Resposta A Acusacao Vi
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CURSO DE 2ª FASE PENAL
XXII EXAME DE ORDEM
Aula 08
Continuação da estrutura da Resposta à Acusação – Teses principais de mérito.
DO MÉRITO
DOS PEDIDOS
Pedido Principal de Absolvição Sumária, nos termos do art. 397 do Código de Processo Penal.
ESTUDO DE CASOS
CASO 01. (XXI Exame de Ordem) Gabriela, nascida em 28/04/1990, terminou relacionamento amoroso com Pa-
trick, não mais suportando as agressões físicas sofridas, sendo expulsa do imóvel em que residia com o compa-
nheiro em comunidade carente na cidade de Fortaleza, Ceará, juntamente com o filho do casal de apenas 02 anos.
Sem ter familiares no Estado e nem outros conhecidos, passou a pernoitar com o filho em igrejas e outros locais de
acesso público, alimentando-se a partir de ajudas recebidas de desconhecidos. Nessa época, Gabriela fez amizade
com Maria, outra mulher em situação de rua que frequentava os mesmos espaços que ela.
No dia 24 de dezembro de 2010, não mais aguentando a situação e vendo o filho chorar e ficar doente em razão da
ausência de alimentação, após não conseguir emprego ou ajuda, Gabriela decidiu ingressar em um grande super-
mercado da região, onde escondeu na roupa dois pacotes de macarrão, cujo valor totalizava R$18,00 (dezoito reais).
Ocorre que a conduta de Gabriela foi percebida pelo fiscal de segurança, que a abordou no momento em que ela
deixava o estabelecimento comercial sem pagar pelos bens, e apreendeu os dois produtos escondidos.
Em sede policial, Gabriela confirmou os fatos, reiterando a ausência de recursos financeiros e a situação de fome e
risco físico de seu filho. Juntado à Folha de Antecedentes Criminais sem outras anotações, o laudo de avaliação
dos bens subtraídos confirmando o valor, e ouvidos os envolvidos, inclusive o fiscal de segurança e o gerente do
supermercado, o auto de prisão em flagrante e o inquérito policial foram encaminhados ao Ministério Público, que
ofereceu denúncia em face de Gabriela pela prática do crime do Art. 155, caput, c/c Art. 14, inciso II, ambos do
Código Penal, além de ter opinado pela liberdade da acusada.
O magistrado em atuação perante o juízo competente, no dia 18 de janeiro de 2011, recebeu a denúncia oferecida
pelo Ministério Público, concedeu liberdade provisória à acusada, deixando de converter o flagrante em preventiva,
e determinou que fosse realizada a citação da denunciada. Contudo, foi concedida a liberdade para Gabriela antes
de sua citação e, como ela não tinha endereço fixo, não foi localizada para ser citada.
No ano de 2015, Gabriela consegue um emprego e fica em melhores condições. Em razão disso, procura um advo-
gado, esclarecendo que nada sabe sobre o prosseguimento da ação penal a que respondia. Disse, ainda, que Maria,
hoje residente na rua X, na época dos fatos também era moradora de rua e tinha conhecimento de suas dificuldades.
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Diante disso, em 16 de março de 2015, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país, Gabriela e o advo-
gado compareceram ao cartório, onde são informados que o processo estava em seu regular prosseguimento desde
2011, sem qualquer suspensão, esperando a localização de Gabriela para citação.
Naquele mesmo momento, Gabriela foi citada, assim como intimada, junto ao seu advogado, para apresentação da
medida cabível. Cabe destacar que a ré, acompanhada de seu patrono, já manifestou desinteresse em aceitar a
proposta de suspensão condicional do processo oferecida pelo Ministério Público.
Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade de advogado(a) de Gabriela, a peça jurídica cabível,
diferente do habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas de direito material e processual pertinentes. A
peça deverá ser datada no último dia do prazo. (Valor: 5,00)
CASO 02. Gabriela, no dia 10 de julho de 2015, em seu aniversário de 22 anos, depois de ter ingerido bebida
alcoólica de forma voluntária, começa a discutir com Catarina, da mesma idade, em virtude desta ter aberto um dos
presentes que Gabriela tinha ganho. Face à discussão, as duas iniciaram agressões mútuas, ocasião em que Ca-
tarina, munida de um canivete, começa a agredir Gabriela, com a intenção de lesionar a amiga. Gabriela, revida a
agressão com socos e pontapés em Catarina, pegando o canivete da amiga, no intuito de cessar a agressão, sendo
a briga apartada pelos amigos da festa.
Em virtude das lesões sofridas, Catarina foi levada ao hospital e, por estar muito nervosa com o ocorrido, começou
a ter um sangramento muito forte, o que acarretou na perda do seu bebê, pois estava grávida de 07 semanas e, no
dia do aniversário de Gabriela, também foi comemorar pela sua gravidez com os amigos, sendo estado gestacional
do conhecimento de todos os convivas. Assim que deixou o estabelecimento de saúde, foi a Delegacia competente
informar os fatos e, após prestar os seus esclarecimentos, foi encaminhada ao Instituto Médico Legal para a reali-
zação da perícia traumatológica, mas não fez o exame porque no dia tinha muita gente, esquecendo-se, todavia,
de realizar a perícia posteriormente.
