Anistia Internacional e A Globalização Dos Direitos Humanos
Anistia Internacional e A Globalização Dos Direitos Humanos
Anistia Internacional e A Globalização Dos Direitos Humanos
A ANISTIA INTERNACIONAL E A
GLOBALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
( um olhar de militante e de dirigente - 1961 a 2001)
J. Alexandre F. Guedes
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A ANISTIA INTERNACIONAL E A
GLOBALIZAÇÃO DOS DIREITOS
HUMANOS
(um olhar de militante e de
dirigente 1961 a 2001)
Monografia apresentada à
Coordenação do II Curso de
Especialização em Direitos Humanos
da Universidade Federal da Paraíba
em cumprimento às exigências para
obtenção do grau de Especialista
em Direitos Humanos.
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G924a
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PROFº. MARCONI PEQUENO ( ORIENTADOR)
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PROFº. CARLOS ANDRÉ CAVALCANTI
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PROFº PAULO MOURA
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RESUMO:
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ABSTRACT:
The human rights theme is of great importance in the national and international
panorama in the last fifty years, especially after the elaboration of the Universal
Declaration of Human Rights after the World War II.
After some doubts about which theme to choose in order to develop the
monograph of the specialization course on human rights, I decided to write about the
international amnesty and the globalization of human rights through the point of view of
someone who has been a militant for ten years and that, after reaching the coordination
of the group 43 in Paraiba+, was elected to preside the executive committee of the
Brazilian Section of International Amnesty (SBAI), during the troubled period of the
reconstruction of this NGO (2000-2003) and that has not been completed yet.
While choosing this theme I might have been tempted to lose impartiality in the
elaboration, since I have been involved as a leader in the whole process of
reconstruction; however, I decided to make a panel about the origin of its history in the
last forty years of existence, informing the origin of the human, financial and material
resources and the dynamics of its work.
I had a special concerning about its way of working, which differs from other
NGOs because of its completely democratic way of choosing its national and
international leaders, demonstrating that the AI does not have party, neither noble nor
peasant, and that is not a burocratic place to provide status or jobs for human rights
militants.
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internal dissidence, of which I was part, having participated of the whole process as
militant and leader.
I present the thematic axes of the AI facing the globalization of human rights
through systematic campaigns in favor of women’s and children’s rights, people of
minority sexual orientation, against torture, against the fabrication of torture weapons
and terrestrial mines, and for the creation and structure of the International Penal
Tribunal, for the signature and ratification of treaties, pacts and international
conventions in favor of human rights, for the world elimination of death penalty, for the
rights of war refugees, and against racial, religious, ethnic, ideological and political
discrimination.
I show and identify the importance of working nets which, in a such informed
world, speed their way of working in defense, protection and guarantee of human life.
Nets such as: medical net, legal net, young people, regional action (RAR), against death
penalty (RPM), International net for the contact with enterprises, women intersectional
net, nets of international work groups in favor of childhood, support nets for gay,
lesbian, bisexual and transvestite interests, military contact nets, police and security
nets, besides specialized nets of union members, religious people, writers and
journalists.
Throughout this work I point out the permanent campaigns of the AI: struggle
for liberation of all consciousness prisoners; for fair and fast trials for all prisoners, for
the end of death penalty, against torture and bad treatment of prisoners, for the end of
political murders and vanishes; for the guarantee that governments will not cause any
illegal deaths in armed conflicts; for the end of abuse of armed political groups, such as
the detention of consciousness prisoners, hostage captivity, torture and deaths.
Campaign for the assistance to those who seek asylum, refugees and new homeland
people, protection for indians, gypsies and other ethnic and racial minorities, campaign
for the autonomy of the forensic team and for the creation of a protection program to
victims and witnesses of human rights violation.
I show the ways how the AI works together with other organizations, which with
their recommendation to governments aim for the amplification and intensification in
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struggling for human right, organizing and applying programs of formation and sense
for the respect of human rights, to assure the democratic control of military, police and
international security, in other to protect human rights.
I present the AI as an organization that has been working in over 140 countries,
with over a million members and subscribers; being a democratic and self-regulative
movement the works based on ethic principles of impartiality, independence and
autonomy, in respect to the rights expressed in the Universal Declaration of Human
Rights, always independent of any government, political ideology, political or religious
interest.
