Resumo Geral - Abbas
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4) IMUNIDADE INATA: a II engloba células e moléculas nos tecidos e no sangue que previnem a
entrada de microorganismos. Ela promove a defesa inicial se os microorganismos se estabelecerem. As
suas respostas podem manter controlada uma infecção até que a IA ative os seus mecanismos. Uma
observação importante a respeito da II é de que elas são respostas rápidas e que não precisam de
exposição prévia a antígeno.
Reconhecimento de microorganismos: a especificidade da imunidade inata se refere a estruturas
compartilhadas por classes de microorganismos. As substâncias microbianas que estimulam a II
são geralmente as mesmas entre as classes de microorganismos, sendo chamadas de padrões
moleculares associados ao patógeno (PAMPs). Os PAMPs englobam estruturas como ácidos
nucléicos, que são únicos desses microorganismos. Outro fato interessante é de que os produtos
microbianos que a II reconhece são geralmente essenciais a esses microorganismos. Ademais, o SII
também reconhece moléculas endógenas, produzidas ou liberadas por células danificadas ou
mortas, os chamados padrões moleculares associados ao dano (DAMPs). Em alguns casos, células
saudáveis liberam certos DAMPs, ditos alarminas, que aumentam a resposta imune inata às
infecções.
Reconhecimento de padrão associado às células e sensores da imunidade inata: fagócitos
(como macrófagos e neutrófilos) e células dendríticas expressam diversos receptores de
reconhecimento de padrão.
- Receptores do Tipo Toll: reconhecem diversos produtos microbianos e moléculas expressas ou
liberadas por células estressadas ou em processo de morte. Os TLRs também reconhecem
moléculas que indicam dano celular. Nesse sentido, os TLRs se ligam diretamente aos PAMPs ou a
moléculas adaptadoras que se ligam aos PAMPs.
- Receptores citosólicos para PAMPs e DAMPs: reconhecem infecção ou células danificadas no
citosol. Há três classes principais: receptores dos tipos NOD, RIG e sensores citosólicos de DNA.
Componentes celulares do SII: são os sentinelas, detectando microorganismos e células
danificadas. Após o reconhecimento de PAMPs e DAMPs as células respondem com a produção de
citocinas inflamatórias e proteínas antivirais e com a morte de microorganismos e células
danificadas.
- Barreiras epiteliais: além de barreira física, também produzem agentes antimicrobianos.
Leucócitos com grânulos produzem defensinas.
- Fagócitos: constituem a primeira linha de defesa contra os microorganismos que violaram as
barreiras epiteliais, sobretudo macrófagos e leucócitos.
- Células dendríticas: fazem o reconhecimento essencial e desempenham os papéis efetores na II.
São as únicas células capazes de disparar e direcionar as respostas imunes adaptativas mediadas por
célula T.
- Células NK e outras células linfóides inatas: as NK atuam principalmente contra vírus
intracelulares e bactérias. Tem como principal função causar a morte de células infectadas. As NK
tem como funções efetoras matar as células infectadas e produzir IFN-gama, que ativa os
macrófagos para destruir os microorganismos fagocitados. A maioria das NK expressa receptores
inibitórios que reconhecem moléculas do MHC classe I. As NK interpretam a presença de
moléculas do MHC como normal, e a ausência delas como indicativo de células infectadas ou
estressadas. Ademais, as citocinas aumentam a atividade citotóxica das NK.
- Mastócitos: presentes na pele e no epitélio mucoso, com a função de secretar citocinas pró-
inflamatórias e mediadores lipídicos em resposta a infecções e outros estímulos. Ademais, os
produtos dos mastócitos são os responsáveis por sintomas das doenças alérgicas.
Reconhecimento solúvel e moléculas efetoras da II: as moléculas solúveis promovem uma
defesa inicial contra os patógenos. Elas agem de duas maneiras: por ligação ao microorganismo,
agindo como opsonina e aumentando a habilidade fagocítica de macrófagos, neutrófilos e células
dendríticas; após ligação aos microorganismos, promovendo respostas inflamatórias.
