A Expiação

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A Expiação: Limitada ou Universal?

[Introdução]
A questão da extensão da expiação está fortemente presente na história Batista. A linha de demarcação está no inicio do século dezessete, o

berço das origens Batistas. Os “Batistas Gerais”, os primeiros Batistas, acreditavam que a natureza da satisfação de Cristo pelos pecados na cruz

estendia-se a cada ser humano. Assim, a expiação era universal em alcance. Os “Batistas Particulares”, em sua maioria, acreditavam que Cristo

sofreu apenas pelos pecados dos eleitos. O termo teológico e popular usado para descrever essa ultima posição é “Expiação Limitada”.

Este capítulo examinará várias questões. A questão chave é se a Escritura ensina a Expiação Limitada. Várias questões relacionadas se seguem.

Existiram e existem hoje Calvinistas que rejeitam a expiação limitada? Deve-se abraçar a expiação limitada para ser um bom calvinista? Quais

são as implicações da expiação limitada para o evangelismo, missões e a pregação?

A meta desse ensaio é ser firme mas justo, simples mas substancial, bíblico mas não bombástico, e evitar um orgulho inapropriado de ignorância

bem como um elitismo arrogante. Todas as opções precisam estar sobre a mesa e todas elas devem ser corretamente representadas antes de

começar a discernir que ponto de vista é biblicamente verdadeiro. Com frequência em discussões sobre Calvinismo, pessoas usam o mesmo

vocabulário, mas definem os termos de maneira diferente. A confusão reina com frequência sobre a própria terminologia. Consequentemente,

definir os termos usados nesse capítulo é necessário. O que se segue são rápidas definições de termos:

Expiação, no uso moderno refere-se ao ato expiatório e propiciatório de Cristo na cruz através do qual a satisfação dos pecados foi consumada.

Deve-se ser cuidadoso ao distinguir entre a intenção, extensão e aplicação da expiação.

Extensão da expiação responde a questão “Por quem Cristo morreu?” ou “Pelos pecados de quem Cristo foi punido?” Existem apenas duas opções:

apenas pelo eleito (expiação limitada) ou por toda a humanidade (expiação universal). A segunda opção pode ainda ser dividida em [a] Dualistas

(Cristo teve um desejo desigual de salvar a todos por meio de sua morte) e [b] Arminianos e não-Calvinistas (Cristo teve uma vontade igual para

salvar a todos por meio da sua morte).

De acordo com a expiação limitada, Cristo suportou somente a punição prevista pelos pecados apenas do eleito.[1] Consequentemente, ninguém

mais pode ou vai receber os benefícios salvíficos de sua morte. Esse termo será usado como um sinônimo para “Expiação Definida”, “Redenção

Particular”[2], e “Particularismo estrito”.

De acordo com a expiação universal, Cristo suportou a punição prevista pelos pecados de toda a humanidade.

Dualismo se refere a visão de que Cristo suportou a punição prevista pelos pecados de toda a humanidade, mas não por todos igualmente; ou seja,

ele não o fez com a mesma intenção, desígnioou propósito. A maioria dos Calvinistas que rejeitam (ou não defendem) a expiação limitada em um

senso Owenico são dualistas.[3]

Particularismo, quando usado em um senso estrito (que é o sentido que usarei neste capítulo), é um sinônimo de expiação limitada ou redenção

particular.

Um particularista é alguém que abraça o particularismo, ou seja, a posição da expiação limitada.

Em imputação limitada, os pecados somente dos eleitos foram substituídos por, expiados por, ou imputados a Cristo na cruz.

Em imputação ilimitada, os pecados de toda a humanidade foram substituídos por, expiados por, ou imputados a Cristo na cruz.

Suficiência universal ou Infinita, quando usada por Particularistas estritos, significa que a morte de Cristo poderia ter sido suficiente ou capaz de

expiar todos os pecados do mundo se Deus tivesse pretendido fazer isso. No entanto, desde que eles acham que Deus não pretendeu que a

morte de Cristo fosse uma satisfação por todos, mas apenas pelo eleito, ele não é realmente suficiente ou capaz de salvar nenhum outro. Quando

usado por Dualistas e não-Calvinistas, o termo significa que a morte de Cristo é de uma tal natureza que pode realmente salvar a todos os

homens. Isto é, de fato (não hipoteticamente), uma satisfação pelos pecados de toda a humanidade. Portanto, se alguma pessoa perece, isso não

é por falta de expiação pelos pecados deles.[4] A culpa cai totalmente neles.

De acordo com a suficiência limitada, a morte de Cristo satisfez apenas pelos pecados dos eleitos. Assim, é limitada em sua capacidade de

salvar apenas aqueles por quem Ele sofreu.


Suficiência intrínseca fala da expiação interna ou habilidade infinita abstrata de salvar todos os homens (se Deus assim pretendeu), de tal forma

que não teve referencia direta a extensão real da expiação.

Suficiência extrínseca fala da habilidade infinita real da expiação para salvar todo e cada homem, e isso porque Deus desejou ser assim, tal que

Cristo, de fato, fez uma satisfação por toda a humanidade. Em outras palavras, a suficiência possibilita a satisfação ilimitada ser verdadeiramente

adaptável a toda a humanidade. Todas as pessoas vivas estão em um estado salvável porque o sangue foi suficientemente derramado por eles

(Hb 9.22).

Três áreas maiores constituem o objeto da expiação: intenção, extensão, e aplicação. A intenção da expiação, visto estar relacionada com as

diferentes perspectivas da eleição, responde a questão: Qual foi o propósito salvífico de Cristo providenciando uma expiação? Ele teve um desejo

igual ou desigual na salvação de cada ser humano? Daí, consequentemente, sua intenção necessariamente teve uma influencia sobre a extensão

de sua satisfação? Uma passagem crucial nessa conexão é encontrada em 2 Coríntios 5.19: “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o

mundo” (KJV). O plano de Deus na expiação foi prover uma punição e uma satisfação pelos pecados como uma base para salvação de toda

humanidade e assegurar a salvação de todos os que creem em Cristo.[5] Calvinistas Rígidos[6] creem em expiação limitada e assim interpretam a

palavra mundo aqui com o significado de eleito[7] e não toda a humanidade. Eles argumentam que a intenção salvífica limitada de Deus

necessariamente requer que Cristo providenciou uma satisfação apenas pelo eleito[8] e assim assegura a salvação apenas pelo eleito.

Calvinistas moderados[9], ou seja, aqueles que rejeitam uma expiação limitada estrita, acreditam que o projeto salvifico de Deus foi dualístico: (1)

Ele enviou Cristo para a salvação de toda a humanidade, então sua morte pagou a penalidade pelos seus pecados, e (2) Cristo morreu com um

propósito especial de, no fim, assegurar a salvação do eleito. A visão do Arminianismo Clássico e do não-Calvinista da intenção da expiação é

que Cristo morreu igualmente por todos os homens para fazer possível a salvação para todo aquele que crê, bem como para assegurar a

salvação daqueles que creem (os eleitos).[10]

A extensão da expiação responde a questão: Pelos pecados de quem Cristo foi punido? Existem duas respostas possíveis. Primeiro, Cristo morreu

pelos pecados de toda humanidade, também com igual intenção (Ele morreu pelos pecados de todos e Sua intensão foi a salvação de todos), ou

com intenção desigual (Ele morreu pelos pecados de todos mas especialmente pretendeu salvar os eleitos). Segundo, Cristo morreu pelos

pecados apenas dos eleitos (particularismo estrito) e pretendeu somente a salvação deles.[11] Todos os Arminianos, Calvinistas Moderados e

não-Calvinistas creem que Jesus morreu pelos pecados de toda humanidade.

A aplicação da expiação responde a questão, Quando a expiação é aplicada ao pecador? Essa questão tem três respostas possíveis: (1) é

aplicada no decreto eterno de Deus. Muitos hyper-Calvinistas sustentam essa visão. (2) é aplicada na cruz a todos os eleitos no momento da

morte de Jesus. Alguns hyper-Calvinistas e alguns Calvinistas Rígidos sustentam essa posição, que é chamada “justificação na cruz”. (3) é

aplicada no momento que o pecador exerce a fé em Cristo. A maioria dos Calvinistas Rígidos, todos os Calvinistas moderados, todos os

Arminianos e todos os não-Calvinistas sustentam essa visão que é o ponto de vista bíblico. A causa última da aplicação está também em disputa

visto que os Calvinistas querem argumentar que aqueles que creem em Livre Arbítrio Libertário fundamentam a causa decisiva da salvação na

vontade do homem em vez de na vontade de Deus.

Esses três objetos concernentes à expiação (intenção, extensão e aplicação) não podem e não deveriam ser divorciados uns dos outros. O foco

deste capítulo é primariamente na questão da extensão da expiação.

Desde o inicio é vital dizer uma palavra sobre a fórmula popular de Pedro Lombardo primeiro explicitamente articulada em suas Sentenças:[12] A

morte de Jesus é suficiente por todos, mas eficiente somente pelo eleito. O debate sobre a natureza dessa suficiência é o debate chave na questão

da extensão. Calvinistas com frequência afirmam que “o debate não é sobre a suficiência da expiação; todos concordam que a expiação foi

suficiente para expiar os pecados do mundo todo”. O debate certamente é sobre suficiência. A posição dos Calvinistas Rígidos sobre a expiação

implica que a morte de Cristo é suficiente apenas para salvar o eleito. Os não-eleitos não são salváveis porque Jesus não morreu pelos seus

pecados. A suficiência de Jesus é a posição da expiação limitada estrita que é chamada uma suficiência intrínseca (ou uma

suficiência descoberta).[13] A ideia é que se Deus pretendeu que o mundo todo fosse salvo, então a morte de Jesus poderia ter sido[14] suficiente
por todos (assim tendo um mérito intrínseco suficiente), mas não foi o que Deus pretendeu. A posição dos Calvinistas Moderados e dos não-

Calvinistas interpreta o termo “suficiente” com o significado de que Cristo fez satisfação pelos pecados de toda a humanidade. Assim, a morte de

Jesus é “extrinsecamente” ou “universalmente” suficiente em capacidade para salvar todas as pessoas. O entendimento da formula de Lombardo

é cheia de confusão hoje desde que aqueles em ambos os lados do debate pós-Reforma tem usado isso para articular e defender sua posição

frequentemente sem o palestrante especificar em que sentido ele está usando o termo. Sempre que a fórmula é usada, uma questão deve

sempre ser levantada: O que significa o termo “suficiente”?

Este ensaio argumentará a favor da expiação ilimitada (uma imputação ilimitada dos pecados a Cristo) e contra a expiação limitada (uma

imputação limitada dos pecados a Cristo) sem sequer citar um único Arminiano ou um não-Calvinista. Os melhores argumentos contra a expiação

limitada vêm de escritores Calvinistas.[15] Cinco áreas serão pesquisadas em resposta a questão de se a expiação de Cristo é limitada ou

ilimitada: Histórica, bíblica, lógica, teológica, e prática.

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, pp. 61-67

Tradução: Walson Sales

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[1] Enquanto todos os Calvinistas que acreditam em “expiação definida” acreditam em um tipo de imputação limitada do pecado em Cr isto, a

maioria deles rejeita o “equivalentismo”; isto é, eles não sustentam uma equivalência (olho por olho) na teoria da expiação, como se existe uma

quantidade de sofrimento em Cristo que corresponde exatamente ao número de pecados daqueles que Ele representa. Eu não estou equiparando

o “particularismo estrito” com o “equivalentismo”. T. Nettles é um exemplo de alguém que sustenta a visão equivalentista (veja o seu By His Grace

and His Glory (Por sua Graça e para sua Glória) [Grand Rapids: Baker, 1986], p. 305-16).

[2] Existe uma variedade dentro deste grupo de pessoas que se descrevem com este rótulo. Dagg escreveu: “outras pessoas que mantém a

doutrina da redenção particular, distinguem entre redenção e expiação, e por causa dessa adaptabilidade referida a considerar a morte de Cristo

uma expiação pelos pecados de todos os homens; ou como uma expiação por pecado em abstrato” J.L. Dagg, Manual of Theology (Manual de

Teologia) [Harisonburg, VA: Gano Books, 1990], 326. Note que Dagg está afirmando que existem duas posições de redenção particular dentro do

calvinismo, algo que raramente é reconhecido. Note também que uma dessas posições dentro do calvinismo afirma que Cristo morreu pelos

pecados de todos os homens. Isto é tão extraordinário que quando Andrew Fuller modificou o seu ponto de vista como o resultado de sua

interação com o Batista Geral Dan Taylor, ele diz explicitamente que ele concordava com ele sobre “A Extensão Universal da morte de Cristo”

(The Complete Works of the Rev. Andrew Fuller, with a Memoir of His Life by the Rev. Andrew Gunton Fuller [As obras completas do Reverendo

Andrew Fuller, com a memória da vida dele pelo Rev. Andrew Gunton Fuller] [ed. A.G. Fuller; Rev. ed. J. Belcher; Vol. 2; Harrisonburg, VA:

Sprinkle Publications, 1988 (1845), 550). Além disso, no tratamento de Fuller da substituição em suas Six Letters to Dr. Ryland (Suas Seis Cartas

para o Dr. Ryland), ele procurou responder a questão sobre “As pessoas por quem Cristo foi um substituto; se apenas o eleito, ou a humanidade

em geral”. Ele argumentou que Cristo substituiu a humanidade em geral, mas ele manteve isso em conjunto com sua crença de que Cristo o fez

com um propósito efetivo de salvar somente o eleito (Works, 2: 706-09). Fuller pareceu caber no segundo tipo de redencionista particular de

Dagg.

[3] “Owenico” refere-se ao tratamento clássico da posição da expiação limitada de John Owen em sua obra The Death of Death in the Death of

Christ (A morte da morte na morte de Cristo) (Cornwall, England: Diggory Press, 2007).

[4] C. Hodge (concordando com o Sínodo de Dort) pontuou isso em sua Teologia Sistemática (Grand Rapids: Eardmans, 1993), 2:556-57. O

Puritano S. Charnock também argumentou poderosamente esse ponto em “The Acceptableness of Christ’s Death” [A Aceitabilidade da Morte de

Cristo], em The Works of Charnock (As obras de Stephen Charnock) (Carlisle, PA: Banner Of Truth, 1985), 4: 563-64.

[5] Veja o tratamento de G. Shultz de 2 Corintios 5. 18-21 em “A Biblical Defense of a Multi-Intentioned View of the Extent of the Atonement” [Uma

defesa bíblica e teológica de uma multi-intencionada visão da extenção da expiação] (PH.D. Diss., Southern Baptist Theological Seminary, 2008),

125-31. Schultz, um calvinista moderado, tem um artigo recente que é excelente sobre a extensão da expiação, que é um sumário de sua
dissertação. (G. Schultz, “God’s Purposes in the Atonement for the Nonelect” [O propósito de Deus na expiação pelo não

eleito], Biblioteca Sacra 165, n 658 [abril-junho 2008]: 145-63.). Seu artigo identifica os muitos propósitos bíblicos para a expiação pelo não eleito,

incluindo “o pagamento da penalidade por todos os pecados de todas as pessoas que já viveram” (147).

[6] O termo “Calvinistas Rígidos” é equivalente ao “Calvinista de cinco pontos”.

[7] Aqui geralmente o eleito refere-se ao crente eleito.

[8] Nem todos os Calvinistas dizem que a morte de Cristo providenciou a salvação apenas para o eleito desde que eles diferem entr e si mesmos

sobre o significado da suficiência da morte de Cristo.

[9] Esses são às vezes chamados de “Calvinistas de quatro pontos”, mas esse rótulo é impreciso.

[10] Eu estou me referindo aqui à posição Arminiana Clássica que não nega necessariamente a segurança do crente. Arminianos Modernos

negam a segurança eterna do crente.

[11] A maioria desse grupo, no entanto, admitem que a morte de Cristo resultou em uma graça comum fluindo a todos. O ponto importante aqui é

a influência do pecado. Eles não admitem uma imputação ilimitada do pecado em Cristo.

[12] A seção da fórmula foi traduzida recentemente como segue: “Ele ofereceu a sí mesmo no altar da cruz não ao diabo, mas ao Deus triuno e

Ele fez isso por todos com respeito à suficiência do preço, mas somente pelo eleito com respeito a sua eficácia, porque Ele trouxe sal vação

somente pelo predestinado”. P. Lombrado, The Sentences-Book 3: On the Incarnation of the Word [A Encarnação da Palavra] (Trad. G. Silano;

Mediaeval Sources In Translation 45; Canadá: Pontificial Institute of Mediaeval Estudies, 2008), 86. O conceito, no entanto, é pelo menos tão

antigo quanto Ambrósio (AD 338-397). Veja sua Exposition of the Holy Gospel According to Saint Luke [exposição do Santo Evangelho de São Lucas]

(Trad. T. Tomkinson; etna: Center for Tradicionalist Orthodox Studies, 1998), 201-02. Ele escreveu: “Embora Cristo sofreu por todos, porém Ele

sofreu por nós particularmente, porque Ele sofreu pela igreja”.

[13] A visão “intrinseca” ou “suficiência descoberta” é discutida e refutada nos escritos de vários Calvinistas, incluindo J. Dave nant, An Exposition of

the Epistle of St. Paul to the Colossians: With a Dissertation on the Death of Chist [Uma Exposição da Epístola de São Paulo aos Colossenses: com uma

dissertação sobre a morte de Cristo] (2 Vols; Londres: Hamilton, Adams, and Co., 1831), 401-404; J. Ussher, “An Answer to Some Exceptions,”

[Uma resposta a algumas exceções] em The Whole Works of the Most Rev. James Ussher [Todas as obras do Grande Rev. James Ussher] (Dublin:

Hodges, Smith, e Co., 1864), 12:561-571; E. Polhil “The Divine Will Considered in Its Eternal Decrees,” [A vontade Divina consideradas em

decretos eternos], nas The Works of Edward Polhil [As Obras de Eduard Polhill] (Morgan, PA: Soli Deo Gloria Publications, 1998), 164; e N.

Hardy, The First General Epistle of St. John the Apostle [A primeira Epístola Geral do Apóstolo João] (Edimburg: James Nichol, 1865), 140-41.

[14] John Owen estava consciente do fato que ele e outros foram revisando a fórmula do “Escolásticos” e prefere colocar em termos hipotéticos:

“O sangue de Cristo foi suficiente para ter sido feito o preço por todos”[ênfase minha]. Veja The Works of John Owen [as obras de John Owen] (Ed.

W. H. Goold; Nova York: Robert Carter and Brothers, 1852), 10:296. Richard Baxter chama a revisão de Owen de uma fórmula lombardiana uma

“nova evasão fútil” e refuta sua posição em Universal Redemption of Mankind by the Lord Jesus Christ [Redenção Universal da Humanidade pelo

Senhor Jesus Cristo] (Londres: impresso por John Salusbury na The Rising Sun in Cornhill, 1694), 343-45. Essa revisão é também brevemente

discutida em W. Cunningham, Historical Theology [Teologia Histórica] (Carlisle, PA: Banner of Truth, 1994), 2:332.

[15] Eu gostaria de agradecer a Tony Byrne por sua pesquisa e assistência nos escritos. Alguns dos materiais usados neste capítulo foram

originalmente postados no blog site dele TheologicalMeditations.blogspot.com. tony é um calvinista moderado e um antigo aluno meu em The

Criswell College. Ele ultrapassou o seu professor no assunto da extensão da expiação. Seu website tem incontáveis citações dentro do contexto

de Calvinistas sobre uma série de temas, desde o amor de Deus, vontade salvifica universal de Deus, graça comum, a oferta do evangelho bem

intencionada, a extensão da expiação. Tony tem ajudado grandemente a aguçar meu próprio pensamento nesse assunto.

