao recurso. (TJ-DF
07000112620178070000 0700011-26.2017.8.07.0000, Relator:
JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA, Publicado no PJe : 02/05/2017 ).

Assim, diante da inequívoca e presumida hipossuficiência,


uma vez que disputa a lide com uma empresa de grande porte,
indisponível concessão do direito à inversão do ônus da
prova, que desde já requer.

DAS PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR

Para demonstrar o direito arguido no presente pedido, o autor


pretende instruir seus argumentos com as seguintes provas:

a) Depoimento pessoal do "Indicar nome" "Indicar a


necessidade do depoimento pessoal", nos termos do Art. 385
do CPC;

b) Ouvida de testemunhas, uma vez que "indicar motivo ou


vínculos" cujo rol segue abaixo: "Arrolar testemunhas com
dados completos para citação"

c) Obtenção dos documentos abaixo indicados, junto ao


"Indicar possuidor, endereço ou repartição pública do local
dos documentos" nos termos do Art. 396 do CPC;

d) Reprodução cinematográfica a ser apresentada em audiência


nos termos do Parágrafo Único do art. 434 do CPC;

e) Análise pericial da "Indicar prova que precise da análise


pericial". Importante esclarecer sobre a indispensabilidade
da prova pericial/testemunhal, pois trata-se de meio mínimo
necessário a comprovar o direito pleiteado, sob pena de grave
cerceamento de defesa:
CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DA PRODUÇÃO DE PROVA
ORAL E COMPLEMENTAÇÃO DE PERÍCIA.

Constitui-se cerceamento de defesa o indeferimento da


produção de prova oral e prova técnica visando comprovar
tese da parte autora, considerando o julgamento de
improcedência do pedido relacionado a produção da prova
pretendida. (TRT-4 - RO: 00213657920165040401, Data de
Julgamento: 23/04/2018, 5ª Turma)

Tratam-se de provas necessárias ao contraditório e à ampla


defesa, conforme dispõe o Art. 369 do Novo CPC:

As partes têm o direito de empregar todos os meios legais,


bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados
neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda
o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do
juiz.

Trata-se da positivação ao efetivo exercício do


contraditório e da ampla defesa disposto no Art. 5º da
Constituição Federal:

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,


e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;(...)

A doutrina ao disciplinar sobre este princípio destaca:

(...) quando se diz “inerentes” é certo que o legislador


quis abarcar todas as medidas passíveis de serem
desenvolvidas como estratégia de defesa. Assim, é inerente
o direito de apresentar as razões da defesa perante o
magistrado, o direito de produzir provas, formular perguntas
às testemunhas e quesitos aos peritos, quando necessário,
requerer o depoimento pessoal da parte contrária, ter acesso
aos documentos juntados aos autos e assim por diante." (DA
SILVA, Homero Batista Mateus. Curso de Direito do Trabalho
Aplicado - vol. 8 - Ed. RT, 2017. Versão ebook. Cap. 14)

Para tanto, o autor pretende instruir o presente com as


provas acima indicadas, sob pena de nulidade do processo.

IMPORTANTE: Incumbe à parte instruir a petição inicial com


todos os documentos destinados a provar suas alegações.

Art. 434. CPC. Só serão admitidos documentos posteriormente


se devidamente provada a inacessibilidade à época da
distribuição. Art. 435, Parágrafo Único.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será


concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo. "No presente caso tais requisitos
são perfeitamente caracterizados, vejamos:

PERICULUM IN MORA - O risco da demora fica demonstrado


diante da continuidade da cobrança indevida, bem como pela
inscrição irregular em cadastro negativo de crédito, fato
que vem gerando inúmeros transtornos e constrangimentos, o
que deve cessar imediatamente, conforme precedentes sobre o
tema:

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – Ação de declaratória de nulidade de


ato jurídico c.c. indenizatória por danos morais –Suspensão
de cobranças não reconhecidas, relativas a cartão de crédito
- Presença dos requisitos exigidos para a concessão da
medida– Decisão mantida – Recurso não provido. (TJSP; Agravo
de Instrumento 2252964-59.2017.8.26.0000; Relator (a): Paulo
Pastore Filho; Órgão Julgador: 17ª Data de Registro:
01/03/2018)