- Sistema complemento: engloba um conjunto de proteínas plasmáticas com a função de atuar em
conjunto e opsonizar microorganismos e promover o recrutamento de fagócitos, e à vezes até matar
o microorganismo diretamente. Ademais, a ativação do SC se dá por 3 formas: via clássica, usa a
proteína plasmática C1q para detectar anticorpos ligados na superfície do microorganismo ou outra
estrutura; via alternativa, que é ativada quando a proteína C3 reconhece certas estruturas da
superfície microbiana, como lipopolissacarídeo bacteriano; via da lectina, que é disparada pela
proteína plasmática lectina ligante de manose. Ademais, as PC-R são chamadas de reagentes de
fase aguda, pois indicam reações inflamatórias agudas. Por fim, os três principais eixos de atuação
do SII são: indução da inflamação, indução de defesa antiviral e estimulação da imunidade
adaptativa.
Resposta inflamatória: a principal resposta imune em meio a infecções e lesões teciduais é
estimular inflamação aguda. O leucócito mais recrutado na inflamação aguda é o neutrófilo. Os
locais de infecção crônica passam por remodelamento tecidual, como angiogênese e fibrose.
- Principais citocinas pró-inflamatórias: produzidas principalmente por macrófagos e por células
dendríticas. TNF: mediador da resposta inflamatória aguda a bactérias e outros microorganismos
infecciosos. O choque séptico é em grande parte induzido por TNF; IL-1: também medeia a
resposta inflamatória aguda, tendo como principal fonte os neutrófilos ativados; IL-6: também é
importante nas respostas inflamatórias agudas. Ademais, outras citocinas, como a IL-12, que
aumenta a toxicidade das NK.
- Recrutamento de leucócitos para os locais de infecção:um grande número de neutrófilos, seguidos
de monócitos saem do sangue para os tecidos como parte da resposta inflamatória aguda às
infecções e lesão tecidual.
- Ingestão e morte de microorganismos por fagócitos ativados: a ligação dos microorganismos ao
receptor desses fagócitos (macrófagos e neutrófilos) é o primeiro passo da fagocitose. As principais
moléculas microbicidas por eles produzidas são: EROs, óxido nítrico e enzimas proteolíticas.
- Consequências sistêmicas e patológicas da inflamação: TNF e IL-1 são pirogênicos, levando a
aumento da temperatura corporal por agirem no hipotálamo. O TNF inibe a contratilidade
miocárdica e o tônus do músculo liso vascular, causando diminuição na PA ou choque. Ademais,
ele também causa trombose intravascular.
Resposta antiviral: o SII tem como principal ação contra infecções virais a expressão de
interferons do tipo I, que inibem a replicação viral. Nesse sentido, as três principais ações do
inteferon do tipo I são: inibir a síntese da proteína viral, degradação do RNA viral e inibição da
expressão do gene viral e montagem do vírion. Ademais, os interferons do tipo I também
aumentam a citotoxidade das NK e dos CTLs CD8+.
Estímulo da imunidade adaptativa: os sinais liberados na II também influenciam no tipo de
resposta adaptativa.
Mecanismos que limitam as respostas imunes inatas: para limitar o dano potencial aos tecidos.
Por exemplo, a IL-10 inibe a produção de diversas citocinas inflamatórias por macrófagos e células
dendríticas ativadas (como IL-1 e TNF).
9) ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T: a atividade inicial dos linfócitos T ocorre principalmente nos
órgãos linfóides secundários. Os linfócitos T imaturos circulam para órgãos linfóides, e eventualmente
se deparam com APCs. Com esse reconhecimento de antígeno ocorre produção de citocinas,
proliferação, expansão clonal e diferenciação em células efetoras e de memória.