A Expiação: Limitada ou Universal? [Considerações


Históricas]
Que duas coisas todos esses homens tem em comum? ? João Calvino, Heinrich Bullinger, Thomas Cranmer, Richard Baxter, John Preston, John

Bunyan, John Howe, Zacharias Ursinus, David Paraeus, Stephen Charnock, Eduard Polhill, Isaac Watts, Jonathan Eduards, David Brainard,

Thomas Chalmers, Phillip Dod-dridge, Ralph Wardlaw, Charles Hodge, Robert Dabney, W.G.T Shedd, J. C. Ryle, A.H.Strong ? Todos foram

Calvinistas, e nenhum deles ensinou a expiação limitada.[1] Tal alegação com frequência choca igualmente Calvinistas e não-Calvinistas.

Que duas coisas todos esses nomes tem em comum? ? John Davenant, Mattias Martinius, Samuel Ward, Thomas Goad, Joseph Hall, Ludwig

Crocius, e Johann Heinrich Alsted ? Todos foram Calvinistas, e todos foram delegados em Dort que rejeitaram a expiação limitada. Que duas

coisas esses nomes tem em comum? ? Edmund Calamy, Henry Scudder, John Arrowsmith, Lazarus Seaman, Richard Vines, Stephen Marshall e

Robert Harris ? Todos foram Calvinistas e todos foram teólogos em Westminster que rejeitaram a expiação limitada. Todos os homens acima

também afirmaram uma forma de expiação universal.

A questão da extensão da expiação surge largamente na história da Reforma. Foi a mais simples questão debatida em Dort. O comitê final

modificou a linguagem de Dort e a deixou deliberadamente ambígua a fim de acomodar aqueles Calvinistas Rígidos que acreditavam em

expiação limitada (particularismo estrito) e aqueles como John Davenant e outros das delegações Britânicas e Alemãs que rejeitavam o

particularismo estrito e acreditavam que a morte de Jesus pagou a penalidade dos pecados de toda a humanidade.[2]

Considerando os dados históricos sobre esta questão, deve-se estar ciente de três coisas. Primeiro, sempre existiu e é significante o debate sobre

as crenças concernentes a extensão da expiação na histórica Calvinista. A mesma honestidade usada com interpretação dos dados bíblicos e

sistemáticos precisa ser usada com a leitura dos dados históricos. Os Batistas precisam estar cientes dos muitos baluartes Calvinistas dentro da

denominação Batista, incluindo os Batistas do Sul, que sustentaram uma forma de expiação universal e rejeitaram a expiação limitada.

Segundo, os Batistas, se Calvinistas ou não, precisam estar historicamente mais conscientes sobre a extensão da diversidade sobre esse ponto.

As fontes primárias devem ser consultadas. Existe uma grande ignorância nessa área. Muitos autores contemporâneos de uma pers pectiva

Calvinista escrevem como se os Calvinistas historicamente tivessem proposto apenas uma visão sobre esse assunto. Visto ser improvável que

esses autores desconheçam a diversidade dentro de sua própria tradição sobre o assunto da extensão da expiação, surpreende o fato de

somente a posição limitada estrita ser apresentada e argumentada. Uma rápida olhada em muitos blogs administrados por Calvinistas revela a

mesma lacuna e a necessidade de ouvir honestamente a teologia histórica. A única forma de fazer isso é ler as fontes primárias cuidadosamente.

Terceiro, precisamos ver a inovação da visão Owenica da expiação limitada na história da igreja. Essa sempre tem sido a visão minoritária entre

os cristãos[3] ate mesmo após a reforma. Esse status impopular não o faz incorreto, mas muitos Calvinistas operam sob a suposição de que uma

expiação limitada estrita é e foi a única posição dentro do Calvinismo.[4] Não é e nem nunca foi.

A primeira pessoa na história da igreja que sustentou explicitamente a crença em expiação limitada foi Gottschalk de Orbais (AD 804-869).[5] Ao

contrário do que alguns Calvinistas pensam, Agostinho não sustentou a visão da expiação limitada.[6] Por outro lado, Gottschalk afirmou que

“Cristo não foi crucificado e entregue à morte pela redenção do mundo inteiro, ou seja, não pela salvação e redenção de toda humanidade, mas

somente por aqueles que são salvos”.[7] Três concílios franceses condenaram ambos, Gottschalk e suas visões.

Voltando ao período da Reforma, Martinho Lutero sustentou claramente uma forma de expiação ilimitada: “Cristo levou não somente os pecados

de alguns homens mas seus pecados e aqueles do mundo todo. A oferta foi pelos pecados do mundo todo, até mesmo embora o mundo todo não

creia”.[8]Em outro lugar Lutero argumentou incisivamente concernente João 1.29:

Você pode dizer: “Quem sabe se Cristo também sofreu pelo meu pecado? Eu não tenho dúvida que Ele sofreu pelo pecado de São Pedro, São

Paulo, e outros santos; essas eram pessoas piedosas”. … Você não ouve o que São João diz em nosso texto: “Esse é o cordeiro de Deus que tira

o pecado do mundo”? E você não pode negar que você também faz parte desse mundo, pois você foi nascido de homem e mulher. Você não é

uma vaca ou um porco. Se segue que seus pecados devem estar incluídos, tanto quanto os pecados de São Pedro e São Paulo…Você não

ouve? Não existe nada faltando no Cordeiro. Ele sofreu todos os pecados do mundo desde o inicio; isso implica que Ele também sof reu os seus,

e oferece sua graça.[9]

Semelhantemente, João Calvino sustentou uma forma de expiação universal. Considere o que segue:
“Suportar”, ou “tirar os pecados”, é livrar de culpa por sua satisfação aqueles que pecaram. Ele diz que os pecados de muitos , isto é, de todos,

como em Romanos 5:15. É ainda certo que nem todos recebem o benefício da morte de Cristo, mas isso acontece, porque sua incredulidade os

impede. Ao mesmo tempo, essa questão não é para ser discutida aqui, pois o apóstolo não está falando de poucos ou de muitos para os quais a

morte de Cristo pode estar disponível, mas ele simplesmente quer dizer que Cristo morreu pelos outros e não para si mesmo; e, portanto, opõe

muitos a um.[10]

Paulo torna a graça comum a todos os homens, não porque de fato e em verdade se estenda a todos, senão porque ela é oferecida a todos.

Embora Cristo sofreu pelos pecados do mundo, e é oferecido pela munificência divina, sem distinção, a todos os homens, todavia nem todos o

recebem.[11]

Essa é também a importação do termo mundo, que ele usou anteriormente; porque nada será encontrado no mundo que seja digno do favor de

Deus, e ainda ele se mostra reconciliado com o mundo inteiro, quando ele convida todos os homens sem exceção, à fé nEle, que é nada mais do

que uma entrada na vida.[12]

Devemos fazer todos os esforços para atrair a todos para o conhecimento do evangelho. Pois, quando vemos pessoas indo para o inferno que

foram criados à imagem de Deus e redimidos pelo sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, isso deve, certamente, nos agitar a fazer o nosso dever

e instruí-los e tratá-los com doçura e bondade a fim de tentar ter frutos dessa maneira.[13]

É, como eu já havia dito, que, considerando que os homens são criados à imagem de Deus e que suas almas foram redimidos pelo sangue de

Jesus Cristo, devemos tentar de todas as formas à nossa disposição atraí-los para o conhecimento do evangelho.[14]

No testamento e última vontade de Calvino, ele afirmou claramente uma forma de expiação universal:

… e rogando-lhe para que me lave e purifique pelo sangue desse grande Redentor, que foi derramado pela raça humana, para que eu possa

comparecer diante da sua face trazendo a semelhança dele.[15]

A discussão de Calvino, tanto em seu comentário quanto em seu sermão, sobre o uso da palavra “todos” em Isaias 53.6 (“Todos nós como

ovelhas temo-nos extraviado … e o Senhor colocou sobre Ele a iniquidade de todos nós” KJV) claramente não faz distinção no uso. “Todos” como

ovelhas desviadas, e sobre o Servo foi colocado os pecados de nós “todos”. Todos sem exceção pecaram, e os pecados de nós todos sem

exceção foram colocados sobre o Servo sofredor. Calvino depois diz: “Por adicionar o termo ‘cada um’ ele [o autor de Isaias] descende de uma

declaração universal, em que ele incluiu todos, para uma particular, na qual cada pessoa pode ser considerada estar em sua mente, … ele

adiciona a palavra ‘todos’ para excluir todas exceções, … até o último individuo …todos os homens são incluídos, sem nenhuma

exceção.”[16] Calvino prossegue dizendo que “muitos” significa “todos” em Isaias 53.12.

Com respeito à visão de Calvino da extensão da expiação, a conclusão de Rouwendal em um recente artigo é impressionante:

Se Calvino ensinasse a expiação particular, ele não teria usado a linguagem [para expiação universal] que Clifford tem reunido em grande

número. Assim, as proposições universais nas obras de Calvino provam negativamente que ele não subscreveu a expiação particular, mas elas

não provam positivamente que ele subscreveu a expiação universal. Essas proposições podem ser usadas para falsificar a conclusão de que

Calvino era um particularista, mas não são suficientes para provar que ele era um universalista.[17]

Perceba cuidadosamente que o próprio Rouwendal concluiu que a evidência mostra que Calvino não aprova a expiação limitada. Perceba

também que ele não diz que Calvino não aprovou a expiação universal; antes ele dizer que as “proposições universais” de Calvino em seus

escritos “não provam positivamente que ele subscreveu a expiação universal”. Francamente, dada a clara evidência que Calvino, de fato, aprovou

uma forma de expiação universal, a objeção de Rouwendal é desnecessária.

Dois anos após sua morte, o universalismo bíblico de Calvino foi refletido na Segunda Confissão Helvética (1566).[18] A última das grandes

confissões Reformadas, foi elaborada pelo amigo de Calvino Heinrich Bullinger (1504-75),[19] sucessor de Zwinglio em Zurique.

Outro importante documento da reforma afirmando expiação universal é o Catecismo de Heidelberg (1593). A Questão 37 diz:
O que você confessa quando diz que Ele [Cristo] sofreu? Resposta: durante todo o tempo de sua vida na terra, mas especialmente no fim, Cristo

suportou a ira de Deus contra o pecado de toda a raça humana. Assim, por seu sofrimento, como o único sacrifício expiatório, Ele redimiu nosso

corpo e alma da condenação eterna, e obteu pra nós a graça de Deus, santidade e vida eterna.

Zacharias Ursinus (1534-1583), em seu comentário do Catecismo de Heidelberg. Disse:

Questão: se Cristo fez uma satisfação por todos, então todos devem ser salvos. Mas todos não são salvos. Portanto, Ele não fez uma satisfação

perfeita.

Resposta: Cristo fez uma satisfação por todos, com respeito a suficiência da satisfação que Ele fez, mas não com respeito a aplicação dela.[20]

De acordo com Rouwendal, o criticismo de Beza da fórmula Lombardiana lançou uma nova etapa no desenvolvimento da doutrina da expiação

limitada. Até aquele dia, Calvino e todos os Reformadores aceitaram a fórmula Lombardiana. Seguindo Beza, outros Reformadores começaram a

aceitar a abordagem crítica de Beza. Bucanus, que foi um professor em Lausanne de 1591 a 1603, escreveu que a morte de Cristo:

“Poderia ter sido” (ao invés de “foi”) um resgate pelos pecados de todas as pessoas. Piscator foi ainda mais longe e chamou a fórmula clássica de

a distinção “contraditória”. Outros, como Ames e Abbot, foram críticos também. A tendência de restringir a expiação ao eleito em cada aspecto

iniciou com Beza. É de grande importância reconhecer que essa tendência não iniciou até 1588, vinte e quatro anos após Calvino ter morrido.[21]

Todos os primeiros Reformadores Ingleses sustentaram a expiação universal. Por exemplo, Thomas Cranmer afirmou claramente a expiação

universal na citação que segue:

Esta é a honra e glória desse nosso grande sacerdote, em que Ele não admitiu nem parceiro nem sucessor. Por sua própria oblação Ele satisfez

seu Pai pelos pecados de todos os homens, e reconciliou a humanidade à sua graça e favor. E todo aquele que o priva de sua honra, e tomam sobre si

mesmos esta honra, eles são muitos anticristos, e a maioria arrogantes blasfemadores contra Deus e contra seu filho Jesus Cri sto, a quem Ele

enviou.[22]

Em 1571, a Igreja Anglicana adotou a declaração doutrinária conhecida como os Trinta e Nove Artigos. O Artigo 31 dos Trinta e Nove Artigos

afirma: “A oferta de Cristo feita uma vez é a perfeita redenção, propiciação e satisfação por todos os pecados do mundo todo, ambos originais e

atuais; e não existe outra satisfação pelo pecado, mas apenas essa”.[23]

A Assembleia de Westminster ocorreu de 1643 a 1649 em Londres. As vezes se pensa que todos aqueles que foram membros na Assembléia de

Westminster abraçaram a expiação limitada (particularismo estrito). Eles não abraçaram. Por exemplo, escute Henry Scudder (1585-1652):

Eu devo estar certo, que Cristo deu a si mesmo em resgate por todos. Esse resgate pode ser chamado geral, e por todos, em algum sentido: mas

como? A saber, em respeito a natureza comum do homem, que ele levou, e da causa comum da humanidade, que ele suportou; e em si mesmo

foi um preço suficiente para redimir todos os homens; e por causa da aplicabilidade a todos, sem exceção, pela pregação e ministério do

evangelho, que o emplastro deve ser tão grande como a ferida, e que não deve ter defeito no remédio, isto é, no preço, ou o sacrifício de si

mesmo oferecido na cruz, pelo qual o homem deve ser salvo, mas que todos os homens, e cada homem em particular, possam nesse respeito

tornar-se salváveis por Cristo.[24]

Em um amplo contexto dessa citação Scudder discute o fato que a morte de Cristo foi por todos os homens. Ele negou o argumento que todas as

pessoas serão salvas porque Cristo resgatou toda a humanidade. Scudder não nega isso por rejeitar a premissa que Cristo resgatou toda a

humanidade;[25]antes, ele argumenta que o Novo Concerto da graça é condicional: somente aqueles que crêem obterão a salvação.[26] Ainda

mais, ao conceder que Cristo morreu pelos pecados de cada pessoa individual, ele baseia essa verdade na humanidade comum de Cristo. Essa

visão é a Cristologia Clássica de acordo com Hebreus 2.5-14. A suficiência de que Scudder fala é uma suficiência extrínseca, pela qual Cristo

suportou os pecados de toda a humanidade. Scudder fundamenta a oferta universal de Deus sobre suficiência extrínseca. Ele ain da associou o

“amor geral e comum” de Deus “pela humanidade” com a morte de Cristo por toda a humanidade.[27] Todos os homens são “salváveis” em
virtude do que Cristo fez na cruz. Ninguém é deixado sem um remédio pelo seu pecado. Portanto, aqueles que ouvem o evangelho e perecem,

tem somente a si mesmos para culpar.[28] Se notará também que Scudder não usa “mundo” em conotação com o eleito em suas referências e

alusões escriturísticas.

Outro importante Teólogo de Westminster foi Edmund Calamy (1600-1666). Ele disse:

Eu estou longe de uma redenção universal em um senso Arminiano. Mas que eu abracei em um senso de nossos teólogos no Sinodo de Dort,

que Cristo pagou o preço por todos, – absoluta intenção pelo eleito, intenção condicional pelo reprovado no caso deles crerem, – que todos os

homens devem ser salvabiles, non obstante lapsu adami…que Jesus Cristo não somente morreu suficientemente por todos, mas Deus pretendeu,

em dar a Cristo, e Cristo dando a si mesmo, colocar todos os homens em um estado de salvação caso eles creiam.[29]

Eu argumento de João 3.16, em que as palavras são fundamentadas na intenção de Deus de dar a Cristo, o amor de Deus pelo mundo, uma

filantropia do mundo dos eleitos e reprovados, e não apenas do eleito; isso não pode significar o eleito somente, pelo fato d e que “Todo aquele

que crer”…se o pacto da graça é para ser pregado a todos, então Cristo redimiu, em algum sentido, a todos – ambos, eleitos e reprovados.[30]

Deve-se observar vários pontos salientes nessas citações. Primeiro, Calamy diz que ele abraçou uma forma de redenção universal que é distinta

da visão Arminiana. Segundo, ele vê sua visão expressada por alguns no Sínodo de Dort. Terceiro, ele fala de uma suficiência intencional,

(condicional para o não-eleito; absoluta para o eleito) de tal forma que Cristo atualmente pagou o preço por todos. O objetivo do preço pago por

todos torna todos os homens salváveis, mas eles devem crer para obter o benefício. Perceba que Calamy usa João 3.16 como uma prova de sua

visão, e ele argumenta que “mundo” não pode significar “somente o eleito” nessa passagem. Ele também argumenta que a proclamação universal

pressupõe uma forma de expiação universal.

Em sua Chain of Principles [Cadeia de Princípios], Arrowsmith interpreta João 3.16 a se referir “o mundo indigno da humanidade”, não o “mundo

eleito”, como Calamy fez.[31] Muitos em Westminster não afirmaram a expiação limitada (particularismo estrito).[32]

Igualmente, vários Puritanos abraçaram uma forma de expiação universal. Por exemplo, a posição de Richard Baxter pode ser resumida, segundo

Curt Daniel, na sentença que segue: “Cristo, portanto, morreu por todos, mas não por todos igualmente, ou com a mesma intenção, motivo ou

propósito”.[33][nota do tradutor: no livro Hyper-Calvinism and John Gill, no contexto dessa citação, Curt Daniel diz que essas palavras de Baxter

referem-se a dualismo e não universalismo. Ele discute neste mesmo contexto que dualismo significa que Cristo morreu por todos

indiscriminadamente, mas só alguns recebem os benefícios do sacrifício divididos em dois estágios, o primeiro é a expiação, essa é ilimitada e o

segundo estágio, a recepção/aplicação, essa é limitada, p. 500] João Bunyan declarou que:

Cristo morreu por todos…pois se aqueles que perecem nos dias do evangelho, deverão ter, pelo menos a condenação deles aumenta da, porque

eles negligenciaram e recusaram receber o evangelho, deve ser necessário que o evangelho foi com toda fidelidade para ser carinhosamente

dado a eles; o que não poderia ocorrer, a menos que a morte de Cristo fosse estendida de si mesmo a eles; João 3.16. Hb 2.3. Pois a oferta do

evangelho não pode, com a provisão de Deus, ser oferecida ainda mais do que a morte de Jesus Cristo foi; porque se ele for tirado, não existe de

fato nenhum evangelho, nem graça a ser estendida.[34]

Voltando nossa atenção para a América, ninguém se acanharia em afirmar que Jonathan Edwards foi o grande teólogo do século dezoito. Ele

raramente discutiu a questão da extensão da expiação em seus volumosos escritos. Quando ele fez, ele claramente abraçou uma forma de

universalismo: “dessas coisas inevitavelmente se seguirá que, embora Cristo em algum sentido pode ser dito que morreu por todos e para

redimir[35] todos os cristãos visíveis, sim, o mundo todo por sua morte; ainda deve haver algo de particular no projeto de sua morte, com respeito

a maneira como ele pretendeu quem devesse ser realmente salvo dessa forma.”[36] Pode-se ver que Edwards está advogando uma forma de

dualismo na extensão da expiação. Pode ser dito que Cristo morreu por todos, em que Ele redimiu todos, mas existe ainda alguma coisa particular

em Sua obra no caso do eleito, tanto que ele propõe que eles sozinhos deveriam obter o benefício por meio da fé. Redenção aplicada é limitada,

mas não redenção consumada. Redenção consumada é ilimitada.

