OuroPreto Relatorio

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PROGRAMA MAPEAMENTO GEOLÓGICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO


(Contrato CODEMIG 3861, FUNDEP 22279)

FOLHA OURO PRETO


SF.23-X-A-III
Escala 1:100.000

Autores:
Antônio Wilson Romano
Lucas de Faria e Souza Rezende

Coordenação Geral: Antônio Carlos Pedrosa Soares

Coordenação de Geoprocessamento: Eliane Voll e André Luiz Profeta

Junho/2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS


INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CENTRO DE PESQUISA PROFESSOR MANOEL TEIXEIRA DA COSTA
PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 2
1.1. Localização e acessos ....................................................................................................................................... 4
1.2. Dados de produção .......................................................................................................................................... 4
2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS, HIDROGRAFIA, CLIMA E VEGETAÇÃO ................................................ 5
2.1. Fisiografia e geomorfologia ............................................................................................................................ 5
2.2. Hidrografia ...................................................................................................................................................... 7
2.3. Clima ................................................................................................................................................................ 8
2.4. Vegetação ......................................................................................................................................................... 8
3. TRABALHOS ANTERIORES ............................................................................................................................ 10
3.1. Referências bibliográficas ............................................................................................................................. 10
4. CONTEXTO GEOTECTÔNICO ........................................................................................................................ 11
5. UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS ........................................................................................................... 12
5.1. Coluna estratigráfica ..................................................................................................................................... 12
5.2. Descrição da coluna litoestratigráfica.......................................................................................................... 18
5.2.1. Rochas intrusivas de idade não determinada ........................................................................................... 18
5.2.2. Complexo Santo Antônio do Pirapetinga ................................................................................................ 19
5.2.3. Complexo Bonfim ................................................................................................................................... 19
5.2.4. Complexo do Bação ................................................................................................................................ 19
Rochas do tipo TTG...................................................................................................................................... 20
Gnaisse.......................................................................................................................................................... 22
Granitoides potássicos .................................................................................................................................. 25
5.2.5. Embasamento Cisalhado de Bela Vista ................................................................................................... 27
5.3. Complexo Córrego dos Boiadeiros ............................................................................................................... 29
5.4. Supergrupo Rio das Velhas .......................................................................................................................... 30
5.4.1. Grupo Nova Lima .................................................................................................................................... 30
Unidade metavulcânica ultramáfica, máfica e ácida e metassedimentar química ......................................... 30
Unidade metassedimentar vulcanoclástica e metassedimentar clasto-química ............................................. 31
Unidade metavulcanossedimentar, metassedimentar e metassedimentar química ........................................ 31
Unidade quartzítica ....................................................................................................................................... 32
Unidade metassedimentar turbidítica ............................................................................................................ 32
Grupo Nova Lima Indiviso ........................................................................................................................... 32
5.4.2. Grupo Maquiné ........................................................................................................................................ 33
5.4.3. Grupo Tamanduá ..................................................................................................................................... 34
5.5. Supergrupo Minas ......................................................................................................................................... 34
5.5.1. Grupo Caraça ........................................................................................................................................... 35
Formação Moeda .......................................................................................................................................... 36
Formação Batatal .......................................................................................................................................... 36
5.5.2. Grupo Itabira ........................................................................................................................................... 37
Formação Cauê ............................................................................................................................................. 37
Formação Gandarela ..................................................................................................................................... 38
5.5.3. Grupo Piracicaba ..................................................................................................................................... 38
Formação Cercadinho ................................................................................................................................... 39
Formação Fecho do Funil ............................................................................................................................. 39
Formação Taboões ........................................................................................................................................ 40
Formação Barreiro ........................................................................................................................................ 40
5.5.4. Grupo Sabará ........................................................................................................................................... 41
5.5.5. Grupo Itacolomi....................................................................................................................................... 42
5.5.6. Granitoide Alto Maranhão ....................................................................................................................... 42
5.5.7. Paleógeno-Neógeno ................................................................................................................................. 43
5.5.8. Neógeno – Quaternário ............................................................................................................................ 44
5.5.9. Quaternário .............................................................................................................................................. 44
6. GEOLOGIA ESTRUTURAL .............................................................................................................................. 45
7. METAMORFISMO .............................................................................................................................................. 49
9. RECURSOS MINERAIS...................................................................................................................................... 51
10. GEOFÍSICA ........................................................................................................................................................ 53
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................. 54
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................................. 56

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

1. INTRODUÇÃO

A folha de Ouro Preto em escala 1:100.000 situa-se na parte central do Quadrilátero


Ferrífero, a região mais emblemática da geologia do Brasil (Figura 1). A área é uma das mais
bem conhecidas do pré-cambriano brasileiro, pois situa-se no centro da mais importante
atividade minerária do país. A região já foi e tem sido objeto de inúmeros estudos geológicos,
em todos os níveis, tanto profissional, na pesquisa e lavra mineral, quanto no acadêmico. É uma
das regiões preferidas para os trabalhos de graduação, teses de mestrado e doutorado, além dos
trabalhos de pesquisa nas universidades, não só as de Minas Gerais, mas de todo o país, além de
despertar o interesse de diversos pesquisadores estrangeiros.

Figura 1. Articulação das folhas do Projeto Triângulo Mineiro (Folha Ouro Preto - nº 31).

Um trabalho de mapeamento geológico em escala 1:100.000 só interessa para a


uniformização do mapeamento sistemático do estado de Minas Gerais na escala proposta, pois a
região dispõe de mapeamento de excelente qualidade em escala de 1:25.000 realizado pelo
convênio USGS/DNPM entre 1946 e 1964, que é ainda um dos melhores mapeamentos de
detalhe existentes no país. Apesar de ter como objetivo a geologia dos depósitos de ferro, toda a
geologia do Quadrilátero Ferrífero, incluindo o Supergrupo Rio das Velhas, se tornou bem
conhecida.
Além deste, foi efetuada em 2005 correção cartográfica dos mapas 1:25.000 para o padrão
de precisão de coordenadas utilizado pelo SIG – Sistema de Informações Geográficas. Este

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trabalho foi publicado na escala de 1:50.000 e reproduziu integralmente o mapeamento original,


com complementação do mapeamento em escala 1:25.000 do Projeto Rio das Velhas executado
pela CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais em 1994.
O atual mapeamento em escala 1:100.000 utiliza o mapeamento original 1:25.000
transposto para a escala 1:50.000, com as informações adicionais deste último.
As unidades do Supergrupo Minas foram representadas no nível de formação, suprimindo
todas as subdivisões.
As unidades do Supergrupo Rio das Velhas foram simplificadas e arranjadas segundo um
modelo litoestratigráfico clássico aplicado a uma sequência tipo greenstone belt, isto é, desde as
unidades vulcânicas ultramáficas-ácidas, passando pelas vulcanossedimentares e indo até as
sedimentares. No entanto, tal arranjo litoestratigráfico nem sempre foi possível, pela dificuldade
de interpretação do mapeamento existente, que é confuso e repetitivo, pois as unidades nomeadas
parecem ser oriundas de descrições petrográficas. Portanto, os nomes adotados foram
suprimidos, pois nomear uma unidade significa descrever uma seção-tipo em uma localidade tipo
e tal procedimento não foi realizado e é inviável para o Grupo Nova Lima. Quando o significado
litoestratigráfico tornou-se mais claro, a geometria dos corpos foi mantida.
Algumas litologias foram mantidas, pois são feições notáveis e já usuais na representação
de sequências arqueanas, por exemplo, as formações ferríferas bandadas.
A região ao sul da folha, ao longo do sinclinal de Dom Bosco e da falha do Engenho, foi
objeto de reconhecimento e reinterpretação, em virtude da existência de dados bibliográficos
conflitantes com aqueles originalmente representados. A reinterpretação foi apenas no aspecto
geológico estrutural, as unidades representadas foram mantidas com suas geometrias originais.
Algumas subdivisões litoestratigráficas foram possíveis em virtude de novos dados.
O Complexo do Bação foi subdividido em unidades litológicas com auxílio dos novos
dados geocronológicos disponíveis para a região.
Abre-se um parêntese para um problema que pode ser desprezível, mas que causa certas
confusões e que é concernente à pesquisa bibliográfica e cartográfica. Elas são, por vezes, muito
prejudicadas pela falta de uniformização da nomenclatura e a confusão causada pela má tradução
de termos do inglês, já que toda a bibliografia original do Quadrilátero Ferrífero é nesta língua.
O exemplo mais contundente é a palavra schist do inglês, simplesmente traduzida para xisto. O
problema é que xisto em português é uma rocha metamórfica na qual há geração de
porfiroblastos, ou seja, é de granulação, no mínimo, média. A palavra schist em inglês pode
significar ao mesmo tempo, xisto e filito, mas o filito é sempre phyllite. Não é correto falar então
em xisto sericítico (o correto é muscovítico, variedade sericítico, pois sericita não é um mineral
válido, segundo os critérios do IMA - International Mineralogical Association), xisto clorítico,

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xisto grafitoso (não existem xistos grafitosos no Quadrilátero Ferrífero, a rocha é um filito
carbonoso), além de outros.
No entanto, é correto escrever biotita xisto ou muscovita xisto, pois significa que a rocha
tem grau metamórfico mais elevado. A palavra xisto verde pode ter os dois sentidos, dependendo
da sua composição total e da sua granulação.

1.1. Localização e acessos

A Folha de Ouro Preto 1:100.000 é delimitada pelas coordenadas 20º00S, 19º30’S e


44º00W, 43º30’W. Ela abrange a principal região histórica de Minas Gerais cuja colonização
começou em fins do século XVII. Situam-se na folha, total ou parcialmente, áreas urbanas das
cidades de Belo Horizonte, Nova Lima, Ouro Preto, Congonhas, Itabirito e Rio Acima. A Folha
também contém partes dos municípios de Caeté, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Catas Altas,
Mariana, Ouro Branco, Jeceaba, Belo Vale, Moeda, Brumadinho e Raposos. É a principal região
cultural e econômica de Minas Gerais, sob influência direta da capital do Estado. Grande parte
da produção de minério de ferro do Estado de Minas Gerais provém de minas situadas na folha.
Um dos principais eixos rodoviários de Brasil, a BR-040, atravessa toda a extensão da
folha na direção norte sul e a BR-356, que liga Belo Horizonte a Ouro Preto, a corta no sentido
NW-SE. Todas as sedes municipais da folha são ligadas por estradas asfaltadas de boa qualidade,
assim como a maior parte dos distritos. A Estrada Real, antigo caminho de tropeiros que ia até o
Rio de Janeiro, encontra-se hoje parcialmente asfaltada, mantendo em grande parte o seu traçado
original, o que a torna de circulação difícil e perigosa; é nomeada atualmente de MG-129 e
atravessa o canto sudeste da folha.
A rede ferroviária, bastante densa, liga diversas minas de ferro e é responsável pelo
escoamento da produção, não havendo transporte de passageiros.

1.2. Dados de produção

Como ressaltado, a maior parte do trabalho foi baseada nos mapeamentos originais que não
sofreram alterações no seu contexto geral. Os novos levantamentos se concentraram na região do
Complexo do Bação, com a densidade de aproximadamente um ponto por km2 e coleta
sistemática de amostras.
Na parte sul da folha, região entre a estação de Dom Bosco até leste de Congonhas, foram
levantados alguns perfis de reconhecimento para subsidiar a nova interpretação da geologia
estrutural.
Foram levantados 229 pontos de campo e descritas cerca de 20 lâminas delgadas de
granitoides.

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2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS, HIDROGRAFIA, CLIMA E VEGETAÇÃO

2.1. Fisiografia e geomorfologia

O Quadrilátero Ferrífero é uma região de belas paisagens e é conhecido por seu sistema
montanhoso peculiar, com as linhas de cumeada das serras em duas direções perpendiculares.
Entre as serras desenvolveram-se terras altas constituindo platôs. Na parte central do quadrilátero
instalou-se uma depressão pela erosão de rochas mais antigas e mais susceptíveis ao
intemperismo.
Uma excelente descrição das paisagens, influência da erosão e intemperismo sobre as
rochas, ciclos de denudação e evolução das superfícies é encontrada em Dorr (1969), com um
detalhamento difícil de ser reproduzido e alterado por trabalhos posteriores.
De um modo resumido, o Quadrilátero Ferrífero, mais especificamente a Folha Ouro Preto,
por se situar em sua parte central, é constituída pelos seguintes sistemas de serras:
 Serra da Moeda, de direção norte-sul com uma linha de cumeada retilínea e
altitudes em torno de 1.400 m, talhada sobre o itabirito da Formação Cauê; um fator
preponderante na sustentação do relevo são as carapaças de canga e o grau de
coesão do itabirito; o pacote quartzítico exerce uma importância adicional à
manutenção do relevo montanhoso; a partir da cidade de Congonhas ela se inflete
na direção nordeste-sudoeste. A razão disso é a tectônica causada pelos empurrões
de vergência oeste; a parte mais setentrional desta serra recebe o nome de Serra do
Rola Moça;
 Serra de Itabirito, aproximadamente paralela à Serra da Moeda, tem a forma de um
arco com a convexidade voltada para leste; a parte mais larga situa-se na altura da
Lagoa Grande e a mais estreita na região do Ribeirão do Eixo; a partir daí inflete-se
em direção oeste-leste até Ouro Preto, onde constitui a serra de mesmo nome
 Serra da Gandarela, no extremo nordeste da folha, é estruturada sobre o itabirito da
Formação Cauê e sobre dolomitos da formação de mesmo nome, no núcleo de uma
dobra sinclinal, cujo eixo tem a direção sudoeste-nordeste; atinge 1.600 metros na
região do fechamento desta dobra;
 Serra de Santo Antônio, Serra de Ouro Branco e Serra de Lavras Novas, de oeste
para leste nesta ordem, formam o limite sul do Quadrilátero Ferrífero e atingem
altitudes médias em torno de 1.400 metros; a primeira é estruturada em quartzitos e
itabirito e as outras no quartzito do Grupo Itacolomi;

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 Serra do Caraça, no extremo nordeste da folha, é estruturada em quartzitos do


Grupo Tamanduá e possui as maiores elevações da região do Quadrilátero
Ferrífero; na folha as suas altitudes máximas estão em torno de 1.800 metros.
Entre as serras instalaram-se terras altas com altitudes em torno de 1.000-1.200 metros,
constituindo o Platô da Moeda, de superfícies planas e colinas muito suaves. O sinclinal
invertido do Gandarela, com vales de encostas íngremes e drenagens muito encaixadas, e as
terras altas entre Dom Bosco e Ouro Preto, configuram um platô com vales mais encaixados e
superfícies mais onduladas. O mapa da figura 2 mostra os principais traços da fisiografia.

