Sustentabilidade Empresarial PDF

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O Planejamento Estratégico e a Formulação de

Estratégias Econômicas, Sociais e Ambientais: Uma


Proposta em Busca da Sustentabilidade Empresarial
Eliza Coral
Rua Patrício Antônio Teixeira, 317 - Bairro Carandaí - CEP 88160-000
Biguaçu - SC - Fone (48) 279-9500
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Carlos Ricardo Rossetto


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Paulo Maurício Selig


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Área : Strategy Business Policy
Trabalho baseado em Tese de Doutorado

RESUMO
Este artigo tem por objetivo apresentar um modelo de planejamento estratégico para a
sustentabilidade empresarial. Para tanto, desenvolveu os conceitos de sustentabilidade
empresarial, organizações sustentáveis, estratégias ambientais e sociais, além de realizar uma
análise crítica dos modelos de planejamento estratégico existentes na literatura. As análises
mostraram que os modelos de planejamento estratégico existentes estão fundamentados
principalmente em fatores econômicos e na competitividade, não englobando de forma sistêmica
os fatores ambientais e sociais. Além disto, a utilização de estratégias ambientais e sociais de
forma pró-ativa podem levar as empresas a melhoria de sua competitividade. A partir das
carências dos modelos existentes frente as novas necessidades de sustentabilidade empresarial,
desenvolveu-se um novo modelo de Planejamento Estratégico que incorpora as variáveis meio
ambiente natural e responsabiliade social na gestão estratégica das empresas.
Palavras-chave: Planejamento Estratégico; Sustentabilidade Empresarial; Estratégia ambiental e
social

1. INTRODUÇÃO

Com os avanços tecnológicos pós-revolução industrial e o crescente aumento da população, a

atividade humana no planeta tem causado impactos negativos ao meio ambiente natural, que

durante muito tempo foi visto como fonte inesgotável de recursos disponíveis para servir às
necessidades do homem. O ciclo produtivo da sociedade capitalista retira da natureza os insumos

necessários para a produção de alimentos e bens de consumo, porém, retorna a mesma, resíduos

sólidos e efluentes líquidos em grandes quantidades, causando poluição ambiental e esgotamento

dos recursos naturais. Além disto, uma grande camada da população mundial sofre com a

pobreza, fome e exclusão social.

Os maiores desafios a serem transpostos pelo setor público e privado para alcançar a

sustentabilidade serão encontrar soluções para a poluição, a escassez dos recursos naturais e a

miséria no mundo (HART, 1997). Os princípios do desenvolvimento sustentável, porém, muitas

vezes são vistos como conflitantes dentro do modelo da economia neoclássica. As empresas

buscam resultados financeiros, aumento de fatias de mercado e, principalmente, sobrevivência e

manutenção de sua competitividade. A globalização da economia e o acirramento da competição

mundial elevaram a escala de produção, com a conseqüente busca da redução dos custos. O

chamado custo ambiental ou custo das externalidades, historicamente não tem sido considerado

como responsabilidade das empresas, pois o meio ambiente é tratado como um bem comum à

disposição de todos.

Porém, por pressões sociais e restrições impostas às exportações de seus produtos para os países

industrializados, as empresas têm sido forçadas a buscar formas de reduzir seu impacto ambiental

e a melhorar sua imagem frente a sua responsabilidade social. Neste sentido, muito tem sido feito

para oferecer novas ferramentas (ISO 14000; tecnologias de produção mais limpa; iniciativa de

emissão zero de resíduos e Sistemas de Gestão Ambiental.) para a sustentabilidade do setor

produtivo.

Por outro lado, embora o planejamento estratégico seja a ferramenta mais utilizada e aceita pelos

executivos em todo o mundo para avaliar o contexto da empresa e planejar o futuro das mesmas

(RIGBY, 2001), as teorias dos modelos estratégicos clássicos ignoram as restrições, impostas
pelo meio ambiente natural e pelo subdesenvolvimento social (HART, 1995; SHRIVASTAVA,

1995b). O desenvolvimento sustentável hoje é pauta de políticas de governos e programas

regionais, porém seus conceitos ainda não estão fundamentados no nível estratégico da indústria,

e conseqüentemente, não recebem a análise e priorização devidas. Portanto, as empresas precisam

de mecanismos que as auxiliem na análise estratégica e no planejamento do seu desenvolvimento

sustentável, de forma a ligar a variável econômica com o meio ambiente natural e com o papel

social das organizações.

2. O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

A disciplina da sustentabilidade está sendo desenvolvida e ainda não existe consenso em relação

ao seu conceito, principalmente quanto a sua aplicabilidade no escopo empresarial. Assim, várias

definições de sustentabilidade são utilizadas em situações distintas.

Alguns autores defendem a idéia que uma empresa será sustentável se não agredir o meio

ambiente, detalhando o conceito de sustentabilidade ecológica ou organizações ecologicamente

sustentáveis (ATKINSON, 2000; HOFFMAN, 2000; SHRIVASTAVA, 1995b; GLADWIN,

1995; HAWKEN, 1993). Neste caso, a sustentabilidade está embasada pela teoria ecológica,

sendo alcançada quando a extração de recursos naturais ocorre dentro da capacidade de reposição

natural da base de recursos e, quando os resíduos sólidos transferidos para os componentes físicos

do sistema ecológico não ultrapassam a capacidade de assimilação dos ecossistemas (DALY &

COBB, 1994; JENNINGS & ZANDBERGEN, 1995; SHRIVASTAVA, 1995a).

Um dos fundamentos dos sub-sistemas naturais é a coexistência harmônica entre as entidades que

o habitam. Seguindo esta lógica, surge outra definição de sustentabilidade ecológica como sendo

a “habilidade de uma ou mais entidades, individualmente ou coletivamente, de existir e crescer

por longos períodos de tempo, de tal forma que a existência e crescimento de outras
coletividades seja permitido em níveis relacionados e em sistemas relacionados” (STARIK &

RANDS, 1995). A base da coexistência será a cooperação entre as empresas, que deverão

respeitar os limites de capacidade globais.