Debaixo dessa leitura “Redenção Universal”, Edwards escreveu:


REDENÇÃO UNIVERSAL. Em algum sentido, redenção é universal para toda a humanidade: toda humanidade agora tem uma oportunidade para

ser salva ao contrário do que eles teriam caso Cristo não tivesse morrido. A porta da graça está, de alguma forma, aberta pra eles. Isso é um

benefício, na realidade, consequente da morte de Cristo; mas os benefícios que são, realmente, consequência da morte de Cristo e são obtidos

pela morte de Cristo, certamente Cristo pretendeu obter por sua morte. Foi uma coisa que Ele almejou por sua morte; ou que é a mesma coisa,

Ele morreu para obtê-la, como foi um fim da sua morte.[37]

Igualmente, Edwards escreveu,

A encarnação de Cristo, seus labores e sofrimentos, sua ressureição, etc., foram para a salvação dos tais que não foram eleitos, na linguagem da

Escritura, no mesmo sentido com o significado da graça para a salvação deles; no mesmo sentido como a instrução, conselhos, advertências e

convites que são dados a eles, são para a salvação deles.[38]

Dessas citações de Baxter, Bunyan e Edwards, pode-se ver claramente que eles não abraçaram a expiação limitada no sentido Owenico do

termo.

A evidência histórica sobre a extensão da expiação pode ser resumida em quatro afirmações. Primeira, quase todos[39] dos primeiros

reformadores, incluindo Calvino,[40] abraçaram uma forma de expiação universal. Segundo, expiação limitada como uma posição doutrinária dos

Calvinistas desenvolveu-se na segunda e terceira geração de reformadores, iniciando primeiramente com Beza. Terceiro, o Sínodo de Dort

debateu a questão extensivamente, e a linguagem final de Dort foi deixada ambígua deliberadamente sobre o assunto para permitir aqueles entre

os delegados que rejeitaram o particularismo estrito e abraçaram uma forma de expiação universal assinassem o documento final. Quarto, a

Assembleia de Westminster consistiu de uma minoria de delegados que rejeitava a expiação limitada (particularismo estrito) e afirmaram uma

forma de universalismo, como fizeram vários dos Puritanos nos séculos dezessete e dezoito, incluindo Jonathan Edwards.

A controvérsia que ocorreu com a segunda e terceira gerações de teólogos Reformados não envolveu a rejeição da expiação limitada, mas

a introdução da expiação limitada. De fato, cronologicamente, após a introdução da expiação limitada, o Calvinismo lentamente começou a abrir a

porta para a rejeição da livre oferta do evangelho.[41] Quando a livre oferta foi finalmente e explicitamente rejeitada, o Hyper-Calvinismo

nasceu.[42]

Porque falar sobre história e citar tantos homens? A verdade não pode ser determinada por contar o número de pessoas. Eu disc ordo

significativamente com esses homens em outras áreas do seu calvinismo, para não mencionar a visão deles sobre batismo e ecles iologia; mas

essas discordâncias não negam a verdade e significância do que eles, como Calvinistas históricos influentes, estão admitindo e afirmando na

questão da extensão[43] da expiação. Muita coisa tem sido escrita sobre a extensão da expiação em anos recentes, e muito disso se baseia em

fontes secundárias modernas. Existe uma grande ignorância sobre a visão da igreja primitiva, as perspectivas dos primeiros reformadores e as

diversas opiniões sobre o assunto dentro do movimento Puritano.[44] Genericamente falando, os Calvinistas modernos tem somente três

categorias: a posição calvinista (ou cinco pontos do calvinismo), que eles igualam com o particularismo estrito; Amyraldismo, que é com

frequência filtrado como uma fonte secundária não confiável; e Arminianismo. Essa classificação é, de longe, muito simplista.[45]

A atenção agora focará os dados bíblicos. Por fim, a questão da extensão da expiação deve ser firmada pelo apelo da Escritura. A exegese deve

preceder a teologia sistemática tanto quanto a teologia histórica.

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, pp. 67-78

Tradução: Walson Sales

—————————————–

[1] O ponto aqui é que eles não ensinaram “expiação limitada” no sentido de uma imputação limitada do pecado em Cristo, como Owen ensinou e

como a maioria dos Calvinistas modernos de “cinco pontos” pensam. Ao invés disso eles sustentaram uma forma de expiação universal.
[2] Veja W. Godfrey, “Tensions Within International Calvinism: The Debate on the Atonement at the Synod of Dort, 1618-1619″ [Tenções dentro do

Calvinismo Internacional: O debate sobre a expiação no Sínodo de Dort, 1618-1619] (Ph.D diss., Stanford University, 1974), 252-69; e R.

Muller, Post-Reformation Reformed Dogmatics [Pós-reforma Dogmáticas reformadas] (Grand Rapids: Baker, 2003), 1:76-77. Muller até mesmo diz

que o mesmo compromisso confessional na linguagem da extensão da expiação ocorreu em Westminster de modo a permitir ambas visões.

[3] Mas não necessariamente entre os cristãos Reformados após o período da Reforma.

[4] Richard Muller começou a informar a igreja sobre a diversidade histórica no campo reformado. Consulte suas palestras em Mid-America

Reformed Seminary em Novembro 2008, intitulado “Revising the Predestination Paradigm: An Alternative to Supralapsarianism, Infralapsarianism

and Hypotetical Universalism” [Revisando o paradigma da Predestinação: Uma alternativa ao Supralapsarianismo, Infralapsarianismo e

Universalismo Hipotético]. Ele considera os seguintes de ser “Universalistas Hipotéticos” de uma variedade não-Amyraldiana: Musculus, Zanchi,

Ursinus, Kimedoncius, Bullinger, Twisse, Ussher, Davenant (e outros da delegação Britânica em Dort), Calamy, Seaman, Vines, Harris, Marshall,

Arrowsmith (os seis últimos foram Teólogos em Westminster), Preston e Bunyan.

[5] G.M. Thomas, The Extent of Atonement: A Dilemma for Reformed Theology from Calvin to the Consensus (1536-1675) [A Extensão da Expiação: Um

dilema da Teologia Reformada de Calvino ao Consenso (1536-1675)] (Carlisle: Paternoster, 1997), 5.

[6] Curt Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill” (Ph.D. Diss., University of Edimburgh, 1983), 497-500. Está claro que Agostinho pensou que

Jesus redimiu Judas. Veja Augustine, Exposition of Psalm LXIX, Section 27 (Nicene and Post-Nicene Fathers, Series 1, 8:309) [Agostinho, Exposição dos

Salmos LXIX, Seção 27 (Pais Nicenos e Pós-Nicenos, Series 1, 8:309)]. Além disso, Prosper de Aquitaine é visto historicamente como o interprete

normativo de Agostinho (não Gottschalk), e ele sustentou muito claramente a redenção universal. Veja a sua Defense of St. Augustine [Defesa de

Santo Agostinho] (Trad. P. De Letter; Nova York: Newman Press, 1963), 149-51, 159-60, 164.

[7] Citado em John Davenant, An Exposition of the Epistle of St. Paul to the Colossians: With a Dissertation on the Death of Chist [Uma Exposição da

Epístola de São Paulo aos Colossenses: Com uma dissertação sobre a morte de Cristo] (2 Vols.; London: Hamilton, Adams, and Co., 1831), 334. [ A The

Banner of Truth 2005 reimprimiu os comentários de Davenant e omitiu a dissertação da morte de Cristo.] Davenant refuta as “Inovações

Doutrinárias” de Gottschalk com muitíssimas citações dos primeiros pais da igreja, incluindo Agostinho e Prosper. Veja também Curt Daniel,

“Hyper-Calvinismo and John Gill”, 503.

[8] M. Lutero, Lectures on Galatians [Sermões sobre Galátas] – 1535 Capítulos 1-4, nas Luther’s Works[Obras de Lutero] (Trad. e Ed. J. Pelikan; St.

Louis: Concordia, 1963), 26: 38.

[9] M. Lutero, Sermons on the Gospel of St. John Chapters 1-4 [Sermões no Evangelho de São João Capítulos 1-4], nas Luther’s Works [Obras de

Lutero] (Trad. e Ed. J. Pelikan; St. Louis: Concordia, 1957), 22: 169.

[10] João Calvino, The Epistle of Paul the Apostle to the Hebrews and the First and Second Epistles of St. Peter [A Epístola de Paulo, o Apóstolo aos Hebreus e

a Primeira e Segunda Epístolas de São Pedro] (ed. D.W. Torrance and T.F. Torrance; Trad. W.B. Johnston; Grand Rapids: Eerdmans, 1963), 131.

[11] João Calvino, The Epistle of Paul the Apostle to the Romans and to the Thessalonians [A Epístola do Apóstolo Paulo aos Romanos e aos

Tessalonicenses] (ed. D.W. Torrance and T.F. Torrance; Trad. R. Mackenzie; Grand Rapids: Eerdmans, 1960), 117-18.

[12] João Calvino, The Gospel According to St. John 1-10 [O Evangelho de acordo com São João 1-10] (ed. D.W. Torrance and T.F. Torrance; Trad.

T.H.L. Parker; Grand Rapids: Eerdmans, 1961), 74.

[13] Para o tratamento de João Calvino de Atos 7.51, veja seu sermão “Sermon 41″ [Sermão 41], em Sermons on Acts 1-7 [Sermões em Atos 1-

7] (Edinburgh: Banner of Truth, 2008), 587-88.

[14] João Calvino, Sermons on Acts 1-7 [Sermões em Atos 1-7], 593.

[15] João Calvino, Letters of John Calvin [Cartas de João Calvino] (ed. and Trad. J. Bonnet; New York, 1858, repr. [Edinburgh: Banner of Truth,

1972]), 4: 365-69; veja também Bezás Life of Calvin [A vida de Calvinode Beza] em Tracts and Treatises [Tratos e Tratados] (ed. T.F. Torrance; Trad. H.

Beveridge; Grand Rapids:Eerdmans, 1958), 1:cxiii-cxxvii.

[16] João Calvino, Sermons on Isaiah [Sermões em Isaias], 66, 70, 78-79. Veja o capítulo nesse volume por K. Kennedy sobre A visão de Calvino sobre

a Extensão da Expiação.
[17] P.L. Rouwendal, “Calvin’s Forgotten Classical Position on the Extent of the Atonement: About Sufficiency, Efficiency, and Anachronism,” [A posição

clássica esquecida de Calvino sobre a extensão da expiação: sobre Suficiência, Eficiência e anacronismo], Westminster Theological Journal 70 (2008):

328.

[18] Veja A. Cochrane, ed., Reformed Confessions of the Sixteenth Century [Confissões Reformadas no Século 16] (London: SCM Press, 1966), 220-

22, 242, 246.

[19] R. Muller reconhece que Bullinger (como Musculus, Zanchi e Ursinus) ensinaram uma forma de “universalismo hipotético não-especulativo”.

Veja a revisão de Muller do English Hypothetical Universalism: John Preston and the Softening of Reformed Theology [o Universalismo Hipotético Inglês:

John Preston e a amenização da Teologia Reformada ] de J. Moore no Calvin Theological Journal 43 (2008): 149-50. Também pode ser encontrada

uma forma calvinista de redenção universal nos escritos de Rudolf Gwalther, aluno e sucessor de Bullinger. Veja A Hundred Threescore and Fifteen

Homilies ou Sermons upon the Acts of the Apostles [Cento e Setenta e Quinze Homilias e Sermões em Atos dos Apóstolos] (Trad. J. Bridges; Impresso

Henrie Denham, domiciliado em Pater Noster Rowe, no the signe of the Starre, 1572), 108; 751-52. Gwalter foi casado com Regula Zwinglio, a

filha do reformador.

[20] Z. Ursinus, The Commentary of Dr. Zacharias Ursinus on the Heideberg Catechism [O comentário do Dr. Zacharias Ursinus sobre o Catecismo de

Heidelberg] (Trad. G.W. Willard; Philipsburg: P&R, 1994), 215. Novamente, veja o artigo de Muller no Calvin Theological Journal em nota de rodapé

anterior. Ele concorda com o historiógrafo de Ursinus, John Davenant.

[21] Rouwendal, “Calvin’s Forgotten Classical Position on the Extent of the Atonement [A posição clássica esquecida de Calvino sobre a extensão da

expiação], 320.

[22] T. Cranmer, The Works of Thomas Cranmer [As Obras de Thomas Cranmer] (Cambrigde: University Press, 1844), 1: 346 [ênfase minha].

[23] P. Schaff, The Evangelical Protestant Creeds, With Translations [Os Credos Evangélicos Protestantes, com Traduções], Vol. 3 em Creeds of

Christendom [Credos da Cristandade] (Grand Rapids: Baker, 1966), 507. Eu atualizei a grafia do inglês antigo para o inglês moderno.

[24] H. Scudder, The Christian Daily Walk in Security and Peace [O andar cristão diário em paz e segurança] (Glasgow: William Collins, 1826), 279-

82.

[25] Como aqueles que aceitam o argumento do “duplo pagamento”. Veja a discussão abaixo.

[26] Isso foi também como Ursinus conduziu a questão. Veja The Commentary of Dr. Zacharias Ursinus on the Heideberg Catechism [O Comentário do

Dr. Zacharias Ursinus sobre o Catecismo de Heidelberg], 215.

[27] Essa é também a verdade de Charnock. Veja S. Charnock, “A Discourse of the Subjects of the Lord’s Supper,” [Um Discurso sobre a Ceia do

Senhor], em The Complete Works of Stephen Charnock [As Obras completas de Stephen Charnock] (Edinburgo: James Nichol, 1865), 4:464. Amyraut

também fez frequentemente essa conexão. Veja L. Proctor, “The Theology of Moise Amyraut Considered as a Reaction Against Seventeenth-

Century Calvinism” [A Teologia de Moisés Amyraut Considerada como uma reação contra o Calvinismo do Século Dezessete] (Ph.D., University of Leeds,

1952), 200-259.

[28] C. Hodge faz todos esses pontos. Veja sua Systematic Theology [Teologia Sistemática] (Grand Rapids: Eerdmans, 1993), 2:556-57.

[29] A. F. Mitchell e J.P. Struthers, eds. Minutes of the Sessions of the Westminster Assembly of Divines [Minutos das sessões da Assembleia dos

Teólogos em Westminster] (Edinburgh: W. Blackwood and Sons, 1874), 152.

[30] Ibid., 154.

[31] J. Arrowsmith, Armilla Catechetica: A Chain of Principles; [A Cadeia de Princípio]s; ou uma Ordely Concatenation of Theological Aphorism and

Exercitations [Concatenação Organizada de Aforismos e Exercícios Teológicos]; Onde, the Chief Heads of Christian Religion Are Asserted and Improved

[Os Principais Cabeças da Religião Cristã são Afirmados e Melhorados] (Cambridge: printed by John Field, Printer to the University, 1659), 182. Mitchell

e Struthers dizem que Gataker, Caryl, Burroughs e Strong concordaram com essa interpretação de João 3.16. veja Minutes, Ivii.

[32] Mitchell e Struthers, Minutes, liv-lxi. P. Schaff também menciona o nome de Thomas Gataker em sua análise da Confissão de Westminster.

Veja The Creeds of Christendom [Os Credos da Cristandade] (Grand Rapids: Baker, 1993), 1:770.
[33] Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill”, 531; Veja também Richard Baxter, Catholicke Theologie[Teologia Católica] (London, printed by Robert

White, for Nevill Simmons at Princes Arms in St. Paul’s Church-yard, 1675), II:53. Baxter apela para a interpretação universal de Twisse de João

3.16 em Universal Redemption [Redenção Universal], 287-88. Pode-se consultar na dissertação doutoral recentemente impressa em Oxford de

J.I.Parker sobre a cosmovisão de Baxter sobre sua Teologia da Redenção. Veja The Redemption and Restoration of Man in the Thought of Richard

Baxter [A Redenção e Restauração do Homem no Pensamento de Richard Baxter] (Vancouver: Regent College Publishing, 2003), 183-208.

[34] J. Bunyan, Reprobation Asserted [Reprovação Afirmada], nas Works of John Bunyan [Obras de João Bunyan] (Grand Rapids: Baker, 1977), 2:348.

Veja também “The Jerusalem Sinner Saved” [O Pecador de Jerusalém salvo], ou, “Good News for the Vilest of Men” [Boas Novas para o mais Vil dos

Homens], em The Whole Works of John Bunyan [Todas as obras de João Bunyan] (London: Blackie and Son, 1862), 1:90. Aqui Bunyan faz uma

“proclamação ousada” aos descrentes e diz que o Filho “morreu por eles.”

[35] É crucial notar o uso universal do termo “redimido” de Edwards aqui, que é como Calamy acima. Enquanto alguns Calvinistas Rígidos dizem

que “Cristo morreu por todos” no sentido de adquirir a graça comum para até mesmo o não-eleito, eles são cuidadosos em não dizer que Cristo

“Redimiu” nenhum dos não-eleitos, desde que isso envolve o pagamento do preço do resgate deles.

[36] J. Edwards, “On the Freedpm of the Will” [A Liberdade da Vontade] nas The Works of Jonathan Edwards [As Obras de Jonathas Edwards]

(Edinburgh: Banner of the Truth, 1979), 1:88. Isso não é dizer que Edwards viu nenhum sentido de particularidade no projeto ou intenção na Morte

de Cristo, mas somente que ele não vê nenhuma limitação na extensão do sofrimento de Cristo em nome do mundo todo.

[37] J. Edwards [1743], “Books of Minutes on the Arminian Controversy” [Livro dos Minutos na Controvérsia Arminiana] Gazeteer Notebook,

nas Works of Jonathan Edwards Online [As Obras de Jonathas Edwards Online], vol. 37, Documents on the Trinity, Grace and Faith [Documentos sobre

a Trindade, Graça e Fé] (Jonathan Edwards Center em Yale University, 2008), 10-11.

[38] J. Edwards [1743], Works of Jonathan Edwards Online [Obras de Jonathan Edwards Online], vol. 27, “Controversies” [Controvérsias] Cadernos

de anotações (Jonathan Edwards Center em Yale University, 2008), part III.

[39]Existem ainda algumas questões sobre a visão de Martin Bucer.

[40] D. Ponter hospeda o WebSite www.CalvinandCalvinism.com (veja o index da página), que contem uma larga coleção de citações copiadas

das Obras de João Calvino sobre o assunto da extensão da expiação. Foram cuidadosamente postadas em contexto, Ponter provou além de uma

dúvida razoável que o próprio João Calvino não abraçou a expiação limitada (particularismo estrito).

[41] De fato, já existiam alguns delegados extremos no Sínodo de Dort da Gelderland e Friesland que rejeitaram indiscriminadamente a oferta do

evangelho. Veja Godfrey, Tensions [Tensões], 210; e Thomas, Extent of the Atonement [Extensão da Expiação], 149.

[42] Veja Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill”, 514. Não é pensado que os hyper-Calvinistas foram contra a pregação a todos (contrário a

opinião popular). Antes, eles foram contra a ideia que Deus está “oferecendo” Cristo por todos e que pregadores deveriam indiscriminadamente

fazer o mesmo (Daniel, Hyper-Calvinism and John Gill, 448-49; e I. Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism: The Batttle for Gospel Preaching [Spurgeon

v. Hyper-Calvinismo: A Batalha pela Pregação do evangelho] [Carlisle, PA: Banner of Truth, 2000], 89).

