02 - Métodos de Avaliação de Alimentos - Nutrição Animal

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Home 02 ‐ Métodos de avaliação de alimentos
Nutrição Animal
Bovincultura
Entrevista A  análise  dos  alimentos  é  um  dos  principais  pontos  a  ser
Equipe de trabalho observado  na  nutrição  animal.  O  objetivo  principal  da  análise  é  o  de  se
Grupo de discussão conhecer  a  composição  química,  além  de  verificar  a  identidade  e  pureza,
Infra-estrutura sejam elas de natureza orgânica ou inorgânica.
Fotos ensilagem
Um  estudo  mais  completo  dos  alimentos  e  forragens
Pragramação de uso
do LNA compreenderá  o  conhecimento  das  propriedades  gerais:  aspecto,  aroma,
Notícias atuais sabor, alterações, estrutura microscópica e, ainda, a determinação do teor
Pós-Graduação das  substâncias  nutritivas,  por  intermédio  das  análises  aproximativas.
Nutrição Ruminantes Além  da  análise  aproximativa  de  um  alimento,  o  nutricionista  deseja
UESC conhecer  também  sua  digestibilidade,  isto  é,  a  parte  do  alimento  que
Datas das Avaliações estaria disponível para o animal.
Horário de Aulas
PROGRAMA DA  
DISCIPLINA
Resultado das 1.          Valor nutritivo dos alimentos
Avaliações
O  conjunto  de  propriedades  apresentadas  por  um  alimento
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relaciona­se  diretamente  com  a  qualidade  dos  constituintes  químicos
Links presentes  no  mesmo.  Nos  alimentos  de  um  modo  geral,  os  constituintes
químicos  podem  ser  agrupados  em  duas  categorias,  conforme  mostra  a
Tabela 1 a seguir.

Tabela 1. Constituintes químicos dos alimentos

Constituintes químicos

Básicos ou nutritivos Secundários

Água Enzimas

Proteínas Ácidos orgânicos

Carboidratos Compostos voláteis

Gorduras Pigmentos

Minerais Pectinas

Vitaminas Substâncias aromáticas
 

                Essas  substâncias  são  responsáveis  pelas  características


nutritivas  e/ou  sensoriais  dos  alimentos,  atuando  de  modo  diverso,  como
pode ser visualizado na Tabela 2.

Tabela  2.  Atuação  dos  compostos  químicos  nas  características


nutritivas e sensoriais dos alimentos

Características do alimento Constituinte responsável

Valor nutritivo Proteínas

Carboidratos

Gorduras

Minerais

Vitaminas

Cor Enzimas

Pigmentos, etc

Sabor Ácidos orgânicos

Açucares

Compostos fenólicos

Odor Óleos essenciais

Compostos voláteis, etc

Textura Pectinas

Gomas

Proteínas

                Algumas  substâncias  são  chamadas  “acessórios”  e  são


importantes  na  organização  dos  sistemas  biológicos,  conforme  mostra  a
Tabela 3.

Tabela 3. Substâncias acessórios dos alimentos

Substâncias acessórios importantes na organização dos
sistemas biológicos

Enzimas – Vitaminas – Sais minerais – Hormônios
 

2.  Métodos de avaliação dos alimentos

2.1.    Análises Químicas e Bromatológicas

Compreende­se  como  análise  química  o  conjunto  de  reações


químicas e técnicas de laboratório empregado para identificar as espécies
químicas  formadoras  de  um  material,  bem  como  descobrir  em  que
quantidade  essas  espécies  estão  presentes  no  material.  Já  a  análise
bromatológica  identifica  o  valor  nutritivo  dos  alimentos  em  termos  de
grupos  de  compostos  químicos  como,  por  exemplo,  Fibra  em  Detergente
Neutro  (FDN):  lignina,  cinza  insolúvel,  celulose,  hemicelulose,  proteína
insolúvel.  Portanto,  alguns  componentes  dos  alimentos  podem  ser
determinados  por  processos  químicos  diretos,  outros  são  determinados
em  conjunto,  pelo  fato  de  não  haver  interesse  nutricional  em  separá­los
pela inexistência de métodos específicos para sua análise.

A.         Sistema de Weende

O método usado para análise, que se faz normalmente, é chamado
de  Weende  e  foi  proposto  por  Henneberg  em  1864,  na  Estação
Experimental  de  Weende  na  Alemanha.  Por  esse  método  é  que  se  tem  a
análise  aproximativa  dos  alimentos,  desde  1864.  As  técnicas  ainda  são
quase  as  mesmas,  com  exceção  do  nitrogênio,  que  é  feito  segundo  o
método  Kjeldahl  (A.O.A.C.,  1970).  Segundo  Henneberg,  o  alimento  é
composto conforme o esquema abaixo da Tabela 4 a seguir.

Tabela 4. Sistema de Weende proposto por Henneberg em 1864

Alimento

Matéria seca Água

Matéria orgânica Matéria  
inorgânica

Compostos não Compostos    
nitrogenados nitrogenados

(proteína)

Carboidratos Extrato      
etéreo

Fibra Extratos não        
nitrogenados
Baseada  neste  esquema,  a  Estação  Experimental  de  Weende
propôs  a  Análise  Aproximativa  do  alimento,  também  conhecida  como
Composição  Centesimal.  O  princípio  da  análise  é  o  de  agrupar
componentes/nutrientes que apresentem alguma propriedade em comum.

As análises clássicas comumente feitas visam a obter informações
sobre os seguintes componentes dos alimentos:

Tabela  1.  Esquema  da  análise  proximal  dos  alimentos,  com  especificação
dos componentes químicos das frações.