Sinais para ativação dos linfócitos: o antígeno é sempre o primeiro sinal necessário para ativação
do linfócito. Certos sinais das APCs atuam como coestimuladores na proliferação e na
diferenciação de células T imaturas. Ademais, a coestimulação B7:CD28 engloba CD28 na
superfície da célula T e moléculas coestimuladoras B71 e B72 na superfície das APCs ativadas.
Respostas funcionais dos linfócitos T: o primeiro passo após a ativação é a expressão de citocinas
e de moléculas de superfície, seguida de proliferação e, após, diferenciação em células efetoras e de
memória.
Obs: a IL-2 é um fator de crescimento, sobrevivência e diferenciação de linfócitos T. A IL-2 induz
a produção da proteína antiapoptótica Bcl-2 (sobrevivência das células T). Ademais, a
sobrevivência das células T maduras depende das citocinas, e não de reconhecimento de antígeno,
sob ação da IL-7, por exemplo.
Declínio das respostas da célula T: a eliminação do antígeno implica em diminuição da resposta.
Ademais, a diminuição da IL-2 causa diminuição da quantidade de proteínas antiapoptóticas,
levando à morte por apoptose.
14) IMUNIDADE NAS BARREIRAS EPITELIAIS: os sistemas imunes regionais englobam os sistemas
imunes das mucosas, como as gastrintestinal, broncopulmonar, genitourinária e pele. As barreiras
epiteliais apresentam camada epitelial externa, tecido conjuntivo subjacente e linfonodos drenantes.
Nesse sentido, o conjunto de células mediadoras de resposta imune é chamado de tecido linfóide
associado à mucosa (MALT). Certos grupos celulares podem ser mais freqüentes em dados sistemas
imunes regionais. Esses sistemas imunes regionais possuem mecanismo de adaptação a
microorganismos não patogênicos.
Imunidade no SGI: há uma estrutura tubular englobada por células epiteliais e que repousam
sobre uma membrana basal. Há um tecido conjuntivo frouxo (lâmina prórpia), que consiste num
estrato abaixo do epitélio, com vasos sanguíneos, vasos linfáticos e MALT; a submucosa, que
consiste em tecido conjuntivo denso, interpondo a mucosa e as camadas do músculo liso. Dentre
as peculiaridades do TGI pode-se citar: grande extensão mucosa, ingestão de microorganismo
comensais, auxiliando na digestão e prevenindo infecções prejudiciais, porém, se ultrapassarem
a barreira epitelial e ganharem a circulação eles podem ser potencialmente fatais.
- II no TGI: o epitélio intestinal apresenta junções de oclusão. Ademais, as mucinas formam
uma barreira viscosa ao contato dos microorganismos com as células do TGI. Muitas mucinas
podem suprimir a ação das adesinas dos patógenos. Ademais, elas compõem o glicocálix, que é
uma importante barreira. Os receptores tipo Toll (TLRs) e os NLRs não só respondem a
patógenos invasores, mas também neutralizam respostas inflamatórias contra microorganismos
comensais. Os TLRs e os NLRs reconhecem padrões moleculares associados a patógenos
(PAMPs). Ademais, em indivíduos normais, as células dendríticas e os macrófagos na lâmina
própria inibem processos inflamatórios e mantém a homeostase.
- IA no TGI: é principalmente humoral e direcionada aos microorganismos do lúmen, com
predomínio de IgA, IgG e IgM. Possuem as placas de Peyer (com APCs, linfócitos B, células T
auxiliares e macrófagos). Ademais, os linfonodos mesentéricos coletam antígenos trazidos da
linfa de IG e ID, além de ser o local de diferenciação de linfócitos T efetores e regulatórios. O
ácido retinoico, que provém da vitamina A e também pode ser sintetizado por células epiteliais
intestinais é quem coordena a ação das células dendríticas, no sentido de determinar as células B
produtoras de IgA e das células T efetoras.
As Ig neutralizam os antígenos e impedem que eles se liguem a receptores nas células do
hospedeiro. Ademias, as células Th17 produzem as citocinas IL-17 e IL-22, produtoras de
mucinas e beta-defensinas. Dando seguimento, as células Th2, produzem IL-4 e IL-13,
responsáveis pelas respostas a helmintos intestinais, com motilidade intestinal e contratilidade
de músculo liso. Nesse sentido, quem previne reações contra a microbiota intestinal são as
células T regulatórias.
