Práticas Inclusivas Na Educação Física

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Práticas Inclusivas
em Educação Física
Práticas Inclusivas em Educação Física
Autoria: Aline Miranda Strapasson
Como citar este documento: STRAPASSON, Aline Miranda. Práticas Inclusivas em Educação Física. Vali-
nhos: 2017.

Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: Conceitos, definições e causas das deficiências 05
Assista a suas aulas 26
Unidade 2: História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência 33
Assista a suas aulas 55
Unidade 3: Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência 57
Assista a suas aulas 85
Unidade 4: A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos 93
Assista a suas aulas 113

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2/201
Práticas Inclusivas em Educação Física
Autoria: Aline Miranda Strapasson
Como citar este documento: STRAPASSON, Aline Miranda. Práticas Inclusivas em Educação Física. Vali-
nhos: 2017.

Sumário
Unidade 5: A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação 121
Assista a suas aulas 142
Unidade 6: O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva 149
Assista a suas aulas 171
Unidade 7: Práticas inclusivas 179
Assista a suas aulas 194
Unidade 8: O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência 202
Assista a suas aulas 218

3
3/226
Apresentação da Disciplina

Durante séculos excluímos as pessoas com de- relacionados à evolução das políticas públicas
ficiência do nosso convívio e do ensino regular de educação voltadas às pessoas com defici-
e, consequentemente, também das práticas ência e compreender a atuação profissional no
da Educação Física na escola. Nunca antes re- trato educacional e social junto a essas pesso-
fletimos tão avidamente sobre a inclusão des- as, abolindo medos e preconceitos pertinentes
sas pessoas. Hoje, elas cobram seu lugar na aos julgamentos pré-estabelecidos.
sociedade e na escola. Logo, estudar o tema Tornar-se um profissional que atua adequa-
deficiência é dar um passo consciente e res- damente junto às pessoas com deficiência
ponsável em direção a uma educação de qua- demanda conhecimento e, também, sensibili-
lidade e adequada às diferenças, o que é um dade e empatia. Ao longo do texto, trabalha-
direito de todos. remos esses conceitos oferecendo-lhes um
Todo o conteúdo abordado aqui será contex- reolhar sobre as deficiências e o processo de
tualizado para o ambiente escolar formal (es- ensino e aprendizagem na Educação Física.
cola) e não formal (clubes, hospitais de reabi- Convido-lhe a adentrar nessa área do conheci-
litação, escolinhas de esporte, entre outros). mento e da prática inclusiva nas aulas de Edu-
Você, professor de Educação Física, irá conhe- cação Física, que tanto carece de profissionais
cer sobre as diversas deficiências, entender especializados e dedicados.
sobre os processos históricos e socioculturais
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Unidade 1
Conceitos, definições e causas das deficiências

Objetivos

1. Conhecer as causas, os conceitos e definições das deficiências.


2. Apresentar os diferentes tipos de deficiências.
3. Possibilitar a reflexão sobre atuação adequada junto às pessoas com deficiências.

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Introdução

Permita-me iniciar este texto explorando • Imagine-se com dificuldades para en-
algumas situações que farão você refletir tender sinais sonoros, pois perdeu a
sobre esse tema tão importante e manifes- audição.
to nos dias atuais. Essas situações lhe au-
xiliarão a combater um mal chamado pre-
conceito, que está presente na maioria das Para saber mais
pessoas que não conhece aquilo que julga e A Lei Federal nº 7853 de 24 de outubro de
pré-determina: 1989(BRASIL, 1989) define o preconceito contra
deficientes como crime. Nesse sentido, nenhuma
• Imagine-se acordando em um país do
escola ou creche pode recusar, sem justa causa, o
outro lado do mundo, sem entender
acesso do deficiente à instituição. A pena aos in-
uma só palavra falada pelos nativos.
fratores é de quatro anos de prisão, além de mul-
• Imagine-se acordando e percebendo ta.
que não consegue movimentar nem
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/
sentir o seu corpo da cintura para bai-
ccivil_03/leis/L7853.htm>. Acesso em: 20 dez.
xo.
2016.
• Imagine-se perdendo a visão gradati-
vamente até nada mais enxergar.
6/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências
Espero que estas situações tenham fei- tual, visual ou auditiva, o(s) qual(is), em in-
to com que reflita acerca desse universo – teração com diversos outros obstáculos da
ainda permeado por preconceitos e discri- vida cotidiana, pode(m) entravar sua parti-
minações – e que esta reflexão a(o) torne cipação plena e efetiva na sociedade (BRA-
curiosa(o) para estudar a deficiência, quem SIL, 2008).
são as pessoas com deficiência e como po- Conforme dados do Censo Demográfico de
demos atuar junto à elas. 2010, realizado pelo Instituto  Brasileiro  de
É importante saber que a deficiência é uma Geografia e Estatística (IBGE), quase 46 mi-
condição decorrente de desvio significati- lhões de pessoas têm algum tipo de defici-
vo ou perda nas funções e/ou estruturas do ência, um percentual de 23,9% da popula-
corpo (CIF, 2004). É uma condição associa- ção brasileira.
da à diversas causas que podem acometer
o indivíduo em fases diferentes da vida, ou
seja, uma pessoa pode nascer com algu-
ma disfunção, adquiri-la na hora do nasci-
mento ou ao longo de sua existência. Logo,
pessoa com deficiência é aquela que tem
impedimento(s) de natureza física, intelec-
7/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências
1. Conhecendo as causas das
Link deficiências
Acesse a “Cartilha Do Censo 2010 – Pessoas com
Conhecer as causas das deficiências é es-
deficiência” (CARTILHA DO CENSO 2010, 2012),
sencial para quebrar paradigmas pré-esta-
que oferece informações detalhadas sobre a co-
belecidos, bem como para modificar costu-
leta do IBGE apresentada no Censo 2010. Dispo-
mes e tornar esta sociedade um ambiente
nível em:
mais justo e igualitário.
<http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/
app/sites/default/files/publicacoes/cartilha-
-censo-2010-pessoas-com-deficienciare-
Para saber mais
duzido.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2016. Cerca de 70% das deficiências podem ser evi-
tadas com conhecimento, mudança de hábitos
comportamentais e adotando medidas preventi-
Face à este alto percentual detectado, a in-
vas como prioridade para a saúde durante toda a
formação e a capacitação profissional são
vida (LIMA; PINTO; PEREIRA, 2011).
os melhores aliados dos profissionais e da
sociedade contra o preconceito.

8/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências


Atualmente, são conhecidas uma variedade entre outras.
de causas e fatores que levam uma pessoa Entre as causas perinatais mais frequentes
a adquirir alguma deficiência e, também, encontram-se: anóxia (ausência de oxigê-
que muitas dessas causas não levam em nio) ou hipóxia (carência de oxigênio) du-
consideração o gênero, a etnia, a cultura e rante o parto; hemorragia intracraniana ou
nem mesmo a classe social da pessoa. As algum tipo de trauma que resulte em lesão
deficiências podem surgir em qualquer fase cerebral; entre outras.
da vida humana, desde sua concepção até
a morte, sendo que os períodos de acome- As principais causas da fase pós-natal são:
timento podem ser divididos em: pré-natal prematuridade; desnutrição; acidentes;
(durante a gestação), perinatal (durante o doenças degenerativas; infecções; trau-
nascimento) e pós-natal (após o nascimen- matismos cranianos; privação econômica,
to). familiar e cultural; entre outras (DIAMENT;
CYPEL, 2005; GORGATTI; COSTA, 2008).
Entre as principais causas pré-natais en-
contram-se: malformações congênitas; As causas são inúmeras, gerando um con-
síndromes; infecções; uso abusivo de álco- tingente de deficiências, tipos e graus de
ol, medicamentos e outras drogas; desnu- severidade diferentes, como veremos a se-
trição; prematuridade; violência doméstica; guir.

9/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências


2. Tipos de deficiência cuidado pessoal e de relacionamento social
(ALVES et al., 2008). A deficiência intelec-
Elas podem ser temporárias ou permanen- tual implica três conceitos-chave: 1º -defi-
tes, progressivas ou estáveis, intermiten- ciência/dificuldade, referindo-se às limita-
tes ou contínuas. Também podem ser leves, ções que colocam o indivíduo em desvan-
moderadas, graves ou variar de intensidade tagem quando age e interage na sociedade;
ao longo do tempo (CIF, 2004). 2º - inteligência, que envolve a capacidade
Os principais tipos de deficiência abordados para pensar, planejar, resolver problemas,
neste texto serão: intelectual, física, visual e compreender e aprender; e 3º - habilidades
auditiva. adaptativas, que são as competências que
aprendemos para viver o cotidiano (BELO et
2.1. O que é Deficiência Intelec- al., 2008).
tual? Atualmente, a classificação é baseada na
funcionalidade das 10 áreas das habilida-
É um termo utilizado para designar a con- des adaptativas: comunicação;cuidados
dição na qual a pessoa apresenta limitações pessoais (autocuidado e higiene); compe-
no funcionamento cognitivo e no desem- tências domésticas (vida no lar); uso comu-
penho de tarefas, como as de comunicação, nitário (desempenho na comunidade); ap-
10/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências
tidões sociais (habilidade e papéis sociais); soa com deficiência intelectual seja estimu-
independência na locomoção (autonomia); lada, ela será “ajudada a atravessar as eta-
saúde e segurança; recreação e lazer; tra- pas de desenvolvimento na ordem correta e
balho e habilidades acadêmicas funcionais desta forma chegar tão longe quanto possa,
(WINNICK, 2004). Define-se que uma pes- como um indivíduo” (HOLLE, 1979, p.17).
soa apresenta deficiência intelectual ao
constatar comprometimento (dificuldade) 2.1.1. O que é Síndrome de
em duas ou mais destas habilidades (DEÁ; Down?
BALDIN; DEÁ, 2008).
A Síndrome de Down (SD) é a mais co-
Estes indivíduos, geralmente, necessitam de
mum e conhecida das síndromes relacio-
mais tempo para aprender a falar, a andar e
nadas à alterações cromossômicas, na qual
a assimilar competências básicas para cui-
95% das pessoas têm deficiência intelectu-
dar de si, tal como vestir-se ou comer com
al e 5% apresentam um desenvolvimento
autonomia (ALVES et al., 2008).Quanto mais
mais lento (DEÁ; BALDIN; DEÁ, 2009). Esta
elevado for o grau da deficiência intelectu-
síndrome decorre de um erro genético (tris-
al, maior será o atraso no desenvolvimento
somia 21) presente no momento da con-
como um todo (LOPES; SANTOS, 2002) e,
cepção ou imediatamente após e ocorre de
mesmo assim, acredita-se que, caso a pes-
11/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências
modo bastante regular na espécie humana, apresentam prega palmar única.
afetando um em cada 700 nascidos vivos 6. O dedo mínimo tem duas falanges e
(1/700) (SCHWARTZMAN, 1999). pode curvar-se levemente para den-
As principais características faciais da pes- tro.
soa com SD são: 7. Os pés podem ser planos ou chatos e
1. Prega epicântica – pequenas dobras apresentar um espaço maior entre o
de pele localizadas no canto interno primeiro (hálux) e segundo artelhos
dos olhos. (SCHWARTZMAN, 1999; DEÁ; BALDIN;
DEÁ, 2008).
2. Fissura palpebral oblíqua – torna os
olhos inclinados para cima dando a Não podemos esquecer que cada pessoa
aparência oriental do Down. carrega consigo as características da fa-
mília, portanto, cabe informar que existem
3. Orelhas pequenas com baixa implan-
pessoas com Síndrome de Down em todas
tação.
as etnias espalhadas em todos os lugares do
4. Língua hipotônica (baixo tônus mus- mundo.
cular).
Outras características frequentes estão re-
5. As mãos geralmente são menores,
lacionadas à baixa resistência imunológi-
mais largas, com dedos mais grossos e
12/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências
ca; malformação cardíaca e do intestino; vista que entre 15 a 20% das pessoas com
problemas respiratórios, visuais, auditivos essa síndrome apresentam instabilidade
e odontológicos; deficiência na tireóide e atlanto-axial.
obesidade (SCHWARTZMAN, 1999; DEÁ;
BALDIN; DEÁ, 2008); hipotonia musculare
frouxidão ligamentar (PUESCHEL, 1995).
Link
Vale a pena ver e se encantar com o filme “Cole-
Embora qualquer articulação do corpo pos-
gas” (Ano: 2012; País: Brasil; Idioma: Português;
sa apresentar frouxidão nos ligamentos, a
Direção: Marcelo Galvão), protagonizado por três
instabilidade da articulação atlanto-axial
atores com Síndrome de Down. Disponível em:
(formada pela primeira e segunda vértebra
<https://blogcolegasofilme.com>. Acesso
cervical) é a que vem sendo reportada como
em: 6 jan. 2017.
a responsável pelas consequências mais
preocupantes, em especial, entre os par-
ticipantes de atividades físicas.Para evitar
deslocamento dessa articulação e promo-
ver segurança, Stratford (1997) recomenda
cuidados com a prática do nado de peito,
salto do trampolim e rolamento, tendo em
13/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências
2.2. O que é Deficiência Física? deverá estudá-los com afinco e dedicação,
pois cada uma delas apresenta diferentes
Deficiência física representa toda e qual- subtipos e cada subtipo apresenta diferen-
quer alteração no corpo humano, resultante tes limitações.
de um problema ortopédico (problemas ori-
ginados nos músculos, ossos e/ou articula- 2.3. O que é Deficiência Visual?
ções), neurológico (deterioração ou lesão do
sistema nervoso) ou malformação, levando Antes de mais nada, cabe destacar que os
o indivíduo a uma limitação ou dificuldade estímulos visuais correspondem a 80% de
no desenvolvimento de alguma tarefa mo- todos os estímulos externos (do ambien-
tora (MATTOS, 2008). te) percebidos por um ser humano e os de-
Vários são os tipos e as causas de deficiência mais sentidos representam os 20% restan-
física, por exemplo: lesão medular, paralisia tes(PARKER, 1990; MOSQUERA, 2000).
cerebral, poliomielite ou paralisia infantil, Você conseguiu se imaginar sem visão?
amputação, acidente vascular cerebral (co- A deficiência visual caracteriza-se por uma
nhecido como derrame), distrofia muscular, limitação sensorial que pode anular ou re-
traumatismo craniano, entre outras. Caso duzir a capacidade de ver (FREITAS; CIDADE,
tenha alunos com essas patologias, você 1997), levando o indivíduo a uma limita-
14/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências
ção em seu desempenho habitual (ALMEI- al, que permite ao educando ler im-
DA, 2008). A pessoa com deficiência visual pressos a tinta, desde que paramen-
é aquela que apresenta cegueira ou visão tado de alguns recursos didáticos e/
subnormal (visão reduzida) em ambos os ou equipamentos especiais. A pessoa
olhos (TIBOLA, s.d). com baixa visão possui dificuldade em
I. Cegueira: Representa a perda total ou desempenhar tarefas visuais, mesmo
resíduo mínimo da visão. O indivíduo com prescrição de lentes corretivas,
cego, embora em alguns casos tenha porém pode aprimorar sua capacida-
mínima percepção de luz que possa de de realizar tais tarefas com a utili-
ajudá-lo, não consegue utilizá-la em zação de estratégias compensatórias
seus movimentos, em sua orientação e modificações ambientais, como por
e na aprendizagem, necessitando do exemplo, a impressão de texto em fon-
sistema Braille como meio de leitu- te maior do que a utilizada pelos de-
ra e escrita, além de outros recursos mais (MUSTER; ALMEIDA, 2005; GOR-
didáticos para o processo de ensino- GATTI; TEIXEIRA; VANÍCOLA, 2008).
-aprendizagem; e
II. Baixa visão ou visão subnormal: Re-
presenta a existência de resíduo visu-
15/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências
2.4. O que é Deficiência Auditi-
Para saber mais va?
O sistema de leitura pelo tato foi inventado em
1829 pelo francês Louis Braille, cego por um fe- Você já assistiu televisão sem som? Você já
rimento aos três anos de idade e consiste em um esteve em algum lugar tão barulhento que o
padrão para as letras do alfabeto, com particu- único recurso usado para entender o outro
laridades para cada língua. Combinações de até era a leitura labial? Pense como foram essas
seis pontos em relevo representam letras, núme-
experiências para você.
ros, sons e palavras simples (PARKER, 1990).
Para Lima e Duarte (2003, p. 2-3), a “surdez
Enfatizamos que é de extrema importância é composta e compreendida como a perda
um diagnóstico precoce e um trabalho cons- total ou parcial da capacidade de condução
tante de estimulação, em caso de crianças e e identificação das ondas sonoras”, ou seja,
acompanhamento, em caso de adolescen- é a incapacidade ou dificuldade de ouvir
tes e adultos, a fim de minimizar ou manter sons.Winnick (2004) percebe a surdez como
os problemas adquiridos pela falta da visão. uma perda auditiva, na qual a audição é in-
suficiente para compreender as informa-
16/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências
ções sonoras com ou sem o uso de um apa- A comunidade surda se comunica através
relho auditivo. Esta deficiência pode tornar da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a
o aluno incapaz de processar a linguagem qual possibilita o desenvolvimento cogniti-
por meio da audição e essa perda pode ser vo da pessoa surda. Na língua de um povo,
tão severa que prejudica seu desempenho inclusive na Língua de Sinais, reside toda
educacional. a sua esfera de pensamento, sua tradição,
A perda da audição é identificada pela mu- história, religião e base da vida, todo o seu
dança de limiar medida em decibéis (dB) coração e alma (SACKS, 1998).
a partir da intensidade do som. A audição
normal situa-se em zero dB e são considera-
das significativas as perdas acima de 30 dB
(COSTA, 1994). Almeida (2008) distinguem
a perda auditiva em quatro categorias: leve
(não ouve de 15 a 30 dB), moderada (31 a
60 dB), severa (61 a 90 dB) e profunda (mais
de 90 dB).
17/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências
Glossário
Concepção: Fecundação; fertilização.
Decibéis: A unidade de medida de intensidade sonora é decibel (dB) (COSTA, 1994).
Funções estruturas do corpo: As funções do corpo são as funções fisiológicas dos sistemas or-
gânicos (incluindo as funções psicológicas), por exemplo: digestão, respiração e sentidos bási-
cos como a visão e audição, etc. (CIF, 2004).
Estruturas do corpo: As estruturas do corpo são as partes anatômicas, tais como, órgãos,
membros e seus componentes. As deficiências de estrutura podem consistir numa anormali-
dade, defeito, perda ou outro desvio importante relativamente a um padrão das estruturas do
corpo (CIF, 2004).
Lesão Medular: é a secção parcial (paresia) ou total (plegia) da medula espinhal, resultante de
traumas causados por vírus, traumatismos, acidentes, tumores, distúrbios vasculares, infec-
ções, degenerações e outras enfermidades, comprometendo os movimentos e a sensibilidade
dos membros abaixo da lesão (KELLY, 2004).

18/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências


Glossário
Malformações congênitas: termo utilizado para descrever defeitos/falhas no desenvolvimento
embrionário durante a gestação e que são detectados antes ou imediatamente após o parto,
ou seja, que já estavam presentes no nascimento (DEÁ; BALDIN; DEÁ, 2008).
Paralisia Cerebral: é uma lesão ou mau desenvolvimento do cérebro em período de desenvolvi-
mento, de caráter não progressivo, apresentando como sequela principal uma perturbação do
controle da postura e movimento (LIMA; DUARTE, 2003).
Poliomielite ou Paralisia Infantil: é provocada por uma infecção de origem viral. O vírus lesio-
na a região motora da medula espinhal, levando a uma paralisia flácida. Na maioria dos casos,
a lesão ocorre nos segmentos lombares da medula, causando paralisia dos membros inferiores
(KELLY, 2004).
Síndrome: é um conjunto de sinais e sintomas provocados pelo mesmo organismo e depen-
dentes de causas diversas que podem levar a uma doença ou perturbação (DEÁ; BALDIN; DEÁ,
2008).

19/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências


?
Questão
para
reflexão
Você estudou que a pessoa com deficiência é aquela que tem im-
pedimento(s) de natureza física, intelectual, visual ou auditiva, o(s)
qual(is), em interação com diversos outros obstáculos, pode(m) en-
travar sua participação plena e efetiva na sociedade. Coloque-se
no lugar da pessoa com deficiência e reflita: Quais são essas bar-
reiras/obstáculos e como elas podem ser reduzidas na vida dessas
pessoas?

20/201
Considerações Finais

• Quase 46 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, gerando um percentual de 23,9%
da população brasileira.
• Pessoas com deficiência são aquelas que têm problemas de natureza física, intelectual, audi-
tiva ou visual, com causas variadas decorrentes das fases pré, péri ou pós-natais.
• A deficiência intelectual é um termo utilizado quando a pessoa apresenta desempenho inte-
lectual abaixo da média.
• Deficiência física é toda e qualquer alteração no corpo humano, resultado de um problema
ortopédico, neurológico ou malformação.
• A deficiência visual caracteriza-se por uma limitação sensorial que pode anular ou reduzir a
capacidade de ver.
• A deficiência auditiva caracteriza-se por uma perda na percepção normal dos sons.
• Cada deficiência citada apresenta características próprias e particularidades específicas no
tratamento de saúde, educacional e social.
21/226
Referências

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Phorte editora, 2013.
BELO, C. et al. Deficiência Intelectual: Terminologia e Conceptualização. Revista Diversidades. Ano
6, n.22, Out.-Dez., 2008. p. 4-9.
BRASIL. Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/L7853.htm>. Acesso em: 20 dez. 2016.

BRASIL. Decreto nº 186, de 9 julho de 2008. Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo. 2008.
CARTILHA DO CENSO DE 2010 – Pessoas com Deficiência/ Luiza Maria Borges Oliveira / Secretaria de
Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) / Secretaria Nacional de Promoção dos
Direitos das Pessoas com Deficiência (SNPD) / Coordenação-Geral do Sistema de Informações

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Referências

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pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/cartilha-censo-2010-pessoas-
-com-deficienciareduzido.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2016.
CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Organização Mun-
dial da Saúde. Direção-Geral da Saúde: Lisboa, 2004. Disponível em: <http://www.inr.pt/uploads/
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WINNICK. J. Educação Física e Esportes Adaptados.São Paulo: Manole, 2004.

25/226 Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências


Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Conceitos, Definições e Causas Aula 1 - Tema: Conceitos, Definições e Causas
das Deficiências. Bloco I das Deficiências. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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1d/5acef8c9b4e59f6d7c59d25ca83a5e6d>. 26347fa8f3327a3db0d151ec122ae0a7>.

26/226
Questão 1
1. Assinale a única alternativa correta:

a) Preconceito significa acolher e integrar pessoas diferentes dos padrões de normalidade es-
tabelecidos pela sociedade.
b) Preconceito é tolerar e ser gentil com as pessoas e suas diferenças.
c) Preconceito é discriminar ou repudiar alguém pelas suas diferenças.
d) Preconceito significa aceitar e conviver com o diferente.
e) Preconceito é dividir a vida de forma plena e feliz com as pessoas diferentes dos padrões de
normalidade preestabelecidos pela sociedade.

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Questão 2
2. Pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento(s) de natureza
física, intelectual, visual ou auditiva, o(s) qual(is), em interação com diver-
sos outros obstáculos, pode(m) obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade. De acordo com o Censo 2010, qual é a quantidade de pes-
soas com deficiência no Brasil?

a) 6,9%, quase 62 milhões de brasileiro têm algum tipo de deficiência.


b) 14,9%, quase 12 milhões de brasileiro têm algum tipo de deficiência.
c) 18,6%, quase 40 milhões de brasileiro têm algum tipo de deficiência.
d) 23,9%, quase 46 milhões de brasileiro têm algum tipo de deficiência.
e) 47,8%, quase 24 milhões de brasileiro têm mais de um tipo de deficiência.