Neste caso, existirá conflito entre competitividade e sustentabilidade ecológica, pois as empresas

de sucesso estão sempre buscando diferenciar-se de seus concorrentes e ganhar a maior fatia de

mercado que a sua competência tecnológica e operacional lhe permitir.

Da mesma forma, se uma empresa tiver os melhores processos de tratamento de efluentes e

resíduos ou utilizar tecnologias limpas, isto poderá acarretar em custos de produção adicionais.

Se este valor não for percebido pelos seus clientes, poderá representar queda de sua

competitividade e de sua capacidade de sobreviver a médio e longo prazo, o que fere o princípio

de crescimento econômico do desenvolvimento sustentável.

Se o foco for econômico, a sustentabilidade de uma empresa poderá ser medida pela capacidade

de manter seu desempenho acima da média no longo prazo, ou seja, de ter uma vantagem

competitiva sustentável (PORTER, 1989), o que não significa que a empresa não causará nenhum

impacto ao meio ambiente natural ou que estará promovendo o desenvolvimento social.

A sustentabilidade, portanto, possui diferentes dimensões que podem ser analisadas

individualmente ou coletivamente (SACHS, 1993):

- Sustentabilidade social: significa obter a equidade na distribuição de renda para os habitantes


do planeta (Equidade Social);
- Sustentabilidade ambiental: Utilizar os recursos naturais que são renováveis e limitar o uso
dos recursos não renováveis (Equidade Ambiental);
- Sustentabilidade econômica: Reduzir os custos sociais e ambientais (Crescimento
Econômico);
- Sustentabilidade espacial: Atingir uma configuração de equilíbrio entre as populações rural e
urbana;
- Sustentabilidade cultural: Garantir a continuidade das tradições e pluralidade dos povos.
Assim, uma vez que a questão do crescimento econômico está presente na competitividade, pode-

se concluir que a sustentabilidade de uma empresa dependerá de sua competitividade, da sua

relação com o meio ambiente natural e da sua responsabilidade social, conforme ilustra a Figura

1.

Competitividade Sustentabilidade

Baseada em fatores econômicos e operacionais Baseada em fatores econômicos, sociais e ecológicos


Visão de mundo restrita – empresa contra as forças Visão de mundo mais ampla – parcerias para obter
competitivas vantagens competitivas
Legislação ambiental = aumento dos custos de produção Legislação ambiental = promoção da inovação
Uso de tecnologias de produção tradicionais Uso de tecnologias limpas de produção
Questões do meio ambiente natural geralmente vistas como Questões do meio ambiente natural geralmente vistas com
ameaças novas oportunidades
Foco na redução de custos e eficiência operacional Foco na inovação
Individualista Cooperação

Figura 1 - Resumo comparativo entre competitividade e sustentabilidade

Assim, uma empresa pode ser considerada sustentável se atender aos critérios de ser

economicamente viável, ocupar uma posição competitiva no mercado, produzir de forma que não

agrida o meio ambiente e contribuir para o desenvolvimento social da região e do país onde atua.

Portanto, a sustentabilidade engloba competitividade.

3. ORGANIZAÇÕES SUSTENTÁVEIS

O principal objetivo de qualquer empresa, com fins lucrativos, é obter o maior retorno possível

sobre o capital investido. Para isto, utiliza-se de todas as ferramentas disponíveis para estar à

frente de seus concorrentes, obter maiores margens e fatias de mercado.

Porém, com as mudanças no ambiente global, além dos fatores econômicos e estruturais, outras

variáveis começam a fazer parte da responsabilidade das empresas, que são as questões do meio

ambiente natural e as questões sociais.


Para que as organizações possam contribuir para o desenvolvimento sustentável do planeta, elas

devem modificar seus processos produtivos ou mesmo todo o seu negócio, quando for necessário,

para que se tornem ecologicamente sustentáveis. Isto implica em construir sistemas de produção

que não causem impactos negativos e mesmo estejam contribuindo para a recuperação de áreas

degradadas ou oferecendo produtos e serviços que contribuam para a melhoria da performance

ambiental dos consumidores e clientes de uma indústria.

A empresa deverá modificar os seus modelos de gestão e tomada de decisão, considerando não

somente os aspectos econômicos, mas também sociais e ambientais. Mas, a tomada de

consciência e internalização destes fatores pela empresa depende também da pressão exercida

pela sociedade e stakeholders, como empresas de seguro, bancos, consumidores, organizações

não governamentais, etc. (HOFFMAN, 2000), pois a teia de relacionamentos de uma organização

compõe múltiplos níveis e sistemas, que são: individual, organizacional, político-econômico,

sócio-cultural e ecológico. Para alcançar a sustentabilidade, a organização terá que atuar e

interagir em todos esses níveis e sistemas (STARIK & RANDS, 1995).

Uma vez que as pressões econômicas dos sistemas de capital atuais são bastante grandes, trata-se

de um grande desafio a ser vencido pelas empresas modernas que optarem por transformar-se em

ecologicamente sustentáveis. Apenas com a visão de que o negócio ambiental é uma

oportunidade, é que as estratégias de negócios se voltarão para alcançar a sustentabilidade.

Assim, um passo fundamental na obtenção e manutenção do status de organização

ecologicamente sustentável será a adoção de estratégias ambientais (STARIK, THROOP &

JOYCE, 1995). Além disto, as empresas que são capazes de puxar as suas iniciativas estratégicas

para dentro da estrutura organizacional em seus sistemas de aprendizado estabelecem uma

sinergia entre os sistemas estratégicos e operacionais e se tornarão mais sustentáveis (JENNINGS

& ZANDBERGEN, 1995).


É importante salientar que dentro dos princípios de sustentabilidade, não se pode separar as

questões sociais das questões ambientais. Por isso, quando uma organização é ecologicamente

sustentável, ela também estará atuando de forma socialmente responsável, de forma a atender os

interesses de todos os stakeholders que afetam ou são afetados por suas atividades. As

organizações ecologicamente sustentáveis estarão voltadas para a implementação de estratégias

ambientais mais complexas, atuando em redes organizadas e projetos cooperativos para o bem

estar do planeta.

