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Ciências Políticas

Angola: Breve incursão histórico-política dos principais partidos políticos


(FNLA; MPLA; UNITA)
Abel Franciso Cassule1 e David Boio (orientação)

Resumo: O presente artigo tem como tema “Breve incursão histórico-política dos
principais partidos políticos em Angola (FNLA; MPLA; UNITA) ”, reflecte de forma
sucinta, a trajectória dos principais partidos angolanos. A história política de Angola é
vasta, mas a ausência de documentos escritos dificulta a sua abordagem objectiva.
Portanto, desde este ponto de vista cingir-nos-emos essencialmente aos factos
documentados pelos três maiores grupos nacionalistas que descrevemos no auge do
trabalho, nomeadamente o MPLA, a UNITA e a FNLA, que protagonizaram a
proclamação da independência unilateralmente em lugares diferentes.

Palavras-chaves:

MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola

FNLA - Frente Nacional de Libertação de Angola

UNITA - União Nacional para Independência Total de Angola

Movimentos de Libertação

Partidos Políticos

Independência Nacional

Abstract: This article focuses on "Brief historical-political of the main political parties
in Angola (FNLA, MPLA, UNITA)," reflected succinctly, the trajectory of the main
Angolan liberty movement. The political history of Angola is vast, but the absence of
written documents hinders its objective approach. Therefore, from this point of view we
will stick mostly to the facts documented by the three largest nationalist movements that
describe the height of the work, particularly the MPLA, UNITA and FNLA, who staged
the proclamation of independence unilaterally in different places.

Keywords:

MPLA - Popular Movement for the Liberation of Angola

FNLA - National Liberation Front of Angola

UNITA - the National Union for Total Independence of Angola

1
Estudante do 2º ano do curso de direito no ISPSN.

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Movement for Liberation

Political Parties

National Independence.

Introdução

O presente artigo pretende responder às seguintes questões: a) Quais os factos e de que


forma surgiram os principais partidos políticos de Angola? Como evoluíram de
movimentos de libertação para se constituírem como partidos? Qual as suas actuais
configurações e relevância política?

Relevância da pesquisa

Na conceituação erudita, política "a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o


governo", que é a noção dada por Nicolau Maquiavel, em O Príncipe. “Muitos
imaginaram repúblicas ou principados que em realidade nunca foram vistos ou
conhecidos, em política, há tanta distância entre como se vive e como se deveria viver”.
Dai que entendamos Partidos Políticos como pessoas jurídicas de direito privado. Têm
por função garantir o sistema representativo por meio de seus candidatos que, por sua
vez, são condicionados à filiação partidária para que sejam eleitos.

Kelsen, 1996, afirma que sem partidos políticos, a “Democracia” não é possível, uma
vez que o pluralismo se exprime por meio de organizações estáveis, alem do mais as
democracias existentes são afinal, regimes de partidos.

CAPITULO I

Movimento Popular de Libertação de Angola

1.1 História

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) é um partido político de


Angola, que governa o país desde sua independência de Portugal em 1975. Foi,
inicialmente, um movimento de luta pela independência de Angola, transformando-se
num partido político após a Guerra de Independência de 1961-74. Conquistou o poder
em 1974/75, durante o processo de descolonização e saiu vencedor da Guerra Civil
Angolana de 1975-2002, contra dois movimentos/partidos rivais, a UNITA e a FNLA2

O MPLA surgiu no fim dos anos 1950 da fusão de vários pequenos grupos anti-
coloniais, inclusive da recentemente constituída célula de Luanda do Partido Comunista
Português, iniciando a sua acção em 1961 entre os finais dos anos de 1950, princípios
de 1960 agrupando as principais figuras do nacionalismo angolano, entre estudantes no

2
Www.wikipedia.org/wiki/Movimento_Popular_de_Libertação_de_Angola

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exterior, sobretudo em Portugal - e lutadores contra o colonialismo que fugiam do
interior de Angola3.

Dirigido por António Agostinho Neto, e tendo como secretário geral Viriato da Cruz, o
MPLA organizou uma luta armada contra a dominação colonial de Angola por Portugal.
Em 1961, Lúcio Lara torna-se o seu secretário-geral e o pivô da actividade
organizacional e militar.