Figura 2. Principais traços da fisiografia sobre a Folha Ouro Preto.

A depressão do Bação é notável como uma paisagem de colinas onduladas. Algumas áreas
têm um relevo típico de meias-laranjas, alguns poucos pontões graníticos discretos e altitudes em
torno de 850-1.100 metros.
Uma boa descrição da evolução da paisagem do Quadrilátero Ferrífero, segundo os
conceitos de King (1956), pode ser encontrada em Dorr (1969). Apesar de ser uma publicação
antiga e oriunda de um grande e exaustivo trabalho de campo, até hoje não foi feito nenhum
trabalho que a suplantasse ou a contrariasse. Consequentemente, continua a ser citado como uma
referência da evolução geomorfológica do sudeste brasileiro.
As figuras 3 e 4 dão uma visão geral da depressão do Bação e das serras que a circundam.

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Figura 3. Visão geral da região da depressão do Bação vista de sudoeste para nordeste com destaque para as serra
do Palmital e Gandarela ao fundo.

Figura 4. Mesma aposição da foto anterior mostrando a serra do Conta História talhada em itabirito da Formação
Cauê, de SW para NE.

2.2. Hidrografia

A área da Folha Ouro Preto situa-se no limite entre duas bacias hidrográficas, a do Rio São
Francisco e a do Rio Doce, porém a sua quase totalidade é pertencente à bacia do Rio São
Francisco, representada pelas sub-bacias do Rio das Velhas e do Rio Paraopeba.

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O Rio das Velhas tem a sua nascente na serra de Ouro Preto, no local denominado de
Cachoeira das Andorinhas; corre inicialmente no sentido leste-oeste, depois inflete-se para norte
nas imediações de Itabirito.
A cidade de Ouro Preto, no entanto, está situada na bacia do Rio Doce, que tem como
principais representantes o Rio Piracicaba, que nasce na Serra do Caraça e o Rio Conceição, que
nasce na Serra do Palmital. A área drenada pelo rio Doce representa apenas cerca de 10% da área
total da folha.
A bacia do Rio Paraopeba drena toda a região a oeste da Serra da Moeda e representa
menos que 5% da área da folha. Este rio corre em um pequeno percurso, muito meandrado, no
canto sudoeste da folha.
O padrão de drenagem dos terrenos ocupados pelos metassedimentos pode ter certo
controle estrutural, mas nunca tem um aspecto retangular característico; nos terrenos ocupados
por rochas gnáissicas o padrão é nitidamente dendrítico.

2.3. Clima

O clima da região do Quadrilátero Ferrífero é caracterizado como tropical de altitude, sem


temperaturas extremas. A temperatura máxima raramente passa dos 30° C e a média anual é
próxima aos 20° C. A precipitação anual varia entre 1.500 mm até 2.000 mm.
Os períodos chuvosos são os típicos das localidades do sudeste brasileiro, ocorrem
principalmente entre os meses de outubro e março. Assim como os períodos de estiagem
ocorrem nos meses de junho e julho, que é quando ocorrem as temperaturas mais baixas.

2.4. Vegetação

Segundo o mapa do projeto Reserva da Biosfera da Mata Atlântica –


UNESCO/AVINA/MMA/SOS Mata Atlântica (2008), toda a região do Quadrilátero Ferrífero
está situada no domínio do grande bioma de mesmo nome. A área que compreende o interior do
QF, isto é, entre as suas serras delimitantes, onde situa-se a totalidade da Folha de Ouro Preto,
pertence ao domínio denominado Zona de Amortecimento, na qual subsistem núcleos com
vegetação preservada. Esses núcleos compreendem os remanescentes florestais da região ao sul
de Belo Horizonte, da região de Ouro Preto e da região da Serra da Gandarela. Nestas regiões,
massas de vegetação de grande porte ainda subsistem como áreas de proteção, tais como
parques, como por exemplo, o Parque Estadual do Itacolomi e área de proteção do Tripuí em
Ouro Preto, áreas de preservação permanente ou diversas áreas de proteção ambiental.
Os domínios das serras que delimitam o Quadrilátero Ferrífero são classificadas, segundo o
mapa acima citado, em zonas de transição, onde predominam outros tipos de vegetação

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relacionadas ao bioma Mata Atlântica, dando-se destaque aos campos rupestres de altitude,
presentes na Serra do Caraça, na Serra de Lavras Novas/Itacolomi e na Serra de Ouro Branco,
bem como nas altas cristas itabiríticas e quartzíticas das serras da Moeda, de Itabirito e da
Gandarela,

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3. TRABALHOS ANTERIORES

A evolução histórica do Quadrilátero Ferrífero é muito longa, pois o estudo da geologia


brasileira começou nesta região, especificamente na cidade de Ouro Preto, em fins do século
XVII, quando da descoberta do ouro. Uma breve introdução ao assunto será aqui exposta, porém
sem maiores detalhes, pois se distancia do escopo de uma nota explicativa.
A partir do século XIX começaram a ser publicados trabalhos esporádicos, a maior parte
feita por viajantes europeus. Pesquisas de cunho científico tornaram-se possíveis a partir de 1876
com a criação da Escola de Minas de Ouro Preto e a vinda de alguns professores franceses que se
interessaram pelos recursos minerais, principalmente pelo ouro e pela grande riqueza
mineralógica da região. Esta fase vai até 1946, quando os levantamentos geológicos, de pontuais,
interessando apenas alguns temas específicos, passaram a ser sistemáticos.
O início do programa de cooperação entre os Estados Unidos e o Brasil, através do
Convênio USGS/DNPM dotou, pela primeira vez, o território brasileiro de um mapeamento
geológico sistemático de grande qualidade técnica, em escala de detalhe.
A partir de 1964, com exceção de um mapeamento do Supergrupo Rio das Velhas em
escala 1:25.000, realizado pela CPRM em 1994, nada mais foi executado em escala regional.
Todos os levantamentos realizados posteriormente, para quaisquer finalidades, são
repetitivos, geralmente focadas na geologia estrutural e tectônica e interessam pequenas áreas
sem grandes ou nenhuma modificações na geologia originalmente apresentada nos mapas em
escala 1:25.000.
Ultimamente, as pesquisas geológicas na região têm sido feitas, principalmente, no campo
da geocronologia, com obtenção sistemática de idades radiométricas, principalmente pelo
método U-Pb, muito necessárias para a compreensão da sua evolução geotectônica.
Um excelente trabalho sobre a evolução da cartografia geológica do Quadrilátero Ferrífero
pode ser encontrado na tese de doutorado de Machado (2009).

3.1. Referências bibliográficas

Um resumo bibliográfico é tarefa árdua a ser feita e ficaria mais longo do que esta nota
explicativa, pois a imensa quantidade de trabalhos sobre o Quadrilátero Ferrífero, mais
especificamente sobre a região abrangida pela folha de Ouro Preto ultrapassa o escopo deste
relatório. É apresentada a bibliografia consultada e textos adicionais sobre a região,
principalmente os de caráter histórico. Pretende-se ser a mais completa possível, porém ainda
com muitas omissões involuntárias, pela dificuldade de localização de algumas publicações.

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4. CONTEXTO GEOTECTÔNICO

A Folha Ouro Preto abrange cerca de 70% da área total do Quadrilátero Ferrífero e, por
conseguinte, mostra seus principais aspectos tectônicos. Situa-se no denominado embasamento
cratônico do Cráton do São Francisco, cujo limite oriental é a região a leste de Ouro Preto,
marcado pelo denso conjunto de falhas de empurrão de vetor oeste. Estas falhas são bem nítidas
em toda a região abrangida pelas rochas do Supergrupo Minas e Grupo Itacolomi e representam
uma feição estrutural bem conhecida desde o mapeamento de Barbosa (1969).
A fronteira sul do QF é bem realçada pela falha transcorrente dextral do Engenho, que
parece ser bem mais nova que o sistema de cavalgamento de sentido oeste ao qual ela está
associada. Essa falha é de natureza rúptil, representando então um evento que teve lugar em um
nível crustal mais superficial e parece ser a última manifestação tectônica regional.
Como ressaltado acima, a região leste da folha foi submetida a um severo sistema de
empurrão que gerou inúmeras rampas frontais de cavalgamento com falhas de transferência
generalizadas de direção preferencial leste – oeste entre as frentes de empurrão.
As falhas de empurrão também foram geradas em um regime rúptil – dúctil e mapeadas
continuamente ao longo da região ao norte da falha do Engenho, amortecendo-se na região de
Jeceaba, limite oeste do Quadrilátero Ferrífero. As evidências levam a uma continuidade deste
grande empurrão desde a região leste. Estas falhas devem ter sido geradas no mesmo evento
tectônico, portanto, segundo o senso geológico comum, são de idade neoproterozoica.
Se tal idade puder ser comprovada, o limite sul do Cráton do São Francisco deveria ser
deslocado para a borda meridional do Quadrilátero Ferrífero.

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5. UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS

A litoestratigrafia abaixo descrita foi estabelecida para a Folha Ouro Preto, levando-se em
conta a estratigrafia clássica do Supergrupo Minas estabelecida por Dorr (1969) e aquela
aplicada aos terrenos arqueanos do Supergrupo Rio das Velhas e constantes no banco de dados
litoestratigráficos do GEOBANK-CPRM. Para este último supergrupo foram aproveitadas todas
as siglas disponíveis, com algumas poucas modificações. As modificações serviram para definir
algumas unidades com os termos necessários para explicitar o conteúdo litológico das mesmas.
As unidades não disponíveis no banco de dados acima citado foram definidas com novas siglas,
exemplificando-se o caso das novas divisões litológicas do Complexo do Bação. As unidades
fanerozoicas foram reduzidas e simplificadas, quando possível.
Para o Fanerozoico foi adotada a divisão da International Chronostratigraphic Chart/ICS-
IUGS (Cohen, 2013). Não existem idades bem estabelecidas para os depósitos de superfície,
exceção feita aos depósitos contendo uma flora fóssil restrita. Eles são subdivididos levando-se
em conta o grau de consolidação dos sedimentos, notadamente se eles são cimentados ou não por
hidróxidos de ferro.
Foi verificado que, dependendo da folha geológica original, depósitos superficiais de
mesmas características foram colocados em idades diferentes. Da mesma forma, um depósito de
talus ou coluvião transformado em canga consolidada, adjacente a um depósito de canga eluvial,
tinham idades diferentes. Tentou-se então uma simplificação do número de unidades, com o
intuito de tornar o mapa mais simples de ser consultado. O número de unidades fanerozoicas foi
então reduzido para apenas sete unidades. A hierarquia da divisão foi restringida ao nível de
período, evitando-se estendê-la até o nível de época, o que foi julgado não adequado, em virtude
do conhecimento atual.

5.1. Coluna estratigráfica

A coluna estabelecida é a abaixo descrita:


FANEROZOICO
CENOZOICO
QUATERNÁRIO
Qal – Depósitos de cascalho, areia e argila inconsolidados preenchendo calhas de
drenagem.
Qdl – Eluviões lateritizados constituídos de fragmentos, principalmente de hematita e
itabirito, incipientemente ou não cimentados.
Qco – Colúvio de fragmentos angulosos de várias granulometrias de diversas rochas,
geralmente inconsolidados.

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NEÓGENO - QUATERNÁRIO
NQtal – Sedimentos lacustrinos constituídos de cascalho, areia, argila branca a mosqueada
de vermelho rica em hidróxidos de alumínio, alguns dispostos em terraços aluvionares e, em
alguns locais, formando horizontes bauxíticos endurecidos.
PALEÓGENO-NEÓGENO
Psl – Sedimentos lacustrinos, tais como argilito, arenito e linhito, alguns contendo folhas
fósseis.
Pms – Depósitos superficiais denominados mudstones que ocorrem geralmente sobre
camadas dolomíticas e são constituídos de argila laterítica sem plasticidade e estratificação.
Pca – Canga ferruginosa em forma de carapaças rígidas com fragmentos de diversas
granulometrias, principalmente de itabirito e hematita, rolados e angulosos cimentados ou
parcialmente cimentados por hidróxidos de ferro e dispostos em depósitos eluvionares,
coluvionares e de talus.
PRECAMBRIANO / PROTEROZOICO
RIACIANO
TONALITO ALTO MARANHÃO
PP2gram – Tonalito, granodiorito e migmatito.
GRUPO ITACOLOMI
PP23it – Quartzito e grit, quartzito conglomerático e lentes de conglomerado polimítico,
finos níveis de filito muscovítico. Feições sedimentares primárias são preservadas, tais como
estratificação cruzada e marcas de onda. Inclui a facies Santo Antônio, constituída de
conglomerado, filito, quartzito puro e ferruginoso.
Discordância erosiva e angular
PALEOPROTEROZOICO
SUPERGRUPO MINAS
GRUPO SABARÁ
PP2ms – Clorita-muscovita filito, quartzito muscovítico, quartzito feldspático,
metagrauvaca e metasubgrauvaca, rochas metavulcânicas do tipo xisto verde com clorita e
anfibólio, filito e quartzito, lentes de conglomerado muito grosseiro do tipo tiloide,
paraconglomerado e formação ferrífera em lentes esparsas.
Discordância erosiva (?)
GRUPO PIRACICABA
PP2mp – Quartzito e pouco filito, com lentes de formação ferrífera e dolomito, grauvaca,
quartzito ferruginoso e quartzito micáceo; na calha do sinclinal de Dom Bosco grande parte das
rochas pertence às formações Cercadinho e Fecho do Funil que são, inclusive, interdigitadas