Therefore this work aims at showing how the current management of AI wants to
perform in this world of globalization, showing the world that it is struggling for
defense, guarantee and protection of all human rights for everyone
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J. Paul Sartre
Direitos Humanos tem rosto, dor, sofrimento, medo, lugar e data. (Documento
da SBAI na Comemoração dos 50 Anos da DUDH- 1997/1998)
Dedicatória:
Aos meus pais Josinaldo e Elidia, com o mais profundo sentimento
de gratidão por tudo o que fizeram para que eu chegasse a ser
quem eu queria - o que sou.
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Ao meus amigos que não chegaram até aqui para desfrutar este
momento conosco ( in memoriam).
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SUMÁRIO
Introdução .................................................................................................................19
Capítulo I:
Capítulo II
Capítulo III
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CONCLUSÃO......................................................................................................6
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BIBLIOGRAFIA...................................................................................................
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INTRODUÇÃO:
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Quando a Anistia Internacional ganhou o Prêmio Nobel em 1977, esta frase foi anunciada no discurso
de entrega do premio.
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CAPÍTULO I
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O Programa Nacional de Educação em Direitos Humanos começou no Brasil em 1984, quando teve
início o processo de redemocratização. Era profundamente preocupante a passividade popular frente às
históricas violações de direitos humanos e a falta de consciência democrática da população. A partir da
convicção de que a consciência cidadã só pode ser alcançada através de um delicado e competente
esforço educacional, foi iniciado um processo de formação assistemática de crianças e jovens, que na
maioria das vezes reuniam-se em ruas e parques para assistir peças de teatro, cantar e e jogar em nome
da justiça. Essas atividades resultaram em formas mais sistemáticas de trabalho e numerosas escolas
adotaram a temática dos direitos humanos como núcleo integrador de sua organização curricular e de
suas práticas pedagógicas. O respeito e a proteção aos direitos humanos converteu-se em fator de
motivação de disciplinas tão diversas como matemática, língua portuguesa, educação artística, religiosa,
a educação física e várias outras. Muitas das atividades de capacitação de professores foram e ainda são
realizadas através de tarefas extra-classe. Cerca de 27 mil professores organizaram exposições
artísticas e de material bibliográfico, debates e ações curriculares, com a ativa participação de jovens. Em
três cidades do país foram implementadas “Escolas de Cidadania” para trabalhar em regime especial
extra classe a formação~de uma nova geração de líderes estudantis. Em várias outras cidades, foram
formadas redes municipais englobando todas as escolas locais. (in Jornal da Anistia Internacional, nº 10,
outubro de 1998, p. 10.)
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A AI para dar suporte teórico e organizativo à campanha, lançou no ano 2000 uma publicação em 7
idiomas intitulada: “Faça a sua parte – Vamos Acabar com a Tortura”. Nele são apresentados os 12
pontos da AI pra Eliminação da Tortura por Agentes do Estado. Este Programa foi adotado em outubro
de 2000 como um programa de medidas para eliminar a tortura e os maus tratos de pessoas que estão sob
custódia governamental ou, de outra forma, nas mão de agentes do Estado. Eis alguns princípios: 1)
Condene a tortura. 2) Assegure acesso ao Prisioneiro. 3) Nenhuma detenção secreta. 4) Dê garantias
durante a detenção e o interrogatório. 5) Proíba a tortura em lei. 6) investigue. 7) Processe. 8) Nenhum
uso de declarações extraídas sob tortura. 9) Dê treinamento eficiente. 10) Dê reparação. 11) Ratifique os
Tratados Internacionais. 12) Exerça a responsabilidade internacional. A Anistia Internacional cobra dos
governos seus compromissos internacionais de eliminar e punir a tortura, seja cometida por agentes do
Estado ou por ouros indivíduos . A Anistia Internacional também se opõe à tortura por grupos políticos
armados. (In Faça sua Parte – Vamos acabar com a Tortura. Trad. Inglês, 146 páginas) . Também foi
produzido um material em espanhol intitulado: Acabar com La Impunidad – Justicia para las víctimas de
tortura, 126 páginas, 2001.
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2001:
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O professor Luis Basílio Rossi foi a primeira pessoa no mundo beneficiada por uma Ação Urgente da
AI. Brasileiro, vítima da ditadura militar, ele hoje é um testemunho vivo do resultado positivo dos apelos.