FUMUS BUNI IURIS - A probabilidade do direito fica


perfeitamente demonstrada diante da comprovação do abuso
sofrido pelo Autor, diante de um constrangimento ilegal.
Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para
aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito
inequívoco: Se o fato constitutivo é incontroverso não há
racionalidade em obrigar o autor a esperar o tempo necessário
à produção da provas dos fatos impeditivos, modificativos ou
extintivos, uma vez que o autor já se desincumbiu do ônus da
prova e a demora inerente à prova dos fatos, cuja prova
incumbe ao réu certamente o beneficia." (MARINONI, Luiz
Guilherme. Tutela de Urgência e Tutela da Evidência. Editora
RT, 2017. p.284)

Assim, requer a imediata retirada da inscrição do Autor do


cadastro de inadimplentes, sob pena de multa diária, conforme
precedentes sobre o tema:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E


MATERIAIS - LIMINAR - CADASTRO DE INADIMPLENTES - PRAZO
EXÍGUO.

Se foi instaurada discussão sobre o débito é porque o devedor


não reconhece a dívida ou a sua integralidade, razão pela
qual a inscrição de seu nome em cadastros de maus pagadores
no curso do litígio, é abusiva. A multa diária fixada para
o caso de descumprimento da ordem judicial tem o objetivo de
forçar a parte a cumprir a obrigação estipulada na decisão.
Considera-se suficiente o prazo de 3 dias para retirada do
nome do consumidor, do SPC. (TJ-MG - AI: 10000170546097001
MG, Relator: Evangelina Castilho Duarte, Data de Julgamento:
07/11/0017, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 09/11/2017)

Requer-se, assim, que o Poder Judiciário, tenha o bom senso


de determinar a cessação imediata dos descontos indevidos da
conta do Autor bem como a retirada do nome do cadastro de
inadimplentes

DA JUSTIÇA GRATUITA

O Requerente atualmente é "Qual é a @sua ocupação


profissional?, tendo sob sua responsabilidade a manutenção
de sua família, razão pela qual não poderia arcar com as
despesas processuais. Para tal benefício o autor junta
declaração de hipossuficiência e comprovante de renda, os
quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas
judicias sem comprometer sua subsistência, conforme clara
redação do Art. 99 do Código de Processo Civil de 2015:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado


na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso
de terceiro no processo ou em recurso.§ 1º Se superveniente
à primeira manifestação da parte na instância, o pedido
poderá ser formulado por petição simples, nos autos do
próprio processo, e não suspenderá seu curso.§ 2º O juiz
somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos
elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais
para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir
o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento
dos referidos pressupostos.§ 3º Presume-se verdadeira a
alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.
Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por
lei, faz jus o Requerente ao benefício da gratuidade de
justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA. INDEFERIMENTO DA


GRATUIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE FUNDADAS RAZÕES PARA
AFASTAR A BENESSE. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. CABIMENTO.

Presunção relativa que milita em prol da autora que alega


pobreza. Benefício que não pode ser recusado de plano sem
fundadas razões. Ausência de indícios ou provas de que pode
a parte arcar com as custas e despesas sem prejuízo do
próprio sustento e o de sua família. Recurso provido. <span
style="font-weight:400">(TJ-SP 22234254820178260000 SP
2223425-48.2017.8.26.0000, Relator: Gilberto Leme, Data de
Julgamento: 17/01/2018, 35ª Câmara de Direito Privado, Data
de Publicação: 17/01/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. CONCESSÃO.

Presunção de veracidade da alegação de insuficiência de


recursos, deduzida por pessoa natural, ante a inexistência
de elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais
para a concessão da gratuidade da justiça. Recurso provido.
(TJ-SP 22259076620178260000 SP 2225907-66.2017.8.26.0000,
Relator: Roberto Mac Cracken, 22ª Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 07/12/2017)

A assistência de advogado particular não pode ser parâmetro


ao indeferimento do pedido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA.


CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. HIPOSSUFICIÊNCIA. COMPROVAÇÃO DA
INCAPACIDADE FINANCEIRA. REQUISITOS PRESENTES.
1. Incumbe ao Magistrado aferir os elementos do caso concreto
para conceder o benefício da gratuidade de justiça aos
cidadãos que dele efetivamente necessitem para acessar o
Poder Judiciário, observada a presunção relativa da
declaração de hipossuficiência.

