Recorrendo de Multas

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INTRODUÇÃO I: ABUSO DOS MOTORISTAS X

ABUSOS DOS ÓRGÃOS DE TRÂNSITO


A infração por transitar acima da velocidade é uma das mais
cometidas no nosso país (e creio que seja a maior).

E uma das razões disso, é que as autuações por excesso de velocidade


são em sua grande maioria, realizadas por aparelhos medidores
instalados nas rodovias, estradas ou avenidas das nossas cidades,
onde autuam praticamente 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365
dias por ano.

Trata-se de verdadeiras máquinas de multar e consequentemente de


arrecadação!

Em outras palavras, são os melhores empregados que órgãos de


trânsito podem ter, porque não precisam comer nem beber e só
recebem uma manutenção 1 vez por ano (quando recebem)!

Para você ter uma ideia, olhe estes números que retirei do site de
DETRAN aqui do Rio Grande do Sul a respeito da quantidade de
multas aplicadas a cada ano:
FONTE:
file:///C:/Users/Windows/Downloads/201511181445384_infracoes_
no_rs. Pdf

Perceba que a quantidade de multas aplicadas do Art. 218 doCTB, por


excesso de velocidade, é muito maior do que a que está em 2º lugar
(art. 230).
Obviamente que não estou aqui querendo dizer que sejam injustas as
aplicações de multas por excesso e velocidade, mesmo porque a
quantidade de acidentes de trânsito por causa desta infração no nosso
país é muito grande.

Milhares de pessoas morrem todo o ano por conta de imprudências no


trânsito, e o excesso de velocidade nas rodovias é um dos motivos que
contribuem para esta estatística terrível!
No entanto, o meu papel não é defender infratores como pessoa, mas
sim, defender o direito que eles têm de contestar a multas aplicadas
pelos órgãos de trânsito!

Nesse contexto, da mesma maneira que nós abusamos da


velocidade nas rodovias, os órgãos de trânsito também
cometem abusos ao autuarem o motorista que em muitos
casos são multados injustamente!

É o que chamamos de “Indústria da Multa”!

E é contra esta indústria que nos posicionamos contra.

Então, neste estudo você vai aprender 12 ARGUMENTOSque você


poderá usar para se defender de uma multa de trânsito por transitar
acima da velocidade permitida!

INTRODUÇÃO II: COMO ANULAR MULTAS POR EXCESSO


DE VELOCIDADE?

Se você já é leitor deste Blog, deve saber que as multas de trânsito em


sua grande maioria, são anuladas por meio de defesa ou recurso,
quando contém erros Formais ou Processuais.

Dificilmente se consegue anular uma multa discutindo o mérito da


autuação, ou seja, se você cometeu ou não a infração.

Em outras palavras, é possível anular uma multa de trânsito


mesmo tendo-a cometido!

No caso das multas por excesso de velocidade, que é o nosso estudo


hoje, talvez seja bem mais difícil de anular argumentando que não
cometeu a infração, uma vez que na maioria das notificações de
multa, a foto do veículo supostamente “comprova” o cometimento da
infração.
Todavia, não é só porque você foi “flagrado” por uma foto de radar,
lombada eletrônica ou pardal, que você não tem mais argumentos
para se defender de uma infração por excesso de velocidade!

Longe disso!

Vou mostrar pra você que existem várias teses que poderão ser usados
para tentar anular uma multa por excesso de velocidade!

Estes argumentos são voltados para erros formais cometidos pelo


órgão de trânsito, ou pela negligência destes em não atender os
requisitos previstos em Lei e das normas no CONTRAN (Conselho
Nacional de Trânsito).

Vou ensinar pra você como identificar estes erros e apontar na sua
defesa ou recursos, e ainda como prová-los se não estiverem visíveis
na notificação da multa ou nas rodovias e estradas onde ocorrem as
autuações.

Mas antes disso, veremos os aspectos legais para a aplicação deste


tipo de multa.

ASPECTOS LEGAIS PARTE 1: ART. 218 DO CÓDIGO


DE TRÂNSITO
Qual é a base legal para os órgãos de trânsito autuar por Excesso de
Velocidade?

O nosso Código de Trânsito prevê no Art. 218 as infrações e


penalidades para este tipo de multa.

Vejamos:

Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o


local, medida por instrumento ou equipamento hábil, em rodovias,
vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias:
I - quando a velocidade for superior à máxima em até 20% (vinte por
cento) Infração - média;

II - quando a velocidade for superior à máxima em mais de 20% (vinte


por cento) até 50% (cinquenta por cento): Infração - grave;

III - quando a velocidade for superior à máxima em mais de 50%


(cinquenta por cento): Infração – gravíssima, Penalidade - multa [3
(três) vezes], suspensão imediata do direito de dirigir e apreensão do
documento de habilitação.

Com a nova redação deste artigo, dada pela Lei 11.334/06, houve a
inclusão da multa de categoria média por excesso de velocidade em
até 20%.
Já a multa por exceder a velocidade de 20% á 50% ficou como sendo
Grave.

E a multa por ultrapassar a velocidade limite acima de 50%de


categoria gravíssima, gera a suspensão do direito de dirigir.

Você precisa ficar atento quando receber uma multa por excesso de
velocidade gravíssima, pois, somente esta infração já pode suspender
a sua CNH!

Recebo semanalmente muitos e-mails de motoristas que foram


autuados na infração prevista no inciso III, e que não sabiam que esta
multa poderia gerar a suspensão da CNH.

Só ficam sabem disso quando recebem a notificação de instauração do


processo de suspensão do direito de dirigir.

Traçada esta explicação, quero tratar de um assunto interessante a


respeito do Inciso III do Art. 218 e suas penalidades.

O inciso III diz que haverá a “suspensão imediata do direito de


dirigir e apreensão do documento de habilitação”.

Há 2 erros aqui.
Primeiro é que não é possível a suspensão imediata do direito de
dirigir, uma vez que antes disso é necessário que o suposto infrator se
defenda contra a multa a ele aplicada através da defesa de
autuação (ou defesa prévia), e de Recurso em 1ª e 2ª
instância administrativa, garantindo assim seu direito a
ampla defesa.

Segundo, se houver o indeferimento dos recursos contra a multa, ou


se o motorista optou por não apresentar defesa contra a autuação,
ainda o DETRAN DEVERÁ instaurar oProcesso de Suspensão do
Direito de Dirigir, onde o motorista também pode se defender
antes de entregar a CNH para cumprir a suspensão (caso não for
Deferido obviamente).

Uma última observação não menos importante referente a este inciso


III, é quanto a apreensão do documento de
habilitação mencionada na última parte.

Aqui é importante ressaltar que o CTB não prevê neste Art. 218, a
MEDIDA ADMINISTRATIVA de recolhimento da CNH no ato do
cometimento da infração, assim como em outras infrações como, por
exemplo, de dirigir sob a influência de álcool do Art. 165.
Tão somente diz apreensão do documento.

Desse modo, destacamos que a palavra apreensão quer


dizer confiscar algo ou se apropriar legalmente de alguma coisa que
pertence a outra pessoa.

Já recolhimento, conforme prevê o Código de Trânsito como medida


administrativa prevista no Art. 269 III, é o ato ou efeito
de recolher algo ou alguma coisa.

Talvez as duas expressões possuam o mesmo sentido, mas dentro do


contexto do inciso III do Art. 218, entendo que o legislador quis
realmente dizer com a palavra apreensão, que é confiscar a CNH
do motorista após o cometimento da infração, no ATO da
abordagem, haja vista que antes disso previu a “suspensão
imediata” (que como já vimos é impossível).

Ressalto que é este o entendimento que tenho como operador do


direito, mas respeito a sua opinião se não concordar comigo.

Então, analisando o conjunto da obra, tenho por mim que o


motorista que transitou acima de 50% da velocidade
permitida, deveria sim ter a sua CNH apreendida
imediatamente após ser flagrado!

No entanto, assim como você já pode ter observado, que hoje em dia
isso é praticamente impossível de ocorrer!

E as razões disso são as seguintes:

Primeiro é que a maioria das multas por excesso de velocidade são


realizadas por aparelhos medidores fixos como radar e lombada
eletrônica, o que obviamente torna impossível a apreensão da CNH do
motorista, uma vez que não há agentes de trânsito na Rodovia
monitorando a velocidade a todo o momento.

Segundo, quando a autuação é realizada por aparelho móvel, estático


ou portátil (veremos as definições adiante), dificilmente os policiais
ou agentes de trânsito abordam o motorista, e quando abordam
geralmente não apreendem a CNH, e liberam o motorista (sim, eu sei
que não é prevista tal medida administrativa).

E aqui encontramos mais erros (veja que uma coisa puxa a outra)

Acompanhe o meu raciocínio que você ficará surpreso com as


inúmeras possibilidades para se argumentar numa eventual defesa
contra este tipo de infração!

E isso que nem chegamos ainda nos 12 argumentos!

Pois bem, se o legislador do Código de Trânsito diz que deverá ser


apreendida a carteira de habilitação quando o motorista infringir esta
norma do Art. 218 III é porque existe uma razão para isso, de acordo
com os motivos que contextualizamos acima.

(Dizem que a lei não contém palavras inúteis, mas me parece que
neste caso não se aplica esta “máxima”).

O motivo do Legislador para dizer que a CNH do motorista deve ser


apreendida quando ocorrer a infração por excesso de velocidade, é
porque o objetivo do Código de Trânsito é a proteção á vida
das pessoas!

Em outras palavras, um motorista flagrado acima da velocidade


permitida, tem mais chances de causar um acidente de trânsito e
consequentemente até tirar a vida de alguém ou dele mesmo, ou na
melhor das hipóteses apenas danos materiais no veículo (ou veículos
caso haja colisão) ou danos corporais.

Veja o que diz o CTB:


Art. 1º

§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e


dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema
Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas
competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse
direito.

§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de


Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências,
objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude
de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de
programas, projetos e serviços que garantam o exercício do
direito do trânsito seguro.

§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema


Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa
da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio-
ambiente.
Note quantos direitos nós temos a respeito do Trânsito, sendo o
principal deles a proteção da vida!

Assim sendo, não seria mais coerente retirar de circulação


(mesmo que temporariamente) este motorista que está
assumindo o risco de causar um acidente de trânsito, por
meio da apreensão da sua CNH impedindo-o de continuar a
viagem?

Se os órgãos de trânsito realmente quisessem cumprir o que está


previsto no CTB a respeito da proteção á vida e a saúde das pessoas,
deveriam arrumar um jeito de aplicar a apreensão da CNH QUANDO
O MOTORISTA FOI FLAGRADO ACIMA DA VELOCIDADE e não
apenas autuar!
Vamos continuar com o estudo.

ASPECTOS LEGAIS PARTE 2: TIPOS DE


MEDIDORES DE VELOCIDADE
Passamos agora a estudar os tipos de aparelhos medidores de
velocidade, de acordo com a RESOLUÇÃO Nº, 396 DE 13 DE
DEZEMBRO DE 2011 do CONTRAN que dispõe sobre requisitos
técnicos mínimos para a fiscalização da velocidade de veículos
automotores, reboques e semirreboques, conforme o Código de
Trânsito Brasileiro.
É importante conhecer os tipos de aparelhos e as suas definições
técnicas, para usar nos argumentos contra as multas por excesso de
velocidade conforme veremos mais adiante.

O Art. 1º da Resolução 396/11, diz que a medição das velocidades


desenvolvidas pelos veículos automotores nas vias públicas, deve ser
efetuada por meio de instrumento ou equipamento que
registre a velocidade medida, com ou sem dispositivo
registrador de imagem dos seguintes tipos:
I - Fixo: medidor de velocidade com registro de imagens instalado
em local definido e em caráter permanente;
II - Estático: medidor de velocidade com registro de imagens
instalado em veículo parado ou em suporte apropriado;

III - Móvel: medidor de velocidade instalado em veículo em


movimento, procedendo a medição ao longo da via;

IV - Portátil: medidor de velocidade direcionado manualmente para


o veículo alvo.

O medidor FIXO são as lombadas eletrônicas e os chamados


“pardais”, e para a sua operação não é necessária a presença do
policial ou agente de trânsito.

Contudo, estes equipamentos obrigatoriamente devem registrar


a imagem do veículo quando da autuação. Além disso, para a sua
instalação em determinado trecho de rodovia, rua ou avenida, o
estudo técnico é obrigatórioconforme veremos mais adiante.

O medidor ESTÁTICO é operado pelo policial ou agente de trânsito e


geralmente é colocado em um tripé junto á rodovia.

O medidor MÓVEL é instalado em veículo em movimento.


Geralmente é confundido com medidor portátil e é o menos usado nas
autuações.

O medidor PORTÁTIL é direcionado manualmente para o veículo


pelo agente ou policial.

Importante destacar, que os medidores MÓVEL, PORTÁTIL e


ESTÁTICO não é obrigatório que registrem a imagem do veículo,
diferentemente dos medidores fixos que são obrigatórios.

Apenas para título de conhecimento, destacamos as definições


previstas no § 1º:

a) medidor de velocidade: instrumento ou equipamento destinado


à medição de velocidade de veículos.
b) controlador eletrônico de velocidade: medidor de velocidade
destinado a fiscalizar o limite máximo regulamentado para a via ou
trecho por meio de sinalização (placa R-19) ou, na sua ausência, pelos
limites definidos no art. 61 do CTB;
c) redutor eletrônico de velocidade (barreira ou lombada
eletrônica): medidor de velocidade, do tipo fixo, com dispositivo
registrador de imagem, destinado a fiscalizar a redução pontual de
velocidade em trechos considerados críticos, cujo limite é
diferenciado do limite máximo regulamentado para a via ou trecho em
um ponto específico indicado por meio de sinalização (placa R-19).

Agora que estudamos os aspectos legais para que os órgãos de trânsito


autuem os motoristas, veremos então os 12 argumentos que podem
ser usados na sua defesa ou recurso contra a autuação por excesso de
velocidade.

Estes argumentos são baseados na Resolução 396/11 do CONTRAN.

Obviamente que existem outros erros formais e processuais que


poderão anular a multa, mas não trataremos neste estudo uma vez
que já os vimos em outros artigos deste blog.

Cabe ainda lembrar a você, que os argumentos que veremos neste


estudo, nem sempre são possíveis de serem provados, mas é
necessário que sejam colocados na defesa ou recurso.

ARGUMENTO 1: MEDIDOR DE VELOCIDADE NÃO


INSPECIONADO PELO INMETRO
O Art. 280 do CTB em seu § 2º, diz que a infração deverá ser
comprovada por declaração da autoridade ou do agente da autoridade
de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento
audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio
tecnologicamente disponível, previamente regulamentado pelo
CONTRAN.
A ÚNICA maneira do órgão de trânsito autuar um motorista por
excesso de velocidade é através de um aparelho eletrônico.

Não existe outra forma!

Sendo assim, os medidores de velocidade se tornam indispensáveis na


fiscalização de trânsito.

Por esta razão, estes equipamentos medidores devem


serpreviamente regulamentados pelo CONTRAN, o que ocorre
através desta Resolução 396/11.
Todavia, para que estes equipamentos possam autuar, é necessário
que sejam aprovados e inspecionados pelo INMETRO.

Vamos ver o que diz a norma:

Art. 3º O medidor de velocidade de veículos deveobservar os


seguintes requisitos:

I - ter seu modelo aprovado pelo Instituto Nacional de


Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO, atendendo à
legislação metrológica em vigor e aos requisitos estabelecidos nesta
Resolução;

II - ser aprovado na verificação metrológica pelo INMETRO ou


entidade por ele delegada;

III - ser verificado pelo INMETRO ou entidade por ele


delegada obrigatoriamente com periodicidade máxima de 12
(doze) meses e, eventualmente,conforme determina a legislação
metrológica em vigência.

Nesse sentido, o primeiro argumento que você deve utilizar é


questionando o órgão de trânsito sobre a aferição do INMETRO no
aparelho que realizou a autuação, se o mesmo foi verificado nos
últimos 12 meses como manda o CONTRAN.
Se você já foi autuado numa infração por excesso de velocidade,
provavelmente já tenha observado que na notificação geralmente
consta a data em que o aparelho medidor de velocidade foi aferido ou
inspecionado pelo INMETRO pela última vez.

E como você já pode adivinhar a data é sempre inferior a 12 meses.

Todavia, tal informação pode estar incorreta.

Mesmo que na notificação da multa consta que a data da última


verificação do INMETRO seja inferior a 12 meses, é necessário
requerer mediante defesa ou recurso, que o órgão de
trânsito junte aos autos do processo administrativo o laudo
que aferiu o aparelho medidor de velocidade usado pra lhe
autuar.

Apesar de que o órgão de trânsito como parte da administração


pública goza da presunção de legitimidade de seus atos, a chamada “fé
pública”, ainda assim podem ocorrer erros (propositais?) referente a
data de aferição.

Portanto, na sua defesa você deve questionar se o aparelho foi ou não


aferido pelo INMETRO nos últimos 12 meses, e caso não tenha sido,
peça a anulação da multa.

EARGUMENTO 2: AUSÊNCIA DE SINALIZAÇÃO


A sinalização nas vias por meio de placas é essencial e necessária para
que os motoristas possam ser informados a respeito da velocidade
permitida para aquele determinado trecho de rodovia.

Se não existir a sinalização ou ela for insuficiente ou incorreta, é


possível anular uma multa por excesso de velocidade.

O Art. 90 do CTB ensina que não serão aplicadas as sanções previstas


no Código de Trânsito por inobservância à sinalização quando esta
for insuficiente ou incorreta.
Sendo assim, o órgão de trânsito com circunscrição sobre a via é o
responsável pela implantação da sinalização,respondendo pela sua
falta, insuficiência ou incorreta colocação (§ 1º).

Nesse sentido, diante destas normas legais, se na rodovia, estrada, rua


ou avenida em que você tenha sido autuado por infração de excesso de
velocidade, não houver sinalização informando o limite de
velocidade para aquele trecho, ou se esta não for suficiente
para informar o motorista, deve a multa ser anulada.

No entanto, é necessário produzir provas desta alegação.

Se for, por exemplo, numa rodovia em que você tenha sido autuado e
por onde você não retornará por um bom tempo, dificilmente se
conseguirá provar que não há sinalização naquela rodovia.

Salvo se o Google lhe ajudar é claro!

Mas o ideal seria tirar fotos e juntar na defesa.

Já nos casos de avenidas do seu município onde geralmente é


instalado um medidor de velocidade tipo fixos, ficaria até mais fácil
comprovar a falta ou a insuficiência da sinalização, e assim poder
anular a multa.

Este, portanto é o 2º argumento que você pode usar na sua defesa.

ARGUMENTO 3: A OBRIGATORIEDADE DA
PRESENÇA DO AGENTE DE TRÂNSITO NO LOCAL
DA AUTUAÇÃO
O Art. 280 do CTB diz que a infração deverá ser comprovada por
declaração da autoridade ou do agente da autoridade de trânsito, e
que o agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto
de infração poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda,
policial militar designado pela autoridade de trânsito com jurisdição
sobre a via no âmbito de sua competência (§§ 2 e 4).
Existem algumas teorias no meio jurídico que afirmam que as multas
de aparelho eletrônico como as por excesso de velocidade seriam
ilegais, uma vez que não são realizadas por um agente de trânsito ou
policial.

Por motivos óbvios, essa tese dificilmente irá vingar.

No entanto, a Resolução 396/11 do CONTRAN traz algo de


interessante.

O Art. 4º e § 1º diz que não é obrigatória a presença da


autoridade de trânsito ou de seu agente, no local da infração, quando
utilizado o medidor de velocidade com dispositivoregistrador de
imagem.

Ora, então se presume que quando a autuação ocorrer por


aparelho que não registra a imagem do veículo, é necessário
que o agente ou policial esteja no local da suposta infração!

É óbvio que isso também não é muito fácil de provar, mas se


conseguir, entendo que a multa deve ser anulada.

Tal norma quer dizer que o agente ou policial possui a fé pública, ou


seja, que os seus atos possuem validade até que se prove o contrário.

Nesse contexto, se o aparelho medidor de velocidade usado para


autuar seja um que não registra a imagem do veículo no momento da
autuação, a presença do agente de trânsito ou do policial supriria a
ausência de foto na notificação da multa, presumindo-se que o
“Estado” na pessoa do policial constatou a infração.

ARGUMENTO 4: AUSÊNCIA DE ESTUDO TÉCNICO


O Art. 4º da Resolução 396/11 prevê que à autoridade ou órgão de
trânsito autuador com circunscrição sobre a via, é o responsável por
determinar a localização, a sinalização, a instalação e a
operação dos medidores de velocidade do tipo fixo.
Para que estes medidores de velocidade sejam instalados nas rodovias
e passem a funcionar e a autuar motoristas, é necessário que seja
realizado um estudo técnico que venha a comprovar
a necessidade de controle ou redução do limite de
velocidade no local, garantindo a visibilidade do
equipamento (§ 2º).