A experiência demonstra que mesmo os governos de regimes autoritários desejam ser considerados
sensatos e equânimes pela opinião pública. Ao mostrar aos governos que seus feitos e atitudes são
conhecidos em todo o mundo por homens e mulheres comuns, preocupados com a sorte das vítimas,
estas podem ser efetivamente ajudadas. In Jornal da Anistia Internacional, Ano 28, março de 1998 – nº 3
p. 6. Cada Ação Urgente mobiliza 80.000 voluntários em 85 países. Organizam-se principalmente por
correio eletrônico, fax, correio urgente e aéreo, para enviar petições urgentes em favor daqueles que estão
em perigo. Cada ação urgente gera centenas de pedidos às autoridades em poucos dias após sua emissão,
e milhares após algumas semanas. As ações cobrem diversos motivos de preocupação: presos que se teme
que sejam torturados; pessoas que correm perigo de execução extrajudicial ou “desaparecimento”; presos
condenados à morte; pessoas que são hostilizadas ou ameaçadas de morte por agentes do estado ou
grupos de oposição armada; arresto arbitrário; detenção prolongada em regime de incomunicabilidade;
reclusão sem julgamento nem apresentação de motivos; morte sob custódia; risco de devolução forçada
(repatriamento).
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Preso de Consciência é aquela pessoa que se encontra presa ou detida sem acusação formal, sem o
devido processo legal, sem ampla defesa e garantia do contraditório, bem como de um julgamento justo
por lutar por suas convicções políticas, religiosas ou outras, ou devido a sua origem étnica, sexo, cor,
língua, nacionalidade ou origem social, estatuto econômico, de nascimento, orientação sexual ou
qualquer outro estatuto – que não tenham usado ou advogado o uso da violência para almejar seus
objetivos.
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A cada dia, cerca de 6.000 meninas correm o risco de serem mutiladas genitalmente, prática cujas
conseqüências para a saúde podem ser devastadoras e, alguns casos mortais. Calcula-se que 135 milhões
de mulheres de todo o mundo já tenham sido mutiladas - um número que cresce a razão de 2.000.000
por ano. A prática da mutilação consiste na extirpação parcial ou total dos órgãos genitais femininos .
Praticada de forma generalizada em mais de vinte e oito nações africanas e em alguns países do Oriente
Médio – Egito, Omã, Iêmen e nos Emirados Árabes Unidos. A mutilação genital começou a ser
realizada também em comunidades de imigrantes em paises industrializados – Austrália, Canadá,
Dinamarca, Estados Unidos, Franca, Holanda, Inglaterra, Itália e Suécia, na Ásia e na América Latina. A
operação, normalmente é realizada em grupos de meninas cujas idades variam entre quatro e oito anos, é
feita sem anestesia, seus efeitos podem ser mortais. As vítimas carregam por toda vida as seqüelas que
vão desde hemorragia e infecções à infertilidade ou cistos. A mutilação pode fazer do ato sexual e do
parto uma experiência terrível para as mulheres. O costume e a tradição são as razões mais invocadas
para justificar essa prática, incluindo também o controle da sexualidade feminina, a higiene, nos países
mulçumanos onde é realizada, a religião.Para a AI tal prática é considerada prática de tortura que viola
os Direitos Humanos. Por isso a organização insta aos governos a cumprirem sua obrigação de proteger
esses direitos e tomar medidas visando erradicar tal prática. Há um texto sobre este tema disponível em
espanhol intitulado: “La Mutilación Genital Femenina Y los Derechos Humanos – infibulación, Excición
y otras práticas cruentas de iniciación” (112 paginas). In Jornal da Anistia Internacional , Fevereiro de
1999, Ano 29, nº 02, p. 5 a 8.
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A AI elaborou um relatório em espanhol que foi divulgado no Ano 2001 intitulado: Crímenes de Ódio,
conspiración de Silencio – Torturas y malos Tratos basados em La Identidad Sexual, 89 p. Neste relatório
são tratados temas como Tortura e identidade sexual, Discriminação e impunidade para com essa minoria
planetária; A Penalização da homossexualidade: uma licença para torturar. Tortura e Maus tratos nas
mãos da Polícia; Masculino e Feminino- uma barreira bem guardada. O espaço público – portas fechadas.
Tortura e maus tratos nas prisões. Quem és e o que fazes- identidade discriminação e riscos . Tratamento
médico forçoso em instituições do Estado. A severidade mostra o ódio : a violência homofóbica na
comunidade. A responsabilidade do estado a respeito da violência na comunidade. As lésbicas em perigo
no lar e na comunidade. A vida e o perigo dos defensores dos Direitos Humanos de gays e lésbicas.O
termo Orientação sexual: expressa a atração emocional-sexual entre pessoas do mesmo sexo (orientação
homossexual), de outro sexo ( orientação heterossexual) e de ambos os sexos (orientação bissexual). O
temo Identidade de gênero se refere a forma em que uma pessoa se percebe a si mesma em relação com
as construções sociais de masculinidade e feminilidade ( gênero). Uma pessoa pode ter uma identidade
de gênero masculina ou feminina e as características físicas do sexo oposto. Já a Identidade sexual se
usa no informe acima tratado para referir-se a orientação sexual, a identidade de gênero, ou a ambas.