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lateral e verticalmente; engloba também rochas atribuíveis ao Grupo Sabará, principalmente as


portadoras de lentes conglomeráticas.
FORMAÇÃO BARREIRO
PP2mpb – Filito carbonoso e localmente piritoso, filito muscovítico multicolorido.
FORMAÇÃO TABOÔES
PP2mpt – Ortoquartzito cinza claro a branco, maciço, sem estratificação aparente,
granulação fina a muito fina com aspecto de metachert, frequentemente com nódulos muito
pequenos de hidróxido de ferro, localmente manganesífero.
FORMAÇÃO FECHO DO FUNIL
PP2mpf – Filito, metassiltito, filito dolomítico, filito multicolorido, dolomito impuro,
mármore castanho a vermelho com uma espessa camada estromatolítica na pedreira do Cumbe,
leste de Ouro Preto, níveis manganesíferos e formação ferrífera subordinados.
FORMAÇÃO CERCADINHO
PP2mpc – Conglomerado de grânulos (rice grit), quartzito puro, camadas rítmicas
constituídas de quartzito ferruginoso cinza escuro a cinza-médio e granulação média com
estratificação cruzada e marcas de onda e filito cinzento prateado e ferruginoso, lentes finas de
dolomito e, localmente, quartzito cianítico com pirofilita e cloritoide; contém camadas
manganesíferas e níveis com hematita cristalina e magnetita; a formação contém camadas de
espessura variável com alto teor em ferro; engloba a porção ferruginosa do Grupo Itacolomi a
leste da Serra de Santo Antônio.
Discordância erosiva
SIDERIANO
GRUPO ITABIRA
PP1mi – Indiviso – Itabirito, itabirito filítico e dolomítico, dolomito ferruginoso, lentes de
hematita compacta e lamelar (já lavradas); foram separadas camadas com predominância de
itabirito da Formação Cauê e com predominância de dolomito da Formação Gandarela.
FORMAÇÃO GANDARELA
PP1mig – Dolomito listrado de cores cinza claro e escuro com nódulos de hematita e
conspícuas listras vermelhas e brancas, estruturas de fluxo e brechas localmente, um fino nível
estromatolítico ocorre na localidade-tipo; conglomerado intraformacional, calcário calcítico e
magnesiano, mármore, itabirito dolomítico, filito dolomítico e níveis manganesíferos, por vezes
formando pequenos depósitos de minério oxidado, são frequentes no meio da camada e no
contato com o itabirito; lentes de magnetita anfibólio xisto ocorrem em locais de metamorfismo
mais elevado.

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

FORMAÇÃO CAUÊ
PP1mic – Itabirito friável e compacto, itabirito dolomítico, itabirito magnetítico, itabirito
anfibolítico, lentes de dolomito e filito, lentes e camadas de hematita compacta e friável (quase
que totalmente lavradas).
GRUPO CARAÇA
PP1mc – Quartzito fino, quartzito micáceo, filito e conglomerado; foi mapeado onde é
impossível separar suas formações por imposição da escala.
FORMAÇÃO BATATAL
PP1mcb – Filito cinza escuro em parte carbonoso, filito prateado a marrom quando
intemperizado, quartzito muscovítico e clorítico, metachert e formação ferrífera subordinada.
FORMAÇÃO MOEDA
PP1mcm – Quartzito cinza claro a pardo avermelhado, de granulação média a muito
grossa, grit e lentes de conglomerado basal, em alguns locais com cimento piritoso,
conglomerado, quartzito muscovítico com lentes de filito multicolorido intercaladas, filito
quartzoso e filito multicolorido arenoso.
Discordância erosiva
GRUPO TAMANDUÁ
PP1t - Quartzito, conglomerado, quartzo-xisto, filito e rara formação ferrífera dolomítica
Discordância erosiva e angular
ARQUEANO
NEOARQUEANO
SUPERGRUPO RIO DAS VELHAS
GRUPO MAQUINÉ
A4rm – Indiviso – Quartzito, conglomerado, quartzo-filito e filito.
FORMAÇÃO CASA-FORTE
A4rmc – Muscovita xisto e muscovita-quartzo xisto fino, quartzito muscovítico de
granulação média a fina, quartzito conglomerático subordinado, quartzito muscovítico de
granulação média a grossa e grit; metaconglomerado polimítico, estratificação gradacional e
cruzada acanaladas e tangencial preservadas; foram separadas as camadas de quartzito micáceo
com níveis espessos de conglomerado polimítico.
FORMAÇÃO PALMITAL
A4rmp - Quartzito muscovítico fino e quartzito muscovítico com estratificação cruzada de
pequeno a médio porte; filito carbonoso subordinado.
Discordância erosiva

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

GRUPO NOVA LIMA


A4rnvs – Unidade metavulcanossedimentar, metassedimentar e metassedimentar química -
Xistos e filitos diversos de origem vulcanossedimentar e sedimentar com proporções variáveis de
quartzo, clorita, biotita, muscovita, carbonato, plagioclásio e feldspato, formação ferrífera, rocha
calcissilicática, filito carbonoso, metachert; metaconglomerado, metagrauvaca, metagrauvaca
félsica e quartzito; na borda do Complexo do Bação existe uma auréola de metamorfismo
descontínua com geração de granada e estaurolita, feições sedimentares preservadas, tais como:
estratificação plano paralela, gradacional e cruzada de pequeno e grande porte, estratificação
cíclica e gradacional na metagrauvaca e formação ferrífera.
A4rnt – Unidade metassedimentar turbidítica - Ritmito constituído de quartzito micáceo
feldspático e quartzo-muscovita filito feldspático.
A4rnsq – Unidade quartzítica - Quartzito, quartzito micáceo, quartzito
microconglomerático e conglomerado polimítico.
A4rnvcq – Unidade metassedimentar vulcanoclástica e metassedimentar clasto-química.
Muscovita-clorita-quartzo filito, muscovita-clorita filito, filito muscovítico, filito carbonoso,
metachert puro e ferruginoso, formação ferrífera bandada e quartzo-ankerita xisto subordinados;
formação ferrífera; foram englobadas nesta unidade as camadas de conglomerado, filito e
quartzito da estrutura dobrada de Macacos, ao sul da Serra do Curral.
A4rnmi – Unidade metavulcânica máfica a félsica e metassedimentar química –
Metabasalto toleítico e komatiítico, formação ferrífera e metachert; xisto clástico e
metavulcânica félsica subordinada. Formação ferrífera e metachert ferruginoso.
A4rnmu – Unidade metavulcânica ultramáfica, máfica e ácida e metassedimentar química
– Metabasalto toleítico e komatiítico, metaperidotito e metatufo básico; metavulcânica ácida,
metachert, formação ferrífera e filito carbonoso geralmente associados, formação ferrífera e talco
xisto.
A4rnl – Grupo Nova Lima indiviso, na região de Congonhas do campo e na vertente
ocidental da Serra da Moeda - Compreende unidades metavulcânicas e corpos metaultramáficos
e metamáficos plutônicos constituídos de serpentinito, esteatito (pedra-sabão), talco xisto, xistos
verdes e rochas metassedimentares clásticas e químicas, tais como: - filito, filito carbonoso,
formação ferrífera bandada, rocha carbonática, metachert puro e ferruginoso e grauvaca, filito,
esteatito talco xisto.
COMPLEXO CÓRREGO DOS BOIADEIROS
A4cbtx, A4cbsp, A4cbes, A4cbmg – Compreende a intrusão plutônica ultramáfica
serpentinizada no Supergrupo Rio das Velhas e constituída de talco xisto, serpentinito, esteatito e
metagabro.

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NEOARQUEANO A MESOARQUEANO
A34bv - rochas gnáissicas e granitoides da região de Bela Vista, ao sul da estação Dom
Bosco, intensamente deformadas e exibindo conspícuas e generalizadas feições de milonitização;
as rochas são geralmente do tipo quartzo-muscovita xistos grosseiros, com intercalações de
rochas biotíticas e anfibolíticas também deformadas, alguns corpos de granitoides podem ser
reconhecidos apesar da intensa deformação; essas rochas estão colocadas tectonicamente entre as
rochas do Supergrupo Minas e as do Supergrupo Rio das Velhas.
COMPLEXO DO BAÇÃO
Compreende rochas granitoides e terrenos do tipo TTG, xistos, gnaisses, migmatitos,
faixas miloníticas, rochas básicas e pegmatitos com turmalina; a divisão abaixo foi definida:
Evento Mamona (2,75 – 2,68 Ga)
A4bgk – Granitoide potássico, leucocrático e de grão grosso.
Evento Rio das Velhas (2,93 – 2,76 Ga)
A34bt – Rochas tipo TTG (tonalito, throndjemito, granodiorito e migmatito).
A34bg – Gnaisses diversos e migmatitos.
COMPLEXO BONFIM
A4bt – Granitoides de composição granodiorítica, monzogranítica e tonalítica,
mesocráticos com faixas miloníticas e migmatitos.
A4bp – Leucogranito peraluminoso cinzento de granulação fina a média.
A3ba – Terreno tipo TTG com ortognaisse anfibolítico, soleiras de anfibolito e migmatitos
de estruturas diversas com porções nebulíticas.
PALEOARQUEANO
COMPLEXO SANTO ANTÔNIO DO PIRAPETINGA
A2sap – Talco-clorita xisto, serpentinito e metabasito em meio a um terreno do tipo TTG
com ortognaisse tonalítico-trondhjemítico e granítico.

ROCHAS INTRUSIVAS DE IDADE NÃO DETERMINADA


grd – granodiorito ao sul da Serra de Ouro Branco, provável parte de um terreno do tipo
TTG, provavelmente mesoarqueano.
β – Rochas básicas em geral, basalto a gabro, metamórficas ou não, em diques, soleiras e
pequenos maciços; idades entre o Arqueano e Mesozoico.

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

5.2. Descrição da coluna litoestratigráfica

Passa-se à descrição da coluna litoestratigráfica com todas as subdivisões adotadas, da


mais velha para a mais nova segundo a norma usual.

5.2.1. ROCHAS INTRUSIVAS DE IDADE NÃO DETERMINADA

Foram agrupadas sob essa denominação duas categorias de rochas. A primeira se refere às
rochas granitoides, principalmente granodiorito, ocorrentes ao sul da Falha do Engenho, região
de Congonhas e Ouro Branco. Estas rochas têm sido mapeadas desde os trabalhos de Guild
(1957) sob a forma de pequenas intrusões individualizadas que, no atual mapeamento, foram
agrupadas em grandes maciços em contato com rochas do Supergrupo Rio das Velhas. O
agrupamento foi possível por meio dos levantamentos geofísicos, analisando-se as imagens de
gamaespectrometria K, Th e U. Apesar de idades levantadas na região, um posicionamento
geocronológico não é ainda conclusivo, porém elas são de idade entre o Paleo e o Mesoarqueano.
Trata-se de um terreno do tipo TTG, substrato mais antigo dos terrenos tipo greenstone belt Rio
das Velhas com idade compreendida nos eventos Rio das Velhas I e II de Farina et al. 2016 com
idades entre3,22 e 2,76 Ga. As grandes intrusões dos granitoides neoarqueanos Alto Maranhão
estão alojadas neste granodiorito na região de Congonhas (Noce 1995).
A segunda são as rochas básicas, geralmente máficas, do tipo gabro e diabásio, de várias
idades, metamórficas ou não, ocorrendo em geometrias muito variadas e intrudindo todas as
rochas precambrianas da folha das intracrustais às supracrustais.
Essas rochas foram bem separadas nos mapeamentos de 1:25.000 e 1:50.000 porém, na
escala 1:100.000, resolveu-se adotar a designação genérica de β para todas elas, que é uma
simbologia usual para este tipo de rochas. A geometria usual é a de corpo tabular do tipo dique,
por vezes de grandes dimensões, como o que ocorre no limite leste do Complexo do Bação mas,
mais comumente, de dimensões reduzidas. Ocorrem também sills e pequenos maciços.
O espesso enxame de diques que intrude as rochas quartzíticas do Grupo Tamanduá na
Serra do Caraça ao longo de fraturas, falhas normais e de empurrão é seguramente de idade pré-
Minas, limitando-se a este grupo e muito pouco penetrativa nas rochas do Grupo Maquiné. Dorr
(1969) nota que essas rochas estão sempre intemperizadas, mas a textura ofítica é evidenciada
em algumas porções, o que sugere ser um basalto ou diabásio.
No Supergrupo Minas as intrusões básicas são muito menos frequentes, limitando-se a
diques finos e pouco espessos. No Grupo Itacolomi existem alguns finos diques máficos ao
longo de falhas de empurrão. A idade mesozoica não é desprezada para alguns destes diques,
porém ainda não existem datações conclusivas na região.

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

5.2.2. COMPLEXO SANTO ANTÔNIO DO PIRAPETINGA

Este conjunto de rochas, que envolve terrenos do tipo TTG e rochas ultramáficas
plutônicas intrusivas serpentinizadas foi definido mais a leste e estendido até a região ao sul da
Serra de Lavras Novas pela integração 1:50.000 de Baltazar et al. (2005). Entretanto, ocorrem
em uma faixa muito estreita da folha e, no terreno, se limitam a saprolitos de difícil identificação.
Muito provavelmente, este conjunto de rochas deve corresponder a uma extensão oriental do
Supergrupo Rio das Velhas.

5.2.3. COMPLEXO BONFIM

O Complexo do Bonfim foi mapeado em consonância com o disponível na bibliografia


(Folha Igarapé, CPRM 2013) com modificações decorrentes de trabalhos de campo e de
interpretação de mapas geofísicos, principalmente a Gamaespectrometria K, Th e U e sua
composição ternária. Trata-se de uma região bastante deformada, com faixas miloníticas
espessas, principalmente no contato com as rochas do Supergrupo Minas, ao longo da vertente
ocidental da Serra da Moeda. Fusão parcial é também presente nas rochas mais antigas,
notadamente naquelas do tipo TTG, que constituem a maior parte do complexo mapeável na
folha, gerando migmatitos de estruturas diversas, desde pouco evoluídas do tipo schollen até as
do tipo nebulítico.
Foram separados os terrenos do tipo TTG e granitoides do tipo granodiorito, monzogranito
e tonalito de grão grosseiro e leucogranito do tipo peraluminoso. Não foram adotadas
designações formais para estas rochas, por falta de um maior detalhamento e de um conjunto de
idades radiométricas mais consistente, porém essas idades situam-se em um intervalo de 3,22 a
2,76 Ga que envolvem os eventos Rio das Velhas I e II de Farina et al. (2016).

