Textos Sinastria e Mapa Composto
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SINASTRIA, O ESPELHO DO
RELACIONAMENTO
SENHORES
ABAIXO TEMOS UMA IDÉIA GERAL DE COMO DEVE SER EFETUADO E ANALISADO
UMA SINASTRIA ASTROLÓGICA ENTRE DUAS PESSOAS.
VICENTE CHAGAS
Sinastria é a arte de comparação de mapas, na qual se olha para os caminhos de vida e necessidades
de duas pessoas, e se especula nos aspectos e sinergias que daí resulta, da inteiração de ambos. É
um processo complexo, no qual se tenta compreender os conteúdos dos dois mapas, compararem os
temas de vida e direções e lembrar sempre um último e determinante fator, a escolha livre e
consciente das pessoas envolvidas não pode ser lida nos mapas.
Façamos ou não sinastria, ou outro tipo de trabalho astrológico, é importante estarmos conscientes
das nossas crenças e predisposições pessoais. Estas influenciam diretamente a nossa percepção e
por isso é vital estarmos o mais consciente possível (ver é acreditar, mas também acreditar é ver!).
O que podemos querer para uma relação pode não ser de todo o que o consulente necessita ou quer.
Não é nunca papel de o conselheiro fazer juízos se duas pessoas devem ou não estar juntas; é
escolha delas, não nossa. A nossa tarefa é identificar, no melhor que pudermos as necessidades
individuais de cada um, as dinâmicas que podem resultar dessa interação e as atitudes e
compromissos que podem conduzir a um relacionamento que satisfaça ambos. A análise na Sinastria
não prevê compatibilidades; pode, no entanto, prever quanto trabalho, e de que tipo deve ser feito
para se chegar à compatibilidade.
O que é a compatibilidade? Para que servem os relacionamentos? A maioria das pessoas pode dizer
que as relações servem para terem companhia no partilhar de interesses e atividades, um
companheiro (a) para criar família, um parceiro (a) para partilhar despesas, etc. Embora estas sejam
certamente razões legítimas nos relacionamentos existe um outro nível que segue a par e de modo
mais inconsciente. Uma razão mais profunda nas relações é a possibilidade de expansão daquilo que
entendemos por Self e tornarmo-nos seres humanos mais completos e integrados.
Os relacionamentos são oportunidades de crescimento, nos quais nos são providenciados espelhos
onde podemos ver aspectos de nós próprios que estão ainda por desenvolver ou inconscientes.
Podem ajudar-nos ainda a curarmos velhas feridas e a recuperarmos partes essenciais de nós
próprios. Esta é mais uma abordagem psicológica, junguiana, daquilo que são os relacionamentos e
que têm sido bem explicados nos escritos astrológicos de Liz Greene, Stephen Arroyo e Steven
Forrest, para citar alguns.
Alguns aspectos centrais nesta abordagem são as questões da Sombra, ou partes inconscientes de
nós, da Projeção, ver as qualidades nos outros ao invés de as reconhecermos em nós próprios. A
Sombra consiste naqueles atributos que são inaceitáveis ou estão latentes por inúmeras razões,
definições sexuais, parentais ou sociais de condicionamento, etc.
Tanto as qualidades desejáveis como as que não o são pode, fazer parte da sombra; podemos
projetar atributos positivos, bem como o nosso lado desagradável. Uma das formas mais fortes (e
antigas) de aprendizagem é através do modelo psicológico – estar perto de alguém que expressa ou
têm a energia que procuramos nas nossas vidas. Os relacionamentos proporcionam uma exposição
constante aquilo que nos esforçamos para integrar em nós próprios.
Por exemplo, se não estamos a expressar o nosso Marte, a nossa raiva, paixão e desejo pessoal,
inconscientemente projetamos e encontramos essa energia no exterior, em acontecimentos ou
pessoas. Parecemos continuamente impelidos para tipos poderosos, fortes, auto-determinados e
corajosos. Se estivermos completamente desligados do nosso Marte, podemos encontrar o arquétipo
de um modo mais violento. Quanto mais negamos qualquer parte de nós próprios, mais forte e
extremada vai-se tornar a sua manifestação, de modo a chamar-nos a atenção. Se estivermos mais
conscientes a essa energia, melhor a podemos expressar construtivamente, ao invés de experimentá-
la em formas destrutivas nos outros.
Qualquer ponto do mapa pode simbolizar uma potencial sombra; contudo algumas energias são
mais propensas à projeção do que outras. Alguns indicadores astrológicos de potenciais sombras são
os signos na cúspide da casa 7 e 8, os planetas nessas casas, as oposições (em especial entre
planetas interiores e exteriores) e o posicionamento de Saturno. A predominância ou déficit de um
elemento também pode ser um componente para dar forma à Sombra, bem como o Ascendente, ou
máscara da pessoa. Muito disto depende em como essas partes estão aspectadas ou “armadilhadas”
dentro da nossa psique, e nas experiências e condicionamentos que fomos tendo ao longo do
caminho, pessoal, social e culturalmente.
Se o propósito do relacionamento é religarmo-nos com a outra parte da nossa psique existem assim
relacionamentos “maus”? Talvez aquelas relações que reforçam padrões de autonegação e abuso
possam ser designadas de “maus”. Mas mesmo esses, apesar de dolorosos, tentam ensinar-nos
qualquer coisa, acerca daquelas energias que ainda não reconhecemos ou permanecem adormecidas
em nós próprios.
Muitas vezes esse reconhecimento vem muito mais tarde, depois de passarmos algum tempo
afastados da relação. Existem formas de ganharmos perspectiva e integração das partes difíceis de
nós próprios, mesmo após terminar a relação, quando estamos impossibilitados ou não podemos
interagir fisicamente com o outro. Podemos trabalhar nisso de muitos modos.
Uma técnica profunda e adaptada da psicologia Tibetana Budista é esta: Num local de meditação
imagine entrar em diálogo com a pessoa com quem teve problemas. Veja e sinta o mais que puder,
alimente os seus sentimentos como um fogo. Então, depois troque de posição e torne-se a outra
pessoa, a olhar para si enquanto expressa esses sentimentos. Imagine o que poderia sentir, da
perspectiva da outra pessoa e o que poderia responder. Escute-a. Depois volte à sua visão e
responda. E siga assim adiante de um lado para o outro. Continue o diálogo até sentir uma mudança.
O ‘insight’ e a compaixão que surge por ser capaz de ver através de outros olhos é profundamente
transformador e isto processo interno ilumina e cura mais do que se a outra pessoa estivesse
fisicamente presente.
Outra técnica, adaptada da Psicologia Gestalt é escolher um planeta ou aspecto no seu mapa natal
que simbolize uma dificuldade para si, uma parte que gostaria de compreender e expressar de modo
mais positivo. Dialogue com ele como se fosse outra pessoa. Fale com ela, pergunte-lhe o que
necessita, implore se necessário. Dê-lhe uma imagem ou nome que a personifique, como o “Juiz”
para Saturno ou o “Artista” para Vênus. Cada parte do mapa necessita de ter voz e lugar nas nossas
vidas. Senão o tiver, arrasta-se para o inconsciente e de forma desmembrada. Cada planeta é um
Deus que necessita de ser venerado. Os aspectos entre eles colocam questões de tempo e síntese;
onde e como expressarmos a mais correta resposta.
Mas qual é a realmente a questão de tudo isto? Porquê tanto a propósito dos nossos mapas se o
tópico é a sinastria? Porque esta abordagem integra o nível psicológico com a espiritualidade, e
neste caso os relacionamentos (e a Astrologia) falam-nos da descoberta da nossa relação com o
universo que existe em nós. Tudo “lá fora” está realmente dentro de nós. É um eco do antigo
princípio Hermético “as above, so below, as without, so within”, que tem sido agora redescoberto
na psicologia, na biologia, na física e em outras áreas. Compreender os relacionamentos significa
compreendermo-nos e assumirmos a responsabilidade tanto da dor, como do prazer, da sombra e da
luz. Projetamos tanto as nossas partes luminosas, como as sombrias; testemunhas de gurus ou
veneração das estrelas de cinema.
Necessitamos de recuperar aquilo que afastamos ou negamos, e encontrarmos um caminho de o
trazermos a uma expressão construtiva. Os relacionamentos providenciam o palco, o teste e a
autoridade para este tipo de integração.
O que se segue é um modo de organizar essa tremenda quantidade de informação disponível em
dois mapas natais. Os mesmos princípios da configuração natal aplicados à Sinastria; se usar
planetas uranianos, pontos médios, asteróides ou partes arábicas, etc, pode acrescentá-los a este
formato básico.
Passos na Análise da Sinastria
Quatro passos básicos na comparação de mapas são:
1. Em primeiro estudar individualmente cada mapa.
2. Olhar para os aspectos entre os dois mapas.
3. Examinar o mapa composto.
4. Analisar os trânsitos e progressões para cada pessoa.
Passo 1:
Estudar o mapa A: predominância de hemisférios (E, W, N, S), configurações de aspectos
(stelliums, T-squares, etc), ênfase de elementos (terra, ar, fogo, água), modos (cardinal, fixo,
mutável), os nodos lunares, o posicionamento e aspectos do Sol, Lua, Ascendente e tudo aquilo que
sobressaia. Onde e como está a energia agrupada? O que é que a relação necessita? Veja o signo e o
regente da cúspide da casa 7, o posicionamento e aspectos de Vênus e Marte e os signos e
posicionamentos nas casas 5, 7 e 8. Um processo voltado para os relacionamentos será assinalado
por uma ênfase no hemisfério ocidental, muitos planetas em signos de água ou ar (especialmente
Caranguejo e Balança) e uma Vênus forte. Um caminho mais independente é assinalado por temas
fortes de Saturno, Urano, Carneiro, Aquário e muitos planetas no lado oriental do mapa.
Faça o mesmo para o mapa B. Tire notas de cada mapa.
Passo 2:
Compare os posicionamentos do Sol, Lua e Ascendente de cada um. Como é que combinam em
termos de elementos, modos e polaridades? Quantos desses três fazem “aspectos fáceis” entre si? (0
de 3 é frequentemente muito complicado, 1 de 3 exige muita compreensão, 2 de 3 pode
proporcionar uma certa complementaridade, ainda que a necessitar de estímulo, e 3 de 3 pode ser
muito fácil ou aborrecida).
Faça uma grelha de comparação dos planetas no A e B, anotando os aspectos que se cruzam. Olhe
primeiro para as conjunções, depois oposições, quadraturas, trígonos e sextis. Verifique ainda que
planetas fazem aspectos próximos (menos de 5º graus) entre si.
Assinale os planetas de A no B, e vice-versa. Em que áreas se afetam ou estimulam mais?
Passo 3:
Calcule e examine o mapa composto. Onde se encontra a concentração de energia? Existem
stelliums? Onde se encontram o Sol e a Lua? Vênus e Marte? Que aspectos tem Mercúrio
(comunicação)? Onde está Saturno (para compromisso, longevidade). Onde está a alegria? Quais
são os assuntos que podem necessitar de compromisso e compreensão? (Leia “Composites” de
Robert Hand para mais detalhes)
Passo 4:
Analise os trânsitos e progressões para o momento das duas pessoas e o mapa composto. Veja os
mapas do Retorno Solar de ambos.