Quando aparece o termo Transexual se refere as pessoas que sentem de forma imperiosa que sua
identidade de gênero não coincidem com a as características fisiológicas do sexo biológico a que
pertencem por nascimento. Isto faz com que algumas dessas pessoas busquem a resignificação de gênero,
recorrendo por via geral a tratamento hormonais ou químicos cirúrgicos, para fazer com que suas
características físicas se correspondam com sua identidade de gênero. ( Tradução livre do autor, da obra
acima citada, p. 9 ).
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A AI dedicou o ano de 2001 a sua terceira Campanha Mundial contra a Tortura. No Brasil a campanha
foi lastreada por uma obra chamada “Tortura e Maus tratos no Brasil – desumanização e impunidade no
Sistema de Justiça Criminal”, 96 p. 2001. A obra entre os seus temas apresenta o contexto histórico da
tortura no Brasil como legado do Regime Militar. Relaciona Tortura e Sociedade no Brasil democrático,
a atividade policial, condições de detenção , detenção provisória; Sistema Penitenciário, situação das
Mulheres sob detenção e Detenção Juvenil. Trata da questão da impunidade sendo esta relação permeada
pelo sistema de Justiça Criminal até a elaboração da Lei da Tortura. Desenvolve a questão tortura e
acesso a advogado; proteção às vitimas e testemunhas. Perícia e Exames Médico-Legais; Ouvidorias,
Corregedorias, Promotores, O Judiciário e a Responsabilidade do Governo Federal . Apresenta
conclusões e recomendações. Em um apêndice apresenta um pormenorizado relatório do Relator
Especial sobre a Tortura das Nações Unidas (ONU) como suas conclusos e Recomendações as que
foram aprovadas pelo Comitê Anti-Tortura das Nações Unidas.
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Milhares de pessoas nos Estados Unidos da América são vítimas de violações de Direitos Humanos,
muitas vezes cometidas com o uso de instrumentos de repressão de alta tecnologia, como aparelhos de
eletrochoque, pulverizadores de substâncias químicas e injeções letais. A AI vem pedindo às autoridades
norte-americanas que proíbam imediatamente o uso do cinturão paralisante, que é um dos aparelhos de
eletrochoque mais preocupantes, desenhado para infundir dor e medo. Mesmo que o botão que desfere a
descarga elétrica não seja pressionado , a simples ameaça de recebe-la já é desumana, o aparelho quando
acionado faz com que o preso caia ao solo e, por vezes, urine ou defeque involuntariamente. Esse
instrumento é apontado como símbolo mais evidente da atual e perigosa tendência de corrosão dos
direitos humanos fundamentais nos EUA. ( in Jornal da Anistia Internacional, Novembro de 1998, Ano
28, nº 11, p 8. e Revista da Aministia Internacional, outubro novembro 1998, nº 36.p. 15 a 22. )
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O Brasil até o ano de 1989 produziu, importou e exportou minas terrestres, tendo estas sido
instaladas principalmente na guerra pela independência de Angola, Moçambique e Namíbia. Foram
instaladas por outros fabricantes em países como Afeganistão, Camboja, Nicarágua, Honduras, Costa
Rica e Guatemala. A mina é considerada o mais cruel equipamento bélico, pois para além de dezenas
de anos do cessar-fogo dos conflitos armados, ela fica no solo e com o retorno da população civil, estas
anos depois de instaladas, começam a funcionar atingindo violentamente os refugiados mulheres,
crianças e velhos que sobreviveram a guerra ao arar o solo ou a se deslocarem para os seus locais de
origem. Segundo dados da Organização dos Estados Americanos (OEA) cada ano, elas matam ou
mutilam de 15.000 a 20.000 em cerca de 70 países. Exércitos do mundo todo utilizaram mais de 400
milhões de minas nas guerras do Século XX. Cerca de 110 milhões delas continuam enterradas à espera
de novas vítimas. É um equipamento letal, que atinge um raio de até 100 metros de distância Os países
que fabricaram tal equipamento estão sendo responsabilizados pelos danos causados aos povos
envolvidos no conflito. Desarmar cada um dos 360 tipos de minas é tarefa difícil, devido a três fatores. 1)
inexatidão da localização das minas; 2) É tarefa bastante demorada, pois um especialista não limpa mais
de 20 metros quadrados de terreno em um dia de trabalho; 3) É de dispendiosa desativação e os governos
não possuem verbas suficientes para tal trabalho. E mesmo quando o trabalho de limpeza e desativação
das minas é feito, basta que seja colocado uma mina na área já limpa, para que todo o trabalho tenha que
ser recomeçado. O Brasil foi um dos 125 países que já aderiram ao Tratado. O avanço só não é maior
porque os três grandes produtores mundiais de minas EUA, China e Rússia se negam a assinar o acordo.