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Questão 3
3. Assinale a única alternativa correta:

a) Deficiência intelectual é quando a pessoa apresenta certas limitações no funcionamento cog-


nitivo e no desempenho de tarefas, como as de comunicação, cuidado pessoal e de relaciona-
mento social.
b) Deficiência intelectual é um erro genético presente já no momento da concepção ou imedia-
tamente após, e, ocorre de modo bastante regular na espécie humana.
c) Deficiência intelectual é toda e qualquer alteração no corpo humano, resultado de um proble-
ma ortopédico, neurológico ou malformação.
d) Deficiência intelectual é uma limitação sensorial que pode anular ou reduzir a capacidade de
ver.
e) Deficiência intelectual é uma limitação sensorial que pode anular ou reduzir a capacidade de
ouvir.

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Questão 4
4. Para evitar deslocamento da articulação atlanto-axial de pessoas com Sín-
drome de Down e promover segurança nas aulas, o que deve ser evitado?
a) Cuidados com a prática do nado de crawl, corridas e dança.
b) Cuidados com a prática do nado de costa, tênis de mesa e tênis de campo.
c) Cuidados com a prática do nado de crawl, futebol e voleibol.
d) Cuidados com a prática do nado de peito, salto do trampolim e rolamento.
e) Cuidados com a prática do nado de peito, arremesso de peso e dardo.

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Questão 5
5. Sobre a Deficiência Visual, só é incorreto afirmar que:

a) A deficiência visual caracteriza-se por uma limitação sensorial que pode anular ou reduzir a
capacidade de ver.
b) A pessoa com deficiência visual é aquela que apresenta cegueira ou visão reduzida em am-
bos os olhos.
c) A deficiência visual é composta e compreendida como a perda total ou parcial da capacida-
de de condução e identificação das ondas sonoras.
d) O sistema Braille é necessário como meio de leitura e escrita para o processo de ensino-
-aprendizagem da pessoa cega.
e) A pessoa com baixa visão possui dificuldade em desempenhar tarefas visuais, mesmo com
prescrição de lentes corretivas.

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Gabarito
1. Resposta: C. intelectual abaixo da média.

Preconceito é pré-julgar, discriminar, rejei- 4. Resposta: D.


tar ser intolerante, repudiar ou cismar com
pessoas, atitudes e escolhas que diferen- Recomenda cuidados com a prática do nado
ciam dos padrões de normalidade estabele- de peito, salto do trampolim e rolamento,
cidos pela sociedade. tendo em vista que entre 15 a 20% das pes-
soas com essa síndrome apresentam insta-
2. Resposta: D. bilidade atlanto-axial.

O Censo 2010 detectou que quase 46 mi- 5. Resposta: C.


lhões de brasileiros têm algum tipo de defi-
ciência, um percentual de 23,9% da popu- A deficiência visual não é composta e com-
lação. preendida como a perda total ou parcial da
capacidade de condução e identificação
3. Resposta: A. das ondas sonoras. A perda da capacidade
de ouvir sons está relacionada à deficiência
A deficiência intelectual é um termo utiliza- auditiva.
do quando a pessoa apresenta desempenho
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Unidade 2
História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência

Objetivos
1. Conhecer a história da inclusão escolar de pessoas com deficiência.
2. Conhecer a história da inclusão esportiva para as pessoas com deficiência.
3. Refletir sobre a evolução do processo histórico da inclusão de pessoas com deficiência ao
logo dos anos.

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Introdução

No início da introdução do primeiro tema, Tente imaginar essas situações, reflita como
elaborei algumas situações com o intuito você gostaria de ser tratado e principalmen-
de fazer você refletir sobre as deficiências. te sobre o que pode ser feito para incluir de
Estas mesmas situações serão refeitas para forma adequada as pessoas com deficiência
que você possa refletir sobre uma nova pers- em todos os ambientes de uma sociedade.
pectiva. Sendo assim, o que você espera que Depois disso, daremos sequência ao conhe-
as pessoas façam caso: cimento sobre os principais acontecimen-
tos históricos relacionados aos processos
• Acordem em uma sala de aula de um
de inclusão.
país asiático, sem entender uma só
palavra falada pela professora e pelos A história das pessoas com deficiência sem-
colegas? pre foi marcada pela segregação, exclusão
econômica, política, social e cultural, de-
• Acordem e percebam que não conse-
monstrando que o preconceito e a discrimi-
guem movimentar, nem sentir o seu
nação acompanham as pessoas com defi-
corpo da cintura para baixo?
ciência desde a antiguidade. Ao analisar as
• Notem que perderam a visão? condições de existência destas pessoas ao
• Estejam com dificuldades para enten- longo dos anos, podem ser encontrados di-
der sinais sonoros? ferentes modelos de tratamento destinados
34/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
às pessoas com deficiência, resumidos nos que, assim, estariam destruindo o corpo e a
modelos de abandono ou extermínio, de alma destes indivíduos. Estas medidas eram
institucionalização ou internação, de inte- tomadas com o intuito de evitar que hou-
gração e de inclusão (CARVALHO; ROCHA; vesse a contaminação de todo um povo, que
SILVA, 2006). necessitava ser sadio e forte para o comba-
De acordo com Carvalho, Rocha e Silva te corpo a corpo (ROSADAS, 1989). Ou seja,
(2006), as sociedades primitivas viviam neste período, acreditava-se que a defici-
como nômades, na qual suas condições de ência era contagiosa. Aqueles que sobre-
existência estavam totalmente na depen- viviam nestas sociedades, principalmente
dência do que a natureza lhes proporcio- as pessoas com deficiências intelectuais,
nava, ou seja, a coleta de frutos, a caça e a serviam prestimosamente aos reis, que se
pesca. Com os deslocamentos constantes deleitavam apreciando suas atividades es-
em busca de melhores condições, as pes- tereotipadas, travestidos de bobos da corte
soas com deficiência eram abandonadas a (ROSADAS, 1989; CARVALHO; ROCHA; SIL-
morrer por inanição (BIANCHETTI, 1998). VA, 2006). Silva (1986) complementa que
as pessoas com qualquer tipo de deficiência
Nas sociedades escravistas, grega e roma- eram também ligadas às casas comerciais,
na, as pessoas com deficiência eram joga- tavernas e bordéis, bem como, às atividades
das de abismos, pois os demais pensavam
35/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
circenses, aos serviços simples e, às vezes, 1986; CARVALHO; ROCHA; SILVA, 2006).
humilhantes. Estes costumes foram adota- Somente com o Renascimento a situação
dos por muitos séculos da nossa história. social das pessoas com deficiência conse-
Com o passar dos anos, mais especifica- guiu caminhar rumo a uma nova perspecti-
mente na Idade Média (século V a XV), ins- va. Esse período, datado desde o final do sé-
tituições como hospitais, asilos e hospícios culo XIV até o final do século XVII, significou
serviram de abrigo para pessoas com de- um grande marco no campo dos direitos e
ficiência, que passaram a viver juntos com deveres das pessoas com deficiência (CAR-
doentes e idosos. Até o final da Idade Média, MO, 1994).
as pessoas com deficiência eram percebi-
das de acordo com o aspecto místico/reli-
gioso que imperava na época. Suas defici-
ências eram tidas como resultado de forças
demoníacas, como castigo para pagamento
de seus pecados (ou de seus ancestrais) ou,
ainda, as pessoas com deficiência poderiam
ser encaradas como instrumento para que
se manifestassem as obras de Deus (SILVA;
36/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
pecados e condenados às fogueiras da in-
Para saber mais quisição ou internados em instituições; no
No período Renascentista, a característica fun-
Renascimento e na Idade Moderna, a defi-
damental era o humanismo, que buscava valori-
ciência sai do território da magia e religião
zar o ser humano e as suas capacidades (CARMO,
para se inserir gradativamente no território
1994). Sherrill (1998) diz que o humanismo é uma
da Ciência; já, no século XX e XXI, surgem
filosofia que ajuda as pessoas a se tornarem ple-
pensamentos relacionados à como abordar
namente humanas, assim, aflorando seu poten-
e inserir plenamente estes sujeitos na socie-
cial para fazer do mundo o melhor lugar possível
dade, inicialmente, através da integração e,
para todas as formas de vida.
posteriormente, da inclusão.
A partir de então, criaram-se leis de direitos,
proteção, educação e acessibilidade, que
De forma sucinta, Assumpção Júnior e Spro-
foram formuladas e reformuladas ao longo
vieri (2000) citam que, na era Cristã, as pes-
do tempo e que, atualmente, permitem às
soas com deficiência eram vistas como pos-
pessoas com deficiência uma vida mais dig-
suidores da Graça Divina; na Idade Média,
na, autônoma e independente.
como resultado da ação de forças demoní-
acas ou como castigo para pagamento de

37/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
1. História da inclusão escolar foram apontadas práticas que violavam os
direitos humanos e culminaram no estabe-
As primeiras iniciativas da educação espe- lecimento de um novo modelo, o modelo
cial aconteceram na França, no século XVIII, da integração (CARVALHO; ROCHA; SILVA,
com instituições voltadas à educação de 2006).
surdos (1760) e cegos (1784). Com o tempo
Este modelo perdurou por alguns anos, po-
outras instituições surgiram e espalharam-
rém logo se perceberam falhas importantes.
-se pelo mundo, mas, infelizmente, em mui-
A principal crítica ao modelo de integração
tas delas, o caráter educacional foi se per-
escolar é a inserção da pessoa com defici-
dendo e transformaram-se em espaços de
ência na escola regular, tendo que acom-
isolamento, exploração e internação (CAR-
panhar o mesmo currículo e métodos pe-
VALHO; ROCHA; SILVA, 2006). Estes espaços
dagógicos utilizados para os demais alunos
eram encontrados sob o título de educação
(MANTOAN, 2002), ou seja, integração sig-
de deficientes, registros de atendimentos
nifica estar inserido na sociedade e ter que
ou atenção com vários sentidos, como abri-
se adaptar à forma que ela é. Assim, essa
go, assistência e terapia (MAZZOTTA, 2003).
modelo falha ao querer dar o mesmo trato a
Em meados do século XX, esse formato de todos os alunos.
educação começou a ser criticado, quando
Por conta disso, um novo modelo passou a
38/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
tomar forma e, atualmente, vem sendo ges- proporcionaram a elaboração de documen-
tado como modelo mais adequado: inclu- tos norteadores, cujo propósito é garantir a
são. De acordo com Sassaki (1997) e Car- implementação de um plano de ação, espe-
valho, Rocha e Silva (2006), no modelo da cificamente dirigido à área educacional, e
inclusão não é a pessoa que deve se ajustar focalizar a qualidade e a universalização do
ao meio social, mas é a sociedade que deve ensino.
garantir os suportes necessários para que Os principais encontros internacionais fo-
todos possam usufruir da vida em comuni- ram:
dade, uma sociedade que aceite e valorize
as diferenças individuais e aprenda a convi- • Conferência Mundial de Educação para
ver dentro da diversidade humana por meio Todos, realizada na Tailândia em 1990,
da compreensão e cooperação. resultando na Declaração Mundial so-
bre Educação Para Todos.
Para Seabra Júnior (2006), a defesa desse
ideário causou e ainda causa impactos em • Seminário Regional Sobre Política, Pla-
diferentes sistemas sociais gerando gran- nejamento e Organização da Educação
des desafios para a área da educação, dan- Integrada para alunos com necessidades
do origem a longos debates e proposição de especiais, realizado no ano de 1992,
encontros internacionais. Estes encontros com destaque dado a necessidade de
39/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
preparação profissional adequada aos deficiência no ensino regular via ser-
professores da rede regular de ensino viços de apoio apropriados e discus-
para o atendimento das pessoas com são para implantação de disciplinas
deficiência. específicas que tratassem da pessoa
• V Reunião do Comitê Regional Inter- com deficiência.
governamental do Projeto Principal de • Conferência Mundial Sobre Necessi-
Educação na América Latina e Caribe, dades Educativas Especiais, realizada
realizada no Chile em 1993, resultan- em 1994 na Espanha dando origem
do na Declaração de Santiago. Essa à Declaração de Salamanca, na qual
reunião enfatizou a necessidade de encontramos referências sobre edu-
melhorar a qualidade da educação e cação inclusiva, importância em se
superação do analfabetismo. desenvolver uma pedagogia centra-
• 85ª Assembleia Geral das Nações Uni- da no aluno e reforço da necessidade
das, realizada no ano de 1993, resul- de capacitação de professores (SILVA,
tando nas Normas Uniformes sobre 2005).
a Igualdade de Oportunidades para
Pessoas com Incapacidades, desta-
cando a integração de pessoas com
40/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
Para saber mais
A Declaração de Salamanca proclama que as escolas regulares com orientação inclusiva constituem os
meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias e que estudantes com deficiência e altas habi-
lidades/superdotação devem ter acesso à escola regular. Como princípio orientador, as escolas deveriam
acomodar todas as crianças, independentemente, de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocio-
nais, linguísticas ou outras (BRASIL, 2006).

Esse breve relato mostra que a inclusão escolar vem caminhando e se efetivando gradativamen-
te num processo amplo, tendo como pressuposto a igualdade de oportunidades, convívio com a
diversidade, valorização da pluralidade cultural e aproximação das diferenças.

41/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
Link
O link sugerido apresenta o artigo “Da Integração à Inclusão Escolar: cruzando perspectivas e concei-
tos”, de autoria de Isabel Sanches e Antônio Teodoro (2006), publicado na Revista Lusófona de Educa-
ção, volume 8, número 8. O artigo conceitua integração e inclusão escolar e aborda detalhadamente o
processo histórico e evolutivo dos temas.

Disponível em: <http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/view/691>. Acesso


em: 5 jan. 2017.

1.1 Considerações históricas sobre a inclusão escolar no Brasil

O marco referencial histórico da Educação Especial brasileira é a fundação do Imperial Instituto


dos Meninos Cegos, em 1854 e do Imperial Instituto dos Meninos Surdos, em 1857, ambos na
cidade do Rio de Janeiro, criados com base um modelo institucional vindo da França. Porém, é
somente a partir da década de 1970 que a política de educação para a pessoa com deficiência
ganha maior consistência, quando foram criados serviços específicos nas Secretarias Estaduais
de Educação(ROSA; ANDRÉ, 2006).
42/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
Em 1981, foi decretado o “Ano Internacio- tro Nacional de Educação Especial
nal da Pessoa com Deficiência”, o que repre- (CENESP, 1970); o Congresso Brasilei-
sentou um marco importante para o Brasil, ro do Esporte para Todos (1982, 1984,
fazendo-o avançar no atendimento às pes- 1986); Projeto Integrado da Secreta-
soas com deficiência no modelo de integra- ria de Estado da Educação (SEED) e do
ção vigente na época (SEDH/CORDE, 2007). Centro Nacional de Educação Especial
Com isso, o Ministério da Educação e Cultu- (CENESP) (1984-1985); o Plano Na-
ra – MEC (2005) cita a importância da legis- cional de Ação Conjunta para Inte-
lação que determina, orienta e regulariza o gração da Pessoa Deficiente (1985); a
atendimento das pessoas com deficiência Criação da Coordenadoria para a In-
no país, no sentido de promover a igualda- tegração da Pessoa Portadora de De-
de dos direitos entre as pessoas e também ficiência (CORDE, 1986); a Resolução
destaca documentos e movimentos impor- 03/87 instituindo disciplinas relativas
tantes, como: às pessoas com deficiência nos cur-
rículos dos cursos de graduação em
• A Constituição Federal; a Lei de Dire- Educação Física; o Plano Plurianual
trizes e Bases da Educação Nacional (1991); entre outros.
(LDB) nº 9394/96; a Criação do Cen- É importante frisar que o marco histórico
43/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
mais importante em relação à inclusão no Brasil foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional (LDB) nº 9394/96, a qual determina que o ensino para as pessoas com deficiência deve ser
oferecido preferencialmente na rede regular (CARVALHO, 1997; ROSA; ANDRÉ, 2006).

Link
Para saber mais sobre leis, decretos, portarias, resoluções e demais documentos importantes sobre o
processo de inclusão no Brasil, acesse o link do Ministério da Educação e Cultura. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-especial-sp-598129159/legislacao>. Acesso em: 5
jan. 2017.

2. História da inclusão esportiva

O esporte para deficientes ou esporte adaptado, como também é conhecido, é datado de longos
anos e as primeiras competições esportivas de pessoas com deficiência aconteceram, inicial-
mente, por deficientes auditivos/surdos (em 1870), seguidos dos deficientes visuais (em 1907)
(PARSONS; WINCKLER, 2012). No entanto, quando se fala de esporte adaptado e Paralímpico, a
história se recorda de fatos marcantes como as duas grandes Guerras Mundiais.
44/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
Para saber mais
Atualmente, o esporte adaptado é um fenômeno global que desperta a atenção social devido suas
inúmeras características particulares: possibilidade de ascensão social, oportunidade de prática em
condições de igualdade, melhorias da aptidão física, condições de saúde, entre outras. Além disso,
o esporte adaptado posiciona-se na sociedade contemporânea como importante meio de inclusão
social (COSTA ESILVA et al., 2013).

A Primeira Guerra Mundial é um importante adaptado ganhou força, pois a sociedade


marco de origem no uso de exercícios tera- sentiu necessidade de reabilitar os milhares
pêuticos e atividades recreativas na restau- de sobreviventes que lotavam os hospitais
ração da função dos soldados sobreviventes das cidades e que iam a óbito na primeira
(ADAMS; DANIEL; CUBBIN, 1985). De acordo semana de alta hospitalar (80% faleciam)
com Freitas e Cidade (2000), em 1918, na (RODRIGUES, 2006). Então, como prática, o
Alemanha, um grupo de lesionados da 1ª esporte adaptado efetivou-se na Inglater-
Guerra Mundial reuniu-se para praticar es- ra, no ano de 1944, mais precisamente em
portes. Aylesbury, no Hospital de Stoke Mandeville,
A partir da 2ª Guerra Mundial, o esporte idealizado por Ludwig Guttmann (médico
45/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
neurologista) (FREITAS; CIDADE, 2000). O interesse pelo esporte adaptado aumen-
Rosadas (1989) cita que a perspectiva de tou de tal maneira que extrapolou o públi-
Guttmann era utilizar os esportes para mo- co-alvo inicial (veteranos de guerra) e pas-
tivar os enfermos e diminuir o tédio que se sou a incluir civis incapacitados por outras
tornava a vida do deficiente naquela época. deficiências físicas, decorrentes de outras
Contudo, acabou conseguindo muito mais, causas. Para Castro (2006) a guerra, apesar
estimulando a organização de jogos para de todos os seus prejuízos, trouxe para as
deficientes no mundo inteiro e demostran- pessoas com deficiência algo melhor do que
do que as pessoas com deficiência também elas até então possuíam e o esporte foi uma
podiam praticar atividades físicas e espor- saída para uma sobrevivência com dignida-
tivas (ROSADAS, 1989). de e saúde.

Guttmann iniciou tais atividades com Os primeiros jogos para as pessoas


o arco e flecha, o tênis de mesa e o arremes- com deficiência ocorreram no hospital de
so de dardo e, quase que ao mesmo tempo Stoke Mandeville e foram idealizados por
nos Estados Unidos, Benjamin Lipton iniciou Guttmann no ano de 1948, coincidindo com
o basquete em cadeira de rodas (ARAÚJO, os Jogos Olímpicos de Londres. Os Jogos In-
2011; FREITAS; CIDADE, 2000). ternacionais de Stoke Mandeville aconte-
ceram em 1952 e a sua nona edição foi re-
46/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
alizada em Roma, em 1960. Após esta edi- adaptado deu certo e hoje espalha-se pelo
ção, tais jogos passaram a ser considerados mundo todo, oferecendo às pessoas com
como os primeiros Jogos Paralímpicos. As- deficiência uma vida diferente, com mais
sim, Guttmann foi reconhecido e denomi- esperança, saúde, autonomia e indepen-
nado mundialmente como o pai do esporte dência.
Paralímpico (PARSONS; WINCKLER, 2012).
No Brasil, a prática desportiva nasceu
das ações de dois paraplégicos na década
Link
de 1950: Sérgio Del Grande (de São Paulo) Para saber mais sobre a história do esporte adap-
e Robson Sampaio (do Rio de Janeiro), após tado e paralímpico no Brasil, acesse o site do Co-
retornarem do exterior e terem praticado mitê Paralímpico Brasileiro. Nele você encontra-
o basquete em cadeira de rodas (ARAÚJO, rá informações sobre: o comitê; as modalidades
1998; CASTRO, 2006). De acordo com Par- paraolímpicas; competições e eventos, acade-
sons e Winckler (2012), o Comitê Paralím- mia paraolímpica, entre outras. Disponível em:
pico Brasileiro (CPB) foi fundado em 1995 <http://www.cpb.org.br/>. Acesso em: 5 jan.
e é tido como um marco para a história do 2017.
esporte paralímpico no Brasil. Felizmen-
te, a iniciativa dos idealizadores do esporte
47/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
Glossário
Convalescença: recuperação que se segue a doença, operação, traumatismo, lesão (ADAMS;
DANIEL; CUBBIN, 1985).
Esporte Adaptado: refere-se ao esporte modificado, adaptado ou criado para suprir as neces-
sidades de pessoas com deficiência (WINNICK, 2004).
Inquisição: Antigo tribunal eclesiástico instituído para investigar e punir crimes contra a fé ca-
tólica (ASSUMPÇÃO JÚNIOR; SPROVIERI, 2000).
Paralímpico: O termo Paralímpico é uma associação entre o prefixo grego “para” – paralelo e
“olímpico”, e segundo o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) representa condição paralela
aos Jogos Olímpicos e não Jogos para paraplégicos (PARSONS; WINCKLER, 2012).
Paraplégicos: Pessoas que sofreram uma lesão total da medula espinhal tendo como principal
sequela a paralisia dos membros inferiores (GORGATTI; TEIXEIRA, 2008).

48/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
?
Questão
para
reflexão
Diversos instrumentos legais foram implementados ao
longo dos anos pelo governo federal a fim de garantir
que todas as pessoas, independente de limitações físi-
cas, motoras, sensoriais ou cognitivas, tenham acesso
irrestrito à educação, ao esporte e ao lazer em quaisquer
estabelecimentos públicos. Entretanto, nesse contexto
atual, uma questão forçosamente se coloca: estariam os
profissionais de tais estabelecimentos preparados para
receber pessoas com deficiência e desenvolver um tra-
balho eficiente? O que você acha disso?

49/201
Considerações Finais

• Ao longo dos anos, podemos encontrar diferentes modelos de tratamento e compreensão


destinados às pessoas com deficiências, resumidos em: abandono ou extermínio; institucio-
nalização ou internação; integração e inclusão.
• A diferença entre integração e inclusão é que na integração a pessoa com deficiência necessi-
ta se adaptar ao meio e na inclusão, o meio deve ser adaptado para a pessoa e suas diferenças.
• O marco histórico da inclusão no Brasil foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) nº 9394/96 o qual determina que o ensino para as pessoas com deficiência deve ser ofe-
recido preferencialmente na rede regular.
• Os Jogos Paralímpicos que começaram como um evento com fortes implicações terapêuticas
e sociais tornaram-se o evento esportivo mais importante para as pessoas com deficiência em
âmbito mundial.

50/226
Referências

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Necessidades Especiais (Org.). Pessoa com Deficiência: aspectos teóricos e práticos. Cascavel, PR:

51/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
Referências

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CARVALHO. R. E. A Nova LDB e a Educação Especial.2ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997.
CASTRO, E. M. de. Atividade Física Adaptada. São Paulo: Tecmedd, 2005.
COSTA E SILVA, A. A. et al. Esporte adaptado: abordagem sobre os fatores que influenciam a prá-
tica do esporte coletivo em cadeira de rodas. In: Rev. Bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, 2013. p.
1-9.
CPB - Comitê Paralímpico Brasileiro. Disponível em: <http://www.cpb.org.br/>.Acesso em: 5 jan.
2017.
FREITAS, R. E.; CIDADE, P. S. Desporto e Deficiência. In: FREITAS, Patrícia Silvestre de (Org). Educa-
ção Física e Esporte para Deficientes: coletânea. Uberlândia, MG: UFU, 2000. p. 25-40.
GORGATTI, M. G.; TEIXEIRA, L. Deficiência Motora. In: TEIXEIRA, L. Atividade Física Adaptada e Saú-
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MANTOAN, M. T. Caminhos Pedagógicos para a Inclusão. São Paulo: Memnon, 2002.
MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: História e Políticas Públicas. 4 ed. São Paulo: Cor-
tez, 2003.

