Equacoes de Mawell PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 11

Equações de Maxwell na Forma Fasorial

este texto trata-se das equações de Maxwell na forma fasorial e as relações cons-
N titutivas em meios materiais, as quais serão amplamente emprega- das ao longo
o texto, por tratar-se de uma poderosa ferramenta matemática para a descrição
de ondas eletromagnéticas. De mesma importância é o estudo do vetor de Poynting com-
plexo. Antes, porém, estuda-se brevemente as propriedades do operador Re{.}.

1 EQUAÇÕES DE MAXWELL NA FORMA INSTANTÂNEA

A forma mais adequada para o estudo de ondas eletromagnéticas é a forma


pontual ou diferencial, em vez da forma integral comumente usada em áreas como trans-
formadores e máquinas elétricas. Neste texto, grandezas instantâneas serão representadas
através de letras minúsculas, reservando-se as letras maiúsculas à representação fasorial.
 
Desta forma, v ( x, y, z, t ) , ou simplesmente v , representa a forma instantânea do vetor
 
associado ao fasor V ( x, y, z ) , ou simplesmente V , sendo x, y e z as coordenadas de um
sistema cartesiano ortogonal, e, t é o tempo. Assim, de acordo com o eletromagnetismo
tem-se as quatro equações de Maxwell:

a) Lei de Faraday

  b
e  m  (1)
t

que estabelece que uma densidade de corrente magnética m (V/m2), ou, uma densidade

de campo magnético b (Wb/m2 ou T) variável no tempo conduz a uma distribuição de

campo elétrico e (V/m).

b) Lei de Ampére

  d
h  j  (2)
t

que estabelece que uma densidade de corrente elétrica j (A/m2), ou, um deslocamento

elétrico d (C/m2) variável no tempo (uma densidade de corrente de deslocamento) pro-

duz uma distribuição de campo magnético h (A/m).
_________________________________________________
 
Neste texto, o operador (vetor simbólico) nabla será denotado simplesmente por  , em vez de  .
EQUAÇÕES DE MAXWELL NA FORMA COMPLEXA 2

c) Lei de Gauss elétrica



d   (3)

que estabelece a existência de cargas elétricas positivas e negativas, sendo  (C/m3) a


densidade de carga elétrica.

d) Lei de Gauss magnética



b  0 (4)
que informa sobre a não existência de cargas magnéticas.

A densidade de corrente magnética m foi apresentada apenas para tornar a
descrição das equações de Maxwell mais geral, sendo uma grandeza auxiliar puramente
matemática, que permite simplificar a análise de alguns problemas eletromagnéticos
como, por exemplo, o estudo de antenas de fenda (slot antenna). Neste texto esta gran-
deza não será necessária.

2 RELAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA MEIOS MATERIAIS

Considera-se neste texto que os meios sejam lineares, isotrópicos e homogê-


neos. Neste caso, as relações constitutivas para meios materiais são:
 
d  e (5a)
 
b h (5b)
 
j  e (5c)

sendo  (F/m),  (H/m) e  (S/m) as permissividade elétrica, permeabilidade magné-


tica e condutividade elétrica do meio material. Em geral, as grandezas  ,  e  são
escalares e reais. Além disso,
   r 0 (6a)
   r 0 (6b)

nas quais  r e  r são as permissividade e permeabilidade relativas do meio, grandezas


adimensionais e cujos valores são superiores a unidade (isto é,  r  1 e  r  1 ). Por sua
vez, tem-se  0  109 / 36  8,85  1012 F/m e 0  4  107 H/m, correspondentes as
permissividade e permeabilidade do vácuo (ou do ar). No caso de meios não-magnéticos,
ocorre:   0 , ou então, r  1 .

Um fato curioso de se observar é que


1
 3  108 m/s (7)
 0 0

correspondente à velocidade da luz no vácuo. Este resultado será detalhado adiante.


ONDAS E LINHAS DE COMUNICAÇÕES 3

3 NOTAÇÃO FASORIAL
 
Considere-se a( x, y, z, t ) ou, simplificadamente, a (t ) , um vetor que varia har-
monicamente no tempo. Ou seja,
 
a(t )  Amax cos(t   ) (8)
 
sendo Amax  Amax ( x, y, z) , simplificadamente, e,  e  correspondentes as frequência
angular e fase inicial do vetor instantâneo. Na sequência, recorde-se da identidade de
Euler:
e j  cos   jsen (9)

a partir da qual pode-se concluir que:

cos   Re{e j } (10)

sendo que Re{z} representa a parte real de um número complexo z qualquer.