Portanto, quando você for autuado numa infração por excesso de


velocidade sendo o aparelho um tipo fixo, como lombada
eletrônica ou pardal, é necessário que tenha sido realizado
estudo técnico que determine a necessidade da instalação deste
aparelho naquele trecho de rodovia.

Desta maneira, quando você apresentar a sua defesa contra a


autuação ou o recurso, faça o pedido para que o órgão autuador junte
o estudo técnico no processo administrativo.

Os estudos técnicos devem estar disponíveis ao público na sede do


órgão ou entidade de trânsito, devendo ser encaminhados às Juntas
Administrativas de Recursos de Infrações – JARI dos respectivos
órgãos, e ainda ser encaminhados ao órgão máximo executivo de
trânsito da União e aos Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN
ou ao Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRADIFE,
quando por eles solicitados (§ 6º, inc. I, II e III).

Se este estudo não foi realizado pelo órgão autuador, então a multa é
nula de pleno direito, uma vez que deixou de obedecer as normas do
CONTRAN, o que torna inviável a aplicação da multa.

ARGUMENTO 5: DISTÂNCIA ENTRE OS


EQUIPAMENTOS MEDIDORES DE VELOCIDADE
O Art. 4 § 7º da Res. 396/11, diz que quando em determinado trecho
da via houver instalado medidor de velocidade do tipo fixo, os
equipamentos dos tipos estático, portátil e móvel,somente
poderão ser utilizados a uma distância mínima daquele
equipamento de quinhentos metros em vias urbanas e
trechos de vias rurais com características de via urbana, e
dois quilômetros em vias rurais e vias de trânsito rápido (I e
II).
Portanto, quando houver um medidor tipo fixo instalado, a
fiscalização com outros tipos de aparelhos somente poderão ser
utilizados a determinadas distâncias como vemos acima.

O não cumprimento deste dispositivo poderá gerar a nulidade da


infração.

ARGUMENTO 6: AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO


OBRIGATÓRIA NO AUTO DE INFRAÇÃO (OU NA
NOTIFICAÇÃO)
O Art. 5º da Res. 396/11 e seus 3 incisos, determinam que a
notificação da autuação ou a de penalidade, devem conter além do
previsto no CTB e na legislação complementar,expressas em
km/h, a velocidade medida pelo instrumento ou equipamento
medidor de velocidade; avelocidade considerada para efeito da
aplicação da penalidade; e a velocidade regulamentada para a via.
Quando a norma diz que “além do disposto no CTB”, está se referindo
também ao Art. 280 e seus incisos que preveem que quando ocorrer
qualquer infração prevista no CTB, deverá ser lavrado o auto de
infração que constará a tipificação da infração, o local, data e hora do
cometimento da infração, os caracteres da placa de identificação do
veículo, sua marca e espécie, e outros elementos julgados necessários
à sua identificação, além do prontuário do condutor sempre que
possível (este não possui qualquer validade), a identificação do órgão
ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou equipamento
que comprovar a infração e a assinatura do infrator, sempre que
possível, valendo esta como notificação do cometimento da infração.
Desta maneira, se a notificação de autuação não conter algum destes
itens acima previsto, trata-se de um erro de formalidade do órgão de
trânsito o que gera a anulação e arquivamento da multa por excesso
de velocidade.

ARGUMENTO 7: ERRO DE MEDIÇÃO DA


VELOCIDADE CONSIDERADA
Outro erro cometido pelos órgãos de trânsito que pode ser usado
como argumento para requerer a anulação das multas por excesso de
velocidade, diz respeito a porcentagem de tolerância entre o limite de
velocidade para aquela via, a medição de velocidade e a velocidade
considerada.

No Art. 5º e § 1º da Res. 396/11 do CONTRAN, objeto do nosso


estudo, diz que para configurar aas infrações previstas no
art. 218 do CTB, a velocidade considerada para efeito da
aplicação da penalidade será o resultado da subtração da
velocidade medida pelo instrumento ou equipamento pelo
erro máximo admitido previsto na legislação metrológica em
vigor, conforme tabela de valores referenciais de velocidade e
tabela para enquadramento infracional constantes do Anexo II.
Vejamos algumas partes da tabela apenas como exemplo. Se você
quiser ver a tabela inteira, baixe no site do DENATRAN
(www.denatran.gov.br/Resoluções).
Observações:

1. VM – VELOCIDADE MEDIDA (Km/h) VC – VELOCIDADE


CONSIDERADA (Km/h)

Para velocidades medidas superiores aos indicados na tabela,


considerar o erro máximo admissível de 7%, com arredondamento
matemático para se calcular a velocidade considerada.

Já no que diz respeito ao enquadramento, segue a tabela:


Portanto, se a velocidade considerada não estiver de acordo com estas
tabelas, a multa deve ser anulada.

ARGUMENTO 8: PLACA R-19 EM DESACORDO


COM AS NORMAS
Já vimos acima no argumento 2º, que a sinalização é obrigatória nas
vias de trânsito para que o motorista seja informado a respeito da
velocidade máxima permitida.

Logicamente, que por sinalização entende-se todo o tipo de


sinalização, e não apenas as placas que informam o limite de
velocidade.

Contudo, no caso do nosso estudo, a sinalização que nos referimos é a


placa que informa a velocidade permitida para determinado local.
No Art. 6º da Res. 396/11, diz que a fiscalização de velocidade deve
ocorrer em vias com sinalização de regulamentação de velocidade
máxima permitida (placa R-19), de forma a garantir a segurança
viária e informar aos condutores dos veículos a velocidade
permitida para aquele trecho de rodovia.
Portanto, é obrigatório que a autoridade de trânsito que possui
competência para autuar em determinado local, instalar a sinalização
(placa) informando o limite máximo de velocidade.

Se não houver esta placa R-19 informando os motoristas, então o que


vale é a velocidade prevista no Art. 61 do CTB, como veremos logo
abaixo no próximo argumento.
Destacamos ainda 2 pontos referente á sinalização:

No § 1º do Art. 6º da Res. 396/11 do CONTRAN que estamos


estudando, prevê que a fiscalização de velocidade com medidor
do tipo móvel só pode ocorrer em vias rurais e vias urbanas de
trânsito rápido sinalizadas com a placa R-19 conforme legislação em
vigor e onde não ocorra variação de velocidade em trechos menores
que 5 (cinco) km.

Porém, como já vimos na introdução este tipo de medidor de


velocidade que é instalado em veículo em movimento, é pouco
utilizado pelos agentes de trânsito.

A justificativa para o pouco ou nenhum uso deste aparelho, talvez seja


que a própria Res. 396/11 no art. 7º e § 2º, prevê que o aparelho
medidor móvel deve estar visível aos condutores, o que neste
caso seria bem difícil, uma vez que ambos os veículos tanto o do
policial e dos motoristas, estariam em movimento, o que dificultaria a
visibilidade do aparelho (ainda mais se estiver dentro da viatura
policial).
Mas caso você for autuado por este aparelho tipo móvel, o mesmo só
poderá ser utilizado em vias rurais e vias urbanas de
trânsito rápido sinalizadas com a placa R-19, e onde não
ocorra variação de velocidade em trechos menores que 5
(cinco) km.

Outro ponto importante a destacar, é o que está previsto no § 3º do


art , 6º, que prevê que para a fiscalização de velocidade com medidor
dos tipos fixo, estático ou portátil, deve ser observada entre a
placa R-19 e o medidor de velocidade, uma distância
compreendida no intervaloestabelecido na tabela constante do
Anexo IV, facultada a repetição da placa em distâncias menores,
conforme ilustração abaixo:

Portanto, se entre a placa de sinalização informando os motoristas


sobre o limite de velocidade para aquele local, não houver esta
distância, tal multa deve ser anulada.
ARGUMENTO 9: A AUSÊNCIA DE PLACA R-19
DEVE ATENDER LIMITES DE VELOCIDADE
ESTABELECIDO PELO CTB
Em trechos de estradas e rodovias onde não houver placa R-
19, poderá ser realizada a fiscalização com medidores de velocidade
dos tipos móvel, estático ou portátil, desde que observados os
limites de velocidade estabelecidos no§ 1º do
art. 61 do CTB (Art. 7º da Res. 396/11).
Vimos no argumento 4º sobre a instalação do medidor de velocidade
tipo FIXO nas rodovias e estradas, onde além do estúdio técnico, o
órgão de trânsito precisa obrigatoriamente sinalizar a rodovia através
de placas informando os motoristas sobre o limite de velocidade.

Perceba que no Art. 7 que lemos acima, prevê que a fiscalização onde
não houver sinalização por meio de placa, os medidores de velocidade
serão os do tipo móvel, estático ou portátil, não mencionando o tipo
fixo, justamente por este quando instalado em rodovia ou estradas,
presume-se pelo Art. 4º que a placa deve estar instalada.

Assim sendo, quando não houver sinalização naquele trecho de


rodovia, e a fiscalização for por meio de medidornão fixo, os limites
de velocidade serão os previstos no CTB.
O Art. 61 § 1º do Código de Trânsito ensina que a velocidade máxima
permitida para a via será indicada por meio de sinalização, obedecidas
suas características técnicas e as condições de trânsito, e onde não
existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de:

I - nas vias urbanas:

a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido:

b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais;

c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras;

d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;


II - nas vias rurais:

a) nas rodovias:

1) 110 (cento e dez) quilômetros por hora para automóveis,


camionetas e motocicletas

2) noventa quilômetros por hora, para ônibus e microônibus;

3) oitenta quilômetros por hora, para os demais veículos;

b) nas estradas, sessenta quilômetros por hora.

Portanto, se você for autuado uma infração por excesso de velocidade


sendo o medidor de velocidade um dos tipos móvel, estático ou
portátil e não houver sinalização na via por meio da placa R-19, o que
vale são os limites de velocidade informados no CTB.

ARGUMENTO 10: AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO


NO AUTO DE INFRAÇÃO
Em trechos de estradas e rodovias onde não houver placa R-
19 poderá ser realizada a fiscalização com medidores de velocidade
dos tipos móvel, estático ou portátil, desde que observados
os limites de velocidade estabelecidos no § 1º
do art. 61 do Código de Trânsito Brasileiro (Art. 7º).
Além disso, quando ocorrer a fiscalização na forma prevista no art. 7º,
e sendo utilizado o medidor do tipo portátil ou móvel, a ausência
da sinalização deverá ser informada no campo
“observações” do auto de infração (§ 1º).

Portanto, não havendo placa informando os motoristas sobre o limite


de velocidade, o Policial deverá descrever no próprio auto de infração
lavrado, que não há sinalização naquele trecho de rodovia.

Já no caso de fiscalização de velocidade com medidor dos


tipos portátil e móvel sem registrador de imagens, o agente de
trânsito deverá descrever no campo “observações” do auto de
infração qual o local de instalação da placa R-19, exceto na
situação prevista no art. 7º que vimos acima (§ 2º do Art. 6º).

Estas são as situações que deverão ser informadas pelo policial ou


agente de trânsito sob pena de nulidade do Auto de Infração.

ARGUMENTO 11: EQUIPAMENTO MEDIDOR DE


VELOCIDADE NÃO VISÍVEL AOS MOTORISTAS
Este assunto da visibilidade ou não dos aparelhos ainda gera muita
polêmica na sociedade.

Enquanto uns entendem que os aparelhos devem estar escondidos dos


motoristas como ocorre muito hoje em dia, outros entendem que
devem estar visíveis aos motoristas.

E estes últimos estão com a razão!

O § 2º do Art. 7º da Res. 396/11 do CONTRAN diz o seguinte:

Para cumprimento do disposto no caput (do art. 7º), a operação


do equipamento deverá estar visível aos condutores.

Vamos ver o que diz o art. 7º para entendermos melhor:

Art. 7º Em trechos de estradas e rodovias onde não houver placa


R-19 poderá ser realizada a fiscalização com medidores de
velocidade dos tipos móvel, estático ou portátil, desde que
observados os limites de velocidade estabelecidos no § 1º do
art. 61 do CTB.
Veja que os aparelhos que são operados pelos policiaisDEVEM estar
visíveis aos condutores de veículos.

Claro que a norma diz nos casos onde não houver placa R-19.
Contudo, frente ao princípio da publicidade dos atos públicos,
este preceito vale em qualquer situação, tendo ou não placa de
sinalização informando o limite de velocidade.

Então, quando você perceber que policiais ou agentes de trânsito


estão operando estes tipos de aparelhos escondidos atrás de uma
árvore ou de postes, por exemplo, tais autuações são nulas frente a
esta norma do CONTRAN e do princípio da publicidade.

Posto aqui dois vídeos interessantes que demostram as


irregularidades cometidas pelos agentes de trânsito, que flagram
motoristas sem a devida visibilidade dos aparelhos.

Como disse na introdução deste estudo, não sou contra multar mesmo
porque muitos motoristas abusam da velocidade e podem causar
graves acidentes. No entanto, isso não significa que os órgãos de
trânsito através de seus agentes, possam descumprir as normas legais
como é nos casos dos vídeos acima.

Desta maneira, se você for autuado por um aparelho medidor de


velocidade que esteja escondido (e se você conseguir provar é claro), a
multa deve ser anulada.

ARGUMENTO 12: VELOCIDADE PERMITIDA PARA CADA


TIPO DE VEÍCULO

Quando o local ou trecho da via possuir velocidade máxima


permitida por tipo de veículo, a sinalizaçãopor meio da placa
R-19 deverá estar acompanhada dainformação complementar,
na forma do Anexo V (Art. 8º).

Vejamos o que diz este anexo V:


Nesse sentido, para cumprimento do estabelecido no art. 8, os tipos
de veículos devem estar classificados conforme as duas denominações
descritas abaixo (§ 1º):

I - “VEÍCULOS LEVES” correspondendo a ciclomotor, motoneta,


motocicleta, triciclo, quadriciclo, automóvel, utilitário, caminhonete e
camioneta, com peso bruto total - PBT inferior ou igual a 3.500 kg.

II - “VEÍCULOS PESADOS” correspondendo a ônibus, micro-


ônibus, caminhão, caminhão-trator, trator de rodas, trator misto,
chassi-plataforma, motor-casa, reboque ou semirreboque e suas
combinações.
§ 2º “VEÍCULO LEVE” tracionando outro veículo equipara-se a
“VEÍCULO PESADO” para fins de fiscalização.

Note prezado leitor, que existe diferença entre a velocidade máxima


permitida para um veículo leve, e outra para veículo pesado.

Por exemplo, se você possui um veículo leve e o limite de velocidade é


de 60Km naquela rodovia, e você passou a 80 Km, mas existe placa R-
19 informando que para o seu tipo de veículo o limite de velocidade é
80 Km, tal multa será nula.

Terminamos aqui este pequeno estudo sobre os 12 argumentos que


você poderá usar na sua defesa contra multas por excesso de
velocidade.

Página 1 de 701 resultados para "MODELO RECURSO CASSACAO DE CNH"