4. A EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE PLANEJAMENTO


ESTRATÉGICO

A literatura sobre planejamento estratégico é ampla e apresenta diversos modelos de elaboração e

implementação de estratégias, que trazem perspectivas distintas (ANDREWS, 1980; ACKOFF,

1976; LORANGE & VANCIL, 1976, ANSOFF, 1977; MINTZBERG, 1973; PORTER, 1986;

CUNHA, 1995; MINTZBERG & QUINN, 1992; CERTO E PETER, 1993; GLUCK,

KAUFMAN & WALLECK, 1980). Estes modelos definem as etapas do processo de

planejamento estratégico, bem como diferentes abordagens para a sua aplicação.

Os modelos de planejamento estratégico formal foram sendo adaptados e melhorados ao longo

dos anos pelos pesquisadores da Administração Estratégica, que inserindo novas variáveis e

abordagens, adequaram os modelos de planejamento aos ambientes cada vez mais turbulentos e

imprevisíveis que se apresentam ao mundo empresarial. Ao mesmo tempo, buscando

continuamente explicitar as relações entre o planejamento, sua implantação e os resultados

obtidos.

Embora cada modelo tenha características distintas, pode-se observar que todos apresentam

quatro macro-etapas bem definidas: o diagnóstico estratégico, que compreende um levantamento


de informações sobre a organização e o ambiente no qual está inserida; a elaboração de missão,

objetivos, estratégias e metas da organização, visando estabelecer uma posição futura desejada; a

implementação do plano estratégico resultante e o controle dos resultados.

Os diferentes modelos presentes na literatura podem variar segundo a seqüência de passos para

cada macro-etapa, a opção de ferramentas de análise utilizadas em diferentes situações, a

abordagem de implantação, liderança do processo e a complexidade dos métodos analíticos, mas

assemelham-se quanto aos passos a serem seguidos para elaboração de estratégias.

Todos os modelos apresentados pressupõem uma etapa de levantamento, organização e análise de

informações, chamado de diagnóstico estratégico, que subsidiará o estabelecimento de objetivos,

metas e estratégias para a empresa.

Os modelos de planejamento estratégico formal clássico e suas derivações têm por objetivo

nortear o processo de elaboração de estratégias de sucesso para as organizações. Em linhas

gerais, os modelos formais apresentados pelos especialistas e autores do assunto, assemelham-se

quanto aos passos a serem seguidos durante o processo de planejamento e ao tipo de informação

necessária para a tomada de decisão, podendo diferir quanto à seqüência das etapas, ênfase do

modelo e orientação do processo. A Figura 2 apresenta um resumo comparativo de dez modelos

de planejamento estratégico formal, bem como o foco principal seguido por cada um deles

(ACKOFF, 1976; ANSOFF, 1977; THOMAS & LOPES, 1978; ANDREWS apud FREEMAN,

1988; RASMUSSEN, 1990; TAVARES, 1991; CERTO & PETER, 1993; CUNHA, 1996;

GRACIOSO, 1996; OLIVEIRA, 1998), podendo-se considera-los como representativos dos

modelos formais existentes.

Dentre os modelos estudados, pode-se observar uma maior ou menor ênfase em determinadas

etapas, cuja própria nomenclatura e divisão das macro-atividades delimita a importância dos

passos a serem seguidos.


Modelos de Planejamento Estratégico

Macro-etapas Ansoff Ackoff Andrews Cunha Certo e Tavares Gracioso Oliveira Thomas e Rasmus-se
do P.E. / Peter Lopez
Autores

Definições 1. Objetivos 1. Cultura e 1. Visão 1. Definição da


preliminares valores estratégica da visão
2. Relações de empresa
poder
3. Sensibiliza-ção

Análise 3. Avaliação 1. Análise de 1. Oportunida- 6. Análise 1. Análise 2. Análise do ambiente 2. Cenário 2. Oportunidades 1. Exame externo 1. Análise d
Externa exterma cenários des e ameaças externa externa externo global e ameaças 4. Fator pesquisa macro-
2. Responsa- 3. Mercado, 3. Concorrentes informacio-nal ambiente
bilidade social evolução e 7. Cenários
tendências
4. Perfil de
resposta dos
concorrentes
Análise 2. Avaliação 4. Análise dos 3. Valores 5. Fatores chaves 2. Análise 3. Análise do ambiente 6. Análise do 4. Pontos fortes, 2. Exame interno 2. Análise d
Interna interna sub-sistemas pessoais da de sucesso interna interno sistema de fracos e neutros 3. Fator crítico micro-
4. Sinergia- empresariais gerência 7. Análise interna negócios 4. Fator pesquisa ambiente
estrutura 4. Pontos informacio-nal
fortes e fracos 5. Estimati-vas

Políticas, 5. Objetivos 2. Objetivos de 5. Definição de 4. Negócio e 3. Missão 1. Definição da missão 5. Objetivos 5. Missão 6. Missão, 3. Elaboraçã
objetivos e (revisão) desempenho e objetivos e Missão e 4. Revisão da missão tentativos 6. Propósitos objetivos e dos macro-
metas metas políticas 8. Objetivos e objetivos 5. Elaboração de 7. Objetivos 10. Objetivos diretrizes objetivos
5. Políticas metas filosofias e políticas revistos gerais e 4. Elaboraçã
(visão de 6. Definição de objetivos funcionais das macro-
futuro) 8. Formulação de metas 11. Desafios e políticas
e ações setoriais metas

(continua...)
Modelos de Planejamento Estratégico
Macro- Ansoff Ackoff Andrews Cunha Certo e Peter Tavares Gracioso Oliveira Thomas e Rasmus-s
etapasdo P.E. Lopez