Durante o seu combate anti-colonial, o MPLA conheceu várias discordâncias


importantes e até existenciais, a começar com a saída de Viriato de Cruz já em 1961. A
crise mais grave deu-se no início dos anos 1970, quando o MPLA se dividiu em três
"alas" praticamente autónomas - a "Revolta Activa", liderada por Mário de Andrade, e a
"Revolta do Leste", liderada por Daniel Chipenda, ambas opostas a Agostinho Neto, e a
"Ala Presidencial", fiel a Agostinho Neto. Esta dupla cisão foi superada em 1974, por
uma conferência de unificação realizada na Zâmbia, mas levou à expulsão ou saída
espontânea de uma série de elementos, e deixou profundas marcas.4

Terminada a luta de libertação, na sequência do 25 de Abril em Portugal, os três


movimentos, (MPLA, FNLA e UNITA) iniciaram de imediato entre eles uma luta
armada pelo poder, com a ajuda dos países que os apoiavam. Proclamaram
separadamente a independência do país, sem que tivesse acontecido a pacificação
interna. Deste conflito, o MPLA saiu como vencedor imediato.

Em 1977, o MPLA sofreu um sério abalo com uma nova dissidência, liderada por Nito
Alves que tentou um golpe de estado contra a direcção do partido. Esta tentativa,
oficialmente designada por Fraccionismo, falhou de imediato graças à intervenção de
tropas cubanas presentes no país, levando posteriormente a uma purga sangrenta que
custou a vida a milhares de pessoas.

Em 1992 Angola viveu as suas primeiras eleições, parlamentares e presidenciais. O


MPLA ganhou as primeiras, mas nas últimas o seu candidato, José Eduardo dos Santos,
não obteve a maioria absoluta requerida na primeira volta. A UNITA não aceitou estes
resultados como correctos e válidos, desencadeando de imediato a Guerra Civil
Angolana.

1.2 Transformações contemporâneas

Em 2002, como resultado dos acordos do Luena, foram criadas condições para as
eleições seguintes, graças aos esforços e entendimento dos angolanos, que culminou no
tratado da paz em 4 de Abril de 2002 entre os principais intervenientes da guerrilha, o
Governo e a UNITA. Desde então foram realizados esforços no sentido de fazer o país
seguir o curso normal que deve seguir um país com um sistema democrático, e repor
com isto a regularidade.

3
Ibidem
4
PERES, Fátima Salvaterra, A Revolta Ativa: Os conflitos identitários no contexto da luta de libertação (em Angola),
dissertação de mestrado, Universidade Nova de Lisboa, 2010.

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As eleições realizaram-se, a 5 de Setembro de 2008 e decorreram num clima de
tranquilidade e paz social, tendo sido consideradas livres e justas e um exemplo para os
outros países africanos, entrando numa era de consolidação da sua democracia bem
como da liberdade de expressão e manifestação dos seus cidadãos.

Nas eleições legislativas realizadas em 2008, o MPLA ganhou por maioria absoluta com
cerca de 82% dos votos enquanto o seu mais directo oponente, a UNITA não foi além
dos 10%. De uma maneira geral, não houve contestação aos resultados destas eleições.
Entretanto, nas eleições de 2012 o MPLA desceu cerca de 10%, mantendo embora uma
maioria qualificada, e confirmando deste modo José Eduardo dos Santos na Presidência
da República.

