Polos Madeireiros No Pará PDF

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Belém

2002
Copyright © by imazon

Revisão:
Lize Barmann
Tatiana Corrêa

Editoração Eletrônica:
Jânio Oliveira

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)


do Departamento Nacional do Livro

V517 Veríssimo, Adalberto.


Pólos Madeireiros do Estado do Pará / Adalberto
Veríssimo, Eirivelthon Lima, Marco Lentini. - Belém:
Imazon 2002
74 p.; 27 cm.
ISBN 85-86212-06-7.

1. Indústria madeireira — Pará. 2. Madeira — Exploração —


Pará. 2. Madeira — Exploração — Amazônia. 3. Pará. 4.
Amazônia. I. Lima, Eirivelthon. II. Lentini, Marco. III. Título.

CDD 261

Os dados e as opiniões expressas neste trabalho são de responsabilidade dos autores e


não refletem necessariamente a opinião dos financiadores deste estudo.

Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)


Caixa Postal 5101. Belém, Pará. 66613-397
Fone/fax: (0 XX 91) 235-4214 / 235-0122
[email protected]
http://www.imazon.org.br
AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos pesquisadores do Imazon Carlos Souza Jr. e Rodney


Salomão, pelo auxílio nas análises em Sistemas de Informações
Geográficas; a Eugênio Arima por nos assistir na modelagem estatística
dos custos e preços da atividade madeireira e a Edson Vidal por informações
adicionais sobre os tipos florestais do Estado do Pará.
Durante a coleta de dados de campo, tivemos a colaboração de Marky
Brito, Frank Pantoja e Jocilene Souza. Agradecemos também a Elson Vidal,
a Mércia Macêdo e a Raimundo Amaral Jr., pelo apoio logístico e
administrativo durante a execução deste trabalho.
Esta pesquisa não teria sido possível sem a colaboração dos diversos
sindicatos da indústria madeireira, entre os quais destacamos Paragominas
(Sindiserpa), Tailândia (Sindimata) e Novo Progresso (Simaspa). Diversos
empresários do setor madeireiro contribuíram com informações relevantes
para este estudo, incluindo Roberto Pupo (Aimex), Justianiano Queiroz
Neto (Sindiserpa), Norberto Hubner (Cibra), Antonio Carlos Rosa (Rosa
Madeireira), Pérsio e Thales Lima (Irsa), José Matogrosso (Dunorte),
Demorvan Tomedi (Pampa Exportações), Idarci Perachi (Juruá), Manoel
Pereira, Alcir Ribeiro (Cikel) e Aderval Dalmaso (Dalmad).
Além disso, agradecemos a Guilherme Carvalho (Aimex) e às
assessoras legislativas Socorro Pena (Deputada Estadual Maria do Carmo)
e Márpia Callegari (Deputado Estadual João Bosco Gabriel), por
informações sobre a nova lei florestal do Pará.
Agradecemos aos técnicos de escritórios regionais visitados do Ibama, em
especial Belém, Cametá, Altamira, Breves, Paragominas, Tucuruí, Marabá
e Santarém.
Este projeto contou com o apoio financeiro das seguintes instituições:
Fundo Mundial para a Natureza (WWF), Agência Norte-Americana para o
Desenvolvimento Internacional (Usaid) e Programa de Pesquisa Dirigida
(PPD/MCT/Finep-PPG7).
Sumário

ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................................ 8


ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................................................ 9
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................ 11
RESUMO ......................................................................................................................................... 13
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 15
OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 16
CARACTERIZAÇÃO GEOECONÔMICA DO PARÁ ....................................................................... 17
MÉTODOS ...................................................................................................................................... 21
RESULTADOS ................................................................................................................................. 23
As Zonas Madeireiras ...................................................................................................................... 23
Tipo e Porte das Madeireiras ........................................................................................................... 25
Localização das Madeireiras ........................................................................................................... 26
Período de Instalação ...................................................................................................................... 26
Empregos Gerados pela Atividade Madeireira ............................................................................... 27
Produção de Madeira ...................................................................................................................... 27
As Serrarias Circulares da Região Estuarina .................................................................................... 33
Responsável pela Exploração Madeireira ....................................................................................... 34
Equipamentos de Exploração Florestal ........................................................................................... 34
Exploração Madeireira em Florestas de Várzea e de Terra Firme ................................................. 36
Origem da Matéria-Prima ................................................................................................................ 37
As Florestas Nacionais e Estaduais .................................................................................................. 39
Transporte entre as Florestas e as Indústrias ................................................................................... 40
Espécies Madeireiras Exploradas ..................................................................................................... 40
Mercado de Madeira ........................................................................................................................ 41
Tendências da Exportação de Madeira no Pará .............................................................................. 42
Preços de Madeira ........................................................................................................................... 43
Custos de Exploração, Transporte e Processamento ...................................................................... 46
DISCUSSÃO .................................................................................................................................... 49
Boom-Colapso Madeireiro ............................................................................................................... 49
CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 50
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 51
ANEXOS .......................................................................................................................................... 55
Índice de Figuras

Figura 1. Principais cidades e áreas protegidas do Pará, ...............................................................


1999 (ISA 1999, IBGE 1997). .................................................................................... 17
Figura 2. Cobertura vegetal do Pará, 1997 (IBGE 1997). ........................................................... 18
Figura 3. Alcance econômico da atividade madeireira no Pará (Souza Jr. et al. 2000). ........... 19
Figura 4. Pólos e zonas madeireiras do Pará, 1998. .................................................................. 24
Figura 5. Serrarias circulares no estuário, 1998. ........................................................................ 33
Figura 6. Período de instalação das serrarias circulares no estuário, 1998. .............................. 33
Figura 7. Matéria-prima (%) explorada por empresas madeireiras e por terceiros, 1998. ....... 34
Figura 8. Áreas com potencial para Florestas Nacionais no Pará ..................................................
(Adaptado de Veríssimo et al. 2000). ...................................................................... 39
Figura 9. Mercado da madeira processada do Pará, 1998.......................................................... 41
Figura 10. Mercado da madeira processada no estuário, 1998. ................................................ 41
Figura 11. Mercado da madeira processada no leste do Pará, 1998.......................................... 41
Figura 12. Empresas instaladas em Novo Progresso e Paragominas entre 1990 e 2001. ........ 49
Figura 13. Consumo anual de madeira em Novo Progresso e Paragominas entre .......................
1990 e 2001. ........................................................................................................... 50
Figura 14. Rodovias e rios do Pará (Imazon 1999). .................................................................... 59
Figura 15. Mercado nacional da produção madeireira do Pará, 1998. ...................................... 70
Figura 16. Relação entre o preço de madeira em tora e o preço de madeira...............................
serrada, 1998 e 2001. ............................................................................................. 70
Figura 17. Relação entre o preço de madeira em pé e o preço de madeira ................................
serrada, 1998 e 2001. ............................................................................................. 72
Índice de Tabelas

Tabela 1 Áreas protegidas do Pará, 1998 (ISA 1999). ................................................................. 17


Tabela 2. Cobertura vegetal do Pará, 1997 (IBGE 1997). .......................................................... 18
Tabela 3. Alcance econômico das áreas florestais do Pará (Souza Jr. et al. 2000). ................... 20
Tabela 4. Empresas existentes nos pólos madeireiros do Pará, 1998. ...................................... 25
Tabela 5. Porte das empresas nos pólos madeireiros do Pará, 1998. ........................................ 26
Tabela 6. Período de instalação das madeireiras, 1998. ............................................................ 27
Tabela 7. Empregos gerados pela atividade madeireira no Pará, 1998. .................................... 28
Tabela 8. Consumo de madeira em tora e produção no Pará, 1998. ........................................ 29
Tabela 9. Produção e renda bruta da atividade madeireira no Pará, 1998. ............................... 30
Tabela 10. Consumo de madeira em tora pelo tipo e pelo porte das empresas, 1998. ............ 31
Tabela 11. Serrarias circulares do Pará, 1998. ............................................................................ 33
Tabela 12. Responsável pela exploração madeireira, 1998. ..................................................... 35
Tabela 13. Sistemas de arraste utilizados na exploração florestal, 1998. ................................. 35
Tabela 14. Origem da matéria-prima florestal, 1998. ................................................................ 37
Tabela 15. Volume de madeira extraído por tamanho de propriedade florestal, 1998. ........... 38
Tabela 16. Custo médio de transporte e composição média do trajeto ........................................
das florestas às indústrias, 1998. ........................................................................... 40
Tabela 17. Valor das exportações de madeira do Pará, 1998 e 2000 (Aimex 2002). ............... 42
Tabela 18. Preços (US$) de madeira em pé, 1998. .................................................................... 43
Tabela 19. Preços corrigidos (US$) de madeira em tora, 1998. ................................................ 44
Tabela 20. Preços corrigidos (US$) de madeira em tora das principais ........................................
espécies exploradas, 1998. .................................................................................... 45
Tabela 21. Preços (US$) de madeira serrada, 1998 e 2001. ...................................................... 45
Tabela 22. Preços corrigidos (US$) de madeira serrada das principais .........................................
espécies exploradas, 1998. .................................................................................... 46
Tabela 23. Custos e rentabilidade da atividade madeireira, 1998. ............................................ 47
Tabela 24. Entrevistas realizadas no Pará, 1998 e 2001. ........................................................... 60
Tabela 25. Intensidade amostral nas zonas madeireiras do Pará, 1998. .................................... 60
Tabela 26. Espécies utilizadas nas classes de valor do Pará, 1998 e 2001. .............................. 62
Tabela 27. Classes de valor madeireiro, 1998 e 2001. .............................................................. 62
Tabela 28. Composição da produção de madeira serrada nas .......................................................
zonas madeireiras do Pará, 1998............................................................................ 63
Tabela 29. Porte das empresas nos pólos madeireiros do Pará, 1998. ...................................... 64
Tabela 30. Empregos gerados pela atividade madeireira no Pará, 1998. ................................. 65
Tabela 31. Distribuição das propriedades rurais por classes de área, ...........................................
1995-1996 (IBGE 1996). .......................................................................................... 66
Tabela 32. Principais espécies florestais exploradas no Pará, 1998. ......................................... 67
Tabela 33. Preços (US$) de madeira serrada em Paragominas, 1998 e 2001........................... 68
Tabela 34. Preços (US$) de madeira serrada em Tailândia, 1998 e 2001. ................................ 68
Tabela 35. Preços (US$) de madeira serrada em Tomé-Açu, 1998 e 2001. .............................. 69
Tabela 36. Principais mercados para a madeira processada do Pará, 1998. ............................. 70
APRESENTAÇÃO

O estudo sobre a caracterização dos “Pólos Madeireiros” é uma


resposta à escassez de estatísticas sobre a atividade madeireira na
Amazônia. Para suprir essa carência, foi necessário realizar um amplo
levantamento de campo em todos os 72 pólos madeireiros distribuídos
nos nove Estados da Amazônia Legal. Esse estudo é o diagnóstico mais
completo já realizado sobre a principal atividade de uso da terra na
Amazônia – o setor madeireiro. Em cada pólo, entrevistamos as indústrias
madeireiras instaladas para caracterizar a produção de madeira quanto ao
sistema de exploração, às espécies extraídas, à origem da matéria-prima,
aos produtos processados; bem como sobre os empregos gerados, o
mercado e a rentabilidade da atividade madeireira na Amazônia. A maior
parte da coleta de dados ocorreu em 1998 e 2001, com algumas incursões
em 1999 e 2000.
“Pólos Madeireiros do Estado do Parᔠé o primeiro livro de uma
série de três volumes a ser publicado pelo Imazon sobre o setor madeireiro
da Amazônia. Nesse primeiro livro, iremos enfocar o Estado do Pará, o
maior produtor de madeira da Amazônia (40% da produção regional). O
segundo livro abordará o Estado do Mato Grosso, onde ocorre
aproximadamente 35% da produção madeireira da Amazônia. Por último,
iremos editar um livro sobre os pólos madeireiros situados em Rondônia
(18% da produção total) e os outros Estados com menor participação na
produção de madeira, tais como Amapá, Acre, Amazonas, Roraima e
Maranhão.
Pólos Madeireiros do Pará

RESUMO

O Estado do Pará (1,25 milhão de km 2) é localizadas majoritariamente na região do


largamente (73%) coberto por florestas, estuário paraense e baixo Amazonas. Essas
enquanto as áreas antrópicas e a vegetação não- madeireiras geravam apenas 7% dos empregos
florestal totalizam 27%. As condições de relevo e produziam somente 5% da madeira pro-
(em geral, plano a suavemente ondulado), a cessada (em geral de baixa qualidade) do Estado.
grande extensão de rios navegáveis e o clima A atividade madeireira em larga escala é
chuvoso, porém com estação seca definida, um fenômeno recente no Pará. A metade das
oferecem condições favoráveis para a atividade madeireiras foi instalada na década de 90;
madeireira. enquanto 39% das indústrias foram estabe-
Em 1998, as madeireiras instaladas no lecidas nos anos 80 e o restante (11%) nas
Pará extraíram 11,3 milhões de metros cúbicos décadas anteriores, especialmente nos anos 70.
de madeira em tora. O desdobro dessas toras A maioria (56%) do volume de madeira
resultou em uma produção de aproxima- em tora foi extraído por equipes pertencentes
damente 4,25 milhões de metros cúbicos de às próprias indústrias madeireiras. Por outro
madeira processada (i.e., serrados, laminados, lado, 44% do volume total de madeira em tora
compensados e madeira beneficiada). foi extraído por terceiros, principalmente
Para caracterizar o setor madeireiro do extratores autônomos.
Pará entrevistamos 43% das 676 indústrias em Nas florestas de terra firme, o sistema de
funcionamento em 1998. Além disso, entrevista- exploração é geralmente mecanizado, sendo
mos 11% das 534 serrarias equipadas com serras caracterizado pelo corte das árvores através das
circulares existentes em 1998. Essas empresas motosserras e o arraste de toras feito por tratores.
estavam localizadas em 24 pólos processadores Há uma diversidade de tipos de tratores, sendo
de madeira distribuídos em cinco zonas que o uso de tratores de esteira ainda é a forma
madeireiras referidas neste livro como sul, leste, mais comum (49% do volume de madeira
central, oeste e estuário. extraído é arrastado por este tipo de máquina),
A grande maioria (89%) das 676 seguido por tratores de pneus tipo skidder (27%)
madeireiras era formada por serrarias equipadas e tratores agrícolas (6%). Além disso, cerca de
com serras-de-fita, enquanto as laminadoras 11% da madeira extraída foi arrastada através
somavam 6% e as fábricas de compensados, do sistema “catraca”, no qual as toras são
5%. A madeira serrada representou 3,26 embarcadas em caminhões com auxílio de
milhões de metros cúbicos (77%) da produção cabos de aço. O sistema manual, caracterizado
madeireira do Estado. Por sua vez, os laminados pelo uso do machado no corte e arraste feito
totalizaram 408 mil metros cúbicos (10%), os com as mãos (em geral, grupos de dez a quinze
compensados somaram 329 mil metros cúbicos pessoas fazem essa operação) estava restrito ao
(7%) e a madeira beneficiada, 253 mil metros estuário e representou somente 7% do volume
cúbicos (6%). extraído no Estado.
O Pará abriga também 534 serrarias De acordo com os entrevistados, a grande
circulares (em geral, microempresas informais) maioria (91%) da madeira foi extraída de áreas

13
Veríssimo et al.

privadas (tituladas ou não) e somente 9% foi razoável. Em 2002, por exemplo, a área
originária de Unidades de Conservação, terras florestal certificada de acordo com os critérios
indígenas e terras devolutas. Nas áreas privadas, do FSC (Conselho Mundial de Florestas) somou
a maioria (60%) da madeira foi retirada de áreas aproximadamente 232 mil hectares no território
de terceiros (em geral, pecuaristas e colonos), paraense.
enquanto 40% foi extraída de áreas próprias das O padrão predatório de uso dos recursos
madeireiras. florestais tem ocasionado a redução drástica dos
As grandes propriedades (maiores do que recursos madeireiros nas zonas leste e sul do
5 mil hectares) contribuíram com o fornecimento Pará. De fato, estimamos que houve uma
de 36% da madeira extraída no Estado; as médias redução de cerca de 11% no volume de madeira
propriedades (entre 500 hectares e 5 mil hectares) extraído no leste do Pará entre 1998 e 2001.
participaram com 23% do volume consumido, Em conseqüência disso, as madeireiras estão
enquanto as pequenas propriedades (menores de migrando em direção à zona oeste do Estado e,
500 hectares) supriram 32% da madeira utilizada em menor proporção, para a zona central, nas
no Pará. As áreas públicas contribuíram com áreas de influência dos pólos madeireiros de
cerca de 9% do volume de madeira extraído no Portel, Altamira e Uruará.
Pará, um valor provavelmente subestimado O d e se n v o l v i m e n t o d e u m se t or
considerando que há uma proporção maior de madeireiro sustentável no Estado do Pará requer
madeira extraída ilegalmente de terras indígenas ações simultâneas nas áreas de promoção do
e Unidades de Conservação. manejo florestal (crédito, assistência técnica,
A maioria (78%) da produção madeireira treinamento e extensão florestal) bem como no
do Pará foi destinada ao mercado doméstico, aperfeiçoamento do sistema de controle e
enquanto o restante (22%) foi exportado, princi- monitoração da exploração madeireira
palmente para a Europa e os Estados Unidos. predatória. Além disso, é fundamental ordenar
No caso do mercado interno, as principais o território através da regularização fundiária das
regiões consumidoras são o Nordeste e o Su- áreas privadas e criação de Florestas Estaduais
deste (27% cada). (Flotas) e Nacionais (Flonas) nas terras devolutas
A atividade madeireira foi rentável, com e ou ilegalmente ocupadas (“griladas”). A recém
a receita líquida oscilando entre 10% a 26%, aprovada Lei Florestal do Estado do Pará oferece
excluindo-se os custos de capital e os gastos com oportunidades para o desenvolvimento de um
legalização. Em 1998, a renda bruta do setor setor madeireiro responsável. Para isso, é
madeireiro foi expressiva, atingindo US$ 1,026 importante a criação de uma instituição estadual
bilhão. Nesse mesmo ano, foram gerados na (Agência Estadual de Floresta ou Secretaria
extração, no transporte e no processamento um Executiva), a qual seria responsável pela
total de 54,6 mil empregos diretos. modernização e legalização do setor
No Pará, como no resto da Amazônia, a madeireiro. Por último, é importante reconhecer
exploração madeireira é largamente feita de o papel do Governo Federal, cuja função é
forma predatória, causando impactos severos ao assegurar a integridade do patrimônio florestal
ecossistema florestal. Nos últimos anos, porém, e evitar a competição regulatória entre as regiões
o manejo florestal teve um crescimento madeireiras.

