Polos Madeireiros No Pará PDF
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2002
Copyright © by imazon
Revisão:
Lize Barmann
Tatiana Corrêa
Editoração Eletrônica:
Jânio Oliveira
CDD 261
RESUMO
13
Veríssimo et al.
privadas (tituladas ou não) e somente 9% foi razoável. Em 2002, por exemplo, a área
originária de Unidades de Conservação, terras florestal certificada de acordo com os critérios
indígenas e terras devolutas. Nas áreas privadas, do FSC (Conselho Mundial de Florestas) somou
a maioria (60%) da madeira foi retirada de áreas aproximadamente 232 mil hectares no território
de terceiros (em geral, pecuaristas e colonos), paraense.
enquanto 40% foi extraída de áreas próprias das O padrão predatório de uso dos recursos
madeireiras. florestais tem ocasionado a redução drástica dos
As grandes propriedades (maiores do que recursos madeireiros nas zonas leste e sul do
5 mil hectares) contribuíram com o fornecimento Pará. De fato, estimamos que houve uma
de 36% da madeira extraída no Estado; as médias redução de cerca de 11% no volume de madeira
propriedades (entre 500 hectares e 5 mil hectares) extraído no leste do Pará entre 1998 e 2001.
participaram com 23% do volume consumido, Em conseqüência disso, as madeireiras estão
enquanto as pequenas propriedades (menores de migrando em direção à zona oeste do Estado e,
500 hectares) supriram 32% da madeira utilizada em menor proporção, para a zona central, nas
no Pará. As áreas públicas contribuíram com áreas de influência dos pólos madeireiros de
cerca de 9% do volume de madeira extraído no Portel, Altamira e Uruará.
Pará, um valor provavelmente subestimado O d e se n v o l v i m e n t o d e u m se t or
considerando que há uma proporção maior de madeireiro sustentável no Estado do Pará requer
madeira extraída ilegalmente de terras indígenas ações simultâneas nas áreas de promoção do
e Unidades de Conservação. manejo florestal (crédito, assistência técnica,
A maioria (78%) da produção madeireira treinamento e extensão florestal) bem como no
do Pará foi destinada ao mercado doméstico, aperfeiçoamento do sistema de controle e
enquanto o restante (22%) foi exportado, princi- monitoração da exploração madeireira
palmente para a Europa e os Estados Unidos. predatória. Além disso, é fundamental ordenar
No caso do mercado interno, as principais o território através da regularização fundiária das
regiões consumidoras são o Nordeste e o Su- áreas privadas e criação de Florestas Estaduais
deste (27% cada). (Flotas) e Nacionais (Flonas) nas terras devolutas
A atividade madeireira foi rentável, com e ou ilegalmente ocupadas (griladas). A recém
a receita líquida oscilando entre 10% a 26%, aprovada Lei Florestal do Estado do Pará oferece
excluindo-se os custos de capital e os gastos com oportunidades para o desenvolvimento de um
legalização. Em 1998, a renda bruta do setor setor madeireiro responsável. Para isso, é
madeireiro foi expressiva, atingindo US$ 1,026 importante a criação de uma instituição estadual
bilhão. Nesse mesmo ano, foram gerados na (Agência Estadual de Floresta ou Secretaria
extração, no transporte e no processamento um Executiva), a qual seria responsável pela
total de 54,6 mil empregos diretos. modernização e legalização do setor
No Pará, como no resto da Amazônia, a madeireiro. Por último, é importante reconhecer
exploração madeireira é largamente feita de o papel do Governo Federal, cuja função é
forma predatória, causando impactos severos ao assegurar a integridade do patrimônio florestal
ecossistema florestal. Nos últimos anos, porém, e evitar a competição regulatória entre as regiões
o manejo florestal teve um crescimento madeireiras.
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Pólos Madeireiros do Pará
INTRODUÇÃO
15
Veríssimo et al.
OBJETIVOS
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Pólos Madeireiros do Pará
CARACTERIZAÇÃO
GEOECONÔMICA DO PARÁ
Figura 1.
Principais cidades
e áreas protegidas
do Pará, 1999
(ISA 1999, IBGE 1997).
17
Veríssimo et al.
Figura 2.
Cobertura vegetal
do Pará, 1997 (IBGE 1997).
18
Pólos Madeireiros do Pará
Figura 3.
