Apostila Completa de Iniciação - Iyawo 2016
Apostila Completa de Iniciação - Iyawo 2016
Apostila Completa de Iniciação - Iyawo 2016
Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si
só é neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus
elementos símbolos.
O elemento mais precioso do Ilê é a força que assegura a existência dinâmica.
É transmitido, deve ser mantido e desenvolvido, como toda força pode
aumentar ou diminuir, essa variação está relacionada com a atividade e conduta
ritual.
A conduta está determinada pela escrupulosa observação dos deveres e
obrigações, de cada detentor de axé, para consigo, ser orixá e para com seu ilê.
O desenvolvimento do axé individual e do grupo, impulsionam o axé de ilê.
"O axé dos iniciados está ligado, e diretamente proporcional a sua conduta
ritual - relacionamento com seu orixá; sua comunidade; suas obrigações e seu
babalorixá”.
A força do axé é contida e transmitida através de certos elementos e
substâncias materiais, é transmitido aos seres e objetos, que mantém e
renovam os poderes de realização.
O axé está contido numa grande variedade de elementos representativos dos
reinos: animal, vegetal e mineral, quer sejam da água - doce ou salgada - da
terra, floresta - mato ou espaço urbano -. Está contido nas substâncias naturais
e essenciais de cada um dos seres animados ou não, simples ou complexos,
que compõem o universo.
Os elementos portadores de axé podem ser agrupados em três categorias:
1) "sangue" vermelho
2) "sangue" branco
3) "sangue" preto
O "sangue" branco:
a) do reino animal: sêmem, saliva, emí (hálito, sopro divino), plasma (em
especial do igbin - espécie de caracol -), inan (velas)
b) reino vegetal: favas (sementes), seiva, sumo, alcool, bebidas brancas
extraídas das palmeiras, yiérosùn (pó claro, extraído do iròsún) ori (espécie de
manteiga vegetal), vegetal, legumes, grãos, frutos, raízes...
c) reino mineral: sais, giz, prata, chumbo, otás (pedras), areia, barro, terra...
O "sangue" preto:
a) do reino animal: cinzas de animais
b) reino vegetal; sumo escuro de certas plantas, o ilú (extraído do índigo) waji
(pó azul), carvão vegetal, favas (sementes), vegetais, legumes, grãos, frutos,
raízes...
c) Reino mineral: carvão, ferro, osun, otás (pedras), areia, barro, terra.
Barué
O rito do Barué é o ebó das águas que tanto poderá se dar no poço do ilè,
como na cachoeira.
1 akassá, 1 quiabo, 1 vela, 1 prato de canjica, 1 navalha, 1 tesoura, 1
cabaça cortada na vertical, 1 ovo, 5 águas sagradas: abô, abejebó,
efu+osun+waji, omitorò, aluwá e omieró e água limpa em abundância. ½ metro
de murim, 1 pedaço de bucha vegetal com sabão da costa. 1 pintinho com 1 m
de palha da costa amarrada à pata esquerda e a outra ponta amarrada na
boca da quartinha.
Sair do sabaji com o abiã ostentando a quartinha sobre a cabeça,
segurando com a mão direita e uma folha de peregun na mão esquerda. O
okutá do Orixá já estará dentro da quartinha, que encontra-se sem água (este
ato simboliza a busca do Orixá nas águas.
Ao irmos do sabaji para as águas, entoamos: a cantiga do Orixá que vamos
buscar. Ao chegarmos ao local, pedimos que o abiã se ajoelhe, retiramos a
quartinha do ori e a depositamos à sua frente. Colocamos a metade da cabaça
dentro da água limpa, que será utilizada para jogar água com velocidade sobre
o abiã. A outra metade da cabaça deve ser rodada três vezes na cabeça do
abiã, depositando entre os joelhos do mesmo.
Passar o murim branco na pessoa toda, simbolizando a sua limpeza. Abrir
sobre a cabaça.
Em seguida, de forma sutil, sem que o abiã perceba, quebramos o ovo
deitado na testa de mesmo (nunca quebrar ovo na cabeça de criança, pois
corre-se o risco de afundar o crânio da mesma. Quebre com as mãos mesmo
junto a testinha dela).
Após quebrado o ovo na testa do abiã, rapidamente a pessoa que esta
ajudando despeja varias cabaças de agua sobre a cabeça do abiã.
Após jogar em torno de 4 cabaças de agua, o Baba ou Iya então começa o
processo de Barué, limpa o ori do abiyan com uma vela, uma ekó, e então
mastiga-se o quiabo e poe no ori do abiyan e esfrega ele todo com este
quiabo, daí então pega o sabão da costa e ensaboa ele todo com a bucha
vegetal.
Enxagua de novo com agua e então procede se com a retirada do cabelo
nos cinco pontos lado esquerdo, direito, nuca, frente e topo do ori e deposita
essas pontinhas de cabelo dentro da cabaça que se encontra com o murim
dentro, em seguida utilize a navalha para fazer o mesmo onde se usou a
tesoura esse pouquinho de cabelo que sera raspado nessas brocas sera posto
tambem na cabaça.
