9ed7 - Nazismo Alemão e As Leis de Nuremberg - Galindo - 2015

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REVISTA DON DOMÊNICO

Revista Eletrônica de Divulgação Científica da Faculdade Don Domênico


7ª Edição – Junho de 2015 - ISSN 2177-4641
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NAZISMO ALEMÃO E AS LEIS DE NUREMBERG:


SENTIMENTO DE PODER OU ÓDIO?

Cleusy Araújo Galindo1

RESUMO: Tem como foco principal a reflexão acerca do sentimento que reinava no
Regime nazista sobre o povo judeu. Até que ponto toda atrocidade direcionada ao
judeu era justificada? Quebrando os laços da dignidade humana e do respeito ao ser
vivente que independentemente de sua ideologia política ou etnia cravavam seus
passos em campos de concentração com o maior desrespeito já visto na História da
humanidade ao ser humano que via sua dignidade humana roubada por bárbaros,
capazes das mais terríveis torturas físicas e mentais. A pergunta como os líderes da
Alemanha nazista chegaram a tomar as decisões que levaram à chamada Solução
Final?

Palavras-chaves: 1- Nazismo; 2- Dignidade Humana; 3-Atrocidades; 4- Solução


Final.

ABSTRACT: It has as the main focus of reflection on the feeling that reigned in the
Nazi Regime on the Jewish people. Until that point, all directed at Jewish atrocity
was justified? Breaking the bonds of human dignity and respect for the living thing
regardless of political ideology or ethnicity dug his steps in concentration camps with
the greatest disrespect ever seen in the history of mankind the human who saw their
human dignity stolen by barbarians, capable the most terrible physical and mental
torture. The question how the leaders of Nazi Germany came to take the decisions

1
Graduada em Engenharia Civil – UFRN/RN, Graduada em Direito – UNICAP/PE, Especialista em Direito Judiciário e
Magistratura do Trabalho - ESMATRA6/PE, Especialista em Direito Previdenciário – ESMATRA6/PE e Aluna do Curso
Intensivo Preparatório para o Doutorado em Direito do Trabalho na Universidade de Buenos Aires/Argentina.
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that led to the so-called Final Solution?

Keywords: 1 - Nazism; 2 - Human Dignity; Atrocities-3, 4 - Final Solution.

INTRODUÇÃO

A gigantesca empresa criminal empreendida pelo nazismo levaram ao


extermínio de 6,5 milhões de vítimas judias em meados do século XX, sem falar que
entre eles haviam 1,5 milhões de crianças que foram exterminados em câmaras de
gás ou mesmo fuziladas nos campos de extermínios.

Com a chegada de Hitler ao poder em 30 de janeiro de 1933, ficou


claro para alguns alemães judeus e não judeus que era chegada a hora de deixar a
Alemanha dada à política de segregação e perseguição sistemática imposta pelo
novo regime alemão.

De fato, em 1º. de abril de 1933 houve o primeiro ato organizado pelo


novo regime nazista contra os comércios judeus. Este episodio teve grande
repercussão nacional e internacional já que a cobertura foi dada pela propaganda
oficial que contou com a Tolerância das forças policiais, como menciona Rafecas.2
Já a segunda medida tomada por Hitler, uma semana após o boicote comercial, foi a
perseguição de Hitler aos funcionários públicos para identificar e expulsar aos que
tinham origem judia. Cita Rafecas3 que desde 1871 com a emancipação dos judeus,
jamais se havia promulgado na Alemanha uma lei que discriminasse o povo judeu
oficialmente.

Não bastando à perseguição aos funcionários públicos, em 11 de abril


de 1933 foi publicada nova lei que excluía todos os advogados judeus dos tribunais.
Dando continuidade a perseguição ao povo judeu, em 25 de abril foi aprovada a

2
RAFECAS, Daniel. Historia de la solución Final- Uma indagación de las etapas que llevaron al extermínio de los judíos
europeus. Buenos Aires: Siglo Veinteuno Editores, 2012, p. 41.
3
RAFECAS, Daniel. Op. cit., pp. 41-42.
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nova lei contra a matrícula novos alunos judeus que não poderia exceder a 1,5% do
total dos solicitantes e estabelecia o percentual máximo de 5% para cada
estabelecimento de ensino. Houve redução significativa dos docentes nas
universidades dentre eles Hanz Kelsen como menciona Rafecas.4