52/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
Referências

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Documentos Internacionais. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-es-
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PARSONS, A.; WINCKLER, C. Esporte e a Pessoa com Deficiência – contexto histórico. In: MELLO,
M. T. de; WINCKLER, C. Esporte Paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012. p. 3-14.
RODRIGUES, D. (Org.). Atividade Motora Adaptada. A alegria do corpo. São Paulo: Artes médicas,
2006.
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Programa Institucional de Ações Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais (Org.). Pessoa
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ROSADAS, S. C. de. Atividade Física Adaptada e Jogos Esportivos para o Deficiente.Eu posso. Vocês
duvidam? São Paulo: Atheneu, 1989.
SASSAKI, R. K. Inclusão.Construindo uma sociedade para todos.Rio de Janeiro: WVA, 1997.
SEABRA JÚNIOR, L. Inclusão, Necessidades Especiais e Educação Física: considerações sobre a ação
pedagógica no ambiente escolar. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação Física, Uni-
versidade Estadual de Campinas, 2006. 119 f.

53/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
Referências

SEDH – Secretaria Especial dos Direitos Humanos; CORDE – Coordenadoria Nacional para Inte-
gração da Pessoa Portadora de Deficiência. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiên-
cia. Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Brasília, DF,
2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=down-
load&alias=424-cartilha-c&category_slug=documentos-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 29 dez.
2016.
SHERRILL, C. Adapted Physical Activity, Recreation and Sport: crossdisciplinary and lifespan. 5. ed.
Boston: McGraw-Hill, 1998.
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São Paulo: CEDAS, 1986.
WINNICK, J. P. Educação Física e Esportes Adaptados. São Paulo: Manole, 2004.

54/226 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência
Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: História da Inclusão Escolar e Es- Aula 2 - Tema: História da Inclusão Escolar e Es-
portiva das Pessoas com Deficiência. Bloco I portiva das Pessoas com Deficiência. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
1d/12e769396869854bd08c0f56e2abd542>. f5cc187cff8a00b2e7066d91957fcea8>.

55/226
Questão 1
1. A história das pessoas com deficiência sempre foi marcada pela segregação,
exclusão econômica, política, social e cultural, demonstrando que o precon-
ceito e a discriminação acompanham o deficiente desde a antiguidade. Diante
desta afirmação, marque “V” para verdadeiro e “F” para falso:

(__) Os nômades tinham muito trabalho ao transportar as pessoas com deficiência de um lugar para
outro em busca de melhores condições de vida.
(__) Algumas sociedades eliminavam as pessoas com deficiência, pois acreditavam que o problema
poderia contaminar o povo que necessitava ser forte para lutar nas batalhas.
(__) Bobos da corte é uma denominação antiga que refere-se as pessoas com deficiência que não
tinham sido eliminadas na antiguidade.
(__) O modelo de integração é sinônimo de inclusão.
(__) A história conta que as pessoas com deficiência já foram vistas como pregações do diabo.

Assinale a alternativa correta, respectivamente:

56/226
Questão 1

a) F – V – V – V – V.
b) V – V – V – F – F.
c) F – V – V – F – V.
d) F – F – F – V – F.
e) V – V – F – F – F.

57/226
Questão 2
2. Complete a lacuna da seguinte questão: “A Declaração ______________
proclama que as escolas regulares com orientação inclusiva constituem os
meios mais eficazes de combater atitudes _______________ e que estu-
dantes com _______________ e altas habilidades/superdotação devem
ter acesso à _______________, tendo como princípio orientador que as
escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras.

Assinale a alternativa cujas palavras completam a lacuna corretamente:

a) De Salamanca; discriminatórias; deficiência; escola regular.


b) Da Humanidade; preconceituosas; problemas; escola especial.
c) De Direitos, inclusivas; doenças; escola especial.
d) De Salamanca; preconceituosas; doenças mentais; escola regular.
e) Da Humanidade; discriminatórias; deficiência; escola convencional.

58/226
Questão 3
3. É correto afirmar que “o marco histórico da inclusão no Brasil
foi______________________”.

Assinale a alternativa que completa a sentença acima corretamente:

a) a Lei Federal 7853.


b) a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96.
c) a Constituição Federal.
d) o Plano Plurianual.
e) o Centro Nacional de Educação Especial.

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Questão 4
4. As pessoas com deficiência têm a oportunidade de praticar exercícios atra-
vés dos esportes adaptados e Paralímpicos. De acordo com essa afirmação,
assinale a alternativa correta:

a) Esporte Adaptado e Paralímpico não são sinônimos.


b) Esporte Adaptado e Paralímpico são sinônimos.
c) Paraplégico é toda pessoa que após sofrer uma lesão medular não movimenta nem sente do
pescoço para baixo.
d) O termo Paralímpico significa Jogos para paraplégicos.
e) O esporte para deficientes surgiu como uma alternativa para profissionalizar deficientes de-
sempregados.

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Questão 5
5. Quem foi reconhecido e denominado mundialmente como o pai do es-
porte Paralímpico?

a) Benjamin Lipton.
b) Ludwig Guttmann.
c) Langdon Down.
d) John Deere.
e) Pierre de Coubertin.

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Gabarito
1. Resposta: C. corte.(F) Falso. A diferença entre integração
e inclusão é que na integração a pessoa com
(F) Falso. Na antiguidade, os nômades aban- deficiência necessita se adaptar ao meio e
donavam as pessoas com deficiência a mor- na inclusão, o meio deve ser adaptado para
rer de inanição.(V) Verdadeiro.Nas socieda- a pessoa e suas diferenças.(V) Verdadeiro.
des escravistas, grega e romana, as pesso- Até o final da Idade Média as pessoas com
as com deficiência eram exterminadas ao deficiência eram vistas somente sob o as-
serem jogadas de abismos, pois pensavam pecto místico, como resultado de forças de-
estar destruindo a matéria e a alma desses moníacas, como castigo para pagamento de
indivíduos, evitando assim a contaminação pecados seus ou de ancestrais e ainda como
de todo um povo que necessitava ser sadio instrumento para que se manifestassem as
e forte para o combate corpo-a-corpo, que obras de Deus.
predominava naquela época.(V) Verdadeiro.
Os deficientes que sobreviviam nas socie- 2. Resposta: A.
dades escravistas, principalmente os inte-
lectuais, serviam prestimosamente aos reis, A Declaração de Salamanca proclama que
que se dedicavam apreciando suas ativida- as escolas regulares com orientação inclu-
des esteriotipadas, travestidos de bobos da siva constituem os meios mais eficazes de

62/226
Gabarito
combater atitudes discriminatórias e que 5. Resposta: B.
estudantes com deficiência e altas habilida-
des/superdotação devem ter acesso à esco- Ludwig Guttmann foi reconhecido e deno-
la regular, tendo como princípio orientador minado mundialmente como o pai do es-
que as escolas deveriam acomodar todas as porte Paralímpico.
crianças independentemente de suas con-
dições físicas, intelectuais, sociais, emocio-
nais, linguísticas ou outras.

3. Resposta: B.

O marco histórico da inclusão no Brasil foi


a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional (LDB) nº 9394/96.

4. Resposta: A.

Esporte Adaptado não é sinônimo de Espor-


te Paralímpico.
63/226
Unidade 3
Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência

Objetivos

1. Conhecer as principais políticas públicas relacionadas à educação de alunos com deficiên-


cia.
2. Conhecer as principais políticas públicas relacionadas à educação física para alunos com
deficiência.
3. Refletir sobre os direitos do aluno com deficiência à educação.

64/226
Introdução

Agora que você já estudou sobre as defici- bem a urgência do combate à exclusão e a
ências e sobre o caminho histórico percor- necessidade de serem criadas disponibili-
rido pelas pessoas deficientes, vamos falar dades e condições de operacionalização da
sobre os movimentos e as políticas públicas inclusão social e escolar” (SANCHES; TEO-
que foram desenvolvidos ao longo dos anos DORO, 2006, p.65).
em prol de um direito de todos: a educação. Na perspectiva da educação inclusiva, a Po-
Skliar (2006) nos faz refletir sobre a seguin- lítica Nacional de Educação Especial tem
te pergunta: será que essas políticas públi- como objetivo assegurar a inclusão escolar
cas fazem parte das políticas do coração, de alunos com deficiência, transtornos glo-
da amizade e da irmandade? Associada a bais do desenvolvimento e altas habilida-
esta questão, o autor acredita que exista um des/superdotação, orientando os sistemas
curioso paradoxo junto à ideia de inclusão: de ensino para garantir:
de um lado parece que toda a escola deve-
• Acesso ao ensino regular com partici-
ria abrir suas portas de modo incondicio-
pação, aprendizagem e continuidade
nal, mas isso não deveria ocorrer sem que
nos níveis mais elevados do ensino.
houvesse a necessidade de uma lei que as
obrigasse? De qualquer forma, a mobiliza- • Transversalidade da modalidade de
ção em prol de documentos e leis “expressa educação especial desde a educação
65/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
infantil até a educação superior. o caminho percorrido para que se chegasse
• Oferta de atendimento educacional até eles.
especializado.
• Formação de professores para o aten- Para saber mais
dimento educacional especializado Entende-se por educação especial, para os efei-
e demais profissionais da educação tos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9394/96,
para a inclusão. a modalidade de educação escolar, oferecida pre-
• Participação da família e da comuni- ferencialmente na rede regular de ensino, para
dade. educandos com deficiência (BRASIL, 1996). Uma
pessoa necessita de educação especial se tiver al-
• Acessibilidade arquitetônica nos
guma dificuldade de aprendizagem que exija uma
transportes, nos mobiliários, nas co-
medida educativa especial (SANCHES; TEODORO,
municações e informação.
2006).
• Articulação entre todos os setores na
implementação das políticas públicas
(BRASIL, 2008).
A partir desses objetivos, vamos conhecer

66/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
1. Políticas públicas para a edu-
cação de pessas com Para saber mais
A alteração da LDBEN pela Lei nº 5.692/71 não foi
Em 1961, o atendimento educacional às capaz de promover um sistema de ensino capaz
pessoas com deficiência passou a ser fun- de atender as necessidades educacionais e aca-
damentado pela Lei de Diretrizes e Bases da bou reforçando o encaminhamento dos alunos
Educação Nacional (LDBEN) nº 4.024/61, para classes e escolas especiais (BRASIL, 2008;
que apontou o direito dos deficientes à GIL, 2015).
educação, preferencialmente no sistema
regular de ensino. Dez anos depois, a LDBEN Em 1973, foi criado o Centro Nacional de
foi alterada pela Lei nº 5.692/71, ao definir Educação Especial (CENESP) no Ministério
tratamento especial para alunos com atra- da Educação e Cultura (MEC), responsável
sos de desenvolvimento, deficiências físicas pela gerência da educação especial no Bra-
e intelectuais e os superdotados (BRASIL, sil (BRASIL, 2008; GIL, 2015). E, em 1988,
2008; GIL, 2015). a Constituição Federal definiu, entre ou-
tras coisas, promover o bem de todos, sem
preconceitos e quaisquer outras formas de
discriminação; a educação como um direi-
67/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
to de todos e a qualificação para o trabalho; que condicionou o acesso às classes comuns
igualdade de condições de acesso e perma- do ensino regular àqueles que possuíssem
nência na escola (GIL, 2015). condições de acompanhar e desenvolver as
O Estatuto da Criança e do Adolescente atividades curriculares programadas do en-
(ECA), Lei nº. 8.069/90, artigo 55, refor- sino comum, no mesmo ritmo que os alunos
çou os expostos supracitados, determinan- ditos normais (BRASIL, 2008; GIL, 2015).
do que os pais ou responsáveis legais têm
a obrigação de matricular seus filhos na Para saber mais
rede regular de ensino. Na mesma década, O problema da Política Nacional de Educação Es-
a elaboração e divulgação de documentos, pecial de 1994 é que ela não reformulou as prá-
como a Declaração Mundial de Educação ticas educacionais prejudicando as pessoas com
para Todos (1990) e a Declaração de Sala- deficiência, que deveriam se ajustar ao meio (GIL,
manca (1994) passaram a influenciar a for- 2015).
mulação de políticas públicas direcionadas
para a educação inclusiva (BRASIL, 2008; O artigo 59 da atual LDB nº 9.394/96 pre-
GIL, 2015). Sendo assim, em 1994, foi publi- coniza que os sistemas de ensino devam
cada a Política Nacional de Educação Es- assegurar aos alunos com deficiência cur-
pecial,orientando o processo de integração rículos, métodos, recursos e organizações
68/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
específicos, bem como professores com es- o processo de mudanças, a Resolução CNE/
pecialização adequada para atender as ne- CEB (Conselho Nacional de Educação/Câ-
cessidades destes sujeitos. Ademais, possi- mara de Educação Básica) nº 2/2001, no
bilita a aceleração de estudos aos superdo- artigo 2º, determinaram que: “Os sistemas
tados para conclusão do programa escolar de ensino devem matricular todos os alu-
(BRASIL, 2008; GIL, 2015). nos, cabendo às escolas organizar-se para
o atendimento aos educandos com defici-
ência, assegurando as condições necessá-
Link rias para uma educação de qualidade para
Se você quiser saber mais sobre a LDB nº 9.394/96, todos” (BRASIL, 2001, p. 1).
acesse o link no qual consta a descrição comple-
ta da Lei. Disponível em: <http://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso
Link
em: 9 jan. 2017. Para saber mais sobre as “Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica”,
Em 1999, o Decreto nº 3.298 regulamen- acesse o link, nele você encontrará o documen-
tou a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a po- to completo. Disponível em: <http://portal.mec.
lítica nacional para a integração da pessoa gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf>.
portadora de deficiência. Acompanhando Acesso em: 8 jan. 2016.

69/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
Em 2001, o Plano Nacional de Educação, Lei mento preferencial na rede regular de
nº 10.172/2001, estabeleceu 27 objetivos ensino.Da educação continuada dos
e metas para a educação das pessoas com professores que estão em exercício à
deficiência. Resumidamente essas metas formação em instituições de ensino
tratam: superior (BRASIL, 2001).
• Do desenvolvimento de programas Em 2003, o MEC cria o Programa “Educa-
educacionais em todos os municí- ção Inclusiva: direito à diversidade”, visan-
pios visando à ampliação da oferta de do transformar os sistemas de ensino em
atendimento desde a educação infan- sistemas educacionais inclusivos, promo-
til até a qualificação profissional dos vendo um amplo processo de formação de
alunos. gestores e educadores nos municípios bra-
sileiros para garantir o acesso de todos à es-
• Das ações preventivas nas áreas vi- colarização, a organização do atendimento
sual e auditiva até a generalização do educacional especializado e a acessibilida-
atendimento dos alunos na educação de (BRASIL, 2008; GIL, 2015).
infantil e no ensino fundamental.
Impulsionando a inclusão educacional e so-
• Do atendimento extraordinário em cial, os Decretos:
classes e escolas especiais ao atendi-
70/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
• nº 5.296/04 regulamentou as leis nº de Atividade das Altas Habilidades/Super-
10.048/00 e nº 10.098/00, estabele- dotação (NAAH/S) em todos os estados e no
cendo normas e critérios para a pro- Distrito Federal, foram formados centros de
moção da acessibilidade às pessoas referência para o atendimento educacional
com deficiência ou com mobilidade especializado desses alunos, orientação às
reduzida; famílias e a formação continuada dos pro-
• nº 5.626/05 regulamentou a Lei nº fessores (BRASIL, 2008).
10.436/2002, visando a inclusão dos A Convenção sobre os Direitos das Pesso-
alunos surdos, a inclusão da Língua as com Deficiência, aprovada pela Organi-
Brasileira de Sinais (LIBRAS) como dis- zação das Nações Unidas (ONU) em 2006,
ciplina curricular, a formação e a cer- estabeleceu que cada país signatário deve
tificação do professor, instrutor e tra- assegurar um sistema de educação inclusi-
dutor/intérprete de LIBRAS, o ensino va adotando medidas para garantir que as
da Língua Portuguesa como segunda pessoas com deficiência não sejam excluí-
língua para alunos surdos e a organi- das do sistema educacional geral de quali-
zação da educação bilíngue no ensino dade e gratuito sob alegação de deficiência
regular (BRASIL, 2008; GIL, 2015). e que possam ter igualdade de condições
Em 2005, com a implantação dos Núcleos em relação às demais pessoas da comuni-
71/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
dade onde vivem (BRASIL, 2008; GIL, 2015). 2015).No ano seguinte, 2008, outro im-
Em 2007, no contexto do Plano de Acele- portante documento foi criado pelo MEC,
ração do Crescimento (PAC), foi lançado a Política Nacional de Educação Especial
o Plano de Desenvolvimento da Educação na Perspectiva da Educação Inclusiva (GIL,
(PDE), reafirmado pela Agenda Social de In- 2015), cujos objetivos estão descritos na
clusão das Pessoas com Deficiência, tendo introdução deste texto.
como eixos a acessibilidade arquitetônica Enfim, o simples acesso garantido por Lei
dos prédios escolares, a implantação de sa- aos bancos escolares não garante o fim dos
las de recursos e a formação docente para problemas das pessoas com deficiência, não
o atendimento educacional especializado soluciona o problema do desrespeito e da
(BRASIL, 2008; GIL, 2015). No mesmo ano, o discriminação (CARMO, 1994). A realidade
Decreto nº 6.094/2007 estabeleceu, dentre da Educação Especial brasileira mostra-se
as diretrizes do compromisso “Todos pela inadequada, porém, mesmo assim, perce-
Educação”, a garantia do acesso e perma- be-se uma intensa mobilização em busca
nência no ensino regular e o atendimento de sua melhoria e é claro que a Educação
às necessidades educacionais especiais dos Física não fica fora desse contexto. Confor-
alunos, fortalecendo a inclusão educacio- me a LDB, em seu artigo 26, no parágrafo
nal nas escolas públicas (BRASIL, 2008; GIL, 3º: “A Educação Física, integrada a proposta
72/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
pedagógica da escola, é componente curri- Uma das citações do documento refere-se
cular da Educação Básica, ajustando-se às à Educação Física e aos Desportos como di-
faixas etárias e às condições da população reito de todos e instrumento da Educação
escolar, sendo facultativa nos cursos notur- Integral (CARMO, 1994). Carmo (1994) cita
nos” (BRASIL, 1996, s.p.). Ou seja, enquanto a “Carta de Batatais”, produzida em 1986,
componente curricular, a Educação Física como um documento importante que tra-
também deve se ajustar para incluir as pes- çou diretrizes para favorecer a integração
soas com deficiência. da Educação Física e Desportos ao contexto
da Educação Especial, estabelecendo que
1.1 Considerações gerais sobre as práticas da Educação Física deveriam dar
as políticas públicas de Educa- prioridade aos grupos menos favorecidos
ção Física para deficientes da sociedade. Em 1991, destaca-se a im-
portância do Plano Plurianual (1991-1995),
Em 1985, a Secretaria de Educação Física o qual previu a criação de um departamento
e Desporto (SEED) do MEC iniciou, junto ao de esportes para atender as reivindicações
extinto CENESP, um projeto que visava so- das pessoas com deficiência e que estabe-
lucionar o problema da Educação Física e lecesse ações por meio da capacitação de
do Esporte para as pessoas com deficiência. recursos humanos, desenvolvimento tec-

73/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
nológico, fomento esportivo, documenta-
ção e informação (SILVA; SEABRA JÚNIOR; Link
ARAÚJO, 2008). No site do CONFEF, cuja missão é “garantir à so-
No Brasil, o marco que pode ser considera- ciedade que o direito constitucional de ser atendida
do como o início da formação profissional na área de atividades físicas e esportivas seja exer-
em Educação Física Adaptada é o ano de cido por profissionais de Educação Física”(CONEF,
1987, com a publicação do Currículo Mí- s.d.), você encontrará informações importantes
nimo de Educação Física e a Resolução nº sobre o Conselho, legislação, notícias e utilidades
3/87 do Conselho Federal de Educação Fí- referente à Educação Física regional e nacional.
sica (CONFEF), que trata da reestruturação Disponível em: <http://www.confef.org.br/>.
dos cursos de graduação em Educação Físi- Acesso em: 9 jan. 2017.
ca. No parágrafo IV do artigo VI, a resolução
A referida disciplina teve responsabilidade
prevê a atuação do professor de Educação
na formação e habilitação dos profissionais,
Física junto à pessoa com deficiência, inclu-
tornando-os conhecedores das atividades
ída em seu item 17 como Educação Física
que devem ser adaptadas às capacidades
Especial (CASTRO, 2005).
de cada educando e os conteúdos de acordo
com o tipo de deficiência. Também propor-

74/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
cionando oportunidades iguais, o equilíbrio gorias de conteúdos (BRASIL, 1997b).
e a adaptação que a deficiência necessita
e melhorando a função motora, intelectu-
al, afetiva, a inclusão social, a autoconfian-
Para saber mais
ça, a participação e o interesse pelas aulas, Os PCNs constituem um referencial de qualida-
pelas atividades de vida diária, entre outras de para a educação em todo o País. Sua função
(GORGATTI; COSTA, 2008). Essa Resolução é orientar e garantir a coerência dos investimen-
significou um avanço na possibilidade de tos no sistema educacional, socializando discus-
mudanças na forma como vinha sendo tra- sões, pesquisas e recomendações, subsidiando a
tada a Educação Física para deficientes. participação de técnicos e professores brasileiros,
principalmente daqueles que se encontram mais
No ano de 1997, os Parâmetros Curricu-
isolados, com menor contato com a produção pe-
lares Nacionais (PCNs), considerando seu
dagógica atual (BRASIL, 1997a).
caráter de documento oficial na educação
brasileira, trouxeram contribuições para a No que tange à inserção de alunos com de-
Educação Física Escolar ao suscitarem a re- ficiência, os PCNs citam que:
flexão e a discussão das práticas pedagógi-
a. As aulas de Educação Física devem
cas. Tais parâmetros estão alicerçados sob
promover oportunidades para que
três aspectos: inclusão, diversidade e cate-
75/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
todos os educandos possam desen- c. Grande parte dos indivíduos com de-
volver suas potencialidades, de forma ficiência apresentam algum traço fi-
democrática e não seletiva, visando sionômico, alteração morfológica ou
sua evolução como seres humanos. dificuldade em relação à coordena-
Nesse sentido, alunos com deficiência ção que as difere dos demais, fazen-
física não podem ser privados dessas do com que ganhem a atenção das
aulas; outras crianças. A atitude dos alunos,
b. A maioria das pessoas com deficiên- seja positiva ou negativa, diante des-
cia física foram e, ainda, são excluídas sas diferenças se construirá na convi-
das aulas de Educação Física, tanto vência cotidiana e dependerá da pos-
por desconhecimento, como por re- tura adotada pelos professores na es-
ceio ou por puro preconceito. Toda- cola (BRASIL, 1997b).
via, percebe-se que tais aulas podem Em 2000, foi organizado o Manifesto Mun-
gerar inúmeros benefícios para esse dial da Educação Física que, dentre outras
público, particularmente, e no que diz coisas, reafirmou o compromisso da Edu-
respeito ao desenvolvimento das ca- cação Física junto às pessoas com defici-
pacidades afetivas, de integração e ência (FIEP, 2000). A Educação Física apre-
inserção social; senta-se como uma possibilidade concreta
76/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
no processo de inclusão e tem buscado sua
efetivação de fato(SEABRA JÚNIOR, 2006).

