Anamnese Sistêmica

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ANAMNESE SISTÊMICA (Método Hellinger)

Para reconhecer os emaranhados sistêmicos de um paciente, durante a entrevista


de Anamnese devemos incluir as seguintes perguntas relacionadas ao seu
sistema familiar. Essa Anamnese só tem sentido se buscarmos para ele no futuro
um caminho sábio de solução.

1) Perguntas sobre o sistema original (refere-se ao sistema no qual o cliente


cresceu desde o seu nascimento)

Quem pertence a esse sistema ?

Do ponto de vista sistêmico pertencem não só os pais e irmãos biológicos, mas


todas as pessoas que foram importantes na infância do paciente e ainda são
atualmente. Por exemplo seus avós, e irmãs ou irmãos de seus pais.
Naturalmente pertencem ainda pais adotivos, ou padrastos e seus filhos, (ou
sejam, meio-irmãos e meia-irmãs).
Também pertencem ao sistema os antigos parceiros dos pais (conjuges/noivos) e
filhos dessas relações. Ainda parceiros extraconjugais, principalmente se há filhos
em questão, ou abortos.
Às vezes também pertencem ao sistema não-membros da família/clã, quando
algum membro da família lhe deve sua vida (médicos, motoristas ou profissionais
de salvamento).

Qualquer que sejam esses participantes do sistema, não importa se já estavam


mortos quando o paciente nasceu nessa família.

Resumo dos ítens:

Pais biológicos
Pais adotivos
Pais de criação
Posição do paciente na ordem cronológica entre os irmãos
Abortos
De sistema em sistema importante identificar: natimortos, abortos espontâneos,
abortos provocados

Amores anteriores, que esperavam casar


Parceiros anteriores ou posteriores dos pais, e também noivos
Filhos desses relacionamentos (meio-irmãos), ou meio-irmãos trazidos para o
casamento

Irmãos dos pais, quando seus destinos se apresentam em membros posteriores


Avós maternos
Avós paternos
Eventualmente bisavós

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2) Perguntas sobre o sistema atual. (Tem a ver com a família que o próprio cliente
formou).

Quem pertence a esse sistema ?

Companheiros casados ou não


Os próprios filhos
Os antigos parceiros e seus filhos, principalmente se foram trazidos para a família
atual
Parentes dos companheiros não pertencem ao sistema atual

Obs: O sistema atual tem preferência sobre o sistema de origem. Mas os


emaranhamentos não resolvidos do sistema de origem podem ser trazidos para o
sistema atual. Esses emaranhamentos tem que ser resolvidos no sistema de
origem.

3) Que acontecimentos importantes ocorreram no sistema de origem ?

Não se investigam aqui os processos psicodinâmicos dos relacionamentos ou


aspectos da personalidade do cliente, mas se faz perguntas sobre acontecimentos
essenciais (traumáticos) que foram marcantes para o sistema familiar.
Estão incluidos:

Morte da mãe durante o nascimento de um irmão (irmã)


Morte prematura de algum irmão (irmã)
Morte prematura de um dos pais
Natimortos

Suicídios de parentes anteriores/posteriores


Morte de algum parente por assassinato, acidente ou doença grave

Separação dos pais


Relacionamento extraconjugal de um dos pais, principalmente quando há filhos
ilegítimos ou aborto.

Abuso sexual, principalmente por familiares


Incesto
Violência sexual

Alcoolismo de um membro da família nuclear


Membro da família com doença psíquica (psicoses, esquizofrenias, depressão
profunda...), anorexia/bulimia, síndrome de pânico.

Acidentes graves e tendência para sofre-los

Ruínas financeiras e falências ou fracassos profissionais frequentes na família

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Tendência para delinquência ou comportamentos criminosos (exemplo, vicio de
jogo, trapaças ou desvio de dinheiro; grandes endividamentos);

Doenças graves:
Câncer, diabetes, tuberculose, alergias, asma brônquica, neurodermitis, etc

Traumas de guerra

Emaranhamentos ligados ao sistema de domínio nazista, que levaram outros à


morte ou punição, por exemplo, prisão em campos de concentração;

Vítima do sistema nazista, por exemplo no Holocaustro

Opção por uma vida celibatária, por exemplo como sacerdote ou freira,
principalmente se através disso esteja sendo expiada uma injustiça;

Também a homossexualidade masculina ou feminina pode ser indício de


emaranhamentos.

4) Que membros da família foram ou estão sendo excluídos ?

Tratam-se de pessoas que apesar de pertencerem ao sistema, não foram


honradas (a pessoa excluida pode já estar morta), por exemplo tiveram negado o
luto, tiveram negada a sua existência ou foram desconsideradas.

Quando durante a Anamnese um membro da família nuclear não é citado, isso é


um indicativo de um emaranhamento anterior.

Em alguns casos, o paciente se lembra de pessoas, quando se pergunta se no


seu sistema de origem havia alguém excluído.

5) Lidando com segredos de família

Segredos de família têm dois aspectos.

a) Por um lado escondem vínculos de lealdade entre os membros do sistema e


geram confusão. É importante se:
- algo não é dito, é mantido em segredo ? (ex: quem é o pai de uma criança)
- algo é negado ? (ex: participação na morte de judeus)
- algo é distorcido ? (ex: perpetrador tido como vítima)

Na minha opinião, existem dois tipos de segredos de família com consequências


tão graves para as gerações posteriores, que por si só sempre acabam se
movendo na direção da verdade (consultar as orientações de Hellinger sobre a
consciência de clã no seu livro “Dupla Sorte” (“Zweierlei Glück”):

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- As crianças precisam saber quem são seus pais biológicos.

- Uma morte na família tem que ser esclarecida, para que os membros
posteriores sejam libertados do impulso inconsciente de vingança ou
expiação, o que traria nova tragédia. As condições para o julgamento tem
que estar na justiça terrena.

b) Por outro lado, os segredos de família têm uma função estabilizadora que torna
possível a sobrevivência dos seus membros. O terapeuta tem que avaliar muito
bem, o quanto é possível avançar na direção do esclarecimento de um
segredo.
Nessa categoria de segredos eu incluo:

- Situações passada na família que levaram o cliente ou algum membro


significativo à psicose/esquizofrenia. Essas situações passadas já podem
ter se manifestado em gerações anteriores. (Veja o vídeo de Hellinger “O
Amor à Beira do Abismo” – “Liebe am Abgrund”).

- Abuso sexual. Nessas situações pode-se conseguir uma solução, sem


necessariamente nominar o fato.

- Situações passadas intimas dos pais do cliente, cujo conhecimento o


incomodaria, o tornaria arrogante, trazendo-lhe uma condição de desamor.
Nesse caso o terapeuta tem que proteger a esfera de intimidade dos pais.
Se ainda assim o cliente for impelido para essa esfera, deve ser conduzido
a uma prática espiritual de liberação.

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