Quimica Organica - Apostila

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QUÍMICA ORGÂNICA

EXPERIMENTAL-1

QMC5230 E QMC5232

Apostila dos
Experimentos

Semestre 2003-2

http://www.qmc.ufsc.br/organica
2

QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL A


http://www.qmc.ufsc.br/organica

PLANO DE ENSINO: QMC5232 E QMC5230

1- OBJETIVOS GERAIS:
1.1- Ensinar as técnicas necessárias para um estudante poder trabalhar com
compostos orgânicos.
1.2- Aprender a manusear os equipamentos básicos para uma pesquisa laboratorial.
1.3- Conhecer as técnicas para sintetizar, separar e purificar compostos orgânicos.

2- CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
2.1- Síntese e purificação de substâncias orgânicas líquidas: destilação simples e
fracionada.
2.2- Síntese e purificação de substâncias sólidas: cristalização e recristalização.
2.3- Separação de compostos orgânicos por arraste de vapor.
2.4- Determinação de ponto de fusão.
2.5- Extração com solventes.
2.6- Cromatografia em camada delgada e em coluna.

3- PROCEDIMENTO DIDÁTICO:
A disciplina será ministrada através de aulas expositivas e práticas.

4- RELATÓRIO:
O relatório da experiência realizada deverá ser entregue ao professor no início
da aula seguinte. O relatório deverá conter os seguintes itens:
1. Título da Experiência realizada.
2. Introdução e Objetivos.
3. Parte Experimental.
4. Resultados e Discussão. Estruturas químicas, reações e mecanismos, cálculos e
outras observações relacionadas ao experimento devem ser apresentados na forma de
tabelas, gráficos, esquemas, figuras, etc. Discutir e comentar os resultados obtidos
experimentalmente e comparar com os dados disponíveis na literatura.
5. Conclusão.
6. Bibliografia.
7. Anexos.
3

5- CRONOGRAMA:
EXPERIÊNCIA 01: SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS)
EXPERIÊNCIA 02: SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DA ACETANILIDA
EXPERIÊNCIA 03: DESTILAÇÃO
EXPERIÊNCIA 04: SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS
EXPERIÊNCIA 05: CROMATOGRAFIA
EXPERIÊNCIA 06: EXTRAÇÃO COM SOLVENTES REATIVOS
EXPERIÊNCIA 07: SEPARAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS COMPONENTES DA PANACETINA
EXPERIÊNCIA 08: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA ACETONA
EXPERIÊNCIA 09: OXIDAÇÃO DO CICLOEXANOL: SÍNTESE DA CICLOEXANONA
EXPERIÊNCIA 10: DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR: EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE
CRAVO
EXPERIÊNCIA 11: DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR: EXTRAÇÃO DO
CINAMALDEÍDO DA CANELA
EXPERIÊNCIA 12: EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA
EXPERIÊNCIA 13: PREPARAÇÃO DE UM AROMATIZANTE ARTIFICIAL: ACETATO DE
ISOAMILA
EXPERIÊNCIA 14: PREPARAÇÃO DO CLORETO DE t-BUTILA
EXPERIÊNCIA 15: PREPARAÇÃO DE UM CORANTE: ALARANJADO DE METILA
EXPERIÊNCIA 16: DESIDRATAÇÃO DE ÁLCOOIS: OBTENÇÃO DO CICLOEXENO A PARTIR
DO CICLOEXANOL
EXPERIÊNCIA 17: SÍNTESE DA BENZOCAÍNA

6- AVALIAÇÃO:
A avaliação será feita através de:
6.1- 02 (duas) provas individuais escrita - 60%
6.2- Relatórios - 20%. (Semanais)
6.3- Pré-testes - 20%. (Semanais)

7- BIBLIOGRAFIA:
1-) Vogel, A. I. Análise Orgânica; Ao Livro Técnico S.A.; 3a ed.; Vol. 1, 2, 3; 1984.
2-) Vogel, A. I. A Textbook of Practical Organic Chemistry; 3rd ed; Longmann; Londres;
1978.
3-) Pavia, D. L.; Lampman, G. M.; Kriz, G. S. Introduction to Organic Laboratory
Techniques; 3rd ed; Saunders; New York; 1988.
4

4-) Gonçalves, D.; Almeida, R. R. Química Orgânica e Experimental; McGraw-Hill;


1988.
5-) Fessenden, R. J.; Fessenden, J. S. Techniques and Experiments for Organic
Chemistry; PWS Publishers; Boston; 1983.
6-) Mayo, D. W.; Pike, R. M.; Trumper, P. K. Microscale Organic Laboratory; 3rd ed;
John Wiley & Sons; New York; 1994.
7-) Nimitz, J. S. Experiments in Organic Chemistry; Prentice Hall; New Jersey; 1991.
8-) Mohrig, J. R.; Hammond, C. N.; Morrill, T. C.; Neckers, D. C. Experimental Organic
Chemistry; W. H. Freeman and Company; New York; 1998.
9-) Morrison, R. T.; Boyd, R. N. Química Orgânica; Fundação Calouste Gulbenkian; 9a
ed; Lisboa; 1990.
10-) Solomons, T. W. G. Química Orgânica; 6a ed; Livros Técnicos e Científicos; Rio de
Janeiro; 1996.
11-) Shriner, R. L.; Fuson, R. C.; Curtin, D. Y.; Morril, T. C. The Systematic
Identification of Organic Compounds; 6th ed; John Wiley & Sons; Singapure; 1980.

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DE SUBSTÂNCIAS DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE:
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SEGURANÇA E NORMAS DE
TRABALHO NO LABORATÓRIO

1- INTRODUÇÃO

Laboratórios de química não precisam ser lugares perigosos de trabalho (apesar


dos muitos riscos em potencial que neles existem), desde que certas precauções
elementares sejam tomadas e que cada operador se conduza com bom senso e
atenção.
Acidentes no laboratório ocorrem muito freqüentemente em virtude da pressa
excessiva na obtenção de resultados. Cada um que trabalha deve ter responsabilidade
no seu trabalho e evitar atitudes impensadas de desinformação ou pressa que possam
acarretar um acidente e possíveis danos para si e para os demais. Deve-se prestar
atenção a sua volta e prevenir-se contra perigos que possam surgir do trabalho de
outros, assim como do seu próprio. O estudante de laboratório deve, portanto, adotar
sempre uma atitude atenciosa, cuidadosa e metódica em tudo o que faz. Deve,
particularmente, concentrar-se no seu trabalho e não permitir qualquer distração
enquanto trabalha. Da mesma forma, não deve distrair os demais desnecessariamente.

2- NORMAS DE LABORATÓRIO

01. Não se deve comer , beber, ou fumar dentro do laboratório.


02. Cada operador deve usar, obrigatoriamente, um guarda-pó. Não será permitido a
permanência no laboratório ou a execução de experimentos sem o mesmo. O guarda-
pó deverá ser de brim ou algodão grosso e, nunca de tergal, nylon ou outra fibra
sintética inflamável.
03. Sempre que possível, usar óculos de segurança, pois constituem proteção
indispensável para os olhos contra respingos e explosões.
04. Ao manipular compostos tóxicos ou irritantes a pele, usar luvas de borracha.
05. A manipulação de compostos tóxicos ou irritantes, ou quando houver
desprendimento de vapores ou gases, deve ser feita na capela.
06. Leia com atenção cada experimento antes de iniciá-lo. Monte a aparelhagem, faça
uma última revisão no sistema e só então comece o experimento.
07. Otimize o seu trabalho no laboratório, dividindo as tarefas entre os componentes de
sua equipe.
08. Antecipe cada ação no laboratório, prevendo possíveis riscos para você e seus
vizinhos. Certifique-se ao acender uma chama de que não existem solventes próximos
SEGURANÇA E NORMAS DE TRABALHO NO LABORATÓRIO
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e destampados, especialmente aqueles mais voláteis (éter etílico, éter de petróleo,


hexano, dissulfeto de carbono, benzeno, acetona, álcool etílico, acetato de etila).
Mesmo uma chapa ou manta de aquecimento quentes podem ocasionar incêndios,
quando em contato com solventes como éter, acetona ou dissulfeto de carbono.
09. Leia com atenção os rótulos dos frascos de reagentes e solventes que utilizar.
10. Seja cuidadoso sempre que misturar dois ou mais compostos. Muitas misturas são
exotérmicas (ex. H2SO4 (conc.) + H2O), ou inflamáveis (ex. sódio metálico + H2O), ou
ainda podem liberar gases tóxicos. Misture os reagentes vagarosamente, com agitação
e, se necessário, resfriamento e sob a capela.
11. Em qualquer refluxo ou destilação utilize "pedras de porcelana" a fim de evitar
superaquecimento. Ao agitar líquidos voláteis em funis de decantação, equilibre a
pressão do sistema, abrindo a torneira do funil ou destampando-o.
12. Caso interrompa alguma experiência pela metade ou tenha que guardar algum
produto, rotule-o claramente. O rótulo deve conter: nome do produto, data e nome da
equipe.
13. Utilize os recipientes apropriados para o descarte de resíduos, que estão dispostos
no laboratório. Só derrame compostos orgânicos líquidos na pia, depois de estar
seguro de que não são tóxicos e de não haver perigo de reações violentas ou
desprendimento de gases. De qualquer modo, faça-o com abundância de água
corrente.
14. Cada equipe deve, no final de cada aula, lavar o material de vidro utilizado e limpar
a bancada. Enfim, manter o laboratório LIMPO.

3- COMPOSTOS TÓXICOS

Um grande número de compostos orgânicos e inorgânicos são tóxicos.


Manipule-os com respeito, evitando a inalação ou contato direto. Muitos produtos que
eram manipulados pelos químicos, sem receio, hoje são considerados nocivos à saúde
e não há dúvidas de que a lista de produtos tóxicos deva aumentar.
A relação abaixo compreende alguns produtos tóxicos de uso comum em
laboratórios:

3.1- COMPOSTOS ALTAMENTE TÓXICOS:


São aqueles que podem provocar, rapidamente, sérios distúrbios ou morte.
Compostos de mercúrio Ácido oxálico e seus sais
Compostos arsênicos Cianetos inorgânicos
Monóxido de carbono Cloro
Flúor Pentóxido de vanádio
Selênio e seus compostos
SEGURANÇA E NORMAS DE TRABALHO NO LABORATÓRIO
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3.2- LÍQUIDOS TÓXICOS E IRRITANTES AOS OLHOS E SISTEMA RESPIRATÓRIO:


Sulfato de dietila Ácido fluorobórico
Bromometano Alquil e arilnitrilas
Dissulfeto de carbono Benzeno
Sulfato de metila Brometo e cloreto de benzila
Bromo Cloreto de acetila
Acroleína Cloridrina etilênica

3.3- COMPOSTOS POTENCIALMENTE NOCIVOS POR EXPOSIÇÃO PROLONGADA:


a) Brometos e cloretos de alquila: Bromoetano, bromofórmio, tetracloreto de carbono,
diclorometano, 1,2-dibromoetano, 1,2-dicloroetano, iodometano.
b) Aminas alifáticas e aromáticas: Anilinas substituídas ou não, dimetilamina,
trietilamina, diisopropilamina.
c) Fenóis e compostos aromáticos nitrados: Fenóis substituídos ou não, cresóis,
catecol, resorcinol, nitrobenzeno, nitrotolueno, nitrofenóis, naftóis.

3.4- SUBSTÂNCIAS CARCINOGÊNICAS:


Muitos compostos orgânicos causam tumores cancerosos no homem. Deve-se
ter todo o cuidado no manuseio de compostos suspeitos de causarem câncer,
evitando-se a todo custo a inalação de vapores e a contaminação da pele. Devem ser
manipulados exclusivamente em capelas e com uso de luvas protetoras. Entre os
grupos de compostos comuns em laboratório se incluem:

a) Aminas aromáticas e seus derivados: Anilinas N-substituídas ou não, naftilaminas,


benzidinas, 2-naftilamina e azoderivados.
b) Compostos N-nitroso: Nitrosoaminas (R'-N(NO)-R) e nitrosamidas.
c) Agentes alquilantes: Diazometano, sulfato de dimetila, iodeto de metila,
propiolactona, óxido de etileno.
d) Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos: Benzopireno, dibenzoantraceno, etc.
e) Compostos que contém enxofre: Tioacetamida, tiouréia.
f) Benzeno: Um composto carcinogênico, cuja concentração mínima tolerável é inferior
aquela normalmente percebida pelo olfato humano. Se você sente cheiro de
benzeno‚ é porque a sua concentração no ambiente é superior ao mínimo tolerável.
Evite usá-lo como solvente e sempre que possível substitua-o por outro solvente
semelhante e menos tóxico (por exemplo, tolueno).
g) Amianto: A inalação por via respiratória de amianto pode conduzir a uma doença de
pulmão, a asbestose, uma moléstia dos pulmões que aleija e eventualmente mata. Em
estágios mais adiantados geralmente se transforma em câncer dos pulmões.
SEGURANÇA E NORMAS DE TRABALHO NO LABORATÓRIO
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4- INTRUÇÕES PARA ELIMINAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS

Hidretos alcalinos, dispersão de sódio


Suspender em dioxano, lentamente adicionar o isopropano, agitar até completa reação
do hidreto ou do metal: adicionar cautelosamente água até formação de solução
límpida, neutralizar e verter em recipiente adequado.
Hidreto de lítio e alumínio
Suspender em éter ou THF ou dioxano, gotejar acetato de etila até total transformação
do hidreto, resfriar em banho de gelo e água, adicionar ácido 2N até formação de
solução límpida, neutralizar e verter em recipiente adequado.
Boroidreto alcalino
Dissolver em metanol, diluir em muita água, adicionar etanol, agitar ou deixar em
repouso até completa dissolução e formação de solução límpida, neutralizar e verter
em recipiente adequado.
Organolíticos e compostos de Grignard
Dissolver ou suspender em solvente inerte (p. ex.: éter, dioxano, tolueno), adicionar
álcool, depois água, no final ácido 2N, até formação de solução límpida, verter em
recipiente adequado.
Sódio
Introduzir pequenos pedaços do sódio em metanol e deixar em repouso até completa
dissolução do metal, adicionar água com cuidado até solução límpida, neutralizar,
verter em recipiente adequado.
Potássio
Introduzir em n-butanol ou t-butanol anidro, diluir com etanol, no final com água,
neutralizar, verter em recipiente adequado.
Mercúrio
Mercúrio metálico: Recuperá-lo para novo emprego.
Sais de mercúrio ou suas soluções: Precipitar o mercúrio sob forma de sulfeto, filtrar e
guardá-lo.
Metais pesados e seus sais
Precipitar soba a forma de compostos insolúveis (carbonatos, hidróxidos, sulfetos, etc.),
filtrar e armazenar.
Cloro, bromo, dióxido de enxofre
Absorver em NaOH 2N, verter em recipiente adequado.
Cloretos de ácido, anidridos de ácido, PCl3, PCl5, cloreto de tionila, cloreto de sulfurila.
Sob agitação, com cuidado e em porções, adicionar à muita água ou NaOH 2N,
neutralizar, verter em recipiente adequado.
SEGURANÇA E NORMAS DE TRABALHO NO LABORATÓRIO
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Ácido clorosulfônico, ácido sulfúrico concentrado, óleum, ácido nítrico concentrado


Gotejar, sob agitação, com cuidado, em pequenas porções, sobre gelo ou gelo mais
água, neutralizar, verter em recipiente adequado.
Dimetilsulfato, iodeto de metila
Cautelosamente, adicionar a uma solução concentrada de NH3, neutralizar, verter em
recipiente adequado.
Presença de peróxidos, peróxidos em solventes, (éter, THF, dioxano)
Reduzir em solução aquosa ácida (Fe(II) - sais, bissulfito), neutralizar, verter em
recipiente adequado.
Sulfeto de hidrogênio, mercaptanas, tiofenóis, ácido cianídrico, bromo e clorocianos
Oxidar com hipoclorito (NaOCl).

5- AQUECIMENTO NO LABORATÓRIO

Ao se aquecerem substâncias voláteis e inflamáveis no laboratório, deve-se


sempre levar em conta o perigo de incêndio.
Para temperaturas inferiores a 100°C use preferencialmente banho-maria ou
banho a vapor.
Para temperaturas superiores a 100°C use banhos de óleo. Parafina aquecida
funciona bem para temperaturas de até 220°C; glicerina pode ser aquecida até 150°C
sem desprendimento apreciável de vapores desagradáveis. Banhos de silicone são os
melhores, mas são também os mais caros.
Uma alternativa quase tão segura quanto os banhos são as mantas de
aquecimento. O aquecimento é rápido, mas o controle da temperatura não é tão
eficiente como no uso de banhos de aquecimento. Mantas de aquecimento não são
recomendadas para a destilação de produtos muito voláteis e inflamáveis, como éter
de petróleo e éter etílico.
Para temperaturas altas (>200°C) pode-se empregar um banho de areia. Neste
caso o aquecimento e o resfriamento do banho deve ser lento.
Chapas de aquecimento podem ser empregadas para solventes menos voláteis
e inflamáveis. Nunca aqueça solventes voláteis em chapas de aquecimento (éter, CS2,
etc.). Ao aquecer solventes como etanol ou metanol em chapas, use um sistema
munido de condensador.
Aquecimento direto com chamas sobre a tela de amianto só é recomendado
para líquidos não inflamáveis (por exemplo, água).

VEJA TAMBÉM: “Síntese Orgânica Limpa”; Sanseverino, A. M. Química Nova 2000, 23, 102.
EXPERIÊNCIA 01

SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DO
ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS)

1- INTRODUÇÃO

O Ácido Acetilsalicílico (AAS), também conhecido como Aspirina, é um dos


remédios mais populares mundialmente. Milhares de toneladas de AAS são produzidas
anualmente, somente nos Estados Unidos. O AAS foi desenvolvido na Alemanha há
mais de cem anos por Felix Hoffmann, um pesquisador das indústrias Bayer. Este
fármaco de estrutura relativamente simples atua no corpo humano como um poderoso
analgésico (alivia a dor), antipirético (reduz a febre) e antiinflamatório. Tem sido
empregado também na prevenção de problemas cardiovasculares, devido à sua ação
vasodilatadora. Um comprimido de aspirina é composto de aproximadamente 0,32 g de
ácido acetilsalicílico.
A síntese da aspirina é possível através de uma reação de acetilação do ácido
salicílico 1, um composto aromático bifuncional (ou seja, possui dois grupos funcionais:
fenol e ácido carboxílico). Apesar de possuir propriedades medicinais similares ao do
AAS, o emprego do ácido salicílico como um fármaco é severamente limitado por seus
efeitos colaterais, ocasionando profunda irritação na mucosa da boca, garganta, e
estômago.
A reação de acetilação do ácido salicílico 1 ocorre através do ataque nucleofílico
do grupo -OH fenólico sobre o carbono carbonílico do anidrido acético 2, seguido de
eliminação de ácido acético 3, formado como um sub-produto da reação. É importante
notar a utilização de ácido sulfúrico como um catalisador desta reação de esterificação,
tornando-a mais rápida e prática do ponto de vista comercial.

O O
O O O
OH H2SO4 OH
+ +
H3C O CH3 H3C OH
OH O
1 2 3
AAS O CH3
1- SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS)
11

Grande parte das reações químicas realizadas em laboratório necessitam de


uma etapa posterior para a separação e purificação adequadas do produto sintetizado.
A purificação de compostos cristalinos impuros é geralmente feita por cristalização a
partir de um solvente ou de misturas de solventes. Esta técnica é conhecida por
recristalização, e baseia-se na diferença de solubilidade que pode existir entre um
composto cristalino e as impurezas presentes no produto da reação.
Um solvente apropriado para a recristalização de uma determinada substância
deve preencher os seguintes requisitos:
a) Deve proporcionar uma fácil dissolução da substância a altas temperaturas;
b) Deve proporcionar pouca solubilidade da substância a baixas temperaturas;
c) Deve ser quimicamente inerte (ou seja, não deve reagir com a substância);
d) Deve possuir um ponto de ebulição relativamente baixo (para que possa ser
facilmente removido da substância recristalizada);
e) Deve solubilizar mais facilmente as impurezas que a substância.

O resfriamento, durante o processo de recristalização, deve ser feito lentamente


para que se permita a disposição das moléculas em retículos cristalinos, com formação
de cristais grandes e puros.
Caso se descubra que a substância é muito solúvel em um dado solvente para
permitir uma recristalização satisfatória, mas é insolúvel em um outro, combinações de
solventes podem ser empregadas. Os pares de solventes devem ser completamente
miscíveis (exemplos: metanol e água, etanol e clorofórmio, clorofórmio e hexano, etc.).