2. Segundo o § 4º do art. 99 do CPC, não há impedimento para


a concessão do benefício de gratuidade de Justiça o fato de
as partes estarem sob a assistência de advogado particular.

3. O pagamento inicial de valor relevante, relativo ao


contrato de compra e venda objeto da demanda, não é, por si
só, suficiente para comprovar que a parte possua remuneração
elevada ou situação financeira abastada.

4. No caso dos autos, extrai-se que há dados capazes de


demonstrar que o Agravante, não dispõe, no momento, de
condições de arcar com as despesas do processo sem desfalcar
a sua própria subsistência. 5. Recurso conhecido e provido.
(TJ-DF 07139888520178070000 DF 0713988-85.2017.8.07.0000,
Relator: GISLENE PINHEIRO, 7ª Turma Cível, Data de
Publicação: Publicado no DJE : 29/01/2018)

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade


do requerente, sendo suficiente a “insuficiência de recursos
para pagar as custas, despesas processuais e honorários
advocatícios"(Art. 98, CPC/15), conforme destaca a doutrina:

Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem


tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos.
É possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda
mensal, seja merecedora do benefício, e que também o seja
aquela sujeito que é proprietário de bens imóveis, mas não
dispõe de liquidez. A gratuidade judiciária é um dos
mecanismos de viabilização do acesso à justiça; não se pode
exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que
comprometer significativamente sua renda, ou tenha que se
desfazer de seus bens, liquidando-os para angariar recursos
e custear o processo." (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael
Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora
JusPodivm, 2016. p. 60)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, XXIV da


Constituição Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja
deferida a gratuidade de justiça ao requerente.

PEDIDOS: Todo e qualquer pedido mediato e imediato,


cumulativo, subsidiário ou reflexo devem estar expressamente
previstos na petição inicial, sob pena de preclusão.

Art. 141. CPC/15: O juiz decidirá o mérito nos limites


propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de
questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige
iniciativa da parte.

Art. 492. CPC/15: É vedado ao juiz proferir decisão de


natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em
quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi
demandado.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer:

A concessão da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos


do art. 98 do Código de Processo Civil;
A concessão do pedido liminar para determinar que o Réu cesse
imediatamente os descontos na conta do Autor, bem como retire
imediatamente o nome do Autor do cadastro de inadimplentes,
sob pena de multa diária;

A citação do réu, na pessoa de seu representante legal, para,


querendo responder a presente demanda;

Seja dada total procedência à ação, declarando a inexistência


dos débitos imputados ao Autor, condenando o requerido a
pagar ao requerente o valor correspondente à repetição de
indébito no total de R$ Qual é o valor total dos descontos
realizados na @sua conta?"

Seja o requerido condenado a pagar ao requerente um quantum


a título de danos morais, em valor não inferior a R$ Qual
é o valor da indenização por danos morais?", considerando as
condições das partes, principalmente o potencial econômico-
social da lesante, a gravidade da lesão, sua repercussão e
as circunstâncias fáticas;

A condenação do requerido em custas judiciais e honorários


advocatícios;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos
documentos acostados.

Requer que as intimações ocorram EXCLUSIVAMENTE em nome do


Advogado "" "indicar nome do Advogado"

INTIMAÇÃO EM NOME DE ADVOGADO ESPECÍFICO: O pedido de


intimação em nome exclusivo de um Advogado serve para
resguardar o controle das notificações em caso de juntada de
substabelecimentos ou procurações futuras no processo
(eventuais diligências), com o risco de publicação somente
em nome do novo Advogado.

Veja precedente: "Havendo requerimento expresso de


publicação exclusiva, é nula a intimação em nome de outro
advogado, ainda que conste dos autos instrumento de
procuração ou substabelecimento, haja vista o cerceamento de
defesa (art. 236, § 1º, do CPC)

(...) Na hipótese dos autos, é possível concluir que a


publicação do acórdão de fls. 614/620 não levou em
consideração pedido pretérito para que as publicações fossem
realizadas em nome de advogado específico, restando
evidenciado o cerceamento de defesa, (...)." (STJ - REsp:
1577282 MA 2015/0327496-5, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, Data de Publicação: DJ 02/10/2018)

Por fim, manifesta o "" na audiência conciliatória, nos


termos do Art. 319, inc. VII do CPC.

