Di Mambro Glossa 130520

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 247

149

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

MANUAL DE REDAÇÃO

2ª edição

Revista e ampliada

Belo Horizonte
2011
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

Presidente
Desembargador Kildare Gonçalves Carvalho

Vice-Presidente e Corregedor Regional Eleitoral


Desembargador José Altivo Brandão Teixeira

Juízes
Juíza Mariza de Melo Porto
Juiz Maurício Torres Soares
Juiz Ricardo Machado Rabelo
Juiz Benjamin Alves Rabello Filho
Juíza Luciana Diniz Nepomuceno

Procurador Regional Eleitoral


Dr. Felipe Peixoto Braga Netto
2011 Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais
Secretaria do TRE-MG (Edifício Sede)
Av. Prudente de Morais, 100
Bairro Cidade Jardim
30380-002
Belo Horizonte - Minas Gerais
Internet: www.tre-mg.jus.br
Telefone (31) 3307-1100

Diretoria-Geral da Secretaria
Elizabeth Rezende Barra - Diretora
Secretaria Judiciária
Eliana Galuppo Lima - Secretária
Coordenadoria de Organização de Sessões
Antônio Vieira dos Reis Carellos - Coordenador

Equipe Técnica

Organização
Cássia Aparecida de Souza França

Elaboração
Seção de Revisão e Publicação de Acórdãos
Cássia Aparecida de Souza França - Chefe de Seção
Doraci Dalva de Souza
Durval Augusto de Souza Júnior
Elisabethe Rosilda Oliveira de Melo Silva
Fernanda da Silva Catão
José Geraldo de Oliveira Silva Rocha
José Osvaldo Vieira Gaia
Leide Cibele Borges
Márcia Lambertucci Maia
Sandra da Conceição Betti Monteiro
Viviane Cristina Capanema Rodrigues

Revisão e ampliação
Seção de Revisão e Publicação de Acórdãos
Cássia Aparecida de Souza França - Chefe de Seção
Durval Augusto de Souza Júnior
Elisabethe Rosilda Oliveira de Melo Silva
Fernanda da Silva Catão
Janine Voumard Cordeiro Piazza
José Osvaldo Vieira Gaia
Leide Cibele Borges
Sandra da Conceição Betti Monteiro
Viviane Cristina Capanema Rodrigues
Apoio original
Assessoria de Planejamento, Estratégia e Gestão
Flávio Augusto Nannetti Caixeta - Assessor
Alcione Cunha da Silveira
Alexandre Petronilho dos Santos
Ana Márcia Passarini de Resende Ladeira
Breno Murari Magnani Machado
Leonardo Estanislau Prata
Miriana Simão Coronho

Apoio 2ª edição - revista e ampliada


Escola Judiciária Eleitoral Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira
Superintendência:
Desembargador José Altivo Brandão Teixeira - Vice-Presidente e Corregedor Regional Eleitoral
Diretoria Executiva:
Juiz Alexandre Quintino Santiago
Agradecimentos:
Desembargador José do Carmo Veiga de Oliveira

Seção de Revisão e Publicação de Acórdãos - Equipe de publicação


Alan de Freitas Rosetti
Andreza Moraes Verdolim Viegas Peixoto
Bráulio Lisboa Lopes
Guilherme Cirino de Brito
José Geraldo de Oliveira Silva Rocha
Karine de Paula Mendes
Luciano Fahel Frederico
Margareth Gonçalves do Vale
Maria Lúcia Bellini dos Santos
Paula Fernandes Alves Pereira
Vânia Figueiredo

Capa, editoração e impressão


Fernando Luis Quintino Duarte Carneiro
Paulo Guilherme B. Duarte
Seção de Artes Gráficas do TRE-MG

Brasil. Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais.


Manual de Redação. Organização: Cássia Aparecida de Souza
França. 2 ed. rev. e ampl. - Belo Horizonte: TRE-MG, 2011.
249 p.
1. Redação oficial. 2. Gramática. 3. Ortografia. 4. Protocolo. 5.
Padronização. I. França, Cássia Aparecida de Souza. II. Título.
ISBN 978-85-62633-02-7
CDU 801.5
PREFÁCIO DA SEGUNDA EDIÇÃO

O Manual de Redação do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais


chega à 2ª edição, revisada e ampliada.
A boa aceitação do Manual, pelo público leitor, está a demonstrar que a
Justiça Eleitoral mineira não é apenas uma Justiça que vem cumprindo com
celeridade e eficácia sua missão jurisdicional, mas que valoriza seu corpo
técnico nos diversos setores de atuação, entre os quais se incluem aqueles
diretamente envolvidos na elaboração deste trabalho organizado por Cássia
Aparecida de Souza França, Chefe da Seção de Revisão e Publicação de
Acórdãos, que integra a Secretaria Judiciária do Tribunal.
Alguns fatores foram determinantes para o lançamento desta 2ª edição,
podendo ser mencionados a grande aceitação e procura do exemplar impresso,
apesar da disponibilização eletrônica do texto no site do Tribunal; a repercussão
do Manual entre órgãos públicos e advogados, em especial os que militam na
Justiça Eleitoral; e a peculiaridade de ser o Manual o único dessa espécie
editado por um órgão público a contemplar a reforma ortográfica de adesão
obrigatória a partir de 2012, bem como a abordar as especificidades de
comunicações oficiais cerimoniosas e protocolares (Capítulo II, que foi mantido).
Os principais objetivos da 2ª edição, que ora se publica, são os de
promover uma revisão criteriosa no texto anterior; efetuar ajustes que viabilizem
uma didática mais aprimorada; inserir um capítulo com tratamento específico do
verbo, de cunho mais teórico e com observações sobre o vício do gerundismo
(Capítulo VII), em atendimento a demanda dos leitores e usuários da 1ª edição;
inserir informações e exemplos pontuais complementares dentro dos assuntos
já tratados, ampliando a abordagem de expressões e termos de uso corrente no
Tribunal.
Foram promovidas algumas alterações no texto anterior de modo a
propiciar, sobretudo nas introduções de cada capítulo, maior diálogo com o
leitor.
O Capítulo II mereceu significativa ampliação, com destaque para a
aglutinação de regras ortográficas, reordenamento de tópicos, maior paralelismo
(assuntos semelhantes juntos), maior evidência nas comparações entre as
diferenças, exemplificação mais aprofundada ao emprego real, maior
esclarecimento dos termos técnicos, uniformização na apresentação e
linguagem dos tópicos e complementação de regras. Ademais, foi reorganizado
o tópico dedicado ao hífen, que passou a se distanciar, topograficamente, da
apresentação do Acordo Ortográfico (são explicitadas, com abundantes
exemplos, as regras que determinam o uso do hífen e as hipóteses em que não
pode ser usado). Ainda no Capítulo II, o Manual analisa as regras de acentuação
das palavras paroxítonas, oxítonas e proparoxítonas e menciona outros casos
de acentuação que alcançam também as monossílabas tônicas nele referidas.
O esforço empreendido por este Manual, seja em sua 1ª edição, seja
nesta 2ª edição, é o de apresentar diretrizes e regras para a padronização de
textos múltiplos produzidos no âmbito do Tribunal Regional Eleitoral de Minas
Gerais, que envolvem comunicações de cunho administrativo e oficiais, atos
judiciais e textos de divulgação jornalística. Estes documentos devem buscar a
clareza, a precisão e a simplicidade, por meio de uma escrita formal e ao mesmo
tempo impessoal, para atender aos padrões de correção da linguagem.
A perspectiva do Manual, no que se refere aos textos normativos, é mais
linguística do que jurídica, o que evidencia o seu propósito de contribuir para a
correta produção de documentos técnicos marcados pela correção da
linguagem, clareza e ordem sistemática.
Estamos certos de que o Manual, em breve, chegará a mais uma edição.

KILDARE GONÇALVES CARVALHO1

1Desembargador-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais


PREFÁCIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO2
Tenho a honra de apresentar à comunidade jurídica e acadêmica do
Brasil e de Minas Gerais o valioso Manual de Redação elaborado pela equipe do
Tribunal Regional Eleitoral, liderada por Cássia Aparecida de Souza França, o
qual contém a análise científica e a aplicação do Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa adotado pelo Brasil e em vigor desde janeiro de 2009.
Os autores primam pela modéstia, ao se dizerem limitados à
atualização das informações disponibilizadas no Manual de revisão e
padronização de publicações do eg. Tribunal Superior Eleitoral. A soma de
conhecimento e experiência depositada na obra vai além: contempla as
novidades do Acordo referido e facilita sua utilização através da exemplaria.
O trabalho contém o exame das modificações ortográficas facilitado
com exemplos práticos, que já se notam desde o como se separarem hiatos e
dígrafos (Capítulo II).
Passa aos sinais de pontuação, priorizando o uso da experiência
harmoniosa em estilo e função, em elementos textuais constantes e repetitivos,
com a adoção de regras comuns a estes, de que é exemplo o emprego opcional
da vírgula quando a conjunção ou significa equivalência entre elementos
coordenados (Capítulo III).
A forma de apresentação do texto escrito deve ser elegante. Por isso
o Capítulo IV reserva-se para a introdução à sintaxe, com o propósito essencial
de ensinar a ordem e a estruturação dos termos na construção da frase.
O estudo da concordância nominal ressalta que esta poderá ser
lógica, atrativa ou ideológica. Os casos especiais de flexão são objeto de
esclarecimento. A concordância quando haja mais de um substantivo com que
concordar, com adjetivos indicadores de cores e adjetivos compostos, ou ainda
com numerais, é tratada pelo Capítulo V.
A concordância verbal é vista com mestria no Capítulo VI. Quantas
vezes temos dúvida sobre o modo de proceder numa frase interrogativa com
sujeito composto por duas pessoas gramaticais diferentes, como, por exemplo,
“Os pais ou a professora estaria com a razão?”.
A regência verbal é intrigante para o escritor ou orador. Veja-se como
são fáceis os verbos visitar e declinar, e como é difícil seu emprego correto.
Nessa parte (Capítulo VII), a obra poderá apresentar acréscimos no futuro - não
é exaustiva - e resolver jargões que passaram a fazer parte das coleções
jurídicas antes de serem bem utilizados.

2Todos os capítulos mencionados foram mantidos nesta edição, embora tenha havido algumas

alterações no ordenamento e conteúdo deles.


Setor mais acessível, porém que aqui se presta a atender à consulta
de pronta resposta, é o da regência nominal, em que se colocam disponíveis as
alternativas de regências aceitas (Capítulo VIII).
A crase está bem posta nas gramáticas, contudo a obra sintetiza as
proposições e respectivos complementos que exigem, facultam ou excluem o
seu uso (Capítulo IX).
O estudo dos pronomes (Capítulo X) é importante para a redação
oficial, a disciplina e a hierarquia, notadamente quando determinam a forma de
tratamento. Estuda-se o uso da próclise, da mesóclise e da ênclise. Para
pronomes de tratamento, há critérios alternativos, tendo-se optado por usos que
evitam redundância, como “A Sua Senhoria o Senhor”, etc. Ajuda-se a
compreender os casos de pronomes retos ou oblíquos, com o que se evita o mau
som ou o descompasso, a falta de equilíbrio musical à língua. Facilita-se também
a compreensão dos pronomes demonstrativos, como este e esse.
O emprego do infinitivo, que inclui construções alternativas corretas,
é muito oportuno, para procurar extinguir o mais depressa a “dor de ouvido” que
ocorre quando se flexiona mal o verbo. O Capítulo XI contém a regra de ouro que
sugere a substituição do infinitivo por tempo finito com a finalidade de concluir
pela necessidade, ou não, da flexão.
O Capítulo XII cuida de particularidades léxicas e gramaticais,
baseando-se no Manual de Redação do TSE e no Vocabulário Ortográfico da
Língua Portuguesa - Volp -, em sua edição atualizada após o Acordo Ortográfico.
Indica possibilidades de uso que podem ser alternativas (a expensas de ou às
expensas de) ou excludentes, conforme o sentido da oração (à medida que e na
medida em que; se não e senão). Nessa parte da obra, firma-se a correção do
emprego de construções que parecem equivalentes, mas têm sentido diverso.
A comunicação entre as pessoas é constantemente perturbada por
sons desagradáveis, equívocos, ambiguidades, falta de lógica e comparações
mal postas que dificultam a compreensão das mensagens. No Capítulo XIII, os
autores tratam dos vícios de linguagem e procuram evitá-los com o ensino da
clareza e da concisão, da relação hierárquica entre os termos e os respectivos
papéis na oração. Menciona-se a necessidade de manter a mesma forma
gramatical para ideias justapostas ou similares, as quais são tratadas por
sequência de frases com estruturas gramaticais idênticas. Ensina-se a desfazer
a ambiguidade ou anfibologia mediante variados exemplos de construções
impróprias. Passa-se pela cacofonia, pelo solecismo (qualquer desvio contra as
regras da sintaxe), pelo preciosismo ou arcaísmo (excentricidade), pela
redundância ou tautologia.
No Capítulo XIV, os autores lidam com a forma adequada do uso dos
numerais, inclusive quando substantivados; abordam o uso do extenso ou do
algarismo, conforme o caso da posição na frase, em porcentagens, em numerais
inteiros seguidos de “mil”, “milhão”, “bilhão”, ou quando o numeral não é inteiro,
em unidades de tempo, em documentos numerados, em valores monetários, em
indicação de horário. Tratamento especial é dado aos ordinais, fracionários e
algarismos romanos.
O Capítulo XV cuida da abreviatura, que é analisada em sua
aplicação geral bem como nas regras especiais, como, por exemplo, a de não se
abreviarem nomes de cidades. Em seguida, é oferecido catálogo de
abreviaturas a serem utilizadas pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais.
Com vocação direcionada ao tratamento da elaboração legislativa, o
Capítulo XVI dispõe sobre a redação de texto normativo. Menciona o emprego
da expressão artigo, por extenso ou mediante abreviatura, e o emprego do
numeral, ordinal ou cardinal, conforme o caso. Segue-se adequado tratamento
do uso do parágrafo, do inciso, das alíneas e dos itens, cada qual com função
própria na construção do texto normativo. No final do capítulo, há oportuna
menção aos casos de referência a textos (remissões) a fim de que seja
apropriada a ordem dos elementos quando são várias as referências.
O Capítulo XVII cuida dos caracteres tipográficos, ou, em linguagem
de operar computador, das fontes disponíveis, chamando a atenção para o fato
de que o uso frequente do negrito banaliza o destaque e polui o texto. Estuda-se
o emprego do itálico, do versal e do versalete. Imagina-se possível futura
dedicação ao emprego de cores diferenciadas.
O tratamento da formatação básica dos atos judiciais, no Capítulo
XVIII, dispõe-se a obter documentos em série que se correspondam e que
possam coexistir dentro da mesma organização. Destina-se a gerar padrões que
proporcionem a estética adequada. Modelos são oferecidos para os documentos
comuns no Tribunal, como o acórdão e o extrato de ata.
De excepcional valor ético é o estudo feito, no Capítulo XIX, sobre a
citação de autor, com clara resistência ao uso da expressão latina SIC, que
sugere deselegância na ressalva à qualidade do texto objeto de remissão.
Explica-se o uso de aspas simples ou duplas. Analisam-se as indicações de
supressões, interpolações, comentários, ênfases ou destaques. Destaca-se a
necessidade da ressalva da autoria quando se grafam destaques, aplicando-se
a mesma regra quando os destaques já se encontram no texto original.
No Capítulo XX, o Manual trata dos apêndices e notas. Os apêndices
são postos como textos ancilares do trabalho, mas que, por sua extensão, não
se comportam dentro da unidade nuclear para que não se quebre nesta a
harmonia da exposição. Podem ser demonstração dos recursos aplicados no
levantamento dos dados ou mapas e ilustrações que justificam a parte principal.
As notas são também verificadas pela necessidade da indicação da autoridade
da fonte ou da explicação do texto. Podem ser relacionadas à titulação do autor,
ao título original da obra ou à apresentação. Há cuidados com as notas de
tradução e aquelas de referência. Todas podem estar inseridas em seções
especiais ou figurar no rodapé. Para isso, o trabalho explica os casos e as
formas de sua apresentação.
O Capítulo XXI evoca novamente os valores éticos que estão
envolvidos na referência a obra alheia. O objetivo da referência não é o
julgamento do mérito, da qualidade do trabalho, mas o de proporcionar ao leitor
que vá à fonte e verifique pessoalmente a obra citada. Para esse fim, chama a
atenção para a necessidade de que existam elementos completos sobre a
identificação da obra citada. Reconhece a existência de muitas fontes a serem
referidas e propõe a produção da referência segundo o Manual do TSE, adotado
como padrão. Propõe que, como as fontes variam muito, podendo ser livros,
folhetos, monografias, dissertações, artigos publicados, periódicos, atas,
relatórios, sejam observados os padrões específicos para as variadas
referências.
Tem-se, pois, trabalho de fôlego, produzido e terminado no pequeno
prazo de quatro meses, como se pediu à equipe, para que nosso Tribunal, sem
prejuízo de futuros ajustes, fosse mais uma vez pioneiro, no lançamento da
prática do Acordo Ortográfico em seu Manual de Redação. Os aperfeiçoamentos
são muitos, pela nobreza de estilo adquirido, pelo primor de sua função
comunicativa e pelo apreço aos valores éticos. Trata-se também de
empreendimento indispensável a um órgão coletivo e colegiado que requer
cerimonialismo nos trabalhos, clareza nas expressões, coerência nas ideias e
estilo esmerado que se possa impor com a mesma autoridade que o Tribunal
granjeou entre os congêneres do País.
Pela eficiência do seu trabalho, pela resolução rápida das demandas,
pelas inovações e avanços que dominaram seus anos 2008 e 2009,
manifestamos nosso reconhecimento aos componentes da equipe que venceu
dificuldades e nos apresentou obra-prima para a redação oficial do Brasil.

Belo Horizonte, 30 de junho de 2009.

Desembargador ALMEIDA MELO3

3Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais no período de 4/7/2008 a


16/2/2010.
Sumário
APRESENTAÇÃO............................................................................................23

Capítulo I
COMUNICAÇÕES OFICIAIS CERIMONIOSAS E PROTOCOLARES
A (im)pessoalidade no trato das relações humanas.........................................27
A formalidade................................................................................................... 28
A expressividade e o estilo ...............................................................................29
A simplicidade...................................................................................................30
A objetividade e a finalidade específica............................................................31
A manifestação oral registrada no texto escrito................................................31
Protocolo e etiqueta..........................................................................................32

Capítulo II
ORTOGRAFIA
O recente acordo ortográfico e a repercussão na nossa ortografia .................35
Divisão silábica .................................................................................................36
Translineação ...................................................................................................36
Acentuação gráfica ...........................................................................................37
Acentuação das palavras paroxítonas........................................................37
Acentuação das palavras oxítonas .............................................................42
Acentuação das palavras proparoxítonas...................................................42
Outros casos de acentuação ......................................................................43
Hífen .................................................................................................................43
Regras que determinam o uso do hífen......................................................44
Casos em que não se usa o hífen ..............................................................46
Iniciais maiúsculas e minúsculas......................................................................49
Uso da maiúscula .......................................................................................49
Uso da minúscula .......................................................................................53

Capítulo III
PONTUAÇÃO
Vírgula ..............................................................................................................57
Dentro da oração ........................................................................................57
Entre orações..............................................................................................59
Outros empregos ........................................................................................61
Inadequação ...............................................................................................61
Ponto e Vírgula .................................................................................................62
Dois-Pontos .....................................................................................................63
Reticências .......................................................................................................64
Aspas................................................................................................................65
Parênteses........................................................................................................66
Travessão ........................................................................................................66
Barra .................................................................................................................67

Capítulo IV
INTRODUÇÃO À SINTAXE
Os problemas na construção de frases e a ordem dos termos ........................69

Capítulo V
CONCORDÂNCIA NOMINAL
Regra geral .......................................................................................................71
Tipos de concordância......................................................................................71
Concordância lógica ...................................................................................71
Concordância atrativa .................................................................................71
Concordância ideológica.............................................................................71
Regras específicas ...........................................................................................72
O adjunto adnominal e a concordância com mais de um substantivo........73
O predicativo e a concordância com mais de um substantivo....................74
Concordância de adjetivos derivados de substantivos e
de adjetivos compostos ..............................................................................75
Concordância de numerais ........................................................................75
Casos particulares ............................................................................................76
Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite, leso, obrigado, junto, nenhum.......76
Menos .........................................................................................................77
Alerta...........................................................................................................77
Bastante, muito, pouco, meio, caro, barato ................................................77
O mais... possível .......................................................................................78
Tal qual .......................................................................................................78
Só................................................................................................................78
É permitido, é proibido, é bom, é preciso, é necessário, é possível, etc ....78

Capítulo VI
REGÊNCIA NOMINAL
Exemplos de regência nominal.........................................................................82
Capítulo VII
VERBO
Conceito e aplicações.......................................................................................83
Elementos estruturais .......................................................................................84
Pessoa do discurso ..........................................................................................84
Número .............................................................................................................84
Modo.................................................................................................................84
Tempo...............................................................................................................85
Formação dos tempos e modos .......................................................................85
Voz....................................................................................................................87
Forma nominal..................................................................................................88
Conjugações.....................................................................................................89
Tempo composto e locução verbal...................................................................89
Classificação.....................................................................................................90
Emprego dos modos e tempos.........................................................................91
O modo indicativo .......................................................................................92
O modo subjuntivo ......................................................................................93
Impropriedades comuns na conjugação.....................................................95

Capítulo VIII
CONCORDÂNCIA VERBAL
Regra geral .......................................................................................................99
Regras específicas .........................................................................................100
Sujeito simples................................................................................................100
Sujeito representado por substantivo coletivo ..........................................100
Sujeito representado por números percentuais ou fracionários ...............100
Sujeito representado por a maioria de ..., grande parte de... ...................101
Sujeito representado por cerca de..., mais de..., menos de..., perto de...
..................................................................................................................101
Sujeito representado por qual de nós, qual de vós, nenhum de vocês,
algum de..., qualquer de..., etc. ................................................................101
Sujeito representado por plural aparente..................................................101
Sujeito representado por pronome de tratamento ....................................102
Sujeito composto ............................................................................................102
Por infinitivos que expressam ideias opostas ...........................................102
Por infinitivos determinados por artigo......................................................102
Resumido por tudo, nada, ninguém..........................................................102
Ligado por com .........................................................................................102
Ligado por ou ............................................................................................102
Ligado por nem... nem...; tanto... quanto...; tanto... como;
não só... como também ............................................................................103
Ligado por um ou outro, um e outro, tanto um quanto outro,
nem um nem outro....................................................................................103
Com elementos equivalentes....................................................................103
Com elementos em gradação ..................................................................103
Sujeito oracional .............................................................................................103
Casos particulares ..........................................................................................104
Concordância verbal na voz passiva ..............................................................104
Concordância do verbo ser.............................................................................104
A não concordância dos verbos impessoais ..................................................104

Capítulo IX
REGÊNCIA VERBAL
Conceitos e nomenclatura ..............................................................................108
Complementos verbais oracionais..................................................................108
Complementos verbais circunstanciais (adjuntos adverbiais) ........................109
Regência e voz passiva..................................................................................109
Objeto direto preposicionado..........................................................................110
Objeto direto e indireto pleonásticos ..............................................................111
Regência de alguns verbos ............................................................................111
Acostar......................................................................................................111
Anteceder..................................................................................................112
Anuir..........................................................................................................112
Apelar........................................................................................................112
Assistir ......................................................................................................113
Atender .....................................................................................................113
Autuar .......................................................................................................113
Avocar.......................................................................................................114
Caber ........................................................................................................114
Captar .......................................................................................................114
Certificar....................................................................................................114
Coadunar ..................................................................................................115
Colacionar.................................................................................................115
Competir ...................................................................................................115
Concluir.....................................................................................................115
Conferir .....................................................................................................116
Conhecer ..................................................................................................116
Constar .....................................................................................................117
Constituir...................................................................................................117
Cooptar .....................................................................................................118
Cotejar ......................................................................................................118
Cumprir .....................................................................................................118
Decidir.......................................................................................................118
Deferir .......................................................................................................118
Deliberar ...................................................................................................118
Deparar .....................................................................................................119
Determinar ................................................................................................119
Estender....................................................................................................119
Exercer......................................................................................................120
Haver ........................................................................................................120
Informar.....................................................................................................121
Implicar .....................................................................................................121
Importar.....................................................................................................122
Imputar......................................................................................................122
Incumbir ....................................................................................................123
Interpor......................................................................................................123
Notificar.....................................................................................................123
Orientar .....................................................................................................123
Perquirir ....................................................................................................124
Preceder ...................................................................................................124
Prescrever.................................................................................................124
Presidir......................................................................................................124
Proceder ...................................................................................................124
Prover .......................................................................................................125
Reconvir....................................................................................................125
Recorrer ....................................................................................................125
Referir .......................................................................................................126
Responder ................................................................................................126
Sobressair.................................................................................................127
Tanger.......................................................................................................127
Tratar ........................................................................................................128
Verificar.....................................................................................................129
Visar..........................................................................................................129

Capítulo X
CRASE
Método prático para o uso da crase ...............................................................131
Uso obrigatório ...............................................................................................132
Uso facultativo ................................................................................................133
Uso proibido....................................................................................................133
Casos particulares ..........................................................................................134
Capítulo XI
EMPREGO DO INFINITIVO
Flexionado (infinitivo pessoal) ........................................................................137
Não flexionado (infinitivo impessoal) ..............................................................138
O infinitivo e o pronome se .............................................................................139

Capítulo XII
PRONOMES
Pronomes pessoais ........................................................................................141
Colocação de pronomes.................................................................................143
Uso da próclise .........................................................................................143
Uso da mesóclise......................................................................................144
Uso da ênclise ..........................................................................................145
Pronome oblíquo átono nas locuções verbais..........................................146
Pronomes de tratamento ................................................................................146
Pronomes demonstrativos ..............................................................................152
Pronomes relativos .........................................................................................153

Capítulo XIII
PARTICULARIDADES LÉXICAS E GRAMATICAIS
À custa de/às custas de..................................................................................157
A expensas de/às expensas de......................................................................157
À medida que/na medida em que...................................................................157
A olhos vistos..................................................................................................158
A partir de .......................................................................................................158
A princípio/em princípio ..................................................................................158
Abaixo-assinado/abaixo assinado ..................................................................158
Adequar ..........................................................................................................158
Afim/a fim de...................................................................................................159
Afinal/a final ....................................................................................................159
Ambos.............................................................................................................159
Ao encontro de/de encontro a ........................................................................159
Ao invés de/em vez de ...................................................................................159
Ao nível de/em nível de ..................................................................................160
Aresto/arresto .................................................................................................160
Através de.......................................................................................................160
Bastante..........................................................................................................160
Candidato (a/s) ...............................................................................................161
Cerca de/acerca de ........................................................................................161
Certo/tal/outro .................................................................................................161
Como sendo ...................................................................................................161
Conhecer do recurso ......................................................................................161
Consiste em....................................................................................................162
Correcional .....................................................................................................162
Cujo/cuja.........................................................................................................162
Custar .............................................................................................................162
De maneira que (a)/de modo que (a)/de forma que (a)..................................162
De o(a)/de ele(a).............................................................................................163
Demais/por demais/de mais/demais disso/ademais.......................................163
Dentre/entre....................................................................................................163
Deputado por ..................................................................................................163
Devido a..........................................................................................................164
Dia a dia..........................................................................................................164
É de/é de se....................................................................................................164
Eis que/de vez que .........................................................................................164
Em face de/face a...........................................................................................164
Embora que/enquanto que/talvez que, etc .....................................................165
Grosso modo ..................................................................................................165
Há de/há de se/há que ...................................................................................165
Há/a (tempo)...................................................................................................165
Haja vista ........................................................................................................166
Jornal ..............................................................................................................166
Mais bem/mais mal.........................................................................................166
Mandado/mandato..........................................................................................166
Mesmo (a/s)....................................................................................................167
No momento em que/na hora em que/no instante em que ............................167
No que concerne/pertinente ...........................................................................167
O referido........................................................................................................168
Oficiar .............................................................................................................168
Onde ...............................................................................................................168
Opor embargos ao acórdão/à sentença .........................................................168
Posto que........................................................................................................169
Qual seja/quais sejam ....................................................................................169
Se não/senão..................................................................................................169
Sobrestar ........................................................................................................169
Suso................................................................................................................169
Subsumir.........................................................................................................170
Tampouco/tão pouco ......................................................................................170
Tão só/tão somente ........................................................................................170
Ter/haver ........................................................................................................170
Todas as vezes que........................................................................................170
Viger ...............................................................................................................170
Vislumbrar.......................................................................................................171
Vultoso/vultuoso .............................................................................................171

Capítulo XIV
VÍCIOS DE LINGUAGEM
Inadequações de concordância e regência ....................................................173
Inadequações decorrentes da falta de paralelismo ........................................173
Inadequações de comparação .......................................................................176
Ambiguidade ou anfibologia ...........................................................................176
Cacofonia........................................................................................................178
Barbarismo .....................................................................................................178
Solecismo .......................................................................................................179
Preciosismo ou arcaísmo ...............................................................................179
Redundância ou tautologia .............................................................................180

Capítulo XV
NUMERAIS
Cardinais.........................................................................................................181
Ordinais ..........................................................................................................184
Fracionários ....................................................................................................185
Algarismos romanos .......................................................................................185

Capítulo XVI
ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
Abreviaturas....................................................................................................187
Siglas ..............................................................................................................188
Símbolos.........................................................................................................190
Algumas abreviaturas e siglas de uso geral ...................................................192

Capítulo XVII
REDAÇÃO DE TEXTO NORMATIVO
Artigo ..............................................................................................................201
Parágrafo ........................................................................................................202
Incisos.............................................................................................................203
Alíneas............................................................................................................203
Itens ................................................................................................................204
Observações finais .........................................................................................204
Capítulo XVIII
CARACTERES TIPOGRÁFICOS
Negrito ............................................................................................................205
Itálico ..............................................................................................................205
Versal..............................................................................................................206
Versalete.........................................................................................................206

Capítulo XIX
FORMATAÇÃO BÁSICA DOS ATOS JUDICIAIS
Formatação para redação dos atos judiciais do TRE-MG..............................207
Modelo de acórdão .........................................................................................211
Orientações para construção do extrato da ata..............................................212
Modelo de extrato da ata ................................................................................214
Modelo proposto de voto ................................................................................215
Modelo proposto de voto divergente ou de vista ............................................216

Capítulo XX
CITAÇÃO
Recomendações gerais ..................................................................................217

Capítulo XXI
APÊNDICES E NOTAS
Apêndices .......................................................................................................221
Notas ..............................................................................................................221
Tipos de notas ................................................................................................222
Uso de expressões latinas..............................................................................227
Notas de rodapé das tabelas e dos quadros ..................................................229

Capítulo XXII
REFERÊNCIA
Regras gerais de apresentação......................................................................231
Referência a monografias (e ainda livro, folheto, manual, guia,
catálogo, enciclopédia, dicionário e outros trabalhos acadêmicos,
teses, dissertações, etc.) ................................................................................232
Referência a publicação periódica (revistas, jornais, etc.) .............................233
Referência a documentos de eventos (atas, anais, resultados, etc.) .............234
Referência a documentos jurídicos ................................................................235
Referência a imagem em movimento (filmes, DVD, etc.)...............................236
Referência iconográfica (fotografia, desenho técnico,
material estereográfico, transparência, cartaz, etc.).......................................236
Referência a documento sonoro.....................................................................237
Referência a documentos em meios eletrônicos............................................237
Referência a documentos de acesso exclusivo em meio eletrônico ..............238
A autoria nas referências................................................................................239
Apresentação do título nas referências ..........................................................241
Observações complementares sobre edição, local, data, etc ........................241

Capítulo XXIII
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia ......................................................................................................245
APRESENTAÇÃO
O objetivo deste manual é servir de ferramenta para todos aqueles
que produzem algum texto no Tribunal Regional Eleitoral, quer da Secretaria,
quer das zonas eleitorais que se estendem por Minas Gerais.
Buscou-se, para atingir esse fim, compilar orientações de outros
manuais, a ressaltar o Manual de Revisão e Padronização de Publicações do
TSE, que possibilitassem ao usuário adequar a estrutura, a sintaxe, o
vocabulário e o grau de formalidade de seus textos, considerando o contexto do
Tribunal e, principalmente, as regras da nova ortografia. Também se pretende
viabilizar a padronização e uniformização de alguns atos judiciais.
É pelo estabelecimento de algumas convenções básicas que se
afirma a identidade linguística de uma instituição. A correta observação dessas
convenções possibilita aos textos produzidos e veiculados entre os seus
comunicantes características que se aglutinam na clareza. Este manual poderá
contribuir ainda para a formação da consciência sobre a indispensabilidade da
releitura de todo texto redigido. A frequente ocorrência de fragmentos obscuros,
com equívocos gramaticais de significativa gravidade, em inúmeros expedientes
provém em grande parte da não releitura, que viabilizaria a tempestiva correção.
Durante o procedimento de revisão de um texto, deve-se analisar se
ele está acessível à compreensão. Principalmente porque o domínio que o autor
adquire sobre os assuntos de sua especialidade, em virtude da experiência
profissional, pode, por vezes, levá-lo à impressão de que aquilo é de
conhecimento geral, o que nem sempre o é.
Uma qualificada revisão demanda algum tempo e, tanto quanto
possível, deve se beneficiar de um olhar levemente distanciado. A celeridade
exigida de certas comunicações implica riscos à clareza. Daí o fundamento
sobre o qual se ergue um manual dessa natureza: deixar ao alcance da mão uma
ferramenta explicitadora do perfil linguístico do meio em que se está inserido.

Os diferentes textos produzidos no Tribunal Regional Eleitoral de Minas


Gerais
São produzidos no Tribunal textos de variadas configurações, que,
de modo geral, podem ser situados numa das seguintes categorias, conforme a
natureza de sua finalidade (administrativa, judicial, política):
• comunicações de caráter administrativo (atos oficiais
administrativos - normativos, de gestão, de apoio administrativo -
com um manual próprio já produzido pelo TRE);
• atos judiciais (decisões monocráticas, votos, acórdãos);

21
• comunicações oficiais cerimoniosas e protocolares (votos de
pesar e de congratulações, homenagens, discursos, convites,
agradecimentos, cumprimentos, etc.).
Além desses, merecem destaque os textos produzidos com finalidade
jornalística (de divulgação institucional) e acadêmico-institucionais (artigos
sobre Direito Eleitoral, etc., para periódicos).
Em decorrência da diversidade dessa produção, faz-se de extrema
importância atentar para o fato de que cada categoria e cada texto em particular
apresentam especificidades. Isso, sobretudo, ao se considerarem os elementos
da comunicação: o objeto (aquilo que se pretende dizer), o referente (fatos
relacionados), o receptor (para quem), o emissor (quem diz) e o canal (por que
meio).
Assim, enquanto as comunicações oficiais administrativas e os atos
judiciais devem guardar rigidamente os princípios da impessoalidade e
publicidade, bem como lhes é desejável o máximo de padronização e
uniformidade, às comunicações cerimoniosas e protocolares já se recomenda
apresentarem um caráter mais criativo e até mesmo alguma pessoalidade,
desde que se mantenham num nível formal e elegante, compatível com a
linguagem escrita no padrão culto e com as exigências do protocolo.
Entretanto, não pairam dúvidas de que, qualquer que seja a finalidade de
um texto oficial, alguns aspectos sempre devem ser assegurados na linguagem
utilizada: clareza, concisão, coerência, coesão e simplicidade.

A linguagem utilizada
Um órgão público, notadamente um tribunal, é um cenário que prima pela
formalidade, sujeitando-se às inúmeras regras que regem as relações e a
civilidade entre autoridades de diferentes graus de hierarquia, constituídas nos
âmbitos jurídico, militar, eclesiástico, diplomático, universitário e em todas as
esferas do Poder Público. Entre tais regras, citam-se as normas protocolares,
sobretudo as de precedência. E, evidentemente, essas regras hão de repercutir
na linguagem ali utilizada e, por tabela, nas comunicações oficiais produzidas. O
autor de um texto não poderá perder de vista o plano em que se dão as relações
dos envolvidos na comunicação, sob pena de incorrer em inadequação
linguística.
Além desse fator, é preciso considerar que, uma vez que o Direito visa
justamente disciplinar condutas, comportamentos, a linguagem jurídica se
configura prescritiva e descritiva (e, por igual razão, tende a ser mais
conservadora). Daí advém a necessidade que o texto jurídico carrega de um
vocabulário técnico e especializado. Trata-se de uma estratégia vocabular com o

22
fim de evitar o uso de palavras plurissignificativas, que tanto dificultam a
representação da linguagem.
Não obstante isso, o Direito não tem como se furtar à natureza dinâmica
da língua. Vivemos um tempo em que as relações estão sofrendo grandes
alterações. O comportamento humano caminha cada vez mais em busca da
universalidade. E isso se reflete drasticamente na busca por uma linguagem
acessível, haja vista os acordos ortográficos assinados entre diferentes países.
A proposta que se destaca é a de produção de textos que sirvam como
instrumentos qualificados para a comunicação: sem ruídos ou obstáculos. Que
se utilizem dos termos técnicos tanto quanto necessário, mas evitando os
excessos e os sobrepesos dos arcaísmos, neologismos, estrangeirismos e
latinismos exorbitantes, que configuram um ar de afetação. É claro que, usados
parcimoniosamente, tais recursos proporcionam incontestável elegância ao
texto, quando não fundamentais esclarecimentos.
O consenso que se forma em torno da questão retorna, então, àqueles
aspectos ressaltados inicialmente como fundamentais a qualquer texto, valendo
a repetição: clareza, concisão, coerência, coesão e simplicidade.