TJ-PR - Reexame Necessário REEX 13680083 PR 1368008-3 (Acórdão) (TJ-PR)
Data de publicação: 01/06/2015
Ementa: DECISÃO: ACORDAM os Desembargadores integrantes da Quinta Câmara Cível do Tribunal
de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em manter a sentença em grau de reexame
necessário, nos termos do voto. EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE
SEGURANÇA. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO.IMPUTAÇÃO DE MULTA E CASSAÇÃO DA CNH.
AUSÊNCIA DE PROVA DEVIDA DE NOTIFICAÇÃO DE REFERIDA INFRAÇÃO.AUSÊNCIA DE
OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. SENTENÇA
MANTIDA EM REEXAME.Não havendo prova cabal que a autora tenha sido notificada da infração de
trânsito que lhe foi imputada, escorreita a sentença que declarou o ato administrativo nulo, ante a violação
dos Princípios do Contraditório e Ampla Defesa. (TJPR - 5ª C.Cível - RN - 1368008-3 - Curitiba - Rel.:
Luiz Mateus de Lima - Unânime - - J. 19.05.2015)
Reexame Necessário nº 1368008-3, do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de
Curitiba – 3ª Vara da Fazenda da Pública. Autor: Marines Cardoso. Réu: Diretos do
Departamento de Trânsito do Estado do Paraná – DETRAN/PR e Diretor do DER/PR –
Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná. Relator: Des. Luiz Mateus de Lima.
REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. IMPUTAÇÃO DE
MULTA E CASSAÇÃO DA CNH. AUSÊNCIA DE PROVA DEVIDA DE NOTIFICAÇÃO DE REFERIDA
INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E
CONTRADITÓRIO. SENTENÇA MANTIDA EM REEXAME. Não havendo prova cabal que a autora
tenha sido notificada da infração de trânsito que lhe foi imputada, escorreita a sentença que
declarou o ato administrativo nulo, ante a violação dos Princípios do Contraditório e Ampla
Defesa. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Reexame Necessários nº 1368008-3, do
Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba – 3ª Vara da Fazenda Pública,
em que figura como autor Marines Cardoso Documento assinado digitalmente, conforme MP
n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE O documento pode
ser acessado no endereço eletrônico http://www.tjpr.jus.br Página 2 de 8 Autos nº 1368008-3
e réu Diretor do DER/PR – Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná. Trata-se de
Reexame Necessário nº 1368008-3, de decisão proferida nos autos de mandado de segurança
(autos nº 0001779-69.2014.8.16.0004) ajuizado por Marines Cardoso em face do Diretor do
Departamento de Trânsito do Estado do Paraná – DETRAN/PR e Diretor do DER/PR –
Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná Alega o autor, em síntese que: a) “o veículo
GM/Celta 5 portas, PAS/Automóvel, Particular, de cor Branca, ano/modelo 2003/2003 placa
AKZ-5170 (CRLV em anexo) de propriedade da Impetrante foi autuado por uma infração de 07
pontos, conforme se observa nos autos nº 116200-T000680042, no dia 13/07/2012 às
16h:15min por ultrapassar pela contramão linha de divisão de fluxos opostos, continua
amarela, expresso no artigo 203, V do Código de Trânsito brasileiro, de competência do DER-
PR (Departamento de Estradas de Rodagem) sendo que esta multa foi registrada na época em
que a impetrante estava com sua Permissão para Dirigir (Carteira Provisória)”; b) não foi
notificada da autuação, tendo esta sido devolvida sem seu devido cumprimento; c) sempre
este com seu endereço atualizado; d) conforme se extrai do AR juntado aos autos, os correios
deixaram de procurar o destinatário, ora autora; e) “em 30/08/2012 a impetrante foi pagar o
licenciamento anual do veículo, quando foi surpreendida sobre a existência de uma infração
pendente e que não poderia quitar o Documento assinado digitalmente, conforme MP n.°
2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE O documento pode
ser acessado no endereço eletrônico http://www.tjpr.jus.br Página 3 de 8 Autos nº 1368008-3
licenciamento do veículo com essa infração em aberto”; f) o filho da autora se apresentou
como condutor do veículo, entretanto a identificação foi indeferida por meio de decisão
eivada de vícios; g) também não foi notificada da decisão de indeferimento o que
impossibilitou a requerente de interpor recurso; h) foi expedida sua CNH definitiva; i) em
fevereiro de 2014 foi surpreendida com Aviso de Reabilitação de Permissionário o qual
informava que a mesma deveria devolver sua CNH ao DETRAN; J) houve afronta ao Devido
Processo Legal, contraditório e ampla defesa; k) a falta de notificação da autuação de infração
de trânsito invalida todo o processo administrativo; l) o auto de infração deve ser anulado.
Requer a concessão da liminar para que se suspenda o ato de cassação da CNH até o
julgamento do mérito da presente ação, e ao final, seja concedida em definitivo a segurança
com a declaração da nulidade do Auto de Infração de Trânsito nº 116200-T000680042. Em
decisão de fls. 66/69, o juiz a quo excluiu o Diretor do DER/PR do polo passivo ante sua
ilegitimidade, bem como deferiu o pedido liminar “para o fim de ordenar ao Diretor do
DETRAN/PR que suspensa imediatamente o ato de cassação da CNH da impetrante,
assegurando a ela o direito de permanecer com sua CNH, sem qualquer restrição, até o
julgamento definitivo da demanda”. (fl. 23). Documento assinado digitalmente, conforme MP
n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE O documento pode
ser acessado no endereço eletrônico http://www.tjpr.jus.br Página 4 de 8 Autos nº 1368008-3
Foram prestadas informações pelo impetrado às fls. 90/92, alegando, em suma, que a
impetrante era permissionária do direito de dirigir, tendo cometido infração gravíssima em
período de prova o que obstou a emissão de sua CNH definitiva. Requereu a denegação da
segurança. Em sede de decisão monocrática (fls. 115/121), o Doutor Juiz julgou procedente a
ação, concedendo a segurança, “a fim de suspender o ato que cassou a CNH da impetrante,
confirmando a liminar concedida”. Os Autos foram encaminhados a esta Corte em sede de
reexame necessário. É o relatório. II - VOTO E SEUS FUNDAMENTOS. Entendo que a sentença
deve ser mantida em sede de reexame necessário. A hipótese dos autos versa sobre a nulidade
da aplicação da penalidade de cassação do direito de dirigir da impetrante em decorrência da
ausência de notificação da mesma, o que lhe impossibilitou a Ampla Defesa e Contraditório.
Conforme se observa da análise do caderno processual, a notificação a respeito do auto de
infração foi encaminhado à impetrante, entretanto, foi Documento assinado digitalmente,
conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tjpr.jus.br Página 5 de 8
Autos nº 1368008-3 devolvida pelos correios sem a devida notificação da mesma conforme
extrai-se do A.R. de f. 33, por não ter sido procurada. Entretanto, como se extrai das contas de
luz e água juntadas às fls. 31/31, a autora trouxe prova de que reside no endereço contido nos
cadastros junto ao DETRAN (f. 94), para o qual a notificação foi enviada. Desse modo, denota-
se da documentação juntada ao feito que o AR encaminhado à autora, retornou com a
informação de “não procurado”, sem a devida notificação, ainda que tenha sido enviado ao
endereço no qual a mesma reside. Como se sabe, a notificação do auto de infração que gerou
a aplicação da penalidade de cassação da CNH definitiva da autora é a comunicação que
assegura o Princípio Constitucional do Devido Processo Legal (Contraditório e Ampla Defesa).
Além disso, nem há falar em aplicação do disposto no art. 282, §1º do CTB, já que o endereço
do autor estava atualizado, sendo que a devolução da notificação se deu por falha dos serviços
dos Correios. Também não há qualquer prova de que o ato restritivo de direitos, no caso de
cassação da CNH tenha sido precedido de Ampla Defesa e Contraditório. Logo, conclui-se que a
autora de fato não tomou ciência do referido auto de infração, não tendo assim, sido lhe
oportunizado direito de defesa. Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-
2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE O documento pode ser
acessado no endereço eletrônico http://www.tjpr.jus.br Página 6 de 8 Autos nº 1368008-3 A
respeito da notificação da autuação, dispõe o artigo 281, parágrafo único, inciso II do Código
de Trânsito Brasileiro: “Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência
estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de
infração e aplicará a penalidade cabível. Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e
seu registro julgado insubsistente: II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a
notificação da autuação.” Sobre a notificação de autuação, leciona Nei Pires Mitidiero, in
“Comentários ao Código de Trânsito Brasileiro – Direito de Trânsito e Direito Administrativo de
Trânsito”, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2004, p. 1326: “(...) Através dela, notificação, rende-
se homenagem aos princípios da ampla defesa e do contraditório, inscritos na Constituição
Federal. A notificação do cometimento da infração serve para que o condutor acusado tenha
ciência da lavratura do auto de infração e possa apresentar defesa ao assinalado pelo agente
da autoridade de trânsito junto à autoridade de trânsito. ... Destarte, é a notificação da
autuação que possibilita defesa diante da acusação contida no auto de infração e, seguindo-se
esta ótica, sua efetivação é condição de validade do processo administrativo...” Documento
assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.°
09/2008, do TJPR/OE O documento pode ser acessado no endereço eletrônico
http://www.tjpr.jus.br Página 7 de 8 Autos nº 1368008-3 Portanto, através das notificações o
suposto infrator tem o direito de exercer a sua defesa, podendo impugnar os débitos que lhes
foram lançados, bem como se defender da restrição de seu direito, o que não ocorreu no
presente caso. Desta feita, entendo deva ser mantida a sentença em grau de reexame
necessário, que entendeu pela violação ao direito líquido e certo da impetrante, reconhecendo
a nulidade do ato administrativo que impôs a penalidade de cassação da CNH da mesma. Em
razão da nulidade da multa em decorrência do não cumprimento do artigo 281, parágrafo
único, inciso II, do CTN, resta prejudicada a análise da ausência ou não da notificação da autora
sobre a decisão que indeferiu seu recurso junto à JARI. Documento assinado digitalmente,
conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tjpr.jus.br Página 8 de 8
Autos nº 1368008-3 III – DECISÃO. Diante do exposto, ACORDAM os Desembargadores
integrantes da Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por
unanimidade de votos, em manter a sentença em grau de reexame necessário, nos termos do
voto. Participaram do julgamento os Senhores Desembargadores Leonel Cunha (presidente,
sem voto), Nilson Mizuta, Luiz Mateus de Lima e Adalberto Jorge Xisto Pereira. Curitiba, 19 de
maio de 2015.
Encontrado em: . IMPUTAÇÃO DE MULTA E CASSAÇÃO DA CNH. AUSÊNCIA DE PROVA
DEVIDA DE NOTIFICAÇÃO DE REFERIDA INFRAÇÃO.... Requer a concessão da liminar para que
se suspenda o ato de cassação da CNH até o julgamento do mérito... "para o fim de ordenar ao Diretor do
DETRAN/PR que suspensa imediatamente o ato de cassação da CNH...
DOEMG 25/03/2015 - Pág. 58 - Executivo - Diário Oficial do Estado de Minas Gerais
interposição de recurso(s), o condutor deverá entregar a CNH no SCC no prazo máximo de 72
horas...ELIA; não havendo interposição de recurso(s), o condutor deverá entregar a CNH no SCC no
prazo máximo...: Jailson Teixeira ...
Diário • Diário Oficial do Estado de Minas Gerais
DOEMG 05/05/2015 - Pág. 28 - Executivo - Diário Oficial do Estado de Minas Gerais
ou interpor recurso perante à JARI/DETRAN na Rua Bernardo Guimarães, 1468, Seção de Protocolo,
Belo..., sob pena de surtir os efeitos da REvELIA; não havendo interposição de recurso(s), o condutor
deverá... entregar a CNH no SCC no ...
Diário • Diário Oficial do Estado de Minas Gerais
DOSP 27/11/2015 - Pág. 14 - Executivo - Caderno 1 - Diário Oficial do Estado de São Paulo
Condutores Sobre Notificação Enviada para Apresentar Recurso À Jari a Respeito de Processo
de Cassação no... Sobre Notificação Enviada para Apresentar Recurso À Jari Sobre Respeito de
Renovação de Cnh com Portaria no... Sobre ...
Diário • Diário Oficial do Estado de São Paulo
TJ-SP - Inteiro Teor. Apelação: APL 431001620108260564 SP 0043100-16.2010.8.26.0564
Data de publicação: 24/08/2015
Decisão: pelo antigo proprietário Infrações que ensejaram a cassação da CNH do impetrante que são
posteriores à data... de cassação da CNH e a sua devolução. A r. sentença de fls. 114/117 concedeu a
segurança PODER... de trânsito que motivaram a cassação da CNH do impetrante. Conclui-se, portanto,
que há suficiente...
TJ-PR - Inteiro Teor. Reexame Necessário: REEX 13680083 PR 1368008-3 (Acórdão)
Data de publicação: 01/06/2015
Decisão: . IMPUTAÇÃO DE MULTA E CASSAÇÃO DA CNH. AUSÊNCIA DE PROVA DEVIDA
DE NOTIFICAÇÃO DE REFERIDA INFRAÇÃO... a requerente de interporrecurso; h) foi expedida
sua CNH definitiva; i) em fevereiro de 2014 foi... decassação da CNH até o julgamento do mérito da
presente ação, e ao final, seja concedida em definitivo...
DOEMG 29/03/2016 - Pág. 27 - Executivo - Diário Oficial do Estado de Minas Gerais
: 4336661Registro da CNH: 317056010 Período: 22/03/2016 a 22/04/2016 Condutor: AUREO MOURA
FERREIRA... Pontos: 27 N .º . do Processo : 4336611Registro daCNH: 4153918292 Período: 22/03/2016
a 22 /04/2016 Condutor: CLEBER CATULE CESÁRIO ...
Diário • Diário Oficial do Estado de Minas Gerais
DOEMG 26/02/2016 - Pág. 33 - Executivo - Diário Oficial do Estado de Minas Gerais
EvELiA; não havendo interposição de recurso(s), o condutor deverá entregar a CNHna 2ª Delegacia
regional... da rEvELiA; não havendo interposição de recurso(s), o condutor deverá entregar a CNH na 2ª
Delegacia...:Elci Altivo ...
Diário • Diário Oficial do Estado de Minas Gerais

.O prazo para oferecer a defesa e


os
recursos
vem indicado na
notificação, sendo
no mínimo de 15 dias. As
notificações, por força da lei,
devem conter
algumas informações
expressamente
necessárias. A
ausência
de
alguma dessas informações na
notificação
pode aumentar as
chances de sucesso do recurso e
resultar na anulação das
penalidades
Como
mostra o artigo abaixo, é sempre
importante verificar se
estes itens estão corretos e se
não falta nenhum, pois a não
observância dos
procedimentos gera a anulação da
notificação, quando se recorre. Se
não
recorrer, mesmo contendo erros, a
penalidade será aplicada.
RESOLUÇÃO N.º 182 DE 09 DE
SETEMBRO DE
2005

Art. 10. A autoridade de trânsito
competente para impor as
penalidades de que trata esta
Resolução deverá expedir
notificação ao
infrator, contendo no mínimo, os
seguintes dados
:
I
.
A identificação
do infrator e do órgão de registro
da habilitação;
II
. a finalidade da notificação:
a
.
dar ciência da instauração do
processo administrativo;
b
.
estabelecer data do término do
prazo para apresentação da
defesa;
III.
O
s
fatos e fundamentos legais
pertinentes da infração ou das
infrações que ensejaram a
abertura do processo
administrativo, informando
sobre cada infração:
-

do auto;
-
Órgão
ou entidade que aplicou a
penalidade de multa;
-
P
laca
do veículo;
-
tipificação
;
-
data
, local, hora;
-
número
de pontos;
-
somatória
dos pontos, quando for o caso.”
Assim
como as notificações enviadas
pelo Detran devem
obedecer os
procedimentos,
o mesmo ocorre com a defesa
prévia e os
recursos de suspensão do direito
de dirigir. Alguns dados são
requisitos
mínimos, e devem constar no
recurso, sob pena de ter o recurso
indeferido.
3
-
Se você não foi abordado (parado
) no momento da infração,
poderá se pedir a anulação dos
pontos da CNH. Isto porque a
natureza da
penalidade de pontos é distinta da
cobrança do valor da multa. Caso
não
tenha sido feita abordagem do
condutor, é possível em um
recurso
administrativo se argumentar
nesse sentido, pois não pode o
motorista
receber uma pena restritiva de
direito sequer sem a devida
abordagem e a
certeza absoluta da identidade do
condutor
RECURSO INOMINADO: 0035799-41.2014.8.16.0019 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA
COMARCA DE PONTA GROSSA RECORRENTE: JULIANO DE FARIA RECORRIDO:
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO ? DETRAN/PR RELATOR: RAFAEL LUÍS
BRASILEIRO KANAYAMA RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE
DE ATOS ADMINISTRATIVOS COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS. PRETENSÃO DE NULIDADE DAS INFRAÇÕES DE TRÂNSITO LAVRADAS PELO
DER E PELA AUTARQUIA MUNICIPAL DE TRÂNSITO. AUTOS DE INFRAÇÃO E MULTAS
DE TRÂNSITO QUE CULMINARAM NA IMPOSSIBILIDADE DE OBTENÇÃO DA CNH
DEFINITIVA. ALEGAÇÃO DE FALTA DE NOTIFICAÇÃO. SUSTENTAÇÃO DE DEFEITO NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DO RECORRIDO EM VISTA DE FALHA NO SEU SISTEMA DE
COMUNICAÇÃO. SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO FEITO PELA ILEGITIMIDADE PASSIVA DO
DETRAN/PR REFORMADA. LEGITIMIDADE VERIFICADA. RESPONSABILIDADE PELA
IMPOSSIBILIDADE DE OBTENÇÃO DA CNH DEFINITIVA. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO
COM O ÓRGÃO QUE APLICOU A MULTA. DER E A AUTARQUIA MUNICIPAL DE TRÂNSITO
DE PONTA GROSSA. SENTENÇA ANULADA COM A REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO DE
ORIGEM PARA INCLUSÃO DOS LITISCONSORTES PASSIVOS NECESSÁRIOS DANDO
REGULAR CONTINUIDADE AO FEITO. RECURSO CONHECIDO E PREJUDICADO. I.
Relatório em sessão. II. Passo ao voto. Satisfeitos estão os pressupostos processuais
viabilizadores da admissibilidade deste recurso, tanto os objetivos quanto os subjetivos, razão
pela qual deve ser conhecido. Quanto ao mérito, inicialmente cabe esclarecer que por meio da
presente ação o autor objetiva a declaração de nulidade de atos administrativos lavrados pelo
DER e pela autarquia municipal de trânsito de Ponta Grossa e, ainda, indenização por danos
materiais e morais em vista da alegada falha no sistema de comunicação do DETRAN/PR que,
apesar das aludidas autuações, permitiu, inicialmente, que o autor iniciasse processo de
mudança de categoria de sua carteira de habilitação, outorgando permissão para dirigir e,
posteriormente, impediu que lhe fosse concedida a carteira definitiva. E desta forma, não há
que se falar em ilegitimidade passiva do DETRAN/PR. A uma, porque a falha do sistema de
comunicação como causa de pedir da indenização por danos materiais e morais é imputada ao
Detran/PR. E, embora guarde relação com a regularidade das autuações cuja declaração de
nulidade também é pedida, pode ser aferida independentemente dela. A duas, porque de
acordo com as premissas traçadas no Código de Trânsito Brasileiro, compete aos órgãos ou
entidades executivas dos Estados (no presente caso, o DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO
ESTADO DO PARANÁ ? DETRAN), planejar, coordenar, fiscalizar, controlar e executar a
política de trânsito, a fim de fazer cumprir a legislação de trânsito no âmbito estadual, sendo de
sua competência, ainda, realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação,
aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de condutores, bem como expedir e cassar Carteira
Nacional de Habilitação (artigo 22, inciso I e II). Portanto, em que pesem as infrações
registradas em nome do autor tenham sido autuadas por órgãos diversos, forçoso concluir que
é o DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO ESTADO DO PARANÁ ? DETRAN o órgão
responsável pela arrecadação das multas e pela renovação da Carteira Nacional de
Habilitação, sendo de sua incumbência o cancelamento das multas e a renovação da Carteira
Nacional de Habilitação do autor (artigo 22, inciso IIdo Código de Trânsito brasileiro),
decorrendo daí a legitimidade do referido ente para figurar no pólo passivo da ação. Sobre o
assunto, há jurisprudência: ?DIREITO ADMINISTRATIVO. VENDA DE VEÍCULO A
TERCEIRO, CUJOS DADOS SÃO DESCONHECIDOS. ALEGAÇÃO DE FRAUDE. AUSÊNCIA
DE TRANSFERÊNCIA NO DETRAN. COBRANÇAS DE MULTAS, IMPOSTOS E TAXAS
DESTINADAS A EX- PROPRIETÁRIO. INEXIGIBILIDADE DE COBRANÇAS DE MULTAS
RELATIVAS AO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 01/10/2003 E 04/05/2006, ANTE O
RECONHECIMENTO, DE OFÍCIO, DA PRESCRIÇÃO. INSURGÊNCIA RECURSAL
DESACOLHIDA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO DETRAN. TESE REJEITADA, EIS QUE A
LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO POR ÓRGÃO DE TRÂNSITO MUNICIPAL NÃO
RETIRA DO DETRAN A RESPONSABILIDADE PARA APLICAÇÃO DA SANÇÃO.
INTELIGÊNCIA DO ART. 22, V, E DO ART. 281, DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO.
1.Cabe ao DETRAN o julgamento da consistência do auto de infração e a aplicação da sanção
cabível, sendo essa a interpretação que se extrai do art. 22, V, e do art. 281 do Código de
Trânsito Brasileiro. 2.Portanto, ainda que o auto de infração seja lavrado por órgão de trânsito
municipal, detém o DETRAN legitimidade no polo passivo da demanda que tem por objeto a
declaração de inexigibilidade de cobrança de multas. 3.Recurso conhecido e desprovido. Face
o exposto, decidem os Juízes integrantes da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis
e Criminais do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em relação ao recurso manejado
CONHECER E NEGAR PROVIMENTO, nos exatos termos do voto?. (TJPR - 3ª Turma
Recursal em Regime de Exceção - Decreto Judiciário nº 103-DM - 0014248-
54.2014.8.16.0035/0 - São José dos Pinhais - Rel.: Liana de Oliveira Lueders - - J. 21.09.2015).
?NULIDADE DE ATO ADMINISTRATIVO. RECLAMANTE REQUER A NULIDADE DO AUTO
DE INFRAÇÃO N.º 275350- W004257405, POIS SUSTENTA, EM SÍNTESE, QUE O ATO NÃO
IDENTIFICA O AGENTE RESPONSÁVEL PELA APLICAÇÃO DA PENALIDADE, NEM INDICA
A MARCA E MODELO DO EQUIPAMENTO ELETRÔNICO QUE FLAGROU A INFRAÇÃO;
QUE O AGENTE RESPONSÁVEL PELA LAVRATURA DO TERMO É EMPREGADO CEDIDO
PELA URBS À SETRAN E, PORTANTO, NÃO PODERIA EXERCER O PODER DE POLÍCIA E
QUE A MÁQUINA NÃO PODE SUBSTITUIR O AGENTE DE TRÂNSITO, SOB PENA DE
NULIDADE DO ATO. SOBREVEIO SENTENÇA QUE RECONHECEU A ILEGITIMIDADE
PASSIVA DO DETRAN E JULGOU IMPROCEDENTE A DEMANDA. INSURGÊNCIA
RECURSAL DO RECLAMANTE ARGUIU PRELIMINAR DE LEGITIMIDADE PASSIVA DO
DETRAN E, NO MÉRITO, PUGNA PELA REFORMA DA SENTENÇA E DECLARAÇÃO DE
NULIDADE DO ATO. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA DO DETRAN AFASTADA.
EM QUE PESE O MUNICÍPIO DE CURITIBA LAVRAR O AUTO DE INFRAÇÃO E REALIZAR
A AUTUAÇÃO, É O DETRAN QUE TEM PODER DE RENOVAR ANUALMENTE O
LICENCIAMENTO DOS VEÍCULOS. O VALOR DE PAGAMENTO DE MULTA É VINCULADO
AO VALOR DE LICENCIAMENTO E, DESSA FORMA, AMBOS OS ÓRGÃOS DIVIDEM
ATRIBUIÇÕES LEGAIS. PORTANTO, REFORMO A SENTENÇA PARA RECONHECER A
LEGITIMIDADE DO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO PARANÁ PARA FIGURAR NO
POLO PASSIVO DA DEMANDA. (...) (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0022691-
38.2014.8.16.0182/0 - Curitiba - Rel.: Fernando Swain Ganem - - J. 13.05.2015)? Todavia,
entendo que, no presente caso, há litisconsórcio passivo necessário entre o Detran/PR e os
órgãos responsáveis pelas autuações das infrações de trânsito consideradas nulas pela parte
autora da demanda. Pois, de fato, e como bem anotado pelo juízo sentenciante, não há como o
DETRAN/PR defender em juízo a regularidade do procedimento que antecedeu ao lançamento
dos dados relativos às autuações no sistema integrado que abarca informações de todos os
órgãos administrativos com poder de polícia, previstos no Código Nacional de Trânsito.
Ademais, a competência e a legitimidade para anular em definitivo as multas é apenas do
órgão que as emitiu, não cabendo ao DETRAN/PR tal ingerência no caso concreto. Nos termos
do art. 47 do CPC há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza
da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso
em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo".
Veja-se que o art. 10, da Lei9.099/95, aplicável subsidiariamente aos Juizados da Fazenda
pelo disposto no art. 27 da Lei 12153/2010, admite o litisconsórcio. O litisconsórcio necessário,
por sua vez, por se tratar de matéria de ordem pública, pode ser conhecido de ofício. Nesse
sentido: ?RECURSO INOMINADO - AÇÃO DE ANULAÇÃO DE AUTO DE INFRAÇÃO -
INFRAÇÃO AUTADA PELO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO ESTADO DO PARANÁ
DER/PR ALEGAÇÃO DE IRREGULIDADE - NECESSIDADE DE QUE OS ENTES
ADMINISTRATIVOS QUE EMITIRAM AS MULTAS DE TRÂNSITO INQUINADAS DE
NULIDADE INTEGREM A LIDE - LITISCONSCÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO - SENTENÇA
ANULADA (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0000927- 74.2011.8.16.0093/0 - Ipiranga - Rel.:
FERNANDA DE QUADROS JORGENSEN GERONASSO) ?ADMINISTRATIVO. RECURSO
INOMINADO. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. PRELIMINAR DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO
NECESSÁRIO COM O DER. ACOLHIMENTO. PARA ANULAÇÃO OU CANCELAMENTO DO
AUTO DE INFRAÇÃO É NECESSÁRIA A PRESENÇA DO ÓRGÃO AUTUADOR NA LIDE.
PRECEDENTES. PROCESSO ANULADO. RECURSO INOMINADO PROVIDO. decidem os
Juízes Integrantes da 1ª Turma Recursal Juizados Especiais do Estado do Paraná, conhecer
do recurso, e no mérito, dar-lhe provimento, acolhendo a preliminar de litisconsórcio passivo
necessário, nos exatos termos do voto. ?(TJPR - 1ª Turma Recursal - 0031787-
77.2014.8.16.0182/0 - Curitiba - Rel.: Renata Ribeiro Bau - - J. 04.06.2015). RECURSO
INOMINADO. AUTUAÇÃO LAVRADA PELO CMTU. COMPETÊNCIA DO DETRAN.
LEGITIMIDADE PASSIVA EVIDENCIADA. ALEGAÇÃO DE ILEGALIDADE DO AUTO DE
INFRAÇÃO. NECESSIDADE DE QUE O ENTE ADMINISTRATIVO QUE EMITIU A MULTA DE
TRÂNSITO INTEGRE A DEMANDA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO.
SENTENÇA ANULADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. Decidem os
Juízes Integrantes da 1ª Turma Recursal Juizados Especiais do Estado do Paraná, conhecer
dos recursos, e no mérito, dar-lhe parcial provimento, bem como, ex officio, reconhecer a
nulidade da sentença, restando prejudicada as demais teses recursais, nos exatos termos do
voto.? (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0019619-96.2013.8.16.0014/0 - Londrina - Rel.: Renata
Ribeiro Bau - - J. 09.12.2013). ?PROCESSUAL CIVIL - CAUSA DE PEDIR E PEDIDO
COMPLEXOS - LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO - APLICAÇÃO DO PARÁGRAFO
ÚNICO DO ART. 47, DO CPC - NECESSIDADE DE QUE OS ENTES ADMINISTRATIVOS
QUE EMITIRAM AS MULTAS DE TRÂNSITO INQUINADAS DE NULIDADE INTEGREM A
LIDE - IMPOSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO DESTE VÍCIO COMO PRESSUPOSTO PARA
LIBERAÇÃO DO LICENCIAMENTO DO VEÍCULO EM FACE DO DETRAN/PR - APELO
CONHECIDO - SENTENÇA ANULADA EX OFFICIO. A tutela jurisdicional pretendida não se
limita à autorização de liberação do veículo e seu licenciamento em face do DETRAN/PR;
abarca juízo deliberativo sobre a validade das multas que apenas foram condensadas por este
órgão em um extrato único, porém, não estão sob sua esfera de competência e atuação
administrativa. Imanente ao objetivo final almejado pelo recorrido a discussão acerca da
legalidade das autuações impostas pelo Município de Curitiba, DER e DNER, os quais devem
necessariamente figurar no pólo passivo da demanda. A causa de pedir é complexa, não há
como desvincular o licenciamento do veículo, obstado pela autoridade administrativa
competente para tanto, ora apelante, da questão da regularidade das multas aplicadas por
outros órgãos administrativos que, com supedâneo no parágrafo único do art. 47, do CPC,
devem ser citados, sob pena de extinção do processo. ? (TJPR - 4ª C.Cível - AC 440752-9 -
Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Anny Mary Kuss -
Unânime - J. 05.05.2008) Portanto, não é o caso de se reconhecer a ilegitimidade passiva do
DETRAN/PR, mas sim de chamar a autarquia municipal de trânsito de Ponta Grossa e o DER
ao processo, para assim, então, analisar se as autuações estão regulares ou não. Nestes
termos, vota-se pelo conhecimento do recurso, mas, por prejudicado o seu exame, nos termos
da fundamentação supra. III ? Do dispositivo: Ante o exposto, esta Turma Recursal resolve, por
unanimidade de votos, CONHECER DO RECURSO, TENDO POR PREJUDICADO O SEU
EXAME, ante a cassação, de ofício, da sentença recorrida, com retorno dos autos à origem
para a inclusão dos órgãos responsáveis pelas autuações como litisconsortes necessários, e,
assim, o regular prosseguimento do feito. Sem sucumbência, não há que se falar em
condenação do recorrente ao pagamento de custas e honorários advocatícios. O julgamento foi
presidido pela Senhora Juíza Renata Ribeiro Bau que participou da votação, da qual também
participou o Senhor Juiz Daniel Tempski Ferreira da Costa. Curitiba, 18 de fevereiro de 2016.
RAFAEL LUÍS BRASILEIRO KANAYAMA Juiz Relator