2- METODOLOGIA

O ácido salicílico será preparado neste experimento, através da reação de


acetilação do ácido salicílico 1 utilizando-se anidrido acético como agente acilante e
ácido sulfúrico como catalisador. A maior impureza no produto final é o próprio ácido
salicílico, que pode estar presente devido a acetilação incompleta ou a partir da
hidrólise do produto durante o processo de isolamento. Este material é removido
durante as várias etapas de purificação e na recristalização do produto.
O ácido acetilsalicílico é solúvel em etanol e em água quente, mas pouco solúvel
em água fria. Por diferença de solubilidade em um mesmo solvente (ou em misturas de
solventes), é possível purificar o ácido acetilsalicílico eficientemente através da técnica
de recristalização.
1- SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS)
12

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1- SÍNTESE DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS):


Coloque 3 g de ácido salicílico seco e 5 mL de anidrido acético em um balão de
100 mL (ou um erlenmeyer de 50 mL). Adicione 5 gotas de ácido sulfúrico concentrado
(ou ácido fosfórico 85%). Agite o frasco para assegurar uma mistura completa. Aqueça
a reação em banho-maria (por volta de 50-60oC), mantendo a agitação durante 15
minutos. Deixe a mistura esfriar e agite ocasionalmente. Adicione 50 mL de água
gelada. Espere formar os cristais para filtrar no funil de Buchner (Figura 1), lavando
com água gelada. Separe uma pequena quantidade de amostra (5-10 mg) para
posterior determinação do ponto de fusão.

Figura 1: Filtração a vácuo, com funil de Buchner.

3.2- PURIFICAÇÃO:
3.2.1- Com EtOH/H2O: Transfira o sólido obtido para um bequer, adicione cerca
de 5-10 mL de etanol e aqueça a mistura (50-60oC) até a completa dissolução. Se
necessário, adicione pequenas porções de etanol, para auxiliar na formação de uma
solução saturada. Após resfriar, adicione água lentamente (até começar a turvar), e
deixe o sistema em repouso durante alguns minutos. Se a formação de cristais não
ocorrer, resfrie com um banho de gelo e água (5-10 oC). Filtre usando funil de Buchner,
seque e determine o ponto de fusão do produto obtido. Calcule o rendimento
percentual.
1- SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS)
13

3.2.2- Com AcOEt: Alternativamente, dissolva o sólido obtido em cerca de 3-5


mL de acetato de etila, aquecendo a mistura em banho-maria (CUIDADO). Caso o
sólido não se dissolva completamente, acrescente mais 1-2 mL de acetato de etila.
Deixe a solução esfriar lentamente a temperatura ambiente. Provoque a cristalização
com bastão de vidro. Caso não cristalize, concentre um pouco a solução. Deixe esfriar
lentamente. Filtre usando funil de Buchner e lave o béquer com um pouco de acetato
de etila. Seque o produto, determine o ponto de fusão do produto obtido e calcule o
rendimento percentual.
3.2.3- Com Acetona: Utilizar o procedimento descrito no item 3.2.2, empregando
acetona no lugar de acetato de etila.

3.3- TESTE DE PUREZA DO PRODUTO:

O ácido acetilsalicílico deve ser mantido em lugar seco. Em presença de


umidade é lentamente hidrolisado, liberando ácido salicílico e ácido acético. A
decomposição é detectada pelo aparecimento de uma coloração indo de vermelho a
violeta quando o produto é tratado com cloreto férrico (FeCl 3). O ácido salicílico, como
a maioria dos fenóis, forma um complexo altamente colorido com Fe(III).
Para determinar se há algum ácido salicílico remanescente em seu produto,
realize o seguinte procedimento: transfira cerca de 20 mg do material a ser analisado
para um tubo de ensaio. Em seguida, adicione de 3 a 5 gotas de solução alcoólica de
cloreto férrico. Agite e observe o que aconteceu. Repita o procedimento com uma
amostra de fenol.

4- QUESTIONÁRIO

1- Proponha outros reagentes para sintetizar a aspirina e outros solventes que


poderiam ser utilizados na sua purificação:
2- Qual é o mecanismo da reação entre o ácido salicílico e o anidrido acético, em meio
ácido?
3- O H+ atua, na reação de preparação do AAS, como um reagente ou como um
catalisador? Justifique sua resposta:
4- Qual é a função do "trap" (kitasato) no aparato para filtração a vácuo?
5- Qual o reagente limitante usado nesta experiência? Justifique calculando o número
de moles de cada reagente.
1- SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS)
14

6- Ao purificar um composto por recristalização, é aconselhável esfriar a solução lenta


ou rapidamente? Explique. Cite outra(s) técnica(s) utilizadas para iniciar a formação de
cristais.
7- Por quê é recomendável utilizar apenas uma quantidade mínima de solvente na
etapa de recristalização e quais critérios deverão ser levados em consideração para
que um solvente possa ser empregado neste processo?
8- Na etapa de filtração a vácuo, os cristais formados são lavados com água gelada.
Por quê?
9- Três alunos (João, Maria e Ana) formavam uma equipe, na preparação do AAS. Um
deles derrubou, acidentalmente, grande quantidade de ácido sulfúrico concentrado no
chão do laboratório. Cada um dos três teve uma idéia para resolver o problema:
- João sugeriu que jogassem água sobre o ácido;
- Maria achou que, para a neutralização do ácido, nada melhor do que se jogar uma
solução concentrada de NaOH;
- Ana achou conveniente se jogar bicarbonato de sódio em pó sobre o ácido.
Qual dos procedimentos seria o mais correto? Explique detalhadamente:
10- O ácido salicílico, quando tratado com excesso de metanol em meio ácido, forma o
salicilato de metila (óleo de Wintergreen). Mostre como esta reação ocorre:
11- Os compostos descritos a seguir possuem propriedades analgésicas e antipiréticas
semelhantes as da aspirina. Proponha reações para sua síntese:
a) Salicilato de sódio.
b) Salicilamida.
c) Salicilato de fenila.

12- Justifique o fato do analgésico comercial Aspirina ser mais solúvel em água do
que o ácido acetilsalicílico:
13- Pesquise sobre a ação farmacológica do ácido acetilsalicílico e seus efeitos
colaterais.

CONHEÇA MAIS SOBRE O AAS E A ASPIRINA!

1) Journal of Chemical Education 1979, 56, 331.


2) QMCWEB: http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/exemplar10.html
EXPERIÊNCIA 02

SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DA ACETANILIDA

1- INTRODUÇÃO

Algumas aminas aromáticas aciladas como acetanilida, fenacetina (p-


etoxiacetanilida) e acetaminofen (p-hidroxiacetanilida) encontram-se dentro do grupo
de drogas utilizadas para combater a dor de cabeça. Estas substâncias têm ação
analgésica suave (aliviam a dor) e antipirética (reduzem a febre).
A acetanilida 1, uma amida secundária, pode ser sintetizada através de uma
reação de acetilação da anilina 2, a partir do ataque nucleofílico do grupo amino sobre
o carbono carbonílico do anidrido acético 3 seguido de eliminação de ácido acético 4,
formado como um sub-produto da reação. Como esta reação é dependente do pH, é
necessário o uso de uma solução tampão (ácido acético/acetato de sódio, pH ~ 4,7).
Após sua síntese, a acetanilida pode ser purificada através de uma
recristalização, usando carvão ativo.

O O AcOH, O
O
+ AcONa +
NH2 H3C O CH3 N CH3 H3C OH
2 3 1 H 4

Grande parte das reações químicas realizadas em laboratório necessitam de


uma etapa posterior para a separação e purificação adequadas do produto sintetizado.
A purificação de compostos cristalinos impuros é geralmente feita por cristalização a
partir de um solvente ou de misturas de solventes. Esta técnica é conhecida por
recristalização, e baseia-se na diferença de solubilidade que pode existir entre um
composto cristalino e as impurezas presentes no produto da reação.
Um solvente apropriado para a recristalização de uma determinada substância
deve preencher os seguintes requisitos:

a) Deve proporcionar uma fácil dissolução da substância a altas temperaturas;


b) Deve proporcionar pouca solubilidade da substância a baixas temperaturas;
c) Deve ser quimicamente inerte (ou seja, não deve reagir com a substância);
d) Deve possuir um ponto de ebulição relativamente baixo (para que possa ser
facilmente removido da substância recristalizada);
e) Deve solubilizar mais facilmente as impurezas que a substância.
2- SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DA ACETANILIDA
16

O resfriamento, durante o processo de recristalização, deve ser feito lentamente


para que se permita a disposição das moléculas em retículos cristalinos, com formação
de cristais grandes e puros.
Caso se descubra que a substância é muito solúvel em um dado solvente para
permitir uma recristalização satisfatória, mas é insolúvel em um outro, combinações de
solventes podem ser empregadas. Os pares de solventes devem ser completamente
miscíveis (exemplos: metanol e água, etanol e clorofórmio, clorofórmio e hexano, etc.).

2- METODOLOGIA

A preparação da acetanilida 1 ocorre através da reação entre a anilina 2 e um


derivado de ácido carboxílico (neste caso, o anidrido acético 3), na presença de uma
solução tampão de ácido acético/acetato. Como a reação é dependente do pH, este
tampão fornece o pH ótimo para que a reação ocorra com maior velocidade e
rendimento.
A acetanilida sintetizada é solúvel em água quente, mas pouco solúvel em água
fria. Utilizando-se estes dados de solubilidade, pode-se recristalizar o produto,
dissolvendo-o na menor quantidade possível de água quente e deixando resfriar a
solução lentamente para a obtenção dos cristais, que são pouco solúveis em água fria.
As impurezas que permanecem insolúveis durante a dissolução inicial do
composto são removidas por filtração a quente, usando papel de filtro pregueado, para
aumentar a velocidade de filtração. Para remoção de impurezas no soluto pode-se usar
o carvão ativo, que atua adsorvendo as impurezas coloridas e retendo a matéria
resinosa e finamente dividida.
O ponto de fusão é utilizado para identificação do composto e como um critério
de pureza. Compostos sólidos com faixas de pontos de fusão pequenas (< 2 oC) são
considerados puros.

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1- SÍNTESE DA ACETANILIDA:


Em um béquer de 250 mL, na capela, prepare uma suspensão de 1,1 g de
acetato de sódio anidro em 4,0 mL de ácido acético glacial. Adicione, agitando
constantemente, 3,5 mL de anilina. Em seguida, adicione 5,0 mL de anidrido acético,
em pequenas porções. A reação é rápida.
2- SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DA ACETANILIDA
17

Terminada a reação, despeje a mistura reacional, com agitação, em 120 mL de


H2O. A acetanilida separa-se em palhetas cristalinas incolores. Resfrie a mistura em
banho de gelo, filtre os cristais usando um funil de Buchner (Figura 1) e lave com H 2O
gelada. Seque e determine o ponto de fusão.

Figura 1: Filtração a vácuo com funil de Buchner.

Figura 2: Filtração simples a quente.


2- SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DA ACETANILIDA
18

Figura 3: Como preparar papel filtro pregueado.

3.2- RECRISTALIZAÇÃO:
Em um erlenmeyer de 250 mL aqueça 100 mL de água destilada. Num outro
erlenmeyer coloque a acetanilida a ser recristalizada e algumas pedrinhas de
porcelana porosa. Adicione, aos poucos, a água quente sobre a acetanilida até que
esta seja totalmente dissolvida (use a menor quantidade de água possível). Adicione
0,4 g de carvão ativo - aproximadamente 2% em peso - (não adicione o carvão ativo à
solução em ebulição), ferva por alguns minutos e filtre a solução quente através de
papel filtro pregueado (Figuras 2 e 3). Deixe em repouso para permitir a formação de
cristais. Filtre novamente usando um funil de Buchner, seque, determine o ponto de
fusão e o rendimento obtido.

4- QUESTIONÁRIO

1- Forneça as reações e os respectivos mecanismos envolvidos no experimento:


2- Qual a função da mistura CH3COO-Na+/CH3COOH durante o processo de síntese?
Considerando-se o pKa da anilina, discuta qual deve ser o pH do meio reacional:
3- Em cada um dos pares abaixo, indique o produto com ponto de fusão mais alto,
justificando cada escolha:
a) Um ácido carboxílico e o seu respectivo sal;
b) Ácido propiônico e álcool n-pentílico;
c) Éter etílico e álcool etílico;
4- Qual é o solvente usado na recristalização da acetanilida?
2- SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DA ACETANILIDA
19

5- Por quê é recomendável utilizar apenas uma quantidade mínima de solvente no


processo de recristalização?
6- Por quê se usou o carvão ativo na etapa de recristalização?
7- Quando e por quê se deve utilizar a filtração a quente?
8- Por quê se usa o papel de filtro pregueado na filtração?
9- Ao purificar um composto por recristalização, é aconselhável esfriar a solução lenta
ou rapidamente? Explique:
10- Além do resfriamento, cite outra(s) técnica(s) utilizada para iniciar a formação de
cristais:
11- Quais características deve ter um bom solvente, para que possa ser usado numa
recristalização?
12- Como se deve proceder para verificar se os compostos acima foram realmente
purificados após a recristalização dos mesmos?
13- Qual o ponto de fusão da acetanilida, descrito na literatura? Compare com aquele
obtido experimentalmente e justifique, se existir, a diferença entre eles:
EXPERIÊNCIA 03

DESTILAÇÃO

1- INTRODUÇÃO

Destilação é uma técnica geralmente usada para remover um solvente, purificar


um líquido ou para separar os componentes de uma mistura de líquidos, ou ainda
separar líquidos de sólidos.
Na destilação, a mistura a ser destilada é colocada no balão de destilação (balão
de fundo redondo) e aquecida, fazendo com que o líquido de menor ponto de ebulição
seja vaporizado e então condensado, retornando à líquido (chamado de destilado ou
condensado) e coletado em um frasco separado. Numa situação ideal, o componente
de menor ponto de ebulição é coletado em um recipiente, e outros componentes de
pontos de ebulição maiores permanecem no balão original de destilação como resíduo.
O ponto de ebulição de um líquido pode ser definido como a temperatura na qual
sua pressão de vapor é igual a pressão externa, exercida em qualquer ponto, sobre
sua superfície. O líquido entra em ebulição e “ferve”, ou seja, é vaporizado por bolhas
formadas no seio do líquido.
Com líquidos de pontos de ebulição muito próximos, o destilado será uma
mistura destes líquidos com composição e ponto de ebulição variáveis, contendo um
excesso do componente mais volátil (menor ponto de ebulição) no final da separação.
Para evitar a ebulição tumultuosa de um líquido durante a destilação sob
pressão atmosférica, adiciona-se alguns fragmentos de “porcelana porosa”. Estes
liberam pequenas quantidades de ar e promovem uma ebulição mais regular.
Os tipos mais comuns de destilação são: destilação simples, destilação
fracionada, destilação à vácuo e destilação a vapor.
A destilação simples é uma técnica usada na separação de um líquido volátil de
uma substância não volátil. Não é uma forma muito eficiente para separar líquidos com
diferença de pontos de ebulição próximos. A Figura 1 mostra um esquema de um
equipamento para destilação simples. Um termômetro é usado para se conhecer a
temperatura do que está sendo destilado. O condensador consiste de um tubo,
envolvido por uma capa de vidro oca contendo água fria. Para se evitar o aquecimento
da água que envolve o tubo, esta é trocada continuamente, através de uma abertura
ligada à torneira e outra ligada à pia.
3- DESTILAÇÃO
21

Figura 1: Esquema de um equipamento para destilação simples.

A destilação fracionada é usada para a separação de dois ou mais líquidos de


diferentes pontos de ebulição. A Figura 2 mostra o esquema para uma destilação
fracionada, o qual contém uma coluna de fracionamento, que consiste essencialmente
de um longo tubo vertical através do qual o vapor sobe e é parcialmente condensado.
O condensado escoa pela coluna e retorna ao balão. Dentro da coluna, o líquido, que
volta, entra em contato direto com o vapor ascendente e ocorre um intercâmbio de
calor, pelo qual o vapor é enriquecido com o componente mais volátil. Então, na
prática, é comum empregar uma coluna de fracionamento para reduzir o número de
destilações necessárias para uma separação razoavelmente completa dos dois
líquidos. Uma coluna de fracionamento é projetada para fornecer uma série contínua
de condensações parciais de vapor e vaporizações parciais do condensado e seu
efeito é realmente similar a um certo número de destilações separadas.

Figura 2: Esquema de um equipamento para destilação fracionada.


3- DESTILAÇÃO
22

Uma boa separação dos componentes de uma mistura através da destilação


fracionada requer uma baixa velocidade de destilação, mantendo-se assim uma alta
razão de refluxo.
O tratamento teórico da destilação fracionada requer um conhecimento da
relação entre os pontos de ebulição das misturas das substâncias e sua composição.
Se estas curvas forem conhecidas, será possível prever se a separação será difícil ou
não, ou mesmo se será possível.
A capacidade de uma coluna de fracionamento é a medida da quantidade de
vapor e líquido que pode ser passada em contra-corrente dentro da coluna, sem causar
obstrução. A eficiência de uma coluna é o poder de separação de uma porção definida
da mesma. Ela é medida, comparando-se o rendimento da coluna com o calculado
para uma coluna de pratos teoricamente perfeitos em condições similares. Um prato
teórico é definido como sendo a seção de uma coluna de destilação de um tamanho tal
que o vapor esteja em equilíbrio com o líquido; isto é, o vapor que deixa o “prato” tem a
mesma composição que o vapor que entra e o vapor em ascendência no “prato” está
em equilíbrio com o líquido descendente.
O número de pratos teóricos não pode ser determinado a partir das dimensões
da coluna; é computado a partir da separação efetuada pela destilação de uma mistura
líquida, cujas composições de vapor e de líquido são conhecidas com precisão. Por
exemplo, uma coluna com 12 pratos teóricos é satisfatória para a separação prática de
uma mistura de cicloexano e tolueno.
A eficiência de uma coluna depende tanto da altura quanto do enchimento e de
sua construção interna. Sua eficiência é frequentemente expressa em termos de altura
equivalente por prato teórico (HEPT), que pode ser obtida, dividindo-se a altura do
enchimento da coluna pelo número de pratos teóricos.
O fracionamento ideal fornece uma série de frações definidas e rigorosas, cada
uma destilando a uma temperatura definida. Depois de cada fração ter sido destilada, a
temperatura aumenta rapidamente e nenhum líquido é destilado como uma fração
intermediária. Se a temperatura for colocada em gráfico contra o volume do destilado
em tal fracionamento ideal, o gráfico obtido será uma série de linhas horizontais e
verticais semelhantes a uma escada. Uma certa quebra na inclinação revela a
presença de uma fração intermediária e a sua quantidade pode ser usada como um
critério qualitativo do rendimento de diferentes colunas.
Dessa forma, o objetivo principal das colunas de fracionamento eficientes é
reduzir a proporção das frações intermediárias a um mínimo. Os fatores mais
importantes que influenciam a separação de misturas em frações bem delineadas são:
isolamento térmico, razão de refluxo, enchimento e tempo de destilação.
3- DESTILAÇÃO
23

2- METODOLOGIA

No experimento de hoje os componentes de uma mistura equimolar de


cicloexano (P.E. = 81oC) e tolueno (P.E. = 111oC) serão separados por destilação
fracionada. Serão verificados a composição e o grau de separação dos componentes
desta mistura cicloexano/tolueno. Será também analisada a eficiência da coluna de
fracionamento usada, através do cálculo de HEPT (altura equivalente por prato
teórico).
A composição da mistura de cicloexano e tolueno dos destilados coletados será
determinada, através de medidas do índice de refração com posterior extrapolação
destas medidas para uma curva de calibração (fração molar de cicloexano X índice de
refração da mistura). Cada equipe receberá uma mistura de composição diferente.
Um gráfico de ponto de ebulição em função da composição da mistura indicará o
grau de separação dos componentes desta mistura. Uma boa separação corresponde
a um gráfico com pontos de ebulição baixos na primeira parte e altos no final, indicando
cicloexano e tolueno como componentes principais no início e fim da destilação,
respectivamente.
A eficiência da coluna de fracionamento será verificada através do cálculo do
número de pratos teóricos, n. Este será calculado, usando a equação de Fenske
abaixo, a qual compara a composição do líquido no balão com a composição do vapor
que é condensado inicialmente no topo da coluna, e coletado através do condensador.

n = {log ( VCH/VTL) - log (LTL/LCH)} / log α

Na equação de Fenske, VCH e VTL correspondem às frações molares na fase


vapor e LCH e LTL às frações molares no líquido, respectivamente para a mistura
cicloexano e tolueno. O fator de volatilidade, α , tem um valor de 2,33 para esta
mistura.
Através do conhecimento do valor do índice de refração encontrado
experimentalmente para a 1a fração, determina-se a correspondente fração molar de
cicloexano na fase vapor (VCH), pela curva de calibração. A fração molar de tolueno na
fase de vapor (VTL) será igual a [1 - (VCH)]. Para relacionar a composição no vapor e no
líquido da mistura cicloexano/tolueno, deve-se construir o gráfico de % molar de
cicloexano em função da temperatura, com os dados da Tabela 1. Então, uma vez
conhecida a composição de cicloexano (VCH), encontra-se neste gráfico o valor
correspondente ao (LCH).
3- DESTILAÇÃO
24

A altura equivalente a um prato teórico (HEPT) poderá ser calculada medindo-se


o comprimento do empacotamento da coluna e dividindo-se por n-1. O balão de fundo
redondo fornece um prato teórico, de forma que o número de pratos teóricos da coluna
será de n-1. Uma coluna mais eficiente tem um menor valor de HEPT.

HEPT = altura do empacotamento da coluna / (n - 1)

Tabela 1: Composição de uma mistura cicloexano/tolueno em função da temperatura.