Fração Componente

Umidade Água  livre  e  de  cristalização;  ácidos  e  bases


voláteis  (quando  presentes);  alguns  elementos
minerais voláteis (Na, Cl, F)

Matéria Mineral Todos  os  elementos  minerais  presentes,  mais


carbonatos formados durante a ignição da amostra

Proteína Bruta Proteínas,  aminoácidos,  aminas,  nitratos,


glicosídeos  nitrogenados  glicolípides,  vitaminas  do
(N x 6,25)
complexo B, ácidos nucléicos e outras substâncias
nitrogenadas

Extrato Etéreo Gorduras,  óleos,  ceras,  ácidos  orgânicos,


pigmentos, esteróis, vitaminas lipossolúveis (A, D,
E, K) e qualquer substância solúvel em éter

Fibra Bruta Celulose, hemicelulose, lignina insolúvel em álcali,
proteína desnaturadas pelo calor

Extrato  não Açúcares,  amidos,  pectinas,  frutosanas,  resinas,


Nitrogenado taninos,  pigmentos,  algumas  vitaminas
hidrossolúveis; traços  de  celulose,  hemicelulose  e
lignina solúvel em álcali

Fonte: Adaptado de Nunes, 1998

                                        Matéria  seca:  representa  o  peso  do  material  analisado


totalmente livre de água, extraída num processo de secagem. É um dado
de  extrema  importância,  principalmente  quando  obtido  de  alimentos
volumosos,  que  normalmente  apresentam  umidade  variável.  Os  valores
de  matéria  seca  facilitam  a  comparação  qualitativa  dos  diversos
nutrientes,  entre  diferentes  alimentos.  A  composição  dos  alimentos  em
tabelas,  o  cálculo  das  necessidades  dos  alimentos  e  o  consumo  de
alimentos são expressos em termos de matéria seca.

A  umidade  na  ração  afeta  o  valor  energético  porque  há  menos


matéria  seca  na  ração  e  conseqüentemente,  menos  nutrientes  ela  pode
ter.  A  água  não  é  combustível  no  tecido  animal  e  não  contribui  para  o
valor energético da ração. Contudo, o consumo total de água influencia a
utilização  alimentar,  portanto  ela  afeta  também  o  mecanismo  fisiológico,
pois há exigência de cerca de 1 ml de água para cada 3 calorias ingeridas.

                    Cinza ou matéria mineral: é utilizada para estimar a fração
bruta  de  minerais  do  alimento  e  também  para  verificar  contaminação  na
amostra,  através  de  compostos  que  não  fazem  parte  da  fração  nutritiva
do alimento (solo, metais, etc.).

O  conteúdo  de  matéria  mineral  dos  alimentos  é  também


importante  porque  a  cinza  não  é  combustível  e,  portanto  não  produz
energia.  Em  conseqüência  quanto  maior  o  teor  de  cinza  do  alimento,
menor será seu valor energético.

                     Proteína bruta: Todas as proteínas contêm nitrogênio. Se
tomadas  em  conjunto,  apresentarão  em  média  16  g  de  nitrogênio  para
100  g  de  proteína.  Identificar  cada  proteína  seria  extremamente
trabalhoso e mesmo desnecessário – interessa, numa primeira avaliação,
saber quanto de proteína um alimento contém. Em avaliações posteriores,
pode ser de interesse saber qual proteína o alimento contém. Por isso, na
análise  proximal,  determina­se  o  teor  de  nitrogênio  da  amostra  (e  não  o
teor  de  proteína),  por  ser  mais  fácil.  Sabendo­se  que  100  g  de  proteína
contêm 16 g de nitrogênio, a regra de três fica assim:

16N = 100P, logo, 100/16N = P ou N x 6,25 = P

        Fica implícito que toda substância contendo nitrogênio, presente no
alimento, aparecerá no resultado da análise como proteína, mesmo não o
sendo  –  daí  a  denominação  de  proteína  bruta.  Existem  métodos  para  se
determinar  a  proteína  verdadeira  de  um  alimento,  mas  são  refinamentos
que não pertencem à análise proximal.

                     Gordura  ou  extrato  etéreo:  determina  a  percentagem  de


gordura  dos  alimentos  sendo  útil  para  quantificar  energia.  Os  alimentos
com  altos  teores  de  gorduras  têm  altos  valores  de  NDT  (Nutrientes
Digestíveis  Totais),  pelo  fato  das  gorduras  fornecerem  2,25  vezes  mais
energia quando comparadas aos carboidratos e proteínas.

                    Extrato não nitrogenado: é um valor calculado a partir da
soma  de  PB,  FB,  EE  e  MM,  expressos  em  termos  de  MS  e  subtraído  de
100. Deveria representar os carboidratos de mais fácil digestão, como os
açúcares e o amido.

                                        Fibra  bruta:  quanto  maior  a  percentagem  desta  fração,


menor  a  qualidade  da  forragem,  podendo  limitar  o  consumo  de  matéria
seca  e  energia.  O  grande  problema  da  fibra  bruta  é  que  parte  dos
componentes  da  parede  celular  como  celulose  e  lignina  é  solubilizada,
portanto  ela  subestima  o  valor  da  fração  de  menor  digestibilidade  do
alimento.

A  determinação  da  Matéria  Seca  (MS)  é  o  ponto  de  partida  da


análise  dos  alimentos.  Ë  de  grande  importância,  uma  vez  que  a
preservação  do  alimento  pode  depender  do  teor  de  umidade  presente  no
material  e,  além  disso,  quando  se  compara  o  valor  nutritivo  de  dois  ou
mais  alimentos,  temos  que  levar  em  consideração  os  respectivos  teores
de  matéria  seca.  Por  outro  lado,  se  desejamos  comparar  o  resultado  de
análises  realizadas  em  diferentes  épocas,  locais  ou  regiões,  sempre
fazemos  essa  comparação  em  base  da  matéria  seca,  isto  é,  como  se  o
alimento contivesse 100% da matéria seca. Geralmente, é feita a MS pelo
método  indireto,  onde  se  admite  que  a  perda  de  peso  corresponde  ao
peso da água perdida. Na realidade, outras substâncias voláteis, além da
água,  são  consideradas  também,  como  água,  ocasionando  algum  erro,  o
que vem a ser uma desvantagem do método.