[43] Note que a extensão da expiação aqui é para ser distinguida do que Calvinistas dizem sobre a intenção de Cristo na expiação e a natureza

de sua aplicação.

[44] Alguns sabem sobre a visão de John Howe e Stephen Charnock, por exemplo. Ambos abraçaram uma forma Calvinística de redenção

universal.

[45] Com respeito a primeira e segunda categorias, Muller tem observado que a trajetória de Ursinus, Bullinger, Musculus, Davenant, Ussher e

Preston é distinta do modelo de Saumur, mesmo embora todos eles abraçaram uma forma de “universalismo hipotético” (veja R. Muller, crítica

de English Hypothetical Universalism:John Preston and the Softening of Reformed Theology [Universalismo Hipotético Inglês: John Preston e a

Amenizada da Teologia Reformada], por J. Moore, Calvin Theological Journal 43 [2008], 149-50). Ainda mais, em seu Post-Reformation Reformed

Dogmatics [Dogmáticas Reformadas Pós-Reforma], 1:76-78, Muller declara que a visão do Amyraldismo é compatível com Dort e com a Confissão

de Westminster. De acordo com Muller, então, existia no mínimo três ramos dentro da posição Calvinista, e as discussões correntes que cercam a

extensão da expiação raramente reconhece esse fato.


A Expiação: Limitada ou Universal? [Considerações
Exegéticas]
Três tipos chaves de textos no Novo Testamento afirmam expiação ilimitada: os textos “todos”, os textos “mundo” e os textos “ muitos”. Outros

textos declaram que Jesus morreu por Sua “igreja”, Suas “ovelhas” e Seus “amigos”. Como reconciliamos esses dois tipos de textos? Os

Calvinistas Rígidos interpretam os textos universais a luz dos textos limitados. Não-Calvinistas e Calvinistas moderados interpretam os textos

limitados como um subconjunto dos textos universais.

Alguns Calvinistas argumentam que os autores bíblicos como João ou Paulo acreditavam em expiação limitada porque eles fizeram declarações

afirmando que Cristo morreu pela Igreja, embora os escritores bíblicos não digam que Cristo morreu somente pela igreja ou que ele não morreu

pelo não-eleito. Os Calvinistas geralmente interpretam textualmente porções relevantes da Escritura desta maneira. Por exemplo, John Owen

negou que a morte de Jesus teve alguma referencia com o não-eleito. De acordo com Owen, a morte de Cristo não é, em sentido algum

absolutamente, por eles e não é, em sentido algum, uma expressão do amor de Deus por eles.[1] Quando Owen disse que o uso da

palavra Kosmosem João 3.16-17 deve designar “aqueles que Ele pretendeu salvar, e nenhum outro, ou Ele falhou em seu propósito”,[2] está claro

que sua teologia precede e determina sua exegese. Seu argumento prossegue dessa forma: desde que “mundo” é usado em outros lugares com

outros sentidos ao invés de “toda humanidade”, ela não pode ser usada nesse sentido em João 3.16. Ele também argumentou a mesma coisa

para o uso da palavra “todos”. Desde que “todos” às vezes significa “todos de alguns tipos” ou “alguns de todos os tipos”, ela nunca pode

significar, de acordo com Owen, que toda a humanidade inclui cada e toda pessoa. A falácia lógica de tal abordagem é evidente.

Owen afirmou que “nós negamos que por uma provisão da palavra eleito dentro do texto nenhum absurdo ou inverdade poderá seguir

justamente…de modo que o sentido é ‘Deus amou tanto seus eleitos em todo o mundo, que Ele deu o seu filho com essa intenção, para que os

crentes sejam salvos’”.[3] Eu admito que isso, de fato, injeta ambos: absurdo e inverdade! Para Owen, “mundo” em João 3.16-17 não pode

significar cada e toda pessoa por causa de sua teologia pré-concebida onde somente os eleitos são “amados” dessa forma (note o argumento

circular aqui). Owen lê suas conclusões dentro de sua razões para a conclusão e antecipa qualquer alternativa, como Neil Chambers tem notado

em sua Tese sobre Owen.[4] Owen continuou seu argumento dizendo que o uso da palavra “mundo” em João 3.17 é uma declaração da intenção

de Deus e portanto deve se referir somente ao eleito. O mesmo é verdade de João 3.16. Novamente, Owen lê suas conclusões dent ro de suas

razões para provar sua conclusão. Se Owen está correto que “mundo” significa “eleito”, quando João 3.16 diz: “todo aquele que crer não pereça”,

a possibilidade é deixada aberta que alguns dos eleitos possam perecer. Para Owen, a expiação é apenas realmente suficiente para aqueles por

quem ela é eficiente. Os argumentos de Owen não são linguísticos ou exegéticos, mas argumentos teológicos a priori. Ele cometeu a falácia de

petição de princípio.

Com respeito ao uso de Kosmos no evangelho de João, Carson destacou que a palavra caracteristicamente significa seres humanos em rebelião

contra Deus.[5] No prólogo de João, Kosmossignifica a humanidade apóstata em rebelião contra Deus. Em João 1.29, os pecados do “mundo” são

os que devem ser expiados.[6] Em 3.16, o mundo é dito como sendo amado e condenado, e então alguns são salvos para fora dele. Os dois

últimos resultados ocorrem ou da crença ou descrença segundo 3.18. João 3.19 é consistente com 3.18.

Nenhum fundamento linguístico, exegético ou teológico existe para reduzir o significado de “mundo” para “eleito”. De fato, em João 17.6 os eleitos

são definidos em oposição a mundo. Owen fez João 3.16 ser lido, “Deus amou aqueles que Ele escolheu do mundo”, que muda o sentido do

verso em oposição do significado pretendido. Fazer a palavra “mundo” aqui significar “o eleito” é cometer o erro de confundir categorias lógicas e

linguísticas.[7]

Os Calvinistas que seguem Owen em João 3.16 distorcem o propósito de João e assim rompem “sua própria participação na continuação da

tarefa de Jesus de salvar o mundo na missão dos apóstolos de uma convicção de amor pelo perdido em si, uma convicção fundamentada no

amor de Deus por eles”.[8]Essa distorção tem uma imensa repercussão para o evangelismo e pregação! Quando Letham diz, concernente a

intenção de Deus na expiação em João 3.16: “nem o termo ‘mundo’ nem a passagem como um todo está refletindo a questão diante de nós”, ele
está mortalmente errado.[9] Dabney, um Calvinista moderado expôs a visão correta quando ele disse, “Talvez não exista nenhuma Escritura que

explique de forma tão minuciosa e compreensiva o projeto e os resultados do sacrifício de Cristo como João 3.16-19”.[10]

Em seus comentários sobre João 3.16 em Indiscriminate Proposals of Mercy [Propostas Indiscriminadas Da Graça], Dabney disse que, de acordo com

os Calvinistas Rígidos, quando “Deus amou o mundo de tal maneira que Ele deu seu único Filho”, “O mundo” deve significar somente “o eleito”.

Dabney encontra vários problemas com essa inferência. Se “o mundo” no verso 16 significa “o eleito”, então a implicação clara é que alguns dos

eleitos podem cair da fé e assim perecer.[11] Para ser consistente, nós devemos conduzir o mesmo sentido da palavra “mundo” em toda a

passagem. No verso 19, “o mundo” em que a luz veio, recebe condenação, e assim não pode ser uma referência ao eleito, mas deve ser levada

em um amplo sentido de humanidade. A conexão lógica entre o verso 17 e 18 mostra que “o mundo” do verso 17 é inclusivo eventualmente

“daqueles que creem” e daqueles que “não creem” do verso 18. Se a oferta do sacrifício de Cristo não é em um sentido genuíno oferta de

salvação para essa parte do mundo que “não crê” é difícil ver como a escolha deles de rejeitar a oferta pode tornar-se o justo fundamento da

condenação deles como é expressamente declarado no verso 19. Dabney apresenta essa questão: “Aqueles que rejeitaram o evangel ho são em

última análise condenados porque foram tão desgraçadamente perspicazes em como não ser afetados por uma manifestação fictícia e irreal?

[algo que a priori nunca lhes foi oferecido?] É visível que Calvino é um expositor sagaz demais para se obrigar a cometer ess e tipo de exegese

extrema”.[12]

Dabney pergunta, “Como escaparemos deste dilema?” Olhando a interpretação do Calvinismo Rígido, “se fosse uma questão do decreto da

salvação apenas para o eleito, a partir do qual toda mente sadia é forçada a projetar a doutrina da redenção particular, o argumento seria

insuperável”. Ainda, como Dabney destacou, essa abordagem faria Jesus contradizer sua própria afirmação. A solução, então, deve estar em uma

direção diferente. A frase “amou o mundo de tal maneira” não foi designada para se referir ao decreto da eleição, mas a uma oferta baseada no

amor que vai além do objetivo ou decreto de Deus de salvar. A morte de Cristo na cruz como proclamada no evangelho é uma oferta sincera de

salvação para todos os pecadores. Dabney notou corretamente que aqueles que não creem (o não-eleito) perecerá não obstante a oferta de

salvação a eles. Quando a morte de Cristo torna-se a ocasião (não causa) de profunda condenação para aqueles que recusam crer, é apenas por

causa da rejeição voluntaria da oferta de Deus de salvação em Cristo.[13]

J. C. Ryle concordou e disse com respeito a João 3.16:

Eu estou bem familiarizado com as objeções trazidas comumente contra a teoria que eu propus. Eu não encontro nenhum peso nelas e eu não

sou cuidadoso em respondê-las. Aqueles que confinam o amor de Deus exclusivamente aos eleitos me parecem tomar uma visão estreita e

contraditória do caráter e atributos de Deus. Eles recusam a Deus o atributo da compaixão com o qual até mesmo um pai terreno pode, com

respeito a um filho pródigo, oferecer o perdão a ele, mesmo embora sua compaixão seja menosprezada e sua oferta seja recusada. Eu cheguei a

uma conclusão que os homens podem ser mais sistemáticos em suas afirmações do que a Bíblia, e podem ser levados a graves erros de

veneração idolátrica de um sistema.[14]

Adicionalmente, Ryle deu ênfase à maneira como ele tratou o assunto da eleição: “Nós não sabemos quem são os eleitos de Deus e quem Ele

deseja chamar e converter. Nossa obrigação é convidar a todos. Para cada alma incrédula sem exceção nós devemos dizer ‘Deus ama você e

Cristo morreu por você’”.[15]

Em seu comentário sobre João 3.16, Calvino disse:

E Ele usou um termo geral, tanto para convidar indiscriminadamente a todos quanto para repartir em vida e para retirar toda desculpa dos

descrentes. Tal é também a significância do termo “mundo” que Ele usou antes … Ele, no entanto, mostra que Ele é favorável ao mundo todo

quando ele chama a todos sem exceção para a fé em Cristo, que é, de fato, uma entrada para a vida.[16]

Cristo ofereceu a si mesmo como um sacrifício pela salvação do “mundo todo” e, portanto convida a todos “indiscriminadamente” para repartir o

favor de Deus. Comentando João 3.16, Calvino iguala “Mundo” com os termos “indiscriminadamente todos” e “todos sem exceção”. Perceba

cuidadosamente como Calvino contrasta alguns que creem com o resto do mundo; ele não diz “todos que creem”, como é comum entre escritores

Calvinistas sobre este verso, mas “todos sem exceção”. Alguns podem pensar que Calvino e outros ensinam que Cristo sofreu apenas pelos
pecados do eleito porque eles interpretam que “mundo” em 1 João 2.2 como limitado a igreja, seguindo Agostinho. No entanto, Jerome Zanchi e

Jacob Kimedoncius interpretam a passagem da mesma maneira, já Richard Muller reconhece que esses dois homens abraçam uma form a de

redenção universal, justamente como Heinrich Bullinger (que tomou uma leitura ilimitada de 1 João 2.2). Enquanto pode existir consenso, em

principio, entre Calvinistas Clássicos sobre a redenção universal, podem existir diferenças práticas em termos da exegese deles de certas

passagens especificas.

A força de qualquer posição teológica só é tão grande quanto a base exegética que é construída. Expiação limitada (particular ismo estrito) é

construída sobre um fundamento exegético defeituoso. Aqueles que afirmam expiação limitada usualmente afirmam o amor de Deus por toda

humanidade e o desejo de Deus de salvar toda humanidade (em Sua vontade revelada, embora não em Sua vontade secreta). No entanto, eles

negam que Jesus morreu pelos pecados de toda a humanidade. Qualquer ensino que diz que Deus não ama toda humanidade,[17] que Deus não

tem intenção ou desejo de salvar toda humanidade, ou Jesus não morreu pelos pecados de toda humanidade é contrário a Escritura e deve ser

rejeitado.[18]

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, pp. 78-83

Tradução: Walson Sales

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[1] J. Owen, The Death of Death in the Death of Christ [A morte da morte na morte de Cristo], nas The Works of John Owen [Obras de John Owen] (ed. W. H.

Goold; Edinburgh: Banner of Truth, 1993), 10:219. “O fundamento e causa de Deus enviar a Cristo é seu eterno amor pelo eleito e somente por

ele”. (Owen, Death of Death, 231. Veja também 324).

[2] Ibid., 306.

[3] Ibid., 326.

[4] N. Chambers, “A Critical Examination of John Owen’s Argument for Limited Atonement in ‘The Death of Death in the Death of Christ’” [Um exame

crítico do argumento de John Owen para Expiação Limitada em ‘A Morte da Morte na Morte de Cristo’] (Tese de Mestrado, Reformed Theological

Seminary, 1998), 122. Essa tese pode ser obtida em www.Tren.com.

[5] D. A Carson, The Gospel According to John [O Evangelho Segundo João] (Leicester, England: interVasity/Grand Rapids: Eerdmans, 1991), 123.

[6] Em uma instancia onde Charnock cita esse texto, ele referencia o entendimento de Amyralt do texto (S. Charnock, “A Discourse of Christ Our

Passover” [Um Discurso sobre Cristo nossa Páscoa”, nas The Works of Stephen Charnock [Obras de Stephen Charnock] [Carlisle, PA: Banner of Truth,

1985], 4:507).

[7] Veja a excelente discussão no “Critical Examination” [Exame Crítico] de Chambers, 116-25. Veja também E. Hulse, “John 3.16 and Hyper-

Calvinism” [João 3.16 e Hyper-Calvinismo], Reformation Today135 (September/October 1993): 30: “Nós notamos bem que João 3.16 não diz,

porque Deus amou tanto o eleito. O Santo Espírito não escreveu o texto dessa forma. Nós podemos entender que ‘o mundo’ aqui significa ambos

Judeus e Gentios? A palavra ‘mundo’ deve ser interpretada da forma que é usada em todo o evangelho, a saber, todas as pessoas sem exceção,

não todas as pessoas sem distinção”.

[8] Chambers, “Critical Examination” [Exame Crítico], 153-154. Veja também a tentativa fracassada de Turretin para fazer “mundo” em João 3.16

significar “O Eleito” (F. Turrentin, Institutes of Elenctic Theology [Phillipsburg, NJ: P&R, 1992], 1.405-8).

[9] R. Letham, The Work of Christ: Contours of Christian Theology [A Obra de Cristo: Contornos na Teologia Cristã] (Downer’s Growe, IL: InterVarsity,

1993), 241.

[10] R. Dabney, Lectures in Systematic Theology [Palestras em Teologia Sistemática] (Carlisle, PA: Banner of Truth, 2002), 535.

[11] R. Dabney também faz esse argumento em sua Lectures in Systematic Theolofy [Palestras em Teologia Sistemática], 525.

[12] R. Dabney, God’s Indiscriminate Proposals of Mercy, as Related to His Power, Wisdom and Sincerity [Propósitos Indiscriminados da Graça de Deus,

como relatado em seu poder, sabedoria e sinceridade], em Discussions of Robert Louis Dabney [Discussões de Robert Louis Dabney] (Edinburgh: Banner of

Truth, 1967 [1982]), 1: 312-13.


[13] Ibid., 1:312-13.

[14] J.C. Ryle, Expository Thoughts on the Gospels [Pensamentos Expositivos sobre os Evangelhos] (Grand Rapids: Baker, 1979), 3: 157.

[15] J.C. Ryle, Olds Paths [Velhos Caminhos] (Edinburgh: Banner of Truth, 1999), 479.

[16] J. Calvin, The Gospel According to St. John 1-10 (ed. D. W. Torrance and T. F. Torrance; trans. T. H. L. Parker, new edition, nos Comentários do

Novo Testamento de Calvino; Grand Rapids: Eerdmans/Carlisle: Paternoster, 1995), 74.

[17] Para um excelente artigo sobre João 3.16 e Hyper-Calvinismo, veja E. Hulse, “John 3.16 and Hyper-Calvinism” [João 3.16 e Hyper-

Calvinismo], 27-30. As sentenças de abertura de Hulse são instrutivas: “Pelo uso seletivo das confissões Reformadas é possível afirmar ser

reformado, mas ao mesmo tempo esconder o fato que você é um Hyper-Calvinista. O Hyper-Calvinista nega que Deus ama toda a humanidade e

que o evangelho são as boas novas para ser declarada a todos sem exceção” (27).

[18] O espaço não permite um exame dos muitos textos afirmando expiação universal. Um texto chave é I João 2.2. Nesse verso, baseado em 23

usos da palavra mundo em I João, “Mundo” não pode significar “o eleito” ou “os crentes não-judeus” como é geralmente afirmado por Calvinistas.

Dabney disse: “É indisputável que o Apóstolo estende a propiciação de Cristo para além daqueles que ele fala como ‘nós’ no pr imeiro verso … a

pareceria então, que o escopo do Apóstolo é consolar e encorajar os crentes pecadores com o pensamento que desde que Cristo fez expiação

por cada homem, não existe perigo que ele não será encontrada uma propiciação por eles que, havendo já crido, agora sinceramente se voltam

para Ele dos seus pecados recentes” (Dabney, Lectures in Systematic Theology [Palestras em Teologia Sistemática], 535). Aqueles que sustentam a

expiação limitada erram porque eles tentam fazer os termos indefinidos e universais ser um grupo definido e especifico. Para um tratamento

balanceado de I João 2.2 que vem do lado da expiação universal, veja D. Akin, 1, 2, 3 John [1,2,3 João] (NAC; ed. R. Clendenen; Nashville: B&H,

2001), 84-86.

A Expiação: Limitada ou Universal? [Considerações


Teológicas]
Provavelmente o argumento teológico chave para dar suporte a expiação limitada é o argumento do duplo pagamento, famoso por s er proposto

por Owen,[1] que basicamente diz que a justiça não permite que o mesmo pecado seja punido duas vezes. Esse argumento enfrenta vários

problemas. Primeiro não é encontrado na Escritura. Segundo, confunde um débito pecuniário (comercial) com a satisfação penal pelo pecado.

Terceiro, os eleitos ainda estão debaixo da ira de Deus até eles crerem (Efésios 2.4). Quarto, nega o principio da graça na a plicação da expiação

– a ninguém é devida aplicação.

Vários Calvinistas proeminentes não empregam o argumento do duplo pagamento. Zacharias Ursinus, em seu comentário do Catecismo de

Heidelberg, disse:

Objeção. 2. Todos aqueles pelos quais uma satisfação suficiente foi feita devem receber o favor. Cristo fez uma satisfação suficiente pelas

ofensas de todos os homens. Portanto, todos os homens devem ser recebidos na graça; e se isso não foi feito, Deus é injusto com os homens.