AUSÊNCIA DE PROVA DEVIDA DE NOTIFICAÇÃO DE REFERIDA INFRAÇÃO.AUSÊNCIA


DE OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO.
SENTENÇA MANTIDA EM REEXAME.Não havendo prova cabal que a autora tenha sido
notificada da infração de trânsito que lhe foi imputada, escorreita a sentença que declarou o ato
administrativo nulo, ante a violação dos Princípios do Contraditório e Ampla Defesa. (TJPR - 5ª
C.Cível - RN - 1368008-3 - Curitiba - Rel.: Luiz Mateus de Lima - Unânime - - J. 19.05.2015)

Terá sucesso no CETRAN-SP, pois a Resolução 182 menciona "flagrado", por


omissão você não poderá ser considerado o condutor. Vejamos um exemplo:
Condutor sem CNH sendo proprietário do veículo e não indica o condutor, o
DETRAN na mera presunção lavrará uma nova PENALIDADE por presumir que o
proprietário estava dirigindo sem CNH? E se o seu irmão recusou-se assinar o
documento que confirma que ele era o condutor no ato da infração? Uma outra
hipótese, você estava viajando em férias pela Europa ou qualquer outra parte do
Mundo e não houve tempo hábil pois você nem soube que houve essa infração.
Vamos piorar e se você for realmente considerado culpado e estará com a CNH
CASSADA e acontecer a mesma hipótese, o DETRAN irá PRESUMIR que você
estava conduzindo com a CNH CASSADA? e por último, o próprio CTB menciona
em seu artigo 162 II essa infração será constatada se for mediante ABORDAGEM,
ou seja, ao proprietário de veículo a pena máxima é a suspensão do direito de
dirigir e não a CASSAÇÃO do direito de dirigir, pois essa infração é exclusiva do
condutor. E uma outra coisa, se houver a CASSAÇÃO o infrator deverá realizar o
mesmo processo de quem está pleiteando a PERMISSÃO PARA DIRIGIR, só que
não receberá a PERMISSÃO e sim a sua CNH novamente. Espero ter ajudado.
A necessidade do flagrante para aplicação da Cassação do Direito de Dirigir Artigo 263, inciso I
do Código de Trânsito Brasileiro Dr. Henrique Serafim Gomes – Advogado Especialista em
Direito de Trânsito O legislador, na elaboração do Código de Trânsito Brasileiro, estabeleceu
dois tipos de punição ao direito de dirigir, a SUSPENSÃO, prevista no art. 261, como a mais
amena, e a CASSAÇÃO, prevista no art. 263, como a mais severa, as quais esclareceremos as
diferenças em tópico específico. O legislador acompanhou a rigorosidade da pena também
com a rigorosidade dos requisitos de aplicação, como demonstraremos a seguir. Para se acusar
um motorista por uma multa de trânsito, basta que o agente de trânsito preencha o auto de
infração, que estará amparado pelo Princípio da Legitimidade, cabendo ao acusado apresentar
defesa que comprove sua inocência. No entanto, para aplicação da penalidade de suspensão,
nos preceitos do art. 261 do CTB, é necessário ter anotado as pontuações no prontuário do
acusado e respeitado o devido processo legal, não basta uma autoridade de trânsito alegar
que o acusado tem excesso de pontos para iniciar uma acusação. É necessário demonstrar as
pontuações e o enquadramento legal. Já no caso de cassação, previsto no art. 263, I do CTB, é
necessário que o acusado conduza veículo durante o período de suspensão. A Resolução
182/05 do CONTRAN, em seu art. 19, § 3°, determinou o flagrante para tal acusação, em
nenhuma regulamentação que trata de CASSAÇÃO foi prevista a simples anotação de
pontuação no prontuário como fundamentação legal para abertura de procedimento
administrativo. “Art.19. § 3º. Sendo o infrator flagrado conduzindo veículo, encerrado o prazo
para a entrega da CNH, será instaurado processo administrativo de cassação do direito de
dirigir, nos termos do inciso I do artigo 263 do CTB.” (Grifo nosso) Evidente, portanto, que o
objetivo do Legislador e do CONTRAN, neste parágrafo, que regulamenta a forma de se
imputar a responsabilidade de estar conduzindo um veículo, ser ao condutor E NÃO AO
PROPRIETÁRIO. A palavra “flagrado” obriga haver a prova indiscutível do verdadeiro condutor,
presença de corpo do infrator e da autoridade punitiva no exato momento da conduta ilegal,
ou uma confissão do verdadeiro condutor em processo administrativo. Caso contrário, ou seja,
não havendo o flagrante, confissão ou qualquer outra prova inequívoca de autoria, não há de
se falar em cassação (art. 263, I do CTB). Melhor explicando, a legislação prevê a abertura de
procedimento de cassação, SOMENTE COM A OCORRÊNCIA DE FLAGRANTE. Tais
argumentações encontram-se amparadas em diversos aspectos da legislação especializada, de
trânsito, regulada pela Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997, nas quais passarei a explicar
ponto a ponto. DIFERENÇA ENTRE CONDUTOR, MOTORISTA E PROPRIETÁRIO Neste tópico
utilizo textos extraídos do Código de Trânsito Brasileiro Interpretado por Geraldo Lemos
Pinheiro, 2ª edição, Ed. Juarez de Oliveira. “O art. 257 do Código de Trânsito Brasileiro deixa
claro que as penalidades nele descritas serão impostas ao condutor, ao proprietário do
veículo, ao embarcador e ao transportador, bem como a pessoas físicas ou jurídicas
expressamente mencionadas no Código. Infelizmente o legislador não cuidou de definir, no
Anexo I, ou em qualquer outra passagem, o que entende por condutor, proprietário,
embarcador e transportador” Código de Trânsito Brasileiro Interpretado, Geraldo de Farias
Lemos Pinheiro e Dorival Ribeiro, 2ª edição, pag. 467, Ed. Juarez de Oliveira. No entanto, é
importante conceituar condutor, motorista, proprietário, embarcador e transportador, para
que desta forma possamos relacionar os limites de suas responsabilidades atribuídas pela
legislação. “Embora revogada, a Resolução n° 683/87, no seu art. 8°, II, definia como condutor
“a pessoa que tem a seu cargo a movimentação e direção do veículo”, enquanto a Convenção
de Viena, no art. 1 °, III, letra v, definiu condutor como “toda pessoa que conduza um veículo
automotor ou de outro tipo (incluindo ciclos)...”” Código de Trânsito Brasileiro Interpretado,
Geraldo de Farias Lemos Pinheiro e Dorival Ribeiro, 2ª edição, pag, 467, Ed. Juarez de Oliveira.
Desta forma, fica explícito que o condutor é a pessoa responsável pelos resultados causados
devida a movimentação do veículo por força de seus atos, ao condutor não lhe é imputada
nenhuma relação com a propriedade do veículo, nem quanto à manutenção do mesmo.
Confirmado pelo §3° do art. 257 do Código de Trânsito Brasileiro, que diz, “Ao condutor caberá
a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na direção do veículo.” A
Regulamentação Básica Unificada de Trânsito (RBUT) define motorista como “toda pessoa
habilitada para dirigir um veículo por uma via”, no entanto, o mesmo só se tornará condutor se
fizer uso de seu direito de dirigir um veículo. O Código Civil, em seu art. 1.228, tratou de definir
proprietário como aquele que tem assegurado o direito de usar, gozar e dispor de seus bens,
para fins do Código de Trânsito Brasileiro, proprietário é a pessoa física ou jurídica em cujo
nome está registrado o veículo automotor, perante o órgão executivo de trânsito do Estado ou
do Distrito Federal, do seu domicílio ou residência (art. 120 do CTB). Vale destacar que o
Código Civil responsabiliza o possuidor da coisa pelos danos causados a que der causa, “art.
1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der
causa.”. Sendo assim, quando o proprietário transfere a posse do veículo a outro motorista, o
novo condutor será responsável pelas infrações decorrentes dos atos praticados. “Como o
legislador não cogitou de definir o que entende por embarcador e transportador, buscamos
preliminarmente o auxílio dos dicionários jurídicos. Embarcador, segundo Maria Helena Diniz,
é responsável pelo embarque das mercadorias a serem transportadas (Dicionário Jurídico,
Saraiva, 1.998). Embarcador, como ensina Pedro Nunes, é aquele por cuja conta se fazem
embarques de mercadorias (Dicionário de Tecnologia Jurídica, 12ª ed., Freitas Bastos).” A
preocupação do legislador, no caput do art. 257, teve em conta definir quem deva ser o
responsável pela infração e o Diretor do DENATRAN, pelo Ofício Circular n° 28/99-CGIJF, de 9
de julho de 1.999, solicitou “rigorosa obediência ao determinado no art. 257 do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB, na aplicação da penalidade, tendo em vista que muitos motoristas
estão à mercê de perder seus empregos pela contagem de pontos referentes à infrações pelos
quais não são responsáveis. Lembrando que: - o motorista só responde pelas infrações
decorrentes de atos praticados na direção do veículo (art. 257, § 3°); e - as penalidades
aplicadas em desobediência ao citado dispositivo, por questão de direito e justiça, deveriam
ser consideradas nulas”. Código de Trânsito Brasileiro Interpretado, Geraldo de Farias Lemos
Pinheiro e Dorival Ribeiro, 2ª edição, pag. 467, Ed. Juarez de Oliveira. Desta forma, o
procedimento administrativo de cassação (art. 263, I do CTB) somente aplica-se ao condutor,
jamais ao proprietário pela simples fato do mesmo não ter realizado a indicação do verdadeiro
condutor. OBJETIVO SOCIAL DO CTB O atual Código de Trânsito Brasileiro foi sancionado de
forma a possibilitar uma considerável redução nos abusos cometidos pelos maus motoristas,
porém, devemos sempre estar atentos para que, a Administração Pública venha cumprir e
fazer cumprir a legislação de trânsito, sempre nos termos da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, buscando sempre proporcionar um trânsito seguro e em
condições dignas, tanto para o pedestre, quanto para condutores e passageiros. Considero que
as penalidades previstas no CTB, em especial as que se referem ao documento de habilitação,
devem ser aplicadas, e bem aplicadas, porém, sem exorbitâncias e desde que observado o
devido processo legal, para que desta forma, atenda-se o objetivo principal desta lei, qual seja,
o de fazer justiça nas coisas da administração de trânsito. AS PENALIDADES DO CTB
Preliminarmente, vale destacar, que o legislador aplicou o Princípio da Proporcionalidade em
todo o CTB, trazendo ensinamentos do consagrado ordenamento jurídico o Código Penal,
ademais, aplicou o princípio em toda sua essência, mantendo o equilíbrio da penalidade e da
gravidade da pena, com os requisitos legais de aplicabilidade, ou seja, quanto mais grave a
infração, mais grave a penalidade e mais rigorosos os requisitos para sua aplicação. Não
podemos esquecer que estamos tratando de Direito Administrativo e Poder de Polícia, o que
determina rigorosidade no cumprimento restrito da lei, sem qualquer desvio na aplicação ou
interpretação, evitando assim, a tão temida injustiça e desrespeito aos princípios básicos que
regem a Administração, entre eles a LEGALIDADE, MORALIDADE e a IMPESSOALIDADE, como
afirma os ensinamentos doutrinários abaixo: “Os princípios básicos da administração pública
estão consubstanciado em quatro regras de observância permanente e obrigatória para o bom
administrador: legalidade, moralidade, impessoalidade e publicidade. Por esses padrões é que
se hão de pautar todos os atos administrativos. Constituem, por assim dizer, os fundamentos
da validade da ação administrativa, ou, por outras palavras, os sustentáculos da atividade
pública. Relegá-los é desvirtuar a gestão dos negócios públicos e olvidar o que há de mais
elementar para a boa guarda e zelo dos interesses sociais.” (Hely Lopes Meirelles, 15ª ed.,
Direito Administrativo Brasileiro, Ed. RT, pag.77 e 78) As penalidades aplicáveis pelas
autoridades de trânsito estão estabelecidas no art. 256 do CTB, na qual, apresenta desta
forma: “... as seguintes penalidades: I – advertência por escrito; II – multa; III – suspensão do
direito de dirigir; IV – apreensão do veículo; V – cassação da CNH; VI – cassação da Permissão
para Dirigir; VII – freqüência obrigatória em curso de reciclagem.” Nota-se que as penalidades
partem de uma aplicação de advertência, até a mais severa, que é a cassação do direito de
dirigir, obedecendo a uma escala de rigorosidade. Esta mesma proposta nota-se no art. 258 do
CTB, que determina que as infrações punidas com multa classificam-se, de acordo com sua
gravidade, em quatro categorias, LEVE, MÉDIA, GRAVE e GRAVÍSSIMA, e o art. 259 do CTB,
estabeleceu pontuações para cada categoria, iniciando com 3 para as leves e chegando a 7
para as gravíssimas. A Resolução 182/05 do CONTRAN, em seu art. 19, § 3°, determinou o
flagrante para a acusação de CASSAÇÃO, entende-se que por ser considerado um indício a
anotação de uma infração no prontuário, a abertura de procedimento para apuração dos fatos
é cabível, mas o flagrante ou qualquer outra prova inequívoca sendo requisito essencial para
condenar nos termos do art. 263, inciso I do CTB. “Art.19. § 3º. Sendo o infrator flagrado
conduzindo veículo, encerrado o prazo para a entrega da CNH, será instaurado processo
administrativo de cassação do direito de dirigir, nos termos do inciso I do artigo 263 do CTB.”
(Grifo nosso) JURISPRUDENCIA – “O texto da lei não contém palavras sem importância nem
prevê procedimentos desnecessários.” (Min. José Delgado – Ap. Cível Nº 1.0000.00.305977-
1/000 – TJMG.) Se o Estado permitir que o DETRAN aplique o art. 263, inciso I do CTB, sem
respeitar as determinações legais do flagrante, estará permitindo a quebra do Princípio da
Legalidade e do Poder Vinculado e dando força ao Abuso de Poder. O princípio da legalidade
impõe que o agente público observe, fielmente, todos os requisitos expressos na lei como da
essência do ato vinculado. O seu poder administrativo restringe-se, neste caso, ao de praticar
o ato, mas de praticar com todas as minúcias especificadas na lei. Omitindo-os ou
diversificando-as na sua substância, nos motivos, na finalidade, no tempo, na forma ou no
modo indicado, o ato é inválido, e assim pode ser reconhecido pela própria Administração ou
pelo Judiciário. Nesse sentido é firme e remansosa a jurisprudência de nossos Tribunais,
pautada pelos princípios expressos neste julgado do Supremo Tribunal: “A legalidade do ato
administrativo, cujo controle cabe ao Poder Judiciário, compreende não só a competência para
a prática do ato e de suas formalidades extrínsecas, como também os seus requisitos
substanciais, os seus motivos, os seus pressupostos de direito e de fato, desde que tais
elementos estejam definidos em lei como vinculadores do ato administrativo” STF-RDA 42/227
e no mesmo sentido TJSP-RT 206/114, 254/247. Ademais, nosso Mestre do Direito
Administrativo, Dr. Hely Lopes Meirelles, em sua obra Direito Administrativo Brasileiro, ensina:
“A legalidade, como princípio de administração (Const. Rep., art. 37, caput), significa que o
administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei,
e às exigências do bem-comum, e delas não pode se afastar ou desviar, sob pena de praticar
ato inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso” (pag.
78, 15ª ed., Ed. RT). “Como todo ato administrativo, o ato de polícia subordina-se ao
ordenamento jurídico que rege as demais atividades da Administração, sujeitando-se inclusive
ao controle de legalidade pelo Poder Judiciário” (pag. 109, 15ª ed., Ed. RT). Desta forma,
condenar em processo administrativo de cassação com base nas multas anotadas no
prontuário jamais se poderá aceitar. Não pode o DETRAN, através de seus agentes, aplicar o
art. 263, inciso I do CTB, pela simples anotação de multas no prontuário do infrator, pois tal
fato, a legislação somente permite a aplicação do art. 261 do CTB. DIFERENÇAS ENTRE OS
ARTIGOS 261 E 263 do CTB Vou explicar rapidamente a diferença entre suspensão e cassação.
Destaco que a penalidade de SUSPENSÃO, prevista no art. 261 do CTB e a penalidade de
CASSAÇÃO, prevista no art. 263 do CTB, possuem como objetivo restringir o direito de dirigir
do infrator por um determinado tempo. No entanto, a SUSPENSÃO inicia sua penalidade a
partir de um mês e requer um curso de reciclagem para devolver o direito ao infrator, já a
CASSAÇÃO é a perda do direito de dirigir, podendo o infrator, após 2 anos requerer sua
reabilitação. É notório que a aplicação da CASSAÇÃO é muito mais rigorosa do que a de
SUSPENSÃO, desta forma, o legislador, mantendo o princípio da proporcionalidade, fez
exigências também mais rigorosas aos aplicadores da lei. Para a aplicação da SUSPENSÃO basta
a anotação de multas no prontuário do PROPRIETÁRIO, no entanto, para a aplicação da
CASSAÇÃO é exigida prova inequívoca por parte do DETRAN do CONDUTOR no ato da infração,
ou seja, o “flagrante”. SUSPENSÃO - prevê a restrição no direito de dirigir de no mínimo 30 dias
até no máximo 2 anos, com agravante em caso de reincidência, e após o cumprimento da
penalidade o infrator participa de um curso de reciclagem e tem seu prontuário desbloqueado.
O infrator será enquadrado neste artigo quando atingir 20, ou mais pontos em seu prontuário
no período de 12 meses. Esta penalidade está totalmente fundamentada nas pontuações
anotadas do prontuário, independente das razões das anotações, nas quais tiveram a
oportunidade de serem discutidas individualmente. O objetivo da suspensão é penalizar o
PROPRIETÁRIO, que por conduzir veículo de forma inadequada, ou, deixar de administrar seu
veículo de acordo com os preceitos legais, sofrerá uma punição. Lembrando que multas como
a do art. 233 do CTB (deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de trinta dias), por
exemplo, não penaliza o mal condutor e sim o proprietário que foi negligente com a
documentação. Importante destacar o art. 257 § 7° do CTB, que prevê a oportunidade do
proprietário indicar o condutor responsável pela infração, não o fazendo, será considerado
responsável pela infração, sendo punido com a respectiva pontuação da multa, ou seja, o
proprietário negligente, arcará com as pontuações das multas do condutor, pois sua
responsabilidade é preservar por seu veículo e prontuário. Essas pontuações anotadas no
prontuário, por não indicar o condutor, somam-se para gerar uma punição de SUSPENSÃO ao
proprietário que foi negligente. Em suma, pontuações anotadas no prontuário do infrator
somente justificam a penalidade de SUSPENSÃO, conforme prevê expressamente o art. 261 do
CTB. “Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será aplicada, nos casos
previstos neste Código, pelo prazo mínimo de um mês até no máximo de um ano e, no caso de
reincidência no período de doze meses, pelo prazo mínimo de seis meses até no máximo de
dois anos, segundo critérios estabelecidos pelo CONTRAN. § 1°. Além dos casos previstos em
outros artigos deste Código e excetuados aqueles especificados no art. 263, a suspensão do
direito de dirigir será aplicada sempre que o infrator atingir a contagem de vinte pontos,
prevista no art. 259.” A aplicação da penalidade é regulamentada pela Resolução 182 de
09/09/2005, em seu art. 16, incisos e alíneas, que novamente nota-se o princípio da
proporcionalidade da pena agrava-se a pena, de acordo com a gravidade da infração. O
parágrafo primeiro do art. 261 do CTB, diz: “...será aplicada sempre...”, ou seja, as pontuações
sempre iram gerar a SUSPENSÃO, jamais a CASSAÇÃO, que possui seus requisitos próprios.
CASSAÇÃO - prevê a restrição no direito de dirigir por 2 anos, o requerimento do infrator para
sua reabilitação ao final da pena e, se concedida, a submissão a todos os exames necessários à
habilitação. O infrator será enquadrado neste artigo quando conduzir veículo durante o
período de suspensão, sendo comprovado, de acordo com a Resolução 182/05 do CONTRAN,
em seu art. 19, § 3°, por flagrante. Esta penalidade somente pode ser fundamentada mediante
flagrante, ou qualquer outra prova incontestável de condução de veículo pelo infrator. O
objetivo da CASSAÇÃO é penalizar o CONDUTOR que desrespeitou a penalidade de
SUSPENSÃO, esta é a razão da exigência do flagrante, a CASSAÇÃO não pode recair sobre o
proprietário negligente, esta penalidade é exclusiva do condutor. Ao proprietário negligente
imputa-se a SUSPENSÃO. Pelo grau de severidade da penalidade, a simples anotação de multas
e pontuações no prontuário do infrator como fundamentação para abertura de Procedimento
Administrativo de CASSAÇÃO, com certeza gera injustiça. O infrator pode se recusar a assinar a
autorização de transferência da pontuação, exigência legal para indicar o condutor, o
proprietário pode perder o prazo para indicar o condutor, por razões diversas que fogem ao
seu controle, deixar de anexar à cópia da CNH do infrator, que é fato para recusa da indicação
pelo órgão autuador, entre outras situações, para isso, foi criada a penalidade de SUSPENSÃO.
Em suma, a condenação no Procedimento de CASSAÇÃO só pode ser imputada ao infrator que
for flagrado conduzindo veículo durante o período de SUSPENSÃO, ou, o Estado apresente
prova inequívoca do verdadeiro condutor, caso contrário, a pontuação e infrações somente
ensejam a abertura de Procedimento de SUSPENSÃO. O DIREITO AO ENCERRAMENTO DO
PROCESSO ADMINISTRATIVO A culpa não se presume. O Código de Trânsito faculta ao
proprietário do veículo indicar o condutor da infração apontada na notificação que receber,
dando-lhe o prazo de 15 dias para tanto. Não o fazendo, será responsável pela infração,
conforme dispõe o § 7º do artigo 257 do CTB. No mesmo artigo, em seu § 1º, o CTB trata da
responsabilidade solidária entre o proprietário do veículo e o condutor que cometer infração,
“respondendo cada um de per si pela falta comum que lhes for atribuída”. Pois bem, o § 2º do
mesmo artigo, define as responsabilidades do proprietário como vinculada a regularização e
preenchimento de formalidades legais decorrentes do veículo, e o § 3º a responsabilidade do
condutor, que assim dispõe: “§ 3º. Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações
decorrentes de atos praticados na direção do veículo.” Nota-se que o CTB trata de forma
individual o proprietário do veículo e o condutor, deixando claro inclusive, a responsabilidade
de cada um. Podendo, conforme o caso, ser a mesma pessoa ou não. Tal distinção é aplicada
pelo DETRAN em toda sua administração, tanto que não é necessário se condutor habilitado
para ser proprietário de veículo e nem tão pouco, ser proprietário de veículo para ser condutor
habilitado. Há responsabilidades distintas. É notória a preocupação do legislador em punir de
fato o infrator, sentimento este, também percebido no § 8º do artigo 257 do CTB, onde
determina lavrar nova multa à pessoa jurídica que não denunciar o infrator. Não se imputa a
culpa da infração à pessoa jurídica e sim, uma multa por não indicar o verdadeiro infrator,
desta forma, pode-se aplicar uma multa ao proprietário que não indicar o condutor, mas não,
imputarlhe a autoria da infração. Vejamos o que dispõe Francisco Guimarães do Nascimento,
Ex-Diretor do Detran por 2 vezes e ExPresidente do CONTRAN, segue: “A omissão, quer
deliberada, quer involuntária, do proprietário, na denúncia do eventual condutor de seu
veículo, não importa na sua pontuação: não pode ser punido por isto. Em não havendo culpa
presumida, é inviável pontuar-se o proprietário do veículo pela infração cometida por eventual
condutor: é o proprietário, sim, responsável pelo ônus decorrente, mas, por presunção de que
fosse o condutor no momento da infração não pode ser apenado com pontuação. “Ninguém
pode ser punido por ação ou omissão prevista como infração se não tiver cometido com
consciência e vontade”, diz Bento de Faria, em seu “Código Penal Brasileiro Comentado”
(art.15). Mais: sabido é que a culpa se caracteriza por imprudência, negligência ou imperícia.
Qual a culpa, a ser apenada com pontuação, do proprietário que entrega seu veículo a alguém
legalmente habilitado, e este, na direção do veículo, vem produzir um evento criminoso ou
transgride regra de trânsito?” (Direito de Trânsito, Francisco Guimarães do Nascimento, pag.
74, Ed. Juarez de Oliveira) Importante destacar que o CTB definiu como infração, em seu artigo
163, entregar veículo a pessoa não habilitada ou impedida de exercer o direito de dirigir, deste
modo, entregar veículo para pessoas habilitadas e sem qualquer impedimento para dirigir não
caracteriza infração, desta forma, não há de se falar em punição. Confira-se a Constituição
Federal, art. 5º: “XLVI – A lei regulará a individualização da pena”. “XXIX – não há crime sem lei
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. ANTIJURIDICIDADE – “Sendo o
crime um fato típico e antijurídico, é necessário para a existência do ilícito penal que a conduta
seja antijurídica, isto é, na denominação legal, ilícita. A ilicitude decorre da contradição entre
uma conduta e o ordenamento jurídico.” (Código Penal Interpretado, 6ª ed., Julio Fabbrini
Mirabete e Renato N. Fabbrini, Ed. Atlas, pag. 227, art. 23 CP). O artigo 257, § 7º do CTB, prevê
a responsabilidade do proprietário nas multas de trânsito em que o Agente, ou os meios
eletrônicos, utilizados para identificar o veículo, não foram capazes de apontar o condutor, e o
proprietário não teve condições de efetuar a denúncia na forma prescrita em lei. No entanto, a
abrangência da responsabilidade do proprietário está prevista no mesmo artigo 257, no § 2º,
que esta vinculada a legalização do veículo e determina que os condutores do veículo sejam
devidamente habilitados, “...habilitação legal e compatível de seus condutores, ...”, não há
determinação legal para imputar a autoria das infrações decorrentes de atos praticados pelo
condutor. O § 3º, do art. 257 do CTB, determina somente ao condutor a responsabilidade
pelas infrações decorrentes de atos praticados na direção do veículo. Vale destacar, que o CTB
faz exigências burocráticas ao proprietário para indicar o verdadeiro condutor, que, muitas
vezes, não se pode cumprir por falta de vontade do próprio infrator, como exemplo, assinar a
indicação ou anexar cópia de documento que identifique a assinatura. Não basta indicar o
condutor infrator, é preciso que o mesmo esteja disposto a assumir o feito. Caso ele se recuse,
qual a culpa do proprietário? Pelo CTB terá que arcar com o valor pecuniário e ter apontado
em seu prontuário as pontuações relativas, mas não a responsabilidade dos atos praticados na
direção do veículo, culpa exclusiva do condutor. NEXO CAUSAL - O art. 13 do Código Penal
Brasileiro define crime com plena relação ao resultado. “O resultado, de que depende a
existência do crime, somente é imputável a quem lhe der causa. Considera-se causa a ação ou
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.” FALTA DE ACUSAÇÃO - Desta forma, se
não houve a identificação do condutor pelos meios utilizados pelo Estado ao aplicar a multa,
lembrando que, há espaço exclusivo nos formulários utilizados pelos agentes para identificar o
veículo, o condutor e o proprietário, não havendo o preenchimento com as informações do
condutor, não há nem sequer sustentação para uma acusar nos preceitos do art. 263, i do CTB.
O art. 280 do CTB determina as informações necessárias e possíveis para lavrar o auto de
infração, e em seu inciso IV diz: “IV – o prontuário do condutor, sempre que possível;”, ou seja,
a não identificação do condutor não é pressuposto de ilegitimidade da multa, mas, essencial
para imputação de autoria. No inciso VI do mesmo artigo, diz: “VI – assinatura do infrator,
sempre que possível, valendo esta como notificação do cometimento da infração.”, se
bastasse a fé pública dos agentes de trânsito para determinar a autoria, o legislador não teria
tido a preocupação apresentada neste inciso. “Dispõe o artigo 280, do CTB, em seu inciso VI,
que do auto de infração constará a ‘assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta
como notificação do cometimento da infração'. O texto da lei não contém palavras sem
importância nem prevê procedimentos desnecessários. Se o dispositivo supracitado dispõe
que a assinatura do infrator no auto valerá como notificação do cometimento da infração é
porque tal notificação é necessária e anterior ao julgamento da consistência do auto e da
aplicação da penalidade.” (Min. José Delgado – Ap. Cível Nº 1.0000.00.305977-1/000 – TJMG.)
Se o proprietário não pode apontar, cabe responsabilizar o proprietário no valor pecuniário e
até mesmo pontuações em seu prontuário, no entanto, não lhe cabe a responsabilidade pelo
ato praticado que decorreu a infração, de culpa exclusiva do condutor. A penalidade de
CASSAÇÃO é exclusiva do condutor, não se estende ao proprietário em caso de não indicação
do verdadeiro infrator, tal negligencia imputa-lhe pontuações no prontuário e a possível
aplicação da SUSPENSÃO. Como não há culpa presumida, não havendo prova de ser o
proprietário o condutor do veículo, e ausência do flagrante, não cabe a aplicação do art. 263,
inciso I do CTB. A penalidade ao proprietário, conforme prevê o art. 257, em seus §§ 2º, 3º e 7º
do CTB não lhe imputam a culpa por ato do condutor, restando apenas à responsabilidade
pecuniária e a pontuação. No entanto, para a aplicação do art. 263, inciso I, do CTB, não basta
ter apontado em seu prontuário pontuações de infrações de trânsito, pois elas podem ser
provenientes de outros condutores não identificados, é exigência legal o infrator conduzir
veículo, desta forma, o flagrante neste delito torna-se fundamental para a fiel acusação.
AUSÊNCIA DE FLAGRANTE – Flagrante, segundo Júlio Fabbrini Mirabete, “é uma qualidade do
delito, é o delito que está sendo cometido, praticado, é o ilícito patente, irrecusável,
insofismável, que permite a prisão do seu autor, sem mandado, por ser considerado a certeza
visual do crime”. (Rodrigo Julio Capobianco, Decisões Favoráveis a Defesa, Penal e Processo
Penal, 3ª ed., Editora Método, pag. 387) Neste sentido, determina o CONTRAN em Resolução
nº 182 de 09/09/05, que regulamento o art. 263, inciso I do CTB, que dispõe sobre
procedimento administrativo para imposição da penalidade de cassação da Carteira Nacional
de Habilitação, prevê: “Art.19. § 3º. Sendo o infrator flagrado conduzindo veículo, encerrado o
prazo para a entrega da CNH, será instaurado processo administrativo de cassação do direito
de dirigir, nos termos do inciso I do artigo 263 do CTB.” Evidente o objetivo do CONTRAN,
neste parágrafo, que regulamenta a forma de se imputar a responsabilidade de conduzir
veículo ao condutor E NÃO AO PROPRIETÁRIO. A palavra “flagrado” obriga haver a presença de
corpo do infrator e da autoridade punitiva no exato momento da conduta ilegal, sendo
evidente o procedimento de obtenção da assinatura do infrator no auto de infração. Caso
contrário, ou seja, não havendo o flagrante e o mesmo formalizado, não há de se falar em
cassação (art. 263, I do CTB). JURISPRUDENCIA – “O texto da lei não contém palavras sem
importância nem prevê procedimentos desnecessários.” (Min. José Delgado – Ap. Cível Nº
1.0000.00.305977-1/000 – TJMG.) Ou seja, as pontuações podem levar o proprietário a ser
suspenso o seu direito de dirigir por não denunciar os condutores, mas, não pode lhe ser
imputado a cassação, que prevê a prova de estar conduzindo veículo, flagrante, quando não
houve a produção desta prova. O CTB busca de forma incansável punir os infratores, sempre
respeitando a Constituição Federal e demais princípios que regem nossas legislações, não pode
a Administração Pública distorcer as determinações do legislador. Não pode o proprietário ser
punido por incapacidade do Estado na identificação do condutor no momento da infração, ou
pela omissão do verdadeiro infrator em não assumir tempestivamente sua culpa,
principalmente por não ter amparo legal. São Paulo, 28 de fevereiro de 2.013 Henrique
Serafim Gomes Advogado Especialista em Direito de Trânsito www.gomesdelima.adv.b