CAPITULO II

União Nacional para a Independência Total de Angola

2.1 Jonas Malheiro Savimbi

Savimbi nasceu a 3 de Agosto de 1934, em Munhango, uma pequena localidade na


província Moxico, de pais originários de Chilesso, na província Bié, pertencentes ao
grupo Bieno da etnia Ovimbundu. O pai de Savimbi era funcionário do Caminho de
Ferro de Benguela e também pastor da Igreja Evangélica Congregacional em Angola
(IECA). Jonas Savimbi passou a sua juventude em Chilesso, onde frequentou o ensino
primário e parte do ensino secundário em escolas da IECA. Como naquele tempo os
diplomas das escolas protestantes não eram reconhecidos, repetiu a parte secundária no
Huambo, numa escola católica mantida pela ordem dos Maristas. A seguir ganhou uma
bolsa de estudos providenciada pela IECA nos Estados Unidos da América para
concluir o ensino secundário e estudar medicina em Portugal. Em Lisboa concluiu de
facto o ensino secundário, com a excepção da matéria "Organização Política Nacional",
obrigatória durante o Salazarismo, não chegando por isso a iniciar os estudos
universitários. Entretanto tinha tomado contacto com um grupo de estudantes angolanos
que, em Lisboa, propagavam em segredo a descolonização e discutiam a fundação de
uma organização de luta anticolonial. Perante a ameaça de uma repressão por parte da
PIDE, a polícia política do regime, Jonas Savimbi refugiou-se na Suíça, valendo-se de
contactos obtidos por intermédio da IECA que, inclusive, lhe conseguiu uma segunda
bolsa. Como a Suíça reconheceu os seus estudos secundários como completos, iniciou
os estudos em ciências sociais e políticas, em Lausana e Genebra, obtendo
provavelmente um diploma nestas matérias. Savimbi aproveitou a sua estadia na Suíça
para aperfeiçoar o seu domínio do inglês e do francês, línguas que chegou a falar
fluentemente.5

2.2 Posicionamento na guerra anticolonial

No início dos anos 1960, Savimbi saiu da Suíça para juntar-se à Guerra de
Independência de Angola, entretanto iniciada pela UPA (posteriormente FNLA) e pelo
5
Www.wikipedia.org/.../União_Nacional_para_a_Independência_Total_de_Angola.

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MPLA. Tentando primeiro, sem sucesso, obter uma posição de liderança no MPLA,
ingressou a seguir na FNLA que operava a partir de Kinshasa e onde passou a fazer
parte da direcção. Como a FNLA beneficiava na altura do apoio da China, Savimbi teve
naquele país uma formação militar adaptada a condições de guerrilha. Logo a seguir
saiu da FNLA para formar o seu próprio movimento, a UNITA. Este teve desde o início
como principal base social os Ovimbundu, a etnia de origem de Savimbi, e a mais
numerosa de Angola, em contraste com a FNLA, enraizada entre os Bakongo, e o
MPLA cuja base original eram os Ambundu bem como boa parte dos "mestiços", e uma
minoria da população portuguesa local, oposta ao regime colonial.

2.3 Formação da UNITA

Jonas Savimbi regressa as matas de Angola, em 1966, com a intenção de formar um


movimento: a UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola).

Entra pelo interior angolano, depois de sete anos no estrangeiro. O primeiro congresso
da organização foi realizado entre 11 a 13 de Março de 1966, em Muangai; Leste dos
países, que marca a fundação da UNITA.

“Antes de chegar aqui, Savimbi completou um percurso que o levou a contactar


movimentos, governos africanos e dirigentes nacionalistas angolanos e estrangeiros que
combatiam o colonialismo” 6. Com comandantes forjados numa academia chinesa. No
congresso em Muangai, na província do Moxico, tentavam organizar-se, mas ainda sem
declarar guerra as tropas coloniais Portuguesas.

O congresso realiza-se com a participação de 170 delegados em plena mata cerrada,


“sem gala nem propaganda”, como descreve um dos fundadores do movimento, “José
Samuel Chiwale”.

No congresso, que decorreu durante 2 dias e para a história do movimento, são


registrados como fundadores e cofundadores, 18 dirigentes, entre comandantes,
militares e militantes que se movimentavam no estrangeiro:

Jonas Malheiro Savimbi

João José Liahuca

Tony da Costa Fernandes

David Jonatão Chingunji (Samuimbila)

José Samuel Chiwale

Samuel Piedoso Chinguni (Cafundanga)