Obs: IL-10 é uma citocina imunossupressora, assim como TGF-beta e IL-2, importantes para
evitar resposta inflamatória patológica intestinal. Os antígenos comensais ativam as respostas
IgA dependentes das células T específicas. A IgA previne a passagem desses microorganismos
pela barreira epitelial, o que ajuda a prevenir respostas imunes inatas e humorais.
Nesse sentido, nas doenças inflamatórias intestinais ocorre inflamação remitente crônica de IG e
ID, por desregulação nas respostas às bactérias comensais. Inclui-se: doença de Crohn (pode
afetar a espessura da parede intestinal, sobretudo no íleo terminal), colite ulcerativa (restrita à
mucosa colônica, tendo como sintomas vômitos, diarréia, dor abdominal e perda de peso). Pode
ter ocorrido deficiências na expressão de moléculas (defensinas) ou regulação negativa nas
respostas imunes inatas a microorganismos comensais. Dando seguimento, a doença celíaca é
uma enteropatia sensível ao glúten, sendo uma doença inflamatória da mucosa do ID, havendo
respostas imunes contra proteínas do glúten, havendo atrofia nas vilosidades e má absorção, com
produção de IgG e IgA específicas para o glúten. Por fim, as alergias alimentares envolvem
respostas Th2, em que a reingestão do “antígeno” ativa a resposta Th2 e a produção de IgE, com
ativação de mastócitos. A ativação de Th2 também induz o peristaltismo. Resslata-se que
respostas imunes prolongadas a microorganismos intestinais pode induzir o aparecimento de
tumores do TGI.
Imunidade em outros tecidos das mucosas:
- Imunidade do SR: a mucosa do SR engloba nariz, nasofaringe, traquéia e árvore brônquica. A
flora microbiana do SR é menos diversa que a gastrintestinal, e se concentra nas vias aéreas
superiores. Englobando a II do SR, muitos surfactantes nos alvéolos se ligam aos patógenos e os
inibem. Na IA do SR, a IgA secretória ativa e deferência células B em tonsilas e adenóides.
Também há muito IgE e mastócitos na mucosa respiratória.
- Imunidade do SGU: há pouco MALT no SGU, havendo um predomínio de IgG sobre IgA.
- Imunidade da pele: barreira física contra os microorganismos. Nas respostas imunes cutâneas
os queratinócitos podem ativar as vias de transdução, sobretudo NF-kB e STAT3. A epiderme
apresenta como célula dendrítica especializada as células de Langerhans, que englobam o
antígeno, drenam para os linfonodos de drenagem e os apresentam às células T. Ademais, a
vitamina D e a luz solar atuam na migração de células T para a pele.
A psoríase consista numa inflamação crônica da pele, havendo formação de placas escamosas e
avermelhadas, tendo como causa respostas imunes desreguladas, além de haver envolvimento a
fatores ambientais. Tem-se proliferação de queratinócitos.
A dermatite atópica consiste numa doença inflamatória crônica da pele, havendo lesões
pruriginosas. Coordenada pro respostas Th2 em indivíduos geneticamente suscetíveis, as
respostas Th2 induzem a produção de IgE específica e ativação de mastócitos.
Tecidos imunologicamente privilegiados: englobam cérebro, olhos, feto, testículos e placenta.
- Olho: presença de junções ocludentes, córnea avascular, limitação da drenagem linfática. As
respostas adaptativas tem menor chance de ocorrer. Ademais, não há tolerância para antígenos
próprios no olho.
- Cérebro: a inflamação pode causar disfunção e morte de neurônios. O que prejudica a IA:
drenagem linfática diferenciada, barreira hematoencefálica e o pequeno número de células
dendríticas. Ademais, há um grande número de macrófagos residentes no cérebro, as chamadas
micróglias.