5.2.4. COMPLEXO DO BAÇÃO

A primeira tentativa de separação litológica das rochas do Complexo do Bação foi efetuada
neste mapeamento, com trabalhos de campo em escala de detalhe 1:25.000, levados a efeito por
Souza Rezende (2016) com orientação e supervisão do autor senior deste relatório. Apesar de
existirem muitos trabalhos relativos à geologia, petrografia e datação radiométrica de suas
rochas, o complexo nunca teve uma divisão litológica adequada. Isso foi possível com os
trabalhos de campo empreendidos, petrografia e análise de imagem geofísicas de
gamaespectrometria, nos canais do K, Th e U, composições binárias e o mapa de composição
ternária K-Th-U.

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Nos trabalhos de campo foram identificados três principais litotipos: rochas do tipo TTG,
gnaisses e granitoides potássicos, além de faixas miloníticas e pequenos diques de pegmatitos
portadores de turmalina (variedade schorlita) em cristais até centimétricos.

Rochas do tipo TTG

As rochas TTG constituem grande parte da área do Complexo do Bação, aproximadamente


40% dela. São circundadas por terrenos gnáissicos e intrudidas por batólitos de granitoides
potássicos. Os afloramentos típicos dessa unidade são em pequenos lajedos em estradas não
pavimentadas e em cortes de estrada (Figura 5).

Figura 5. Afloramento em pequeno lajedo de rocha TTG do Complexo Bação (Ponto 129 – 642.116E, 7.754.375N,
UTM23S WGS84).

Em campo, as rochas são caracterizadas por possuírem coloração clara, esbranquiçada a


cinza, granulação média a grossa, textura fanerítica inequigranular a equigranular (Figura 9B).
São evidentes estruturas preservadas de foliação, marcada principalmente por minerais micáceos
(biotita), as quais por vezes evidenciam planos de caimento nos afloramentos (Figura 9A), com
caráter mais homogêneo. Quando ocorre bandamento, não ultrapassa 2 cm de espessura,
alternando bandas claras e escuras, entre minerais félsicos e máficos. A mineralogia
macroscópica básica é de quartzo, feldspato e biotita (Figura 6). Porções mais alteradas
apresentam-se caulinizadas e saprolito de coloração alaranjada a rosa. São frequentemente
encontrados veios e diques aplíticos cortando as rochas.

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Figura 6. Fotomicrografia da rocha TTG da estação 041. Nicóis paralelos em A e nicóis cruzados em B.

Em lâmina delgada apresentam mineralogia essencial constituída de plagioclásio, quartzo,


feldspato potássico (microclina) e biotita. A rocha apresenta granulação média a grossa com
cristais xenomórficos a hipidiomórficos podendo ocorrer fenocristais de feldspatos de até 2 mm.
São comuns os processos de alteração como muscovitização da microclina e saussuritização dos
plagioclásios, os quais apresentam certo aspecto poiquilítico. Como minerais secundários
ocorrem epidoto e muscovita, alguns cristais de quartzo apresentam extinção ondulante, o que é
normal nos granitoides. Acessórios incluem apatita e zircão (Figura 7).

Figura 7. Planos de caimento de foliação em afloramento em lajedo (A) e detalhe do aspecto macroscópico da rocha
TTG, coloração cinza claro, granulação média e leve foliação (B) (Ponto 41 - 633.652E, 7.746.806N, UTM23S
WGS84).

O Diagrama QAP para as amostras escolhidas resultou em assinatura composicional entre


tonalito e granodiorito (Figura 8).
O Gnaisse constitui aproximadamente 50% da área do complexo; situados na área central e
também nas bordas, em contato com as rochas supracrustais dos Supergrupos Rio das Velhas e
Minas. Também são intrudidos por batólitos de granitoides potássicos e seus afloramentos estão
principalmente em cortes de estrada, drenagens e lajedos com dezenas de metros de extensão
(Figura 9).

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Figura 8. Diagrama QAP para as rochas TTG do Complexo Bação. F: Granodiorito, G: Tonalito.

Gnaisse

Figura 9. Principais tipos de afloramentos para os gnaisses, em A afloramento em corte de estrada do ponto 4
(637.878E, 7.750.133N, UTM23S WGS84) e em B rochas em curso d’água no ponto 95 (628.561E, 7.750.955N,
UTM23S WGS84).

Em campo essa unidade é caracterizada por rochas de coloração cinza clara, de granulação
variando entre fina a média, com presença de bandamento composicional, variando entre 1 cm a
20 cm. Por vezes o bandamento encontra-se difuso, dobrado e redobrado, apresentando
estruturas do tipo pitgmática (Figura 10A) cortado por veios de quartzo e de composição aplítica
que variam entre 2 cm a 15 cm de espessura (Figura 10B). O bandamento pode também
encontra-se homogêneo com veios paralelos ao mesmo (Figura 10C). Podem apresentar leve
foliação dada por minerais micáceos (biotita), geralmente paralelos ao bandamento.
A composição mineralógica observada em campo é essencialmente de quartzo, feldspato
(plagioclásio e feldspato potássico) e biotita. Os veios de quartzo por vezes são pegmatíticos e os
aplíticos apresentam granulação um pouco mais grossa (Figura 10D). É comum encontrar

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

fenocristais de feldspatos fraturados em bandas de composição leucocrática, principalmente nas


que atingem mais de 5 cm de espessura.

Figura 10. A) Gnaisse apresentando dobras ptigmáticas (Estação 4 –637.878E, 7.750.133N, UTM23S WGS84); B)
Gnaisse com veios de 2 cm, cortando o bandamento, até veios maiores com 15 cm, de composição aplítica (Estação
7 – 638.287E, 7.749.529N, UTM23S WGS84); C) Bandamento centimétrico, homogêneo em gnaisse do Complexo
Bação (Estação 116 – 633.090E, 7.749.714N, UTM23S WGS84); D) Porção pegmatítica de veio de quartzo em
gnaisse (Estação 98 – 628.542E, 7.748.502N, UTM23S WGS84).

As lâminas delgadas dessa unidade mostraram mineralogia essencial composta por


quartzo, plagioclásio, microclina e biotita. Os minerais de alteração mais comuns são muscovita,
clorita e epidoto, este último proveniente da saussuritização dos plagioclásios. De uma maneira
geral, essas amostras apresentam textura granolepidoblástica a granoblástica, granulação fina a
média, com frequentes megacristais, hipidiomórficos a xenomórficos, tanto de plagioclásio
quanto de feldspato potássico (microclina) de até 1,6 mm. Os feldspatos apresentam processos de
alteração tais como saussuritização e muscovitização. A textura granolepidoblástica é indicada
principalmente por leve orientação de minerais micáceos, tanto biotita quanto muscovita (Figura
11A). Os contatos entre os cristais dão-se da forma côncavo-convexa e há ocorrência de quartzo
com extinção ondulante. Os minerais acessórios encontrados são apatita, zircão e alanita (Figura
11B).

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Figura 11. A) Fotomicrografias da amostra 099. B) Fotomicrografias da amostra 007.

No diagrama QAP as amostras mostraram uma distribuição entre 3 (três) classificações:


monzogranito, granodiorito e quartzo monzonito (Figura 12).

Figura 12. Diagrama QAP para os gnaisses do Complexo Bação. E: Monzogranito F: Granodiorito, J: Quartzo
monzonito.

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Granitoides potássicos

Os granitoides potássicos formam batólitos que intrudem tanto as rochas TTG quanto os
gnaisses do Complexo Bação. Em mapa, são corpos quase elípticos com 2 km de maior eixo de
tamanho médio, e juntos ocupam aproximadamente 10% da área do complexo. Seus
afloramentos vão desde cortes de estradas, a pequenos taludes em via não pavimentada e lajedos
com algumas dezenas de metros de extensão (Figura 13).

Figura 13. A) Afloramento de Granitoide Potássico em corte de estrada (Estação 3 – 638.095E, 7.750.442N,
UTM23S WGS84). B) Afloramento em forma de lajedo de Granitoide Potássico (Estação 48 – 634.478E,
7.750.004N, UTM23S WGS84).

Em campo essa rocha é distinguida por ser de coloração clara, esbranquiçada, de


granulação média a grossa apresentando por vezes cristais de 2 mm, visíveis a olho nu, de biotita
e feldspato. É também marcada pela ausência de estruturas como foliação ou bandamento na
maioria de suas ocorrências; quando há presença dessas estruturas, as mesmas são discretas e
quase imperceptíveis. A alteração desta rocha tem também uma característica singular, que é o
processo de caulinização e o aparecimento de um tom azul claro no afloramento, características
bastante frequentes nos afloramentos (Figura 14).
A mineralogia essencial observada em campo é constituída de quartzo, feldspato e biotita.
A presença de mica branca (muscovita) é raramente observada.
As lâminas delgadas apresentam mineralogia essencial composta por microclina pertítica,
quartzo, plagioclásio e biotita. Como minerais secundários, é comum encontrar muscovita e
epidoto. Os cristais são inequigranulares, de granulação grossa, com a microclina variando entre
0,4 mm até 4,0 mm, em geral, xenomórficos a hipidiomórficos, por vezes fraturados e
apresentando processos de alteração. Os principais processos de alteração são muscovitização do
feldspato e saussuritização do plagioclásio. Os minerais acessórios são a apatita, zircão e alanita.
(Figura 15).

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Figura 14. A) Granitoide potássico de coloração esbranquiçada com tons azuis, de granulação grossa com cristais
de biotita e feldspato visíveis a olho nu (Estação 2 – 637.489E, 7.750.919N, UTM23S WGS84). B) Granitoide
potássico de granulação grossa de coloração esbranquiçada (Estação 3 – 638.095E, 7.750.442N, UTM23S WGS84).
C) Rocha apresentando leve foliação mineral, granulação média e coloração esbranquiçada, granitoide potássico do
Complexo Bação (Estação 48 – 634.478E, 7.750.004N, UTM23S WGS84). D) Rocha de granulação grossa
apresentando bandamento mm em sua metade inferior (Estação 128 – 640.167E, 7.755.752N, UTM23S WGS84).

Figura 15. Fotomicrografia da amostra 002, Granitoide Potássico do Complexo Bação. Nicóis descruzados em A e
cruzados em B.

No diagrama QAP as amostras espalharam-se em 3 (três) classificações: álcali feldspato


granito, sienogranito e monzogranito (Figura 16).

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Figura 16. Diagrama QAP para amostras de Granitoide Potássico do Complexo Bação. C: Álcali Feldspato Granito,
D: Sienogranito e E: Monzogranito.

Os granitoides do complexo são por vezes fortemente milonitizados em faixas de direção


NE-SW, longas de alguns poucos quilômetros, mas restringem-se a elas, não penetrando as
rochas dos supergrupos Rio das Velhas e Minas. Por vezes, os porfiroclastos resultantes do
processo são de grande tamanho, até 15 cm, que conferem um aspecto de conglomerado à rocha.
São mais frequentes na porção sudeste do domo. São oriundos da tectônica arqueana e,
aparentemente, não foram remobilizados nos eventos posteriores.
São também comuns os veios pegmatíticos, já bastante caulinizados e com agregados de
cristais até centimétricos de schorlita.
As idades de posicionamento crustal das rochas do Complexo do Bação foram baseadas
nos trabalhos de Romano et al. (2013) e Farina et al. (2016) que reconheceram os seguintes
eventos:
 Evento Mamona: intrusão do granitoide potássico entre 2,75 e 2,68 Ga.
 Evento Rio das Velhas compreendendo os gnaisses e os terrenos TTG entre 2,83 e
2,76 Ga.

5.2.5. EMBASAMENTO CISALHADO DE BELA VISTA

Na região do povoado de Bela Vista, cerca de 5 km ao sul da Estação Dom Bosco, um


grande corpo com forma de um elipsoide de aproximadamente 6 km de eixo maior na direção E-
W foi mapeado com sendo pertencente ao Grupo Caraça, mais especificamente à Formação
Moeda, por Johnson (1962). Tal posicionamento foi adotado por Dorr (1969) e mantido sem

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

alteração por Baltazar et al. (2005), à ocasião da correção cartográfica dos mapas do
USGS/DNPM.
No entanto, Pires & Fraga (1985) mostraram que todo aquele conjunto de rochas deveria
representar uma grande porção do embasamento gnáissico intensamente deformado e colocado
no meio das rochas do Supergrupo Minas.
A região de afloramento dessas rochas ocupa partes rebaixadas do relevo, com colinas
onduladas, onde existem muitas feições erosivas que expõem um material argiloso de cores
branco a rosa, típico de terrenos gnáissicos. (Figura 17).

Figura 17. Visão do Embasamento Bela Vista, no povoado homônimo, de norte para sul, notando-se o relevo
rebaixado e as voçorocas esbranquiçadas típicas de terrenos gnáissicos.

Os trabalhos de campo efetuados na região mostraram que esses últimos autores tinham
razão em afirmar sobre a natureza dessas rochas. De fato, tratam-se de rochas de uma clara
origem gnáissica ortoderivada, recortadas por uma grande quantidade de veios de quartzo, alguns
com aspecto de quartzitos, por causa do processo de cominuição tectônica. Ocorrem também
diversas outras litologias, contando-se rochas anfibolíticas deformadas e rochas verdes,
provavelmente restos do Grupo Nova Lima, além de micaxistos diversos, todas elas exibindo
feições de milonitização. Estes micaxistos, geralmente com muscovita, são as rochas mais
abundantes e muito conspícuas nos afloramentos por causa da nítida foliação milonítica,
granulação grosseira e cor clara, branco com tons de rosa, dependendo do grau de intemperismo.
(Figuras 18 e 19). Afloramentos de granitoides, geralmente ortognaisses leucocráticos, são
também comuns no meio do corpo, principalmente ao longo de canais de drenagem.
De posse de todos esses dados, tanto os bibliográficos, quanto os coletados no campo,
pode-se deduzir, a fortiori, que esse corpo representa uma porção do embasamento arqueano
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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

alçado tectonicamente sobre as rochas do Supergrupo Minas, conforme mostrado no perfil anexo
ao mapa geológico.