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O Tribunal Penal Internacional – TPI , foi criado em 17 de julho de 1998, em Roma, com a presença de
120 países. Sete deles votaram contra: EUA, China, Israel, Índia, Turquia, Filipinas e Sri Lanka. Vinte e
um se abstiveram. O TPI funciona na cidade de Haia na Holanda. A AI acredita e já tem comprovações
de que o TPI tem um efeito dissuasório e incentiva os Promotores de Justiça a assumir suas
responsabilidades como fiscais da lei. O TPI tem a nobre missão de transmitir a mensagem de que a
comunidade internacional não mais tolerará os crimes contra a humanidade e que os seus perpetradores
sentirão o peso da lei. In. Jornal da Anistia Internacional, Agosto de 1998, ano 28 nº 08.. p. 5 a 8.
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Ao concluir o ano 2000, 75 países e territórios haviam abolido a pena de morte para todos os delitos.
Treze países aboliram a pena de morte para todos os delitos, salvo os de caráter excepcional, como os
cometidos em tempo de guerra . Ao menos 20 países podiam se considerar abolicionistas na prática
dado que não haviam consumado nenhuma execução nos últimos 10 anos. No ano 2000 se executou
pelo menos 1.457 pessoas em 28 países, e cerca de 3.058 se encontravam condenadas a morte em 65
países. A maioria das execuções foram realizadas na Arábia Saudita, China, Estados Unidos, Iraque e
Iram. Uma vez abolida a pena de morte raramente volta a ser instituída. Desde 1985 mais de 40 países
aboliram este castigo para todos os delitos em suas leis, tendo feito inicialmente para os delitos comuns.
Malta se converteu no primeiro país que aboliu a pena de morte para todos os delitos no século XXI. Em
seguida foi a vez da Costa do Marfim. As cifras aqui apresentadas se referem somente aos casos em que
a AI teve conhecimento. As cifras reais foram, com toda
probabilidade, superiores. ( in Informe da Amnistía Internacional 2001, ( vamos fixar nossos olhos para
além da infâmia, para sonhar outro mundo possível) em espanhol, P. 37,38.)
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A AI elaborou e publicou em espanhol em 1997, um caderno intitulado: Respeten Mis Derechos –
Los refugiados hablan. Nele se recolhe os testemunhos de mulheres e homens que são obrigados a
abandonar seus lugares de moradia. Explicam como fizeram e como os trataram quando pediram
proteção. Milhões de pessoas podiam ter relatado experiências tão traumáticas como a que está nesta
publicação. Os pesquisadores e voluntários da AI que coletaram os dados e falaram com pessoas que
estavam em desabrigo e em busca de refúgio em mais de 40 países. Vencendo a dor de recordar os
horrores, as humilhações e as violações de direitos humanos que haviam vivido, centenas deles se
acercaram aos pesquisadores e colaboradores com a esperança de que suas palavras ajudassem a evitar
que outras pessoas sofram o que eles tem sofrido. (Tradução livre da apresentação do caderno). Também
foi publicado um jornal em espanhol em maio de 1997 intitulado Enfoque Los Refugiados – Los
Derechos Humanos no tienen fronteras. Nesta publicação é apresentado a realidade de milhões de
refugiados de todas as regiões do mundo, que estão tentando reconstruir suas vidas, destroçadas por
forças que escapam de seu controle. Tem direito a receber proteção. Porém com grande freqüência, as
violações de direitos humanos que os empurraram para o abandono e o refúgio, não cessam de continuar a
cometer tais violações, mesmo que tenham cruzado a fronteira. Passam agora a contar com a hostilidade
das autoridades do novo local de refúgio; com privação de sua liberdade, e a repatriação forçada à países
onde sua vida e liberdade correm iminente perigo. Hoje mais de 15 milhões de pessoas abandonaram seus
países devido à violência ou à perseguição. De 25 a 30 milhões estão sendo removidos internamente. A
AI tem empreendido a partir da campanha “Em Busca de um refúgio! Los derechos humanos no tienen
fronteras” em resposta a crise mundial dos refugiados. A campanha tem três objetivos principais: a)
impedir as violações de direitos humanos para que ninguém tenha que sair do seu local de moradia. b)
Assegurar que se permita às pessoas que sofreram abusos chegarem a um lugar seguro, e que sejam
protegidas com efetividade em devolução forçada (repatriamento), e que lhes sejam garantidos os a
aplicação dos princípios mínimos de trato humanitário. c) Exercer pressão para que os direitos humanos
sejam uma prioridade, na questão dos refugiados, como os programas de repatriação, a luta pela
transformação das leis e da prática internacional em matéria de refugiados, e a necessidade de proteção
das pessoas internamente ameaçadas.