O  esquema  de  análise  proposto  por  Weende,  apesar  de  fornecer


uma idéia de valor nutritivo do alimento, é falho em vários aspectos bem
conhecidos  pelos  que  estão  familiarizados  com  este  esquema:  a  análise
de  fibra  bruta  (FB),  além  do  empirismo  de  sua  técnica,  é  composta  de
celulose  e  parte  da  lignina  insolúvel.  O  extrato  não  nitrogenado  (ENN)  é
calculado por diferença, conseqüentemente, todos os erros cometidos nas
análises  anteriores  irão  refletir  nesta  fração,  e,  portanto,  não  representa
muito  bem  a  fração  de  carboidratos  solúveis  ou  digestíveis.  É  importante
chamar  a  atenção  também,  que  normalmente  o  valor  do  extrato  etéreo
(EE)  é  superestimado,  já  que  além  das  gorduras  o  éter  extrai  também
compostos  intimamente  ligados  ou  associados  às  gorduras,  tais  como:
fosfatídeos, esteróis (colesterol), clorofila, xantofila, óleos voláteis, resina
etc.;  se    estiverem  presentes  na  amostra.  No  caso  dos  capins  e  outros
volumosos  comete­se  grande  erro  na  determinação  do  extrato  etéreo
porque  eles  são  relativamente  ricos  nestes  compostos  não  lipídicos
quando comparados com a fração lipídica.

O método de Weende não é satisfatório para se obter informações
sobre  os  carboidratos,  pois  inclui  no  grupo  da  fibra  bruta  a  celulose  e
apenas a lignina insolúvel em álcali. Por outro lado, no grupo dos extratos
não  nitrogenados,  encontram­se  frações  de  naturezas  diversas,  como:
amido,  hemicelulose,  pectina,  lignina  solúvel  em  álcali  e  os  carboidratos
solúveis  em  água.  Para  os  nutricionistas,  a  solubilização  da  lignina  dos
alimentos, em proporções variáveis, é um sério defeito no método da FB,
pois  esta  lignina  torna­se  parte  do  conteúdo  do  ENN,  que  deveria  ser  o
componente  mais  digestível  do  alimento.  A  inclusão  da  lignina  no  ENN
resulta,  no  caso  de  volumosos,  em  digestibilidades  do  ENN
freqüentemente menores do que as digestibilidades da FB.

Esta  divisão  parece  insatisfatória  do  ponto  de  vista  nutricional,


pois  é  conhecido  que  a  hemicelulose,  pectina  e  lignina  solúvel  em  álcali
não  apresentam  as  mesmas  características  nutricionais  dos  outros
componentes  englobados  sob  o  termo  extratos  não  nitrogenados.  Uma
separação  química  dos  polissacarídeos  somente  seria  útil  se  descermos
aos pormenores do peso molecular, posição das ligações glicosídeas, etc.
Portanto,  uma  análise  extremamente  sofisticada  seria  necessária  para
separar  os  vários  componentes  do  alimento  sob  os  aspectos  químicos  e
nutricionais.

B.         Van Soest

Para resolver o problema da fibra bruta descrito no tópico anterior,
tem  sido  proposto  ultimamente  o  método  de  Van  Soest  (1967),  o  qual
divide os componentes da amostra analisada em carboidratos não fibrosos
(erroneamente  conhecido  como  conteúdo  celular),  que  compreende  as
frações  solúveis  em  detergente  neutro,  conforme  preconiza  o  método.
Engloba  uma  série  de  compostos  químicos  e  nutricionalmente  definidos,
tais  como:  lipídeos,  compostos  nitrogenados,  amido,  pectina  e  outros
compostos  solúveis  em  água.  A  segunda  parte,  que  compreende  os
carboidratos  fibrosos  (erroneamente  chamado  de  parede  celular),
chamada de fibra em detergente neutro (FDN) inclui a proteína insolúvel,
a  hemicelulose  e  a  lignocelulose  que  engloba  principalmente,  as  frações
de  lignina  e  celulose.  Sob  o  aspecto  nutricional,  o  método  Van  Soest
separa  melhor  os  diversos  componentes  da  fração  fibrosa.  Portanto,  é
desejável  a  substituição  da  tradicional  fibra  bruta  pela  fibra  em
detergente neutro (FDN) do ponto de vista nutricional.

Na realidade os métodos de Weende e de Van Soest nos fornecem
informações  suficientes  sobre  a  composição  química  de  determinado
alimento.

C.         Nutrientes digestíveis totais

O  sistema  proposto  por  Weende  não  leva  em  consideração  os


demais componentes dos alimentos, conforme foi visto no tópico anterior.
Sendo  apenas  químico,  não  leva  em  consideração  o  animal  e  sua
capacidade de transformar alimentos. Tentando suprir esta falha, Henry e
Morrison desenvolveram, em 1910, o sistema NDT, que é calculado como
segue:

Caixa de texto: % NDT = % Proteína Digestível + % Extrato Etéreo D


% Extrato Não Nitrogenado Digestível

                A  determinação  do  NDT  na  prática  é  morosa  e  cara.