Alcance econômico da
atividade madeireira no Pará
(Souza Jr. et al. 2000).
1
A calha do rio Amazonas e afluentes é favorável à navegação e ao transporte de madeira. Entretanto, os rios que fluem do
planalto central (Tapajós, Xingu e Tocantins) e do Escudo das Guianas (Paru do Oeste e Paru do Leste, Trombetas, Curuá e
Jari) possuem diversos trechos não-navegáveis (ver Anexo II).
19
Veríssimo et al.
Tabela 3. Alcance econômico das áreas florestais do Pará (Souza Jr. et al. 2000).
As chuvas são abundantes no Pará, com Em geral, as condições de solo são mais
a precipitação anual variando de 1.500 mm, adequadas à atividade florestal do que à
no sul do Estado, a 3.500 mm - 4.000 mm, no agropecuária. A maioria (75%) dos solos do Pará
estuário do rio Amazonas (IBGE 1991). A são Oxisols e Ultisols, possuindo alta acidez e
precipitação elevada e o alto teor de umidade baixa fertilidade natural. Solos férteis e bem
criam condições favoráveis para a existência de drenados, como Afisols e Inceptisols são raros
florestas no Estado. e ocorrem em apenas 6% do Estado.
20
Pólos Madeireiros do Pará
MÉTODOS
2
Outros equipamentos de processamento utilizados em microempresas de florestas de terra firme eram serras induspan e
engenhos horizontais.
21
Pólos Madeireiros do Pará
RESULTADOS
23
Veríssimo et al.
Figura 4.
Pólos e zonas
madeireiras
do Pará, 1998.
O oeste do Estado, a mais nova fronteira alto valor - como é o caso do mogno. Os pólos
madeireira do Pará, tem a maior parte de sua madeireiros integrantes dessa zona são Novo
extensão coberta por florestas abertas e, em Progresso e Itaituba (Figura 4).
menor proporção, bosques densos de terra Na zona norte do Pará (margem esquerda
firme. As madeireiras começaram a operar na do Amazonas), o relevo acidentado (escudo das
década de 90. As causas para a expansão da Guianas), a quase inexistência de estradas e a
atividade madeireira nessa região incluem a grande extensão de rios não-navegáveis são
expectativa de asfaltamento da rodovia Cuiabá- fatores limitantes para a atividade madeireira.
Santarém, a oferta abundante de madeira em Por essa razão, a exploração madeireira é
terras devolutas e a existência de espécies de praticamente inexistente nessa região (Figura 4).
24
Pólos Madeireiros do Pará
Fábricas de Serrarias
Serrarias Laminadoras Compensados Subtotal Circulares1 TOTAL
Zona Central 55 5 2 62 17 79
Altamira 2 25 1 - 26 11 37
Santarém 23 4 2 29 4 33
Uruará 3 7 - - 7 2 9
Zona Oeste 34 1 - 35 6 41
Itaituba 13 16 - - 16 6 22
Novo Progresso 18 1 - 19 - 19
Zona Sul 55 6 2 63 2 65
Itupiranga 11 1 - 12 1 13
Marabá 19 2 1 22 - 22
Redenção/São Felix14 25 3 1 29 1 30
25
Veríssimo et al.
Zonas
Madeireiras Porte das Empresas Madeireiras 1
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Pólos Madeireiros do Pará
Na nova fronteira madeireira, oeste do do Estado. De fato, na região central, 50% das
Estado, as empresas foram instaladas na década madeireiras foram implantadas na década de 90,
de 90. No leste, uma das fronteiras mais antigas, 36% nos anos 80 e apenas 14% na década de
a maioria (53%) das indústrias foi instalada na 70. No estuário, excluindo as serrarias circulares,
década de 90, enquanto 39% foram estabelecidas temos que a maioria (60%) iniciou suas
na década de 80 e o restante nos anos 70. Uma atividades na década de 80 (Tabela 6).
situação similar ocorre nas zonas sul e central
27
Veríssimo et al.