- Testículo: também há uma barreira hematotecidual.
- Feto: expressa genes herdados do pai, mas geralmente não é rejeitado pela mãe. Nesse sentido,
a localização anatômica do feto é importante para a ausência de rejeição. As células do
trofoblasto não expressam moléculas MHC paternas.
Colite ulcerativa: é uma doença inflamatória que afeta IG e reto. Tem como sintomas diarréia,
hemorragias, cólicas e febre. Ademais, dieta e estresse são fatores agravantes. Visa-se tratar a
fase aguda e manter a remissão, com uso de corticóides e imunossupressores hormonais com
ação antinflamatória. Dando seguimento, a RCU é considerada uma doença de resposta Th2
atípica, com aumento da produção de IL-5 e IL-13, sendo que essa induz citotoxidade, apoptose
e prejudica a função da barreira epitelial.
Obs: o estresse do RE é fator de risco para doenças inflamatórias intestinais.
Obs2: reiterando, as citocinas imunossupressoras, que condicionam a homeostase da mucosa
gastrintestinal tem: IL-10, TGF-beta e IL-2.
16) IMUNIDADE AOS MICROORGANISMOS: depende das respostas efetoras imunes da II e da IA.
Imunidade a bactérias extracelulares: causam doença por dois modos: indução da inflamação
(causando lesão no local da infecção) e produção de toxinas (podem ser endo ou exotoxinas).
- II contra bactérias extracelulares: ativação do complemento, resposta inflamatória e fagocitose.
Nesse sentido, os peptidioglicanos das gram + e os LPS das gram – ativam o complemento, o
que aumenta a opsonização e a fagocitose dessas bactérias. Os resíduos de complemento
recrutam e ativam leucócitos. Os produtos microbianos ativam os receptores tipo Toll (da II),
que se ligam aos PAMPs (Padrões de Reconhecimento Relacionados a Patógenos), gerando
fagocitose ou ações microbicidas.
- IA contra bactérias extracelulares: a imunidade humoral é fundamental, seja para bloquear a
infecção, destruir microorganismos ou neutralizar toxinas. Nesse sentido, os anticorpos agem
contra os compostos da PC e contra as toxinas liberadas. Nesse sentido, IL-17 e TNF induzem a
inflamação e o IFN-gama ativa os macrófagos. As respostas TH17 recrutam neutrófilos e
monócitos, levando à inflamação local. Ademais, as bactérias extracelulares também levam à
respostas TH1, com secreção de IFN-gama, que leva à ativação dos macrófagos e de suas ações
microbicidas. Por fim, efeitos prejudiciais das respostas imunes às bactérias extracelulares
incluem: inflamação (geralmente autolimitada) e choque séptico (colapso circulatório e
coagulação intravascular disseminada, que se inicia com a a produção de citocinas por
macrófagos ativados por peptidioglicanos e LPS).
Obs: certas toxinas bacterianas aumentam a expressão de genes do TCR, podendo levar à
síndrome inflamatória sistêmica, com superantígenos.
A resistência dessas bactérias extracelulares está ligada à evasão da II, Além disso, as bactérias
podem variar a expressão de antígenos na superfície.
Imunidade contra bactérias intracelulares: bactérias intracelulares facultativas podem
sobreviver e se replicar dentro de fagócitos. Nesse sentido, a sua eliminação requer a imunidade
mediada por células e a resposta do hospedeiro também pode causar lesão tecidual.
- II contra bactérias intracelulares: é mediada principalmente por fagócitos e NK. Num primeiro
momento os neutrófilos, depois os macrófagos ingerem e tentam destruir os microorganismos.
As bactérias intracelulares levam à expressão de ligantes de ativação de células NK nas células
infectadas e também à produção de IL-12 pelas células dendríticas e por macrófagos. Nesse
sentido, as NK produzem IFN-gama, que ativa macrófagos, levando à morte da bactéria
fagocitada.