14
Pólos Madeireiros do Pará

INTRODUÇÃO

O boom da atividade madeireira é milhão de metros cúbicos em tora.


recente na história do Pará. Durante mais de Na década de 90, pesquisadores do
três séculos, a exploração madeireira ocorreu Imazon publicaram uma série de estudos
de forma esporádica no Estado. Em 1959, a empíricos envolvendo ecologia, manejo
produção de madeira em tora representou florestal, economia e política do setor
apenas 0,2 milhão de metros cúbicos (Knowles madeireiro no Pará (ver Anexo I). Uma síntese
1971). Nesse período, a exploração madeireira desses estudos, publicada por Uhl et al. (1997),
era concentrada nas florestas de várzea situadas descreve os padrões da indústria madeireira. De
nas margens dos rios Pará, Tocantins e, em acordo com esse estudo, os padrões da
menor escala, Amazonas. A madeira era exploração madeireira são influenciados pela
transportada por jangadas e processada nas composição de espécies nas florestas locais
serrarias localizadas principalmente em Breves (principalmente espécies de alto valor), sistemas
e Belém (Knowles 1966). de transporte (i.e., terrestre ou fluvial), opções
Entretanto, a abertura das rodovias a partir de comercialização (mercado interno ou
da década de 60 impulsionou a atividade externo), características socioeconômicas locais
madeireira no Estado. As novas estradas (em (aviamento ou economia moderna de mercado)
especial, a Belém-Brasília) permitiram acesso às e disponibilidade de capital.
extensas reservas florestais de terra firme no leste A atividade madeireira é o principal uso
e sul do Estado. Nos anos 80, o asfaltamento da da terra no Estado do Pará. Entretanto, a maioria
PA 150 ampliou significativamente o acesso às da exploração madeireira é não-manejada,
florestas situadas nas proximidades da bacia do ocasionando severos danos ecológicos
Tocantins. O resultado foi um crescimento (Veríssimo et al. 1992, Uhl et al. 1997). Feliz-
expressivo da produção madeireira. Em 1991, mente, houve um crescimento expressivo de
por exemplo, as 1.874 madeireiras em áreas de manejo florestal no Estado. De acordo
funcionamento no Pará consumiram aproxima- com Barreto et al. (1998), o manejo florestal
damente 9,2 milhões de metros cúbicos em tora mantém a composição geral da flora arbórea, a
(Barros & Uhl 1995, Uhl et al. 1997). estrutura e a função ecológica das florestas
O setor madeireiro do Pará tem sido exploradas.
estudado desde os anos 60 (Ros-Tonen 1993). Após três décadas de exploração, houve
Entretanto, os estudos empíricos de maior uma redução significativa do recurso florestal
amplitude foram realizados no final dos anos no leste e sul do Pará. Em conseqüência disso,
80 e década de 90. Em 1989, a pesquisadora os madeireiros estão migrando para as ricas
holandesa Mirjam Ros-Tonen realizou um florestas do centro e oeste do Estado (Schneider
amplo estudo sobre o setor madeireiro no oeste et al. 2000). Para evitar a repetição do ciclo do
do Pará (Santarém, Itaituba, Ruropólis e Uruará). padrão predatório de exploração dos recursos
Nessa região de estudo, Ros-Tonen estimou uma florestais, Veríssimo et al. (2002) sugerem a
produção extrativa de aproximadamente 0,5 expansão da rede de Florestas Nacionais (Flonas)

15
Veríssimo et al.

e ou Estaduais (Flotas). Para Veríssimo et al. manutenção da cobertura florestal, evitaria a


(2002), isso poderia gerar uma escassez artificial apropriação indevida de terras públicas por
do recurso florestal e dessa maneira estimular a grupos privados e conseqüentemente a
adoção do manejo florestal bem como a intensi- concentração de terras na região (Veríssimo et
ficação do uso da terra nas áreas desmatadas. A al. 2000 a).
criação dessas Flonas garantiria também a

OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é caracterizar exploração, à origem da matéria-prima, às


o setor madeireiro no Pará no período entre espécies extraídas, ao sistema de transporte,
1998 e 2001. Em termos específicos, ao mercado, aos preços médios das principais
descreveremos a indústria madeireira quanto madeiras utilizadas, aos empregos gerados, aos
ao ano de instalação, ao porte, à produção de custos médios e à renda bruta e líquida da
madeira em tora e processada, ao sistema de produção.

16
Pólos Madeireiros do Pará

CARACTERIZAÇÃO
GEOECONÔMICA DO PARÁ

O Estado do Pará, 1.247.703 km 2 , potencialmente devolutas e áreas sem


representa 15% do território nacional (IBGE titulação (Figura 1, Tabela 1).
2000). De acordo com o
Censo Agropecuário (1996),
as terras privadas represen-
tam pelo menos 18% do
Estado, enquanto as áreas
protegidas (Terras Militares,
Terras Indígenas, Reservas
de Proteção Integral e
Reservas de Uso Susten-
tável) totalizam 30% do
território. As áreas rema-
nescentes (52%) são terras

Figura 1.
Principais cidades
e áreas protegidas
do Pará, 1999
(ISA 1999, IBGE 1997).

Tabela 1. Áreas protegidas do Pará, 1998 (ISA 1999).

Áreas Protegidas1 Área (km2) Percentual do Estado

Terras Indígenas 294.916 24%


Terras Militares 34.862 3%
Unidades de Uso Sustentável 26.774 2%
Unidades de Proteção Integral 16.024 1%

Total Estadual 372.576 30%


1
Aproximadamente 1,7% do Estado (20,7 mil km 2 ) está coberto pela sobreposição de diferentes tipos de áreas protegidas.
Nos casos de sobreposição, consideramos a categoria de área protegida mais restritiva em relação ao uso dos recursos
naturais. Por exemplo, nos casos onde há sobreposição entre Unidades de Conservação de uso sustentável (Flonas,
Reservas Extrativistas) e proteção integral (Parques e Reservas Biológicas) optamos por classificá-los como sendo
Unidades de Conservação de proteção integral.

17
Veríssimo et al.

No ano de 2000, o Estado do Pará abri- km 2 ), enquanto a média nacional é 19,9


gava uma população de aproximadamente 6,2 habitantes por km2 (IBGE 2000).
milhões de habitantes distribuídos em 143 A economia é largamente baseada no
municípios, dos quais aproximadamente 67% extrativismo madeireiro, na agropecuária e na
vivem em áreas urbanas (IBGE 2000). A região mineração industrial. Em 1999, o Produto
metropolitana de Belém possui um terço da Interno Bruto (PIB) do Estado era de R$ 16,5
população do Estado. O Pará apresenta uma bilhões, o que correspondia a apenas 1,7% do
baixa densidade demográfica (4,9 habitantes por PIB do Brasil (IBGE 2000).
As florestas cobrem a
maior parte do Estado (73%);
os tipos não-florestais, tais
como cerrados, campos natu-
rais, áreas de transição ecoló-
gica e formações pioneiras,
representam 8%; enquanto as
áreas desmatadas somam 19%
(IBGE 1997). As florestas, por
sua vez, podem ser subdi-
vididas em ombrófilas densas
(49%), ombrófilas abertas
(23%) e florestas estacionais
(1%) (Figura 2, Tabela 2).

Figura 2.
Cobertura vegetal
do Pará, 1997 (IBGE 1997).

Tabela 2. Cobertura vegetal do Pará, 1997 (IBGE 1997).

Tipo de Cobertura Área (km2) Percentual do Estado

Áreas Antropizadas 241.343 19%


Formações Não-Florestais 95.398 8%
Florestas 910.962 73%
Florestas Estacionais e de Transição 14.610 1% -
Florestas Abertas 284.946 23% -
Florestas Densas 611.406 49% -

Total Estadual 1.247.703 100%

18
Pólos Madeireiros do Pará

As matas densas caracterizam-se por florestas do Estado sejam economicamente


abrigarem árvores altas (25-35 metros de altura), acessíveis à atividade madeireira. Por outro
dossel fechado e sub-bosques limpos. Estudos lado, aproximadamente 23% são florestas
da região de Tailândia mostraram área basal consideradas inacessíveis por estarem situadas
média de 25 m2/ha nesse tipo de floresta (Uhl em áreas de relevo acidentado, rios não-
et al. 1991), enquanto em florestas densas de navegáveis e uma precária rede de estradas.
Paragominas a área basal ficou em torno de 30 Essas florestas remotas estão localizadas
m 2/ha (Uhl & Vieira 1989). principalmente no extremo norte do Estado (ver
As florestas abertas possuem árvores de Anexo II).
menor porte e dossel mais aberto. O mogno No caso específico das florestas acessíveis,
(Swietenia macrophylla King.), a madeira quase dois terços são acessíveis para a extração
tropical mais valiosa do planeta, é uma das de espécies de médio e alto valor comercial.
espécies típicas dessas florestas situadas ao sul No terço restante, somente é viável extrair e
do Estado. Para os bosques abertos, Veríssimo transportar espécies de valor econômico muito
et al. (1995) estimaram uma área basal média alto, como é o caso do mogno (Swietenia
de 13,5 m2 por hectare. macrophylla K.), cujo preço fica em torno de
As florestas de várzea ocorrem em áreas US$ 1.200 por metro cúbico (FOB) serrado para
sujeitas às inundações no estuário e baixo exportação (Tabela 3, Figura 3).
Amazonas. Essas florestas
possuem menor valor madei-
reiro se comparadas às flo-
restas densas de terra firme –
apenas 10% das espécies
comercialmente extraídas na
Amazônia são exclusivas de
florestas aluviais (Martini et
al. 1994).
De acordo com estudo
do Imazon (Souza Jr. et al.
2000), a extensa rede de
estradas, o relevo suave-
mente ondulado e as boas
condições de navegabilidade
dos rios do Pará1 fazem com
que a maioria (77%) das

Figura 3.
Alcance econômico da
atividade madeireira no Pará
(Souza Jr. et al. 2000).

1
A calha do rio Amazonas e afluentes é favorável à navegação e ao transporte de madeira. Entretanto, os rios que fluem do
planalto central (Tapajós, Xingu e Tocantins) e do Escudo das Guianas (Paru do Oeste e Paru do Leste, Trombetas, Curuá e
Jari) possuem diversos trechos não-navegáveis (ver Anexo II).

19
Veríssimo et al.

Tabela 3. Alcance econômico das áreas florestais do Pará (Souza Jr. et al. 2000).

Classe de Acessibilidade Econômica Área (km2) Percentual das


Florestas 1

Áreas inacessíveis 206.702 23%


Áreas acessíveis a todas as espécies 240.172 26%
Áreas acessíveis às espécies de alto valor 255.094 28%
Áreas acessíveis apenas para o mogno 208.994 23%

Total de Cobertura Florestal 910.962 100%


1
As florestas representam 73% da cobertura vegetal do Estado do Pará (ver Tabela 2, Figura 2).

As chuvas são abundantes no Pará, com Em geral, as condições de solo são mais
a precipitação anual variando de 1.500 mm, adequadas à atividade florestal do que à
no sul do Estado, a 3.500 mm - 4.000 mm, no agropecuária. A maioria (75%) dos solos do Pará
estuário do rio Amazonas (IBGE 1991). A são Oxisols e Ultisols, possuindo alta acidez e
precipitação elevada e o alto teor de umidade baixa fertilidade natural. Solos férteis e bem
criam condições favoráveis para a existência de drenados, como Afisols e Inceptisols são raros
florestas no Estado. e ocorrem em apenas 6% do Estado.

20
Pólos Madeireiros do Pará

MÉTODOS

Estudos anteriores do Imazon revelaram tipo de indústria (serraria, laminadora ou


uma forte concentração das indústrias fábrica de compensados).
madeireiras em torno dos núcleos urbanos (Uhl A amostragem foi inferior (11%) para as
et al. 1991, Veríssimo et al. 1992, Veríssimo et microempresas equipadas com serras
al. 1995, Stone 1997). Por essa razão, optamos circulares 2 , localizadas principalmente nos
por concentrar o levantamento nos pólos pólos madeireiros do estuário (95% das
madeireiros, onde o consumo de madeira fosse microempresas). Entretanto, a baixa produção
igual ou superior a 100 mil metros cúbicos de dessas empresas e sua relativa homogeneidade
madeira em tora por ano. De acordo com tornam desnecessária uma amostragem mais
informações da literatura e levantamento de intensa. No restante deste trabalho, faremos
campo, estimamos que os pólos madeireiros referência a essas empresas apenas como
concentram aproximadamente 95% da madeira serrarias circulares.
extraída e processada no Estado do Pará. As entrevistas tiveram duração média de
A pesquisa foi realizada em 1998 em 30 minutos. Os questionários abordavam: (i)
todos os 24 pólos madeireiros do Estado. Em dados gerais da empresa — tipo de empresa,
cada pólo, entrevistamos pelo menos 40% das ano de instalação, tecnologia de processamento,
madeireiras em funcionamento (ver Anexo III). empregos gerados (processamento e floresta);
Essas empresas foram selecionadas de forma (ii) consumo anual de matéria-prima e produção
aleatória. Entre fevereiro e abril de 2001, anual de madeira processada (serrada,
visitamos metade dos principais pólos beneficiada, laminada e compensados); (iii)
madeireiros do Estado para levantar a situação sistema de exploração (responsável pela
da produção extrativa (madeira em tora e exploração e equipamentos utilizados); (iv)
processada), dos preços da madeira e dos custos principais espécies processadas; (v) origem da
médios. matéria-prima, incluindo tipo de propriedade
Inicialmente, realizamos um censo das (área própria, área de terceiro) e tamanho das
madeireiras em cada pólo. Para isso, propriedades florestais; (vi) transporte da
consultamos os informantes locais (sindicatos madeira em tora, distância (média e amplitude)
madeireiros, escritórios do Ibama, prefeituras, e condição de acesso (estrada asfaltada, não-
etc.) sobre a quantidade e a localização das asfaltada e rio navegável); (vii) mercado
empresas. Em seguida, fizemos uma rápida (estadual, nacional e internacional); (viii) preços
inspeção de campo (no máximo um dia por de madeira (em pé, em tora e processada); (ix)
pólo) para quantificar o total de empresas custos médios de exploração, de transporte e
efetivamente em funcionamento e identificar o de processamento.

2
Outros equipamentos de processamento utilizados em microempresas de florestas de terra firme eram serras induspan e
engenhos horizontais.