Atos como a queimada de livros em 10 de maio de 1933 e proibição da


posse de granjas pelos judeus em setembro do mesmo ano revelam estratégias
utilizadas na primeira etapa de Hitler no poder. Não se esquecendo de mencionar
que atos dessa ordem tinham o objetivo de erradicar a literatura, obras científicas e
os repertórios musicais do povo “não ariano”, os quais poderiam de alguma forma
influenciar todo o povo alemão. Tendo até a justificativa de “salvaguardar
indiscutivelmente a melhora da composição do povo alemão” pelo órgão oficial
católico Klevsblatt.5

1. A SELEÇÃO NATURAL E A INFLUÊNCIA NO PROCESSO EUGÊNICO DE


ADOLF HITLER

Fazendo uma retrospectiva histórica, tem-se que em 1858 a teoria


evolutiva de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace. No ano seguinte Darwin
explica com riqueza de detalhes a nova teoria em seu livro: A origem das espécies,
cujo teor era fundamentalmente tratar da seleção natural como forma de adaptação
e especialização dos seres vivos, cujas características favoráveis tornam-se mais
comuns, e, por conseguinte são transmitidas hereditariamente. Tais vantagens deixa
a ideia de que o homem está sempre em “luta pela existência”. Diferentemente das
características menos comuns.
Contudo, Darwin jamais fez qualquer relação com a evolução humana.
Portanto, a analogia com o ser humano foi utilizada pelo homem da era vitoriana que
considerou a possibilidade das transmissões genéticas do homem da classe média

4
RAFECAS, Daniel. Op. cit., 2012, pp. 42-43.
5
RAFECAS, Daniel. Op. cit., 2012, pp. 46-47.
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baixa proliferar sobremaneira já que se reproduzia em maior número que o homem


da classe média.
No ano de 1883, Francis Galton pronunciou o termo “eugenia”, que
representava o estudo dos agentes influenciadores de uma melhor linhagem,
gerando um controle social com o intuito de melhorar ou empobrecer as qualidades
raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente.
A ótica nazista a esse respeito idealizava a pureza da raça, culminando
com o Holocausto. Momento em que a eugenia positiva teve seu ápice na Alemanha
nazista que julgava ser capaz de assegurar o futuro genético por meio da escolha do
“certo”, sinônimo de “ariano”, a chamada eugenia positiva, onde a meta era o
aprimoramento da espécie humana mediante a procriação preferencial dos
indivíduos bem dotados e impedindo os menos dotados de se reproduzir.
Logo após assumirem o poder, os nazistas em 1933 aprovaram a lei
de esterilização que garantia prevenção de prevenção de progênie com defeitos
hereditários. Cerca de 225 mil pessoas sofreram mutilação em face de serem
consideradas inaptas a procriação por apresentarem certas tendências genéticas.
Enquanto Galton pregava a “eugenia positiva”, o movimento eugênico
americano preferiu voltar-se para a “eugenia negativa”, que consistia na
impossibilidade das pessoas consideradas geneticamente inferiores de terem filhos,
em decorrência de alguns estudos influentes de degeneração (degeneration) e
mente fraca (feeblemindedness). Assism, o controle de natalidade foi observado
também na Grã-Bretanha.
Em plena guerra no ano de 1939, os nazistas introduziram a autanázia,
pois consideraram a esterilização um processo complicado. Lançaram mão de nova
campanha cujo slogan era “vida que não vale a penas ser vivida”, assim seria
possível incluir grupos étnicos inteiros, projetou-se a eugenia como uma tragédia
para a humanidade e um desastre para a ciência genética, a qual não ficou livre de
contaminação.
É importante mencionar que a credibilidade da eugenia junto a
comunidade científica restou prejudicada mesmo antes da apropriação pelos
nazistas com todos os atos praticamos eivados de maldade e falta de humanidade.
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2. HOLOCAUSTO: A SOLUÇÃO FINAL