Atualmente  calcula­se  o  NDT  a  partir  da  energia  digestível,  tomando­se
por  base  que  1  kg  de  NDT  produz  cerca  de  4400  Kcal  de  energia
digestível.

D.         Determinação de minerais

A  análise  de  minerais,  tanto  os  macros  como  os  micros,


atualmente  é  realizada  com  grande  precisão  pela  técnica  de  absorção
atômica.  Os  macrominerais  são  expressos  em  %  dos  ingredientes  e  os
microminerais  na  base  de  mg/kg  de  alimento  ou  ppm.  As  análises  mais
comuns são para determinação de cálcio e fósforo.

E.          Determinação de vitaminas

A  análise  de  vitaminas  que  antigamente  era  feita  por  métodos


microbiológicos,  hoje  está  sendo  efetuada  por  espectrofotometria  e  por
cromatografia.  As  vitaminas  A,  D  e  F  são  expressas  em  unidades
internacionais (UI), as demais são expressas em miligrama.

F.          Determinação de aminoácidos

Os  aminoácidos  que  antigamente  foram  determinados  por  método


microbiológico, hoje são analisados quantitativamente por cromatografias.
Na  análise  de  aminoácidos  é  necessário,  inicialmente,  hidrolisar  as
proteínas,  o  que  é  feito  com  ácido  clorídrico  a  6  N.  Com  hidrólise  ácida,
muitos  aminoácidos  poderão  ser  destruídos  e,  para  contornar  este  fato,
usa­se  a  hidrólise  ácida  para  certos  aminoácidos  e  a  hidrólise  alcalina
para outros.

Posteriormente, o hidrolisado pode ser analisado por cromatografia
gasosa  ou  separado  por  cromatografia  em  coluna,  e  analisado  por
calorimetria,  usando  ninidrina  como  reagente.  O  analisador  de
aminoácidos separa e analisa os aminoácidos.

G.         Outras análises e testes

                   Teste de Eber

                   Reação de Kreis

                   Testes de peróxidos

                   Índice de Uréase

                   Teste de Gossipol

                   Determinação do nitrogênio não protéico

                   Determinação da digestibilidade in vitro

                   Determinação da presença de pesticidas

                   Determinação do conteúdo de NaCl

                   Determinação do teor de caroteno

                   Determinação do teor de xantofilas

                   Determinação de micotoxinas

                   Determinação do pH

2.2 Análises Físicas

        Existe  uma  grande  quantidade  de  testes  que  ainda  poderão


ser  feitos  para  o  controle  de  qualidade  dos  alimentos  e  da  própria  ração
balanceada. Entre eles estão:

A.  Testes microscópicos

Através  dos  testes  microscópicos,  determina­se  o  formato  das


células  e  dos  grãos  de  amido  dos  ingredientes.  Em  função  destes
parâmetros é possível detectar­se falsificações.

B.  Determinação do valor energético
A energia bruta de um alimento pode ser avaliada através do calor
produzido  durante  sua  combustão  em  uma  bomba  calorimétrica.  A
determinação  da  energia  bruta  é  bastante  usada  em  pesquisas  para
avaliar os valores de energia metabolizável do alimento.

C.  Granulometria

A  determinação  da  granulometria  de  moagem  dos  alimentos,


principalmente  das  sementes  de  milho  e  soja,  é  bastante  importante  na
fabricação de rações balanceadas. Sabe­se que a digestibilidade da ração
é  bastante  influenciada  pelo  tamanho  das  partículas  dos  alimentos  que  a
constitui.

D. Secagem

O  grau  de  secagem  dos  grãos  é  importante  para  fazer  seu


armazenamento,  evitando­se  o  desenvolvimento  de  fungos  e  perda  do
material.  Além  disso,  o  teor  de  matéria  seca  dos  ingredientes  da  ração
influencia no total dos nutrientes e da energia da ração.

E. Torração

A  avaliação  do  grau  de  cozimento,  tostagem  ou  torração  é


bastante  importante  para  avaliar  a  qualidade  do  alimento.  O  excesso  de
torração  pode  desnaturar  as  proteínas  do  alimento,  tornando­o  de  baixa
qualidade.  Muitas  vezes  é  observado  excesso  de  torração  no  farelo  de
soja.

F.  Excesso  de  escamas,  ossos,  chifres,  pêlos,  sangue,


cartilagens, materiais estranhos, etc

Estes  tipos  de  determinações  são  bastante  usados  para  avaliar


produtos e sub­produtos de origem animal.

As farinhas de pescados não de vem conter excessos de escamas,
cartilagens,  ossos  e  sangue.  Estes  materiais,  apesar  de  conter  níveis
elevados  de  proteínas,  cálcio  e  fósforo,  possue  baixa  qualidade  e
aproveitamento pelos animais.

Ë comum observar a adição fraudulenta de ossos, sangue, chifres,
pêlos,  cascas  e  conteúdo  do  aparelho  digestivo  nas  farinhas  de  carne.
Estes resíduos possuem elevados teores de proteínas, mas de qualidade e
aproveitamento muito baixo.

G. Densidade, cor e odor

A  determinação  destes  características  é  também  bastante


importante para avaliar a qualidade da matéria prima de uma ração. São
usadas constantemente para ajudar no diagnóstico de fraudes.

 
2.2.    Análises Bacteriológicas

As  análises  bacteriológicas  são  usadas  para  verificar  o  grau  de


contaminação com microorganismos e presença de toxinas. A aspergilose
é bastante comum nos concentrados de origem vegetal, principalmente no
farelo  de  amendoim,  e  precisa  ser  avaliada  antes  do  uso  destes
alimentos.

