10 Puncoamento PDF
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10
PUNÇOAMENTO
CARLOS FÉLIX
FEVEREIRO / 2014
Departamento de Engenharia Civil
ÍNDICE
10 Punçoamento 1
10.1 Introdução 1
10.14 Resumo 25
10.15 Bibliografia 28
10 Punçoamento
10.1 Introdução
A rotura por punçoamento pode ser entendida como uma extensão do problema da
rotura por esforço transverso que ao desenvolver-se em torno da área carregada gera
uma superfície troncocónica, conforme se ilustra na Figura 10.2. O problema de esforço
1 – Compressão radial
2 – Engrenagem entre agregados
3 – Efeito de ferrolho
Estudos experimentais têm demonstrado que a rotura por punçoamento apenas ocorre
em lajes numa fase adiantada de deformação por flexão e nas situações em que as
armaduras sejam suficientes para resistir à flexão. Verifica-se que em lajes com
percentagens de armadura relativamente elevadas as roturas são por punçoamento,
enquanto que em lajes com percentagens de armaduras reduzidas, as roturas são
devidas à flexão.
kd Secção de
controlo
2d
2d 2d
2d
2d 2d
u1 u1 u1
Para a obtenção do valor da altura útil da laje, atendendo a que armadura principal
existe em duas direcções ortogonais (Aly e Alz), pode adotar-se para d o valor médio da
altura útil em cada uma das duas direcções, conforme se ilustra na Figura 10.6.
Aly Alz
dz dy
d = (dy+dz)/2
≤ 6d ≤ 6d
l1 ≤ l2 l1 > l2
2d 2d
l2 l2 l1 l2
2d 2d
a) l1 ≤ l2 b) l1 > l2
Nos pilares localizados nas proximidades dos bordos livres de lajes, o primeiro perímetro
de controlo pode ser obtido a partir dos esquemas apresentados na Figura 10.8,
descontando os respetivos bordos livres. O perímetro assim calculado não poderá ser
superior ao que se obteria se se considerasse o pilar interior. Em determinadas
condições, conforme se ilustra em Figura 10.8 f), poderão ter de ser calculados mais do
que um perímetro (no exemplo em apreço, ui e uj) sendo u1 o que conduzir à situação de
verificação da segurança mais desfavorável. Além do valor do perímetro, este cálculo
determinará se o pilar deve ser classificado como interior, de bordo ou de canto.
2d 2d 2d
2d 2d 2d
u1 u1 u1
a) b) c)
uj
2d 2d 2d
u1 u1
ui
d) e) f)
Figura 10.8 - Primeiros perímetros de controlo para áreas carregadas junto dos bordos.
Secção de controlo = d ui
Área carregada
No caso de capitéis de reduzida dimensão (lH < 2hH) sobre pilares circulares, conforme se
ilustra na Figura 10.11, tem como efeito o aumento do primeiro perímetro de controlo.
De facto, nas condições expressas, a verificação da segurança ao punçoamento deverá
ser feita somente numa secção exterior ao capitel cujo perímetro é circular, centrado
com o centro de gravidade do pilar, cujo raio é dado pela expressão:
onde,
c - diâmetro do pilar
A - Secção de controlo
de referência
A Figura 10.12 ilustra em planta a área carregada, a área definida pela linha de inserção
do capitel na laje (área do capitel) e o perímetro de controlo que será, neste caso,
exterior ao capitel.
2d l = c + 2lH 2d
perímetro de
controlo
exterior ao
capitel
lH c lH
área carregada
Figura 10.12 - Laje sobre capitel circular com lH < 2hH: planta.
No caso de o pilar ter secção rectangular (e com lH < 2hH), o perímetro de controlo pode
ser considerado igualmente circular (ver Figura 10.13), baricêntrico com a secção
transversal do pilar, com rcont dado por:
r 2d 0.56 l1l2 (10.2)
O menor dos valores: cont
rcont 2d 0.69 l1
l1 c1 2 lH1 (10.3)
l2 c 2 2 lH2 (10.4)
2d l1 = c1 + 2lH1 2d
2d
perímetro de
controlo
exterior ao lH2
capitel
2d
Figura 10.13 - Laje sobre capitel rectangular com lH < 2hH: planta.
— Uma, com o perímetro interior ao capitel (rcont, int) e com altura útil considerando a
espessura da laje mais o espessamento do capitel (dH = d+hH);
— Outra, com o perímetro exterior ao capitel (rcont, ext) e com altura útil considerando
apenas a espessura da laje.