% MOLAR DE CICLOEXANO
VAPOR LÍQUIDO T (oC)
0 0 110,7
10,2 4,1 108,3
21,2 9,1 105,9
26,4 11,8 103,9
34,8 16,4 101,8
42,2 21,7 99,5
49,2 27,3 97,4
54,7 32,3 95,5
59,9 37,9 93,8
66,2 45,2 91,9
72,4 53,3 89,8
77,4 59,9 88,0
81,1 67,2 86,6
86,4 76,3 84,8
89,5 81,4 83,8
92,6 87,4 82,7
97,3 96,4 81,1
100,0 100,0 80,7

3- PROCEDIMENTO

3.1- DESTILAÇÃO FRACIONADA:


Pese de forma exata 0,1 moles de cicloexano (d = 0,772 g/mL) e 0,1 moles de
tolueno (d= 0,867 g/mL). Combine os líquidos num balão de fundo redondo de 100 mL.
Monte o equipamento de destilação fracionada conforme a Figura 2.
Inicie a destilação de forma lenta para permitir que a composição dos vapores
atinja equilíbrio na coluna de fracionamento. Colete 5 frações de destilado, conforme
3- DESTILAÇÃO
25

indicado na Tabela 2. As frações 1-4 deverão ser coletadas em frascos separados e


previamente pesados. Tampe cada frasco, para evitar perdas por volatilização.
Após a coleta da quarta fração, retire a fonte de aquecimento. Deixe o líquido da
coluna voltar até o balão de fundo redondo, transferindo o conteúdo deste balão para o
quinto frasco. Pese os cinco frascos contendo as frações 1-5 e anote os valores na
Tabela 2.

Tabela 2: Frações obtidas durante a destilação fracionada.


Fração faixa de peso da Índice de fração molar
de destilado ebulição (oC) fração (g) refração de cicloexano
primeira (10 gotas)
segunda 81-85
terceira 85-97
quarta 97-107
quinta 107-111

Usando um refratômetro medir o índice de refração para as frações dos


destilados 1-5 e anotar os valores na Tabela 2. Com a ajuda da curva de calibração
(gráfico de índice de refração X fração molar de cicloexano) será encontrada a fração
molar de cicloexano em cada uma das frações destiladas, preenchendo a Tabela 2.

3.2- CONSTRUÇÃO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO:


Prepare soluções contendo cicloexano e tolueno em diferentes proporções
(Tabela 3) e meça o índice de refração para cada solução. Construa uma curva de
calibração que será um gráfico de índice de refração em função da fração molar de
cicloexano. Use esta curva para determinar a fração molar de cicloexano nas frações 1-
5 dos destilados obtidas na destilação fracionada (item 3.1), e coloque estes valores na
Tabela 3.

Tabela 3: Curva de calibração (índice de refração X fração molar de cicloexano).


Fração molar no moles no de moles massa (g) massa (g) índice
cicloexano (χ ) cicloexano tolueno cicloexano tolueno de refração
0 - 0,10
0,2 0,02 0,08
0,4 0,04 0,06
0,6 0,06 0,04
0,8 0,08 0,02
3- DESTILAÇÃO
26

1,0 0,10 -

3.3- GRAU DE SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DA MISTURA:


Faça um gráfico colocando na ordenada os valores correspondentes a faixa de
ebulição e na abcissa a fração molar de cicloexano para a mistura cicloexano/tolueno,
Tabela 2.

3.4- CÁLCULO DO HEPT:


Meça com uma régua a altura do empacotamento da coluna de fracionamento e
determine HEPT, usando a equação de Fenske e dados coletados neste experimento.

3.5- EXPERIMENTO ALTERNATIVO:


Cada equipe receberá 50 mL de uma amostra contendo uma mistura de dois
componentes desconhecidos, dentre os seguintes compostos: álcool isoamílico,
butanol, tolueno, cicloexano, hexano e clorofórmio. Após a montagem do sistema para
destilação fracionada (apresentado na Figura 2), transfira toda a amostra para o balão
de destilação, adicione pedras porosas, e inicie o aquecimento. Cada fração do
destilado deve ser coletada em recipientes diferentes, de acordo com a variação na
temperatura do vapor. Anote a temperatura de ebulição de cada fração, meça o volume
coletado e determine o índice de refração de cada destilado que foi recolhido.
Com os valores de ponto de ebulição e índice de refração obtidos
experimentalmente para cada fração e por comparação com os valores da literatura,
será possível identificar e quantificar os dois componentes que fazem parte da
amostra.

4- QUESTIONÁRIO

1- Cite as diferenças básicas entre a destilação simples e a fracionada:


2- Em uma destilação, quais procedimentos devem ser adotados para que a ebulição
tumultuosa de líquidos seja evitada?
3- Quando a coluna de fracionamento para destilação deve ser utilizada?
4- Explique o funcionamento do condensador utilizado em uma destilação:
5- Descreva a técnica de destilação a pressão reduzida e a sua utilização:
6- Descreva a técnica de destilação por arraste a vapor e a sua utilização:
3- DESTILAÇÃO
27

7- O que é uma mistura azeotrópica? Os componentes desta mistura podem ser


separados por destilação? Cite exemplos:
8- Cite alguns processos industriais que empregam técnicas de destilação:
9- Sugira uma solução para o seguinte problema: o líquido a ser destilado possui ponto
de ebulição muito próximo da temperatura ambiente:
10- O acetato de n-propila (p. e. = 102oC) evapora rapidamente quando exposto ao ar.
Entretanto, isto não ocorre com a água (p. e. = 100oC). Explique:
11- Comente sobre a toxicidade dos seguintes solventes: benzeno, tolueno, clorofórmio
e éter etílico. Quais cuidados devem ser tomados na utilização destes? (Consultar
manuais de segurança e toxicidade disponíveis):
EXPERIÊNCIA 04

SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

1- INTRODUÇÃO

Grande parte dos processos rotineiros de um laboratório de Química Orgânica


(reações químicas, métodos de análise e purificação de compostos orgânicos) é
efetuado em solução ou envolve propriedades relacionadas à solubilidade de
compostos orgânicos.
A solubilidade dos compostos orgânicos pode ser dividida em duas categorias
principais: a solubilidade na qual uma reação química é a força motriz e a solubilidade
na qual somente está envolvida a simples miscibilidade. As duas estão inter-
relacionadas, sendo que a primeira é, geralmente, usada para identificar os grupos
funcionais e a segunda para determinar os solventes apropriados para recristalização,
nas análises espectrais e nas reações químicas.
Três informações podem ser obtidas com relação a uma substância
desconhecida, através da investigação de seu comportamento quanto a solubilidade
em: água, solução de hidróxido de sódio 5%, solução de bicarbonato de sódio 5%,
solução de ácido clorídrico 5% e ácido sulfúrico concentrado a frio. Em geral,
encontram-se indicações sobre o grupo funcional presente na substância. Por exemplo,
uma vez que os hidrocarbonetos são insolúveis em água, o simples fato de um
composto como o éter etílico ser parcialmente solúvel em água indica a presença de
um grupo funcional polar. Além disso, a solubilidade em certos solventes fornece
informações mais específicas sobre um grupo funcional. Por exemplo, o ácido benzóico
é insolúvel em água, mas o hidróxido de sódio diluído o converte em seu sal, que é
solúvel. Assim, a solubilidade de um composto insolúvel em água mas solúvel em
solução de NaOH diluído é uma forte indicação sobre o grupo funcional ácido.
Finalmente, é possível, em certos casos, fazer deduções sobre a massa molecular de
uma substância. Por exemplo, em muitas séries homólogas de compostos
monofuncionais, aqueles com menos de cinco átomos de carbono são solúveis em
água, enquanto que os homólogos são insolúveis.
De acordo com o Esquema 1, os testes de solubilidade são iniciados pelo ensaio
com água. Diz-se que uma substância é “solúvel“ em um dado solvente, quando esta
se dissolve na razão de 3 g por 100 mL de solvente. Entretanto, quando se considera a
solubilidade em ácido ou base diluídos, a observação importante a ser feita não é
4- SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS
29

saber se ela atinge os 3% ou outro ponto arbitrário, e sim se a substância


desconhecida é muito mais solúvel na solução ácida ou básica aquosa do que em
água. Este aumento na solubilidade constitui o ensaio positivo para a existência de um
grupo funcional ácido ou básico.
Os compostos ácidos são classificados por intermédio da solubilidade em
hidróxido de sódio 5%. Os ácidos fortes e fracos (respectivamente, classes A 1 e A2 da
Tabela 1) são distintos por serem os primeiros solúveis em bicarbonato de sódio a 5%,
enquanto que os últimos não o são. Os compostos que atuam como base em soluções
aquosas são detectados pela solubilidade em ácido clorídrico a 5% (classe B).
Muitos compostos que são neutros frente ao ácido clorídrico a 5%, comportam-
se como bases em solventes mais ácidos, como ácido sulfuríco ou ácido fosfórico
concentrados. Em geral, compostos contendo enxofre ou nitrogênio deveriam ser
solúveis neste meio.

Tabela 1: Compostos orgânicos relacionados às classes de solubilidade.


Sais de ácidos orgânicos, hidrocloretos de aminas, aminoácidos,
S2
compostos polifuncionais (carboidratos, poliálcoois, ácidos, etc.).
Ácidos monocarboxílicos, com cinco átomos de
SA
carbono ou menos, ácidos arenossulfônicos.
Aminas monofuncionais com seis
SB
átomos de carbono ou menos.
Álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres, nitrilas e amidas
S1
monofuncionais com cinco átomos de carbono ou menos.
Ácidos orgânicos fortes: ácidos carboxílicos com mais de seis átomos de
A1
carbono, fenóis com grupos eletrofílicos em posições orto e para, β -
dicetonas.
Ácidos orgânicos fracos: fenóis, enóis, oximas, imidas, sulfonamidas,
A2 tiofenóis com mais de cinco átomos de carbono, β -dicetonas,
compostos nitro com hidrogênio em α , sulfonamidas.
Aminas aromáticas com oito ou mais
B
carbonos, anilinas e alguns oxiéteres.
Diversos compostos neutros de nitrogênio ou enxofre
MN
contendo mais de cinco átomos de carbono.
Álcoois, aldeídos, metil cetonas, cetonas cíclicas e ésteres contendo
N1 somente um grupo funcional e número de átomos de carbono entre cinco e
nove; éteres com menos de oito átomos de carbono; epóxidos.
Alcenos, alcinos, éteres, alguns compostos aromáticos
N2
(com grupos ativantes) e cetonas (além das citadas em N1).
Hidrocarbonetos saturados, alcanos halogenados, haletos de arila,
I
éteres diarílicos, compostos aromáticos desativados.
4- SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS
30

Obs.: Os haletos e anidridos de ácido não foram incluídos devido a alta reatividade.
Uma vez que apenas a solubilidade em água não fornece informação suficiente
sobre a presença de grupos funcionais ácidos ou básicos, esta deve ser obtida pelo
ensaio das soluções aquosas com papel de tornassol ou outro indicador de pH.

SUBSTÂNCIA
DESCONHECIDA

ÁGUA

INSOLÚVEL SOLÚVEL

NaOH 5% ÉTER

INSOLÚVEL
INSOLÚVEL SOLÚVEL SOLÚVEL
S2

HCl 5% NaHCO3 5% VERMELHO AO AZUL AO NÃO ALTERA O


TORNASSOL TORNASSOL TORNASSOL
SA
SB S1

INSOLÚVEL SOLÚVEL SOLÚVEL INSOLÚVEL


B A1 A2

H2SO4 96%

INSOLÚVEL SOLÚVEL
H3PO4 85%
I

SOLÚVEL INSOLÚVEL
N1 N2

Esquema 1: Classificação dos compostos orgânicos pela solubilidade.

2- METODOLOGIA

Neste experimento, serão analisados cinco compostos desconhecidos. A partir


dos testes de solubilidade, estes serão classificados em classes de grupos funcionais
de acordo com a Tabela 1 e Esquema 1. Estes cinco compostos podem incluir uma
base, um ácido fraco, um ácido forte, uma substância neutra contendo oxigênio e uma
substância neutra inerte.
4- SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS
31

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Coloque 1,0 mL do solvente em um tubo de ensaio. A seguir adicione algumas


gotas do líquido ou sólido desconhecido, diretamente no solvente. Os compostos
sólidos devem ser finamente pulverizados para facilitar a dissolução. A seguir, agite
cuidadosamente o tubo de ensaio e anote o resultado. Às vezes um leve aquecimento
ajuda na dissolução, e quando um composto colorido se dissolve a solução assume
esta cor.
Usando o procedimento acima, os testes de solubilidade dos compostos
desconhecidos devem ser determinados nos seguintes solventes: água, éter, NaOH
5%, NaHCO3 5%, HCl 5%, H2SO4 95 % e H3PO4 85%. O roteiro apresentado no
Esquema 1 deve servir como orientação.
Usando ácido sulfúrico concentrado pode haver uma mudança de coloração,
indicando um teste positivo de solubilidade.
Sólidos desconhecidos que não dissolvem nos solventes citados acima podem
ser substâncias inorgânicas.
Se o composto dissolver em água, o pH deverá ser medido com papel indicador.
Compostos solúveis em água são, em geral, solúveis em todos os solventes aquosos.
Se um composto é pouco solúvel em água, ele poderá ser mais solúvel em outro
solvente aquoso. Como já citado, um ácido carboxílico poderá ser pouco solúvel em
água, mas muito solúvel em meio básico diluído. Assim, torna-se necessário determinar
a solubilidade dos compostos desconhecidos em todos os solventes.

4- QUESTIONÁRIO

1- Indique as classes de solubilidade a que os compostos abaixo pertencem,


baseando-se apenas em suas características estruturais e no Esquema 1.
a) 3-metoxifenol, cicloexanona, propionato de sódio.
b) 3-metileptanal, ácido oxálico, 2-bromooctano.
2- Um composto desconhecido é solúvel em água e em cloreto de metileno. O teste
com papel de tornassol indicou coloração azul. Qual(is) do(s) composto(s) abaixo
poderia ser o desconhecido? Quais seriam solúveis em H2SO4 95%?
2,3-dibromopentano dietilamina 3-etilfenol 2,4-dimetiloctano 4-etilanilina
3- Se um composto desconhecido fosse insolúvel em água e HCI 5%, quais testes
ainda seriam necessários para identificá-lo? Existe alguma substância do exercício 2-)
que apresentaria estas características de solubilidade?
4- SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS
32
EXPERIÊNCIA 05

CROMATOGRAFIA

1- INTRODUÇÃO

Cromatografia é uma técnica utilizada para analisar, identificar ou separar os


componentes de uma mistura. A cromatografia é definida como a separação de dois ou
mais compostos diferentes por distribuição entre fases, uma das quais é estacionária e
a outra móvel.
A mistura é adsorvida em uma fase fixa, e uma fase móvel "lava" continuamente
a mistura adsorvida. Pela escolha apropriada da fase fixa e da fase móvel, além de
outras variáveis, pode-se fazer com que os componentes da mistura sejam arrastados
ordenadamente. Aqueles que interagem pouco com a fase fixa são arrastados
facilmente e aqueles com maior interação ficam mais retidos.
Os componentes da mistura adsorvem-se com as partículas de sólido devido a
interação de diversas forças intermoleculares. O composto terá uma maior ou menor
adsorção, dependendo das forças de interação, que variam na seguinte ordem:
formação de sais > coordenação > pontes de hidrogênio > dipolo-dipolo > London
(dipolo induzido).
Dependendo da natureza das duas fases envolvidas tem-se diversos tipos de
cromatografia:
- sólido-líquido (coluna, camada fina, papel);
- líquido-líquido;
- gás-líquido.

1.1- CROMATOGRAFIA EM COLUNA:


A cromatografia em coluna é uma técnica de partição entre duas fases, sólida e
líquida, baseada na capacidade de adsorção e solubilidade. O sólido deve ser um
material insolúvel na fase líquida associada, sendo que os mais utilizados são a sílica
gel (SiO2) e alumina (Al2O3), geralmente na forma de pó. A mistura a ser separada é
colocada na coluna com um eluente menos polar e vai-se aumentando gradativamente
a polaridade do eluente e consequentemente o seu poder de arraste de substâncias
mais polares. Uma seqüência de eluentes normalmente utilizada é a seguinte: éter de
petróleo, hexano, éter etílico, tetracloreto de carbono, acetato de etila, etanol, metanol,
água e ácido acético.
5- CROMATOGRAFIA
34

O fluxo de solvente deve ser contínuo. Os diferentes componentes da mistura


mover-se-ão com velocidades distintas dependendo de sua afinidade relativa pelo
adsorvente (grupos polares interagem melhor com o adsorvente) e também pelo
eluente. Assim, a capacidade de um determinado eluente em arrastar um composto
adsorvido na coluna depende quase diretamente da polaridade do solvente com
relação ao composto.
À medida que os compostos da mistura são separados, bandas ou zonas
móveis começam a ser formadas; cada banda contendo somente um composto. Em
geral, os compostos apolares passam através da coluna com uma velocidade maior do
que os compostos polares, porque os primeiros têm menor afinidade com a fase
estacionária. Se o adsorvente escolhido interagir fortemente com todos os compostos
da mistura, ela não se moverá. Por outro lado, se for escolhido um solvente muito
polar, todos os solutos podem ser eluídos sem serem separados. Por uma escolha
cuidadosa das condições, praticamente qualquer mistura pode ser separada (Figura 1).

Figura 1: Cromatografia em coluna.


5- CROMATOGRAFIA
35

Outros adsorventes sólidos para cromatografia de coluna em ordem crescente


de capacidade de retenção de compostos polares são: papel, amido, açúcares, sulfato
de cálcio, sílica gel, óxido de magnésio, alumina e carvão ativo. Ainda, a alumina usada
comercialmente pode ser ácida, básica ou neutra. A alumina ácida é útil na separação
de ácidos carboxílicos e aminoácidos; a básica é utilizada para a separação de aminas.

2.2- CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA:


A cromatografia em camada fina (ou delgada) é uma técnica simples, barata e
muito importante para a separação rápida e análise qualitativa de pequenas
quantidades de material. Ela é usada para determinar a pureza do composto, identificar
componentes em uma mistura comparando-os com padrões, acompanhar o curso de
uma reação pelo aparecimento dos produtos e desaparecimento dos reagentes e ainda
para isolar componentes puros de uma mistura.
Na cromatografia de camada delgada a fase líquida ascende por uma camada
fina do adsorvente estendida sobre um suporte. O suporte mais típico é uma placa de
vidro (outros materiais podem ser usados).
Sobre a placa espalha-se uma camada fina de adsorvente suspenso em água
(ou outro solvente) e deixa-se secar. A placa coberta e seca chama-se "placa de
camada fina". Quando a placa de camada fina é colocada verticalmente em um
recipiente fechado (cuba cromatográfica) que contém uma pequena quantidade de
solvente, este eluirá pela camada do adsorvente por ação capilar.

Figura 2: Cromatografia em camada delgada.


5- CROMATOGRAFIA
36

A amostra é colocada na parte inferior da placa, através de aplicações


sucessivas de uma solução da amostra com um pequeno capilar. Deve-se formar uma
pequena mancha circular. À medida que o solvente sobe pela placa, a amostra é
compartilhada entre a fase líquida móvel e a fase sólida estacionária. Durante este
processo, os diversos componentes da mistura são separados. Como na cromatografia
de coluna, as substâncias menos polares avançam mais rapidamente que as
substâncias mais polares. Esta diferença na velocidade resultará em uma separação
dos componentes da amostra. Quando estiverem presentes várias substâncias, cada
uma se comportará segundo suas propriedades de solubilidade e adsorção,
dependendo dos grupos funcionais presentes na sua estrutura (Figura 2).
Depois que o solvente ascendeu pela placa, esta é retirada da cuba e seca até
que esteja livre do solvente. Cada mancha corresponde a um componente separado na
mistura original. Se os componentes são substâncias coloridas, as diversas manchas
serão claramente visíveis. Contudo, é bastante comum que as manchas sejam
invisíveis porque correspondem a compostos incolores. Para a visualização deve-se
"revelar a placa". Um método bastante comum é o uso de vapores de iodo, que reage
com muitos compostos orgânicos formando complexos de cor café ou amarela. Outros
reagentes para visualização são: nitrato de prata (para derivados halogenados), 2,4-
dinitrofenilidrazina (para cetonas e aldeídos), verde de bromocresol (para ácidos),
ninhidrina (para aminoácidos), etc.
Um parâmetro freqüentemente usado em cromatografia é o "índice de retenção"
de um composto (Rf). Na cromatografia de camada fina, o Rf é função do tipo de
suporte (fase fixa) empregado e do eluente. Ele é definido como a razão entre a
distância percorrida pela mancha do componente e a distância percorrida pelo eluente.
Portanto:
Rf = dc / ds
Onde:
dc = distância percorrida pelo componentes da mistura.
ds = distância percorrida pelo eluente.

Quando as condições de medida forem completamente especificadas, o valor de


Rf é constante para qualquer composto dado e correspondente a uma propriedade
física. Este valor deve apenas ser tomado como guia, já que existem vários compostos
com o mesmo Rf.
Sob uma série de condições estabelecidas para a cromatografia de camada fina,
um determinado composto percorrerá sempre uma distância fixa relativa à distância
percorrida pelo solvente. Estas condições são:
5- CROMATOGRAFIA
37

1- sistema de solvente utilizado;


2- adsorvente usado;
3- espessura da camada de adsorvente;
4- quantidade relativa de material.