A partir do resultado (10), pode-se concluir que (8) também pode ser denotado
por:
  
a(t )  Re{ Amax e j (t  ) }  Re{( Amax e j )e jt } (11)

Em várias situações, o fator e jt é comum a todas as grandezas envolvidas em uma dada
 
análise. Se este for o caso, define-se o fasor A  A( x, y, z) como:
 
A  Amax e j (12)

na qual Amax fornece a magnitude e orientação, e,  corresponde a fase do fasor. Con-
forme se observa, (12) corresponde a um vetor e fasor simultaneamente. Assim, a ex-

pressão (12) corresponde a notação fasorial do vetor a (t ) , sendo também conhecida

como notação complexa ou vetor complexo A . Neste texto, toda grandeza fasorial será
representada pela letra maiúscula correspondente à grandeza instantânea a ela associada,

no caso, a (t ) . Conforme ficará evidente no texto, a grande vantagem da notação fasorial
está associada à facilidade das operações matemáticas sobre uma exponencial complexa,
tais como produto, divisão, derivada e integral, por exemplo.

Uma vez que a entrada de um sistema linear seja escrito na forma fasorial, A ,
 
e, que seu fasor resposta R seja obtido, o valor instantâneo correspondente r (t ) pode
ser obtido através da operação inversa:
 
r (t )  Re{R e jt } (13)

Antes de prosseguir, é adequado apresentar uma série de propriedades do ope-


rador Re{.} . Através delas, será possível obter a resposta de um sistema linear a uma
_______________________________________________________
 
Ao contrário deste texto, em certos livros, costuma-se definir o fasor girante como A  Amaxe j (t  ) .
EQUAÇÕES DE MAXWELL NA FORMA COMPLEXA 4

dada entrada variável harmonicamente no tempo.

4 PROPRIEDADES DO OPERADOR REAL

O operador Re{.} aplicado a fasores é linear e, como tal, goza de todas as pro-
priedades dos sistemas lineares. Suas principais propriedades são listadas abaixo. Embo-
 
ra sejam referidas a fasores-vetores ( A, B , etc.), estas propriedades também podem ser
aplicadas a fasores-escalares (A, B, etc.)
a) Adição de fasores
   
Re{ A  B}  Re{ A}  Re{B} (14)
_____________________________________________________________
        
Demonstração: sejam os vetores complexos A  K  jL e B  M  jN , sendo K , L, M e

N vetores reais, então,
         
Re{A  B}  Re{( K  M )  j ( L  N )}  K  M  Re{ A}  Re{B} c.q.d.

____________________________________________________________#
b) Multiplicação de fasor por escalar
 
Re{ A}   Re{ A} (15a)
 
Re{ B}  Re{ }B (15b)
 
sendo  um escalar real e A um vetor complexo, e,  um escalar complexo e B um
vetor real. A demonstração destas relações fica a cargo do leitor.
c) Igualdade de fasores
   
Se Re{Ae jt }  Re{Be jt } para todo t, então, A  B , e vice-versa. A demonstra-
ção desta propriedade fica a cargo do leitor.
d) Derivada de fasor

  A
Re{ A}  Re{ } (16)
w w
para w=x, y, z ou t. A demonstração desta propriedade fica a cargo do leitor.
e) Derivada de fasor no tempo

( Ae jt ) 
 j ( Ae jt ) (17)
t

que estabelece que a derivada temporal de um fasor pode ser convertida em um fator al-
gébrico. Esta é uma das vantagens da notação fasorial.
ONDAS E LINHAS DE COMUNICAÇÕES 5

___________________________________________________________

Demonstração: aplicando-se (13) ao vetor instantâneo a , em conjunto com (16), tem-se
 
a   
 Re{ A e jt }  Re{ ( A e jt )} (i)
t t t

sendo A o fasor associado. Por outro lado, a partir de (2.8)

a  
 { Amax cos(t   )}   Amax sen (t   )   Amax cos(t     / 2)
t t
A seguir, recorrendo-se a identidade de Euler (2.9), obtém-se

a
 Re{ Amax e j (t   / 2) }  Re{ Amax e j e jt e  j / 2 }
t

Lembrando-se que e  j / 2  cos( / 2)  jsen( / 2)  0  j   j , e, usando a definição