CÁSSIA APARECIDA DE SOUZA FRANÇA


Chefe da Seção de Revisão e Publicação de Acórdãos

23
Manual de Redação

Capítulo I
COMUNICAÇÕES OFICIAIS CERIMONIOSAS E PROTOCOLARES
Antes de apresentar os tópicos considerados mais relevantes para a
elaboração e revisão de textos, este manual dedica um espaço para convidar o
seu usuário a algumas reflexões sobre as comunicações oficiais de natureza
cerimonial e protocolar. Designaram-se, neste contexto, como comunicações
“cerimoniosas e protocolares” os diversos textos produzidos no Tribunal com
finalidade política, aqui entendida como “habilidade no trato das relações
humanas” (cf. o Aurélio)4 . São encontrados nessa categoria votos de pesar, de
congratulações, homenagens, discursos, convites, mensagens de
agradecimentos, escusas, cumprimentos, etc.
Não se propõe, nesta abordagem, uma padronização rigorosa de tais
atos, que logicamente comportam, por sua natureza, uma maior expressividade.
Por outro lado, é importante, nesse tipo de redação, que sejam considerados
fatores essenciais para assegurar o caráter formal.

I - A (IM)PESSOALIDADE NO TRATO DAS RELAÇÕES HUMANAS


O primeiro ponto de análise antes da definição de um método para
construção de um texto desse tipo é a questão da impessoalidade como
requisito básico das comunicações oficiais. Quando se fala em impessoalidade,
refere-se especificamente a um emissor, o serviço público, e a um receptor, o
público. Por isso, ao tratar de uma manifestação institucional, não há que falar
em pessoalidade quanto ao emissor nem, na maioria das vezes, em receptores
privados.
Entretanto, é de ressaltar que, no tocante a mensagens de ordem
política, muitas vezes, o emissor precisa falar em seu próprio nome, assim como
o destinatário será, em diversas situações, um indivíduo específico. É certo que,
quando for o caso, ainda assim, não se poderá negligenciar a condição
representativa desses personagens na ordem pública.
O fato é que, por mais que nossos interesses privados se devam nortear
pelos da coletividade, no cuidado com as relações entre pessoas, necessitamos
ressaltar valores individuais, sob pena de vilipendiar o ser humano. E mais: é
preciso retratar, nas mensagens, a força dessas relações.

4FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da Língua
Portuguesa. 3 ed. rev. aum. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 2.128 p.

24
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Assim, é simples perceber a diferenciação de um texto com caráter


meramente institucional e de ordem administrativa ou judicial, por exemplo, em
comparação com um texto que visa manifestar solidariedade, agradecimento,
congratulações, etc., e que externa o vínculo de menor ou maior proximidade
entre os comunicantes.

II - A FORMALIDADE
Não é porque uma determinada mensagem possui em seu teor uma
relativa carga de pessoalidade que se deve preterir o aspecto formal. Ao
contrário. A formalidade será ainda maior justamente para evidenciar em que
plano se dão as relações dos envolvidos, a que normas eles estão sujeitos.
Em decorrência disso, uma série de cuidados serão fundamentais para
garantir, num texto cerimonioso, a elegância, a delicadeza e, ao mesmo tempo, a
sobriedade que o preservará de toda carga de pedantismo e afetação. Entre
esses cuidados está a pesquisa da legislação que rege o protocolo e as
condutas no campo das relações e civilidade entre as autoridades jurídicas,
eclesiásticas, diplomáticas, militares, etc.

Cuidados no emprego dos pronomes de tratamento


Nesse contexto, é de destacar a relevância do emprego adequado dos
pronomes de tratamento, definido inicialmente a partir do cargo e do grau de
hierarquia ocupado pelo receptor da mensagem. Embora obediente a tradições
seculares e usos consagrados, tal aplicação sofreu, em tempos modernos,
propostas sutis de reformulação.
Defende este manual, a exemplo do Manual de Redação da Presidência
da República, a manutenção do uso tradicionalmente aceito no tocante a
especificidades hierárquicas, mas se sujeitando tanto quanto possível a alguma
modernização com vistas a dar mais leveza no trato das relações.
Desta forma, ao utilizar o vocativo, é importante o autor conscientizar-se
de que está chamando o receptor da mensagem, solicitando-lhe a atenção.
Tradicionalmente, para autoridades de maior hierarquia, emprega-se no
vocativo o adjetivo Excelentíssimo - uma vez que “excelência” nos remete à
qualidade superior, própria daqueles a quem foram confiadas as maiores
responsabilidades - seguido do tratamento Senhor e da indicação do cargo
ocupado, demonstrando respeito à sua condição.
Quanto às demais autoridades e pessoas comuns do nosso convívio no
meio institucional, modernamente, basta-lhes o tratamento Senhor
(suficientemente respeitoso e cordial), seguido do cargo, se for o caso. De modo
geral, considera-se abolido o uso do tratamento digníssimo (DD.) em
correspondências oficiais, por ser a dignidade um pressuposto para toda

25
Manual de Redação

ocupação de cargo público (destacá-la na pessoa do receptor da mensagem


seria, portanto, em última instância, admitir sua negação como regra).
Também fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo, dada a
considerável formalidade, respeitabilidade e suficiência do tratamento Senhor. A
ideia que prevalece é a de que, salvaguardando-se as altas e específicas
autoridades (alto escalão, autoridades eclesiásticas, militares), de modo geral,
todos merecem a mesma deferência.
Nessa linha, ainda se considera impróprio o uso exacerbado da
expressão doutor, que não é forma de tratamento, e sim título acadêmico (de
doutorado). Entretanto, é costume designar como doutor pessoas que tenham
alto conhecimento de determinado assunto e os bacharéis em Direito e em
Medicina. Além do vocativo, há regras próprias para a referência ao destinatário
no endereçamento das comunicações. Assim, indica-se o uso de: A Sua
Excelência o Senhor (...), A Sua Senhoria o Senhor (...). Mas também se pode
simplesmente repetir o vocativo, abreviado nos casos permitidos.
Ressalte-se que ex também não é forma de tratamento, portanto deve-se
citar o cargo que a pessoa exerceu e o respectivo período, como: Excelentíssimo
Senhor Fulano de Tal, prefeito de (nome do município) no período de tanto a
tanto.
Quanto ao uso de A Sua Senhoria o Senhor, A Sua Senhoria a Senhora,
no endereçamento - bem como Vossa Senhoria, no correr do texto -, é certo que
soa algo desconfortável devido à aliteração. Além disso, não deixa de nos
remeter à Idade Média, uma vez que nela tem sua origem, relacionando-se aos
Senhores Feudais, com a designação de pessoas e bens como de sua
propriedade, de Sua Senhoria. Não obstante, é legítimo o seu uso, conforme
diversos manuais.

III - A EXPRESSIVIDADE E O ESTILO


Gramaticalmente, exige-se uma homogeneidade de tratamento no
discurso. Assim, uma vez que certo enunciado, por exemplo, inicie com o
emprego do pronome você, não se deve mudá-lo inadvertidamente para a forma
tu; nem o inverso. Entretanto, ao considerar a gradual evolução da afetividade
entre o receptor e o emissor da mensagem, percebe-se que o tratamento
adotado pode sofrer mudanças, dando lugar a uma maior expressividade com o
decorrer do tempo. Na linguagem coloquial, sobretudo, é natural nos valermos,
no ato de apresentação entre pessoas, da forma Senhor, mas, à medida que se
intensifica a relação, tende-se a utilizar o termo você.
Também em se tratando de autoridades e ocupantes de cargos de maior
valor hierárquico, por vezes, podem variar o tratamento, os cumprimentos e as
saudações. Afinal, a formalidade, essencial nesse contexto, não chega a impedir

26
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

que as relações se diversifiquem em grau de aproximação. Desta forma,


enquanto regras de padronização de atos oficiais administrativos indicam como
fechamentos adequados as expressões “atenciosamente” (para autoridades de
mesma hierarquia ou de hierarquia inferior) e “respeitosamente” (para
autoridades de hierarquia superior), em textos protocolares ou cerimoniosos,
com finalidade específica no cuidado das relações, nota-se uma maior
flexibilidade no encerramento, acentuando-se o caráter estilístico. Torna-se
compreensível, portanto, a existência de manifestações como as de “estima”,
“apreço”, “consideração”, “respeito” e “admiração” ao final da mensagem.
Esse zelo no trato das relações não é comportamento isolado. Há
sociedades que cultivam significativamente a preocupação de polidez linguística
no trato entre autoridades. A França e a Itália, por exemplo, sempre se
orgulharam de cultivar formas polidas - e não só gramaticalmente corretas -,
embora, de uns tempos para cá, sejam ouvidas queixas nesses países de que se
acentua, senão uma perda, certo esmorecimento dessa ufania de espírito culto
francês e italiano. Diante do exposto, ressalta-se a importância de não se
enrijecerem em demasia as normas de tratamento na busca pela linguagem
objetiva. Contanto que se evitem chavões antiquados, modismos e exageros,
nenhum problema haverá em dar a textos específicos um comedido
distanciamento do padrão técnico-formal. Segundo Queiroz (2000), a evolução
da língua se faz de modo discreto e sutil. Com o uso contínuo, muitas palavras
vão-se descolorindo e perdendo o brilho. Sem a inovação e o estilo em certos
textos oficiais, corre-se o risco de que hábitos triviais e indiferentes substituam
completamente o que poderia ser característico e expressivo.
IV - A SIMPLICIDADE
Nada assegura tanto a elegância quanto a simplicidade. Por isso, ao
redigir um texto cerimonioso, toda sorte de exageros deve ser evitada.
Um texto carregado de adjetivação, sobretudo no superlativo, e
advérbios soa como bajulação ou falta de conteúdo. Também há que ter o
cuidado de não crivá-lo de estrangeirismos e latinismos, sob pena de cair no
pedantismo, na ostentação, no barbarismo. Por outro lado, o abuso de
expressões prontas e em moda empobrece o texto. Não confundir simplicidade
com falta de criatividade e, muito menos, vulgaridade.
Outra preocupação é com o asseio dos caracteres utilizados. As formas
em negrito, itálico, sublinhadas e em caixa-alta devem, sempre que possível, ser
evitadas. Elas, além de darem ao texto um aspecto poluído, desagradável,
passam a impressão de que o emissor está em desespero, aos berros.
Deformam a mensagem, denotando rudeza, rispidez, agressividade. Por outro
lado, caracteres muito pequenos ou condensados podem dar impressões
inversas.

27
Manual de Redação

V - A OBJETIVIDADE E A FINALIDADE ESPECÍFICA


Quanto maior o grau de hierarquia de uma autoridade, maior tende a ser
o volume de correspondências a ela enviadas. Isso sem falar no maior número
de compromissos que a envolvem. Portanto, objetividade é a palavra de ordem.
Afinal, o envio de uma mensagem com natureza política é uma estratégia de zelo
sobre as relações e, exatamente por isso, nunca se deverá tornar um incômodo
para o seu receptor.
Obviamente, quando se trata de textos de homenagem, brevidade além
do razoável pode transmutar-se em uma não homenagem. Mais uma vez,
aplica-se o bom senso.
Outro ponto paralelo à objetividade é a especificidade. Não é
recomendável misturar assuntos diferenciados numa mesma comunicação.
Assim, se o objetivo é homenagear o receptor, não será o mesmo texto
adequado para homenagear outras pessoas, a menos que haja estreitíssima
ligação entre as diversas homenagens. Da mesma forma, como regra, evite-se
tratar, no mesmo texto, de congratulações e pesar. Do contrário, a
intencionalidade não se concretiza em nenhuma das situações.
Na medida do possível, então, dar tratamento individual, personalizado e
próprio para cada referencial. Agora, se for inviável o tratamento em separado e
o texto tiver de ser dirigido simultaneamente a diferentes pessoas, será
fundamental a consideração de normas de precedência antes de citá-las
nominalmente (ver Decreto Lei nº 70.274/72). Logicamente a ordem de
precedência poderá ser invertida em função da gradação das ideias
desenvolvidas, quando se deixam os destaques para o final. Da mesma forma
também o protocolo numa mensagem pode ser quebrado, mas somente quando
o emissor é de mais alta hierarquia que o receptor.

VI - A MANIFESTAÇÃO ORAL REGISTRADA NO TEXTO ESCRITO


É sabido de todos que a linguagem oral e a escrita guardam entre si
inúmeras diferenças. Não será demais, contudo, enumerar algumas delas.
A linguagem oral é a nossa ferramenta mais indispensável. É ela que
expressa com espontaneidade quem somos. Por isso, não se sujeita à rigidez
das normas, ainda que não as desconheça. Flui mais livremente, buscando dar
vazão não só a pensamentos, mas a sentimentos. Isso não significa,
necessariamente, que ela englobe, por si, mais recursos que a escrita, mas que
ela tem como buscá-los nos gestos, olhares, posturas, trejeitos, que a
completam. Por vezes, ela pode até ser mais precária que a escrita (aí
precisamos escrever o que não conseguimos expressar oralmente).
De outro lado, a linguagem escrita comporta mais reflexão. Pode ser
refeita sem deixar sequelas, é mais seletiva. Mas se sujeita a mais normas.

28
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Portanto, não pode manifestar-se com a mesma espontaneidade, revelando a


mesma intimidade.
O grande obstáculo surge quando uma manifestação oral de um emissor
precisa ser registrada num texto escrito por um terceiro: o redator ou revisor.
Nessa situação, é fundamental que a objetividade de um não tire o caráter
específico do outro. Ainda assim, o revisor não deverá se deixar inibir: será
preciso aparar discretamente as sobras e realocar suavemente algumas peças
para produzir, enfim, o remate. Daí ser necessário aplicar um tom mais
cerimonioso e sujeito às convenções específicas, entre as quais se destacam as
regras e normatizações objeto deste manual e tratadas a seguir e nos próximos
capítulos.

VII - PROTOCOLO E ETIQUETA


As comunicações oficiais de qualquer natureza devem se fundamentar
em elementos que lhes garantam eficácia, eficiência, elegância e certa
uniformidade no âmbito de cada organização. E não há dúvida de que o respeito
a algumas regras simples de protocolo e etiqueta pode, aliado a outros fatores,
contribuir para o preenchimento desses requisitos.
O protocolo e a etiqueta, juntamente com o cerimonial, têm por objetivo
garantir o exercício da civilidade entre as autoridades de diferentes instâncias do
Poder Público. São códigos de condutas norteadas por leis municipais,
estaduais e federais que alinham e preservam características culturais e
políticas sob normas internacionais. Embora sujeitos a legislações específicas,
tais códigos de condutas se revestem de uma linguagem e de elementos de
comunicação dinâmicos e, portanto, passíveis de transformação, atualização e
adaptação.

Protocolo consiste em um conjunto de normas cujo


objetivo é dar a cada um dos participantes de um ato solene
Protocolo
as prerrogativas, privilégios e imunidades a que têm direito
pela posição ou cargo que ocupam.

Etiqueta é um conjunto de ações formadas por hábitos,


usos e costumes culturais que norteiam a educação, as
Etiqueta
boas maneiras, as atitudes e a imagem que isso provoca no
interlocutor, individual ou coletivo.

Essas normas objetivam - mais do que regrar rigorosamente o


comportamento - dar qualidade aos relacionamentos entre as pessoas, com
fundamento na cortesia, no respeito e na atenção que devem reger o convívio
entre elas. Para isso, são estabelecidos padrões adequados para cada ocasião

29
Manual de Redação

e para cada cerimônia, que exigem atributos mínimos de formalidade e que


podem, de algum modo, ser transpostos para a produção de textos.
Algumas orientações práticas
Com base no que já foi exposto, sintetizamos agora algumas orientações
aplicáveis à produção de textos oficiais protocolares e cerimoniosos. Tais
orientações visam, ainda que indiretamente e de forma limitada diante da
abrangência do tema, os mesmos objetivos pretendidos pelas normas de
protocolo e de etiqueta nas organizações públicas. Espera-se que elas
possibilitem aos servidores do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais uma
comunicação mais fácil, segura e eficiente entre eles e, principalmente, com as
autoridades com quem convivem.
1) As formas de tratamento usadas, sobretudo na escrita, devem ser as
adequadas, de acordo com a hierarquia. Essa regra vale para todos os
contatos com autoridades superiores. No caso do TRE-MG, por exemplo, o
tratamento de Vossa Excelência deve ser utilizado para os Magistrados e
para o Procurador Regional Eleitoral, em todas as situações. Tal regra
somente pode ser descumprida caso a autoridade manifeste claramente sua
preferência por outro tratamento (Desembargador, Dr., etc.).
2) É legítimo substituir a expressão Vossa Excelência por ele (a) ou lhe, mas
somente quando necessário, nos casos em que a repetição se torne por
demais enfadonha.
3) Os cargos mencionados no texto devem, em regra, constar em ordem
hierárquica, respeitando a precedência:
Os Secretários e os Chefes de Seção reuniram-se com os servidores da
Coordenadoria de Educação e Desenvolvimento.
O encontro reuniu os Juízes, a Diretora-Geral e os Secretários do
TRE-MG.
O Manual destina-se à consulta por parte dos Magistrados e dos
servidores do TRE-MG.
Excepcionalmente se pode inverter a ordem, conforme a gradação que se dá
às ideias tratadas no texto, quando se guardar a ênfase para o final:
Espera-se que os servidores tenham uma comunicação mais fácil,
segura e eficiente entre eles e, principalmente, com os Magistrados.
4) Antes do envio da mensagem, a grafia dos nomes próprios citados no texto
deverá ser confirmada.
5) Agradecimentos, escusas, felicitações, cumprimentos, manifestações de
apoio e solidariedade devem, sempre que possível, ser específicas para
cada destinatário.
30
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

6) Cada texto deve, na medida do possível, restringir-se a um só assunto (ou


pelo menos a assuntos que não choquem entre si). Misturar questões dessa
ordem (política) pode desmerecê-las e configurar indelicadeza.
7) É absolutamente inadequado, nesse tipo de comunicação, o uso de
tratamentos irreverentes, expressões de descabida intimidade, gírias,
banalidades, ironias e comentários levianos ou infelizes. Evite-se também o
excesso de interjeições e exclamações.
8) Embora a formalidade deva ser sempre mantida, o texto não deve ser
suficientemente frio e neutro para negar a força da relação e a exigência das
circunstâncias. Assim, por exemplo, fortes laços de amizade podem justificar
manifestações que quebram a rigidez da estrutura formal, dentro de limites
razoáveis de segurança. Na dúvida, é melhor não apostar na intimidade.
9) O respeito ao protocolo se impõe de baixo para cima. A autoridade de
hierarquia superior pode, por simpatia e delicadeza, suavizar o
procedimento, dando-lhe um tom de descontração.
Além desses aspectos, há outros de grande importância, que não devem
ser negligenciados na elaboração de qualquer texto oficial. São eles os tópicos
tratados nos capítulos a seguir.

31
Manual de Redação

Capítulo II
ORTOGRAFIA

O RECENTE ACORDO ORTOGRÁFICO E A REPERCUSSÃO NA NOSSA


ORTOGRAFIA
Em virtude da última reforma ortográfica, resultado da assinatura de
acordo5 entre representantes do Brasil e de outros sete países que falam a
Língua Portuguesa, o tópico ortografia talvez seja o único com que o usuário
deste manual possa estar pouco familiarizado. Foram estabelecidas 21 bases de
mudanças na língua, e, segundo o Ministério da Educação, no Brasil, 0,5% das
palavras sofreram modificações. Entre as novas regras estão o retorno das
letras K, W e Y ao alfabeto e a supressão definitiva do trema e de alguns acentos.
Com essas informações, já fica evidente que não se tem aqui a
pretensão de esgotar a matéria. Principalmente quando se considera que,
paralelamente às regras do Acordo, são ditadas, muitas vezes, exceções sem
clara demarcação, acompanhadas da expressão etc. tanto quanto as próprias
regras o são. Ora, comportar tal expressão tanto na disposição da regra quanto
das exceções à própria regra equivale a um alargamento de possibilidades que
culminam na anulação da regra.
Além disso, como se não bastasse a imprecisão existente nos termos do
Acordo, a comissão que elaborou o Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa - Volp -, ao definir a grafia de inúmeros vocábulos, optou por priorizar
o “espírito do Acordo”, colocando de lado regras expressas, privilegiando a
tradição lexicográfica. Em decorrência disso, abundaram sobremaneira as
exceções.6
Portanto, ao contrário de uma disposição mais pretensiosa, a abordagem
do tema neste manual foi idealizada a princípio como uma atualização das
informações disponibilizadas no Manual de revisão e padronização de
publicações do TSE, embora tenha rumado, posteriormente, em direção ao
atendimento de demandas próprias.

5O novo Acordo Ortográfico entrou em vigor em janeiro de 2009, mas a normatização anterior
será aceita oficialmente até dezembro de 2012.
6É o Volp que define a grafia dos vocábulos da Língua Portuguesa no Brasil. E, embora não
tenha aplicado as regras explícitas do Acordo em casos específicos, prevalecem as suas
definições. No entanto, a comissão de lexicografia que o elaborou já anunciou que haverá
alterações na próxima edição. Recomenda-se ao usuário deste manual estar atento.

32
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Também é de considerar que o domínio da ortografia é sempre um


desafio para aqueles que trabalham na produção de textos. Isso porque, sendo
ela resultado de convenções, nem sempre encontramos estratégias lógicas para
fixação das formas convencionadas. Aconselha-se, pois, a utilização do único
método unanimemente considerado eficaz para fixação de tal aprendizado:
muita leitura e muita escrita, com repetidas consultas, sobretudo, a dicionários e
ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
Seguem então as normas ortográficas com as alterações estabelecidas
pelo já citado Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).

I - DIVISÃO SILÁBICA
Destacam-se as seguintes regras de divisão silábica:
1) Separam-se os hiatos e os dígrafos rr, ss, sc e xc:
co-or-de-nar, ar-re-mes-sar, des-cer, ex-ce-to.
2) Não se separam os ditongos, os tritongos, os encontros consonantais que
iniciam palavras e os dígrafos ch, lh e nh:
au-ro-ra, pa-ra-guai, psi-có-lo-go, a-cha-do, te-lha-do, a-pa-nhar.
3) A consoante não seguida de vogal, no interior do vocábulo, conserva-se na
sílaba que a precede:
subs-cre-ver.

II - TRANSLINEAÇÃO
A translineação segue as normas gramaticais estabelecidas para a
divisão silábica, observados alguns cuidados:
1) Deve-se evitar que a sílaba constituída de vogal fique isolada no final ou no
início de linha:
úmi-do, e não ú-mido.
2) Deve-se evitar que a translineação provoque a ocorrência de palavras chulas
ou inadequadas:
apósto-lo, e não após-tolo; dispu-ta, e não dis-puta.

Observação: O novo Acordo Ortográfico recomenda, por clareza gráfica,


quando o hífen de palavra composta coincidir com o final de linha, repeti-lo
no início da linha seguinte.

33
Manual de Redação

III - ACENTUAÇÃO GRÁFICA


Na acentuação gráfica, o Acordo Ortográfico introduziu significativas
mudanças no que se refere a palavras paroxítonas, conforme se pode notar a
seguir.

III.1 - Acentuação das palavras paroxítonas


1) Perdem o acento gráfico os ditongos abertos representados por ei e oi da
sílaba tônica das palavras paroxítonas:
assembleia, boleia, ideia;
epopeico, onomatopeico, proteico;
apoio (do verbo apoiar), boia, jiboia;
heroico, introito, paranoico.

Observação 1: Receberá acento gráfico a palavra que, mesmo incluída


nesse caso, enquadrar-se em regra de acentuação, como ocorre com
destróier, por exemplo, que é acentuada porque é paroxítona terminada em
r.
Observação 2: Continuarão acentuados os ditongos abertos ei e oi de
palavras oxítonas, isto é, heroico (paroxítona) perde o acento, mas herói,
constrói, corrói (oxítonas) continuam acentuados; ideia (paroxítona) perde o
acento, mas anéis, papéis, fiéis (oxítonas) continuam acentuados. Também
continua acentuado o ditongo aberto eu de palavras oxítonas, como: céu,
ilhéus, troféu, véu.

2) Perdem o acento gráfico as formas verbais paroxítonas que contêm um e


tônico oral fechado em hiato com a terminação em da 3ª pessoa do plural do
presente do indicativo ou do subjuntivo, conforme os casos:
creem, deem, descreem, leem, preveem, releem, reveem, veem.
3) Perde o acento gráfico a vogal tônica fechada do hiato oo em palavras
paroxítonas, seguidas ou não de s, como:
enjoo(s) (substantivo) e enjoo (flexão de enjoar), povoo (flexão de
povoar), abençoo (flexão de abençoar), voo(s) (substantivo) e voo (flexão
de voar).

Observação: Será acentuada a palavra que, mesmo incluída nesse caso,


enquadrar-se em regra de acentuação gráfica, como ocorre com herôon
(Port.), paroxítona terminada em n (herôon é uma espécie de santuário que
era construído em homenagem aos antigos heróis gregos e romanos).

34
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

4) Perdem o acento gráfico diferencial as palavras paroxítonas que, tendo


respectivamente vogal tônica aberta ou fechada, são homógrafas - ou seja,
têm a mesma grafia - de artigos, contrações, preposições e conjunções
átonas:
para (á) [flexão de parar] e para [preposição];
pela(s) (é) [substantivo e flexão de pelar] e pela(s) [combinação de per e
la(s)];
pelo (é) [flexão de pelar] e pelo(s) (ê) [substantivo];
pera (ê) [substantivo] e pera (é) [preposição antiga];
polo(s) (ó) [substantivo] e polo(s) [combinação antiga e popular de por e
lo(s)].

Observação 1: Seguindo essa regra, também perde o acento gráfico a


forma para (do verbo parar) quando entra num composto separado por
hífen: para-balas, para-brisa(s), para-choque(s), para-lama(s), etc.
Observação 2: Pôr (verbo) continuará acentuado para se distinguir da
preposição por; e pôde (pretérito perfeito do indicativo) continuará
acentuado para se distinguir de pode (presente do indicativo). Assim como
têm (plural) e vêm (plural), porque existem os homógrafos tem (singular) e
vem (singular).
Observação 3: Já com relação à palavra fôrma (substantivo), esta pode ou
não ser acentuada para se distinguir da palavra forma (substantivo; 3ª
pessoa do singular do imperativo do verbo formar), mas a grafia fôrma (com
acento gráfico) deve ser usada apenas nos casos em que houver
ambiguidade, como no poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira: “Reduzi
sem danos/A fôrmas a forma.”

5) Perdem o acento gráfico as vogais tônicas i e u das palavras paroxítonas,


quando estiverem precedidas de ditongo:
baiuca, bocaiuva, feiura, feiudo, maoismo, maoista, taoismo, tauismo.
MAS: Serão acentuadas as vogais tônicas i e u das palavras oxítonas
quando, mesmo precedidas de ditongo, estiverem em posição final, sozinhas
na sílaba, ou seguidas de s:
Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús.

Observação: As palavras paroxítonas feiura e feiudo, conforme


demonstrado, não serão mais acentuadas; porém feiíssimo continua
acentuado porque é palavra proparoxítona.

35
Manual de Redação

6) Perdem o acento agudo na vogal tônica u os verbos ARGUIR e REDARGUIR


nas formas rizotônicas (aquelas cuja sílaba tônica está no radical):
PRESENTE DO INDICATIVO
arguo (leia-se argúo, mas não leva acento)
arguis (leia-se argúis, mas não leva acento)
argui (leia-se argúi, mas não leva acento)
arguímos (aqui a sílaba tônica é í) [forma arrizotônica]
arguís (aqui a sílaba tônica é ís) [forma arrizotônica]
arguem (leia-se argúem, mas não leva acento)
PRESENTE DO SUBJUNTIVO
argua (leia-se argúa, mas não leva acento)
arguas (leia-se argúas, mas não leva acento)
argua (leia-se argúa, mas não leva acento)
arguamos (aqui a sílaba tônica é a) [forma arrizotônica]
arguais (aqui a sílaba tônica é ais) [forma arrizotônica]
arguam (leia-se argúam, mas não leva acento)
7) Os verbos do tipo AGUAR, APANIGUAR, APAZIGUAR, APROPINQUAR,
AVERIGUAR, DESAGUAR, ENXAGUAR, OBLIQUAR, DELINQUIR e afins
podem ser conjugados de duas formas: ou têm as formas rizotônicas (cuja
sílaba tônica recai no radical) com o u do radical tônico, mas sem acento
agudo; ou têm as formas rizotônicas com a ou i do radical com acento agudo.
Vejamos:
PRESENTE DO INDICATIVO
averiguo (leia-se averigúo, mas não leva acento)
averiguas (leia-se averigúas, mas não leva acento)
averigua (leia-se averigúa, mas não leva acento)
averiguamos (aqui a sílaba tônica é gua)
averiguais (aqui a sílaba tônica é guais)
averiguam (leia-se averigúam, mas não leva acento)
ou
averíguo
averíguas
averígua
averiguamos
averiguais
averíguam

36
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

PRESENTE DO SUBJUNTIVO
averigue (leia-se averigúe, mas não leva acento)
averigues (leia-se averigúes, mas não leva acento)
averigue (leia-se averigúe, mas não leva acento)
averiguemos (leia-se averigüemos, mas não leva trema)
averigueis (leia-se averigüeis, mas não leva trema)
averiguem (leia-se averigúem, mas não leva acento)
ou
averígue (sem trema, mas com o u pronunciado)
averígues (sem trema, mas com o u pronunciado)
averígue (sem trema, mas com o u pronunciado)
averiguemos (sem trema, mas com o u pronunciado)
averigueis (sem trema, mas com o u pronunciado)
averíguem (sem trema, mas com o u pronunciado)
PRESENTE DO INDICATIVO
enxaguo (leia-se enxagúo, mas não leva acento)
enxaguas (leia-se enxagúas, mas não leva acento)
enxagua (leia-se enxagúa, mas não leva acento)
enxaguamos (aqui a sílaba tônica é gua)
enxaguais (aqui a sílaba tônica é guais)
enxaguam (leia-se enxagúam, mas não leva acento)
ou
enxáguo
enxáguas
enxágua
enxaguamos
enxaguais
enxáguam
PRESENTE DO SUBJUNTIVO
enxague (leia-se enxagúe, mas não leva acento)
enxagues (leia-se enxagúes, mas não leva acento)
enxague (leia-se enxagúe, mas não leva acento)
enxaguemos (leia-se enxagüemos, mas não leva trema)
enxagueis (leia-se enxagüeis, mas não leva trema)
enxaguem (leia-se enxagúem, mas não leva acento)
ou

37
Manual de Redação

enxágue (sem trema, mas com o u pronunciado)


enxágues (sem trema, mas com o u pronunciado)
enxágue (sem trema, mas com o u pronunciado)
enxaguemos (sem trema, mas com o u pronunciado)
enxagueis (sem trema, mas com o u pronunciado)
enxáguem (sem trema, mas com o u pronunciado)
PRESENTE DO INDICATIVO

Observação: O verbo delinquir, tradicionalmente dado como defectivo, é


tratado agora como verbo que tem todas as suas formas.

delinquo (leia-se delinqúo, mas não leva acento)


delinques (leia-se delinqúes, mas não leva acento)
delinque (leia-se delinqúe, mas não leva acento)
delinquimos (leia-se delinqüimos, mas não leva trema)
delinquis (leia-se delinqüis, mas não leva trema)
delinquem (leia-se delinqúem, mas não leva acento)
ou
delínquo
delínques (sem trema, mas com o u pronunciado)
delínque (sem trema, mas com o u pronunciado)
deliquimos (leia-se delinqüimos, mas não leva trema)
delinquis (leia-se delinqüis, mas não leva trema)
delínquem (sem trema, mas com o u pronunciado)
PRESENTE DO SUBJUNTIVO
delinqua (leia-se delinqúa, mas não leva acento)
delinquas (leia-se delinqúas, mas não leva acento)
delinqua (leia-se delinqúa, mas não leva acento)
delinquamos (aqui a sílaba tônica é qua)
delinquais (aqui a sílaba tônica é quais)
delinquam (leia-se delinqúam, mas não leva acento)
ou
delínqua
delínquas
delínqua
delinquamos
delinquais
delínquam

38
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

8) Permanecem válidas as seguintes regras de acentuação das palavras


paroxítonas:
a) Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em i e u, seguidos ou
não de s:7
júri, lápis, bônus.
b) Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em ã, ao e ei, seguidos
ou não de s:
órfã, órfãs, órgão, órgãos, jóquei, jóqueis.
c) Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em ditongos crescentes
(ue, uo, ua, ie, io, ia, eo, eo, ea e oa) seguidos ou não de s.
tênue, contínuo, contígua, colégio, ânsia, errôneo, área, mágoa.
d) Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em um e uns:
álbum, álbuns.
e) Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas nas consoantes l, n, r e x
e em ps:
túnel, hífen, açúcar, tórax, fórceps.

Observação: Vale destacar que não é acentuada nem recebe apóstrofo a


forma monossilábica pra, redução de para. Ou seja, são inadequadas as
grafias prá e p'ra.

III.2 - Acentuação das palavras oxítonas


O Acordo Ortográfico em vigor não alterou as regras de acentuação das
palavras oxítonas. Portanto, continuam acentuadas as palavras oxítonas
terminadas em:
1) a, e, o, em e ens:
apresentá-la, entretê-la, transpô-lo, convém, parabéns;
2) ditongos abertos éu, éi e ói:
herói, constrói, corrói, mói, anéis, papéis, fiéis, céu, ilhéus, troféu, véu.

III.3 - Acentuação das palavras proparoxítonas


Todas as palavras proparoxítonas permanecem sendo acentuadas:
ínterim, síndrome, rápido.

7ALMEIDA, 2005, p. 10, destaca que o Formulário Ortográfico não exemplifica paroxítono
terminado em u, entretanto prevalece a regra.

39
Manual de Redação

III.4 - Outros casos de acentuação


1) São acentuadas também as monossílabas tônicas terminadas em a, e e o,
seguidas ou não de s:
pá, pé, pó, dá-lo, tê-lo, pô-lo.
2) O i e o u tônicos do hiato recebem acento sempre que isolados na sílaba ou
seguidos de s quando feita a divisão silábica:
sa-ú-de, sa-í-da, fa- ís-ca, ba-la-ús-tre.
MAS: Não haverá acento se forem seguidos de nh ou formarem sílaba com l,
m, n, r, z:
ra-i-nha, pa-ul, ru-im, con-tri-bu-in-te, po-lu-ir,Ju-iz.

IV - HÍFEN
O novo Acordo Ortográfico introduziu muitas mudanças também quanto
ao uso do hífen. É o caso da expressão tão somente, por exemplo, que agora se
grafa sem o hífen.
Emprega-se o hífen, segundo regras específicas, para:
1) Separar sílabas na divisão silábica e na translineação8 .
2) Ligar os pronomes oblíquos átonos enclíticos ou mesoclíticos a formas
verbais e também à palavra eis:
Precisa-se de empregados. Falar-lhe-ei amanhã. Eis-me aqui.
3) Ligar os elementos de palavras formadas por composição:
ano-luz, azul-escuro, decreto-lei, joão-ninguém, boa-fé, quebra-mar,
guarda-chuva, porto-alegrense, porta-voz.
4) Ligar prefixos e sufixos a vocábulos, na formação de novas palavras:
sem-terra, anti-horário.

Exemplos de prefixos: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto,
circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra,
macro, micro, mini,multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro,
semi, sobre, sota, soto, sub, super, supra, tele, ultra, vice, vizo, etc.

Seguem as regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais


comuns e elementos que podem funcionar como prefixos (pseudoprefixos), bem
como com sufixos e nos compostos, locuções e encadeamentos vocabulares, já
com as novas orientações estabelecidas pelo Acordo Ortográfico.

8Assuntos já abordados no início deste capítulo.

40
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

IV.1 - Regras que determinam o uso do hífen


1) Quando o prefixo termina por uma letra e o segundo elemento começa pela
mesma letra:
Anti-ibérico, auto-observação, contra-atacar, micro-ondas, micro-ônibus,
semi-interno, hiper-requintado, inter-racial, inter-regional,
sub-bibliotecário, super-racista, circum-murado, circum-mediterrâneo,
pan-negritude.