2- METODOLOGIA

Na aula de hoje serão apresentadas as técnicas básicas para o desenvolvimento


de cromatografia em camada delgada e cromatografia em coluna.
Na cromatografia em camada delgada (CCD) serão analisados e identificados os
componentes coloridos extraídos de folhas verdes (clorofilas A e B) e os da cenoura
(β -caroteno), assim como os componentes de uma droga analgésica, comparando-os
com padrões. Será ainda estudado o efeito do solvente no valor do Rf para os
compostos β -naftol e p-toluidina.
Na cromatografia em coluna serão separados os componentes de uma mistura
colorida de azul de metileno e alaranjado de metila em duas colunas diferentes, uma
contendo alumina como fase estacionária e a outra contendo sílica gel. A alumina, ou
óxido de alumínio, tem ação básica e interage fortemente com espécies ácidas. Por
sua vez, a sílica gel interage com espécies básicas devido a natureza ácida do óxido
de silício.

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1- CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA:


3.1.1- PREPARAÇÃO DAS PLACAS CROMATOGRÁFICAS: Prepare duas
placas para cromatografia em camada fina a partir de lâminas de vidro de microscópio.
Agite com um bastão de vidro uma suspensão espessa de sílica em diclorometano (ou
clorofórmio) em um béquer de 50 mL. Quando a pasta resultante estiver homogênea
mergulhe na mistura as duas placas juntas, face a face, por um a dois segundos, retire-
as e deixe-as secar ao ar.

3.1.2- SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA MISTURA: Com um


capilar, semeie duas manchas a 1 cm da base da placa e separadas entre si; uma de
extrato de folhas verdes e outra de extrato de cenoura. Coloque então a placa em uma
5- CROMATOGRAFIA
38

cuba cromatográfica contendo o eluente (acetato de etila : éter de petróleo 2:3). O nível
de eluente deve estar abaixo do nível das manchas na placa.
Após a eluição deixe secar a placa. O β -caroteno (polieno isolado da cenoura)
aparece como uma mancha amarela próxima ao topo da placa; as clorofilas A e B
aparecem como manchas verde oliva e verde azulada, respectivamente. Calcule os Rf.

3.1.3- EFEITO DO SOLVENTE NO VALOR DE Rf: Em uma placa de sílica gel


ativada aplique, com ajuda de um capilar, uma solução diluída de β -naftol e outra de
p-toluidina (use cloreto de metileno ou éter como solvente) e deixe desenvolver o
cromatograma usando como eluente os seguintes solventes (faça uma placa para cada
eluente):
a) cloreto de metileno puro.
b) cloreto de metileno contendo 25% de acetato de etila.
c) cloreto de metileno contendo 50% de acetato de etila.
Após o solvente atingir o topo da placa, retire a placa da cuba, evapore o
solvente na capela e coloque-a numa atmosfera de iodo para revelar a manchas das
substâncias.
Calcule o Rf para cada amostra em cada mistura de solvente.
Qual é o efeito causado sobre o Rf pelo aumento da proporção do acetato de
etila na mistura de solvente utilizado?

3.1.4- ANÁLISE DOS COMPONENTES DE UM ANALGÉSICO: Pegue 3 tubos


de ensaio. No primeiro, coloque o comprimido da amostra. No segundo, coloque ácido
acetilsalicílico e no terceiro tubo coloque a cafeína. Nos 3 tubos, coloque 2,5 mL de
metanol, macere o sólido e agite cada tubo por 3-5 minutos. Em seguida, filtre e
despreze o sólido. Com a ajuda de um tubo capilar, aplique a uma distância de 1 cm
uma da outra as três soluções metanólicas em duas placas cromatográficas distintas.
Dependendo da concentração desta solução, duas ou três aplicações serão
suficientes.
Prepare a seguir dois sistemas de eluentes: i) acetona : clorofórmio 1:1 e ii)
tolueno : clorofórmio : ácido acético glacial : metanol 12:5:1,8:0,1.
Prepare duas cubas cromatográficas, uma para cada sistema de eluentes.
Coloque cada placa cromatográfica dentro de uma cuba. Após a eluição, retire as
placas da cuba. Deixe-as secar. Após a secagem, coloque-as em uma atmosfera de
iodo para revelar as manchas. Em 1-3 minutos, aparecerão manchas amareladas
sobre as placas. Remova então as placas de dentro da cuba de iodo, contornando
cada mancha com o tubo capilar. Calcule o Rf.
5- CROMATOGRAFIA
39

3.1.5- INFLUÊNCIA DO pH NA ABSORÇÃO DE FÁRMACOS: Nesta experiência o


trato gastro-intestinal (TGI) é mimetizado por um par de tubos de ensaios, contendo
soluções aquosas de diferentes pHs, em contato com acetato de etila.* As soluções
aquosas representam conteúdos de diferentes seções do TGI, e o acetato de etila (que
é insolúvel em água) representa o componente lipídico do tecido que envolve o
mesmo. Este experimento é utilizado para observar o efeito do pH na habilidade de
diferentes fármacos se moverem da água para o acetato de etila, e serve como modelo
de absorção de fármacos no TGI. As substâncias usadas como fármacos são a
aspirina 1 (ácido acetilsalicílico), p-toluidina 2 e paracetamol 3 (também conhecido
como acetaminofen ou p-hidroxiacetanilina).
Colocar cerca de 50 mg de cada amostra (1, 2 e 3) em dois tubos de ensaios
numerados. Ao primeiro tubo, adicionar 3 mL de solução de ácido clorídrico a pH = 1,5.
Ao segundo tubo, adicionar 3 mL de solução tampão fosfato de sódio, pH = 7,2.
Adicionar em cada tubo 2 mL de acetato de etila e agitar a mistura por 1 minuto.
Esperar até que as duas camadas se separem. Enquanto isso, preparar os padrões
das amostras 1, 2 e 3, solubilizando uma pequena porção de cada composto em 2-3
mL de acetato de etila. Analisar as frações acetato de etila de cada tubo, comparando
com os padrões, através da cromatografia de camada delgada usando placas de sílica
gel como adsorvente e acetato de etila como eluente. Após a aplicação da amostra e
evaporação do acetato de etila, o cromatograma pode ser visualizado colocando as
placas secas, em câmara de iodo. A concentração da substância presente na camada
de acetato de etila pode ser considerada como alta, média ou baixa, dependendo da
intensidade da mancha observada.
* Hickman, R. J. S.;.Neill, J. Journal of Chemical Education 1997, 74, (7), 855-856.

3.2- CROMATOGRAFIA EM COLUNA:


3.2.1- EMPACOTAMENTO DA COLUNA: Prepare uma coluna para
cromatografia utilizando alumina básica como fase fixa, da seguinte maneira: em um
erlenmeyer, suspenda 15 a 20 g de alumina em clorofórmio (ou diclorometano), até
obter uma pasta fluida, homogênea e sem bolhas de ar incluídas. Encha a terça parte
da coluna cromatográfica com o mesmo solvente e derrame, então, a pasta fluida de
alumina, de modo que ela sedimente aos poucos e de forma homogênea. Caso haja
bolhas de ar oclusas na coluna, golpeie-a suavemente, de modo a expulsá-las.
Controle o nível do solvente abrindo ocasionalmente a torneira da coluna. Terminada a
5- CROMATOGRAFIA
40

preparação, o nível de solvente (eluente) deve estar 1 cm acima do topo da coluna de


alumina.

3.2.2- SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA MISTURA: Distribua


homogeneamente sobre o topo da coluna de alumina, com auxílio de uma pipeta ou
conta-gotas, 1 a 3 mL de uma solução etanólica de alaranjado de metila e azul de
metileno. Após a adsorção pela coluna, proceda a eluição com etanol, vertendo
cuidadosamente o solvente pelas paredes internas da coluna, tomando cuidado para
não causar distúrbios ou agitação na coluna. Ao mesmo tempo, abra a torneira para
escoar o solvente.
Elua todo o azul de metileno com etanol. Elua, primeiro com água, o alaranjado
de metila retido na coluna e em seguida com uma solução aquosa de ácido acético.
Repita o mesmo procedimento acima utilizando sílica gel como fase fixa da
coluna. Observe que a ordem de eluição se inverte, isto é, o alaranjado de metila sai
com etanol enquanto o azul de metileno fica retido na coluna.

4- QUESTIONÁRIO

1- Cite os principais tipos de forças que fazem com que os componentes de uma
mistura sejam adsorvidos pelas partículas de um sólido:
2- Cite as características do solvente para lavar ou arrastar os compostos adsorvidos
na coluna cromatográfica:
3- Por quê se deve colocar papel filtro na parede da cuba cromatográfica?
4- Se os componentes da mistura, após a corrida cromatográfica, apresentam manchas
incolores, qual o processo empregado para visualizar estas manchas na placa?
5- O que é e como é calculado o Rf ?
6- Quais os usos mais importantes da cromatografia de camada delgada?
7- Quando uma substância é ionizável, como o ácido acetilsalicílico (AAS) ou a p-
toluidina (PTA), a solubilidade em água é influenciada pelo pH. Este ponto é altamente
relevante para entender a absorção de fármacos no TGI. Sabendo-se que o pH do
conteúdo aquoso do estômago está entre 1,2 a 3,0 e que o pH do intestino é cerca de
8,0, responda as seguintes questões, utilizando estruturas químicas na argumentação:
a) No pH gástrico, qual dos compostos estará na forma ionizada, AAS ou PTA? Como
será a solubilidade em água e em acetato de etila para cada composto?
b) E no pH do intestino, como estará a solubilidade de cada fármaco?
5- CROMATOGRAFIA
41

c) discuta a importância do pH e da solubilidade para a absorção de fármacos no TGI.


Cite outros exemplos.

8- A alumina, ou óxido de alumínio, tem ação básica e interage fortemente com


espécies ácidas; por sua vez, a sílica gel interage com espécies básicas devido a
natureza ácida do óxido de silício. Baseado nessas informações, explique o
comportamento distinto dos dois corantes empregados quando se usa alumina ou sílica
como fase fixa. A estrutura dos dois produtos está apresentada abaixo:

N SO3H

CH3 CH3
N S N
+
CH3 CI CH3
N N

Azul de Metileno
Alaranjado
CH3 N de metila
CH3
EXPERIÊNCIA 06

EXTRAÇÃO COM SOLVENTES REATIVOS

1- INTRODUÇÃO

O processo de extração com solventes é um método simples, empregado na


separação e isolamento de substâncias componentes de uma mistura, ou ainda na
remoção de impurezas solúveis indesejáveis. Este último processo é geralmente
denominado lavagem.
A técnica da extração envolve a separação de um composto, presente na forma
de uma solução ou suspensão em um determinado solvente, através da agitação com
um segundo solvente, no qual o composto orgânico seja mais solúvel e que seja pouco
miscível com o solvente que inicialmente contém a substância.
Quando as duas fases são líquidos imiscíveis, o método é conhecido como
"extração líquido-líquido". Neste tipo de extração o composto estará distribuído entre os
dois solventes. O sucesso da separação depende da diferença de solubilidade do
composto nos dois solventes. Geralmente, o composto a ser extraído é insolúvel ou
parcialmente solúvel num solvente, mas é muito solúvel no outro solvente.
A água é usada como um dos solventes na extração líquido-líquido, uma vez
que a maioria dos compostos orgânicos são imiscíveis em água e porque ela dissolve
compostos iônicos ou altamente polares. Os solventes mais comuns que são
compatíveis com a água na extração de compostos orgânicos são: éter etílico, éter
diisopropílico, benzeno, clorofórmio, tetracloreto de carbono, diclorometano e éter de
petróleo. Estes solventes são relativamente insolúveis em água e formam, portanto,
duas fases distintas. A seleção do solvente dependerá da solubilidade da substância a
ser extraída e da facilidade com que o solvente possa ser separado do soluto. Nas
extrações com água e um solvente orgânico, a fase da água é chamada "fase aquosa"
e a fase do solvente orgânico é chamada "fase orgânica".
Para uma extração líquido-líquido, o composto encontra-se dissolvido em um
solvente A e para extraí-lo, emprega-se um outro solvente B, e estes devem ser
imiscíveis. A e B são agitados e o composto então se distribui entre os dois solventes
de acordo com as respectivas solubilidades. A razão entre as concentrações do soluto
em cada solvente é denominada "coeficiente de distribuição ou de partição", (K).
Assim:
6- EXTRAÇÃO COM SOLVENTES REATIVOS
43

CA
K= (Equação 1)
CB

onde: CA = concentração do composto no solvente A (em g/mL);


CB = concentração do composto no solvente B (em g/mL).

De uma maneira geral, para deduzir a fórmula que expressa o processo de


extração, supõem-se que:

S = quantidade em gramas do soluto no solvente A;


VB = Volume de B (em mL);
VA = Volume de A (em mL);
X = quantidade, em gramas, do soluto extraído.

Assim, depois de uma extração, a concentração de S no solvente A será:

S−X
CA = (Equação 2)
VA
a concentração em B será:
X
CB = (Equação 3)
VB

Uma conseqüência da lei de distribuição é a sua importância prática ao se fazer


uma extração. Se um dado volume total VB do solvente for utilizado, pode-se mostrar
que é mais eficiente efetuar várias extrações sucessivas (isto é, partilhar o volume VB
em n frações), e a isto se denomina "extração múltipla", sendo mais eficiente do que
"extração simples".
Para o desenvolvimento da técnica de extração pode-se usar um solvente
extrator que reaja quimicamente com o composto a ser extraído. A técnica de extração
por solventes quimicamente ativos depende do uso de um reagente (solvente) que
reaja quimicamente com o composto a ser extraído. Está técnica geralmente é
empregada para remover pequenas quantidades de impurezas de um composto
orgânico ou para separar os componentes de uma mistura. Incluem-se, entre tais
solventes: soluções aquosas de hidróxido de sódio, bicarbonato de sódio, ácido
clorídrico, etc.
Pode-se empregar uma solução aquosa básica para remover um ácido orgânico
de sua solução em um solvente orgânico, ou para remover impurezas ácidas presentes
num sólido ou líquido insolúvel em água. Esta extração é baseada no fato de que o sal
sódico do ácido é solúvel em solução aquosa básica. Da mesma maneira, um
6- EXTRAÇÃO COM SOLVENTES REATIVOS
44

composto orgânico básico pode ser removido de sua solução em um solvente orgânico,
pelo tratamento com solução aquosa ácida.

Uma extração pode ser:


a) Descontínua: Consiste em agitar uma solução aquosa com um solvente orgânico
num funil de separação, a fim de extrair determinada substância. Agita-se o funil
cuidadosamente, inverte-se sua posição e abre-se a torneira, aliviando o excesso de
pressão. Fecha-se novamente a torneira, agita-se mais uma vez o funil e relaxa-se a
pressão interna, conforme Figura 1. Repete-se este procedimento algumas vezes.
Recoloca-se o funil de separação no suporte, para que a mistura fique em repouso.
Quando estiverem formadas duas camadas delineadas, deixa-se escorrer a camada
inferior (a de maior densidade) em um erlenmeyer (Figura 2). Repete-se a extração
usando uma nova porção do solvente extrator. Normalmente não são necessários mais
do que três extrações, mas o número exato dependerá do coeficiente de partição da
substância que está sendo extraída entre os dois líquidos.

Figura 1: Como agitar um funil de separação durante o processo de extração “líquido-liquído”.

Figura 2: Duas soluções de líquidos imiscíveis sendo separadas em um funil de separação.


b) Contínua: Quando o composto orgânico é mais solúvel em água do que no solvente
orgânico (isto é, quando o coeficiente de distribuição entre solvente orgânico e água é
6- EXTRAÇÃO COM SOLVENTES REATIVOS
45

pequeno), são necessárias grandes quantidades de solvente orgânico para se extrair


pequenas quantidades da substância. Isto pode ser evitado usando o extrator tipo
Soxhlet (Figura 3), aparelho comumente usado para extração contínua com um
solvente quente. Neste sistema apenas uma quantidade relativamente pequena de
solvente é necessária para uma extração eficiente.
A amostra deve ser colocada no cilindro poroso A (confeccionado) de papel filtro
resistente, e este, por sua vez, é inserido no tubo interno do aparelho Soxhlet B. O
aparelho é ajustado a um balão C (contendo um solvente como
n-hexano, éter de petróleo ou etanol) e a um condensador de
refluxo D.
A solução é levada à fervura branda. O vapor do solvente
sobe pelo tubo E, condensa no condensador D, o solvente
condensado cai no cilindro A e lentamente enche o corpo do
aparelho. Quando o solvente alcança o topo do tubo F, é
sifonado para dentro do balão C, transpondo assim, a
substância extraída para o cilindro A. O processo é repetido
automaticamente até que a extração se complete.
Após algumas horas de extração, o processo é interrompido
e a mistura do balão é destilada, recuperando-se o solvente.

Figura 3: Um extrator
tipo Soxhlet.

2- METODOLOGIA

Neste experimento será separada uma mistura de quatro compostos orgânicos:


naftaleno, β -naftol, ácido benzóico e p-nitroanilina, usando solventes reativos. A p-
nitroanilina pode ser removida da fase etérea por extração com uma solução aquosa
de ácido clorídrico, a qual converte a base no seu respectivo sal. O ácido benzóico
poderá ser extraído da fase etérea com adição de solução aquosa de bicarbonato de
sódio. O β -naftol, por ser menos ácido que o ácido benzóico, poderá ser extraído com
solução aquosa de hidróxido de sódio.
Através da técnica de extração contínua usando extrator tipo Soxhlet, o qual
permite o uso do solvente quente, extrair-se-á a clorofila de folhas verdes de uma
planta qualquer. O solvente extrator será o etanol.
6- EXTRAÇÃO COM SOLVENTES REATIVOS
46

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1- EXTRAÇÃO DESCONTÍNUA:


Pese 1 g de cada um dos seguintes compostos: naftaleno, β -naftol, ácido
benzóico e p-nitroanilina.
Junte os quatro compostos em um erlenmeyer e dissolva em 100 mL de éter
etílico. Transfira a solução etérea para um funil de separação e extraia com soluções
aquosas na ordem descrita abaixo, mantendo a solução etérea no funil (nota: durante o
processo de extração abra a torneira do funil de separação periodicamente, permitindo
a equiparação de pressão).

3.1.1- Extrair com HCl 10% (3x) usando porções de 30 mL. Combinar as frações
aquosas e neutralizar com NaOH (conc.). Recuperar o precipitado por filtração a vácuo.
Qual o composto isolado?
3.1.2- Extrair com NaHCO3 10% (3x) usando porções de 30 mL. Combinar as frações
aquosas e neutralizar, vagarosamente, com HCl concentrado e com agitação branda.
Recuperar o precipitado por filtração a vácuo. Que composto foi extraído?
3.1.3- Extrair com NaOH 10% (3x), com porções de 30 mL. Combinar as frações
aquosas, neutralizar com HCl concentrado. Recuperar o precipitado por filtração a
vácuo. Que composto foi extraído agora?
3.1.4- Lavar a solução etérea com H2O, transferir a fase orgânica para um erlenmeyer,
secar com Na2SO4, filtrar para um balão ou erlenmeyer e evaporar o éter em um
evaporador rotatório ou em banho-maria. Que composto foi recuperado na fase etérea?
3.1.5- Secar os produtos sólidos entre papéis de filtro e depois em dessecador a vácuo.
Pesar todos os compostos e calcular a porcentagem de material recuperado.
Determinar o ponto de fusão de cada sólido.

ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 4


COMPOSTO EXTRAÍDO
MASSA (g)
RENDIMENTO (%)
P.F. (°C)
3.2- EXTRAÇÃO CONTÍNUA:
Extração da clorofila através do extrator tipo Soxhlet: Siga as instruções
apresentadas na Figura 3. Coloque cerca de 10 g de folhas verdes no cilindro poroso
de papel filtro e insira-o no aparelho Soxhlet. Utilize cerca de 200 mL de solvente
(etanol, n-hexano, éter de petróleo) para a extração, refluxando por 2-3 horas. Em
6- EXTRAÇÃO COM SOLVENTES REATIVOS
47

seguida, interrompa o processo, retire todo o solvente por evaporação, seque o


material e pese a massa de extrato bruto obtida.