As  farinhas  de  origem  animal  são  freqüentemente  contaminados


com microrganismos que diminui o desempenho dos animais, provocando
diarréias  e  em  casos  mais  graves,  a  morte.  As  determinações  mais
comuns são:

                    Contagem e tipificação de microrganismos

                    Aspergilos

                    Salmonelas

                    Coliformes

                    Fungos, etc.

2.3.    Testes biológicos

Vários  testes  podem  ser  realizados,  entre  eles  estão  a


determinação  do  valor  biológico  das  proteínas  e  o  valor  energético  dos
alimentos.

As  forragens  constituem,  freqüentemente,  a  principal  fonte  de


nutrientes  para  os  bovinos  e,  às  vezes,  são  o  único  alimento  oferecido,
sob  a  forma  de  pasto  verde  picado,  silagens  ou  feno.  De  todos  os
nutrientes  necessários  às  exigências  dos  bovinos,  a  energia  constitui  a
principal  contribuição  das  forragens.  Por  isto,  torna­se  importante
conhecer  a  digestibilidade  de  cada  uma  das  forragens  que  compõe  a
alimentação destes animais.

Resumindo, podem­se citar os seguintes testes biológicos:

                    Valor biológico de proteínas

                    Digestibilidade in vivo

                    Valor energético dos alimentos

                    Biodisponibilidade de nutrientes

                                        Avaliação  do  valor  nutricional  de  alimentos  através  do


desempenho dos animais

                    Avaliação dos efeitos dos fatores anti­nutricionais presentes
em alimentos, etc.               

Fracionamento de proteína e
carboidrato pelo CNCPS
 

1.          Introdução

As determinações de proteína e energia não levam em
consideração a dinâmica da fermentação ruminal e as perdas. Para
solucionar estes problemas os sistemas modernos de adequação de dietas
para ruminantes enfatizam a necessidade da sincronização da degradação
de nitrogênio e carboidrato no rúmen, para que se obtenha a máxima
eficiência de síntese de proteína microbiana, bem como a redução das
perdas energéticas e nitrogenadas decorrentes da fermentação ruminal.
Com base neste princípio o sistema Cornell – Cornell Net Carbohydrate
and Protein System (CNCPS) criou o fracionamento dos carboidratos e
proteínas para poder predizer com maior precisão o desempenho dos
animais a partir dos ingredientes da dieta. O CNCPS, por intermédio de
modelos mecanicistas, estima a quantidade de proteína microbiana
sintetizada, o escape ruminal de nutrientes e, com isso, a proteína
metabolizável, a partir dos dados relativos às frações de carboidratos e
proteínas, bem como de suas taxas de degradação. Estas informações
podem ser utilizadas como base para predizer a EM e proteína absorvida.

2.          Fracionamento dos alimentos

O CNCPS assume que os alimentos são compostos de proteína,
carboidratos, gorduras, minerais e água. A matéria seca (MS) da proteína
e dos carboidratos são novamente subdivididos pela composição química,
características físicas, degradação ruminal e características de
digestibilidade pós­ruminal. As frações de proteína, carboidrato, mineral,
gordura e água nos alimentos pode ser originada das seguintes análises
químicas laboratoriais padrão (SNIFFEN et al., 1992):

a)          MS dos alimentos;

b)           Fibra  detergente  neutro  (FDN)  e  lignina  (VAN  SOEST  et  al.,
1991);

c)           Nitrogênio  total  como  analisado  através  do  macro  ou  micro
Kjeldahl;

d)          Proteína solúvel como determinado pelo procedimento
de KRISHNAMOORTHY et al. (1983);

e)                    Nitrogênio  que  é  insolúvel  em  detergente  neutro


(NIDN)  (sem  sulfito  de  sódio)  e  detergente  ácido  (NIDA)
(VAN SOEST et al., 1991);

f)           Minerais (MM);

g)          Gordura solúvel em extrator (EE); e

h)                    Cálculo  do  carboidrato  não  fibroso  (CNF)  pela


determinação  do  FDN,  proteína,  gordura,  e  minerais  ou
diretamente (VAN SOEST et al., 1991): 100 – [(FDN – PIDN)
+ EE + MM].
 

3.          Fracionamento da proteína dos alimentos

Importância – As exigências em proteína metabolizável dos
ruminantes são atendidas pela proteína microbiana sintetizada no rúmen e
pela proteína dietética digestível que escapa à fermentação ruminal, o que
torna a nutrição protéica do ruminante bastante complexa. Portanto,
qualquer método para determinação da qualidade da proteína dos
alimentos deve, necessariamente, considerar a contribuição do alimento
para a síntese de proteína microbiana e para a proteína que escapa do
rúmen.

A proteína é dividida em três frações: nitrogênio não protéico
(NNP), proteína verdadeira, e nitrogênio indisponível. Isto tem sido
descrito como fração A (NNP), B (proteína verdadeira), e C (proteína
indisponível), respectivamente. A proteína verdadeira é novamente
fracionada em três subfrações (B1, B2 e B3) baseada nas suas taxas
inerentes de degradação ruminal.

Fator  de  Conversão  –  O  fator  6,25  é  normalmente  usado  para  se


transformar  a  %  de  nitrogênio  em  proteína,  levando­se  em  conta  que  as
proteínas contêm, em média, 16% de nitrogênio.

          Quando  o  teor  da  fração  A  dos  alimentos  estiver  alto,  pode


resultar em perdas nitrogenadas ruminais na forma de amônia – NH3. Isto
porque,  esta  fração  esta  prontamente  disponível  no  rúmen  de  tal  forma
que os microorganismos não podem utilizar, quando em excesso, todos os
aminoácidos  e  NH3  liberados.  Em  tais  situações,  a  adição  de  fontes
energéticas  de  rápida  degradação  pode  reduzir  as  perdas  nitrogenadas  e
melhorar  o  desempenho  animal,  em  virtude  do  aumento  da  síntese  de
proteína microbiana no rúmen. (MALAFAIA, 1997).