Dá-se à presente o valor de R$ .

Termos em que, pede deferimento.

Data

Cidade

Advogado, OAB

ANEXOS:

Documentos de identidade do Autor


Comprovante de residência

Procuração

cópia dos documentos que comprovem que houve tentativa de


contato com @reu

extrato que demonstre os débitos e protocolos de pedido de


revisão

Cópia dos documentos que comprovem que houve tentativa de


contato com a empresa ré, extrato que demonstre os débitos
e protocolos de pedido de revisão

Provas da ocorrência - Extrato demonstrando os débitos e


Protocolo do pedido de revisão dos descontos

cópia dos documentos que comprovem que não houve a resolução


do problema

Provas da tentativa de solução direto com o réu e negativa


de devolução do Banco
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL – COMARCA xxxxx
(Nome da parte autora), (nacionalidade), (estado civil),
(profissão), portadora da carteira de identidade de n°.
XXXXXXX, inscrita no CPF sob o n°. XXXXXXX, residente e
domiciliada nesta cidade sito XXXXXXXXX – endereço
eletrônico XXXXXXX, vem por sua advogada que subscreve a
presente, com endereço profissional nesta cidade sito
XXXXXXXX, onde receberá notificações e intimações, a
presença de V.Exa., com fundamento nos artigos 14 e 84 do
Código de Defesa do Consumidor , propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

Em face da empresa (xxxxxx), pessoa jurídica, com endereço


comercial sito xxxxxx, inscrita no CNPJ sob o n°. xxxxxxx,
pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A parte Autora (esclarecer os motivos a que faz jus a
gratuidade de justiça), não possuindo condições financeiras
para arcar com o valor das custas processuais sem prejuízo
do seu sustento e de sua família. (em anexo declaração de
hipossuficiência)

Por tais razões, pleiteia-se os benefícios da Justiça


Gratuita, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º,
LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC), artigo 98 e seguintes.

DOS FATOS

O Autor recebeu pelo correio, no mês de xxxxx, faturas para


pagamento, correspondente a duas linhas telefônicas da
operadora, parte ré, as quais jamais contratou, sendo elas:

- n°. (xxx) xxxxx, com vencimento em xxxxx, no valor de


R$xxxxx e n°. (xxxx) xxxxx, com vencimento em xxxxx, no valor
de R$xxxxx. (Doc.J.)

Imediatamente, dia xxxx, o Autor entrou em contato


com a parte ré por telefone, impugnando-as, por não ter
contratado qualquer das linhas supracitadas, gerando o
protocolo de números xxxxxxx
Foi esclarecido ao Autor, na ocasião da reclamação,
que constava no sistema da empresa a contratação das linhas
e diante da impugnação apresentada, estariam abrindo uma
reclamação administrativa para apurar o fato.

Enquanto o Autor ainda aguardava o resultado do processo


administrativo instaurado, seu nome foi inscrito nos
cadastros restritivos de crédito pela Ré, decorrente das
cobranças contestadas. (anotação procedida no dia xxxx –
Doc.J.)

Não tendo o Autor outra opção para resolver a questão


apresentada, certo que a inscrição indevida está causando-
lhe diversos transtornos, pois denegriu seu bom nome, bem
como está causando-lhe privações creditícias, se faz
necessário a propositura da presente ação.

DO DIREITO

A relação jurídica se amolda no conceito de relação de


consumo regulada pela Lei 8078/90, norma de ordem pública
que tem por objetivo a proteção e a defesa do consumidor.

A Constituição Federal atribui responsabilidade objetiva às


pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos quando o dano decorre de conduta de seus agentes no
exercício da atividade administrativa - art. 37, § 6º,
adotando a teoria do risco administrativo como fundamento da
responsabilidade objetiva, in verbis:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (...)

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito


privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.”

No mesmo sentido, o art. 14 caput do CDC consagrou a


responsabilidade objetiva do fornecedor, com base na teoria
do risco do empreendimento, na qual ele responde,
independente de culpa, pelos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos, in verbis:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
(...)