Figura 18. Embasamento gnáissico com forte foliação milonítica vertical (ponto 150 - 639.647E, 7.738.438N,
UTM23S WGS84).

Figura 19. Detalhe da foliação milonítica com veios de quartzo estirados e transposição generalizada (ponto 150 -
639.647E, 7.738.438N, UTM23S WGS84).

5.3. Complexo Córrego dos Boiadeiros

O Complexo Córrego dos Boiadeiros, originalmente formação, de Padilha (1984)


corresponde a um corpo plutônico ultramáfico serpentinizado em contato com as rochas do

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Supergrupo Rio das Velhas na região ao sul de Nova Lima e em contato discordante com o
Supergrupo Minas. Este corpo tem sido lavrado desde longa data, inicialmente para produção de
amianto, variedade crisotila, posteriormente para serpentinito como rocha ornamental e
atualmente para serpentinito para indústria siderúrgica.
Trata-se de um corpo alongado na direção N-S com cera de 4 km de comprimento e
composto por um corpo de dunito serpentinizado. Metamorfismo posterior transformou parte do
serpentinito em finas lentes de talco xisto ao longo de falhas de rasgamento, com introdução de
sílica hidrotermal; veios de crisotila tardia são comuns, formados como preenchimento de
fraturas distensivas no serpentinito.
A existência de um corpo de metagabro em concordância com o dunito serpentinizado faz
supor que a intrusão possa ser remanescente de um assoalho proto-oceânico primitivo.
Não existem datações para o complexo, ele é seguramente pré-Minas e deve corresponder
ao estágio pré-greenstone Rio das Velhas. A intrusão é correlata daquelas no sul da folha, em
torno da cidade de Congonhas.

5.4. Supergrupo Rio das Velhas

O Supergrupo Rio das Velhas foi definido por Dorr et al. (1957) após a identificação da
grande discordância angular ao norte da cidade de Itabirito. Na época foi definido como sendo
uma sequência eugeossinclinal, segundo a teoria vigente, e mais tarde foi classificada por
Almeida 1976 como sendo uma típica representante de um greenstone belt.
É dividido nos Grupos Nova Lima e Maquiné, ambos denominados por Dorr et al. (1957).
O primeiro, de natureza vulcânica, vulcanossedimentar e sedimentar, com o vulcanismo
incluindo rochas de natureza, desde ultramáfica até ácida, e o segundo, rochas sedimentares
clásticas. Uma discordância erosiva separa os dois grupos.

5.4.1. GRUPO NOVA LIMA

Foi dividido nas unidades abaixo por simplificação e ajustamento litoestratigráfico das
unidades petrográficas informais de Baltazar et al. 2005.

Unidade metavulcânica ultramáfica, máfica e ácida e metassedimentar química

Esta unidade foi representada, segundo o que foi mapeado por Baltazar et al. 2005, como a
unidade Ouro Fino. Corresponde aos termos ultrabásicos/ultramáficos a ácidos do início do
vulcanismo do greenstone Rio das Velhas e inclui também rochas metassedimentares químicas,
depositadas em bacias restritas de fundo oceânico, em um ambiente tipicamente redutor. Este
ambiente gerou rochas do tipo formação ferrífera bandada, chert, rochas carbonáticas e filito

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

carbonoso. As primeiras são particularmente abundantes e espessas na região imediatamente ao


sul de Nova Lima.
O vulcanismo é representado por metabasalto toleítico e komatiítico, metaperidotito(?),
metatufo básico(?); metavulcânica ácida e talco xisto, provavelmente derivado dos termos
ultramáficos.
Parte dessa unidade deve corresponder a extensões do Complexo Córrego dos Boiadeiros.
A descrição desta unidade inclui a que foi denominada unidade metavulcânica máfica a
félsica e metassedimentar química, a Unidade Morro Vermelho de Baltazar et al. (2005), pois,
aparentemente, as rochas são as mesmas para ambas as unidades, com exceção dos termos
ultramáficos, mais abundantes na primeira acima descrita.

Unidade metassedimentar vulcanoclástica e metassedimentar clasto-química

Essa unidade corresponde às unidades Mestre Caetano e Santa Quitéria de Baltazar et al.
(2005) e foram agrupadas por se tratar dos mesmos tipos litoestratigráficos. Ocorre em três
regiões, no vale do Rio Conceição, ao sul da Serra do Curral e na região entre Nova Lima e
Raposos.
Trata-se de uma sequência vulcanossedimentar com termos vulcanoclásticos e rochas
metassedimentares clásticas e químicas tais como filito com muscovita, clorita e quartzo, filito
com muscovita e clorita, filito muscovítico, filito carbonoso, metachert puro e ferruginoso,
formação ferrífera bandada e quartzo-ankerita xisto, a denominada lapa seca dos mineradores de
ouro em Nova Lima. As litologias foram mapeadas conjuntamente sendo separadas lentes de
formação ferrífera bandada e as rochas adjacentes à estrutura falhada do Supergrupo Minas na
região de Macacos. Essas rochas são representadas por espessas camadas de conglomerado, filito
e quartzito (metachert ?), posicionadas originalmente no contexto do Grupo Nova Lima por
Pomerene (1964), por serem totalmente contrastantes das rochas do SG Minas.

Unidade metavulcanossedimentar, metassedimentar e metassedimentar química

É a mais espessa unidade do Grupo Nova Lima e engloba cinco unidades petrográficas
descritas no mapeamento de Baltazar et al. (2005), todas elas representado uma mesma entidade
litoestratigráfica, que parece ser de natureza vulcanossedimentar associada com rochas clásticas
e químicas, como é comum em sequências arqueanas.
Ocupa toda a parte central da folha em contato direto com o Complexo do Bação, o qual
engloba totalmente; está em contato também com a formação basal do Supergrupo Minas, em
torno do sinclinal da Gandarela e com o Grupo Maquiné. Nos afloramentos, trata-se de uma

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

sequência homogênea de filitos bastante foliados de cores variadas em tons de vermelho, róseo,
marrom, verde etc., e de separação quase impossível.
Tratam-se, portanto, de xistos e filitos diversos de origem vulcanossedimentar e sedimentar
com proporções variáveis de quartzo, clorita, biotita, muscovita, carbonato, plagioclásio e
feldspato, sedimentos químicos tais como formação ferrífera bandada, geralmente magnetítica e
associada filito carbonoso e metachert puro e ferruginoso; rocha calcissilicática,
metaconglomerado, metagrauvaca com estratificação cíclica e gradacional, metagrauvaca félsica
e quartzito. Algumas feições sedimentares são preservadas, tais como estratificação plano
paralela, gradacional e cruzada de pequeno e grande porte
Na borda do Complexo do Bação existe uma auréola de metamorfismo descontínua com
geração de granada e estaurolita que parece estar relacionada a uma tectônica anterior à que
afetou o Supergrupo Minas.

Unidade quartzítica

Trata-se da camada quartzítica a leste da Serra de Itabirito, logo ao norte da cidade de


mesmo nome, muito conhecida por representar a primeira evidência registrada da discordância
angular do Supergrupo Minas sobre o Supergrupo Rio das Velhas. Esta camada faz um ângulo
de aproximadamente 90° com o Grupo Caraça e é constituída por uma pacote quartzítico puro,
com partes microconglomeráticas, lentes de conglomerado polimítico e quartzito micáceo.
Corresponde à unidade Andaime de Baltazar et al. (2005).

Unidade metassedimentar turbidítica

Foi mapeada segundo o exposto no mapa de Baltazar et al. (2005), na sequência


estratigráfica da unidade quartzítica acima descrita. Segundo o mapeamento citado, trata-se de
sedimentos rítmicos constituídos de quartzito micáceo feldspático alternando-se com filitos
feldspáticos, portanto parece tratar-se de uma sequência turbidítica.

Grupo Nova Lima Indiviso

O Grupo Nova Lima foi mapeado como indiviso na borda oeste da Serra do Rola
Moça/Moeda, ao sul do Quadrilátero Ferrífero, entre Congonhas e Ouro Branco, ao sul da Serra
de Lavras Novas e no sinclinal de Dom Bosco, imbricado tectonicamente sobre rochas do
Supergrupo Minas. Ao menos na região de Congonhas, parte do que é mapeado como Grupo
Nova Lima deveria ser colocado como sendo um complexo ultramáfico plutônico, a exemplo do
Complexo Córrego dos Boiadeiros.

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Uma faixa alongada de rochas entre o Grupo Itabira e o Piracicaba no centro do sinclinal
de Dom Bosco, mapeada por Johnson (1962) como sendo do Grupo Nova Lima soerguido
tectonicamente por um descolamento do embasamento, foi relacionado ao Grupo Sabará por
Almeida et al. (2001) e Senna (2001 in: Almeida et al. 2005) para explicar uma possível nappe
de charriage que transporta rochas desde a região de Ouro Preto. As rochas do Grupo Sabará
podem ser extremamente semelhantes às do Grupo Nova Lima, contendo essas últimas,
inclusive, lentes de conglomerados e grauvaca e toda teoria envolvendo tectônica pode ser
passível de controvérsias. No entanto, resolveu-se optar pela sugestão expressa nos trabalhos
recentes acima citados.
A espessura inferida do Grupo Nova Lima é superior a 4.000 metros, pois a sua base não é
conhecida; ela é estimada pela área de distribuição e pelo contato superior com o Grupo
Maquiné.

5.4.2. GRUPO MAQUINÉ

O Grupo Maquiné, definido por Dorr et al. (1957), foi dividido nas suas duas formações
originais, a Formação Palmital basal (O’Rourke 1958, in: Dorr 1969) e Formação Casa Forte
superior (Gair 1962), sem subdivisões litológicas. O contato entre ambas é gradacional e
marcado por leitos orto e paraconglomeráticos. O grupo distribui-se em uma longa faixa de
direção noroeste – sudeste, atravessando toda a folha, aproximadamente na sua parte mediana e
também em direção sudoeste – nordeste, no vale do Rio Conceição, em contato discordante com
as rochas quartzíticas do Grupo Tamanduá na Serra do Caraça. Uma fatia do grupo, com direção
norte-sul, foi mapeada como indivisa e aflora ao longo da Serra de Lavras Novas, no extremo sul
da folha, em contato tectônico com rochas do Complexo Santo Antônio do Pirapetinga e
discordante com rochas do Grupo Nova Lima.
O contato da Formação Palmital com o Grupo Nova Lima é por discordância angular local,
sendo que na maior parte dos afloramentos este contato está aparentemente em conformidade.
Esta formação é composta por quartzito muscovítico fino, mais especificamente um filito
quartzoso e quartzito muscovítico mais grosseiro com estratificação cruzada de pequeno a médio
porte; filito muscovítico e filito pouco carbonoso aparecem em leitos finos.
A Formação Casa Forte é um espesso pacote quartzítico repousando sobre a Formação
Palmital em conformidade, mas marcada por leitos conglomeráticos. Consiste essencialmente de
muscovita xisto e muscovita-quartzo xisto fino, quartzito muscovítico de granulação média a
fina.
O mais notável dessa formação são os leitos conglomeráticos polimíticos com seixos
arredondados de quartzo, filito, formação ferrífera e metachert, em uma matriz quartzítica e

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

ferruginosa. Esses conglomerados formam cristas salientes no relevo e podem ser seguidos por
quilômetros, razão pela qual eles foram separados no mapa. Ocorrem também quartzitos
conglomeráticos com seixos esparsos tipo paraconglomerado, quartzito muscovítico fino e grit.
Filito clorítico e pirítico, por vezes com cloritoide, podem ser encontrados, principalmente nos
afloramentos na região entre as serras do Gandarela e Caraça. Estruturas sedimentares primárias,
tais como estratificação gradacional, estratificação cruzada acanaladas e tangencial são
preservadas em muitos afloramentos.
A espessura total do Grupo Maquiné ultrapassa 1.500 metros.

5.4.3. GRUPO TAMANDUÁ

O Grupo Tamanduá foi definido por Simmons & Maxwell (1961) como sendo uma
unidade quartzítica, conglomerática e filítica com lentes de dolomito itabirítico, colocado entre o
Grupo Maquiné e o Grupo Caraça; incluía o quartzito Cambotas ao norte do Quadrilátero
Ferrífero, o espesso pacote quartzítico da Serra do Caraça e em diversos outros locais. Na Serra
do Caraça as relações de contato são difíceis de ser definidas pela intensa deformação que se
materializa por empurrões generalizados de vetor oeste de transporte.
O quartzito da Serra das Cambotas é, desde longa data, reconhecido como um segmento do
Supergrupo Espinhaço, mas o da Serra do Caraça tem sido motivo de controvérsias, Schorcher
(1980) colocou-o como pertencente ao Grupo Espinhaço e Baltazar et al. (2005) como
pertencente à Formação Moeda, voltando à conceituação original de Harder & Chamberlin
(1915). No entanto, trabalhos mais recentes têm voltado a considerá-lo com sendo uma unidade
individualizada, ora pertencente à base do Grupo Caraça (Alkmin & Marshak 1998, Farina et al.
2015), ora discordante com ela. Neste trabalho foi separado de ambos.
O grupo ocupa as regiões com as maiores altitudes de todo o Quadrilátero Ferrífero,
chegando a ultrapassar 2.000 m, em razão da extrema resistência intempérica de suas rochas. Na
Serra do Caraça a espessura é difícil de estimar em virtude da superposição tectônica de lascas
de empurrão, mas Dorr (1969) a estima em torno de 800 metros.