Miguel N´Zau Puna

6
FERNANDO, Emílio, Jonas Savimbi no lodo errado da história, Ed. D. Quixote, Lisboa, 2ª edição,pg.11, 2012.

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Ernesto Joaquim Mulato

Alexandre Magno Chinguto

Pedro Paulino Moisés

José Kalundungu

Jacob Hóssi Inácio

Jeremias Kussia Nundu

Nicolau Biacho Tchiuca

Isaías Mussumba

Mateus Bundua

Samuel Chivava Muanangola

Tiago Sachilombo

“É aprovado um conjunto de documentos, divididos em cinco princípios gerais que


definem a luta da UNITA; é interpretado o que seria a nova Angola independente;
firmam-se os estatutos do movimento denominados de “Projeto dos conjurados do
movimento de 13 de Março” que definia a matriz da UNITA; estabelecem-se em sete
princípios ideológicos; expõe-se a estrutura dirigente e administrativa do movimento;
traça-se no mapa do Leste de Angola as regiões militares e aéreas de expansão; e funda-
se o embrião do que mais tarde viriam a ser as FALA (Forças Armadas de Libertação de
Angola), o braço armado da UNITA” 7.

Miguel N´Zau Puna assume desde já o cargo de secretário-geral e Samuel Chiwale, o


Comandante-geral das futuras tropas q viriam a ser criadas.8

CAPITULO III

Frente Nacional de Libertação de Angola

3.1 História

A Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) é um movimento político fundado


em 1957 com o nome de União das Populações do Norte de Angola (UPNA),
assumindo em 1958 o nome de União das Populações de Angola (UPA). Em 1961, a
UPA e um outro grupo anticolonial, o Partido Democrático de Angola (PDA),
constituíram conjuntamente a FNLA.

O FNLA foi um dos movimentos nacionalistas angolanos durante a guerra anticolonial


de 1961 a 1974, juntamente com o MPLA e a UNITA. No processo de descolonização
7
FERNANDO, Emílio, Jonas Savimbi no lodo errado da história, Ed. D. Quixote, Lisboa, 2ª edição,pg.13, 2012.
8
Ibidem, pg.12,13.

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de Angola, em 1974/1975, bem como na Guerra Civil Angolana de 1975 a 2002,
combateu o MPLA ao lado da UNITA. Desde 1991 é um partido político cuja
importância tem vindo a diminuir drasticamente, em função dos seus fracos resultados
nas eleições legislativas de 1992, 2008 e 20129.

A UPA/FNLA, enraizada principalmente entre os Bakongo mas com aderentes também


entre os Ambundu e os Ovimbundu, iniciou a sua luta armada na região do norte de
Angola em 15 de Março de 1961, nomeadamente no concelho do Uíge estendendo-se
mais tarde para o sul, até à atual província do Bengo. Ela teve como retaguarda de luta o
ex-Congo Belga, atual República Democrática do Congo, a seu tempo liderada pelo
falecido General Mobutu Sese Seko que no quadro da sua política regional manteve
boas relações com o líder da UPA/FNLA, Holden Roberto. Este apoio possibilitou a
constituição em Léopoldville (hoje Kinshasa), imediatamente depois da formação da
FNLA, do GRAE (Governo Revolucionário Angolano no Exílio), cujos vice-presidentes
eram de proveniência Ambundu, e cujo secretário geral era Jonas Savimbi, Ocimbundu
e posteriormente fundador da UNITA. O braço armado do GRAE era o ELNA (Exército
de Libertação Nacional de Angola) cujos comandantes provinham de várias partes de
Angola, inclusive de Cabinda. Nem o MPLA nem a FLEC quiseram participar do
GRAE, o que viria a ser decisivo para a complexa e contraditória configuração da luta
anticolonial em Angola.10

A luta armada desenvolvida pela FNLA contra a potência colonial teve fortes
limitações. Apesar dos apoios por parte de Mobutu, mas também durante algum tempo
da parte da China e da Roménia, o ELNA não conseguiu resistir ao contra-ataque
militar português. Não teve a capacidade de manter o controle sobre qualquer parcela do
território angolano, no Nordeste do país, embora tivesse marcado um mínimo de
presença, sob a forma de atividades de guerrilha. Uma tentativa de abrir uma segunda
frente no leste de Angola, não foi para além da constituição de um pequeno núcleo de
guerrilha, ao Norte de Luena, cujas atividades foram mais simbólicas.