21
Pólos Madeireiros do Pará

RESULTADOS

A atividade madeireira está concentrada expressiva dos estoques naturais de madeira. De


em 24 pólos madeireiros no Estado do Pará. Em fato, houve uma redução drástica de cerca de
1998, esses pólos abrigavam 676 empresas 55% na produção de madeira em Paragominas,
madeireiras, das quais 602 eram serrarias, 43 o maior pólo madeireiro dessa região, em
eram laminadoras e 31 eram fábricas de relação ao auge da atividade no período 1988-
compensados. Além disso, haviam 534 serrarias 1990.
circulares localizadas principalmente nas A zona sul é uma velha fronteira
regiões do estuário e baixo Amazonas. madeireira cuja cobertura vegetal original era
Em 1998, as madeireiras do Pará dominada por florestas abertas. Originalmente,
consumiram aproximadamente 11,3 milhões de a zona sul era a principal área de ocorrência do
metros cúbicos de madeira em tora (cerca de mogno, uma espécie madeireira de altíssimo
2,8 milhões de árvores) e produziram aproxima- valor, cujos estoques foram praticamente
damente 4,25 milhões de metros cúbicos de extirpados nessa zona no final dos anos 90
madeira processada em 1998. Nesse ano, a (Grogan et al. 2002). Atualmente, a cobertura
renda bruta gerada pela atividade madeireira foi florestal está bastante reduzida nas áreas
aproximadamente US$ 1,026 bilhão. privadas, em especial aquelas situadas nos
municípios de Redenção e Rio Maria; enquanto
os bosques remanescentes estão concentrados
As Zonas Madeireiras nas extensas reservas indígenas estabelecidas
nessa região. Os pólos madeireiros dessa região
Estabelecemos cinco zonas madeireiras no (Itupiranga, Marabá e Redenção) são responsá-
Pará, de acordo com as tipologias florestais veis por apenas 10% da produção madeireira
(floresta densa, aberta e de várzea), a idade da do Estado (Figura 4).
fronteira madeireira (velha, intermediária e A zona do estuário e baixo Amazonas é
nova), as condições de acesso e o tipo de responsável por 12% da produção de madeira
transporte (fluvial ou terrestre). em tora do Pará. Essa região, cujos principais
A zona leste é uma velha fronteira pólos madeireiros são Breves e Porto de Moz, é
madeireira coberta originalmente por florestas largamente coberta por florestas de várzea
densas de terra firme. As condições de acesso (Figura 4). A exploração seletiva vem ocorrendo
são boas, com a existência das rodovias Belém- desde o século XVII (Rankin 1985), mas foi
Brasília e Pará 150 e uma intensa rede de somente a partir da década de 1960 que a
estradas vicinais. Essa região, responsável por produção madeireira dessa região passou a ser
aproximadamente 65% da madeira em tora do significativa. A partir deste período, houve um
Estado, tem como principais pólos madeireiros crescimento significativo nas exportações da
Paragominas, Tailândia, Tomé-Açu, Jacundá e virola (Virola surinamensis), uma espécie valiosa
Breu Branco (Figura 4). Após três décadas de para a indústria de compensados. Além disso,
exploração madeireira intensa, há uma redução o crescimento populacional da Grande Belém

23
Veríssimo et al.

e de Macapá elevou significativamente a a atividade madeireira é mais recente - final


deman-da por madeira de baixo valor para ser da década de 80. Os pólos madeireiros dessa
utilizada na construção de habitações rústicas. região são Altamira, Santarém e Uruará – os
As florestas densas de terra firme quais extraem e processam apenas 7% da
entremeadas com bosques abertos formam a madeira em tora do Estado (Figura 4).
vegetação típica da zona central. Nessa região,

Figura 4.
Pólos e zonas
madeireiras
do Pará, 1998.

O oeste do Estado, a mais nova fronteira alto valor - como é o caso do mogno. Os pólos
madeireira do Pará, tem a maior parte de sua madeireiros integrantes dessa zona são Novo
extensão coberta por florestas abertas e, em Progresso e Itaituba (Figura 4).
menor proporção, bosques densos de terra Na zona norte do Pará (margem esquerda
firme. As madeireiras começaram a operar na do Amazonas), o relevo acidentado (escudo das
década de 90. As causas para a expansão da Guianas), a quase inexistência de estradas e a
atividade madeireira nessa região incluem a grande extensão de rios não-navegáveis são
expectativa de asfaltamento da rodovia Cuiabá- fatores limitantes para a atividade madeireira.
Santarém, a oferta abundante de madeira em Por essa razão, a exploração madeireira é
terras devolutas e a existência de espécies de praticamente inexistente nessa região (Figura 4).

24
Pólos Madeireiros do Pará

Tipo e Porte das Madeireiras empresas (6%); enquanto as 31 fábricas de


compensados representavam 5% das madei-
Em 1998 havia 676 indústrias madeireiras reiras. Além disso, havia 534 serrarias circulares,
no Pará. Desse total, as serrarias de fita somavam a grande maioria delas (95%) localizadas no
602 ou 89%; as laminadoras totalizavam 43 estuário paraense e baixo Amazonas (Tabela 4).

Tabela 4. Empresas existentes nos pólos madeireiros do Pará, 1998.

Pólo Madeireiro Tipo de Empresa Madeireira

Fábricas de Serrarias
Serrarias Laminadoras Compensados Subtotal Circulares1 TOTAL

Zona Central 55 5 2 62 17 79
Altamira 2 25 1 - 26 11 37
Santarém 23 4 2 29 4 33
Uruará 3 7 - - 7 2 9

Zona Estuarina 48 1 3 52 505 557


Afuá 4 6 - - 6 250 256
Breves 17 1 1 19 78 97
Cametá 5 10 - - 10 67 77
Oeiras 6 - - - - 100 100
Portel 5 - 1 6 5 11
Porto de Moz 10 - 1 11 5 16

Zona Leste 410 30 24 464 4 468


Breu Branco 7 34 4 2 40 - 40
Capitão Poço 8 25 - - 25 - 25
Dom Eliseu 9 16 1 4 21 4 25
Goianésia 31 2 1 34 - 34
Jacundá 45 3 2 50 - 50
Novo Repartimento 8 - 1 9 - 9
Paragominas 10 135 10 10 155 - 155
Rondon 11 26 5 3 34 - 34
Tailândia 42 2 - 44 - 44
Tomé Açu 12 48 3 1 52 - 52

Zona Oeste 34 1 - 35 6 41
Itaituba 13 16 - - 16 6 22
Novo Progresso 18 1 - 19 - 19

Zona Sul 55 6 2 63 2 65
Itupiranga 11 1 - 12 1 13
Marabá 19 2 1 22 - 22
Redenção/São Felix14 25 3 1 29 1 30

Estado do Pará 602 43 31 676 534 1.210


1 8
Inclui serrarias equipadas com serras circulares, Inclui Garrafão do Norte, Nova Esperança do Piriá e o
induspan e engenhos horizontais. distrito de Cristal.
2 9
Inclui Brasil Novo e Senador José Porfírio. Inclui Itinga (lado paraense) e o distrito de Ligação
3
Inclui Medicilândia. do Pará (Ulianópolis).
4 10
Inclui Anajás. Inclui Ipixuna, Mãe do Rio e Ulianópolis.
5 11
Inclui Baião, Igarapé Mirim e Mocajuba e o distrito Inclui Abel Figueiredo.
12
de Ituquara. Inclui Acará e Concórdia do Pará.
6 13
Inclui Limoeiro do Ajuru. Inclui Rurópolis.
7 14
Inclui Tucuruí. Inclui Tucumã e Santana do Araguaia.

25
Veríssimo et al.

As 1.210 madeireiras em funcionamento cúbicos. Havia também 330 indústrias


no Estado do Pará podem ser classificadas de madeireiras (27%) de porte médio, caracteri-
acordo com o volume de madeira produzida. zadas por um consumo superior a 10 mil metros
Desse total, havia 540 serrarias de porte micro cúbicos e inferior a 20 mil metros cúbicos em
(45%), cujo consumo anual de madeira em tora tora. E, por último, havia apenas 150 (12%)
é inferior a 4 mil metros cúbicos. Em seguida, indústrias processadoras classificadas como
havia 190 madeireiras de pequeno porte (16%), grande porte, ou seja, possuía um consumo
cujo consumo anual de madeira em tora fica anual superior a 20 mil metros cúbicos de
entre 4 mil metros cúbicos e 10 mil metros madeira em tora (Tabela 5).

Tabela 5. Porte das empresas nos pólos madeireiros do Pará, 1998.

Zonas
Madeireiras Porte das Empresas Madeireiras 1

Micro2 Pequena 3 Média 4 Grande5 Total


Central 18 39 13 9 79
Estuarina 509 17 18 13 557
Leste 5 111 249 103 468
Oeste 6 8 21 6 41
Sul 2 15 29 19 65

Estado do Pará 540 190 330 150 1.210


1
Ver Anexo V para verificar o porte das empresas por pólo madeireiro.
2
Madeireiras cujo consumo anual de madeira em tora é inferior a 4 mil metros cúbicos.
3
Madeireiras cujo consumo anual de madeira em tora fica entre 4 mil e 10 mil metros cúbicos.
4
Madeireiras cujo consumo anual de madeira em tora fica entre 10 mil e 20 mil metros cúbicos.
5
Madeireiras cujo consumo anual de madeira em tora é superior a 20 mil metros cúbicos.

Localização das Madeireiras A maioria (51%) das empresas de médio


e grande porte estava concentrada no leste e no
Pólos. Os principais pólos madeireiros do sul do Pará. Além disso, 30 das 43 laminadoras
Pará quanto ao número de madeireiras são e 24 das 31 fábricas de compensados estavam
Paragominas (155 empresas), Tomé-Açu (52), situadas no leste (Tabelas 4 e 5).
Jacundá (50), Tailândia (44) e Breu Branco (40).
Os menores pólos eram Afuá e Portel (6
empresas cada), Uruará (7) e Novo Repartimento
Período de Instalação
(9) (Tabela 4).
Zonas. Em 1998, a zona leste concentrava Metade das empresas madeireiras do Pará
aproximadamente 464 (69%) das madeireiras iniciou suas atividades na década de 90. Trinta e
existentes no Estado, seguida das zonas central nove por cento das madeireiras foram estabelecidas
(62), sul (63), estuarina (52) e, finalmente, da na década de 80, enquanto apenas 11% foram
zona oeste, com apenas 35 indústrias. instaladas durante os anos 70 ou antes (Tabela 6).

26
Pólos Madeireiros do Pará

Na nova fronteira madeireira, oeste do do Estado. De fato, na região central, 50% das
Estado, as empresas foram instaladas na década madeireiras foram implantadas na década de 90,
de 90. No leste, uma das fronteiras mais antigas, 36% nos anos 80 e apenas 14% na década de
a maioria (53%) das indústrias foi instalada na 70. No estuário, excluindo as serrarias circulares,
década de 90, enquanto 39% foram estabelecidas temos que a maioria (60%) iniciou suas
na década de 80 e o restante nos anos 70. Uma atividades na década de 80 (Tabela 6).
situação similar ocorre nas zonas sul e central

Tabela 6. Período de instalação das madeireiras, 1998.

Zonas Madeireiras Percentual das Empresas Madeireiras

Até 1980 1981 a 1990 1991 a 1995 Após 1996

Central 14% 36% 21% 29%


Estuarina1 16% 60% 20% 4%
Leste 8% 39% 24% 29%
Oeste - - 50% 50%
Sul 14% 38% 29% 19%

Média Estadual 11% 39% 24% 26%


1
Excluímos desse cálculo as serrarias circulares da região estuarina.

Empregos Gerados pela Atividade Há uma grande variação no número de


Madeireira empregos gerados entre as madeireiras. As
grandes madeireiras empregam em média 146
A atividade madeireira no Estado gerou, pessoas, enquanto as empresas de médio e
em 1998, cerca de 55 mil empregos diretos nas pequeno porte utilizam respectivamente 30 e 21
atividades de exploração madeireira, transporte funcionários. Por último, as serrarias circulares
de madeira em tora e processamento. A maioria empregam apenas sete pessoas, em geral mão-
(62%) dos empregos refere-se ao processa- de-obra familiar.
mento de madeira, enquanto a extração e o
transporte de toras utiliza os 38% restantes da
mão-de-obra (Tabela 7). Produção de Madeira
O leste do Pará emprega 62% da força de
trabalho do setor madeireiro, o que corresponde
A indústria madeireira do Pará extraiu
à importância dessa região na produção
11,3 milhões de metros cúbicos em tora em
madeireira do Estado. A atividade madeireira
1998. Assumindo um valor médio de quatro
no estuário gera 15% dos empregos do setor,
metros cúbicos por árvore, o setor madeireiro
enquanto a zona sul do Estado responde por 9%
da mão-de-obra madeireira. Por último, a zona extraiu cerca de 2,8 milhões de árvores em
central e oeste do Estado empregam 14% dos 1998. A maioria (65%) dessa madeira foi
trabalhadores do setor madeireiro (Tabela 7). consumida pelas indústrias madeireiras

27
Veríssimo et al.

Tabela 7. Empregos gerados pela atividade madeireira no Pará, 1998.

Zonas Número Total de Empregos 1 Total 7


Madeireiras
Exploração Florestal 2 Processamento Madeireiro

Serrarias Serrarias5 Laminadoras


Circulares3,4 e Fábricas
de Compensados 6

Central 1.264 136 1.654 1.824 4.878

Estuarina 2.128 2.450 1.800 2.050 8.428

Leste 11.744 32 13.198 9.055 34.029

Oeste 1.008 48 1.422 25 2.503

Sul 1.904 16 1.640 1.196 4.756

Estado do Pará 18.048 2.682 19.714 14.150 54.594


1
No Anexo VI, discriminamos o total de empregos por pólo madeireiro.
2
Utilizamos uma relação média entre o tamanho das equipes de exploração e a produção madeireira neste cálculo. Em
média, uma equipe de 16 pessoas explora 10 mil metros cúbicos de madeira em tora anualmente (ver Anexo IV).
3
As serrarias circulares localizadas em regiões de várzea geram, em média, seis empregos diretos. Em terra firme
temos, em média, oito empregos.
4
Na Tabela 11 estão discriminados os empregos diretos gerados apenas pelas serrarias circulares das florestas de
várzea.
5
Em média, as serrarias geram, dependendo do seu porte, entre 20 e 75 empregos.
6
As laminadoras, dependendo do seu porte, produzem de 22 a 227 empregos. As fábricas de compensados produzem
um mínimo de 95 empregos, podendo gerar até 400.
7
As empresas pequenas geram, em média, 21 empregos. As médias, 30. As grandes empresas oferecem uma média de
146 empregos.

instaladas no leste do Estado. As madeireiras Consumo em 2001. Com base em um


localizadas no estuário processaram 12% da levantamento de campo realizado em 2001
madeira em tora do Estado, seguidas pelas (133 entrevistas), estimamos uma ligeira queda
empresas situadas no sul (10% cada), no centro (4%) no volume de madeira extraído no Estado
(7%) e no oeste do Estado (6%) (Tabela 8). –11,3 milhões de metros cúbicos em 1998 para
As 1.210 madeireiras do Pará produziram 10,8 milhões de metros cúbicos em 2001. As
cerca de 4,25 milhões de metros cúbicos de prováveis razões para isso incluem escassez
madeira processada. Desse total, a maioria de madeira nas zonas leste e oeste, maior rigor
(77%) foi madeira serrada, enquanto os na fiscalização do Ibama combinadas ao fraco
laminados representaram 10% e os compen- desempenho da economia brasileira nesse
sados, 7%. A madeira beneficiada (assoalhos, período (Lentini et al. no prelo).
lambris, forros, rodapés, etc.) representou Em 1998, Paragominas, leste do Pará, era o
apenas 6% (Tabela 9). principal pólo madeireiro do Estado, consu-mindo

28
Pólos Madeireiros do Pará

anualmente cerca de 2,3 milhões de metros de metros cúbicos de madeira em tora. Outro
cúbicos em tora. Nesse pólo, o setor madeireiro pólo madeireiro importante é Tomé-Açu, cujo
gerou uma renda bruta de aproximadamente US$ consumo de madeira em tora foi 0,75 milhão
163 milhões (16% do Estado). A maioria (87%) da de metros cúbicos. Por outro lado, Uruará
produção foi madeira serrada. (centro) e Novo Repartimento (leste) são os
Os pólos madeireiros de Tailândia e menores pólos madeireiros, cujos consumos
Jacundá, localizados ao longo da rodovia PA anuais em tora são aproximadamente 0,1
150, consumiram conjuntamente 1,6 milhão milhão de metros cúbicos (Tabelas 8 e 9).

Tabela 8. Consumo de madeira em tora e produção no Pará, 1998.