O termo Solução final foi criado por Adolf Eichmann, oficial alemão de alta
patente, capturado, julgado e executado pelas autoridades israelenses em
1961/1962. A solução final representava a solução para o suposto “problema judeu”
que afrontava a sociedade europeia e por isto deveria ser exterminado. Refere-se,
contudo, ao plano nazista de genocídio sistemático contra a população judaica
durante a 2ª. Grande Guerra.
É sinônimo de perseguição acirrada a todo um povo que desde janeiro de
1933, com a chegada de Adolf Hitler, líder do Partido Nacionalista Alemão dos
Trabalhadores, ao poder. Hitler considerava os comunistas e os sociais democratas
como principal fonte de perigo para a consolidação do regime autoritário que tinha
planejado implementar na Alemanha.
Portanto, não eivou esforços na tentativa de dizimar grupos étnicos sob o
pretexto de todo serem conspiradores e inimigos.
Analisando o holocausto, pode-se dizer que o assassinato deliberado de
seres humanos sob o pretextos étnicos, nacionais, raciais, religiosos e por vezes
políticos não justificam tamanha atrocidade. O genocídio como produto da
modernidade revela o extermínio ou a desintegração de uma sociedade pelo
emprego deliberado de força, por motivos diversos que não justificam esse delito
contra a humanidade.
O que levou Hitler a crer que poderia ter esse poder insano de purificar a
espécie em detrimento da dor de milhões de judeus?
Como conceber que outros homens possam ter se aliado a ele e praticado
tamanho massacre de pessoas que visa produzir uma ordem social conforme um
projeto de sociedade perfeita, quando na verdade é o desajuste, a perversa noção
de progresso gerando perseguição, discórdia, anti-semitismo e racismo.
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3. ORDENAMENTO JURÍDICO DISCRIMINATÓRIO

Assim, houve a criação do primeiro conjunto de legislação


discriminatória na qual se pretendia “engarzar un eslabón fundamental en la
campanha antijudía a través de las leys de Nuremberg, das normas aprobadas en
15 de setembro de 1935”, caracterizando os fundamentos do nacional socialismo
elaborado por um Parlamento completamente nazificado como assinala Rafecas. 6

Assim, antes da Segunda Guerra, havia uma divisão territorial e étnica,


no ano de 1935, mesmo ano da promulgação da lei de Nuremberg onde restou
configurada a subcondição humana imposta ao povo judeu, definitivamente
estigmatizado e relegado a uma sub espécie pelos nazistas, como se verifica no
corpo da lei a seguir:

Desde 15 de setembro de 1935, quando foram decretadas


a Lei de Cidadania do Reich, a Lei de Proteção do Sangue e da
Honra Alemãs e o Primeiro Regulamento para a Lei de
Cidadania do Reich - este em 14 de novembro de 1935 (o
conjunto dos três ficou conhecido como as Leis de
Nuremberg)-, a condição judaica foi transformada numa sub-
condição humana na Alemanha e os judeus foram desprovidos
de qualquer vestígio de direitos civis. A definição de "judeu"
consta do Primeiro Regulamento, Artigo V:
1. Um judeu é um indivíduo que descende de pelo menos três
avós que eram judeus racialmente puros. O Artigo II, parágrafo,
alínea linha 2 será aplicado. (Art. II, alínea 2: um indivíduo de
sangue misto judeu é aquele que descende de um ou dois avós
que eram judeus racialmente puros, mesmo que não seja um
judeu de acordo com a seção 2 do Artigo V. Avós com 100 por
cento de sangue judeu são aqueles que pertenciam a
comunidade religiosa judaica).
2. Um judeu é também um indivíduo que descende de dois
avós puramente judeus:
(a) se era membro de uma comunidade religiosa judaica
quando esta lei foi editada, ou se integrou a uma, após a
edição desta;
(b) quando a lei foi editada, era casado com uma pessoa judia
ou foi subseqüentemente casada com um indivíduo judeu;
(c) é descendente de um casamento no qual um dos cônjuges
é judeu, no sentido da seção 1, contraído após a entrada em
vigor da Lei para Proteção do Sangue e da Honra Alemã, de 15
de setembro de 1935;

6
RAFECAS, Daniel. Historia de la solución Final- Uma indagación de las etapas que llevaron al extermínio de los
judíos europeus. Buenos Aires: Siglo Veinteuno Editores, 2012, p. 45.
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(d) é descendente de uma relação extraconjugal que envolveu


um judeu, de acordo com a Seção 1, e nasceu ou é filho
ilegítimo nascido depois de 31 de julho de 1936. (In MILMAN,
Luis. Holocausto Verdade e Preconceito, Revista Espaço
Acadêmico. n.43, 2004).