A  taxa  de  digestão  da  fração  B1  é  de  150  a  300%/h  (SNIFFEN  et
al., 1992).

O  nitrogênio  associado  com  o  FDN  é  normalmente  a  proteína


ligada  à  parede  celular  que  também  inclui  o  nitrogênio  indisponível
encontrado  no  resíduo  de  detergente  ácido.  A  proteína  insolúvel  em
solução  de  detergente  neutro,  mas  solúvel  em  detergente  ácido  é
digestível,  porém  lentamente  degradável  e  tem  sido  definida  como  a
fração  B3  no  CNCPS.  Geralmente  a  proteína  associada  à  parede  celular
está amplamente ligada aos carboidratos hemicelulolíticos (glicoproteínas)
que estão envolvidos na ligação ramificada de cadeias de carboidratos na
parede  celular  da  planta  (Fry,  1988,  citado  por  LICITRA  et  al.,  1996).  O
aquecimento  desnatura  a  fração  B2  das  proteínas  e  pode  aumentar  a
proteína indisponível e assim aumentar a fração B3 bem como a fração C
obtida como NIDA.

        Essas proteínas estão quimicamente ligadas à parede celular
vegetal,  apresentando  as  funções  de  defesa  contra  patógenos,  de
elasticidade,  no  processo  de  lignificação  e  na  rigidez  da  parede  celular
vegetal (Showalter, 1993, citado por MALAFAIA e VIEIRA, 1997).

        Não é possível uma completa extração de todo nitrogênio da
parede celular da planta. A parte central do resíduo parece ser resistente,
indigestível  e  está  associada  com  a  lignina  em  forragens  tenras  que  não
contêm  tanino.    O  tanino  quando  presente,  é  um  dos  fatores
possivelmente  responsável  por  aumentar  a  proteína  insolúvel  associada
com  a  parede  celular  da  planta.  Outro  fator  é  a  reação  de  Maillard  ou
caramelização  enzimática  causada  pelo  aquecimento  e  secagem.  Estas
frações têm baixa disponibilidade biológica e tende a ser reconsiderada na
FDA (VAN SOEST and MASON, 1991).

        O nitrogênio insolúvel em detergente
ácido (NIDA) é considerado como indigestível
durante sua permanência no trato gastrintestinal.
Esta fração é denominada fração C no Sistema de
Cornell.

        Para determinar o NIDA é necessário fazer a fibra
detergente ácida (FDA). A FDA é entendida como uma preparação para a
determinação da celulose, lignina, NIDA, cinza insolúvel em detergente
ácido (CIA) e sílica. Ela não é uma fração fibrosa válida para uso
nutricional ou para a predição de digestibilidade.

                As  análises  seqüenciais  para  as  frações  fibrosas  são


atrativas  porque  interferências  importantes  podem  ser  encontradas  e
porque  o  uso  de  amostra  é  mais  econômico.  A  principal  vantagem  é  que
estimam  com  maior  precisão  o  conteúdo  de  hemicelulose  e  celulose  por
diferença. A hemicelulose estimada pela subtração da FDA pela FDN será
tão  baixa  quando  a  pectina  for  precipitada  dentro  do  FDA.  A  sílica
biogênica  tem  um  efeito  semelhante  porque  ela  é  solúvel  em  solução  de
detergente neutro e insolúvel em solução de detergente ácido (VAN SOEST
et al., 1991).

                A  análise  seqüencial  de  FDA  é  determinada  a  partir  do


resíduo da análise de FDN. Devido o fato da solução de detergente neutro
solubilizar  pectinas,  cinzas  e  outros  compostos  não  removidos  por
detergente ácido, a FDA seqüencial é menor que a FDA direta na maioria
dos alimentos. Todos os métodos para FDA isolam principalmente celulose
e  lignina  com  alguma  contaminação  por  pectina,  cinza  e  compostos
nitrogenados  (principalmente  produtos  da  reação  de  escurecimento  não­
enzimático (MERTENS, 1992)).

Mediante a diferença entre os teores de NIDN e os de NIDA, pode­
se determinar a fração B3 (SNIFFEN et al., 1992).

        A fração B3 é degradada lentamente no rúmen e, portanto,
apresenta  elevado  escape,  sendo  potencial  fonte  de  aminoácidos  no
intestino  delgado  (CABRAL,  1999).  A  taxa  de  digestão  da  fração  B3  é  de
0,1 A 1%/h (SNIFFEN et al., 1992).

                A  fração  B2,  a  qual  é  degradada  em  taxa  intermediária  no


rúmen,  serve  tanto  como  fonte  de  aminoácidos  e  peptídeos  no  rúmen,
quanto no intestino delgado (CABRAL, 1999). A taxa de digestão da fração
B2 é de 5 a 15%/h (SNIFFEN et al., 1992).

        A determinação do NIDN e do NIDA segue inicialmente os
mesmos protocolos para obtenção da fibra em detergente neutro (FDN)
descritos por VAN SOEST et al. (1991).

 
Considerações do fracionamento de proteína

        A taxa de degradação dos alimentos é influenciada pela taxa
de  passagem  que  varia  devido  ao  tamanho  da  partícula,  densidade,
hidratação  e  nível  de  alimentação.  A  fração  A  e  B1,  por  apresentar
elevada  degradação,  sendo  pouco  afetada  pelo  aumento  da  taxa  de
passagem.  Dessa  forma,  pode­se  inferir  que  é  a  principal  fonte  de
nitrogênio no rúmen nas primeiras horas após a ingestão de alimentos, e
sua contribuição no duodeno é muito pequena. Entretanto, as frações B2 e
B3,  por  apresentar  taxa  intermediária  e  lenta  de  digestão  no  rúmen,
respectivamente,  tendem  a  escapar  em  maior  proporção  e  serem  mais
afetadas  pelo  aumento  da  taxa  de  passagem,  contribuindo  com  a  maior
parte da proteína potencialmente digestível no intestino delgado.