Pólo Madeireiro Consumo em Tora1,2 Percentual do Produção Processada


(em milhares de m 3) Consumo Estadual (em milhares de m 3)

Zona Central 790 7% 309


Altamira 250 2% 99
Santarém 430 4% 170
Uruará 110 1% 40

Zona Estuarina 1.330 12% 495


Afuá 130 1% 47
Breves 510 5% 192
Cametá 170 1,5% 61
Oeiras 120 1% 43
Portel 180 1,5% 69
Porto de Moz 220 2% 83

Zona Leste 7.340 65% 2 764


Breu Branco 700 6% 265
Capitão Poço 180 1,5% 66
Dom Eliseu 570 5% 223
Goianésia 450 4% 168
Jacundá 750 7% 294
Novo Repartimento 110 1% 41
Paragominas 2.300 20% 852
Rondon 630 5,5% 247
Tailândia 900 8% 332
Tomé Açu 750 7% 276

Zona Oeste 630 6% 235


Itaituba 330 3% 125
Novo Progresso 300 3% 110

Zona Sul 1.190 10% 452


Itupiranga 180 1% 66
Marabá 360 3% 142
Redenção/São Felix 650 6% 244

Estado do Pará 11.280 100% 4 255

1
Assumindo rendimento da produção de madeira serrada de 36%, enquanto para os laminados e compensados, em
torno de 40% (Gerwing & Uhl 1997). No caso da madeira beneficiada assumimos que 50% foi or iunda de
reaproveitamento; enquanto o restante (50%) teve um rendimento médio de 36% - equivalente à madeira serrada (ver
Anexo IV).
2
Utilizamos, nestes cálculos, o volume geométrico e não o Francon, o qual é mais comum nas áreas de extração
madeireira. O volume Francon equivale a 77% do volume geométrico.

29
Veríssimo et al.

Tabela 9. Produção e renda bruta da atividade madeireira no Pará, 1998.

Produção Processada (%)

Pólo Madeireiro Serrada Beneficiada Laminados e Renda Bruta1,2


(Aparelhados) Compensados (US$ milhões)

Zona Central 63% 13% 24% 99,2


Altamira 71% 18% 11% 29,0
Santarém 51% 12% 37% 58,8
Uruará 98% 2% - 11,4

Zona Estuarina 81% 3% 16% 156,1


Afuá 100% - - 10,3
Breves 81% 6% 13% 66,1
Cametá 100% - - 12,3
Oeiras 100% - - 8,8
Portel 45% - 55% 27,5
Porto de Moz 76% 6% 18% 31,1

Zona Leste 78% 6% 16% 603,5


Breu Branco 65% 3% 32% 62,4
Capitão Poço 98% 2% - 14,5
Dom Eliseu 71% 12% 17% 56,5
Goianésia 84% 3% 13% 35,3
Jacundá 68% 20% 12% 66,8
Novo Repartimento 88% - 12% 15,6
Paragominas 87% 3% 10% 169,3
Rondon 54% 8% 38% 57,5
Tailândia 85% 3% 12% 70,6
Tomé Açu 82% 1% 17% 55,0

Zona Oeste 88% 5% 7% 61,3


Itaituba 90% 10% - 34,6
Novo Progresso 85% - 15% 26,7

Zona Sul 67% 5% 28% 106,2


Itupiranga 87% - 13% 14,4
Marabá 68% 14% 18% 33,3
Redenção/São Felix 62% 1% 37% 58,5

Estado do Pará 77% 6% 17% 1.026,3

1
Consideramos neste cálculo os preços médios de madeira serrada, compensados e laminados (mercado nacional) em
cada zona madeireira do Estado. Para o mercado de exportação, consideramos apenas o preço de madeira serrada e
beneficiada. Finalmente, assumimos o preço da madeira beneficiada como sendo o dobro da serrada. Todos estes preços
médios foram obtidos de acordo com a composição média da produção madeireira por zona (ver Anexo IV).
2
Utilizamos os seguintes preços médios (US$/m 3 ): (i) madeira laminada (US$ 213); (ii) compensado (US$ 332); (iii)
madeira beneficiada no estuário – mercado nacional (US$ 267) ; (iv) madeira beneficiada no centro, leste, sul e oeste –
mercado nacional (US$ 333 a US$ 367); (v) madeira beneficiada para exportação (entre US$ 650 a US$ 730); (vi)
madeira serrada no estuário – mercado nacional (US$ 133), (vii) madeira serrada no centro, leste, oeste e sul - mercado
nacional (entre US$ 167 e US$ 184); (viii) madeira serrada para exportação (US$ 325 a US$ 366).

30
Pólos Madeireiros do Pará

Renda bruta. No Estado do Pará estima- indústrias processadoras de madeira consomem,


mos que a atividade madeireira tenha gerado em média, 28 mil metros cúbicos em tora
uma renda bruta de US$ 1,026 bilhão. Desse (serrarias) a 78 mil metros cúbicos (fábricas de
total, a maioria (59%) foi gerada no leste do compensados). As empresas pequenas
Pará, seguido pelo estuário (15%), sul (10%), consomem entre 5,4 mil metros cúbicos em tora
centro (10%) e oeste, com 6% (Tabela 9). (laminadoras) e 7,7 mil metros cúbicos em tora
No Estado do Pará, o consumo médio (serraria); enquanto as indústrias de porte médio,
anual de uma microempresa madeireira é cerca entre 12 mil metros cúbicos em tora (fábrica de
de 1,3 mil metros cúbicos de tora (serrarias compensados) e 14.500 metros cúbicos em tora
circulares) a 3,8 mil metros cúbicos de tora (serraria) (Tabela 10).
(laminadoras). Por outro lado, as grandes

Tabela 10. Consumo de madeira em tora pelo tipo e pelo porte das empresas, 1998.

Tipo de Empresa Consumo em Tora (em milhares de m 3)

Micro 2 Pequena 3 Média 4 Grande 5

Serrarias circulares1 1,3 - - -


Serrarias 2,3 7,8 14,5 27,8
Laminadoras 3,8 5,4 13,3 47,6
Fábricas de Compensados - 7,5 12,0 78,6

1
Média entre as serrarias circulares localizadas em florestas de várzea e terra firme.
2
Consumo anual inferior a 4 mil metros cúbicos de madeira em tora.
3
Consumo anual igual ou superior a 4 mil e inferior a 10 mil metros cúbicos de madeira em tora.
4
Consumo anual igual ou superior a 10 mil e inferior a 20 mil metros cúbicos de madeira em tora.
5
Consumo anual superior a 20 mil metros cúbicos de madeira em tora.

31
Veríssimo et al.

As Serrarias Circulares da Região Estuarina

Em 1998, o estuário para-


ense possuía aproximadamente
458 serrarias circulares localiza-
das nos furos e tributários dos rios
Amazonas e Pará (Figura 5).
Nessa zona os principais pólos
madeireiros eram Afuá (250
serrarias circulares) e Oeiras (100
serrarias circulares). Essas pro-
cessadoras familiares geravam
2,8 mil empregos informais, dos
quais 80% referentes ao desdo-
bro das toras e o restante (20%),
à extração e ao transporte da
madeira em tora (Tabela 11).

Figura 5.
Serrarias circulares
no estuário, 1998.

Essas microempresas consumiram apenas foram responsáveis por apenas 5% da produção


357 mil metros cúbicos de madeira em tora, o estadual e por somente 7% dos empregos diretos
que resultou em cerca de 128 mil metros cúbicos do setor madeireiro do Pará.
de madeira serrada (Tabela 11). Não havia As nossas estimativas para as serrarias
beneficiamento de madeira serrada. Essas circulares da região estuarina foram bem
empresas, em geral, produziam apenas madeira inferiores ao levantamento feito por Barros &
serrada de baixa qualidade, comercializada nos Uhl no período 1990-1991 (Barros & Uhl 1995).
mercados de Belém, Macapá e cidades do Nesse estudo, os autores documentaram 1.195
estuário. microempresas na mesma região, cujo consumo
Existiam também 76 serrarias circulares era 2,1 milhões de metros cúbicos em tora para
que processavam madeiras oriundas de florestas uma produção de 0,78 milhão processada.
de terra firme. Essas empresas geravam cerca de Há alguns fatores que podem ter
800 empregos diretos, e produziam apenas 73 ocasionado o declínio da exploração na várzea,
mil metros cúbicos de madeira processada. No como por exemplo: (i) exaustão dos estoques de
total, as serrarias circulares (estuário e terra firme) espécies comerciais; (ii) maior rigor na

32
Pólos Madeireiros do Pará

fiscalização; e (iii) competição com as madeiras do estuário instalou-se na segunda metade da


de baixo valor oriundas das florestas de terra década de 90. Vinte e dois por cento, no período
firme. 91-95; e apenas 29%, na década de 80. Não
Uma característica marcante das serrarias entrevistamos nenhuma empresa que havia
circulares no estuário é a alta rotatividade. De iniciado suas atividades antes de 1980 (Figura 6).
fato, quase a metade (49%) das microempresas

Tabela 11. Serrarias circulares do Pará, 1998.

Número de Empregos Produção


(em milhares de m3)

Pólo Número de Exploração Processamento Tora Serrada


Madeireiro Serrarias Madeireiro
Circulares
Afuá 1
250 3 154 1.059 96 35
Breves 78 3 162 434 102 37
Cametá 20 3
42 111 26 9
Oeiras2 100 3 192 556 120 43
Portel 53 10 28 6,5 2
Porto de Moz 53 10 28 6,5 2

Total do Estuário 458 570 2.216 357 128


Regiões de Terra-Firme 4
76 326 466 204 73

Total Estadual 534 896 2.682 561 201


1
Inclui Anajás.
2
Inclui Limoeiro do Ajuru.
3
Consideramos apenas as serrarias circulares que processam madeira oriunda de várzea. Portanto, existem
diferenças dos valores expressos nas Tabelas 4 e 29 (Anexo V), pois nessas tabelas consideramos também serrarias
circulares que processam espécies madeireiras de florestas de terra firme nos pólos do estuário.
4
Constituem as serrarias circulares que processam espécies madeireiras de terra firme, distribuídas do longo do
Estado.

49%
% das Serrarias

29%
22%
Figura 6.
Período de instalação das
serrarias circulares no
1981 - 90 1991 - 95 Após 1996 estuário, 1998.

33
Veríssimo et al.

Responsável pela Exploração Madeireira especial, extratores autônomos). No oeste do


Estado, mais de dois terços do volume extraído
As equipes de exploração das empresas é realizado por equipes das próprias empresas.
madeireiras são responsáveis por 56% do Por outro lado, no sul do Estado apenas 38%
volume extraído nas florestas do Pará, enquanto da madeira provém de equipes das empresas
44% da madeira é explorada por terceiros (em (Figura 7).

22%
% da Madeira Explorada

44% Exploração
49% 46% 43%
feita por
62% Terceiros

Exploração
feita pela
Empresa
Figura 7.
57%
Matéria-prima
51% 54% (%) explorada por
empresas
madeireiras e por
terceiros, 19981.
Central Estuarina Leste Oeste Sul Média Geral
1
Inclui as serrarias circulares do estuário do Pará.

A maioria (45%) das empresas dependia fornecida por terceiros representavam entre
totalmente de madeira oriunda de extratores 42% e 50% das madeireiras no centro, estuário
autônomos, enquanto as empresas vertica- e leste do Estado. A oferta de madeira oriunda
lizadas (isto é, responsáveis pela exploração e de terceiros é maior no sul do Estado (68%).
processamento) somaram 32%. Por último, No oeste, apenas 14% das empresas madeireiras
cerca de 23% das empresas possuíam estratégia eram totalmente dependentes de matéria-prima
mista, adquirindo parte da madeira de terceiros oriunda de terceiros (Tabela 12).
e, ao mesmo tempo, realizando também
exploração com equipe própria (Tabela 12).
As empresas verticalizadas representavam Equipamentos de Exploração Florestal
33% no centro, 30% estuário e 35% no leste.
No oeste, a maioria (57%) das empresas era A maior parte (43%) da madeira cortada
verticalizadas. Por outro lado, no sul do Estado nas florestas do Pará é arrastada por tratores de
apenas 14% eram verticalizadas. esteiras. Esses tratores, utilizados na construção
As empresas que dependem de madeira de ramais, estradas e pátios de exploração, são

34
Pólos Madeireiros do Pará

Tabela 12. Responsável pela exploração madeireira, 1998.

Zonas Responsável pela Exploração 1 (% das empresas)


Madeireiras
Empresas Terceiros 2 Empresas e
Verticalizadas Terceiros3

Central 33% 50% 17%


Estuarina 30% 47% 23%
Leste 35% 42% 23%
Oeste 57% 14% 29%
Sul 14% 68% 18%

Média Estadual 32% 45% 23%


1
Inclui as serrarias circulares da região estuarina do Estado do Pará.
2
Inclui os extratores autônomos, outras empresas madeireiras, colonos, ribeirinhos, etc.
3
No sistema misto, as empresas madeireiras realizam entre 25% e 90% da exploração florestal, terceirizando o restante
da exploração ou comprando o restante da matéria-prima.

máquinas inadequadas para a operação de responde por 29% do volume total de madeira
arraste, pois provocam compactação do solo e arrastado (Tabela 13).
maiores danos às árvores remanescentes. O uso O arraste conhecido como “catraca”, no
de tratores florestais (skidder) , v e í c u l o qual as árvores são embarcadas nos caminhões
recomendado para operações florestais, com auxílio de cabos de aço, é responsável por

Tabela 13. Sistemas de arraste utilizados na exploração florestal, 1998.

Zonas Equipamento Usado na Exploração Madeireira (% do volume extraído)


Madeireiras
Trator Trator de “Catraca” Trator Manual 3 Submersa4
Skidder 1 Esteira Agrícola 2

Central - 25% 65% 10% - -  


Estuarina6 - 15% 31% 8% 39% 7%
Leste 30% 57% 4% 5% - 4%
Oeste 9% 49% 25% 17% - -  
Sul 91% - -  9% -  -

Média Estadual 29% 43% 12% 7% 5% 4%


1
O skidder é um trator desenvolvido especificamente para o arraste florestal, possuindo melhor desempenho, com
melhor produtividade e provocando menores danos ao solo e às árvores remanescentes (Amaral et al. 1998, Barreto et
al. 1998, Johns et al. 1996).
2
Neste sistema, tratores agrícolas adaptados, com guinchos e torres, são utilizados no arraste das toras.
3
No sistema manual, as árvores são cortadas com machado e arrastadas manualmente até os igarapés, com o auxílio de
estivas de madeira. Nos cursos d’água, são transportadas por jangadas até as serrarias (Veríssimo et al. 1999).
4
Sistema de arraste aquático, caracterizado pela flutuação de toras em florestas submersas.

35
Veríssimo et al.

12% do volume total de madeira do Estado. do leste (30%), zonas onde a exploração é mais
Outras maneiras de arraste de toras incluem o intensiva e as empresas são mais capitalizadas.
uso de tratores agrícolas (7%); arraste aquático No centro do Estado a maior parte da madeira
em florestas submersas, como é o caso do lago em tora é arrastada através de “catraca” (65%).
de Tucuruí (4%); e arraste manual (5%) na região No estuário, 39% da madeira é explorada nos
estuarina, onde o transporte é feito por jangadas sistema manual e 31%, através de “catraca”.
até as serrarias (Tabela 13). Finalmente, no oeste, 49% do volume de
O uso de skidder é mais comum no sul madeira é arrastado por tratores de esteira
do Pará (91% do volume explorado), seguido (Tabela 13).

Exploração Madeireira em Florestas de Várzea e de Terra Firme

Florestas de várzea. Existem dois padrões Florestas de terra firme. Os padrões de


de exploração nas florestas de várzea. O exploração de terra firme são determinados pela
primeiro é a exploração altamente seletiva da idade da fronteira e pelas condições locais de
virola (Virola surinamensis). Em geral, os infra-estrutura. Um padrão distinto é a
extratores cortam as árvores (um a dois exploração altamente seletiva do mogno
indivíduos por hectare) com machados e retiram- (Swietenia macrophylla), uma espécie que
nas das florestas utilizando a própria força física. ocorre no sul do Pará. Empresas verticalizadas
Na época das cheias, a madeira é retirada por utilizam skidders para extração de toras de
flutuação. Quando não há nível d’água mogno. A pressão excessiva sobre o mogno tem
suficiente, as toras são empurradas sobre estivas ocasionado uma redução severa dessa espécie
de madeira até os rios. A madeira é então na paisagem. O Ministério do Meio Ambiente
transportada em grandes jangadas até grandes estabeleceu cotas de exportação, cujo teto, em
indústrias para o processamento. É comum os 2001, foi apenas 30 mil metros cúbicos anuais
extratores trabalharem para proprietários de (Veríssimo et al. 1995, Grogan et al. 2002).
terras ou agentes de empresas madeireiras em Em condições de infra-estrutura um pouco
troca de víveres (sistema de aviamento). A melhores (fronteiras relativamente recentes), o
pressão excessiva sobre a virola reduziu estabelecimento de novas áreas de colonização
drasticamente seus estoques naturais. Em leva à exploração de madeiras de alto valor para
resposta, o Governo Federal estabeleceu cotas subsidiar a conversão de terras para atividades
de exportação para a espécie. agropecuárias. A exploração é seletiva (5 a 15
No segundo padrão, a exploração é espécies comerciais) e o processamento é feito
intensiva. Entre 50 e 100 espécies madeireiras por empresas familiares de pequeno a médio
são exploradas, sendo extraídas mais de 10 porte equipadas com serras-de-fita (Uhl et al.
árvores por hectare. É promovida por 1991).
proprietários de serrarias circulares, nas quais Em velhas fronteiras, onde há boas
espécies de baixo valor são processadas em condições de infra-estrutura, a exploração é feita
serrarias familiares equipadas com serras-de-fita. de forma intensiva, causando severos impactos
As toras são transportadas por flutuação nos rios, ambientais. Entre 100 e 200 espécies madeireiras
amarradas em canoas. O impacto desse tipo de são extraídas. Máquinas pesadas são utilizadas
exploração tem se tornado severo em virtude do na abertura de estradas e ramais e no arraste de
grande número de serrarias circulares que se toras. O transporte é feito por caminhões
instalaram no estuário e baixo Amazonas nas (estradas) ou balsas (rios). Grandes empresas
últimas décadas (Barros & Uhl 1995, Uhl et al. verticalizadas investem em equipamentos e
1997, Veríssimo et al. 1999). equipes de exploração florestal (Veríssimo et al.
1992, Uhl et al. 1997, Stone 1997).