77/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
Glossário
Altas habilidades e Superdotação: Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectu-
al, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade,
grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRA-
SIL, 2008).
Educação Física Adaptada: Também pode ser conceituada como a Educação “que envolve
modificações ou ajustamentos das atividades tradicionais da Educação Física para permitir às
crianças com deficiências participar com segurança de acordo com suas capacidades funcio-
nais” (BARBANTI, 1994, p. 92).
Transtornos globais do desenvolvimento: Os alunos com transtornos globais do desenvolvi-
mento são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e
na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo.
Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose in-
fantil (BRASIL, 2008).

78/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
Glossário
Transversalidade: No âmbito dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a transversalidade diz
respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender co-
nhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida
real e de sua transformação (aprender na realidade e da realidade) (MENEZES; SANTOS, 2001).

79/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
?
Questão
para
reflexão

Diversos instrumentos legais foram implementados pelo governo


federal a fim de garantir que todas as pessoas, independente de li-
mitações físicas, motoras, sensoriais ou cognitivas, tenham acesso
irrestrito à educação, ao esporte e ao lazer em quaisquer estabe-
lecimentos públicos. Entretanto, obrigatoriamente nesse contex-
to atual, uma questão forçosamente se coloca: estariam os profis-
sionais de tais estabelecimentos preparados para receber pessoas
com deficiência e desenvolver um trabalho eficiente? O que você
acha disso?

80/201
Considerações Finais

• A educação inclusiva deve promover o bem de todos, sem preconceitos e quaisquer outras
formas de discriminação.
• Os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organiza-
ção específicos para atender as necessidades das pessoas com deficiência.
• Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se
para o atendimento aos educandos com deficiência, assegurando uma educação de qualida-
de para todos.
• As pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que
as demais pessoas, exigindo a eliminação das barreiras que impedem o acesso à escolariza-
ção.
• Os estados devem assegurar um sistema de educação inclusiva com garantia de que as pesso-
as com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional sob alegação de deficiência e
que possam ter igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem.
• A Educação Física escolar deve dar oportunidades a todos os alunos e os alunos com deficiên-
cia física não podem ser privados das aulas.
81/226
Referências

BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física e do Esporte. São Paulo: Manole, 1994.


BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais.
Brasília: MEC/SEF, 1997a. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.
pdf>. Acesso em: 8 jan. 2017.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Físi-


ca. Brasília: MEC/SEF, 1997b. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.
pdf>.Acesso em: 8 jan. 2017.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÂO. CÂMARA DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Resolução CNB/CEB nº 2,


de 11 de setembro de 2001.Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica.2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf >. Acesso:
8 jan. 2017.
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Edu-
cação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.
CARMO, A. A. do. Deficiência Física: a sociedade brasileira cria, “recupera” e discrimina. Brasília:

82/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
Referências

MEC - Secretaria dos Desportos/PR, 1994.


CASTRO, E. M. de. Atividade Física Adaptada. São Paulo: Tecmedd, 2005.
CONFEF – Conselho Federal de Educação Física. Disponível em: <http://www.confef.org.br/>.
Acesso em: 9 jan. 2017.
FIEP – Federação Internacional de Educação Física. Brasília: MEC/SEED, v. 55, n. 1, 2000.
GIL, M. A Legislação Federal Brasileira e a Educação de Alunos com Deficiência. Diversa. Educação
Inclusiva na Prática. 2015. Disponível em: <http://diversa.org.br/artigos/a-legislacao-federal-bra-
sileira-e-a-educacao-de-alunos-com-deficiencia/?gclid=CMWQ8YmZg9ECFYUJkQod5GMH-
JA>.Acesso em: 7 jan. 2017.
GORGATTI, M. G.; COSTA, R. F. da. Atividade Física Adaptada:qualidade de vida para pessoas com
necessidades especiais. 2. ed. Barueri: Manole, 2008.
MENEZES, E. T. de; SANTOS, T. H. dos. Verbete Transversalidade. Dicionário Interativo da Educação
Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.
br/transversalidade/>. Acesso em: 9 de jan. 2017.

SANCHES, I.; TEODORO, A. Da Integração à Inclusão Escolar: cruzando perspectivas e conceitos.


Revista Lusófona de Educação, v. 8, n. 8., 2006. p. 63-83.
83/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
Referências

SEABRA JÚNIOR, L. Inclusão, Necessidades Especiais e Educação Física: considerações sobre a ação
pedagógica no ambiente escolar. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação Física, Uni-
versidade Estadual de Campinas, 2006. 119 f.
SILVA, R. F.; SEABRA JÚNIOR, L.; ARAÚJO, P. F. Educação Física Adaptada no Brasil: da história à in-
clusão educacional. São Paulo: Phorte, 2008.
SKLIAR, C. A Inclusão que é “Nossa” e a Diferença que é do “Outro”. In: RODRIGUES, D. (Org.). In-
clusão e Educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006. p. 15-35.

84/226 Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência
Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Políticas Públicas de Educação Aula 3 - Tema: Políticas Públicas de Educação
e Educação Física para Alunos com Deficiência. e Educação Física para Alunos com Deficiência.
Bloco I Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
c996aec60b3d3ea49415e707ae5ab0ac>. 1d/2b6f2180c2c459dbf98d4637c6b2bbdc>.

85/226
Questão 1
1. Leia e analise o trecho abaixo:
Entende-se por educação especial, para os efeitos da ______________________ , a
modalidade de educação escolar, oferecida _______________ na rede regular de en-
sino, para educandos com _____________ (BRASIL, 1996). Uma pessoa necessita de
_________________ se tiver alguma dificuldade de aprendizagem que exija uma medida
educativa especial(SANCHES; TEODORO, 2006).

Assinale abaixo a alternativa cujas palavras completam as lacunas acima corretamente:

a) Lei de Cotas da educação; obrigatoriamente; problema; educação regular.


b) Lei de Diretrizes e Bases(LDB)nº 9394/96; preferencialmente;deficiência; educação especial,
especial.
c) Política Nacional de Educação Especial; obrigatoriamente; problema; educação adaptada.
d) Lei de Diretrizes e Bases(LDB) nº 9394/96; sugestivamente;doença mental educação con-
vencional.
e) Política Nacional de Educação Especial; preferencialmente; habilidades matemáticas; ne-
cessidades especiais.

86/226
Questão 2
2. Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passou
a ser fundamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN) nº 4.024/61, que apontou o direito dos deficientes à educação, pre-
ferencialmente no sistema regular de ensino. É correto afirmar que:

a) A LDBEN não foi capaz de promover um sistema de ensino capaz de atender as necessidades
educacionais.
b) A LDBEN foi capaz de promover um sistema de ensino capaz de atender as necessidades
educacionais das pessoas com deficiências na escola regular.
c) A LDBEN é a lei que rege o sistema educacional das pessoas com deficiência no século XXI.
d) A LDBEN é responsável pela gerência da educação especial no Brasil.
e) A LDBEN é responsável pela gerência da acessibilidade no Brasil.

87/226
Questão 3
3. Em relação a Lei de Diretrizes e Bases LDB nº 9.394/96, marque “V” para
Verdadeiro e “F” para Falso:

(___) Recomenda que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo para aten-
der as necessidades das pessoas com deficiência.
(___) Preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos métodos para atender
as necessidades das pessoas com deficiência.
(___) Indica que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos recursos e organização
específicos para atender as necessidades das pessoas com deficiência.
(___) Possibilita a desaceleração de estudos para os superdotados, evitando a rápida conclu-
são do programa escolar.
(___) Assegurar professores capacitados ao atendimento de pessoas com deficiência.
Assinale a alternativa correta, respectivamente:

88/226
Questão 3
a) F – F – V – F – F.
b) V – F – V – F – V.
c) V – V – F – F – F.
d) V – V – V – F – V.
e) F – F – F – V – V.

89/226
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta referente a questão: Qual política condicio-
nou o acesso às classes comuns do ensino regular àqueles que possuíssem
condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares progra-
madas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais?

a) Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.


b) Política Nacional de Educação na Perspectiva da Educação Especial.
c) Política Nacional de Educação Especial.
d) Plano Nacional de Educação.
e) Plano Nacional de Educação para Todos.

90/226
Questão 5
5. Qual é o tipo de deficiência mais citada nos Parâmetros Curriculares Na-
cionais referente à Educação Física?
a) Deficiência Intelectual.
b) Deficiência Física.
c) Deficiência Auditiva.
d) Deficiência Visual.
e) Transtornos Mentais.

91/226
Gabarito
1. Resposta: B. 3. Resposta: D.

Entende-se por educação especial, para os Possibilita a aceleração de estudos aos su-
efeitos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº perdotados para conclusão do programa
9394/96, a modalidade de educação es- escolar.
colar, oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos com de- 4. Resposta: C.
ficiência(BRASIL, 1996). Uma pessoa neces- Política Nacional de Educação Especial. O
sita de educação especial se tiver alguma problema dessa política (1994) é que ela
dificuldade de aprendizagem que exija uma não reformulou as práticas educacionais
medida educativa especial (SANCHES; TEO- prejudicando as pessoas com deficiência
DORO, 2006). que deveriam se ajustar ao meio.

2. Resposta: A. 5. Resposta: B.
A LDBEN não foi capaz de promover um sis- A deficiência mais citada nos Parâmetros
tema de ensino capaz de atender as neces- Curriculares Nacionais referente à Educa-
sidades educacionais e acabou reforçando ção Física é a Deficiência Física.
o encaminhamento dos alunos para classes
e escolas especiais.
92/226
Unidade 4
A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos

Objetivos
1. Conhecer o conceito, os objetivos e os benefícios da Educação Física Adaptada.
2. Entender como deve ser a atuação do professor com as pessoas com deficiência intelectu-
al, física, auditiva e visual.
3. Refletir sobre a atuação do profissional perante as diferenças.

93/226
Introdução

Você diria que uma pessoa que só mexe a profissão.


cabeça pode competir? Pois pode! Há cam-
peões de Bocha Paralímpica que indicam
a direção da bola com o olhar, e soltam-na
Para saber mais
com um movimento do pescoço! A limitação Filmes como “Meu Nome é Rádio” (2003), “Como
existe, mas parte dela é muito mais psico- Estrelas na Terra, Toda Criança é Especial” (2007),
lógica do que motora. Pensar qualquer de- “Um Sonho Possível” (2009) e “Paratodos” (2016),
ficiente como inútil é incorreto (BRANDÃO, mostram a importância da Educação Física, das
2003). atividades físicas e dos esportes adaptados na
vida das pessoas com e sem deficiência. Os qua-
Diante desta afirmação, vamos construir tro filmes mostram histórias emocionantes de su-
uma imagem positiva sobre a Educação peração.
Física para as pessoas com deficiência e
lembrar que somos uma ponte que pode le- Por isso, cabe relembrar que a disciplina,
var nossos alunos à realização ou insatisfa- como proposta curricular, está inserida no
ção, à inclusão ou exclusão, à mobilidade ou contexto escolar e deve estar apta para
a inércia, ao sucesso ou ao fracasso. Espero atender aos alunos com deficiência, pro-
que você entenda como trilhar este cami- movendo todos os benefícios e objetivos
nho para proporcionar o bem através de sua propostos (RIBEIRO, 2001). Além da esco-
94/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
la, o profissional de Educação Física pode Independente da(s) metodologia(s) utili-
atuar com as pessoas com deficiência em: zada(s) pelo professor, a intervenção deve
hospitais e clínicas de reabilitação; clubes e favorecer, estimular e orientar o desenvol-
centros esportivos; academias e espaços de vimento do aluno. E, para desenvolver as
lazer (CONFEF, 2010). propostas planejadas, deve-se observar
quem é o aprendiz, o que deve ser ensinado
e como ensinar (QUIDIM, 2012).
Link Outra sugestão interessante, citada por
Áreas de atuação do profissional de Educação
Winnick (2004) e Quidim (2012), é aplicar
Física e Esporte. Saiba mais acessando o link do
atividades e esportes adaptados com o in-
Portal Educação. Disponível em: <https://www.
tuito dos alunos sem deficiência vivencia-
portaleducacao.com.br/educacao-fisica/ar-
rem as dificuldades e perceberem a capaci-
tigos/3419/areas-de-atuacao>. Acesso em: 12
dade e a superação. Para Winnick (2004), a
jan. 2017.
maioria dos alunos tem pouca ou nenhuma
experiência junto às pessoas com deficiên-
cia, o que é desolador. O fato de estarem
envolvidos com deficientes, com atividades
ligadas à conscientização sobre as deficiên-
95/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
cias e terem a oportunidade de vivenciar de perto estas deficiências e as dificuldades que elas
geram, proporciona ao aluno ou profissional noções e valores importantes como, a empatia e o
respeito ao outro.
Alguma vez você já se colocou na situação de “deficiente” e jogou basquete em uma cadeira de
rodas, voleibol sentado ou goalball? É uma prática que vale a pena e deve ser incentivada.

Para saber mais


O goalball é uma modalidade esportiva desenvolvida para pessoas com deficiência visual. São três
jogadores vendados em quadra, em cada equipe. O objetivo do jogo é lançar uma bola com guizo
para tentar fazer gol em uma trave de 1,30 metros de altura por 9 metros de comprimento. Vence a
equipe que fizer mais gols (NASCIMENTO; MORATO, 2006).

1. A Educação Física adaptada para pessoas com deficiência

Terminologia utilizada para a disciplina que abarca conhecimentos sobre as práticas voltadas
para as pessoas com deficiência, caracteriza-se por adequar metodologicamente um conjunto
de atividades ou tarefas que envolvem diferentes estímulos, ou seja, adaptá-las as capacidades
e limitações do aluno com deficiência. Sua proposta não difere dos objetivos da Educação Física
96/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
convencional, mas visa ampliar as possibili- Além de estimular a autonomia, a indepen-
dades de aplicação por meio de metodolo- dência e prevenir doenças secundárias, a
gias que respeitem a diversidade do grupo, prática da Educação Física pode resultar em
as características e as necessidades do(s) outros benefícios, como:
aluno(s) com deficiência (TEIXEIRA; RIBEI- I. Motores: ajuda a desenvolver a velo-
RO, 2006). cidade, agilidade, força, equilíbrio, co-
ordenação, ritmo, flexibilidade, capa-
Para saber mais cidades cardiorrespiratórias.
II. Cognitivos: raciocínio, atenção, per-
Adaptar não é somente criar e remover obstácu-
cepção espaço-temporal, concentra-
los, é, sobretudo, encontrar níveis ótimos de par-
ção.
ticipação para qualquer pessoa independente-
mente dos seus níveis de desempenho. Adaptar III. Afetivos: favorece a socialização, o es-
é tornar as tarefas mais fáceis, as regras menos pírito de luta, o controle da ansiedade,
exigentes, facilitar, adequar e permitir a partici- a autoimagem e autoestima (TEIXEI-
pação de todos com sucesso (RODRIGUES, 2006). RA; RIBEIRO, 2006).
IV. Para que o professor possa atingir o
desenvolvimento do aluno com de-

97/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
ficiência como um todo, alguns pro- ocorrem.
cedimentos que visam a segurança e d. Conversar com o grupo sobre como e
a qualidade da aula podem ser favo- até que momento o auxílio é necessá-
ráveis. As sugestões de conduta pro- rio para o colega que possui deficiên-
fissional são indicações de Teixeira e cia, pedindo sugestão para as possi-
Ribeiro (2006): bilidades de adaptação de materiais
a. Conhecer o aluno, sua deficiência para a(s) aula(s).
(anamnese) e suas possibilidades. Se e. Selecionar atividades considerando
julgar necessário, solicitar um atesta- o comprometimento motor e a idade
do médico assegurando as condições cronológica de maneira que elas pos-
de saúde. sam ser regulares e progressivas.
b. Facilitar a independência e a autono- f. Não subestimar a condição do aluno.
mia do aluno.
g. Iniciar com tarefas motivadoras e que
c. Eliminar barreiras arquitetônicas, ob- causem sucesso com a execução de
servando se têm pedras, buracos, on- pequenas etapas.
dulações no terreno, degraus, o aces-
Na Educação Física Adaptada, é preciso fi-
so aos banheiros e espaços onde nor-
car claro o apontamento de Sherrill (1998)
malmente as aulas de educação física
98/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
ao citar que algumas atividades só se tor- valores; auxiliar no desenvolvimento positi-
nam acessíveis às pessoas com determina- vo da autoestima dos alunos e demonstrar
das deficiências mediante adaptações. Lie- postura de aceitação, empatia, amizade e
berman (2002) cita 04 exemplos de adapta- afeto, garantindo um ambiente seguro e
ção, caso haja necessidade: 1. Modificação controlado; adotar abordagens e estilos de
no equipamento; 2. Modificação nas regras; ensino apropriados para a diversidade; ofe-
3. Modificação no ambiente; 4. Modificação recer oportunidades individualizadas caso
quanto à instrução – orientação verbal, de- necessário, no qual os alunos possam obter
monstração, assistência física, assessorar o sucesso; e elogiar e incentivar, criando um
aluno, guiar – e Brailling (entender o movi- ambiente de aceitação, cumplicidade e in-
mento através do tato). clusão (WINNICK, 2004).
Mais um ponto importante a ser referencia- Por fim, Castro (2005) sugere três estraté-
do é a questão dos professores e técnicos de gias para que o aluno com deficiência possa
Educação Física e Esportes Adaptados. Esses ser incluído nas aulas de Educação Física: 1)
profissionais devem estar dispostos a con- A integração inversa, na qual os alunos sem
tribuir para o desenvolvimento de todos os deficiência vão conhecer a sala e escola es-
alunos/atletas; ter conhecimento adequado pecial e vivenciam as deficiências; 2) Cole-
da profissão, bem como das habilidades e gas tutores: onde os alunos sem deficiência
99/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
serão ensinados a auxiliarem seus colegas 2. Dicas básicas de ensino da
com deficiência; 3) Ajudantes e auxiliares de educação física para pessoas
ensino: Os próprios alunos com deficiência com deficiência
ensinarão seus colegas e seus professores a
como lidarem com eles mesmos. Há diferença no ensino da Educação Física
A incorporação dessas sugestões pode le- para as pessoas com deficiência? Para que
var a um aprendizado dinâmico entre aluno você compreenda com mais facilidade, va-
com deficiência, professor e aluno sem de- mos dividir esse texto em quatro partes a
ficiência. Esse é um contexto educacional seguir:
valioso que diminui o mistério de aprender
e ainda estimula todas as partes a reconhe- 2.1 Dicas para ensinar pessoas
cer o valor da diversidade. É o melhor cami- com deficiência intelectual
nho para a amizade, o companheirismo e o
desenvolvimento de um senso de satisfa- Na Educação Física Adaptada para pesso-
ção humana: o de trocar algo com alguém as com deficiência intelectual, é importan-
(CASTRO, 2005). te criar um ambiente favorável e amistoso
para o aprendizado. Sendo assim, seguem
alguns apontamentos:

100/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
I. Apresente poucas informações e sempre da maneira mais clara possível.
II. Inicie com atividades simples aumentando o grau de dificuldade gradualmente.
III. Além da instrução verbal, demonstre a atividade e, em algumas situações, o professor pode
favorecer o aluno com instruções sinestésicas (toque, condução).
IV. Adapte ou facilite as regras ou atividades sempre que necessário.
V. Proporcione experiências motoras variadas e divertidas.
VI. Aumente o número de tentativas das atividades.
VII. Marcações no chão poderão facilitar o entendimento de limites nas atividades.
VIII. Proporcione atividades individuais e em grupo.
IX. Estimule e incentive o seu aluno sempre, pois apesar das dificuldades aparentes, ele poderá
conseguir (ROSADAS; PEDRINELLI, 2002; DIEHL, 2006; GORGATTI; TEIXEIRA, 2006a).

2.2 Dicas para ensinar pessoas com deficiência física

As pessoas com deficiência física possuem necessidades variadas devido à diversidade de limi-
tações englobadas nesse tipo de deficiência.De acordo com Diehl (2006), alguns destes sujeitos
usam cadeira de rodas, outras próteses e muletas ou podem ter dificuldade em equilibrar-se na
101/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
posição sentada ou em pé, entre outros problemas como falta ou redução de força, coordenação,
etc.
Muitas pessoas com deficiência física, pela própria dificuldade de locomoção e acessibilidade,
desmotivam-se facilmente com a prática da Educação Física e dos esportes (GORGATTI; TEIXEI-
RA, 2006b). Por isso, observe se o local em que trabalha é acessível a todos.
No caso de alunos que utilizam cadeira de rodas, o ideal é que as cadeiras sejam esportivas, mas,
infelizmente, essa não é a nossa realidade. De qualquer forma, Gorgatti e Teixeira (2006b) citam
que é importante realizar atividades para desenvolver o domínio da cadeira de rodas, como
deslocamentos variados e em diferentes velocidades, giros, empinar para trás, entre outros.

Link
Um exemplo de atividades para desenvolver o domínio da cadeira de rodas esportiva, bem como atividades lúdicas e
esportivas para crianças usuárias de cadeiras de rodas pode ser visualizado assistindo o vídeo indicado a seguir. O vídeo
publicado no dia 18 de julho de 2016, por Aline Miranda Strapasson, mostra um trabalho de doutorado sobre “Iniciação
ao Para-Badminton: proposta de atividades baseada no programa de ensino “Shuttle-Time”. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=Y_ww9FgFd9w>. Acesso em: 12 jan. 2017.

102/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
Link
Saiba mais sobre a modalidade que fará sua estreia nos Jogos Paralímpicos de Tóquio em 2020 através do artigo “O
Parabadminton no Brasil: um esporte adaptado em ascensão”(STRAPASSON; DUARTE, 2015). Disponível em: <http://
www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/sobama/article/view/4966/3550>. Acesso em: 12 jan. 2017.

2.3 Dicas para ensinar pessoas porque “quando não entendemos um sur-
com deficiência auditiva do, a limitação é nossa” (BRASIL, 1998).
Para Almeida (2008), não existem limita-
A principal dica de como ensinar pessoas
ções ou adaptações maiores a serem feitas
surdas é saber a Língua Brasileira de Sinais
no que diz respeito aos alunos com defici-
(LIBRAS). Caso contrário, você vai ter que:
ência auditiva. As grandes prioridades do
falar sempre de frente para o aluno e falar
professor de Educação Física devem se ater
devagar para permitir a leitura labial; de-
às maiores defasagens dos alunos, que nes-
monstrar as atividades; substituir sinais so-
te caso são o equilíbrio (estático e dinâmi-
noros como apitos por bandeiras ou sinais
co), a coordenação motora geral, a noção
luminosos e ter paciência (DIEHL, 2006),
espaço-temporal, a ansiedade, o isolamen-
103/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
to social, o ritmo e a propriocepção. avisá-lo antes; é aconselhável trabalhar em
círculos, fileiras ou colunas e com alunos ce-
2.4 Dicas para ensinar pessoas gos e de baixa visão intercalados; o educa-
com deficiência visual dor deve expressar suas emoções por meio
de palavras, ao invés de gestos ou sorriso.
Em primeiro lugar, é importante familiarizar
De acordo com Diehl (2006), para determi-
o aluno que apresenta deficiência visual ou
nados jogos, é recomendável vendar todos
baixa visão com seu ambiente de aula (es-
os alunos e em outros, utilizar bolas com
paço físico, percurso, inclinações do terreno
guizo, fitas ou cordas para delimitar o es-
e diferenças de piso) e remover quaisquer
paço e principalmente, realizar as aulas em
obstáculos que possam provocar acidentes
local silencioso. Em atividades de corrida, o
(GORGATTI; TEIXEIRA; VANÍCOLA, 2008).
professor deverá orientar o aluno através de
Almeida (2008) complementa que o pro- palmas, apito ou qualquer outro sinal sono-
fessor deve procurar antecipar verbalmente ro.
suas ações para não surpreender ou assus-
Também é importante destacar os esforços
tar o aluno cego; dirigir-se ao aluno cha-
do Comitê Paralímpico Brasileiro em parce-
mando-o sempre pelo nome; se houver ne-
ria com a empresa Rio 2016 (CPB, 2014) na
cessidade de tocá-lo para uma explicação,
divulgação do Guia Escolar Paralímpico,
104/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
que apresenta o Movimento Paralímpico, os valores e os esportes. Além disso, sugere um passo
a passo para a organização do Dia Escolar Paralímpico, cujo objetivo é desenvolver a conscienti-
zação em crianças e adolescentes sobre a inclusão de pessoas com deficiências.