28
Pólos Madeireiros do Pará
anualmente cerca de 2,3 milhões de metros de metros cúbicos de madeira em tora. Outro
cúbicos em tora. Nesse pólo, o setor madeireiro pólo madeireiro importante é Tomé-Açu, cujo
gerou uma renda bruta de aproximadamente US$ consumo de madeira em tora foi 0,75 milhão
163 milhões (16% do Estado). A maioria (87%) da de metros cúbicos. Por outro lado, Uruará
produção foi madeira serrada. (centro) e Novo Repartimento (leste) são os
Os pólos madeireiros de Tailândia e menores pólos madeireiros, cujos consumos
Jacundá, localizados ao longo da rodovia PA anuais em tora são aproximadamente 0,1
150, consumiram conjuntamente 1,6 milhão milhão de metros cúbicos (Tabelas 8 e 9).
1
Assumindo rendimento da produção de madeira serrada de 36%, enquanto para os laminados e compensados, em
torno de 40% (Gerwing & Uhl 1997). No caso da madeira beneficiada assumimos que 50% foi or iunda de
reaproveitamento; enquanto o restante (50%) teve um rendimento médio de 36% - equivalente à madeira serrada (ver
Anexo IV).
2
Utilizamos, nestes cálculos, o volume geométrico e não o Francon, o qual é mais comum nas áreas de extração
madeireira. O volume Francon equivale a 77% do volume geométrico.
29
Veríssimo et al.
1
Consideramos neste cálculo os preços médios de madeira serrada, compensados e laminados (mercado nacional) em
cada zona madeireira do Estado. Para o mercado de exportação, consideramos apenas o preço de madeira serrada e
beneficiada. Finalmente, assumimos o preço da madeira beneficiada como sendo o dobro da serrada. Todos estes preços
médios foram obtidos de acordo com a composição média da produção madeireira por zona (ver Anexo IV).
2
Utilizamos os seguintes preços médios (US$/m 3 ): (i) madeira laminada (US$ 213); (ii) compensado (US$ 332); (iii)
madeira beneficiada no estuário – mercado nacional (US$ 267) ; (iv) madeira beneficiada no centro, leste, sul e oeste –
mercado nacional (US$ 333 a US$ 367); (v) madeira beneficiada para exportação (entre US$ 650 a US$ 730); (vi)
madeira serrada no estuário – mercado nacional (US$ 133), (vii) madeira serrada no centro, leste, oeste e sul - mercado
nacional (entre US$ 167 e US$ 184); (viii) madeira serrada para exportação (US$ 325 a US$ 366).
30
Pólos Madeireiros do Pará
Tabela 10. Consumo de madeira em tora pelo tipo e pelo porte das empresas, 1998.
1
Média entre as serrarias circulares localizadas em florestas de várzea e terra firme.
2
Consumo anual inferior a 4 mil metros cúbicos de madeira em tora.
3
Consumo anual igual ou superior a 4 mil e inferior a 10 mil metros cúbicos de madeira em tora.
4
Consumo anual igual ou superior a 10 mil e inferior a 20 mil metros cúbicos de madeira em tora.
5
Consumo anual superior a 20 mil metros cúbicos de madeira em tora.
31
Veríssimo et al.
Figura 5.
Serrarias circulares
no estuário, 1998.
32
Pólos Madeireiros do Pará
49%
% das Serrarias
29%
22%
Figura 6.
Período de instalação das
serrarias circulares no
1981 - 90 1991 - 95 Após 1996 estuário, 1998.
33
Veríssimo et al.
22%
% da Madeira Explorada
44% Exploração
49% 46% 43%
feita por
62% Terceiros
Exploração
feita pela
Empresa
Figura 7.
57%
Matéria-prima
51% 54% (%) explorada por
empresas
madeireiras e por
terceiros, 19981.
Central Estuarina Leste Oeste Sul Média Geral
1
Inclui as serrarias circulares do estuário do Pará.
A maioria (45%) das empresas dependia fornecida por terceiros representavam entre
totalmente de madeira oriunda de extratores 42% e 50% das madeireiras no centro, estuário
autônomos, enquanto as empresas vertica- e leste do Estado. A oferta de madeira oriunda
lizadas (isto é, responsáveis pela exploração e de terceiros é maior no sul do Estado (68%).
processamento) somaram 32%. Por último, No oeste, apenas 14% das empresas madeireiras
cerca de 23% das empresas possuíam estratégia eram totalmente dependentes de matéria-prima
mista, adquirindo parte da madeira de terceiros oriunda de terceiros (Tabela 12).
e, ao mesmo tempo, realizando também
exploração com equipe própria (Tabela 12).