Como se observa, as Leis de Nuremberg são deveras impositivas e


segregacionistas, pois se alguém fosse declarado legalmente judeu, todas as
medidas jurídicas e administrativas, passadas e futuras, poderiam alcança-lo sem
qualquer ressalva.7 De modo que todo um povo passou a ser submisso aos abusos
legais, não lhes restando qualquer escolha ou domínio sobre o seu “eu”, pois seus
corpos eram usados como matéria prima para experimentos médicos sem qualquer
respeito ao corpo humano, a sua dignidade humana, sem qualquer respeito aos
direitos fundamentais do cidadão, desmerecendo a condição de pessoa de direito
como se o corpo fosse mero instrumento laboratorial, deixando a vida em segundo
plano, pois aqueles corpos passariam apenas a existir e não respirar o oxigênio da
vida.

Assim, o povo judeu foi estigmatizado e rotulado como “segunda


categoria”, não apenas pela burocracia estatal alemã, mas também pela opinião
pública, de forma majoritária, materializando uma nova estratégia tomada pelo
Parlamento.

Na ótica dos nazistas, a condição de judeu era incompatível com o


homem alemão, impelindo a tomada de medidas drásticas com o intuito de extinguir,
dizimar, todo e qualquer vestígio que esses seres “menores” pudessem influenciar,
inclusive do ponto de vista cultural, mas propiciar uma verdadeira saída dos judeus
do estado alemão, equivalendo a dizer que “este período comenzó a perfilarse una

7
RAFECAS, Daniel. Historia de la solución Final- Uma indagación de las etapas que llevaron al extermínio de los
judíos europeus. Buenos Aires: Siglo Veinteuno Editores, 2012, p. 45-46. “ el alcance implacable sobre los derechos
ciudadanos de los integrantes de la comunidad judía alemana era compañado por un estridente coro de voces de juristas en el
ámbito del derecho público, quienes avalaban las consignas del estado racial y anticipaban, desde la doctrina, propuestas de
medidas concretas para consagrar la más amplia discriminación, empujando a los colectivos apuntados – em especial, el
judio- a asumir el rol de meros súbditos despojados de atributos jurídicos, en sintonia com la cresciente accepción del
estereotipo del Jude como enemigo cortal de la comunidad del pueblo alemán.”
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política de Estado cuyo objetivo básico era la emigración de la comunidad


alemana.”8

A notoriedade acerca de uma perseguição ao chamado “povo ariano”


passa a ser algo maior que a etnia, mas engloba conceitos sexuais, religiosos e
políticos, tendo repercussão econômica diante da apropriação dos bens deixados,
ou melhor, tirados dos judeus com o fim de dar suporte financeiro à causa nazista.

Na verdade era o custeio do movimento que nutria a ideia de limpeza


racial quando mencionavam os ciganos e os judeus. Fato que instigou o ódio na
comunidade alemã e o medo entre os oprimidos, espremidos nos ‘guetos’ sem
qualquer poder de fuga já que estavam marcados por sua herança familiar.

4. O RESPEITO AO ESTADO DE DIREITO E DIREITOS FUNDAMENTAIS DO


HOMEM?

O estado de direito restava desaparecido no outono de 1935 e o


regime de Hitler muito mais fortalecido. Logo, em meados de 1935 e começo de
1936, chegaram à conclusão que a emigração deveria ser completa.

A política antijudia se acelerou no final do ano de 1937 e durante todo


o ano de 1938, momento em que o antigo lema: “política de arianização” voltou a ser
palco aos olhos dos Estado que não mais permitia a presença de judeus em
empresas e negócios diversos. Sem falar que no início de 1938 a campanha
econômica antijudia fez com que decretos e leis fossem editadas para impedir toda a
possibilidade econômica dos judeus na Alemanha, obrigando-os a deixar seus
negócios, liquidar suas empresas e entregar todos os seus bens as autoridades
estatais, uma vez que iriam sair definitivamente da Alemanha.

8
Texto modificado parcialmente do livaro: RAFECAS, Daniel. Historia de la solución Final- Uma indagación de las
etapas que llevaron al extermínio de los judíos europeus. Buenos Aires: Siglo Veinteuno Editores, 2012, p. 48.
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Em sequência, houve a perseguição aos pais de família enviando-os


aos campos de concentração de Schutztaffein (SS), como revela o Professor
Rafecas.9

A política de emigração tomou palco até 1939, e mesmo diante de toda


uma situação de máximo perigo para os judeus, o ocidente fechou as portas,
movidos por interesses desprovidos de qualquer grandeza de caráter, a
mesquinhez, já que se trazia o argumento de tratar-se de motivos raciais,
nacionalistas ou mesmo religiosos.