Link
O Guia Escolar Paralímpico(CPB, 2014), contendo informações sobre todas as modalidades Paralímpicas
de verão, pode ser baixado através do link a seguir. Disponível em: <http://www.fernandazago.com.
br/2016/08/guia-escolar-paralimpico.html>. Acesso em: 12 jan. 2017

105/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
Glossário
Bocha Paralímpica: é um jogo de precisão adaptado para pessoas com deficiência física severa,
no qual homens e mulheres competem juntos em partidas individuais, em dupla ou por equipe
(trios). O objetivo é lançar as bolas vermelhas e azuis (a cor para cada lado é decidida por “cara
e coroa” antes da partida) o mais próximo da bola branca que serve de alvo, chamada de bolim
(em inglês, jack) (CPB, 2014).
Propriocepção: definida por Sherrington em 1906 comoa percepção do movimento articular
ou do corpo bem como a posição do corpo ou dos segmentos, no espaço (ROZZI et al., 2000).
Prótese: Prótese é um equipamento de apoio utilizado para substituir órgãos ou membros au-
sentes, porém, não necessariamente suas funções (GORGATTI; TEIXEIRA, 2006b).
“Shuttle-Time”: é um programa de ensino de Badminton escolar proposto pela Federação
Mundial de Badminton (BWF) como forma de divulgação, massificação e popularização do Bad-
minton pelo mundo (BWF, 2013).

106/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
?
Questão
para
reflexão
David Rodrigues (2006) cita que a participação de pessoas com de-
ficiência na Educação Física, desportos ou atividades de lazer é pro-
fundamente influenciada pelo conceito e pela construção que temos
e fazemos sobre a deficiência e sobre a própria atividade motora. Se
concebermos a deficiência exclusivamente como um infortúnio a ser
lamentado e que este torna o indivíduo dependente e incapaz de ser
autônomo por toda a vida, essa representação nos conduzirá a uma
proposta de trabalho completamente diferente daquela que poderia
se construir caso concebêssemos as atividades enquanto caminho
para que essas pessoas consigam uma maior autonomia e indepen-
dência e sejam capazes de gerir a sua própria vida. Pare e reflita, como
você concebe a prática da Educação Física face ao deficiente?

107/201
Considerações Finais
• A Educação Física, como proposta curricular, está inserida no contexto escolar e deve estar
apta para atender os alunos com deficiência. Além da escola, o profissional de Educação Física
pode atuar com as pessoas com deficiência em: hospitais e clínicas de reabilitação; clubes e
centros esportivos; academias e espaços de lazer.
• Estar envolvido com deficientes, com atividades ligadas à conscientização sobre a deficiência
e ter a oportunidade de agir como uma pessoa com deficiência proporciona noções e valores
importantes como, o respeito ao outro.
• A Educação Física Adaptada caracteriza-se por adequar metodologicamente um conjunto de
atividades que envolvem diferentes estímulos, adaptando as capacidades e limitações do alu-
no com deficiência.
• Na Educação Física Adaptada, é preciso ficar claro que algumas atividades só se tornam aces-
síveis às pessoas com determinadas deficiências mediante adaptações, como modificação: no
equipamento; nas regras; no ambiente; quanto à instrução e Brailling.

108/226
Referências

ALMEIDA, A. C. P. G. de. Atividade Física e Deficiência Auditiva. In: GORGATTI, M. G.; COSTA, R. F.
da. Atividade Física Adaptada. Qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. 2. ed.
São Paulo: Manole, 2008. p. 128-147.
BRANDÃO, I. Educação Física Adaptada. Revista de Educação Física do CONFEF, ano 11, n. 8, agos-
to, 2003.
BRASIL. Educação para Todos. Registros de Educação.SEED/MEC: Paraná, n. 4, junho, 1998.
BWF – Badminton World Federation. Shuttle Time.O programa de Badminton escolar da BWF. Pla-
nos de aula. 1. ed (português). Malaysia: BWF, 2013.
CASTRO, E. M. de. Atividade Física Adaptada. São Paulo: Tecmedd, 2005.
CONFEF - ESTATUTO DO CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 2010. Publicado no DO.
n.237, Seção 1, p.137-143, 13/12/2010. Disponível em:<http://www.confef.org.br/extra/con-
teudo/default.asp?id=471>. Acesso em: 11 jan. 2017.

CPB – Comitê Paralímpico Brasileiro. Rio 2016. Guia Escolar Paralímpico, 2014. Disponível em:<ht-
tp://www.fernandazago.com.br/2016/08/guia-escolar-paralimpico.html>. Acesso em: 10 jan.
2017.

109/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
Referências

DIEHL, R. M. Jogando com as Diferenças. Jogos para crianças e jovens com deficiência. São Paulo:
Phorte, 2006.
GORGATTI, M. G.; TEIXEIRA, L. Deficiência Mental. In: TEIXEIRA, L. Atividade Física Adaptada e Saú-
de. Da teoria à prática. São Paulo: Phorte, 2008a. Cap. 16. p. 365-375.
GORGATTI, M. G.; TEIXEIRA, L. Deficiência Motora. In: TEIXEIRA, L. Atividade Física Adaptada e Saú-
de. Da teoria à prática. São Paulo: Phorte, 2008b. Cap. 17. p. 377-397.
GORGATTI, M. G.; TEIXEIRA, L.; VANÍCOLA, M. C. Deficiência Visual. In: TEIXEIRA, L. Atividade Física
Adaptada e Saúde. Da teoria à prática. São Paulo: Phorte, 2008. Cap. 18. p. 399-412
LIEBERMAN, L. J. Strategies for Inclusion: a handbook for physical educators. Champaign: Human
Kinetics, 2002.
NASCIMENTO, D. F. do; MORATO, M. P. Goalball. Manual de orientação para professores de Edu-
cação Física. Brasília: Comitê Paralímpico Brasileiro, 2006.
PORTAL EDUCAÇÃO. Áreas de Atuação. Educação Física e esporte. 2008. Disponível em: <https://
www.portaleducacao.com.br/educacao-fisica/artigos/3419/areas-de-atuacao>. Acesso em: 12
jan. 2017.

110/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
Referências

QUIDIM, F. G. Educação Física Escolar e Inclusão: realidades e caminhos a percorrer. In: DENARI, F.
E. (Org.). Contrapontos da Educação Especial. São Carlos, SP: Pedro e João editores, 2012. p. 143-
154.
RIBEIRO, S. M. Inclusão e Esporte: um caminho a percorrer. In: CIDADE, R. E. Temas em Educação
Física Adaptada. Curitiba: Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada, 2001. p. 38-46.
RODRIGUES, D. (Org.). Atividade Motora Adaptada. A alegria do corpo. São Paulo: Artes médicas,
2006.
ROSADAS, S. C. de; PEDRINELLI, V. J. Metodologia Aplicada ao Deficiente Intelectual.In:BRASIL. Mi-
nistério da Educação. Curso de Capacitação de Professores Multiplicadores em Educação Física
Adaptada. Brasília: MEC, SEESP, 2002. p. 101-119.
ROZZI, S. et al. Role of Fatigue on Proprioception and Neuromuscular Control. In: LEPHART, S.M.;
FU, F.H. (editors). Proprioception and Neuromuscular Control in Joint Stability. Champaign, IL: Hu-
man Kinetics; 2000. p. 375-384.
SHERRILL, C. Adapted Physical Activity, Recreation and Sport: crossdisciplinary and lifespan. 5. ed.
Boston: McGraw-Hill, 1998.

111/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
Referências

STRAPASSON, A. M.; DUARTE, E. Para-Badminton no Brasil: um esporte adaptado em ascensão.


Revista da SOBAMA, Marília, v. 16, n. 1, p. 19-22, jan./jun., 2015. p. 19-22. Disponível em: <http://
www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/sobama/article/view/4966/3550>. Acesso em: 12 jan.
2017.
TEIXEIRA, A. M. F.; RIBEIRO, S. M. Basquetebol em Cadeira de Rodas: manual de orientação para
professores de educação física. Brasília: Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006.
WINNICK, J. P. Educação Física e Esportes Adaptados. São Paulo: Manole, 2004.

112/226 Unidade 4 • A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos
Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: A Educação Física Adaptada e a Aula 4 - Tema: A Educação Física Adaptada e a
Atuação do Professor Junto aos Alunos com De- Atuação do Professor Junto aos Alunos com De-
ficiência. Bloco I ficiência. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/5711ea37d8b9fa3669e57c7997611f1f>. 1d/8156e860c44113dff9a0a16eea299a21>.

113/226
Questão 1
1. Qual é o único esporte abaixo que não é praticado por deficientes físicos?
Assinale a alternativa correta:
a) Bocha Paralímpica.
b) Goalball.
c) Parabadminton.
d) Vôlei sentado.
e) Basquete em cadeira de rodas.

114/226
Questão 2
2. Complete a frase abaixo:
Além da escola, o profissional de Educação Física pode atuar com as pessoas com defi-
ciência em: __________ e __________ de __________; __________ e centros esporti-
vos; academias e espaços de ____________.

Assinale a alternativa cujas palavras completam a sentença acima corretamente:

a) Casas; comunidades; lazer; indústrias; recreação.


b) Clínicas; asilos; idosos; prisões; convivência militar.
c) Hospitais; clínicas; reabilitação; clubes; lazer.
d) Asilos; hospitais psiquiátricos; reclusão; cinemas; treinamento de hipertrofia.
e) Parques; clubes esportivos; prefeituras; espetáculos teatrais; entretenimento privado.

115/226
Questão 3
3. Marque “V” para verdadeiro e “F” para falso. A Educação Física Adap-
tada é:

(___) Uma disciplina que abarca informações sobre Educação Física para pessoas com
doenças.
(___) Caracteriza-se por adequar metodologicamente um conjunto de atividades ou
tarefas que envolvem diferentes estímulos, adaptando as capacidades e limitações do
aluno com deficiência.
(___) Sua proposta difere dos objetivos da Educação Física convencional.
(___) Visa ampliar as possibilidades de aplicação por meio de metodologias que res-
peitem a diversidade do grupo, as características e as necessidades do(s) aluno(s) com
deficiência.
(___) Atua no ensino de atividades físicas e esportivas para pessoas com as mais varia-
das deficiências.

116/226
Questão 3
Assinale a alternativa correta, respectivamente:
a) V, V, F, F, V.
b) F, F, V, F, V.
c) V, F, V, F, F.
d) V, V, F, F, V.
e) F, V, F, V, V.

117/226
Questão 4
4. Na Educação Física Adaptada, é preciso ficar claro que algumas ativi-
dades só se tornam acessíveis às pessoas com determinadas deficiências
mediante adaptações. Assinale a alternativa que NÃO condiz com o con-
texto de adaptação:
a) Modificação no equipamento.
b) Modificação nas regras.
c) Modificação no visual.
d) Modificação no ambiente.
e) Modificação quanto à instrução.

118/226
Questão 5
5. De acordo com o que você estudou, existem diferenças nos métodos
de ensino da Educação Física para as pessoas com deficiências. Qual das
deficiências abaixo NÃO exige diferença na forma de ensinar?

Assinale a alternativa correta:


a) Deficiência intelectual e física.
b) Deficiência auditiva e visual.
c) Deficiência intelectual e síndrome de Down.
d) Deficiência auditiva e física.
e) Deficiência visual e intelectual.

119/226
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: C.

O Goalball é praticado por pessoas com de- A aparência visual não tem importância
ficiência visual. alguma nas questões de Educação Física
Adaptada.
2. Resposta: C.
5. Resposta: C.
Além da escola, o profissional de Educação
Física pode atuar com as pessoas com defi- Para cada deficiência, devido as diferenças
ciência em: hospitais e clínicas de reabilita- e a diversidade, existem maneiras distintas
ção; clubes e centros esportivos; academias de ensinar e as dicas básicas estão citadas
e espaços de lazer. nos itens 3.1 a 3.4 do Tema 04. No caso da
deficiência intelectual e síndrome de Down,
3. Resposta: E. não existe distinção, tendo em vista que a
deficiência intelectual é uma das caracte-
(F) Deficiência NÃO é sinônimo de doença, rísticas da síndrome de Down.
(V), (F) Sua proposta NÃO difere dos objeti-
vos da Educação Física convencional, (V), (V)

120/226
Unidade 5
A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação

Objetivos
1. Conceituar a avaliação diagnóstica.
2. Sugerir testes específicos para avaliar alunos com deficiência nas aulas de Educação Física.
3. Promover a reflexão sobre a escassez e a importância do tema.

121/226
Introdução

Você consegue se lembrar de como os seus professores de Educação Física avaliavam a sua apren-
dizagem e o seu desempenho nas aulas? Pois é, falar sobre avaliação diagnóstica na Educação
Física regular pode ser menos complicado do que na Educação Física para pessoas com deficiên-
cia.
Não podemos esquecer que existe grande variedade de tipos de deficiência, graus de severidade
e comprometimento e que, quando avaliamos alguém, precisamos ter parâmetros de compara-
ção. E como vamos comparar os resultados se a maioria dos protocolos de testes baseia-se em
pessoas sem nenhum problema ou deficiência? Isso consolida, através dos instrumentos e me-
didas, a legitimação do fracasso, a discriminação, a expulsão e a evasão escolar (COLETIVO DE
AUTORES, 1992).
Outro ponto interessante, observado por Freire (1999), aponta que as pessoas:

122/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
são diferentes no início e serão diferentes no final do processo educativo.
Não adianta querer transformá-las em iguais segundo padrões estabeleci-
dos. Quem é igual não tem o que trocar; por isso, é necessário conservar-
-se diferente. As relações, os direitos e as oportunidades, é que têm de ser
iguais não os gestos, os comportamentos, os pensamentos, as opiniões (p.
206).

1. Avaliação diagnóstica em Edu- pessoas com deficiência em outras discipli-


cação Física para pessoas com nas da educação especial, bem como na área
deficiência do esporte adaptado e Paralímpico. Porém,
há uma lacuna para os profissionais que
Durante as pesquisas e estudos para desen- atuam na Educação Física com deficientes.
volver este tema, podemos nos deparar com De qualquer forma, vamos falar sobre esse
o problema da escassez bibliográfica refe- assunto tão carente de informação.
rente ao assunto. Encontram-se na litera-
tura formas de avaliação diagnóstica para
123/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
2009). Sendo assim, a avaliação não deve
Para saber mais ser encarada como produto de um momen-
A avaliação diagnóstica é aquela usada antes de to, mas sim de um período, o que possibili-
se começar qualquer trabalho e tem o objetivo de ta reajustar o programa a fim de atingir o(s)
conhecer as condições iniciais do avaliado para, a objetivo(s) almejado(s)(MACHADO, 2012).
partir de então, serem traçados os objetivos (PI- De acordo com Vayer (1984), os aspectos
TANGA, 2005). que podem ser observados numa avaliação
são:
No processo de elaboração de programas de 1. Comportamento intelectual: testes de
Educação Física, muitos são os fatores que nível mental.
influenciam para que seu sucesso se efeti-
2. Comportamento motor e psicomotor:
ve, dentre eles, a avaliação. Pesquisadores
testes psicomotores.
que trabalham na área voltada para pesso-
as com deficiência enfatizam o grande va- 3. Aspectos afetivos, emocionais ou re-
lor da avaliação na verificação dos conheci- lacionais: testes projetivos.
mentos prévios do(s) aluno(s) e se as aulas 4. Capacidade de adaptação social: tes-
ministradas estão proporcionando benefí- te de desenvolvimento psicossocial.
cios ou não (GORLA; RODRIGUES; ARAÚJO, No processo de avaliação, o teste visa identi-
124/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
ficar o desempenho do avaliado em relação Para tomar uma decisão em relação à ava-
a uma variável qualquer. A medida quanti- liação é necessário que adotemos uma pers-
fica o desempenho observado por meio do pectiva de referência, pois avaliação signi-
teste e a avaliação julga a medida referen- fica comparação: comparar os resultados
ciada a uma norma ou critério pré-esta- com os próprios resultados anteriores ou de
belecido(GUEDES; GUEDES, 2006; COSTA e outros; comparar as medidas obtidas com a
SILVA; GORLA; COSTA, 2012). média do grupo em que os testes realizados
ou com resultados de outros grupos. Desta
Para saber mais forma, a avaliação interpreta o resultado de
uma medida (PITANGA, 2005).
Medida é a determinação da grandeza. Medir sig-
nifica representar através de números, atribuir um Se o professor entender que para avaliar
valor numérico a alguma coisa, exemplo: metro não é necessário fixar-se somente em da-
ou quilograma; sendo esta meramente descritiva, dos objetivos e em números, ele pode, de
e possuindo um caráter quantitativo (PITANGA, forma prática, colher todos esses dados,
2005). além de muitos outros, em outros momen-
tos, os quais podem ser registrados em fi-
chas individuais, facilitando uma avaliação
qualitativa minuciosa através da observa-
125/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
ção (FREIRE, 1999).
A avaliação faz parte do processo escolar Link
estabelecido nos Parâmetros Curriculares O trabalho intitulado “Educação Física para Pes-
Nacionais, nas Diretrizes Nacionais de Edu- soas com Deficiência: mecanismo de avaliação
cação, bem como no projeto político peda- nas instituições de Campinas” (ESNARRIAGA,
gógico da escola. Portanto, preste atenção 2006), teve o objetivo de identificar quais eram
nas questões: O que avaliar? Por que ava- os mecanismos e instrumentos de avaliação ado-
liar? Como avaliar? Quando avaliar? E nun- tados pelos professores de Educação Física Adap-
ca esqueça que a Educação Física Escolar tada. Ele pode te auxiliar no desenvolvimento de
não deve seguir o princípio do Rendimen- metodologias de avaliação para deficientes. Dis-
to Olímpico: MAIS ALTO, MAIS FORTE, MAIS ponível em: <http://www.bibliotecadigital.
VELOZ, pois isso desestimula, segrega e até unicamp.br/document/?view=000390569>.
aterroriza os alunos considerados menos Acesso em: 16 jan. 2016.
capazes ou não aptos ou que não estejam
interessados pelo rendimento esportivo
(COLETIVO DE AUTORES, 1992).

126/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
2. Sugestão de testes para ava-
liar alunos com deficiência nas Link
aulas de Educação Física adap- O trabalho intitulado “Da Avaliação a Gestão de
tada Processo: uma proposta de instrumento para
acompanhamento da inclusão contextualizada
Falamos sobre a observação e a anotação no transcorrer de atividades motoras”(RODRI-
do que foi observado em aula. Essa prática GUES, 2002), propõe um instrumento de avalia-
lhe auxiliará, de acordo com Freire (1999), a ção através da observação sistemática. A base de
analisar inúmeros detalhes nas reações dos dados da UNICAMP é restrita, mas após um ca-
alunos quanto ao seu aprendizado, desen- dastro rápido, o download é permitido. Disponível
volvimento e comportamento. Podem-se em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.
observar expressões motoras que dizem br/document/?code=vtls000297158>. Aces-
respeito a: afetividade (indecisões, vacila- so em: 16 jan. 2017.
ções, medos); motricidade (coordenação,
noção de espaço e tempo, força muscular, Alguns critérios de avaliação através da ob-
resistência); sociabilidade (pouca coopera- servação, citados pelos PCNs (BRASIL, 1997)
ção); e, cognição (correção de movimentos) são: a) o aluno demonstra segurança para
(FREIRE, 1999). experimentar, tentar e arriscar em situações
127/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
propostas ou cotidianas de aprendizagem; várias características motoras de um indiví-
b) o aluno participa adequadamente das duo é denominado de Bateria Motora(ROSA
atividades, respeitando as regras, a orga- NETO, 2002).
nização, com empenho em utilizar os mo- A tabela 1 apresenta testes específicos para
vimentos à atividade proposta; e c) o aluno crianças e adolescentes com Deficiência In-
reconhece e respeita as diferenças individu- telectual, encontrados através das bases de
ais, se auxilia os colegas que tem mais difi- dados: Scirus, Sciverse, Scielo, Embase, Pub-
culdade e se aceita ajuda dos que tem mais med, Lilacs e Google Scholar.
competência.
Em relação aos testes motores, estes são
classificados como provas específicas que
permitem medir determinada característica
de uma pessoa, a qual pode ser comparada
com a de outros indivíduos. Prova motora
é um conjunto de atividades determinadas
para uma idade, cujo objetivo é indicar o
avanço ou atraso motor de uma criança. O
conjunto de provas e de testes para avaliar
128/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
Link
Um estudo de caso sobre “Estimulação Psicomotora em Crianças com Síndrome de Apert”, utilizou a
“Escala de Desenvolvimento do Comportamento da Criança: o primeiro ano de vida” (STRAPASSON; DU-
ARTE, 2005). O artigo pode ser acessado na Revista EF Deportes, ano 10, número 1, dezembro de 2005.
Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd91/apert.htm>. Acesso em: 16 jan. 2017.

Para saber mais


A Síndrome de Apert é uma forma rara de cranioestenose (caracterizada por fusão precoce de qualquer
sutura craniana), associada à sindactilia (fusão dos dedos) dos pés e mãos. Pode ocorrer estrabismo;
afastamento entre os olhos; deslocamento do globo ocular para frente; nariz pequeno; palato em ogiva;
atrofia de corpo caloso; hidrocefalia; deficiência intelectual; etc (DIAMENT; CYPEL, 1996).

129/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
A avaliação motora de pessoas com deficiência pode ser utilizada para alocar os alunos em pro-
gramas que otimizarão o seu aprendizado, determinar se os indivíduos precisam ser avaliados
com mais critérios, identificar os pontos fortes e fracos dos avaliados e permitir um direciona-
mento para o desenvolvimento das metas e objetivos dos programas de Educação Física Adap-
tada (ELLIOTT; BUNN, 2004; GORLA et al., 2009).
Tabela 1. Protocolos de avaliação da coordenação motora

Protocolos Autores Variável População


Habilidades motoras, lo-
Crianças e jovens do nas-
Teste de habilidades de comotoras, coordenação
Griffiths (1970) cimento aos 8 anos de
crianças e jovens motora fina e a perfor-
idade.
mance.
Habilidade motora ge-
Teste de Desenvolvimen- Crianças de 3 a 10 anos
Ulrich(1985) ral e o desenvolvimento
to Motor Grosso de idade.
motor total.

130/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
Protocolos Autores Variável População
Escala de Desenvolvi- Crianças com diferentes
Desenvolvimento do
mento do Comporta- Pinto, Vilanova e Viei- patologias com o refe-
comportamento (motor
mento da Criança: o pri- ra(1997) rencial de normalidade
e de atividade).
meiro ano de vida (Idade: de 1 a 12 meses),
Teste Motor Milestone
(TDMMT) Movimento por meio de Crianças com profunda
Burton e Miller (1998)
intervenções orientadas. deficiência múltipla.

Escala de Desenvolvi- Habilidades motoras de Crianças com deficiência


mento Motor Peabody locomoção, reflexo, ma- intelectual
(PDMS) Folio e Fewell(2000)
nipulação de objetos e (do nascimento aos 6, 9
movimento estático. anos de idade).
Coordenação motora
Escala de Desenvolvi- global e fina; equilíbrio; É indicado para avaliar
mento Motor (EDM) Rosa Neto(2002) esquema corporal; la- atrasos no desenvolvi-
teralidade; organização mento de crianças,
espacial e temporal.

131/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
Protocolos Autores Variável População
Coordenação motora
Teste de Bruininks-O- fina; coordenação dos Crianças com deficiên-
seretsky de Proficiência Bruininks e Brui- membros superiores; cia intelectual entre 4,5 a
Motora (BOTMP) ninks(2005) equilíbrio e coordenação 14,5 anos.
bilateral; força e agilida-
de.
Bateria de Avaliação de Habilidades motoras fina
Movimento para crian- e grossa que englobam
ças - Teste do Movimento Henderson, Sugden e
habilidades manuais de
Crianças e adolescentes
ABC Barnett(2007) entre 3 a 16 anos.
destreza, mira, captura e
(M-ABC Test) equilíbrio,
Habilidades motoras de
Avaliação da Coorde-
movimento fundamental Crianças e adolescentes
nação Motora Grossa Hughes e Riley (1981)
e de movimentos espe- entre 5,5 a 12,5 anos.
(BGMA)
cializados.