Estratégias 6. Estratégia de 3. Alternativas 6. Definição da 9. Definição de 4. Formulação 7. Seleção de 8. Estratégias 8. Postura 7. Formula- 5. Elabora
diversificação de ação estratégia estratégias da estratégia estratégias de competição estratégica ção de ção das
7. Estratégia de corporativa 9. Macro- alternativas macro-
expansão estratégias e estratégicas estratégia
8. Estratégia políticas 8. Seleção e
financeira 12. Estratégias e desenvolvi-
9. Estratégia políticas mento de
administrativa alternativas
Planejamento 10. Orçamento 6. 9. Elaboração do 13. Projetos e 6.
de recursos e estratégico Planejamento orçamento planos de ação Preparaçã
indicadores de recursos 10. Definição dos 14. Orçamento dos plano
parâmetros de econômico- de ação.
avaliação financeiro

Implantação 7. Implantação 10. Implanta-ção 5. Implanta- 12. Implantação


ção
Controle 11. Controle 6. Controle 11. Formulação de
um sistema de
gerenciamento de
responsabilidades
13. Avaliação

Ênfase do Mix de produto - Mix de produto Valores da alta Vantagem Vantagem Vantagem Orientação Posição competitiva Sistema de Planejame
modelo mercado - mercado gestão, processo competitiva competitiva competitiva para o mercado no mercado, informações to em
proposto de planejamento estratégias de atualizado ambientes
desenvolvimento constanteme turbulento
nte como
base para o
planejamen-
to
Figura 2 - Modelos de planejamento estratégico formal
Os modelos de planejamento estratégico formal têm recebido várias críticas relacionadas a sua

incapacidade de induzir a elaboração de estratégias brilhantes, ou mesmo quanto ao seu excesso

de formalismo (MINTZBERG, 1987, 1994; MARKIDES, 2000; HAMEL & PRAHALAD,

1995).

Dentre as principais dificuldades e limitações de um processo de planejamento estratégico

formal, pode-se citar problemas como paralisia pela análise, complexidade dos métodos

analíticos (exigência de especialistas em planejamento), qualidade da informação, tempo para sua

execução, estratégias inadequadas à capacidade da empresa em implementá-las e falhas na

implantação do plano, causadas por incapacidade administrativa.

Porém, existe uma grande lacuna nos modelos existentes em relação a ferramentas de análise

voltadas para a sustentabilidade corporativa. Os modelos existentes não levam em consideração a

variável ecológica e social como fator fundamental para a sobrevivência da empresa no longo

prazo. Estes modelos apenas consideram estas variáveis na análise do macro ambiente, focando

aspectos externos à organização como índice de poluição sonora, atmosférica e nuclear do meio

ambiente onde estão inseridas, atividades dos partidos verdes ou conflitos com ecologistas,

utilizando estes dados para identificar oportunidades e ameaças, ligadas geralmente à legislação e

aumento dos custos com tratamento de efluentes e resíduos. Assim, as ferramentas de

levantamento e análise de dados dos modelos existentes estão voltadas principalmente para as

questões econômicas e baseadas nos princípios da competitividade.

5. ESTRATÉGIA AMBIENTAL E SOCIAL

Ao contrário da disciplina de Planejamento Estratégico, cujos modelos foram desenvolvidos e

aprimorados desde a década de 60, as bases teóricas sobre Estratégia Ambiental e Social são

relativamente recentes, tendo surgido no final da década de 80 e, principalmente, na década de 90


com o advento do Desenvolvimento Sustentável e com o aumento da necessidade de incorporar

os seus princípios nos modelos de gestão corporativa. A análise e implementação de estratégias e

ações relacionadas ao meio ambiente natural e ao fator social envolvem todos os setores de uma

organização de forma multidisciplinar. Por isso, não podem ser tratadas como responsabilidade

de apenas um departamento ou função organizacional. A forma como a empresa se posiciona

afeta diretamente seus resultados, positiva ou negativamente.

Várias pesquisas têm demonstrado a relação positiva entre a adoção de estratégias ambientais

pró-ativas e o aumento da competitividade da empresa como conseqüência desta prática (RUSSO

& FOUTS, 1997; SHARMA, 1999; LAU & SRINIVASAN, 1997; MARTINELLI & COTRIN,

1999; ARAGON-CORREA, 1998).

Quando a empresa consegue ligar o benefício ambiental e social com uma demanda do mercado,

oferecendo funcionalidades que são percebidas pelos consumidores como valor agregado, tem

maior probabilidade de obter retorno econômico e uma vantagem competitiva, que poderá ser

mantida caso seus concorrentes não puderem imitar com facilidade o seu produto ou serviço. Por

isso, a criatividade e inovação são fundamentais.

Uma pesquisa empírica realizada com 196 executivos de meio ambiente nos Estados Unidos,

concluiu que existe uma relação positiva entre a incorporação das questões de meio ambiente

natural no planejamento estratégico e a performance financeira das empresas, melhorando

também a performance ambiental e os recursos disponibilizados para novos desenvolvimentos

nesta área (JUDGE & DOUGLAS, 1998).

A maneira como esta questão é tratada dentro das empresas terá relação direta com as decisões

sobre investimentos para preservar o meio ambiente natural e no envolvimento da empresa com o

desenvolvimento da comunidade onde atua. Se tratada de forma crítica, considerando o retorno

sobre o investimento a curto e médio prazo ou com uma visão de mais longo prazo, priorizando
as questões do desenvolvimento global, o importante é que as empresas insiram estas

preocupações no pensamento estratégico dos gestores, pois os atributos dos sistemas de controle

e características ambientais estão relacionados com os tipos de estratégias adotadas. A estratégia

é uma variável crítica na elaboração dos sistemas de gestão. Também, o contexto nacional tem

impacto nas funções discriminantes de estratégia-ambiente-controle e devem ser levadas em

consideração nas decisões gerenciais (SIM & TEOH, 1997).

O tratamento das questões ambientais e sociais como estratégicas, poderá trazer para a empresa

vantagens na identificação de novas oportunidades de negócios, através da utilização de sua

performance ambiental como fonte de vantagem competitiva, auxiliando a empresa a adquirir

uma postura mais pró-ativa. A partir de uma análise mais detalhada do impacto da empresa sobre

o desenvolvimento sustentável, é que opções poderão ser feitas no sentido de reduzir riscos e

maximizar resultados. O fato é que, para muitas empresas, o meio ambiente natural e os

problemas sociais continuam sendo tratados como externalidades ou ameaças. Esta postura

precisa ser modificada.

O sucesso da implantação de uma estratégia depende da capacidade da empresa em

operacionalizá-la. Por isso, a inclusão destas variáveis no Planejamento Estratégico das empresas

é uma forma de assegurar a inclusão do pensamento sustentável na gestão estratégica das

organizações.

6. MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA A


SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL - PEPSE

O objetivo do modelo de Planejamento Estratégico para a Sustentabilidade Empresarial – PEPSE,

é oferecer às empresas uma ferramenta de planejamento que possibilite analisar a sua posição em

relação às variáveis de sustentabilidade, preparando-a para atuar em mercados futuros e

estabelecendo prioridades para o seu desenvolvimento sustentável.


O modelo de planejamento estratégico para a sustentabilidade, baseia-se nas premissas do

desenvolvimento sustentável para a indústria, buscando a viabilidade econômica, ambiental e

social de uma empresa, conforme ilustra a Figura 3.

Sustentabilidade

Sustentabilidade Sustentabilidade Sustentabilidade


Econômica Ambiental Social

- Vantagem - Tecnologias - Assumir


competitiva limpas responsabilidade
- Qualidade e - Reciclagem social
custo - Utilização - Suporte no
- Foco sustentável de crescimento da
- Mercado recursos naturais comunidade
- Resultado - Atendimento a - Compromisso
- Estratégias legislação com o
de negócios - Tratamento de desenvolvimento
efluentes e dos RH
resíduos - Promoção e
- Produtos participação em
ecologicamente projetos de
corretos cunho social
- Impactos
ambientais

Figura 3 - Bases do modelo PEPSE

O modelo PEPSE utiliza-se das macro-etapas dos modelos de planejamento estratégico

previamente abordados na fundamentação teórica, inserindo nestes modelos análises detalhadas

das variáveis ambiental e social. A principal contribuição desta ferramenta será a estruturação da

informação do diagnóstico estratégico para a elaboração de estratégias sustentáveis e a escolha

das ferramentas mais adequadas à sua implementação. A Figura 4 ilustra as macro-etapas do

modelo proposto.
Diagnóstico Estratégico
-Levantamento de dados
-Análise das informações

Missão, Visão, Políticas

Objetivos e Metas

Estratégias Sustentáveis

Projeto de desenvolvimento

Figura 4 - Macro-etapas do modelo PEPSE

As etapas de diagnóstico estratégico, estratégias sustentáveis e projeto de desenvolvimento

distinguem-se dos modelos de planejamento estratégico tradicionais, diferenciando-se o modelo

PEPSE pela sua abordagem de sustentabilidade.

O diagnóstico estratégico será composto de duas etapas, que são o levantamento de dados e a

análise de dados, cujos resultados tem a função de subsidiar a tomada de decisão, para a definição

de objetivos e metas e elaboração de estratégias sustentáveis. A Figura 5, abaixo, apresenta as

etapas do modelo PEPSE.

- Caracterização da empresa

Compreende um levantamento de informações sobre o tipo de empresa, natureza de suas

atividades, principais produtos, rentabilidade, destino de suas vendas, posição no mercado,


margem sobre vendas, investimentos em P&D e capacitação de recursos humanos, utilização de

capacidade instalada e tecnologia disponível.

É importante identificar, nesta fase, a visão da empresa em relação aos itens que são considerados

estratégicos pelos seus dirigentes, como clientes, materiais, parcerias, negócios e fatores que

contribuem para sua competitividade.

- Análise externa

A análise externa tem por objetivo identificar as forças competitivas que atuam sobre a empresa e

sua posição competitiva atual. O modelo das forças competitivas de Porter considera o governo

como um ator que pode influenciar a concorrência e competição numa indústria e que atua sobre

todas as forças (PORTER, 1989). No modelo PEPSE, esta mesma lógica se aplica às variáveis

meio ambiente e sociedade, como forças que influenciam todos os atores do modelo.

Diagnóstico Estratégico
Caracterização da
empresa
Tipologia
Análise Externa organizacional Missão,
-Ameaças Visão e
- Oportunidades Políticas
Análise dos
Análise Interna Stakeholders
-Pontos fortes
- Pontos fracos
Gargalos estratégicos Objetivos e Estratégias Convergência Projeto de
e operacionais metas sustentáveis estratégica desenvolvimento
Visão do líder
Grau de
sustentabilidade
Situação ambiental da empresa

Estratégias atuais

Figura 5 - Modelo de Planejamento Estratégico para a Sustentabilidade Empresarial


- Análise interna

A análise interna compreende o levantamento de informações sobre a infra-estrutura existente na

empresa e os modelos de gestão adotados. Tem por objetivo estabelecer relações entre a

arquitetura organizacional e as estratégias de negócios, bem como identificar pontos fortes e

fracos da atual estrutura.

- Visão do líder

A percepção de sustentabilidade dos líderes empresariais interfere diretamente na elaboração e

implementação de estratégias sustentáveis (SHARMA, 1999). Por isso, é imprescindível

identificar o entendimento e postura dos principais gestores da empresa nos seguintes aspectos:

o Grau de contribuição da questão ambiental para a competitividade da empresa, isto é,

visão de oportunidade ou ameaça;

o Grau de contribuição da questão de responsabilidade social para a competitividade da

empresa, isto é, visão de oportunidade ou ameaça;

o Relações com fornecedores e clientes em relação às questões ambientais e sociais;

o Legislação ambiental vista como impulsionadora à inovação ou restritiva e responsável

pelo aumento de custos e redução de competitividade;

o Visão futura quanto às tendências tecnológicas para a redução do impacto ambiental;

o Responsabilidade sobre o desenvolvimento da sociedade. Deve ser interna à empresa ou

externa, isto é, de responsabilidade do governo e outras instituições.

- Caracterização da situação ambiental

Esta etapa compreende o levantamento de informações adicionais sobre a situação ambiental da

empresa em relação à:

o Consumo de água e energia;

o Uso de combustíveis fósseis;


o Percentual de insumos renováveis e não renováveis;

o Balanço do uso de insumos (∆T = ∆utilizado + ∆descartado);

o Geração e classificação dos resíduos industriais (classe I, II e III);

o Sistemas de tratamento de efluentes e disposição de resíduos;

o Atendimento aos parâmetros da legislação ambiental vigente;

o Ferramentas de gestão ambiental;

o Tecnologias ambientais disponíveis para a indústria (origem, custo, tipo).

Estas informações servirão de base para a identificação de gargalos estratégicos e operacionais,

classificação do grau de sustentabilidade da empresa e também podem auxiliar na identificação

de novas oportunidades.

- Levantamento das estratégias atuais

Será necessário identificar as estratégias que a empresa está utilizando no momento presente nos

níveis de negócio, operacional, ambiental e social, conforme classificação da Figura 6.

Negócios/ Produto/Serviço/Mercado Ambiental e social


Desenvolvimento
- Diferenciação - Desenvolvimento de - Atendimento à legislação
- Baixo custo mercado - Prevenção da poluição
- Foco - Desenvolvimento de produto - Produto planejado
- Investimento - Penetração - Tecnologias limpas
- Manutenção - Diversificação - Visão sustentável
- Desinvestimento - Diferenciação do produto
- Redução de custos - Diferenciação do processo
Operacionais - Crescimento dos
- Marketing colaboradores
- Produção - Desenvolvimento da
- Financeiro comunidade
- P&D - Responsabilidade social
- Recursos Humanos
Figura 6 - Estratégias de negócios, Produto/serviço/mercado, ambientais e sociais
- Análise da arquitetura organizacional

A arquitetura organizacional de uma empresa é o conjunto de características inerentes à sua

tipologia, sistema produtivo, ferramentas de gestão, grau de informatização, estrutura

organizacional e capacitação de recursos humanos. Determina o grau de flexibilidade que uma

empresa possui em implementar diferentes estratégias, bem como sua capacidade de inovação.

- Análise de convergência das estratégias em relação à arquitetura organizacional e a

sustentabilidade

A implementação de uma determinada estratégia requer uma estrutura capaz de operacionalizá-la.

Muitos planejamentos estratégicos não saem do papel porque a empresa não possui uma

arquitetura organizacional capaz de implantá-los. Por isso, a análise de convergência da estratégia

em relação à arquitetura organizacional deverá determinar se a mesma é adequada à estratégia,

e/ou quais os pontos da estrutura da empresa deverão ser modificados para possibilitar a

implantação da estratégia. O modelo de convergência da estratégia e da estrutura organizacional

está representado pela Figura 7.

Além disto, a disponibilidade de recursos para a realização de modificações e o tempo necessário

para sua realização são fatores que devem ser considerados. A Figura 8 mostra uma análise de

convergência da relação do custo da mudança no tempo.

Se o custo da mudança for alto e o tempo necessário para sua implementação for considerado

baixo, a operacionalização da estratégia dependerá da disponibilidade de recursos que a empresa

possui ou que poderá alavancar. Por outro lado, se o custo e o tempo de implantação forem

ambos considerados altos, esta estratégia não converge ou deverá ser planejada em longo prazo.

Neste caso, uma análise mais detalhada de retorno sobre o investimento deverá ser realizada.
Stakeholders

Estratégia

- Capacidade de
Recursos implantação
- Flexib ilidade
Arquitetura Organizacional
-Sistema produtivo
-Ferramentas de gestão
-Grau de informatização
-Estrutura organizac ional
-Capacitação de recursos humanos

Figura 7 - Análise de convergência da estratégia e arquitetura organizacional


Custo da mudança
na estrutura

Disponibilidade de Não converge ou


Alto recursos (?) estratégia de longo
prazo

Converge a curto Retorno da estratégia


prazo a longo prazo
Baixo

Tempo
Baixo Alto

Figura 8 - Análise de custo da mudança de estrutura no tempo

A Figura 9 mostra a análise de convergência da estratégia em relação à sua sustentabilidade, onde

os símbolos representam respectivamente:

C++ Converge - Estratégia sustentável com impacto ambiental e social positivo


C+ Converge - Estratégia sustentável com impacto ambiental ou social positivo
C Converge – Estratégia com impacto ambiental ou social neutro
NC-- Não converge – Estratégia com impacto social e ambiental negativo
NC- Não converge – Estratégia com impacto social ou ambiental negativo
NC Não converge – estratégia com impacto econômico negativo
Capacidade de Retorno Impacto Impacto Convergência
implantação econômico ambiental social
Alto Alto/médio Positivo Positivo Estratégia sustentável – C++
Alto Alto/médio Positivo Neutro Converge – C+
Alto Alto/médio Positivo Negativo ? O impacto positivo justifica o impacto
Negativo Positivo negativo? C+/-
Alto Alto/médio Neutro Positivo Converge – C+
Alto Alto/médio Neutro Neutro Converge – C
Alto Alto/médio Neutro Negativo Não converge – NC-
Negativo Neutro
Alto Alto/médio Negativo Negativo Não converge – NC--
Alto Baixo Positivo Positivo Os impactos positivos justificam o
investimento?
Alto Baixo Positivo Neutro ? O impacto positivo justifica o investimento?
Neutro Positivo C+/-
Alto Baixo Neutro Negativo Não converge - NC--
Negativo Neutro
Média Alto Positivo Positivo Converge (necessita de investimento) – C++
Média Alto Positivo Neutro Converge (necessita de investimento) – C+
Neutro Positivo
Média Alto Neutro Neutro Converge em retorno econômico (necessita
de investimento) – C
Média Alto Positivo Negativo ? Necessita de investimento.
Negativo Positivo O impacto positivo justifica o impacto
negativo? C+/-
Média Médio Positivo Positivo Necessita de investimento, converge em
médio prazo – C+
Média Médio Positivo Neutro Necessita de investimento, converge em
Neutro Positivo médio prazo – C
Média Médio Neutro Negativo Não converge – NC-
Negativo Neutro
Negativo Negativo
Média Médio Neutro Neutro Apenas retorno econômico em médio prazo –
C
Média Baixo Positivo Positivo ? Os impactos positivos justificam o
Positivo Neutro investimento? Médio prazo – C+/-
Neutro Positivo
Média Baixo Positivo Negativo Não converge – NC-
Negativo Positivo
Negativo Negativo
Média Baixo Negativo Negativo Não converge - NC--
Baixa Alto Positivo Positivo Necessita investimento para mudança da
estrutura, converge em longo prazo – C
Baixa Alto Positivo Negativo ? O impacto positivo justifica o impacto
Negativo Positivo negativo? C+/-
Longo prazo – necessita investimento para
mudança de estrutura
Baixo Médio/baixo Positivo Positivo Os impactos positivos justificam os
Neutro Neutro investimentos? (Longo prazo) – C+/-
Baixo Médio/baixo Negativo Positivo Não converge – NC-
Positivo Negativo
Baixo Baixo Negativo Negativo Não converge – NC--

Figura 9 - Análise de convergência da estratégia em relação a sustentabilidade


- Definição de gargalos estratégicos e operacionais

Gargalo estratégico é uma ameaça que tem alta probabilidade de agir negativamente na

competitividade da empresa e por isso, deve ser minimizada para garantir a sustentabilidade em

curto, médio e longo prazo.

Gargalo operacional é um ponto fraco que dificulta a operacionalização das estratégias da

empresa ou que afeta diretamente no resultado da performance operacional do sistema produtivo.

A identificação destes pontos auxiliará na priorização de ações para eliminar os gargalos ou

reduzir seu impacto negativo.

- Definição do grau de sustentabilidade da empresa

O grau de sustentabilidade da empresa proporciona uma medida quantitativa em relação à

performance sustentável da organização, sendo determinado pela inter relação das seguintes

variáveis, identificadas durante o processo de diagnóstico estratégico:

o Capacidade de implantação das estratégias;

o Impacto ambiental da atividade;

o Disponibilidade de recursos;

o Crescimento do mercado;

o Posição competitiva;

o Visão do líder;

o Responsabilidade social.

O grau de sustentabilidade da empresa será, portanto, composto pela totalização de pontos

recebidos em cada uma das variáveis descritas acima, sendo que o fator de ponderação serve para

equilibrar a importância das variáveis ambientais e sociais em relação ao fator econômico,

conforme representado na Figura 10.


Variável Fator de ponderação Índice (I) Total (P x
(FP) I)

Capacidade de implantação da estratégia 1


Impacto ambiental 2
Disponibilidade de recursos 1
Crescimento do mercado 1
Posição competitiva 1
Visão do líder 2
Responsabilidade social 2

Total (soma ponderada)

Figura 10 – Grau de sustentabilidade da empresa

De acordo com o índice obtido pela empresa, pode-se realizar uma análise de sua situação em

relação a sustentabilidade, conforme apresentada na Figura 11.

Grau de sustentabilidade

< 50% 50% a 70% 70% a 90% > 90%


Potencial sustentável Potencial sustentável Potencial sustentável bom Empresa potencialmente
crítico regular sustentável
Figura 11 – Classificação do índice de sustentabilidade empresarial

Obtém-se o grau de sustentabilidade pelo percentual do índice obtido em relação ao índice de

referência da pontuação máxima.

O grau de sustentabilidade empresarial servirá para que a empresa possa verificar as áreas que

necessitam de melhorias, além de sugerir diversos indicadores para acompanhar sua evolução ao

longo do tempo.

Uma empresa com índice superior a 90%, pode ser considerada potencialmente sustentável, ou

seja, possui estratégias, recursos e ferramentas de gestão que devem contribuir para o alcance

e/ou manutenção de sua sustentabilidade.


- Definição de oportunidades de negócios

As oportunidades de negócios poderão surgir da análise de todas as etapas anteriores. Esta fase

consiste do levantamento e organização destas informações no processo de planejamento

estratégico.

- Definição de missão, visão e políticas

O processo de elaboração de missão, visão e políticas constitui-se da construção da posição futura

da organização e da finalidade básica de sua existência (COLLINS & PORRAS, 1998). Todas as

informações coletadas sobre a empresa e o seu meio ambiente servirão de apoio para a realização

desta etapa e das demais que compõem o planejamento estratégico para a sustentabilidade.

- Definição de objetivos e metas

Um objetivo representa uma situação futura desejada, ou seja, onde a empresa quer chegar, e a

meta é a quantificação deste objetivo.

Esta etapa segue a mesma metodologia dos planejamentos estratégicos tradicionais abordados

anteriormente, mas utilizando-se das análises realizadas na etapa de diagnóstico estratégico como

subsídio para o estabelecimento de objetivos sustentáveis e metas factíveis.

- Elaboração de estratégias sustentáveis

O modelo de elaboração de estratégias sustentáveis, representado pela Figura 12, mostra todas as

variáveis que servem de base e interferem no processo de criação de novas estratégias, que visam

operacionalizar os objetivos previamente definidos.

As estratégias poderão surgir do processo de planejamento estratégico para a sustentabilidade ou

emergir de outros processos de gestão. É importante enfatizar que as análises propostas neste

modelo poderão ser utilizadas em processos formais de planejamento ou para analisar a

sustentabilidade de estratégias emergentes em situações distintas.


As estratégias de negócios, ambientais, sociais e funcionais elaboradas nesta etapa deverão ser

analisadas quanto à sua convergência com a arquitetura organizacional e quanto à sua

sustentabilidade, conforme descrito anteriormente. A não convergência da estratégia indicará que

a mesma deverá ser revista.

O modelo proposto na Figura 12, portanto, não é linear, necessitando de realimentação e revisão

dos objetivos e estratégias escolhidas em função da análise de convergência das estratégias e da

capacidade da empresa em implementá-las.