CONTRALLLLLLLLL

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.

Walter Aparecido Alves dos Santos busca a tutela jurisdicional com o


escopo de anular um procedimento administrativo que acarretou a
suspensão, em um primeiro momento, por 2 (dois) meses, de sua
carteira de habilitação e, posteriormente, determinou a cassação do
citado documento, pelo prazo de 2 (dois) anos, ao fundamento de que
não foi respeitado preceito legal, pois não restou demonstrada a dupla
notificação, prevista nos artigos 280 e 281, do CTB. Alega, também,
outras situações, como caso fortuito, rasura na tipificação da infração,
falta de demonstração do número de passageiros excedentes, a
justificar os vícios os quais macularam as multas sofridas, tornando o
processo nulo.
Cumpre registrar, por oportuno, que os Autos de Infração nºs
V000312293, de 17/11/2004, V000397207, de 23/11/2004,
V000498865, de 01/2/2005 e Y000353886, de 13/6/2005,
imputados ao Autor, nos dois primeiros, pela prática de transitar com
veículo com lotação excedente e, nos dois últimos, respectivamente,
por estacionar em locais e horários proibidos e por transitar em locais
não permitidos, originaram o Processo n. 055-031925/2005, iniciado
em 01/9/2005 (fls. 27/50). Consta o encaminhamento do Ofício n.
5768/2005-NUARE, em 02/9/2005, informando ao ora Apelante a
abertura de referido procedimento e oportunizando a apresentação de
defesa escrita (fl. 36).

O Autor compareceu, no dia 07/10/2005, ao Núcleo de Análise de


Recursos – NUARE, tomou ciência dos autos e apresentou defesa
escrita (fls. 37/38). Posteriormente, em 17/10/2005, referido núcleo
proferiu despacho aduzindo que as infrações cometidas atingiram 20
(vinte) pontos, o que acarretou a aplicação do § 1º, do art. 261,
do CTB, com a sugestão de impor a sanção de suspender o CNH do
demandante, pelo prazo de 2 (dois) meses, o que foi deferido, em
18/10/2005, pelo Diretor Geral Substituto do DETRAN/DF, Osni
Bueno de Freitas, com a condição da liberação da carteira à
participação do condutor em curso de reciclagem (fls. 41/42). Ato
contínuo, o Apelante entregou sua carteira de motorista em
03/1/2006 (fl. 51) e participou, com freqüência total, do curso de
reciclagem (fl. 52). O desbloqueio da carteira ocorreu em 28/3/2006
(fl. 55).
Esclareça-se, outrossim, que às fls. 116, 120, 124 e 141 constam as
cópias das infrações acima listadas, todas em nome do Autor e
devidamente assinada por este.

Dessa forma, há que se ressaltar que o Apelante, ao assinar as


notificações sofridas, tomou conhecimento prévio dos respectivos
autos de infração, o que denota o cumprimento do estabelecido
no Código de Trânsito Brasileiro e na Resolução 568/80, do CONTRAN,
pois a ciência pessoal dispensa a notificação da autuação. Vale
registrar, ainda, que o Autor, ao ser notificado do início do processo n.
055-031925/2005, prontamente, exerceu seu direito de defesa, vez
que apresentou defesa escrita, afastando aí, definitivamente, o
cerceamento de defesa.
O col. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios já se
pronunciou sobre o tema acima versado. Senão vejamos:

ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. DISTRITO


FEDERAL. COMPETÊNCIA. SERVIÇOS DE TRANSPORTE
PÚBLICO. DUPLA NOTIFICAÇÃO. RESOLUÇÃO CONTRAN 149/03.
AMPLA DEFESA.

1 - Ao organizar os serviços de transporte público de interesse local,


instituindo normas disciplinares a respeito, o Distrito Federal o faz
no exercício de competência que lhe confere a Constituição
Federal (art. 30, V), não invadindo a competência privativa da União
Federal, de que trata o art.22, XI, restrita a trânsito e transporte.
2 - Na infração de trânsito, caso o auto de infração seja
lavrado em flagrante, a assinatura do infrator dispensa a
notificação de autuação.

3 - A necessidade de dupla notificação do infrator, para legitimar a


imposição de multa de trânsito, somente passou a ser exigida a
partir de 15 de julho de 2004 (Contran - Resolução no 149, de
19.9.03, e Deliberação no 156, de 22.4.04).

4 - Comprovada a dupla notificação, tem-se como regular a


penalidade imposta.

5 - Apelação não provida. (20060110563920APC, Relator: JAIR


SOARES, 6ª Turma Cível, julgado em 23/05/2007, DJ 12/06/2007 p.
124). (Destaquei).

Nesse diapasão, não há cerceamento de defesa e nem ofensa ao devido


processo legal, porquanto o Autor foi regularmente notificado e, no
entanto, suas razões não foram suficientes para justificar as multas
sofridas, de sorte que considero válido o processo administrativo
supracitado, não havendo nenhum vício em seu procedimento, que
cumpriu com a legislação de regência e aplicou a pena prevista no
art. 261, § 1º, do Código de Trânsito Brasileiro, vez que os autos de
infração atingiram a pontuação tipificada no referido artigo.
A par disso, não se vislumbra ofensa aos artigos 280 e 281, doCódigo de
Trânsito Brasileiro como também ao verbete n. 312, do Colendo
Superior Tribunal de Justiça, pois como asseverado, houve a dupla
notificação do Apelante, não havendo que se falar em nulidade no
procedimento administrativo n. 055-031925/2005.
No que pertine ao fundamento lançado nas razões recursais acerca
das irregularidades havidas no bojo dos Autos de Infração acima
citados, que ensejariam a nulidade de todo o processo que suspendeu
e cassou o CNH do Apelante, verifica-se que não guarda pertinência
com a realidade fática trazida aos autos, de modo que não merece
prosperar o inconformismo autoral neste aspecto.