§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado


quando provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”

A responsabilidade das empresas de telefonia, por fraudes


praticadas por terceiros, que resulte danos aos consumidores
é objetiva e somente pode ser afastada pelas excludentes
previstas no parágrafo terceiro do artigo 14 do CDC.

A culpa exclusiva de terceiros capaz de elidir a


responsabilidade objetiva do fornecedor de produtos ou
serviços é somente aquela que se enquadra no gênero de
fortuito externo, ou seja, aquele evento que não guarda
relação de causalidade com a atividade do fornecedor,
absolutamente estranho ao produto ou serviço.

Para que se configure a excludente de responsabilidade é


necessário que o fato seja inevitável, imprevisível e
totalmente estranho à atividade desempenhada pelo
fornecedor, o que no presente caso não ocorreu.
Isso porque, a fraude perpetrada por terceiro, se deu
justamente no exercício da atividade principal da ré, qual
seja, a contratação de serviços de telefonia, fazendo parte
então, do próprio risco do empreendimento.

O Código Civil, no parágrafo único, do art. 927, reforça a


responsabilidade objetiva, decorrente dos riscos da
atividade, in verbis:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei,
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.”

Dispõe o enunciado 89 da Súmula do Tribunal de Justiça do


Estado do Rio de Janeiro, in verbis:
“A inscrição indevida de nome do consumidor em cadastro
restritivo de crédito configura dano moral, devendo a verba
indenizatória ser fixada de acordo com as especificidades do
caso concreto, observados os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade.”

“A pacífica jurisprudência do STJ é no sentido de que a


inscrição indevida em cadastro negativo de crédito, bem como
o protesto indevido, caracterizam, por si sós, dano in re
ipsa, o que implica responsabilização por danos morais.”
(AgRg no AREsp 575650 / BA – Min Rel. Raul Araujo- Quarta
Turma)

E ainda,

A Súmula 479 do STJ fixa a responsabilidade objetiva das


instituições financeiras por fraudes e delitos praticados
por terceiros:

“As instituições financeiras respondem objetivamente pelos


danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e
delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias.”
DO DANO MORAL

O dano moral emerge da dor, do vexame, da ofensa à honra e


dignidade que, fugindo à normalidade, interfere intensamente
no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe
aflição, angústia e desequilíbrio em seu bem estar que, no
caso, foi experimentado pelo Autor, que resulta do sentimento
de injustiça decorrente da restrição.

A responsabilidade da ré, portanto, está caracterizada, eis


que comprovado o dano, o serviço defeituoso prestado pelo
fornecedor como fato determinante do prejuízo e o
constrangimento gerado ao Autor.

Ressalte-se, ainda, que não houve qualquer das hipóteses de


exclusão de responsabilidade previstas no art. 14, §3º, do
CDC.

A reparação do dano moral deve ser capaz de compensar o abalo


psicológico, tristeza e sofrimento pelos quais passou o
ofendido sem, contudo, distanciar-se dos princípios
norteadores para a correta apuração do quantum, dentre os
quais se destacam o da razoabilidade e o da
proporcionalidade.

Sergio Cavalieri Filho leciona que “Cabe ao juiz, de acordo


com o seu prudente arbítrio, atentando para a repercussão do
dano e a possibilidade econômica do ofensor, estimar uma
quantia a título de reparação pelo dano moral” (Programa de
Responsabilidade Civil, Atlas, 8.ª edição, 2008, página 91).

Neste sentido, a quantia pretendida a título de dano moral


não é capaz de causar enriquecimento ilícito ao Autor,
compensando-o, ainda que modicamente, pelo sofrimento e
aborrecimento suportados em razão da conduta da ré.

DO ÔNUS DA PROVA

O Autor é consumidor e hipossuficiente técnico e, em razão


disso, o CDC estabeleceu o equilíbrio necessário para uma
relação harmônica entre os personagens da relação de consumo
invertendo o ônus da prova, conforme dispõe o inciso VIII do
artigo 6° do referido diploma legal:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...)