3.2 A descolonização

Quando a Revolução dos Cravos, realizado em Portugal em 25 de Abril de 1974, levou


este país a declarar a sua intenção de apoiar ativamente o acesso das suas então colónias
à independência, os três movimentos nacionalistas, no início cada um por si, lançaram
quase de imediato tentativas de assegurar-se o controlo do país por meios militares.
Dados os seus efectivos bem treinados e equipados, o ELNA parecia ter uma vantagem
evidente nesta contenda. Penetrando em Angola pelo Nordeste, avançou com alguma
facilidade até ao Norte de Luanda onde viu a seu caminho barrado na batalha de
Kifangondo, por forças do MPLA apoiadas por um forte contingente de tropas cubanas.
Abandonando o seu plano de chegar até Luanda, o ELNA despachou várias das suas
unidades para o centro e o sul de Angola onde acabaram por concluir uma aliança com a
UNITA. No dia 11 de Novembro de 1975, enquanto o MPLA declarava em Luanda a

9
Www.wikipedia.org/wiki/Frente_Nacional_de_Libertação_de_Angola.
10
História do FNLA, Site da FNLA. Página visitada em 19 de Novembro de 2012.

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independência do país, FNLA e UNITA fizeram o mesmo no Huambo onde
constituíram um "contra-governo" que teve o apoio do então regime sul-africano do
apartheid e dos EUA. Face à superioridade militar das forças cubanas e do MPLA,
apoiadas pela União Soviética, a aliança FNLA & UNITA desfez-se no entanto
rapidamente11.

3.3 Período pós-colonial

Durante a primeira fase pós-colonial, a FNLA quase desapareceu da cena. Uma vez que
o MPLA tinha instalado um regime monopartidário que, a partir de 1977, professava o
marxismo-leninismo, outros movimentos ou partidos assim como a FNLA - não
podiam, durante este período, ter uma existência legal em Angola. Por outro lado, e ao
contrário da UNITA, a participação da FNLA na Guerra Civil foi muito fraca e acabou
por deixar de existir. O movimento entrou numa fase de alteração, cujo indicador
porventura mais forte foi o facto de Holden Roberto passar a residir em Paris durante
muitos anos. Outro indicador forte foi a passagem para o lado do MPLA de alguns dos
seus dirigentes, como Johnny Eduardo Pinock Eduardo e Henrique Vaal Neto que
chegaram a fazer parte de um Governo de Reconciliação Nacional.

Quando, no fim dos anos 1980, o governo do MPLA anunciou a passagem de Angola
para um sistema de democracia multipartidária, marcando primeiras eleições para 1992,
a FNLA constituiu-se em partido político. Porém, os resultados do escrutínio foram-lhe
extremamente desfavoráveis: nas eleições legislativas obteve 2.40%, e nas eleições
presidenciais Holden Roberto obteve 2.11%. Estes resultados refletem a radical perda
de credibilidade da FNLA mesmo entre os Bakongos onde, por sinal, se constituíram
vários outros partidos que concorreram às eleições sem sucesso, diminuindo ainda mais
o eleitorado da FNLA.

O conjunto destes desenvolvimentos levou à divisão do partido em duas alas, sendo um


delas liderada pelo sociólogo Lucas Ngonda, professor da Universidade Agostinho
Neto. A aproximação das segundas eleições legislativas em Angola, em 2008 levou a
que as duas alas negociassem o reencontro que no entanto não se realizou, tendo Holden
Roberto falecido em 2007.

Nas eleições de 2008 a FNLA obteve ainda menos votos do que em 1992, ficando-se
pelos 1.11% e deixando de ser um actor político relevante. Entretanto, a liderança do
partido continua a ser disputada ente Lucas Ngonda e um dos líderes históricos da
FNLA, Ngola Kabango. Nas eleições de 2012, a percentagem dos votos foi
sensivelmente a mesma, mas o partido perdeu mais um deputado, ficando reduzido a
apenas 2 representantes na Assembleia Nacional.