Os países europeus continuaram recebendo os judeus, mais aos


poucos as comportas foram se fechando. Foi no dia 10 de setembro de 1939 que
Hitler proibiu todos os judeus do Reich a saírem de casa durante a noite

Poderíamos alegar que se trata de poder ou de etnia, a forma de


tratamento dirigida aos judeus?

Entendemos que subjulgar seres humanos, o poder, seleção por


herança genética, discriminação por uma cultura, enfim, nada pode ser motivo que
justifique dizimar tantas pessoas passíveis de direitos, dignidade humana, inclusive
relegando todo um estado de direito legal onde os direitos humanos ficam a margem
diante de tanta maldade e maus tratos, desmerecendo a pessoa humana de todas
as formas imaginárias, subjulgado cada um deles a reles algarismos na escala
numéricas, alargando dados componentes dos gráficos estatísticos de perdas de
vidas matadas.

Pode-se dizer que a crueldade, com todo o aparato burocrático, foi o


norte de ações praticadas contra pessoas, sem levar em consideração toda dor de
um povo, ainda mais quando nos defrontamos com os motivos que levaram a
tamanha crueldade: todos os motivos vis!

9
Aulas ministradas pelo Professor Daniel Rafecas na Universidade de Buenos Aires- UBA, no período de janeiro/2013 no
Curso Intensivo para o Doutorado.
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A visível transgressão aos direitos humanos configurando um


verdadeiro crime contra a humanidade ante as barbáries cometidas sem qualquer
remorso ou dor, nada além de um cumprimento de ordem administrativa que ao
longo do domínio alemão se foi cumprindo sem deixar máculas em seus executores.

O assassinato massivo com gás como método definitivo para o


extermínio de todos os judeus europeus que estavam ao alcance das milícias de
Hitler, decisão tomada quando da derrota na batalha de Moscú e o ingresso
simultâneo dos Estados Unidos na guerra.
De início havia a matança aos judeus improdutivos e depois uma onda
maior tomou conta dos sentimentos nazistas sob um novo objetivo que apontava
para o extermínio de todos, posição abraçada também por Sobibor e Treblinka.
Em meados de 1942, ocorreu a ampliação do número de campos de
extermínio por meio de gás venenoso. Porém, a redução da artilharia militar de Eje,
nos anos seguintes, o processo de destruição massificada dos judeus europeus não
teve redução até o colapso do império nazista.

CONCLUSÕES

Logo, esperamos que este cruel episódio que envergonha a


humanidade, jamais se repita e que os valores fundamentais desconsiderados nos
campos de concentração e toda a dor deixada nas paredes de Auschwitz, ecoe no
sentido maior de não emudecer as ações que impeça tais desmandos sociais e que
o desvalor a vida, ao cidadão, ao ser vivente jamais possa se repetir.
E este cruel episódio do século XX, traga ensinamentos as novas
gerações, como reforça o Professor Daniel Rafecas em seu livro.10
Há uma negativa no consenso popular, e o bem-estar comum, o
respeito pelas diferenças, a mantença da dignidade humana e o sentimento de
solidariedade no contexto do Holocausto provoca uma releitura da morte assumida

10
RAFECAS, Daniel. Op. cit., pp. 273-274.
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pelo Estado, que fecha os olhos ao espírito democrático e dá novo sentido ao


princípio da igualdade, já que os iguais se completam e os desiguais devem ser
literalmente eliminados por ordem de Hitler.
Diante de tantas atrocidades materializadas no holocausto, faz-se a
releitura do que viria a ser um estado democrático de direito, pois o colapso da
democracia se estampa na face da civilização moderna.
Portanto, a humanidade deve estar ciente de toda atrocidade e
malefícios causados nos campos de concentração e cientificados de todo tratamento
desumano e hostil praticado contra o povo judeu para que tais condutas e valores
assumidos de magnitude nunca antes vista na história da humanidade, jamais
retornem e passem a compor mais uma vez uma página em nossas vidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARENDT, Hannah. A origem do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras,


1989;

FINKELSTEIN, Norman G. A indústria do holocausto: reflexões sobre a


exploração do sofrimento dos judeus. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 200;

MILMAN, Luis. Holocausto Verdade e Preconceito. Revista Espaço Acadêmico. n.


43, 2004;

RAFECAS, Daniel. Historia de la solución final: Uma Indagación de las etapas


que llevaron al exterminio de los judíos europeos. 1. ed. Buenos Aires: Siglo
Veintiuno, 2012;

Site: http://1940a1954.wordpress.com/contexto-historico. Acesso em 05.04.2013.

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