        Os alimentos que contribuem com maior proporção de PNDR
digestível  no  intestino  delgado  (PNDRd)  são  aqueles  com  maior
percentagem das frações B2 e B3.

                Portanto,  constata­se  a  importância  da  determinação  das


frações  que  compõem  a  PB  dos  alimentos  e  de  suas  taxas  de  digestão,
pois,  dessa  forma  torna­se  possível  estimar  a  degradação  ruminal  e  o
escape  protéico,  que,  aliados  aos  dados  de  digestibilidade  intestinal,
permitem  estimar  a  proteína  metabolizável  de  cada  alimento  (CABRAL,
1999).

        Segundo VALADARES FILHO (2000), nem todo fracionamento
protéico  feito  pelo  CNCPS  deveria  ser  adotado  no  Brasil,  em  relação  à
avaliação  protéica  dos  alimentos  para  ruminantes.  Apenas  deveriam  ser
obrigatórias, além da análise de PB, pelo menos a determinação da fração
dos  compostos  nitrogenados  não  protéicos,  da  fração  insolúvel  em
detergente  ácido  (NIDA)  e  insolúvel  em  detergente  neutro  (NIDN),  isto  é
as  frações  A,  C  e  por  diferença  (NIDN  –  NIDA)  a  fração  B3,
respectivamente.  Porém,  dependendo  da  finalidade  da  pesquisa,  o
fracionamento  conforme  descrito  pelo  CNCPS,  se  torna  necessário,
Translate
principalmente, quando se pretende calcular o escape ruminal de proteína
oriundo de cada uma dessas frações.

                Como  a  quantificação  e  a  estimativa  das  taxas  de


degradação  dessas  frações  de  proteína  são  responsáveis  pelo  maior  ou
menor  escape  de  nitrogênio  ruminal  e  pelo  atendimento  dos
requerimentos de nitrogênio dos microorganismos ruminais, fica implícito
que  alimentos  com  teores  de  PB  similares,  mas  com  diferenças  nestas
frações  e  nas  suas  taxas  de  degradação,  resultarão  em  predições
incorretas  sobre  o  desempenho  animal  se  na  formulação  das  rações  não
for  considerada  a  dinâmica  destas  frações  no  rúmen  e  nos  intestinos
(MALAFAIA, 1997).

Tabela 01 – Percentagem de proteína bruta (PB), proteína não­degradada no rúmen e
digestível no intestino delgado (PNDRd) e das frações nitrogenadas

Alimentos PB PNDRd

(%MS) (%PB)

K=3%/h K=6%/h C B3
C. Tifton­85 (30cm) 14.67 47.45 54.04 8.26 40.82

C. Tifton­85 (50cm) 9.96 32.59 39.33 11.40 43.23

Feno de alfafa 18.75 28.32 37.48 9.49 15.01

Feno de coast­cross 10.40 52.09 55.54 12.59 48.95

Silagem de milho 7.09 17.81 21.84 15.74 1.52

Farelo de algodão 31.90 25.82 38.07 5.06 0.82

Farelo de trigo 17.44 29.21 38.91 2.06 5.35

Grão de soja 46.83 18.97 24.31 4.40 3.73

Farelo de soja 50.88 32.60 46.83 0.98 2.37

Fubá de milho 8.54 39.24 51.39 0.82 5.74

Fonte: CABRAL, 1999.

4.          Fracionamento de carboidrato dos alimentos

Importância – Se baseia na classificação das bactérias ruminais
Translate
quanto à utilização dos carboidratos que constituem a parede celular
vegetal e daqueles que se localizam no conteúdo celular com função não­
estrutural. A caracterização das frações que constituem os carboidratos
dos alimentos obtidos nas condições tropicais e a determinação das taxas
de degradação de cada fração serão instrumentos valiosos para
formulação de rações que visem à maximização do crescimento
microbiano ruminal e, consequentemente, a melhor predição do
desempenho dos animais.

 Determinação do conteúdo de carboidratos totais

Os carboidratos são a principal reserva da energia fotossintética
nas plantas, constituindo 50 a 80% da matéria seca das plantas
forrageiras e dos cereais. Para os ruminantes, representam a principal
fonte de energia para manutenção de suas funções fisiológicas, que,
devido à fermentação microbiana, a qual altera a natureza dos
componentes da dieta, tornam­se disponíveis principalmente na forma de
ácidos graxos voláteis (CABRAL, 1999).

Depois de determinado a PB, EE e MM contido no alimento,
expressando­os como percentagem da MS, o conteúdo de carboidrato total
(CHO) no alimento pode ser estimado, calculando por diferença (100 – PB
– EE – MM) (SNIFFEN et al., 1992).

4.1      – Determinação química das frações de carboidratos
dos alimentos

Os carboidratos podem ser classificados como carboidratos
fibrosos (CF) e não fibrosos (CNF), de acordo com o seu comportamento
no trato gastrintestinal (TGI). Os primeiros compreendem basicamente a
celulose e hemicelulose, que, juntamente com a lignina, desempenham
funções de sustentação e proteção e são lenta e parcialmente disponíveis,
além de ocuparem espaço no TGI. Já os CNF, representados pelos
açúcares solúveis em água (mono e dissacarídeos), amido e pectina, são
rápida e completamente digeríveis no TGI. Entretanto, o CNCPS classifica
os carboidratos de acordo com a taxa de degradação (fração A é rápida e
é açúcar solúvel; fração B1 é intermediária e é amido + pectina; fração
B2 é lenta e é a parede celular disponível; e a fração C é a parede celular
indisponível). Estas frações são calculadas de alimentos contendo
carboidratos não fibroso (CNF), carboidrato fibroso (CF) e fração
indigestível (C).

Devido à variação na contaminação de solo nas forragens e
alimentos, o conteúdo de cinzas deve ser informado ou excluído da FDN.
A solução de detergente neutro dissolve pectina e sílica biogênica, mas
não os minerais do solo silicatados (VAN SOEST et al., 1991).

O conteúdo de lignina nas forragens varia de 5 a 25% da parede
celular da planta; as leguminosas têm um maior conteúdo do que as
gramíneas. Porém as leguminosas são tipicamente mais digestíveis do
que as gramíneas pelo fato de conterem menos FDN, mesmo que elas
contenham mais lignina e que a digestibilidade de sua fibra seja menor
que as das gramíneas (MERTENS, 1992). Translate

        Com o aumento da maturidade, principalmente das
gramíneas tropicais, implica no aumento da síntese de constituintes da
parede celular, bem como do seu espessamento e da deposição de lignina,
o que tende a aumentar a fração indigerível, reduzindo, dessa forma, a
fração potencialmente digerível (WILSON, 1994).

Determinação da fração C – A estimativa da fração C a partir
da fórmula proposta por SNIFFEN et al. (1992), a qual se baseia na
concentração de lignina dos alimentos (lignina x 2,4) tende a subestimar a
respectiva fração em volumosos tropicais, quando comparada aos valores
encontrados a partir da determinação do resíduo indigerível após 144
horas de digestão, contudo isso somente será correto se esse resíduo for
corrigido para proteína e cinzas. Nessas gramíneas, outros fatores além
da concentração de lignina têm sido correlacionados negativamente à sua
digestibilidade.

A incubação ruminal por sete dias resultou em valores menores
para o resíduo da FDN. Dessa forma, para se ter idéia da real extensão
da degradação ruminal da FDN, as forrageiras obtidas em condições
tropicais deverão ser incubadas por períodos superiores a 96 horas
(MALAFAIA, 1997).
Tem­se recomendado atualmente que a fração seja determinada
através do material remanescente após 144 horas de digestão in situ ou in
vitro.

O aumento da fração C e a redução dos CNF podem implicar em
redução da disponibilidade de energia para os microorganismos que
fermentam carboidratos fibrosos e não­fibrosos o que poderia influir na
eficiência de síntese de proteína microbiana e, ainda, conduzir a perdas
de nitrogênio no rúmen, se porventura forem utilizados suplementos
protéicos de média ou rápida degradação (CABRAL, 1999).

Considerações do fracionamento de carboidrato

As diferenças nas frações de carboidratos (B2 e CNF) entre os
alimentos, bem como a sua alteração com o avanço da maturidade das
plantas, podem afetar a disponibilidade de energia no rúmen para
crescimento microbiano, o que, por sua vez, influencia o fluxo de proteína
microbiana para o intestino delgado (CABRAL, 1999).

Os alimentos com elevada fração de CNF são boas fontes de
energia para crescimento dos microorganismos que utilizam carboidratos
não fibrosos. Dessa forma, seria benéfica a inclusão de fontes protéicas
de rápida e média degradação no rúmen, quando estes alimentos
compõem a base da dieta, objetivando a sincronização entre a liberação
de energia e nitrogênio, uma vez que a liberação de energia de maneira
mais rápida que a sua utilização para crescimento microbiano pode levar
ao processo de dissipação de energia por parte dos microorganismos,
conhecido como Energy Spilling.

Quando expressos em percentagem dos carboidratos totais, os
valores dos carboidratos não­fibrosos (CNF), obtidos pela diferença MO –
(PB+ EE + FDNcp), revelaram­se como adequados para aferir a obtenção
da fração A + B1 por meio das análises seqüenciais da FDN, utilizando­se
Translate
a fórmula 100 – (C + B2). Notou­se que, em ambos os casos, os valores
foram semelhantes. Esta proposta de caracterização das frações A e B1 se
fundamenta no aspecto da praticidade para cálculo de rações para
ruminantes e no aspecto analítico, uma vez que as metodologias de
determinação do amido não resultam em valores verossímeis e não
apresentam boa repetibilidade em função da natureza heterogênea dos
tecidos vegetais (MALAFAIA, 1997). A fração B2 constitui basicamente de
parede celular digestível (FDN) (MALAFAIA, 1997).

As taxas de degradação das frações A, B1 e B2 variam entre 200­
300,20­40 e 5­10%/h, respectivamente (SNIFFEN et al., 1992).

Tabela 02 – Frações de carboidratos nos volumosos e nos
concentrados

Alimentos Frações de carboidratos(%CHT)

C B2 A+B1
Tifton­85 20.17 74.38 5.45

Elefante 20.84 69.31 9.85

Brizanta 18.76 69.99 11.25

Decumbens 16.32 72.06 11.62

Soja perene 36.79 33.92 29.29

Gordura 15.84 76.79 7.37

Silagem de 17.62 60.66 21.72


milho

Feno de coast­ 22.68 76.58 0.74


cross

Feno 25.20 73.15 1.65


decumbens

Farelo de soja 26.91 8.10 64.99

Farelo de 25.95 25.47 48.58


algodão

Fubá de milho 3.90 8.12 87.98

Sorgo moído 6.63 21.97 71.41


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Farelo de trigo 16.22 40.29 43.49

Fonte: MALAFAIA, 1997.

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