5.5. Supergrupo Minas

O Supergrupo Minas foi representado segundo os mapas 1:25.000 originais com poucas
modificações, apenas no sentido de acrescentar alguma informação litoestratigráfica. As
modificações foram feitas principalmente na região do sinclinal Dom Bosco com
individualização de formações do Grupo Piracicaba.
A divisão estratigráfica, modificada de trabalhos anteriores, desde o reconhecimento da
Série de Minas por Derby 1906 e passando pela primeira estratigrafia de Harder & Chamberlin

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

(1915), é a estabelecida pelos trabalhos dos geólogos do convênio USGS/DNPM de 1946 a


1964.
São reconhecidos 3 grupos, cada um com características diferentes de ambiente
deposicional, a saber, do mais velho para o mais novo:
 Grupo Caraça, representando a sedimentação clástica,
 Grupo Itabira, de sedimentos químicos,
 Grupo Piracicaba, de sedimentos clasto-químicos.
A Formação Sabará foi desmembrada do Grupo Piracicaba e elevada à categoria de grupo
por Renger et al. (1994).

5.5.1. GRUPO CARAÇA

Definido inicialmente por Harder & Camberlin (1915) para os quartzitos da Serra do
Caraça, sendo posteriormente redefinido por Dorr et al. (1957) é dividido em duas formações; a
Formação Moeda basal, constituída por clásticos grosseiros, representa uma sedimentação
transgressiva em ambiente litorâneo e de plataforma rasa. Os sedimentos grosseiros são
agrupados na Formação Moeda e os finos na Formação Batatal.
O contato com o Supergrupo Rio das Velhas se faz por discordância angular na clássica
localidade ao norte de Itabirito (Rynearson et al. 1954) e por paraconformidade em outros locais;
um dos contatos mais conspícuos é da estrada de ferro na localidade de Funil, que pode ser bem
visto da estrada BR-356 (Figura 20).

Figura 20. Contato do quartzito Moeda com os xistos do Grupo Nova Lima por uma paraconformidade; vista a leste
da BR-356.

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Formação Moeda

Foi nomeada por Wallace (1958) e tem seu local tipo na Serra da Moeda, onde atinge
espessuras da ordem de 300 metros. A espessura máxima aparente é da ordem de 1.000 metros.
Tem também uma boa representatividade da Serra de Itabirito e se adelgaça em direção à Serra
de Ouro Preto, mas mesmo assim tem uma boa expressão nas vizinhanças da cidade homônima.
Aflora em torno do sinclinal da Gandarela, na Serra de Ouro Fino e na parte sul da Serra do
Caraça. A formação tem uma expressão topográfica não muito pronunciada, que é mais
dependente de sua espessura; ela é mascarada pela grande expressividade da Formação Cauê que
lhe é adjacente em todas as suas áreas de ocorrência. No entanto, os afloramentos quartzíticos
são prontamente reconhecidos no terreno.
Na localidade tipo foi dividida em duas facies; uma mais grosseira, de quartzito e grit com
níveis conglomeráticos e pouco filito, e uma mais fina, composta de quartzito fino, quartzito
micáceo e filito. Ambas são interdigitados lateral e verticalmente e não foram separadas neste
trabalho.
A litologia mais característica da formação são os seus níveis conglomeráticos, geralmente
polimíticos, ortoconglomeráticos e contendo seixos das unidades mais antigas, principalmente
das rochas do Grupo Nova Lima, além de rochas do embasamento. Nos níveis mais profundos,
não intemperizados, os conglomerados basais têm matriz piritosa que concentra ouro, o que
indica um ambiente redutor de sedimentação. Níveis conglomeráticos são também comuns no
meio do pacote quartzítico.

Formação Batatal

Foi definida por Maxwell (1958), a partir da definição original de Harder & Chamberlin
(1915), no córrego do Batatal, borda sul da Serra do Caraça, onde alcança uma melhor expressão
de afloramento. Representa a sedimentação plataformal clástica fina do Grupo Caraça e
raramente mostra afloramentos de boa expressão, apesar de estar bem distribuída ao longo de
todas as áreas onde ocorre o Grupo Caraça. A razão disso é sua facilidade de desagregação em
face do intemperismo, muito facilitada pelo desplacamento constante de suas camadas segundo
os planos de foliação.
A formação é constituída predominantemente de filito muscovítico prateado que pode
conter, localmente, quantidades importantes de clorita, além de material carbonoso. Raros leitos
de metachert e formação ferrífera bandada podem ocorrer.
Em grande parte das suas áreas de ocorrência, dada a impossibilidade de separação de suas
duas formações, o Grupo Caraça foi mapeado como indiviso.

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

O grupo foi mapeado como indiviso quando não foi possível separar o que é dolomito
itabirítico de itabirito dolomítico, o que é muito comum em várias regiões do Quadrilátero
Ferrífero, principalmente ao sul da área, no sinclinal de Dom Bosco, região de Miguel Burnier e
outras localidades.

5.5.2. GRUPO ITABIRA

O Grupo Itabira foi definido por Dorr et al. (1957) e compreende a antiga formação Itabira
de Harder & Chamberlin (1915) para o itabirito do Pico do Cauê na cidade homônima. O grupo
representa a sedimentação química em plataforma estável e é dividido nas formações Cauê e
Gandarela, a primeira essencialmente itabirítica e a segunda essencialmente dolomítica. Todavia,
em muitos lugares as duas formações se transicionam lateral e verticalmente, o que torna muito
difícil a separação das duas. Este fato é constante no sinclinal Dom Bosco.

Formação Cauê

Definida por Dorr (1958a), é a formação de maior representatividade no Quadrilátero


Ferrífero e é a razão de seu próprio nome, pois delimita, de forma espetacular, as linhas de
cumeada de todas as suas serras. A expressão topográfica da formação é notável, sendo o relevo
sustentado pela carapaça de canga que se forma no topo das serras e pela resistência intempérica
do itabirito, mormente se ele for compacto. As camadas de hematita compacta, quando alçadas
nos níveis mais elevados, originam relevo abrupto muito característico. Entretanto, tal feição é
muito rara, pois todas essas camadas foram lavradas, com exceção daquela do Pico do Itabirito,
na serra de mesmo nome, que é preservada, pois é um marco histórico no desbravamento do
território de Minas Gerais, nos fins do século XVII e durante o século XVIII.
A espessura da formação é muito variável por causa da extrema plasticidade da rocha em
face da deformação, o que mascara suas feições originais por redobramentos e repetições
sucessivas, podendo ela atingir mais de 400 metros em determinados locais.
A rocha característica é o itabirito, com todas as suas variações composicionais, contando-
se o itabirito dolomítico, itabirito anfibolítico e poucas lentes de filito. A rocha, tal e qual foi
definida por Dorr & Barbosa (1963), é sempre derivada do metamorfismo de sedimentos
jaspilíticos, nos quais a sílica foi recristalizada em quartzo finamente granular, e o ferro,
originalmente contido em um filossilicato ferruginoso, que foi recristalizado em hematita.
Fenômenos de metamorfismo e hidrotermalismo alteraram profundamente a litologia e foram
responsáveis pela formação dos níveis enriquecidos em hematita. As lentes de hematita
compacta, uma das características da formação não mais existem, pois foram consumidas pela
lavra.

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Formação Gandarela

A formação foi definida na Fazenda da Gandarela, parte nordeste da folha. Inicialmente


reconhecida por O’Rourke em 1954 (in: Dorr 1969) e por Pomerene (1958), foi formalmente
denominada por Dorr (1958). Na sua localidade tipo há excelentes afloramentos, com relevo
escarpado e vales muito encaixados, típico de terreno cárstico, embora não haja feições deste
tipo muito notáveis, pois o dolomito tem solubilidade muito mais baixa do que a rocha
puramente calcítica; poucas cavidades são conhecidas e nenhuma delas é de relevância.
Na localidade tipo, a formação pode alcançar 750 metros de espessura, mas é ausente em
muitas partes do Quadrilátero Ferrífero, muitas vezes em razão do intemperismo. Como
exemplo, na vertente leste da Serra da Moeda, onde é mapeada continuamente, a formação é
praticamente destituída de afloramentos, que são inferidos pelo relevo e pela ocorrência de óxido
de manganês, uma característica marcante da formação. Nesta localidade, são vistos os
dolomitos com aspecto peculiar de bandas de cores alternadas, vermelho e rosa esbranquiçado a
branco e de cinza claro–escuro e branco. Essas bandas são geralmente milimétricas a
centimétricas, materializam a deformação com pequenas dobras e falhas e dão um aspecto
realçante para o dolomito. Alguns níveis mostram concreções estiradas até de 1 cm de hematita
dispostas paralelamente às bandas coloridas.
Nas proximidades da sede da fazenda da Gandarela, um afloramento exibe um fino nível
de estromatólito colunar não identificado.
Na localidade do Funil, nas proximidades de Rodrigo Silva, existe um nível de
conglomerado intraformacional em meio ao dolomito rosa.
No sinclinal de Dom Bosco a formação é aflorante em lentes muito deformadas e de
aspecto sigmoidal, imposto pelo cisalhamento. Ela é geralmente interdigitada lateral e
verticalmente com itabirito e todos os termos que variam entre os dois polos, ferruginoso e
dolomítico, são comuns. Os termos impuros são também comuns, representados por níveis
filíticos geralmente cinzentos e esverdeados.

5.5.3. GRUPO PIRACICABA

O Grupo Piracicaba foi nomeado por Dorr et al. (1957) como uma unidade mais ou menos
equivalente à Formação Piracicaba de Harder & Chamberlin (1915). Ele é separado do Grupo
Itabira por uma discordância erosiva de extensão regional e representa uma sequência regressiva
plataformal de natureza clasto química. Os sedimentos variam entre clásticos psamíticos
grosseiros a finos, sedimentos argilosos e sílticos químicos e bioquímicos, leitos ferruginosos e
carbonosos.

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Foram definidas quatro formações (originalmente cinco) que têm características


deposicionais próprias.

Formação Cercadinho

Definida por Pomerene (1958a), é a formação basal depositada em um ambiente de


plataforma instável, registrado pela ritmicidade turbidítica dos seus sedimentos. Repousa em
discordância erosiva sobre o Grupo Itabira, discordância esta que é reconhecida por um
conglomerado de grânulos, nem sempre visível.
É uma formação de afloramentos sempre reconhecíveis pela alternância de leitos
quartzíticos e filíticos. O quartzito varia de cinza escuro até esbranquiçado, tipo grit; quando
escuro é pesado, por causa do conteúdo de hematita no cimento; os leitos de filitos são prateados,
muito finos e relativamente ricos em hematita; as camadas de quartzito são mais espessas de
ordem até métrica e as camadas de filito bem mais finas, em escala centimétrica.
Essa formação, depois da Formação Cauê, é a mais rica em ferro de todo o Quadrilátero
Ferrífero. As camadas ferruginosas são sempre as quartzíticas que podem ser individualizadas
em escala até 1:50.000; neste trabalho elas não foram separadas. Essas lentes ferruginosas são
abundantes no sinclinal da Moeda.
É também a formação mais amplamente distribuída, em área, podendo ser praticamente
reconhecida em todo o domínio do Supergrupo Minas. É particularmente espessa no sinclinal
Dom Bosco, onde muitas daquelas rochas que, no mapeamento original, estavam colocadas
como Grupo Piracicaba indiviso, foram reposicionadas como sendo dessa formação. A espessura
da formação pode ultrapassar 1.000 metros.
Os quartzitos ferruginosos a leste da Serra de Santo Antônio, que eram do Grupo
Espinhaço, foram, por sugestão do próprio trabalho de Dorr (1969), transferidas para a formação.
Nas proximidades de Ouro Preto, a Formação Cercadinho ocorre interdigitada lateralmente com
a Formação Fecho do Funil. Barbosa (1979) postula que as duas formações deveriam constituir
um subgrupo.

Formação Fecho do Funil

Foi também definida por Simmons (1958) e é bem representada no Quadrilátero Ferrífero,
como sendo a sedimentação mais fina e com termos químicos da fase transgressiva da bacia de
sedimentação Piracicaba. Em realidade, contém níveis carbonáticos puros com participação
bioquímica.
No local denominado Pedreira do Cumbe, foi lavrado durante muitos anos um mármore
dolomítico vermelho com belos estromatólitos colunares, descritos por Dardenne & Campos

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

Neto (1975). Esta sedimentação química é considerada como sendo uma cap carbonates
relacionada ao evento Lomagundi-Jatuli, entre 2,2 e 2,1 Ga, conforme trabalhos de Sial et al.
(2000) e Bekker et al. (2003). Este evento é descrito com uma LPIE (Large Positive Isotope
Excursion) o que resultou no sequestro do carbono 12 e aumento do carbono 13 na atmosfera.
Os afloramentos da formação são diferenciados daqueles da Formação Cercadinho pela
predominância de filitos e presença de dolomito. No sinclinal Dom Bosco a ocorrência de
dolomito é a mais abundante de toda a formação.
A sua espessura medida é em torno de 300 metros e é ausente em diversas áreas de
afloramento do Supergrupo Minas.

Formação Taboões

Definida por Pomerene (1958b), a formação é reconhecida por ser constituída


exclusivamente por um ortoquartzito branco e cinzento, por vezes friável quando intemperizado
e sem estratificação aparente. Dorr (1969) assinala que um aspecto peculiar deste quartzito é a
presença de esferas de até 1 mm de limonita dispersas no seu interior.
Trata-se de uma formação de área de ocorrência extremamente reduzida; é praticamente
contínua somente na vertente norte da Serra do Curral, onde foi descrita a sua seção tipo. Na área
da folha foi mapeada em continuidade no sinclinal da Moeda em contato com a Formação
Barreiro, mas a sua representação na escala 1:100.000 é forçada, pois a sua espessura não é real,
sendo em média de 100 metros. Na localidade tipo ela mede 121 metros. Não foi reconhecida
como unidade mapeável em nenhum outro lugar.