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A AI publicou em 2001, em espanhol, caderno intitulado: “El Racismo y La Administración de
Justicia”. 120 p. 2001, cujo subtítulo se chama: Si hay racismo no puede haber justicia. Nesta obra são
apresentados assuntos como: A discriminação e a Lei; Tortura, maus-tratos e uso da força excessiva;
Impunidade e ausência de proteção do Estado; Etnicidade, nacionalidade e conflito; Cor, casta e cultura;
Os povos indígenas; Estrangeiro: trabalhadores migrantes, solicitantes de asilo e refugiados; Mulher e
Raça. São apresentadas algumas recomendações aos governos para a superação destas violações de
direitos humanos.Outra publicação interessante é a que saiu relatando a III Conferência Mundial Contra
o Racismo, A discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, organizada pela
ONU que ocorreu de 31 de agosto a 07 de setembro de 2001, na cidade de Durban. Nesta Conferência as
polêmicas em torno da definição se a escravidão no passado seria um crime contra a humanidade e a
compensação a serem pagas, assim como sobre a consideração do sionismo como racismo, provocaram
grande ruído antes e durante o evento. Os EUA e Israel se retiraram da Conferência descontentes com o
empenho das nações árabes nas questões do sionismo. Este assunto tirou o brilho de outro, que é: se a
escravidão for considerada um crime de lesa-humanidade, como seria a reparação? (indenizações,
perdão das Dívidas Externas dos Países exportadores de escravos?) . Quem se devia reparar? ( Os
descendentes, os países que ocupam o território de onde foram arrancados os escravos?). Outro problema
era a divisão de Castas na Índia e a Questão dos Refugiados,e o que estão a chamar de Xenoracismo.
(tradução livre do autor). In Revista da Amnistia Internacional outubro 2001, nº 51 p. 19-24.
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As redes da forma como aqui estão sendo expostas são produto da tradução livre de documento escrito
em espanhol intitulado “ Datos y Cifras sobre Amnistía Internacional y su Labor em Defensa de Los
Derechos Humanos” publicado em 17 de junho de 1998. p. 04,05,06. E o trabalho intitulado “I Workshop
Anistia Internacional e os Direitos Humanos” organizado pelo Núcleo Mackenzie da Rede Jovem da AI
p. 06 a 11.
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17
A Seção Espanhola da AI produziu importante documento na Revista da Amnistía Internacional de
Agosto-Setembro 1998, em seu nº 32, intitulado: Empresas & Derechos Humanos – La función de Lãs
Empresas em La Defensa de Los Derechos Humanos. Neste artigo são apresentados os princípios sobre
Direitos Humanos para Empresas, principalmente as Multinacionais que podem melhorar sua capacidade
de promover tais direitos mediante as seguintes medidas: 1) elaboração de uma política de empresa
explícita sobre direitos humanos. 2) Informação efetiva para os diretores e quadro de pessoal sobre as
normas internacionais de direitos humanos, preferencialmente com a colaboração e ajuda de
Organizações Não Governamentais ( ONG’s) competentes. 3) O Assessoramento de Organizações Não
Governamentais, incluída a AI, sobre a extensão e o caráter dos abusos contra os Direitos Humanos em
distintos países.4) Criação de um marco claro para avaliar os possíveis efeitos sobre os direitos humanos
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de todas as atividades desenvolvidas pela empresa e suas sub-contratadas – (franquias).( tradução livre do
espanhol, do autor).