Resposta. O argumento é verdadeiro, a menos que alguma condição seja adicionada à satisfação; de forma que, somente aqueles que aplicam

essa condição a si mesmo pela fé são salvos por meio dela. Mas essa condição é expressamente adicionada onde é dito: “Porque Deus amou o

mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).[2]

John Davenant, signatário dos Cânones de Dort, também escreveu criticando o argumento do duplo pagamento:

Eu respondo, que seria na verdade mais injusto se nós mesmos tivéssemos pago esse preço a Deus, ou se o nosso Penhor, Jesus Cristo, tivesse

oferecido a Deus seu sangue como preço satisfatório de forma que, sem nenhuma outra condição interveniente, todos os homens fossem

imediatamente absolvidos por meio da oferta de oblação feita por ele; ou, finalmente, se o próprio Deus tivesse pactuado com Cristo quando Ele

morreu, que ele daria fé a cada indivíduo, e todas aquelas outras coisas que dizem respeito à aplicação infalível desse sacrifício que foi oferecido

pela raça humana. Mas visto que o próprio Deus, de sua própria vontade, resolveu que esse preço seria pago a si mesmo, estava em seu próprio
poder anexar condições que, sendo realizadas, essa morte deveria ser vantajosa a qualquer homem; e, não sendo realizadas, ela não deveria ser

lucro a nenhum homem. Portanto, nenhuma injustiça é feita para aquelas pessoas que são punidas por Deus após o resgate ter si do aceito pelos

pecados da raça humana, porque elas não ofereceram nada a Deus como uma satisfação pelos seus pecados, nem realizaram aquela condição,

sem a qual Deus desejou que o preço pago não devesse beneficiar nenhum indivíduo. Ademais, isso nem mesmo deve ser pensado como uma

injustiça a Cristo o Mediador. Pois ele desejou morrer por todos, e pagou por todos o preço da redenção ao Pai, ao mesmo tempo em que ele não

desejou cada indivíduo através de meios quaisquer, mas que todos, tão logo cressem nEle, fossem absolvidos da culpa dos seus pecados.

Nós ilustraremos todas essas coisas por uma similitude. Suponha que inúmeros homens foram presos em uma prisão por um certo rei com um

relato de um grande débito, ou que eles foram condenados a sofrer a morte por alta traição; mas que o próprio rei resolveu qu e seu próprio filho

deveria absolver esse débito até o último centavo; ou que ele mesmo deveria substituir aqueles traidores assumindo a culpa no lugar deles, e

deveria sofrer a punição prevista por todos eles, sendo essa condição promulgada simultaneamente pelo Rei e seu Filho. E que nenhum deveria

ser absolvido ou liberado exceto somente aqueles que servissem e reconhecessem o Filho do Rei como Senhor. De acordo com as c ondições

estabelecidas, eu pergunto, se aqueles que persistirem na desobediência e rebelião contra o Filho do Rei não fossem liberados, haveria alguma

injustiça no fato de, depois de pago o resgate, o próprio débito deles fosse exigido de muitos, ou depois da punição suportad a pelo Filho, esses

rebeldes fossem mesmo assim punidos? De forma nenhuma; porque o pagamento do preço justo e a continuidade da punição foi ordenada para

adquirir remissão de cada indivíduo sob a condição de obediência e não o contrário.[3]

Outros Calvinistas têm sido críticos do argumento do duplo pagamento, incluindo Eduard Polhill, R.L. Dabney, A.A. Hodge, Charles Hodge,

W.G.T. Shedd e Curt Daniel.[4] Embora Cristo tenha morrido suficientemente por todas as pessoas, a promessa de libertação é condicional. Deve

arrepender-se e crer a fim do beneficio da salvação. O evangelho não somente promete vida sinceramente ao descrente eleito e o descrente não-

eleito sobre a condição de fé, mas ela também sinceramente trata a ambos com o inferno se eles não crerem, apesar do fato de Cristo ter sofrido

suficientemente pelos seus pecados.[5]O argumento do duplo pagamento implica que o não-eleito não pode, com qualquer consistência, receber

oferta genuína de salvação por Deus por meio da pregação do evangelho. Ele também implica que o descrente eleito (aqueles que serão salvos,

mas ainda são não-salvos) não estão recebendo sincera ameaça de Deus pelo significado da pregação do evangelho. Deus estaria fazendo uma

falsa oferta ao não-eleito (eles não podem ser salvos de qualquer jeito de acordo com o calvinismo particularista), e Deus estaria fazendo uma

falsa ameaça de danação ao descrente eleito desde que não há, não mais, qualquer fundamento legal para a permanência da condenação deles.

O “débito” deles está literalmente pago,[6] incluindo sua descrença. Eles agora têm o direito de serem salvos.

Outro argumento em favor da expiação limitada é o argumento da tríplice escolha de John Owen. Esse argumento foi construído s obre o

argumento do duplo pagamento. O famoso argumento da “Tripla Escolha” de Owen declara que Cristo morreu por todos os pecados de todos os

homens, ou todos os pecados de alguns homens ou alguns dos pecados de todos os homens. Ele então argumentou que se a morte de Cristo por

todos os pecados de todos os homens fosse correta, então porque todos os homens não são salvos? Também, se a morte de Cristo por alguns

dos pecados de todos os homens fosse correta, então nenhum homem será salvo, pois permaneceriam ainda alguns pecados nos livros. Logo,

somente que Cristo morreu por todos os pecados somente do eleito pode ser verdade.[7] Esse argumento parece ter uma lógica impecável, mas

ele é falho em vários níveis. Primeiro, a Escritura nunca diz que um homem vai ao inferno porque nenhuma expiação foi providenciada por ele. Ao

invés disso, alguns homens perecem e a punição deles é agravada porque eles rejeitaram a expiação feita por eles. Segundo, é dito de que

alguns homens perecem porque eles não creem quando eles ouvem o evangelho. Terceiro, Cristo morreu por todos os homens, mas ele não

aplica a salvação a todos os homens. A limitação não foi na provisão de sua morte, mas na aplicação.[8] Quarto, o argumento quantifica a

imputação do pecado a Cristo, como se existisse uma relação comercial entre todos os pecados daqueles que Ele representa e o sacrifício

infinitamente louvável divino e indivisível.

Alan Clifford considerou Owen ao lidar com o argumento da Tríplice Escolha com algumas objeções adicionais. Ele citou o argument o de Owen

de que se alguém segue a ideia de expiação universal, como lidar com a descrença? De acordo com Owen, se a descrença não é um pecado,

como podem as pessoas serem punidas por ela? E se é um pecado, então, ou Cristo sofreu a punição por ela, ou Ele não sofreu. Se Ele sofreu,
então como pode a descrença as atrapalhar mais do que outros pecados deles pelos quais Cristo morreu? Se Cristo não morreu pelos pecados

da descrença, então, Ele não morreu por todos os pecados. Clifford responde: “por toda sua aparente irrefutabilidade, esse persuasivo argumento

levanta alguns problemas importantes. Está claro que os descrentes não são culpados de rejeitar nada se Cristo não foi dado por eles; a

descrença claramente envolve a rejeição de uma provisão definitiva da graça. Também, privar de sua significância as exortações gerais para crer,

torna os meios de graça sem sentido”.[9]

Clifford continua o seu ataque lógico sobre a posição de Owen por notar que, na visão de Owen, a cruz não somente trata com a culpa da

descrença antes da conversão dos crentes, ela está também casualmente relacionada com a remoção da descrença. Mas e sobre o problema dos

cristãos que continuam a ser atormentados com descrença em sua vida cristã? Para Clifford, o argumento de Owen se aplica tanto aos supostos

crentes como se aplica aos descrentes. As conseqüências são problemáticas,

Pois se a descrença parcial em um cristão o impede de desfrutar a plenitude daquelas bênçãos que Cristo morreu para adquiri -las para ele, isto

não é diferente, em principio, de dizer a descrença total em um não-cristão o impede de “partilhar do fruto” que a morte de Cristo fez disponível

para ele também … Diferente de Owen, os reformadores tiveram pouca dificuldade em estabelecer a base da culpa humana. Enquanto a culpa é

definida indubitavelmente em termos de transgressão da lei, um componente muito significante dela surge de uma ingrata negligencia do remédio

do evangelho. Mas, no relato de Owen, se a expiação refere-se somente aos pecados dos eleitos, então é uma justiça duvidosa condenar alguém

por rejeitar o que nunca foi aplicável a eles.[10]

Clifford prosseguiu destacando que a aceitação de Owen da

“livre oferta” do evangelho é embaraçada pela sua posição comercial particularista. Ele, de fato, afirma que o evangelho é para ser pregado “a

toda criatura” porque “o caminho da salvação que o evangelho afirma é suficientemente largo para todos andarem nele”. Mas como pode ser isso

se a expiação é realmente suficiente somente para o eleito? Calvino e seus colegas não tiveram dificuldade de falar sobre iss o, mas Owen não

pode falar consistentemente sobre isso. Não surpreendentemente, Gill e seus compatriotas HyperCalvinistas empregaram o mesmo tipo do

comercialismo defendido por Owen, mas fizeram isso para negar a validade da oferta universal da graça.[11]

Finalmente, Chambers ofereceu essa critica saliente à posição de Owen:

O que precisa ser visto é que o argumento de Owen derrota a si mesmo por provar demais. Se, nos termos de Owen, Cristo morreu por todos os

pecados de algumas pessoas (os eleitos), então ele deve ter morrido pela descrença deles, onde “morto por” é entendido significar ter pago a

penalidade por todos os pecados deles no Calvário. Se este é o caso, então porque os eleitos não são salvos no Calvário? Se Owen responde

que é porque os benefícios da morte de Cristo não foram ainda aplicados a eles, então eu perguntaria o que significa dizer que aqueles benefícios

não foram aplicados a eles? Certamente isso significa que eles estão em descrença e, portanto, não podem ser chamados de salvos. Mas eles

não podem ser punidos por essa descrença, pois suas penalidades foram pagas, e Deus, como Owen nos assegura, não exigirá uma segunda

pena por uma única ofensa. Se então, mesmo em sua descrença, não existe nenhum débito contra eles, nenhuma pena a ser paga, certamente

eles podem ser descritos como salvos, e salvos no calvário. Esse sendo o caso, o evangelho é reduzido a nada mais do que uma matéria de

informar o salvo da condição de salvação deles.

Essas duas últimas conclusões são posições que Owen negaria, pois ele está comprometido com a necessidade e integridade de uma chamado

universal do evangelho e o laço indissolúvel entre fé e salvação. Existe então uma tensão real que a posição de Owen trouxe s obre inúmeros

fatores. A primeira é o que pode ser chamado de reducionismo polêmico em sua consideração de ‘descrença’ aqui, pois descrença não é

somente uma ofensa como qualquer outra, é um estado, que deve ser resolvido não somente com perdão, mas por regeneração. Owen

reconhece isso ao relacionar a cruz com a remoção causal da descrença como um estado, mas descrença considerada como um pecado e

descrença como um estado têm uma relação diferente com a cruz. O pecado tem uma relação direta com a cruz, que é o cumprimento da pena

pelo pecado; a mudança de estado é uma relação indireta, dependente da pregação e regeneração pelo Espírito. Para reconhecer essa realidade
Owen deveria ter que dizer que Cristo morreu por todos os pecados, incluindo a descrença daqueles que creem, e por nenhum dos pecados

daqueles que não creem.[12]

John Owen entendeu falsamente a redenção envolver um pagamento literal a Deus de modo que a própria expiação assegura sua própria

aplicação. Este modelo é o pressuposto controlador em seu livro The Death of Death in the Death of Christ [A Morte da Morte na Morte de Cristo]. Ele

distorceu e assim contraditou a Escritura em seu empenho para defender terminantemente a expiação limitada.

Em vias de concluir essa seção sobre as considerações teológicas, vamos fazer uma comparação entre os comentários de D. A. Carson e João

Calvino. Carson escreveu:

Eu argumento, então, que tanto Arminianos quanto Calvinistas deveriam certamente afirmar que Cristo morreu por todos, no sentido de que a

morte de Cristo foi suficiente por todos e que a Escritura retrata Deus como convidando, comandando e desejando a salvação de todos, por amor…

Ademais, todos os cristãos também devem confessar que, em um sentido levemente diferente, Cristo Jesus, na intenção de Deus, morreu

efetivamente somente pelo eleito, alinhado com a maneira que a Bíblia fala do amor de Deus especial e seletivo pelo eleito… Esta abordagem, eu

sustento, deve certamente vir como um alívio para os pregadores jovens na tradição reformada com fome para pregar o evangelho efetivamente

mas que não sabem até onde podem ir ao dizer coisas tais como “Deus ama você” aos descrentes. Quando eu prego ou dou palestras em

círculos reformados, frequentemente me fazem a seguinte questão: “Você se sente livre para falar a descrentes que Deus os ama?… A partir do

que eu já disse, é obvio que eu não tenho nenhuma hesitação em responder essa questão dos jovens pregadores reformados

afirmativamente: claro eu que digo aos descrentes que Deus os ama.[13]

Essa citação de Carson foi apresentada aqui por muitas razões. Note que ele declara que a morte de Cristo “por todos” é “em um sentido que a

morte de Cristo foi suficiente por todos”. O que Carson quer dizer aqui é dependente do seu uso da palavra “suficiente”. À primeira vista, deve-se

assumir que Carson acredita que a morte de Cristo satisfez os pecados de cada ser humano. Neste caso, ele estaria usando a palavra “suficiente”

para querer dizer “suficiência extrínseca” ou em um sentido clássico. Que Carson também diz “Arminianos” deveriam corretamente afirmar esse

fato fortalecendo essa possibilidade de leitura. Arminianos, de fato, afirmariam isso em um sentido de uma imputação ilimitada do pecado em

Cristo. Mas perceba que Carson diz “tanto Arminianos quanto Calvinistas deveriam corretamente afirmar” isso. Nenhum Calvinista rígido jamais

afirmaria a “suficiência extrínseca” porque eles acreditam que a morte de Cristo somente satisfez os pecados dos eleitos. Assim, por seu uso do

termo “suficiente”, Carson pode querer dizer “suficiência intrínseca”. Todos os Calvinistas e não-Calvinistas podem afirmar a declaração “a morte

de Cristo foi suficiente por todos”, onde “suficiente” é entendido significar a infinita dignidade de Cristo e onde o valor d e sua morte é capaz de

satisfazer os pecados de todos os descrentes. O problema é que Calvinistas moderados e todos os não-Calvinistas entendem o

termo suficiente significar não somente que a morte de Cristo poderia ter satisfeito os pecados de todos os descrentes, se tivesse sido a intenção

de Deus, mas que Sua morte, de fato, fez satisfação pelos pecados de toda humanidade. Carson provavelmente rejeita, junto com todos os

Calvinistas rígidos, esse significado de suficiência. Para eles a morte de Cristo foi pretendida apenas pelo eleito, e essa i ntenção também limita a

imputação do pecado a Cristo (ou a extensão de Seus sofrimentos também). O significado pretendido por Carson aqui é ambíguo desde que sua

afirmação pode ter um número diferente de interpretações,[14] e sua ambiguidade pode ser deliberada.

Além disso, as palavras “efetivamente” e “apenas”, que Carson utiliza, significam que “a morte de Cristo resulta somente na s alvação do eleito”?

Nesse caso, então nenhum Calvinista moderado ou não-Calvinista discordaria da afirmação. Todos concordam que a expiação é aplicada

somente no eleito. Essa leitura é potencialmente aumentada pelo argumento de Carson que “todos os cristãos” (que incluem os não-Calvinistas)

deveriam ser capazes de afirmar essa declaração. No entanto, se essa interpretação estiver correta, ela implica em uma tautologia. As palavras

de Carson deveriam ser lidas com o significado de que Jesus morreu especialmente apenas pelo eleito, onde o termo “apenas” é explicado na

clausula imediatamente seguinte: “alinhado com a maneira da Bíblia falar do amor especial de Deus pelo eleito”. Nessa interpretação a morte de Jesus

teve uma concepção dualística: Cristo morreu em um sentido pelos pecados de todas as pessoas, mas em um sentido especial somente pelo

eleito. Aqui, novamente, Carson está correto que todos os cristãos podem afirmar essa reivindicação quando a seguinte suposição implícita em

suas declarações são feitas explicitas. Primeiro, por sua declaração que Jesus “morreu apenas pelo eleito” alinhado com “o am or especial de
Deus seletivo pelo eleito” Carson quer dizer que a natureza do amor de Deus pelo eleito difere do que Ele tem pelo não-eleito. Essa diferença

torna-se exposta na “seleção” de Deus do eleito ser o destinatário da morte expiatória de Cristo de uma maneira que não é verdade para o não-eleito.

Ou seja, o amor de Deus por seus filhos deve, de algum forma, diferir de seu amor por aqueles que não são seus filhos. Segundo, a morte de

Cristo pelo não-eleito trás a eles a graça comum. Assumir isso deixa o significado de “seleto” ambíguo, todos os não-Calvinistas podem afirmar

aquelas declarações até onde elas vão. Para os Calvinistas moderados e não-Calvinistas, no entanto, suas declarações não vão longe

suficientemente desde que Carson não especifica por quais pecados Cristo sofreu.

A seguinte interpretação das palavras de Carson é também possível. Se ele quer dizer que Cristo, na verdade, morreu pelos pecados apenas do

eleito e não pelos pecados do não-eleito, então, logicamente a morte de Cristo não pode ser “suficiente” pelo não-eleito de modo a ser capaz de

ser aplicada a eles. Essa imputação limitada do pecado é a posição de todos os Calvinistas rígidos, e é o ponto central da expiação limitada

(particularismo estrito).[15] Repare que ele encoraja os jovens pregadores Reformados dizer aos “descrentes” que Deus os ama, mas ele

emudece sobre a questão de falar aos descrentes que Cristo morreu por eles no sentido que Sua morte satisfez a pena dos pecados deles. A

teologia dele pode proibir isso. Se essa interpretação é o sentido pretendido de Carson, então sua declaração de que “todos os cristãos” deveriam

ser capazes de afirmar essa interpretação é errônea. Nenhum calvinista moderado ou não-calvinista acredita que a morte de Cristo providenciou

apenas os benefícios da graça comum aos não-eleitos.