(2.12), vem
 
a
 Re{ j ( Ae jt )} (ii)
t
Comparando-se (i) com (ii), conclui-se que (2.17) é verdadeira. #

f) Integral de fasor
 
 Re{ A(w)}dw  Re{ A(w)dw}  (18)

para w=x, y, z ou t. A demonstração desta propriedade fica a cargo do leitor.


g) Integral no tempo

 jt Ae jt
 ( Ae ) dt 
j
(19)

sendo que a demonstração é deixada para o leitor.

h) Propriedade do rotacional
 
  Re{E e jt }  Re{(  E) e jt } (20)
_____________________________________________________________

Demonstração: Sendo E  Ex xˆ  E y yˆ  Ez zˆ , então,
xˆ yˆ zˆ

  Re{E e jt }   / x  / y  / z
jt jt
Re{E x e } Re{E y e } Re{E z e jt }
EQUAÇÕES DE MAXWELL NA FORMA COMPLEXA 6

   
 xˆ[ Re{E z e jt }  Re{E y e jt }]  yˆ[ Re{E x e jt }  Re{E z e jt }]
y z z x
 
 zˆ[ Re{E y e jt }  Re{E x e jt }]
x y
Usando a propriedade (2.14), obtém-se
 E E y jt E E
  Re{E e jt }  xˆ Re{( z  ) e }  yˆ Re{( x  z ) e jt }
y z z x
E y E x jt
 zˆ Re{(  )e }
x y
 xˆ yˆ zˆ 
  
 Re  / x  / y  / z   Re{(  E ) e jt } c.q.d.
 E e jt E e jt E e jt 
 x y z 
___________________________________________________________#

i) Propriedade do divergente
 
  Re{E e jt }  Re{(  E) e jt } (21)

___________________________________________________________

Demonstração:   Re{E e jt }    Re{( Ex xˆ  E y yˆ  Ez zˆ) e jt }

Usando a propriedade (14), tem-se



  Re{E e jt }    Re{Ex xˆ e jt }    Re{E y yˆ e jt }    Re{Ez zˆ e jt }

e, da propriedade (15b), vem



  Re{E e jt }    [Re{ E x e jt }xˆ ]    [Re{ E y e jt } yˆ ]    [Re{ E z e jt }zˆ]
  
 Re{E x e jt }  Re{E y e jt }  Re{E z e jt }
x y z
Por sua vez, aplicando-se (16),
   
  Re{E e jt }  Re{ ( E x e jt )}  Re{ ( E y e jt )}  Re{ ( E z e jt )}
x y z
E E y E z jt 
 Re{( x   ) e }  Re{(  E ) e jt } c.q.d.
x y z
______________________________________________________________#
ONDAS E LINHAS DE COMUNICAÇÕES 7

5 EQUAÇÕES DE MAXWELL NA FORMA DE FASOR

Basicamente, aplicam-se os resultados (17), (20) e (21) para se obter os resulta-


dos listados abaixo. Por exemplo, no caso da lei de Faraday (1), se os vetores instantâ-
     
neos e , m e b estiverem associados aos fasores E , M e B , respectivamente, então,
aplicando-se (13), vem
   
  Re{E e jt }  Re{M e jt  ( B e jt )}
t
e assim, usando-se (17) e (20)
  
Re{(  E) e jt }  Re{M e jt  jB e jt }
.
Empregando-se o conceito de igualdade fasorial [seção 4, item c)], tem-se a lei de Fara-
day na forma fasorial (22a) listada abaixo. Através de demonstrações similares, obtém-se
as demais equações de Maxwell na forma de fasor, associadas a (2), (3) e (4):
  
  E  M  jB (22a)
  
  H  J  jD (22b)

D   (22c)

 B  0 (22d)
Essencialmente, substituiu-se  / t por j , e, letras minúsculas por letras maiúsculas ao
se passar de (1)-(4) para (22a)-(22d). Deve ser observado que deu-se preferência por
representar o fasor densidade de carga elétrica pela mesma letra usada na forma instan-
tânea, . Ressalta-se, contudo, que  tem a forma (8) em (3), enquanto tem a forma (12)
em (22c).
De forma similar, as relações constitutivas (5a) a (5c), tornam-se:
  
D   E   0 r E (23a)
  
B   H  0  r H (23b)
 
J  E (23c)

Em meios homogêneos, não existem gradientes de permissividade elétrica ou de


permeabilidade magnética, ou seja,   0 e   0 , e assim, aplicando-se (23a) e a
    
regra da cadeia à (22c), obtém-se:   D    ( E)    E     E     E . Nestes tipos
de meios materiais, e, desconsiderando-se a densidade de corrente magnética, as equa-
 
ções de Maxwell (22a)-(22d) podem ser escritas simplesmente em termos de E e H :
 
  E   jH (24a)
  
  H   E  jE (24b)

 E   / (24c)

 H  0 (24d)
EQUAÇÕES DE MAXWELL NA FORMA COMPLEXA 8

6 VETOR DE POYNTING COMPLEXO

Nesta seção será deduzido o valor médio do vetor de Poynting instantâneo de


um campo eletromagnético:
  
s  eh (25)
medido em W/m2, e que está relacionado ao fluxo de potência que atravessa uma dada
área. Também será de interesse obter uma expressão similar a um fasor para o vetor de
 
Poynting s , a qual é denominada de vetor de Poynting complexo S , nos casos em que
 
e e h variam harmonicamente no tempo. Para ambos os caso, inicia-se pelo estudo de
  
um produto vetorial de grandezas harmônicas, do tipo c  a  b .

a) Produto vetorial de grandezas harmônicas


   
Sejam a e b vetores harmônicos com magnitudes Amax e Bmax , e, fases a e
   
 b , respectivamente. Ou seja, a  Amax cos(t  a ) e b  Bmax cos(t  b ) . Aplicando-se
   
a definição de fasor (12), obtém-se que a  Re{A e jt } e b  Re{B e jt } , para
      
A  Amax e jt e B  Bmax e jt . Na sequência, investiga-se o produto vetorial c  a  b .
  
Neste caso, aplicando-se (13), pode-se escrever que c  a  b torna-se igual a
  
c  Re{A e jt }  Re{B e jt } .

Deve ser relembrada a relação válida para o número complexo z (facilmente


demonstrável), qual seja: Re{z}  ( z  z*) / 2 , sendo z* o complexo conjugado de z. Utili-
zando-se esta propriedade no segundo fator do produto vetorial acima, obtém-se
   
c  Re{A e jt } ( B e jt  B * e  jt ) / 2 . Como o segundo fator é um vetor real, utiliza-se a
propriedade de multiplicação por escalar (15b) (estendida para produto vetorial), para se
   
obter: c  Re{A e jt  ( B e jt  B * e  jt )} / 2 .

Aplicando-se agora a propriedade distributiva a este produto vetorial, chega-se


o resultado de interesse, a equação (25a). Por outro lado, se a propriedade
  
Re{z}  ( z  z*) / 2 for aplicada ao primeiro fator de c  Re{A e jt } Re{B e jt } , obtém-
se (25b):
 1    
c  Re{( A  B )e j 2t  A  B*} (26a)
2
 1    
c  Re{( A  B )e j 2t  A * B} (26b)
2
sendo ambas as relações equivalentes.
b) Valor médio do produto vetorial de grandezas harmônicas
O próximo tópico de interesse é investigar o valor médio do produto vetorial de
  
grandezas harmônicas c  a  b , aqui denotado por cavg. Por definição de valor médio
ONDAS E LINHAS DE COMUNICAÇÕES 9

temporal (average), tem-se que


T T
 1  1  
cavg 
T 
c dt 
0
T 
(a  b ) dt
0
(27)

sendo T o período ( T  2 /  ) da função harmônica. Substituindo-se (26a) em (27), cavg


torna-se igual a
T
    

1 1
cavg  Re{ A  B * ( A  B) e j 2t } dt
T 2
0
(28)
T T
   
 
1 1
 Re{ A  B*}dt  Re{( A  B) e j 2t } dt
2T 2T
0 0

Ora, como o integrando da primeira parcela de (28) não depende de t, e, como a função
e j 2t tem período T/2, a integral na segunda parcela é nula. Com isto, se atinge o resul-
tado da equação (29a). Por outro lado, substituindo-se (26b) em (27), chega-se ao resul-
tado (29b), sendo ambos os resultados equivalentes:
 1  
cavg  Re{ A  B*} (29a)
2
 1  
cavg  Re{ A * B} (29b)
2
Os resultados acima permanecem válidos para o caso do produto entre escalares
que variam harmonicamente no tempo. Assim, dados os seguintes escalares
v  Vmax cos(t  v ) , potencial elétrico, e, i  I max cos(t  i ) , corrente elétrica, a ex-
pressão da potência média de p  v i será:

1
pavg  Re{VI *} (30)
2
A potência média corresponde a potência útil ou potência ativa em um dado sistema em
regime permanente senoidal. O resultado (30) será amplamente empregado no cálculo da
potência transmitida no capítulo sobre a linha de transmissão TEM.

Exemplo 2.1: Demonstrar a relação (2.30).

Solução: Em primeiro lugar, escrevem-se v e i como v  Re{V e jt } e i  Re{I e jt } , sendo
V  Vmax e jv e I  I max e ji , os fasores associados a v e i, respectivamente. Então,

1
p  Re{V e jt } Re{I e jt }  Re{V e jt } Re{I e jt  I * e  jt }
2
1 1
 Re{V e jt ( I e jt  I * e  jt )}  Re{VI e j 2t  VI *}
2 2
Portanto, o valor médio de p será:
EQUAÇÕES DE MAXWELL NA FORMA COMPLEXA 10

T T

 
1 1 1 1
pavg  Re{VI e j 2t  VI *}dt  Re{VI *} dt
T 2 2 T
0 0

pois o valor da integral na primeira parcela é igual a zero. Com isto, a potência média será:

pavg  Re{VI *} / 2 . ### c.q.d.

c) Vetor de Poynting médio


Aplicando-se o resultado (29a) (por exemplo), ao caso do vetor de Poynting
dado por (25), obtém-se:
 1  
savg  Re{E  H *} (31)
2
Observe-se que, embora (31) trate-se um valor médio temporal, o resultado ainda é uma
grandeza vetorial (medida em W/m2), e não um simples escalar. Ou seja, no caso geral,
deve ser uma função de (x,y,z).
d) Vetor de Poynting Complexo

Conforme foi visto nas seções anteriores, à cada grandeza temporal a foi asso-

ciado um fasor A . A fim de estender este conceito ao caso do vetor de Poynting instan-
 
tâneo s , define-se um vetor de Poynting complexo S através de:
 1  
S  EH * (32)
2
tal que:
 
savg  Re{S} (33)

Portanto, S não é um fasor no sentido estrito. Trata-se de uma grandeza que pode ser
calculada no domínio da frequência e que, através dela, pode-se determinar o valor da
potência média (ou potência útil) fornecida para (ou consumida por) um sistema. No

caso geral, S deve ser uma função de (x,y,z).

7 TEOREMA DE POYNTING

A investigação de   S conduz ao conhecido teorema de Poynting para gran-
dezas harmônicas no tempo. Partindo-se de (32), vem
 1   1    
  S    ( E  H *)  [ H * (  E )  E  (  H *)] (34)
2 2
A partir de (24b), calcula-se o termo (conferir este resultado):
   
  H *  (  H )*   E *  jE * (35)

e assim, substituindo-se (31) e (35) em (34) obtém-se


ONDAS E LINHAS DE COMUNICAÇÕES 11

 1   1   1  
  S    E  E *  j (  E  E *   H  H ) (36)
2 2 2
A relação (36) constitui o teorema de Poynting, que descreve o valor do fluxo

de potência por unidade de volume,   S , que entra ou sai de um dado sistema fechado.
Do eletromagnetismo, sabe-se que a primeira parcela do lado direito de (36) corresponde
à energia dissipada por efeito Joule, enquanto que, as segunda e terceira parcelas corres-
pondem às energias elétrica e magnética armazenadas no sistema. Ou seja, o teorema de
Poynting estabelece que a diferença entre a energia armazenada e a energia dissipada
corresponde ao fluxo de potência da radiação eletromagnética através de uma unidade de
volume de um sistema.
A notação fasorial constitui uma poderosa ferramenta matemática para estudar o
campo eletromagnético, em vista das simplificações algébricas decorrentes do uso da
exponencial complexa. Além disso, várias grandezas eletromagnéticas como, por exem-
plo, a potência ou impedância, podem ser calculadas em valores absolutos no próprio
domínio da frequência, evitando-se as dificuldades que se encontrariam com cálculos
realizados no domínio temporal. A forma fasorial será empregada ao longo de todo este
trabalho para o estudo da propagação de ondas, guiadas ou não. Somente nas ocasiões
onde é necessário, por exemplo, visualizar a distribuição de campo eletromagnético, as
ondas estacionárias ou propor algum arranjo de medição prática, é que a notação instan-
tânea será novamente necessária. No entanto, este expediente é realizado prontamente,
aplicando-se a relação (13).

Você também pode gostar