Formação Barreiro

Também definida por Pomerene (1958c), é uma formação pouco distribuída no


Quadrilátero Ferrífero e aparece na área da folha apenas no sinclinal da Moeda e em torno da
cidade de Ouro Preto, onde atinge espessura além de 100 metros. É imediatamente reconhecida
por causa da tonalidade negra de seu filito carbonoso típico
O Grupo Piracicaba continua indiviso em parte do sinclinal de Dom Bosco e na pequena
porção da Serra do Curral contida na folha, onde ele engloba as formações Barreiro e Taboões.
No sinclinal de Dom Bosco as rochas são das formações Cercadinho, Fecho do Funil e muito
provavelmente do Grupo Sabará. (Pires & Fraga 1985, Almeida et al. 2005)

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PROJETO TRIÂNGULO MINEIRO - FOLHA OURO PRETO

5.5.4. GRUPO SABARÁ

A Formação Sabará foi definida por Gair (1958) para as rochas de uma seção-tipo
localizada na estrada que vai de Belo Horizonte até Sabará, ao norte da Serra do Curral.
Considerando sua grande espessura, além de 3.000 metros, Renger et al. (1994) elevaram a
formação à categoria de Grupo. É uma unidade problemática, pois além de mal estudada, se
presta a inúmeras interpretações no tocante à sua idade e similitude com outras rochas muito
comuns no Quadrilátero Ferrífero, por exemplo com algumas seções do Grupo Nova Lima.
Costa (1961) ao estudar a seção da localidade-tipo sugeriu que a Formação Sabará ficaria
mais bem posicionada na base do Grupo Itacolomi e Barbosa (1968) achava melhor chamar a
Formação Sabará da região de Ouro Preto de Formação Saramenha, pois a melhor seção desta
unidade ficaria justamente nessa localidade; não o fez por questões de prioridade estratigráfica.
Almeida et al (2005) retomam ideias antigas da geologia do Quadrilátero Ferrífero e
dividem o Grupo em duas formações: a Formação Saramenha na base e a Formação Estrada Real
no topo, sendo que esta segunda compreende toda a área de afloramento do Grupo Itacolomi na
região de Chapada, Itatiaia e Lavras Novas.
A Formação Saramenha é composta por metadiamictitos, metarritmito, metapelito, clorita-
xisto, filitos diversos e lentes de dolomito.
A Formação Estrada Real é constituída de metarenito (quartzito?), metaconglomerado,
metadiamictito e lentes de formação ferrífera.
O problema maior de considerar, neste trabalho, a separação da Formação Estrada Real e
sua incorporação ao Grupo Sabará, e a redefinição de muitas litologias que se encontram dentro
do sinclinal de Dom Bosco, é justamente a falta de definição precisa do que é em realidade o
Grupo Itacolomi. Foi definida uma unidade retirando-a de outra, porém esta outra não foi
redefinida. Em se aceitando a sugestão de Costa (1961), de que a Formação (Grupo) Sabará
ficaria mais bem posicionada na base do Grupo Itacolomi, o nome prioritário seria este último,
que foi criado por Guimarães (1931).
Talvez, com um trabalho mais detalhado e múltiplas seções bem interpretadas, os aspectos
tectônicos considerados e a dinâmica do processo de sedimentação bem entendido, possa ser
definido se o Grupo Itacolomi pode ser correlato ao Grupo Sabará. De posse destas
considerações resolveu-se, neste mapeamento, considerar o trabalho original em escala 1:25.000
de Barbosa (1969) e não separar a Formação Estrada Real. Foram incorporadas ao Grupo Sabará
as seguintes unidades: - as rochas atribuíveis ao Grupo Nova Lima no sinclinal Dom Bosco, por
sugestão de Almeida et al. (2001), e as rochas relacionadas ao Grupo Itacolomi no sinclinal da
Moeda, região da Lagoa das Codornas, segundo redefinição de Reis et al. (2002).

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5.5.5. GRUPO ITACOLOMI

O Grupo Itacolomi foi definido como quartzito Itacolomi por Harder & Chamberlin (1915)
e separado do Supergrupo Minas por Guimarães (1931), que o denominou de série. Foi
posteriormente estudado por Lacourt (1947), que fez a primeira divisão estratigráfica da unidade.
Foi reproduzido neste trabalho conforme sua configuração original apresentada no mapa
geológico de Barbosa (1969), como sendo uma sequência quartzítica discordante do Grupo
Sabará. O grupo é constituído de duas facies; a facies quartzítica e a facies filítica denominada de
Santo Antônio, a partir da serra homônima em Congonhas.
O pacote quartzítico contém quartzito e grit com quantidades variáveis de muscovita da
variedade sericítica. O quartzito é conglomerático e contém lentes de conglomerado além de
finas lentes de filito. O conglomerado é polimítico e contém seixos das rochas inferiores,
principalmente de itabirito e mais raramente de rocha granítica. Dorr (1969), segundo
informações repassadas por Barbosa (1965, in: Dorr 1969), considerou que o grupo, em sua
localidade-tipo, contivesse 50% de quartzito e grit, 30% de quartzito conglomerado e 20% de
conglomerado, sendo os níveis filíticos desprezíveis no cômputo geral.
Além dos grandes afloramentos da região de Ouro Preto, o grupo foi também representado
em uma pequena área no limite leste da folha em continuação com as rochas do Pico do Frazão
(fora da folha), na Serra de Santo Antônio, ao norte de Congonhas e na Serra do Ouro Branco.
Na Serra de Santo Antônio, o pacote quartzítico é espesso e contém lentes de
conglomerado, porém a parte ferruginosa, situada a leste desta serra, foi retirada e incorporada à
Formação Cercadinho. A sugestão para tal procedimento veio de Dorr (1969), ao afirmar que as
rochas ferruginosas deveriam pertencer àquela formação, pois a mesma ainda não havia sido
individualizada na ocasião do mapeamento de Guild (1957). Ademais, o Grupo Itacolomi em
outras áreas jamais contém formações ferríferas espessas.
Quanto ao Grupo Itacolomi, no centro do sinclinal da Moeda, foi sugerido por Reis et al.
(2002) que ele deveria pertencer ao Grupo Sabará.
Apesar de Almeida et al. (2001) terem limitado drasticamente a área de ocorrência do
Grupo na Serra de Lavras Novas, é necessário que uma revisão mais extensa seja efetuada, pois
não se pode criar uma unidade em detrimento de outra, sem redefinição da anterior.

5.5.6. GRANITOIDE ALTO MARANHÃO

O corpo granitoide do Alto Maranhão representa uma intrusão relacionada ao arco


magmático transamazônico, conforme definido por Noce (1995). Ocorre ao sul da folha, em
torno da localidade que lhe deu o nome, e estende-se mais para o sul, fora dos seus limites. É

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constituído por tonalito, granodiorito e granito e foi datado com idade Riaciana em 2,059 Ga
pelo método U-Pb.

5.5.7. PALEÓGENO-NEÓGENO

As unidades destas épocas foram reunidas para simplificação dado o grande número de
divisões encontrado nas folhas 1:50.000, inadequada para a escala. Foram representadas as
unidades abaixo descritas.
Psl – São os sedimentos lacustrinos principalmente das bacias de Gandarela e do Miguelão
e constituídos de argilito, arenito e linhito, alguns contendo folhas fósseis. Os sedimentos da
bacia do Gandarela são fortemente inclinados, o que deve ter sido motivado por um abatimento
do substrato rochoso dolomítico. A datação provável destes depósitos, baseada no conteúdo
fossilífero, é do Plioceno.
Pms – São os denominados mudstones, depósitos de superfície singulares pelo fato de
ocorrerem geralmente sobre camadas dolomíticas, serem constituídos de argila laterítica sem
plasticidade e estratificação. Podem atingir 50 m de espessura e ter até 9 km de comprimento.
São muitos comuns no Quadrilátero Ferrífero, particularmente no sinclinal da Moeda e na região
de Dom Bosco.
Dorr (1969) relata que os mudstones podem conter muito quartzo detrítico e, por vezes,
estão assentados sobre leitos de seixos rolados, o que prova não serem eles apenas simplesmente
produto de alteração de dolomito, mas que sofreram transporte. O fato de estarem entre cotas de
1.200 e 1.300 m significa que estão associados a uma superfície de erosão, denominada pós-
Gondwana por King (1956).
Análise destes materiais mostrados em Dorr (1969) sugere ser os mesmos, pelo alto teor
em alumínio e a presença de grânulos de quartzo angulosos, lateritas bauxíticas retrabalhadas
mecanicamente em superfície.
Pca – Sob esta classificação foram englobados todos os depósitos de canga ferruginosa
consolidada em forma de carapaças rígidas com fragmentos de diversas granulometrias,
principalmente de itabirito e hematita, rolados e angulosos, cimentados ou parcialmente
cimentados por hidróxidos de ferro e dispostos em depósitos eluvionares, coluvionares e de
talus.
Essas carapaças podem ser muito rígidas e terem espessura superiores a 10 m e são
largamente distribuídas em todo o Quadrilátero Ferrífero, principalmente sobre as rochas da
Formação Cauê, mas extrapolam seus limites sobre as rochas da Formação Gandarela e outras
formações superiores. São elas que sustentam os altos relevos da camada itabirítica. É muito

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difícil encontrar um depósito tipicamente eluvial, geralmente eles são colúvio-eluviais, e


algumas vezes, configuram típicos leques coluviais.
Uma parte considerável das cangas já foram lavradas ou retiradas por decapeamento das
grandes minas de ferro a céu aberto.

5.5.8. NEÓGENO – QUATERNÁRIO

Foi simplificado na unidade abaixo descrita.


NQtal – São os sedimentos lacustrinos particularmente abundantes no extremo noroeste da
folha. São sedimentos constituídos de cascalho, areia, argila branca a mosqueada de vermelho e
muito rica em hidróxidos de alumínio, ao ponto de formar carapaças bauxíticas endurecidas que
já foram intensamente lavradas na região da Mutuca, ao sul de Belo Horizonte. Terraços
aluvionares soerguidos em relação ao nível atual de sedimentação fluvial foram observados.

5.5.9. QUATERNÁRIO

Qco – São depósitos de colúvios e talus formados por outros fragmentos de rochas que não
são ferruginosos, portanto, sem constituição de canga. São geralmente inconsolidados por
ausência de ferro e são abundantes ao sopé da Serra de Ouro Branco.
Qdl – Estes depósitos são muito distribuídos em superfície nas regiões onde afloram
rochas ferruginosas. São tipicamente eluvionares e são parcialmente lateritizados e constituídos
de fragmentos angulosos de rochas itabiríticas e mesmo de hematita compacta. O grau de
cimentação é variável, mas geralmente eles são pouco consolidados. Algumas vezes recobrem
depósitos de canga consolidada e formam um leito pouco espesso recobrindo-os. São muito
frequentes na região ao sul da folha e a leste da Serra do Caraça.
Qal – Os depósitos de aluvião preenchendo as atuais calhas fluviais não são muito
frequentes na folha de Ouro Preto, assim como não são na totalidade do Quadrilátero Ferrífero.
A razão talvez esteja ligada ao rejuvenescimento do relevo e ao encaixamento pronunciado da
drenagem. O aluvião mais extenso e contínuo da folha é o do rio Conceição, no seu extremo
nordeste. De considerável porte são o do rio das Velhas, ao norte, e o que recobre uma pequena
porção da calha do rio Paraopeba, no canto sudoeste da folha. Geralmente são depósitos de
cascalho, areia e bancos de argila inconsolidados.

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6. GEOLOGIA ESTRUTURAL

O Quadrilátero Ferrífero é uma das regiões mais complexamente estruturadas do pré-


cambriano brasileiro; muitos de seus aspectos ainda não são compreendidos, apesar de décadas
de estudos nos mais diferentes níveis de detalhe.
As tentativas de explicação de tão singular estruturação tectônica tem sido motivo das mais
variadas teorias que, periodicamente, tentam se ajustar aos modelos surgidos no campo da
geologia estrutural. Existem teorias coerentes, muitas vezes difíceis de serem comprovadas e
existem teorias esdrúxulas, que o bom senso geológico rejeita sem maiores discussões.
Entretanto, apesar de todos os esforços, a estruturação do Quadrilátero Ferrífero continua
sendo alvo de ferrenhas discussões entre defensores de diferentes teorias.
Em muitas regiões, tanto no Supergrupo Minas, quanto no Supergrupo Rio das Velhas, as
estruturas sedimentares primárias, tais como estratificação paralela, gradativa e cruzadas de
vários tipos, são bem evidenciadas, o que facilita a interpretação estrutural em áreas reduzidas.
No contexto geral, a interposição de descontinuidades, principalmente as falhas de empurrão, é
generalizada.
De um modo geral, o modelo de sinclinais e anticlinais no Supergrupo Minas é bem aceito,
com o reconhecimento de dois grandes sinclinais principais (Figura 21): Sinclinal da Moeda, de
eixo francamente norte – sul, em realidade um sinclinório, e o Sinclinal da Gandarela, de eixo
sudoeste – nordeste.