A segunda interpretação pode ser o significado pretendido de Carson. Mas se é, ele está deixando coisas demais nas entrel inhas. A morte de

Jesus na cruz satisfez os pecados de toda humanidade? Por fim, o parágrafo de Carson não responde a questão de forma explicit a, mas se ele

na verdade se coloca ao lado do Calvinismo rígido, Carson deve responder “não”. Com respeito a intenção e extensão da expiação, Calvinistas

rígidos acreditam o seguinte: Deus ama todas as pessoas (mas não igualmente), Deus deseja a salvação de todas as pessoas, mas Jesus

somente satisfez os pecados dos eleitos e de nenhum outro. Calvinistas moderados e todos não-Calvinistas acreditam no seguinte: Deus ama

todas as pessoas, Deus deseja a salvação de todas as pessoas, e Cristo morreu por todas as pessoas em um sentido que a morte dele satisfez

os pecados de todas as pessoas.[16]

Agora ouça João Calvino sobre João 3.16:

E de fato nosso Senhor Jesus Cristo foi oferecido por todo o mundo. Pois isso não está falando de três ou quatro quando diz: “Deus amou o mundo

de tal maneira, que Ele não poupou seu único Filho”. Mas, ainda assim é preciso notar que o evangelista acrescenta nesta pass agem: “para que

todo aquele que Nele crê não pereça, mas obtenha a vida eterna.” Nosso Senhor Jesus sofreu por todos,[17] e não existe ninguém, grande ou

pequeno, que não seja indesculpável hoje, pois nós podemos obter a salvação por meio Dele.[18] Os incrédulos que se afastam Dele e que

privam a si mesmos Dele, por sua malícia, são hoje duplamente culpados. Porque como eles desculparão sua ingratidão em não receber a bênção

que poderiam partilhar pela fé?[19]

Primeiro, Calvino afirma que Cristo foi “oferecido” por todo o mundo. Não-Calvinistas, Calvinistas moderados e Calvinistas rígidos concordam que

Deus teve um “desejo salvífico universal”[20] no qual Ele deseja a salvação de todas as pessoas em sua vontade revelada. Mas essa salvação de

todas as pessoas não é tudo o que Calvino afirma. Note que ele também disse que Jesus “sofreu por todos”. A palavra “todos” aqui não pode

significar apenas o eleito desde que a citação de João 3.16 é posta lado a lado da palavra “todo aquele” e a afirmação de que ninguém é

indesculpável (pois nós podemos obter a salvação nEle), e é seguida pela afirmação que “incrédulos que se afastam Dele… são duplamente

culpados” e falham em receber “a benção que poderiam partilhar pela fé”. Aqui Calvino claramente iguala o “todos” com “todos descrentes” e diz

explicitamente que “Jesus sofreu por todos.” Por causa dessas afirmações claras, aqueles que rejeitam Cristo são “duplamente culpados”. Por

quê? Eles estão rejeitando a morte de Cristo em seu lugar, que poderia prover a salvação deles se eles cressem. Ao contrário de Carson, Calvino

não tem escrúpulo afirmando explicitamente que “Jesus sofreu por todos”. Calvino não emprega o famoso argumento do duplo pagamento como

fazem os Calvinistas rígidos desde Owen, afirmando em vez disso que os descrentes são “duplamente culpados” pela rejeição deles dessa

“benção” feita disponível em Cristo “que eles poderiam partilhar pela fé”. Calvino nunca usou o argumento do duplo pagamento porque ele não

acreditava que a Escritura ensinava uma limitação na imputação do pecado ou na extensão da morte de Cristo.
Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, pp. 83-92

Tradução: Walson Sales

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[1] Veja o seu The Death of Death in the Death of Christ [A Morte da Morte na Morte de Cristo], 173-74.

[2] Z. Ursinus, The Commentary of Dr. Zacharias Ursinus on the Heidelberg Catechism [Comentário do Dr. Zacharias Ursinus sobre o Catecismo de

Heidelberg], 107.

[3] J. Davenant pode ter sido o primeiro a usar essa ilustração (A Dissertation on the Death of Christ [Uma Dissertação sobre a Morte de Cristo], 376-

77).

[4] E. Polhill, “The Divine Will: Considered in Its Eternal Decrees,” [A Vontade Divina: Considerada nos Decretos Eternos], Works [Obras], 7.4.3,

Objeção 4, 168-69; R. L. Dabney, Lectures in Systematic Theology [Palestras em Teologia Sistemática], 521; A. A. Hodge, The Expiation [A

Expiação] (Philadelphia: Presbyterian Board of Publication, 1867), 35-37; C. Hodge, Systematic Theology [Teologia Sistemática], 2:557-58; W.G.T.

Shedd, Dogmatic Theology [Teologia Dogmática] (Nashville: Thomas Nelson, 1980), 2:443; e C. Daniel, The History and Theology of Calvinism [A

História e Teologia do Calvinismo](Springfield: Goods Books, 2003), 371.

[5] Como Lazarus Seaman disse, “Tudo no primeiro Adão foi feito suscetível a condenação, então tudo no segundo Adão é suscetível a

salvação….vem somente por isso: olhe como cada homem era damnabilis [condenável]…então cada homem é salvabilis [salvável]”. Mitchel e

Struthers, Minutes, 154.

[6] Para alguma crítica da noção literal da dívida com respeito a expiação, veja Discourses on the Nature Nature and Extent of the Atonement of Christ

[Discursos sobre a natureza e extensão da expiação de Cristo], de R. Wardlaw (Glasgow: James Maclehose, 1844), 58-59. Andrew Fuller disse: “Se a

expiação de Cristo fosse considerada como o pagamento literal de um débito – se a medida de seus sofrimentos fosse de acordo com o número

daqueles por quem ele morreu, e o grau da culpa deles, de tal maneira que se haviam salvos mais, ou se aqueles que são salvos foram mais

culpados, sua tristeza deve ter sido proporcionalmente aumentada – que poderia, pelo que sei, ser inconsistente com os convites indeterminados.

Mas seria igualmente inconsistente com o livre perdão do pecado, e com pecadores sendo direcionados a responder por graça

como suplicantes ao invés de como reivindicantes” (The Gospel Worthy of All Acceptation [O Evangelho Merecedor de Toda Aceitação], em Works

[Obras], 2.373-74).

[7] J. Owen, The Death of Death [A Morte da Morte], 173-74.

[8] Calvinistas também vêem alguma limitação no propósito de Cristo em sofrer que corresponde a visão deles da eleição.

[9] A. Clifford, Atonement and Justification: English Evangelical Theology 1640-1790: An Evaluation [Expiação e Justificação: Teologia Evangélica Inglesa

1640-1790: Uma avaliação] (Oxford: Clarendom Press, 1990), 111-12.

[10] Ibid.

[11] Ibid., 112-13., Edmund Calamy também percebeu a necessária conexão entre ofertabilidade e salvabilidade. Ele disse, “isso não pode ser

oferecido a Judas exceto ele ser salvável”. Veja Mitchel e Struthers, Minutes, 154.

[12] Chambers, “Critical Examination of John Owen’s Argument for Limited Atonement,” [Um Exame Crítico do Argumento de John Owen para

Expiação Limitada], 235-36. A tese de Chambers é uma crítica devastadora sobre a noção de Owen do argumento do duplo pagamento. Veja

especialmente 241-93. Perceba que a tese foi feita em no Reformed Theological Seminary. O próprio Chambers se declara um calvinista, e uma

das pessoas que aprovaram sua tese foi Ligon Duncan.

[13] D. A. Carson, The Difficult Doctrine of the Love of God [A Difícil Doutrina do Amor de Deus](Wheaton: Crossway Books, 2000), 77-78.

[14] Carson leu a obra de G. Michael Thomas sobre a The Extent of Atonement [A Extensão da Expiação], de modo que ele deve estar familiarizado

com essas significantes diferenças históricas. Carson, The Difficult Doctrine [A Difícil Doutrina do Amor de Deus], 88n4. Ou veja D. A.

Carson, “God’s Love and God’s Wrath” [O Amor e a Ira de Deus], Biblioteca Sacra 156 (Outubro-Dezembro 1999) 394.
[15] Na entrevista de áudio de Dever com Carson, postada no Web Site de Dever Nine Marks, está claro que Dever (um High-Calvinista) acha que

Carson concorda com sua visão da imputação limitada. Dever tenta colocar Carson entrar em confronto com Bruce Ware, Professor no Southern

Baptist Theological Seminary em Lousville e um calvinista moderado. Veja http://media.9marks.org/2009/02/25/on-books-with-d-a-carson.

[16] Os Calvinistas moderados, no entanto, argumentam que o amor de Deus por todos é desigual. Seu desejo salvífico é desigual e, portanto,

a intenção de Cristo em sofrer pelos pecados de todos foi também desigual.

[17] “Sofreu por todos” é uma imputação ilimitada do pecado.

[18] Sua morte é aplicável a todos os homens desde que Ele “sofreu por todos” os homens.

[19] J. Calvino, Sermons on Isaiah’s Prophecy of the Death and Passion of Christ [Sermões nas Profecias de Isaias da Morte e Sofrimento de Cristo] (London:

James Clark, [1559] 1956), 141 (ênfase adicionada).

[20] Essa expressão é encontrada três vezes em J. Piper “Are There Two Wills in God?” [Existem duas vontades em Deus?], em Still Sovereign [Ainda

Soberano] (ed. T.R. Schreiner e B. Ware; Grand Rapids: Baker, 2000), 107, 108, 122; e também em The History and Theology of Calvinism [A História

e Teologia do Calvinismo] de Curt Daniel, 208. B. Ware também usa isso afirmativamente em “Divine Election to Salvation: Unconditional,

Individual, and Infralapsarian” [Eleição Divina para salvação: Incondicional, Individual e Infralapsária] em Perspectives on Election: Five Views

[Perspectivas sobre Eleição: Cinco Visões] (ed. C. Brand; Nashville: B&H, 2006), 32.

A Expiação: Limitada ou Universal? [Considerações Lógicas]


Um argumento lógico a favor de uma expiação limitada, estritamente falando, se parece com isso:

Cristo morreu “pelas suas ovelhas”, por “sua Igreja” e por “seus amigos”. Essas categorias de pessoas são limitadas; assim, esse argumento é

prova de expiação limitada.

Não tão rápido! Dabney corretamente notou que afirmações tais como Cristo morreu “pela Igreja” ou “suas ovelhas” não provam a expiação

limitada, estritamente falando, porque argumentar tal coisa invoca a falácia da inferência negativa: “a prova de uma proposição não refuta seu

inverso”.[1] Não se pode inferir uma negativa (Cristo não morreu pelo grupo A) de uma afirmação positiva aparente (Cristo morreu pelo grupo B),

não mais do que se pode inferir que Cristo morreu somente por Paulo por causa de Gálatas 2.20 que diz que Cristo morreu por Paulo.

Adicionalmente, se eu frequentemente repito que eu amo minha esposa, pode ser, hipoteticamente falando, que eu amo somente minha esposa,

mas não se segue com uma certeza dedutiva. Esse é o mesmo tipo de equivoco lógico que Owen faz inúmeras vezes no seu The Death of Death in

the Death of Christ [A Morte da Morte na Morte de Cristo], e é uma falácia lógica feita constantemente por Calvinistas Rígidos com respeito a

extensão da expiação.[2]Consequentemente, o fato que muitos versos falam que Cristo sofreu por suas “ovelhas”, sua “Igreja” ou seus “amigos”

não provam que Ele não morreu por outros agrupados nessas categorias.

Não existe nenhuma afirmação nas Escrituras que diz que Jesus morreu apenas pelos pecados do eleito. Aqueles que sustentam a expiação

limitada cometem a falácia da inferência negativa quando eles inferem de certas afirmativas restritivas na Escritura concernente a morte de Cristo

que Ele morreu somente pelos pecados daqueles que são mencionados. Calvinistas Rígidos falham em tratam adequadamente os muitos versos

no Novo Testamento que afirmam expiação universal.

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, p. 93

Tradução: Walson Sales

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[1] Dabney, Lectures in Systematic Theology [Palestras em Teologia Sistemática], 521.

[2] Até mesmo R. Reymond, um Hiper-Calvinista supralapsário notou que “É verdade, claro, que logicamente uma afirmação de particularidade

em si não exclui necessariamente a universalidade. Isso pode ser mostrado pelo principio de submissão na lógica Aristotélica, que declara que se

todo S é P, então pode ser inferido que alguns S são P, mas no sentido inverso, não pode ser inferido do fato que alguns S são P que o restante
de S não é P. Um caso em destaque é o ‘me’ de Gálatas 2.20: o fato que Cristo morreu por Paulo individualmente não quer dizer que Cristo

somente morreu por Paulo e por mais ninguém” (R. Reymond, A New Systematic Theology [A Nova Teologia Sistemática] [2nd ed.; Nashville:

Thomas Nelson, 1998], 673-74).

A Expiação: Limitada ou Universal? [Considerações Práticas]


Considerações Práticas

Nós agora estamos preparados para voltar as questões de natureza prática. Aderir a expiação limitada, se não tiver cuidado, pode impactar

negativamente sete áreas da teologia prática.

1 – O Problema da Diminuição do Desejo Salvífico Universal de Deus

Calvinistas Rígidos tem problemas para defender a vontade salvífica universal de Deus a partir da plataforma da expiação limi tada. A questão

básica envolve a pergunta de que se Cristo não morreu pelo não eleito, como pode essa circunstancia ser reconciliada com passagens da

Escritura tais como João 17.21,23; I Tm 2.4; e 2 Pe 3.9,[1] que afirmam que Deus deseja a salvação de todas as pessoas? Calvinistas moderados

e não-calvinistas não tem problema aqui desde que eles afirmam, de fato, que Cristo morreu pelos pecados de todas as pessoas, e então Deus

pode fazer “a oferta bem intencionada” a todos. Perceba cuidadosamente, o ponto aqui não é somente nosso serviço de oferta de salvação a

todos por meio da nossa pregação, mas que o próprio Deus faz a oferta por meio de nós (2 Co 5.20). Como Ele poderia fazer isso com

integridade se Cristo não morreu pelos pecados de todas as pessoas? Polhill escreveu sobre essa pergunta:

1. Eu argumento a partir da vontade de Deus. A vontade de Deus de salvação como a causa básica dela, e a morte de Cristo, como a causa

meritória dela, são de igual dimensão. A vontade de salvação de Deus não se estende além da morte de Cristo, pois então Ele deve pretender

salvar alguns extra Christum. Nem a morte de Cristo se estende além da vontade de salvação de Deus, pois então Ele deve morrer por alguns que

Deus não salvaria sobre termo algum; mas esses dois são exatamente co-extensivos. Consequentemente, é observável que quando o apóstolo

fala do amor de Cristo pela Igreja, ele fala também que Ele deu a si mesmo por ela (Efésios v. 25), e quando ele disse da vontade que Deus tem

que todo homem seja salvo (I Tm ii. 4), ele disse que Cristo deu a si mesmo em resgate por todos (v. 6). Portanto, não se pode ter uma mais

verdadeira medida da extensão da morte de Cristo do que a própria vontade de salvação de Deus, do qual o mesmo fez questão; assim, à

medida em que a vontade de salvação se estende a todos os homens, a morte de Cristo se estende a todos os homens. Agora então, como pois

Deus deseja a salvação de todos? Certamente assim que eles crerem eles serão salvos. Nenhum teólogo pode negar isso, especialmente vendo

Cristo se colocar a si mesmo debaixo da ira de Deus tão positivamente, “Esta é a vontade daquele que me enviou, que todo aquele que vê o

Filho, e crê nele, tenha a vida eterna” (João 6.40). Portanto, se Deus quer a salvação de todos os homens, se eles crerem eles serão salvos;

então, Cristo morreu por todos de tal forma que se eles crerem eles serão salvos.[2]

Sem crer na vontade salvífica universal de Deus e numa extensão universal do pecado imputado em Cristo não pode haver nenhuma oferta bem

intencionada de salvação de Deus para o não-eleito que ouvir a chamada do evangelho. A doutrina central do Hiper-Calvinismo é sua rejeição da

doutrina que Deus deseja a salvação de todos os homens[3] e eles têm acusado seus irmãos Calvinistas Rígidos de inconsistência e/ou

irracionalidade.[4] O surgimento do calvinismo no mundo evangélico tem historicamente carregado em suas abas um surgimento do Hiper-

Calvinismo também.[5] É crucial notar que nenhum calvinista nunca se move do Calvinismo moderado para o Hiper-Calvinismo. Deve estar

primeiro engajado com a expiação limitada, e de lá ter que fazer o salto lógico na rejeição da oferta bem intencionada do eva ngelho. O Hiper-

Calvinismo não pode existir sem a crença em expiação limitada.

2 – Problemas para o evangelismo

Alguns calvinistas hoje estão engajados em evangelismo por uma simples razão que eles não sabem quem são os eleitos, em adição a ordem

missionária de Cristo.[6] Enquanto nós não sabemos quem são os descrentes eleitos, esse motivo para evangelismo é insuficiente. O

evangelismo deve ocorrer porque a vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos de acordo com a sua vontade revelada. Nós também temos

que expressar e demonstrar o amor salvífico de Deus[7] pela humanidade de tal forma que nós devemos ordenar a todos os homens o
arrependimento, em nossa pregação do evangelho, em nossos convites compassivos, e em nossa oferta indiscriminada do evangelho a todos. O

próprio coração e ministério de Cristo, nesse respeito, são nossos padrões. Nós devemos mostrar ao perdido a suficiência de Cristo para salvá-

los.[8] Em adição a ordem expressa evangelística de Cristo e a vontade de Deus que todos sejam salvos, a real suficiência de Cristo para salvar

todos os homens deve também formar a base para nosso evangelismo. Conhecimento da vontade revelada de Deus deve guiar nosso

evangelismo, não nossa ignorância de Sua vontade secreta. Nossa atividade missionária deve ser uma forma de adaptar a nós mesmos ao

coração do próprio interesse missionário de Deus.

Em seu livro The Gospel and Personal Evangelism [O Evangelho e o Evangelismo Pessoal], Mark Dever sugeriu três motivos para evangelismo:

obediência a Escritura, amor pelos perdidos e amor por Deus.[9]Eu concordo completamente, mas Dever falha em mencionar dois outros motivos

críticos: a morte de Cristo por todos os homens e a vontade salvífica universal de Deus. A menos que eu tenha perdido, seu li vro nunca menciona

esses dois como motivos para evangelismo. Claro, Dever não pode afirmar a morte de Cristo pelos pecados de todos os homens porque ele

defende a expiação limitada. Sua teologia proíbe. Eu presumo que ele concordaria com a vontade salvífica universal de Deus, embora ele em

nenhum lugar explicitamente declare isso em seu livro, tanto quanto eu possa falar.

Calvinistas Owenicos inadvertidamente minam a oferta bem intencionada do evangelho. Os Cristãos devem evangelizar porque Deus deseja que

todos os homens sejam salvos e ele fez expiação por todos os homens, assim removendo as barreiras legais que exigem a condenação deles.

Possivelmente um Calvinista Rígido não pode olhar uma congregação em seus olhos ou até mesmo um simples pecador descrente nos olhos e

dizer “Cristo morreu pelos seus pecados”. Além do mais, quando os Calvinistas Rígidos dizem, “Cristo morreu pelos por pecadores”, o termo

“pecadores” torna-se uma palavra código para “somente o eleito”.[10] Para ser consistente com a sua própria teologia, eles tem que dizer

propositalmente a vaga declaração “Cristo morreu pelos pecadores”. Desde que Cristo não morreu pelos pecados do não-eleito e desde que eles

não sabem quem são os eleitos, é simplesmente impossível em uma pregação ou numa situação de testemunho dizer a todos diretamente “Cristo

morreu por você”.[11]Eu não vejo como essa posição insustentável pode fazer alguma coisa, mas minar o entusiasmo evangelístico desde o atual

“salvabilidade” dos ouvintes pode estar em questão secretamente.

Nathan Finn criticou Jerry Vines por dizer “Quando um calvinista é um ganhador de almas, isso ocorre a despeito de sua

teologia”.[12] Curiosamente, Curt Daniel, um calvinista moderado, destacou que João Bunyan, um calvinista que abraçou a expiação universal,

alegou que alguns serão salvos embora o Evangelho Particularista e que aqueles que desejarem, são salvos apesar do elemento distintivo, não

por causa dele.[13]

3 – Problemas para a Pregação

Tudo que opera para minar a centralidade, universalidade e necessidade da pregação está errado. Tudo o que faz dos pregadores hesitantes

para fazer a proclamação atrevida[14] do evangelho a todas as pessoas está errado. Pensar que Cristo sofreu apenas por alguns afetará

profundamente a pregação. Pregadores não sabem quem são os eleitos então eles devem pregar a todos como se a morte de Cristo fosse

aplicável a eles mesmo embora eles sabem e crêem que todos não são passíveis de salvação. Essa postura parece fazer pregadores operar em

uma base de algo que eles sabem ser uma inverdade e cria um contexto problemático para a pregação no púlpito.