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive


com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação
ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências;”

De acordo com o art. 373, II do CPC, o ônus da prova incumbe


ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo
ou extintivo do direito do Autor.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

O Código de Processo Civil, em seu artigo 300, define que a


tutela de urgência deve ser deferida quando presentes,
concomitante, a probabilidade do direito e o perigo de dano
ou risco ao resultado útil do processo.
Dispõe ainda o parágrafo terceiro do artigo 84 do C.D.C, in
verbis:

“Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da


obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
específica da obrigação ou determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento. (...)

§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo


justificado receio de ineficácia do provimento final, é
lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após
justificação prévia, citado o réu.”

O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso


Especial nº 1.061.530- RS, afetado ao regime dos recursos
repetitivos, firmou entendimento no sentido de que “o pedido
de abstenção de inscrição/manutenção em cadastro de
inadimplentes formulado em antecipação de tutela e/ou medida
cautelar, somente será deferido se, cumulativamente: a) a
ação for fundada em questionamento integral ou parcial do
débito; b) ficar demonstrado que a cobrança indevida se funda
na aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada
do STF ou STJ; c) for depositada a parcela incontroversa ou
prestada a caução fixada conforme o prudente arbítrio do
juiz.” (REsp 1061530 / RS, Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA
SEÇÃO, Julgamento: 22/10/2008)
Por todo o exposto, constata-se que encontram presentes os
requisitos necessários à concessão liminar dos efeitos da
tutela provisória de urgência, que comprovam, em sede de
cognição sumária, a verossimilhança das alegações do Autor
e o perigo de dano de difícil reparação, caso não antecipada
a tutela pretendida, haja vista a inscrição indevida do bom
nome do Autor por débito ilegítimo.

JURISPRUDÊNCIA

"EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA


DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - ÔNUS DA PROVA
- ART. 373, II, DO CPC/2015 - NEGATIVAÇÃO DO NOME DO
CONSUMIDOR - OCORRÊNCIA - FRAUDE NA CONTRATAÇÃO - FORTUITO
INTERNO - DANO MORAL IN RE IPSA -VALOR DA INDENIZAÇÃO -
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. 1- Em se tratando de ação
declaratória de inexistência de débito, é do réu ônus de
comprovar a existência da relação jurídica que culminou na
inscrição do nome do suposto devedor em cadastros de
restrição ao crédito, nos termos do artigo 373, inciso II,
do CPC/2015. 2- De acordo com entendimento sedimentado no
STJ, invocar a prática de ato fraudulento por terceiro não
exime o fornecedor de produtos ou serviços do dever de
reparação pelos danos causados ao consumidor, vítima da
fraude. 3- A inscrição indevida do nome do consumidor no rol
de inadimplentes gera dano moral presumido (in re ipsa),
prescindindo de comprovação de ocorrência dos danos para que
o responsável pelo ato seja condenado ao pagamento de
indenização. 4- O valor dos danos morais deve ser arbitrado
em observância aos princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, sem perder de vista a vedação ao
enriquecimento sem causa." (TJMG - Apelação Cível
1.0000.18.003993-5/001, Relator(a): Des.(a) Claret de Moraes
, 10ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 06/03/0018, publicação da
súmula em 08/03/2018) (GRIGOS NOSSOS)

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO


C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. VÍCIO DO PRODUTO. SENTENÇA
DE PROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.
DÉBITO INEXISTENTE. CONSUMIDOR QUE TEVE O NOME INSCRITO NOS
CADASTROS RESTRITIVOS DE CRÉDITO. TEORIA DO RISCO DO
EMPREENDIMENTO. ART. 373, II, DO CPC. REDUÇÃO DO DANO MORAL.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1- Teoria do risco do
empreendimento e responsabilidade objetiva. 2- Fraude
perpetrada por terceiros. Enunciado sumular nº 94: "Cuidando-
se de fortuito interno, o fato de terceiro não exclui o dever
do fornecedor de indenizar". 3- Cuida-se de ação na qual
alega o autor ter recebido em seu aparelho celular, mensagem
informando da existência de um débito em aberto, podendo ser
negativado nos cadastros restritivos de crédito. Que em
contado com a empresa ré, foi informado da realização de
compras em uma loja de material de construção de Osasco/SP.
Afirma, ainda, que a empresa ré fala da existência de
contrato de financiamento entre as partes, sendo que nunca
foi a São Paulo para realizar a compra mencionada. 4-
Negativação indevida. Danos morais in re ipsa 5- Danos morais
configurados, mas que merecem redução para R$5.000,00. 6-
Precedentes: 0047734-08.2012.8.19.0038 - APELACAO
DES.FRANCISCO PESSANHA - Julgamento: 25/05/2016 - VIGESIMA
QUINTA CAMARA CIVEL CONSUMIDOR e 0125759-78.2014.8.19.0001
- APELACAO JDS. DES. TULA BARBOSA - Julgamento: 27/04/2016
- VIGESIMA QUINTA CAMARA CIVEL CONSUMIDOR; 7- Recurso
conhecido e parcialmente provido. (0015024-
40.2015.8.19.0066 – APELAÇÃO – Des (a). JDS ISABELA PESSANHA
CHAGAS - Julgamento: 31/05/2017 - VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA
CÍVEL - TJRJ)