- Secções de controlo de
A
referência para pilares
circulares
B - Área carregada Aload
2d l = c + 2lH 2d
perímetro de
controlo
interior ao
capitel
área lH c lH
carregada
rcont,int
área do
capitel
perímetro de
controlo rcont,ext
exterior ao
capitel
Figura 10.15 - Laje sobre capitel circular com lH > 2(d+hH): planta.
A Figura 10.15 ilustra o traço das secções de controlo a considerar no caso de um pilar
circular de diâmetro c. As distâncias dos perímetros de controlo medidas desde o
baricentro do pilar são dadas pelas expressões:
No caso em que 2hH < lH < 2(d+hH), o raio do perímetro de controlo medido a partir do
baricentro da secção transversal do pilar (rcont) continua a ser dado pela expressão
(10.1). Como este perímetro é exterior aos limites do capitel (ver Figura 10.16), será
suficiente verificar a segurança ao punçoamento na secção de controlo definida por
aquele perímetro e pela altura útil da laje (d).
rcont
d
hH
tg=1/2 2hH<lH<2(d+hH)
c
Figura 10.16 - Laje sobre capitel com 2hH < lH < 2(d+hH)
≤1.5d
≤1.5d
c2
c2 c2 ≤1.5d
c1
c1 c1
Bordo Bordo
livre livre
Caso se trate de pilares de secção circular, pode adotar-se uma secção quadrangular com
um perímetro equivalente (ver Figura 10.18) e adotar as mesmas regras que as
indicadas para os pilares rectangulares.
≤1.5d ≤1.5d
Secção
equivalente
c
Bordo Bordo
livre c livre c
c =/4 u0 = c+3d ≤ 3c
Nas situações em que esta condição não se verifique, será necessário redimensionar a
secção, aumentando as dimensões da área carregada ou a espessura da laje. Um
procedimento corrente para resolução deste problema é através da introdução de
capitéis.
Contudo, nas situações em que o cálculo desta armadura está dispensado, será sempre
conveniente prever uma armadura mínima, conforme adiante será referido.
O valor de cálculo da tensão de punçoamento devido a uma ação aplicada com uma certa
excentricidade é dado pela expressão:
VEd (10.10)
v Ed
ui d
em que:
vEd
d
rcont
u1
VEd
MEd
Pilar de
canto
= 1.5
Pilar de Pilar
bordo interior
= 1.4 = 1.15
(i) o primeiro perímetro de controlo (u1) será calculado conforme exposto em 10.2
para lajes sem capitéis e em 10.4 em lajes com capitéis;
Para efeitos da verificação a que se refere a expressão (10.6) deve considerar-se que a
máxima tensão resistente ao punçoamento é dada por:
f
0.61 ck , com fck em MPa (10.13)
250
O Quadro 10.1 resume os valores obtidos por aplicação das expressões (10.12) e (10.13)
para betões com fck≤50MPa.
fck [MPa] 12 16 20 25 30 35 40 45 50
0.571 0.562 0.552 0.540 0.528 0.516 0.504 0.492 0.480
vRd,max [MPa] 2.285 2.995 3.680 4.500 5.280 6.020 6.720 7.380 8.000
Punçoamento em lajes
Em que:
200
k 1 2.0 , com d expresso em mm
d
cp ( cy cz ) 2
Zona de armaduras de
Alz tração a considerar Aly
3d 3d
Punçoamento em sapatas
2d (10.19)
v Rd, c 0.12 k 100 l fck
13
a
2d (10.20)
v Rd, c min
a
fck [MPa]
d
k 12 16 20 25 30 35 40 45 50
[mm]
min
≤200 2.000 0.343 0.396 0.443 0.495 0.542 0.586 0.626 0.664 0.700
210 1.976 0.337 0.389 0.435 0.486 0.532 0.575 0.615 0.652 0.687
220 1.953 0.331 0.382 0.427 0.478 0.523 0.565 0.604 0.641 0.676
230 1.933 0.326 0.376 0.420 0.470 0.515 0.556 0.595 0.631 0.665
240 1.913 0.321 0.370 0.414 0.463 0.507 0.548 0.586 0.621 0.655
250 1.894 0.316 0.365 0.408 0.456 0.500 0.540 0.577 0.612 0.645
260 1.877 0.312 0.360 0.403 0.450 0.493 0.532 0.569 0.604 0.636
270 1.861 0.308 0.355 0.397 0.444 0.487 0.526 0.562 0.596 0.628
280 1.845 0.304 0.351 0.392 0.439 0.480 0.519 0.555 0.588 0.620
290 1.830 0.300 0.347 0.388 0.433 0.475 0.513 0.548 0.581 0.613