Dessume-se, então, que a multa n. V000498865 (fl. 124), referente à


infração de parar em local proibido, não traz nenhuma mácula em seu
teor, não obstante o Apelante afirmar o irregular preenchimento do
código do município e a presença de rasura na tipificação da infração,
de modo que se depreende, claramente, a regularidade da multa, vez
que há expressa menção do “Município” de Taguatinga e a incidência
do tipo previsto no art. 181, inc. XIX, do CTB.
Quanto à infração n. Y000353886, o Recorrente aduz que seu veículo
quebrou e, diante desse caso fortuito, foi obrigado a parar, de forma
“obrigatória para evitar acidentes de maiores proporções” (fl. 299),
isto sem falar na falta de designação do código do município e do tipo
de infração cometida, sem a descrição da conduta na lavratura do
auto, a justificar a nulidade do citado auto de infração. Entretanto,
como asseverado na r. sentença vergastada, o depoimento do gerente
da concessionária que recebeu o automóvel afirma que o carro não
entrou guinchado, chegando à empresa por seus próprios meios,
tendo sido realizado e finalizado o serviço no mesmo dia (fl. 288), o
que denota não justificar o caso fortuito, porquanto o Apelante teve
condições de levar o veículo avariado para conserto sem auxílio de
mecânico ou de guincho, de sorte que não há irregularidade no
preenchimento da infração.

Destarte, as multas aplicadas por servidor público devidamente


autorizado para tal mister, além da presunção de legitimidade
inerente a todos os atos administrativos, cumpriu com os ditames
legais previstos no Código de Trânsito Brasileiro, de modo que formam
atos jurídicos perfeitos, válidos e eficazes, porque não há, nos autos,
nenhuma prova capaz de atestar a presença de vícios hábeis a afastar
sua legitimidade.
É certo que todo ato administrativo traz em seu bojo o atributo da
presunção de legitimidade. Assim, para retirar dito ato da esfera
jurídica, mister a incidência de vícios em sua formação ou a
comprovação de sua ilegalidade, acrescido à desnecessidade de sua
existência no mundo jurídico, denotando a possibilidade de se
revogar, anular ou cassar o ato administrativo.

No caso em comento, o servidor público exercitou o poder de polícia a


ele investido para praticar o ato de multar o Apelante, por violação a
expressos dispositivos legais, não sendo verificado, no ato praticado, o
abuso de poder, na modalidade excesso de poder como não foi
ultrapassado os limites de suas atribuições legais, tanto que o próprio
Requerente não nega a lotação excedente e nem afirma ter o agente
agido com abuso de autoridade.

Nesse cotejo, impende consignar que o preposto do Apelado agiu


dentro dos ditames legais, cumprindo seu dever-poder de velar pelo
estrito cumprimento das leis de trânsito, de modo que os autos de
infração não possuem nenhuma mácula capaz de denotar sua
anulação.

Cumpre destacar, assim, que as provas carreadas pelo Autor são


insuficientes a possibilitar à suspensão da validade e eficácia dos
Autos de Infração nºs V000312293, V000397207, V000498865 e
Y000353886, descuidando-se de cumprir com a exegese prevista no
artigo 333, inciso I, doCódigo de Processo Civil, uma vez que era sua
obrigação provar as irregularidades havidas nos atos administrativos
perpetrados, pois o atributo da presunção de legitimidade e
legalidade, permeia a essência dos atos praticados, sendo ônus da
parte Autora a prova constitutiva de seu direito.
Confira-se excerto jurisprudencial desta Egrégia Quarta Turma Cível
sobre o tema acima tratado, in verbis:

CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO.


NULIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.
ILEGALIDADES NÃO DEMONSTRADAS. AUTOS DE INFRAÇÃO
EM CONFORMIDADE COM AS NORMAS LEGAIS.
ART. 280 DOCÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO.
1. Ao apelante cabe demonstrar a ilegalidade do ato
administrativo, o qual goza de presunção quanto à sua
legalidade e legitimidade, até prova em contrário,
aplicando-se à espécie o disposto no art.333, inc. I, do Código
de Processo Civil, não tendo se desincumbindo do ônus de
provar as alegadas inconsistências ou irregularidades.
2. As irregularidades apontadas pelo apelante não tem o condão de
retirar a eficácia, a validade e a legalidade dos autos de infração
onde foram observados e obedecidos os critérios elencados no
art. 280 do Código de Trânsito Brasileiro.
3. As imperfeições dos autos apontadas pelo apelante, somente
configurariam vício se trouxessem a ele real prejuízo no uso de seus
direitos ao contraditório e a ampla defesa, o que não restou
comprovado tendo em vista que todas as notificações lhe foram
devidamente encaminhadas.

4. Recurso conhecido e não provido. (20050111468123APC, Relator:


GILBERTO DE OLIVEIRA, 4ª Turma Cível, julgado em 28/11/2007,
DJ 06/12/2007 p. 101). (Grifei).

Dessa forma, as irregularidades administrativas postuladas no bojo


das razões recursais não amparam a pretensão autoral, ante a
ausência de provas irrefutáveis aptas a macular o teor das multas
sofridas pelo Apelante, nos termos preconizados pelo art. 333, inc. I,
do CPC, tendo agido com acerto o douto magistrado monocrático.
Quanto ao Auto de Infração n. S00064728, ocorrido em 27/12/2005
(fl. 128), é de se admitir que o documento de fl. 62 é claro em declarar
o cancelamento da multa, ao deferir a defesa prévia apresentada pelo
Autor, de forma que não se vislumbra sua utilidade na presente
demanda, mormente porque a cassação da carteira de motorista se
deu não em razão da infração cometida, mas sim pelo
descumprimento legal previsto no inciso I, do artigo 263, do Código de
Trânsito Brasileiro, vez que o Apelante foi supreendido conduzindo
veículo automotor quando sua habilitação estava suspensa.
Por fim, registre-se que o Auto de Infração n. V000525249, de
13/1/2006, não traz nenhuma mácula em seu teor a ponto de ser
cancelado e o fato de o Apelante ser flagrado dirigindo automóvel em
período em que sua habilitação estava suspensa configura-se em fator
preponderante a ensejar a cassação de sua CNH, pelo período de 2
(dois) anos. Isso porque o art. 263, inc. I, do CTB, não deixa margem
para tergiversação, expressando que o documento de habilitação será
cassado quando o infrator, com carteira suspensa, for autuado por
estar conduzindo veículo, de forma que não se identifica qualquer
defeito na decisão exarada por preposto do ora Apelado (fl. 201).
Nesse ponto, com propriedade asseverou o douto sentenciante, in
verbis:

Não cabe, portanto, a argumentação de que a invalidação de auto de


infração torna nula a decisão que determinou a cassação da CNH.
Vale reiterar que o autor estava impedido de conduzir qualquer
veículo.

Especificamente, quanto ao procedimento administrativo que cassou


a CNH, não resta demonstrada ilegalidade por parte da
Administração Pública. Ademais, os autos contêm as comunicações
encaminhadas ao demandante, os requerimentos de defesa
apresentados ao órgão de trânsito, o Termo de Ciência e
Compromisso quanto ao processo iniciado, inclusive com indicação
dos prazos para apresentação de defesa prévia. (fl. 290).

A par disso, não obstante a regularidade administrativa da multa


aplicada ao Apelante, é de se ressaltar que, durante o período de 2
(dois) meses em que houve a suspensão do CNH do Autor, era-lhe
vedado conduzir qualquer veículo automotor, de sorte que o simples
fato de a autoridade policial ter flagrado o Recorrente dirigindo,
independentemente de ter cometido qualquer ilícito no trânsito, já
preencheu o tipo previsto no inc. I, do art. 263, doCTB, de modo que
agiu com acerto a douta sentença vergastada.
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso, mantendo
incólume o decisum monocrático, por seus próprios e jurídicos
fundamentos.

É o voto.

O Senhor Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT - Revisor

Com o Relator

O Senhor Desembargador SANDOVAL OLIVEIRA - Vogal

Com o Relator

DECISÃO

NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, UNÂNIME.

Código de Verificação:

Código de Verificação:
QPI5.2009.424Z.IY5J.IANW.DYI4QPI5.2009.424Z.IY5J.IANW.DYI4

Gabinete da Desembargadora LEILA ARLANCH 8

T
J
ACÓRDÃO
-
S
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0023674-
P
28.2012.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante
- CARLOS PEREIRA FURTADO, é apelado FAZENDA DO
JOAO
A
ESTADO DE SÃO PAULO.
p
ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça
e
de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Julgaram prejudicado o
l
a
ç
ã
recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


MARIA OLÍVIA ALVES (Presidente) e REINALDO MILUZZI.

São Paulo, 19 de outubro de 2015.

SILVIA MEIRELLES
RELATORA
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO

São Paulo

Apelação: 0023674-28.2012.8.26.0053

Apelante: JOÃO CARLOS PEREIRA FURTADO

Apelada: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Comarca: CAPITAL

Juiz: Dr. KENICHI KOYAMA

Voto nº: 4601 K*


APELAÇÃO CÍVEL - Ação declaratória de inexistênciade
relação jurídica Infração de trânsito cometidadurante o
cumprimento de pena de suspensão do direito de dirigir -
Art. 263, inc. I, do C.T.B Alegação de ausência de notificação -
Sentença de improcedência decretada em primeiro grau
Pretensão de reforma -Pedido de anulação de multa de
trânsito lavrada pela Prefeitura do município de Guarulhos
Fazenda do Estado (DETRAN) é parte ilegítima para compor
o polo passivo da ação - Ilegitimidade passiva ad
causam reconhecida Sentença reformada, para o fim de
julgar extinto o feito, sem resolução de mérito, nos termos
do art.267, inc. VI, do Código de Processo Civil -
RecursoPrejudicado.

Trata-se de recurso de apelação interposto por

JOÃO CARLOS PEREIRA FURTADO, contra a r. sentença de fls.

61/67 que, nos autos da ação declaratória de inexistência de relação

jurídica, proposta em face da FAZENDA DO ESTADO DE SÃO

PAULO, julgou improcedente o pedido, nos termos do artigo 269,


inciso I, do Código de Processo Civil, que pretendia a declaração de

inexigibilidade da multa de trânsito que culminou com o


procedimento

de cassação de seu direito de dirigir, com a exclusão dos pontos em


sua
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PODER JUDICIÁRIO

São Paulo
CNH. Houve a condenação do vencido ao pagamento das custas e
despesas processuais e dos honorários advocatícios fixados em 10%
(dez por cento) do valor atribuído à causa, observada a Lei
nº. 1.060/50.

Inconformado com a r. sentença, apela o vencido a fls. 80/85,


alegando, preliminarmente, a ocorrência de cerceamento de defesa,
ante o julgamento antecipado da lide. Ademais, reitera os
fundamentos já expostos na inicial, rogando pela reforma integral da
r. sentença.

Recurso recebido e devidamente processado, a apelada apresentou


contrarrazões a fls. 89/94.

É o relatório.

Trata-se de recurso de apelação interposto contra a r. sentença que


julgou improcedente o pedido, pretendido para a declaração de
inexigibilidade da multa de trânsito, com a exclusão dos pontos em
sua CNH, que culminou com o procedimento de cassação do direito
de dirigir do ora apelante.

Com todo respeito às argumentações trazidas pelo apelante, tem razão


a apelada ao invocar sua ilegitimidade passiva ad causam.

Isto porque, conforme se extrai da análise do pedido inicial, é a


pretensão do ora apelante a declaração de
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inexigibilidade da multa de trânsito cometida no dia 03.01.2010, bem


como a anulação das penalidades dela decorrentes, quais sejam: a
exclusão dos pontos e, consequentemente, do procedimento de
cassação de seu direito de dirigir.

Todavia, o DETRAN, aqui representado pela Fazenda do Estado, por


disposição legal, não tem competência para analisar a consistência ou
a subsistência de autos de infração lavrados por outros órgãos, mas
sim de promover os procedimentos tendentes à suspensão/cassação
do direito de dirigir daqueles infratores.

Assim, por se cuidar de um ato complexo, para que a antecedente e


necessária declaração de nulidade da multa fosse possível, com a
exclusão dos pontos em carteira, há necessidade de integração da lide
pelo órgão de trânsito ou municipalidade que efetuou a autuação,
únicos que têm poder para corrigir o ato impugnado.

No caso, como se observa da notificação acostada a fls. 22, que foi a


prefeitura do município de Guarulhos o órgão autuador da infração
cometida no dia 03.01.2010.

Assim, resta claro que é deste órgão municipal a competência para


responder as alegações do apelante, bem como para verificar a
suposta ausência de notificação ora alegada, descabendo atribuir à
apelada tais responsabilidades.

A apelada, como autoridade estadual de trânsito que


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promoveu os procedimentos de suspensão/cassação do direito de


dirigir do apelante, conforme se observa a fls. 22, não tem
competência para analisar a consistência ou a subsistência do auto de
infração, eis que, a Portaria DETRAN/SP nº 767/2006, com a
alteração dada pela Portaria DETRAN/SP nº 1391/06, que incluiu no
artigo 15, os § 1º e 2º, assim prescrevem:
“Art. 15. A autoridade de trânsito, após análise dos elementos
cognitivos acostados ao procedimento administrativo ou decorrido o
prazo para exercício da defesa, proferirá decisão motivada e
fundamentada, acolhendo as razões da defesa ou aplicando a
penalidade pertinente, com posterior cientificação do infrator.

§ 1º. A autoridade de trânsito, quando do julgamento


do procedimento administrativo, não poderá :

I - analisar a consistência ou a subsistência do auto de infração


ou da penalidade de multa de trânsito;

II - julgar o mérito ou a ocorrência da prescrição da multa de trânsito


que originou a pontuação;
III - aceitar argumento deduzido pela defesa quanto à inexistência da
expedição das notificações exigidas paraconstituição do processo
administrativo de imposição da penalidade de multa de trânsito; e

IV - acolher argumento, vinculado ou não à apresentação de


declaração ou documento equivalente, de que o condutor pontuado
não é o responsável pela infração de trânsito ou de que, no momento
da autuação, não estava na condução do
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São Paulo

veículo.
§ 2º. As situações dispostas no parágrafo anterior
serão analisadas , por força de atribuição conferida peloCódigo de
Trânsito Brasileiro, pelo órgão ou entidade de
trânsito competente pela autuação e aplicação da multa de
trânsito , assim como a recepção tempestiva da indicação realizada
pelo proprietário do veículo.”
Da análise conjugada dos dispositivos supra transcritos, extrai-se que
a Fazenda do Estado, ora apelada, não detém a competência para
responder às alegações do apelante quanto à inexistência de
notificações, uma vez que os requisitos de consistência e de validade
das autuações de trânsito, bem como das penalidades aplicadas
devem ser discutidas perante o órgão competente pela autuação, às
quais a apelada não tem acesso no momento de julgar a penalidade de
suspensão/cassação.

E, in casu, como já exposto, o órgão autuador é a prefeitura do


município de Guarulhos, sendo este o órgão responsável pela
notificação do apelante.

Deveria o apelante, que busca desconstituir a infração que ensejou a


penalidade de cassação de seu direito de dirigir, ter acionado aquela
autoridade de trânsito responsável pela lavratura do auto de infração
(prefeitura do município de Guarulhos), no âmbito de sua
competência, não havendo, aqui, como se considerar ausente a
notificação.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO

São Paulo

O DETRAN ou a Fazenda do Estado não têm qualquer poder para


anular o auto de infração ora impugnado, eis que dependem da
antecedente anulação das multas perante o órgão autuante, razão pela
qual a apelada é parte passiva ilegítima para compor o pólo passivo da
ação, sendo o apelante dela carecedor.
Diante de todo o exposto, conclui-se que a r. sentença ser reformada,
a fim de se reconhecer a ilegitimidade passiva ad causam, extinguindo
o feito, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 267, inciso VI,
do Código de Processo Civil.
Ressalto, finalmente, que o presente acórdão enfocou as matérias
necessárias à motivação do julgamento, tornando claras as razões do
decisum.

Todavia, para viabilizar eventual acesso às vias extraordinária e


especial, considero prequestionada toda matéria infraconstitucional e
constitucional, observando o pacífico entendimento do Superior
Tribunal de Justiça no sentido de que, tratando-se de
prequestionamento, é desnecessária a citação numérica dos
dispositivos legais, bastando que a questão posta tenha sido decidida
(EDROMS 18205 / SP, Ministro FELIX FISCHER, DJ 08.05.2006 p.
240).

Ante o exposto, pelo meu voto, julgo extinto o feito, sem resolução de
mérito, reconhecendo a ilegitimidade passiva ad causam
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO

São Paulo

da Fazenda Estadual, nos termos do art. 267, inciso VI, do Código de

Processo Civil, e, por consequência, dou por prejudicado o


recurso .

SILVIA MEIRELLES

Relatora
ELATÓRIO

O relatório é, em parte, o da r. sentença (fls. 90/5), o qual transcrevo:


“Trata-se de mandado de segurança impetrado por ROSANA MARIA
QUEIROZ VIEGAS DE PINHO E CARVALHO contra ato reputado
ilegal do CHEFE DO NÚCLEO DE REGISTRO DE PENALIDADE -
NUPEN - DO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO DISTRITO
FEDERAL e DIRETOR GERAL DO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO
DO DISTRITO FEDERAL.

Aduz a impetrante ter sido notificada, em 11.08.2008, sobre a


abertura de processo administrativo contra si instaurado em virtude
de ter ultrapassado a quantia de 20 pontos em sua carteira de
habilitação dentro do período de 12 meses, conforme estabelece
o Código de Trânsito Brasileiro.
Conta que, após os trâmites processuais, foi-lhe encaminhada
notificação informando da decisão suspendendo sua CNH pelo
período de 03 meses, a contar de seu recolhimento. Contra tal
decisão interpôs recurso.

Relata que, após o indeferimento do recurso, foi-lhe enviado novo


ofício informando de que o prazo de suspensão começaria a vigorar
a partir do recolhimento da carteira, contudo, tal aviso foi recebido
pelo porteiro de seu prédio, não lhe chegando ao conhecimento na
época.

Posteriormente, compareceram em sua residência agentes de


trânsito, no dia 21.06.2012 e recolheram sua carteira de habilitação,
quando, então, fora devidamente intimada do termo inicial da
penalidade de suspensão por três meses, a qual foi cumprida, pois se
absteve de dirigir pelo período fixado e compareceu ao curso de
reciclagem, tendo, a CNH, sido devolvida em 03.10.2012

Reclama que, após a devolução de sua CNH, foi surpreendida com


novo ofício da NUPEN, informando-lhe a possível aplicação da
penalidade de cassação de sua CNH, por ter conduzido seu veículo,
mesmo durante o período de suspensão, sem a instauração de novo e
formal processo administrativo, entretanto, as multas indicadas
datam de período anterior a entrega da CNH.
Insurge-se contra a aplicação do inciso I do art. 263 do CTB, bem
como contra a inobservância às normas do processo administrativo.
Ao final, requer, liminarmente, que seja determinado o trancamento
do processo administrativo nº 055.031613/2008, por já ter atendido
a finalidade de aplicação da sanção de suspensão da CNH. No
mérito, pede a concessão da segurança para declarar que não
infringiu o inciso I do art. 263 do CTB, com a devolução da CNH,
caso a pena já tenha sido aplicada.
Foram juntados documentos de fls. 15/53.

O pedido liminar foi indeferido, nos termos da decisão de fl. 55.

A autoridade coatora prestou informações de fls. 65/66,


acompanhada dos documentos de fls. 67/73, na qual argumenta que
os efeitos da penalidade de suspensão do direito de dirigir incidem
desde sua publicação, apenas a contagem do prazo de suspensão é
condicionada ao recolhimento da CNH.

O DETRAN-DF, por meio da petição de fl. 74, requereu sua inclusão


no feito como litisconsorte passivo, ratificando as informações
prestadas.

No despacho de fl. 76, foi admitida a inclusão do DETRAN-DF.

O Ministério Público manifestou-se às fls. 79/87, pela concessão da


segurança.

Acrescento que a r. sentença concedeu a segurança, nos seguintes


termos:

“[...].

Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA e DETERMINO a


suspensão do andamento do processo administrativo nº
055.31613/2008, pois a impetrante não incidiu na conduta prevista
no art. 263, I, do CTN. Em conseqüência, resolvo o mérito, nos
termos do artigo 269, I, do C.P.C.
Dê-se vista ao Ministério Público.

Sem custas. Sem honorários (Súmulas 512 do S.T.F. e 105 do S.T.J e


art. 25 da Lei nº 12.016/09).
Transitada em julgado, arquivem-se.” (fl. 95)

O impetrado interpôs apelação (fls. 98/104), na qual sustenta a


legalidade do ato impugnado com o argumento de que os efeitos da
penalidade de suspensão do direito de dirigir incidem desde a sua
publicação (26/03/12), sendo que apenas a contagem do prazo de
suspensão é condicionada ao recolhimento da CNH.