“0040626-37.2015.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª


Ementa - Des(a). ELISABETE FILIZZOLA ASSUNÇÃO - Julgamento:
01/10/2015 - SEGUNDA CÂMARA CÍVEL - AGRAVO DE INSTRUMENTO.
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. NEGATIVAÇÃO DE SOCIEDADES.
INDEFERIMENTO DA PROVA ORAL. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA
NECESSIDADE. Contratos de adesão. Prestação de serviços
prestados pela agravada constantes de realização de pesquisa
e consulta de dados de pessoas jurídicas e físicas nos
cadastros do SPC e realização de protestos e apontamentos
sem a cobrança de custas iniciais de protesto. Rescisão
contratual pela agravante, procedendo a agravada a inúmeras
cobranças, efetuando 24 (vinte e quatro) anotações negativas
das agravantes em seu banco de dados. Até que haja exame
mais aprofundado e exauriente da lide, é inegável o risco de
dano irreparável ou de difícil reparação às agravantes, tendo
em vista que, por certo, as negativações inviabilizam a
continuidade dos seus negócios, sendo necessária a dilação
probatória para a verificação de licitude das cobranças
empreendidas pela agravada. ¿Nas ações que versem sobre
cancelamento de protesto, de indevida inscrição em cadastro
restritivo de crédito e de outras situações similares de
cumprimento de obrigações de fazer fungíveis, a antecipação
da tutela específica e a sentença serão efetivadas através
de simples expedição de ofício ao órgão responsável pelo
arquivo dos dados.¿ (verbete de súmula 144 do E. TJ/RJ).
Indeferimento de prova oral. Demanda que se refere a alegado
descumprimento contratual, havendo contrato escrito e tendo
inúmeras provas documentais adunadas aos autos, inexistindo
qualquer alegação de que o pacto foi elaborado de forma
contrária ao acordado na fase prévia à contratação, não
demonstrando os agravantes a relevância da prova oral ao
deslinde do feito. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, NA FORMA DO
ART. 557, §1º-A DO CPC.”

DO PEDIDO

Por todo exposto requer:

Que seja deferido os benefícios da gratuidade de justiça;


Determinar a citação da parte Ré para querendo, oferecer no
prazo legal contestação aos termos da presente, sob pena de
revelia;

Conceder a tutela de urgência, "inaudita altera pars",


conforme disposto no art. 300 do CPC, a fim de que seja
oficiado o órgão responsável pelo arquivo dos dados para que
proceda a exclusão da restrição.

A inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, do CDC);

A procedência da presente ação, a fim de que seja declarada


a inexistência de débito em relação às contas telefônicas de
número xxxxxxxx, determinando, por conseguinte, que a ré
proceda ao cancelamento dos contratos, no prazo a ser fixado
por V.Exa., sob pena de multa, no caso de descumprimento da
obrigação de fazer.

Requer que a Ré seja condenada a pagar ao Autor, a título de


indenização por dano moral, o valor de xxxxxx salários
mínimos.

A parte Autora não deseja a realização de audiência de


conciliação. (art.319 CPC)
Condenar a parte Ré ao pagamento das custas e dos honorários
advocatícios;

Protesta ainda, por todos os meios de prova admitidos,


especialmente prova documental superveniente e pericial, se
necessário for.

Dá-se a causa o valor de R$xxxxxx

T. Em que

P. Deferimento

Datar

Dr. (a) xxxx- OAB xxxxx

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