300 1.816 0.297 0.343 0.383 0.428 0.469 0.507 0.542 0.575 0.606
310 1.803 0.294 0.339 0.379 0.424 0.464 0.501 0.536 0.569 0.599
320 1.791 0.290 0.335 0.375 0.419 0.459 0.496 0.530 0.563 0.593
330 1.778 0.288 0.332 0.371 0.415 0.455 0.491 0.525 0.557 0.587
340 1.767 0.285 0.329 0.368 0.411 0.450 0.486 0.520 0.551 0.581
350 1.756 0.282 0.326 0.364 0.407 0.446 0.482 0.515 0.546 0.576
360 1.745 0.280 0.323 0.361 0.404 0.442 0.477 0.510 0.541 0.571
370 1.735 0.277 0.320 0.358 0.400 0.438 0.473 0.506 0.537 0.566
380 1.725 0.275 0.317 0.355 0.397 0.435 0.469 0.502 0.532 0.561
390 1.716 0.273 0.315 0.352 0.393 0.431 0.466 0.498 0.528 0.556
400 1.707 0.270 0.312 0.349 0.390 0.428 0.462 0.494 0.524 0.552
d 1
v Rd, cs 0.75v Rd, c 1.5 A sw fywd, ef sen (10.21)
sr u1d
em que:
Asw é a área de um perímetro de armaduras de punçoamento em torno do
pilar expressa em mm2
Uma vez encontrada uma solução de armaduras deve ser verificada a desigualdade dada
pela expressão (10.7) em que ui é substituído por uout ou uout,ef (ver Figura 10.22),
conforme a armadura seja disposta radialmente ou em cruz:
VEd
v Rd, c (10.22)
uout d
VEd
v Rd, c (10.23)
uout , ef d
VEd
uout (10.24)
v Rd, c d
A armadura de punçoamento em lajes pode ser constituída por varões inclinados a 45º
ou por estribos verticais (ver Figura 10.23). Uma ou outra solução exigem elevada mão-
de-obra e a sua eficiência tem sido posta em causa, porquanto a sua distribuição na zona
de rotura não ser uniforme. Recorre-se por isso cada vez mais a soluções de armaduras
pré-fabricadas (ver Figura 10.24), de fácil instalação e cuja eficiência tem sido
demonstrada nos mais estudos e ensaios laboratoriais.
O Quadro 10.3 e a Figura 10.25 resumem estas disposições para o caso dos estribos e
dos varões inclinados.
último perímetro de
sr
armaduras
primeiro perímetro de st
armaduras
Asw
A sw, min
Quadro 10.4 — Valores de [%] para =90º e fck≤50MPa.
s r s t
— Deve ser verificada a área mínima de cada estribo que depende dos afastamentos
radial e tangencial adotados.
Definição de sr
Deve-se começar por definir a coroa circular onde se vai localizar a armadura de
punçoamento, conforme esquematizado na Figura 10.27. Admitindo que o perímetro uout
é circular de raio rout:
VEd
rout (10.27)
2 v Rd, c d
rout
rw,ext
rw,int
(np-1)sr sr ≤ 0.75d
np ≥ 2
>0.3d ≤1.5d
≤0.5d
Figura 10.27 — Coroa circular de localização da armadura.
Com base nos condicionantes apresentados na Figura 10.27 é possível obter uma
primeira estimativa do número de perímetros de estribos (np) e do valor de sr que melhor
serve ao problema.
Calcular Asw
v Ed 0.75v Rd, c sr u1
A sw (10.28)
fywd, ef sen 1.5
A sw, ef
s t,ui ui (10.30)
A sw
em que,
A sw, ef
s t,int uint (10.31)
A sw
sendo,
A sw, ef
s t, ext uext (10.32)
A sw
sendo,
Desenhada a solução final, esta deve ser validada em termos de espaçamento dos
estribos, da sua localização e da área total de armadura. Em particular, deve ser
comparada a armadura total necessária (Asw,tot) com a efectivamente adotada.
10.14 Resumo
Calcular o perímetro de
Ver Figura 10.17
controlo u0
Calcular vEd para o primeiro VEd
v Ed Expressão (10.10)
perímetro de controlo u0 ui d
10.15 Bibliografia
Nova Regulamentação para o Projecto de Estruturas de Betão. Rui Faria, Nelson Vila
Pouca. FEUP. 1997.
J. D’Arga e Lima, Vítor Monteiro e Manuel Pipa. Betão Armado. Esforços Transversos, de
Torção e de Punçoamento. LNEC. 1985.
Apontamentos de Betão Armado e Pré-Esforçado II. Carla Marchão e Júlio Appleton. IST.
2006.