- IA contra bactérias intracelulares: sobretudo pelo recrutamento e ativação de fagócitos
mediados por células T. Desse modo, indivíduos com deficiência na imunidade mediada por
células, como na AIDS, são extremamente suscetíveis à infecções por bactérias intracelulares.
Ademais, a defesa ocorre por duas formas: TCD4+, que ativam fagócitos por ligante CD40 e
IFN-gama; células TCD8+ citotóxicas. A IL-12 produzida por macrófagos e células dendríticas
leva à diferenciação de células TCD4+ em células TH1. As bactérias fagocitadas estimulam
respostas TCD8+ se antígenos bacterianos forem para o citosol, ou as bactérias saírem dos
fagossomos para o citosol. Ademais, a ativação dos macrófagos pode causar lesão. Os diferentes
padrões de respostas das células T entre os indivíduos influenciam na progressão da infecção.
Por fim, a evasão da resposta imune por bactérias intracelulares engloba: inibição da fusão do
fagolissomo, fuga para o citosol e eliminação ou inativação de microbicidas.
Imunidade contra fungos: muitas micoses são oportunistas, desenvolvendo-se em
imunossuprimidos.
- II e IA contra fungos: a defesa ocorre principalmente por macrófagos e neutrófilos. Desse
modo, um quadro de neutropenia suscetibiliza o indivíduo a micoses. Muitos fungos
extracelulares levam a fortes respostas TH17, enquanto que os fungos intracelulares tendem às
respostas TH1 (pode levar à inflamação granulomatosa).
Imunidade contra vírus: no ciclo lítico ocorre lise celular.
- II contra vírus: a infecção viral é inibida pelo IFN-1, e as células infectadas são eliminadas
pelo CTL. A célula infectadapassa a produzir o IFN-1 para inibir a infecção. As células NK são
essenciais, sobretudo no início da infecção viral. Muitas células infectadas “desligam” a
expressão do MHC classe I, para fugir das CTLs. Desse modo, as NK podem agir.
- IA: é mediada por anticorpos, que impedem a entrada dos vírus nas células, e por CTLs. O
anticorpo se liga ao envelope viral, impedindo o início de uma nova infecção, assim como a
disseminação célula-célula. Além disso, os anticorpos também podem opsonizar os vírus e ativar
o sistema complemento. Ademais, ressalta-se que o anticorpo não consegue agir quando o vírus
está dentro da célula, de modo que a vacinação serve apenas para prevenção. Nesse sentido, a
eliminação dos vírus intracelulares é feita pelo CTLs, que matam as células infectadas. A
infecção viral leva a uma grande proliferação de células TCD8+. Consequentemente,
deficiências suscetibilizam o indivíduo à infecção viral. Nas infecções latentes o DNA viral
persiste na célula hospedeira, mas não se replica e não destrói a célula (ciclo lisogênico). Numa
eventual deficiência imune pode haver reativação do vírus, como no EBV. Além disso,
infecções persistentes podem levar à deposição de imunocomplexos no endotélio vascular,
podendo causar vasculites sistêmicas.
- Evasão da respostas imunes por vírus: ocorre por variação dos antígenos de superfície, inibição
de apresentação de proteínas citosólicas ao MHC classe I. As células infectadas não são
reconhecidas pelas células TCD8+ CTL. Os vírus podem, inclusive, inibir a ativação de células
NK; certas moléculas produzidas por vírus podem inibir a resposta imune; infecções virais
crônicas podem levar à insuficiência de CTLs; os vírus também podem inativar e destruir células
imunocompetentes.
Imunidade contra parasitas: protozoários + helmintos + ectoparasitas. Causam infecções
geralmente crônicas, com fraca resposta II e fuga da IA.
- II contra parasitas: a principal resposta da II nessas infecções é a fagocitose.