36
Pólos Madeireiros do Pará

Origem da Matéria-Prima terras públicas (protegidas e devolutas) seja


maior, principalmente no oeste e centro do
Proprietários das áreas florestais. A gran- Pará, onde está concentrada a maior parte
de maioria (91%) da madeira extraída no dessas áreas. Nas áreas privadas, a maior parte
Estado é oriunda de áreas privadas (próprias e (55%) da madeira utilizada nas indústrias
de terceiros), enquanto pelo menos 9% é madeireiras provém de áreas de terceiros,
proveniente de áreas públicas. Entretanto, é enquanto 36% é oriunda de áreas próprias.
possível que a extração de madeira oriunda de (Tabela 14).

Tabela 14. Origem da matéria-prima florestal, 1998.


Zonas
Madeireiras Origem da Matéria-Prima (em milhares de m3 e % do total explorado)

Áreas Próprias Áreas de Terceiros Áreas Públicas 1 Total

Central 253 (32%) 537 (68%) - 790


Estuário2 333 (25%) 851 (64%) 146 (11%) 1.330
Leste 2.936 (40%) 3.524 (48%) 880 (12%) 7.340
Oeste 334 (53%) 296 (47%) - 630
Sul 190 (16%) 1.000 (84%) - 1.190

Total Estadual 4.046 (36%) 6.208 (55%) 1.026 (9%) 11.280


1
As áreas públicas incluem terras protegidas e devolutas.
2
Foram incluídas neste cálculo as serrarias circulares da região estuarina.

Tamanho das propriedades. Aproxima- ciparam com apenas 12%, incluindo as áreas
damente 5,1 milhões de metros cúbicos de públicas (Tabela 15).
madeira em tora (45%) foram provenientes de No centro do Estado, a maioria da madeira
grandes propriedades (maiores que 5 mil (61%) foi extraída de pequenas propriedades,
hectares), incluindo as áreas públicas. As enquanto 19% foi originada de terrenos de porte
florestas pertencentes a pequenos produtores médio. Os 20% restantes foram extraídos de
(menores de 500 hectares) forneceram 3,6 grandes propriedades florestais (Tabela 15).
milhões de metros cúbicos em tora (32%), No leste, a maioria (56%) da madeira
enquanto as médias propriedades (entre 500 extraída foi oriunda de grandes propriedades,
hectares e 5 mil hectares) foram responsáveis incluindo as áreas públicas, enquanto os
por 2,6 milhões de metros cúbicos em tora estabelecimentos rurais de porte médio
(23%) (Tabela 15). participaram com 20% e as pequenas proprie-
No estuário, a maioria (62%) da madeira dades foram responsáveis por 24% (Tabela 15).
foi originada de áreas de pequenas proprie- No oeste, as médias propriedades têm
dades, enquanto 26% foi oriunda de terrenos uma participação maior (55%) no suprimento
de tamanho médio e os grandes lotes parti- de madeira, enquanto as pequenas contribuem

37
Veríssimo et al.

com 34%. Os 11% restantes são oriundos de De acordo com os dados do Censo
grandes propriedades florestais (Tabela 15). Agropecuário (IBGE 1996), a grande maioria
Finalmente, no sul do Estado, há o maior (97%) das propriedades rurais do Estado possui
percentual de matéria-prima originada de área inferior a 500 hectares. Por outro lado, os
grandes propriedades (52%). Por outro lado, 2% de propriedades maiores do que 500
25% da madeira provem de médias hectares ocupam quase 60% das terras agrícolas
propriedades, e os 23% restantes são extraídos do Estado (ver Anexo VII). É de se esperar,
de pequenas propriedades (Tabela 15). É portanto, que as grandes propriedades tenham
interessante observar que o sul é justamente a maior participação na exploração florestal no
região onde há as menores proporções de Estado do Pará.
empresas verticalizadas (Figura 7, Tabela 12).

Tabela 15. Volume de madeira extraído por tamanho de propriedade florestal, 1998.
Zonas
Madeireiras Tamanho das Propriedades (em milhares de m 3 e % do total explorado)

Pequenas1 Médias2 Grandes 3 Públicas 4 Total

Central 482 (61%) 150 (19%) 158 (20%) - 790


Estuarina 825 (62%) 346 (26%) 13 (1%) 146 (11%) 1.330
Leste 1.762 (24%) 1.468 (20%) 3.230 (44%) 880 (12%) 7.340
Oeste 214 (34%) 347 (55%) 69 (11%) - 630
Sul 274 (23%) 298 (25%) 618 (52%) - 1.190

Total Estadual 3.557 (32%) 2.609 (23%) 4.088 (36%) 1.026 (9%) 11.280
1
Propriedades privadas com área inferior a 500 hectares.
2
Propriedades privadas com área entre 500 e 5 mil hectares.
3
Propriedades privadas com área superior a 5 mil hectares.
4
Inclui terras protegidas e devolutas.

38
Pólos Madeireiros do Pará

As Florestas Nacionais e Estaduais

As Florestas Nacionais (Flonas), Estaduais Legal. Combinaram em Sistemas de Informações


(Flotas) ou Municipais são Unidades de Geográficas (SIG) informações espaciais, como
Conservação de Uso Sustentável, cuja finalidade áreas legalmente protegidas (29% da Amazô-
é produzir bens (produtos madeireiros e não- nia), cobertura vegetal (31% da Amazônia não
madeireiros) e serviços ambientais. O Governo é coberta por florestas), áreas com indícios de
pode manejá-las diretamente ou conceder, ocupação antrópica (9%), áreas sem potencial
temporariamente, o direito de uso para madeireiro (1%) e florestas economicamente
instituições privadas ou de economia mista inacessíveis aos atuais pólos processadores de
(Veríssimo et al. 2000). As Flonas, instituídas madeira (8%).
pelo Código Florestal (Lei 4.771/65) passaram Veríssimo e colaboradores concluíram
novamente a ser prioridade do Governo Federal que 23% da Amazônia (1,15 milhão de km 2)
com a criação do Programa Nacional de possui potencial para a criação de Flonas. Essa
Florestas (PNF), através do Decreto 3.420, de área é suficiente para suprir a demanda nacional
abril de 2000. de madeira da Amazônia (28 milhões de metros
Até 2000, as Flonas representavam apenas cúbicos anuais). Considerando apenas o Pará,
80 mil km2 em toda a Amazônia Legal, o sufi- 27% do Estado (cerca de 330 mil km2) possui
ciente para abastecer de forma manejada apenas potencial para a criação de florestas de produção
11% da demanda nacional de madeira ama- (Figura 8); uma área mais do que suficiente para
zônica. Em 2001 foram estabelecidos aproxima- suprir de forma manejada a atual demanda por
damente 13 mil km 2 de novas Flonas. Além madeira em tora do Estado.
disso, estão em processo de
criação cerca de 37 mil km2,
os quais deverão estar con-
cluídos em meados de 2003.
Dessa maneira, a área de
Flonas na Amazônia alcança-
ra até 2003, no mínimo, 130
mil km 2.
Veríssimo et al. (2000)
realizaram um estudo para
identificar áreas florestais
com potencial para o estabe-
lecimento de Florestas Nacio-
nais em toda a Amazônia

Figura 8.
Áreas com potencial para
Florestas Nacionais no Pará
(Adaptado de
Veríssimo et al. 2000).

39
Veríssimo et al.

Transporte entre as Florestas e as No transporte predominam as estradas


Indústrias não pavimentadas (81%). As rodovias asfaltadas
representam apenas 6%. O custo unitário de
A grande maioria (87%) da madeira transporte é maior no oeste e centro (US$ 0,22/
extraída no Pará é transportada via terrestre m 3.km), em virtude das estradas não serem
através de caminhões, enquanto apenas 13% da pavimentadas. No leste e sul, onde a qualidade
madeira em tora é deslocada via fluvial através das estradas é melhor, o custo médio de
de balsas, barcos e jangadas. Esse transporte transporte é menor: 0,12/m 3 km. No oeste
fluvial é típico da região do estuário e baixo apenas as estradas de terra estão disponíveis, o
Amazonas. Nessa região, o custo médio de que torna elevado o custo médio de transporte
transporte é apenas US$ 0,07/m3 km (Tabela 16). por quilômetro percorrido (Tabela 16).

Tabela 16. Custo médio de transporte e composição média do trajeto das florestas às indústrias, 1998.

Zonas Composição Média do Trajeto (%)


Madeireiras
Custo de Rodovias Vias Fluviais Estradas Estradas não
Transporte 1 Asfaltadas Piçarradas2 Piçarradas 3
(US$/m 3.km)

Central 0,22 2% 20% 24% 54%


Estuário 0,07 - 90%  - 10%
Leste 0,12 8% 2% 56% 34%
Oeste 0,22 - - 18% 82%
Sul 0,12 2% - 56% 42%

Média Estadual - 6% 13% 45% 36%


1
Preços corrigidos pelo índice de preços por atacado – disponibilidade interna - e convertidos para US$ (média, em
abril de 2001, de R$ 2,1925/US$). Ver Anexo IV.
2
Estradas de terra de boa qualidade (com nivelamento, cascalho e sistema de drenagem).
3
Estradas de terra de qualidade ruim (sem nivelamento e cascalho).

Espécies Madeireiras Exploradas

A indústria madeireira da Amazônia (Caryocar sp.), tatajuba (Bagassa guianensis),


extrai cerca de 350 espécies (Martini et al. e marupá (Simaruba amara) (ver Anexo VIII).
1994). No caso específico do Estado do Pará, Na zona estuarina do Estado, onde pre-
as espécies madeireiras mais exploradas são ipê dominam as florestas de várzea, as espécies
(Tabebuia sp.), cedro (Cedrela odorata), freijó m a i s e x p l o r a d a s s ã o a n d i r o b a (C a r a p a
(Cordia sp.), maçaranduba (Manilkara sp.), guianensis), anani (Symphonia globulifera),
angelim pedra (Hymenolobium sp.), angelim j a c a r e ú b a (Calophyllum brasiliense ) ,
vermelho (Dinizia excelsa), jatobá (Hymenaea macacaúba (Platymiscium sp.), pau-mulato
sp.), louro (Nectandra sp.), muiracatiara (Calycophyllum spruceanum), pracuúba (Mora
(Astronium sp.), tauari (Couratari sp.), faveira sp.) e virola (Virola surinamensis).
(Pterodon sp.), cumaru (Dipteryx sp.), piquiá Para a indústria de laminados e compen-

40
Pólos Madeireiros do Pará

sados, as principais espécies utilizadas são a Oeste (6%) (Figura 9).


amescla (Trattinickia sp.), Currupixá O estuário paraense exporta a maioria
(Micropholis melinoniana), copaíba (Copaifera (77%) de sua produção, enquanto o restante
sp.), faveira (Pterodon sp.), paricá ou pinho é destinado ao consumo estadual (19%) e ao
cuiabano (Schizolobium amazonicum), etc. consumo nacional (4%) (Figura 10). A situação
inverte-se no leste, onde a grande maioria da
produção (86%) destina-se ao mercado nacio-
Mercado de Madeira nal; o restante é destinado às exportações
(11%) e ao mercado estadual (3%). No leste,
No mercado interno, o Nordeste e o Su- uma parte expressiva (42%) de sua produção
deste são os maiores compradores de madeira é destinada à região Nordeste do Brasil
(27% cada), seguidos do Sul (9%) e do Centro- (Figura 11).

27%
24%
% da Produção

16%
11%
9%
7% 6% Figura 9.
Mercado da madeira
processada no
Estado do Pará, 1998.
Sul São Paulo Sudeste - Nordeste Pará Exterior Centro
exclui SP Oeste

77%
% da Produção

Figura 10.
19% Mercado da madeira
4% processada no
estuário, 1998.
Pará Exterior Outros

42%
% da Produção

19%
11% 11% Figura 11.
7% 7%
3% Mercado da madeira
processada no leste do
Sul São Paulo Sudeste - Nordeste Pará Exterior Outros Pará, 1998.
exclui SP

41
Veríssimo et al.

No centro do Estado, cerca de 43% da onde a produção madeireira tem sofrido


produção é exportada; 29% é destinada ao redução expressiva nos últimos anos, a grande
mercado interno, enquanto 28% é consumida maioria da produção (83%) é destinada ao
no próprio Estado. No oeste, 50% destina-se ao mercado interno (ver Anexo IX).
mercado externo. Finalmente, no sul do Pará,

Tendências da Exportação de Madeira no Pará

O Pará exportou cerca de US$ 255 segundo maior exportador de madeira do País
milhões em madeira processada em 1998, US$ (o primeiro é o Paraná). Na pauta de exportações
278 milhões em 1999 e US$ 309 milhões em do Estado, a madeira perde apenas para os
2000 (Aimex 2002) (Tabela 17). O Pará é o produtos minerais.

Tabela 17. Valor das exportações de madeira do Pará, 1998 e 2000 (Aimex 2002).

Produto Valor Exportado (em milhões de US$)


1998 2000

Madeira Serrada 165 171


Compensados 47 68
Laminados 14 8
Madeira beneficiada 12 46
Outros 17 16

Total 255 309

Os principais países consumidores de exportações de produtos madeireiros de maior


madeira do Pará, no ano de 2000, foram: Estados valor agregado (madeira beneficiada). As
Unidos, França, Espanha, Países Baixos, dificuldades na obtenção de matéria-prima
Portugal, Japão, Filipinas, Reino Unido e China oriunda de projetos de manejo certificados pelo
(Aimex 2002). Alguns mercados orientais, como FSC (Conselho Mundial de Floresta, o mais im-
China, Tailândia e Filipinas, têm aumentado sua portante selo verde do mundo), um requisito
participação no consumo de madeira do Pará básico para alguns mercados internacionais, têm
principalmente nos últimos anos, consumindo levado várias indústrias a melhorar o aprovei-
madeiras para pisos e construção civil (decks, tamento da madeira - realizando o beneficiamen-
componentes de portas e janelas, etc.). to secundário e investindo em equipamentos
Nos últimos cinco anos, aumentaram as para aumentar o rendimento do processamento.

42
Pólos Madeireiros do Pará

Preços de Madeira (alto valor), enquanto para as espécies de


médio e baixo valor os preços foram iguais a
Preços de Madeira em Pé. Em 1998, OS US$ 3/m 3 (Tabela 18).
preços da madeira em pé eram similares no Observamos que os preços foram
centro e oeste do Estado. Nessas regiões, os semelhantes em regiões bem distintas, como
preços para as espécies de alto valor, tais como é o caso do leste (uma velha fronteira
cedro, ipê e freijó, eram US$ 9/m3; enquanto as madeireira, onde é maior o preço da terra) e
madeiras de médio valor valiam US$ 5/m3 . oeste do Pará (caso de nova fronteira,
Finalmente, as madeiras de baixo valor foram geralmente com baixos valores da terra),
estimadas em apenas US$ 3/m3 (Tabela 18). principalmente para as madeiras de médio e
No estuário, onde predomina a baixo valor. Serão necessários estudos
extração de madeira de florestas de várzea, específicos sobre os fatores que podem estar
os preços da madeira em pé foram US$ 6/m 3 influenciando o preço da madeira em pé.

Tabela 18. Preços (US$) de madeira em pé, 1998.

Zonas Preços Médios (1998) Corrigidos1 (US$/m3)


Madeireiras
Classe de Valor Madeireiro

Alto 2 Médio 3 Baixo4

Central 9 5 3
Estuário5 6 3 3
Leste e Sul 12 5 3
Oeste 9 5 3

1
Câmbio: dólar em abril de 2001 igual a R$ 2,19. Preços corrigidos pelo índice de preços por atacado – disponibilidade
interna e convertidos para US$ (ver Anexo IV).
2
Madeiras de alto valor são as espécies que possuem preços médios da madeira serrada maiores que US$ 200/m 3 (ver
Anexo IV).
3
Madeiras de médio valor são as espécies que possuem preços médios da madeira serrada entre US$ 100/m 3 e US$ 200/m 3.
4
Madeiras de baixo valor são as espécies que possuem preços médios da madeira serrada menores que US$ 100/m 3 .
5
Excluímos deste cálculo as serrarias circulares da região estuarina.