As empresas verticalizadas representavam Equipamentos de Exploração Florestal
33% no centro, 30% estuário e 35% no leste.
No oeste, a maioria (57%) das empresas era A maior parte (43%) da madeira cortada
verticalizadas. Por outro lado, no sul do Estado nas florestas do Pará é arrastada por tratores de
apenas 14% eram verticalizadas. esteiras. Esses tratores, utilizados na construção
As empresas que dependem de madeira de ramais, estradas e pátios de exploração, são
34
Pólos Madeireiros do Pará
máquinas inadequadas para a operação de responde por 29% do volume total de madeira
arraste, pois provocam compactação do solo e arrastado (Tabela 13).
maiores danos às árvores remanescentes. O uso O arraste conhecido como catraca, no
de tratores florestais (skidder) , v e í c u l o qual as árvores são embarcadas nos caminhões
recomendado para operações florestais, com auxílio de cabos de aço, é responsável por
35
Veríssimo et al.
12% do volume total de madeira do Estado. do leste (30%), zonas onde a exploração é mais
Outras maneiras de arraste de toras incluem o intensiva e as empresas são mais capitalizadas.
uso de tratores agrícolas (7%); arraste aquático No centro do Estado a maior parte da madeira
em florestas submersas, como é o caso do lago em tora é arrastada através de catraca (65%).
de Tucuruí (4%); e arraste manual (5%) na região No estuário, 39% da madeira é explorada nos
estuarina, onde o transporte é feito por jangadas sistema manual e 31%, através de catraca.
até as serrarias (Tabela 13). Finalmente, no oeste, 49% do volume de
O uso de skidder é mais comum no sul madeira é arrastado por tratores de esteira
do Pará (91% do volume explorado), seguido (Tabela 13).
36
Pólos Madeireiros do Pará
Tamanho das propriedades. Aproxima- ciparam com apenas 12%, incluindo as áreas
damente 5,1 milhões de metros cúbicos de públicas (Tabela 15).
madeira em tora (45%) foram provenientes de No centro do Estado, a maioria da madeira
grandes propriedades (maiores que 5 mil (61%) foi extraída de pequenas propriedades,
hectares), incluindo as áreas públicas. As enquanto 19% foi originada de terrenos de porte
florestas pertencentes a pequenos produtores médio. Os 20% restantes foram extraídos de
(menores de 500 hectares) forneceram 3,6 grandes propriedades florestais (Tabela 15).
milhões de metros cúbicos em tora (32%), No leste, a maioria (56%) da madeira
enquanto as médias propriedades (entre 500 extraída foi oriunda de grandes propriedades,
hectares e 5 mil hectares) foram responsáveis incluindo as áreas públicas, enquanto os
por 2,6 milhões de metros cúbicos em tora estabelecimentos rurais de porte médio
(23%) (Tabela 15). participaram com 20% e as pequenas proprie-
No estuário, a maioria (62%) da madeira dades foram responsáveis por 24% (Tabela 15).
foi originada de áreas de pequenas proprie- No oeste, as médias propriedades têm
dades, enquanto 26% foi oriunda de terrenos uma participação maior (55%) no suprimento
de tamanho médio e os grandes lotes parti- de madeira, enquanto as pequenas contribuem
37
Veríssimo et al.
com 34%. Os 11% restantes são oriundos de De acordo com os dados do Censo
grandes propriedades florestais (Tabela 15). Agropecuário (IBGE 1996), a grande maioria
Finalmente, no sul do Estado, há o maior (97%) das propriedades rurais do Estado possui
percentual de matéria-prima originada de área inferior a 500 hectares. Por outro lado, os
grandes propriedades (52%). Por outro lado, 2% de propriedades maiores do que 500
25% da madeira provem de médias hectares ocupam quase 60% das terras agrícolas
propriedades, e os 23% restantes são extraídos do Estado (ver Anexo VII). É de se esperar,
de pequenas propriedades (Tabela 15). É portanto, que as grandes propriedades tenham
interessante observar que o sul é justamente a maior participação na exploração florestal no
região onde há as menores proporções de Estado do Pará.
empresas verticalizadas (Figura 7, Tabela 12).
Tabela 15. Volume de madeira extraído por tamanho de propriedade florestal, 1998.