Acrescenta que a impetrante “fora notificada de todas as infrações


que deram ensejo à abertura do processo administrativo nº
055.031613/2008, conforme atestam os ARs juntados aos autos” (fl.
101). Ressalta que após o indeferimento do recurso apresentado à
JARI, ela foi comunicada em 26/03/12 da aplicação de suspensão do
direito de dirigir por três meses, sendo a sua CNH recolhida em
21/06/12. Aduz que em 09/04/12 “o DETRAN/DF já havia efetuado
o bloqueio da CNH da impetrante, cuja validade expiraria em
05/10/2012 conforme janela de consulta acostada aos autos” (fl.
101).

Ressalta que durante o período em que a impetrante cumpria a


penalidade de suspensão do direito de dirigir (09/04/12 a
05/10/12), “fora flagrada dirigindo veículo automotor cometendo,
inclusive, outras infrações de trânsito” (fl. 102). Respalda as suas
alegações na regra disposta no § 3º do art. 19 da Resolução nº
182/05/CONTRAN, e afirma que no caso de ser imposta a penalidade
de cassação da CNH, a impetrante poderá requerer a sua reabilitação
submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação na forma
estabelecida pelo CONTRAN, art. 263, § 2º, CTB. Acrescenta que
subordinar os efeitos da penalidade à conduta do infrator, consistente
na entrega da CNH, significa retirar um dos atributos do ato
administrativo, qual seja, a auto-executoriedade.
Pugna pelo conhecimento e provimento da apelação para reformar a
r. sentença e denegar a segurança, permitindo-se a continuidade do
processo administrativo para cassação da CNH da impetrante.

O DETRAN/DF está dispensado do recolhimento do preparo, diante


da isenção legal, art. 511, § 1º, CPC.
A impetrante apresentou contrarrazões (fls. 111/2).

Parecer ministerial (fls. 122/4-v) do Exmo. Procurador de Justiça


José Firmo Reis Soub oficiando pelo conhecimento e desprovimento
da apelação.

É o relatório.

VOTOS

A Senhora Desembargadora VERA ANDRIGHI - Relatora

Conheço da apelação, porque presentes os pressupostos de


admissibilidade.

A apelada-impetrante insurge-se contra ato da autoridade coatora,


consubstanciado na abertura de processo administrativo em razão de
conduta prevista no art. 263, inc.I, do CTB.
Por outro lado, o apelante-impetrado sustenta a legalidade do ato
impugnado, pois a apelada-impetrante foi flagrada conduzindo
veículo durante a vigência da penalidade de suspensão do direito de
dirigir. Argumenta que os efeitos da penalidade de suspensão do
direito de dirigir incidem desde a sua publicação, ou seja, desde a
notificação da condutora em 26/03/12, sendo que apenas a contagem
do prazo de suspensão é condicionada ao recolhimento da CNH.

De acordo com os autos, a apelada-impetrante foi notificada, por meio


do Ofício nº 10453/12-NUPEN, de 08/10/12 (fl. 50), da instauração
de novo processo administrativo em razão da infringência do art. 263,
inc. I, do CTB, o que culminaria na cassação da CNH.
Note-se que a apelada-impetrante foi comunicada da aplicação da
penalidade de suspensão do direito de dirigir em 26/03/12, por três
meses (fl. 43). Na referida notificação constava que a punição
somente seria válida a partir da apreensão da CNH, o que ocorreu em
21/06/12 (fl. 44):

“Cumpre-nos informar a Vossa Senhoria que após análise do


processo administrativo em epígrafe, instaurado em razão das
infrações cometidas e previstas no Artigo 261 do Código de Trânsito
Brasileiro, fora determinada a apreensão da Carteira Nacional de
Habilitação - CNH até que seja cumprido o prazo de suspensão do
direito de dirigir, bem como a participação obrigatória no Curso de
Reciclagem. Esclarecemos a V.Sª. que o prazo acima começará a
vigorar a partir do recolhimento da Carteira, lembrando que a CNH
poderá ser cassada caso V.Sª seja encontrado (a) dirigindo qualquer
veículo automotor, no período em que perdurar a penalidade de
suspensão conforme previsto no art. 263-I doCTB.” (fl. 43).
O art. 263, inc. I, do CTB dispõe que a penalidade de cassação da CNH
dar-se-á quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir
qualquer veículo; logo, está vinculada ao prazo de contagem da
penalidade de suspensão. No entanto, não consta no mencionado
dispositivo legal o termo inicial da contagem do prazo.
Conforme já ressaltado, a notificação de 26/03/12 (fl. 43) consta
determinação do próprio DETRAN/DF de que o termo inicial da
penalidade de suspensão seria a data do recolhimento da CNH que,
repita-se, ocorreu em 21/06/12 (fl. 44). O DETRAN/DF afirma que a
apelada-impetrante foi flagrada conduzindo veículo enquanto
cumpria a penalidade de suspensão do direito de dirigir (09/04/12 a
05/10/12), inclusive com aplicação de multas. Todavia, as multas
indicadas pelo apelante-impetrado (28/05/12, 08/06/12 e 10/06/12 –
fl. 65-v) ocorreram antes do recolhimento da CNH.

Portanto, os argumentos do apelante-impetrante violam os princípios


da proporcionalidade, razoabilidade, ampla defesa e contraditório, o
que impõe reconhecer a nulidade do ato de instauração de processo
administrativo para cassação da CNH.
Enfim, o § 3º do art. 19 da Resolução nº 182/05 - CONTRAN, também
não respalda a alegada legalidade do ato administrativo impugnado.

Sobre a matéria, confiram-se julgados deste e. TJDFT:

“APELAÇÃO. DIREITO ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO


DIREITO DE DIRIGIR. VIGÊNCIA. ENTREGA DA CNH.
APLICAÇÃO DE MULTAS ANTERIORMENTE AO PERÍODO DE
SUSPENSÃO. CASSAÇÃO DA CNH. IMPOSSIBILIDADE. - O
entendimento desta corte é de que o prazo de suspensão somente
inicia-se com o recolhimento da CNH, mormente quando tal termo
inicial fora determinado pelo próprio DETRAN/DF.

- Deve ser afastada a incidência do art. 263, I, do CTb, tendo em vista


que o período de suspensão do direito de dirigir do autor ainda não
havia iniciado. - Negou-se provimento ao recurso.” (Acórdão
n.599820, 20080110268170APC, Relator: LEILA ARLANCH, Revisor:
LECIR MANOEL DA LUZ, 1ª Turma Cível, Data de Julgamento:
20/06/2012, Publicado no DJE: 04/07/2012. Pág.: 97)
“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ATO
ADMINISTRATIVO. CASSAÇÃO DA CNH COM FUNDAMENTO NO
ARTIGO 263, INCISO I, DO CTB. MULTAS ANTERIORES AO INÍCIO
DO PRAZO DE SUSPENSÃO. IMPOSSIBILIDADE. ERRO
MATERIAL CONTIDO NO DISPOSITIVO DA SENTENÇA.
CORREÇÃO. ARTIGO 463, I, CPC.
1. A decisão administrativa que originou a suspensão do direito de
dirigir do Apelado determinava que o prazo de cumprimento da
penalidade teria inicio com o recolhimento da CNH do interessado.

2. Deve ser anulado o ato de cassação da CNH fundado em multas


aplicadas ao Apelado após a notificação deste acerca da penalidade
de suspensão da CNH, quando o prazo da suspensão ainda não
havia se iniciado. 3. Observado erro material no dispositivo da
sentença deve ser corrigido (artigo 463, inciso I, do CPC).
4. Recurso conhecido e improvido.” (Acórdão n.598660,
20100110961069APC, Relator: GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA,
Revisor: CESAR LABOISSIERE LOYOLA, 3ª Turma Cível, Data de
Julgamento: 21/06/2012, Publicado no DJE: 02/07/2012. Pág.: 96)
“ADMINISTRATIVO. DETRAN/DF. SUSPENSÃO DO DIREITO DE
DIRIGIR. VIGÊNCIA. ENTREGA DA CNH. APLICAÇÃO DE MULTAS
ANTERIORMENTE AO PERÍODO DE SUSPENSÃO. CASSAÇÃO DA
CNH. IMPOSSIBILIDADE. 1. Estando consignado na Instrução de
Serviço lavrada pelo DETRAN/DF que o prazo da suspensão do
direito de dirigir será contado a partir do recolhimento do
documento de habilitação, não é lógico que se considere, como marco
inicial para a contagem do prazo de suspensão, a data em que a
parte recebeu a comunicação da penalidade, ocorrida anteriormente
àquela em que entregou a CNH, visando o cumprimento da
penalidade aplicada., sobretudo . 2. Não existem razões, portanto,
para a cassação da carteira de habilitação, com base nos arts. 256,
inciso V, e 263, inciso I, ambos do CTB, ante a ausência de
informações de que, durante o período de suspensão, o autor tenha
conduzido qualquer veículo, haja vista que as multas que lhe foram
aplicadas ocorreram anteriormente ao prazo de suspensão de trinta
dias, sobretudo quando este cumpriu todos os trâmites
administrativos necessários para regularizar sua situação perante o
órgão de trânsito.
3. Remessa ex officio e recurso do DETRAN-DF improvidos.”
(Acórdão n.500152, 20090111032166APC, Relator: ARNOLDO
CAMANHO DE ASSIS, Revisor: ANTONINHO LOPES, 4ª Turma
Cível, Data de Julgamento: 14/04/2011, Publicado no DJE:
03/05/2011. Pág.: 280)
Diante desse contexto, impõe-se a manutenção da r. sentença que
concedeu a segurança.

Isso posto, conheço da apelação do impetrado e nego provimento.

É o voto.

O Senhor Desembargador ESDRAS NEVES - Revisor

Com o Relator
O Senhor Desembargador JAIR SOARES - Vogal

Com o Relator.

DECISÃO

CONHECIDO. DESPROVIDO. UNÂNIME.

TOS (Presidente sem voto), REINALDO MILUZZI E CARLOS


EDUARDO PACHI.

São Paulo, 28 de novembro de 2011.

SIDNEY ROMANO DOS REIS


RELATOR

Assinatura Eletrônica
2

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Apelação Cível n. 0023588-28.2010.8.26.0053 Voto nº


14.635

Apelante: Eliana de Sampaio Moreira

Apelada: Fazenda Pública do Estado de São Paulo

Comarca: São Paulo

Juiz de Direito sentenciante: Cesar Augusto Vieira Macedo

Apelação Cível Mandado de Segurança Multas de trânsito Sentença


que julgou improcedente a demanda, denegando a segurança Recurso
voluntário da impetrante Desprovimento de rigor Ausência de
violação a direito líquido e certo da impetrante capaz de acarretar a
anulação das multas e do procedimento administrativo instaurado
para cassar sua CNH Produção de provas inviável em sede de
mandado de segurança
Precedentes Elementos colacionados aos autos que permitem afirmar
que as notificações acerca das autuações e da instauração de
procedimento administrativo de cassação da CNH da recorrente por
cometer novas infrações com a CNH já suspensa ocorreram
regularmente Abertura de procedimento de cassação do direito de
dirigir que está em consonância com o art. 263, inc. I, do CTB De
outra parte, não cabe ao Poder Judiciário se imiscuir na análise do
mérito do ato administrativo, mormente porque não colidente com as
normas do Código de Trânsito Brasileiro Precedentes desta C. Câmara
de Direito Público Sentença mantida e ratificada, nos termos do art.
252 do Regimento Interno desta E. Corte de Justiça Recurso
voluntário da impetrante desprovido.

1. Trata-se de recurso voluntário interposto contra a

r. sentença de fl. 105, que julgou improcedente o pedido, denegando a

segurança.

Inconformada, a impetrante apelou alegando, em

breve síntese, que não foi notificada das infrações e da abertura do

procedimento administrativo para a cassação de sua Carteira


Nacional

de Habilitação (CNH). Insiste, ainda, que houve violação ao Princípio

do Devido Processo Legal (fls. 110/123).

O recurso foi contrariado (fls. 130/133).


3
PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Subiram os autos.

A Douta Procuradoria Geral de Justiça deixou de se manifestar acerca


do recurso interposto por não vislumbrar a presença dos requisitos
legais que justifiquem a intervenção do Ministério Público no caso,
nos termos do Ato nº 313/2003 (fl. 138).

Relatei.

Fundamento e voto.

2. Em que pesem as razões da impetrante, não comporta reforma a r.


decisão recorrida.

A decisão proferida pelo Digno Juiz de Primeiro Grau está correta e


suficientemente motivada, razão pela qual é de rigor sua manutenção
e ratificação, nos termos do artigo 252 do Regimento Interno deste
Egrégio Tribunal de Justiça.

Alega a impetrante, em apertado resumo, que não foi notificada das


autuações e que o procedimento administrativo contra ela instaurado
é nulo, de modo a ser ilegal e abusiva a decisão da autoridade
impetrada no sentido de cassar arbitrariamente seu direito de dirigir.

Sem razão, contudo.

Da compulsa aos elementos colacionados aos autos, é possível


verificar que não logrou comprovar a impetrante ofensa a direito
líquido e certo de que afirma ser titular.
Como se sabe, direito líquido e certo é aquele que se apresenta
manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão
4

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

e apto a ser exercitado no momento da impetração. Por outras


palavras, o direito invocável, para ser amparável por mandado de
segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os
requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante: se sua
existência for duvidosa; se sua extensão ainda não estiver delimitada;
se seu exercício depender de situações e fatos ainda indeterminados,
não rende ensejo à segurança, embora possa ser defendido por outros
meios processuais.

Quando a lei alude a direito líquido e certo, exige que esse direito se
apresente com todos os requisitos para seu conhecimento e exercício
no momento da impetração. Em última análise, direito líquido e certo
é direito comprovado de plano. Se depender de comprovação
posterior, não é líquido nem certo, para fins de segurança ( Hely
Lopes Meirelles. Mandado de Segurança. 30 ª edição,
atualizada por Arnold Wald e Gilmar Ferreira Mendes.
São Paulo: Malheiros, p. 38 ).

No caso concreto, não há violação a direito líquido e certo da


impetrante capaz de acarretar a anulação dos autos de infração que
lhe foram impostos e do procedimento administrativo instaurado para
a cassação de seu direito de dirigir.

A produção de provas em sentido contrário é inviável em sede de


mandado de segurança.
Nesse sentido já decidiu esta Colenda Câmara de Direito
Público . Confiram-se:

MANDADO DE SEGURANÇA. Matéria dependente de


produção de provas. INVIABILIDADE.
Manifestainadequação da via processual escolhida.
Recursodesprovido.
(TJSP, Apelação Cível n. 628.276.5/6-00 - São Paulo,
5

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Relator: Oliveira Santos, Voto 25.046, j. 26.01.2009, V.U.).


MANDADO DE SEGURANÇA - Professora -Faltas ao
trabalho - Atestados médicos irregulares Descontos devidos
- Produção de provas em mandado de segurança
Ordem denegada - Recurso não provido(TJSP, Apelação Cível
nº 844.951.5/2-00 Pindamonhangaba,
Relator: Evaristo dos Santos, Voto 18.554, j. 26.01.2009, V.U.).

Deste entendimento não destoa o Egrégio

Superior Tribunal de Justiça . Confira-se:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL

MANDADO DE SEGURANÇA PROVA PRÉCONSTITUÍDA


JUNTADA EXTEMPORÂNEA DEDOCUMENTOS DILAÇÃO
PROBATÓRIA
IMPOSSIBILIDADE REFORMA DO ACÓRDÃORECORRIDO.
1. O entendimento desta Corte é no sentido de que, no
mandado de segurança, todas as provas necessárias para se
evidenciar direito líquido e certo devem vir arroladas junto
às informações prestadas, não sendo permitida juntada
extempôranea de documentos, de acordo com o artigo 7º,
inciso I, da Lei n. 1.533/51.

2. O mandado de segurança é ação constitucional que não


admite dilação probatória, o que evidencia a necessidade
de prova pré-constituída e inequívoca.
Agravo regimental improvido.
(STJ, AgRg no REsp 897719 / PR, Agravo Regimental no Recurso
Especial 2006/0236707-8, T 2 Segunda Turma, Relator Ministro
Humberto Martins (1130), j. 18.12.2008, p. DJe 13.02.2009).

No caso concreto, não demonstrou a impetrante o

direito líquido e certo postulado. Não colacionou prova no sentido de

que as autuações e o procedimento administrativo sofridos seriam


irregulares, sobretudo em confronto com a Constituição Federal e com

a legislação federal que rege a matéria.


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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

De outra parte, porém, a autoridade impetrada, ao prestar as


informações ao Juízo, comprovou, de maneira robusta, as regulares
notificações da impetrante (fls. 68/69).
Assim, do cotejo dos elementos probatórios colacionados aos autos,
pode-se concluir que, demonstradas as regulares notificações da
impetrante, os atos da autoridade de trânsito podem ser considerados
plenamente legítimos e estão em consonância com a Constituição
Federal e com as normas de trânsito aplicáveis ao caso.
Convém destacar que o procedimento administrativo de cassação do
direito de dirigir foi instaurado em face da impetrante em razão de
esta sofrer novas autuações apesar de estar com sua Carteira Nacional
de Habilitação (CNH) já suspensa. Este procedimento, em
decorrência da gravidade da conduta do infrator, é perfeitamente
legítimo e está previsto no artigo 263, inciso I, do Código de Trânsito
Brasileiro(CTB).

Por fim, convém destacar que não compete ao Poder Judiciário, em se


tratando de ato administrativo discricionário, proceder à análise de
sua conveniência e oportunidade. Cabe-lhe, isto sim, tão apenas,
aquilatar sua regularidade formal, quanto à competência, finalidade e
forma.

Em assim sendo, não é dado questionar os critérios adotados pelos


órgãos de trânsito, no exercício de sua autoridade de fiscalizar o
trânsito local.

Em casos semelhantes a este, assim já decidiu esta Colenda


Câmara de Direito Público . Confiram-se:
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

REEXAME NECESSÁRIO - Valor de Alçada -Não


conhecimento. TRÂNSITO - Mandado de segurança -
Anulação de multa de trânsito -Alegação de ausência de
notificação -Descabimento Notificação feita,
sendo desnecessária a dupla notificação Presunçãode
legitimidade e veracidade dos atosadministrativos -
Descabimento de dilaçãoprobatória na estreita via do
mandamus -Ordem concedida na I a Instância
Sentença reformada - Recurso voluntário provido.
(Apelação Cível nº 796.576.5/7-00, São Vicente, Relator Leme de
Campos, Voto nº 12.449, V.U., j. 21.09.2009).

MULTA DE TRÂNSITO. FISCALIZAÇÃOFOTOGRÁFICA -


Anulação da multa aplicada.INADMISSIBILIDADE:
Verificada a notificação da infração, que permitiu aos
autores recorrerem administrativamente, incabível
a anulação da penalidade, por ter sido exercido o direito da
ampla defesa e, além disso, o aparelho estava aferido
quando do registro da infração de excesso de velocidade e a
via apresentava-se sinalizada Improcedência a ação
mantida. PROCESSUAL CIVILRECONHECIMENTO DE
ILEGITIMIDADE DE PARTE DA PREFEITURA.
Ilegitimidade de partereconhecida na r. sentença quanto ao
pedidocumulado de se afastar a condição de pagamento da
multa para licenciamento ou transferência do veículo.
MANUTENÇÃO: Embora possua a Municipalidade
competência para fiscalizar as vias públicas e
tenha procedido à autuação em questão, é de atribuição do
órgão estadual de trânsito, que não integrou a lide, os
assuntos referentes alicenciamento e transferência de
veículo

Ilegitimidade mantida - Preliminar rejeitada.REJEITADA A


PRELIMINAR, RECURSO DOSAUTORES DESPROVIDO.
(Apelação Cível nº 724.553.5/0-00, São Paulo,
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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


Relator Israel Goes dos Anjos, Voto nº 1.384, V.U., j. 30.11.2009).

Destarte, insubsistente o pleito da impetrante, porquanto plenamente


regulares as autuações que lhe foram impostas, bem como a abertura
do procedimento administrativo para a cassação de seu direito de
dirigir.

Via de conseqüência, é de ser integralmente mantida e ratificada a r.


sentença monocrática, inclusive por seus sólidos e bem lançados
fundamentos jurídicos.

Com o presente julgamento, fica prejudicado o pedido antecipação


dos efeitos da tutela recursal, formulado pela apelante nas razões de
seu recurso.

3. Ante todo o exposto, pelo meu voto, nego provimento ao recurso


voluntário da impetrante

SIDNEY ROMANO DOS REIS


RELATÓRIO

O relatório é, em parte, o da r. sentença (fls. 90/5), o qual transcrevo:

“Trata-se de mandado de segurança impetrado por ROSANA MARIA


QUEIROZ VIEGAS DE PINHO E CARVALHO contra ato reputado
ilegal do CHEFE DO NÚCLEO DE REGISTRO DE PENALIDADE -
NUPEN - DO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO DISTRITO
FEDERAL e DIRETOR GERAL DO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO
DO DISTRITO FEDERAL.