4- QUESTIONÁRIO

1- Forneça as equações das reações ocorridas nas etapas A, B e C da extração:


2- Qual o princípio básico do processo de extração com solventes?
3- Por quê a água é geralmente usada como um dos solventes na extração líquido-
líquido?
4- Quais as características de um bom solvente para que possa ser usado na extração
de um composto orgânico em uma solução aquosa?
5- Qual fase (superior ou inferior) será a orgânica se uma solução aquosa for tratada
com:
a) éter etílico b) clorofórmio c) acetona d) n-hexano e) benzeno
6- Pode-se usar etanol para extrair uma substância que se encontra dissolvida em
água? Justifique sua resposta:
7- Deseja-se separar um composto A a partir de 500 mL de uma solução aquosa
contendo 8,0 g de A. Utilizando-se éter etílico como solvente para a extração, quantos
gramas de A seriam extraídos:
a) Com uma única extração usando 150 mL de éter etílico?
b) Com 3 extrações sucessivas de 50 mL de éter etílico cada uma?
(Assuma que o coeficiente de distribuição éter etílico/água é igual a 3).
8- A solubilidade (a 25oC) do ácido m-hidroxibenzóico em água é de 0,0104g/mL e de
0,0908g/mL em éter.
a) estime o coeficiente de distribuição deste ácido em um sistema água/éter;
b) estime a massa de ácido extraído de 100 mL de sua solução aquosa saturada, por
uma única extração usando 100 mL de éter;
c) estime a massa de ácido extraído de 100 mL de sua solução aquosa saturada por
duas extrações sucessivas, empregando 50 mL de éter em cada uma;
d) calcule o número mínimo de extrações sucessivas, usando volumes totais iguais de
éter e solução aquosa, necessárias para remoção de 99% do ácido da solução aquosa.
9- A solubilidade do 2,4-dinitrofenol a 25oC é de 0,0068g/mL em água, e de 0,66g/mL
em éter. Qual é o número mínimo de extrações necessárias, usando volumes totais
iguais de éter e solução aquosa, para remover 95% do composto de sua solução
aquosa?
6- EXTRAÇÃO COM SOLVENTES REATIVOS
48

10- Esquematize uma sequência plausível de separação, usando extração líquido-


líquido, de uma mistura equimolar composta de N,N-dietilanilina (solubilidade em água
0,016g/mL, muito solúvel em éter), acetofenona (insolúvel em água, solúvel em éter) e
2,4,6-triclorofenol (solubilidade em água de 0,0008g/mL, muito solúvel em éter).
11- Como funciona um extrator do tipo Soxhlet?

SECANTES SÓLIDOS
AGENTE SECANTE REATIVIDADE FORMA HIDRATADA EMPREGO
Sulfato de magnésio neutro MgSO4 . 7 H2O geral
Sulfato de sódio neutro Na2SO4 . 7 H2O geral
Na2SO4 . 10 H2O
Cloreto de cálcio neutro CaCl2 . 2 H2O hidrocarbonetos
CaCl2 . 6 H2O haletos
Sulfato de cálcio neutro CaSO4 . 1/2 H2O geral
CaSO4 . 2 H2O
Carbonato de potássio básico K2CO3 . 1/2 H2O aminas, ésteres,
bases e cetonas
Hidróxido de potássio básico KOH . n H2O aminas
EXPERIÊNCIA 07

SEPARAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS


COMPONENTES DA PANACETINA

1- INTRODUÇÃO

A maior parte dos produtos naturais e muitas preparações comerciais são


misturas de diferentes compostos químicos.
Para se obter um composto puro de uma mistura, utiliza-se geralmente as
diferenças de suas propriedades físicas e químicas. Líquidos com pontos de ebulição
diferentes são separados por destilação. Substâncias que possuem grandes diferenças
de solubilidade podem ser separadas por extração ou por filtração. Compostos que
apresentam propriedades ácidas ou básicas são convertidos em seus sais, os quais
são solúveis em água e podem ser isolados dos outros compostos insolúveis em água,
pela técnica de extração.
Neste experimento, você separará os componentes de uma preparação
farmacêutica simulada, a "PANACETINA", usando a técnica de extração por solventes
quimicamente reativos que se baseia nas propriedades de acidez, basicidade e
solubilidade dos componentes que serão extraídos.
Nenhuma separação é perfeita, traços de impurezas quase sempre
permanecem no composto que foi separado da mistura. Portanto, algum tipo de
purificação se faz necessário para a remoção das impurezas. Sólidos são purificados
por técnicas de recristalização, cromatografia ou sublimação. Após o composto ter sido
purificado pode-se determinar o grau de sua pureza e sua estrutura, utilizando-se
técnicas sofisticadas como ressonância magnética nuclear (RMN), infravermelho (IV) e
espectrometria de massa (EM). Contudo, uma simples determinação do ponto de fusão
pode ajudar muito na identificação do composto.
A "PANACETINA" contém ácido acetilsalicílico (aspirina), sacarose e uma droga
desconhecida que pode ser acetanilida ou fenacetina. Estes compostos têm as
seguintes características de solubilidade:
1- A sacarose é solúvel em água e insolúvel em diclorometano (CH2Cl2);
2- O ácido acetilsalicílico é solúvel em diclorometano e relativamente insolúvel em
água. O hidróxido de sódio converte o ácido no correspondente sal, que é
solúvel em água;
3- A acetanilida e a fenacetina são solúveis em diclorometano e insolúveis em
água, sendo que estas não são convertidas em sais por hidróxido de sódio.
7- SEPARAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS COMPONENTES DA PANACETINA
50

2- METODOLOGIA

Misturando a "PANACETINA" com cloreto de metileno dissolve-se o ácido


acetilsalicílico e o composto desconhecido, mas a sacarose será um sólido insolúvel
que pode ser separado por filtração. O ácido acetilsalicílico pode ser removido da
solução por extração com uma solução aquosa de hidróxido de sódio, a qual converte
o ácido no seu respectivo sal, o acetilsalicilato de sódio. O sal ficará retido na camada
aquosa, enquanto o composto desconhecido ficará retido na camada orgânica. Após a
separação das fases, o ácido poderá ser precipitado a partir da camada aquosa, com
adição de ácido clorídrico concentrado e separado por filtração. O composto
desconhecido pode ser isolado por evaporação do solvente remanescente em solução.

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1- SEPARAÇÃO DA SACAROSE:


Pese exatamente 3,0 g de Panacetina e coloque num erlenmeyer de 125 mL.
Adicione 50 mL de CH2Cl2 e agite a mistura usando bastão de vidro para dissolver o
sólido tanto quanto possível. Filtre esta amostra num papel de filtro previamente
pesado, lave com um mínimo de CH2Cl2, seque sua amostra e determine o peso
novamente para calcular a quantia exata de sacarose na amostra.

3.2- SEPARAÇÃO DA ASPIRINA:


Coloque o filtrado num funil de separação e extraia duas vezes com 25 mL de
NaOH 20% (CH2Cl2 é o líquido de maior densidade). Adicione 10 mL de HCl 6M,
lentamente e com agitação, aos extratos aquosos combinados. Teste o pH com papel
tornassol, para ter certeza que a solução está ácida (pH = 2 ou menor). Resfrie a
mistura num banho de gelo e filtre a vácuo usando um papel filtro previamente pesado.
Lave o precipitado com uma pequena quantidade de água destilada gelada, seque e
determine a quantidade de aspirina na sua amostra.

3.3- SEPARAÇÃO E PURIFICAÇÃO DA DROGA DESCONHECIDA:


Seque a fase orgânica com Na2SO4, filtre com papel filtro pregueado e evapore o
CH2Cl2 usando placa de aquecimento ou rotaevaporador. Determine a massa da
substância desconhecida. Recristalize o composto desconhecido com uma quantidade
suficiente de água para dissolvê-lo. Filtre a solução a quente usando papel filtro
pregueado e deixe a solução esfriar a temperatura ambiente. Seque o produto e
identifique a droga desconhecida, determinando o seu ponto de fusão.
7- SEPARAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS COMPONENTES DA PANACETINA
51

4- QUESTIONÁRIO

1- Escreva as fórmulas químicas dos seguintes compostos:


a) sacarose;
b) aspirina (ácido acetilsalicílico);
c) acetanilida;
d) acetaminofen (p-hidroxiacetanilida);
e) fenacetina (p-etoxiacetanilida);
f) paracetamol.
2- Sugira um mecanismo para todas as reações ácido-base envolvidas na separação
da panacetina:
3- Porque a solução contendo o salicilato de sódio aquece quando HCl é adicionado?
4- Porque é importante resfriar a mistura acidificada antes de filtrar a aspirina?
5- Qual é a amina mais básica: p-nitroanilina ou p-toluidina? Justifique:
6- Coloque em ordem de acidez os seguintes compostos: ácido p-aminobenzóico,
ácido p-nitrobenzóico e ácido benzóico:
7- Sugira uma rota para a separação dos seguintes compostos: p-nitroanilina, cloreto
de sódio, o-cresol e naftaleno.
8- O acetaminofen é um ácido mais fraco que a aspirina mas mais forte que a água.
Com base nesta informação, sugira um procedimento para a separação de uma
mistura contendo sacarose, aspirina e acetaminofen.
9- Existe o perigo do desenvolvimento da Síndrome de Reye em usuários da
panacetina?
EXPERIÊNCIA 08

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA ACETONA

1- INTRODUÇÃO

O produto formado a partir da oxidação de álcoois depende do agente oxidante


empregado e da natureza do álcool de partida (álcool primário, secundário ou terciário).
Álcoois primários, por oxidação controlada, produzem aldeídos. A oxidação é
feita com uma solução de dicromato de potássio (K2Cr2O7) em água e meio ácido. Uma
vez que aldeídos são facilmente oxidados aos ácidos carboxílicos correspondentes,
deve-se remover o mais rápido possível o aldeído que vai sendo formado, através de
uma destilação.
O
H+
RCH2OH + Cr2O72- + Cr 3+
R H
Álcool primário Aldeído

Uma oxidação mais energética utilizando uma solução aquosa de permanganato


de potássio com aquecimento e meio ácido produz o ácido carboxílico correspondente.

H+
RCH2OH + KMnO4 RCOO- K+ + MnO2 + KOH

Álcool primário Sal do Ácido (precipitado


Carboxílico marrom)

H+
RCOOH

Os álcoois secundários sofrem oxidação, produzindo cetonas. Como agente


oxidante normalmente se utiliza uma solução de K2Cr2O7 + H2SO4 (mistura
sulfocrômica). Pode-se utilizar, alternativamente, CrO3 em ácido acético glacial, CrO3
em piridina ou ainda uma solução de KMnO4 a quente.

OH O
H2SO4
R C R1 + K2Cr2O7 + Cr 3+ + H2O
R R1
H

Álcool Secundário Cetona (cor verde)


8- SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA ACETONA
53

Os álcoois terciários não se oxidam em condições alcalinas ou em presença de


ácido. Estes álcoois são rapidamente desidratados formando alcenos, e estes então
são oxidados.

2- METODOLOGIA

A acetona será preparada a partir do álcool isopropílico, através de uma reação


de oxidação. Esta reação poderá ser observada pela mudança de coloração, onde o
dicromato de potássio (K2Cr2O7) é alaranjado e se reduz a Cr 3+, de coloração verde.

OH O

H3C CH3 Na2Cr2O7 H3C CH3


H2SO4
isopropanol acetona

Sendo a acetona um solvente volátil, o refluxo dificulta a saída de seus vapores,


à medida que esta é sintetizada (Figura 1).
A purificação de líquidos, como é o caso da propanona, pode ser feita através da
destilação fracionada, observando-se a temperatura de ebulição deste solvente (56°C).

Figura 1: Aparelhagem para reação sob refluxo.


8- SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA ACETONA
54

As reações de caracterização de cetonas geralmente são baseadas na formação


de um derivado, a partir da reação de condensação com aminas substituídas. As
reações ocorrem entre o grupo carbonila e o grupo -NH2 da amina substituída (serve
também para identificar aldeídos). O nucleófilo, que nesta experiência será a 2,4-
dinitrofenilidrazina 1, ataca o carbono carbonílico em 2, formando compostos cristalinos
(3) de ponto de fusão bem definidos e, portanto, úteis para a identificação e
caracterização.

O2N NO2 O2N NO2


O -H2O
+ H2N R N
R R1 N N
H R1 H
2 1 3

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1- SÍNTESE DA ACETONA:


Em um balão de 3 bocas de 500 mL, coloque 7,5 g de álcool isopropílico e 30
mL de água. Adapte um funil de adição em uma das bocas do balão, e na outra um
condensador ascendente. Coloque alguns fragmentos de porcelana porosa no interior
do balão.
Paralelamente, em um béquer, prepare uma solução oxidante dissolvendo 14,5
g de K2Cr2O7 em 75 mL de água, sobre a qual são adicionados, cautelosamente e
vagarosamente, 22,5 g de H2SO4 concentrado. Resfrie a solução e transfira-a para o
funil de adição adaptado ao balão.
Adicione lentamente a mistura oxidante ao álcool contido no balão, de tal forma
que se mantenha a ebulição no balão sem que haja destilação. Quando toda a mistura
oxidante tiver sido adicionada, remova o funil de adição e tampe esta boca do balão
(cuidado ao trabalhar com a solução sulfocrômica. Evite o contato com a pele, pois
pode provocar queimaduras). Refluxe suavemente por 15 minutos.

3.2- SEPARAÇÃO E PURIFICAÇÃO DA ACETONA:


Monte um aparelho de destilação simples e destile vagarosamente, recolhendo
todo produto até uma temperatura de 90°C. Despreze o resíduo do balão de destilação.
Receba o destilado na proveta imersa em cuba de água gelada para evitar perdas de
acetona por evaporação.
8- SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA ACETONA
55

Transfira o destilado contendo acetona para um balão de destilação de fundo


redondo de 50 mL e adapte uma coluna de destilação para o fracionamento. Coloque
fragmentos de porcelana porosa no balão e destile, vagarosamente, recolhendo o
destilado em água gelada. O ponto de ebulição da acetona é 56oC.

3.3- TESTE DE CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO CARBONILA:


Dissolva 1 mL do composto carbonilado em 5 mL de etanol e adicione 1 mL de
uma solução alcoólica de 2,4-dinitrofenilidrazina. Se não se formar um precipitado
imediatamente, dilua com um pouco de água. Colete o derivado e proceda à
recristalização. Determine o seu ponto de fusão.

4- QUESTIONÁRIO

1- Quais os produtos formados na reação de oxidação com K2Cr2O7/H+ dos seguintes


compostos:
a) 1-propanol b) 2-pentanol c) 1,4-hexanodiol d) ácido 4-hidroxioctanóico
2- Na oxidação de um álcool primário à aldeído, por quê o produto formado deve ser
removido da reação por destilação?
3- Justifique o fato de que a oxidação de álcoois secundários resulta em melhores
rendimentos do que a oxidação de álcoois primários:
4- Escreva as equações balanceadas para a oxidação do formaldeído e propionaldeído
com KMnO4, em solução neutra e em solução ácida:
5- Desenhe os aparelhos utilizados nesta experiência para:
a) a síntese da acetona (qual a função do funil de adição?);
b) refluxo (explique seu funcionamento).
6- O que é um derivado? O que se pretende nesta experiência com a formação do
derivado?
7- Qual o objetivo de se determinar o ponto de fusão do derivado de 2,4-
dinitrofenilidrazina, nesta experiência?
8- Nesta experiência, qual o objetivo de se fazer uma destilação simples e depois uma
destilação fracionada?
9- Além da oxidação de álcoois secundários, escreva outros dois métodos para a
preparação de cetonas:
10- Porque a indústria emprega a técnica de desidrogenação catalítica na oxidação de
álcoois primários e secundários?
EXPERIÊNCIA No 09

OXIDAÇÃO DO CICLOEXANOL:
SÍNTESE DA CICLOEXANONA

1- INTRODUÇÃO

O produto formado a partir da oxidação de álcoois depende do agente oxidante


empregado e da natureza do álcool de partida (álcool primário, secundário ou terciário).
Álcoois primários, por oxidação controlada, produzem aldeídos. A oxidação é
feita com uma solução de dicromato de potássio (K2Cr2O7) em água e meio ácido. Uma
vez que aldeídos são facilmente oxidados aos ácidos carboxílicos correspondentes,
deve-se remover o mais rápido possível o aldeído que vai sendo formado, através de
uma destilação.
O
H+
RCH2OH + Cr2O72- + Cr 3+
R H
Álcool primário Aldeído

Uma oxidação mais energética utilizando uma solução aquosa de permanganato


de potássio com aquecimento e meio ácido produz o ácido carboxílico correspondente.

H+
RCH2OH + KMnO4 RCOO- K+ + MnO2 + KOH

Álcool primário Sal do Ácido (precipitado


Carboxílico marrom)

H+
RCOOH

Os álcoois secundários sofrem oxidação, produzindo cetonas. Como agente


oxidante normalmente se utiliza uma solução de K2Cr2O7 + H2SO4 (mistura
sulfocrômica). Pode-se utilizar, alternativamente, CrO3 em ácido acético glacial; CrO3
em piridina ou ainda uma solução de KMnO4 a quente.

OH O
H2SO4
R C R1 + K2Cr2O7 + Cr 3+ + H2O
R R1
H

Álcool Secundário Cetona (cor verde)


9- OXIDAÇÃO DO CICLOEXANOL: SÍNTESE DA CICLOEXANONA
57

Os álcoois terciários não se oxidam em condições alcalinas ou em presença de


ácido. Estes álcoois são rapidamente desidratados formando alcenos, e estes então
são oxidados.

2- METODOLOGIA

A cicloexanona será preparada a partir do cicloexanol, através de uma reação


de oxidação. Esta reação poderá ser observada pela mudança de coloração, onde o
dicromato de potássio (K2Cr2O7) é alaranjado e se reduz a Cr+3, de coloração verde.

OH O

Na2Cr2O7
H2SO4

cicloexanol cicloexanona

Sendo a cicloexanona um líquido relativamente volátil, o refluxo dificulta a saída


de seus vapores, à medida que esta é sintetizada (Figura 1). A purificação da
cicloexanona será feita utilizando a técnica de extração líquido-líquido.

Figura 1: Aparelhagem para reação sob refluxo.


9- OXIDAÇÃO DO CICLOEXANOL: SÍNTESE DA CICLOEXANONA
58

As reações de caracterização de cetonas geralmente são baseadas na formação


de um derivado, a partir da reação de condensação com aminas substituídas. As
reações ocorrem entre o grupo carbonila e o grupo -NH2 da amina substituída (serve
também para identificar aldeídos). O nucleófilo, que nesta experiência será a 2,4-
dinitrofenilidrazina 1, ataca o carbono carbonílico em 2, formando compostos cristalinos
(3) de ponto de fusão bem definidos e, portanto, úteis para a identificação e
caracterização.

O2N NO2 O2N NO2


O -H2O
+ H2N R N
R R1 N N
H R1 H
2 1 3

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1- SÍNTESE DA CICLOEXANONA:


3.1.1- REAÇÃO COM DICROMATO DE SÓDIO: Coloque cerca de 30 g de gelo
picado em um béquer de 125 mL e adicione 7,5 mL de ácido sulfúrico concentrado. A
essa mistura, adicione 10 g de cicloexanol. Mantenha essa mistura em banho de gelo.
Em um frasco à parte, dissolva 12 g de dicromato de sódio em 8 mL de água
destilada. Retire a mistura cicloexanol-ácido do banho de gelo e mergulhe um
termômetro para monitorar a temperatura durante a reação. Com a ajuda de uma
proveta ou de uma pipeta graduada, adicione aproximadamente 1 mL da solução de
dicromato de sódio à mistura cicloexanol-ácido. A solução fica amarela e em pouco
tempo fica verde. Nesta etapa, a temperatura deve ser mantida à 30oC (não deve
ultrapassar 35oC, pois pode ocorrer oxidação da porção de hidrocarboneto do
cicloexanol, formando assim sub-produtos e diminuindo o rendimento final). Resfrie a
mistura reacional em banho de gelo, antes de adicionar uma outra porção de solução
aquosa de dicromato de sódio. A adição de mais solução de dicromato deve ser feita
com agitação do meio reacional e sempre que a solução ficar verde. Continue a adição
e o resfriamento até que reste aproximadamente 3 mL de solução de dicromato de
sódio. Adicione então, de uma única vez, os 3 mL finais de solução de dicromato de
sódio. Agite a mistura e deixe a temperatura subir até cerca de 50oC. Quando a
temperatura retornar espontaneamente a 35oC, adicione com cuidado, 2 g de ácido
oxálico, sob agitação constante para destruir o excesso de dicromato de sódio. O
9- OXIDAÇÃO DO CICLOEXANOL: SÍNTESE DA CICLOEXANONA
59

tempo estimado entre o início da adição de dicromato de sódio e a adição de ácido


oxálico é de 45 minutos.
Transfira o meio reacional para um funil de separação de 250 mL e efetue duas
extrações consecutivas com 100 mL de diclorometano. Separe a fase orgânica da fase
aquosa e seque-a com sulfato de sódio anidro ou cloreto de cálcio. Filtre e transfira o
conteúdo para um balão de 500 mL. Evapore o solvente em um rotaevaporador até o
momento em que não for mais observada a condensação dos vapores de
diclorometano, na serpentina d’água. Calcule o rendimento da reação.

3.1.2- REAÇÃO COM ÁGUA SANITÁRIA: A um balão de 3 bocas de 500 mL são


conectados um condensador, um funil de adição e uma tampa esmerilhada. Adicione
ao balão de três bocas 8,0 mL de cicloexanol e 4,0 mL de ácido acético glacial. Ao funil
de adição são transferidos 130 mL de solução 0,74 M de hipoclorito de sódio (água
sanitária comercial).

OH O

NaOCI
+ H2O + NaCI
AcOH

Inicie a adição de hipoclorito de sódio sobre a mistura cicloexanol-ácido acético,


cuidadosamente, por um período de 20-25 minutos. Ajuste a velocidade de adição de
tal forma que a temperatura da reação seja mantida entre 40-50 oC (monitorada através
da imersão de um termômetro diretamente na reação). Esfrie a reação com o auxílio de
um banho de gelo-água se a temperatura exceder 45 oC, mas não permita que a
temperatura chegue abaixo de 40oC, o que deve causar uma diminuição no
rendimento. Agite o sistema ocasionalmente enquanto a adição ocorre, permitindo uma
melhor homogeneização do sistema.
Após a adição completa da solução de hipoclorito, deixe a reação em repouso
por 15-20 minutos, agitando ocasionalmente. Em seguida, adicione 2-3 mL de uma
solução saturada de bissulfito de sódio, agite a mistura e transfira-a para um funil de
separação. Proceda a extrações com diclorometano (2X20 mL), junte os extratos
orgânicos e lave cuidadosamente com uma solução saturada de NaHCO3 (2X20 mL).
Seque a fase orgânica com carbonato de potássio anidro (ou sulfato de sódio anidro),
filtre diretamente para um balão e retire o solvente (evaporador rotativo). Transfira o
material obtido para um balão menor e proceda à uma destilação fracionada para a
purificação da cicloexanona. Calcule o rendimento da reação.
9- OXIDAÇÃO DO CICLOEXANOL: SÍNTESE DA CICLOEXANONA
60

Opcionalmente, o tratamento da reação pode ser efetuado através de uma


destilação por arraste a vapor. Após a etapa de adição de uma solução saturada de
bissulfito de sódio, adicione sobre a reação cerca de 25 mL de NaOH 6 M, destile por
arraste a vapor e colete cerca de 40-50 mL de destilado. Adicione 5 g de NaCI ao
destilado, transfira a mistura para um funil de separação e separe as fases. Seque a
fase orgânica com carbonato de potássio anidro (ou sulfato de sódio anidro), filtre o
produto de reação para um frasco previamente tarado e calcule o rendimento.

REFERÊNCIAS:
1-) Mohrig, J. R.; Hammond, C. N.; Morrill, T. C.; Neckers, D. C. Experimental Organic
Chemistry; W. H. Freeman and Company; New York; 1998.
2-) Mohrig, J. R.; Neinhuis, D. M.; Linck, C. F.; Van Zoeren, C.; Fox, B. G.; Mahaffy, P.
G. J. Chem. Educ. 1985, 62, 519.
3-) Perkins, R. A.; Chau, F. J. Chem. Educ. 1982, 59, 981.

3.2- TESTES DE IDENTIFICAÇÃO:


3.2.1- REAÇÃO COM 2,4-DINITROFENILIDRAZINA: Adicione cerca de 5 gotas
da amostra de uma cetona em um tubo de ensaio. Em seguida, adicione de 3 a 5 gotas
de solução alcoólica de 2,4-dinitrofenilidrazina. Agite e observe o que aconteceu.
Repita o procedimento com uma amostra de aldeído e com a cicloexanona preparada
pela sua equipe.

3.2.2- REAGENTES DE TOLLENS (TOLLENS A E TOLLENS B): O reagente de


Tollens deve ser preparado no instante em que for utilizado. Para preparar o reagente,
misture em um tubo de ensaio cerca de 0,5 mL da solução de Tollens A com 0,5 mL da
solução de Tollens B. Nesta etapa deverá ocorrer a formação de um precipitado preto.
Adicione, em seguida, uma solução a 10% de amônia, o suficiente para dissolver o
precipitado. No mesmo tubo, adicione cerca de 3 a 5 gotas da amostra da cetona e
agite bem.

3.2.3- ENSAIO DE BISSULFITO: Adicione 0,5 mL de cetona a 3,5 mL de solução de


bissulfito (preparada a partir da adição de 1,5 mL de etanol a 2 mL de uma solução
aquosa saturada de NaHSO3, seguido de algumas gotas de água destilada até
desaparecer a turvação). O derivado bissulfítico da cicloexanona forma-se como um
sólido cristalino, insolúvel no meio reacional.
9- OXIDAÇÃO DO CICLOEXANOL: SÍNTESE DA CICLOEXANONA
61

4- QUESTIONÁRIO

1- Quais os produtos formados na reação de oxidação com K2Cr2O7/H+ dos seguintes


compostos:
a) 1-propanol b) 2-pentanol c) 1,4-hexanodiol d) ácido 4-hidroxioctanóico
2- Na oxidação de um álcool primário à aldeído, por quê o produto formado deve ser
removido da reação por destilação?
3- Justifique o fato de que a oxidação de álcoois secundários resulta em melhores
rendimentos do que a oxidação de álcoois primários:
4- Além da oxidação de álcoois secundários, indique outros métodos para a
preparação de cetonas:
5- Sugira um mecanismo para a oxidação de um álcool secundário, utilizando-se
Na2Cr2O7/H2SO4 como oxidante:
6- Pode um aldeído, tal como o acetaldeído, ser usado para destruir o excesso de
dicromato? Discuta as vantagens e desvantagens:
7- O que é um derivado? O que se pretende nesta experiência com a formação do
derivado?
8- Forneça o produto da reação entre a cicloexanona e NaHSO3 (o derivado de
bissulfito):
9- Água sanitária é uma solução contendo hipoclorito de sódio, hidróxido de sódio,
cloreto de sódio e cloro gasoso (Equação 1). A adição de ácido acético promove a
formação de ácido hipocloroso e acetato de sódio (Equação 2). Na oxidação de álcoois
utilizando água sanitária e ácido acético, o agente oxidante é o íon CI +, gerado a partir
de NaOCl, HOCI ou CI2. Sugira um mecanismo para a oxidação do cicloexanol
(formando cicloexanona), a partir da redução do íon CI+ (gerando CI-):

CI2 + 2 NaOH NaOCl + NaCI + H2O (1)

NaOCI + CH3COOH HOCI + CH3COO- Na+ (2)

10- Porque a indústria emprega a técnica de desidrogenação catalítica na oxidação de


álcoois primários e secundários?
11- Explique o mecanismo de ação do bafômetro:
EXPERIÊNCIA 10

DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR:


EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE CRAVO

1- INTRODUÇÃO

As essências ou aromas das plantas devem-se principalmente aos óleos


essenciais. Os óleos essenciais são usados, principalmente por seus aromas
agradáveis, em perfumes, incenso, temperos e como agentes flavorizantes em
alimentos. Alguns óleos essenciais são também conhecidos por sua ação
antibacteriana e antifúngica. Outros são usados na medicina, como a cânfora e o
eucalipto. Além dos ésteres, os óleos essenciais são compostos por uma mistura
complexa de hidrocarbonetos, álcoois e compostos carbonílicos, geralmente
pertencentes a um grupo de produtos naturais chamados terpenos. Muitos
componentes dos óleos essenciais são substâncias de alto ponto de ebulição e podem
ser isolados através de destilação por arraste a vapor.
A destilação por arraste de vapor é uma destilação de misturas imiscíveis de
compostos orgânicos e água (vapor). Misturas imiscíveis não se comportam como
soluções. Os componentes de uma mistura imiscível "fervem" a temperaturas menores
do que os pontos de ebulição dos componentes individuais. Assim, uma mistura de
compostos de alto ponto de ebulição e água pode ser destilada à temperatura menor
que 100°C, que é o ponto de ebulição da água.
O princípio da destilação à vapor baseia-se no fato de que a pressão total de
vapor de uma mistura de líquidos imiscíveis é igual a soma da pressão de vapor dos
componentes puros individuais. A pressão total de vapor da mistura torna-se igual a
pressão atmosférica, e a mistura ferve numa temperatura menor que o ponto de
ebulição de qualquer um dos componentes.

Para dois líquidos imiscíveis A e B:

Ptotal = PoA + PoB

onde PoA e PoB são as pressões de vapor dos componentes puros.


Note que este comportamento é diferente daquele observado para líquidos
miscíveis, onde a pressão total de vapor é a soma das pressões de vapor parciais dos
componentes.
10- DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR: EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE CRAVO
63

Para dois líquidos miscíveis A e B:

Ptotal= XA PoA + XB PoB

onde XAPoA e XBPoB correspondem às pressões parciais de vapor.

A destilação por arraste a vapor pode ser utilizada nos seguintes casos:
1. Quando se deseja separar ou purificar uma substância cujo ponto de ebulição é
alto e/ou apresente risco de decomposição;
2. Para separar ou purificar substâncias contaminadas com impurezas resinosas;
3. Para retirar solventes com elevado ponto de ebulição, quando em solução existe
uma substância não volátil;
4. Para separar substâncias pouco miscíveis em água cuja pressão de vapor seja
próxima a da água a 100°C.

2- METODOLOGIA

Neste experimento será isolado o eugenol (4-alil-2-metoxifenol, 1) do óleo de


cravo (Eugenia caryophyllata), pela técnica de destilação por arraste a vapor. Uma vez
obtido o eugenol, deve-se separá-lo da solução aquosa através de extrações com
diclorometano. Traços de água presentes no solvente deverão ser retirados com a
ajuda de um sal dessecante (sulfato de sódio anidro). Como é difícil purificar o
composto original ou caracterizá-lo através de suas propriedades físicas, pode-se
convertê-lo em um derivado. Este derivado será obtido através da reação do eugenol
com cloreto de benzoíla. O produto formado é o benzoato de eugenila 2, um composto
cristalino com ponto de fusão bem definido.

CH3O CH3O
PhCOCl
NaOH
HO O

1 O 2
10- DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR: EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE CRAVO
64

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1- EXTRAÇÃO DO EUGENOL:


Monte a aparelhagem conforme a Figura 1. O frasco coletor, de 125 mL pode
ser um erlenmeyer e a fonte de calor uma manta elétrica.
Coloque 10 g de cravos num balão de três bocas e adicione 150 mL de água.
Inicie o aquecimento de modo a ter uma velocidade de destilação lenta, mas constante.
Durante a destilação continue a adicionar água através do funil de separação, numa
velocidade que mantenha o nível original de água no frasco de destilação. Continue a
destilação até coletar 100 mL do destilado. Tire a água do funil de separação e coloque
o destilado nele. Extraia o destilado com duas porções de cloreto de metileno (10 mL).
Separe as camadas e despreze a fase aquosa. Seque a fase orgânica com sulfato de
sódio anidro. Filtre a mistura em papel pregueado (diretamente em um balão de fundo
redondo previamente tarado), lave com uma pequena porção de CH2Cl2 e em seguida
retire o solvente no evaporador rotativo.
Opcionalmente, após a filtração concentre a mistura (utilizando um banho de
vapor na capela), transfira o líquido restante para um tubo de ensaio previamente
tarado e concentre o conteúdo novamente por evaporação em banho-maria até que
somente um resíduo oleoso permaneça. Seque o tubo de ensaio e pese. Calcule a
porcentagem de extração de óleo, baseado na quantidade original de cravo usada.

Figura 1: Destilação por arraste a vapor.


10- DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR: EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE CRAVO
65

3.2- PREPARAÇÃO DE UM DERIVADO:


Coloque cerca de 0,2 mL de eugenol bruto num tubo de ensaio pequeno e
adicione 1 mL de água. Adicione algumas gotas de uma solução 1 M de hidróxido de
sódio até que o óleo seja dissolvido. A solução final pode ser turva, mas não deverá
conter gotas grandes de óleo. Adicione cuidadosamente 0,1 mL (3 a 4 gotas) de cloreto
de benzoíla. Excesso de cloreto de benzoíla deverá ser evitado, uma vez que este
impede a cristalização do produto final. Aqueça a mistura em banho-maria durante 5 a
10 minutos. Esfrie a mistura e atrite o interior do tubo de ensaio com um bastão de
vidro, até que a mistura se solidifique. Caso isto não aconteça, esfrie a mistura num
banho de gelo. Caso ainda não haja solidificação, decante a fase aquosa. Adicione
algumas gotas de metanol ao óleo e continue a atritar com o bastão de vidro o interior
do tubo, imerso em banho de gelo. Colete o sólido num funil de Hirsch e lave com um
pequeno volume de água gelada.
Recristalize o sólido com uma quantidade mínima de metanol. Caso um óleo se
separe da solução, reaqueça a mesma e esfrie mais lentamente, com atrito no interior
do recipiente. Colete os cristais num funil de Hirsch. Seque os cristais e determine o
ponto de fusão. O ponto de fusão do benzoato de eugenol é 70°C.

4- QUESTIONÁRIO

1- Apresente a reação entre o eugenol e NaOH e escreva estruturas de ressonância


que mostrem como o ânion do eugenol é estabilizado:
2- Qual a função dos agentes dessecantes? Cite exemplos:
3- Quais métodos poderiam ser utilizados para uma purificação do eugenol, a partir do
óleo de cravo? (eugenol: P.F. = -11oC; P.E. = 254oC)?
4- Escreva o mecanismo de decomposição do cloreto de benzoíla em H2O:
5- Qual o produto formado na reação de um cloreto de ácido (RCOCl) com:
a) H2O b) NH3 c) R’COOH d) R’OH
6- Apresente o mecanismo de reação entre o eugenol e cloreto de benzoíla:
7- Que outro reagente poderia ser utilizado no lugar do cloreto de benzoíla, visando a
preparação do benzoato de eugenol?
8- Como pode ser realizada a caracterização do eugenol?
9- Discuta a pureza do derivado (benzoato de eugenol), a partir da medida de seu
ponto de fusão. Como este composto poderia ser melhor purificado?
10- Calcule o rendimento da extração (porcentagem em massa do óleo de cravo
isolado) e discuta os seus resultados:
10- DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR: EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE CRAVO
66

11- Além do eugenol (1), o óleo do cravo contém o carofileno (3) e outros terpenos, em
pequenas quantidades. Explique o que acontece com estes compostos quando o
eugenol é isolado do cravo pelo seu procedimento experimental:

CH3
CH3O CH3
CH3

HO
1 3

12- Cite outros exemplos de compostos orgânicos (aromáticos ou não) que podem ser
extraídos de fontes naturais, tais como: anis estrelado, noz moscada, pimenta, hortelã,
guaraná e sassafrás:
13- Cite um método de extração e de dosagem para óleos essenciais. Explique:
14- Em caso de incêndio em um laboratório de Química, quais os procedimentos
básicos?

SAIBA MAIS SOBRE O OLFATO!


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EXPERIÊNCIA 11

DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR:


EXTRAÇÃO DO CINAMALDEÍDO DA CANELA

1- INTRODUÇÃO

As essências ou aromas das plantas devem-se principalmente aos óleos


essenciais. Os óleos essenciais são usados, principalmente por seus aromas
agradáveis, em perfumes, incenso, temperos e como agentes flavorizantes em
alimentos. Alguns óleos essenciais são também conhecidos por sua ação
antibacteriana e antifúngica. Outros são usados na medicina, como a cânfora e o
eucalipto. Além dos ésteres, os óleos essenciais são compostos por uma mistura
complexa de hidrocarbonetos, álcoois e compostos carbonílicos, geralmente
pertencentes a um grupo de produtos naturais chamados terpenos. Muitos
componentes dos óleos essenciais são substâncias de alto ponto de ebulição e podem
ser isolados através de destilação por arraste a vapor.
A destilação por arraste de vapor é uma destilação de misturas imiscíveis de
compostos orgânicos e água (vapor). Misturas imiscíveis não se comportam como
soluções. Os componentes de uma mistura imiscível "fervem" a temperaturas menores
do que os pontos de ebulição dos componentes individuais. Assim, uma mistura de
compostos de alto ponto de ebulição e água pode ser destilada à temperatura menor
que 100°C, que é o ponto de ebulição da água.
O princípio da destilação à vapor baseia-se no fato de que a pressão total de
vapor de uma mistura de líquidos imiscíveis é igual a soma da pressão de vapor dos
componentes puros individuais. A pressão total de vapor da mistura torna-se igual a
pressão atmosférica, e a mistura ferve numa temperatura menor que o ponto de
ebulição de qualquer um dos componentes.

Para dois líquidos imiscíveis A e B:

Ptotal = PoA + PoB

onde PoA e PoB são as pressões de vapor dos componentes puros.


Note que este comportamento é diferente daquele observado para líquidos
miscíveis, onde a pressão total de vapor é a soma das pressões de vapor parciais dos
componentes.
11- DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR: EXTRAÇÃO DO CINAMALDEÍDO DA CANELA
68

Para dois líquidos miscíveis A e B:

Ptotal= XA PoA + XB PoB

onde XAPoA e XBPoB correspondem às pressões parciais de vapor.

A destilação por arraste a vapor pode ser utilizada nos seguintes casos:
1. Quando se deseja separar ou purificar uma substância cujo ponto de ebulição é
alto e/ou apresente risco de decomposição;
2. Para separar ou purificar substâncias contaminadas com impurezas resinosas;
3. Para retirar solventes com elevado ponto de ebulição, quando em solução existe
uma substância não volátil;
4. Para separar substâncias pouco miscíveis em água cuja pressão de vapor seja
próxima a da água a 100°C.

2- METODOLOGIA

Neste experimento será isolado o cinamaldeído 1 a partir do óleo de canela,


empregando-se a técnica de destilação por arraste a vapor. Uma vez obtido o
cinamaldeído, deve-se separá-lo da solução aquosa através de extrações com
diclorometano. Traços de água presentes no solvente deverão ser retirados com a
ajuda de um sal dessecante (sulfato de sódio anidro). Como é difícil purificar o
composto original ou caracterizá-lo através de suas propriedades físicas, pode-se
convertê-lo em um derivado. Este derivado será obtido através da reação do
cinamaldeído com semicarbazida. O produto formado é a semicarbazona do
cinamaldeído (2), um composto cristalino com ponto de fusão bem definido.

O O H
-H2O N NH2
H + NH2NH NH2 N
O
1 2
11- DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR: EXTRAÇÃO DO CINAMALDEÍDO DA CANELA
69

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1- OBTENÇÃO DO CINAMALDEÍDO DA CANELA:


Monte a aparelhagem para destilação conforme a Figura 1, usando um balão de
250 mL. O frasco coletor (125 mL) pode ser um erlenmeyer; a fonte de calor pode ser
uma manta elétrica ou um bico de Bunsen.
Coloque 10 g de pedaços de canela num balão de três bocas e adicione 150 mL
de água. Inicie o aquecimento de modo a ter uma velocidade lenta, mas constante, de
destilação. Durante a destilação continue a adicionar água através do funil de
separação, numa velocidade que mantenha o nível original de água no frasco de
destilação. Continue a destilação até coletar 100 mL do destilado. Tire a água do funil
de separação e coloque o destilado nele. Extraia o destilado com 4 porções de cloreto
de metileno (10 mL). Separe as camadas e despreze a fase aquosa. Seque a fase
orgânica com sulfato de sódio anidro. Filtre a mistura em papel pregueado (diretamente
em um balão de fundo redondo previamente tarado), lave com uma pequena porção de
CH2Cl2 e em seguida retire o solvente no evaporador rotativo.
Opcionalmente, após a filtração concentre a mistura (utilizando um banho de
vapor na capela), transfira o líquido restante para um tubo de ensaio previamente
tarado e concentre o conteúdo novamente por evaporação em banho-maria até que
somente um resíduo oleoso permaneça. Seque o tubo de ensaio e pese. Calcule a
porcentagem de extração de cinamaldeído, baseado na quantidade original de canela
usada.

Figura 1: Destilação por arraste a vapor.


11- DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR: EXTRAÇÃO DO CINAMALDEÍDO DA CANELA
70

3.2- PREPARAÇÃO DE UM DERIVADO:


Pese 0,2 g de semicarbazida e 0,3 g de acetato de sódio anidro. Adicione 2 mL
de água. A esta mistura, adicione 3 mL de etanol absoluto. Junte esta solução ao
cinamaldeído e aqueça a mistura em banho-maria por 5 minutos. Resfrie e deixe a
semicarbazona do cinamaldeído cristalizar. Filtre em funil de Buchner e deixe secar.
Determine o ponto de fusão do sólido obtido e compare com os valores encontrados na
literatura.

4- QUESTIONÁRIO

1- Explique o funcionamento de uma destilação por arraste de vapor:


2- Qual a função dos agentes dessecantes? Cite exemplos:
3- Quais métodos poderiam ser utilizados para uma purificação do cinamaldeído, a
partir da canela?
4- Apresente o mecanismo de reação entre cinamaldeído e semicarbazida:
5- Quais outros derivados poderiam ser preparados a partir do cinamaldeído?
6- Como pode ser realizada a caracterização do cinamaldeído?
7- Discuta a pureza do derivado de semicarbazona, a partir da medida de seu ponto de
fusão. Como este composto poderia ser melhor purificado?
8- Calcule o rendimento da extração (porcentagem em massa de cinamaldeído isolado)
e discuta os seus resultados:
9- Cite outros exemplos de compostos orgânicos (aromáticos ou não) que podem ser
extraídos de fontes naturais, tais como: anis estrelado, noz moscada, pimenta, hortelã,
guaraná e sassafrás:
10- Cite um método de extração e de dosagem para óleos essenciais. Explique:
11- Em caso de incêndio em um laboratório de Química, quais os procedimentos
básicos?