Preços de Madeira em Tora . D e No leste e sul do Estado, os preços


maneira esperada, os valores de madeira em médios para as classes madeireiras foram US$
tora revelaram um gradiente geográfico, sendo 63/m3 (alto valor), US$ 29/m3 (médio) e US$
maiores nas velhas fronteiras madeireiras (leste 21/m3 (baixo). Nos pólos madeireiros do centro
e sul do Pará), regulares na zona central do Estado, o valor para as madeiras de alto valor
(fronteira intermediária) e menores na nova foi US$ 42/m3, seguida pela classe de médio
fronteira (oeste) e região do estuário. (US$ 23/m 3) e baixo valor (US$ 21/m3 ). No

43
Veríssimo et al.

oeste, onde a maioria da madeira provém de várzea no mercado. Segundo, o menor custo
florestas próximas das serrarias, os preços de unitário de transporte em função do uso de
madeira em tora foram menores: US$ 37/m3 balsas e jangadas (transporte fluvial). Dessa
(espécies de alto valor), US$ 22/m3 (médio) e maneira, as espécies de alto valor possuíam
US$ 20/m3 (baixo). preço de US$ 27/m 3 ; enquanto o preço da
No estuário, dois fatores atuam para madeira de médio valor foi apenas US$ 18/m 3;
reduzir o valor da madeira em tora. Primeiro, e, finalmente, as espécies de baixo valor tiveram
um preço relativamente baixo da madeira de preço médio de US$ 17/m3 (Tabela 19).

Tabela 19. Preços corrigidos (US$) de madeira em tora, 1998.

Zonas Preços Médios (1998), Corrigidos (US$/m3)1


Madeireiras
Classe de Valor Madeireiro
Alto 2 Médio 3 Baixo 4

Central 42 23 21
Estuário5 27 18 17
Leste e Sul 63 29 21
Oeste 37 22 20
1
Câmbio: dólar em abril de 2001 igual a R$2,19. Preços corrigidos pelo índice de preços por atacado – disponibilidade
interna e convertidos para US$ (ver Anexo IV).
2
Madeiras de alto valor possuem preços médios da madeira serrada maiores que US$ 200/m 3 (ver Anexo IV).
3
Madeiras de médio valor possuem preços médios da madeira serrada entre US$ 100/m 3 e US$ 200/m 3 .
4
Madeiras de baixo valor são as espécies que possuem preços médios da madeira serrada menores que US$ 100/m 3 .
5
Excluímos deste cálculo os preços praticados pelas serrarias circulares (ver Anexo IV).

Em 1998, o preço médio em tora das Preços de Madeira Serrada. Em 2001,


espécies de alto valor econômico (freijó, cedro as espécies de alto valor econômico (ipê, cedro
e ipê-amarelo) variou entre US$ 39/m3 e US$ e freijó) possuíam valores similares para a
62/m3 no centro do Estado. Esses preços eram madeira serrada no centro do Estado (US$ 251/
inferiores no oeste (US$ 30/m3 a US$ 41/m3), m3); seguido do leste, sul e oeste do Pará (US$
enquanto no leste foi superior (US$ 50/m3 a 244/m3) e, por último, do estuário (US$ 228/m3).
US$ 73/m3) (Tabela 20). Para as espécies de médio valor, tais como
As madeiras de médio valor tiveram seus angelim vermelho, jatobá, maçaranduba e
preços médios compreendidos entre US$ 20/ muiracatiara, os valores foram os seguintes: US$
m3 e US$ 32/m3 de madeira em tora. Na maior 114/m3 (centro), US$ 113/m3 (estuário), US$
parte dos casos a madeira possuía maior valor 130/m3 (leste) e US$ 107/m3 (oeste). Para as
no leste do Estado. Por outro lado, para as espécies de baixo valor, em 2001, os preços
espécies de baixo valor, como a cedrorana e a médios foram US$ 91/m3 (centro), US$ 76/m3
garapeira, o preço médio por metro cúbico de (estuário), US$ 79/m3 (leste) e US$ 84/m3 (oeste)
madeira em tora foi US$ 21/m3 a US$ 27/m3 (Tabela 21).
(Tabela 20). Os dados de 1998 revelam valores

44
Pólos Madeireiros do Pará

menores para as espécies de alto valor: US$ Para as espécies de médio e baixo valor, os
214/m 3 no centro, US$ 206/m3 no oeste, US$ valores foram maiores em 1998, com uma
227/m3 no leste e sul e US$ 216/m3 no estuário. pequena redução em 2001 (Tabela 21).

Tabela 20. Preços corrigidos (US$) de madeira em tora das principais espécies exploradas, 1998.

Nome Vulgar Nome Científico Preços Médios em Tora 1 (US$/m3)2


Zonas Madeireiras Selecionadas

Central Leste3 Oeste

Angelim Pedra Hymenolobium sp. 24 32 24


Angelim Vermelho Dinizia excelsa 21 28 -
Cedro Cedrela odorata 62 73 41
Cedrorana Cedrelinga catenaeformis 21 22 21
Cumaru Dipteryx odorata 28 37 -
Freijó Cordia sp. 40 50 41
Garapeira Apuleia sp. - 27 4 23 4
Ipê-Amarelo Tabebuia sp. 39 64 30
Jatobá Hymenaea courbaril 25 31 22
Louro Vermelho Sextonia rubra 34 27 24 4
Maçaranduba Manilkara sp. 22 28 22 4
Muiracatiara Astronium lecointei 23 27 22 4
Piquiá Caryocar villosum 20 23 21 4
Roxinho Peltogyne sp. - 26 21 4
Tauari Couratari sp. 23 24 24
1
Preços corrigidos pelo índice de preços por atacado – disponibilidade interna - e convertidos para US$ (ver Anexo
IV).
2
Câmbio médio do dólar em abril de 2001 de R$ 2,19.
3
Ver o Anexo VIII, onde expressamos preços de madeira em tora (1998 e 2001) para alguns dos principais pólos
madeireiros do Estado (Paragominas, Tailândia e Tomé-Açu).
4
Preços estimados através de regressão linear (ver Anexo X).

Tabela 21. Preços (US$) de madeira serrada, 1998 e 2001.

Zonas Classe de Valor Madeireiro


Madeireiras
Preços Médios1 (1998) corrigidos2 Preços Médios em 20011

Alto3 Médio4 Baixo 5 Alto 3 Médio 4 Baixo 5

Central 214 127 89 251 114 91


Estuário6 216 123 90 228 113 76
Leste/Sul 227 132 88 244 130 79
Oeste 206 126 87 244 107 84
1
Câmbio: dólar em abril de 2001 igual a R$ 2,19.
2
Preços corrigidos pelo índice de preços por atacado e convertidos para US$ (ver Anexo IV).
3
Madeiras de alto valor possuem preços da madeira serrada maiores que US$ 200/m 3 (ver Anexo IV).
4
Madeiras de médio valor possuem preços da madeira serrada entre US$ 100/m3 e US$ 200/m 3 .
5
Madeiras de baixo valor possuem preços da madeira serrada menores que US$ 100/m 3 .
6
As serrarias circulares do estuário, excluídas deste cálculo, possuem preços de madeira serrada, considerando as classes
de médio e baixo valor, iguais a respectivamente US$ 122/m 3 e US$ 54/m 3 em 2001.

45
Veríssimo et al.

Entretanto, para as espécies de madeira Entre as espécies de alto valor,


de alto valor econômico, houve um aumento observamos os maiores preços médios para o
dos preços médios no período 1998-2001. cedro, entre US$ 240 no oeste e US$ 244 no
Alguns fatores podem estar influenciando estes leste do Estado. Em seguida, temos o ipê-
preços, como por exemplo: (i) o aumento da amarelo, entre US$ 206 no oeste e US$ 226 no
raridade de espécies de alto valor nas regiões leste. Finalmente, temos o freijó, com preços
produtoras; (ii) crescimento das exportações de médios da madeira serrada entre US$ 205
madeira no Pará, cuja ênfase tem sido nas (centro) e US$ 215 no leste do Pará (Tabela 22).
espécies de maior valor.

Tabela 22. Preços corrigidos (US$) de madeira serrada das principais espécies exploradas, 1998.

Nome Vulgar Nome Científico Preços de Madeira Serrada 1 (US$/m3)2


Zonas Madeireiras Selecionadas

Central Leste Oeste

Angelim Pedra Hymenolobium sp. 132 135 124


Angelim Vermelho Dinizia excelsa 130 124 -
Cedro Cedrela odorata 247 244 240
Cedrorana Cedrelinga catenaeformis 110 120 89
Cumaru Dipteryx odorata 158 165 -
Freijó Cordia sp. 205 215 206
Garapeira Apuleia sp. - 101 89
Ipê-Amarelo Tabebuia sp. 209 226 206
Louro Vermelho Sextonia rubra 128 142 129
Jatobá Hymenaea courbaril 144 146 144
Maçaranduba Manilkara sp. 124 122 120
Muiracatiara Astronium lecointei 120 134 110
Piquiá Caryocar villosum 117 118 103
Roxinho Peltogyne sp. - 124 120
Tauari Couratari sp. 133 140 124
1
Preços corrigidos pelo índice de preços por atacado e convertidos para US$ (ver Anexo IV).
2
Câmbio: dólar em abril de 2001 igual a R$ 2,19.

Custos de Exploração, Transporte e das estradas. No oeste do Estado o custo foi


Processamento US$ 109/m3. No leste do Pará o custo foi US$
110/m 3 . Esse custo menor decorre da boa
Estimamos o custo de produção para qualidade das estradas (Tabela 23). Finalmente,
extrair, transportar (floresta até o pátio da serraria) no estuário temos um custo total de apenas US$
e processar 1 m3 de madeira serrada. No centro 90/m3, em decorrência dos menores custos de
do Estado o custo total foi de US$ 119/m3. Esse exploração (sistema manual, em muitos casos)
alto custo é provocado pela péssima qualidade e transporte (uso de vias fluviais).

46
Pólos Madeireiros do Pará

Rentabilidade Média. Considerando os oeste, a rentabilidade média oscila entre 10%


preços médios de venda de madeira serrada (centro), 15% (estuário), 20% (leste) e 26% no
iguais a US$ 133/m 3 no centro, US$ 106/m3 no oeste do Estado (Tabela 23).
estuário, US$ 138/m3 no leste e US$ 146/m3 no

Tabela 23. Custos e rentabilidade da atividade madeireira, 19981.

Componente de Custo 4 Zona Madeireira


Custos Médios Corrigidos2 (US$/m3)3

Central Estuarina Leste Oeste

Madeira em Pé5 14 6 97 17 8 17 9
Exploração 25 29 31 25
Transporte10 47 19 29 34
Processamento 11 33 33 33 33

Custo Total 119 90 110 109

Preço de Venda 5 133 12 106 13 138 14 146 15

Renda Líquida (US$ e %) 14 (10%) 16 (15%) 28 (20%) 38 (26%)


1
Os custos médios, rentabilidade e preços de venda referem-se apenas à madeira serrada. Portanto, a renda líquida
calculada nesse trabalho está ligeiramente subestimada, pois não inclui os preços de madeira beneficiada, os quais são
superiores aos praticados para madeira serrada.
2
Preços corrigidos pelo índice de preços por atacado e convertidos para US$ (ver Anexo IV).
3
Câmbio: dólar em abril de 2001 igual a R$ 2,19.
4
Não incluímos custos de legalidade (manejo florestal ou reposição) e custos de capital.
5
O cálculo utilizado, para cada zona, foi: preço da madeira de alto valor (R$/m 3 ) x percentual da produção de madeira
de alto valor (Anexo IV) + preço da madeira de médio valor (R$/m 3 ) x percentual da produção de madeira de médio
valor (Anexo IV) + preço da madeira de baixo valor (R$/m 3 ) x percentual da produção de madeira de baixo valor
(Anexo IV). Esses preços foram corrigidos para metro cúbico serrado (considerando-se um rendimento médio de 36%)
e convertidos para dólar (R$ 2,19).
6
[(US$ 9,1 x 20%) + (US$ 4,6 x 50%) + (US$ 3,4 x 30%)] x 2,78.
7
[(US$ 6,0 x 05%) + (US$ 3,3 x 30%) + (US$ 3,2 x 65%)] x 2,78.
8
[(US$ 11,6 x 20%) + (US$ 5,3 x 50%) + (US$ 3,4 x 30%)] x 2,78.
9
[(US$ 8,9 x 30%) + (US$ 5,4 x 60%) + (US$ 3,1 x 10%)] x 2,78.
10
Consideram os seguintes custos de transporte (por metro cúbico de madeira em tora x km): US$ 0,22 no centro, US$
0,07 no estuário, US$ 0,12 no leste e sul e US$ 0,22 no oeste (ver “Transporte entre as Florestas e as Indústrias”, p. 40);
multiplicados pela distância média de transporte de madeira em tora em cada zona (respectivamente 79 km, 99 km, 86
km e 55 km) e corrigidos pelo rendimento médio de processamento (36%).
11
Custo médio do processamento madeireiro calculado por Stone (1997) para serrarias de grande porte locadas em
Paragominas, em 1995.
12
[(US$ 214 x 20%) + (US$ 127 x 50%) + (US$ 89 x 30%)] x 2,78.
13
[(US$ 216 x 05%) + (US$ 123 x 30%) + (US$ 90 x 65%)] x 2,78.
14
[(US$ 227 x 20%) + (US$ 132 x 50%) + (US$ 88 x 30%)] x 2,78.
15
[(US$ 206 x 30%) + (US$ 126 x 60%) + (US$ 87 x 10%)] x 2,78.

47
Pólos Madeireiros do Pará

DISCUSSÃO

Boom-Colapso Madeireiro

O crescimento econômico dos pólos tora. Em 2001, o número de madeireiras foi


madeireiros em áreas de fronteira é rápido e reduzido para menos da metade e a produção
efêmero. Na primeira década de ocupação em tora foi apenas 0,9 milhão de metros
ocorre o boom com o estabelecimento das cúbicos em tora (Figuras 12 e 13). As indústrias
primeiras indústrias processadoras. Entretanto, remanescentes tiveram de aumentar suas
após esse período, dá-se início ao processo de escalas de produção, uma vez que têm de lidar
colapso, quando ocorre a exaustão dos recursos com distâncias médias de transporte de
naturais locais, o que gera como conseqüência matéria-prima superiores a 150 km. Uma
uma brusca queda na geração de renda e possível saída para enfrentar a crise de matéria-
empregos. Esse ciclo predatório tende a se prima é investir em produtos com alto valor
repetir nas novas fronteira madeireiras agregado, como é o caso da fabricação de
(Schneider et al. 2000). móveis.
Essa história é particularmente evidente Novo Progresso está na fase boom da
nos pólos madeireiros de Paragominas (leste do atividade madeireira. Não havia empresas
Pará) e Novo Progresso (oeste). A história de madeireiras na região no início da década de
uso da terra em Paragominas (300 km de Belém) 90; em 1998, as 19 empresas instaladas
teve início nos anos 60 como uma fronteira de consumiam apenas 0,3 milhão de metros
pecuária, estimulada por incentivos fiscais cúbicos anuais de madeira em tora. Em 2001
(Schneider et al. 2000). Em seguida, no final da já havia 60 empresas cujo consumo em tora já
década de 80 existiam 124 empresas instaladas atingia 0,7 milhão de metros cúbicos (Figuras
dentro da cidade, cujo consumo anual era de 2 12 e 13).
milhões de metros cúbicos de madeira em

140 Novo Progresso


120 Paragominas
N° de Empresas

100
80
Figura 12.
60
Empresas
40 instaladas em
20 Novo Progresso e
Paragominas
0
entre 1990 e
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002
2001.
Ano

49
Veríssimo et al.

2.5 Novo Progresso


Paragominas
2.0
(milhões de m3)
Consumo Anual

1.5
Figura 13.
1.0
Consumo anual de
madeira em Novo
0.5
Progresso e
0.0 Paragominas entre
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 1990 e 2001.
Ano

CONCLUSÃO

É inegável a aptidão florestal do Pará. O madeireira, grilagem de terras e aumento dos