Exceções:
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, mesmo
quando este se inicia por o:
coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar,
coocupante.
• Pre, pro (nessas formas átonas, não acentuadas) e re aglutinam-se, em
geral, com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia pela
mesma vogal:
preestabelecer, reedição.
Observação: Há casos em que duas grafias são aceitas:
preeleito (ou pré-eleito),
preembrião (ou pré-embrião),
preesclerose (ou pré-esclerose).
• Há casos em que as vogais (iguais ou mesmo diferentes) se fundem:
telespectador (em vez de tele-espectador), radiouvinte (em vez de
rádio-ouvinte),
eletracústico (em vez de eletroacústico), arteriosclerose (e não
arterioesclerose).
Contudo, recomenda-se que o uso dessas supressões se restrinja aos
casos já correntes e dicionarizados.

2) Com prefixos diante de palavra iniciada por h:


anti-higiênico, co-herdeiro, macro-história, mini-hotel, proto-história,
sobre-humano, super-homem, ultra-humano, circum-hospitalar,
sub-humano.

Exceções:
• Formações que contêm em geral os prefixos des e in e nas quais o
segundo elemento perdeu o h inicial:
desumano, desumidificar, inábil, inumano, etc.

41
Manual de Redação

• Palavras que já são de uso consagrado como:


reidratar, reumanizar, reabitar, reabilitar e reaver.
• O Volp ainda registra outras exceções, como:
coerdar, coerdeiro, coabitar, coabitação, coabitante.

3) Com os prefixos circum e pan, além de se aplicarem as regras anteriores,


também diante de palavra iniciada por m, n e vogal:
pan-mixia, circum-navegação, pan-americano, pan-islâmico.
4) Com os prefixos terminados em b (ab, ob, sob, sub) ou d (ad), além de se
aplicarem as regras dos números 1 e 2, também diante de palavra iniciada
por r:
ab-rupto (que é preferível a abrupto), ob-rogar, sob-roda, sub-região,
ad-referendar.
Exceções: adrenalina, adrenalite e afins, consagradas pelo uso.
5) Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, sota, soto, vice, vizo, e pós,
pré e pró (nessas formas tônicas, acentuadas graficamente):
ex-Presidente, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado,
sota-almirante, soto-almirante, vice-rei, vizo-rei, pós-graduação,
pré-vestibular, pró-europeu.
Ver observação nas exceções da regra 1.

6) Com os sufixos de origem tupi-guarani açu, guaçu e mirim:


amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
7) Nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo:
cobra-d'água, mestre-d'armas, mãe-d'água, olho-d'água.
8) Nos compostos com nomes próprios (escrevem-se com minúscula inicial
quando se afastam de seu significado primitivo, excetuando-se os casos em
que esse afastamento não ocorre):
erva-de-santa-maria, folha-de-flandres, água-de-colônia, João-de-barro,
além-Brasil, aquém-Atlântico.
Exceções: doença de Chagas, mal de Alzheimer, sistema Didot, anel de
Saturno.
9) Nos compostos sem elemento de ligação, quando o 1º elemento está
representado pela forma mal e o 2º elemento começa por vogal, h ou l, ou
quando mal tiver como significado doença:
mal-entendido, mal-humorado, mal-limpo;

42
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

mal-caduco (= epilepsia), mal-francês (= sífilis), desde que não haja


elemento de ligação: mal de Alzheimer.
10) Nos compostos cujo 1º elemento está representado pela forma bem (como
prefixo, e não como advérbio) antes de palavras que têm vida autônoma:
bem-amado, bem-aventurado, bem-estar, bem-nascido, bem-vindo.
11) Nos compostos designativos geográficos formados com grã e grão, ou por
forma verbal ou, ainda, naqueles ligados por artigo:
Grã-Bretanha, Grão-Pará, Abre-Campo, Traga-Mouro, Entre-os-Rios,
Trás-os-Montes.

Exceção: os outros nomes geográficos compostos escrevem-se com os


elementos separados, sem o hífen: América do Sul, Belo Horizonte (MAS
são formas consagradas: Guiné-Bissau e Timor-Leste).

12) Nos compostos que designam espécies botânicas, zoológicas e áreas afins,
estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento:
abóbora-menina, couve-flor, formiga-branca, coco-da-baía,
vassoura-de-bruxa.
13) Nos compostos adjetivos gentílicos derivados de nomes geográficos que
contenham ou não elementos de ligação:
belo-horizontino, sete-lagoano, juiz-forano, mato-grossense.

Observação: Escreve-se indo-chinês quando se refere à Índia e à China,


ou aos indianos e chineses, mas indochinês quando se refere à Indochina.
Da mesma forma, escreve-se centroafricano quando se refere à República
Centroafricana e, quando se refere à região central da África,
centro-africano.

14) Para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam,


formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares:
ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
IV.2 - Casos em que não se usa o hífen
1) Quando o prefixo termina por uma letra e o segundo elemento começa por
letra diferente:
aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antiaéreo, autoescola, coautor,
extraescolar, infraestrutura, plurianual, semiaberto, hiperativo,
interestadual, subaproveitar, superamigo, supereconômico,
hipermercado, intermunicipal, superproteção, anteprojeto,
antipedagógico, autopeça, coprodução, geopolítica, microcomputador,
pseudoprofessor, seminovo, supracitado, ultramoderno.
43
Manual de Redação

Exceções (detalhadas no tópico IV.1 deste capítulo):


• Se a inicial do segundo elemento for h, geralmente se usa o hífen.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada
por h, m, n e vogal.
• Com os prefixos terminados em b, usa-se o hífen diante de palavra
iniciada por b, h e r.
• Com os prefixos terminados em d, usa-se o hífen diante de palavra iniciada
por d, h e r.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, sota, soto, vice, vizo, pós,
pré e pró, usa-se o hífen.

Observação: Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento


começa pelas consoantes r ou s, estas são duplicadas:
antirreligioso, antissocial, biorritmo, contrarrazões, contrassenso,
cosseno, infrassom, microssistema, minissaia, multissecular,
neorrealismo, neossimbolista, semirreta, ultrarresistente, ultrassom.

2) Quando houver perda do som da vogal final do 1º elemento e o 2º elemento


for grafado isoladamente com h, mantém-se a grafia consagrada caso haja:
cloridrato, cloridria, clorídrico, quinidrona, sulfidrila, xilarmônica.
Observação: Em compostos em que não houver perda do som da vogal
final do 1º elemento (que pode estar reduzido, funcionando como
pseudoprefixo) e o elemento seguinte começar com h, serão usadas as
duas formas gráficas:
carbo-hidrato e carboidrato; zoo-hematina e zooematina.

3) Em certas palavras que perderam a noção de composição:


girassol, madressilva, mandachuva, paraquedas, paraquedista, pontapé.

Observação 1: Outros compostos com a forma verbal para continuam


sendo grafados por hífen conforme a tradição lexicográfica:
para-brisa(s), para-choque, para-lama(s).
Observação 2: O mesmo ocorre com a forma verbal manda:
manda-lua, manda-tudo.

4) Em locuções de qualquer tipo:


cão de guarda, fim de semana, dia a dia, cor de açafrão, cada um, ele
próprio, quem quer que seja, à parte, à vontade, de mais, à toa, tão

44
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

somente, abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de,
apesar de, a fim de, ao passo que, contanto que, logo que, por
conseguinte, visto que.
Exceções:
• Expressões já consagradas pelo uso como:
água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito,
pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
5) Em expressões com valor de substantivo, do tipo:
deus nos acuda, salve-se quem puder, um faz de contas, um disse me
disse, um maria vai com as outras, bumba meu boi, tomara que caia, aqui
del rei.
6) Nas formas empregadas adjetivamente do tipo afro, anglo, euro, franco, indo,
luso, sino e assemelhadas em expressões do tipo:
afrodescendência, afrogenia, afrofilia, anglomania, anglofalante,
eurocêntrico, eurodeputado, francofone, francolatria, lusofonia,
sinologia.

Exceções: afro-brasileiro, anglo-saxão, euro-asiático.

7) Nas locuções latinas usadas como tais, não substantivadas ou


aportuguesadas:
ab initio, ab ovo, ad immortalitatem, ad hoc, data venia, de cujus, carpe
diem, causa mortis, habeas corpus, in octavo, pari passu, ex libris.
Observação: Embora Bechara (2008) tenha publicado que, no caso de
determinação por artigo, essas expressões teriam hífen (o ex-libris, o
habeas-corpus, o in-octavo, etc.), o Volp não ratificou a informação. Daí por
que este manual, considerando ainda o peso da tradição, não adota o hífen
nesses casos.
8) Com as palavras não e quase com função prefixal:
não agressão, não beligerante, não fumante, não violência, não
participação, não periódico, quase delito, quase equilíbrio, quase
domicílio.
Observação: As regras aqui apresentadas não são suficientes para o
domínio do uso do hífen, sobretudo no uso de compostos cujos elementos
mantêm na totalidade sua forma original. A ideia, nesses casos, é de que
haverá hífen sempre que se formar uma unidade sintagmática, ou seja,
quando um determinante e um determinado se combinam numa unidade,
hierarquicamente mais alta:

45
Manual de Redação

Desembargador-Presidente, Diretor-geral, Diretor-Presidente,


Procurador-geral, secretaria-geral, diretoria-geral, decreto-lei,
Juiz-Relator.
Se a noção de composição foi perdida em alguma medida (como já visto),
há uma aglutinação dos elementos:
girassol, vanglória, fidalgo, rodapé.
Por outro lado, às vezes, considera-se que há mera justaposição das
palavras, sem que chegue a se formar um composto, não havendo uso do
hífen:
Juiz membro da Corte, Assembleia geral, História geral,Juiz Substituto,
Juiz Auxiliar.
Entretanto, considerando-se a dificuldade dessa análise, o recomendável é
sempre consultar os dicionários e o Volp.

V - INICIAIS MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS


Com relação ao emprego das iniciais maiúsculas e minúsculas, trata-se,
como outros, de tema que não comporta unanimidade. Não obstante a
existência de regras gerais, é necessário avaliar cada caso em particular,
sobretudo com a atenção voltada para os referenciais envolvidos na
contextualização de cada texto.
O mais importante a ser considerado na definição pela forma maiúscula é
que ela busca representar uma singularidade do ser tratado, ou pelo menos algo
próximo de uma especificidade. Daí o fato de ser ela a forma utilizada no
substantivo próprio. Por outro lado, a forma minúscula designa o substantivo
comum, representando a ideia de um ser abordado de forma mais genérica.
Desta forma, terminologias utilizadas com letra maiúscula num texto
específico ou num ambiente linguístico determinado não necessariamente o
serão em outros. Por isso a importância de se estabelecerem convenções
próprias a cada realidade, deixando um espaço para as diferentes
interpretações que se queira dar, mas sempre sem que se perca de vista o
caráter universalista da linguagem e a repercussão interna e externa.
A seguir, são enumeradas as regras adotadas no TRE-MG.
V.1 - Uso da maiúscula
Emprega-se a maiúscula no início:
1) de período, de verso e de citação direta:
Diz o Código Eleitoral: “São eleitores os brasileiros maiores de 18 anos
(...)”.

46
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

MAS: Emprega-se a minúscula em citações não coincidentes com início


de frase:
A resolução diz: “(...) a critério do juiz ou do Tribunal”.
2) dos nomes próprios de qualquer espécie:
Diamantina, Goiás, Avenida Afonso Pena, Câmara Municipal,
Universidade Federal de Minas Gerais, João Antônio de Oliveira, Partido
do Movimento Democrático Brasileiro.
3) dos nomes designativos de cargos:
Os Ministros Costa Porto e Carlos Velloso (...).
Todos na Justiça são importantes: desde o Ministro e o Desembargador
até o Técnico Judiciário.
Os Juízes Eleitorais reuniram-se em Belo Horizonte.
Pressupõe-se a seriedade e a competência do Magistrado.
O Juiz Auxiliar foi convocado.
O Juiz Substituto (cargo inicial da magistratura) decidirá o caso.

MAS:
O Juiz substituto... (nesse caso, trata-se do cargo de Juiz de Direito, em
substituição a outro, e não do cargo de Juiz Substituto).
O Juiz Federal substituto (o cargo é de Juiz Federal) na ocasião
concedeu a liminar.
O Juiz membro do Tribunal (o cargo é o de Juiz e ele é membro da
Corte), Senhor Fulano, dará o seu voto.

4) dos pronomes de tratamento ou reverência e nomes de cargos e profissões


que os seguem:
Excelentíssimo Senhor Presidente, Vossa Excelência, Senhor Chefe, a
Senhora Maria das Dores, Senhor Professor João Antônio, o Senhor Juiz
Substituto, o Senhor Juiz membro do Tribunal, Senhor.
MAS: O pronome de tratamento você escreve-se com inicial minúscula:
Quero falar com você.
5) dos nomes de ciências e disciplinas:
Filosofia, Direito, História do Brasil, Direito Administrativo.
6) dos nomes dos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados
absolutamente:
o falar do Nordeste (do nordeste do Brasil),
a cultura do Ocidente (do ocidente europeu).

47
Manual de Redação

MAS: Escrevem-se esses nomes com inicial minúscula quando designam


direção ou limite geográfico:
Ele andou este país de norte a sul e de leste a oeste.
7) dos nomes científicos dos seres vivos (somente a primeira letra do nome):
Homo sapiens, Trypanosoma cruzi.
8) dos nomes de datas, épocas, eventos e fatos históricos:
Reforma Luterana, Descobrimento do Brasil, Sete de Setembro.
9) dos nomes de publicações seriadas, conforme a designação registrada:
Revista de Comunicação, Jornal do Comércio.

Observação 1: Os títulos de obras artísticas, literárias e científicas, bem


como os de artigos de jornais e revistas, escrevem-se com letra minúscula,
exceto a inicial da primeira palavra e os substantivos próprios:
As melhores crônicas de Fernando Sabino;
Dicionário prático de regência nominal;
Os retirantes (pintura de Portinari);
As crianças e a saúde (artigo do jornal Folha de S. Paulo).
Observação 2: Ao se mencionarem jornais, a palavra jornal terá a letra
maiúscula quando integrar o nome. Assim:
O jornal Folha de S. Paulo (...).
O Jornal do Brasil (...).

10) dos nomes próprios de órgãos públicos, instituições militares, políticas e


profissionais, unidades administrativas, comissões oficiais, coligações,
empresas privadas e seus departamentos:
Tribunal Superior Eleitoral,
Presidência do TRE,
Secretaria de Documentação e Informação,
Diretório Municipal do PSDB de Juiz de Fora,
Prefeitura Municipal de São Carlos,
Juízo da 4ª Zona Eleitoral do Estado do Rio Grande do Norte,
Comissão de Constituição e Justiça e de Redação,
Coligação Trabalho e Moralização, Ministério Público;
11) das simplificações de nomes de entidades ou instituições consagradas pelo
uso:
Tribunal por Tribunal Regional Eleitoral (convenção interna, igual este
Tribunal),

48
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Regional por Tribunal Regional Eleitoral (convenção interna),


Congresso por Congresso Nacional,
Senado por Senado Federal,
Câmara por Câmara dos Deputados,
Constituinte por Assembleia Nacional Constituinte,
Supremo por Supremo Tribunal Federal,
Legislativo por Poder Legislativo,
Executivo por Poder Executivo,
Judiciário por Poder Judiciário,
Tribunal Superior por Tribunal Superior Eleitoral;

MAS: As simplificações não consagradas devem ser grafadas com inicial


minúscula:
Esta secretaria (Secretaria de Recursos Humanos)...
Nossa coligação (referindo-se à Coligação Feliz Cidade)...
O partido (referindo-se ao PMDB)...

12) dos elementos dos compostos hifenizados, pois mantêm autonomia:


Decreto-Lei nº 200,
Grã-Bretanha;
13) dos nomes pelos quais as leis se tornam conhecidas:
Código Civil, Código Eleitoral, Lei Áurea;
14) das palavras empregadas em sentido especial:
– casa como local de reuniões de interesse público:
Todo deputado encontra-se na Casa para votar;
– constituição como lei fundamental de um país e sinônimos:
Constituição de 1988, Carta Magna, Lei Fundamental;
– corte como tribunal:
Esta Corte tem posição definida sobre o assunto;
– pleno como Tribunal:
O Pleno denegou a ordem;
– plenário como assembleia ou tribunal reunido em sessão:
O Plenário da Câmara rejeitou a proposta do governo,
O Plenário cassou a liminar;
– direito como ciência:
É preciso observar o que determinam as regras do Direito;
– estado como nação:

49
Manual de Redação

O Estado responde pelo dano causado por agente público;


– estado e município, como unidade da Federação e circunscrição
administrativa, seguidos dos nomes:
o Estado de Minas Gerais,
o Município de Luziânia;
MAS: o município elegeu um Deputado.
– federação como união entre unidades federativas:
O projeto visa o fortalecimento da Federação;
– igreja como instituição:
A Igreja é contra o aborto;
– império, república e monarquia como regime político, período histórico ou
equivalente à palavra Brasil:
No Império houve muitas insurreições;
– justiça como Poder Judiciário ou seus ramos:
A Justiça começa a se modernizar;
– leis, projetos, acórdãos, resoluções, etc., acompanhados dos respectivos
números:
Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997; Mandado de Segurança nº 112;
Of. nº 10;
MAS: Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
– mesa como o conjunto do Presidente e dos secretários de uma
assembleia:
A Mesa do Senado posicionou-se a favor das medidas;
– união, no sentido de reunião de estados relativamente autônomos, mas
subordinados a um governo central, governo federal:
Cabe à União tomar medidas para o caso.

V.2 - Uso da minúscula


Embora o uso da inicial minúscula seja residual (sempre que não cabe a
maiúscula), são de destacar alguns termos que geram dúvidas a seu respeito.
Empregam-se as iniciais minúsculas em:
1) nomes de meses: janeiro, fevereiro;
2) nomes de substantivos comuns: internet (rede mundial de computadores),
intranet (rede local de computadores);
3)

50
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

nomes de órgãos públicos e entidades associativas e partidárias


empregados genericamente: zona eleitoral, cartório eleitoral, partido,
coligação;
MAS: Zona Eleitoral, Cartório Eleitoral, quando se referir a um deles
especificamente ou quando integrarem o nome: Cartório da 89ª Zona
Eleitoral. Coligação Todos por BH. O Chefe da Zona Eleitoral (sabe-se de
qual zona eleitoral se trata especificamente) certificou a duplicidade de
inscrições para este Tribunal.
4) nomes de gêneros e espécies de recursos, ações, documentos não
especificados: os recursos eleitorais, o agravo de instrumento;
5) nomes de festas populares: carnaval;
6) nomes não integrados aos substantivos indicativos de acidentes geográficos:
rio Amazonas, oceano Atlântico, baía de Guanabara, serra da Mantiqueira;
MAS: se vierem integrados aos nomes oficiais dos topônimos, devem ser
grafados com a inicial maiúscula: Rio de Janeiro, Costa Rica, Monte Alegre,
Cabo Frio.
7) nomes gentílicos: baiano, inglês, alemão;
8) artigos definidos e indefinidos, pronomes relativos, preposições, conjunções
e advérbios e suas locuções, bem como combinações e contrações
prepositivas, quando no interior de substantivos próprios: Ministério do
Trabalho, Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento
(Bird), Imposto sobre Serviços, A Vitória que a Bahia Quer (coligação);
9) nomes próprios, quando empregados no plural, exceto os nomes e
sobrenomes de pessoas: tribunais regionais eleitorais, os tribunais
superiores, os estados da Federação.
MAS: os Rodrigues, os Josés, os Andradas.

Observação 1: Após dois-pontos, é facultativo o uso de letra maiúscula ou


minúscula no início de cada item desde que se opte pelo uso de ponto final
entre eles e após o último ou, ainda, por finalizar cada item sem nenhuma
pontuação:
Emprega-se a maiúscula no início:
a) de (ou De) período, de verso e de citação direta.
b) dos (ou Dos) nomes próprios de qualquer espécie.
c) dos (ou Dos) nomes designativos de cargos.

51
Manual de Redação

ou
Emprega-se a maiúscula no início:
a) de (ou De) período, de verso e de citação direta
b) dos (ou Dos) nomes próprios de qualquer espécie
c) dos (ou Dos) nomes designativos de cargos
Observação 2: Deve-se usar letra minúscula no início de cada item após
dois-pontos desde que se opte pelo uso de ponto e vírgula entre eles e
ponto final após o último pontuação:
Emprega-se a maiúscula no início:
a) de período, de verso e de citação direta;
b) dos nomes próprios de qualquer espécie;
c) dos nomes designativos de cargos.

52
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

53
Manual de Redação

Capítulo III
PONTUAÇÃO
O emprego dos sinais de pontuação gera inúmeras dúvidas e
controvérsias, representando significativa parcela das intervenções feitas pelo
serviço de revisão nos textos produzidos no âmbito do Tribunal.
O objetivo deste manual com relação à pontuação é ressaltar as
principais normas de aplicação dos sinais gráficos usados entre orações e partes
de oração para indicar intensidade, entoação e pausas. Serão definidos os usos
adequados da vírgula, do ponto e vírgula, dos dois-pontos, das reticências, das
aspas, dos parênteses, do travessão e da barra.

I - VÍRGULA
A vírgula é empregada para separar termos de uma oração e orações de
um período e indica uma pausa. Mas, cuidado! Que não seja concluído
apressadamente o inverso. Não necessariamente haverá vírgula onde ocorre
pausa.

I.1 - Dentro da oração


Usa-se a vírgula dentro da oração para separar:
1) elementos coordenados, ou seja, de mesma função sintática (sujeitos,
complementos, adjuntos), quando não ligados por e, nem e ou:
Os eleitores esperavam do seu candidato decoro, compromisso com as
causas do município, honestidade.
Observação 1: Separam-se por vírgula os elementos coordenados com as
conjunções e, nem e ou quando elas vêm repetidas:
Foram analisados argumentos, e precedentes, e dispositivos legais.
Por e-mail, ou fac-símile, ou ligação telefônica, ou envio de mensagem
para o telefone celular.
Nem candidatos, nem partidos, nem eleitores confiaram na seriedade
daquelas pesquisas.
Observação 2: Quando a conjunção ou significa equivalência entre termos
coordenados, o uso de vírgulas para separar o(s) elemento(s)
equivalente(s) ao primeiro é facultativo:
A elegibilidade, ou preenchimento das condições fundamentais para
alguém ser eleito, é questionável em certos casos relacionados àquele
partido.

54
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

A elegibilidade ou preenchimento das condições fundamentais para


alguém ser eleito é questionável em certos casos relacionados àquele
partido.
Observação 3: Quando denota retificação de pensamento, a vírgula é
necessária:
O partido estava reticente, ou antes pouco receptivo a coligar-se com
outros partidos.

2) o vocativo:
Dirijo-me a Vossa Excelência, Senhor Presidente, a fim de
cumprimentá-lo.

Observação: Nas correspondências oficiais, emprega-se a vírgula ou os


dois-pontos após o vocativo, embora a vírgula seja mais comumente
empregada:
Senhor Presidente,
Senhor Presidente:

3) o aposto explicativo:
O ex-Presidente do TRE-MG, Desembargador Almeida Melo,
promoveu grande reforma administrativa no Tribunal.

Observação: Se o aposto for especificativo, não será separado por vírgula:


O Desembargador Kildare Carvalho pediu vista dos autos.

4) o topônimo da data:
Belo Horizonte, 28 de abril de 2009.
5) o nome da rua do número da casa:
Rua Esperança, 800.
6) conjunções coordenativas adversativas (porém, todavia, entretanto, no
entanto, contudo) e conclusivas (logo, pois, portanto) deslocadas:
Diverso, contudo, é o entendimento do Relator.
Não mais querendo me alongar, portanto, voto com o Relator.
7) adjuntos adverbiais deslocados (antes ou no meio da oração):
Na última instância, ainda temos alguma chance.
O candidato vencedor, como Prefeito eleito, agradeceu o apoio
recebido.

55
Manual de Redação

Observação: Se o adjunto adverbial for pequeno ou um simples advérbio, a


vírgula será facultativa, sendo empregada somente para realçá-lo:
De plano, constato a ilegitimidade do requerente.
De plano constato a ilegitimidade do requerente.

8) sim e não (advérbios) quando usados em respostas rápidas e enfáticas:


Não, não sou filiado àquele partido. Sim, Senhor.
9) termos da oração deslocados, para não gerar má interpretação:
Os votos foram recontados, de cada candidato.
10) objeto direto ou indireto antecipado:
Aos eleitores, nenhuma satisfação deu.
11) expressões corretivas ou explicativas: ou seja; por exemplo; isto é; a saber;
ou melhor; etc.:
Consulte a normatização, por exemplo, as resoluções do TRE-MG.

Observação: É impróprio o emprego da segunda vírgula quando a


expressão utilizada é qual seja:
É preciso consultar toda a legislação específica, qual seja a eleitoral.

I.2 - Entre orações


Emprega-se a vírgula para separar orações:
1) coordenadas assindéticas:
O Tribunal rejeitou as preliminares, excluiu da lide o suplente de
Vereador, julgou procedente o pedido e decretou a perda do mandato do
requerido.
2) coordenadas sindéticas (exceto se forem introduzidas pelas conjunções
coordenativas aditivas e ou nem):
A argumentação foi exaustiva, mas não convenceu os julgadores.
A prestação de contas deve ser apresentada em tempo hábil, ou as
contas serão julgadas não prestadas.

Observação 1: A conjunção e virá antecedida por vírgula quando:


a) for repetida para dar ênfase (polissíndeto):
E entrou com a ação, e perdeu na 1ª instância, e recorreu, e perdeu
de novo.
b) tiver valor de adversidade, consequência, etc.:
Ela se candidatou, e não foi eleita (e = mas).

56
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

O partido trabalhou muito, e teve vários candidatos eleitos (e = de


forma que).
Mas, se a oração coordenada sindética adversativa for de pequena
extensão, pode-se dispensar a vírgula:
Argumentou e não convenceu.
c) as orações tiverem sujeitos diferentes:
O Relator já proferiu a decisão monocrática, e o partido entrará
com o agravo.
Observação 2: A vírgula pode ser dispensada antes da conjunção ou
quando as orações forem pequenas e sem ênfase:
O advogado pode apresentar memorial previamente ou apenas fazer a
sustentação oral.
Observação 3: O uso de vírgula antes da conjunção nem se justifica
quando as orações ligadas são extensas:
Os organizadores do comício não souberam do outro evento nas
proximidades, nem tiveram meios de prever uma outra data mais
conveniente.

3) subordinadas adverbiais causais, concessivas, condicionais, conformativas,


finais, proporcionais e temporais (desenvolvidas ou reduzidas) quando
intercaladas ou antepostas à principal:
A demora do julgamento, embora lhe tenha causado algum
incômodo, não representou prejuízo ao resultado esperado.
Ao receber a ordem de prisão, seguiu passivamente.

Observação: Quando pospostas, a vírgula é facultativa.


Seguiu passivamente ao receber a ordem de prisão.
Seguiu passivamente, ao receber a ordem de prisão.

4) subordinadas adjetivas explicativas:


A legislação eleitoral, que define o procedimento para as eleições no
país, é reformulada constantemente.
5) que compõem elementos paralelos de provérbios:
Quanto maior é o frio, maior é o cobertor.
6) intercaladas:
Especificamente no caso relatado nestes autos, dizia o Revisor,
acompanho o Relator.

57
Manual de Redação

I.3 - Outros empregos da vírgula


Emprega-se a vírgula ainda nos seguintes casos:
1) na indicação de supressão do verbo já mencionado:
Primeiro apurou-se a eleição majoritária, depois, a proporcional.
2) antes de e sim, que significa mas, locução adversativa:
Não se trata de rejeitar as contas, e sim de julgá-las não prestadas.
3) antes de etc.9 (et cetera ou et coetera, que significa “e outras coisas”):
Estudou todos os documentos: certidões, atestados, requerimentos, etc.
4) entre o número de leis, resoluções, portarias, etc. e a data de sua publicação:
Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.
Resolução nº 19.406/ TSE, de 5/12/95.
5) nas referências a textos legais, entre os elementos que se dispõem do mais
geral para o mais específico:
art. 13, IV, a, do CPC.
Código Eleitoral, art. 12, I, II e III.
Lei nº 9.096/95, art. 2º, caput.

Observação: Se a ordem for direta, não será empregada a vírgula:


Inciso II do § 4º do art. 121 da Constituição Federal.

I.4 - Inadequação no emprego da vírgula


Não se separam por vírgula:
1) o sujeito do verbo:
Os presidentes do Tribunal Superior Eleitoral e dos Tribunais Regionais
Eleitorais se reuniram em Brasília.
2) o verbo de seus complementos:
O Secretário definiu as novas atribuições de cada seção e de cada
coordenadoria.
3) a oração subordinada substantiva (exceto as apositivas, que, geralmente,
são isoladas por dois-pontos da oração principal):
Os recorrentes sustentam que o acórdão impugnado julgou
improcedente o pedido.

9Embora não haja consenso entre os gramáticos, o Manual de revisão e padronização de


publicações do Tribunal Superior Eleitoral (2001, p. 62), com base na indicação do Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa – Volp – , adotou o uso de vírgula antes do etc.

58
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

II - PONTO E VÍRGULA
O ponto e vírgula é indicado em lugar da vírgula quando se deseja
representar uma pausa maior, pois, conforme diz Napoleão Mendes de Almeida
(1996, p. 426), “Tem o ponto e vírgula mais força que a vírgula e menos que o
ponto final”.
Deve-se utilizar o ponto e vírgula principalmente para separar:
1) os elementos de uma enumeração:
Serão abordados no manual:
I - os tipos de texto produzidos;
II - a linguagem institucional;
III - os conhecimentos essenciais para um bom domínio da escrita.
2) as orações independentes com certa extensão, sobretudo se alguma delas já
apresenta vírgula na sua estrutura específica:
A noção de competência está além do mero cumprimento do dever;
situa-se no comportamento daquele que sabe ir sempre um pouco à
frente do ponto que, para os outros, configura a mesmice de seu
trabalho; que faz, de forma completa, o que lhe é solicitado; que tem
iniciativa de acrescentar algo mais; que não espera que lhe digam
minuciosamente o que fazer.
3) as orações coordenadas sindéticas adversativas e conclusivas quando a
conjunção vier deslocada:
A eleição proporcional foi trabalhosa; a majoritária, entretanto, foi muito
tranquila.
4) as orações coordenadas que envolvam oposições, paralelismos ou
comparações:
Candidato comprometido com seu eleitorado sofre com os desvios
ideológicos de seu partido; candidato meramente oportunista nem toma
conhecimento deles.
O Brasil, com sua representatividade dos países em desenvolvimento; a
China, com sua superpopulação; e os Estados Unidos, com seu poder,
são Estados que se destacaram no evento.
Há os que se esforçam; há os que se poupam; há os que se vingam.
5) entre si os “considerandos” das portarias, resoluções, etc.:
(...) CONSIDERANDO que, para a realização das eleições, serão
adquiridos inúmeros materiais;
CONSIDERANDO que despesas não previstas sacrificaram verbas que
se pretendiam residuais, (...).

59
Manual de Redação

III - DOIS-PONTOS
Os dois-pontos marcam na escrita uma suspensão de voz em frase não
concluída.
São empregados:
1) antes de citação:
Cito jurisprudência do TRE-PR: “1. O mandato é do partido, e, salvo justa
causa, o parlamentar o perde se ingressar em outra legenda” (Acórdão nº
32.684, de 24/1/2008, Ibaiti - PR).
2) antes de enumeração e de exemplificação:
Estiveram presentes: o Presidente, a Diretora-Geral e os Secretários.
Algumas preliminares são repetidamente suscitadas: preliminar de
intempestividade, de ilegitimidade, de impossibilidade jurídica do pedido.
3) antes de explicação, causa ou consequência, em relação a uma ideia
anterior:
Foi logo após o início da campanha que teve uma certeza: seu partido
venceria as eleições.
4) após as palavras exemplo, nota ou observação, mesmo abreviadas:
Algumas preliminares são repetidamente suscitadas. Ex.: preliminar de
intempestividade, de ilegitimidade, de impossibilidade jurídica do pedido.

Observação: Após a palavra nota, emprega-se também o travessão.


5) após as locuções isto é, tais como, a saber, bem como e a palavra como
quando precedem uma enumeração:
Alegou que sua prestação de contas ficou inviabilizada por vários
motivos, a saber: o partido não lhe forneceu os recibos eleitorais,
desconhecia o prazo estipulado, estava em viagem por ocasião do
vencimento do prazo e havia sido informado de que tal incumbência era
do partido.
6) para introduzir aposto ou oração apositiva:
Neste caso há duas possibilidades: a extinção sem julgamento do mérito
ou o não provimento do recurso.
Observação 1: Após dois-pontos, pode-se optar pelo uso de ponto final
entre os tópicos enumerados ou por finalizar cada item sem nenhuma
pontuação (em ambos os casos é facultativo o uso de letra maiúscula ou
minúscula no início de cada item).
Emprega-se a maiúscula no início:
a) de (ou De) período, de verso e de citação direta.

60
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

b) dos (ou Dos) nomes próprios de qualquer espécie.


c) dos (ou Dos) nomes designativos de cargos.
ou
Emprega-se a maiúscula no início:
a) de (ou De) período, de verso e de citação direta
b) dos (ou Dos) nomes próprios de qualquer espécie
c) dos (ou Dos) nomes designativos de cargos
Pode-se, ainda, optar pelo uso de ponto e vírgula entre eles e do ponto
final após o último (aí se deve usar minúscula no início de cada item):
a) de período, de verso e de citação direta;
b) dos nomes próprios de qualquer espécie;
c) dos nomes designativos de cargos.
Observação 2: A enumeração feita dentro de um mesmo item pode se
valer do uso da vírgula ou do ponto e vírgula conforme as regras de
pontuação já vistas:
Perdem o acento os ditongos abertos ei e oi da sílaba tônica das
paroxítonas:
assembleia, boleia, ideia;
epopeico, onomatopeico, proteico;
apoio (do verbo apoiar), boia, jiboia;
heroico, introito, paranoico.

IV - RETICÊNCIAS
As reticências representam um recurso gráfico para as situações em que
o texto aponta para uma suspensão ou interrupção do pensamento, por
hesitação ou dúvida:
Penso que este caso... Ainda não me sinto esclarecido o bastante para
julgá-lo.
As reticências também servem para realçar uma palavra ou expressão e
para sugerir o prolongamento de uma frase e costumam indicar timidez, ironia ou
malícia:
O meu nobre colega advogado deve considerar o candidato que
transporta eleitores para o local de votação boníssimo...

61
Manual de Redação

Outra situação em que são empregadas reticências é quando se faz


necessário evidenciar a supressão de palavra(s) ou parte do texto no início, no
meio ou no final de uma citação. Assim, vêm entre parênteses:
“não tivesse eficácia plena a norma constitucional (...), não seria norma,
(...) no sentido fundamental (...)”.

V - ASPAS
Usam-se aspas:
1) Nas citações, destacando falas que são do autor citado:
Destaco trecho do argumento do Ministro em seu voto condutor: “Penso,
ademais, ser relevante frisar que a permanência da vaga eletiva
proporcional na titularidade do partido político (...) não é de ser
confundida com qualquer espécie de sanção (...)”.
2) No realce de palavra ou expressão irônica:
Este candidato chegou a uma “gloriosa sucessão de derrotas”.

Observação 1: Para separar citação dentro de outra citação, usam-se


aspas simples:
O Relator assim se manifestou: “Nessa linha, recorro ao ensinamento
de Nelson Nery Júnior: 'Somente é parte legítima aquele autorizado
pela ordem jurídica a postular em juízo'”.
Observação 2: No caso de todo um período ficar entre aspas, o sinal de
pontuação virá antes delas:
“Deram provimento ao recurso.” Foi o pronunciamento do Presidente.
“São eleitores os brasileiros maiores de 18 anos que se alistarem na
forma da lei.” Art. 4º do Código Eleitoral.)
MAS, se somente parte do período ficar entre aspas, o sinal de pontuação
será colocado depois:
O Desembargador asseverou, in verbis: “Não obstante o ressaltado nas
alegações finais, o recorrente não apontou os elementos que justificam
sua alegação”.
O art. 4º do CE estabelece que “São eleitores os brasileiros maiores de
18 anos que se alistarem na forma da lei”.
Observação 3: São desnecessárias as aspas para indicar nomes próprios,
uma vez que as maiúsculas são-lhes suficientes. Assim, não se justifica: A
“Coligação Unidos por Minas”. Basta: A Coligação Unidos por Minas.

62
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

VI - PARÊNTESES
Os parênteses são sinais para intercalar ideias acessórias dentro de uma
principal, a saber:
1) Explicações, menção a fontes, comentários ou circunstâncias incidentais:
Os primeiros recorrentes (às fls. 23/24) levantaram a preliminar de
ilegitimidade passiva (contestada pelos segundos recorrentes) e, no
mérito, pediram o provimento do recurso.
2) Referência bibliográfica:
“O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a
decretação da perda de cargo eletivo em decorrência da desfiliação
partidária sem justa causa” (Res. nº 22.610/2007/TSE, art. 1º, caput).