Agora passe canjica no ori e no corpo todo da pessoa, e comece a banhar
com as demais aguas sagradas que acompanham este rito entoando:
Lavar o ronco todo com água limpa e sabão da costa, enxaguar com omieró
de colônia e akoko (folhas de osun).
Por peregun espalhado pelos 4 cantos do roncó dentro de quartinhões.
Igbolonã
Lagbé do Iyawo
Tòtò tò lorobé
Erú iyawo orisá
Tòtò tò lorobé
Erú iyawo orisá
Após cortar todo o cabelo, damos inicio a raspagem com Obéfarí e raspando
na mesma sequencia de trás para frente entoamos:
Orisá lagbé
Orisá lagbé
Tá ní obé gberé ré
Oxum ta ní obé - (muda nome do orisa conforme o santo)
Gbéré ré
Awa sirè k’orú lagbé
Uma vez o iyawo todo apetrechado pintamos ele todo com as pinturas
sagradas, efun, ossun e wají, fazendo uso do Guégué (talisca de mariwo),
entoando a cantiga:
Ossun ebamí fé
Ossun ebamí awo
Wají ebamí fé
Wají ebami awo
Efun ebami fé
Efun ebami awo
Tudo será feito a luz de velas no ronco, e a saída no barracão também tudo
apagado, só a luz de velas, Exu deverá ser despachado antes.
Após o iyawo todo pronto com pintura e apetrechos abre-se o farí do iyawo no
centro do ori eleva-se a navalha ao alto pronunciando:
Ago eledá oxú akati Xango (Mudar o nome do orixá conforme quem estiver sendo
iniciado)
E então abre-se suavemente o farí não precisa ser muito profundo algo
simbólico que faça com que o ejé apareça suavemente e entao realize a
matança da etú, uma vez puxado o ori da etú logo tire o cone do ori dela com
obé e embutir no primeiro adoxu que de imediato sera posto no centro do ori
do iyawo tendo sangrado antes no corte e agora sobre o adoxu colado sobre o
corte.
Escorrendo o ejé sobre o chão pouquinho, sobre o igbá, dentro da caneca com
vinho e mel e uma gema de ovo batida, e depois sobre o farí, sobre adoxu e no
kele, e nas mãos, pés, ombros, nuca e peito cantando: kuen kuen kuen baba
abí abí etú kuen kuen kuen baba abí abí oro...
Pronto, ponha penas de angola em todo local que marcou-se com ejé, peça ao
orisa do iyawo que sopre três vezes o pescoço da etú e morda, segure com os
dentes e só soltara na sala na hora que mandarem.
Entao entoar a cantiga de apere daquele iyawo referente ao santo dele, para
cada orisa há uma cantiga a ser escolhida pelo zelador, a qual damos o nome
de cantiga de morte.
O babakekere vem atrás protegendo, a iyalorisa na frente com adjá, e a mãe
de esteira segurando a esteira la na frente para abrir na porta, no asé, nos
atabaques e cadeira do dono da casa e nos pés da iyalorisa.
Após dar uma volta completa com iyawo com o bicho preso no dente,
entoamos então:
E dançando em circulo em volta do asé depois que der uma volta inteira pede-
se ao orisa que solte a etú sobre o asé.
Neste primeiro dia não haverá as cantigas do perfuré (queima de efum).
Só a partir do segundo dia que o iyawo batera cabeça sobre a esteira e o
ipawó.
As cantigas são:
Esta primeira cantiga faz alusão à esteira e ao culto que ele está fazendo e
deve dar a primeira volta, enquanto vai cantando, o iyawo deve bater cabeça
fazendo o Ika ou Dobale e deve fazer o Pao nos lugares destinados a esse
ritual. Um dos Ebomi deve levar a esteira e desenrolar sempre que necessário
para o iyawo deitar em cima:
Arolè Komorajo
kewà lé
ki wá awo
ki wá jó
Orò eni
ki wá awo
ki wá awo
ki wá jó
ki wá awo
ki wá jó
A un gbèlé
Mo rúbó
Mo rúbó sè
Mo rúbó
Eran orisà
Orisà ko be reo
Eran orisà
Orisà ko be reoo
O dì gaingan
O dì gan o
O dì gaingan
O dì gan o
Para saudar o animal tocando em sua cabeça ( significa que o animal irá
morrer ao invés da pessoa, uma espécie de troca) canta-se:
Ago bó ni je
Alá foríkan
Alá foríkan gbogbo o
Ago bó ni je
Alá foríkan
Alá foríkan àiyé
Dide ko sa le ni dahome
Kò sí ni dide okùn o
Leve-o à direção da bacia que já estará com 3 acaças dentro com água pronta
para receber o ejé e canta-se copando o bicho o seguinte:
Èjè sorò
Òrisà è pawo
Èjè sorò
Ògún é pawo
Èjè sorò
Orisà è pawo
Èjè sorò
Falar o nome do orisà e repetir... èjè soro
Ori a bòdí
Ogègé máa ni yí o
Orí a bòdí
Ogègé ta fà o!