Estado possui aproximadamente 70% de suas conflitos sociais.
áreas cobertas por florestas de potencial Para alterar o padrão de desenvol-
madeireiro. Desse total, cerca de 60% de suas vimento boom-colapso que tem caracterizado
florestas estão atualmente dentro do raio o setor madeireiro é necessário: (i) realizar um
econômico da atividade madeireira. Em 1998, zoneamento florestal de modo a estabelecer
o Pará extraiu 11,3 milhões de metros cúbicos as áreas onde poderia ocorrer a exploração
de madeira em tora por ano, o que o torna o madeireira, bem como aquelas onde a
maior produtor nacional de madeira tropical. atividade deveria ser proibida; (ii) recadas-
Em 1998, os 24 pólos processadores de madeira tramento das terras e regularização fundiária;
geraram uma renda bruta de aproximadamente (iii) criar Florestas Nacionais (Flonas) ou
US$ 1 bilhão. Estaduais (Flotas) em áreas com aptidão
Entretanto, existem claros sinais do para produção madeireira e não-madeireira;
colapso da atividade madeireira em algumas (iv) aperfeiçoamento do sistema de monito-
regiões, como o leste e o sul do Estado. Nessas ramento e controle; (v) apoio ao manejo
zonas há uma redução severa na cobertura florestal através de instrumentos econômicos;
florestal e, conseqüentemente, uma dimi- e (vi) treinamento de recursos humanos
nuição abrupta na geração de renda, empregos (mateiros, tratoristas, motosserristas, técnicos
e impostos. Por outro lado, nas novas fronteiras de nível médio, engenheiro florestais, etc)
madeireiras (oeste do Estado) o ciclo de através da criação de um centro de
exploração predatória está se repetindo com treinamento.
o crescimento desordenado da atividade

50
Pólos Madeireiros do Pará

REFERÊNCIAS

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53
ANEXOS
Pólos Madeireiros do Pará

ANEXO I - ESTUDOS DO exploradoras de mogno (Swietenia


macrophylla K.), a espécie tropical mais
IMAZON DE CARACTERIZAÇÃO valiosa do planeta. Veríssimo et al. (1995)
DO SETOR MADEIREIRO encontraram 86 empresas na região, sendo
que apenas 24 eram responsáveis por 90%
1. Uhl et al. 1991. Exploração seletiva em do mogno extraído. O volume extraído foi
Tailândia. Estudo conduzido na região de 5 m 3 de mogno por hectare. Os autores
Tailândia (PA 150) no período 1988-1989. discutem os impactos que esse tipo de
Nessa região predominava a exploração exploração provoca na dinâmica do
seletiva (15 espécies), realizada desmatamento e a perturbação cultural
principalmente por pequenos produtores causada aos povos indígenas locais.
rurais. Em 1998 existiam 48 serrarias, com 4. Barros & Uhl 1995. Extração madeireira
produção média de 300 m 3 de madeira no estuário e baixo Amazonas. Nas áreas
serrada por mês. A exploração era feita no de influência do estuário e baixo Amazonas,
sistema “catraca” ou no sistema manual, os autores realizaram um extensivo
com grandes danos às árvores levantamento nas madeireiras e extratores
remanescentes. Muitas espécies comerciais de toras. O consumo de madeira em tora
eram mantidas nas florestas, que da região foi estimado em 3,6 milhões de
posteriormente eram comumente metros cúbicos para o ano de 1991, o
destruídas para a formação de pastos. A correspondente a 31% da produção estadual
intensidade de exploração média daquele ano. Os autores encontraram 1.295
encontrada foi 16 m3/ha. empresas em funcionamento, sendo 1.191
2. Veríssimo et al. 1992. Impactos da pequenas serrarias artesanais. O estudo
exploração em Paragominas . O apresenta uma caracterização do sistema
levantamento foi feito na rodovia Belém- como exploração da várzea, no qual o corte
Brasília (BR 010), entre Belém e era feito com machados, o arraste era
Paragominas, em 1989-1990. Os autores manual e o transporte era fluvial.
documentaram a existência de 238 5. Gerwing et al. 1997. Rendimento no
serrarias, cuja margem de lucro ficava em processamento de madeira. Os autores
torno de 32%. Em média, 38 m3 de madeira encontraram rendimentos médios iguais a
em tora eram explorados por hectare nas 39% para as laminadoras, 36% para as
florestas locais, e os danos subseqüentes serrarias que produziam para o mercado
dessa exploração eram severos. Os autores interno e 32% para as serrarias cuja
discutem ainda a viabilidade econômica do produção era destinada à exportação. Os
manejo florestal e alguns dos fatores que autores avaliaram os fatores que influem no
impedem sua adoção na região de estudo. rendimento do processamento, tais como a
3. Veríssimo et al. 1995. Exploração do degradação de toras nos pátios das indústrias
mogno no sul do Pará. Os autores (perdas de até 13% do volume total) e as
estudaram a região sul do Pará (Redenção, variações em espessura das peças
São Félix do Xingu, Xinguara e Tucumã) para produzidas, devido ao uso de equipamentos
determinar a economia de empresas obsoletos no processamento. Os autores

57
Veríssimo et al.

sugerem medidas simples como o (beneficiamento). O autor também


beneficiamento madeireiro, a manutenção documentou uma diminuição de
de equipamentos e o treinamento de mão- investimentos em capital humano e discutiu
de-obra podem aumentar o rendimento em as oportunidades que essas mudanças
até 12% (serrarias) e 18% (laminadoras). podem oferecer tais como a agregação de
valor à produção e o manejo florestal.
6. Uhl et al. 1997. Abordagem integrada de
pesquisa ambiental. Os autores discutem 8. Veríssimo et al. 1998. Zoneamento da
a necessidade de interdisciplinariedade e atividade madeireira do Pará. Os autores
do uso de diferentes ferramentas para apresentaram um modelo para o
subsidiar a formulação de políticas. Uhl e zoneamento da atividade madeireira no
colaboradores sintetizam os principais Pará. Utilizando Sistemas de Informações
estudos do Imazon na caracterização da Geográficas (SIG), combinaram e
atividade madeireira, manejo florestal e analisaram as informações sobre a cobertura
políticas públicas. florestal, a classificação legal das terras, os
centros madeireiros, a biodiversidade e a
7. Stone 1997. Tendências da indústria infra-estrutura. Nessa simulação, os autores
madeireira do Pará. Stone (1997) sugerem uma área máxima de 32% do
caracterizou as tendências econômicas da Estado (cerca de 400 mil km 2 ) para a
atividade madeireira no Estado do Pará com atividade madeireira. Também propõem
base em três pólos madeireiros: que 49% do Estado permaneça protegido
Paragominas, Tailândia e Breves. Stone da atividade madeireira, por constituir área
(1997) detectou maior verticalização nas de proteção legal ou área de alta prioridade
madeireiras bem como um incremento no para a conservação biológica.
processamento secundário da madeira

58
Pólos Madeireiros do Pará

ANEXO II - RIOS NAVEGÁVEIS


E ESTRADAS DO PARÁ

Figura 14.
Rodovias e rios do Pará
(Imazon 1999).

59
Veríssimo et al.

ANEXO III - INTENSIDADE entrevistadas. Em termos relativos, a maior


intensidade amostral ocorreu no estuário (60%),
AMOSTRAL
seguido pela região central (47%), leste e sul
(41%) e oeste (40%). Entretanto, no caso das
Há 672 madeireiras no Estado (excluindo- serrarias circulares, a intensidade amostral foi
se as serrarias circulares), das quais 43% foram apenas 11% (Tabelas 24 e 25).

Tabela 24. Entrevistas realizadas no Pará, 1998 e 2001.

Número Total de Entrevistas


Zonas
Madeireiras Serrarias Laminadoras Fábricas de Subtotal Serrarias Total
Compensados Circulares 1 Geral

Central 28 1 - 29 6 35

Estuarina 26 1 2 29 49 78

Leste 163 13 13 189 - 189

Oeste 13 1 não há 14 1 15

Sul 21 4 1 26 1 27

Total
Estadual 251 20 16 287 57 344
1
Incluem empresas equipadas com serras circulares, induspan e engenhos horizontais.

Tabela 25. Intensidade amostral nas zonas madeireiras do Pará, 1998.

Intensidade Amostral do Levantamento (%)

Zonas
Madeireiras Serrarias Laminadoras Fábricas de Intensidade Serrarias
Compensados Amostral Circulares

Central 51% 20% 0% 47% 35%

Estuarina 59% 100% 67% 60% 10%

Leste 40% 43% 54% 41% 0%

Oeste 38% 100% não há 40% 17%

Sul 38% 67% 50% 41% 50%

Média Estadual 42% 47% 52% 43% 11%

60
Pólos Madeireiros do Pará

ANEXO IV - ANÁLISES REALI- na maioria dos casos apresentamos apenas


uma denominação genérica dos tipos de
ZADAS
madeira (nome comum).
Unidades dos Custos e Preços. Todos os
Consumo de Madeira em Tora. Para custos (exploração, transporte e processamento)
estimar o volume de madeira em tora utilizamos e preços (madeira em pé, em tora e serrada)
duas taxas de conversão de madeira em tora para foram apresentados em dólares para o ano de
processada: (i) 36% para o caso da madeira 2001 (câmbio em abril 2001 igual a R$ 2,19).
serrada; e (ii) 40% para os laminados e Para comparar os preços de madeira
compensados (Gerwing et al. 1997). coletados em 1998 e 2001, corrigimos os preços
Produtos beneficiados podem ser produ- de madeira de 1998, utilizando o índice de
zidos diretamente do desdobramento da madei- preços por atacado (disponibilidade interna)2,
ra em tora1 ou pelo reaproveitamento de resí- cuja média para o ano de 1998 foi 133,243 e,
duos de madeira serrada. Assumimos 50% da para o mês de abril de 2001 foi 200,581
madeira beneficiada como sendo oriunda de (variação de 50,5%). Esses preços corrigidos
reaproveitamento, o que representa um foram então convertidos para dólares, utilizando
pequeno aumento no rendimento médio das a mesma taxa cambial de abril de 2001. O
serrarias com beneficiamento (rendimento final: principal motivo para essa correção é a grande
37% a 40%). variação cambial (89%) entre os períodos de
Número de empregos. Uma equipe típica coleta (1998 e abril de 2001), o que distorcia a
de extração madeireira explora 10 mil metros comparação entre as médias de preços de
cúbicos de madeira em tora por ano. Essa equipe diferentes anos.
é tipicamente composta por 16 pessoas: 3 Classes de Valor de Madeira. Classifica-
motosserristas, 3 ajudantes de motosserrista, 2 mos os preços da madeira (em pé, tora e
tratoristas, 2 ajudantes de tratorista, 1 cozinheiro, processada) em três categorias: (i) baixo, (ii)
1 gerente de extração, 1 operador de carregadeira médio e (iii) alto.
e 3 motoristas de caminhão. Utilizamos essa Algumas espécies madeireiras são
relação média para estimar o número de amplamente exploradas no Estado e podem a
empregos gerados pela exploração madeireira. priori ser discriminadas em classes de valor
Espécies exploradas. Obtivemos apenas (Tabela 26). Foram então utilizadas como
o nome vulgar dos tipos de madeiras indicadoras da segregação dos dados coletados
comercializados. Com base em estudos em 1998 e 2001 em classes de valor madeireiro.
anteriores do Imazon (Uhl et al. 1991, Veríssimo O intervalo de confiança da média do preço da
et al. 1992), foi possível correlacionar alguns madeira serrada dessas espécies (nível de
nomes vulgares com espécies botânicas. Porém, probabilidade de 5%; n-1 g.l.) foi utilizado para

1
Neste caso, não temos o rendimento de conversão da madeira em tora em madeira beneficiada, assumindo o mesmo
rendimento da madeira serrada (Gerwing et al . 1997)
2
Escolhemos o índice de preços por atacado por representar o valor que a madeira deveria possuir caso acompanhasse as
tendências gerais do mercado. Dessa forma, foi possível comparar os preços de madeira serrada de 1998 com os valores de
2001 e avaliar se houve, proporcionalmente, uma queda dos preços.

61
Veríssimo et al.

determinar os limites inferiores e superiores baixos. A análise destes dados foi realizada
das classes de valor. A diferença entre o limite separadamente.
superior e inferior de classes consecutivas (i.e., Utilizando os valores de madeira serrada
baixo e médio valor, médio e alto valor) foi para as espécies madeireiras indicadoras,
dividida igualmente entre essas classes. obtivemos três classes de valor madeireiro.
Excluímos os preços de madeira das serrarias Dessa forma, consideramos como madeira de
circulares da região estuarina3 por serem muito baixo valor as espécies que obtiveram preço

Tabela 26. Espécies utilizadas nas classes de valor do Pará, 1998 e 2001.

Classe de
Valor 1 Nome Popular/Científico

Baixo Faveira (Pterodon sp.); Timborana (Newtonia sp.)

Médio Angelim-vermelho (Dinizia excelsa); Cumaru (Dipteryx odorata); Jatobá (Hymenaea courbaril)

Alto Cedro (Cedrela odorata); Ipê Amarelo (Tabebuia sp.); Freijó (Cordia sp.)
1
Não incluímos o mogno (Swietenia macrophylla K.), espécie de valor muito alto, porque representa menos de 2% do
volume extraído do Pará.

médio da madeira serrada inferior a US$ 100/ Modelos Estatísticos. Utilizamos regres-
m 3 . As madeiras de médio valor estavam são linear para estimar o preço de madeira em
situadas entre US$ 100/m 3 e US$ 200/m 3 ; tora a partir do preço de madeira serrada, os
enquanto as espécies de alto valor possuíam quais foram obtidos em 12 pólos madeireiros
preços acima de US$ 200/m 3 (Tabela 27). em 2001; e em todos os pólos madeireiros em

Tabela 27. Classes de valor madeireiro, 1998 e 2001.

Classe de Valor Madeireiro Preço Médio Serrado (US$/m 3), em 19981 e 2001

Baixo < 100

Médio 100 – 200

Alto > 200


1
Preços corrigidos pelo índice de preços por atacado – disponibilidade interna - e convertidos para US$. Câmbio em
abril de 2001 de R$ 2,19.

3
As peças produzidas (3 m a 4 m de comprimento e 15 cm a 25 cm de largura) são vendidas em dúzias, cujo preço médio
freqüentemente não ultrapassava R$ 100/m 3 em 2001.

62
Pólos Madeireiros do Pará

1998. No caso da madeira em pé, testamos valor), laminados, compensados e da madeira


como variáveis independentes preço da madeira beneficiada (aparelhada)4. Neste último caso,
serrada, distância das áreas de exploração, consideramos o preço da madeira beneficiada
custos médios de exploração, transporte e igual ao dobro do preço da madeira serrada.
processamento de madeira e zonas madeireiras Todos os preços foram considerados para o
- inseridas como variáveis falsas binárias. mercado nacional.
Para todos os modelos ajustados, Para o mercado de exportação, considera-
realizamos testes estatísticos para: (i) testar a mos os preços de madeira serrada e beneficiada
significância dos modelos (teste F); (ii) testar a (preço US$ FOB). Não incluímos em nosso cál-
significância dos parâmetros (teste t); e (iii) no culo a renda gerada pela exportação de lamina-
caso de variáveis correlacionadas (p.ex., preço dos e compensados.
da madeira serrada e [preço da madeira No cálculo do preço médio da madeira
serrada]2), realizamos testes de hipóteses destas serrada, foi necessário assumirmos uma
variáveis isoladamente (teste F). composição média da produção das serrarias
Renda bruta. Apresentamos estimativas da (percentual de madeira de alto, médio e baixo
renda bruta gerada pela atividade madeireira nos valor). Alguns informantes do setor madei-
diferentes pólos processadores do Estado, em reiro auxiliaram a calibrar essas estimativas
1998. Para tanto, consideramos os preços (Tabela 28).
médios de madeira serrada (baixo, médio e alto

Tabela 28. Composição da produção de madeira serrada nas zonas madeireiras do Pará, 1998.

Zonas Classe de Valor Madeireiro


Madeireiras
Alto Médio Baixo

Central 20% 50% 30%


Estuarina 5% 30% 65%
Leste/Sul 20% 50% 30%

Oeste 30% 60% 10%

4
Diferentes produtos são gerados no processamento secundário realizado por algumas empresas madeireiras, como rodapés,
forros, portas, janelas, lambris, etc. Seus preços podem oscilar significativamente, entre duas e quatro vezes o preço da
madeira serrada.

63
Veríssimo et al.

ANEXO V - PORTE DAS EM- A grande maioria das empresas de porte micro
(94%) está localizada nos pólos da zona estuarina.
PRESAS MADEIREIRAS O leste concentra a maior parte (69%) das
empresas cujo consumo de madeira é superior a
Na Tabela 29 apresentamos o porte das 4 mil metros cúbicos anuais (i.e., empresas de
empresas por pólo processador do Estado do Pará. pequeno, médio e grande porte).

Tabela 29. Porte das empresas nos pólos madeireiros do Pará, 1998.