Figura 21. Principais feições estruturais da área

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O sinclinal do Ouro Fino, na terminação sul do sinclinal da Gandarela, tem um eixo


curvado em duas direções, nordeste – sudoeste infletindo-se para noroeste – sudeste.
O sinclinal de Dom Bosco teve seu eixo um pouco deslocado para o norte em virtude de,
neste trabalho, haver-se mapeado rochas da Formação Fecho do Funil na região da pedreira do
Cumbe, sudoeste da estação Dom Bosco, e em outras localidades. Esta região estava mapeada
exclusivamente como sendo da Formação Cercadinho. Este sinclinal também se configura em
um sinclinório de eixos leste – oeste. Na região da Serra do Itatiaia e Lavras Novas, o eixo de um
grande sinclinal afetando tanto o Supergrupo Minas, quanto o Grupo Itacolomi é rompido e
deslocado por falhas de empurrão, e deve representar o mesmo dobramento.
O principal anticlinal que estrutura o Supergrupo Minas é o de São Bartolomeu, de eixo
noroeste – sudeste, cuja terminação extrapola o limite leste da folha.
No Supergrupo Rio das Velhas, notadamente no Grupo Rio das Velhas é muito difícil o
reconhecimento de grandes estruturas dobradas, ressaltando-se apenas a região do Rio
Conceição, onde Dorr (1969) indicou um grande anticlinal de eixo nordeste – sudoeste.
No Grupo Maquiné, o reconhecimento das dobras é mais evidente, tendo sido mapeados
vários eixos, de direções aproximadamente norte -sul ao norte da Serra do Palmital e de eixos
nordeste – sudoeste entre a Serra da Gandarela e a Serra do Caraça.
No contexto estrutural dúctil – rúptil, o panorama da folha é notável, pelo reconhecimento
de um grande sistema de falhas de empurrão de vetor oeste de deslocamento, particularmente
intenso na região de Ouro Preto, que foram mapeadas inicialmente por Barbosa (1969). Essas
falhas materializam o limite leste do Cráton do São Francisco. Foram também mapeadas
inúmeras lascas de empurrão, de mesma sincronicidade, na Serra do Caraça por Maxwell (1972),
afetando os quartzitos do Grupo Tamanduá.
No Grupo Rio das Velhas, a imensa quantidade de falhas de empurrão afetando
principalmente as rochas do Grupo Palmital foram reduzidas, pois o grau de milonitização dessas
rochas não é conspícuo o suficiente para uma tal densidade de descontinuidades, a não ser que a
deformação tenha se produzido em um nível crustal extremamente raso, no limite das nappes de
charriage, o que parece não ser o caso. Igualmente, falhas de empurrão ao longo de toda a borda
do Complexo do Bação e do Supergrupo Minas, não são compatíveis com a geometria das
rochas envolvidas.
Na borda oeste da Serra da Moeda, uma estrutura profundamente milonítica em regime
absolutamente dúctil, afetando tanto os granitoides do Complexo Bonfim, quanto as rochas da
Formação Moeda, é relacionada a uma falha de empurrão de vetor oeste, porém, no nível crustal
em que a maioria das falhas se desenvolveu, restam dúvidas sobre a natureza deste processo.

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Neste mapeamento, ao sul da folha, as falhas de empurrão foram estendidas para oeste para
explicar a colocação tectônica de uma lasca do embasamento gnáissico entre as rochas do
Supergrupo Minas, conforme foi mostrado no perfil geológico anexo ao mapa. Tal interpretação
foi possível pelo reconhecimento de estruturas miloníticas generalizadas afetando todas as rochas
da região e também pela geometria particular que já se encontrava mapeada, a de grandes formas
amendoadas, com tipo de estruturas sigmoidais confinadas entre lascas de empurrão.
Uma estruturação do sinclinal de Dom Bosco em uma nappe de charriage, denominada a
nappe de Ouro Preto já havia sido aventada por Almeida et al. 2001 e Almeida 2004 para
explicar a inversão de camadas. A ideia é boa e adequada à região; foi aproveitada neste
trabalho, porém preferiu-se adotar um sistema de escamas de empurrão imbricadas que explica a
inversão de camadas da mesma forma e até de um modo mais simples, já que o grau de
deformação das rochas permite a representação de planos de descolamento em várias escalas
possíveis.
A última manifestação rúptil a afetar as rochas do Quadrilátero Ferrífero foi a grande falha
de rasgamento do Engenho que desloca, com movimento dextral, toda a sua borda sul,
transportando a Serra de Ouro Branco por cerca de 40 km. Romano et al. 1992 mostraram que
esta falha tem um duplo regime cinemático, inicialmente em regime dúctil, com compressão
leste-oeste gerando cavalgamentos generalizados e, em um última fase, em regime rúptil
transcorrente, com um plano de ruptura vertical.
Falhas normais são comuns em várias direções, por vezes configurando pares conjugados e
podem estar relacionadas a distensões pós-compressão. A mais notável e bem conhecida delas é
a espetacular falha da Catabranca, na Serra de Itabirito, que desloca os quartzitos Moeda e os
projeta diretamente sobre as rochas do Grupo Nova Lima (Figura 22). Esta falha faz parte de um
par conjugado e é de abatimento com uma componente direcional sinistral.
O fraturamento é generalizado e conspícuo nas rochas quartzíticas (Figura 23).

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Figura 22. Escarpa da falha da Catabranca, projetando os quartzitos da Formação Moeda contra os xistos do Grupo
Nova Lima, vista de norte para sul, tomada da BR-356.

Figura 23. Fraturamento generalizado nas rochas quartzíticas do Grupo Itacolomi, vista de oeste para leste, foto
tomada na MG-129, imediações do povoado de Itatiaia.

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7. METAMORFISMO

Toda a região central do Quadrilátero Ferrífero é de baixo grau metamórfico regional com
poucos acréscimos de temperatura e pressão ao longo de algumas descontinuidades. Em virtude
do baixo grau de metamorfismo, a maior parte das rochas preservam as características
sedimentares primárias. O metamorfismo regional é da facies xisto verde, com formação
generalizada de muscovita fina, variedade sericítica nos metapsamitos e metapelitos e clorita nas
rochas de derivação vulcânica e vulcanossedimentar do Supergrupo Rio das Velhas.
Cristalização de anfibólio, notadamente os de baixo grau metamórfico, e tremolita-actinolita são
também comuns nessas rochas. Um interessante itabirito com cristalização generalizada de
actinolita ocorre nas proximidades de Ouro Preto. Nas rochas ultramáficas a associação
serpentina-talco-clorita-carbonato é comum.
O metamorfismo nem sempre depende do grau de deformação da rocha, mas
preponderantemente à circulação hidrotermal ao longo das zonas de cisalhamento. Esse
hidrotermalismo é fator importante para a geração de depósitos minerais metálicos, sobretudo no
contexto do Grupo Nova Lima e até mesmo na concentração de hematita nos itabiritos.
A geração de cianita e cloritoide em rochas do Supergrupo Minas, principalmente na
formação Cercadinho, está ligada à composição original da rocha e à circulação hidrotermal.
Esta última é importante para a cristalização de cianita em veios de quartzo que atravessam uma
rocha originalmente com teor mais importante de alumínio. O hidrotermalismo solubiliza a sílica
e concentra o alumínio in situ, por causa do caráter refratário desse elemento, o que propicia a
formação da cianita, caso a temperatura e pressão estejam nas condições de formação deste
mineral. A cianita é o mais comum alumino silicato regionalmente; sillimanita pode ser
abundante nas zonas de mais alta pressão e temperatura, por exemplo, ao longo da Serra do
Curral, fora da área desta folha.
Uma mineralização interessante, ligada tanto ao metamorfismo, quanto à circulação
hidrotermal, é a formação de grandes cristais de magnetita, principalmente nos quartzitos
ferruginosos da Formação Cercadinho na região de Dom Bosco. Os cristais estão associados às
rochas brechadas ao longo de falhas normais e tension gashes abertas ao longo de zonas de
cisalhamento rúpteis.
Geração de estaurolita e granada em rochas do Grupo Nova Lima em contato com os
granitoides do Complexo do Bação pode significar metamorfismo de contato propiciado pela
ascensão de plutons graníticos, neste caso, as intrusões de granitoides potássicos neste complexo.
Porém essas ocorrências não são contínuas ao longo da zona de contato e podem mais estar
ligadas à deformação pré-Minas.

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O metamorfismo regional aumenta no sentido leste, em virtude da compressão


neoproterozoica. Na região de Ouro Preto, acréscimos de temperatura e pressão já podem ser
mais importantes com geração de minerais da facies xisto verde alto.

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9. RECURSOS MINERAIS

A riqueza mineral da folha de Ouro Preto é notável, sobretudo pela grande quantidade de
minas de ferro a céu aberto ao longo de toda a extensão das serras do Rola Moça, Moeda, Santo
Antônio, Itabirito, Conta História e Ouro Fino. Atualmente, com a exaustão dos depósitos de
hematita compacta, toda a lavra é feita para extração do itabirito friável.
O ouro já foi lavrado intensamente no município de Nova Lima, mas atualmente todas as
minas se encontram fechadas definitivamente ou aguardando reavaliações econômicas; toda a
produção se deslocou para o município de Caeté, fora da folha de Ouro Preto. Somente uma
mina, paralisada temporariamente, encontra-se no município de Itabirito. Todavia, o ouro ainda é
garimpado em muitos locais do Quadrilátero Ferrífero central.
Um outro bem mineral, pelo qual a região de Ouro Preto é célebre, é o topázio imperial,
cuja fama é mundial, pela beleza e singularidade dos cristais e pela cor, que varia desde um
amarelo pálido até um amarelo quase vermelho; a variedade roxa é extremamente apreciada.
Associado ao topázio, se bem que mais raro, é o euclásio, originalmente descrito em Ouro Preto,
de uma cor azul muito apreciada. O polígono produtor de topázio é a região a leste de Ouro
Preto, principalmente no distrito de Rodrigo Silva, onde encontram-se as maiores minas. Se bem
que a produção artesanal ainda seja importante, a maior parte das lavras é mecanizada (Figura
24).

Figura 24. Lavra mecanizada de topázio imperial na localidade de Dom Bosco, vista de oeste para leste.

Um mármore muito característico já foi abundantemente produzido no local denominado


Cumbe, a cerca de 4 km a sudoeste da estação de Dom Bosco. Este mármore é de cor vermelha

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com formações colunares de estromatólitos. A produção encontra-se interrompida há muitos


anos.
O dolomito Gandarela também já foi lavrado na localidade tipo para fins industriais, mas
as lavra encontram-se paralisadas.
O serpentinito ocorrente no Complexo Córrego dos Boiadeiros, ao norte de Itabirito,
município de Rio Acima tem uma produção constante para fins siderúrgicos.
Um filito da Formação Batatal é lavrado para agregado em construção civil nas bordas da
Serra de Itabirito.
Além destes, a região de Ouro Preto é portadora de um grande número de ocorrências
minerais, principalmente de cobre, na região de Ouro Preto e do Ribeirão do Eixo, município de
Itabirito; de antimônio no local denominado Morro do Bule, distrito de Rodrigo Silva, cinábrio
em Dom Bosco, além de minerais raros, que são avidamente procurados pelos colecionadores.
Tratam-se apenas de ocorrências sem valor econômico, já tendo sido pesquisadas.

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10. GEOFÍSICA

As imagens geofísicas utilizadas foram as de gamaespectrometria nos canais do U, Th e K.


Essas imagens foram de grande valia para a separação dos litotipos granitoides no domo do
Bação e no Complexo do Bonfim. Para isso, a análise foi efetuada sobre as imagens individuais
para cada canal e sobre as composições binárias e a ternária K-U-Th. As composições binárias
são, por vezes, mais úteis para a separação de corpo graníticos.
A magnetometria não acrescenta informações novas sobre a região, a não ser alguns
alinhamentos muito profundos que não têm expressão em superfície.

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11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa bibliográfica e cartográfica é, por vezes, muito prejudicada pela falta de


uniformização da nomenclatura e a confusão causada pela má tradução de termos do inglês, já
que toda a bibliografia original do Quadrilátero Ferrífero é nesta língua. O exemplo mais
contundente é a palavra schist do inglês, simplesmente traduzida para xisto. O problema é que
xisto em português é uma rocha metamórfica na qual há geração de porfiroblastos, ou seja é de
granulação, no mínimo média. A palavra schist em inglês pode significar ao mesmo tempo, xisto
e filito, mas o filito é sempre phyllite. Não é correto então falar em xisto sericítico (o correto é
muscovita, variedade sericítica, pois sericita não é um mineral válido, segundo os critérios do
IMA - International Mineralogical Association) xisto clorítico etc., mas é correto escrever biotita
xisto ou muscovita xisto pois significa que a rocha tem um grau metamórfico mais elevado. A
palavra xisto verde pode ter os dois sentidos, dependendo da sua composição total e da sua
granulação.
A Folha Ouro Preto foi compilada com base na bibliografia e em mapas disponíveis e
publicados em veículos de divulgação. Alguns trabalhos interessando as áreas problemáticas,
principalmente os acadêmicos, não puderam ser consultados por não estarem disponíveis nos
bancos de teses e dissertações, o que é lamentável, pois contribuições importantes podem ter sido
omitidas. É mais lamentável ainda saber que, atualmente com as facilidades oferecidas pela
Internet, qualquer trabalho pode ser divulgado pelo seu autor.
A Folha Ouro Preto, como também todo o Quadrilátero Ferrífero, nunca terá um trabalho
definitivo. O cenário atual, apesar de muitos trabalhos de pesquisa, trabalhos de graduação,
dissertações de mestrado, e teses de doutorado, não tem respostas concretas para os muitos
problemas, principalmente os de ordem estrutural envolvidos.
Dorr (1969) já ressaltava que o Quadrilátero Ferrífero é um vasto campo de estudos e
gerações de geólogos ainda iriam passar por lá no afã de dar uma contribuição, por menor que
seja na solução de seus inúmeros problemas, sejam de ordem estratigráfica ou estrutural.
O que foi aqui executado, nesta reinterpretação tectônica de uma pequena parte da área,
está longe de representar uma resposta, mas já é uma pequena contribuição.
A região da Serra de Lavras Novas, colocada no Grupo Sabará por Almeida et al. (2005) é
uma das candidatas à uma revisão cartográfica mais consistente.
O panorama geológico da parte mais problemática da região ficou evidenciada na Figura
25, onde são mostradas as porções ao sul do mapa, antes e depois da reinterpretação.

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Figura 25. Parte sul do Sinclinal de Dom Bosco mostrando o mapa original (acima) e a reinterpretação deste
trabalho (abaixo).

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11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Ph.D. thesis, Universidade de São Paulo, São Paulo, 120 p.
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Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia, Núcleo Minas
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serra de Ouro Branco. Minas Gerais, Brasilien. Tese de doutorado, TU Clausthal, Alemanha, 217 p.
Alkmim F.F., Jordt-Evangelista H., Marshak S., Brueckner H., 1994. Manifestações do evento Trans-
Amazônico no Quadrilátero Ferrífero, MG. In: 38º Congresso Brasileiro de Geologia. Sociedade
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