Gabriela foi chamada em sede policial, mas não compareceu, pois estava viajando para um Congresso. Duas tes-
temunhas presenciais também depuseram em sede policial, confirmando a prática da lesão de Gabriela em Cata-
rina, informando ser de conhecimento das pessoas da festa o estado gestacional da vítima.
Ainda em sede policial, Juliana, amiga de Gabriela e de Catarina, ao prestar o seu depoimento, informou que Ga-
briela só lesionou a agente porque Catarina se encontrava munida de um canivete, tentando agredi-la, mas sem
sucesso em virtude da péssima pontaria. Além disso, informou também que acusada e vítima são muito amigas e
que a discussão se iniciou porque as duas estavam sob efeito de substância alcoólica.
Com base nas informações colhidas na fase inquisitorial, o representante do Ministério Público ofereceu denúncia
pela prática do delito de lesão corporal gravíssima, com fundamento no art. 129, § 2º, V do Código Penal.
A exordial acusatória foi recebida pelo Juiz da 12ª Vara Criminal da Comarca de Alfa, capital do Estado Beta, amigo
íntimo e professor de Catarina, entendendo o magistrado que a inicial cumpriu todos os requisitos previstos no
art. 41 do Código de Processo Penal. A citação de Gabriela ocorreu em 14 de julho de 2015, terça-feira. Em face
da situação hipotética apresentada, na condição de advogado constituído por Gabriela, redija a peça processual
adequada à defesa de sua cliente, alegando AS TESES DEFENSIVAS pertinentes. Date o documento no último dia
do prazo para protocolo.
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GABARITO DOS CASOS PRÁTICOS
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Se isso não fosse suficiente, ainda deveria o advogado destacar a existência de manifesta causa de exclusão de
ilicitude, qual seja, o estado de necessidade. Prevê o Art. 24 do Código Penal que atua em estado de necessidade
aquele que pratica fato descrito como crime para salvar de perigo atual, que não causou por sua conduta, direito
próprio ou alheio, cujo sacrifício não era razoável exigir naquelas circunstâncias. Claramente, Gabriela estava com
seu direito e de seu filho em situação de risco atual e concreto, em especial porque a criança estava ficando doente
em razão da ausência de alimentação. Ademais, a situação de perigo não fora por ela criada, já que expulsa do
imóvel por seu ex-companheiro que lhe agredia, além de não conseguir emprego ou ajuda financeira de outras
pessoas. Por fim, não era razoável exigir que Gabriela sacrificasse a integridade física de seu filho em detrimento
de lesão de ínfimo valor para grande supermercado da região.
Assim, diante do estado de necessidade, deve ser formulado pedido de absolvição sumária com fundamento no Art.
397, inciso I, do CPP. Após os pedidos, deve o(a) examinando(a) apresentar rol de testemunhas, indicando Maria
para o caso de não acolhimento do requerimento de absolvição sumária.
O prazo para elaboração da peça processual, nos termos do Art. 396 do CPP, é de 10 dias, sendo que a citação/in-
timação da ré e de seu advogado ocorreu em 16 de março de 2015, iniciando-se o prazo em 17 de março de 2015
e terminando em 26 de março de 2015.
A petição deverá ter indicação de local, data, assinatura e número de inscrição na OAB.
CASO 02.
Peça: RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal.
Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA CRIMINAL DA COMARCA
DE ALFA CAPITAL DO ESTADO DE BETA.
Preliminares:
• Indicação da preliminar de nulidade em virtude de suspeição do Juiz, por ser amigo íntimo da vítima, nos
termos do art. 564, I em combinação com o art. 254, I, ambos do Código de Processo Penal.
• Indicação da preliminar de ausência do exame de corpo de delito com fundamento no art. 564, III, “b” em
combinação com o artigo 158, todos do Código de Processo Penal.
• Indicação da preliminar de legítima defesa, causa de excludente de ilicitude ao teor do disposto no artigo
23, II em combinação com o artigo 25, ambos do Código Penal.
• Indicação da preliminar de ausência de justa causa e necessidade/interesse para o exercício da ação, nos
termos do art. 395, II e III do Código de Processo Penal.
Mérito:
• Desenvolvimento fundamentado acerca do instituto da legítima defesa, nos termos dos artigos 23, II e 25,
todos do Código Penal.
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• Desenvolvimento fundamentado da nulidade do processo pela suspeição do magistrado, bem como da falta
do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, conforme previsão nos artigos 564, I e III, “b”,
além dos artigos 158 e 254, I, todos do Código de Processo Penal.
• Desenvolvimento fundamentado acerca da ausência de justa causa para o exercício da ação e interesse/ne-
cessidade de agir, já que não há prova da materialidade do crime, com fundamento no artigo 395, II e III do
Código de Processo Penal.
Pedidos:
• Pedido de absolvição sumária, com indicação do art. 397, inciso I, do Código de Processo Penal, em virtude
da existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato.
• Pedido de anulação do recebimento da peça inicial em virtude da nulidade pela suspeição do magistrado,
bem como pela falta de exame de corpo de delito, nos termos do artigo 564, I e III, “b” em combinação com o
artigo 158 e artigo 254, I, todos do Código de Processo Penal.
• Pedido de anulação do recebimento da peça acusatória em virtude da ocorrência manifesta de falta de
pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal, bem como ausência de justa causa, com
fundamento no artigo 395, II e III do Código de Processo Penal.
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Decisões estudadas na aula
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