Outro passo importante é a escolha de ferramentas para operacionalizar a estratégia, ou seja, se a

empresa já faz uso da mesma ou se será necessário desenvolver e implantar novas ferramentas de

gestão. A análise de convergência da estratégia com a arquitetura organizacional servirá como

base para a escolha de ferramentas adequadas à empresa. O passo seguinte é o detalhamento do

projeto de desenvolvimento.

- Projeto de desenvolvimento

O resultado do planejamento estratégico deve ser um plano de ação detalhado para a

implementação das estratégias elaboradas durante o processo. Portanto, o projeto de

desenvolvimento da empresa para um determinado período não deve ser considerado apenas

como uma documentação do planejamento estratégico, mas uma ferramenta gerencial para a

administração estratégica da empresa, pois contém informações das atividades a serem

executadas, responsáveis, custo, retorno sobre o investimento, prazos e indicadores de resultados

bem definidos.

7. CONCLUSÃO

Uma vez que são as empresas que geram a maior riqueza do mundo, é natural que elas assumam

a responsabilidade por buscar a sustentabilidade global (HART, 1997) e que “as empresas que
tiverem recursos e persistência suficientes para concorrer na base da pirâmide econômica do

mundo terão perspectivas de recompensa que incluem não apenas crescimento e lucros, mas

também contribuições incalculáveis para a humanidade” (PRAHALAD e HART, 2002, p. 14).

Grau de Ferramentas para a


Visão do líder
sustentabilidade implantação

Tipologia Projeto de
Organizacional desenvolvimento

Estratégias para a
Disponibilidade sustentabilidade Implementação
de recursos

Medidas de
Oportunidades e desempenho
ameaças
Gargalos
operacionais Resultados
Gargalos
estratégicos

Realimentação

Figura 12 - Modelo para elaboração e implementação de estratégias sustentáveis

Mas, para isto, é necessário que ocorra uma evolução nos modelos de gestão atualmente

utilizados pelas corporações.

As questões do meio ambiente natural e da responsabilidade social serão absorvidas pelas

organizações se forem consideradas prioritárias pela alta gestão e se, realmente trouxerem retorno

para a empresa. As análises de estratégias e prioridades não podem levar em consideração apenas
os fatores econômicos de curto prazo. Os atributos dos sistemas de controle e características

ambientais e sociais estão relacionados com os tipos de estratégias adotadas. A estratégia é uma

variável crítica na elaboração dos sistemas de gestão, pois a sobrevivência da empresa no longo

prazo dependerá de sua capacidade de gerenciar variáveis de risco e ser sustentável.

Por isso, o tratamento das questões ambientais e sociais como estratégicas, poderá trazer para a

empresa vantagens na identificação de novas oportunidades de negócios, através da utilização de

sua performance ambiental como fonte de vantagem competitiva, auxiliando a empresa a adquirir

uma postura mais pró-ativa.

O modelo proposto neste trabalho buscou solucionar as deficiências encontradas nos modelos de

planejamento estratégico face à questão do alcance do desenvolvimento sustentável empresarial,

constituindo-se de uma importante contribuição para as teorias de administração estratégica e

gestão ambiental.

O ineditismo do modelo pode ser observado, principalmente, na inter-relação entre as análises

realizadas que incorporam a variável ambiental e social no pensamento estratégico dos gestores

de uma organização, no grau de sustentabilidade, nas análises que relacionam a elaboração da

estratégia com a capacidade de implementação por parte da empresa, evidenciando a necessidade

de modificação da arquitetura organizacional para viabilizar o sucesso da operacionalização, e da

análise de convergência da estratégia em relação a sustentabilidade.

A etapa de diagnóstico estratégico desenvolveu uma série de análises que incorporam as variáveis

de meio ambiente e sociedade no planejamento da empresa, facilitando a priorização destes

fatores como partes a serem consideradas na gestão organizacional, relacionando-as com as

variáveis econômicas.

O modelo possibilita identificar novas oportunidades de negócios, caso a empresa seja pró-ativa

no desenvolvimento de tecnologias ecologicamente corretas. Da mesma forma, o cuidado com a


imagem social deverá reverter em benefício econômico em longo prazo. Estas questões podem

passar desapercebidas, caso a metodologia utilizada não dirija a atenção para este tipo de análise.

A análise interna e levantamento da situação ambiental apresentam uma visão sistêmica da

capacidade da empresa em todas as áreas do negócio e da inter-relação entre as variáveis que

interferem na sustentabilidade, através do levantamento e priorização de pontos fortes e fracos, da

identificação de oportunidades de melhoria, e da priorização de ações para a redução do impacto

ambiental da empresa.

Além disto, o grau de sustentabilidade da empresa apresenta uma série de indicadores

econômicos, sociais e ambientais, que pode ser utilizado tanto em aplicações do modelo de

planejamento estratégico para a sustentabilidade quanto isoladamente, para medir o desempenho

sustentável de uma organização e a sua evolução ao longo do tempo.

Outra contribuição do modelo é a análise de convergência estratégica, que permite reduzir o hiato

entre a elaboração das estratégias e a sua implementação. Da mesma forma que o grau de

sustentabilidade, estes testes de convergência podem ser utilizados em processos de planejamento

estratégico ou como ferramenta de análise da capacidade de implementação de estratégias por

parte de uma empresa.

O grau de sustentabilidade incorpora a variável ambiental e social como indicadores do

desempenho sustentável da empresa, da mesma forma que o modelo para elaboração de

estratégias sustentáveis proporciona uma fundamentação para que os tomadores de decisão

considerem as variáveis de meio ambiente e sociedade nas suas estratégias de negócios.

O modelo proposto, portanto, analisa as estratégias de forma sistêmica em relação à viabilidade

de sua implantação e aos resultados que poderá proporcionar, tendo foco na sustentabilidade

empresarial e estabelecendo relações entre a variável ambiental e social com as estratégias de


negócios e indicadores de desempenho, uma vez que estas variáveis estão inseridas em todas as

etapas e análises do planejamento estratégico.

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