132/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
Protocolos Autores Variável População
Teste de Coordenação
Corporal para Crianças Gorla e Araújo(2007); Coordenação motora to- Crianças e adolescentes
(KTK) Gorla, Rodrigues e Araú- com deficiência intelec-
tal e o domínio corporal.
jo(2009) tual entre 4,5 a 14,5 anos.

Fonte: Pesquisa feita em 2016 através das bases de dados Scirus, Sciverse, Scielo, Embase, Pubmed, Lilacs e Google Scholar.

Em referência à avaliação da aptidão física relacionada à saúde, foi desenvolvido nos Estados
Unidos o “Manual Brockport de Testes: Testes de Aptidão Física para Jovens com Necessidades
Especiais”. A população visada neste protocolo inclui pessoas com deficiência intelectual, lesão
medular, paralisia cerebral, deficiências visuais, anomalias congênitas e amputações, entre 10
e 17 anos de idade. Os testes do referido manual avaliam a composição corporal, a resistência
aeróbica, a força e resistência muscular e a flexibilidade (WINNICK; SHORT, 2001).

133/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
Link
Um estudo sobre a avaliação da aptidão física relacionada a saúde de alunos com deficiência intelectual
foi realizado por Bacciotti (2007) e pode ser utilizado como referência para possíveis pesquisas, trabalho
e comparação de resultados. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/2818/1/
Dissert_%20Sarita%20de%20Mendonca%20Bacciotti.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2017.

Como você pode observar, encontram-se protocolos de avaliação na Educação Física Adaptada,
mas esses protocolos são extremamente escassos e, em maior escala, para pessoas com defi-
ciência intelectual. É necessário aumentar o rol de protocolos para que os mesmos atinjam os
alunos com deficiência: auditiva, visual, física e seus vários tipos.

134/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
Glossário
Aptidão física relacionada à saúde: Refere-se àqueles componentes de aptidão afetados pela
atividade física habitual e relacionados às condições de saúde. Esses componentes são: força
muscular, resistência muscular, resistência aeróbica e composição corporal (WINNICK; SHORT,
2001).
Composição corporal: O componente da aptidão física relacionada à saúde que se relaciona ao
grau de magreza ou adiposidade do corpo (WINNICK; SHORT, 2001).
Flexibilidade: Um subcomponente da função musculoesquelética que reflete a amplitude
de movimento possível em múltiplas articulações enquanto se executa uma tarefa funcional
(WINNICK; SHORT, 2001).
Resistência muscular: Um subcomponente da função musculoesquelética que reflete a capaci-
dade de executar repetidamente contrações musculares submáximas (WINNICK; SHORT, 2001).

135/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
?
Questão
para
reflexão
Proponho que você reflita obre três aspectos: Durante o ano você
conseguiu fazer a avaliação diagnóstica no começo e no final do se-
mestre letivo de todas as suas turmas de Educação Física Escolar. Na
escola em que trabalha há várias crianças com as mais diferentes
deficiências. Durante o conselho de classe, você apresenta o resul-
tado da avaliação e toma consciência dele, pois, através dos rela-
tórios, percebeu que: 1º) 60% dos alunos apresentaram dificuldade
em realizar as atividades propostas; 2º) houve várias situações de
desrespeito, preconceito e discriminação entre os alunos; e, 3º) os
testes aplicados demonstraram habilidades e desempenho de 80%
dos alunos abaixo da média padrão. O que pode ter saído errado?
Será que a sua forma de atuação foi adequada?

136/201
Considerações Finais

• Pesquisar sobre avaliação diagnóstica na Educação Física para pessoas com deficiência nos
leva a identificar a escassez de material bibliográfico que possa auxiliar os professores que
atuam com essa população.
• Nota-se que a deficiência mais favorecida através de resultados de pesquisas é a Deficiência
Intelectual. A maioria dos testes encontrados é para essa classe de alunos.
• A avaliação faz parte do processo escolar estabelecido nos Parâmetros Curriculares Nacio-
nais, nas Diretrizes Nacionais de Educação, bem como no projeto político pedagógico da es-
cola. O professor de Educação Física deve prestar atenção nas questões: O que avaliar? Por
que avaliar? Como avaliar? Quando avaliar? E nunca esquecer que não deve seguir o princípio
do Rendimento Olímpico: MAIS ALTO, MAIS FORTE, MAIS VELOZ, pois isso desestimula, segre-
ga e até aterroriza os alunos considerados menos capazes ou não aptos, ou que não estejam
interessados pelo rendimento esportivo.

137/226
Referências

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tal. Brasília: MEC/SEF, 1997.
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tal EFdeportes, 13 (128), jan. 2009. Disponível em:<http://www.efdeportes.com/efd128/funda-
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139/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
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140/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
Referências

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ckport de testes. São Paulo: Manole, 2001.
VAYER, P. O Diálogo Corporal. São Paulo: Manole, 1984.

141/226 Unidade 5 • A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação
Assista a suas aulas

Aula 5 - Tema: A Aula de Educação Física para Aula 5 - Tema: A Aula de Educação Física para
Alunos com Deficiência: Avaliação Diagnóstica. Alunos com Deficiência: Avaliação Diagnóstica.
Bloco I Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/3ab7094bbed300a092c606522ed90729>. 1d/7a87e775689b41225b281474cb0e9dc9>.

142/226
Questão 1
1. Assinale a alternativa que NÃO corresponde a um aspecto que pode ser
observado numa avaliação, de acordo com Vayer (1984):

a) Comportamento intelectual.
b) Comportamento motor e psicomotor.
c) Aspectos afetivos, emocionais ou relacionais.
d) Capacidade de adaptação social.
e) Comportamento sexual.

143/226
Questão 2
2. Leia e analise o trecho abaixo:
No processo de avaliação, o __________ visa identificar o desempenho do avaliado em
uma variável qualquer; a __________quantifica o desempenho observado por meio do
teste; e a __________ julga a medida referenciada a uma norma ou critério pré-estabe-
lecido.

Assinale a alternativa cujas palavras completam as lacunas acima corretamente:

a) Jogo; pesagem; medida.


b) Teste; medida; avaliação.
c) Exame; prova; testagem.
d) Julgamento; testagem; medida.
e) Teste; avaliação; prova.

144/226
Questão 3
3. Qual frase abaixo NÃO condiz com o tema “Avaliação”?

a) Avaliação significa comparação.


b) Avaliação pode ser a comparação dos resultados atuais com os próprios resultados anterio-
res ou de outros.
c) Avaliação pode ser a comparação das medidas obtidas com a média do grupo em que os
testes foram realizados ou com resultados de outros grupos.
d) A avaliação pode interpretar o resultado de uma medida.
e) É indispensável fazer apenas uma avaliação, sendo esta no final do ano.

145/226
Questão 4
4. A aptidão física relacionada à saúde avalia quais aspectos?

a) Composição corporal, a resistência aeróbica, a força e resistência muscular e a flexibilidade.


b) Composição corporal, a resistência anaeróbica, a potência muscular e a flexibilidade.
c) Composição corporal, a resistência anaeróbica, a potência muscular e a velocidade.
d) O índice de massa corporal, a resistência aeróbica, a potência muscular e a agilidade.
e) O índice de massa corporal, a resistência anaeróbica, a força pura e a agilidade.

146/226
Questão 5
5. Complete a frase: É correto afirmar que protocolos e testes de medida e
avaliações ______________não podem ser utilizados para comparar os
resultados de _______________ com _______________.

Assinale a alternativa que apresenta as palavras adequadas às colunas aci-


ma, em ordem:
a) Qualitativas; um aluno; seus resultados anteriores.
b) Quantitativas; um aluno; os resultados escalas pré-estabelecidas.
c) Diagnósticas; um aluno; seus resultados anteriores.
d) Convencionais; alunos com deficiência; alunos sem deficiência.
e) Bimestrais; alunos deficiência; seus resultados anteriores.

147/226
Gabarito
1. Resposta: E. 4. Resposta: A.

O comportamento sexual não foi citado nas A aptidão física relacionada à saúde avalia
observações de Vayer. a composição corporal, a resistência aeró-
bica, a força e resistência muscular e a flexi-
2. Resposta: B. bilidade.

No processo de avaliação, o teste visa iden- 5. Resposta: D.


tificar o desempenho do avaliado em uma
variável qualquer; a medida quantifica o de- É correto afirmar que protocolos e testes
de medida e avaliações convencionais não
sempenho observado por meio do teste; e,
podem ser utilizados para comparar resul-
a avaliação julga a medida referenciada a
tados de alunos sem deficiência com alunos
uma norma ou critério pré-estabelecido.
com deficiência.

3. Resposta: E.
Avaliação não significa medicação e sim
comparação. É indispensável fazer pelo me-
nos duas avaliações por ano, sendo uma no
início e outra no final do ano.
148/226
Unidade 6
O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva

Objetivos

1. Conceituar Ensino Colaborativo.


2. Apresentar questões referentes ao ensino colaborativo e a Educação Física.
3. Promover a reflexão sobre o Ensino Colaborativo nas aulas de Educação Física.

149/226
Introdução

Vamos começar o sexto tema com o provér- o dia da reunião pedagógica, na qual lhe in-
bio africano que tem tudo a ver com o as- formam que a estratégia de ensino utilizada
sunto a ser tratado: “Se quiser ir rápido, vá é o ensino colaborativo. Cheia(o) de dúvidas
sozinho. Mas se quiser ir longe, vá em grupo”. em relação ao tal ensino, uma professora de
Aproveito também para perguntar: Você Educação Física especializada no trabalho
já ouviu falar sobre o ensino colaborativo? com deficientes, percebe a sua reação e lhe
Imagine a seguinte situação: Você acabou diz: “Não se preocupe! Nós vamos trabalhar
de passar em um concurso da prefeitura juntas(os) e eu vou lhe ajudar!”.
para trabalhar com aulas de Educação Fí- Com esse discurso, você pode perceber que
sica no seu município. Durante a distribui- as palavras “colaborativo, colaboração, au-
ção das escolas e das aulas você é surpre- xílio e ajuda” significam a união de pessoas
endida(o) ao ser designada para uma escola em prol de uma causa: a educação de todos,
regular especializada no atendimento de sem distinção. Sendo assim, de acordo com
pessoas com deficiência por meio do mo- Glat, Pletsch e Fontes (2007), numa escola
delo da inclusão. Você só consegue pensar: inclusiva que adota a estratégia de ensino
“E agora? O que eu vou fazer? Nunca traba- colaborativo, o trabalho do professor regu-
lhei com deficientes na minha vida!” Esses lar e a atuação do professor especializado
pensamentos passam a lhe atormentar até se complementam.
150/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva
na rede regular de ensino. As Diretrizes Na-
Para saber mais cionais para a Educação Especial na Educa-
Ensino Colaborativo é uma estratégia pedagógi-
ção Básica (BRASIL, 2001) enfatizam que os
ca que consiste em dois professores que atuam
alunos com deficiência devem ser educados
simultaneamente no mesmo contexto educacio-
nas classes comuns das escolas regulares.
nal, sendo um professor de ensino regular e outro Diante disso, Thousand e Villa (1989) suge-
professor especialista, compartilhando a tarefa rem duas características para uma escola se
de ensinarem juntos para o sucesso escolar dos tornar inclusiva e atender as pessoas com
alunos com deficiência (SOUZA, 2008). deficiência de forma adequada: gastar tem-
po e energia formando a equipe escolar e
1. A educação inclusiva no Brasil capacitar equipes educacionais para tomar
e o ensino colaborativo decisões de forma colaborativa. Vilaronga e
Mendes (2014) observam que precisaria es-
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação tar previsto nas políticas municipais, esta-
Nacional nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), as- duais e federais de educação,a capacitação
sim como no Plano Nacional de Educação, é dos professores especializados em educa-
previsto que o atendimento educacional es- ção especial, que atuariam em consonância
pecializado deve ocorrer preferencialmente com os professores das salas regulares. To-
151/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva
davia, com uma formação debilitada no que (VILARONGA; MENDES, 2014). Levando em
tange à educação especial, com cursos que consideração a realidade educacional bra-
na maioria das vezes não correspondem à sileira atual (número grande de alunos por
realidade das escolas e sem troca efetiva turma, professores sem formação adequa-
com os professores especialistas em educa- da, poucos recursos de acessibilidade, en-
ção especial (quando fazem parte do corpo tre outros aspectos), a classe comum nem
de profissionais da escola), os professores sempre é a melhor alternativa para todos os
recebem todos os anos alunos com as mais alunos, sobretudo para os que apresentam
distintas deficiências (VILARONGA; MEN- comprometimentos graves (LIBERMAN,
DES, 2014), porém, muitas vezes não sabem 2003; GLAT; BLANCO, 2007). Nesse sentido,
como abordá-los. “incluir alunos com deficiência num qua-
Portanto, o discurso de obrigatoriedade da dro escolar precário e sem o devido supor-
matrícula e o enfraquecimento da prática te especializado aos professores do ensino
pedagógica desse professor, que não en- regular, não romperá por si só o circuito da
contra espaços efetivos de troca e de for- exclusão” (GLAT; PLETSCH; FONTES, 2007,
mação fazem com que a política real da s.p.).
inclusão se torne cada vez mais distante e O trabalho baseado no Ensino Colaborativo,
mais utópica nas escolas públicas do país também conhecido como co-ensino, entre
152/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva
professores de educação especial e da sala regular, faz parte da proposta de alguns países para a
inclusão escolar de alunos com deficiência. No Brasil, esse modelo não amplamente é conhecido
e/ou adotado, sendo utilizado apenas em casos pontuais e experimentais de alguns municípios
(VILARONGA; MENDES, 2014).

Para saber mais


Cook e Friend (1995) abreviaram o termo “Ensino Colaborativo” para “co-ensino” e, progressivamente,
clarearam as características inerentes a uma verdadeira relação de colaboração, definindo co-ensino
como: dois ou mais profissionais dando instruções substantivas para um diverso ou misto grupo de alunos
num único espaço físico.

2. O que é ensino colaborativo?

O Ensino Colaborativo é um modelo de prestação de serviço de educação especial e uma estra-


tégia de ensino que consiste em parcerias entre os professores da Educação Regular e os pro-
fessores da Educação Especial, na qual um educador comum e um educador especial divi­dem a
responsabilidade de planejar, instruir e avaliar os procedimentos de ensino de um grupo hete-

153/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva


rogêneo de estudantes. Esse modelo emer- rativo é uma alternativa de trabalho envol-
ge como alternativa aos modelos de sala de vendo a cooperação entre os professores,
recursos, classes especiais ou escolas espe- que atuam juntos na mesma classe, quan-
ciais e como modo de apoiar a escolarização do há a presença de um ou mais alunos que
de estudantes com necessidades educa- demandam atenção diferenciada (MARIN;
cionais especiais em classes comuns. As- MARETTI, 2014).
sim, ao invés desses alunos irem para clas-
ses especiais ou de recursos, é o professor
especializa­do que vai até a classe comum,
Para saber mais
na qual o aluno está inserido, colaborar com Estratégias de ensino ou estratégias pedagógicas
o professor do ensino regular (FERREIRA et são suportes diretos ou indiretos que podem au-
al., 2007; CAPELLINI, 2008; MENDES; AL- xiliar o professor a efetivar uma maior participa-
MEIDA; TOYODA, 2011). ção dos alunos em suas aulas (SOUZA, 2008).

A partir dessa perspectiva, são organizadas


O propósito do Ensino Colaborativo é ga-
e realizadas estratégias pedagógicas com
rantir a articulação de saberes entre o en-
a finalidade de garantir a participação e
sino especial e comum, combinando as ha-
aprendizagem de alunos com deficiência no
bilidades destes professores. Assim, o pro-
contexto escolar. Ou seja, o Ensino Colabo-
154/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva
fessor regente traz os saberes disciplinares, acompanhamento do professor especialista
os conteúdos, o que prevê o currículo e o em sala de aula, ou seja, durante todas as
planejamento da escola, juntamente com atividades educativas (BEYER, 2005; FON-
os limites que enfrenta para ensinar o aluno TES, 2009).
com deficiência. O professor do ensino es- Numa perspectiva ideal, tanto um, quanto
pecial, por sua vez, contribui com propostas o outro podem assumir a regência da tur-
de adequação curricular, atentando para as ma em momentos planejados para que isso
possibilidades do estudante, considerando ocorra. A participação do docente especia-
as situações de ensino propostas e as op- lizado, no contexto do ensino colaborativo,
ções metodológicas, planejando estraté- é sempre em atenção à criança em proces-
gias e elaborando recursos adequados para so de inclusão. Porém, a circulação em sala
a promoção de sua aprendizagem (MARIN; e o apoio a outros alunos podem e devem
BRAUN, 2013). No entanto, o que caracteri- acontecer, pois promove interações produ-
za o ensino colaborativo como uma propos- tivas entre todos e em relação aos objetos
ta inovadora não é somente a cooperação de conhecimento (MARIN; MARETTI, 2014).
entre os docentes, que também era pre-
vista em outras alternativas, como as salas Ao interagir com a turma, o professor deve
de recursos, mas sim o a presença física e o buscar, entre os alunos, parceiros para pro-
mover a tutoria em pares. Assim, minimi-
155/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva
za-se a ideia de exclusividade pra determi- ce ao aluno, podendo, assim, compartilhar
nado estudante, fato que pode resultar em questionamentos e conhecimentos e me-
discriminação. Além disso, para que a pro- lhor organizar seu saber docente. Diferen-
posta seja bem-sucedida, os docentes que tes ideias sobre superproteção, facilitação,
atuam colaborativamente em sala precisam discriminação e exclusão precisam ser pro-
estabelecer regras quanto aos seus papéis blematizadas e dialogadas com frequência.
de referência e de autoridade e, ao mesmo Estes desafios exigem enfrentamentos e
tempo, precisam de liberdade e autonomia são tarefas simples, pois leva em considera-
para reger o processo de ensino, seja com a ção a complexidade das relações humanas
turma, seja com um aluno. Há necessidade e dos processos de transformação (MARIN;
de que se reconheçam em área de negocia- MARETTI, 2014).
ção constante, onde a cumplicidade no ato Cabe citar que existe um segundo modelo
pedagógico é a base do trabalho de ambos denominado consultoria colaborativa que é
(MARIN; MARETTI, 2014). uma estratégia de assistência indireta para
Quando os professores compartilham o os professores, onde um professor especia-
mesmo espaço de ensino e de aprendiza- lista é convidado a prestar serviços de con-
gem, ambos observam de forma contextu- sultoria (SOUZA, 2008; GEBRAEL; MARTI-
alizada as mediações que cada um ofere- NEZ, 2011). Os profissionais consultores são
156/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva
aqueles que colaboram na formação conti- educação, as escolas começaram a reesta-
nuada dos professores, promovem seminá- belecer conceitos e diretrizes para se ade-
rios, palestras, encontros, oferecem ajuda quarem à nova realidade institucionalmen-
aos alunos com deficiência e seus familiares te adotada. A estrutura escolar, a equipe di-
na programação e preparação dos planos retiva e o corpo docente foram instigados a
individuais de ensino, nas escolhas de tra- repensar as suas estratégias de ensino, suas
balho, na avaliação e nas atividades da vida propostas metodológicas, bem como a ma-
diária, ou seja, a colaboração se dá de forma neira de como conduzir suas práticas para
indireta, não necessariamente centrada na contemplar o universo inclusivo (MENDES;
sala de aula (SOUZA, 2008; GEBRAEL; MAR- VILARONGA; ZERBATO, 2014).
TINEZ, 2011). Nesse viés, as aulas de Educação Física, por
Estas estratégias podem ser muito eficazes sua vez, tiveram que ser adaptadas (PINTO,
no combate à exclusão escolar. 2016). Os professores começaram a se de-
parar com turmas heterogêneas, tanto no
3. A Educação Física e o ensino que tange aos aspectos físicos como aos
colaborativo aspectos psicológicos e emocionais, impul-
sionando-os para a construção de uma aula
Devido à instauração do direito de todos à que atendesse as necessidades individuais
157/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva
e coletivas dos alunos (JESUS, 2008). importante neste processo é fazer com que
Dessa forma, frente à inserção de pessoas os alunos com deficiência tenham a opor-
com deficiência nas unidades educativas, tunidade de experimentar as aulas de Edu-
as escolas começaram a contar com o se- cação Física que, segundo Winnick (1985),
gundo professor (professor auxiliar ou de é a disciplina que a inclusão pode ocorrer
apoio) que trabalha juntamente com os alu- com mais frequência devido à flexibilidade
nos com deficiência, auxiliando-os nas suas do seu currículo.
tarefas em todas as disciplinas da grade es- Weiss e Lloyd (2003) sugerem estratégias
colar, incluindo o acompanhamento desses de trabalho nas aulas de Educação Física a
alunos nas aulas de Educação Física (SÃO partir do Ensino Colaborativo. São elas:
JOSÉ, 2014).
• Um professor, um suporte: O professor
O Ensino Colaborativo também auxilia os de Educação Física e o especialista es-
professores de Educação Física com menos tão juntos e enquanto um apresenta
experiências, poucas habilidades especí- as atividades o outro dá suporte aos
ficas no trabalho pedagógico com alunos alunos (sugere-se a troca de ações).
deficientes e que se sentem desprepara-
• Estações de ensino: Os professores
dos para promover a inclusão (CAPELLINI;
são responsáveis por estações distin-
MENDES, 2007; MARIN; MARETTI, 2014). O
158/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva
tas, porém simultâneas, havendo divi- da no trabalho de Educação Física inclusiva.
são da turma para irem às estações e Realmente a estratégia de Ensino Colabo-
trocas para que todos passem por to- rativo pode auxiliar de forma significativa
das as etapas. na participação, inclusão e permanência de
• Ensino paralelo: Os dois professores alunos com deficiência nas aulas de Educa-
planejam juntos a aula, a turma se ção Física.
divide e cada professor transmite o Para saber mais sobre o tema em questão
mesmo conteúdo da sua maneira. “O Ensino Colaborativo e a Educação Físi-
• Ensino alternativo: Um professor le- ca”, sugere-se alguns dos poucos trabalhos
ciona para uma quantidade maior de encontrados na literatura brasileira.
alunos, enquanto o outro para um pe-
queno grupo.
• Equipe de ensino: Ambos dão igual-
mente as instruções.
A tutoria entre pares, na qual um aluno
aprende com outro (CAPELLINI, 2008), auxi-
lia e ajuda o outro, também é muito utiliza-
159/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva
Link
A Tese intitulada “Ensino Colaborativo e Educação Física: Contribuições à Inclusão Escolar” da autora
Valéria Manna de Oliveira (2014) materializa uma pesquisa que investigou o trabalho em conjunto do
pesquisador com o professor de Educação Física em salas de aula comuns na perspectiva do ensino cola-
borativo. Disponível em: <https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/17622/1/EnsinoCola-
borativoEducacao.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2017.

Link
A Dissertação de Marília Garcia Pinto, cujo título é “Ensino Colaborativo: uma estratégia pedagógica
para a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física” apresenta uma pesquisa que
teve objetivo analisar as estratégias pedagógicas utilizadas pelos professores de Educação Física e se-
gundos professores, frente à inclusão dos alunos com deficiência, no ensino regular, a partir da pers-
pectiva do ensino colaborativo. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/hand-
le/123456789/167847/341089.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 21 jan. 2017.

160/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva


Link
O artigo“Educação Física e Educação Especial: a relação de parceria entre professores que trabalham
no modelo de ensino colaborativo”, sob autoria de Oliveira e Silva (2015). Disponível em:<http://www.
conpef.com.br/anteriores/2015/artigos/23.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2017.