Aduz a impetrante ter sido notificada, em 11.08.2008, sobre a


abertura de processo administrativo contra si instaurado em virtude
de ter ultrapassado a quantia de 20 pontos em sua carteira de
habilitação dentro do período de 12 meses, conforme estabelece
o Código de Trânsito Brasileiro.
Conta que, após os trâmites processuais, foi-lhe encaminhada
notificação informando da decisão suspendendo sua CNH pelo
período de 03 meses, a contar de seu recolhimento. Contra tal
decisão interpôs recurso.

Relata que, após o indeferimento do recurso, foi-lhe enviado novo


ofício informando de que o prazo de suspensão começaria a vigorar
a partir do recolhimento da carteira, contudo, tal aviso foi recebido
pelo porteiro de seu prédio, não lhe chegando ao conhecimento na
época.

Posteriormente, compareceram em sua residência agentes de


trânsito, no dia 21.06.2012 e recolheram sua carteira de habilitação,
quando, então, fora devidamente intimada do termo inicial da
penalidade de suspensão por três meses, a qual foi cumprida, pois se
absteve de dirigir pelo período fixado e compareceu ao curso de
reciclagem, tendo, a CNH, sido devolvida em 03.10.2012

Reclama que, após a devolução de sua CNH, foi surpreendida com


novo ofício da NUPEN, informando-lhe a possível aplicação da
penalidade de cassação de sua CNH, por ter conduzido seu veículo,
mesmo durante o período de suspensão, sem a instauração de novo e
formal processo administrativo, entretanto, as multas indicadas
datam de período anterior a entrega da CNH.

Insurge-se contra a aplicação do inciso I do art. 263 do CTB, bem


como contra a inobservância às normas do processo administrativo.
Ao final, requer, liminarmente, que seja determinado o trancamento
do processo administrativo nº 055.031613/2008, por já ter atendido
a finalidade de aplicação da sanção de suspensão da CNH. No
mérito, pede a concessão da segurança para declarar que não
infringiu o inciso I do art. 263 do CTB, com a devolução da CNH,
caso a pena já tenha sido aplicada.
Foram juntados documentos de fls. 15/53.
O pedido liminar foi indeferido, nos termos da decisão de fl. 55.

A autoridade coatora prestou informações de fls. 65/66,


acompanhada dos documentos de fls. 67/73, na qual argumenta que
os efeitos da penalidade de suspensão do direito de dirigir incidem
desde sua publicação, apenas a contagem do prazo de suspensão é
condicionada ao recolhimento da CNH.

O DETRAN-DF, por meio da petição de fl. 74, requereu sua inclusão


no feito como litisconsorte passivo, ratificando as informações
prestadas.

No despacho de fl. 76, foi admitida a inclusão do DETRAN-DF.

O Ministério Público manifestou-se às fls. 79/87, pela concessão da


segurança.

Acrescento que a r. sentença concedeu a segurança, nos seguintes


termos:

“[...].

Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA e DETERMINO a


suspensão do andamento do processo administrativo nº
055.31613/2008, pois a impetrante não incidiu na conduta prevista
no art. 263, I, do CTN. Em conseqüência, resolvo o mérito, nos
termos do artigo 269, I, do C.P.C.
Dê-se vista ao Ministério Público.

Sem custas. Sem honorários (Súmulas 512 do S.T.F. e 105 do S.T.J e


art. 25 da Lei nº 12.016/09).
Transitada em julgado, arquivem-se.” (fl. 95)

O impetrado interpôs apelação (fls. 98/104), na qual sustenta a


legalidade do ato impugnado com o argumento de que os efeitos da
penalidade de suspensão do direito de dirigir incidem desde a sua
publicação (26/03/12), sendo que apenas a contagem do prazo de
suspensão é condicionada ao recolhimento da CNH.

Acrescenta que a impetrante “fora notificada de todas as infrações


que deram ensejo à abertura do processo administrativo nº
055.031613/2008, conforme atestam os ARs juntados aos autos” (fl.
101). Ressalta que após o indeferimento do recurso apresentado à
JARI, ela foi comunicada em 26/03/12 da aplicação de suspensão do
direito de dirigir por três meses, sendo a sua CNH recolhida em
21/06/12. Aduz que em 09/04/12 “o DETRAN/DF já havia efetuado
o bloqueio da CNH da impetrante, cuja validade expiraria em
05/10/2012 conforme janela de consulta acostada aos autos” (fl.
101).

Ressalta que durante o período em que a impetrante cumpria a


penalidade de suspensão do direito de dirigir (09/04/12 a
05/10/12), “fora flagrada dirigindo veículo automotor cometendo,
inclusive, outras infrações de trânsito” (fl. 102). Respalda as suas
alegações na regra disposta no § 3º do art. 19 da Resolução nº
182/05/CONTRAN, e afirma que no caso de ser imposta a penalidade
de cassação da CNH, a impetrante poderá requerer a sua reabilitação
submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação na forma
estabelecida pelo CONTRAN, art. 263, § 2º, CTB. Acrescenta que
subordinar os efeitos da penalidade à conduta do infrator, consistente
na entrega da CNH, significa retirar um dos atributos do ato
administrativo, qual seja, a auto-executoriedade.
Pugna pelo conhecimento e provimento da apelação para reformar a
r. sentença e denegar a segurança, permitindo-se a continuidade do
processo administrativo para cassação da CNH da impetrante.

O DETRAN/DF está dispensado do recolhimento do preparo, diante


da isenção legal, art. 511, § 1º, CPC.
A impetrante apresentou contrarrazões (fls. 111/2).
Parecer ministerial (fls. 122/4-v) do Exmo. Procurador de Justiça
José Firmo Reis Soub oficiando pelo conhecimento e desprovimento
da apelação.

É o relatório.

VOTOS

A Senhora Desembargadora VERA ANDRIGHI - Relatora

Conheço da apelação, porque presentes os pressupostos de


admissibilidade.

A apelada-impetrante insurge-se contra ato da autoridade coatora,


consubstanciado na abertura de processo administrativo em razão de
conduta prevista no art. 263, inc.I, do CTB.
Por outro lado, o apelante-impetrado sustenta a legalidade do ato
impugnado, pois a apelada-impetrante foi flagrada conduzindo
veículo durante a vigência da penalidade de suspensão do direito de
dirigir. Argumenta que os efeitos da penalidade de suspensão do
direito de dirigir incidem desde a sua publicação, ou seja, desde a
notificação da condutora em 26/03/12, sendo que apenas a contagem
do prazo de suspensão é condicionada ao recolhimento da CNH.

De acordo com os autos, a apelada-impetrante foi notificada, por meio


do Ofício nº 10453/12-NUPEN, de 08/10/12 (fl. 50), da instauração
de novo processo administrativo em razão da infringência do art. 263,
inc. I, do CTB, o que culminaria na cassação da CNH.
Note-se que a apelada-impetrante foi comunicada da aplicação da
penalidade de suspensão do direito de dirigir em 26/03/12, por três
meses (fl. 43). Na referida notificação constava que a punição
somente seria válida a partir da apreensão da CNH, o que ocorreu em
21/06/12 (fl. 44):

“Cumpre-nos informar a Vossa Senhoria que após análise do


processo administrativo em epígrafe, instaurado em razão das
infrações cometidas e previstas no Artigo 261 do Código de Trânsito
Brasileiro, fora determinada a apreensão da Carteira Nacional de
Habilitação - CNH até que seja cumprido o prazo de suspensão do
direito de dirigir, bem como a participação obrigatória no Curso de
Reciclagem. Esclarecemos a V.Sª. que o prazo acima começará a
vigorar a partir do recolhimento da Carteira, lembrando que a CNH
poderá ser cassada caso V.Sª seja encontrado (a) dirigindo qualquer
veículo automotor, no período em que perdurar a penalidade de
suspensão conforme previsto no art. 263-I doCTB.” (fl. 43).
O art. 263, inc. I, do CTB dispõe que a penalidade de cassação da CNH
dar-se-á quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir
qualquer veículo; logo, está vinculada ao prazo de contagem da
penalidade de suspensão. No entanto, não consta no mencionado
dispositivo legal o termo inicial da contagem do prazo.
Conforme já ressaltado, a notificação de 26/03/12 (fl. 43) consta
determinação do próprio DETRAN/DF de que o termo inicial da
penalidade de suspensão seria a data do recolhimento da CNH que,
repita-se, ocorreu em 21/06/12 (fl. 44). O DETRAN/DF afirma que a
apelada-impetrante foi flagrada conduzindo veículo enquanto
cumpria a penalidade de suspensão do direito de dirigir (09/04/12 a
05/10/12), inclusive com aplicação de multas. Todavia, as multas
indicadas pelo apelante-impetrado (28/05/12, 08/06/12 e 10/06/12 –
fl. 65-v) ocorreram antes do recolhimento da CNH.

Portanto, os argumentos do apelante-impetrante violam os princípios


da proporcionalidade, razoabilidade, ampla defesa e contraditório, o
que impõe reconhecer a nulidade do ato de instauração de processo
administrativo para cassação da CNH.

Enfim, o § 3º do art. 19 da Resolução nº 182/05 - CONTRAN, também


não respalda a alegada legalidade do ato administrativo impugnado.

Sobre a matéria, confiram-se julgados deste e. TJDFT:

“APELAÇÃO. DIREITO ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO


DIREITO DE DIRIGIR. VIGÊNCIA. ENTREGA DA CNH.
APLICAÇÃO DE MULTAS ANTERIORMENTE AO PERÍODO DE
SUSPENSÃO. CASSAÇÃO DA CNH. IMPOSSIBILIDADE. - O
entendimento desta corte é de que o prazo de suspensão somente
inicia-se com o recolhimento da CNH, mormente quando tal termo
inicial fora determinado pelo próprio DETRAN/DF.

- Deve ser afastada a incidência do art. 263, I, do CTb, tendo em vista


que o período de suspensão do direito de dirigir do autor ainda não
havia iniciado. - Negou-se provimento ao recurso.” (Acórdão
n.599820, 20080110268170APC, Relator: LEILA ARLANCH, Revisor:
LECIR MANOEL DA LUZ, 1ª Turma Cível, Data de Julgamento:
20/06/2012, Publicado no DJE: 04/07/2012. Pág.: 97)
“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ATO
ADMINISTRATIVO. CASSAÇÃO DA CNH COM FUNDAMENTO NO
ARTIGO 263, INCISO I, DO CTB. MULTAS ANTERIORES AO INÍCIO
DO PRAZO DE SUSPENSÃO. IMPOSSIBILIDADE. ERRO
MATERIAL CONTIDO NO DISPOSITIVO DA SENTENÇA.
CORREÇÃO. ARTIGO 463, I, CPC.
1. A decisão administrativa que originou a suspensão do direito de
dirigir do Apelado determinava que o prazo de cumprimento da
penalidade teria inicio com o recolhimento da CNH do interessado.

2. Deve ser anulado o ato de cassação da CNH fundado em multas


aplicadas ao Apelado após a notificação deste acerca da penalidade
de suspensão da CNH, quando o prazo da suspensão ainda não
havia se iniciado. 3. Observado erro material no dispositivo da
sentença deve ser corrigido (artigo 463, inciso I, do CPC).
4. Recurso conhecido e improvido.” (Acórdão n.598660,
20100110961069APC, Relator: GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA,
Revisor: CESAR LABOISSIERE LOYOLA, 3ª Turma Cível, Data de
Julgamento: 21/06/2012, Publicado no DJE: 02/07/2012. Pág.: 96)
“ADMINISTRATIVO. DETRAN/DF. SUSPENSÃO DO DIREITO DE
DIRIGIR. VIGÊNCIA. ENTREGA DA CNH. APLICAÇÃO DE MULTAS
ANTERIORMENTE AO PERÍODO DE SUSPENSÃO. CASSAÇÃO DA
CNH. IMPOSSIBILIDADE. 1. Estando consignado na Instrução de
Serviço lavrada pelo DETRAN/DF que o prazo da suspensão do
direito de dirigir será contado a partir do recolhimento do
documento de habilitação, não é lógico que se considere, como marco
inicial para a contagem do prazo de suspensão, a data em que a
parte recebeu a comunicação da penalidade, ocorrida anteriormente
àquela em que entregou a CNH, visando o cumprimento da
penalidade aplicada., sobretudo . 2. Não existem razões, portanto,
para a cassação da carteira de habilitação, com base nos arts. 256,
inciso V, e 263, inciso I, ambos do CTB, ante a ausência de
informações de que, durante o período de suspensão, o autor tenha
conduzido qualquer veículo, haja vista que as multas que lhe foram
aplicadas ocorreram anteriormente ao prazo de suspensão de trinta
dias, sobretudo quando este cumpriu todos os trâmites
administrativos necessários para regularizar sua situação perante o
órgão de trânsito.
3. Remessa ex officio e recurso do DETRAN-DF improvidos.”
(Acórdão n.500152, 20090111032166APC, Relator: ARNOLDO
CAMANHO DE ASSIS, Revisor: ANTONINHO LOPES, 4ª Turma
Cível, Data de Julgamento: 14/04/2011, Publicado no DJE:
03/05/2011. Pág.: 280)
Diante desse contexto, impõe-se a manutenção da r. sentença que
concedeu a segurança.

Isso posto, conheço da apelação do impetrado e nego provimento.

É o voto.

O Senhor Desembargador ESDRAS NEVES - Revisor

Com o Relator

O Senhor Desembargador JAIR SOARES - Vogal

Com o Relator.

DECISÃO

CONHECIDO. DESPROVIDO. UNÂNIME.


Recurso Inominado nº 0030156-98.2014.8.16.0182 do
Juizado Especial da Fazenda Pública da Comarca Curitiba

Recorrente: VINICIUS VENDRAMI MALUCELLI

Recorrido: DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO ESTADO DO


PARANÁ -DETRAN/PR

Relatora: Juíza FERNANDA BERNERT MICHIELIN

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DEFAZER


COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADAINAUDITA
ALTERA PARTE. INFRAÇÃO COMETIDAANTES DA
ENTREGA DA CNH PARA CUMPRIMENTO DA SUSPENSÃO.
IMPOSSIBILIDADE DE CASSAÇÃO. TERMO INICIAL DA
CASSAÇÃO SE INICIA COM O RECOLHIMENTO DA CNH.
DECISÃO REFORMADA. TUTELA ANTECIPADA
CONCEDIDA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

1. RELATÓRIO

Trata-se de ação de obrigação de fazer com pedido de tutela


antecipada inaudita altera parte proposta por FRANCINE ELISE
BATISTA DO AMARAL em face do DEPARTAMENTO ESTADUAL
DE TRÂNSITO DO ESTADO DO PARANÁ – DETRAN/PR. Sustentou
a parte autora que teve sua carteira de habilitação cassada por
infração supostamente ocorrida durante período de suspensão da
CNH. Requer a suspensão na penalidade de impedimento do direito
de dirigir na Carteira Nacional de Habilitação.

A sentença julgou improcedente os pedidos formulados pela parte


autora, sob fundamento de que a parte autora cometeu nova infração
durante a vigência da penalidade de dirigir.
Inconformado com a douta decisão, a parte autora apresentou recurso
inominado, reiterando os termos iniciais.

O recorrido não apresentou contrarrazões.

Em síntese, é o relatório.

2. VOTO

O recurso comporta recebimento eis que é tempestivamente


manuseado, tendo sido o instrumento devidamente formado com as
peças obrigatórias, além de outras necessárias para o deslinde em
questão.

O juízo monocrático se posicionou no sentido de que havendo


notificação da penalidade de suspensão em 29.10.2010, este é o termo
inicial da penalidade e o termo final corresponde ao fim do curso de
reciclagem.

Contudo, assiste razão ao recorrente, eis que a infração cometida que


gerou a cassação ocorreu fora do período que cumpria a suspensão.

A segunda infração foi cometida em 20/02/2012, e a suspensão foi


cumprida de 09/03/2012 a 08/05/2012 (mov. 1.6).

Assim, verifica-se que o recorrente teve a sua carteira apreendida em


09/03/2012, de modo que, em 20/02/2012, quando ocorreu a
infração que motivou a cassação da CNH, o condutor ainda estava
apto a dirigir.
O prazo da suspensão se inicia no momento em que a Carteira
Nacional de Habilitação é recolhida, tanto que até tal data pode
continuar dirigindo, e as multas aplicadas antes dessa data não
culminam na aplicação da penalidade de cassação da CNH, disposta
no art. 263, inc. I, do CTB.
Neste sentido:
DIREITO ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO E REEXAME
NECESSÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA DE DECISÃO
ADMINISTRATIVA. CASSAÇÃO DE CNH. PRAZO PRESCRICIONAL.
PRETENSÃO PUNITIVA. SUSPENSÃO. PRAZO INICIAL. ATO
NULO. SENTENÇA MANTIDA. 1. O PRAZO PRESCRICIONAL PARA
A PRETENSÃO PUNITIVA NOS CASOS DE INFRAÇÕES QUE
IMPLIQUEM NA CASSAÇÃO DE CARTEIRA NACIONAL DE
HABILITAÇÃO É DE CINCO ANOS, NOS TERMOS DO ART. 22 DA
RESOLUÇÃO DO CONTRAN Nº 182/2005. 2. EMBORA O
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO NÃO DEFINA
QUANDO TEM INÍCIO O PRAZO DA SUSPENSÃO,
CONSIDERA-SE QUE ESTE SE INICIA COM O
RECOLHIMENTO DA CNH, PRINCIPALMENTE QUANDO O
PRÓPRIO DETRAN-DF ASSIM DETERMINAR. 3. É NULO O ATO
DE CASSAÇÃO DA CNH, BASEADO NO ART. 263, I, DO CTB, POR
INFRAÇÕES COMETIDAS ANTES DO INÍCIO DO PRAZO DA
SUSPENSÃO DO RESPECTIVO DOCUMENTO. 4. APELAÇÃO E
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDOS, MAS NÃO PROVIDOS.
UNÂNIME. (TJ-DF - APO: 20110111454236 DF
000143248.2011.8.07.0018, Relator: FÁTIMA RAFAEL, Data de
Julgamento: 19/02/2014, 2ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE 28/02/2014. Pág.: 150) (grifei).

PROCESSUAL CIVIL. VEICULAÇÃO DE TEMÁTICA QUE NÃO FOI


OBJETO DA DECISÃO RECORRIDA. CONHECIMENTO PARCIAL
DO RECURSO. Veiculando agravo de instrumento temática que não
foi objeto da decisão recorrida, revela-se evidente a inovação recursal,
a impedir o conhecimento da inconformidade em tal parte, sob pena
de supressão de instância. TRÂNSITO. IMPOSIÇÃO DE
PENALIDADE. SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR.
CUMPRIMENTO DA PENA. TERMO INICIAL. ENTREGA DA
CNH. ART. 261, § 2º, CTB. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA.
ARTIGO 273, CPC E REQUISITOS. Inexiste verossimilhança nas
alegações do agravante, que pretende estabelecer como termo inicial
da contagem do cumprimento da penalidade se suspensão do direito
de dirigir a data em que incluído impedimento no sistema de
informatização do órgão de trânsito, quando a lei prevê como dies a
quo do efetivo cumprimento da pena o da entrega da Carteira
Nacional de Habilitação, cuja devolução se dará após o cumprimento
da medida imposta e do curso de reciclagem, nos termos do
artigo 261, § 2º, CTB, a desautorizar, assim, raciocínio no sentido do
atendimento dos requisitos postos no artigo 273, CPC. (Agravo de
Instrumento Nº 70049622210, Vigésima Primeira Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Armínio José Abreu Lima da
Rosa, Julgado em 26/06/201

Assim, verificada a ilegalidade na decisão administrativa, torna-se


justificável o deferimento do pedido pretendido.

Contudo, não vislumbro a necessidade de transferência da pontuação


para esposa, vez que não está provado nos autos que a condução do
veículo restou realizada pela cônjuge.

Ademais, esta não está nos autos para exercer sua defesa, vez que a
transferência dos pontos, em realidade, seria imposição de
penalidade, sendo contrário aos princípios da ampla defesa e
contraditório que isto ocorra sem participação da cônjuge na lide,
mesmo frente a declaração acostada a inicial.
Nestas condições, voto pelo parcial provimento do recurso, para fins
de cancelar os efeitos do processo administrativo de cassação n.º
5574021/2012, determinado o desbloqueio do prontuário do
recorrente, permitindo-lhe inclusive renovar sua CNH.
Logrando êxito parcial seu recurso, condeno a recorrente o
pagamento de metade das custas processuais, bem como honorários
advocatícios à razão de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa,
com fulcro artigo 55 da Lei nº. 9.099/95, observada a suspensão na
cobrança pela Lei 1.060/1950, sendo este o caso dos autos.

3. DISPOSITIVO
Diante do exposto, decidem os Juízes Integrantes da 1ª Turma
Recursal Juizados Especiais do Estado do Paraná, por unanimidade
de votos, CONHECER DO RECURSO E DAR PROVIMENTO ,
nos exatos termos do voto.

O julgamento foi presidido pelo Senhor Juiz Leo Henrique Furtado


(votante) e dele participaram e votaram os Senhores Juízes Fernanda
Bernert Michielin (relatora) e Aldemar Sternadt.

Curitiba, 02 de junho de 2015.

FERNANDA BERNERT MICHIELIN

Juíza de Direito Substituta

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