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EXPERIÊNCIA 12

EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA

1- INTRODUÇÃO

Alcalóides são substâncias orgânicas nitrogenadas de caráter básico,


geralmente de origem vegetal, e que provocam efeitos fisiológicos característicos nos
organismos humanos. Nem todas as substâncias classificadas como alcalóides
obedecem rigorosamente a todos os itens desta definição; por exemplo o alcalóide da
pimenta (piperina) não é básico, mas tem acentuada ação fisiológica. Do ponto de vista
químico, os alcalóides não constituem um grupo homogêneo de substâncias. Quase
todos, porém, apresentam estrutura química derivada de um composto heterociclo.
Uma classificação química de alcalóides baseia-se na estrutura deste heterociclo:
alcalóides da piridina (ex.: nicotina) da xantina (ex.: cafeína), da quinolina, do pirrol, do
indol, da piperidina, etc.
Certas famílias vegetais são particularmente ricas em alcalóides, por exemplo,
as rubiáceas (café) e as solanáceas (fumo).
A cafeína (1,3,7-trimetilxantina, 1) pertence à família dos alcalóides xantínicos
(Figura 1).

O R2
R N 1 Cafeína: R = R1 = R2 = CH3
N 2 Xantina: R = R1 = R2 = H
N 3 Teofilina: R = R1 = CH3; R2 = H
O N
4 Teobromina: R = H; R1 = R2 = CH3
R1

Figura 1: Alguns exemplos de alcalóides xantínicos.

A cafeína foi isolada do café por Runge em 1820 e do chá preto por Oudry em
1827. Ela é encontrada ainda no guaraná, erva-mate e em outros vegetais, e é
responsável pelo efeito estimulante de bebidas como chá e café e de refrigerantes
como Coca-Cola e Pepsi-Cola. É também um dos princípios ativos de bebidas ditas
“energéticas” (Red Bull, Power Flash, etc.).
A cafeína provoca um efeito pronunciado no sistema nervoso central (SNC), mas
nem todos os derivados xantínicos são efetivos como estimulantes do SNC. A
teobromina (4, Figura 1), uma xantina encontrada no cacau, possui pouco efeito no
12- EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA
72

SNC, porém é um forte diurético e é utilizada em medicamentos para tratar pacientes


com problemas de retenção de água. A teofilina (3), encontrada no chá junto com a
cafeína, também tem pouca ação no SNC, mas é um forte estimulante do miocárdio,
relaxando a artéria coronária, que fornece sangue ao coração. Teofilina, também
chamada de aminofilina, é frequentemente usada no tratamento de pacientes que
tiveram parada cardíaca. É também um diurético mais potente que a teobromina.
Sendo um vasodilatador, é geralmente empregada no tratamento de dores de cabeça
causadas por hipertensão e asma.
A cafeína é relativamente tóxica (LD50 = 75 mg/Kg), mas para se obter uma dose
letal de cafeína, o indivíduo deveria ingerir cerca de uma centena de xícaras de café
em um curto período de tempo. Na Tabela 1 são apresentadas as quantidades médias
de cafeína encontradas em algumas bebidas e alimentos.
Devido aos efeitos provocados pela cafeína no SNC, algumas pessoas preferem
usar café descafeinado. A descafeinação reduz o conteúdo de cafeína do café para
aproximadamente 0,03 - 1,2%

Tabela 1: Porcentagem em massa de cafeína presente em bebidas e alimentos.


BEBIDA/ALIMENTO % EM MASSA DE CAFEÍNA
CAFÉ (MOÍDO) 0,06 - 0,10
CAFÉ (INSTANTÂNEO) 0,03 - 0,07
CAFÉ (EXPRESSO) 0,17 - 0,25
CAFÉ (DESCAFEINADO) 0,001 - 0,004
CHÁ 0,02 - 0,07
CHOCOLATE 0,005
COCA-COLA 0,015

2- METODOLOGIA

No experimento de hoje será realizada a extração da cafeína das folhas do chá,


usando água quente contendo carbonato de cálcio. Por sua vez, a cafeína será
extraída desta fase aquosa com diclorometano. Com a evaporação do solvente obtém-
se a cafeína impura. A purificação da cafeína obtida será feita através da técnica de
recristalização, utilizando tolueno e éter de petróleo como solventes.
Alcalóides são aminas, e portanto formam sais solúveis em água, quando
tratados com ácidos. A cafeína encontrada nas plantas apresenta-se na forma livre ou
12- EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA
73

combinada com taninos fracamente ácidos. A cafeína é solúvel em água, então pode
ser extraída de grãos de café ou das folhas de chá com água quente. Junto com a
cafeína, outros inúmeros compostos orgânicos são extraídos, e a mistura destes
compostos é que dá o aroma característico ao chá e ao café. Entretanto, a presença
desta mistura de compostos interfere na etapa de extração da cafeína com um solvente
orgânico, provocando a formação de uma emulsão difícil de ser tratada. Para minimizar
este problema utiliza-se uma solução aquosa de carbonato de cálcio. O meio básico
promove a hidrólise do sal de cafeína-tanino, aumentando assim o rendimento de
cafeína extraída.

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Em um erlenmeyer de 250 mL coloque 15,0 g de chá preto, 150 mL de água e


7,0 g de carbonato de cálcio. Ferva a mistura com agitação ocasional por 20 minutos,
filtre a mistura quente em Buchner e esfrie o filtrado a 10-15°C.
Transfira o filtrado para um funil de separação e extraia a cafeína com 4 porções
de 20 mL de cloreto de metileno (extração múltipla com agitação suave para evitar a
formação de emulsão). Seque a fase orgânica com sulfato de sódio anidro e filtre por
gravidade para um balão de fundo redondo previamente tarado. Destile o solvente com
um aparelho de destilação simples até que se obtenha um volume de 5-7 mL no balão.
Transfira então o extrato concentrado para um béquer e evapore o restante do solvente
em banho de vapor até a secura. Pese o resíduo esverdeado de cafeína bruta e calcule
a percentagem de alcalóide no chá. O resíduo pode ser recristalizado, dissolvendo-o
em 2-3 mL de tolueno a quente e adicionando algumas gotas de éter de petróleo (p. e.
60-80°C) até formar o precipitado. Opcionalmente, a recristalização pode ser realizada
utilizando-se acetona. Determine o ponto de fusão do cristal e compare-o com o
descrito na literatura.

4- QUESTIONÁRIO

1- O que é um alcalóide?
2- Por quê os alcalóides geralmente apresentam caráter básico?
3- Por quê a maioria dos alcalóides são extraídos das plantas com uma solução
aquosa ácida?
4- Por quê a cafeína é extraída com uma solução aquosa básica?
12- EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA
74

5- Explique a técnica de recristalização usada nesta experiência:


6- Quais as estruturas dos heterociclos: piridina, piperidina, pirrol, quinolina, indol e
xantina?
7- Apesar de existirem alcalóides de origem animal (por ex., nos venenos de alguns
animais peçonhentos), a vasta maioria dos alcalóides é encontrada em vegetais.
Sugira razões para este fato (ou seja, por quê as plantas sintetizam alcalóides?):
8- Discuta sobre a metodologia de isolamento de um produto natural a partir de
plantas, que foi utilizado neste experimento. Ela pode ser considerada geral? Quais as
dificuldades encontradas? Quais as vantagens desse método?
9- Discuta a porcentagem de cafeína bruta isolada e de cafeína após a recristalização.
Levando-se em conta que as plantas produzem milhares de compostos diferentes, o
que você conclui a respeito da quantidade de cafeína presente no chá preto?
10- Cite exemplos de alguns alcalóides extraídos de plantas, correlacionando-os com
as respectivas atividades biológicas:
11- Em caso de intoxicação com soda cáustica e metanol, quais os primeiros socorros?
(consultar o Manual de Segurança da Aldrich):

CONHEÇA MAIS SOBRE A CAFEÍNA!

1) Onami, T.; Kanazawa, H. Journal of Chemical Education 1996, 73, 556.


2) Moyé, A. L. Journal of Chemical Education 1972, 49, 194.
3) QMCWEB: http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/exemplar22.html
EXPERIÊNCIA 13

PREPARAÇÃO DE UM AROMATIZANTE ARTIFICIAL:


ACETATO DE ISOAMILA

1- INTRODUÇÃO

Ésteres são compostos amplamente distribuídos na natureza. Os ésteres


simples tendem a ter um odor agradável, estando geralmente associados com as
propriedades organolépticas (aroma e sabor) de frutos e flores. Em muitos casos, os
aromas e fragrâncias de flores e frutos devem-se a uma mistura complexa de
substâncias, onde há a predominância de um único éster.
Muitos ésteres voláteis possuem odores fortes e agradáveis. Alguns destes são
mostrados na tabela abaixo:

Tabela 1: Ésteres utilizados como aromatizantes.


ACETATO ODOR CARACTERÍSTICO
Propila Pêra
Octila Laranja
Benzila Pêssego
Isobutila Rum
Isoamila Banana

Químicos combinam compostos naturais e sintéticos para preparar


aromatizantes. Estes reproduzem aromas naturais de frutas, flores e temperos.
Geralmente estes flavorizantes contêm ésteres na sua composição, que contribuem
para seus aromas característicos.
Aromatizantes superiores reproduzem perfeitamente os aromas naturais. Em
geral, estes aromatizantes são formados de óleos naturais ou extratos de plantas, que
são intensificados com alguns ingredientes para aumentar a sua eficiência.
Um fixador de alto ponto de ebulição, tal como glicerina, é geralmente
adicionado para retardar a vaporização dos componentes voláteis. A combinação dos
compostos individuais é feita por diluição em um solvente chamado de "veículo". O
veículo mais frequentemente usado é o álcool etílico.
13- PREPARAÇÃO DE UM AROMATIZANTE ARTIFICIAL: ACETATO DE ISOAMILA
76

2- METODOLOGIA

Neste experimento será sintetizado o acetato de isoamila 1 (acetato de 3-


metilbutila), um éster muito usado nos processos de aromatização. Acetato de isoamila
tem um forte odor de banana quando não está diluído, e um odor remanescente de
pêra quando esta diluído em solução.
Ésteres podem ser convenientemente sintetizados pelo aquecimento de um
ácido carboxílico na presença de um álcool e de um catalisador ácido. O acetato de
isoamila 1 será preparado a partir da reação entre álcool isoamílico e ácido acético,
usando ácido sulfúrico como catalisador.

O O
H+
H3C OH + HO H3C O + H2O
1

A reação de esterificação é reversível, tendo uma constante de equilíbrio de


aproximadamente 4,20. Para aumentar o rendimento do acetato será aplicado o
princípio de Le Chatelier, usando ácido acético em excesso.
O tratamento da reação visando a separação e isolamento do éster 1 consiste
em lavagens da mistura reacional com água e bicarbonato de sódio aquoso, para a
retirada das substâncias ácidas presente no meio. Em seguida, o produto será
purificado por destilação fracionada.
ATENÇÃO!: É importante saber que o acetato de isoamila é o maior
componente do feromônio de ataque da abelha. Este composto é liberado quando uma
abelha ferroa sua vítima, atraindo assim outras. Portanto, é prudente você evitar
contato com abelhas após a realização desta prática.

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Em uma capela, misture 6 mL de ácido acético glacial com 5 mL de álcool


isoamílico, num balão de fundo redondo apropriado. Cuidadosamente, acrescente à
mistura 0,5 mL de ácido sulfúrico concentrado; adicione então as pedras de porcelana,
agite o balão manualmente e refluxe por uma hora (Figura 1).
Terminado o refluxo, deixe a mistura reacional esfriar à temperatura ambiente.
Utilizando um funil de separação, lave a mistura com 40 mL de água e em seguida
duas porções de 20 mL de bicarbonato de sódio saturado. Seque o éster com sulfato
de sódio anidro e filtre por gravidade. Destile o éster, coletando o líquido que destilará
entre 136°C e 143°C, pese e calcule o rendimento.
13- PREPARAÇÃO DE UM AROMATIZANTE ARTIFICIAL: ACETATO DE ISOAMILA
77

Figura 1: Esquema de uma reação sob refluxo.

4- QUESTIONÁRIO

1- Discuta o mecanismo da reação. Qual a função do ácido sulfúrico? É ele consumido


ou não, durante a reação?
2- Como se remove o ácido sulfúrico e o álcool isoamílico, depois que a reação de
esterificação está completa?
3- Por quê se utiliza excesso de ácido acético na reação?
4- Por quê se usa NaHCO3 saturado na extração? O que poderia acontecer se NaOH
concentrado fosse utilizado?
5- Sugira um outro método de preparação do acetato de isoamila:
6- Sugira reações de preparação dos aromas de pêssego (acetato de benzila) e de
laranja (acetato de n-octila):
7- Sugira rotas de síntese para cada um dos ésteres abaixo, apresentando o
mecanismo de reação para um deles:
a) propionato de isobutila b) butanoato de etila c) fenilacetato de metila
8- Qual é o reagente limitante neste experimento? Demonstre através de cálculos:
9- Calcule o rendimento da reação e discuta seus resultados (purificação, dificuldades,
rendimentos):
10- Cite alguns exemplos de ésteres encontrados na natureza. (IMPORTANTE:
Procure ésteres diferentes dos citados durante a aula):
11- Ésteres também estão presentes na química dos lipídeos. Forneça a estrutura
geral de um óleo e uma gordura:

VEJA TAMBÉM: Craveiro, A. A.; Machado, M. I. L. Ciência Hoje 1986, 23, 54.
EXPERIÊNCIA 14

PREPARAÇÃO DO CLORETO DE t-BUTILA

1- INTRODUÇÃO

A reação de substituição nucleofílica (SN) é uma das mais importantes e mais


estudadas em química. A compreensão dos mecanismos envolvidos nas reações SN
permitiu grandes avanços para o estabelecimento da química orgânica moderna.

R1 R1
Nu + G R2 + G
R2 Nu
R3 R3

Basicamente, dois mecanismos descrevem as reações SN:


a) REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO NUCLEOFÍLICA DE SEGUNDA ORDEM
(SN2): Ocorre através de um mecanismo direto, onde o ataque do nucleófilo (Nu)
acontece simultaneamente à saída do grupo abandonador (G), ou seja, a ligação Nu-
carbono vai se formando, enquanto a ligação carbono-G vai se rompendo. É o
mecanismo mais operante para substratos primários, como na preparação do brometo
de n-butila 1 a partir do 1-butanol 2.

OH HBr Br

2 1

b) REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO NUCLEOFÍLICA DE PRIMEIRA ORDEM


(SN1): Este mecanismo se desenvolve em três etapas e envolve a participação de um
carbocátion como intermediário reativo. Na primeira etapa (rápida), ocorre a
protonação do oxigênio hidroxílico no álcool 3. Na segunda etapa (lenta), a ruptura da
ligação carbono-OH2+ no intermediário 4 fornece o carbocátion 5. Na terceira etapa
(rápida), a ligação Nu-carbono é formada, gerando o produto de substituição 6. Este é
o mecanismo mais adequado para substratos que formam carbocátions estáveis,
ilustrado pela preparação do cloreto de t-butila 6 a partir do t-butanol 3.

OH + OH2 CH3 CI
HCI -H2O
H3C C CH3 H3C C CH3 H3C C CH3
CH3 + CH3
CH3 CH3 CH3
3 4 5 6
79
14- PREPARAÇÃO DO CLORETO DE t-BUTILA

É importante salientar que os mecanismos apresentados acima descrevem


apenas os dois extremos de uma reação de substituição nucleofílica. Geralmente as
reações SN apresentam mecanismos intermediários, situando-se entre SN1 e SN2. Em
outras palavras, na maioria das vezes a quebra e formação de ligações não são
processos independentes.

2- METODOLOGIA

Neste experimento será realizada a preparação do cloreto de t-butila 4, através


do tratamento do t-butanol 5 com ácido clorídrico. A reação é rápida e simples, e pode
ser efetuada diretamente em um funil de separação. A reação se processa segundo o
mecanismo SN1, conforme apresentado anteriormente. Pequenas quantidades de
isobutileno podem se formar durante a reação, devido a reações de eliminação
competitivas. Sendo que a presença de ácido sulfúrico provoca a formação de
quantidades consideráveis deste alceno, a metodologia de preparação de haletos a
partir da reação entre álcoois, H2SO4 e um sal de bromo (NaBr, KBr) deve ser evitada.

3- PARTE EXPERIMENTAL

Misture em um funil de separação 5 mL de álcool t-butílico e 12 mL de ácido


clorídrico concentrado. Não tampe o funil. Cuidadosamente agite a mistura do funil de
separação durante um minuto; tampe o funil e inverta-o cuidadosamente. Durante a
agitação do funil, abra a torneira para liberar a pressão. Feche a torneira, tampe o funil,
agite-o várias vezes e novamente libere a pressão. Agite o funil durante dois a três
minutos, abrindo-a ocasionalmente (para escape). Deixe o funil em repouso até
completa separação das fases. Separe as duas fases.
A operação da etapa subsequente deve ser conduzida o mais rapidamente
possível, pois o cloreto de t-butila é instável em água e em solução de bicarbonato de
sódio. Lave a fase orgânica com 25 mL de água; separe as fases e descarte a fase
aquosa. Em seguida, lave a fase orgânica com uma porção de 25 mL de bicarbonato
de sódio a 5%. Agite o funil (sem tampa) até completa mistura do conteúdo; tampe-o e
inverta-o cuidadosamente. Deixe escapar a pressão. Agite abrindo cuidadosamente
para liberar a pressão, eventualmente. Deixe separar as fases e retire a fase do
bicarbonato. Lave a fase orgânica com 25 mL de água e novamente retire a fase
aquosa. Transfira a fase orgânica para um erlenmeyer seco e adicione cloreto de cálcio
80
14- PREPARAÇÃO DO CLORETO DE t-BUTILA

anidro (ou Na2SO4 anidro). Agite ocasionalmente o haleto de alquila com o agente
secante. Decante o material límpido para um frasco seco. Adicione pedras de ebulição
e destile o cloreto de t-butila em aparelhagem seca, usando banho-maria. Colete o
haleto em um recipiente com banho de gelo. Pese e calcule o rendimento.

4- QUESTIONÁRIO

1- Por quê o haleto de alquila bruto deve ser cuidadosamente seco com cloreto de
cálcio antes da destilação final?
2- Por quê a solução de bicarbonato de sódio deve ser empregada na purificação do
cloreto de t-butila? Por quê não utilizar uma solução de NaOH?
3- Apresente o mecanismo de reação para a formação de um provável sub-produto, o
isobutileno (2-metil-1-propeno).
4- Como o 2-metil-1-propeno poderia ser removido durante o processo de purificação?
5- Água e cloreto de metileno são insolúveis. Em um tubo de ensaio, por exemplo, eles
formam duas camadas. Como você poderia proceder experimentalmente para
distinguir a camada aquosa da camada orgânica? Suponha que você não disponha dos
valores das densidades destas duas substâncias:
6- Tanto o 2-pentanol quanto o 3-pentanol, quando tratados com HCl concentrado,
produzem misturas de 2-cloropentano e 3-cloropentano. Explique estas observações, e
apresente os dois mecanismos de reação envolvidos:
7- Quais os cuidados que um laboratorista deve ter ao utilizar ácidos e bases fortes,
durante um procedimento experimental qualquer? E com relação aos primeiros
socorros? Quais os procedimentos a serem tomados se por acaso ocorrer um
acidente?
EXPERIÊNCIA 15

PREPARAÇÃO DE UM CORANTE:
METIL ORANGE

1- INTRODUÇÃO

Corantes AZO são os maiores e mais importantes grupos de corantes sintéticos.


Eles são usados em roupas, alimentos e como pigmentos de pinturas. São também
empregados nas tintas para impressão colorida.
Os corantes Azo possuem a estrutura básica Ar-N=N-Ar1, onde Ar e Ar1
designam grupos aromáticos quaisquer. A unidade contendo a ligação -N=N- é
chamada de grupo azo, um forte grupo cromóforo que confere cor brilhante a estes
compostos. Na formação da ligação azo, muitas combinações de ArNH2 e Ar1NH2 (ou
Ar1OH) podem ser utilizadas. Estas possíveis combinações fornecem uma variedade
de cores, como amarelos, laranjas, vermelhos, marrons e azuis.
A produção de um corante azo envolve o tratamento de uma amina aromática
com ácido nitroso, fornecendo um íon diazônio (1) como intermediário. Este processo
chama-se diazotização.

Ar-NH2 + HNO2 + HCI Ar-N N + CI- + 2 H2O


1

O íon diazônio 1 é um intermediário deficiente de elétrons, sofrendo, portanto,


reações com espécies nucleofílicas. Os reagentes nucleofílicos mais comuns para a
preparação de corantes são aminas aromáticas e fenóis. A reação entre sais de
diazônio e nucleófilos é chamada de reação de acoplamento azo:

H3C CH3 H3C CH3 H3C CH3


N N _ N
CI
_
CI
+ B
N N Ar
H N N Ar N N Ar
CORANTE AZO
15- PREPARAÇÃO DE UM CORANTE: METIL ORANGE
82

2- METODOLOGIA

Neste experimento será preparado o corante metil orange (“alaranjado de


metila”, 2), através da reação de acoplamento azo entre ácido sulfanílico 3 e N,N-
dimetilanilina 4. O primeiro produto obtido da reação de acoplamento é a forma ácida
do metil orange, que é vermelho brilhante, chamado heliantina (5). Em solução básica,
a heliantina é convertida no sal de sódio laranja 2, chamado metil orange.

H3C CH3
N +
-
+ CH3
O3S N N
-O S N N N H
3
HOAc CH3
4 ~H

CH3 + CH3
NaOH -O S
NaO3S N N N 3 N N N
CH3 H CH3
2 5

Embora o ácido sulfanílico seja insolúvel em solução ácida, a reação de


diazotização é realizada em meio de ácido nitroso. Primeiramente deve-se dissolver o
ácido sulfanílico em solução básica de carbonato de sódio.

SO3- SO3- Na+

2 + Na2CO3 2 + CO2 + H2O

NH3+ NH2
3

Quando a solução é acidificada durante a diazotização, ocorre a formação in situ


de ácido nitroso. O ácido sulfanílico precipita da solução como um sólido finamente
dividido, que é rapidamente diazotizado. Em seguida, este sal de diazônio formado
reage imediatamente com a N,N-dimetilanilina, fornecendo a heliantina 5.

É interessante destacar que o metil orange possui aplicação também como um


indicador ácido-base. Em soluções com pH > 4,4, metil orange existe como um íon
negativo que fornece a coloração amarela à solução. Em soluções com pH < 3,2, este
íon é protonado para formar um íon dipolar de coloração vermelha.
15- PREPARAÇÃO DE UM CORANTE: METIL ORANGE
83

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1- DIAZOTIZAÇÃO DO ÁCIDO SULFANÍLICO:


Em um erlenmeyer de 125 mL dissolva 0,3 g de carbonato de sódio anidro em
25 mL de água. Adicione 1,0 g de ácido sulfanílico a esta solução e aqueça em banho-
maria até a completa dissolução do material. Deixe a solução atingir a temperatura
ambiente e adicione 0,4 g de nitrito de sódio, agitando a mistura até a completa
dissolução. Resfrie a solução em banho de gelo por 5-10 minutos, até que a
temperatura fique abaixo de 10oC. Em seguida, adicione 1,25 mL de ácido clorídrico,
mantendo uma agitação manual. O sal de diazônio do ácido sulfanílico separa-se como
um precipitado branco finamente dividido. Mantenha esta suspensão em um banho de
gelo até ser utilizada.

3.2- PREPARAÇÃO DO METIL ORANGE:


Misture em um béquer de 50 mL, 0,7 mL de N,N-dimetilanilina e 0,5 mL de ácido
acético glacial. Com a ajuda de uma pipeta de Pasteur, adicione esta solução à
suspensão resfriada do ácido sulfanílico diazotizado preparado previamente. (item 3.1).
Agite a mistura vigorosamente com um bastão de vidro. Em poucos minutos um
precipitado vermelho de heliantina será formado. Mantenha esta mistura resfriada em
banho de gelo por cerca de 10 minutos.
Adicione 7,5 mL de hidróxido de sódio 10%. Faça isso lentamente, com
agitação, enquanto mantém a mistura resfriada em banho de gelo. Verifique se a
mistura está básica, com o auxílio de um papel de tornassol. Se necessário, adicione
mais base. Leve a solução básica à ebulição por 10-15 minutos, para dissolver a
maioria do metil orange recém formado. Em seguida, adicione 2,5 g de cloreto de sódio
e deixe a mistura atingir a temperatura ambiente. A completa cristalização do produto
pode ser induzida por resfriamento da mistura reacional. Colete os sólidos formados
por filtração em funil de Buchner, lavando o erlenmeyer com 2-3 porções de cloreto de
sódio saturado.

3.3- RECRISTALIZAÇÃO:
Transfira o precipitado (juntamente com o papel filtro) para um béquer de 125
mL, contendo cerca de 75 mL de água em ebulição. Mantenha a mistura em ebulição
branda por alguns minutos, agitando constantemente. Nem todo o corante se dissolve,
mas os sais contaminantes são dissolvidos. Remova o papel filtro e deixe a mistura
atingir a temperatura ambiente, resfriando posteriormente em banho de gelo. Filtre a
vácuo e lave com um mínimo de água gelada. Deixe o produto secar, pese e calcule o
rendimento.
15- PREPARAÇÃO DE UM CORANTE: METIL ORANGE
84

3.4- TESTE COMO INDICADOR DE pH:


Dissolva em um tubo de ensaio, uma pequena quantidade de metil orange em
água. Alternadamente, adicione algumas gotas de uma solução de HCl diluído e
algumas gotas de uma solução de NaOH diluído, observando a mudança de cor no
ponto de viragem (pH = 3,1: solução vermelha; pH = 4,4: solução amarela).

4- QUESTIONÁRIO

1- Por quê a N,N-dimetilanilina acopla com o sal de diazônio na posição para- do anel?
2- A reação de acoplamento do sal de diazônio é uma reação de substituição
eletrofílica aromática. Forneça o mecanismo para a síntese do corante metil orange.
3- Forneça a estrutura de outros corantes empregados industrialmente.
4- Discuta seus resultados em termos de rendimento, pureza e teste de pH.

VEJA TAMBÉM: Guaratini, C. C. I.; Zanoni, M. V. B. Química Nova 2000, 23, 71.
EXPERIÊNCIA 16

DESIDRATAÇÃO DE ÁLCOOIS:
OBTENÇÃO DO CICLOEXENO A PARTIR DO CICLOEXANOL

1- INTRODUÇÃO

Reações de eliminação são uma das mais importantes e fundamentais classes


de reações químicas. Basicamente, o mecanismo da eliminação compreende a saída
de dois átomos ou grupos de átomos em uma molécula orgânica. Eliminações do tipo
1,2 fornecem ligações duplas, sendo uma ótima metodologia para a preparação de
alcenos.
Quando um álcool é aquecido na presença de um ácido forte, ocorre a
eliminação de água com formação de um alceno. Esta reação é conhecida como
desidratação de álcoois. Quando tratados com ácidos, álcoois secundários e terciários
geralmente eliminam água através de um mecanismo envolvendo a participação de um
carbocátion como intermediário (mecanismo E1).

OH

H2SO4 ou
+ H2O
H3PO4

cicloexanol cicloexeno

Dependendo de uma série de fatores (substrato, temperatura, condições


reacionais) as reações de substituição nucleofílica também podem ocorrer no meio
reacional, fornecendo éteres como sub-produtos.

2- METODOLOGIA

A síntese do cicloexeno a partir da desidratação do cicloexanol será investigada


neste experimento. O procedimento escolhido para esta experiência envolve a catálise
com ácido sulfúrico ou ácido fosfórico. Melhores resultados são obtidos quando o ácido
fosfórico é empregado, pois o ácido sulfúrico provoca carbonização e formação de
óxido de enxofre, além da possibilidade de fornecer produtos secundários através de
reações de polimerização.
16- DESIDRATAÇÃO DE ÁLCOOIS: OBTENÇÃO DO CICLOEXENO A PARTIR DO CICLOEXANOL
86

Quando uma mistura contendo cicloexanol e o ácido é aquecida num recipiente


equipado com coluna de fracionamento, ocorre a formação de água através da reação
de eliminação. Água e cicloexeno destilam pelo princípio da destilação em corrente de
vapor. Terminada a destilação, a coluna fica saturada com a mistura água-cicloexano
que refluxa e não destila. Para auxiliar na destilação do produto desejado um outro
solvente é adicionado e a destilação continua. Um solvente aconselhado é o xileno
(P.E. = 140oC). Quando seus vapores destilam, carregam o cicloexeno mais volátil para
fora da coluna. A diferença entre o ponto de ebulição do cicloexeno e do xileno é
suficiente para uma separação adequada. É importante notar que a não utilização de
um solvente carregador acarreta em um decréscimo considerável no rendimento.

3- PARTE EXPERIMENTAL

Coloque 5,0 g de cicloexanol comercial e 1 mL de ácido fosfórico concentrado


em um balão de fundo redondo de 50 mL, adicione alguns fragmentos de porcelana
porosa e misture bem. Ajuste o balão a um sistema para destilação fracionada, inicie o
aquecimento e controle para que a temperatura na extremidade superior da coluna não
exceda a 90oC. Colete o destilado em um balão ou uma proveta.
Pare a destilação quando restar apenas um pouco de resíduo a ser destilado.
Deixe esfriar um pouco. Em seguida, transfira o destilado para um pequeno funil de
separação. Sature o destilado com cloreto de sódio, adicione 2 mL de carbonato de
sódio a 5% (para neutralizar traços de ácido livre) e agite. Despeje o cicloexeno bruto
pela boca do funil para o interior de um erlenmeyer, adicione 3-4 g de cloreto de cálcio
anidro, agite por 2-3 minutos e deixe em repouso por 15 minutos com agitação
ocasional. Filtre para um balão de destilação de 25-50 mL, adicione fragmentos de
porcelana porosa e destile o cicloexeno, utilizando novamente um sistema para
destilação fracionada. Colete a fração de P.E. = 81 - 83oC.

3.1- REAÇÕES DE CARACTERIZAÇÃO:


3.1.1- Agite 0,5 mL de cicloexeno com 1 mL de água de bromo e registre o resultado.

3.1.2- Adicione 1-2 mL de solução de bromo em tetracloreto de carbono a 0,5 mL de


cicloexeno. Observe se há desprendimento de gás bromídrico.

3.1.3- Adicione 0,5 mL de cicloexeno a 1 mL de solução de permanganato de potássio


a 5% e 0,5 mL de ácido sulfúrico diluído e agite. Se o meio reacional descorar, adicione
pequenas quantidades a mais da solução oxidante.
16- DESIDRATAÇÃO DE ÁLCOOIS: OBTENÇÃO DO CICLOEXENO A PARTIR DO CICLOEXANOL
87

3.1.4- Adicione cautelosamente 0,5 mL de cicloexeno a 1 mL de ácido sulfúrico


concentrado. Agite suavemente. Observe se ocorre alguma mudança na cor ou na
temperatura.

4- QUESTIONÁRIO

1- Por quê os álcoois terciários eliminam água mais facilmente, quando comparados
aos álcoois primários?
2- Por quê a reação do tipo E1 é favorecida por solventes polares?
3- Compare os mecanismos das reações E1 e E2 em termos de estereosseletividade.
4- Qual a necessidade de se retirar o alceno formado por destilação?
5- Apresente a reação que ocorre quando o cicloexanol é aquecido na presença de
H3PO4, evidenciando o tipo de mecanismo envolvido:
6- Esquematize as reações de caracterização do cicloexeno:
7- Proponha outros métodos de obtenção de alcenos:
8- Como poderia ser aumentado o rendimento da reação?
9- Qual o produto formado a partir da desidratação do 2,2-dimetilcicloexanol?
10- Proponha um método para a preparação do cicloexanol a partir do cicloexeno:
EXPERIÊNCIA 17

SÍNTESE DA BENZOCAÍNA

1- INTRODUÇÃO

A benzocaína (4-aminobenzoato de etila) pertence a uma classe de compostos


que possuem propriedades anestésicas. Dentre eles podemos citar alguns, como
cocaína, procaína, lidocaína e tetracaína. Estes compostos possuem certas
características em comum: os que possuem atividade farmacológica contêm em uma
das extremidades da cadeia da molécula um grupo aromático, e na outra um grupo
amino secundário ou terciário. Esses grupos estão interligados por uma cadeia central
de átomos contendo de uma a quatro unidades.
A benzocaína, em particular, é utilizada como um dos ingredientes na
preparação de loções e pomadas no tratamento de queimaduras solares. Um reagente
de partida adequado para a preparação da benzocaína é o ácido p-aminobenzóico
(PABA). O PABA é muito importante nos processos biológicos, e é considerado uma
vitamina para a bactéria. A bactéria utiliza o PABA na produção do ácido fólico, que por
sua vez é necessário na síntese de ácidos nucleicos, os quais participam do
crescimento bacteriano. Por outro lado, o ácido fólico é uma vitamina essencial para os
animais, pois a célula animal não consegue sintetizá-lo e assim esse deve ser parte da
sua dieta.
Quando combatemos uma determinada bactéria através do uso de uma droga
do tipo sulfa, essa na realidade não mata a bactéria mas sim impede o crescimento
bacteriano devido a competição entre a sulfa e o PABA pelo sítio ativo da enzima que
catalisa a reação de formação do ácido fólico. A sulfa forma um complexo com a
enzima, recebendo assim o nome de inibidor competitivo. Se há impedimento na
síntese do ácido fólico a bactéria não poderá sintetizar os ácidos nucleicos, resultando
assim em uma supressão do crescimento bacteriano e possibilitando ao corpo tempo
necessário para que o seu sistema imunológico possa responder e destruir a bactéria.
Outra importante aplicação do PABA está na preparação de protetores solares,
já que o composto tem a capacidade de absorver o componente ultravioleta da
radiação solar.
17- SÍNTESE DA BENZOCAÍNA
89

2- METODOLOGIA

Neste experimento será preparada a benzocaína (1), a partir da esterificação do


ácido p-aminobenzóico (PABA, 2) com etanol e catálise ácida. Embora o PABA seja
disponível comercialmente, ele pode ser eficientemente preparado em laboratório.
O PABA será preparado através de uma seqüência de três reações, sendo a
primeira delas uma acetilação da p-toluidina (3) pelo anidrido acético, fornecendo a N-
acetil-p-toluidina 4. A acetilação do grupo amino em 3 tem a função de protegê-lo
durante a segunda etapa: a oxidação do grupo metila pelo permanganato de potássio,
formando o ácido p-acetamidobenzóico 5. Se a oxidação do grupo metila fosse
executada sem a proteção do grupo amino, este também seria oxidado. O grupo acetil
em 5 será removido através de tratamento com ácido clorídrico diluído, gerando o
PABA como um sólido cristalino.

O
CH3 CH3
Ac2O O KMnO4 O OH

H2N HCI CH3 N CH3 N


3 H 4 H 5

O O

OCH2CH3 EtOH OH HCI


H2SO4
H2N H2N
1 2 PABA

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1- SÍNTESE DA N-ACETIL-p-TOLUIDINA (4):


Coloque 8,0 gramas de p-toluidina em um erlenmeyer de 500 mL, adicione 200
mL de H2O destilada e 8 mL de HCl concentrado. Se necessário, aqueça a mistura em
banho-maria com agitação manual até que se obtenha uma solução. Caso a solução
apresente coloração escura, adicione 0,5 a 1,0 g de carvão ativo, agite manualmente
por vários minutos e filtre por gravidade. Use papel filtro pregueado para esta filtração.
Prepare uma solução de 12 g de acetato de sódio triidratado em 20 mL de H 2O.
Se necessário aqueça a mistura até que todo o sólido seja dissolvido.
Aqueça à 50°C a solução contendo p-toluidina previamente preparada e adicione
8,4 mL de anidrido acético, agite rapidamente e adicione imediatamente a solução
17- SÍNTESE DA BENZOCAÍNA
90

aquosa de acetato de sódio. Esfrie a mistura em banho de gelo. Um sólido branco deve
aparecer nesse estágio. Filtre a mistura a vácuo utilizando filtro de Buchner, lave os
cristais com três porções de H2O gelada e deixe secar sob vácuo. Determine o ponto
de fusão dos cristais e o rendimento da reação.

3.2- SÍNTESE DO ÁCIDO p-ACETAMIDOBENZÓICO (5):


Coloque o composto previamente preparado, N-acetil-p-toluidina, em um béquer
de 1,0 L junto com ~25 gramas de MgSO4 hidratado e 350 mL de H2O. Aqueça a
mistura em banho-maria e adicione, em pequenas porções, uma mistura de 30 g de
KMnO4 em uma pequena quantidade de H2O (suficiente para formar uma pasta).
Mantenha a mistura reacional em banho-maria por 1 hora (é necessário que o béquer
esteja bem imerso no banho). A cada intervalo de 3 a 5 minutos agite a mistura
manualmente. Depois de 1 hora, filtre a solução quente à vácuo através de uma
camada de celite (5 cm) usando filtro de Buchner e lave o precipitado (MnO2) com
pequenas porções de H2O quente. Se a solução apresentar coloração púrpura
(presença de MnO4), adicione 0,5 - 1,0 mL de etanol e aqueça a solução em banho-
maria por 30 minutos.
Filtre a solução quente por gravidade em papel filtro pregueado, esfrie o filtrado
e acidifique-o com solução 20% de H2SO4. Separe por filtração à vácuo o sólido branco
formado e seque-o na estufa. Pese, calcule o rendimento baseado na p-toluidina e
determine seu ponto de fusão.

3.3- SÍNTESE DO ÁCIDO p-AMINOBENZÓICO (PABA; 2):


Prepare uma solução diluída de HCl misturando 24 mL de HCl 37% em 24 mL
de H2O. Coloque o ácido p-acetamidobenzóico preparado na etapa anterior em um
balão de fundo redondo de 250 mL e adicione a solução diluída de HCl. Adapte um
condensador de refluxo e aqueça a mistura (use manta de aquecimento), de tal forma
que o refluxo seja brando por 30 minutos. Esfrie a solução resultante a temperatura
ambiente, transfira-a para um erlenmeyer de 250 mL e adicione 48 mL de H2O.
Neutralize com uma solução aquosa de amônia (use a capela) e basifique adicionando
pequenas porções de NH4OH (aq.) até pH 8-9 (use papel indicador de pH).
Para cada 30 mL da solução final, adicione 1,0 mL de ácido acético glacial,
resfrie a solução em banho de gelo e inicie a cristalização. Se necessário arranhe a
parede lateral interna do frasco com um bastão de vidro para iniciar a cristalização.
Filtre os cristais a vácuo e seque-os deixando sob o mesmo sistema de vácuo.
Determine seu peso, seu ponto de fusão e calcule o rendimento desta etapa (e o
rendimento global a partir da p-toluidina).
17- SÍNTESE DA BENZOCAÍNA
91

3.4- PREPARAÇÃO DA BENZOCAÍNA (1):


Coloque 5,0 g de ácido p-aminobenzóico em um balão de fundo redondo de 250
mL, adicione 65 mL de etanol 95% e agite suavemente até que a maioria do ácido se
dissolva (nem todo sólido se dissolverá).
Esfrie a mistura em um banho de gelo e lentamente adicione 5 mL de H 2SO4
concentrado. Uma grande quantidade de precipitado se formará. Conecte um
condensador de refluxo ao balão e aqueça a mistura, permitindo que esta refluxe
brandamente por um período de 2 horas. Durante esta operação agite o balão
manualmente em intervalos de 15 minutos durante a primeira hora de refluxo.
Transfira a solução para um béquer de 400 mL e adicione porções de uma
solução aquosa de Na2CO3 10% (total de 60 mL) para neutralizar a mistura. Durante a
adição, a evolução de CO2 será perceptível até a proximidade do ponto de
neutralização. Quando essa evolução cessar, meça o pH da solução e se necessário
eleve o pH até a faixa de 9 - 10 adicionando pequenas porções de Na 2CO3. Decante o
sólido formado. Caso seja difícil, filtre-o por gravidade. Coloque a solução em um funil
de separação (capacidade 250 mL ou maior) e adicione 100 mL de éter etílico e agite
vagarosamente. Separe a fase orgânica da aquosa, seque-a com Na2SO4 ou MgSO4
anidro, filtre por gravidade e remova o éter e o etanol aquecendo a solução em banho-
maria ou chapa quente (ou utilize um evaporador rotativo). Quando a maioria do
solvente for removido (não mais que 5 mL remanescentes) você poderá visualizar um
óleo no frasco. Adicione 5 mL de etanol 95% e aqueça a mistura em uma placa até que
todo o óleo se dissolva. Dilua a solução com água até tornar-se opaca, esfrie a mistura
em banho de gelo e colete a benzocaína sólida por filtração a vácuo (utilize filtro de
Buchner). Seque o sólido à temperatura ambiente, pese, determine seu ponto de fusão,
calcule o rendimento desta etapa e o rendimento global a partir da p-toluidina.

4- QUESTIONÁRIO

1- Escreva as estruturas dos seguintes compostos:


a) p-toluidina
b) N-acetil-p-toluidina
c) ácido p-acetamidobenzóico
d) ácido p-aminobenzóico (PABA)
e) p-aminobenzoato de etila (benzocaína)
2- Represente com detalhes as reações de acetilação, oxidação, hidrólise ácida e
esterificação realizadas neste experimento:
17- SÍNTESE DA BENZOCAÍNA
92

3- Forneça mecanismos de reação adequados para cada uma das etapas de síntese:
4- Na reação de oxidação da N-acetil-p-toluidina, se um excesso de permanganato
permanecer após o período da reação, uma pequena quantidade de etanol é
adicionada para descolorir a solução púrpura. Escreva a reação química do
permanganato de potássio com etanol:
5- Escreva o mecanismo para a reação de hidrólise do ácido p-acetamidobenzóico
catalisada por ácido para formar o ácido p-aminobenzóico:
6- Qual a função de um grupo protetor?
7- Discuta os resultados obtidos no experimento (rendimento, pureza, dificuldades,
etc.):
8- Procure na literatura a estrutura do ácido fólico, desenhe-a e indique na cadeia qual
é a porção que corresponde ao PABA:

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