A escola brasileira tem incorporado um discurso de igualdade e inclusão social. Entretanto, no


cotidiano, ela sistematicamente tem desconsiderado a existência da diversidade. Não é fácil
construir uma escola inclusiva numa sociedade altamente excludente. Mudanças de diferentes
ordens são necessárias para atender à diversidade humana, garantindo a qualidade de ensino.
Isso significa mudanças no currículo, nas práticas pedagógicas e especialmente na formação
dos professores (CAPELLINI, 2008).

161/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva


Glossário
Excludente: Que promove a exclusão (CAPELLINI, 2008).
Estações de ensino: Como se fossem “os cantinhos da atividade” significa que a sala será divi-
dida em grupos que passarão pelas diversas partes da atividade, sendo que em cada uma delas
os professores se dividirão para explicar aos alunos o que deverá ser feito. Então, os grupos se
alternam de local e os professores repetem as informações para novos grupos de alunos (GAR-
GIULO, 2003; WEISS; LLOYD, 2003; CAPELLINI, 2008).
Necessidades Educacionais Especiais: São recursos educacionais especiais utilizados para en-
sinar as pessoas que apresentam dificuldades. As necessidades educacionais especiais não se
manifestam apenas nas pessoas com deficiência. Decorrem das características dos alunos e das
do contexto que o cerca e que muitas vezes as geram (CARVALHO, 2000).

162/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva


?
Questão
para
reflexão
Capellini (2005) afirma que, no processo de democratização do en-
sino, muitos alunos sem deficiência aparente, que ocupam um ban-
co no ensino comum são excluídos do acesso ao saber sistematiza-
do, dada a estrutura tradicional e arcaica que ainda está posta em
algumas escolas. Cabe nos perguntar, então, por que precisamos se-
gregar as pessoas com deficiência ao invés de rever e recriar nossas
práticas, a fim de melhorar o ensino para todos? Alguns alunos ca-
minham independentemente das ações de seus professores, porém,
outros tantos só se desenvolvem com seus estímulos. Você concorda
com a observação da autora?

163/201
Considerações Finais

• Ensino Colaborativo é uma estratégia de ensino utilizada na tentativa de incluir as pessoas sem
deficiência e/ou com deficiência que necessitem de recursos especiais para aprender. A estraté-
gia consiste na parceria de dois professores, um especialista em educação especial e outro não,
regendo a turma juntos.
• Existe também a estratégia de consultoria colaborativa, na qual professores especialistas em
educação especial orientam os professores do ensino regular a atuar de forma adequada com os
alunos que necessitam auxílio especial.
• O Ensino Colaborativo nas aulas de Educação Física apresenta algumas estratégias importantes
como: Dois professores; Estações de ensino; Ensino paralelo (divisão da turma); Ensino alternati-
vo; Equipe de ensino; Colegas tutores.
• A estratégia de Ensino Colaborativo pode auxiliar na participação, inclusão e permanência de
alunos com deficiência nas aulas de Educação Física.

164/226
Referências

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170/226 Unidade 6 • O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva


Assista a suas aulas

Aula 6 - Tema: O Ensino Colaborativo nas Aulas Aula 6 - Tema: O Ensino Colaborativo nas Aulas
de Educação Física Inclusiva. Bloco I de Educação Física Inclusiva. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
1d/3e575f32b9d607eaebd84457b4e3147e>. f98c616bbf1158130f65108ed3b921f6>.

171/226
Questão 1
1. Leia o trecho:
Ensino Colaborativo é uma ____________ pedagógica que consiste em ___________ pro-
fessores que atuam simultaneamente no mesmo contexto educacional, sendo um professor
de ensino ___________ e outro professor __________ em educação especial, comparti-
lhando a tarefa de ensinarem juntos para o sucesso escolar dos alunos com __________.

Assinale a alternativa cujas palavras são adequadas às lacunas e dão sentido ao trecho aci-
ma:
a) Forma; separar; convencional; inserido; doenças.
b) Estratégia; dois; regular; especialista; deficiência.
c) Maneira; três; médio; especialista; problemas.
d) Estratégia; unir; fundamental; conhecedor; distúrbios.
e) Forma; dois; infantil; especialista; deficiência.

172/226
Questão 2
2. Assinale a alternativa INCORRETA:

a) Para uma escola se tornar inclusiva e atender as pessoas com deficiência de forma adequada
ela deve gastar tempo e energia formando a equipe escolar e capacitar equipes educacio-
nais para tomar decisões de forma colaborativa.
b) Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, assim como no Plano Nacional de Educa-
ção e nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica é previsto que o
Atendimento Educacional Especializado de pessoas com deficiência deve ocorrer preferen-
cialmente na rede especial de ensino.
c) Estratégia de consultoria colaborativa é quando professores especialistas em educação es-
pecial orientam os professores do ensino regular a atuar de forma adequada com os alunos
que necessitam auxílio especial.
d) A estratégia de Ensino Colaborativo pode auxiliar na participação, inclusão e permanência
de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física.
e) Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, assim como no Plano Nacional de Educa-
ção e nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica é previsto que o
Atendimento Educacional Especializado de pessoas com deficiência deve ocorrer preferen-
173/226
cialmente na rede regular de ensino.
Questão 3
3. Qual alternativa não se enquadra no contexto, levando em considera-
ção a realidade educacional brasileira atual?

a) Número grande de alunos por turma.


b) Professores sem formação adequada.
c) Poucos recursos de acessibilidade.
d) A classe comum nem sempre é a melhor alternativa para os alunos que apresentam com-
prometimentos graves.
e) Acessibilidade para todos, bem como professores especializados e capacitados para traba-
lhar com todos os tipos de deficiência.

174/226
Questão 4
4. A escola brasileira tem incorporado um discurso de igualdade e inclusão
social. Entretanto, no cotidiano, ela sistematicamente tem desconsidera-
do a existência da diversidade. Não é fácil construir uma escola inclusi-
va numa sociedade altamente excludente. Mudanças de diferentes ordens
são necessárias para atender à diversidade humana, garantindo a quali-
dade de ensino. Quais são essas mudanças?
a) Mudanças no currículo, nas práticas pedagógicas e especialmente na formação dos profes-
sores.
b) Mudanças no currículo, na diretoria e no quadro de funcionários.
c) Mudança nas práticas pedagógicas, no endereço escolar e no quadro de professores.
d) Mudança na formação dos professores, na estrutura familiar e na diretoria.
e) Mudança na diretoria, na estrutura física da escola e na estrutura familiar.

175/226
Questão 5
5. Assinale a alternativa correta de acordo com o que a literatura fala so-
bre o Ensino Colaborativo na Educação Física:
a) O Ensino Colaborativo pode auxiliar os professores de Educação Física com menos experiên-
cias, poucas habilidades específicas no trabalho pedagógico com alunos deficientes e que se
sentem despreparados para promover a inclusão.
b) O Ensino Colaborativo é uma estratégia de ensino que não pode ser desenvolvida na Educa-
ção Física.
c) Na Educação Física o Ensino Colaborativo necessita de no mínimo três professores.
d) O Ensino Colaborativo aplicado na Educação Física não trás benefícios para os alunos com
deficiência incluídos na escola.
e) Nenhum professor iniciante se sente seguro com a estratégia do Ensino Colaborativo ao ser
desenvolvido numa turma de inclusão.

176/226
Gabarito
1. Resposta: B. Especializado de pessoas com deficiência
deve ocorrer preferencialmente na rede re-
Ensino Colaborativo é uma estratégia pe- gular de ensino.
dagógica que consiste em dois professores
que atuam simultaneamente no mesmo 3. Resposta: E.
contexto educacional, sendo um professor
de ensino regular e outro professor especia- Infelizmente a realidade do sistema educa-
lista em educação especial, compartilhando cional brasileiro não oferece acessibilidade
a tarefa de ensinarem juntos para o sucesso para todos, nem professores especializados
escolar dos alunos com deficiência. e capacitados para trabalhar com todos os
tipos de deficiência.
2. Resposta: B.
4. Resposta: A.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, assim como no Plano Nacional de Devem acontecer mudanças no currículo,
Educação e nas Diretrizes Nacionais para nas práticas pedagógicas e especialmente
a Educação Especial na Educação Básica é na formação dos professores.
previsto que o Atendimento Educacional

177/226
5. Resposta: A.

O Ensino Colaborativo pode auxiliar todos os professores do ensino regular, inclusive os inician-
tes.

178/226
Unidade 7
Práticas inclusivas

Objetivos

1. Apresentar práticas para a inclusão de alunos com deficiência na Educação Física.


2. Fomentar a reflexão de profissionais e futuros profissionais no trabalho de Educação Física
inclusiva.
3. Demonstrar que a possibilidade de inclusão na Educação Física existe e que depende muito
da atitude profissional.

179/226
Introdução

Vamos começar esse texto usando a questão vida (RODRIGUES, 2006).


de reflexão do tema 04, no qual Rodrigues Essa observação do autor é extremamen-
(2006) cita que a participação de pessoas te importante para que você entenda que,
com deficiência na Educação Física, despor- apesar das dificuldades que irá encontrar
tos, ou atividades de lazer, é profundamente pelo caminho, essas dificuldades poderão
influenciada pelo conceito, pela construção ser mais amenas se você acreditar, der cré-
que temos e fazemos sobre a deficiência e ditos e pensar na deficiência como capaci-
sobre a própria atividade motora. dade e superação. Pensamentos positivos
Isso quer dizer que, se você conceber a defi- relacionados à diversidade te levarão ao
ciência como um infortúnio pessoal a ser la- desenvolvimento de um trabalho que irá
mentado que ocorre às pessoas que sempre além dos muros da escola, um trabalho para
serão dependentes e incapazes de serem a vida toda, de todos.
autônomas, essa representação conduzirá Para Sherril (1998), o professor de Educação
a uma proposta de trabalho completamen- Física além de ensinar também transmite
te diferente daquela que se constrói se você valores, normas, maneiras de pensar e pa-
conceber atividades para pessoas que estão drões de comportamento para se viver em
a caminho de uma maior autonomia e inde- sociedade. Precisamos dar bons conselhos
pendência e capazes de gerir a sua própria e, principalmente, bons exemplos.
180/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas
1. Práticas inclusivas na Educa- Através desse discurso e das reflexões que
ção Física vimos fazendo durante as aulas, espero
que você atue de forma humanitária, sem-
Graças à flexibilidade do currículo da Edu- pre pensando no bem-estar e na felicidade
cação Física, já enfatizado nas outras au- dos seus alunos e na realização por estarem
las, do contato que esta disciplina promove participando das aulas de Educação Física.
entre as pessoas e do carisma dos profes-
sores, a Educação Física, se bem desenvol-
vida, pode ser um auxiliar poderoso contra
Para saber mais
A Educação Física e os esportes adaptados têm a
os malefícios da exclusão. Você já se sentiu
finalidade de melhorara autorrealização (WINNI-
excluído, discriminado ou deixado de lado
CK, 2004). Esse propósito é coerente com o Hu-
alguma vez na sua vida? Imagine quem vive
manismo, que é uma filosofia que ajuda as pes-
isso todos os dias.
soas a se tornarem plenamente humanas, assim
A aula de Educação Física deve ser um exer- realizando o seu potencial para fazer do mundo
cício social, sem discriminação e com atitu- o melhor lugar possível para todas as formas de
des de solidariedade, respeito e aceitação, vida (SHERRILL, 1998).
na qual não haverá lugar para o preconceito
e a exclusão (SOLER, 2002).
181/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas
Além disso, como professor, você tem que Como professora de Educação Física e Es-
ficar atento a toda forma de Bullying. Essa é portes Adaptados, atuante com pessoas
uma prática presente em todos os lugares com deficiência há mais de 20 anos, já ouvi
do mundo, infelizmente e deve ser banida absurdos entre os próprios estudantes com
através de atitudes dos pais, dos familiares, deficiência. Também presenciei situações
dos amigos, dos educadores e dos profissio- onde alunos sem deficiência destilaram
nais competentes. seus venenos contra pessoas com deficiên-
cia através de xingamentos, como: aleijado,
ET, burro, torto, mongoloide, idiota e uma
Link infinidade de palavras ruins que não mere-
O professor de sociologia Orson Camargo apre- cem ser ditas. Como será que essas pesso-
senta o bullying e seus malefícios sociais atra- as agredidas diariamente se sentem? A sua
vés do link Brasil Escola. Disponível em: <http:// função como educador é defendê-las sem-
brasilescola.uol.com.br/sociologia/bullying. pre que necessário. De acordo com os Pa-
htm>. Acesso em: 24 jan. 2017. râmetros Curriculares Nacionais, a atitude
dos alunos diante das diferenças é algo que
se construirá na convivência e dependerá
muito da atitude que cada professor adotar

182/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas


(BRASIL, 1997). ambiente positivo no qual os alunos pos-
E o que podemos fazer para incluir os alu- sam obter sucesso; e em 5º lugar, elogiar e
nos com deficiência nas aulas de Educação incentivar criando um ambiente no qual to-
Física? dos são bem aceitos (WINNICK, 2004).

Em 1º lugar, os profissionais devem estar Vivenciar as deficiências pode ser uma al-
dispostos a contribuir para o desenvolvi- ternativa muito significativa no contexto
mento de todos os alunos; em 2º lugar, ter escolar. Então, uma sugestão que vem sen-
um conhecimento adequado da profissão, do desenvolvida por vários professores e
habilidades, valores e uma postura de cum- pesquisadores é levar as atividades adap-
plicidade e ajuda; 3º) Estabelecer como tadas e os esportes adaptados para dentro
prioridade o desenvolvimento de uma au- da escola.
toestima positiva do aluno e ter uma postu-
ra de aceitação, empatia, amizade e afeto,
garantindo um ambiente seguro e contro-
lado; 4º) Selecionar e adotar abordagens e
estilos de ensino benéficos para os alunos,
proporcionar instrução e oportunidades
individualizadas/personalizadas, criar um
183/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas
você pode pegar uma bola de voleibol e co-
Link locá-la dentro de um ou mais sacos plásti-
cos para produzir som. Depois disso, é só se
“Esporte Adaptado como Tema da Educação Fí- divertir com seus alunos “cegos”.
sica Escolar” é um artigo dos autores Salerno e
Araújo (2008), publicado na Revista Conexões,
que mostra um trabalho desenvolvido na escola
Para saber mais
através da aplicação de dois esportes adaptados. Goalball é uma modalidade desenvolvida para
Disponível em: <http://periodicos.sbu.uni- deficientes visuais, disputado em uma quadra de
camp.br/ojs/index.php/conexoes/article/ 18m x 9m, com uma baliza de 9m de comprimen-
view/8637826>. Acesso em: 24 jan. 2017. to por 1m30cm de altura, no qual o objetivo do
jogo é fazer o maior número de gols (CPB, 2014).
Que tal uma aula onde os alunos usam ven-
da nos olhos e simulam a deficiência visual? Você também pode investir na questão de
Nela eles podem brincar de andar e correr, vivenciar a Deficiência Auditiva. Que tal se-
amparados por um colega que estará sem a parar grupos onde um tem que passar ati-
venda. Também podem dançar, jogar fute- vidades para o outro grupo que estará com
bol em duplas (um com venda e outro sem) fones de ouvido ouvindo alguma coisa? Ou
e jogar Goalball todos vendados. Na escola, então convidar uma professora de Língua
184/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas
Brasileira de Sinais – LIBRAS para ministrar desse aluno nas aulas de Educação Física
um pouquinho da sua aula. Você também (ALMEIDA, 2008; ALVES; MOLLAR; DUARTE,
poderá passar um filme ou um jogo sem ligar 2013).
o som. Serão situações diferenciadas que Em relação às deficiências físicas, você não
farão os alunos refletirem sobre o proble- pode esquecer que existem muitos tipos.
ma e entenderem que o problema não está Você pode ser professor de um aluno que
em ser surdo, e sim na falta de comunicação não tem a mão e de outro que só mexe a ca-
entre as pessoas que não sabem LIBRAS. beça. Portanto, é importante conhecer os
Não são necessárias grandes adaptações problemas que seu aluno tem e saber que
para a participação do aluno surdo nas au- para todo o tipo de deficiência, existe uma
las de Educação Física. As atividades e os atividade ou um esporte adaptado.
materiais podem ser os mesmos, a única Para os Deficientes Físicos existe uma infi-
modificação é a maior atenção do profis- nidade de atividades e esportes adaptados.
sional para a comunicação. Falar de frente Proporcionar atividades em cadeira de rodas
para o aluno para permitir a leitura labial, esportivas na sua escolha poderia ser uma
demonstrar a(s) atividade(s) e conhecer al- prática inesquecível a todos. Infelizmente
guns sinais de LIBRAS, facilitará a participa- esse material não faz parte do contexto es-
ção e poderá ser determinante na inclusão colar, por isso, sugiro que busque uma as-
185/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas
sociação esportiva em sua cidade, ou até
mesmo uma universidade. Através de uma
parceria poderá ser possível vivenciar essa
Link
prática. “O Polybat como Atividade Inclusiva nas Aulas
de Educação Física”, sob autoria de Strapasson e
Você pode sugerir atividades recreativas no Duarte (2005), relata o esporte adaptado aplica-
chão, onde todos brincam sentados; como do em uma escola especial, com alunos que têm
um ou dois braços presos e com as pernas Paralisia Cerebral. Disponível em: <http://www.
presas. Um dos esportes que pode ser vi- efdeportes.com/efd87/polybat.htm>. Acesso
venciado na Educação Física é o Voleibol em: 24 jan. 2017.
sentado. Uma prática divertida que deve
ser incentivada. Outra prática interessante
Em relação à deficiência intelectual, esta é
é o Polybat, um esporte adaptado para de-
mais difícil de ser vivenciada. Muitos deles
ficientes físicos, mas que pode servir para
podem realizar todas as atividades previs-
outras deficiências também.
tas no currículo da disciplina. Trabalhar com
deficientes intelectuais exige paciência e
noção de que o aprendizado é mais lento,
mas é possível. Vou elencar algumas dicas

186/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas


que considero importante no trabalho de conseguido.
Educação Física adaptada para essa clien- 4. Para facilitar o processo de aprendi-
tela: zagem, também é necessário propor
1. Explicar a(s)atividade(s) da forma mais “coisas concretas”. Tenho um exemplo
simples possível, pois apresentam di- simples. Trabalho com o Badminton
ficuldade em entender. Adaptado com um Adolescente que
2. Além da explicação, é extremamen- tem Síndrome de Down. É um menino
te importante e necessário fazer a inteligente e muito habilidoso. A qua-
demonstração da atividade, assim dra esportiva tem diversas marcações
eles terão recebido a informação por de linhas, o que dificulta o entendi-
duas vias: a auditiva e a visual, tendo mento do tamanho da quadra e suas
a chance de entender melhor o que foi divisões. Para que o aluno entenda
proposto. melhor o tamanho da quadra e suas
dimensões, foi mostrado um desenho
3. Proporcionar atividades que os alu-
e colocado cones em toda a quadra, fi-
nos consigam realizar. Dessa forma,
cando claro e visível o espaço que ele
se sentirão capazes, contentes e re-
precisa se deslocar durante as aulas.
alizados com eles mesmos por terem
5. Outra coisa séria! Os alunos com defi-
187/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas
ciência intelectual têm algumas ma- nal, muitas famílias os rejeitam. Sem
nias desagradáveis que devem ser contar a sociedade, que é uma máqui-
cortadas e corrigidas com rigor. na de fazer pessoas preconceituosas.
Por fim, é impossível dar receitas prontas do
ensino da Educação Física inclusiva devido
Para saber mais à infinidade de deficiências, graus de seve-
Alguns exemplos de manias desagradáveis e que ridade, realidade familiar, escolar e cultural.
deixam os professores, muitas vezes, sem saber Mas é importante que você conheça sobre
o que fazer, são: dar beijos várias vezes durante o a deficiência do seu aluno e as possibilida-
período de aula; ficar agarrando o professor; dar des que ele tem. Também é importante que
cantadas no professor e dizer que é seu namora- a sua escola ofereça um ambiente acessível
do; abaixar a calça e mexer nos órgãos genitais na para todos; que você observe, reprima e cor-
frente de todos; se comportar de maneira antis- rija o Bullying entre seus alunos; que tenha
social; etc. boa vontade em incluir e que seja criativo e
curioso para oferecer o que é de direito de
6. Elogie sempre que possível a atuação todos: a Educação Física.
dos alunos em aula. É muito impor-
tante que se sintam valorizados. Afi-

188/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas


Glossário
Autorrealização: é realizar-se através das coisas que gosta e consegue fazer. A autorrealiza-
ção melhora o desenvolvimento pessoal e traz benefícios para si e para a sociedade (WINNICK,
2004).
Bullying:é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de
atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação
evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de
intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo
realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder (CAMARGO, 2017).
Voleibol sentado: é disputado por deficientes físicos, todos sentados no chão de uma quadra
com 10m x 6m, com uma rede de 1,15m de altura para o masculino e 1,05m de altura para o
feminino. Cada equipe tem seis atletas em quadra (incluindo o líbero, jogador exclusivamente
de defesa), e o jogo é uma melhor de cinco sets. Os quatro primeiros vão a 25 pontos (a menos
que haja empate em 24, quando a disputa é prorrogada até que um time abra vantagem de
dois pontos) e o último vai a 15 (valendo a mesma regra em caso de empate em 14 pontos). É
permitido bloquear o saque e o contato da pelve com o chão deve ser mantido o tempo todo, a
exceção do momento de deslocamento do atleta (CPB, 2014).
189/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas
?
Questão
para
reflexão

Professores de Educação Física que dispensam seus alu-


nos “por medo que se machuquem” ou os que dizem in-
cluir seus alunos com deficiência e durante as aulas fa-
zem deles auxiliares para arbitrar partidas, pegar e guar-
dar materiais, organizar a sala ou quadra, entre outras
atividades, estão no caminho certo da inclusão através
da Educação Física? Pense nisso!

190/201
Considerações Finais

• Todo o currículo da disciplina de Educação Física pode ser trabalhado com


alunos com deficiência. Alguns necessitarão de adaptações, outros neces-
sitarão ser repassados de forma diferenciada.
• O sucesso da aula de Educação Física para deficientes dependerá muito da
conduta e das crenças em relação à deficiência do profissional.
• Os esportes adaptados devem ser incentivados nas aulas de Educação Físi-
ca, não só para permitir a participação de todos, mas para sensibilizar alu-
nos que não têm deficiência.

191/226
Referências

ALMEIDA, A. C. P. G. de. Atividade Física e Deficiência Auditiva. In:GORGATTI, M. G.; COSTA, R. F.


da. Atividade Física Adaptada: qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. 2. ed.
Barueri, SP: Manole, 2008. p. 128-147.
ALVES, M. L. T.; MOLLAR, T. H.; DUARTE, E. Educação Física Escolar: atividades inclusivas. São Paulo:
Phorte editora, 2013.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais.
Brasília: MEC/SEF, 1997a. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf.
Acesso em: 8 jan. 2017.
CAMARGO, O. “Bullying”. Brasil Escola, 2017. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/so-
ciologia/bullying.htm>. Acesso em 24 de jan. de 2017.

CPB – Comitê Paralímpico Brasileiro. Rio 2016.Guia Escolar Paralímpico, 2014. Disponível em:<ht-
tp://www.fernandazago.com.br/2016/08/guia-escolar-paralimpico.html>. Acesso em: 10 jan.
2017.
RODRIGUES, D. (Org.). Atividade Motora Adaptada. A alegria do corpo. São Paulo: Artes médicas,
2006.

192/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas


Referências

SALERNO, M. B.; ARAÚJO, P. F. de. Esporte Adaptado como Tema da Educação Física Escolar. Re-
vista Conexões, Campinas, v. 6, ed. Especial, p. 212-221, jul. 2008. Disponível em: <http://perio-
dicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8637826>. Acesso em: 24 jan. 2017.