Zonas
Madeireiras Tamanho das Propriedades (em milhares de m 3 e % do total explorado)
Total Estadual 3.557 (32%) 2.609 (23%) 4.088 (36%) 1.026 (9%) 11.280
1
Propriedades privadas com área inferior a 500 hectares.
2
Propriedades privadas com área entre 500 e 5 mil hectares.
3
Propriedades privadas com área superior a 5 mil hectares.
4
Inclui terras protegidas e devolutas.
38
Pólos Madeireiros do Pará
Figura 8.
Áreas com potencial para
Florestas Nacionais no Pará
(Adaptado de
Veríssimo et al. 2000).
39
Veríssimo et al.
Tabela 16. Custo médio de transporte e composição média do trajeto das florestas às indústrias, 1998.
40
Pólos Madeireiros do Pará
27%
24%
% da Produção
16%
11%
9%
7% 6% Figura 9.
Mercado da madeira
processada no
Estado do Pará, 1998.
Sul São Paulo Sudeste - Nordeste Pará Exterior Centro
exclui SP Oeste
77%
% da Produção
Figura 10.
19% Mercado da madeira
4% processada no
estuário, 1998.
Pará Exterior Outros
42%
% da Produção
19%
11% 11% Figura 11.
7% 7%
3% Mercado da madeira
processada no leste do
Sul São Paulo Sudeste - Nordeste Pará Exterior Outros Pará, 1998.
exclui SP
41
Veríssimo et al.
O Pará exportou cerca de US$ 255 segundo maior exportador de madeira do País
milhões em madeira processada em 1998, US$ (o primeiro é o Paraná). Na pauta de exportações
278 milhões em 1999 e US$ 309 milhões em do Estado, a madeira perde apenas para os
2000 (Aimex 2002) (Tabela 17). O Pará é o produtos minerais.
Tabela 17. Valor das exportações de madeira do Pará, 1998 e 2000 (Aimex 2002).
42
Pólos Madeireiros do Pará
Central 9 5 3
Estuário5 6 3 3
Leste e Sul 12 5 3
Oeste 9 5 3
1
Câmbio: dólar em abril de 2001 igual a R$ 2,19. Preços corrigidos pelo índice de preços por atacado – disponibilidade
interna e convertidos para US$ (ver Anexo IV).
2
Madeiras de alto valor são as espécies que possuem preços médios da madeira serrada maiores que US$ 200/m 3 (ver
Anexo IV).
3
Madeiras de médio valor são as espécies que possuem preços médios da madeira serrada entre US$ 100/m 3 e US$ 200/m 3.
4
Madeiras de baixo valor são as espécies que possuem preços médios da madeira serrada menores que US$ 100/m 3 .
5
Excluímos deste cálculo as serrarias circulares da região estuarina.
43
Veríssimo et al.
oeste, onde a maioria da madeira provém de várzea no mercado. Segundo, o menor custo
florestas próximas das serrarias, os preços de unitário de transporte em função do uso de
madeira em tora foram menores: US$ 37/m3 balsas e jangadas (transporte fluvial). Dessa
(espécies de alto valor), US$ 22/m3 (médio) e maneira, as espécies de alto valor possuíam
US$ 20/m3 (baixo). preço de US$ 27/m 3 ; enquanto o preço da
No estuário, dois fatores atuam para madeira de médio valor foi apenas US$ 18/m 3;
reduzir o valor da madeira em tora. Primeiro, e, finalmente, as espécies de baixo valor tiveram
um preço relativamente baixo da madeira de preço médio de US$ 17/m3 (Tabela 19).
Central 42 23 21
Estuário5 27 18 17
Leste e Sul 63 29 21
Oeste 37 22 20
1
Câmbio: dólar em abril de 2001 igual a R$2,19. Preços corrigidos pelo índice de preços por atacado – disponibilidade
interna e convertidos para US$ (ver Anexo IV).
2
Madeiras de alto valor possuem preços médios da madeira serrada maiores que US$ 200/m 3 (ver Anexo IV).
3
Madeiras de médio valor possuem preços médios da madeira serrada entre US$ 100/m 3 e US$ 200/m 3 .
4
Madeiras de baixo valor são as espécies que possuem preços médios da madeira serrada menores que US$ 100/m 3 .
5
Excluímos deste cálculo os preços praticados pelas serrarias circulares (ver Anexo IV).
44
Pólos Madeireiros do Pará
menores para as espécies de alto valor: US$ Para as espécies de médio e baixo valor, os
214/m 3 no centro, US$ 206/m3 no oeste, US$ valores foram maiores em 1998, com uma
227/m3 no leste e sul e US$ 216/m3 no estuário. pequena redução em 2001 (Tabela 21).
Tabela 20. Preços corrigidos (US$) de madeira em tora das principais espécies exploradas, 1998.
45
Veríssimo et al.
Tabela 22. Preços corrigidos (US$) de madeira serrada das principais espécies exploradas, 1998.
46
Pólos Madeireiros do Pará
Madeira em Pé5 14 6 97 17 8 17 9
Exploração 25 29 31 25
Transporte10 47 19 29 34
Processamento 11 33 33 33 33
47
Pólos Madeireiros do Pará
DISCUSSÃO
Boom-Colapso Madeireiro
100
80
Figura 12.
60
Empresas
40 instaladas em
20 Novo Progresso e
Paragominas
0
entre 1990 e
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002
2001.
Ano
49
Veríssimo et al.
1.5
Figura 13.
1.0
Consumo anual de
madeira em Novo
0.5
Progresso e
0.0 Paragominas entre
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 1990 e 2001.
Ano
CONCLUSÃO
50
Pólos Madeireiros do Pará
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53
ANEXOS
Pólos Madeireiros do Pará
57
Veríssimo et al.
58
Pólos Madeireiros do Pará
Figura 14.
Rodovias e rios do Pará
(Imazon 1999).
59
Veríssimo et al.
Central 28 1 - 29 6 35
Estuarina 26 1 2 29 49 78
Oeste 13 1 não há 14 1 15
Sul 21 4 1 26 1 27
Total
Estadual 251 20 16 287 57 344
1
Incluem empresas equipadas com serras circulares, induspan e engenhos horizontais.
Zonas
Madeireiras Serrarias Laminadoras Fábricas de Intensidade Serrarias
Compensados Amostral Circulares
60
Pólos Madeireiros do Pará
1
Neste caso, não temos o rendimento de conversão da madeira em tora em madeira beneficiada, assumindo o mesmo
rendimento da madeira serrada (Gerwing et al . 1997)
2
Escolhemos o índice de preços por atacado por representar o valor que a madeira deveria possuir caso acompanhasse as
tendências gerais do mercado. Dessa forma, foi possível comparar os preços de madeira serrada de 1998 com os valores de
2001 e avaliar se houve, proporcionalmente, uma queda dos preços.
61
Veríssimo et al.
determinar os limites inferiores e superiores baixos. A análise destes dados foi realizada
das classes de valor. A diferença entre o limite separadamente.
superior e inferior de classes consecutivas (i.e., Utilizando os valores de madeira serrada
baixo e médio valor, médio e alto valor) foi para as espécies madeireiras indicadoras,
dividida igualmente entre essas classes. obtivemos três classes de valor madeireiro.
Excluímos os preços de madeira das serrarias Dessa forma, consideramos como madeira de
circulares da região estuarina3 por serem muito baixo valor as espécies que obtiveram preço
Tabela 26. Espécies utilizadas nas classes de valor do Pará, 1998 e 2001.
Classe de
Valor 1 Nome Popular/Científico
Médio Angelim-vermelho (Dinizia excelsa); Cumaru (Dipteryx odorata); Jatobá (Hymenaea courbaril)
Alto Cedro (Cedrela odorata); Ipê Amarelo (Tabebuia sp.); Freijó (Cordia sp.)
1
Não incluímos o mogno (Swietenia macrophylla K.), espécie de valor muito alto, porque representa menos de 2% do
volume extraído do Pará.
médio da madeira serrada inferior a US$ 100/ Modelos Estatísticos. Utilizamos regres-
m 3 . As madeiras de médio valor estavam são linear para estimar o preço de madeira em
situadas entre US$ 100/m 3 e US$ 200/m 3 ; tora a partir do preço de madeira serrada, os
enquanto as espécies de alto valor possuíam quais foram obtidos em 12 pólos madeireiros
preços acima de US$ 200/m 3 (Tabela 27). em 2001; e em todos os pólos madeireiros em
Classe de Valor Madeireiro Preço Médio Serrado (US$/m 3), em 19981 e 2001
3
As peças produzidas (3 m a 4 m de comprimento e 15 cm a 25 cm de largura) são vendidas em dúzias, cujo preço médio
freqüentemente não ultrapassava R$ 100/m 3 em 2001.
62
Pólos Madeireiros do Pará
Tabela 28. Composição da produção de madeira serrada nas zonas madeireiras do Pará, 1998.
4
Diferentes produtos são gerados no processamento secundário realizado por algumas empresas madeireiras, como rodapés,
forros, portas, janelas, lambris, etc. Seus preços podem oscilar significativamente, entre duas e quatro vezes o preço da
madeira serrada.
63
Veríssimo et al.
ANEXO V - PORTE DAS EM- A grande maioria das empresas de porte micro
(94%) está localizada nos pólos da zona estuarina.
PRESAS MADEIREIRAS O leste concentra a maior parte (69%) das
empresas cujo consumo de madeira é superior a
Na Tabela 29 apresentamos o porte das 4 mil metros cúbicos anuais (i.e., empresas de
empresas por pólo processador do Estado do Pará. pequeno, médio e grande porte).
Tabela 29. Porte das empresas nos pólos madeireiros do Pará, 1998.
Zona Central 18 39 13 9 79
Altamira 13 16 6 2 37
Santarém 4 22 1 6 33
Uruará 1 1 6 1 9
Zona Oeste 6 8 21 6 41
Itaituba 6 5 11 - 22
Novo Progresso - 3 10 6 19
Zona Sul 2 15 29 19 65
Itupiranga 1 4 4 4 13
Marabá - 4 11 7 22
Redenção/São Felix 1 7 14 8 30
64
Pólos Madeireiros do Pará
65
Veríssimo et al.
Tabela 31. Distribuição das propriedades rurais por classes de área, 1995-1996 (IBGE 1996).
66
Pólos Madeireiros do Pará
67
Veríssimo et al.
como Paragominas (Tabela 33), Tailândia de 1998 foram corrigidos tomando como base
(Tabela 34) e Tomé-Açu (Tabela 35). Os preços o índice de preços por atacado.
1
Inclui os municípios de Ipixuna do Pará, Mãe do Rio e Ulianópolis.
2
Valor médio do dólar, em abril de 2001, igual a R$ 2,19/US$.
3
Preços corrigidos tomando como base o índice de preços por atacado – disponibilidade interna – e convertidos para
US$.
68
Pólos Madeireiros do Pará
1
Inclui os municípios de Acará e Concórdia do Pará.
2
Câmbio: dólar em abril de 2001 igual a R$ 2,19.
3
Constituem preços corrigidos tomando como base o índice de preços por atacado – disponibilidade interna -
e convertidos para US$.
4
Valores estimados através de regressão linear (ver Anexo X).
69
Veríssimo et al.
Produção, 1998 e
ul
iS
al
xc es
or
st
Pa
du
s
Zonas (em milhares
de
ri
(e ud
ro
te
ta
o
ut
or
S
l
Madeireiras de m3)
Su
Sã
Ex
Es
O
N
11%
% da Produção
8% 7%
5% 5% 5%
4% 4%
Figura 15.
Mercado nacional da
produção madeireira do
SP RJ MG PR BA PE GO CE Estado do Pará, 1998.
70
Pólos Madeireiros do Pará
71
Veríssimo et al.
70 Central Estuarina
60 Leste/Sul Oeste
Preço Serrado (US$/ m3)
50
40
30
20
Figura 16.
10 Relação entre o
preço de madeira
0 em tora e serrada,
70 110 150 190 230 1998 e 2001.
Preço em Tora (US$/m3)
25
Central Estuarina
Leste/Sul Oeste
20
Preço Serrado (US$/ m3)
15
10
Figura 17.
5 Relação entre o
preço de madeira
em pé e serrada,
0 1998 e 2001.
70 110 150 190 230
3
Preço em Pé (US$/m )
72
Este Livro foi produzido em setembro de 2002
Foi utilizado papel Duodesgn 300 g/m2 na capa e papel couche fosco 120 g/m2 no miolo
Fontes utilizadas Times - CG Omega - Tahoma - Book Antiqua
Impressão e acabamento: Alves Gráfica e Editora
Tiragem: 2.000 exemplares