Antes, porque Cristo, de fato, morreu pelos pecados de todos, o próprio Deus está oferecendo salvação a todos, e o pregador pode pregar uma

proclamação atrevida de salvação para todos, oferecendo os benefícios de Cristo a cada pessoa singular (2 Co 5.18-21). João Bunyan manteve

que o evangelho é para ser pregado a todos porque o propósito para a morte de Cristo estende-se a todos.[15] Curt Daniel destacou como

Calvino alertou “que se limite o ‘todos’ da expiação, então se limita a vontade salvífica revelada de Deus, que necessariamente infringe a

pregação do evangelho e diminui a ‘esperança de salvação’ daqueles a quem o evangelho é pregado”.[16]

Escrevendo sobre expiação limitada, Waldron fez esse comentário: “A livre oferta do evangelho não requer de nós falar aos homens que Cristo

morreu por eles”. Ele também explica que “essa forma de pregar é totalmente sem precedente bíblico”, que “se a livre oferta do evangelho

significa dizer a pecadores inconversos, ‘Cristo morreu por você’, então a redenção particular seria inconsistente com a livre oferta”, e que “em

lugar nenhum da Bíblia é o evangelho proclamado falando a pecadores inconversos que Cristo morreu por eles”.[17] Essa ultima afirmação é

extraordinária. Tal afirmação ousada é contraditada diretamente em inúmeras passagens no Novo Testamento. Por exemplo, considere a
declaração de Paulo do evangelho que ele pregou em I Co 15.3 (NKJV): “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo

morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras”. Note que Paulo está dizendo aos Coríntios que ele pregou para eles antes deles serem

salvos! Ele pregou para eles: “Cristo morreu pelos seus pecados”. A declaração de Waldron é também contraditada por Atos 3.26 (NKJV):

“Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, no apartar, a cada um de vós, das vossas

iniqüidades”. Pedro está dizendo a sua audiência descrente que Deus enviou Jesus para abençoar cada um e todos entre eles e cada um deles e

apartar cada um deles das suas iniqüidades. Esta mensagem é equivalente a Pedro dizendo que Cristo morreu por você. Como poderia Jesus salvar

cada um deles (que é o que benção e apartar da iniqüidade envolve) se Ele na verdade não morreu pelos pecados de todos eles? Certamente

“cada um” dos judeus que Pedro endereçou essas palavras devem estar incluídos alguns que foram não-eleitos! Como se esses versos não

fossem suficientes, o que Waldron fará com Lucas 22.20-21? “Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: ‘este cálice é o Novo

Testamento no Meu Sangue, que é derramado por vós. Mas eis que a mão do meu traidor está comigo na mesa’”. Aqui Jesus claramente declara

que seu sangue foi derramado por Judas.[18] Dizer que Judas não estava na mesa na hora não oferece desculpa desde que o texto claramente

declara que ele estava. O próprio Calvino diz explicitamente que Judas estava na mesa em inúmeros lugares em seus próprios es critos.[19] Se

Jesus derramou seu sangue por Judas, então sua morte não foi restrita somente ao eleito, pois Judas não estava entre os eleitos. A livre e bem

intencionada oferta do evangelho por todas as pessoas pressupõe necessariamente que Cristo morreu pelos pecados de todos os homens em

algum sentido[20].

J.C. Ryle disse bem isso:

Eu não estarie em dívida com ninguém ao manter que Jesus ama toda a humanidade, veio ao mundo por todos, morreu por todos, proveu

redenção suficiente por todos, chama a todos, convida a todos, ordena a todos ao arrependimento e crença; e deve ser oferecido a todos –

livremente, completamente, sem reservas, diretamente, incondicionalmente – sem dinheiro e sem preço. Se eu não adoto isso, eu não me atrevo

a ir ao púlpito, e eu não entendo como se deve pregar o evangelho.

Mas enquanto eu abraço tudo isso, eu mantenho firmemente que Jesus fez uma obra especial por aqueles que creem que Ele não faz por outros.

Ele os vivifica pelo seu Espírito, os chama pela sua graça, os lava em seu sangue – os justifica, os santifica, mantém, os conduz e continuamente

intercede por eles – que eles não possam cair. Se eu não creio em tudo isso, eu deveria ser um cristão muito miserável e infeliz.[21]

Essas palavras refletem exatamente meus sentimentos. Pessoas não são condenadas por falta de um sacrifício suficiente substitutivo, mas por

seus pecados e falta de fé. Um homem não pode ser punido por rejeitar o que nunca foi oferecido por ele em primeiro lugar. Expiação limitada

afeta negativamente a pregação porque proíbe o pregador de pregar, “Cristo morreu por seus pecados!” de modo que ouvintes desesperados

podem estar certos que Deus não somente deseja, mas também está preparado para salvá-los.

4 – Problemas concernentes a fornecer chamadas do altar

Na conferência de pastores em Michigan em Novembro de 2008, um professor do seminário da convenção Batista do Sul falou sobre o assunto

“A Cruz e a Confiança Evangelística”. O destaque de sua mensagem enfatizava que um pastor não precisa, de fato, não deve ofer ecer uma

chamada evangelística do altar. Ele sustentou que uma chamada evangelística do altar não é bíblica e também argumentou que oferec er uma

chamada evangelística do altar é equivalente a tentar manipular a soberania de Deus. Alan Street derrubou ambas dessas declarações em uma

monografia.[22] Street que serve como o W.A. Criswell Professor de pregação no Criswell College em Dallas, Texas, e é um Batista do Sul,

escreveu sua dissertação de doutorado nesse assunto. Ele demonstrou conclusivamente que uma chamada do altar é historicamente

substanciada, biblicamente afirmada e teologicamente validada. Incidentalmente, Street é um calvinista moderado. O volume de Street tem um

apêndice onde ele apela diretamente a seus irmãos reformados para não rejeitar o uso da chamada do altar.[23] Eu posso também adicionar que

em conversa pessoal com o Dr. Louis Drummond antes de ele ir para casa [dormir no Senhor], Drummond me falou que durante suas pesquisas

na Inglaterra para sua biografia definitiva sobre Charles Spurgeon, ele encontrou relatos de testemunhas oculares do uso ocasional de Spurgeon
da chamada do altar após sua pregação em um cofre sem lacre recente contendo os arquivos da Controvérsia Downgrade. Esses relatos, claro,

derrubaram um mito comum entre os Calvinistas que Spurgeon nunca fez chamadas do altar.

Muitos Calvinistas rejeitam a chamada do altar precisamente porque eles engajaram-se com a expiação limitada. Embora de caráter testemunhal

em natureza, as observações confirmam que virtualmente todos os Calvinistas que falam ou escrevem contra a chamada do altar, acontecem de

ser high-calvinistas.

5 – Problemas quando o Calvinismo é Igualado com o Evangelho

Apesar da famosa citação de Spurgeon,[24] o Calvinismo não é o evangelho. Como Greg Welt disse falando “francamente” (palavras dele) para

seu companheiro Calvinista, tal afirmação é “tanto enganosa quanto inútil”, e se levado muito a sério, “faria o c irculo de companheirismo pouco

menor do que Cristo mesmo fez”.[25] Calvinismo não é o sine qua non [condição necessária do evangelho] do evangelho. Alguns calvinistas

modernos postaram um link necessário entre a substituição penal e a expiação definitiva de tal forma que eles tendem a igualar o calvinismo com

a mensagem do evangelho. Para eles substituição penal igual a expiação limitada, e, portanto, expiação limitada torna-se um componente

necessário do evangelho. Que os reformadores que retomaram o aspecto da substituição penal da morte de Cristo que rejeitaram a expiação

limitada é interessante. O argumento que a rejeição da expiação limitada implica a necessidade de negar a substituição penal ultimamente se

apoia em uma confusão entre débito comercial e débito penal, como já tem sido destacado. Tais pensamentos podem reduzir a mensagem do

evangelho a uma mensagem sobre como Deus quer juntar os eleitos em vez do desejo sincero de Deus de salvar a todos que ouvirem a

mensagem. Quando o calvinismo é igualado ao evangelho, alguns calvinistas tornam-se militantes de tal forma que qualquer ataque ao sistema

deles é equivalente a um ataque ao evangelho.

6 – Problemas quando Igrejas Não-Calvinistas entrevistam um Potencial Pastor Calvinista ou Membro do Quadro de Funcionários

Um dos problemas crescentes na Convenção Batista do Sul que parece ser correlato com o aumento do número de jovens gr aduados

seminaristas que são Calvinistas em sua soteriologia, concernente ao processo de entrevista entre igrejas e candidatos a pastorais/membros do

quadro de funcionários. A vasta maioria das igrejas Batistas do Sul não são calvinistas. Quando essas igrejas entrevistam potencias pastores e

membros do quadro de funcionários que são calvinistas os problemas emergem a menos que ambas as partes sejam claras como o cristal sobre

sua crença e a menos que ambas as partes perguntem e respondam questões contundentes e não de forma vaga. A maioria da evidência para

esse problema é de caráter testemunhal por natureza, mas eu sou pessoalmente consciente de inúmeros exemplos. Não apenas algumas igrejas

na Convenção Batista do Sul estão atualmente divididas sobre esse assunto.

Com certa frequência um pastor procura o comitê que não é teologicamente astuto o suficiente para perguntar o tipo de questão que determina o

que um potencial pastor acredita sobre Calvinismo e particularmente sobre a extensão da expiação. Deixe-me ilustrar com um caso hipotético.

Suponha que um candidato é perguntado sobre a seguinte questão: “Você acredita que Cristo morreu pelo mundo?”. O questionador entende a

palavra “mundo” se refere a todas as pessoas sem exceção. O questionador também entende “morreu por” significar “morreu pelos pecados do”

mundo. Calvinistas Rígidos acreditam que Cristo morreu pela humanidade em um sentido que a morte dele traz graça comum, mas não que Cristo

morreu pelos pecados do mundo. Nenhum Calvinista Rígido pode dizer “Cristo morreu pelos pecados do mundo” a menos que eles entendam a

palavra “mundo” significar o eleito. Mas essa visão é precisamente como a maioria dos Calvinistas Rígidos entendem a palavra “mundo” em

passagens como João 3.16; eles interpretam isso significar somente o mundo do eleito e não cada pessoa individualmente. Então, em nosso caso

hipotético, quando um candidato é questionado, “Você credita que Cristo morreu pelo mundo?”, ele pode responder “sim” para a pergunta por sua

definição de “mundo” e “morreu por”. O problema aqui é duplo. Primeiro, a questão do comitê é perguntada sem eles terem consciência das

nuances teológicas envolvidas no significado de “mundo” e “morreu por”. Embora isso seja lamentável, é compreensível. Segundo, se o candidato

responde “sim” para a questão, então ele está respondendo a questão de acordo com sua definição da palavra “mundo” e “morreu por”, não de acordo

com o entendimento pretendido na questão pelo comitê. Se o candidato responde a questão na afirmativa e ele sabe o entendimento do comitê para a

questão deles para informar-se se Jesus na verdade morreu pelos pecados de todo homem, então ocorreu uma violação da integridade. O

candidato tomou a decisão para tirar proveito da ambiguidade da questão. É incumbência do candidato Calvinista responder a questão de acordo
com o significado do questionador e não de acordo com o que ele mesmo pode distinguir a palavra significar como se em uma discussão teológica com colegas

calvinistas. Se o candidato é chamado para a igreja como um pastor ou membro do corpo de funcionários e depois começar a pregar ou a ensinar

expiação limitada, resultará em problemas. Até mesmo quando a igreja procura o comitê e não pergunta questões sobre a visão dos candidatos

sobre Calvinismo, a sabedoria pareceria ditar que o candidato deveria ser confrontado com o comitê sobre esses assuntos. É incumbência

de ambos, comitê e candidato procurar ser franco com o outro sobre exatamente o que cada um acredita. O amor pela igreja e o desejo para não

dividir a igreja deve impulsionar comitês e candidatos, seja calvinista ou não.

7 – Problemas quando ser verdadeiramente um Batista do Sul é igualado com ser um Calvinista

Enquanto esse problema não pertence a expiação em si, está sobre o Calvinismo em geral e ilustra um crescente problema na Convenção Batista

do Sul. Quando Tom Ascol publicou o artigo de Tom Nettles no Founders Journal, intitulado “Why Your Next Pastor Should Be a Calvinist” [Porque

seu próximo pastor deveria ser um calvinista], a publicação desse artigo, junto com a postagem de declaração de propósito do Founders

Ministries Web Site, deixou óbvio que a agenda do movimento Founders na Convenção Batista do Sul é mover o SBC em direção ao Calvinismo

Rígido.[26] Leia cuidadosamente o próprio Ascol comentar sobre o artigo do Nettles:

O tema do último Founders Journal (Inverno de 2008) é “o outro ressurgimento”. Contém artigos de Tom Nettles e Christian George,

representando a “velha guarda” do esforço de reformulação dentro da SBC e o surgimento da geração que é similarmente engajada com esses

esforços. Dr. Nettles não precisa de nenhuma apresentação para a maioria dos leitores do seu blog. Seu ministério de ensino e escrita tem sido

abençoado por Deus para chamar muitos de volta para as suas raízes bíblicas e históricas como os Batistas do Sul. Seu livro, By His Grace and

For His Glory [Por sua graça e para sua glória] (recentemente revisado, atualizado e republicado por Founders Press) nunca foi sequer seriamente

contatado, muito menos refutado por aqueles que lamentam o ressurgimento das doutrinas da graça entre os Batistas nos últimos 25 anos. Essa

é uma obra clássica. O artigo de Tom nessa questão do Founders Journal é intitulado, “Porque seu próximo pastor deve ser um calvinista”, eu

recomendo altamente.[27]

Primeiro, perceba a frase “o outro ressurgimento”. Essa frase é, claro, uma referência ao ressurgimento do Calvinismo dentro da Convenção

Batista do Sul. Segundo, Ascol fala do “ministério de ensino e escritos” de Nettles sendo “abençoado por Deus para chamar de volta as próprias

raízes bíblicas e históricas com os Batistas do Sul” [ênfase adicionada]. A referência de Ascol para as nossas raízes “bíblicas” implica que aqueles que

não afirmam o Calvinismo são “não bíblicos”. Quando ele fala das nossas raízes “históricas”, Ascol está distorcendo o registro histórico dos

Batistas do Sul com respeito ao Calvinismo. Ele está prejudicando a homenagem Charleston contra a homenagem Sandy Creek. Richard Land

disse comoventemente concernente a história Batista do Sul e Calvinismo: “desde o primeiro grande avivamento, a tradição separada Batista

Sandy Creek tem sido nossa melodia, com Charleston e outras tradições providenciando harmonia”.[28] Founders Ministries tem errado

principalmente em transferir a melodia para a tradição Charleston na vida dos Batistas do Sul. Terceiro, eu não posso imaginar usar tal título como

“Porque o seu próximo pastor deve ser um calvinista”, muito menos argumentar o tópico impresso. O próximo pastor da igreja deve ser o homem

que Deus leve a igreja a chamar, calvinista ou não. Imagine os protestos se algum grupo de não-calvinistas publicassem um artigo intitulado

“Porque o seu próximo pastor não deve ser um calvinista”. Claro, Ascol está dentro de seu direito para direcionar o Founders Ministries e publicar

tal artigo em seu jornal. Estes direitos não estão em questão. O que está em questão é se tal artigo constitui evidência que ele tem uma

agenda para pressionar o ressurgimento do Calvinismo dentro da Convenção Batista do Sul e se tal agenda é um problema para a Convenção

Batista do Sul. Em meu julgamento a evidência claramente indica que ambos são verdade.

Considere o comentário de Nettles em seu capítulo “A Historical View of the Doctrinal Importance of Calvinism Among Baptists” [A Visão Histórica

da Importância Doutrinária do Calvinismo entre os Batistas] no livro Calvinism: A Southern Baptist Dialogue [Calvinismo: Um Diálogo Batista do Sul].

Ele concluiu com uma declaração que qualquer esforço para procurar a repressão ou eliminação do calvinismo dentro da SBC poderá ser “uma

tragédia teológica e um suicídio histórico”.[29] Eu certamente concordo. Na próxima sentença Nettles introduziu uma longa citação de P.H. Mell

com o seguinte comentário: “De fato, pode-se argumentar junto com P.H. Mell que exatamente o oposto poderá ser o caso”.[30] O que

exatamente Mell disse para obter tal comentário de Nettles? A primeira parte da citação que Nettles fez de Mell lê-se como segue:
Em conclusão, se torna uma séria e prática questão – se nós não devemos fazer essas doutrinas [as doutrinas da graça] a base de todas as

nossas ministrações do púlpito. Se é, de fato, o sistema do evangelho, sustentado por tais argumentos, e atestado por tais efeitos, cada ministro

deve estar imbuído com tal espírito, e paramentado com seus arsenais; não é necessário, de fato, que nós devemos apresentar sua verdade,

sempre numa forma de teologia dogmática ou polêmica – mesmo embora essas não devem ser inteiramente negligenciadas, se nosso povo não

está, ainda, completamente indoutrinado.[31]

Nettles continua a citação de Mell que delineia “As Verdades Fundamentais” das “Doutrinas da Graça”. Curiosamente, Mell menci ona a

Depravação Total e a Perseverança dos Santos, mas ele não diz nada especificamente concernente a Eleição Incondicional, Expiação Limitada e

Graça Irresistível. Mell está claramente advogando que essas doutrinas do calvinismo devem ser a “base de toda nossa ministração do púlpito”.

Ele chama as doutrinas da graça de “O Sistema do Evangelho” e indica “nosso povo” deve estar “completamente indoutrinado” nelas. Deve-se de

fato argumentar, como Nettles disse, o ponto de Mell, mas o ponto é que não se deve argumentar esse ponto. Existe um grande abismo entre

“poderia” e “seria” e “deveria”. Eu pego a impressão distinta que Nettles gostaria, de fato, de argumentar isso e que ele tem semanticamente feito

para querer dizer da citação de Mell.

Jeff Noblit concluiu “The Rise of Calvinism in the Southern Baptist Convention: Reason for Rejoicing” [O surgimento do Calvinismo na Convenção

Batista do Sul: Razão para Regizijo] com essas palavras: “Eu estou convencido que o crescimento do espírito cheio, o Calvinismo evangelístico é

um agente essencial para o reavivamento e reformulação necessária a fim de construir verdadeiras igrejas fortes e trazer a glória de Deus que Ele

merece”.[32] Olhe a sentença cuidadosamente. Noblit está convencido que o Calvinismo é um agente essencial necessário para o avivamento e

reformulação da igreja a fim de construir igrejas verdadeiras. O Calvinismo é essencial para o avivamento que nós precisamos? Podem nossas

igrejas ser verdadeiras somente quando elas estão permeadas com teologia Calvinista? Tais declarações e suas implicações são problemáticas.

Concluindo, com respeito ao Calvinismo e a SBC, tentar espantar todos os Calvinistas não poderá nos juntar na SBC. Tentar retornar como uma

convenção da chamada teologia do calvinismo “Founders” também não nos unirá. Se nós vamos nos unir, nós devemos fazer como Batistas, não

como Calvinistas e não-Calvinistas. Nós devemos nos unir ao redor dos distintivos Batistas que é a única coisa que pode nos manter juntos: uma

teologia Batista bíblica unida para um Ressurgimento da Grande Comissão de evangelismo e missões. É direito de cada e todo Ba tista estar

persuadido que o Calvinismo reflete o ensino da Escritura. Ser um Calvinista não deve ser uma convenção criminosa. Os Calvinistas tem e

sempre devem ser livres para ter um lugar na mesa da SBC. Qualquer igreja que sentir conduzida por Deus chamar um pastor Calvinista deve

fazer sem hesitação. Por outro lado, o Calvinismo não deve ser uma causa nem uma convenção. Quando Calvinistas, individualmente ou como

grupos organizados, procurar fazerem dele como uma causa com a intenção de mover a SBC em direção ao Calvinismo, então nós temos e

vamos continuar a ter um problema. Deixe-nos debater a teologia do Calvinismo e deixe as fichas caírem onde elas podem, mas deixe-nos refrear

de tentar Calvinizar ou Descalvinizar a SBC. A maioria dos Batistas tem sempre visto usar o termo do Dr. Léo Garrtet, “Calminianos”.