11
História do FNLA, Site da FNLA. Página visitada em 19 de Novembro de 2012.

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Conclusão

Como sabemos, a história política de angola é vasta. Mas a ausência de documentos


escritos, torna-a muito restrita. Os partidos políticos angolanos surgem num momento
de muita agitação global e sobretudo africana, marcados pela ânsia de independência
que era o tema central da segunda guerra mundial e pela queda do regime de Salazar em
Portugal, pais colonizador de Angola. Antes da independência, esses partidos eram
simplesmente movimentos de libertação passando à partidos políticos após a
independência com a realização de eleição.

Portanto, devemos perceber que o controlo de Angola estava dividido pelos três maiores
grupos nacionalistas que descrevemos no auge do trabalho, nomeadamente o MPLA,
UNITA e FNLA, pelo que a independência foi proclamada unilateralmente, pelos três
movimentos.

O MPLA que controlava a capital, Luanda, proclamou a Independência da República


Popular de Angola no dia 11 de Novembro de 1975, pela voz de Agostinho Neto
dizendo, "diante de África e do mundo proclamo a Independência de Angola”,
culminando assim o périplo independentista, iniciado no dia 4 de Fevereiro de 1961,
com a luta de libertação nacional, estabelecendo o governo em Luanda com a
Presidência entregue ao líder do movimento.

Holden Roberto, líder da FNLA, proclamava a Independência da República Popular e


Democrática de Angola no dia 11 de Novembro, no Ambriz.

Nesse mesmo dia, a independência foi também proclamada em Nova Lisboa (Huambo),
por Jonas Savimbi, líder da UNITA.

Logo depois da declaração da independência iniciou-se a Guerra Civil Angolana entre


os três movimentos, uma vez que a FNLA e, sobretudo, a UNITA não se conformaram
nem com a sua derrota militar nem com a sua exclusão do sistema político. Esta guerra
durou até 2002 e terminou com a morte, em combate, do líder histórico da UNITA,
Jonas Savimbi. Assumindo raramente o carácter de uma guerra "regular", ela consistiu
no essencial de uma guerra de guerrilha que nos anos 1990 envolveu praticamente o
país inteiro. Ela custou milhares de mortos e feridos e destruições de vulto em aldeias,
cidades e infraestruturas (estradas, caminhos de ferro, pontes). Uma parte considerável
da população rural, especialmente a do Planalto Central e de algumas regiões do Leste,
fugiu para as cidades ou para outras regiões, inclusive países vizinhos.

No fim dos anos 1990, o MPLA decidiu abandonar a doutrina marxista-leninista e


mudar o regime para um sistema de democracia multipartidária e uma economia de
mercado. UNITA e FNLA aceitaram participar no regime novo e concorreram às
primeiras eleições realizadas em Angola, em 1992, das quais o MPLA saiu como
vencedor. Não aceitando os resultados destas eleições, a UNITA retomou de imediato a
guerra, mas participou ao mesmo tempo no sistema político.

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Logo a seguir a morte do seu líder histórico, a UNITA abandonou as armas, sendo os
seus militares desmobilizados ou integrados nas Forças Armadas Angolanas. Tal como
a FNLA, passou a concentrar-se na participação, como partido, no parlamento e outras
instâncias políticas.

BIBLIOGRAFIA

COSME, Leonel, A separação das águas (Angola 1975-1976), Porto, Campo das
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MACHIAVELLI, Nicoló, O Principe, Guimarães Editores, 2ª Edição,Lisboa, 2009.

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Lisboa 2005.

CARVALHO, Nogueira e, Era tempo de morrer em África: Angola guerra e


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CORREIA, Pedro Pezarat de, Descolonização de Angola: joia da coroa do império


português, Lisboa: Inquérito, 1991
FERNANDO, Emílio, Jonas Savimbi no lodo errado da história, Ed. D. Quixote,
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PERES, Fátima, A Revolta Ativa: Os conflitos identitários no contexto da luta de
libertação (em Angola), dissertação de mestrado, Universidade Nova de Lisboa, 2010
História do FNLA, Site da FNLA. Página visitada em 19 de Novembro de 2012.
Www.wikipedia.org/wiki/Frente_Nacional_de_Libertação_de_Angola
Www.wikipedia.org/wiki/Movimento_Popular_de_Libertação_de_Angola,
Www.wikipedia.org/União_Nacional_para_a_Independência_Total_de_Angola.

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