Observação 1: Quando a estrutura entre parênteses vier após pausa a ser


sinalizada pela pontuação, esta será colocada depois deles:
Conforme a legislação (tantas vezes já ressaltada nas sustentações
orais aqui efetivadas), o domicílio eleitoral tem um conceito próprio,
desvinculado do conceito de domicílio civil.
“São eleitores os brasileiros maiores de 18 anos que se alistarem na
forma da lei” (art. 4º do Código Eleitoral, grifo nosso).
MAS, se a estrutura acessória for autônoma e vier encerrada pelos
parênteses, o sinal de pontuação virá dentro deles:
(Os três Poderes são harmônicos e independentes entre si.)
“São eleitores os brasileiros maiores de 18 anos que se alistarem na
forma da lei.” (Art. 4º do Código Eleitoral.) (Grifo nosso.)

VII - TRAVESSÃO
Usa-se o travessão nas situações seguintes:
1) Nos diálogos, indicando cada momento em que se alternam os
interlocutores:
— Senhor Presidente, pela ordem.
— Tem a palavra o Senhor Procurador.

2) Para isolar estruturas ou expressões interferentes na estrutura principal e


que traduzam explicação ou reflexão:
O embargante – ao que me parece – objetiva tão somente postergar os
efeitos da decisão.
3) Para enfatizar o final de um enunciado:

63
Manual de Redação

Este é o caminho para a efetivação da democracia: eleições bem


planejadas e ordeiras – resultado da seriedade dos trabalhos
desenvolvidos na Justiça Eleitoral.
4) Para ligar palavras que resultam na formação de encadeamento vocabular:
eixo Rio–São Paulo.

VIII - BARRA
O emprego da barra se dá principalmente:
1) Na forma de apresentação abreviada do nome/número/ano/órgão de atos
normativos:
Res. nº 22.610/2007/TSE.
2) No caso de siglas compostas:
SPTE/Cobli, Rio Branco/AC.
3) Em substituição à conjunção alternativa ou:
A perda do cargo/função será inevitável.
4) Na forma e/ou para expressar simultaneamente a ideia de adição e de
exclusão:
As certidões deverão ser assinadas pelo Secretário e/ou pelo
Coordenador (pelos dois ou por um deles).
5) Nas datas abreviadas:
7/1/2008, 1º/1/99.
6) Nas datas consecutivas representativas de um período em referências de
publicações:
mar./jun. 1997; jul. 1997/ago. 1998.

64
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

65
Manual de Redação

Capítulo IV
INTRODUÇÃO À SINTAXE

OS PROBLEMAS NA CONSTRUÇÃO DE FRASES E A ORDEM DOS


TERMOS
A frase é a menor unidade de texto, ou seja, a menor estrutura onde as
palavras alcançam um sentido com intenção comunicativa. É nela que devem
ser tecidas a clareza e a concisão tão desejáveis ao texto todo. Cada frase
precisa ser elaborada com cuidado. Isso porque os problemas de redação
comumente encontrados são relacionados a comparações e paralelismos
inapropriados, ambiguidades, pontuação inadequada e quebras ou
estabelecimentos descabidos de conexões, que costumam se originar do não
conhecimento da disposição ideal das palavras nas estruturas fundamentais.
Para dominar tal assunto, o ponto elementar é a compreensão de como
as palavras estabelecem relações entre si, como se enlaçam. Elas se sujeitam a
uma organização hierarquizada e com clara definição de atribuições, a exemplo
das próprias relações humanas. Cada palavra tem sua natureza peculiar. Não
obstante, conforme o cenário em que se situa, ela poderá assumir diferenciados
papéis. Ora será determinada - por si mesma ou por outras, que lhe são
integrantes ou acessórias - e ocupará a função principal, ora será determinante
de outras e desempenhará função secundária. Quando esses papéis das
palavras não estão claramente definidos, a estrutura da frase rui, inviabilizando a
compreensão.
Se a frase possui ao menos um verbo, denomina-se período e terá tantas
orações quantos forem os seus verbos não auxiliares. O desempenho da função
essencial na oração fica por conta do predicado: aquilo que se enuncia. Também
se destaca a função do sujeito, não obstante ser este dispensável, uma vez que
há orações sem sujeito. Trata-se do ser sobre quem se enuncia e é representado
em seu núcleo por um substantivo. O substantivo, portanto, “nasceu” para ser
sujeito, para que se enuncie algo sobre ele. Apesar disso, em função do
contexto, ele poderá ocupar as mais diversas posições, complementando ou
enriquecendo o enunciado.
É assim que, conforme o predicado, para obter a completude de sentido
na oração e evitar a ruína da frase, o verbo exigirá substantivos (ou termos
equivalentes) que funcionem como seus complementos (objetos direto e
indireto) e o integrem; daí se dizer que o verbo rege o nome. Além disso, poderá
ainda dispor de um complemento, melhor dizendo, adjunto adverbial, que lhe
indique circunstâncias. Os adjuntos adverbiais, porém, não chegam a ser
exigidos pelo verbo. Vêm, em geral, no fim da oração, podendo, ainda, ser

66
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

intercalados ou deslocados para o início, e funcionam como meros acessórios,


sem integrar o sentido do verbo.
O mesmo ocorre com o nome. Para completar seu sentido ele pode reger
outro nome. E pode ainda dispor de adjuntos adnominais, que não lhe integram o
sentido, mas ajudam a identificá-lo.
Em geral, estrutura-se e organiza-se assim uma oração: o sujeito (com
seus complementos e adjuntos), o verbo, os complementos verbais e o adjunto
adverbial. É o que ocorre no seguinte exemplo: Os desempregados (sujeito)
entregaram (verbo) suas reivindicações (complemento verbal) no Congresso
(adjunto adverbial). Entretanto, para a construção das frases, sobretudo as
compostas por múltiplas orações, essa estrutura pode ser simplificada ou
complicada; e a ordem pode ser alterada. Mas isso não pode se dar de forma
aleatória: nesse caso, há que ter muita cautela, pois a probabilidade de
inadequações cresce significativamente. E nunca será demais lembrar que -
como estratégia de escrita e para facilitar a leitura -, em geral, é bom evitar tais
complicações e alterações e, mais, que sempre é possível reduzir os períodos
compostos por duas ou mais orações aos padrões básicos, guardando a
essencialidade dos termos.

67
Manual de Redação

Capítulo V
CONCORDÂNCIA NOMINAL

I - REGRA GERAL
A concordância nominal é orientada com base numa regra a ser aplicada
na maioria dos casos e também em algumas normas especiais, que abrangem
situações peculiares, a serem abordadas mais detalhadamente em quadros
expostos adiante. Diz-se concordância nominal porque, nesse caso, refere-se a
uma relação sintática entre diferentes tipos de nomes, pressupondo-se, ainda,
uma hierarquia entre eles. Em relações dessa natureza, mais uma vez, o
fundamental é reconhecer o(s) elemento(s) nuclear(es), aquele(s) que
exerce(m) a função principal na relação e que é(são) determinado(s) pelos
demais. É com ele(s), em tese, que os outros termos, com atribuições
secundárias, deverão concordar.
De modo geral, as palavras de natureza adjetiva (adjetivo, numeral,
pronome e artigo) devem concordar em gênero e número com o substantivo, ou
termo equivalente, a que se referem. Trata-se, nesse caso, da aplicação de um
critério lógico.

II - TIPOS DE CONCORDÂNCIA
Não obstante a regra geral, há que considerar diferentes possibilidades
de concordância entre os nomes, em conformidade com os critérios adotados:
lógico, espacial ou semântico.
II.1 Concordância lógica
É a concordância gramatical direta e claramente condizente com os
registros padrões do vernáculo:
As harpias voavam majestosas no céu da Amazônia.
II.2 Concordância atrativa
É a concordância feita com o elemento determinado mais próximo:
Comprou livros e revistas francesas ou revistas e livros franceses.
II.3 Concordância ideológica
É a concordância feita com o sentido da palavra. É também chamada
silepse, que pode ser de pessoa, número ou gênero:
O povo brasileiro é admirável: são imaginativos e empreendedores
(nesse exemplo, há silepse de número).
Sua Excelência é um líder sério (nesse exemplo, há silepse de gênero).

68
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

III - REGRAS ESPECÍFICAS


Antes de nos determos na enumeração das regras específicas de
concordância entre nomes, é de ressaltar que, para uma melhor compreensão
delas, é fundamental o reconhecimento de algumas funções sintáticas. Em
especial, as funções de adjuntos adnominais e predicativos, que são os
elementos decisivos na hora de definir a concordância apropriada.
Assim, considere-se o exemplo: As nossas samaúmas crescem
imponentes na floresta.
Na frase anunciada, o sujeito é As nossas samaúmas. As e nossas são
os adjuntos adnominais desse sujeito. Adjuntos adnominais são termos que
acompanham um substantivo, ampliando as possibilidades de identificação do
ser que ele representa e acrescentando informações a ele concernentes.
Delimitam-no ou atribuem-lhe característica de natureza independente e anterior
ao fato verbal. Têm, desse modo, função secundária, periférica, em relação ao
nome principal (no exemplo, samaúmas, que desempenha a função de núcleo
do sujeito na oração) e, por isso, com ele devem concordar. São expansões do
núcleo, gravitando em torno dele, na função gramatical que ele desempenha, e
aí se encontram retidos.
No que concerne à palavra imponentes, trata-se de predicativo do
sujeito. Este também desempenha um papel secundário em relação ao
substantivo (samaúmas), submetendo-se igualmente à concordância com ele.
Porém faz parte do predicado. Embora atribua uma característica ao
substantivo, nesse caso, tal característica é concebida agregada ao fenômeno
verbal, adquirida em função do fato enunciado sobre o sujeito. O que se tem,
portanto, é um termo secundário que escapa à função mais imediata de
identificação do principal, vinculando-se ao acontecimento descrito.
Submetamos, agora, um segundo exemplo a outra breve análise: O
professor passou a considerar seus alunos conservadores após o novo acordo
ortográfico.
Considerar, na frase apresentada, é um verbo que exige um objeto direto
(seus alunos), um alvo da “consideração” estabelecida. Além disso, esse verbo
exige também um predicativo para seu objeto, pois quem considera (O
professor) considera alguém (seus alunos) de alguma forma (conservadores).
Ou seja, conservadores é predicativo do objeto porque caracteriza o objeto
alcançado pelo fenômeno verbal enunciado, imprime nele um atributo
condicionado ao fenômeno verbal enunciado. Como se refere também a um
papel secundário, deverá concordar com o substantivo que ocupa a função
nuclear (alunos) tanto quanto o faz o adjunto adnominal do objeto (seus).
Como se vê, o conhecimento prévio da análise sintática é essencial para
o estabelecimento apropriado da concordância entre os termos. Destaca-se a

69
Manual de Redação

necessidade do domínio na diferenciação entre termos adjuntos e predicativos,


que desempenham, igualmente, papéis secundários, guardando os primeiros,
entretanto, vinculação mais permanente com o núcleo.
Uma vez feito esse alerta, a seguir, apontam-se alguns tópicos
relacionados a regras especiais: concordância com mais de um substantivo,
concordância de adjetivos indicadores de cores e adjetivos compostos,
concordância de numerais e casos especiais de concordância nominal.
III.1 O(s) adjunto(s) adnominal(adnominais) e a concordância com mais de
um substantivo:
ADJUNTO ADNOMINAL CONCORDÂNCIA EXEMPLOS

Concordância atrativa: Costumava transcrever extensos,


concorda com o núcleo complexos artigos e notas.
ANTEPOSTO mais próximo, Costumava transcrever extensas,
preferencialmente. complexas notas e artigos.

Concordância lógica: Os extraordinários Rosa e


ANTEPOSTO E flexiona-se no plural, Drummond inspiram jovens
REFERENTE A NOMES concordando com os aprendizes.
PRÓPRIOS OU DE gêneros das palavras Os modernos imperador e
PARENTESCO OU de natureza imperatriz marcaram a história de
TÍTULOS substantiva, se seu país.
idênticos, ou com o
masculino, se
diferentes.

Concordância atrativa: As eleições e o sistema de voto


concorda com o núcleo informatizado atraíram a atenção
mais próximo. mundial.
O sistema de voto e as eleições
Ou informatizadas atraíram a atenção
mundial.
Concordância lógica:
flexiona-se no plural, As eleições e o sistema de voto
concordando com os informatizados atraíram a atenção
POSPOSTO mundial.
gêneros das palavras
de natureza (Obs.: por eufonia, neste caso, o
substantiva, se substantivo masculino deve vir em
idênticos, ou com o último lugar, ou seja, mais próximo
masculino, se do termo flexionado no masculino
diferentes. plural, pois seria esdrúxulo dizer: O
sistema de voto e as eleições
informatizados atraíram a atenção
mundial.)

70
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

III.2 O(s) predicativo(s) e a concordância com mais de um substantivo:

PREDICATIVO CONCORDÂNCIA EXEMPLOS

Concordância atrativa: Está adequado o projeto básico


concorda com o núcleo mais e as especificações do objeto.
próximo. Estão adequadas as
especificações do objeto e o
Ou projeto básico.
(PREDICATIVO DO SUJEITO.)
Concordância lógica: O juiz considerou culpada a
flexiona-se no plural, associação e os membros.
concordando com o(s) gênero(s)
da(s) palavra(s) de natureza O juiz considerou culpados os
substantiva, se idênticos, ou com membros e a associação.
o masculino, se diferentes. (PREDICATIVO DO OBJETO.)
ANTEPOSTO
Estão adequadas as
especificações do objeto e a
justificativa.
Estão adequados o projeto
básico e a justificativa.
(PREDICATIVO DO SUJEITO.)
O juiz considerou culpadas a
associação e a empresa.
O juiz considerou culpados o
jornal e a associação.
(PREDICATIVO DO OBJETO.)

Concordância lógica: A ré e a assembleia


flexiona-se no plural, mantiveram-se calmas e
concordando com o(s) gênero(s) silenciosas.
da(s) palavras(s) de natureza Juízes e assembleia
substantiva, se idênticos, ou com mantiveram-se calmos e
o masculino, se diferentes. silenciosos.
(PREDICATIVO DO SUJEITO.)
POSPOSTO
Encontramos professores e
alunos bem dispostos.
Encontramos professoras e
alunas bem dispostas.
Encontramos alunas e alunos
bem dispostos.
(PREDICATIVO DO OBJETO.)

III.3

71
Manual de Redação

Concordância de adjetivos derivados de substantivo e de adjetivos


compostos:

ADJETIVO CONCORDÂNCIA EXEMPLOS

Não concordam. (Obs.: Usavam bonés cinza, camisas


DERIVADOS DE
A expressão cor-de está creme e portavam estandartes
SUBSTANTIVO
suprimida.) laranja.

A amizade luso-brasileira teria


facilitado o acordo.
As condições sócio-econômicas
O segundo elemento do povo dificultam isso.
COMPOSTOS DE
concorda em gênero e
ADJETIVO + ADJETIVO Empunhavam milhares de
número.
bandeiras verde-amarelas.
EXCEÇÕES: azul-marinho,
azul-celeste, ultravioleta.

Somente o Exército usa


COMPOSTOS DE uniformes verde-oliva.
ADJETIVO DESIGNATIVO Não variam.
DE COR + SUBSTANTIVO As camisas amarelo-ouro da
seleção canarinho davam sorte.

III.4 Concordância de numerais:

NUMERAL CONCORDÂNCIA EXEMPLOS

Essas duas nomeações foram as


primeiras.
UM E DOIS Concordam em gênero.
Apenas um caso de dengue foi
detectado em todo o município.

Trezentos vales-refeição foram


distribuídos entre os mesários.
Trezentas refeições foram
CARDINAIS distribuídas entre os mesários.
REFERENTES A Aquela pitoresca casa em
Concordam em gênero.
CENTENAS A PARTIR DE Sheringham custa duzentas mil
DUZENTOS libras.
Novecentas e cinco cestas
natalinas foram entregues na
praça.

72
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Os milhões de assinaturas são


um trunfo para a aprovação desse
projeto de lei.
Os bilhões de estrelas do nosso
OS CARDINAIS MILHAR, céu parecem nos abençoar.
Concordam em número.
MILHÃO, BILHÃO, etc.
Seus milhares de libras
propiciaram-lhe conforto.
(Obs.: É impróprio dizer: as
milhares de pessoas.)

Baseou-se no sexto e no sétimo


artigo da Constituição.
Baseou-se no sexto e no sétimo
O substantivo artigos da Constituição.
DOIS OU MAIS ORDINAIS
flexiona-se ou não
COM UM SUBSTANTIVO O primeiro e o segundo
quanto ao número
E COM O ARTIGO recorrido já apresentaram
(admite singular ou
REPETIDO contrarrazões.
plural).
O primeiro e o segundo
recorridos já apresentaram
contrarrazões.

DOIS OU MAIS ORDINAIS Baseou-se nos artigos sexto e


COM UM SUBSTANTIVO O substantivo sétimo da Constituição.
SEM A REPETIÇÃO DO flexiona-se quanto ao
ARTIGO, QUE SE DEVE número. Os recorridos primeiro e
FLEXIONAR NO PLURAL segundo apresentaram defesa.

IV - CASOS PARTICULARES
Alguns termos que provocam dúvidas quanto à concordância merecem
destaque. Vejamos alguns deles:
1) Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite, leso, obrigado, junto, nenhum
Com valor adjetivo, concordam em gênero e número com o termo a que se
referem:
Eles mesmos pediram desculpas.
Elas próprias vieram convidá-lo.
Seguem anexos os acórdãos que já foram assinados.
Encaminho inclusos os certificados dos cursos de Informática.
É preciso estar quite com a Justiça Eleitoral para requerer passaporte.
Vocês estão quites com a Justiça Eleitoral?
Lá, crimes de lesa-pátria são severamente punidos.
Pecados de leso-gosto não são perdoados.
Obrigado, disse ele; obrigada, disse ela.

73
Manual de Redação

Eles saíram juntos ontem à tarde.


Não vi nenhuns* óculos na mesa.
*Observação: o termo nenhum varia normalmente, MAS só quando
anteposto ao substantivo. Quando posposto fica invariável:
Não vi óculos nenhum na mesa.
2) Menos
Palavra invariável que funciona como advérbio, pronome indefinido ou
preposição:
Ontem produziram menos (advérbio).
Menos pessoas vieram à festa nesse ano (pronome).
Silenciaram-se todos, menos o povo (preposição acidental, como salvo,
fora).
3) Alerta
Funcionando como advérbio, é invariável. Porém, pode ser também
substantivo ou adjetivo e, nesses casos, varia, cabendo a concordância:
As eleições se realizaram alerta e eficientemente no país após a recente
independência (advérbio).
São homens alertas (adjetivo).
Vários cientistas emitiram alertas sobre o clima (substantivo).
4) Bastante, muito, pouco, meio, caro, barato
Podem funcionar com valor adjetivo (variam e concordam com o termo
determinado) ou como advérbio (ficam invariáveis):
a) bastante - pronome adjetivo:
Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação dos
meus desejos afligidos (Cecília Meireles).
b) bastante - advérbio:
Os atletas estavam bastante inquietos.
c) muito - pronome adjetivo:
Neste Natal, desejo a vocês muita paz e saúde.
d) muito - advérbio:
Todo ser humano deseja muito ser feliz.
e) meio - advérbio:
Andavam meio esquecidos do lado injusto do mundo.
f) meia - numeral adjetivo:
Já é meia-noite.

74
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Observação: Meio funciona também, frequentemente, como substantivo.


Procurou com afinco os meios para estudar.

g) caro - advérbio:
Pesquisas científicas custam caro ao país.
h) caro - adjetivo:
Instrumentos bélicos são muito caros.
5) O mais... possível
A palavra possível, acompanhando os termos o mais, o menos, o melhor, o
pior, etc., concorda com o artigo:
Seu comportamento deve ser o mais discreto possível.
Imagine educadores o melhor possível.
Imagine educadores os melhores possíveis.
6) Tal qual
Pode funcionar como um instrumento de comparação entre nomes ou como
um instrumento de comparação entre atitudes e ações. Dependendo de
exercerem uma ou outra função, concordam ou não com o termo
determinado:
Os filhos são tais qual o pai.
Nesse caso, há uma comparação entre nomes; tais se refere ao termo os
filhos, qual se refere ao termo o pai; cada termo concorda com o nome a que
se refere.
Aqueles meninos subiam em árvores tal qual sobem macacos.
Nesse exemplo, há uma comparação entre ações; trata-se de uma locução
adverbial, portanto, ambos os termos (tal e qual) permanecem invariáveis.

7) Só
a) Como adjetivo:
Ele vive só. Os idosos vivem sós. (Sozinhos.)
b) Como advérbio:
Ele ficou só para ver o fim do filme. Eles ficaram só para ver o fim do filme.
(Somente.)
8) É permitido, é proibido, é bom, é preciso, é necessário, é possível, etc.
Tais predicados não variam se o sujeito estiver indeterminado ou se for uma
oração subordinada desenvolvida ou reduzida:
É necessário calma nessas situações.

75
Manual de Redação

É preciso que os eleitores votem conscientemente.


É preciso os eleitores votarem conscientemente.
MAS concordam com o sujeito, se este estiver determinado por artigo ou
outro especificador:
Nessas situações, é necessária a frieza.
Nessas situações, é necessária uma frieza de aço.

76
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

77
Manual de Redação

Capítulo VI
REGÊNCIA NOMINAL
Assim como o verbo por vezes necessita de outro termo que lhe
complete o sentido, o mesmo se dá com os nomes. Por ora não vamos nos deter
na definição do que seja regência, tendo em vista que o assunto poderá ser
melhor abordado quando da atenção dada à regência verbal10. Basta-nos
inicialmente a consideração de que o objetivo da regência é o de promover a
integração de um nome, cujo sentido seja incompleto, por meio de outro nome
(ou oração). E de que, para realizar a conexão entre ambos, será necessária
uma preposição.
A maioria dos nomes que exigem complemento - substantivos, adjetivos
e alguns advérbios formados com o sufixo mente - aceitam mais de uma
regência, ou melhor, mais de uma preposição. Deve-se atentar, então, para a
clareza e eufonia da frase:
A página eletrônica da Comissão Europeia para a Democracia através do
Direito contém informações sobre (de) inúmeras Cortes de todo o
mundo.
Também é preciso observar o uso adequado das preposições quando se
trata de complemento nominal oracional. Assim, vejamos o exemplo:
A adesão do Brasil à Comissão de Veneza representa a oportunidade de
levar ao patrimônio constitucional comum, que a comissão visa a definir e
construir, a experiência brasileira na consolidação de instituições
democráticas.
A palavra adesão exige um complemento, no caso, à Comissão (de
Veneza). A preposição regida pelo substantivo adesão é a (adesão a algo), e o
complemento é um outro substantivo (Comissão).
Já a palavra oportunidade também exige um complemento, mas, no
exemplo acima, foi-lhe dada como complemento uma oração, introduzida pela
preposição de (de levar ao patrimônio constitucional comum). Trata-se, nesse
caso, de uma oração subordinada substantiva completiva nominal reduzida de
infinitivo.
Por outro lado, a palavra experiência também exige um complemento (na
consolidação), que exige outro complemento (de instituições democráticas).

10Para maiores esclarecimentos sobre a regência, ver a introdução do Capítulo IX.


78
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Nesse período, pode-se observar, com riqueza, como os nomes se


regem uns aos outros. Também nesse aspecto, vale repetir que este manual não
tem a pretensão de esgotar o tema, e sim, tão somente, chamar a atenção para o
necessário cuidado na estruturação da escrita e na observância dos regimes das
palavras na Língua Portuguesa. Para isso, apresentam-se alguns exemplos a
seguir.
EXEMPLOS DE REGÊNCIA NOMINAL
Abundância a, em Acessível a, por Acostumado a, com
Adequado a Adesão a Alusão a
Análogo a Apto para, a Atenção com, para com
Atento a, em Aversão a, por Ávido de, por
Capacidade de, para Compreensível a Constante em
Constituído de Contemporâneo a Contíguo a, com
Correspondente a, de Datado de, em Deputado por
Desacostumado a, de Desatento a Desconsideração a
Desejoso de Defesa a, contra, de Desgostoso com, de
Desleal a, com, para com Dúvida acerca de, de, em, sobre Empecilho a, para
Empenho de, em, por Equivalente a, de Essencial a, de, em, para
Farto em Habituado a, com, em Hostil a, para, com
Imbuído de, em Impenetrável a Impotente com, para
Impróprio para Imune a, de Incerto de, em
Incompatível com, entre Infiel a Influência em, sobre
Inútil para, a Junto a, de, com Leal a, com, para com
Medo a, de Morador em Nocivo a
Obediência a Obediente a Oblíquo a
Oneroso a, para Opção por Passível de
Peculiar a, de Presente a, em Proeminência sobre, de
Pronto a, para, em Propenso a, para Próximo a, de
Respeito a, de, por, com, para Seguro com, contra, de,
Relacionado a, com
com em, para, por
Sito em, entre Situado em, entre Suspeito a, de
Último a, de, em

79
Manual de Redação

Capítulo VII
VERBO
Se considerarmos sua versatilidade e dinamismo, podemos afirmar que
o verbo é a palavra que apresenta maior riqueza na língua. É somente nele que
encontramos todas as possibilidades de enunciar, com uma única palavra,
alguma coisa, situando-a no tempo, imprimindo-lhe certeza, dúvida ou ordem,
atribuindo-a a algo ou alguém singularmente ou coletivamente, indicando
passividade ou atividade e, ainda, direcionando-a a um alvo e apontando-lhe um
recebedor. É óbvio que, para essas duas últimas realizações, ele exige um
complemento, mas só ele tem o poder de fazer tal exigência e induzir às
respostas. Tudo isso é possível pelas flexões que ele suporta (tempo, pessoa,
modo e voz), num dobrar-se e desdobrar-se com múltiplas possibilidades, bem
como pela sua capacidade de regência.
Não bastasse todo esse potencial, ainda é preciso destacar que ele vai
além: chega mesmo a se travestir em nome, nas três formas nominais,
desempenhando as funções que seriam próprias do substantivo, do adjetivo e do
advérbio. Apesar disso, paradoxalmente o verbo se põe a serviço do substantivo
e, para erguê-lo à condição máxima de sujeito, estabelece com ele “dócil” e
fundamental relação de concordância, fazendo dele seu determinado.
Mas... o que é o verbo?

I - CONCEITO E APLICAÇÕES
Verbo é palavra de valor dinâmico, que indica tempo, modo, número,
pessoa e voz. Em geral, trata-se de uma palavra que exprime ação, estado ou
fenômeno:
O chofer abriu a porta do carro para a madame. (Ação.)
Maria ficou deprimida com a notícia. (Estado.)
Choveu torrencialmente em Belo Horizonte. (Fenômeno.)
Mas os verbos podem indicar também ocorrência, como por exemplo, o
verbo acontecer; podem expressar vontade, como no caso dos verbos desejar e
querer; e também podem exprimir conveniência, como ocorre com os verbos
convir e cumprir.
Entre as classes de palavras, o verbo se destaca como aquele que mais
sofre flexões em sua estrutura. As flexões, diga-se, conjugações do verbo,
são importantes para indicar a pessoa do discurso, o modo, o número, o tempo,
a voz do verbo e as formas nominais.

80
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

II - ELEMENTOS ESTRUTURAIS
O verbo é palavra variável, flexível. Não obstante, para assegurar sua
identidade, ele, em regra, mantém uma parte fixa e intocável em qualquer
situação. Essa parte fixa corresponde ao seu radical. A flexão do verbo se dá
fora do radical, nas suas terminações.
Às terminações verbais dá-se o nome de desinências. Pelas desinências
modo-temporais, identificamos o modo e o tempo do verbo e, pelas desinências
número-pessoais, a pessoa e o número. Há ainda as desinências
verbo-nominais, que apontam a forma nominal. Portanto, para flexionar o verbo,
deve-se substituir as desinências por aquelas que indicam o modo e o tempo a
que ele se refere e o número e a pessoa de que ele trata.

III - PESSOA DO DISCURSO


Os verbos flexionam-se de acordo com a classe gramatical a que
pertence o sujeito. Assim, três são as pessoas do discurso:
1) 1ª pessoa, representada por eu e nós;
2) 2ª pessoa, representada por tu e vós;
3) 3ª pessoa, representada por ele/ela e eles/elas.

IV - NÚMERO
Quanto ao número, o verbo sofre flexão para indicar se se trata de um ser
único - eu, tu, ele, ela - ou se se refere a mais de um ser - nós, vós, eles, elas. Ou
seja, o verbo pode estar no singular ou no plural.

V - MODO
Modo na conjugação de um verbo indica as atitudes do falante em
relação ao fato que anuncia.
1) Modo indicativo - o falante aponta um fato real, certo, definido, quer o juízo
seja afirmativo, quer negativo, quer interrogativo:
Maria saiu.
Já disse que não faço.
Você não é o professor?
2) Modo subjuntivo - o falante expressa um fato indeterminado, duvidoso ou
uma possibilidade. É o modo que em regra se subordina a outro:
É possível que ele venha. (Nesse exemplo, o sentido de venha depende
do é possível.)

81
Manual de Redação

3) Modo imperativo - o falante exprime uma ordem, um desejo, uma vontade:


Saia já!
“Perdoai as nossas ofensas...”

VI - TEMPO
O ato que o verbo expressa pode ser praticado em diferentes épocas. A
flexão temporal situa o fenômeno verbal num determinado momento em relação
ao ato de comunicação, podendo ser no presente, pretérito e futuro.
Assim, a partir dos modos verbais e das várias possibilidades de
localização do fato no tempo, temos as seguintes modalidades:
1) No modo indicativo:
a) Presente (eu julgo)
b) Pretérito imperfeito (eu julgava)
c) Pretérito perfeito simples (eu julguei)
d) Pretérito perfeito composto (eu tenho julgado)
e) Pretérito mais-que-perfeito simples (eu julgara)
f) Pretérito mais-que-perfeito composto (eu tinha julgado)
g) Futuro do presente simples (eu julgarei)
h) Futuro do presente composto (eu terei julgado)
i) Futuro do pretérito simples (eu julgaria)
j) Futuro do pretérito composto (eu teria julgado)
2) No modo subjuntivo:
a) Presente (que eu julgue)
b) Pretérito imperfeito (se eu julgasse)
c) Pretérito perfeito composto (que eu tenha julgado)
d) Pretérito mais-que-perfeito composto (se eu tivesse julgado)
e) Futuro simples (quando eu julgar)
f) Futuro composto (quando eu tiver julgado)
3) No modo imperativo:
a) Presente (julga tu)

VII - FORMAÇÃO DOS TEMPOS E MODOS VERBAIS


Quanto à formação dos tempos e modos, os verbos podem ser primitivos
ou derivados. Os primeiros dão origem aos últimos, substituindo-se ou
adaptando-se as desinências nos moldes necessários a cada tempo e modo.

82
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Observação: no caso de verbos regulares, as desinências são substituídas


ou adaptadas também obedecendo a uma regularidade específica de cada
conjugação11. Porém, em se tratando de verbos irregulares, essas
substituições/adaptações podem sair bastante do padrão.

1) Primitivos
a) infinitivo impessoal - desinência a ser substituída/adaptada: r (julgar)
b) presente do indicativo nas 1ª e 2ª pessoas do singular e 2ª do plural -
desinências a serem substituídas/adaptadas: o, s, is12 (julgo, julgas,
julgais)
c) pretérito perfeito do indicativo - desinências a serem
substituídas/adaptadas: i, ste, u, mos, stes, ram (julguei, julgaste, julgou,
julgamos, julgaram)
2) Derivados13
a) Do infinitivo impessoal (julgar)
• pretérito imperfeito do indicativo (julgava)
• futuro do presente (julgarei)
• futuro do pretérito (julgaria)
• infinitivo pessoal (julgar, julgares, julgarmos)
• gerúndio (julgando)
• particípio (julgado)
b) Do presente do indicativo
b.1) na 1ª pessoa do singular (julgo) - derivam o presente do subjuntivo, o
imperativo negativo e quase todo o imperativo afirmativo:
• presente do subjuntivo
eu julgue, tu julgues, ele julgue, nós julguemos, vós julgueis, eles
julguem
• imperativo negativo
não julgues tu, não julgue ele, não julguemos nós, não julgueis
vós, não julguem eles
• imperativo afirmativo
julgue ele, julguemos nós, julguem eles

11Sobreas conjugações, ver item X deste capítulo.


12Asdesinências aqui exemplificadas se referem aos verbos regulares de 1ª conjugação.
13Não é cabível aqui aprofundar o estudo das desinências e usos nas flexões verbais. Os

exemplos apontados se restringem a demonstrar como se formam os tempos e modos.


Recomenda-se, para maior detalhamento, a consulta a dicionários.

83
Manual de Redação

b.2) nas 2ªs pessoas do singular e do plural (julgas, julgais) - derivam as


2ªs pessoas do imperativo afirmativo sem o s:
• imperativo afirmativo
julga tu, julgai vós

Observação: Como se pôde ver nesse tópico, a conjugação do verbo no


modo imperativo é quase toda igual à conjugação no subjuntivo, à exceção
das 2ªs pessoas do imperativo afirmativo. Daí Sacconi (1994, p. 191)
afirmar que o modo imperativo “sai totalmente” do subjuntivo (destacando,
entretanto, a exceção mencionada), muito embora afirme também que o
tempo/modo primitivo, nesse caso, é o presente do indicativo.

c) Do pretérito perfeito do indicativo (julguei, julgaste)


• pretérito mais-que-perfeito do indicativo (julgara)
• pretérito imperfeito do subjuntivo (julgasse)
• futuro do subjuntivo (julgarmos)
VIII - VOZ
Voz do verbo é a forma sob a qual ele se apresenta para indicar se a ação
verbal foi praticada ou sofrida pelo sujeito. Três são as hipóteses:
1) Voz ativa
A ação é efetivamente praticada pelo sujeito. Ele é o agente:
Marcos viajou ontem.
2) Voz passiva
O sujeito é paciente, sofre ou recebe a ação expressa pelo verbo:
A treinadora foi morta pela baleia Shamu.
Essa voz pode se apresentar sob duas estruturas:
a) a voz passiva analítica, formada pelo verbo auxiliar ser mais o particípio
do verbo principal:
A velhinha foi assaltada pelo ladrão.
Observação: Além do verbo ser, há outros auxiliares que, combinados com
o particípio, podem formar a voz passiva. Estão nesse caso certos verbos
que exprimem estado (estar, andar, viver, etc.), mudança de estado (ficar) e
movimento (ir, vir):
Os homens já estavam tocados pela fé.
Ficou atormentado pelo remorso.
Os pais vinham acompanhados dos filhos.

84
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

b) voz passiva sintética, também denominada pronominal, formada por um


verbo transitivo na terceira pessoa do singular ou plural mais o pronome
apassivador se:
Alugam-se casas (= casas são alugadas).
3) Voz reflexiva
O sujeito pratica e, ao mesmo tempo, recebe a ação verbal. O sujeito vem a
ser agente e recipiente da ação verbal:
Ele se arrependeu do que fez.

Observação 1: Os verbos reflexivos também são chamados pronominais e


podem ser essenciais ou acidentais.
Observação 2: Os verbos reflexivos essenciais expressam ações que o
sujeito só faz em si mesmo. Obrigatoriamente, vêm acompanhados de
pronome oblíquo, que nesse caso não exerce nenhuma função sintática:
Comportar-se, indignar-se, queixar-se, arrepender-se.
Observação 3: Os verbos reflexivos acidentais expressam ações que o
sujeito faz em si mesmo, mas poderia fazer em outro ser. São
representados pelos verbos transitivos diretos que vêm acompanhados
pelo pronome oblíquo para indicar reflexibilidade e exerce função sintática:
Deixar-se, defender-se, destinar-se.

IX - FORMA NOMINAL
As formas nominais enunciam um fato de maneira vaga, imprecisa e
impessoal. Elas podem exercer a função de substantivos, adjetivos ou
advérbios. São elas:
1) Infinitivo
a) impessoal - não se flexiona; representa o substantivo, o nome do verbo
(forma esta utilizada nos dicionários):
vender, casar, polir.
b) pessoal - que se flexiona de acordo com o sujeito:
Para sermos amigos, é preciso confiança.
2) Gerúndio14 - forma terminada em ndo, que pode desempenhar o papel de
advérbio e, ocasionalmente, de adjetivo; tem valor durativo, isto é, apresenta
um processo verbal em curso:
Chorando, ela foi-se embora.
Água fervendo.
14Sobre o uso exagerado e inadequado do gerúndio, ver o item XIII.3, “Impropriedades comuns

na conjugação”.

85
Manual de Redação

3) Particípio - forma regularmente terminada em ado para a 1ª conjugação e ido


para a 2ª e a 3ª. Participa tanto da natureza do verbo quanto do adjetivo, por
isso varia em gênero e número:
Resolvidas todas as questões, passaremos adiante.
Ele era um homem sofrido.

X - CONJUGAÇÕES
Na Língua Portuguesa, três são as conjugações, de acordo com a vogal
que finaliza o infinitivo impessoal (vogal temática):
1) 1ª conjugação, para os verbos terminados em ar: amar, andar, falar.
2) 2ª conjugação, para os verbos terminados em er: vender, comer, fazer.

Observação: Também se enquadram na 2ª conjugação pôr, antigo poer,


que perdeu a vogal temática, e todos os seus compostos, como antepor,
compor, repor, etc.

3) 3ª conjugação para os verbos terminados em ir: sair, partir, invadir.

XI - TEMPO COMPOSTO E LOCUÇÃO VERBAL


Qual a diferença entre tempo composto e locução verbal?
A diferença reside na formação deles.
1) Tempo composto:
a) Na voz ativa - é formado por um verbo auxiliar (ser, ter ou haver) e o
particípio do verbo conjugado, que é o verbo principal:
Tenho estudado bastante.
Havíamos saído muito tarde.
b) Na voz passiva - é formado por três verbos: o auxiliar (ter ou haver), o
verbo ser e o particípio do verbo conjugado, que é o verbo principal:
Os dois tinham sido desmascarados.
2) Locução verbal: é formada por um verbo auxiliar mais um verbo no infinitivo
ou gerúndio. Há casos em que os verbos podem vir unidos por uma
preposição ou a locução pode ser composta por mais de dois verbos:
O assaltante estava esperando o momento certo.
Maria tinha de ir ao supermercado.
Ela fingia estar prestando atenção.

86
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Observação: Quando o infinito puder ser transformado em uma oração,


não constitui com o verbo anterior uma locução verbal:
O aluno finge entender o assunto (= finge que entende).

XII - CLASSIFICAÇÃO
Uma vez mencionadas todas as possíveis flexões dos verbos, podemos
passar para a sua classificação. Os verbos, quanto ao processo de conjugação,
podem ser regulares, irregulares, defectivos, abundantes e anômalos.
1) VERBOS REGULARES: são aqueles que seguem um modelo comum de
conjugação, em que o radical permanece invariável e as desinências se
flexionam de acordo com o paradigma:
Louvar, beber e partir.
2) VERBOS IRREGULARES: apresentam irregularidades na conjugação.
Podem apresentar irregularidades simultâneas, ou seja, irregularidades
temático-flexionais, nos radicais e nas desinências (caber). Também podem
apresentar irregularidades somente no radical ou tema - irregularidades
temáticas - (perder) ou podem ainda apresentá-las somente na desinência -
irregularidades flexionais - (dar).

Observação: Aqui, tendo em vista escapar aos limites deste manual,


recomenda-se consultar uma gramática sempre que se for conjugar os
seguintes verbos: dar, mobiliar, aguar, averiguar, magoar, sobrestar,
nomear, copiar, odiar, abster-se, comprazer-se, caber, crer, dizer, escrever,
fazer, jazer, ler, moer, perder, poder, pôr, prazer, precaver, prover, querer,
requerer, reaver, saber, soer, trazer, valer, ver, abolir, agredir, cair, cobrir,
conduzir, construir, falir, ferir, frigir, fugir, ir, mentir, ouvir, pedir, polir, remir,
possuir, rir, sortir, sumir, submergir, vir e outros.

3) VERBOS DEFECTIVOS: não têm uma conjugação completa, quer dizer, não
são usados em certos modos, tempos ou pessoas. Por exemplo, não têm a 1ª
pessoa do singular do presente do indicativo. Apontam-se a seguir algumas
de suas particularidades.
a) Alguns não têm as formas em que ao radical seguem as letras a ou o, o
que ocorre no presente do indicativo e do subjuntivo e no imperativo:
Abolir, colorir, demolir, exaurir, explodir, delinquir, extorquir, latir e
outros.
b) Outros só se usam nas formas arrizotônicas, em que ao radical segue a
letra i:
Falir, remir, aguerrir.

87
Manual de Redação

c) Há também os verbos que não têm o imperativo ou que exprimem ação


recíproca:
acontecer, poder, caber; entrechocar-se, entreolhar-se.
d) Os verbos reaver, prazer e soer apresentam particularidades especiais.
e) Outros só são conjugados na terceira pessoa, como todos os verbos que
indicam fenômenos da natureza. MAS, para Cegalla (2008), eles não são
defectivos, já que podem ser conjugados em sentido figurado em todas as
pessoas.
4) VERBOS ABUNDANTES: apresentam mais de uma forma para a mesma
flexão, como ocorre com o verbo haver na primeira pessoa do presente do
indicativo. Isso mais comumente no particípio, que apresenta uma forma
regular e outra irregular:
havemos e hemos;
aceitado e aceito;
suspendido e suspenso.
5) VERBOS ANÔMALOS: mudam de radical (diferem, portanto, dos irregulares,
que sofrem alterações no mesmo radical):
ser, ir.

Observação: Quanto à função, os verbos podem ser principal ou auxiliar.


Verbo principal é o verbo de significação plena, nuclear de uma oração.
Verbo auxiliar, como o próprio nome indica, é aquele que presta auxílio a
outro verbo (principal), seja para formar a voz passiva, seja para formar um
tempo composto. São quatro: ter, haver, ser, estar.
Assim, têm-se a seguir um verbo principal e um dos auxiliares:
Tenho estudado.
Há de haver uma solução para o caso.
Um livro foi comprado por mim.
Ele está preso.

XIII - EMPREGO DOS MODOS E TEMPOS


Feitas breves considerações acerca dos modos de conjugação verbal e
da flexão temporal, é importante detalhar e exemplificar esses modos e cada um
dos tempos em que eles se dividem. Sobretudo, porque é de considerar que
diferentes tempos e modos podem aparecer combinados num mesmo
enunciado, quer de forma clara, quer de forma subentendida.

88
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

XIII.1 - O MODO INDICATIVO


1) O PRESENTE indica que o tempo do fenômeno verbal é o mesmo da fala.
Exprime habitualidade, frequência. É utilizado para expressar fatos
permanentes, duradouros. Também pode indicar uma ação futura, mas
próxima, e ainda uma decisão:
Faço ginástica três vezes por semana.
A vida é bela.
As aulas começam em fevereiro.
Viajo em novembro para a Rússia.
Há também o presente histórico, usado no lugar do pretérito perfeito em
narrações, que são descritas como se ocorressem no momento em que se
fala:
Napoleão chega a Waterloo, dispõe as tropas, trava combate e é
vencido.
O presente do indicativo também pode ser usado em lugar do imperativo:
Espera mais uma hora para tomar nova dose do remédio.
2) O PRETÉRITO IMPERFEITO indica um fato que já passou em relação ao
momento da fala, mas que não havia sido concluído no tempo de que se trata.
Há assim uma relação entre dois tempos (passado em relação ao tempo da
fala, mas presente em relação ao tempo do fato enunciado). Ele pode
exprimir, portanto, duração ou ação passada habitual:
A lua brilhava no céu.
No meu tempo, a gente jogava queimada na rua.
Especificamente em relação ao verbo SER, com sentido existencial, ele
é usado no início de contos de fadas, nas narrações de lendas:
Era uma vez...
3) O PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES denota ação completamente realizada
numa época passada:
Na minha última viagem visitei o Coliseu.
4) O PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO (formado pelo presente do
indicativo do verbo ter e o particípio do verbo principal) denota ação contínua
ou fato habitual, que iniciou no passado e se repete até próximo do presente:
Tenho lido todas as noites antes de dormir (o fato ocorreu em “todas as
noites” passadas, repetiu-se em “vários passados”).
5) O PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES exprime uma relação entre
dois tempos passados, ou seja, um fato passado, anterior a outro também
passado:

89
Manual de Redação

Havia cinco dias, uma falsa notícia deflagrara a rebelião (= tinha


deflagrado).
6) O PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO (formado pela junção
do imperfeito do indicativo do verbo ter ou do verbo haver com o particípio do
verbo principal) tem o mesmo valor e emprego que o simples:
Saímos todos de casa para ver o que havia ocorrido.
7) O FUTURO DO PRESENTE SIMPLES indica que o fato anunciado se
realizará num tempo vindouro em relação ao momento em que se fala. Pode
indicar também probabilidade, incerteza:
No sábado, irei à festinha da Márcia.
Haverá paz no mundo?
8) O FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO (expresso com o futuro de um
verbo auxiliar e o particípio do verbo que se quer conjugar) indica dois tempos
futuros, ou seja, que a ação é posterior (futuro mais próximo) ao ato da
palavra e, ao mesmo tempo, anterior a outro futuro mais longínguo:
Quando o professor chegar, já terei estudado toda a matéria.
9) O FUTURO DO PRETÉRITO SIMPLES é passado, mas é um futuro dentro
do passado. Indica um fato certo ou não posterior a outro, àquela época, já
passado. Expressa hipótese, imprecisão, suposição ou suaviza a
manifestação de um desejo ou pedido:
Se eu tivesse dinheiro, iria para a Europa.
Eu não diria isso ao delegado.
Os assaltantes do banco seriam quatro homens armados?
Eu gostaria de conhecer o Papa.
10) O FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO (formado pelo futuro do pretérito
dos verbos ter ou haver mais o particípio do verbo principal), assim como o
simples, é um futuro dentro do passado:
Se eu tivesse estudado, teria passado no vestibular.

XIII.2 - O MODO SUBJUNTIVO


O modo subjuntivo é utilizado sobretudo nas orações subordinadas. Nele
não há a certeza do fato verbal, mas a possibilidade, a dúvida, o desejo. Para
facilitar a discriminação de seus tempos, colocam-se as conjunções que para o
presente, se para o pretérito imperfeito e quando para o futuro.

90
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

1) O PRESENTE pode expressar desejo, concessão, dúvida ou um fato


eventual:
Jesus te acompanhe.
Nada em retribuição: pensem que é um presente.
Talvez ele seja mesmo perigoso.
Receio que aconteça o pior.

2) O PRETÉRITO IMPERFEITO SIMPLES é usado nas orações subordinadas


e indica uma ação passada, mas futura e dependente de outra principal,
estando esta em um tempo do pretérito:
Quem faltasse à aula seria (pretérito imperfeito) suspenso.
As autoridades proibiram (pretérito perfeito) que as crianças brincassem
no parquinho.

3) O PRETÉRITO PERFEITO (só existente na forma composta: verbo ter ou


haver no presente do subjuntivo com o particípio do verbo principal) pode
expressar um fato pretérito duvidoso já presumivelmente terminado ou um
fato futuro, também duvidoso, já finalizado em relação a outro:
Espero que ele tenha entendido.
Quando aterrissarmos (futuro já finalizado), é provável que a
manifestação já tenha terminado.

4) O PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO (também só tem a forma composta:


verbo ter ou haver no imperfeito do subjuntivo mais o particípio do verbo
principal) pode expressar uma ação anterior a outra já passada ou um fato
provável no passado:
Se ela tivesse visto (ação anterior) o acidente, teria ficado traumatizada.
Não acreditei que ela tivesse perdido (fato provável passado) a hora.

5) O FUTURO SIMPLES exprime uma ocorrência futura possível, provável.


Usa-se em certas subordinadas que dão ideia de futuro:
Assim que ele sair, virá conversar com você.
Se ela puder, trará as encomendas.
Quem for inocente atire a primeira pedra.
6) O FUTURO COMPOSTO (formado pelo verbo ter ou pelo verbo haver no
futuro simples do subjuntivo mais o particípio do verbo principal) expressa um
fato futuro finalizado em relação a outro fato futuro:
Só fará (futuro) a prova quem tiver estudado (futuro finalizado) toda a
matéria.

91
Manual de Redação

XIII.3 - IMPROPRIEDADES COMUNS NA CONJUGAÇÃO


1) É comum a troca, inadequada, do futuro do pretérito pelo pretérito imperfeito,
ambos do indicativo:
• Impróprio:
Se não chovesse, eu ia à praia.
Se fosse permitido, eu fumava aqui.
Isso porque há uma correspondência entre o pretérito imperfeito do
subjuntivo (chovesse, fosse) e o futuro do pretérito do indicativo (iria, faria).
Assim, a conjugação apropriada é a seguinte:
• Apropriado:
Se não chovesse, eu iria à praia.
Se fosse permitido, eu fumaria aqui.
2) Imprópria também é a substituição do imperfeito do subjuntivo pelo imperfeito
do indicativo quando a oração condicional expressa uma hipótese:
• Impróprio:
Se eu estava na loja, você não teria feito tanta bagunça.
• Apropriado:
Se eu estivesse na loja, você não teria feito tanta bagunça.
3) É comum também a utilização do presente do indicativo em lugar do presente
do subjuntivo. Assim, são impróprias frases como:
• Impróprio:
Quer que eu faço?
Quer que eu pego?
Como se trata de uma hipótese, nesse caso o apropriado é dizer:
• Apropriado:
Quer que eu faça?
Quer que eu pegue?

MAS há construções que possibilitam tanto a utilização de um modo quanto


do outro. Depende da convicção do emissor na sua intenção:
Só deixe entrar os que estão com crachá.
(Nesse caso, há certeza do fato, sendo correta a utilização do
indicativo.)
Só deixe entrar os que estejam com crachá.
(Nesse caso, trata-se de uma hipótese, que requer o emprego do
subjuntivo.)

92
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

4) Outra impropriedade que se tornou comum é o abuso no emprego do


gerúndio. Embora a forma seja legítima, é preciso considerar quando é
realmente necessária. Conforme já visto15, a forma nominal gerúndio indica
que o processo verbal está em curso. Portanto seu uso deve-se restringir a
situações em que há alguma continuidade direta ou valor durativo, ou ainda
simultaneidade, em relação a um outro processo, ao qual se dá alguma
especificação (na função adverbial). Por outro lado, quando se trata de
fenômenos independentes e distintos, não há justificativa para seu emprego.
A seguir, apresentam-se alguns exemplos de usos recomendáveis ou não do
gerúndio.
a) Usos adequados:
O candidato cansou os eleitores, discorrendo horas a fio sobre suas
promessas.
Nesse caso, foi discorrendo que o candidato cansou..., ou seja, há uma
interdependência entre os dois fenômenos verbais: para concluir o
processo verbal principal, houve uma continuidade no processo verbal
secundário.
O caminhão chegou distribuindo brinquedos.
Aqui um fenômeno verbal (distribuindo) especifica o outro (chegou): ele
veio distribuindo brinquedos pelo caminho.
Quando você estiver dormindo, estarei trabalhando.
Trata-se de simultaneidade entre os dois processos verbais.
b) Usos a evitar:
O Juiz apreendeu os exemplares do jornal, entregando-os ao recorrido.
Preferível: O Juiz apreendeu os exemplares do jornal e os entregou ao
recorrido.
O embargante requereu à Corte o deferimento do pedido de recontagem
de votos, não obtendo êxito.
Preferível: O embargante requereu à Corte o deferimento do pedido de
recontagem de votos, não tendo obtido êxito. (Ou: ... e não obteve êxito.)

15No item IX, “Forma nominal”.

93
Manual de Redação

Observação: Os exemplos descritos a seguir são ainda mais condenáveis.


Trata-se do que se costuma denominar “gerundismo”, propriamente dito. O
gerundismo é considerado um vício de linguagem e pode ter tido sua origem
em traduções literais do inglês (we'll be sending it tomorrow - nós vamos
estar mandando isso amanhã). Dessa forma, não sendo apropriado o uso
do gerúndio, conforme exposto na introdução deste item, em nome da
clareza de expressão e do uso correto das construções de nossa língua,
deve-se evitá-lo.
Os eleitores vão estar votando nos seus candidatos daqui a dois dias.
Correto: Os eleitores votarão nos seus candidatos daqui a dois dias.
Os eleitores vão estar sendo convocados para nova eleição
Correto: Os eleitores serão convocados para nova eleição.
Eu vou estar transferindo sua ligação.
Correto: Eu vou transferir sua ligação.
Você pode estar pagando com cartão de crédito.
Correto: Você pode pagar com cartão de crédito.
O partido pode estar enviando as listas.
Correto: O partido pode enviar as listas.

94
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

95
Manual de Redação

Capítulo VIII
CONCORDÂNCIA VERBAL
As regras gramaticais tendem a sofrer flexibilização e até mesmo
redução para se harmonizarem com a língua falada. No entanto, tendo em vista
a complexidade de alguns temas como o deste capítulo, elas funcionam como os
ponteiros de uma bússola, norteando-nos no emprego adequado da língua
escrita.
Concordância é um dos tópicos da Gramática que maior liberdade
confere aos falantes do Português, conforme já se pôde verificar no capítulo
anterior. Além das normas gerais, de cunho mais lógico, têm-se regras
específicas e por vezes alternativas - todas as quais, a propósito, buscou-se
registrar com exatidão neste trabalho -, com base nos critérios de atração e
ideológico. Contudo, é importante ressaltar que tal liberdade não prescinde de
uma grande sensibilidade para a escolha das opções com as quais se possa
estruturar melhor a oração. Afinal, o registro escrito do vernáculo - assim como o
oral - precisa considerar, além da clareza, a eufonia e a elegância.

I - REGRA GERAL
O verbo deve se harmonizar em número e pessoa com o sujeito, o ser
sobre o qual se enuncia algo no predicado. Ocasionalmente, no entanto, faz-se
sua concordância com o predicativo.
No caso do sujeito simples - esteja claro ou oculto, anteposto ou
posposto -, de modo geral, o verbo concorda com ele (concordância lógica16).
Já em se tratando do sujeito composto, é preciso considerar as diferentes
disposições dos termos na oração. O verbo concorda com o sujeito em sua
totalidade (concordância lógica: mais de um sujeito - mais de um núcleo -, verbo
no plural) quando a ordem é direta, isto é, quando o sujeito vem anteposto ao
predicado:
João e Maria justificaram a ausência na última eleição.
Mas, se a ordem é invertida, pode-se fazer essa concordância com todos
os núcleos do sujeito, empregando-se o plural (concordância lógica), ou com o
núcleo mais próximo (concordância atrativa). Assim, tem-se:
Assistiremos ao julgamento eu e ela.
Ou: Assistirei ao julgamento eu e ela.

16Ver no Capítulo V os tipos de concordância: lógica, ideológica e atrativa.

96
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Também há casos em que se aplica a concordância ideológica, como


veremos a seguir.

II - REGRAS ESPECÍFICAS
II.1 - Sujeito simples
1) Representado por substantivo coletivo
a) O verbo faz concordância lógica, ficando no singular:
O povo desejava eleições diretas para Presidente.
b) Se o verbo estiver distanciado do substantivo coletivo, ou se este estiver
especificado, admite-se a concordância ideológica:
O batalhão, usando estratégias bem planejadas e armas de efeito
moral, conseguiram (conseguiu) expulsar os invasores.
Um grupo de servidores treinavam (treinava) a população nas ruas.
2) Representado por números percentuais ou fracionários
a) Quando se usa a porcentagem ou fração sem o adjunto adnominal o verbo
vai concordar com o número percentual ou com o numerador da fração:
Apenas um por cento votou no candidato.
Dez por cento votaram no candidato.
Um terço estuda em escolas particulares.
Dois terços estudam em escolas particulares.
b) Quando a porcentagem ou fração vem acompanhada do adjunto
adnominal, o verbo passa a concordar com ele, independentemente do
número percentual ou do numerador da fração (concordância atrativa):
Dois por cento da população estuda em escolas particulares.
Dois terços do conselho votou.
Apenas quatorze por cento do eleitorado aprova o programa do
candidato.
Um terço dos eleitores aprovam o programa do candidato.
OU:
O verbo passa a concordar com o número percentual ou com o numerador
(concordância lógica):
Dois por cento da população estudam em escolas particulares.
Dois terços do conselho votaram.
MAS:
c) Se houver artigo ou pronome acompanhando e determinando o núcleo
numérico, a concordância se faz com ele:

97
Manual de Redação

Esses dois terços do conselho votaram.


Os dois por cento da população serão aprovados.
3) Representado por a maioria de ..., grande parte de ...
O verbo faz a concordância lógica (com o núcleo) ou a atrativa.
A maioria dos servidores participaram (participou) do treinamento.
4) Representado por cerca de..., mais de..., menos de..., perto de...
Quando o sujeito é representado por expressões que indicam quantidade
aproximada, o verbo concorda com o numeral que se seguir:
Cerca de 400 pessoas lotaram o auditório.
Mais de um aluno entregou a prova imediatamente.
MAS: Se a expressão mais de um for repetida ou se indicar reciprocidade, o
verbo será levado ao plural:
Mais de um cidadão, mais de um brasileiro lutaram pela Abolição.
5) Representado por qual de nós, qual de vós, nenhum de vocês, algum de...,
qualquer de..., etc.
a) Quando o núcleo do sujeito é representado por uma construção desse tipo,
formada por um pronome indefinido ou interrogativo no singular, o verbo
permanece no singular:
O povo quer saber qual deles pretende se candidatar à presidência.
b) Quando o núcleo do sujeito é representado por uma construção desse tipo,
formada por um pronome indefinido ou interrogativo no plural, o verbo vai
ao plural:
O povo quer saber quais deles pretendem se candidatar à
presidência.
c) Quando o núcleo do sujeito é representado por uma construção desse tipo,
formada por um pronome indefinido ou interrogativo no plural e um adjunto
adnominal de pessoa gramatical diferente, o verbo vai ao plural,
concordando com o pronome - 3ª pessoa do plural - ou concordando com a
pessoa do adjunto:
O povo quer saber quais de vós pretendem se candidatar à
presidência.
O povo quer saber quais de vós pretendeis se candidatar à
presidência.
6) Representado por plural aparente
Ocorre com nomes próprios. Se não estiver acompanhado de artigo, o verbo
ficará no singular; se estiver com um artigo plural, o verbo irá ao plural:
Alagoas tem belas praias.

98
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

As Alagoas têm belas praias.


Memórias Póstumas de Brás Cubas representa bem o Realismo.
As Memórias Póstumas de Brás Cubas representam bem o Realismo.
7) Representado por pronome de tratamento
Pronomes pessoais de tratamento exigem a concordância verbal e
pronominal na terceira pessoa:
Vossa Santidade não se preocupe com o comportamento do seu
rebanho.
Vossa Alteza pensa estar adequadamente vestido?

II.2 - Sujeito composto


1) Por infinitivos que expressam ideias opostas
O verbo vai para o plural:
Trabalhar e descansar são fonte de saúde.
2) Por infinitivos determinados por artigo
Concordância lógica:
O pensar e o agir são atividades complementares.
3) Resumido por tudo, nada, ninguém
Concordância atrativa: o verbo fica no singular, concordando com o aposto
pronominal:
A sorte, a disposição, a determinação, tudo nos favorece.
4) Ligado por com
Concordância lógica:
O Presidente do TRE de Minas com os Secretários visitaram as zonas
eleitorais.
MAS: Se se quiser destacar o primeiro elemento, o verbo com ele concorda.
Nesse caso, o outro elemento, ligado por com, é um adjunto adverbial de
companhia e virá sempre entre vírgulas:
O Presidente do TRE de Minas, com seus Assessores, acompanhou a
votação.
5) Ligado por ou
a) Se se tratar de adição, o verbo vai para o plural:
Ler ou estudar eram as atividades mais frequentes (ler + estudar...).
b) A conjunção ou normalmente indica exclusão ou retificação. Nesse caso, o
verbo permanece no singular ou se submete à concordância atrativa:
Os pais ou a professora estaria com a razão (concordância atrativa).
99
Manual de Redação

A professora ou os pais estariam com a razão (concordância


atrativa).
Uma proposta de emenda ou duas foram apresentadas
(concordância atrativa).
6) Ligado por nem... nem...; tanto... quanto...; tanto... como; não só... como
também... (também chamada de “série aditiva enfática”)
Se os núcleos do sujeito forem de pessoas gramaticais diferentes, o verbo
concordará com a pessoa que tiver precedência (a 1ª pessoa precede à 2ª, e
esta, à 3ª) no plural (concordância lógica) ou no singular (concordância
atrativa), observando-se sempre a eufonia da frase:
Não só os atletas como também nós celebramos (concordância lógica).
Não só os atletas como também eu celebramos (concordância lógica).
Não só os atletas como também eu celebrei (concordância atrativa com a
1ª pessoa do singular).
Não só os atletas como também tu celebraste (concordância atrativa com
a 2ª pessoa do singular).
7) Ligado por um ou outro, um e outro, tanto um quanto outro, nem um nem
outro
O verbo faz a concordância atrativa (com o núcleo mais próximo) ou a lógica
(com todos os núcleos).
Um ou outro servidor procurava (procuravam) cursos e treinamento.
Um e outro servidor procurava (procuravam) cursos e treinamento.
Tanto um quanto outro era (eram) excelente(s) competidor(es).
Nem um nem outro representa (representam) o país.
8) Com elementos equivalentes
O verbo faz a concordância lógica (com todos os núcleos) ou a atrativa (com
o núcleo mais próximo).
Calma e serenidade facilitam (facilita) o pensamento.
9) Com elementos em gradação
O verbo faz a concordância lógica (com todos os núcleos) ou a atrativa (com
o núcleo mais próximo).
Preocupação, aflição, desespero não trazem (traz) soluções.

II.3 - Sujeito oracional


O verbo fica no singular:
Estes são prêmios pelos quais não adianta lutar (o sujeito do predicado
verbal não adianta é a oração lutar... pelos quais).

100
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

III - CASOS PARTICULARES

III.1- Concordância verbal na voz passiva


Na voz passiva sintética (ver capítulo que trata da regência verbal),
formada com o pronome se, o verbo concorda com o sujeito da passiva:
Não se venderá voto. Não se venderão votos.

III.2- Concordância do verbo ser


O verbo ser concorda com:
1) o termo da oração que indicar pessoa (seja ele sujeito ou predicativo):
A força e a inspiração da família era Maria.
2) o pronome pessoal (seja ele sujeito ou predicativo):
A Nação somos nós.
3) o sujeito ou o predicativo, se forem substantivos comuns, de acordo com o
que se deseja enfatizar:
A vida eram livros e livros.
4) o predicativo, nos seguintes casos:
a) quando o sujeito é constituído pelos pronomes interrogativos que ou
quem, pelo indefinido tudo ou pelos demonstrativos isto, isso, aquilo, e o
predicativo é um substantivo plural:
Tudo são flores.
b) quando o sujeito é uma expressão de sentido coletivo ou partitivo:
A maioria eram estudantes;
Parte eram joias, parte eram máscaras.
5) as expressões de horas, datas e distâncias:
Hoje são 14 de abril (MAS: Hoje é dia 14 de abril).
O verbo ser permanece no singular nas expressões é muito, é pouco, é mais
de, é menos de, é tanto, acompanhadas de especificações de quantidade,
medida, preço.
Quatro metros é muito.
Cinco milhares de tijolos é mais do que precisava.

III.3- A não concordância dos verbos impessoais


Permanecem na 3ª pessoa do singular17:

17Ver também o Capítulo XIII.

101
Manual de Redação

1) Haver no sentido de existir, acontecer, realizar e indicando tempo decorrido


(e, nesse caso, a impessoalidade é transmitida ao verbo auxiliar):
Deve haver novas vagas para os cargos criados há menos de cinco anos.
Haveria revoluções na Europa, desencadeadas pela riqueza do Brasil.
Teria havido shows em que candidatos subiram ao palco e discursaram.
Há dois anos foi homologado o concurso para provimento dessas vagas.
Há de haver flores na primavera. (MAS: Há de existirem flores na
primavera.)
2) Fazer em relação a tempo cronológico ou climático:
Fazia dois meses que treinavam quando se inscreveram no certame.
Fez um frio insuportável naqueles dias em Londres.
3) Bastar e chegar indicando suficiência e seguidos da preposição de:
Basta de tanta demagogia.
4) Verbos que indicam fenômenos da natureza:
Aqui, em todas as fazendas, geia com frequência.

102
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

103
Manual de Redação

Capítulo IX
REGÊNCIA VERBAL
Conforme visto nos Capítulos IV e VII, algumas vezes o verbo sozinho -
apesar de sua riqueza - não alcança a completude de sentido. Isso se dá quando
o termo verbal, não obstante anunciar o acontecimento que envolve um sujeito,
não é suficientemente claro para levar a uma conclusão. Ou seja, a oração não
refletirá completamente um enunciado só com a explicitação do sujeito e do
verbo, uma vez que o fato expresso recai necessariamente sobre um alvo ou se
dirige a um recebedor, também necessário. Acerca desse alvo e/ou desse
recebedor, diz-se objeto do verbo.
Podemos exemplificar:
Os servidores fizeram (?).
O Tribunal precisa (?)
Quando o objeto é fundamental, sua ausência arruína a construção da
frase, abalando-a estruturalmente. Isso porque o verbo, em caso semelhante,
depende de modo absoluto de um complemento para expressar-se por
completo. No primeiro exemplo, o verbo fazer exige um objeto alvo dessa ação:
Os servidores fizeram o quê? Qual o objeto alvo da “feitura”, da ação de fazer?
Qual o ser sobre o qual essa ação recai?
No segundo exemplo, dá-se a mesma incompletude. Porém, em vez de
um alvo “feito” (aplicando-se o verbo fazer, do exemplo anterior), o verbo
precisar exige um objeto recebedor da “precisão” (no sentido de necessidade): O
Tribunal precisa de quê? Qual é o ser que recebe a “precisão” (necessidade) do
Tribunal?
Em enunciados assim, o verbo, sendo insuficiente para concluir o
fenômeno verbal expresso na oração, usa o poder que tem para obter a
completude que lhe falta: a regência. Um verbo de sentido incompleto rege
substantivos (ou termos equivalentes), que passarão a integrá-lo. Regência é,
como sinalizado, uma relação de dependência e de subordinação entre os
termos da oração. Desta forma, uns regem outros, que lhes complementam o
sentido. No caso de um desses termos ser o verbo, diz-se regência verbal.
Além do complemento regido, o verbo poderá ainda dispor de um outro
complemento - melhor dizendo de um adjunto, que lhe indique circunstâncias.
Os adjuntos adverbiais, porém, não chegam a ser exigidos pelo verbo. Vêm, em
geral, no fim da oração, podendo, ainda, ser intercalados ou deslocados para o
início, e funcionam como meros acessórios, sem integrar o sentido do verbo,
mas sem dúvida enriquecendo-o.

104
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

I - CONCEITOS E NOMENCLATURA
Conhecer a regência de um verbo é identificar sua exigência de
complementos verbais (objeto direto e/ou indireto) e a necessidade do
emprego de preposição para ligá-lo corretamente a eles: se a integração do
verbo pelo nome se der de maneira indireta (alcançando um recebedor, como foi
demonstrado nos parágrafos anteriores), a preposição será indispensável. Do
contrário, se o for de modo direto (assentando-se sobre um alvo), estará a
preposição dispensada. Além disso, o domínio da regência verbal implica saber
qual é a preposição regida (a, de, em, para, por, etc.).
Quando o verbo não tem sentido completo para alcançar sua realização
plena de enunciar, é chamado verbo transitivo - VT. É o que se vê na frase:
Ele previu o resultado.
Se ocorre o inverso e ele é suficientemente independente, chama-se
verbo intransitivo - VI, como é o caso da frase:
Ele viajou.
Na hipótese de a regência verbal ser exercida diretamente, recaindo
sobre o alvo, o nome regido, ou complemento, denomina-se objeto direto, e o
verbo é transitivo direto - VTD. Mas, quando ela se dá indiretamente, exigindo
um recebedor, o complemento será denominado objeto indireto, e o verbo,
transitivo indireto - VTI. Quando ocorrem as duas hipóteses, o verbo é
chamado transitivo direto e indireto - VTDI -, ou seja, bitransitivo.
É de ressaltar também que, comumente, o verbo pode requerer um
complemento predicativo18 referente ao seu objeto. Nesse caso, diz-se verbo
transobjetivo.

Observação: A regência pode variar conforme o significado do verbo, e há


verbos cuja regência varia sem que o sentido mude.

II - COMPLEMENTOS VERBAIS ORACIONAIS


Há complementos do verbo (objetos) que são orações. Nesses casos, a
regência reclama uma atenção especial e se dá com o emprego de conjunções
subordinativas:
A Nação demandava que a Justiça Eleitoral respondesse à nova ordem
sociopolítica (verbo demandar - VTD - e conjunção que; a oração “que a
Justiça Eleitoral respondesse à nova ordem sociopolítica” está no lugar
do objeto direto: oração subordinada objetiva direta).

18Ver item III do Capítulo V.

105
Manual de Redação

O êxito do novo sistema dependia de que forças de vários segmentos


sociais trabalhassem com empenho (verbo depender - VTI - e preposição
de + conjunção que; a oração “de que forças de vários segmentos sociais
trabalhassem com empenho” está no lugar do objeto indireto: oração
subordinada objetiva indireta).
Observação: Em períodos muito longos, com muitos termos, orações
intercaladas e ordem invertida, é grande a probabilidade de incidência em
erros de regência.

III - COMPLEMENTOS VERBAIS CIRCUNSTANCIAIS (ADJUNTOS


ADVERBIAIS)
Há também verbos transitivos circunstanciais, cujos complementos,
além do objeto, são termos que correspondem aos adjuntos adverbiais
mencionados anteriormente ou a orações adverbiais:
A Diretoria-Geral orientou os servidores para que treinassem os eleitores
em locais públicos (um dos complementos do verbo é uma circunstância
que exprime finalidade; no caso, uma oração subordinada adverbial
final).
Observação: As orações subordinadas podem ser reduzidas com o uso
das formas verbais de infinitivo, gerúndio ou particípio. Nesse caso,
omite-se o conectivo - a conjunção subordinativa. O período exemplificado
anteriormente, com a oração subordinada adverbial reduzida de infinitivo,
ficaria assim: A Diretoria-Geral orientou os servidores para treinarem os
eleitores em locais públicos.

IV - REGÊNCIA E VOZ PASSIVA


Ao transitar da voz ativa para a passiva, é preciso observar bem o verbo:
os transitivos indiretos e os intransitivos não admitem voz passiva, uma vez que
é o objeto direto da voz ativa que transitará para a função de sujeito, paciente, na
voz passiva:
1) CONHECER = distinguir, reconhecer, VTD:
• O Juiz conheceu aquelas assinaturas (objeto direto da voz ativa);
Aquelas assinaturas foram conhecidas pelo Juiz (sujeito da voz
passiva).
• Conheço-o (objeto direto da voz ativa);
Ele é conhecido por mim (sujeito da voz passiva).
• Conheciam a testemunha (objeto direto da voz ativa);
A testemunha era conhecida (sujeito da voz passiva);
Conhecia-se a testemunha (sujeito da voz passiva).
106
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

2) CONHECER DE = tomar conhecimento, VTI


• O Juiz não conheceu dos recursos (objeto indireto da voz ativa);
(voz passiva: não é possível).
• Dele conheço (objeto indireto da voz ativa);
(voz passiva: não é possível).
• Do recurso se conheceu (objeto indireto da voz ativa);
(voz passiva: não é possível).
Considera-se, portanto, impróprio: Conheço o recurso; O recurso foi
conhecido.
Observação: Em Do recurso se conheceu, o pronome se não é
apassivador (a voz é ativa, não passiva), e sim índice de indeterminação do
sujeito (alguém conheceu do recurso).

V - OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO


Há casos em que o objeto, mesmo sendo direto, exige ou admite a
preposição.
1) Quando a preposição antes do objeto direto é necessária:
a) Com os pronomes pessoais tônicos:
Nas situações difíceis, consultavam a mim.
b) Com o pronome interrogativo ou relativo quem:
Cumprimentou os vencedores do concorrido certame, a quem
felicitou.
c) Para evitar ambiguidade:
Venceu à noite a aurora.
d) Em expressões de reciprocidade:
Liberdade, Igualdade e Fraternidade convidavam-se uma à outra
para a inauguração de uma nova França.
2) Quando a preposição é facultativa:
a) Com o numeral ambos:
Nomeou ambos, pai e filho, na mesma data.
Nomeou a ambos, pai e filho, na mesma data.
b) Com alguns pronomes indefinidos:
... a quantos a fama ilude; ... quantos a fama ilude;
A violência imobilizou a todos; A violência imobilizou todos;
Não interrogou a ninguém; Não interrogou ninguém.

107
Manual de Redação

c) Por estilo, tradição da língua, pela eufonia da frase, antes de nomes


próprios ou referentes a pessoas ou expressando sentimentos:
Dizem amar a Deus; Dizem amar Deus;
Paulo persuadiu a fiéis e infiéis; Paulo persuadiu fiéis e infiéis;
A fortuna prende a ricos e pobres; A fortuna prende ricos e pobres.
d) Por ênfase, ao ser antecipado:
A pobres e ricos prende a fortuna. Pobres e ricos prende a fortuna.

VI - OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO PLEONÁSTICOS


O objeto pleonástico é um recurso utilizado para destacar a ideia que ele
próprio expressa. Para isso, ele é antecipado e repetido por meio de um
pronome oblíquo:
Aos cidadãos, importa-lhes a integridade dos candidatos.