Pólo Madeireiro Porte das Empresas Madeireiras

Micro1 Pequena 2 Média 3 Grande 4 Total

Zona Central 18 39 13 9 79
Altamira 13 16 6 2 37
Santarém 4 22 1 6 33
Uruará 1 1 6 1 9

Zona Estuarina 509 17 18 13 557


Afuá 254 1 - 1 256
Breves 78 7 6 6 97
Cametá 67 9 1 - 77
Oeiras 100 - - - 100
Portel 5 - 2 4 11
Porto de Moz 5 - 9 2 16

Zona Leste 5 111 249 103 468


Breu Branco - 17 11 12 40
Capitão Poço - 21 - 4 25
Dom Eliseu 5 - 19 1 25
Goianésia - 15 12 7 34
Jacundá - 12 28 10 50
Novo Repartimento - 3 6 - 9
Paragominas - 18 100 37 155
Rondon - - 26 8 34
Tailândia - 11 20 13 44
Tomé Açu - 14 27 11 52

Zona Oeste 6 8 21 6 41
Itaituba 6 5 11 - 22
Novo Progresso - 3 10 6 19

Zona Sul 2 15 29 19 65
Itupiranga 1 4 4 4 13
Marabá - 4 11 7 22
Redenção/São Felix 1 7 14 8 30

Estado do Pará 540 190 330 150 1 210


1
Consumo anual menor que 4 mil metros cúbicos de madeira em tora.
2
Consumo entre 4 mil e 10 mil metros cúbicos de madeira em tora.
3
Consumo anual entre 10 mil e 20 mil metros cúbicos de madeira em tora.
4
Consumo anual maior que 20 mil metros cúbicos de madeira em tora.

64
Pólos Madeireiros do Pará

ANEXO VI - EMPREGOS GERA-


DOS

Tabela 30. Empregos gerados pela atividade madeireira no Pará, 1998.

Número Total de Empregos


Processamento Madeireiro

Pólo Madeireiro Exploração Serrarias Laminadoras Fábricas de Total


Florestal Compensados

Zona Central 1 264 1 790 934 890 4 878


Altamira 400 1 057 26 - 1 483
Santarém 688 507 908 890 2 993
Uruará 176 226 - - 402

Zona Estuarina 2 128 4 250 550 1 500 8 428


Afuá 208 1 379 - - 1 587
Breves 816 1 251 550 500 3 117
Cametá 272 529 - - 801
Oeiras 192 556 - - 748
Portel 288 246 - 500 1 034
Porto de Moz 352 289 - 500 1 141

Zona Leste 11 744 13 230 2 549 6 506 34 029


Breu Branco 1 120 876 885 858 3 739
Capitão Poço 288 426 - - 714
Dom Eliseu 912 447 22 2 760 4 141
Goianésia 720 702 53 131 1 606
Jacundá 1 200 297 40 105 1 642
Novo Repartimento 176 144 - 70 390
Paragominas 3 680 6 203 860 1 200 11 943
Rondon 1 008 1 050 275 575 2 908
Tailândia 1 440 1 495 213 372 3 520
Tomé Açu 1 200 1 590 201 435 3 426

Zona Oeste 1 008 1 470 25 0 2 503


Itaituba 528 714 - - 1 242
Novo Progresso 480 756 25 - 1 261

Zona Sul 1 904 1 656 443 753 4 756


Itupiranga 288 238 96 - 622
Marabá 576 534 90 376 1 577
Redenção 1 040 884 258 376 2 558

Estado do Pará 18 048 22 396 4 501 9 649 54 594

65
Veríssimo et al.

ANEXO VII - PROPORÇÃO 1% no leste e oeste do Estado, e chega a 2% no


sul (Tabela 31).
DAS PROPRIEDADES RURAIS
Apesar disso, as propriedades maiores do
que 500 hectares ocupam a maior parte (58%)
Segundo o IBGE (1996), 97% das proprie- do Pará. A região em que as pequenas
dades rurais do Pará possuem área inferior a 500 propriedades têm maior expressividade sobre o
hectares. Esse percentual é menor no sul do total de áreas é o centro do Estado, com 63%.
Estado (95%), e eleva-se até a quase totalidade No leste e sul, apenas 32% e 34%, respecti-
das propriedades locadas no estuário paraense vamente, das áreas são ocupadas por terrenos
(99%). Na zona central e estuário é menor a pertencentes a pequenos proprietários rurais
ocorrência de grandes propriedades (área (Tabela 31).
superior a 2 mil hectares). Esse percentual é de

Tabela 31. Distribuição das propriedades rurais por classes de área, 1995-1996 (IBGE 1996).

Zonas % do Total de Propriedades1 % do Total de Área1


Madeireiras
< 500 ha 500-2mil ha > 2 mil ha < 500 ha 500-2mil ha > 2 mil ha

Central 98% 2% - 63% 14% 23%


Estuarina 99% 1% - 49% 12% 39%
Leste 97% 2% 1% 32% 14% 54%
Oeste 96% 3% 1% 59% 17% 24%
Sul 95% 3% 2% 34% 12% 53%

Total Estadual 97% 2% 1% 42% 14% 44%


1
Considerando apenas os municípios integrantes dos pólos madeireiros locados nas zonas avaliadas.

66
Pólos Madeireiros do Pará

ANEXO VIII – PRINCIPAIS ES-


PÉCIES EXPLORADAS

Na Tabela 32 apresentamos as principais dessas espécies no Estado, mas apenas de


espécies exploradas no Estado do Pará. Os indicar as principais espécies madeireiras nas
nomes científicos referem-se às classificações diferentes zonas madeireiras.
taxonômicas mais comumente reportadas na Nas Tabelas 33 a 35 apresentamos os
literatura. De fato, provavelmente os nomes preços de madeira serrada e madeira em tora,
vulgares referem-se a várias espécies. Essa tabela para os anos de 1998 e 2001. Escolhemos alguns
não tem o objetivo de determinar a distribuição dos principais pólos madeireiros do Estado,

Tabela 32. Principais espécies florestais exploradas no Pará, 1998.

Nome Popular Nome Científico Zona Madeireira

Central Estuário Leste/Sul Oeste

Amescla Trattinickia sp. √ √ √


Andiroba Carapa guianensis √ √ √ √
Angelim Pedra Hymenolobium sp. √ √ √ √
Angelim Vermelho Dinizia excelsa √ √ √
Cedro Cedrela odorata √ √ √ √
Cedrorana Cedrelinga catenaeformis √ √ √ √
Cumaru Dipteryx odorata √ √ √
Faveira Pterodon sp. √ √ √ √
Freijó Cordia sp. √ √ √ √
Garapeira Apuleia sp. √ √ √
Ipê-Amarelo Tabebuia serratifolia √ √ √ √
Ipê-Roxo Tabebuia sp. √ √ √
Jatobá Hymenaea courbaril √ √ √ √
Louro vermelho Sextonia rubra √ √ √ √
Macacaúba Platymiscium sp. √
Maçaranduba Manilkara sp. √ √ √ √
Marupá Simaruba amara √ √ √
Mogno Swietenia macrophylla √ √ √
Morototo Didypomanax morototoni √
Muiracatiara Astronium lecointei √ √ √
Pará-Pará Jacaranda copaia √ √
Paricá/Pinho Cuiabano Schizolobium amazonicum √ √
Piquiá Caryocar villosum √ √ √ √
Quaruba Vochysia sp. √ √ √
Roxinho Peltogyne sp. √ √ √
Sucupira Bowdichia sp. √ √ √
Sumaúma Ceiba pentandra √ √ √
Tatajuba/Bagaceira Bagassa guianensis √ √ √ √
Tauari/Estopeiro Couratari sp. √ √ √ √
Virola/Ucuúba da Várzea Virola surinamensis √

67
Veríssimo et al.

como Paragominas (Tabela 33), Tailândia de 1998 foram corrigidos tomando como base
(Tabela 34) e Tomé-Açu (Tabela 35). Os preços o índice de preços por atacado.

Tabela 33. Preços (US$) de madeira serrada em Paragominas1, 1998 e 2001.

Nome Vulgar Nome Científico Preços Médios (US$/m3)2


1998 3 2001
Tora Serrado Tora Serrado

Cedro Cedrela odorata 76 246 137 398


Ipê-Amarelo Tabebuia sp. 70 229 137 398
Freijó Cordia sp. 51 197 76 261
Pau-amarelo Euxylophora sp. 35 138 48 192
Angelim Pedra Hymenolobium sp. 34 135 55 206
Angelim Vermelho Dinizia excelsa 32 134 55 206
Muiracatiara Astronium lecointei 31 116 48 192
Maçaranduba Manilkara sp. 30 118 55 206
Roxinho Peltogyne sp. 30 118 48 192
Louro Sextonia rubra 27 117 48 192
Timborana Newtonia sp. 24 82 31 117
Tanimbuca Buchenavia sp. 20 90 34 124
Copaíba Copaifera sp. 19 71 27 89
Guajará Neoxythece sp. 19 82 31 117
Jarana Lecythis sp. 18 74 34 124

1
Inclui os municípios de Ipixuna do Pará, Mãe do Rio e Ulianópolis.
2
Valor médio do dólar, em abril de 2001, igual a R$ 2,19/US$.
3
Preços corrigidos tomando como base o índice de preços por atacado – disponibilidade interna – e convertidos para
US$.

Tabela 34. Preços (US$) de madeira serrada em Tailândia, 1998 e 2001.

Nome Vulgar Nome Científico Preços Médios (US$/m 3) 1


1998 2 2001
Tora Serrado Tora Serrado

Ipê-Amarelo Tabebuia sp. 62 233  693 275


Freijó Cordia sp. 62 220  693 275
Jatobá Hymenaea courbaril 27 106 34 196
Angelim Pedra Hymenolobium sp. 25 104  483 192
Angelim Vermelho Dinizia excelsa 26 104 43 170
Maçaranduba Manilkara sp. 25 101 47 195
Tauari Couratari sp. 26 101    
Tatajuba Bagassa guianensis 25 97  363 144
Muiracatiara Astronium lecointei 27 96    
Quaruba Vochysia máxima 21 96    
Guajará Neoxythece sp. 19 82    
1
Câmbio em abril de 2001 igual a R$ 2,19.
2
Constituem preços corrigidos tomando como base o índice de preços por atacado – disponibilidade interna – e
convertidos para US$.
3
Valores estimados através de regressão linear (ver Anexo X).

68
Pólos Madeireiros do Pará

Tabela 35. Preços (US$) de madeira serrada em Tomé-Açu, 1998 e 20011.

Nome Vulgar Nome Científico Preços Médios (US$/m3) 2


19983 2001

Tora Serrado Tora Serrado

Ipê-Amarelo Tabebuia sp. 27 232 103 343


Cumaru Dipteryx odorata 38 4 151 48 172
Freijó Cordia sp. 34 4 137 62 275
Jatobá Hymenaea sp. 33 137 48 220
Angelim Pedra Hymenolobium sp. 26 126 48 185
Angelim Vermelho Dinizia excelsa 25 124 45 179
Roxinho Peltogyne sp. 24 120 48 192
Maçaranduba Manilkara sp. 24 117 45 190
Guajará Neoxythece sp. 29 4 117 30 120
Louro Sextonia rubra 29 114 48 192
Piquiá Caryocar villossum 22 105 27 124
Amapá Brosimum sp. 17 103 24 89
Timborana Newtonia sp. 21 78 28 105
Tamaquaré Caraipa sp. 21 69 34 103
Piquiarana Caryocar sp. 21 69 27 82

1
Inclui os municípios de Acará e Concórdia do Pará.
2
Câmbio: dólar em abril de 2001 igual a R$ 2,19.
3
Constituem preços corrigidos tomando como base o índice de preços por atacado – disponibilidade interna -
e convertidos para US$.
4
Valores estimados através de regressão linear (ver Anexo X).

69
Veríssimo et al.

ANEXO IX - MERCADO DE Existem grandes diferenças no mercado


consumidor das diferentes zonas. O centro
MADEIRA
exporta 43% de sua produção (cerca de 130 mil
metros cúbicos); 28% ao mercado estadual e
Cerca de 1 milhão de metros cúbicos de 29% (90 mil metros cúbicos) ao mercado
madeira processada (24% do total) foram nacional. O oeste exporta 50% enquanto o a
exportados pela indústria madeireira do Pará em zona sul exporta apenas 17% da produção é
1998. Outros 297 mil metros cúbicos (7%) exportada (Tabela 36).
foram consumidos dentro do próprio Estado. O Principais Estados Consumidores. Os
restante (2,9 milhões de metros cúbicos) foi principais Estados consumidores são: (i) São
vendido para o mercado doméstico. Os Paulo (11%), Rio de Janeiro (8%), Minas Gerais
principais mercados nacionais foram: Nordeste (7%); Paraná (5%), Bahia (5%), Pernambuco
(27% do consumo total), o Sudeste (27%); Sul (5%), Goiás (4%) e Ceará (4%) (Figura 15).
(9%) e o Centro-Oeste 6% (Tabela 36).

Tabela 36. Principais mercados para a madeira processada do Pará, 1998.

Destino da Produção (% da Produção)


P)
lu te
o

Produção, 1998 e
ul

iS

al
xc es

or
st
Pa

du

s
Zonas (em milhares
de

ri
(e ud

ro
te
ta
o

ut
or
S
l

Madeireiras de m3)
Su

Ex
Es

O
N

Central 309 1% 14% 12% 1% 28% 43% 1%


Estuarina 495     1%   19% 77% 3%
Leste 2 764 7% 11% 19% 42% 3% 11% 7%
Oeste 235 27% 6% 5%   7% 50% 5%
Sul 452 28% 26% 20%     17% 9%

Estado do Pará 4 255 - - - - - - -

Média Ponderada - 9% 11% 16% 27% 7% 24% 6%

11%
% da Produção

8% 7%
5% 5% 5%
4% 4%
Figura 15.
Mercado nacional da
produção madeireira do
SP RJ MG PR BA PE GO CE Estado do Pará, 1998.

70
Pólos Madeireiros do Pará

ANEXO X - MODELOS ESTA- Onde,


PT = preço de madeira em tora (R$/m 3);
TÍSTICOS CONSTRUÍDOS PS = preço de madeira serrada (R$/m 3);
PP = preço de madeira em pé (R$/m 3);
Ajustamos modelos estatísticos capazes D= distância média das florestas aos
de predizer variáveis dependentes como o pátios das empresas (km);
preço de madeira em pé e o preço de madeira CE = custo médio de exploração (R$/m3);
em tora. Consideramos as seguintes variáveis CP = custo médio de processamento (R$/
explanatórias: (i) preço de madeira serrada; (ii) m );
3

CT = custo médio de transporte (R$/m3.km);


custos de extração madeireira; (iii) custos de
L = igual a 1, se os preços se referem
transporte de toras; (iv) custo de processamento
ao leste do Estado; 0, se não;
madeireiro; (v) distância média de transporte;
E = igual a 1, se os preços se referem ao
e (vi) zona madeireira, inserida como variável
estuário; 0, se não;
falsa binária. Os melhores ajustes obtidos O = igual a 1, se os preços se referem
foram os seguintes: ao oeste do Estado; 0, se não.

1) PT = - 26,8884 + 0,2698325 . PS O coeficiente de determinação (R 2 )


– 0,0000409 . PS + 24,9776 . L
2
ajustado para a equação (1) é igual a 0,78; para
+ 1,6586 . E + 9,5261 . O a equação (2), 0,88. Ambos os modelos foram
significativos, pelo teste F, ao nível de 99% de
(2) PP = - 4,4667 – 0,3753 . D.CT probabilidade. Em ambos os modelos, nem
+ 0.0050971 . (D.CT)2 + 0,1029 . CE todos os parâmetros foram estatisticamente
– 0,0203 . CP + 0,0724 . OS significativos pelo teste t.
– 0,000041 . PS2 + 4,5516 . L As equações (1) e (2) podem ser represen-
+ 4,4524 . E + 3,0699 . O
tadas nas Figuras 16 e 17, onde consideramos para
as variáveis distância, custo de transporte, custo de
exploração, custo de processamento e preços de
madeira serrada valores médios por zona
madeireira.

71
Veríssimo et al.

70 Central Estuarina

60 Leste/Sul Oeste
Preço Serrado (US$/ m3)

50

40

30

20
Figura 16.
10 Relação entre o
preço de madeira
0 em tora e serrada,
70 110 150 190 230 1998 e 2001.
Preço em Tora (US$/m3)

25
Central Estuarina

Leste/Sul Oeste
20
Preço Serrado (US$/ m3)

15

10

Figura 17.
5 Relação entre o
preço de madeira
em pé e serrada,
0 1998 e 2001.
70 110 150 190 230
3
Preço em Pé (US$/m )

72
Este Livro foi produzido em setembro de 2002
Foi utilizado papel Duodesgn 300 g/m2 na capa e papel couche fosco 120 g/m2 no miolo
Fontes utilizadas Times - CG Omega - Tahoma - Book Antiqua
Impressão e acabamento: Alves Gráfica e Editora
Tiragem: 2.000 exemplares

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