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5 – AS CAMPANHAS DA AI:
18
A Seção Espanhola em sua Revistada Amnistía Internacional nº 25 junho/julho de 1997 p. 24 e 25
elaborou um artigo em espanhol intitulado “Que hacer despúens del apoyo parlamentário a la
transparencia en el comercio de armas? Onde a AI e outras ONG’s ( Geenpeace, Intermón e Médicos sem
Fronteiras) se uniram e comemoraram “o dia seguinte”a vitória na votação no Parlamento Espanhol. As
principais decisões aprovadas pelo Parlamento foram: 1) Incorporar na legislação, os oito critérios
comuns sobre o comércio de armas e material de duplo uso ( civil e militar) adotados pela União
Européia em 1991 e 1992, e desenvolve-las. 2) Incluir as transferências militares, de segurança e policiais
na informação relativa ao comércio de armas ( quer dizer, facilitar informação sobre a assistência militar e
policial a terceiros países entre outros dados). 3) Divulgar anualmente os dados essenciais as exportações
realizadas desde 1991, entre eles os relativos aos países de destino. 4) Enviar a cada seis meses para as
Comissões de Defesa e Assuntos Exteriores do Congresso os dados essenciais sobre as exportações de
armamentos e material de duplo uso autorizadas e realizadas. 5) Facilitar a essas Comissões uma lista de
países em que, pela sua situação de direitos humanos, conflitividade ou militarização, a exportação de
armas esteja restringida ou proibida (tradução livre do autor). Esta exitosa campanha fez com que os
militantes espanhóis dissessem que “não abandonariam a meta de conseguir informações antes de que as
exportações se concretizassem”. Tal vitória suscitou o interesse de outras Seções da AI e de outras
ONG’s para estudar a possibilidade de fazer campanhas similares.
19
Em recente artigo o Profº Luiz Flavio Borges D’urso em artigo na Revista Carta Maior de 27/09/2002,
intitulado “Pena de Morte: erro enunciado ”, coloca que “toda vez que a sociedade se depara com um
crime de maior repercussão, principalmente se tiver requintes de crueldade, invariavelmente, a pena de
morte surge na palavra de um ou outro defensor”. Neste artigo ele apresenta cinco argumentos contra a
pena capital, são eles: 1) a dimensão de falibilidade humana e possibilidade de erro judiciário; 2) A
impossibilidade de progressão da pena; 3) A incerteza de que a morte é a maior punição para o homem;
4) Nos países onde foi implantada a a criminalidade não regrediu; 5) A instabilidade emocional de quem
defende e quem é contra a medida funciona de acordo com a mídia e o interesse pessoal”. Porém acima
de tudo podemos destacar que a Constituição Federal de 1988, diz em seu art. 5º Inciso XLVII, “a” que
não haverá pena de morte no país, salvo em caso de guerra declarada.
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Ibidem 2.
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A AI no Brasil teve um importante papel como lobby (grupo de pressão) na elaboração de Lei
complementar ao Art. 5º Inciso XLIII da Constituição Brasileira - Define os crimes de tortura e dá outras
providências). TORTURA: CF/88, art. 5; Lei nº 8.072/90; Decreto 40, de 1991; Lei nº
9.455/97.
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Previsto no Art. 5º Inciso III da Constituição Brasileira.
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A AI ao receber denúncias de maus tratos, torturas ou tratamentos, designa uma equipe de
profissionais pesquisadores ou militantes – sempre de fora do país – para verificar in loco a veracidade
das informações contidas nas denúncias, elaborando um relatório circunstanciado sobre o caso, dando
visibilidade internacional ao que foi comprovado. Um exemplo brasileiro é o relatório sobre o caso de
assassinatos de Menores na Candelária no Rio de Janeiro que gerou a condenação dos responsáveis ( Doc.
Red de Açción Regional Paraguay/Argentina/Brasil/Ueruguay – Doc Interno Publicado e1 julio de
1999); há ainda o caso de assassinato de presos no Carandiru em São Paulo, também com a condenação
recente dos responsáveis . Um caso Paraibano foi da chacina de prisioneiros na Penitenciária do Roger,
cujo processo ainda se encontra impune, cujo relatório se intitulou: “Aqui ninguém dorme sossegado”
publicado em novembro de l997.
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de esquerda visando seqüestros de crianças filhas dos membros da resistência democrática, assassinatos
de militantes e de líderes, desaparecimentos, execuções sumárias e torturas, visando a desarticulação
política destes em busca da democratização do acesso ao poder. Neste período foram constatados
assassinados de presos políticos de diversas formas, sendo a mais chocante o “vôo para a morte” quando
os presos eram jogados vivos, amarrados e com pedras nos pés, em alto mar.
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CAPÍTULO II
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CAPEC: Centro de Assessoramento a Programas de Educação para a Cidadania, entidade criada por
membros da Diretoria Executiva do Comitê de Cabedelo e cujo Conselho Fiscal era a Direção da SBAI.