Observação: coordenação de regências


Ao se aglutinarem palavras em torno de um complemento comum, é preciso
observar se as regências não são diferentes.
Todo cidadão deve conhecer as leis e obedecer a elas.
E não: Todo cidadão deve conhecer e obedecer as leis.
Ele adentrou o recinto e, pouco depois, dele saiu apressadamente.
E não: Ele adentrou e saiu do recinto apressadamente.

VII - REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS


As regências aqui indicadas, em sua maioria, referem-se a apenas
algumas das acepções dos verbos mais comumente usados no âmbito
Judiciário.
ACOSTAR
a) Bitransitivo
• Acompanhar, juntar, anexar - Acostou a petição aos autos./ Acostou as
cópias à petição.
• Apoiar-se, encostar-se, tocar a superfície - Acostou as revistas umas
contra as outras.
b) Transitivo direto ou indireto
• Apoiar-se, encostar-se, tocar a superfície - O ultraleve perdeu altura até
acostar o(no) solo.

108
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

c) Transitivo indireto
• Apoiar-se, encostar-se, tocar a superfície - Acostou as mãos contra a
parede.
• Ser ou estar contíguo, limitar, confinar - A praça acosta com os jardins do
palácio.
d) Transitivo direto pronominal e indireto ou circunstancial
• Apoiar-se, encostar-se, tocar a superfície - Acostou-se ao muro para
não cair.
• Apoiar-se, basear-se, depender material, moral ou intelectualmente -
Acostou-se em provas irrefutáveis. / Acostar-se a fatos verdadeiros é o
que a Ética exige.
• Ser da mesma opinião - Paulo, cidadão romano, acostou-se às ideias
crísticas.
ANTECEDER
a) Transitivo direto ou indireto
A distribuição desses cartazes antecedeu a data marcada no
calendário eleitoral para o início da propaganda.
A convenção político-partidária não antecedeu à propaganda dos
candidatos.
ANUIR
a) Transitivo indireto
Os juízes anuíram ao pedido dos servidores.
b) Intransitivo
Os juízes anuíram.

Observação: Anuir não admite o oblíquo LHE. Outros verbos que não
admitem os oblíquos: aspirar, assistir, ajudar, presidir, recorrer e verbos de
movimento (ir, comparecer, etc).

APELAR
a) Intransitivo
• Recorrer à instância superior, interpor recurso - Os representados
apelaram.
b) Transitivo indireto (apelar de/para)
Os representados apelaram da sentença do Juízo a quo para o Tribunal.

109
Manual de Redação

ASSISTIR
a) Transitivo indireto
• Estar presente, comparecer - O povo assistia aos julgamentos. O povo
assistia a eles.

Observação: Não se deve usar o pronome LHE nessa acepção.

• Caber, competir - Razão não lhes assiste.


• Intervir, tomar parte - Aquele advogado não assistiu em nenhum
processo.
b) Transitivo direto
• Prestar auxílio ou assistência, ajudar, socorrer - O médico assiste os
pacientes.

Observação: Essa regência encontra-se de acordo com a prática moderna,


segundo CEGALLA (1996), mas TORRES (1970) se refere a seu uso só até
o tempo do Pe. Antônio Vieira, enquanto FERNANDES (1995) admite duas
regências para este significado, a direta e a indireta.

c) Intransitivo
• Morar, estar, permanecer - A eleitora não assistia no endereço indicado no
requerimento de transferência.
ATENDER
a) Transitivo direto
• Receber, acolher - Seguindo a tradição da Casa, o Presidente atenderá
os repórteres.
b) Transitivo indireto
• Considerar, prestar atenção e responder - Atendendo aos costumes da
Casa, o Presidente sempre recebe os repórteres. / Atenda ao que ele
diz. / Atenda ao telefone.
c) Transitivo direto ou indireto
• Satisfazer, deferir - O Tribunal atendeu às exigências da tecnologia. / O
recurso atende os pressupostos de admissibilidade recursal.
AUTUAR
a) Transitivo direto
Os servidores autuaram mais de três mil processos no ano passado.

110
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

AVOCAR
a) Bitransitivo
• Chamar, atribuir-se - O Presidente avocou a si a decisão sobre o projeto.
b) Transitivo direto
• Despertar, evocar - Aquela campanha avocou atitudes conscientes dos
eleitores.
CABER
a) Intransitivo
• Ser admissível ou oporturno, ter cabimento - Não cabe mais nenhum
recurso.
• Vir a propósito, ter cabimento - Cabe apresentar sua proposta nessa
ocasião.
b) Transitivo indireto
• Competir, pertencer - Cabe aos jovens construir o futuro.
• Pertencer ou tocar, ser privilégio - Cabe ao Presidente votar nos
julgamentos em que houver empate.
• Pertencer como partilha ou quinhão - Não coube a Esaú a herança,
posto que fosse o primogênito.
• Ser compatível - Vestes talares, símbolo de poder e compromisso, ainda
cabem no mundo atual?
CAPTAR
a) Transitivo direto
• Provocar, apreender, obter - Sua entrevista captou a atenção dos
munícipes.
• Granjear para si, conquistar, empregando meios capciosos - Com
mesuras captou as boas graças dos professores.
• Apoderar-se de, interceptar, apanhar - Vestes escuras captam calor.
• Apreender, compreender - Captou o sentido do texto?
b) Bitransitivo
• Conseguir empréstimo, patrocínio ou investimento - O governo captou
recursos com os próprios cidadãos.
CERTIFICAR
a) Transitivo direto
• Afirmar a certeza, passar a certidão de - O servidor certificou a
desistência do candidato.

111
Manual de Redação

b) Bitransitivo
• Tornar ciente - Eles o certificarão da data da audiência.
c) Transitivo direto pronominal e indireto
• Convencer-se - Ele procurou se certificar da veracidade do depoimento.
COADUNAR
a) Transitivo direto
• Juntar, incorporar, reunir - Coadunar partidos políticos é permitido.
b) Bitransitivo
• Conformar, combinar, harmonizar - Conseguiram coadunar justiça com
compaixão.
c) Transitivo direto pronominal e indireto
• Conformar, combinar, harmonizar - Não me coaduno com tal
pensamento. / Meu voto não se coaduna com o do ilustre Relator. / Tal
estilo não se coaduna comigo.
COLACIONAR
a) Transitivo direto
• Trazer ou restituir (bens ou valores) à colação - Os herdeiros foram
chamados a colacionar os bens.
• Cotejar, comparar, conferir - Colacionamos esses manuscritos
históricos para comprovar sua autenticidade.
COMPETIR
a) Transitivo indireto
• Ser da jurisdição, da alçada de; impender - A causa compete a este foro.
• Pertencer por direito, caber, tocar - Escolher os representantes compete
ao povo.
• Cumprir, caber, impender - Votar compete aos cidadãos.
• Concorrer, disputar - Mais de mil atletas competiam pelo prêmio.
CONCLUIR
a) Transitivo direto
• Provar, demonstrar - Esse depoimento não conclui nada.
• Deduzir, inferir - Pensou, mas não concluiu que errara.
• Terminar, levar a cabo - Concluiu o curso universitário com louvor.
• Ajustar, firmar definitivamente - Após longa discussão, concluíram o
acordo em Lisboa.

112
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

b) Bitransitivo
• Ajustar, firmar definitivamente - Judas Iscariotes concluiu com os
fariseus a negociata.
c) Transitivo indireto
• Acabar, terminar - O discurso concluiu com uma longa citação.
• Decidir-se, resolver-se - Concluíram pelo desprovimento do agravo.
d) Intransitivo
• Ser conclusivo, dar a palavra final - O laudo do perito conclui.
• Ser concludente, merecer fé - O depoimento da testemunha conclui,
sendo, por conseguinte, fundamental para provar a culpa dos corréus.
• Terminar de falar - Assim que o colega concluiu, eles se retiraram.
CONFERIR
a) Transitivo direto
• Conceder, outorgar - Aos presos políticos foi conferida anistia após as
eleições diretas.
• Colacionar - Instado a conferir os bens, não demorou.
• Chegar ao entendimento de algo, perceber, concluir - Conferiu que o
discurso era prolixo e eliminou as repetições.
• Comparar, confrontar, verificar - Conferiu todas as contas.
b) Transitivo indireto
• Estar conforme, de acordo - As notas conferem com os originais.
c) Bitransitivo
• Conceder, outorgar - Posto que conferisse aos súditos uma nova
constituição, não permaneceu no poder.
• Dar, imprimir - Para não conferir ao discurso um tom solene demais,
brinque.
• Tratar, discutir - Os sindicatos conferiram o novo plano com os
servidores.
• Comparar, confrontar, cotejar - Conferiu as cópias com os originais.
d) Intransitivo
• Estar conforme ou certo - Já verificou se as referências conferem?
CONHECER
a) Transitivo direto
• Saber, ter conhecimento - Fiscais devem conhecer profundamente a
legislação.

113
Manual de Redação

• Distinguir, reconhecer - A testemunha declarou ter conhecido a grafia do


bilhete.
b) Transitivo indireto
• Tomar conhecimento - Os recursos foram interpostos dentro do tríduo
legal previsto; presentes os pressupostos de admissibilidade, deles
conheço.
c) Transobjetivo
• Travar conhecimento - Conheceu-o nos anos 80 como líder
oposicionista.
CONSTAR
a) Intransitivo
• Passar por certo ou verdadeiro, ser evidente, ser do conhecimento,
saber-se, ser dito, correr a notícia ou boato - Consta que ele desistiu da
candidatura.
b) Transitivo indireto
• Deduzir-se - A inocência dos eleitores consta dos autos.
• Fazer parte de - Tais garantias constam da Constituição Federal.
• Consistir de - O concurso constará de provas orais e escritas.
• Estar incluído, mencionado em textos, registros - Seu nome não consta
da lista de delegados do partido. Esse voto consta nos anais do Tribunal.

Observação: Atente-se para o fato de que o verbo constar, nesta última


acepção, aceita as preposições em e de.

c) Bitransitivo
• Ser informado, receber comunicação - Constou-lhes que seriam
intimados no dia seguinte.
CONSTITUIR
a) Transitivo indireto pronominal
• Compor (-se), formar(-se), ser a base, a parte essencial - O sufrágio
universal e secreto constitui-se em baluarte da democracia.
b) Transitivo direto ou transobjetivo
• Dar poderes a, para tratar de negócio, causa, etc. - Constituir um
advogado.
• Nomear, eleger - Constituiu-o seu assessor.
• Organizar(-se), criar(-se) - Os partidos já constituíram seus diretórios.

114
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

COOPTAR
a) Transitivo direto
• Agregar, associar, aliciar - Conseguiram cooptar muitos membros para a
nova seita.
• Admitir alguém, dispensando-o das formalidades usuais - O Conselho
houve por bem cooptar os pais dos alunos para o certame.
• Atrair para um objetivo - Tanto insistiu, que cooptou os estudantes.
COTEJAR
a) Transitivo direto
• Confrontar, comparar - Os depoimentos das testemunhas foram
cotejados.
b) Bitransitivo
• Confrontar, comparar - É necessário cotejar a minuta com a edição final
do ofício.
CUMPRIR
a) Transitivo direto ou indireto
• Realizar, executar, satisfazer - Ele cumpriu (com) seus deveres.
Cumpriu (com) a palavra.
b) Transitivo indireto ou intransitivo
• Convir, ser necessário - Cumpre-lhes estudar. Cumpre viver em paz.
DECIDIR
a) Transitivo direto ou indireto
• O Juiz decidiu (sobre) essas causas ontem. / Não se trata de decidir
contra isto ou aquilo. / O regimento decide da tramitação dos processos.
b) Transitivo direto pronominal e indireto
• Elas se decidiram a estudar Direito. / Decidiu-se pela simplicidade.
DEFERIR
a) Transitivo direto ou indireto
• Atender, anuir, condescender - Ela deferiu o (ao) requerimento.
b) Bitransitivo
• Conferir, conceder, outorgar - O Ministro deferiu aos servidores todas as
petições.
DELIBERAR
a) Transitivo direto ou indireto

115
Manual de Redação

• Decidir, resolver após exame - O Tribunal deliberou (sobre) questões


importantes para os servidores.
DEPARAR
a) Transitivo direto
• Provocar o aparecimento inesperado, trazer, apresentar - O acaso
depara tristezas e alegrias.
b) Transitivo direto ou indireto
• Defrontar, topar - No caminho, deparamos (com) pedras e flores.
c) Transitivo direto pronominal e indireto
• Defrontar, topar - No clube deparou-se com o amigo que há tempos não
via.
d) Bitransitivo
• Provocar o aparecimento inesperado, trazer, apresentar - Seus votos
nos deparam análises percucientes, mesmo nas causas mais simples.
DETERMINAR
a) Transitivo direto
• Delimitar, fixar - Determinaram a multa no valor mínimo.
• Indicar com precisão, definir - O sentido das palavras determina a
regência a ser usada.
• Causar, motivar, ocasionar - O voto eletrônico foi determinado pela
necessidade de fortalecer a democracia.
• Estabelecer, ordenar - Determino que se mudem os critérios de seleção.
b) Bitransitivo
• Persuadir, induzir - O clamor do povo não o determinará a reconsiderar
sua decisão.
• Assinar, fixar - O Presidente determinou aos servidores data e hora para
a entrega dos trabalhos.
c) Transitivo direto pronominal e indireto (resolver-se, dispor-se) -
Determinaram-se a estudar.
ESTENDER
a) Transitivo direto
• Estirar - Vamos estender o tapete vermelho.
• Derrotar por meio de discussão - Estendeu os adversários apenas com
uma prova.

116
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

• Derrubar, prostrar - O acusado, com um soco, estendeu o Promotor no


chão. / Com provas irrefutáveis, o Promotor estendeu os acusados no
chão.

Observação: Mesmo quando usado metaforicamente, o verbo guarda a


regência normal.

b) Transitivo direto pronominal


• Alargar(-se), alongar(-se), expandir(-se), prolongar-(-se) - A solenidade
provavelmente se estenderá noite adentro.
c) Bitransitivo
• Fazer abranger, levar - Os juízes estenderam a absolvição a todos os
recorrentes.
• Aplicar, fazer concernir - O governo estendeu as novas diretrizes a todas
as autarquias.
EXERCER
a) Transitivo direto
• Desempenhar, cumprir - Exercia várias funções naquele Ministério. /
Exercia uma função de confiança junto ao Ministro.
• Levar a efeito, fazer sentir - A supervalorização do dólar exerceu forte
pressão na economia mundial.
HAVER
a) Transitivo direto
• Sentir, experimentar, ter - Os eleitores houveram coragem bastante para
denunciá-los.
• Alcançar, obter, conseguir - Finalmente houvemos as informações
solicitadas.
• Ter, possuir - Os brasileiros hão recursos para muito mais.
b) Bitransitivo
• Alcançar, obter, conseguir - Finalmente houvemos da repartição as
informações solicitadas.
c) Transobjetivo
• Considerar, julgar, supor - Todos o haviam por educado e culto.
d) Intransitivo
• Existir meio de, ser possível - Não há falar em inelegibilidade.

117
Manual de Redação

e) Transitivo direto pronominal


• Proceder, comportar-se - Como eles se haviam quando investidos do
poder público?
• Entender-se, arranjar-se, avir-se - Saberia ele se haver com os
estrangeiros?
f) Transitivo direto impessoal
• Existir - Há em Deus infinitas vidas.
• Estar ou encontrar-se em determinado lugar ou situação - Há alguém
tocando a campainha neste minuto.
• Realizar-se, efetuar-se, ocorrer, acontecer - Houve muitas sessões em
janeiro.
• Fazer, ter transcorrido tempo - Havia décadas que aquele ditador
governava o país.
• Fazer, produzir ou aparecer como fenômeno natural - Houve uma
nevasca naquele domingo.
INFORMAR
a) Bitransitivo ou transitivo direto pronominal e indireto
• Dar notícia, avisar
Informo-o dos períodos de férias.
Cumpre-nos informar-lhe o início de exercício dos servidores
nomeados para esta Secretaria.
Informe aos servidores que teremos recesso em dezembro.
Informe-se melhor da programação cultural da cidade.
b) Transitivo direto
• Instruir um processo, dar informe ou parecer - Informem-se os
requerimentos dos servidores.
IMPLICAR
a) Transitivo direto
• Tornar necessário, requerer - O combate à corrupção implica leis
severas.
• Dar a entender, fazer pressupor - A efetiva implantação do sistema de
voto eletrônico implicou uma grande demanda social.
• Produzir como consequência, causar, originar - A nulidade do ato
implicará necessariamente a de seus efeitos?
• Confundir, embaraçar - As objeções implicaram-lhe as ideias.

118
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

b) Transitivo indireto
• Ser incompatível, não se harmonizar - Uma decisão implicava com a
outra.
c) Bitransitivo
• Envolver, comprometer - Implicaram-no na campanha antitruste de
1930.
• Ser a causa de, originar - Compartilhar o conhecimento implica vários
benefícios para toda a instituição.
d) Transitivo direto pronominal e indireto
• Envolver-se, meter-se - Implicaram-se em negócios escusos.
IMPORTAR
a) Transitivo direto ou indireto
• Atingir o valor ou preço - A multa importa (em) R$ 10.000,00 (dez mil
reais).
b) Transitivo direto, indireto ou bitransitivo
• Causar, produzir - A implantação desse sistema importará incrementos
tecnológicos. / O ato precipitado importa em prejuízos. / Propaganda
irregular importa pesadas multas aos transgressores.
c) Transitivo direto
• Trazer em si, envolver, implicar - Exercer funções públicas importa a
prática de elevados valores e princípios. / O legislador quis sancionar
condutas que importem infração à lei em diversas intensidades.
d) Intransitivo ou transitivo direto
• Interessar, convir - Vamos às questões que realmente importam.
IMPUTAR
a) Transitivo direto
• Considerar como crime ou falta - Tribunais populares imputaram os atos
de muitos revolucionários franceses.
b) Transobjetivo
• Caracterizar, qualificar - Imputaram de falsa sua declaração./ Imputaram
como brilhante sua palestra.
c) Bitransitivo
• Atribuir a responsabilidade de; assacar - O Governo Federal imputou o
déficit do orçamento aos servidores públicos.
• Atribuir, aplicar, considerar como causa - Imputaram o êxito do projeto à
dedicação dos servidores.

119
Manual de Redação

• Indicar alguém como autor ou responsável por ilícito penal - Imputaram


àquele candidato o crime de captação de sufrágio.
• Aplicar, destinar dinheiro a - O Governo imputou ao Ministério da Saúde
a verba solicitada.
• Lançar sobre, carregar, gravar - A lei autoriza imputar as custas aos
vencidos.
INCUMBIR
a) Transitivo indireto
• Ser da competência, caber, competir - A Mateus incumbia cobrar
impostos.
b) Bitransitivo ou transitivo direto pronominal e indireto
• Dar ou tomar incumbência - O Coordenador o incumbira disso. Ele
mesmo se incumbira disso.
INTERPOR
a) Transitivo indireto
• Opor, contrapor - Não conheceram da apelação, que foi interposta à
execução da sentença.
b) Transitivo direto
• Opor, contrapor - Nada ganharás interpondo embaraços.
• Intervir - A questão é saber quando se deve interpor autoridade.
NOTIFICAR
a) Transitivo direto
O jornal notificou o corte dos juros. / O Oficial de Justiça notificou a
denunciada.
b) Bitransitivo
O Juiz notificou a sentença às representadas. / Notifique-os da
sentença.
ORIENTAR
a) Transitivo direto ou transitivo direto e circunstancial
• Influenciar - Esse periódico orienta bem a opinião pública.
• Indicar o rumo - Placas colocadas em pontos estratégicos orientavam os
turistas em direção ao espetáculo.
• Dirigir, guiar - Uma cartilha orientava os eleitores para levarem uma
“colinha” na hora de votar.

120
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

b) Bitransitivo
• Nortear, guiar - Orientem sua vida profissional por elevados princípios
morais.
PERQUIRIR
a) Transitivo direto
• Indagar, perscrutar, esquadrinhar - Ele perquiriu a necessidade das
contratações.
b) Intransitivo
• Investigar, esquadrinhar, perscrutar - Perquiriam insistentemente.
PRECEDER
a) Transitivo indireto
• Ter prioridade - Habeas corpus precede aos demais recursos.
b) Transitivo direto ou transitivo indireto
• Anteceder - A aurora é aquele momento poético que precede o (ao) dia.
PRESCREVER
a) Transitivo direto
• Ordenar, preceituar, indicar com precisão - A Diretoria-Geral
prescreverá normas para a contratação de pessoal especializado.
b) Bitransitivo
• Marcar, limitar, fixar - A lei prescreveu aos partidos a duração e a forma
dessas inserções.
c) Intransitivo
• Ficar sem efeito por ter decorrido certo prazo legal, cair em desuso,
caducar - De acordo com as leis americanas, esse crime não prescreve.
PRESIDIR
a) Transitivo direto ou indireto
O Juiz presidiu a (à) sessão com tranquilidade. / A Coordenadora
presidia (a)os servidores na implementação do projeto.
PROCEDER
a) Transitivo indireto
• Originar-se, derivar, provir - Nem sempre o êxito procede do estudo. Os
candidatos ao concurso de talentos procederam de todas as regiões de
Minas.
• Descender - Aquele cientista procede de uma longa linhagem de
matemáticos.

121
Manual de Redação

• Realizar - Finalmente procedeu-se às eleições informatizadas em todo o


país.
• Dar início - Procedamos ao sorteio.
b) Intransitivo
• Ter fundamento - Os argumentos alegados pelo recorrente não
procedem.
• Prosseguir, ir por diante - Assim, ao longo do século XX, foi procedendo
a história do voto eletrônico no Brasil.
• Comportar-se - A maioria dos jovens procede (procedem) de modo
exemplar.
PROVER
a) Transitivo direto
• Receber e deferir (um recurso), ordenar, dispor - A Corte proveu o
recurso.
b) Bitransitivo
• Fornecer, munir, abastecer - O Tribunal provê diligentemente os
cartórios eleitorais com o material necessário ao treinamento dos
mesários.
• Nomear, despachar - Eles proverão os melhores alunos para os / (nos)
cargos relativos a apoio especializado.
• Preencher (um cargo) - Já proveram todas as vagas com os aprovados.
c) Intransitivo
• Ocorrer, acudir, remediar - Com relação à segurança pública, cabe ao
Estado prover.
d) Transitivo direto pronominal e indireto
• Munir-se - O primeiro passo é nos provermos do material necessário.
RECONVIR
a) Transitivo direto
• Propor (o réu) reconvenção contra o autor de demanda judicial -
Exigiu-me o pagamento de uma indenização absurda por danos morais,
pelo que eu o reconvim por uma quantia que me devia.
RECORRER
a) Intransitivo / transitivo indireto / bitransitivo
• Apelar, interpor recurso judicial - Os advogados não recorreram. / O
representado recorre da sentença que o condenou ao pagamento de

122
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

multa. / Ele recorreu à Suprema Corte da decisão que determinou suas


desfiliações político-partidárias.
b) Transitivo direto
• Evocar - Para extrair lições, recorramos as etapas implementadas com
êxito.
c) Transitivo indireto
• Dirigir-se a alguém, pedindo proteção, benevolência - A Deus, a
humanidade incessantemente recorre.
• Lançar mão - Não recorra a metáforas em demasia.
REFERIR
a) Transitivo direto
• Expor, narrar, relatar - Gostava de referir os sucessos de Guimarães
Rosa.
• Trazer à baila, citar, alegar - Costumava referir os clássicos.
b) Bitransitivo
• Narrar, relatar - O advogado referiu todo o caso aos julgadores.
• Atribuir, imputar - A modernidade refere a filósofos pós-guerra
pensamentos revolucionários.
c) Transitivo direto pronominal e indireto
• Reportar-se, aludir - Referia-se ao acórdão publicado.
RESPONDER
a) Transitivo direto
• Em relação à resposta dada - Não costumava responder tolices.
b) Transitivo indireto
• Em relação à proposição ou pergunta formulada, ou a quem a fez - Já
respondemos àquele questionário. A testemunha já respondeu ao juiz.
• Replicar, redarguir - Respondeu às acusações.
• Seguir-se, suceder-se - A essa infração responde pesada multa.
• Equivaler, corresponder - Ao esforço responde a recompensa.
• Condizer, corresponder - A aptidão artística responde à sensibilidade.
• Revidar - Os tupis-guaranis responderam aos ataques portugueses.
• Opor, contrapor - À brutalidade responde a cordialidade.
• Responsabilizar-se - Negar o conhecimento das leis não o isenta de
responder pelos seus atos.

123
Manual de Redação

c) Intransitivo
• Responder - Tudo ouviu em silêncio, nada respondeu.
SOBRESSAIR
a) Transitivo indireto
Sobressaía entre os/ aos demais pela extraordinária sapiência. As
normas constitucionais sobressaem às outras em todos os países.
b) Transitivo direto pronominal e transitivo indireto (essa regência,
condenada pelo padrão culto da língua, já encontra abono em Houaiss e
Aurélio19)
De início, Monet não se sobressaiu como um gênio inovador da
pintura.
TANGER
a) Transitivo indireto
• Referir-se, concernir, dizer respeito a - No que tange à preliminar de
nulidade da audiência de instrução, foi acolhida.
• Alertar ou convidar fazendo soar instrumentos - A banda, na praça,
tangia aos festejos.
b) Transitivo direto
• Tocar, atingir um ponto, objeto ou pessoa - As antenas daquele edifício
tangem as nuvens.
• Tocar um instrumento musical - Tangia liras e harpas divinamente.
• Soar, ecoar, ressoar - Os sons da batalha tangiam toda a Terra Média.
• Alertar ou convidar fazendo soar instrumentos - No acampamento, a
corneta tange os soldados.
c) Intransitivo
• Tocar um instrumento musical - Cantava e tangia divinamente.
• Soar, ecoar, ressoar - Longe tange um sino pequenino.
• Alertar ou convidar fazendo soar instrumentos - À hora do ângelus, os
sinos tangem.
d) Bitransitivo
• Por em fuga, usando de energia ou violência - Os policiais tangeram das
ruas os meliantes.

19Ver referência completa no último capítulo.

124
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

TRATAR
a) Transitivo direto ou indireto
• Versar, discorrer - O jornal tratou a (da) questão da liberdade no mundo
árabe.
b) Transitivo direto
• Lidar com, ocupar-se de, cuidar - Eles tratam muito bem os livros
antigos.
• Fazer uso de, praticar - Costuma tratar ardis para enganar os ingênuos.
• Discutir, debater - Tratavam no Senado graves questões.
• Discorrer, expor, explanar - Tratou o tema com erudição.
• Ajustar, acertar, combinar - Tratou a compra da casa.
• Comportar-se ou agir em relação a, haver-se com - As autoridades o
trataram muito bem.
• Dedicar-se a, cultivar - Queria ser químico, e passou a tratar os
elementos.
c) Transitivo indireto
• Lidar com, ocupar-se, cuidar - Essa seção trata dos documentos a
serem arquivados. / Tratou de redigir a petição imediatamente.
• Ter por assunto ou temática, estender-se, falar - Esse capítulo trata de
direitos e deveres.
• Discutir, debater, examinar um assunto conjuntamente - Servidores e
sindicalistas trataram do plano de cargos e salários.
• Conversar, conviver, lidar, travar conhecimento - A Justiça Eleitoral tem
tratado com autoridades diplomáticas de todos os continentes.
• Haver-se, portar-se - Maquiavel ensinou como o Príncipe devia tratar
com os súditos.
• Promover os meios para, esforçar-se por - À vista do banquete, tratou de
encerrar o discurso.
• Preparar-se - Agora ele trata de apresentar uma boa defesa.
• Negociar, comerciar - Sempre tratou com aquela firma.
d) Bitransitivo
• Combinar, acertar, ajustar - Tratou com o advogado a fundação do
colégio.
e) Transobjetivo
• Dar certo título, cognome ou tratamento - Tratam-no por “Duque”.

125
Manual de Redação

Locução: Tratar-se de
• Estar em causa, ser o que importa ou o que se debate, versar sobre - Se
se tratasse de problemas médicos, seria dispensado. / Trata-se de
reinvindicar direitos lesados. / Trata-se de embargos infringentes contra
acórdão desta egrégia Corte.
• Estar a falar de, ser - Trata-se de um feriado nacional.
• Interessar, adiantar, ter importância - Trata-se de lutar até alcançar a
meta.
VERIFICAR
a) Transitivo direto
• Examinar a veracidade, averiguar, investigar - O Juiz verificou os
depoimentos, cotejando-os.
• Comprovar, confirmar, corroborar - Os acontecimentos desse ano
verificaram as suposições dos economistas.
b) Transitivo direto pronominal
• Realizar-se, efetuar-se, cumprir-se - Excelentes vaticínios para o país
verificaram-se nas décadas seguintes.
VISAR
a) Transitivo direto
• Dirigir o olhar, apontar - Visaram o alvo e dispararam.
• Apor o sinal de visto - É mister seja visado o diploma.
b) Transitivo direto ou indireto
• Ter por objetivo, propender, tender - A Justiça Eleitoral visa (visa a)
garantir eleições insuspeitas. / O sistema inovador implementado na
ambiência pública visava a (à) lisura dos pleitos.

126
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

127
Manual de Redação

Capítulo X
CRASE
Como já visto nos capítulos anteriores, na estrutura oracional, é comum
que os termos estabeleçam entre si uma relação hierarquizada, com a regência
de um sobre o outro em busca da sua completude de sentido. Também foi
ressaltado que essa relação, muitas vezes, não se dá de forma direta,
necessitando de um mediador específico: a preposição.
A crase tem sua origem em construções textuais específicas. Trata-se de
situações em que o termo regente exige a preposição a como mediadora entre
ele e o seu complemento. Além disso, este deverá ser um pronome
representado ou iniciado pela letra a ou um substantivo definido pelo artigo a.
Haverá, portanto, nesses casos, o encontro de dois as. Contudo, na pronúncia
natural, não se distinguem dois sons; em vez disso, faz-se uma contração de
ambos. Essa contração recebe o nome de crase e precisa ser representada na
escrita por um sinal gráfico, o acento grave.
A contração da preposição a pode-se dar com:
1) o artigo definido a(s):
A petição chegou à Secretaria há vários dias.
2) o pronome demonstrativo a(s):
A argumentação do partido foi muito semelhante à da coligação.
3) os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo:
Os processos, após o trânsito em julgado, foram encaminhados àquelas
zonas eleitorais.

I - MÉTODO PRÁTICO PARA USO DA CRASE


Em caso de dúvida sobre o uso da crase, pode-se recorrer, num primeiro
momento, a um pequeno teste.
Troca-se a palavra feminina por outra que seja masculina. Se no
masculino aparecer obrigatoriamente ao(s), no feminino haverá crase. Se no
masculino for facultativo a(s) ou ao(s), a crase poderá ser usada ou não. Assim,
vejamos os exemplos a seguir:
1) antes de palavra feminina:
O resultado do julgamento foi favorável à candidata.
Cheguei à Câmara dos Deputados.

128
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

2) antes da palavra no masculino:


O resultado do julgamento foi favorável ao candidato.
Cheguei ao Congresso.

Observação 1: Nesses exemplos, confirma-se a obrigatoriedade da crase


antes da palavra feminina em virtude da exigência da preposição antes da
palavra masculina.
Observação 2: Esse teste não se aplica de modo absoluto. Ver casos
particulares a seguir.

II - USO OBRIGATÓRIO DA CRASE


1) Em algumas locuções seguidas de palavras femininas
a) Locuções prepositivas (sempre terminam em preposição): à cata de, à
moda de, à custa de, à força de, à procura de, à guisa de, à beira de...
Convenceu os julgadores à custa de incontestáveis testemunhos.
b) Locuções conjuntivas (quase sempre terminam em que): à medida que, à
proporção que...
À medida que as eleições se aproximavam, a disputa ficava mais
acirrada.
c) Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: às vezes, às claras, às
ocultas, às pressas, à toa, às fartas, às escondidas, à noite, à tarde, à vista,
à direita, à esquerda, às terças-feiras...
O parecer foi concluído às pressas.
A impugnação foi feita à tarde.
O advogado permaneceu à esquerda do seu cliente.
2) Antes de numeral que indica hora determinada ou quando subentendida a
palavra até
O prazo será encerrado às 17 (dezessete) horas.
A sessão ocorreu das 17 às 22 horas.

Observação: Quando se trata de tempo indefinido, não há crase. Aliás,


pela lógica, nenhum termo que seja indefinido, vago, indeterminado aceita
crase. Isso se deve ao próprio conceito de crase, que, quando não se aplica
ao pronome demonstrativo, limita-se à contração da preposição a com o
artigo definido a.

129
Manual de Redação

III - USO FACULTATIVO DA CRASE


1) Antes de pronomes possessivos femininos
Dirigi-me a (à) sua coligação.
2) Com até ou até a
O movimento dos eleitores foi intenso até a (à) tarde.

Observação: Como não se sabe se foi usada a preposição até ou a locução


prepositiva até a, o uso da crase é facultativo.

3) Com antropônimos femininos (nomes próprios femininos)


Ofereci meu apoio a (à) Maria, única candidata do meu partido que
representa genuinamente as mulheres.

IV - USO PROIBIDO DA CRASE


1) Antes de palavras masculinas
Não assisto a filme de guerra ou de violência.
Somente assisto a discurso de Prefeito honesto.

Exceção: quando houver as palavras moda, maneira (de), subentendidas.


Durante seus comícios, ele discursava à Rui Barbosa.

2) Com a (no singular) antes de plural


Refiro-me a mulheres envolvidas na atividade político-partidária.
3) Antes dos pronomes (os que não admitem o artigo a)
a) Pessoais:
Dirigi-me a ela, a ti, a elas.
b) Pessoais de tratamento:
Junto-me a Vossa Excelência, que faz citações a Sua Santidade.

Exceções: Madame, Senhora, Senhorita, Dona.

c) Em geral, os indefinidos:
Não se afeiçoara a nenhuma ideologia partidária.
d) Alguns demonstrativos:
O candidato deu enorme valor a essa vitória.
Dirigindo-me a esta instituição...

130
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

e) Alguns relativos:
Era aquele o dispositivo a cuja determinação deveríamos nos
submeter.

Observação: Com os pronomes que e qual(is) haverá crase quando


puderem ser substituídos por ao que ou ao(s) qual(is).
Essa é a eleição à qual dedicarei meus maiores esforços.
Esse é o pleito ao qual dedicarei meus maiores esforços.
Ouvimos uma confusão igual à que ocorreu no comício.
Ouvimos um tumulto igual ao que ocorreu no comício.

4) Antes do artigo indefinido uma


Fiz menção a uma única fala do Procurador.
5) Antes da expressão Nossa Senhora e nomes de santas
A Prefeita, em seu pronunciamento, até pediu ajuda a Nossa Senhora.
6) Antes de verbos
A candidata do meu partido está disposta a vencer a eleição.
Começou a relatar os fatos.
7) Entre palavras repetidas
Estudei este caso de ponta a ponta.

Observação: Nos casos acima, o a equivale somente a uma preposição.

V - CASOS PARTICULARES
1) Crase diante de nomes de lugares (topônimos)
Há topônimos que repelem o artigo feminino, portanto não aceitam crase.

Observação: Pode-se fazer antes um teste de aplicação com o verbo vir.


Assim: Se venho de Brasília, vou a Brasília (só preposição).
MAS: Se venho da Brasília das grandes decisões, vou à Brasília das
grandes decisões (determinada).
Se venho da Bahia, vou à Bahia (preposição + artigo).

2) Crase com a palavra distância


a) Em caso de distância não definida:
A Justiça Eleitoral aplicou um curso a distancia para os mesários.

131
Manual de Redação

b) Em caso de distância determinada:


O comício foi à distância de 60 metros da sede do partido.
3) Crase com horas
a) Em caso de mencionar a hora exata:
Fica designada audiência de instrução e julgamento para o dia
30/1/2009, às 13h30min.
b) Em caso de não mencionar a hora exata:
A sessão de julgamentos terá início daqui a três horas.
4) Crase com a palavra casa
a) Casa significando própria morada não aceita artigo; portanto, nesse caso,
não se usa crase:
Voltei a casa ontem.
b) Quando a palavra casa aparece determinada, justifica-se a presença do
artigo e o uso da crase, mas não é obrigatório:
Cheguei à casa de José.
Regressou à casa materna.
Voltou à antiga casa.
5) Crase com a palavra terra
a) Normalmente a palavra terra aceita artigo e, portanto, crase:
Voltou à terra em que estudou.
Os astronautas voltaram à Terra.
b) Em linguagem náutica, terra opõe-se a bordo e não usa artigo. Portanto
não aceita crase:
Estamos a bordo, mas vamos a terra.

Observação: O uso de determinante justifica o artigo e a crase.


Os marujos desceram à terra dos Vikings.

