Aula 2 - Leitura e Análise de Redações

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Curso de Redação para o Enem

Leitura e
análise de
redações
PROF. RICARDO
ENEM 2018
ORIENTAR, DIRECIONAR; O QUE SE ACESSA, SE PESQUISA,
ESTRATÉGIA PARA QUE QUANTO TEMPO EU PASSO NA
ALGUÉM FAÇA ALGO. INTERNET ETC.

Manipulação do comportamento
do usuário pelo controle de dados
OBSERVAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

da internet. PESSOAIS QUE SÃO INSERIDAS


COTIDIANAMENTE. (VALE DO
SILÍCIO).
ENEM 2018
ENEM 2018
ENEM 2018
Redação nota mil – ENEM 2018
“Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”
Por Lucas Felpi
No livro 1984 de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário controla e
manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos
governantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério
da Verdade que diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do Partido
e formar a população através de tal ótica. Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada por Orwell pode ser
relacionada ao mundo cibernético do século XXI: gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência
artificial corroboram para a restrição de informações disponíveis e para a influência comportamental do público,
preso em uma grande bolha sociocultural.
Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias, internautas são cada vez
mais expostos à uma gama limitada de dados e conteúdos na internet, consequência do desenvolvimento de
mecanismos filtradores de informações a partir do uso diário individual. De acordo com o filósofo Zygmund
Bauman, vive-se atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo globalizado não só possibilitou
novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu portas para a manipulação e alienação
semelhantes vistas em “1984”. Assim, os usuários são inconscientemente analisados pelos sistemas e lhes é
apresentado apenas o mais atrativo para o consumo pessoal.
Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no
comportamento da coletividade cibernética: ao observar somente o que lhe interessa e o que foi
escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e fechar os olhos
para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por
exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e
restringia as possibilidades para apenas as que a máquina indicava – tornando o usuário passivo na
escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de
Frankfurt: produzir conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo
homogêneo e, logo, facilmente atingível.
Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a
conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação
e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes
sociais que detalhem o funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas ferramentas e advirtam
os internautas do perigo da alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar
informações de fontes variadas e manter em mente o filtro a que ele é submetido. Somente assim,
será possível combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais,
estourar a bolha que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em Winston de
“1984”, as novas tecnologias estão construindo nos cidadãos do século XXI.
Redação nota mil – ENEM 2018
Por Clara de Jesus
“Black Mirror” é uma série americana que retrata a influência da tecnologia no cotidiano
de uma sociedade futura. Em um de seus episódios, é apresentado um dispositivo que atua
como uma babá eletrônica mais desenvolvida, capaz de selecionar as imagens e sons que os
indivíduos poderiam vivenciar. Não distante da ficção, nos dias atuais, existem algoritmos
especiais ligados em filtrar informações de acordo com a atividade “online” do cidadão. Por isso,
torna-se necessário o debate acerca da manipulação comportamental do usuário pelo controle
de dados na internet.
Primeiramente, é notável que o acesso a esse meio de comunicação ocorre de maneira,
cada vez mais, precoce. Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, no ano de 201, apenas 35% dos
entrevistados, que apresentavam idade igual ou superior a 10 anos, nunca haviam utilizado a
internet. Isso acontece porque desde cedo a criança tem contato com aparelhos tecnológicos
que necessitam da disponibilidade de uma rede de navegação, que memoriza cada passo que
esse jovem indivíduo dá para traçar um perfil de interesse dele e, assim, fornecer assuntos e
produtos que tendem a agradar ao usuário. Dessa forma, o uso da internet torna-se uma
imposição viciosa para relações sócio-econômicas.
Em segundo lugar, o ser humano perde sua capacidade de escolha. Conforme o conceito
de “Mortificação do Eu”, do sociólogo Erving Goffman, é possível entender o que ocorre na
internet que induz o indivíduo a ter um comportamento alienado. Tal preceito afirma que, por
influência de fatores coercitivos, o cidadão perde seu pensamento individual e junta-se a uma
massa coletiva. Dentro do contexto da internet, o usuário, sem perceber, é induzido a entrar em
determinados sites devido a um “bombardeio” de propagandas que aparece em seu dispositivo
conectado. Evidencia-se, portanto, uma falsa liberdade de escolha quanto ao que fazer no
mundo virtual.
Com o intuito de amenizar essa problemática, o Congresso Nacional deve formular leis
que limitem esse assédio comercial realizado por empresas privadas, por meio de direitos e
punições aos que descumprirem, a fim de acabar com essa imposição midiática. As escolas, em
parceria com as famílias, devem inserir a discussão sobre esse tema tanto no ambiente
doméstico quanto no estudantil, por intermédio de palestrantes, com a participação de
psicólogos e especialistas, que debatam acerca de como agir “online”, com o objetivo de
desenvolver, desde a infância, a capacidade de utilizar a tecnologia a seu favor. Feito isso, o
conflito vivenciado na série não se tornará realidade.

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