SHERRILL, C. Adapted Physical Activity, Recreation and Sport: crossdisciplinary and lifespan. 5. ed.
Boston: McGraw-Hill, 1998.
SOLER, R. Brincando e Aprendendo na Educação Física Especial. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
WINNICK, J. P. Educação Física e Esportes Adaptados.São Paulo: Manole, 2004.
STRAPASSON, A. M.; DUARTE, E. O Polybat como Atividade Inclusiva nas Aulas de Educação Fí-
sica. Revista Digital EF Deportes. Buenos Aires, año 10, n. 87, ago. 2005. Disponível em: <http://
www.efdeportes.com/efd87/polybat.htm>. Acesso em: 24 jan. 2017.

193/226 Unidade 7 • Práticas inclusivas


Assista a suas aulas

Aula 7 - Tema: Práticas Inclusivas. Bloco I Aula 7 - Tema: Práticas Inclusivas. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
1d/2ee49d484e4b0d2ed855796a7cef9680>. aceb264daded04f62020706e7ff47a9b>.

194/226
Questão 1
1. Leia e analise o trecho exposto abaixo:

As aulas de Educação Física devem ser espaços para o exercício social, sem _____________,
permeadas por atitudes de solidariedade, __________ e __________e na qual não haja
lugar para o preconceito e a ____________.

Assinale a alternativa correta, respectivamente:

a) Bullying; indiferença; insatisfação; amizade.


b) Amedrontamentos; submissão; amor; compreensão.
c) Empatia; reverência; alegria; participação.
d) Discriminação; respeito; aceitação; exclusão.
e) Exclusão; indiferença; segregação; inclusão.

195/226
Questão 2
2. O que o Bullying? Assinale a alternativa correta:

a) Problema psicológico que acontece em mulheres que comem e logo após, vomitam tudo.
b) Atitude superior à solicitada na situação ou momento. Abuso da autoridade para efetuar um
ato com intuito de demonstrar que é melhor ou mais importante que outro.
c) c) Agressão verbal ou física, que ocorrem sem motivação evidente, com o objetivo de intimi-
dar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender.
d) Desenvolver amor profundo pela humanidade.
e) Maus tratos da parte do Homem para com os filhos ou a mulher, ou seja, alguém que maltra-
ta o outro na mesma casa.

196/226
Questão 3
3. O que podemos fazer para incluir os alunos com deficiência nas aulas
de Educação Física? A respeito desse tema, leia e analise as afirmações
abaixo:

I. Estar disposto a contribuir para o desenvolvimento de todos os alunos.


II. Não há necessidade de ter conhecimento específico, valores, nem postura de cumpli-
cidade e ajuda.
III. Estabelecer como prioridade o desenvolvimento de uma autoestima do aluno e ter
uma postura de aceitação, antipatia, amizade e afeto, garantindo um ambiente inseguro
e controlado.
IV. Selecionar e adotar abordagens e estilos de ensino benéficos para os alunos, pro-
porcionar oportunidades individualizadas, criar um ambiente positivo no qual os alunos
possam obter sucesso.
V. Elogiar e incentivar criando um ambiente no qual todos são bem aceitos.
Estão CORRETAS apenas as afirmações:

197/226
Questão 3

a) II, III e V.
b) I, IV e V.
c) III, IV e V.
d) I, II e III.
e) II, IV e V.

198/226
Questão 4
4. Dentre os esportes adaptados, qual não foi citado no texto?

a) Goalball.
b) Polybat.
c) Volei sentado.
d) Bocha.
e) Badminton.

199/226
Questão 5
5. Para simular a Deficiência Visual, que tipo de atividade é interessante
desenvolver em aula? Assinale a alternativa correta:
a) Treinar a Língua Brasileira de Sinais.
b) Andar em Cadeira de Rodas.
c) Colocar venda nos olhos.
d) Ouvir explicações em outras Línguas.
e) Prender partes do corpo.

200/226
Gabarito
1. Resposta: D. pecífico, valores, nem postura de cumplici-
dade e ajuda. Estabelecer como prioridade
As aulas de Educação Física devem ser es- o desenvolvimento de uma autoestima do
paços para o exercício social, sem discrimi- aluno e ter uma postura de aceitação, em-
nação, permeadas por atitudes de solidarie- patia, amizade e afeto, garantindo um am-
dade, respeito e aceitação e na qual não ha- biente seguro e controlado.
verá lugar para o preconceito e a exclusão.
4. Resposta: D.
2. Resposta: C.
A bocha é uma modalidade que não foi tra-
Bullying significa agressão verbal ou física, tada nesse tema.
que ocorrem sem motivação evidente, com
o objetivo de intimidar ou agredir outra pes- 5. Resposta: C.
soa sem ter a possibilidade ou capacidade
de se defender. Para simular a Deficiência Visual é interes-
sante usar venda nos olhos.
3. Resposta: B.

Há necessidade de ter conhecimento es-


201/226
Unidade 8
O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência

Objetivos

1. Apresentar conceitos sobre esporte adaptado e paralímpico;


2. Expor as principais características dos esportes adaptados e paralímpicos;
3. Apresentar alguns esportes adaptados e paralímpicos.

202/226
Introdução

Como visto no Tema 02, o esporte adaptado • Esporte saúde (ação terapêutica; pro-
foi criado com o intuito de reabilitar milha- filaxia, reabilitação e/ou manutenção
res de jovens sobreviventes de guerra, que da saúde).
lotavam os hospitais. Além disso, o que o Dr. • Esporte educacional (ensino-aprendi-
Ludwig Guttmann queria, ao implantar o es- zagem; modificação de conhecimento
porte adaptado, motivar e diminuir o tédio do e pelo corpo).
da vida desocupada do deficiente. Ele aca-
bou conseguindo muito mais, estimulando • Esporte lazer (ocupação do tempo li-
no mundo inteiro a organização de jogos vre e obtenção de prazer).
para as pessoas com deficiência, mostran- • Esporte de rendimento (no qual o re-
do que eles também podem praticar ativi- sultado e a competição são mais rele-
dades físicas e esportivas como qualquer vantes) (COSTA; WINCKLER, 2012).
um (RODASAS, 1989). O esporte adaptado é uma realidade mun-
Atualmente o esporte adaptado pode ser dial que auxilia as pessoas com deficiência
visto através de diferentes ângulos, que em aspectos diversos, como: afetivo, cog-
constituem em diferentes formas de mani- nitivo, motor e social. Como seria a vida de
festação: milhares de pessoas que perderam a capaci-
dade de andar, de ver, de se movimentar, de
203/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
sentir, de ouvir ou de entender? O esporte ência, ou em ambientes especiais, nos quais
adaptado tem o poder de reconectar a pes- a participação é reservada a tais indivíduos
soa com si mesma, melhorando o autoco- (WINNICK, 2004).
nhecimento, a autoaceitação e autoestima; Para Marques e colaboradores (2009), essa
tem a capacidade de trabalhar e melhorar vertente do esporte se apresenta na socie-
os aspectos relacionados a inteligência; é dade contemporânea em diversos ambien-
capaz de promover uma evolução nas ques- tes e sob diferentes formas, porém existe
tões motoras promovendo maior indepen- um movimento que se destaca: o esporte
dência e autonomia; e também possibilita paralímpico, principal meio de divulgação
viver em sociedade com um grupo de pes- do esporte adaptado, que tem nos Jogos
soas ativas, animadas, divertidas e cheias Paralímpicos seu principal evento em nível
de histórias de superação. mundial.
O esporte adaptado posiciona-se na so-
ciedade contemporânea como importante
meio de inclusão social (COSTA e SILVA et
al, 2013).Pode ser praticado em ambientes
integrados, em que as pessoas com defici-
ência interagem com pessoas sem defici-
204/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
1. O esporte adaptado
Para saber mais
Criado especificamente para um tipo de
Os Jogos Paralímpicos que começaram como um
deficiência, como é o caso do Goalball para
evento com fortes implicações terapêuticas e so-
deficientes visuais ou é adaptado para per-
ciais tornaram-se o evento esportivo mais impor-
mitir que as pessoas com deficiência par-
tante para as pessoas com deficiência em âmbito
ticipem de forma autônoma e satisfatória.
mundial (MARQUES et al., 2009).
Adaptar significa modificar. Então, quando
Quem tem o privilégio de trabalhar com o falamos de adaptação esportiva, podemos
esporte adaptado e tem a sensibilidade de estar nos referindo a:
se colocar no lugar do outro, consegue valo-
• Modificação do espaço físico da mo-
rizar as pequenas coisas da vida e perceber
dalidade, como por exemplo: no volei-
que o ser humano é frágil como uma taça de
bol sentado existe redução do tama-
cristal e ao mesmo tempo forte como aço.
nho da quadra e da altura da rede.
Incentive a prática do esporte entre as pes-
soas com deficiência e se entregue ao uni- • Modificação das regras, como por
verso de superações e emoções. exemplo: atletas de atletismo que
são cegos necessitam de atletas guia

205/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
para conseguir realizar as provas de
corrida. Para saber mais
O sistema de Classificação Funcional é um meio
Para saber mais par permitir que pessoas com diferentes deficiên-
cias disputem entre si de forma justa e igualitária
Atletas cegos ou com baixa visão severa são
(WINNICK, 2004).
acompanhados por guias, que devem orientá-los
espacialmente nas provas de campo e de pista.
Específicos de cada atleta, os guias das provas Na prática do esporte convencional, encon-
de pista são considerados atletas em competi- tramos critérios de classificação que visam
ção com direito à medalha. Atletas e guias correm a aproximar os atletas segundo a sua con-
munidos por uma guia que geralmente está presa dição motora e/ou biológica, como é o caso
às mãos de ambos (CPB, 2016). das categorias por idade (exemplo: infantil,
juvenil, adulto ou veterano) e por sexo. No
Outra característica importante dos espor- esporte adaptado, diversas modalidades fa-
tes adaptados é a Classificação Funcional. zem uso de um sistema de classificação, de-
senvolvido especificamente para a modali-
dade esportiva (TEIXEIRA; RIBEIRO, 2006).

206/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
A classificação é dita funcional pelo fato bilidades de injustiça entre participantes de
de os atletas serem avaliados em relação classes semelhantes e dar prioridade para
à sua funcionalidade em situação de jogo. as deficiências mais severas (GUTTMANN,
A classificação visa organizar os atletas em 1976; STROHKENDL, 1996).
classes para que possam competir em con-
dições de paridade funcional, consequen- 2. Esportes adaptados e paralím-
temente a competição torna-se mais justa. picos
Como também objetiva permitir que atle-
tas com maior comprometimento físico te- Como já visto, todos os esportes paralímpi-
nham a oportunidade de participar de com- cos são adaptados, mas nem todos os es-
petições, assim como atletas que apresen- portes adaptados são paralímpicos. Alguns
tam um menor grau de comprometimento. esportes adaptados não fazem parte do
Mas, para tal, é fundamental que haja um quadro de modalidades paralímpicas, como
sistema de classificação eficiente e justo é o caso: do Futebol de amputados, do Han-
(TEIXEIRA; RIBEIRO, 2006). debol em cadeira de rodas, do Polybat, en-
tre outros.
Portanto, a Classificação Funcional
no esporte adaptado serve para assegurar
uma competição justa e eliminar as possi-
207/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
Para auxiliar professores de Educação Físi-
Link ca do ensino regular, o Comitê Paralímpico
Brasileiro(CPB, 2016), desenvolveu o Guia
O Handebol em cadeira de rodas ou HCR como Escolar Paralímpico, um importante docu-
é referido entre os participantes da modalidade, mento de auxílio e orientação sobre os es-
é uma prática popular no Brasil. A Associação portes para deficientes.
Brasileira de HCR – ABRHACAR disponibiliza as
principais informações do esporte como: regras,
equipes e campeonatos. Disponível em:<http:// Link
www.abrhacar.com.br/>. Acesso em: 27 jan. Para maiores informações sobre: o CPB, as moda-
2017. lidades Paralímpicas, as competições, eventos en-
tre outros, acesse o link. Disponível em: <http://
O quadro de modalidades Paralímpicas
www.cpb.org.br/>. Acesso em: 26 jan. 2017.
pode ser alterado de quatro em quatro anos.
O Para-Badminton, por exemplo, passou do
status de esporte adaptado para paralímpi- Vários são esportes adaptados e paralímpi-
co e fará sua estreia nos Jogos de 2020 em cos (Quadro 1). Isso nos remete a uma gama
Tóquio. variada de opções. Como professores, não
podemos ficar cegos nem inertes a esse fato.
208/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
As possibilidades e a informação existem. Então, “mãos na massa” para proporcionar mudanças
na vida dos seus alunos com e sem deficiência!
Quadro 1: Algumas modalidades adaptadas, tipos de deficiência e status

Modalidades Tipos de Deficiência Status


Atletismo DF, DI e DV Paralímpico
Basquete em CR DF Paralímpico
Bocha DF Paralímpico
Esgrima em CR DF Paralímpico
Futebol de 5 DV Paralímpico
Futebol de 7 DF Adaptado
Goalball DV Paralímpico
Halterofilismo DF Paralímpico
Handebol em CR DF Adaptado
Hipismo DF e DV Paralímpico
Futebol de Amputados DF Adaptado
Judô DV Paralímpico
Natação DF, DI e DV Paralímpico
Parabadminton DF Paralímpico
Paracanoagem DF Paralímpico
Paraciclismo DF e DV Paralímpico
Paratriatlo DF e DV Paralímpico
Petra DF Adaptado
Polybat DF Adaptado
Remo DF e DV Paralímpico
Rúgbi em CR DF Paralímpico

209/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
Tênis de Mesa DF Paralímpico
Tênis em CR DF Paralímpico
Tiro Esportivo DF Paralímpico
Tiro com Arco DF Paralímpico
Vela DF e DV Paralímpico
Vôlei Sentado DF Paralímpico

*Siglas: CR – Cadeira de Rodas; DF – Deficiente Físico; DI – Deficiente Intelectual;


DV – Deficiente Visual. Fonte: MELLO; WINCKLER, 2012; CPB, 2016.

Para saber mais


A Petra é um esporte adaptado para as pessoas que tem paralisia cerebral com níveis mais severos. É uma
modalidade do atletismo onde os atletas correm com os seus próprios pés em uma espécie de triciclo. O
corredor tem o apoio de um assento e de um suporte para tronco e o guidão é utilizado para direcionar
(ANDE, s.d).

O Comitê Paralímpico Internacional (IPC) é responsável pela organização e execução dos Jogos
Paralímpicos, de campeonatos mundiais e de projetos de fomento desenvolvidos ao redor do
mundo (MARQUES et al., 2009).

210/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
É importante fazer uma ressalva quanto à ais de lealdade, autocontrole, abolição de
organização do esporte para deficientes atitudes preconceituosas, respeito, cole-
auditivos, pois essa deficiência não faz par- guismo e paz entre pessoas.
te dos Jogos Paralímpicos por opção própria
de seus representantes. A principal com-
petição internacional desses atletas se dá Link
nos Jogos Mundiais para Surdos (PACIOREK, O artigo de Borgmann e Almeida (2015) sobre o
2004). Esporte Paralímpico na Escola, é um presente aos
De acordo com Marques e colaboradores professores que adotarem esse tema no seu am-
(2009), o movimento Paralímpico, ao longo biente escolar. Vale a pena conferir. Disponível em:
de sua história, tem se desenvolvido pauta- <http://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/
do nos ideais olímpicos de “fair play” (jogo article/view/43470>. Acesso em: 26 jan. 2017.
limpo), busca por melhora de performan-
ces, autocontrole, rejeição à discriminação, Enfim, face ao importante papel que os es-
promoção do respeito mútuo, cooperação portes para deficientes passaram a desem-
e paz entre as nações. O esporte adaptado penhar no contexto da educação, reabili-
e Paralímpico, se aplicado na sua escola, tação e lazer das pessoas com deficiência,
pode auxiliar no desenvolvimento dos ide- sendo considerados por muitos como uma
211/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
“bandeira de emancipação”, cabe ao Esta-
do, à família e à sociedade e, em especial,
por parte dos profissionais da área da saúde
e educação, e criação de condições de aten-
dimento no âmbito escolar, hospitalar e do
lazer (SOUZA, 1994).

212/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
Glossário
Autonomia: é um termo de origem grega cujo significado está relacionado com independên-
cia, liberdade ou autossuficiência.
Inerte: é característica daquilo ou de quem não possui movimento.
Profilaxia: medida para prevenir ou atenuar doenças.

213/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
?
Questão
para
reflexão

Você consegue perceber a importância do esporte adapta-


do na vida das pessoas com deficiência? Vamos imaginar que
você é atropelado aos 17 anos por um carro desgovernado
na calçada por onde anda. O motorista estava bêbado e não
sofreu nenhum arranhão, mas você fraturou a coluna na re-
gião lombar. Após atendimento médico, vem o laudo: Lesão
medular. O médico informa que, infelizmente, você não irá
mais andar. Pense nisso! Pense como o esporte adaptado po-
deria ajudar na sua “nova” vida.

214/201
Considerações Finais

• O esporte adaptado pode ser visto através de diferentes ângulos, que cons-
tituem em diferentes formas de manifestação: Esporte saúde; Esporte edu-
cacional; Esporte lazer e Esporte de rendimento.
• As principais características do esporte adaptado são: Modificação do es-
paço físico; Modificação das regras e a Classificação Funcional.
• O sistema de Classificação Funcional é um meio par permitir que pessoas
com diferentes deficiências disputem entre si de forma justa e igualitária.
• Todos os esportes Paralímpicos são adaptados, mas nem todos os esportes
adaptados são Paralímpicos.
• Existem várias opções de esportes adaptados possibilitando a prática pelas
pessoas com deficiências mais severas.

215/226
Referências

ANDE. Associação Nacional de Desporto para Deficientes. Modalidades. Petra. Disponível em:
<http://www.ande.org.br/petra/>. Acesso em: 27 Jan. 2017.
BORGMANN, T.; ALMEIDA, J. J. G. de. Esporte Paralímpico na Escola: revisão bibliográfica. In: Mo-
vimento, Porto Alegre, v. 21, n. 1, p. 53-68, jan./mar. de 2015. Disponível em: <http://seer.ufrgs.
br/index.php/Movimento/article/view/43470>. Acesso em: 26 jan. 2017.

COSTA, A. M.; WINCKLER, C. A Educação Física e o Esporte Paralímpico. In: MELLO, M. T. de; WIN-
CKLER, C. Esporte Paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012. p. 15-20.
COSTA e SILVA, A. A. et al. Esporte Adaptado: abordagem sobre os fatores que influenciam a prá-
tica do esporte coletivo em cadeira de rodas. Rev Bras Educ Fís Esporte, São Paulo, 2013. p. 1-9.
CPB – Comitê Paralímpico Brasileiro. Rio 2016.Guia Escolar Paralímpico, 2014. Disponível em:<ht-
tp://www.fernandazago.com.br/2016/08/guia-escolar-paralimpico.html>. Acesso em: 26 jan.
2017.
GUTTMANN, L. Textbook of Sport for the Disabled. Aylesbury/England: HM&M Publisher 1976.
MARQUES, R. F. R. et al. Esporte Olímpico e Paraolímpico: coincidências, divergências e especi-
ficidades numa perspectiva contemporânea. In: Rev. Bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.23, n.4,
365-77, 2009.

216/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
Referências

MELLO, M. T. de; WINCKLER, C. Esporte Paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012.


PACIOREK, M.J. Esportes Adaptados. In: WINNICK, J. P. Educação Física e Esportes Adaptados.São
Paulo: Manole, 2004. p.37-52.
ROSADAS, S. C. de. Atividade Física Adaptada e Jogos Esportivos para o Deficiente.Eu posso. Vocês
duvidam? São Paulo: Atheneu, 1989.
SOUZA, P. A. O Esporte na Paraplegia e Tetraplegia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994.
STROHKENDL, H. The 50th Anniversary of Wheelchair Basketball. Münster; New York: Ed By Armand
Tip Thiboutot: Waxmann, 1996.
TEIXEIRA, A. M. F.; RIBEIRO, S. M. Basquetebol em Cadeira de Rodas: manual de orientação para
professores de educação física. Brasília: Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006.
WINNICK, J. P. Educação Física e Esportes Adaptados. São Paulo: Manole, 2004.

217/226 Unidade 8 • O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência
Assista a suas aulas

Aula 8 - Tema: O Esporte Adaptado como Alter- Aula 8 - Tema: O Esporte Adaptado como Alter-
nativa para Incl são de Alunos com Deficiência. nativa para Incl são de Alunos com Deficiência.
Bloco I Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
1d/6a547b79f7f96437f5521e19e1832392>. d198b5227146bbeda4ee40c276cd92fa>.

218/226
Questão 1
1. Em se tratando de Esporte adaptado e Esporte Paralímpico, podemos con-
siderar que:
I. Ambas as expressões são sinônimas.

II. Tratam-se de expressões diferentes.

III. Todos os Esportes Adaptados para deficientes são Paralímpicos.

IV. Nem todos os Esportes Adaptados para deficientes são Paralímpicos.

V. É denominado Esporte Paralímpico todas as modalidades que fazem parte das Paralimpí-
adas.

Estão CORRETAS apenas as afirmativas:

a) I, II e V.
b) II, III e V.
c) III, IV e V.
d) II, IV e V.
e) I, IV e V.
219/226
Questão 2
2. Entre as alternativas abaixo, uma delas NÃO corresponde a um esporte
adaptado Paralímpico. Qual é?

a) Paracanoagem.
b) Basquete em Cadeira de Rodas.
c) Paratriatlo.
d) Rúgbi em Cadeira de Rodas.
e) Handebol em Cadeira de Rodas.

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Questão 3
3. Entre as alternativas abaixo, uma delas corresponde a um esporte adap-
tado Paralímpico. Qual é?
a) Handebol em Cadeira de Rodas.
b) Petra.
c) Polybat.
d) Parabadminton.
e) Futebol de Amputados.

221/226
Questão 4
4. Correlacione as colunas de acordo com a descrição de cada modalida-
de:
1ª coluna – Modalidade: 2ª coluna – Descrição:

I. Atletismo. (___) Modalidade Paralímpica que pode ser pratica-


da por deficientes visuais.
II. Bocha.
(___) Modalidade Paralímpica que pode ser pratica-
III. Judô. da por deficientes físicos, intelectuais e visuais.
IV. Paratriatlo. (___) Esporte adaptado que pode ser praticado por
deficientes físicos.
V. Polybat.
(___) Modalidade Paralímpica que pode ser dispu-
tada por deficientes físicos com sequelas graves.

(___) Modalidade Paralímpica que pode ser pratica-


da por deficientes físicos e visuais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência indicada na 2ª coluna, em ordem:

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Questão 4

a) I – II – III – IV – V.
b) III – II – IV – I – V.
c) III – I – V – II – IV.
d) I – III – V – II – IV.
e) III – I – IV – II –V.

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Questão 5
5. Complete a frase:
O esporte adaptado e __________, se aplicado na sua escola, pode auxiliar no desenvolvi-
mento dos ideais de __________, autocontrole, abolição de atitudes preconceituosas, respei-
to, __________ e __________ entre pessoas.

Assinale a alternativa correta, respectivamente:

a) Modificado, fidelidade, exclusão, companheirismo.


b) Paralímpico, amizade, discriminação, serenidade.
c) Olímpico, disputa, bullying, sossego.
d) Ajustado, competição, amizade, desavença.
e) Paralímpico, lealdade, coleguismo, paz.

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Gabarito
1. Resposta: D. 4. Resposta: C.

Esporte adaptado e Paralímpico não são ex- III – I – V – II – IV. As modalidades paralímpi-
pressões sinônimas e nem todos os esportes cas ou os esportes adaptados são específi-
adaptados são modalidades Paralímpicas. cos para determinadas deficiências.

2. Resposta: E. 5. Resposta: E.

Handebol em Cadeira de Rodas não é uma O esporte adaptado e Paralímpico, se apli-


modalidade Paralímpica. cado na sua escola, pode auxiliar no desen-
volvimento dos ideais de lealdade, autocon-
3. Resposta: D. trole, abolição de atitudes preconceituosas,
respeito, coleguismo e paz entre pessoas.
O Parabadminton é uma modalidade pa-
ralímpica que fará sua estreia nos Jogos de
2020 em Tóquio.

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