6) Crase com a expressão “cheirar a”


A crase só deve ser usada para evitar ambiguidade (duplo sentido):
Ela cheira à bebida alcoólica (tem o cheiro da bebida).
Ela cheira a bebida alcoólica (sente o cheiro da bebida).

132
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

133
Manual de Redação

Capítulo XI
EMPREGO DO INFINITIVO
O emprego do infinitivo é das questões mais controvertidas da língua. À
exceção de uns poucos casos de consenso, o que há são tendências que, por
não serem muito consolidadas, com frequência, são deixadas de lado,
cedendo-se a efeitos de estilo como expressividade, ritmo, melodia, ênfase e
clareza. Entretanto, seguem algumas regras que serão úteis ao usuário deste
manual.

I - FLEXIONADO (infinitivo pessoal)


Flexiona-se o infinitivo:
1) Quando o seu sujeito e o do verbo principal são diferentes:
Acreditamos todos (nós) serem os candidatos (eles) muito bons.
O chefe julgava estarem seus empregados superados.

Observação: Se o sujeito for o mesmo, o infinitivo não será flexionado:


Declararam (eles) estar (eles) prontos.

2) Nas passivas sintéticas:


Foi bem recebida a ideia de se aglutinarem (de serem aglutinados) os
dissidentes.
3) Sempre que for necessário deixar bem claro o agente ou sujeito, ou quando
se quiser colocá-lo em evidência:
Não havia risco de sermos prejudicados.
Já era tempo de irdes embora.
4) Quando o infinitivo aparecer depois do verbo principal e for um verbo
pronominal ou exprimir reciprocidade ou reflexibilidade de ação:
Eles relutaram muito para se cumprimentarem.
Isso é estratégia deles para se manterem no jogo.
5) Com a combinação AO + INFINITIVO, se o verbo referir-se a um sujeito no
plural, sua variação é necessária:
Elas cumprimentaram a todos, ao chegarem.
Ao ouvirem isso, todos ficaram satisfeitos.
6) Quando a PREPOSIÇÃO vier antes do verbo (a forma flexionada é
preferível):
Por serem milionários, tudo lhes parecia barato.

134
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

7) Com o esquema SUJEITO/PREPOSIÇÃO/verbo SER/PARTICÍPIO


Quando o substantivo ou o pronome que é sujeito do infinitivo vier logo na
frente da preposição e quando se tratar do verbo SER no infinitivo + um
particípio, a flexão do infinitivo passivo é preferível:
Relacione as medidas a serem tomadas, por favor.
As casas a serem visitadas foram apontadas pelo Delegado.
Encaminho-lhe os documentos para serem analisados.
Conheci os métodos a serem usados.
Temos problemas a serem enfrentados.
Preencha todos os campos a serem inseridos no modelo.

Observação: Com o verbo PARECER são corretos dois tipos de


construção:
Eles parecem estar preocupados.
Eles parece estarem preocupados.

REGRA COMPLEMENTAR QUANTO À FLEXÃO DO INFINITIVO, A SER


APLICADA EM CASO DE DÚVIDA
O infinitivo é flexionado quando pode ser substituído por um tempo
finito (indicativo ou subjuntivo, em geral):
Alegram-se por terem visto (porque viram) o pai.
É preciso saírem (que saiam) logo.
O Policial intimou-os a se renderem (a que se rendessem).

II - NÃO FLEXIONADO (infinitivo impessoal)


Não se flexiona o infinitivo:
1) Que depende de gerúndio:
As inscrições estão abertas, podendo os candidatos dirigir-se (e não
dirigirem-se) à sede da empresa.
Já foram marcados os exames, devendo as provas ser (e não serem)
realizadas no período de 19 a 23 de outubro.
2) Nas locuções verbais:
Podem as autoridades estaduais resolver (e não resolverem) esse
problema.
Costumavam os filhos reunir-se (e não reunirem-se).
Os profissionais contratados deverão submeter-se (e não
submeterem-se) a exame médico.
3)

135
Manual de Redação

Com preposição que funcione como complemento de substantivo, adjetivo,


particípio, ou do próprio verbo principal:
As falhas não são aptas a provocar a desaprovação das contas.
Eles continuam dispostos a votar no candidato.
Os acusados têm o direito de permanecer em silêncio.
O pai convenceu os filhos a voltar cedo.
4) Com preposição que apareça depois de um verbo na voz passiva:
Os jornalistas foram forçados a sair da sala.
As pessoas eram obrigadas a esperar em fila.
5) Quando, complemento de substantivo ou adjetivo, tem sentido passivo:
Ossos duros de roer.
Há decisões difíceis de tomar.
Os pensamentos são possíveis de controlar.

III - O INFINITIVO E O PRONOME SE


1) É dispensável o pronome se como indeterminação do sujeito com verbo
transitivo no infinitivo antecedido das preposições de, para, por e a, pois a
desejada impessoalidade já está presente nesta forma verbal:
Estrada difícil de passar. (E não de se passar.)
Para discutir o projeto, é necessário tempo. (E não Para se discutir.)
Há outros problemas por resolver. (E não por se resolver.)
2) Também não se deve usar o se com infinitivo quando nenhuma função esse
pronome exerce na frase, quando a expressão já é passiva e quando ele nem
apassiva nem impessoaliza o sujeito:
É de ver a algazarra. (E não ver-se.)
Convém notar que ele errou. (E não notar-se.)
É erro colocar acento. (E não colocar-se.)
Não é possível duvidar da autenticidade da carta. (E não duvidar-se.)

136
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

137
Manual de Redação

Capítulo XII
PRONOMES
Para que um texto seja considerado bem redigido e adequado aos seus
fins, certamente é necessário, entre outras preocupações, valer-se da escolha
apropriada dos pronomes, assim como da boa disposição deles na frase.
Relativamente a esse tópico, recomenda-se a leitura dos Capítulos I e
XIII, onde são mencionadas algumas particularidades.
A seguir, especificam-se as normas de uso e colocação dos pronomes
pessoais (retos, oblíquos e de tratamento), bem como de emprego dos
demonstrativos e dos relativos, adotadas por este manual.

I - PRONOMES PESSOAIS

PESSOAS DO OBLÍQUOS
NÚMERO RETOS
DISCURSO ÁTONOS TÔNICOS
1ª eu me mim, comigo
Singular 2ª tu te ti, contigo
3ª ele, ela se si, consigo, o, a, lhe
1ª nós nos conosco
Plural 2ª vós vos convosco
3ª eles, elas se si, consigo, os, as, lhes

1) Os pronomes oblíquos o e lhe não devem ser usados indiferentemente; a


forma oblíqua o funciona como objeto direto, e a forma lhe, como objeto
indireto20. Incorre em substancial inadequação quem diz Eu lhe vi, porque o
verbo é transitivo direto. Da mesma forma, é impróprio Eu o obedeço, porque
o verbo é transitivo indireto. Portanto o adequado é:
Eu o vi.
Eu lhe obedeço.
2) Os pronomes oblíquos me, te, nos, vos servem, indiferentemente, tanto para
objeto direto quanto para objeto indireto:
Mandaram-me o ofício (objeto indireto).
Informaram-me do ocorrido (objeto direto).

20Nesse caso, é preciso conhecer a regência verbal. Ver Capítulo IX.

138
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

3) As formas oblíquas conosco e convosco serão substituídas por com nós e


com vós se vierem seguidas de numeral ou palavras como: todos, outros,
mesmos, próprios, ambos:
Queriam falar conosco.
Queriam falar com nós mesmos.
Queriam falar com nós dois.

Observação: É legítimo dizer com si próprio ou consigo próprio, desde que


sejam reflexivos.

4) Os pronomes oblíquos o, a, os, as, quando precedidos de verbos que


terminam em r, s ou z, assumem as formas lo, la, los, las, caindo as referidas
consoantes:
amar + o = amá-lo;
vender + o = vendê-lo;
examinamos + os = examinamo-los;
fez + a = fê-la.
5) Os pronomes oblíquos o, a, os, as, quando precedidos de verbos que
terminam em m ou ditongo nasal, assumem as formas no, na, nos, nas:
deram + o = deram-no;
põe + os = põe-nos.
6) Por motivo de eufonia, elimina-se o s final dos verbos na 1ª pessoa do plural
seguidos do pronome nos:
conservemos + nos = conservemo-nos;
dirigimos + nos = dirigimo-nos.
7) Se o pronome for lhe(s), a mencionada forma verbal mantém o s:
comunicamos + lhes = comunicamos-lhes.
8) Os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes podem contrair-se com o, a, os, as:
Ele me perguntou pelo nome: disse-lho (lhe + o).

Observação: Não há obrigatoriedade de que sempre se diga “de V.


Revma.”, “a V. Revma.”, repetindo-se enfadonhamente “V. Revma.”. Esse
tratamento, como todos os demais de cortesia, pode muito bem aparecer na
forma oblíqua para dar leveza ao texto, livrando-o de se tornar cansativo:
“Formulamos-lhe”, “pedimos-lhe”, “vemos na sua pessoa”, em vez de:
“formulamos a V. Revma.”, “na pessoa de V. Revma.”.

139
Manual de Redação

II - COLOCAÇÃO DE PRONOMES
A colocação pronominal trata do adequado posicionamento dos
pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, vos, o, a, os, as, lhe, lhes): antes do
verbo (próclise), intercalados no verbo (mesóclise) e após o verbo (ênclise).

II.1 - Uso da próclise


1) Próclise por atração
Usa-se a próclise quando o verbo vem precedido das seguintes partículas
atrativas:
a) palavras ou expressões negativas:
Não te afastes de mim.
Ninguém lhe chamou de indigente.
b) advérbios:
Agora se negam a depor.
Antigamente se vivia com mais segurança.
Sempre os recebemos com cortesia.

Observação: Se houver pausa (na escrita, vírgula) entre o advérbio e o


verbo, usa-se ênclise:
Agora, negam-se a depor.
Aqui, condenam-se os culpados.

c) pronomes relativos:
Trabalho para empregador que me respeita.
Na sala onde se realizam as sessões, é obrigatório o uso de terno e
gravata.
A ementa à qual se refere a Presidência foi vetada.
Tudo quanto nos prometeram foi cumprido.
d) pronomes indefinidos:
Poucos se negaram ao trabalho.
Alguém se contradisse no depoimento.
e) pronomes demonstrativos:
Disso me culparam, mas nada ficou provado.
Aquilo nos dizia respeito.
As emendas, estas se revelaram inadequadas.

140
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

f) conjunções subordinativas:
Embora se quisessem bem, não viviam juntos.
Se o ameaçarem, procure a polícia.
São necessárias mais informações para que se estude o caso.

Observação: Ainda que a conjunção que esteja elíptica, faz-se a próclise:


Espero que se saiam bem no julgamento ou
Espero se saiam bem no julgamento.

g) numeral ambos:
Ambos se conheceram na reunião.
2) Tipos de frases que exigem próclise
Há tipos de frases em que, pela própria entonação, fica melhor a próclise.
São elas:
a) frases interrogativas:
Quem se atreveria a desrespeitar a lei?
Quanto se gastará no projeto?
Que lhe disse o diretor?
b) frases exclamativas:
Quanto te arriscas com esse procedimento!

Observação: Nas frases optativas (aquelas que exprimem desejo), se o


sujeito vem antes do verbo, usa-se a próclise; se o sujeito vem depois do
verbo, usa-se a ênclise:
Deus nos proteja
Proteja-nos Deus.

3) Formas verbais que exigem a próclise


Há duas formas verbais que sempre reclamam a próclise:
a) o gerúndio precedido de preposição:
Em se tratando de legislação eleitoral, ele é especialista.
b) o infinitivo pessoal precedido de preposição:
Por se acharem infalíveis, caíram no ridículo.

II.2 - Uso da mesóclise


1) Usa-se a mesóclise com o futuro do presente e o futuro do pretérito, caso o
verbo não venha precedido de partícula atrativa:

141
Manual de Redação

Convencê-lo-ei a aceitar (futuro do presente).


Convencê-lo-ia a aceitar (futuro do pretérito).
MAS, se houver atração ou se o sujeito estiver expresso ou for pronome
reto, teremos a próclise:
Não o convencerei a aceitar.
Não o convenceria a aceitar.
Eu lhe informarei o resultado do julgamento.
O secretário lhes informará o horário da reunião.

II.3 - Uso da ênclise


1) Se o verbo inicia a oração, o pronome oblíquo átono fará ênclise:
Vão-se os anéis e ficam os dedos.
2) Usa-se, ainda, a ênclise com as seguintes formas verbais:
a) imperativo afirmativo (não precedido de palavra atrativa):
Às dez horas, dirijam-se à sala de reuniões.
b) gerúndio (não precedido de em e de palavra atrativa):
Recusou o convite, fazendo-se de ocupado.
c) infinitivo impessoal:
Não era minha intenção magoar-te.

Observação 1: Com infinitivo impessoal precedido de preposição, ocorre


tanto a próclise quanto a ênclise:
Tive medo de te incomodar.
Tive medo de incomodar-te.
Observação 2: Com o infinitivo impessoal precedido de palavra atrativa, o
mesmo se dá:
Talvez encontre um modo de não me aborrecer.
Talvez encontre um modo de não aborrecer-me.
Observação 3: Com o futuro do presente e com o futuro do pretérito jamais
se deve usar a ênclise:
Impróprio: Diria-se que os tempos são outros.
Adequado: Dir-se-ia que os tempos são outros.

142
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

II.4 - Pronome oblíquo átono nas locuções verbais


1) Com locuções em que o verbo principal ocorre no infinitivo ou gerúndio:
a) se a locução não vier precedida de partícula atrativa, coloca-se o pronome
oblíquo depois do verbo auxiliar ou depois do verbo principal:
Devo dizer-lhe algumas palavras.
Devo-lhe dizer algumas palavras.
Vinham-me acompanhando duas pessoas.
Vinham acompanhando-me duas pessoas.
b) se houver partícula atrativa antes da locução, coloca-se o pronome
oblíquo antes do auxiliar ou depois do principal:
Não lhe posso informar nada.
Não posso informar-lhe nada.
Nada nos estava faltando.
Nada estava faltando-nos.

Observação: Apesar dessa norma, tem sido cada vez mais comum
ocorrer, nesses casos, a próclise com o verbo principal:
Não posso lhe informar nada.

2) Com locuções em que o verbo principal ocorre no particípio:


a) se a locução vem precedida de partícula atrativa, o pronome ocorre antes
do verbo auxiliar:
Não me haviam convidado.
b) se a locução não vem precedida de partícula atrativa, o pronome ocorre
depois do verbo auxiliar, mas é impróprio após o particípio:
Haviam-me convidado.
Observação 1: Quando o verbo vem precedido de duas palavras atrativas,
o pronome pode ocorrer entre elas:
Há males que se não curam pelas mãos dos homens.
Observação 2: É apropriado também:
Há males que não se curam pelas mãos dos homens.

III - PRONOMES DE TRATAMENTO


Entre os pronomes pessoais, incluem-se os de tratamento, usados em
situações formais. Iniciam-se sempre por sua ou vossa e levam o verbo para a
terceira pessoa:
No momento oportuno, Vossa Excelência manifestará o seu voto.

143
Manual de Redação

Emprega-se a forma sua quando se refere à pessoa de quem se fala e


vossa, à pessoa com quem se fala:
Mesmo não estando presente à sessão, Sua Excelência o
Presidente deu um voto de confiança.
Vossa Excelência, Sr. Relator, já concluiu o seu voto?
Com o pronome de tratamento, a concordância do adjetivo faz-se
conforme a pessoa com ou de quem se fala:
Ministro, V. Exa. é atencioso.
Juíza, V. Exa. é atenciosa.
1) Emprego dos pronomes de tratamento
O quadro a seguir foi adaptado do Manual de Redação da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais. O leitor deste manual pode também consultar o
quadro disponível no Manual de Padronização de Atos Oficiais Administrativos
deste Tribunal, cujas orientações na coluna “endereçamento interno” seguem o
disposto no Manual de Redação da Presidência da República e no Manual de
Padronização de Atos Oficiais Administrativos do TSE.
ABREVIA- ENDEREÇA-
DESTINATÁRIO TRATAMENTO VOCATIVO
TURA MENTO INTERNO
Presidente da Vossa Não se Excelentíssimo Excelentíssimo Senhor
República Excelência usa Senhor Presidente (nome)
da República, Presidente da República
Presidente do
Congresso Nacional Federativa do Brasil
BRASÍLIA – DF
Presidente do
Supremo Tribunal
Federal
Vice-Presidente da Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.
República Excelência Senhor, Senador
Presidente do (Nome)
Presidente do Senado
Senado Federal
Federal
Presidente da BRASÍLIA- DF
Câmara dos
Deputados
Presidentes dos
demais Tribunais
Federais
Governador do Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.
Estado de Minas Excelência Senhor (cargo), (Nome)
Gerais Excelentíssimo Governador do Estado
de Minas Gerais
Presidente do Senhor
Tribunal de Justiça do Governador, BELO HORIZONTE- MG
Estado de Minas Excelentíssimo
Gerais Senhor Presidente
do Tribunal de
Justiça,

144
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

ABREVIA- ENDEREÇA-
DESTINATÁRIO TRATAMENTO VOCATIVO
TURA MENTO INTERNO
Governadores de Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.
Estado e do Distrito Excelência Senhor, Desembargador (nome)
Federal Presidente do Tribunal
Presidentes de de Justiça do Estado do
Assembleias Rio Grande do Sul
Legislativas Porto Alegre- RS
Presidentes de
Tribunais de Justiça
Vice-Governador Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr. Conselheiro
Presidentes dos Excelência Senhor, (nome)
demais Tribunais Presidente do Tribunal
Estaduais de Contas do Estado de
Minas Gerais
BELO HORIZONTE- MG
Membros do Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.
Congresso Nacional Excelência Senhor, Deputado Federal
(Senadores e (nome)
Deputados Federais) Câmara dos Deputados
BRASÍLIA- DF
Ministros de Estado Vossa V. Exa Excelentíssimo Exmo. Sr.
Secretário-Geral da Excelência Senhor, (Nome)
Presidência da Ministro de Estado dos
República Transportes
BRASÍLIA-DF
Consultor-Geral da
República Exmo. Sr.
Gen. (Nome)
Chefe do Ministro-Chefe do
Estado-Maior das Gabinete Militar da
Forças Armadas Presidência da República
Chefe do Gabinete BRASÍLIA-DF
Militar da Presidência
da República
Secretários da
Presidência da
República
Procurador-Geral da
República
Chefes do
Estado-Maior das
Três Armas
Oficiais-Generais das
Forças armadas
Embaixadores
Secretários
Executivos de
Ministérios
Secretários Nacionais
de Ministérios

145
Manual de Redação

ABREVIA- ENDEREÇA-
DESTINATÁRIO TRATAMENTO VOCATIVO
TURA MENTO INTERNO
Membros de Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.
Assembleias Excelência Senhor, Deputado (nome)
Legislativas e Assembleia Legislativa
Câmaras Municipais do Estado de São Paulo
(Deputados e SÃO PAULO- SP
Vereadores)
Prefeitos Municipais Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.
Excelência Senhor, (Nome)
Secretários de Estado
e de Municípios Prefeito Municipal de
Belo Horizonte
Comandante-Geral BELO HORIZONTE- MG
da Polícia Militar e
Comandante-Geral do
Corpo de Bombeiros
Militar do Estado de
Minas Gerais
Ministros do Supremo Vossa V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.
Tribunal Federal Excelência Senhor, Desembargador (nome)
Ministros do Superior Tribunal de Justiça do
Tribunal de Justiça Estado de Minas Gerais
BELO HORIZONTE- MG
Ministros do Tribunal
Exmo. Sr.
Superior Eleitoral
Juiz (nome)
Ministros do Tribunal Tribunal Regional
Superior do Trabalho Eleitoral do Estado de
Ministros do Tribunal Santa Catarina
de Contas da União FLORIANÓPOLIS- SC
Desembargadores
dos Tribunais de
Justiça
Juízes dos Tribunais
Regionais Eleitorais
Juízes dos Tribunais
Regionais do
Trabalho
Membros do
Ministério Público
(promotores e
procuradores)
Conselheiros dos
Tribunais de Contas
dos Estados

146
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

TRATA- ABREVIA- ENDEREÇA-


DESTINATÁRIO VOCATIVO
MENTO TURA MENTO INTERNO
Procurador-Geral Vossa Excelência V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.(nome)
de Justiça Senhor, Procurador-Geral de
Justiça do Estado de
Procurador-Geral Minas Gerais
do Estado BELO HORIZONTE-MG
Procurador-Geral
da República
Procuradores-
Gerais nos
Tribunais

Juízes de Direito Vossa Excelência V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.


Senhor, (Nome)
Juízes e auditores Juiz de Direito da 1ª
da Justiça Militar Vara de Família
BELO HORIZONTE-
MG

Outras pessoas e Vossa Senhoria V. Sa. Senhor (cargo), Senhor


demais autoridades (nome)
(Diretores, Chefes Diretor-Geral do
de Seção, militares DER-MG
até Coronel) BELO HORIZONTE-MG

Reitor de Vossa Excelência V. Exa. Excelentíssimo Exmo. Sr.


Universidade Senhor, Prof. (Nome)
Reitor da UFMG
BELO HORIZONTE-MG

Papa Vossa Santidade Não se usa Santíssimo Santíssimo Padre


Padre, Papa (nome)
VATICANO

Cardeais Vossa Eminência V. Ema. Eminentíssimo Emmo. Sr.


Senhor, Dom (nome)
BRASÍLIA-DF

Arcebispos e Vossa Excelência V. Exa. Excelentíssimo e Exmo. e Revmo. Sr.


Bispos Reverendíssima Revma. Reverendíssimo D. (Nome)
Senhor, Arcebispo de
BELO HORIZONTE-MG

Monsenhores, Vossa V. Revma. Reverendíssimo Revmo. Sr.


Cônegos, Padres e Reverendíssima Senhor, Pe. (Nome)
Madres e outras BELO HORIZONTE-MG
autoridades Reverendíssima
religiosas Senhora,

147
Manual de Redação

HIERARQUIA MILITAR
Exército Marinha Aeronáutica
Nível Posto ou Posto ou Posto ou
Abreviatura Abreviatura Abreviatura
Graduação Graduação Graduação

Marechal-
Mar. Marechal* Alte. Almirante* Mar. Ar.
do-Ar*
General-de- Almirante-de- Tenente-
Gen. Ex. Alte. Esq. Ten. Brig.
Oficiais- Exército Esquadra Brigadeiro
Generais General-de- Major-
Gen. Div. V. Alte. Vice-Almirante Maj. Brig.
Divisão Brigadeiro
General-de-
Gen. Bda. C. Alte. Contra-Almirante Brig. Brigadeiro
Brigada
Capitão-de-Mar-
Cel. Coronel CMG Cel. Coronel
e-Guerra
Oficiais Tenente- Capitão-de- Tenente-
Ten. Cel. CF Ten. Cel.
superiores Coronel Fragata Coronel
Capitão-de-
Maj. Major CC Maj. Major
Corveta
Oficiais
Cap. Capitão CT Capitão-Tenente Cap. Capitão
intermediários
Primeiro- Primeiro-
1º Ten. 1º Ten. Primeiro-Tenente 1º Ten.
Tenente Tenente
Oficiais Segundo- Segundo-
2º Ten. 2º Ten. Segundo-Tenente 2º Ten.
subalternos Tenente Tenente
Aspirante-a-
Asp. GM Guarda-Marinha Asp. Aspirante
Oficial
ST ou
Subtenente SO Suboficial SO Suboficial
Subten.
Primeiro- Primeiro-
1º Sgt. 1º Sgt. Primeiro-Sargento 1º Sgt.
Sargento Sargento
Segundo- Segundo-
Graduados 2º Sgt. 2º Sgt. Segundo-Sargento 2º Sgt.
Sargento Sargento
Terceiro- Terceiro-
3º Sgt. 3º Sgt. Terceiro-Sargento 3º Sgt.
Sargento Sargento
Cb. Cabo Cb. Cabo Cb. Cabo
Sd. Soldado MN Marinheiro Sd. Soldado

*Esses postos só existem em período de guerra.


(Fonte: Manual de Redação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais)

148
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

IV - PRONOMES DEMONSTRATIVOS
A função primeira dos pronomes demonstrativos é marcar a posição
espacial de um elemento qualquer em relação a uma das três pessoas do
discurso. Entretanto, ele pode situar um termo também no tempo ou no contexto.
1) Este (esta, estes, estas, isto)
a) Marca posição próxima da pessoa que fala (1ª pessoa):
Este ofício...
Este processo...
Este colega...
b) Refere-se ao lugar em que a pessoa está:
Esta secretaria...
Esta Seção de Revisão e Publicação de Acórdãos...
Este Tribunal Regional Eleitoral...
c) Indica um período de tempo presente, que ainda não terminou, um
mandato, uma gestão, etc.:
Este governo...
Esta administração...
d) Identifica, numa oração, o termo mais próximo:
São dois servidores do TRE, José e Antônio; este (Antônio) trabalha
na Secretaria de Administração, e aquele (José), na Secretaria
Judiciária.
e) Faz referência àquilo que vai ser dito posteriormente:
Todos aceitam esta pressuposição: que a felicidade é proporcional
ao otimismo.
2) Esse (essa, esses, essas, isso)
a) Marca posição próxima da pessoa com quem se fala (2ª pessoa):
Por favor, traga-me esse livro.
b) Marca um tempo proximamente anterior ao ato da fala:
Há quinze dias começaram os combates. Nessa época ninguém
previa o que está ocorrendo hoje.
c) Faz referência àquilo que já foi dito no discurso:
Todos acham que a mecanização vai trazer ao homem mais conforto
e felicidade. Isso é transparentemente falso.
3) Aquele (aquela, aqueles, aquelas, aquilo)
a) Marca posição distante da pessoa que fala e da que ouve:

149
Manual de Redação

Visitar aquela cidade européia é o sonho de muitos de nós, aqui do


Brasil.
b) Marca um tempo remotamente anterior ao ato da fala:
Naquelas eleições de 2002, as urnas eletrônicas não deram
problema.
c) Identifica, numa oração, o termo mais distante:
São dois servidores do TRE, José e Antônio, este (Antônio) trabalha
na Secretaria de Administração, e aquele (José), na Secretaria
Judiciária.

Observação: Sobre o emprego do pronome demonstrativo mesmo, ver


Capítulo XIII.

V - PRONOMES RELATIVOS
São pronomes relativos aqueles que recuperam um termo antecedente,
dando início a uma nova oração no período (oração subordinada adjetiva).
Funcionam, portanto, como conectivos entre orações e têm, juntamente com as
preposições e conjunções, fundamental importância como instrumentos de
coesão. São eles:
1) Que
É o relativo que mais usamos. Emprega-se tanto para antecedente pessoa
quanto coisa:
A eleição, que ele ganhou, levou-o a viajar sempre para Brasília
(antecedente: eleição).
O candidato, que o partido escolheu na convenção, tem pequena
chance de ser o eleito pelo povo (antecedente: candidato).

Observação 1: Em certos casos, conforme a regência, é necessário


antepor uma preposição ao pronome relativo:
A eleição, de que lhe falei, foi tumultuada, com inúmeros incidentes.
Observação 2: Para verificar se o que é mesmo pronome relativo, e não
conjunção ou outra classe, basta confirmar se é substituível por qual:
A eleição, de que lhe falei, foi tumultuada, com inúmeros incidentes.
A eleição, da qual lhe falei, foi tumultuada, com inúmeros incidentes.
Observação: Se o antecedente é pessoa, também se emprega o pronome
quem.
O candidato, de quem falávamos, ganhou a eleição.

150
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

2) Qual
a) Emprega-se no lugar do que e se refere a um antecedente substantivo:
O candidato, o qual venceu a eleição pelo partido, resolveu se
desincompatibilizar após alguns meses de mandato.
b) É indicado o seu uso:
b.1) para evitar ambiguidade (porque varia para concordar com o
antecedente):
Encontrei o cabo eleitoral da candidata que falava muito nos
comícios (quem falava muito?).
Encontrei o cabo eleitoral da candidata a qual falava muito nos
comícios (antecedente: candidata). Ou
Encontrei o cabo eleitoral da candidata o qual falava muito nos
comícios (antecedente: cabo eleitoral).
b.2) com as preposições sem e sob e preposições não monossilábicas:
O partido optou por uma campanha agressiva, sem a qual não
teria vencido as eleições.
Gastou muito na campanha eleitoral, durante a qual houve
vários incidentes.
b.3) com valor de parte do antecedente:
Foram inúmeros os candidatos, alguns dos quais não tinham a
mínima chance de ganhar as eleições.
3) Onde
Emprega-se exclusivamente quando o antecedente é lugar:
A apreensão se deu na sede do partido, onde os candidatos faziam
propaganda eleitoral extemporânea.

Observação 1: O pronome relativo onde pode aparecer sem antecedente;


nesse caso, trata-se de “relativo indefinido locativo” e dá início a oração
justaposta:
Onde se trata de política, deve-se tratar também de moralidade.
Observação 2: É inadequado o emprego do onde quando a ideia é de
tempo:
Impróprio: O candidato falou aos seus eleitores antes do lançamento
da campanha, onde detalhou suas metas.
Adequado: O candidato falou aos seus eleitores antes do lançamento
da campanha, quando detalhou suas metas.

151
Manual de Redação

Observação 3: O pronome onde poderá ou não ser precedido de


preposição, conforme o verbo a que se refere:
Conheço a cidade aonde irá, na próxima semana, para aplicar
treinamento de mesários.
Conheço a cidade onde você tem domicílio eleitoral.

Observação 4: Sobre o advérbio onde, ver o Capítulo XIII.

4) Quanto
Emprega-se com os antecedentes tudo, todas, todo, com os quais concorda:
Tudo quanto foi feito na defesa do representado resultou em esforço em
vão.
5) Como
Emprega-se com antecedente sinônimo de modo:
Gosto da maneira como aquele advogado atua.

Observação: Sobre o emprego do pronome relativo cujo, ver Capítulo XIII.

152
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

153
Manual de Redação

Capítulo XIII
PARTICULARIDADES LÉXICAS E GRAMATICAIS
A seguir, são destacadas algumas expressões cujo emprego apresenta
especificidades a serem analisadas. Mais uma vez, o suporte básico utilizado foi
o manual do TSE, entretanto se recorreu ainda a outros manuais e dicionários.
Também nesse tópico o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - Volp -,
em sua edição atualizada após o novo Acordo Ortográfico, teve alguma
repercussão21.

À custa de/às custas de


À custa de - à força de, a poder de, com o emprego de:
Eles vivem à custa de muito trabalho.
Às custas de - a expensas de:
Foram eleitos às custas dos cofres públicos.

Observação: Embora legítima a variante às custas de no sentido de a


expensas de, é preferível usar a forma a expensas de, visto que custas
isoladamente designa despesas feitas em processo judicial.

A expensas de/às expensas de


Ambas as expressões significam à custa de:
Viajava a expensas (ou às expensas) do sogro.

À medida que/na medida em que


À medida que - à proporção que, ao passo que, conforme:
O resultado da pesquisa mudava à medida que se aproximava a
eleição.
Na medida em que - porque, porquanto, uma vez que, pelo fato de que,
tendo em vista que:
As eleições foram um sucesso na medida em que o povo aprovou o
trabalho da Justiça Eleitoral e o resultado das urnas.

Observação: A norma culta não agasalha as formas à medida em que e na


medida que.
21Há inovações neste capítulo cuja fonte apontada foi Houaiss; nesses casos, vale conferir a
versão eletrônica, mais atualizada: DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS da Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2009, CD-rom versão 1.0, para Windows.

154
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

A olhos vistos
A olhos vistos - a toda a evidência, visivelmente, claramente refere-se a
nomes femininos e masculinos:
Esta propaganda contraria a resolução a olhos vistos.

A partir de
A partir de - a começar de, a datar de:
Esta resolução entra em vigor a partir da data de sua publicação.
A partir de - com base em: é preferível evitar. Usar: considerando,
baseando-se em, tomando-se por base:
A decisão foi prolatada baseando-se em jurisprudência.

A princípio/em princípio
A princípio - no começo, inicialmente:
A princípio ninguém acreditava que o candidato seria eleito.
Em princípio - antes de qualquer consideração, de maneira geral, em
tese:
Em princípio toda lei visa ao bem comum.

Observação: A expressão no princípio é sinônima de a princípio.

Abaixo-assinado/abaixo assinado
Abaixo-assinado - substantivo, refere-se a documento assinado por
várias pessoas, o qual contém reivindicação, pedido, manifestação de protesto
ou de solidariedade:
O diretor deferiu o pedido constante do abaixo-assinado.
Abaixo assinado - refere-se à pessoa que assina abaixo:
Os eleitores, abaixo assinados, solicitamos uma resposta desse
órgão público.

Observação: Plural: abaixo-assinados; abaixo assinados.

Adequar
Verbo já registrado como regular, e não defectivo, cf. Houaiss (2009):
adéquo, adéquas, adéqua, adequamos, adequais, adéquam.
Observação: “Modernamente, as formas rizotônicas ocorrem também com
a tonicidade na vogal - u - 'adequo, adequas, adequa', etc.” (HOUAISS,
2009.)

155
Manual de Redação

Afim/a fim de
Afim/afins - que tem afinidade, parentesco ou semelhança:
Ele se tornou inelegível por ser parente afim do Governador.
A fim de - com vistas a, para, para que:
O Juiz pediu vista do processo a fim de examiná-lo.

Afinal/a final
Afinal - por fim, finalmente, afinal de contas:
O edital do concurso demorou, mas afinal foi publicado.
A final - ao fim:
Após a oitiva de novas testemunhas, a Juíza, a final, prolatou a
sentença.

Observação: A expressão a final tem mais uso em Direito Processual na


acepção de ato que deve ser cumprido ao fim ou ao termo de outro ou
outros atos.

Ambos
Ambos - quando se refere aos dois de quem se fala:
Ambos compareceram ao julgamento.

Observação: É inadequado o emprego de ambos para casos em que


ocorre oposição entre os seres representados. Assim:
As duas partes chegaram a um entendimento no processo
(e não ambas as partes chegaram a um entendimento).

Ao encontro de/de encontro a


Ao encontro de - em favor de, na direção de:
Suas ideias vão ao encontro das minhas (reforçam as minhas).
De encontro a - contra, na direção contrária:
Seu argumento vai de encontro ao meu (é oposto ao meu).

Ao invés de/em vez de


Ao invés de - ao contrário:
A bolsa de valores, ao invés de subir, desce.
Em vez de - no lugar de:
Ajuíza o processo na Justiça Eleitoral em vez de fazê-lo na Justiça
comum.

156
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Ao nível de/em nível de


Ao nível de - à mesma altura:
A cidade está ao nível do mar.
Em nível de - na instância, no plano:
O assunto será decidido em nível de diretoria.

Observação: Evita-se o emprego de a nível de por tratar-se de modismo.

Aresto/arresto
Aresto - acórdão:
O aresto do recurso já foi publicado.
Arresto - medida preventiva que consiste na apreensão judicial dos bens
do devedor, a fim de garantir a futura cobrança da dívida; embargo:
O arresto dos imóveis do Prefeito foi determinado pelo Juízo de 1º
grau.

Através de
Através de - por entre, de um lado para o outro, de lado a lado, no
decurso de:
O eleitor assistiu ao comício através da janela.
Através de - por intermédio de, por meio de, mediante:
Soube a notícia através da imprensa.
Conseguiu emprego através de primo influente.

Observação: Modernamente é legítimo o emprego da locução com o


significado de por intermédio de, por meio de e mediante.

Bastante
Bastante - advérbio, é invariável, modifica o verbo ou o adjetivo, da
mesma forma que muito, mas com menos intensidade que este:
Os candidatos se esforçaram bastante para terem a preferência dos
eleitores.
Bastante - muito, pronome indefinido adjetivo, ou suficiente, adjetivo;
concorda com o substantivo:
As evidências são bastantes para fundamentar o pedido de
arquivamento do processo.
Não foram apresentadas provas bastantes para condenar o
recorrente.

157
Manual de Redação

Candidato (a/s)
Candidato(a/s) - rege, de preferência, nome no singular:
Há excelentes candidatos a Vereador neste pleito.
Havia inúmeras candidatas a Deputado.
A Dra. Maria é candidata a Desembargador no Tribunal de Justiça.

Observação: Nos dois últimos exemplos, é a ideia de cargo ou função que


predomina.

Cerca de/acerca de
Cerca de - aproximadamente, perto de, mais ou menos:
Cerca de mil eleitores compareceram à revisão eleitoral.

Observação: A locução cerca de pode vir precedida da preposição a ou da


forma verbal há.
Ele falou a cerca de mil ouvintes (= para cerca de mil ouvintes).
O Juiz aposentou-se há cerca de dois meses (= faz aproximadamente).
A Zona Eleitoral fica a cerca de vinte quilômetros da sede do Tribunal (=
a uma distância aproximada).
Acerca de - sobre, a respeito de, em relação a:
Falaram horas a fio acerca da urna eletrônica.