Kò si ni dide
Òtún alágbè
Kò sí ni dide
Okùn
Dide ko sa le ni dahome
Kò sí ni dide okùn o
Após escorrido todo o ejè e bem batido por uma pessoa de santo iyaba, pegue
com uma meia cabaça e jogue em cima do igbá, do ori do iyawo, em cima das
curas, e dê um pouco para que ele tome.
Erù awa
Tòrú àsé
Tòrú àsé
Erù awa
Tòrú àsé
Tòrú àsé
O santo deixa cair sobre o axé da casa os bichos que estavam nos braços dele
retira-se o ori da boca do orisà e louva-se para aquele orisá incorporado, todos
dançam com ele.
Após esta dança o orisà é recolhido para o ronco onde deverá ser acomodado
na eni para que fique por um tempo com aquele ejé em cima e penas pela qual
foi coberto.
Egan gbobo
Bo a iye iye
Egan gbobo
Bo awo
Egan gbobo
Bo a iye iye
Egan gbobo bo.
Para se cortar as patas do quadrúpede bate-se primeiro com o obé nas juntas
cantando:
A sinsè
Sèsè ko ma
Sè run
A sinsè
È sèsè
Ko ma sè run
Galinha d’angola:
Kuen kuen kuen
Orisá fé fé Etú
Kuen kuen kuen
Baba bi a bi Orô
Tempera-se a matança.
PREPARANDO A ESTEIRA DO IYAWO COM FOLHAS
X X
X X
Folhas que deve ter embaixo de qualquer esteira independente de qual seja o
orisá, PEREGUM,OGBÓ,SAIÃO,ELEVANTE E ORIPEPE.
Cante bastante para Ossãe e reze, durante o processo de colocar as folhas em
cima destes axés postos nas marcas.
Por final, salpique água ali em cima das folhas, cantando para Oxum.
E estenda a esteira forrando em seguida com lençol branco.
Ficara uma quartinha com peregum sempre a cabeceira do iyawo,junto com
uma vela e uma quartinha.
É importante lembrar que em alguns axés canta-se folhas todos os dias, exceto
sexta feira (vide apostila de SÀSÀNYÌN – O Cântico das Folhas)
Há quem faça o Erupi antes do nome do iyawo, eu prefiro fazer depois que
todos foram embora, só com as pessoas da casa.
Pela madrugada, acorda-se o iyawo, leve-o para um outro cômodo , e vai se
levantando tudo que estiver desde o inicio da feitura e bori, e colocando na
bacia que que será despachado no mato ou mar ou cachoeira.
Um alguidar cabeça de boi estará arrumado com uma quartinha com água no
meio,7 colobos com comidas diferentes de orisá, ebo,pipoca,feijão preto cozido
temperado,omolokun,acarajé,ekuru,acaçá.
No fundo do alguidar areia de praia.
Erù pì
Erù dan
Sè sè komo
Un fò ló
Erù pi oo
Rù dan
Sè sè komo
Un fò ló o
AFESÚ
Ainda pela manhã cedo, arrumar as 7 folhas de mamona com os talos ao lado,
7 costelas do cabrito separadas anteriormente, 7 acaças, 7 acarajés, 7 okas, 7
pedaços de obi, 7 pedaços de orobo, 7 atarés, 7 penas dos bichos, um pouco
de cada comida (omolokun,ebô,pipocas,eboyá,amalá, axoxó, fradinho torrado,
milho torrado, feijão preto torrado, padê de dendê, aluá de milho, moscatel,
água, omiekó , 1 cesto grande na porta do barracão com uma quartinha ao
lado e 1 vela acesa.
Cante o ritual de Sasanyín todo e passe depois ao ritual de afexú.
Ita owo
Ita Omã
Ita riku
Gbobo
Gberun lé
Terminado de por todas as comidas nas folhas parta o obi e o orobo e divida
cada um em 7 pedaços e ponha nas folhas, concluindo a divisão do obi e
orobo sobre as comidas o Babalorisá vai espargir omitorô (omiekó), aluá e
moscatel sobre tudo, quando então dá-se inicio ao ritual com o Iyawo, ele bem
abaixado pega cada folha no chão enquanto o ajudante do Babalorisá vai
batendo com o atori de mamona nas costas do Iyawo até que ele chegue na
porta onde está o cesto e deposite ali a trouxinha de mamona e o ajudante põe
o talo referente aquela folha ali no cesto também.
O Iyawo retorna e pega a segunda folha, e vai se repetindo até a última.
Durante esse processo de pegar a folha o Babalorisá cantará o seguinte:
Oro afexú
Odara koba ló
Oro afexú
Odara koba ló
Próxima
É un ale
É un anan
Se sé komo um fo ló
É un ale o
É un anan
Se sé komo un fo ló o
Bérun lé
Omi lá ó
Bérun lé
Omi lá ó
Ebó do Galo na porta (Dando de comer aos pés do Iyawo)
Dê algo para ele comer, para que ele não ficar entediado conte todos os dias
algumas lendas sobre o orisá dele ou de outros também.
Repete esse ritual de efum durante os seis dias, o sétimo será a saída do
iyawo, e só será feita com a presença do publico.