Atitude que viola os estatutos e o regimento da AI.
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Com a designação de País de Alta Prioridade a seção passa a receber um aporte de recursos que
abrangem: capacitação, reestruturação administrativa e linhas de trabalho.
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Vimos grandes mobilizações nacionais antes do Golpe Militar de 1964 pela Campanha do Petróleo é
Nosso e pela Defesa da Legalidade e pelo Mandato de Jango. Recentemente após 1970 pela Anistia
Ampla Geral e Irrestrita e Constituinte Já. Nos anos 1980 a favor das Diretas-Já e do Impeachment de
Collor. Já as mobilizações Contra as Privatizações foi um fracasso. Observamos que algumas foram
impulsionadas pela mídia ( Impeachment e Diretas Já). Porém as mobilizações de demonstração de
solidariedade internacional não conseguiram decolar como as que lutavam pelo fim da Ditadura de
Pinochet no Chile, as de apoio ao fim dos desaparecimentos políticos na Ditadura Argentina. Mais
recentemente contra a Guerra do Kuwait e de uma anunciada e possível guerra dos EUA contra o
Iraque por interesse no estratégico petróleo destes países.
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CAPÍTULO III
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“A globalização trouxe
indiscutivelmente um enorme crescimento
econômico. O mundo está mais rico do que nunca,
avançando tecnologicamente cada vez mais
depressa. Existe um potencial sem precedentes
para erradicar a pobreza e para cumprir as
aspirações da Declaração Universal dos Direitos
Humanos – libertação do medo e libertação da
necessidade. Mas a globalização também trouxe
volatilidade e instabilidade econômicas. A crise
financeira asiática de 1997 trouxe desemprego em
massa e deslocamento de milhões de
trabalhadores migrantes. Os efeitos incluíram a
diminuição dos gastos com segurança social em
países da América Latina sem ligação aparente, e
um súbito aumento do custo de importação para a
África, de bens essenciais. A globalização foi
acompanhada por pobreza e dívidas. Mais de 80
países tiveram em 2000 um rendimento per capta
inferior ao de 1990. Pelo menos 1,3 bilhões de
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Falando em riquezas, me recordo da frase da religiosa mexicana Madre Sóror Juana de La Inêz que
muito identifica o ideário dos militantes dos direitos humanos : “Não estimo nem tesouros nem riquezas e
isto me dá muito mais contentamento. Pois prefiro ter riquezas em meu pensamento do que meu
pensamento em riquezas”.
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Informe anual 2001 da AI. Prólogo. P.14.
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Paraguai, El Salvador, Nicarágua, Panamá etc. somente para ficarmos nos países de origem ibero-
americana.
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Podemos resgatar o exemplo recente anos 90 do Governo Fujimori no Peru, com uma linha
marcantemente de direita, cuja gestão econômica favoreceu o capital especulativo; e o Governo de
Hugo Chaves da Venezuela, com um perfil nacionalista de esquerda, que tenta fazer um governo voltado
para as amplas maiorias historicamente excluídas de participação na economia daquele país.
Encontrando-se boicotado por uma minoria elitista, que domina dos meios de comunicação e produção, e
que historicamente foi privilegiada pelo tipo de economia daquele país baseada na extração do
petróleo.
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Tradução livre do espanhol, pelo autor . In Revista da Amnistia Intenacional, nº 51. outubro 2001, p.
13 – 16.
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No mandato da AI não é permitido aos militantes que atuem em casos no seu próprio país. Isto para
evitar represálias, retaliações por parte do governo local e riscos com segurança e também o inexorável
envolvimento político, partidarismo e parcialidade nas investigações. Tais caos no próprio pais, são
encaminhados ao secretariado Internacional que designa missão composta por membros que garantam
imparcialidade, independência e democracia no trabalho de investigação para salvaguardar
credibilidade no seu resultado...
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Conclusão:
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A Amnistia Internacional vem sendo chamada por alguns codinomes que a tornaram popularmente
conhecida mundialmente. A organização é comparada ao ditado popular que diz: “ água mole em
pedra dura tanto bate até que fura ” ..Somos considerados como “ Água na Pedra” . Parafraseando tal
simbolismo, resgato o belo texto de Jacob Riis para ilustrar: “Quando nada parece ajudar, vou e olho o
cortador de pedras martelando a rocha, talvez cem vezes, sem que nem uma só rachadura apareça. No
entanto, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela a que
conseguiu, mas todas as que vieram antes” . Já os militantes da AI são chamados de “Conspiradores da
Esperança”.
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