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, pp. 94-107

Tradução: Walson Sales

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[1] E. Hulse e R. Letham tem dealt com os erros da interpretação Owenica de 2 Pedro 3.9 em “John Owen e 2 Pedro 3.9”, Reforma Hoj e 38

(Julho-Agosto., 1977): 37-38.

[2] E. Polhill, “The Divine Will Considered in Its Eternal Decrees” [A Vontade Divina Considerada em seus Decretos Eternos], em The Works of

Edward Polhill [As Obras de Eduard Polhill], 163-64.

[3] Tanto Curt Daniel quanto Ian Murray associaram a negação do desejo salvífico universal de Deus com o Hyper-Calvinismo desde que isso é

o ponto chave na disputa com respeito a livre oferta. C. Daniel, The History and Theology of Calvinism [A História e Teologia do Calvinismo], 90; I.

Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism:The Battle for Gospel Preaching [Spurgeon v. Hyper-Calvinismo: A Batalha Pela Pregação do Evangelho]

(Carlisle, PA: Banner of Truth, 2000), 89. Murray sumariza seu livro como segue: “O Livro pretende mostrar a diferença momentânea entre a

crença de evangelismo calvinista e essa forma de calvinismo que nega qualquer desejo da parte de Deus para a salvação de todos os homens” (I.
Murray, “John Gill and C.H. Sproul”, Banner of Truth 386 [Nov. 1995], 16). Na correspondência de Murray com David Engelsma sobre o objeto da

livre oferta, ele escreveu: “A questão crítica aqui, claro, não é o mero uso do termo ‘oferta’, mas se a oferta do evangelho é uma expressão do

desejo de Deus de que isso deve ser recebido pelos pecadores”. Veja Banner of Truth 307 (Dezembro de 1995): 24-25. Em uma crítica do livro de

David Silversides que defende a livre oferta, Murray diz: “Paralelo a questão do não desejo, não irá, nós achamos, agitar a declaração dos Hyper-

Calvinistas, que a livre oferta, expressiva do amor por todos, atribui duas vontades a Deus – cumprida no caso do eleito e não-cumprida no caso

de todos os outros…nós não achamos que a Escritura nos permite fazer a questão do desejo secundário de Deus” (“Books Reviews”, Banner of

Truth 507 [Dezembro. 2005], 22.

[4] Em 7 de Dezembro de 2001 na Lista de Teologia [fórum de discussão], Phil Johnson disse o seguinte para um Hyper-Calvinista: “A raiz de seu

problema é que você aparentemente imagina que existiria um conflito na vontade de Deus, se Deus, que não ordenou alguns homens para a

salvação, contudo deseja que todos os homens se arrependam e busquem sua graça. Isso é, de fato, precisamente o falso dilema que

praticamente todos Hyper-Calvinistas fazem para si mesmo. Eles não podem reconciliar a vontade preceptiva de Deus com sua vontade

decretiva, então eles acabam (geralmente) negando a sinceridade da vontade preceptiva, ou senão negando que a súplica e chamadas a

salvação se aplicam a todos que ouvirem o evangelho”. http://groups.yahoo.com/group/Theology_list. Também, em um livro tratando várias

questões relacionadas com o Teísmo Aberto, Johnson tratou com a questão de se Deus em algum sentido “deseja” o que ele não faz acontecer.

Ele diz que a Escritura “com frequência imputa desejos não cumpridos a Deus” e cita vários versos importantes. Ele então corr etamente adverte

contra tomar “expressões de desejos e ânsias do coração de Deus” em um “sentido simplisticamente literal” como se isso result aria em

comprometer a soberania de Deus. Portanto, “O Deus ansioso expresso nesses versos devem em algum grau ser antropopáticos”. Johnson diz

que, contudo, nós “devemos também ver que essas expressões significam alguma coisa. Elas revelam um aspecto da mente divina que é

totalmente impossível reconciliar com a visão daqueles que insistem que os decretos da soberania de Deus são iguais aos seus ‘desejos’ em

cada sentido distinto. Não existe nenhum sentido em que Deus já desejou para ou prefere qualquer outra coisa do que o que realmente ocorre

(incluindo a queda de Adão, a condenação do ímpio, e todo mal entre eles)? Minha própria opinião – e eu acho que Dabney teria concordado – é

que aqueles que recusam ver qualquer expressão verdadeira do coração de Deus, tudo em suas exclamações optativas tem abraçado o erro do

espírito do Hyper-Calvinismo”. (P. Johnson, “God Without Mood Swings,” [Deus sem estado variado], em Bound Only Once: The Failure of Open

Theism [Provado somente uma vez: A Falha do Teísmo Aberto] [ed., D. Wilson; Moscow, ID: Canon Press, 2001], 118). Esse artigo também pode

ser acessado aqui: htpp//www.spurgeon.org/~phil/articles/impassib.htm. Ambas as citações de Johnson (em adição a sua referencia a vontade de

Deus em sua Primer on Hyper-Calvinism [Excelência sobre Hyper-Calvinismo]) pareceria implicar James White (Alpha & Omega Ministries) como um

Hyper-Calvinista desde que White concorda com a visão de Reymond de que Deus não deseja a salvação do não-eleito em nenhum sentido.

Ambos, White e Reymond acham que afirmando o contrário imputa irracionalidade a Deus, e Reymond apela explicitamente aos ensinos de John

Gill a esse respeito. Veja R. L. Reymond, A New Systematic Theology [A Nova Teologia Sistemática], 692-93. White não somente está criando caso

contra as expressões optativas, como Johnson parece pensar. Ambos, Reymond e White rejeitam o conceito que Deus deseja a salvação de todos

os homens. Tudo o que pode ser, é contudo claro que White, um Batista Reformado, está meticulosamente fora de sincronia com as fortes

declarações de Sam Waldron sobre a vontade de Deus e João 5.34 como ele expõe a “livre oferta” ensinada na Confissão Batista de Londres de

1689. Veja a Modern Exposition of the 1689 Baptist Confession of Faith [Exposição Moderna da Confissão de Fé Batista de 1689] de Waldron

(Darlington, UK: Evangelical Press, 1989), 121-22. Em contraste com White, e como eu notei durante a conferencia João 3.16, Tom Ascol

concorda com a visão da ortodoxia calvinista de Johnson que “Deus deseja que todas as pessoas sejam salvas” em Sua vontade re velada. É,

portanto, problemático achar que Ascol (ou qualquer outro entre os Fundadores do Movimento Batista do Sul) se aliaria a White, um Batista

Calvinista que não é do sul que rejeita a oferta bem intencionada do evangelho, quando planeja debater com outros Batistas do Sul sobre

calvinismo. Esse foi meu ponto na conferencia 3.16.

[5] Johnson escreveu em um artigo online em 1998: “eu escrevi e postei este artigo porque eu estou preocupado sobre algumas tendências sutis

que parecem um sinal de um surgimento do Hyper-Calvinismo, especialmente dentro do grupo de jovens calvinistas e os novos reformados. Eu

tenho visto essas tendências em inúmeros fóruns de teologia Reformada na internet … A história nos ensina que o Hyper-Calvinismo é tanto uma
ameaça para verdade do calvinismo como o Arminianismo é. Praticamente cada avivamento do verdadeiro calvinismo desde a era Puritana foi

sendo sequestrado, aleijado ou por fim morto pela influencia do Hyper-Calvinismo. Calvinistas modernos fariam bem estar em guarda contra a

influência dessas tendências mortais” (P. Johnson, “A Primer on Hyper-Calvinism”, http//www.spurgeon.org/~phil/articles/hypercal.htm online).

[6] Essa é a ideia central destacada por J.I. Parker em Evangelism and the Sovereignt of God [Evangelismo e Soberania de Deus] (Downer’s Growe, IL:

InterVarsity, 1991).

[7] Alguns calvinistas distinguem entre amor salvifico universal de Deus e amor redentivo desde que eles acham o último pertence ao eleito

somente, como Cristo morreu apenas pelos pecados dos eleitos. Embora até mesmo alguns calvinistas históricos tem pensado que Cristo redimiu

somente o eleito [dai amor redentivo] na morte que ele morreu, eles ainda admitem que a vontade de Deus para salvar toda a humanidade fora do

seu amor benevolente [como diferenciado de um amor complacente]. Esses termos benevolente e complacente são comuns em discussões calvinistas

do amor de Deus, especialmente entre escritores antigos.

[8] Essa foi a prática frequente de David Brainard. Veja “Life and Diary of the Rev. D. Brainard” [Vida e Diário do Rev. D. Brainard] nas Works of

Jonathan Edwards [Obras de Jonathan Edwards], 2:432.

[9] M. Dever, The Gospel and Personal Evangelism [O Evangelho e o Evangelismo Pessoal] (Wheaton, IL: Crossway, 2007), 96.

[10] Veja declaração doutrinária “Together for the Gospel” [Juntos pelo Evangelho]. Perceba o uso cuidadoso de frases como “Cristo morreu por

pecadores” em inúmeros lugares ao invés de algo ao longo das linhas de “Cristo morreu pelo mundo” ou por “todos os homens”, etc. Os lideres de

“Together for the Gospel” [Juntos pelo Evangelho] deliberadamente parecem evitar usar a amplamente óbvia ou linguagem escriturística toda

abrangente, para descrever a extensão da expiação, tal como 2Co 5.14 (“um [Jesus] morreu por todos”), 2Co 5.19 (“Deus estava em Cristo,

reconciliando consigo o mundo”), e Hb 2.9 (“Jesus experimentou a morte por todo homem”). Embora a linguagem deles é bíblica em um sentido

conotativo que aqueles por quem Cristo morreu são “pecadores” (como Paulo diz em Rm 5.8: “Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores”,

e novamente em I Tm 1.15 “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar pecadores”), a linguagem deles não é bíblica em um sentido denotativo que

não deixa explicita as palavras “Morreu por pecadores” que aparecem no NT. A linguagem confessional do “Juntos pelo Evangelho” com respeito

a extensão da expiação parece ser uma esquiva calculada dos mais frequentes e mais explícitos termos bíblicos como “todos”, “ mundo” e “todo

homem”. Essa ambiguidade estudada parece deliberada e pode ser guiada pelo compromisso deles com a doutrina da expiação limitada. Em

“Juntos pelo Evangelho”, o que une esses Batistas e Presbiterianos juntos confessionalmente é o High-Calvinismo, ou mais especificamente a

crença deles em expiação limitada.

[11] Eu tenho ocasionalmente ouvido isso ser dito em sermões de High-Calvinistas, mas quando isso é feito, é uma inconsistência que mostra

uma contradição direta com a teologia deles. A maioria dos High-Calvinistas não usarão a terminologia “Cristo morreu por você” em seus

sermões. Às vezes a teoria deles não combina com a prática quando vem para a pregação. Considere essa citação de Spurgeon, um High-

Calvinista, endereçado aos descrentes: “venha, eu o imploro, ao monte calvário, e ver a cruz. Diante do Filho de Deus, Ele que fez os céus e a

terra, moribundo pelos seus pecados. Olhe para Ele, não existe poder nele para salvar? Olhe em sua face uma completa compaixão. Não existe

amor em seu coração para provar que ele está disposto a salvar? Caro pecador, a vista de Cristo o ajudará a crer” (Charles Sp urgeon, “Compel

Them to Come” [Os Compelir a Vir] em New Park Street Pulpit, vol. 5, Sermão #227).

[12] N. Finn, “Southern Baptist Calvinism: Setting Record Straight”, 176.

[13] C. Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill”, 590.

[14] A “Proclamação atrevida” é dizer a cada homem que Cristo morreu pelos seus pecados segundo as Escrituras.

[15] J. Bunyan, Reprobation Asserted [Reprovação Afirmada], nas Works of John Bunyan [Obras de João Bunyan], ed. G. Offor (Avon, Great Britain:

The Bath Press/Banner of Truth, 1991), 2:348.

[16] C. Daniel, “Hyper-Calvinismo and John Gill”, 603.

[17] S. Waldron, “The Biblical Confirmation of Particular Redemption [A Confirmação Bíblica da Redenção Particular], em Calvinism: A Southern Baptist

Dialogue [Calvinismo: Um Diálogo Batista do Sul], 149.

[18] Ele não pode dizer biblicamente que o “você” não inclui Judas, fornecendo o que Marcos 14.18 diz.
[19] Veja J. Calvino, Tracts and Treatises on the Doctrine and Worship of the Church [Tratos e Tratados sobre a Doutrina e Adoração na Igreja], Vol. 2

(Trad. H. Beverididge; Grand Rapids: Eerdmans, 1958), 93, 234, 297, 370-71, 378, e também seu comentário sobre Mateus 26.21 e João 6.56.

[20] De acordo com De Jong, H. Hoeksema e outros na Igreja Reformada Protestante vêem “quatro elementos indispensáveis” que constituem a

ideia de oferta: (1) um honesto e sincero desejo da parte do que oferece a dar alguma coisa, (2) que o que oferece possui isso que Ele oferece

para algumas pessoas, (3) um desejo que isso será aceito, e (4) que os destinatários da oferta são capazes de cumprir a condi ção da oferta.

Concernente ao seu segundo elemento, a possessão da parte de Deus deve ser um remédio extrinsecamente suficiente para os pecados de

todos aqueles que ouvirem a chamada do evangelho, e essa é uma das razões chaves do Hyper-Calvinista Hoeksema rejeitar a visão que Deus é

o fornecedor da oferta bem intencionada para todos por meio da proclamação do evangelho. Veja A. De Jong, The Well-Meant Gospel Offer: The

Views of H. Hoeksema and K. Schilder [A Oferta Bem Intencionada do Evangelho: As Visões de H. Hoeksema e K. Schilder] (Franeker: T. Wever,

1954), 43.

[21] J.C Ryle, Expository Thoughts on the Gospel.

[22] R. A. Street, The Effective Invitation [O Convite Efetivo] (Grand Rapids: Kregel, 2004).

[23] Ibid., 238-45. Veja também o capítulo de Street sobre esse assunto nesse volume.

[24] C.H. Spurgeon, The Autobiography of Charles H. Spurgeon [A Autobiografia de Charles H. Spurgeon] (Cincinnati: Curts & Jennings, 1898), 1:

172.

[25] G. Welty, “Election and Calling: A Biblical Theological Study,” [Eleição e Chamada: Um Estudo Bíblico Teológico] em Calvinism: A Southern

Baptist Dialogue [Calvinismo: Um Dialogo Batista do Sul], 243. Quando John MacArthur esteve no púlpito da Primeira Igreja Batista em Woodstock,

Geórgia, durante uma conferência em 2007 e disse, “Jesus foi um calvinista”, tal declarada infortunada exacerbou a situação entre calvinistas e

não calvinistas. Eu amo e aprecio John MacArthur. Eu tenho lido a maioria de tudo o que ele tem escrito, e eu tenho ouvido a sua pregação no

rádio por 30 anos, mas tal declaração é um absurdo em inúmeros níveis. Para iniciar, isso é um anacronismo, desde que a vida de Jesus

antecedeu a de Calvino em 1500 anos. Segundo, MacArthur, como um high-Calvinista, implicou por sua declaração que Jesus abraçou a

expiação limitada, uma posição que nem Calvino abraçou. Terceiro, os protestos de Calvinistas se um não-calvinista proeminente dissesse,

“Jesus foi um Não-calvinista” ou “Jesus foi um Arminiano”.

[26] T. Nettles, “Why Your Next Pastor Should Be a Calvinist” [Porque seu próximo pastor deve ser um calvinista] Founders Journal 71 (Inverno de

2008): 1-15.

[27] T. Ascol, “The Other Ressurgence” [O Outro Ressurgimento] – FJ 71, Founders Weblog, Quarta Feira, 2 de Abril de 2008,

htpp://www.founders.org/blog/archive/2008_04_archive.html; acessado em 29 de Outubro de 2008.

[28] Veja a pagina 50 desse volume [deste livro].

[29] T. Nettles, “A Historical View of the Doctrinal Importance of Calvinism Among Baptists” [Uma Visão Histórica da Importância doutrinária do

calvinismo entre os batistas], em Calvinism, 68.

[30] Ibid.

[31] Ibid., P.H. Mell, Calvinism: An Essay Read Before the Georgia Baptist Minister’s Institute [Calvinismo: Um ensaio lido antes do Instituto do

Ministério Geórgia Batista] (Atlanta: G.C Conner, 1868: reimpresso Cape Coral: Christian Foundation, 1988), 19-20.

[32] J. Noblit, “The Rise of Calvinism in the Southern Baptist Convention: Reason for Rejoicing,” [O Surgimento do Calvinismo na Convenção

Batista do Sul: Razão para Regozijo], Calvinism: A Southern Baptist Dialogue [Calvinismo: Um Dialógo Batista do Sul], 112.7

A Expiação: Limitada ou Universal? [Conclusão]


Conclusão

Eu tenho tentado demonstrar o seguinte: (1) Historicamente, nem Calvino nem a primeira geração de reformadores abraçaram a doutrina da

expiação limitada. Desde o inicio da reforma até o presente, inúmeros Calvinistas tem rejeitado, e além do mais, essa doutrina representa uma

saída do consenso cristão histórico que Cristo sofreu pelos pecados de toda humanidade. (2) Biblicamente, a doutrina da expiação limitada
simplesmente não reflete o ensino da Escritura. (3) Teologicamente e logicamente, expiação limitada é falha e indefensável. (4) Do ponto de vista

prático, a expiação limitada cria sérios problemas para a vontade salvífica universal de Deus; ela provê um fundamento insuficiente para o

evangelismo por minar a oferta bem intencionada do evangelho; ela mina a proclamação ousada do evangelho na pregação; e contribui para a

rejeição de métodos válidos de evangelismo tais como o uso da chamada evangelística do altar.

Eu não posso ajudar mas relembro as palavras do venerável distinto professor de Novo Testamento aposentado na Southwestern Baptist

Theological Seminary, Dr. Jack McGorman, em seu inimitável estilo e sotaque: “a doutrina da expiação limitada trunca o evangelho por serrar os

braços da cruz perto demais da estaca”.[1] A Convenção Batista do Sul deve mover-se em direção aos “Cinco Pontos” do Calvinismo? Tal mover

não seria, em minha opinião, útil.[2]

Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, p. 107

Tradução: Walson Sales

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[1] Falado ao autor em uma conversa pessoal.

[2] Nós devemos ler as obras de Thomas Lamb, Batista do século 17 e calvinista, que disse: “…já eu não nego, mas eu subsidio com ele [John

Goodwin], que a negação da morte de Cristo pelos pecados de todos, desmerece a filantropia de Deus, e o nega ser um amante dos homens e

em cada ato destrói o próprio fundamento e base da fé cristã” (Thomas Lamb, Absolute Freedom from the Sin by Christs Death for the World

[Liberdade Absoluta do pecado pela morte de Cristo pelo mundo] [Londres: Impresso por H.H. para o autor para ser vendidos por ele, 1656], 248).

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