- IA contra parasitas: a principal resposta contra parasitos que se desenvolvem dentro de
macrófagos ocorre pela imunidade mediada por células, com ativação de outros macrófagos de
resposta TH1. Respostas TH2, muitas vezes, podem causar resistência da infecção. Ademais, a
imunidade contra helmintos ocorre por respostas TH2, com produção de IgE e ativação de
eosinófilos, havendo diferenciação de células TCD4+ imaturas em células efetoras TH2.
- Evasão da resposta imune por parasitas: a alteração dos antígenos de superfície é uma forma de
evasão.
Estratégias para o desenvolvimento de vacinas: há uso de uma forma morta ou atenuada de
um microorganismo infeccioso. Infecções latentes tem o desenvolvimento de vacinas dificultado
devido a variação dos antígenos de superfície. Ademais, a maioria das vacinas preconiza a
imunidade humoral, com a idéia de formar plasmócitos de vida longa e células B de memória.
O uso de cepas atenuadas é o ideal, pois leva à todas as respostas imunes que o microorganismo
causaria (II + IA, celular e humoral). Dando seguimento, os adjuvantes geralmente estimulam a
II, como bactérias mortas pelo calor. A inflamação grave é o inconveniente.
Noutro prisma tem-se a imunização passiva, onde ocorre injeção de anticorpos específicos,
sendo importante em situações agudas, como no tétano e em picadas de animais peçonhentos.
17) IMUNOLOGIA DO TRANSPLANTE: também pode ser chamado de enxerto. O transplante entre
indivíduos geneticamente diferentes leva à rejeição do transplante por uma resposta da IA. A rejeição a
um 2º enxerto de um mesmo doador é mais rápida do que a 1ª, sendo que no caso de 2º enexerto de
doador diferentes isso não ocorre.
Resposta imune adaptativa aos aloenxertos: aloantígenos causam respostas celulares e
humorais, sendo que aloantígenos são proteínas de histocompatibilidade, codificadas por genes
polimórficos. Nunca há rejeição entre gêmeos idênticos, porém ocorre entre gêmeos diferentes
de uma mesma espécie. As moléculas do MHC são responsáveis por reações fortes (rápidas de
rejeição). No reconhecimento direto, células T do receptor do enxerto reconhecem moléculas
MHC intactas (não processadas no enxerto). Por outro lado, no reconhecimento indireto, as
células T do receptor só reconhecem as moléculas de MHC. As células T respondem fortemente
às moléculas do MHC alogênico apresentadas diretamente. O alorreconhecimento pode
desencadear a formação de células TCD4+ e TCD8+. Na via indireta, as moléculas MHC
alogênicas são processadas por APCs, e xpressas em associação com moléculas do receptor por
reconhecimento por células T. Ademais, nas rejeições crônicas do enxerto há maior ativação de
células TCD4+, com liberação de citocinas e produção de anticorpos (por células B) contra os
aloantígenos.
A sequência é de linfócitos reconhecendo autoantígenos, proliferação e diferenciação por
funções efetoras.
Funções ativadoras e efetoras dos linfócitos T autorreativos: o enxerto apresenta APCs com
moléculas de MHC do doador, que levam os aloantígenos até os gânglios de drenagem.
Linfócitos imaturos circulantes podem reconhecer aloantígenos e se diferenciar em células
efetoras.
A coestimulação ocorre, sobretudo por moléculas B7 nas APCs. Nesse sentido, o bloqueio da
coestimulação por B7 é uma estratégia terapêutica. Células TCD4+ e TCD8+ alorreativas
causam rejeição por processos diferentes. As primeiras se diferenciam em células efetoras
produtoras de citocinas, levando a danos por inflamação mediada por citocinas. Ademais, as
TCD8+ se diferenciam em células T citotóxicas, levando à morte de células do enxerto com
MHC classe I de aloantígeno.
Ativação de células B alorreativas e produção e funções de aloanticorpos: esses anticorpos
também ajudam para a rejeição. As células B virgens reconhecem moléculas MHC estranhas, as
processam e apresentam peptídeos derivados das células T auxiliares. Ademais, as principais
lesões de rejeição ocorrem na vascularização do enxerto.
Formas de imunossupressão: