12 2011 ElisangelaPariz PDF
12 2011 ElisangelaPariz PDF
12 2011 ElisangelaPariz PDF
volume 6, 2011 12
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Instituto de Ciências Biológicas
Instituto de Física
Instituto de Química
Faculdade UnB Planaltina
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências
Mestrado Profissional em Ensino de Ciências
MÓDULO DIDÁTICO
Elisangela Pariz
Brasília, DF
2011
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
DESCRIÇÃO RESUMIDA DO MÓDULO DIDÁTICO 7
UNIDADE 1 - A CIÊNCIA QUÍMICA E OS MATERIAIS 13
Questões problematizadoras (QP1 e QP2) 14
UNIDADE 2 - CARACTERIZANDO MATERIAIS E SUBSTÂNCIAS 17
Por que alguns materiais conduzem eletricidade e outros não? 17
Caracterizando materiais e substâncias 22
Investigando a estrutura das substâncias 26
Estudo dirigido 1 (ED1) 27
UNIDADE 3 - COMO SE LIGAM OS ÁTOMOS E AS MOLÉCULA 31
O que acontece se utilizarmos um martelo para moldar diferentes sólidos? 31
Estudo dirigido 2 (ED2) 38
UNIDADE 4 - METAIS E SUAS PROPRIEDADES 40
Metais – De onde vêm? Para onde vão? 40
Livro paradidático - Minerais, minérios, metais: De onde vêm? Para onde vão? 41
Estudo dirigido 3 (ED3) – Livro paradidático 43
Por que na construção de pontes, edifícios e estradas de ferro utiliza-se “folgas”,
45
chamadas de juntas?
Combustão de uma fita de magnésio 50
Corrosão de metais: uma oxidação indesejada 51
Como proteger os cascos de navios contra a corrosão? 53
Vídeo educativo “Ferrugem” 54
Estudo dirigido 3 (ED3) – Vídeo educativo 58
Metais – Produzindo energia 59
Como é possível fazer um relógio funcionar com água da torneira? 59
Como funciona um motor elétrico? 66
CONSIDAÇÕES FINAIS 74
REFERÊNCIAS 75
APÊNDICE 78
1. Ligação metálica 79
ANEXO 88
1. Investigando a estrutura das substâncias 89
INTRODUÇÃO
Para a estruturação dessas unidades, que juntas formam o módulo didático, foram
ordenadas e articuladas diferentes atividades didáticas. Praticamente em todas as atividades
são contemplados conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Os conteúdos químicos
contemplados neste módulo tratam sobre: a matéria e os materiais; as substâncias iônica,
molecular, covalente e metálica; as ligações iônica, covalente e metálica; os metais e as
propriedades dos materiais metálicos.
Para abordar tais conteúdos diversas estratégias e recursos didáticos foram utilizadas
de acordo com as necessidades educacionais pretendidas, como: questões problematizadoras;
atividades experimentais demonstrativas-investigativas; livro didático; livro paradidático e
vídeo educativo.
DESCRIÇÃO RESUMIDA DO MÓDULO DIDÁTICO
ATIVIDADES EXPERIMENTAIS PARA AULAS DE LIGAÇÕES COVALENTES, IÔNICAS E METÁLICAS
Unidade Tempo
Conteúdo Objetivos Metodologia
didática previsto
7
Unidade Tempo
Conteúdo Objetivos Metodologia
didática previsto
8
Unidade Tempo
Conteúdo Objetivos Metodologia
didática previsto
9
Unidade Tempo
Conteúdo Objetivos Metodologia
didática previsto
10
Unidade Tempo
Conteúdo Objetivos Metodologia
didática previsto
11
Unidade Tempo
Conteúdo Objetivos Metodologia
didática previsto
12
13
Esta unidade tem por objetivo discutir o papel da Química e sua importância para o
desenvolvimento científico, tecnológico e social, articulado a aspectos ambientais.
A proposição desta atividade se justifica quando nos deparamos com uma lista enorme
de diferentes materiais indispensáveis a vida contemporânea. Partimos da abordagem de
aspectos macroscópicos para a compreensão dos aspectos microscópicos em atividades
posteriores. Nessa perspectiva, o conhecimento sobre as substâncias, os constituintes das
substâncias e como estes interagem pode ajudar o aluno a compreender mais facilmente o que
observa no seu cotidiano.
macroscópicas desses objetos (materiais e/ou substâncias) e sobre como essas características
estão relacionadas com a estrutura interna dos mesmos.
Uma estratégia interessante para motivar os alunos a discutir sobre o assunto e revelar
suas concepções espontâneas é o uso de questões problematizadoras. Estas questões podem
estar organizadas em uma folha, com espaço para os alunos apresentarem suas respostas, a ser
distribuída para cada grupo de estudantes. A tarefa de cada grupo compreende a leitura, a
reflexão, a discussão e a elaboração das respostas para cada uma das questões
problematizadoras.
Professor!
Abaixo, segue sugestão de material para ser
Questões problematizadoras devem ser
distribuído entre os grupos de alunos. desafiadoras e provocar inquietação nos
alunos, motivando-os na busca de soluções.
QP1: Você já deve ter observado a grande quantidade de objetos e materiais ao nosso
redor. Agora, observe os seguintes objetos (materiais e/ou substâncias): água destilada,
água da torneira, álcool, água sanitária, sal de cozinha/sal grosso, açúcar, gesso,
bicarbonato de sódio, vela, borracha escolar, colher de plástico, colher de metal, colher
de madeira. Apresente uma sugestão de como podemos classificar esses objetos e/ou
materiais de acordo com suas similaridades, diferenças ou utilidade. Justifique sua
resposta.
QP1 - Resposta
QP2: De acordo com a classificação proposta para a QP1, estabeleça relações entre o uso
desses objetos (materiais e/ou substâncias), suas propriedades e o tipo de matéria que
cada um é constituído. Justifique sua resposta.
QP2 - Resposta
15
aplicações dos diversos objetos (materiais e/ou substâncias) com os quais convivemos em
nosso dia-a-dia.
Professor!
Na unidade didática seguinte, após a abordagem dos conceitos científicos sobre matéria,
substância e propriedades específicas dessas, as questões QP1 e QP2 podem ser novamente
utilizadas para retomada da discussão inicial.
17
ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Você poderá saber o passo a passo para a construção do condutivímetro assistindo ao vídeo intitulado
Testador de condutividade (FANTINI, L.), disponível em: http://pontociencia.org.br/experimentosi-
nterna.php?experimento=213&TESTADOR+DE+CONDUTIVIDADE
Roteiro experimental
Material
Procedimento
1. O professor apresentará o aparato para testar a condutividade dos materiais (ver figura) e
descreverá o procedimento para sua montagem e funcionamento.
3. Será repetido o procedimento para cada um dos objetos (materiais e/ou substâncias)
apresentados na tabela abaixo, sendo necessário limpar os eletrodos a cada novo teste.
Água da torneira
Plástico
Madeira
Borracha
Parafina (vela)
Resultados obtidos
À medida que cada um dos diferentes materiais e substâncias for submetido ao teste de
condutividade elétrica, com o aparato construído para esse experimento, os grupos devem
preencher a tabela informando o que foi observado, ou
Professor!
seja, se os objetos conduzem ou não corrente elétrica.
Com relação à experimentação
Além de classificá-los como “Condutor” ou “Isolante” de demostrativa-investigativa,
podemos considerar a mesma como
acordo com o fenômeno observado. facilitadora do processo ensino-
aprendizagem, por seguir uma
As tabelas podem ser usadas como consulta no hierarquia, indo de uma abordagem
macroscópica do conteúdo para
decorrer da execução da atividade didática, pois resumem uma interpretação microscópica.
Isso nos possibilita dimensionar o
os resultados obtidos no experimento e discutidos em quanto à articulação entre
experimento e teoria pode diminuir
sala. Uma opção é preencher as tabelas juntamente com as dificuldades e o tempo de
compreensão dos conceitos.
os alunos, de modo a confirmar as observações
macroscópicas feitas durante a prática.
Dos resultados obtidos, destacamos aqueles que, motivam maior discussão pelos
grupos:
o fato do sal de cozinha em solução aquosa conduzir a corrente elétrica enquanto
que uma solução com açúcar não conduz, apesar da semelhança macroscópica;
o fato de a água da torneira, diferentemente da água destilada, ter conduzido a
corrente elétrica e acendido o diodo emissor de luz (LED) no condutivímetro;
a maior intensidade da corrente elétrica gerada pelos diferentes metais em relação
aos demais materiais testados, observada pela luminosidade do LED.
22
Olhe ao seu redor. A caneta que você usa para escrever é de metal ou de
plástico. De onde vêm o papel em que escrevemos e a tinta que é transferida para o
papel? A matéria prima de todos os objetos que utilizamos se origina da natureza. Para
produzir esses objetos, transformamos os materiais extraídos. Para isso, usamos vários
processos, alguns dos quais conhecemos desde a Antiguidade.
Da mesma forma as águas dos rios, lagos, mares são exemplos do material
água. Na natureza, o material água contem a substância água, alguns sais dissolvidos
(tais como cloreto de sódio, carbonato de magnésio, carbonato de cálcio etc.), e alguns
gases dissolvidos (oxigênio, dióxido de carbono, nitrogênio etc.).
Matéria
apresenta-se sob a forma de
Você compra um objeto de prata e paga por ele o valor da prata. Como você
pode ter certeza de que não foi enganado? Como saber se o objeto que você comprou é
mesmo 100% prata? Com certeza por meio de suas características, ou seja, de
propriedades específicas da prata.
Propriedades Organolépticas
a) cor: a matéria pode ser colorida ou incolor. Esta propriedade é percebida pela visão;
b) brilho: a capacidade de uma substância de refletir luz é a que determina o seu brilho.
Percebemos o brilho também pela visão;
c) gosto: uma substância pode ser insípida (sem sabor) ou sápida (com sabor). Esta
propriedade é percebida pelo paladar;
d) odor: a matéria pode ser inodora (sem cheiro) ou odorífera (com cheiro). Esta propriedade
é percebida pelo olfato.
Propriedades Químicas
b) oxidação: uma barra de ferro oxida; muitas frutas oxidam, ficando escuras. O aço
inoxidável, como o próprio nome indica, nunca oxida (ou não enferruja);
c) explosão: alguns gases, como o hidrogênio, explodem facilmente; outros, como o gás
nitrogênio, não;
e) efervescência: certas substâncias produzem gases quando em contato com uma solução
aquosa. Alguns medicamentos são efervescentes, outros não.
Propriedades Físicas
Este texto pode ser distribuído aos alunos para que realizem a leitura e a discussão dos
conceitos químicos apresentados, principalmente com relação às formas de apresentação da
matéria. Durante o desenvolvimento dessa atividade, cabe ao professor orientar a leitura e
conduzir as discussões em busca de uma síntese conclusiva, em que a partir dos conceitos
definidos e diante dos resultados obtidos no experimento, os alunos possam classificar os
objetos em materiais ou substâncias.
Os resultados obtidos no experimento da condutividade elétrica e os conceitos
definidos no primeiro texto permitem aos alunos classificar os diferentes objetos em materiais
ou substâncias, de acordo com a capacidade de conduzir ou não a corrente elétrica.
A partir da compreensão dos alunos sobre esses conceitos, estruturamos um segundo
texto de apoio ao aluno, intitulado “Investigando a estrutura das substâncias” (ver Anexo 1),
que propõe a classificação das substâncias em metálicas, moleculares e iônicas. Este texto
ressalta, de forma didática, o modelo microscópico das substâncias, ou seja, o modelo
representacional de cada substância explicando a capacidade destas conduzirem corrente
elétrica sem, inicialmente, envolver conceitos de ligação química ou de distribuição
eletrônica, mas usando o conceito de íons e elétrons de valência.
27
Este material foi estruturado a partir do texto retirado de um livro didático 1 de química
para o Ensino Médio, previamente selecionado, avaliado e aprovado por abordar de forma
apropriada e cientificamente aceita os modelos representacionais, que diferenciam os três
tipos de substâncias, ou seja, a substância iônica, a molecular e a metálica. Além de promover
a compreensão da diferença de condutividade elétrica por materiais e substâncias condutores e
isolantes.
Durante a aplicação do Módulo Didático, uma cópia do texto pode ser distribuída aos
estudantes, organizados em pequenos grupos, para que realizem a leitura e posterior
discussão, mediada pelo professor. A partir da leitura desse segundo texto, os alunos têm
possibilidade de relacionar a capacidade de conduzir corrente elétrica das substâncias com um
modelo microscópico da matéria e definir os tipos de substância em iônica, molecular e
metálica. Estes conceitos químicos quando articulados aos resultados obtidos com a
realização do experimento fornecem importantes subsídios para a discussão sobre materiais
condutores e isolantes e sobre a movimentação dos íons e dos elétrons, que diferenciam os
dois fenômenos.
Assim, os alunos serão capazes de compreender a classificação dos materiais e dos
objetos utilizados em três categorias: primeiro, os que conduzem corrente no estado sólido e
no líquido, como os metais; segundo, os que são isolantes no estado sólido e no líquido, como
as substâncias moleculares; e, por fim, aquelas que são isolantes no estado sólido e conduzem
eletricidade no estado líquido (em solução ou fundidas), como as substâncias iônicas.
Sugerimos que a avaliação para esta unidade didática ocorra mediante aplicação do
Estudo Dirigido (ED1), que tem por objetivo de analisar a compreensão dos conteúdos
abordados nas duas primeiras unidades do módulo didático.
O ED1 contempla três atividades (AT), sendo que na primeira delas denominada AT1
são propostas três questões abertas e fechadas para a consolidação dos conceitos abordados no
texto “Caracterizando materiais e substâncias”, além de uma questão mais ampla, na qual
buscamos extrapolar a discussão dos conceitos sobre matéria, material e substância, a uma
abordagem Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS) e Educação Ambiental (EA), relacionando a
temática Estação de Tratamento de Água aos conceitos científicos estudados, aproximando-os
a situações vivenciadas pelos alunos. Para isso, deve ser solicitado aos estudantes que
realizem uma pesquisa sobre o processo de tratamento de água (etapas do processo, produtos
1
BELTRAN, N. O.; LIEGEL, R. M. Química: ensino médio. v. 2. Brasília: CIB – Cisbrasil. 2008. p. 10-30.
28
utilizados, custos e benefícios). Essa questão pode ser discutida primeiramente pelos grupos e,
posteriormente, pode ser apresentada na forma de seminário.
A definição dos conceitos sobre matéria, substância e a propriedade da condutividade
elétrica possibilita que as questões problematizadoras (QP1 e QP2), abordadas na Unidade 1,
sejam retomadas como parte integrante do Estudo Dirigido (ED1), na atividade 2 (AT2).
Assim, neste segundo momento, os alunos têm a possibilidade de rediscutir essas questões e
reelaborar respostas mais completas e fundamentadas nos conceitos explorados em sala de
aula, além de estabelecer relações com outros conteúdos, que fazem parte do mesmo contexto,
para explicar as diferentes características e aplicações dos objetos, materiais e substâncias
com os quais convivemos em nosso dia-a-dia.
A Atividade 3 (AT3) do Estudo Dirigido (ED1) retomará os conceitos químicos
definidos no segundo texto de apoio ao aluno, de maneira a promover a aplicação desses
conceitos para a compreensão da propriedade da condutividade elétrica a partir dos resultados
do experimento “Por que alguns materiais conduzem eletricidade e outros não?”.
Vamos pensar?
a) Quando nos referimos aos materiais, muitas vezes pensamos na sua utilidade. Quando
queremos um isolante procuramos um determinado material, quando precisamos de
um condutor pensamos em outro, quando é necessário riscar algo pensamos em
substâncias mais duras e resistentes e assim poderíamos citar vários outros exemplos.
Por que um determinado material pode ter um uso e outro semelhante não serve para
o mesmo fim?
b) Em sua casa, um estudante encontrou sobre a mesa dois frascos contendo substâncias
incolores, aparentemente iguais. Como ele poderia identificar as substâncias? Ele
poderia utilizar as propriedades organolépticas?
c) A figura abaixo apresenta a água em diferentes aspectos: água de um lago, a água
potável e a água destilada. Complete as lacunas de acordo com os conceitos sobre
matéria, material e substância, estudados nesta aula.
29
Atividade Avaliativa
A água da CAESB que chega a sua casa é um material ou uma substância?
Justifique sua resposta investigando o processo realizado nas Estações de
Tratamento de Água (ETA). Investigue as etapas do processo, os produtos
utilizados para o tratamento da água, os custos desse tratamento e benefícios para
a população.
Vamos pensar?
1) Explique com suas palavras o que é corrente elétrica. Desenhe um modelo que a
represente.
2) Tente explicar o que é necessário para que a lâmpada do experimento acenda?
30
3) Você observou que o cloreto de sódio sólido e a água, quando estão separados, não
conduzem eletricidade. Por que quando são misturados conduzem corrente elétrica?
4) Sabendo que a matéria é constituída por espécies químicas que podem ser neutras ou ter
cargas elétricas, identifique quais materiais são constituídos por espécies neutras.
5) Certos materiais são capazes de conduzir eletricidade no estado sólido. INDIQUE qual é
a partícula presente nesses sólidos e responsáveis pela condução de eletricidade.
DESENHE um modelo que permite explicar essa propriedade.
Atividade Avaliativa
Preencha a tabela abaixo informando sobre a propriedade da condutividade elétrica
das diferentes substâncias nos estados sólido e líquido.
Sólido Líquido
Substância metálica
Substância molecular
Substância iônica
Apesar destes conceitos já terem sido abordados na primeira série do Ensino Médio,
grande parte dos estudantes ainda apresenta certa dificuldade para apropriarem-se
adequadamente destes conceitos e na definição de cada um, ou seja, materiais, substâncias e
os constituintes das substâncias. Por isso, consideramos indispensável a retomada destes
conceitos de maneira constante em todas as séries do Ensino Médio e, principalmente, para
introduzir o conteúdo de ligações químicas, na perspectiva de promover uma melhor
aprendizagem pelo aluno. Para isso, o tempo previsto para o desenvolvimento satisfatório
desta atividade compreende, aproximadamente, quatro aulas de 45 minutos cada.
Durante o desenvolvimento desta unidade didática é possível sensibilizar os alunos
quanto a certas questões ambientais. Para isso, os estudantes recebem instruções específicas
sobre o descarte dos resíduos gerados durante a realização do experimento de condutividade
elétrica e são informados que os resíduos gerados nesse experimento têm impacto ambiental
insignificante e, por isso, podem ser jogados no lixo comum ou na pia.
31
Professor!
ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Esta atividade experimental tem por objetivo discutir a relação entre as propriedades
das substâncias e as ligações químicas de seus constituintes, por meio da observação
macroscópica após uma martelada vigorosa em uma vela, um cristal de sulfato de cobre e uma
lâmina metálica de cobre.
Considerando que um experimento, por si só, não é uma atividade motivacional,
optamos por iniciá-lo com a seguinte pergunta problematizadora: O que acontece se
utilizarmos um martelo para moldar diferentes sólidos?
32
Professor!
Roteiro experimental
Um ferreiro é uma pessoa que cria objetos de ferro ou de aço, utilizando o martelo
como ferramenta. Os ferreiros trabalham forjando as peças de ferro ou aço até o metal ser
moldado. Mas se a matéria prima do ferreiro não fosse o ferro e sim outro sólido, por
exemplo, um cristal ou uma vela? O ferreiro conseguiria moldá-los? O presente experimento
tem como objetivo analisar a maleabilidade de diferentes sólidos e investigar a interação
entre seus átomos.
33
Materiais
Procedimento
2. O professor repetirá o procedimento com a vela (parafina) e, por fim, com a lâmina
de cobre.
Observações macroscópicas
Interpretação microscópica
Professor!
atenção a dificuldade encontrada pelos estudantes em definir o que ocorreu com a vela, que se
esfarelou. Para alguns alunos ela “deformou”, “esmagou”, “lascou”, “moldou” ou “quebrou”.
Interpretamos isso como indício da falta de conhecimento de um modelo adequado para
interpretar o fenômeno.
Durante a discussão sobre os resultados do experimento, o conceito de substância,
abordado na Unidade 2, deve ser retomado para que os estudantes classifiquem os três sólidos
utilizados no experimento de acordo com a estrutura de seus constituintes. Assim, o cristal de
sulfato de cobre, a vela e a lâmina de cobre são classificados como sendo substância iônica,
molecular e metálica, respectivamente.
Neste momento, buscamos colocar em confronto as concepções espontâneas dos
alunos, instigando-os a refletir e buscar explicações, de modo a relacionar a estrutura
microscópica de cada uma das substâncias utilizadas com as diferentes propriedades
macroscópicas observadas.
Foi requisitado aos alunos que classificassem os três sólidos, relacionando ao tipo de
ligação química, a partir de suas anotações e de suas observações durante o desenvolvimento
da atividade experimental, bem como baseados na abordagem dos conceitos científicos.
A partir disso, avançamos com o conteúdo de ligações químicas e a discussão sobre
como se ligam os átomos formadores dos constituintes das substâncias trabalhadas. Neste
momento, levamos os alunos a compreender como a Ciência explica o fenômeno observado.
Para a abordagem dos conceitos científicos sobre ligação química, principalmente ligação iônica e
covalente utilizamos o livro didático adotado pela escola ‘Química e Sociedade’ (Santos; Mól, 2005). A
escolha desse material de referência aconteceu a partir de uma prévia avaliação, que teve como critério a
abordagem cientificamente aceita dos conceitos de ligação iônica e covalente; da representação estrutural
das substâncias iônicas e moleculares; da presença de aspectos históricos e da contextualização do
conteúdo químico com o desenvolvimento tecnológico, social e com as vivências dos alunos. Também, foi
contemplada no livro a relação entre as propriedades das substâncias e o tipo de interação que ocorre
entre os constituintes das mesmas.
De maneira positiva, no livro didático o conteúdo de ligação iônica foi trabalhado com enfoque no
modelo de distribuição de elétrons, que justifica a estabilidade de alguns íons e a formação dos sólidos
iônicos mediante atração eletrostática não-direcionada entre os íons de cargas opostas. Já a ligação
covalente foi discutida com foco na atração recíproca e unidirecional entre elétrons de um átomo e o
núcleo do outro átomo, que promove o compartilhamento desses pelos dois átomos.
Para trabalharmos o conteúdo de ligação metálica, elaboramos um texto de apoio (ver Apêndice
1), por considerar que o livro didático não atendia a abordagem conceitual pretendida em nosso
planejamento. A maioria dos livros trabalha com a definição de “mar de elétrons” e existência de cátions
para explicar a ligação metálica e não faz referência ao conceito de bandas de energia e a não-
direcionalidade das interações entre os átomos metálicos.
35
Interpretação microscópica
Assim, quando aplicamos uma força sobre um sólido iônico como, por exemplo, o
sulfato de cobre (Cu+SO4-), ocorre o deslocamento de uma camada de íons em relação à
36
outra. A consequência será íons de mesma carga se aproximando uns dos outros. As forças
repulsivas substituem as atrativas e o resultado é a separação entre as duas camadas e a
quebra do cristal iônico. Chamamos este fenômeno de clivagem e podemos representá-lo
conforme a figura abaixo (Figura 1):
Figura 2 - Deslocamento dos átomos neutros entre planos numa substância metálica.
Fonte: http://sites.poli.usp.br/d/pqi2110/aulas/idalina/aula_4-Idalina_metalicas-secundarias.pdf
O modelo de ligação covalente pode ser discutido com foco na interação entre os
átomos constituintes da molécula e na direcionalidade dessa interação. Em uma molécula, os
átomos se ligam por forças direcionais, ou seja, a força de ligação não tem a mesma
intensidade em qualquer direção (Figura 3). Isso difere do modelo de ligações iônicas e
metálicas, visto que nos constituintes dos sólidos iônicos e metálicos, os íons e os átomos
respectivamente são atraídos por forças não direcionais (mesma intensidade em qualquer
direção). Os sólidos formados por moléculas são também denominados de sólidos
37
covalentes. As moléculas são entidades discretas (partículas), e interagem entre si por meio
de interações denominadas de intermoleculares.
O texto acima pode ser usado para explicar a forma como reagem os sólidos usados
na atividade experimental intitulada “O que acontece se utilizarmos um martelo para moldar
diferentes sólidos?” Dos três sólidos, a vela é um material que contém diversas substâncias.
Estas substâncias são hidrocarbonetos. Um exemplo é a substância Pentacosano, cujo
constituinte é uma molécula de fórmula C25H52. A vela, por exemplo, é classificada como
sendo um sólido covalente. Já o sulfato de cobre é uma substância iônica, organizada numa
rede cristalina regular, com um arranjo ordenado de cátions e ânions. Por sua vez, a placa de
cobre tem como constituinte uma substância metálica, em que os átomos estão organizados
em um arranjo empacotado, ou seja, como “esferas empilhadas”.
Interface Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente
5. De acordo com o que foi discutido em sala de aula, um material contém duas ou mais
substâncias. Classifique, quanto ao tipo de ligação, os três sólidos utilizados na
atividade experimental de acordo com o tipo de substância.
9. Com suas palavras, explique o que é maleabilidade. Pesquise sobre a maleabilidade dos
diferentes materiais sólidos.
Em sala de aula, outros recursos também podem ser utilizados para a exposição oral
do conteúdo de ligações químicas. Com vistas a promover uma melhor compreensão pelos
alunos, dado o grau de abstração desse conteúdo, a apresentação de imagens, figuras,
animações e gráficos em multimídia, por exemplo, permite uma melhor descrição dos
modelos que representam e diferenciam as ligações iônicas, covalentes e metálicas.
Consideramos o desenvolvimento desta unidade didática fundamental para o processo
ensino-aprendizagem da unidade posterior, intitulada “Metais e suas propriedades”, em que
temos como objetivo a abordagem da ligação metálica e algumas propriedades dos metais, e
futuramente, no processo ensino-aprendizagem do conteúdo de química orgânica, na terceira
série do Ensino Médio.
40
Nesta unidade, o tema de Metais foi dividido em duas seções com enfoques distintos.
A primeira seção, intitulada “Metais - De onde vêm? Para onde vão?”, encaminha a
discussão sobre a origem dos metais, obtenção, utilização e propriedades. Em seguida, a seção
intitulada “Metais: produzindo energia” aborda a propriedade dos metais de produzir
energia a partir de reações de oxidação-redução.
O planejamento dessa unidade didática contemplou a realização de seis atividades
experimentais demonstrativo-investigativas, que foram alicerce para ampla discussão sobre as
propriedades dos metais. A leitura e discussão de um livro paradidático sobre o tema de
metais e a exibição de um vídeo educativo sobre o fenômeno da ferrugem, colaboraram para a
abordagem dos conceitos químicos e a retomada de algumas propriedades dos metais, bem
como, o estabelecimento de um modelo de ligação metálica, inicialmente discutido na
Unidade 3 (Apêndice 1). Para a implementação dessa unidade foram necessárias oito aulas de
45 minutos cada.
As amostras foram passando de aluno por aluno para que todos pudessem observar
cuidadosamente suas características macroscópicas como, cor, textura e brilho, para
identificar as diferenças de cada minério e de seu respectivo metal. Neste momento, os alunos
foram convidados a descrever aquilo que visualizavam.
41
Perguntas problematizadoras
Tais perguntas demandam resoluções simples, em que o esforço para a elaboração das
próprias concepções é fundamental para a autonomia do pensar pelo aluno. Contudo, grande
parte dos alunos pode se mostrar insegura para responder a esses questionamentos,
principalmente com relação às duas primeiras perguntas, por que ainda confundem os
conceitos de minério e metal. Já para a terceira questão, os estudantes indicaram com maior
propriedade as aplicações dos metais, como o uso na confecção de “janelas”, “panelas”,
“bijuterias”, “joias”, “latas de refrigerante”, além de outros objetos a serem usados na
construção civil, como utensílios domésticos e aqueles de uso nas indústrias, entre outros.
É importante destacar que durante a problematização os alunos devem ser estimulados
ao debate e ao confronto de opiniões. Lembramos que o professor pode inspirar-se nessas
perguntas para elaborar outras questões, buscando sempre uma proximidade destas com
fenômenos presentes no cotidiano do aluno.
Após a problematização, levando em consideração as concepções prévias dos alunos
sobre minerais, minérios e metais, introduzimos a interpretação microscópica da estrutura
deles. Para isso, utilizamos um livro paradidático e um vídeo educativo.
Livro paradidático
2
CANTO, E. L. Minerais, minérios, metais: De onde vêm? Para onde vão? 2ª. edição. São Paulo: Moderna,
2004. (Coleção Polêmica).
42
Descrição do seminário
O seminário deverá ser realizado pelos alunos organizados em 10 grupos. Cada grupo
deve ser composto por 3 ou 4 alunos e todos devem realizar uma leitura do livro ou,
especificamente, do capítulo que contempla o tema a ser apresentado. O professor realizará
um sorteio para a distribuição dos temas a serem apresentados por cada grupo, conforme o
quadro abaixo:
Grupo Tema/Capítulo Página do livro
1 Minerais, minérios, metais; Placas em movimento 13 a 30
2 As rochas e o subsolo; O que é metalurgia? 32 a 45
3 Ouro 48 a 58
4 Cobre, prata e mercúrio 61 a 71
5 Ferro 74 a 88
6 Estanho e chumbo 91 a 100
7 Manganês e cromo 102 a 108
8 Níquel e zinco 110 a 116
9 Alumínio 117 a 125
10 Algumas reflexões de ordem científica, legal e social 130 a 138
43
Apresentação do seminário
Cada grupo deve produzir uma apresentação sobre o tema sorteado. O tempo de
exposição do trabalho para cada grupo deverá ser de 10 minutos, sendo que ao final serão
destinados cinco minutos para perguntas feitas pelo professor e pelos demais grupos.
Critérios de avaliação
Outra sugestão de atividade é a resolução de um Estudo Dirigido (ED3), que tem por
objetivo orientar a leitura do paradidático pelos alunos. A resolução desse estudo dirigido
pode estar vinculada a leitura integral do texto paradidático ou pode ser limitada apenas aos
capítulos considerados mais relevantes para os objetivos a que se propõe essa unidade
didática, considerando o tempo disponível para a execução da mesma.
Professor!
Apontamos a necessidade de solicitar de forma enfática aos alunos que referenciem toda e qualquer
fonte bibliográfica que façam uso. A discussão sobre a autoria de textos e as formas corretas de citação,
inserindo, dessa forma, questões éticas sobre o plágio, visa contribuir para a construção da cidadania a
partir do ensino de Química para formar o cidadão.
44
Tabela: Descrição das atividades experimentais realizadas e as propriedades físicas e químicas investigadas
1. “Por que alguns materiais conduzem eletricidade e outros não?” Condutividade elétrica
Dilatação
“Por que na construção de pontes, edifícios e estradas de ferro
3.
utiliza-se “folgas”, chamadas de juntas?”
Condutividade térmica
6. “Metal de sacrifício”
Reação de oxidação-redução
7. É possível fazer um relógio funcionar com água da torneira?
Condutividade elétrica
Imantação
8. Como funciona um motor elétrico?
Magnetismo
ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Por que na construção de pontes, edifícios e estradas de ferro utiliza-se “folgas”,
chamadas de juntas?
Roteiro experimental
Materiais
Anel de Gravesande
Lamparina á álcool
Caixa de fósforo
Luva de tecido
Protótipo do alarme de incêndio
47
Procedimento
Observações macroscópicas
Interpretação microscópica
Observação macroscópica
Interpretação microscópica
Quando um pedaço de metal está sendo aquecido, como a bola de alumínio do nosso
experimento, os átomos vibram mais intensamente e ocorre uma transferência sucessiva de
energia cinética de uma partícula para outra. Essa transferência de energia é sentida na forma
de calor. Por sua vez, o calor se propaga de partícula para partícula A condutividade térmica
será tanto maior quanto maior for o número de átomos por unidade de volume. Isto explica
porque os metais são bons condutores. A vibração dos átomos promove um aumento dos
espaços vazios existentes na matéria e, consequentemente, a dilatação das substâncias
metálicas.
49
Interface Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente
Figuras. A) Folga de dilatação entre os trilhos de uma ferrovia; B) Trilho de uma ferrovia
deformado devido a dilatação térmica. Fonte: (Souza, 2007).
ATIVIDADE EXPERIMENTAL
ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Roteiro experimental
A corrosão ocorre de maneira espontânea nos sólidos metálicos. Mas como podemos
3
Corrosão. Roteiro experimental elaborado para abordar o tema “Metais” nas atividades do Laboratório de
Pesquisas em Ensino de Química (LPEQ/UnB).
4
Metal de sacrifício. Roteiro experimental elaborado para abordar o tema “Metais” nas atividades do
Laboratório de Pesquisas em Ensino de Química (LPEQ/UnB).
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explicá-la? Quais são as causas e possíveis implicações em nossa vida cotidiana? O presente
experimento tem como objetivo analisar, de modo simples, o processo de corrosão em metais
e como prevenir essa oxidação indesejada.
Materiais
Pregos de ferro
Tinta zarcão
Água salgada
Água sanitária
Água da torneira
Copos plásticos transparentes
Esponja de lã de aço
Procedimento
2. Durante a aula, observe o que acontece com os pregos. (Para obter melhores
resultados, sugerimos a observação ao longo de uma semana).
Observações macroscópicas
Interpretação microscópica
ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Roteiro experimental
A corrosão ocorre de maneira espontânea nos sólidos metálicos. Mas como podemos
explicá-la? Quais são as causas e possíveis implicações em nossa vida cotidiana? O presente
experimento tem como objetivo analisar, de modo simples, o processo de corrosão em metais
e como prevenir essa oxidação indesejada.
Materiais
Pregos de ferro
Água salgada (solução saturada de cloreto de sódio)
2 lâminas de zinco
2 fios com conectores (jacarés)
2 Copos plásticos transparentes
Pregadores de roupa
Procedimento
3. Também irá fixar a lâmina de zinco do mesmo modo que os pregos, ou seja, na
vertical e utilizando os prendedores de roupa.
4. O próximo passo será conectar a lâmina a um dos pregos, utilizando os fios conectores
já fixados aos jacarés.
Observações macroscópicas
Interpretação microscópica
Vídeo educativo
O uso deste recurso didático está diretamente relacionado aos demais recursos já
explorados nesta unidade, como o livro paradidático e os experimentos sobre a corrosão dos
metais. Assim, o vídeo educativo auxiliou a retomada dos conceitos-chaves explorados no
livro paradidático. A seguir, sugerimos a elaboração de um roteiro para orientar o uso do
vídeo em sala de aula.
O vídeo educativo foi utilizado segundo a modalidade de vídeo-aula. Essa modalidade foi
didaticamente eficaz na medida em que pode ser utilizada como retomada da explicação desenvolvida
durante a aplicação das demais estratégias didáticas, em que as informações foram novamente ouvidas e,
principalmente, visualizadas. Assim, o uso do vídeo educativo apresentou considerável importância para o
fechamento e avaliação da atividade proposta.
Para saber mais sobre vídeo-aula, sugerimos a leitura do artigo:
ARROIO, A.; GIORDAN, M. O vídeo educativo: aspectos da organização do ensino. Química Nova na Escola.
n. 24. p. 8-11. nov. 2006.
56
Professor!
O uso do vídeo como recurso didático para as aulas de Química depende da existência de
condições técnicas e operacionais na escola como, por exemplo, de televisão ou datashow. Esses
aparelhos serão conectados a um computador, e assim, será possível a exibição do vídeo, na
própria sala de aula ou em outro ambiente específico para essa atividade.
Professor!
Interpretação microscópica
Em outra situação, quando se liga ao sistema um metal que se oxida mais facilmente
que o ferro, a oxidação do ferro é drasticamente reduzida. O metal utilizado é chamado metal
de sacrifício. Com grande frequência, o zinco é utilizado para atuar como metal de sacrifício.
Assim, neste experimento, ao invés de observarmos a oxidação do ferro, o que se observa é a
oxidação do zinco, com a formação de hidróxido de zinco. A reação de redução continua
sendo a mesma. Neste caso, os elétrons liberados pelo zinco percorrem o fio metálico e vão
promover apenas a redução do oxigênio na presença de água.
Interface Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente
b) De acordo com o vídeo educativo, aponte os fatores que causam a corrosão dos
metais e apresente possíveis soluções para o problema da corrosão. Justifique sua
resposta.
59
A partir dessa seção, intitulada “Metais - De onde vêm? Para onde vão?, algumas das
principais propriedades das substâncias metálicas foram discutidas mediante a implementação
de diferentes atividades experimentais, na qual a interpretação microscópica dos fenômenos
observados ocorreu com base no modelo de ligação metálica proposto para esse módulo
didático (ver Apêndice 1).
Dando continuidade à implementação da presente unidade didática, iniciamos a seção
intitulada “Metais: produzindo energia”, que tem por objetivo discutir a importância das
substâncias metálicas no processo de produção de energia.
Novamente lançamos mãos de diferentes atividades experimentais, articulando o
conhecimento científico e o conhecimento escolar ao contexto social.
A partir da compreensão dos alunos sobre o modelo de ligação metálica proposto foi
possível introduzir duas atividades experimentais demonstrativas-investigativas para abordar
o conteúdo de pilhas e eletromagnetismo, respectivamente. A discussão desses conceitos em
sala de aula torna-se importante por serem conteúdos relevantes e atuais, que merecem
atenção por apresentarem aplicação social, tecnológica e ambiental.
ATIVIDADE EXPERIMENTAL
definidos na Unidade 2, os alunos podem argumentar que a água destilada não irá fazer o
relógio funcionar, mas a água da torneira pode fazer com que o relógio funcione, por um
pequeno período de tempo.
Na perspectiva de elucidar as hipóteses e considerações apresentadas, convidamos os
alunos para a realização da experimentação intitulada “Como é possível fazer um relógio
funcionar com água da torneira?”.
Para isso, realizamos a montagem de um circuito eletroquímico simples com o
objetivo de fazer funcionar um relógio-despertador. Os alunos acompanham o
desenvolvimento do experimento a partir do roteiro experimental elaborado:
Roteiro experimental
Materiais
2 recipientes plásticos e transparentes
4 fios finos de 50 cm cada, com jacarés nas duas pontas (se possível, pares de
fios de cores diferentes)
61
Procedimento
Observações macroscópicas
Interpretação microscópica
Interpretação microscópica
Para se fazer uma pilha basta apenas dois metais diferentes (com diferentes potenciais
de redução), imersos em um meio condutor eletrolítico, para que a diferença de potencial
entre ambos gere corrente elétrica pela troca de elétrons entre estes materiais. Na prática,
para que a pilha construída possa acionar um relógio-despertador ou uma calculadora é
necessário levar em conta a d.d.p. entre o zinco e o cobre. A pilha de Zinco-Cobre em
solução de água e sal de cozinha (cloreto de sódio) produz aproximados 0,8 V. Nesta pilha, o
zinco é oxidado e fornecerá elétrons para a redução do oxigênio em presença da água. Esta
reação ocorrerá na superfície do eletrodo de cobre.
A reação global é:
Interface Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente
inadequada com que se realiza o descarte de pilhas e baterias elétricas, estas constituem um
enorme risco ambiental por conterem metal tóxico.
Diante da problemática ambiental, discute-se sobre o metal como matéria prima não
renovável. Surge assim, o incentivo à reciclagem e a necessidade do uso de fontes
alternativas para a obtenção de energia mediante a substituição dos metais por outros
materiais, como os polímeros condutores que possuem iguais propriedades físicas e químicas
dos metais.
Professor!
Durante a abordagem conceitual insira aspectos históricos sobre a origem das pilhas e aspectos sobre
a problemática ambiental relacionada às pilhas.
A discussão sobre os experimentos de Luigi Galvani e Giuseppe Volta permite ao aluno conhecer o
processo histórico para a compreensão do funcionamento das pilhas. Por isso, sugerimos a leitura do
artigo:
TOLENTINO, M.; ROCHA-FILHO R. C. O bicentenário da invenção da pilha elétrica. Química Nova na Escola, n. 11, p.
35-39, maio 2000.
Para saber mais sobre a problemática ambiental relacionada às pilhas, sugerimos a leitura do artigo:
BOCCHI, N.; FERRACIN, L. C.; BIAGGIO, S. R. Pilhas e baterias: funcionamento e impacto ambiental. Química
Nova na Escola, n. 11, p. 03-09, maio 2000.
para a turma sua resposta a cada questionamento. Assim, a turma discute as respostas de cada
aluno ou grupo e formula, junto com o professor, uma síntese desta atividade avaliativa.
Dessa maneira, contextualizamos mais uma das propriedades dos metais e podemos
ilustrar a partir de diferentes exemplos a aplicação dos metais no nosso cotidiano. O
planejamento didático diversificado e a abordagem contextualizada, utilizando princípios
muito próximos daquele usado pela indústria na produção de pilhas possibilitam ao aluno a
ampliação dos saberes, de modo a permitir a ele exercer maior autonomia e tomada de decisão
diante de situações relacionadas ao funcionamento, aplicação e problemática das pilhas e
baterias, que hoje representa um conhecimento científico de grande interesse na esfera social,
tecnológica e ambiental.
Para dar continuidade a essa discussão, a última atividade desta unidade didática foi
elaborada com o objetivo de aplicar em sala de aula conceitos sobre magnetismo e
eletromagnetismo. Com essa atividade, discutimos mais uma propriedade dos metais e
encerramos a aplicação do módulo didático.
66
ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Professor!
O desenvolvimento dessa atividade didática buscou suprir uma carência identificada na maioria
dos materiais didáticos de Química para o Ensino Médio, que não contemplam durante a
abordagem do conteúdo de ligações metálicas uma discussão sobre o magnetismo das substâncias
metálicas e sua relação com a eletricidade na produção de energia mecânica.
Para a execução do experimento foi utilizado um protótipo de motor elétrico, por ser o
motor elétrico muito utilizado em nosso cotidiano e conhecido por todos os estudantes. Para
despertar a curiosidade dos alunos e motivar o interesse pela atividade, lançamos a seguinte
pergunta: “Como funciona um motor elétrico?”.
O passo seguinte foi a realização do experimento, com foco no funcionamento dos
motores elétricos e, principalmente, na propriedade magnética dos metais e sua relação com a
eletricidade.
O experimento, de fácil montagem e de baixo custo, é realizado pelo professor de
maneira demonstrativa. Os alunos acompanham a realização do experimento mediante o
roteiro experimental, na qual podem fazer anotações sobre as observações macroscópicas e
propor uma explicação para o fenômeno utilizando conceitos químicos.
Roteiro experimental
Você já deve ter observado que grande parte dos aparelhos elétricos que utilizamos
tem a função de produzir movimento. Para refrescar sua memória vamos citar alguns: a
67
Materiais
Procedimento
1. Inicialmente, o professor irá fixar o suporte das baterias em uma tábua de madeira.
2. Em seguida, irá fixar as duas placas de metal na tábua de madeira. Estas duas placas
metálicas devem ser fixadas para sustentar a bobina de fio de cobre.
3. Cada bateria de 1,5 V será conectada a dois fios elétricos e dois conectores do tipo
jacaré, que devem ser conectados as extremidades de uma das placas de metal.
4. Abaixo da bobina e entre as duas placas metálicas, será acoplado o imã grande em
formato de meia-lua.
5. Observe que a distância entre as duas placas metálicas utilizadas para dar suporte à
bobina e entre a bobina e o imã deve ser adequada para permitir a rotação da bobina.
6. Por fim, para dar partida no motor basta dar um leve toque com os dedos na bobina
para colocá-la em movimento. Para interromper o movimento do motor elétrico basta
desconectar um dos fios da bateria.
68
Observações macroscópicas
Interpretação microscópica
Observação macroscópica
Interpretação microscópica
conector de cobre e pela bobina, criando outro campo magnético na região onde se encontra
o imã. O campo magnético produzido por uma corrente elétrica, que passa através de um
condutor elétrico, é denominado campo eletromagnético. A partir desse momento há uma
interação entre o campo magnético do imã e o campo magnético gerado pela corrente elétrica
que percorre a bobina. Isso significa que os campos magnéticos estão sob a influência um do
outro. O imã é um sólido metálico que possui elétrons da camada de valência alinhados em
sentido comum.
A corrente elétrica, que passa pela bobina, também possui cargas elétricas em
movimento ordenado. Os campos magnéticos produzidos pelo imã e pela bobina possuem
um pólo norte e um pólo sul cada um. Os pólos norte de cada campo se repelem da mesma
forma que os pólos sul de cada campo. Assim, o pólo norte do imã é atraído pelo pólo sul da
bobina e o pólo sul do imã é atraído pelo pólo norte da bobina.
Como somente a bobina que está fixada ao um eixo tem mobilidade, a combinação
dessas forças de atração e repulsão faz com que a bobina gire, de forma que o pólo norte do
campo magnético da bobina fique mais perto do pólo sul do campo magnético do imã, e o
pólo sul do campo magnético da bobina se aproxime do pólo norte do campo magnético do
imã.
Esse movimento é efeito da ação da força magnética do imã sobre a bobina e acontece
devido a uma ação à distância entre eles. As forças de atração e repulsão entre o imã e a
bobina são usadas pelo motor elétrico para produzir o movimento. Assim, podemos entender
a origem do movimento nos motores elétricos. O campo magnético da bobina deixa de existir
quando a corrente elétrica cessa e o motor elétrico cessa seu movimento.
Interface Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente
Para saber mais sobre o funcionamento dos motores elétricos, consulte as seguintes obras:
GASPAR, A. Experiências de Ciências para o 1º. Grau. 4. ed. São Paulo: Editora Ática. 1996. p. 197-205.
GREF: Grupo de Reelaboração do Ensino de Física. Leituras de Física: Eletromagnetismo. v. 3. São Paulo:
EDUSP. 1998. p. 56. Disponível em: <http://www.if.usp.br/gref/eletro/eletro3.pdf>. Acesso: 28 maio de 2010.
VALADARES, E. C. Física mais que divertida: inventos eletrizantes baseados em materiais reciclados e
de baixo custo. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG. 2002. p. 113-114.
Questão desafio
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANTUNES JÚNIOR, A.; ANTUNES, J. Ciências Naturais para a quarta série ginasial. 30.
ed. Companhia Editora Nacional: São Paulo, 1958.
CANTO, E. L. Minerais, Minérios, Metais: De Onde Vêm? Para Onde Vão?. 2. ed. São
Paulo: Moderna, 2004. (Coleção Polêmica).
GASPAR, A. Experiências de Ciências para o 1º. Grau. 4. ed. São Paulo: Editora Ática.
1996. p. 197-205.
HODSON, D. Hacia um trabalho más crítico del trabalho de laboratório. Enseñanza de las
Ciencias, v. 12 , n. 3, p. 299-313, 1994.
SANTOS, W. L. P.; MÓL, G. S. (coord.). Química e Sociedade. São Paulo: Nova Geração.
Volume único. 2005.
SILVA, R. R.; MACHADO, P. F. L.; TUNES, E. Experimentar sem medo de errar. In:
SANTOS, W. P.; MALDANER, O. A. (Org.). Ensino de Química em Foco. Ijuí: Unijuí,
2010. p. 231-261.
APÊNDICE
79
Ligação metálica
O estudo dos sólidos metálicos, assim como o estudo dos sólidos iônicos e
moleculares, exige um entendimento maior sobre sua estrutura e constituição, o que inclui,
principalmente, a interação estabelecida entre átomos, íons e moléculas, respectivamente.
A partir das características periódicas apresentadas acima, podemos inferir que os
metais não são aptos a realizar ligação iônica e ligação covalente. Contudo, outros modelos
são capazes de explicar as interações entre os átomos metálicos. Dessa maneira, surge a
necessidade de propor um modelo de ligação metálica adequado para discutir as diferentes
propriedades físico-químicas dos metais.
Diversos modelos são utilizados para explicar as interações entre os átomos metálicos,
suas estruturas complexas e, consequentemente, suas propriedades.
O primeiro e mais simples modelo proposto para a ligação metálica é conhecido como
“modelo de nuvem eletrônica” ou “modelo de mar de elétrons”, tendo como característica
principal a existência de cátions metálicos e de elétrons de valência deslocalizados se
movimentando livremente por todo o sólido metálico. Este modelo, comumente encontrado
nos livros didáticos, explica algumas das propriedades observadas nos metais, como a
maleabilidade, a ductibilidade e a condutividade elétrica (BROWN; HOLME, 2009; SILVA
et alii, 2009). Contudo, é de difícil compreensão, visto que a interação entre os cátions
metálicos e os elétrons da camada de valência resultaria na formação de substâncias com
propriedades diferentes das observadas para as substâncias metálicas. Assim, a partir do
“modelo de nuvem eletrônica”, os sólidos metálicos seriam quebradiços, contrariando o
observado com relação à propriedade da maleabilidade dos metais.
O modelo do “mar de elétrons” permite um entendimento qualitativo, sendo que
outros modelos preocuparam-se em elucidar satisfatoriamente as propriedades dos metais de
maneira quantitativa.
81
Hoje, o modelo da Teoria dos Orbitais Moleculares (TOM) ou modelo das bandas de
energia representa o modelo mais aceito cientificamente, por ser capaz de explicar de forma
clara e abrangente a formação da ligação metálica e as propriedades das substâncias
metálicas. Este modelo faz referência ao conceito de bandas de energia e a não-
direcionalidade das interações entre os átomos metálicos.
Considerando o modelo das bandas de energia complexo, por fazer referência ao
modelo ondulatório da mecânica quântica, resolvemos abordá-lo de maneira articulada ao
modelo de partícula.
Para isso, vamos abordar de forma simplificada a existência de níveis de energia,
lançando mão do átomo de Rutherford-Bohr. Assim, relacionamos as camadas do átomo de
Rutherford com os níveis de energia do átomo de Bohr. A principal característica deste último
modelo atômico foi a indicação de níveis de energia permitidos, em que os elétrons se
encontravam.
A elucidação da estrutura atômica de Rutherford-Bohr permite discutir os níveis de
energia para os sólidos metálicos e introduzir o modelo de ligação metálica com base na teoria
de bandas de energia.
No modelo de Bohr, o átomo é formado de duas regiões: uma no centro chamada
núcleo, onde estão os prótons e os nêutrons e outra chamada eletrosfera onde estão os
elétrons. A figura abaixo (Figura 1) é uma representação do átomo de hidrogênio, segundo o
modelo de Bohr:
Em função dos diferentes níveis de energia que o elétron pode ter, podemos fazer um
mapeamento dos seus correspondentes. Para o átomo de hidrogênio, o diagrama dos níveis de
energia possíveis para o seu elétron de valência está indicado na figura abaixo (Figura 2).
82
De acordo com este diagrama (Figura 2), quando o elétron encontra-se no primeiro
nível energético (n = 1), ele está no estado fundamental. Fora dele, o átomo está no estado
excitado. Este estado, entretanto, é transitório, a menos que o átomo receba continuamente
energia. Caso contrário, o elétron retorna espontaneamente ao nível de energia inicial. Ao
fazê-lo, ele emite a mesma quantidade de energia absorvida anteriormente, voltando ao estado
fundamental. Em ambos os casos, dizemos que houve um salto quântico de energia (Figura 3).
Figura 3. Salto quântico de energia para o elétron da camada de valência do átomo de hidrogênio.
Fonte: http://www.if.usp.br/gref/eletro/eletro3.pdf. (p. 151)
5
Utilizaremos o Lítio pela simplicidade e pelo número reduzido de elétrons na camada de valência.
84
metálica. Essa situação é mostrada na figura abaixo (Figura 5), chamada de estrutura de
bandas.
Figura 5. Bandas de níveis de energia para o lítio metálico (Lin). Fonte: Brown; Holme, 2009, p. 303.
Propriedades físicas
- Estado físico (sólido e líquido)
- Dilatação
- Brilho
- Maleabilidade
- Ductilidade
- Imantação
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Propriedades químicas
- Magnetismo
Figura 6. Bandas de energia para metais, isolantes e semi-condutores. Fonte: Brown; Holme, 2009, p. 304.
Figura 7. Três redes cristalinas cúbicas. Cristal cúbico simples; Cristal cúbico de
corpo centrado (CCC) e Cristal cúbico de faces centradas (CFC).
Fonte: Brown; Holme, 2009, p. 296.
ANEXO
89