Certo/tal/outro
Os pronomes (certo, tal, outro, etc.) prescindem do artigo indefinido:
Depois de certa hora, não o encontramos no Tribunal (e não uma
certa hora).

Como sendo
A expressão como sendo é desnecessária neste caso:
Julgam-na a pessoa mais indicada para o cargo (em vez de
Julgam-na como sendo a pessoa mais indicada para o cargo).

Conhecer do recurso
O verbo conhecer, no seu sentido jurídico, é transitivo indireto, cf.
Houaiss (2009): “22.1 t.i JUR tomar (o juiz) conhecimento de uma causa,
acolhendo-a por ser competente para julgá-la. 22.2 t.i JUR tomar (o juízo
superior) conhecimento de um recurso interposto”:
Não se conheceu do recurso (em vez de O recurso não foi
conhecido).

158
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Consiste em/consiste de
Esse verbo se constrói com a preposição em (e não de):
Uma coligação consiste na aliança entre partidos para alcançar o fim
de participação no governo.

Correcional
Deram por encerrados os trabalhos correcionais (em vez de
correicionais).

Cujo/cuja
A norma padrão não acolhe o emprego do pronome relativo que
precedido de preposição de como adjunto adnominal para indicar posse em
lugar de cujo:
O autor cujo livro todos conhecemos (em vez de O autor de que
todos conhecemos o livro).
Constituem impropriedades o emprego de cujo precedido ou seguido de
artigo e, consequentemente, de crase:
Citamos as obras de cujos autores nos esquecemos (em vez de
cujos os autores).
Este é o escritor a cuja obra te referiste (em vez de à cuja obra te
referiste).

Custar
Custar - ser doloroso, penoso, é transitivo indireto, usa-se apenas na 3ª
pessoa do singular, e o seu sujeito é sempre uma oração:
Custou aos peritos analisar o documento (em vez de Os peritos
custaram a analisar o documento).
Custou-lhe aceitar a derrota nas urnas (em vez de Ele custou a
aceitar a derrota nas urnas).
Custar - acarretar, causar, rege a preposição a:
A derrota nas urnas da última eleição custou a ele (ou custou-lhe)
muito sofrimento.

De maneira que (a)/de modo que(a)/de forma que(a)


Constitui impropriedade pôr no plural o substantivo dessas locuções:
Saiu tão apressadamente de maneira que não pude entregar-lhe o
Código Eleitoral (e não de maneiras ou de modos que).

159
Manual de Redação

De o(a)/de ele(a)
Autores modernos sugerem a combinação da preposição com o núcleo
do sujeito, o que ainda não é unanimemente aceito pelos gramáticos:
É hora DE ELE entrar ou É hora DELE entrar.
A construção mais aceita é:
É tempo DE O povo exigir melhores candidatos (em vez de É tempo
DO povo exigir melhores candidatos).

Demais/por demais/de mais/demais disso/ademais


Demais - excessivamente:
O candidato pichou o muro demais.
Demais - os outros, os restantes:
Votaram de manhã mil eleitores, os demais votaram à tarde.
Por demais - em demasia:
A palestra deixou-a por demais satisfeita.
De mais - a mais, o oposto é de menos:
No troco, ela recebeu dez reais de mais.
Demais - demais disso, ademais; além disso:
O recurso é intempestivo; demais disso o partido, uma vez coligado,
não tem legitimidade recursal.

Dentre/entre
Dentre - de + entre; do meio de:
As propagandas extemporâneas daqueles candidatos surgiram no
estádio, dentre os torcedores.
Dentre os processos para julgamento hoje, foram retirados de pauta
dois.
Entre - preposição usada para significar entre uma coisa e outra:
A idade dos eleitores variava entre 17 e 80 anos (preferível a A idade
dos eleitores variava entre 17 a 80 anos).

Observação: Normalmente emprega-se dentre com verbos que indicam


movimento, como sair, surgir, retirar, etc., regidos de preposição de.

Deputado por
Ele é Deputado por Minas Gerais (em vez de: Ele é Deputado de Minas
Gerais).

160
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Devido a
Não se usa nessa acepção a palavra devido sem a preposição a:
O servidor se atrasou devido ao acidente de trânsito (e não devido
o).

Dia a dia
A nova reforma ortográfica consigna a forma dia a dia tanto como locução
adverbial (dia após dia, diariamente) quanto como substantivo (a atividade ou
rotina diária, o viver cotidiano):
O TRE implementa dia a dia melhores condições de trabalho para os
servidores.
O dia a dia da Justiça Eleitoral em períodos de eleições é marcado
por intensa movimentação de eleitores nos cartórios.

É de/ é de se
Quando de + infinitivo equivaler a um adjetivo, não se usa o pronome se:
É de esperar (esperável) que eles venham.
Não é de crer (crível) que isso tenha acontecido.
Essas imposições não são de tolerar (toleráveis).
Quando não é possível substituir de + infinitivo por um adjetivo, usa-se o
pronome se:
É de se perguntar por que os prazos não foram cumpridos.

Eis que/de vez que


Recomenda-se evitar o emprego destas fórmulas em relação de
causalidade, por não serem locuções legítimas:
O Relator conheceu do recurso, uma vez que tempestivo (em vez de
eis que tempestivo).
Foi condenado ao pagamento de multa, porquanto infringiu a lei (e
não de vez que).

Em face de/face a
Preferível em face de, uma vez que a expressão face a é pouco tolerada
entre os gramáticos:
Em face do ocorrido teve seu pedido de registro indeferido.

161
Manual de Redação

Embora que/enquanto que/talvez que, etc.


Recomenda-se evitar o que junto a advérbio que funciona como adjunto
adverbial por si só:
Enquanto ele atendia o eleitor, ela providenciava a certidão de
quitação eleitoral (em vez de enquanto que).

Grosso modo
Essa expressão não é empregada com preposição:
A nova reforma ortográfica exigirá, grosso modo (e não a grosso
modo), R$... das editoras para atualização de dicionários.

Há de/há de se/há que


Há de é usado em expressões como há de haver, há de existir, etc.,
formando tempos compostos do futuro:
Há de haver ainda outros concursos.
Há de se equivale a deve-se, é necessário:
Há de se considerar que os depoimentos são contraditórios.
Há de se concluir que não houve prova do alegado.
Há que (sem o pronome se) também equivale a deve-se, é necessário e,
ainda, a é possível:
Há que mencionar primeiramente o objetivo da reunião.
Não há que falar em intempestividade do recurso.

Observação: Nesse segundo exemplo, o que se interpôs entre a forma do


verbo haver e o infinitivo como elemento expletivo, de realce, pois
adequado também é dizer Não há falar em intempestividade do recurso, no
sentido de não ser possível.

Há/a (tempo)
Estamos a dois meses da segunda audiência (a audiência é evento
futuro).
A audiência foi há três meses (a audiência é evento passado).
O fato ocorrera a duas semanas da eleição (a eleição é evento futuro em
relação ao fato).
O fato ocorrera há duas semanas da eleição (a eleição é evento passado
em relação ao fato).

162
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Haja vista
É legítimo o emprego de haja vista + preposição (a, de) mantendo o
verbo no singular:
O servidor está bastante qualificado, haja vista aos inúmeros cursos
que tem feito;
ou haja vista dos inúmeros cursos que tem feito.
Também é próprio o emprego de haja vista sem preposição seguinte e
com o verbo invariável:
Haja vista as novas razões do recorrente.

Observação 1: Apesar de registros de hajam vista seguido de artigo no


plural (Hajam vista as novas razões do recorrente.), neste manual,
recomenda-se manter invariável a expressão haja vista, qualquer que seja
o número do substantivo seguinte.
Observação 2: É impróprio usar haja visto.

Jornal
A publicação no jornal “A semana”...
A publicação no “Jornal do Brasil”...

Observação: Emprega-se a palavra jornal, quando fizer parte do nome do


periódico, entre aspas e com o j maiúsculo.

Mais bem/mais mal


Deve-se empregar a expressão mais bem ou mais mal antes de
particípio, constituindo impropriedade o uso de melhor e pior nesse caso:
A sua argumentação foi mais mal construída do que a dele.
A campanha do candidato vencedor foi mais bem conduzida do que
a dos demais.

Mandado/mandato
Mandado (ordem ou determinação imperativa):
A Juíza não expediu nenhum mandado de prisão nestas eleições.
Mandato (autorização dada a outrem, delegação, poderes políticos
outorgados pelo povo a um cidadão):
No exercício de seu mandato, o Deputado cumpriu todas as
promessas de campanha.

163
Manual de Redação

Mesmo(a/s)
Empregado como pronome demonstrativo (idêntico, próprio, em
pessoa):
O candidato tinha a mesma postura de sempre.
O partido mesmo fez a denúncia.
Empregado como substantivo (exclusivamente se significar a mesma
coisa):
O parecer aponta o mesmo.
Empregado como advérbio (realmente, até, ainda, justamente):
O processo eleitoral foi mesmo um sucesso.
Mesmo o advogado admitiu o erro.

Observação: Apesar de recorrente, constitui inadequação o emprego do


demonstrativo mesmo em substituição a outros pronomes ou a substantivo:
O mesmo se dirigiu ao Desembargador.
Levarei os mesmos ao Tribunal.
Em vez disso, prefira-se:
Ele se dirigiu ao Desembargador.
Eu os levarei ao Tribunal.

No momento em que/na hora em que/no instante em que


Na norma padrão, constitui impropriedade omitir a preposição em dessas
expressões.

No que concerne/pertinente
No que concerne (quanto a, no que toca a, a respeito de, no que se refere
a):
No que concerne à preliminar suscitada nos autos, estou de acordo
com o Relator (em vez de No que pertine à...)
Pertinente (oportuno, procedente, respeitante, importante):
Sendo pertinente a argumentação do Relator, estou de acordo com
Sua Excelência.

Observação 1: Não há registro do verbo pertinir nos dicionários. Há


somente registros do substantivo pertinência e do adjetivo pertinente.
Portanto, é considerada imprópria a forma no que pertine.

164
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

O referido
Constitui impropriedade omitir o artigo definido antes das palavras dito,
referido, mencionado:
O referido recurso foi interposto dentro do prazo (e não referido
recurso...).

Oficiar
Verbo transitivo indireto, cf. Hoauiss: “3. t i JUR dirigir um ofício
(comunicação)”:
Determinamos que se oficiasse ao partido, a fim de que fossem
cumpridas as diligências apontadas (em vez de: Determinamos que
fosse oficiado o partido, a fim de que fossem cumpridas as
diligências apontadas).

Onde
Trata-se de advérbio comumente usado de modo equivocado, uma vez
que se aplica exclusivamente a situações textuais que se refiram a lugar:
O tumulto se deu na zona eleitoral onde voto (onde= lugar em que).

Usar:
A questão preliminar recai sobre a resolução em que se pretende ter havido
violação de competência.
Em vez de:
A questão preliminar recai sobre a resolução onde se pretende ter havido
violação de competência (resolução não é lugar).

Opor embargos ao acórdão/à sentença


Opor é verbo transitivo direto e indireto, cf. Houaiss (2009), de uso
apropriado para o sentido jurídico: “JUR oferecer (embargo, recurso, etc.) em
Juízo.”:
O embargante opôs embargos ao acórdão; em vez de: O
embargante apresentou (não tem sentido jurídico) embargos contra
o acórdão.

Observação: Opor é sempre contra (cuidado com a redundância!). Apor é


aplicar, pôr junto.

165
Manual de Redação

Posto que
Expressão elegante que significa embora, ainda que, se bem:
O candidato perdeu a eleição, posto que tivesse obtido expressiva
votação.

Observação: Embora comum, é impróprio o uso como causal. Assim, é


preferível: As contas foram aprovadas, porque não apresentaram
irregularidades (em vez de: As contas foram aprovadas, posto que não
apresentaram irregularidades).

Qual seja/quais sejam


O pronome relativo concorda com o termo antecedente, e o verbo, com o
sujeito. Assim:
Na sessão foram julgados os dois agravos, quais sejam o do
recorrente e o do recorrido.
Na sessão foi julgado um agravo, qual seja o do recorrido.

Observação: Não se usa vírgula após essas expressões.

Se não/senão
Se não - caso não, exprime alternativa ou incerteza:
Comprarei dois ventiladores, se não três.
Senão - do contrário:
Fique calado, senão será repreendido.
Senão - a não ser:
Ele nada fazia senão chorar.

Observação: Após pausa enfática, escrever senão, com vírgula:


Lute: senão, está perdido.

Sobrestar
Esse verbo é derivado de estar e por ele se conjuga.

Suso
Advérbio de uso antigo que significa antes:
O artigo suso mencionado já havia sido aplicado na argumentação
anterior.

166
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Observação: Este manual não recomenda o uso de tal advérbio.


Atualmente o Volp registra somente o composto susodito.

Subsumir
Subsumir, segundo Aurélio, é verbo transitivo direto: “Filos. 1.Conceber
(um indivíduo) como compreendido numa espécie. 2.Conceber (uma espécie)
como compreendida em um gênero. 3.Considerar (um fato) como aplicação de
uma lei”. Conjuga-se como o verbo sumir (eu subsumo, tu subsomes, ele
subsome, nós subsumimos, vós subsumis, eles subsomem).

Observação: A conjugação registrada no Houaiss eletrônico é a seguinte:


(eu subsumo, tu subsumes, ele subsume, nós subsumimos, vós subsumis,
eles subsumem).

Tampouco/tão pouco
Tampouco não tem equivalência com tão pouco, mas significa também
não:
A maioria dos candidatos a Prefeito não conseguem cumprir as
promessas de campanha, e os candidatos a Governador, tampouco.

Tão só/tão somente


De acordo com a nova reforma ortográfica, essas expressões
prescindem de hífen.

Ter/haver
Deve-se evitar o emprego de ter significando haver:
Naquele município há vereadores demais (e não tem).

Todas as vezes que


Todas as vezes que o vi, não o reconheci.

Observação: Constitui impropriedade o emprego da preposição em antes


do que dessas expressões.

Viger
Verbo defectivo. Significa vigorar, estar em vigência.
Esta resolução continua vigendo (e não vigindo).
A medida provisória vigeu ano passado, mas não vige mais.
Observação: Conjuga-se apenas nas formas em que ao g se segue e.
167
Manual de Redação

Vislumbrar
Significa ver parcialmente, fracamente, indistintamente. Daí por que
constitui impropriedade vocabular o emprego desse verbo com o sentido de
verificar, observar, ver, comprovar: Não cabe, portanto: Às fls. 23/27,
vislumbram-se documentos juntados.

Vultoso/vultuoso
Vultoso (que faz vulto, volumoso, importante, muito grande):
O candidato gastou vultosa soma em sua campanha.
Vultuosa (aspecto da face congestionada):
Após o acidente, ficou com a face vultuosa.

168
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

169
Manual de Redação

Capítulo XIV
VÍCIOS DE LINGUAGEM
Para o gramático e filólogo Napoleão Mendes de Almeida, vícios de
linguagem são “palavras ou construções que deturpam, desvirtuam ou dificultam
a manifestação do pensamento”. Também é possível considerar que se trata de
desvios das normas gramaticais que levam à produção de estruturas textuais
circulares (sem linearidade, não organizadas com delimitação de início, meio e
fim), com pouca chance de atingir eficazmente o objetivo de comunicar e em
desconformidade com o que estabelece o padrão culto.
As impropriedades mais comumente encontradas na construção de
frases são referentes a ambiguidade, falsos paralelismos, inadequações de
comparação, de concordância e de regência, o que prejudica o texto
especialmente quanto à clareza.

I - INADEQUAÇÕES DE CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA


A não observação das normas de concordância e regência é um dos
grandes responsáveis por equívocos na interpretação das mensagens. Não
vamos aqui nos estender, uma vez que cada assunto já foi tratado em capítulo
próprio, mas tão somente alertar o usuário deste manual para a sua relevância,
sobretudo em relação a estruturas mais complexas.
Mais uma vez vale ressaltar: clareza e concisão nascem em cada frase,
em cada oração. Para lhes garantir esse nascimento, é fundamental estabelecer
adequadamente as relações entre os termos, definindo-lhes a hierarquia e o
papel na oração, harmonizando-os de tal sorte que cada um respeite os próprios
limites e possibilidades.

II - INADEQUAÇÕES DECORRENTES DA FALTA DE PARALELISMO


Ideias similares devem ser apresentadas numa forma gramatical idêntica
(GUEDES e MORENO, 1997). É o que se denomina paralelismo sintático. Para
Houaiss (2009), é a “sequência de frases com estruturas gramaticais idênticas”.
O emprego do paralelismo é o mais eficaz recurso para preservar a
clareza e a correção gramatical. Ao se organizarem de modo uniforme os termos
e orações com funções iguais, facilita-se, por sua vez, a organização do
pensamento do leitor, direcionando-o a captar corretamente as relações
existentes no texto. Dessas noções, infere-se que um verbo deve estar em
paralelismo com outro verbo (uniformidade do tempo e do modo verbais); um
substantivo, com outro substantivo; uma oração, com outra oração; e assim
sucessivamente.
170
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

A seguir são apresentadas algumas das impropriedades mais comuns


nesse aspecto.
1) Duas estruturas diferentes para ideias equivalentes:
a) Impróprio:
Foi determinado à Secretaria Judiciária agilizar a publicação dos
acórdãos e que elaborasse um projeto de otimização dos trabalhos.
b) Apropriado:
Foi determinado à Secretaria Judiciária que agilizasse a publicação
dos acórdãos e (que) elaborasse um projeto de otimização dos
trabalhos.
Foi determinado à Secretaria Judiciária agilizar a publicação dos
acórdãos e elaborar um projeto de otimização dos trabalhos.
2) Coordenação de orações (neste caso, reduzidas de infinitivo) com palavras
isoladas (substantivos, adjetivos, etc.):
a) Impróprio:
A candidata aparentava ter desprendimento, tranquilidade, não ser
insegura, agilidade e ter preparo técnico.
b) Apropriado:
A candidata aparentava desprendimento, tranquilidade, segurança,
agilidade e preparo técnico.
A candidata aparentava ter desprendimento e tranquilidade, ser
segura, ágil e tecnicamente preparada.
3) Mau posicionamento ou ausência de paralelismo no emprego das
conjunções alternativas ou...ou, ora...ora, seja...seja, quer...quer..., etc.:
a) Impróprio:
Ou o administrador assina novo contrato, ou nova licitação aberta.
Quer chova ou faça sol, ela corre no parque.
b) Apropriado:
O administrador ou assina novo contrato, ou abre nova licitação.
Quer chova, quer faça sol, ela corre no parque.
Ou sai, ou fica.
Sai, ou fica.
Quero isto ou aquilo.
Ora estuda, ora trabalha.
Quer queira, quer não, a vacinação infantil é necessária.
A lei deve atingir a todos, seja rico, seja pobre.

171
Manual de Redação

4) Ausência de paralelismo entre as expressões correlativas: não só... mas


(como) também; tanto... quanto, etc.:
a) Impróprio:
A empresa foi punida não só por estar em débito com o fisco, mas
também pelo oferecimento de propina ao agente público.
b) Apropriado:
A empresa foi punida não só por estar em débito com o fisco, mas
também por oferecer propina ao agente público.
5) Formas paralelas para ideias de hierarquia diferente (por exemplo, cidade e
estado ou cidade e pessoa num mesmo nível):
a) Impróprio:
O Papa visitou São Paulo, Fortaleza, Natal e o Presidente da
República.
b) Apropriado:
O Papa visitou São Paulo, Fortaleza e Natal. Em São Paulo,
encontrou-se com o Presidente da República.
6) Falta do paralelismo lógico:
a) Impróprio:
O Ministro reconhece que os projetos de aceleração do crescimento
não andam no Congresso Nacional por esbarrarem em interesses
maiores que a base aliada.
b) Apropriado:
O Ministro reconhece que os projetos de aceleração do crescimento
não andam no Congresso Nacional por esbarrarem em interesses
maiores que os da base aliada.
7) Emprego inadequado da expressão e que em oração de período que não
contenha o pronome relativo que na oração anterior:
a) Impróprio:
O partido governista negou interesse na reeleição do Presidente e
que o governo esteja sem rumo.
b) Apropriado:
O partido governista negou que tivesse interesse na reeleição do
Presidente e que o governo esteja sem rumo (estrutura oracional).
O partido governista negou interesse na reeleição do Presidente e
falta de rumo no governo (estrutura nominal).

172
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

8) Falta de paralelismo nominal e verbal entre as disposições dos incisos, das


alíneas e dos itens de uma enumeração num texto legal:
a) Impróprio:
Art. 13. É da competência exclusiva da Comissão:
I - resolver definitivamente sobre a denúncia;
II - autorizar o afastamento do servidor;
III - aprovação de matéria (...).
b) Apropriado:
Art. 13. É da competência exclusiva da Comissão:
I - resolver definitivamente sobre a denúncia;
II - autorizar o afastamento do servidor;
III - aprovar matéria (...).

III - INADEQUAÇÕES DE COMPARAÇÃO


É comum, na linguagem oral, a omissão de termos que podem ser
facilmente subentendidos pelo contexto linguístico ou pela situação. Entretanto,
a ausência de um vocábulo pode prejudicar o verdadeiro sentido da frase. Por
isso, na linguagem escrita, deve ser evitada a supressão de certos termos,
especialmente nas comparações, sob pena de comprometer a clareza, como no
exemplo a seguir.
1) Impróprio:
O valor da aposentadoria de um celetista é menor do que um
servidor público.
2) Apropriado:
O valor da aposentadoria de um celetista é menor do que o valor da
aposentadoria de um servidor público.
O valor da aposentadoria de um celetista é menor do que o de um
servidor público.

IV - AMBIGUIDADE ou ANFIBOLOGIA
É o vício de construção da frase que faz com que ela apresente dois
sentidos diversos. Trata-se de uma construção ruim da frase, que pode gerar
equívocos na sua compreensão. Decorre comumente das dificuldades de
identificação dos termos relacionados ao sujeito e ao objeto da oração e dos
termos a que se refere um pronome pessoal, possessivo ou relativo.
A seguir, são apresentadas construções que exemplificam ambiguidade.

173
Manual de Redação

1) Dúvida sobre se o(s) termo(s) se refere(m) ao sujeito ou ao objeto


a) Construção ambígua:
De pé na tribuna, João viu Paulo.
Quem estava de pé na tribuna?
b) Construções claras:
João viu Paulo, que estava sentado na varanda.
João, que estava de pé na tribuna, viu Paulo.
2) Dúvida sobre a que termo se refere o pronome pessoal
a) Construção ambígua:
O Diretor comunicou a seu secretariado que ele seria exonerado.
Quem seria exonerado?
b) Construções claras:
O Diretor comunicou a exoneração dele a seu secretariado.
O Diretor comunicou a seu secretariado a exoneração deste.
3) Dúvida sobre a que termo se refere o pronome possessivo
a) Construção ambígua:
Tenha cuidado com o seu cliente e tire suas dúvidas.
Dúvidas de quem?
b) Construções claras:
Tenha cuidado com o seu cliente e tire as dúvidas dele.
Tenha cuidado com o seu cliente e tire-lhe as dúvidas.
4) Dúvida sobre a que termo se refere o pronome relativo
a) Construções ambíguas:
Uma herança honrada de avós, que era preciso salvar.
Salvar a herança ou os avós?
Estivemos na escola da cidade que foi fundada em 1856.
O que foi fundada: a escola ou a cidade?
b) Construções claras:
Uma herança honrada de avós, a qual era preciso salvar.
Uma herança honrada de avós, os quais era preciso salvar.
Naquela cidade, estivemos na escola que foi fundada em 1856.
Naquela cidade, que foi fundada em 1856, estivemos na escola.

174
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

5) Dúvida sobre a que termo se refere a oração reduzida


a) Construção ambígua:
Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o servidor.
Quem é o indisciplinado?
b) Construções claras:
O Chefe admoestou o servidor por ser este indisciplinado.
O Chefe, indisciplinado, admoestou o servidor.
6) Ambiguidade causada por pontuação
a) Construção ambígua:
Só você não sairá de casa (somente ou sozinho?).
b) Construção clara:
Só, você não sairá de casa (sozinho).

V - CACOFONIA
É o som desagradável (de torpeza, de imundície ou de simples
desagrado) formado por qualquer sequência silábica entre vocábulos. Citam-se
comumente como exemplos: ela tinha, uma mala, boca dela, nosso hino, por
cada.
Embora, por vezes, constitua exagero e infundado escrúpulo afirmar a
existência de torpeza e imundície no som derivado de certas sequências,
recomenda-se que, na medida do possível e do razoável, evite-se o emprego de
expressões ou palavras que confiram a possibilidade de extração de duplo
sentido a partir do texto. Diante disso, apontam-se como impróprias as
construções que se seguem.
1) Impróprio:
Segura-o com uma mão;
Na ata falta...
A tensão na votação...
2) Apropriado:
Segura-o com uma das mãos;
Na ata omitiu-se...
A tensão no momento em que se votava...

VI - BARBARISMO
Qualquer desvio que se comete contra a palavra. É o mau emprego de
palavras por: inadequações de sentido, flexão, acentuação ou pronúncia ou,
ainda, por estranheza ou desnecessidade.
175
Manual de Redação

Para fugir do barbarismo, ao redigir, deve-se, tanto quanto possível:


1) evitar trocas na grafia e na sonoridade das palavras:
a) Impróprio:
ância; rúbrica.
b) Apropriado:
ânsia; rubrica.
2) observar as devidas flexões:
a) Impróprio:
cidadões; proporam.
b) Apropriado:
cidadãos; propuseram.
3) substituir os estrangeirismos por expressões aportuguesadas, limitando-os
aos de uso consagrado:
a) Evitar:
memorandum; hall; performance.
b) Adequado:
memorando; saguão; desempenho.
4) confirmar a necessidade da palavra para mantê-la no texto:
A beleza de tal paisagem era um colírio para os olhos.

VII - SOLECISMO
Qualquer desvio que se comete contra as regras da sintaxe:
inadequações de concordância, de regência ou de colocação (ver capítulos
próprios).

VIII - PRECIOSISMO ou ARCAÍSMO


É o emprego de palavras, expressões e construções antigas (arcaísmo;
expressões em desuso) ou inusitadas, excêntricas, rebuscadas, que tornam o
pensamento de difícil compreensão.
Uma demonstração caricaturada do prejuízo causado pelo arcaísmo à
nossa compreensão, não obstante a grandeza e o espírito divertido do poeta ao
falar de uma “sua” tragédia:
“Férula, ignara sorte
Solerte a garra adunca
Em minha vida estendeu!”
(Mário Lago, em “Caluda, tamborins”)

176
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Em palavras de sentido aproximado: Cruel, sorte rude estendeu ardilosa


a garra em forma de gancho em minha vida.

IX - REDUNDÂNCIA OU TAUTOLOGIA
Trata-se do emprego de palavras ou expressões diferentes para a
mesma ideia. A tautologia é, na retórica, expressão que repete o mesmo
conceito já emitido ou a mesma ideia citada sem aclarar ou aprofundar sua
compreensão.
O emprego é legítimo para efeito de ênfase. Entretanto, quando a
repetição é desnecessária, torna o texto enfadonho e pobre.
Alguns exemplos mais comuns: despesas com gastos, detalhes
minuciosos, completamente vazio, erário público, pequenos detalhes, a razão é
por que, certeza absoluta, juntamente com, a última versão definitiva, elo de
ligação, acabamento final, planejar antecipadamente, propriedade
característica, há anos atrás, fato real, multidão de pessoas, retornar de novo,
escolha opcional, continua a permanecer, possivelmente poderá ocorrer, etc.
1) Impróprio:
Todos os Juízes foram unânimes em apoiar o pedido da administração.
2) Apropriado:
Os Juízes foram unânimes em apoiar o pedido da administração.

177
Manual de Redação

Capítulo XV
NUMERAIS
Numeral é a palavra usada para designar a quantidade exata de seres ou
a posição que um ser ocupa em uma determinada série. Relaciona-se, portanto,
à ideia de número.
No que se refere à apresentação e ao emprego de numerais, como
ocorre com outras classes de palavras, é desejável uma certa uniformidade e
padronização, tendo em vista a necessidade de manter a fluidez do texto e a
organização das ideias. Desta forma, justifica-se a definição das regras e
convenções próprias ao seu uso, abaixo delineadas.
I - CARDINAIS
1) Escrevem-se por extenso:
a) até nove:
Seis juízes.
Nove eleitores.
b) no início de frases, em títulos e subtítulos:
Trinta e dois processos foram julgados ontem.
c) quando fazem parte de títulos de obras literárias e de expressões:
“As Mil e Uma Noites.”
É homem de mil e um afazeres.
d) quando substantivados:
Ele gosta de jogar vinte e um.
2) Escrevem-se com algarismos:
a) a partir de 10:
A coletânea tem 10 volumes.
A revista tem 45 páginas.
Este processo tem 12 volumes.
b) em medidas22:
190km
1.500m
Exceção: a palavra litro: 63 litros.

22Ver regra 3 do item III do Capítulo XVI.

178
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

c) em indicação de idade:
Crianças de 0 a 8 anos.
d) em datas:
1º/3/78; 15/12/96; 4/5/2008.
A reunião realizou-se no dia 10 de setembro de 1997.

Observação 1: Os anos, quando não integrados às datas abreviadas,


grafam-se com todos os algarismos, sem ponto nem espaço:
“Em 1987”, e não “Em 87”.
Observação 2: Em datas abreviadas, quando o ano for igual ou posterior a
2000, constam os 4 dígitos:
7/8/2009.

e) em porcentagens:
57%.
f) em representação de tempo (hora, minutos, segundos):
4h45min; 4 horas; 23 horas.
g) em documentos numerados:
Recurso Eleitoral nº 8/2009.
h) em tabelas e gráficos;
i) em numerais inteiros seguidos das palavras mil, milhão, bilhão, etc. e seus
plurais:
5 mil casas; 3 milhões de habitantes; 1 bilhão de pessoas.

Observação 1: Quando o numeral não é inteiro, escreve-se com


algarismos:
4.600.000 habitantes.
Observação 2: Milhão, bilhão, trilhão, etc. variam em número. MAS: 1,2
milhão.
Observação 3: Se o numeral é 1, escreve-se apenas a palavra mil:
Mil caixas; mil eleitores.

j) em indicação de valores monetários:


R$2.355,00; US$995,00.

179
Manual de Redação

Observação 1: Havendo concorrência das regras 1 e 2, devem-se utilizar


apenas algarismos:
Solicitou-se a aquisição de 20 livros, 4 mesas e 1 armário.
Observação 2: Em indicação de valores monetários, o número deve ser
grafado junto do cifrão.
Observação 3: Os grupos de três algarismos são separados por ponto:
2.450 votos.
Exceções: CEP 30410-140; Caixa Postal 1316; 2009 (data); p. 1342; placa
ANT-1794.
Observação 4: Em medidas, observem-se estes exemplos de escrita por
extenso:
70,25m (setenta metros e vinte e cinco centímetros).
27,68m² (vinte e sete vírgula sessenta e oito metros quadrados).
12,28km² (doze vírgula vinte e oito quilômetros quadrados).
Observação 5: Não se usa 0 (zero) antes de número inteiro, exceto na
indicação de dezenas de loterias, números de referência, prefixos
telefônicos e códigos de computador:
(031) 3334-2020; p. 463, e não p. 0463.
Observação 6: Na indicação de horário, não se abrevia a palavra horas
quando se tratar de número inteiro:
12 horas; 10 horas; 1 hora.
Nos demais casos, usam-se as abreviaturas h, min e s, sem espaço
entre os números e as abreviaturas:
12h15min; 19h30min25s.
Observação 7: É obrigatório o uso do artigo nas indicações de horários:
A jornada de trabalho vai das 12 às 18 horas.
Ele trabalha da 1 às 7 horas.
Às 14 horas chegou o Presidente.
Observação 8: Na frase “Ele trabalha de seis a oito horas diariamente”, não
se trata de horário, mas de número de horas trabalhadas.

180
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

II - ORDINAIS
1) Escrevem-se por extenso:
a) do primeiro ao nono:
Foi eleito para o segundo mandato.
É a oitava obra concluída.
Fulano, segundo recorrente, apresentou as alegações finais.
2) Escrevem-se com algarismos:
b) a partir do 10º:
O 10º voto decidiu a questão.
c) do 1º ao 9º, na seriação de artigos e parágrafos:
Art. 9º; § 6º; art. 1º, § 9º.
Observação: A partir de 10, usam-se cardinais:
Art. 10, § 14. Art. 10, § 10.
d) na numeração de andares de prédios, unidades militares, zonas eleitorais,
varas de Justiça, cartórios, competições, séries escolares, grau de
escolaridade:
8º andar; 136ª Zona Eleitoral; 4ª Vara de Família; 2º Cartório de
Protestos; Cartório do 1º Ofício de Notas; 12º Campeonato Brasileiro
de Futebol de Areia; 5ª série do Ensino Fundamental.
e) na indicação de colocação estatística:
Minas Gerais é o 1º produtor nacional de leite.
f) junto a nomes de cargos, à exceção de “Primeiro-Ministro”:
1º-Vice-Presidente da Assembleia Legislativa; 2º-Secretário.

Observação: Ainda quando em algarismos, os numerais ordinais


flexionam-se em gênero e número:
Recorrentes: 1ºs) Fulano de Tal e Partido Tal; 2ª) Sicrana de Tal
(este é o caso das apresentações dos dados nos cabeçalhos dos
documentos anexados aos autos e extratos das atas).

g) junto da designação de instância, vara, juízo:


1ª instância; 2ª Vara de Família; Juízo de 1º grau.

181
Manual de Redação

III - FRACIONÁRIOS
Grafam-se sempre com algarismos, devendo-se evitar seu uso no início
de frases:
O dia-multa foi arbitrado em 1/30 do salário mínimo.

IV - ALGARISMOS ROMANOS
São usados na designação de capítulos, incisos, séculos, nomes
dinásticos, simpósios, congressos, anexos, etc:
século XXI, Papa João XXIII, Anexo IV, inciso VII.

Observação 1: NUMERAIS POR EXTENSO


745 (setecentos e quarenta e cinco)
1.482 (mil quatrocentos e oitenta e dois) (sem vírgula)
4.015.000 (quatro milhões e quinze mil)
2.146.732.234 (dois bilhões cento e quarenta e seis milhões
setecentos e trinta e dois mil duzentos e trinta e quatro) (sem
vírgula).
Observação 2 : FOLHA(S)
Fl. 20 (é somente a folha 20).
Fl. 20, v. (é somente o verso da folha 20).
Fl. 20 e v. (é a folha 20 e seu verso).
Fls. 15, v., e 16 (é o verso da folha 15 e a folha 16).
Fls. 15 e 21 (são as duas folhas).
Fls. 15/21 (são sete folhas seguidas - da folha 15 à folha 21).
A expressão “de fls.” permanece invariável, independentemente de se
tratar de uma ou de mais folhas:
A certidão de fls. 1.
As certidões de fls. 20 e 68.
Nos demais casos, a flexão é normal:
À fl. 5 dos autos; às fls. 5 e 6 dos autos; às fls. 12 a 17 dos autos (ou
às fls. 12/17 dos autos). Admite-se também a construção na(s)
folha(s): A prova encontra-se na fl. 25 dos autos. A prova
encontra-se nas fls. 25 e 29 dos autos.

182
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

183
Manual de Redação

Capítulo XVI
ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

I - ABREVIATURAS
Abreviatura é a representação reduzida de uma palavra ou expressão.
Ex.: av. (avenida), ed. (edição), adv. (advogado).
Trata-se de assunto que não é abordado de maneira absolutamente
uniforme nos diversos manuais existentes. Ainda assim, uma maior rigidez na
escolha dos parâmetros utilizados é fundamental não só para preservar a
identidade linguística da instituição em cada texto produzido, senão também
para possibilitar maior alcance de universalidade nas comunicações internas e
externas.

REGRAS GERAIS PARA USO DAS ABREVIATURAS


Aplicam-se, de modo geral, as seguintes regras às abreviaturas:
1) Em geral, a abreviatura termina por consoante seguida de ponto final:
Long. (longitude)
2) Abreviaturas de símbolos científicos grafam-se sem ponto:
W - watt
3) Quando representativas de expressões no plural, de modo geral, as
abreviaturas permanecem sem o s:
m (metro ou metros);
h (hora ou horas);
10h30min (dez horas e trinta minutos).
4) Mantém-se o acento quando a letra acentuada integra a abreviatura:
gên. (gênero), séc. (século), etc.
5) Os designativos de nomes geográficos devem ser escritos por extenso, não
com abreviatura:
Belo Horizonte (e não BH);
São Paulo (e não S. Paulo);
Santo Amaro (e não S. Amaro).
6) Há abreviaturas já consagradas em que a supressão de letras ocorre no
interior das palavras:
cia. (companhia);
dra. (doutora).

184
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

7) Por praticidade, as abreviaturas devem ser grafadas sem sobrelevação e


seguidas de ponto:
V. Exa. (e não V. Exa).
Exceções: Quando formam palavras inadequadas:
profa (e não profa., no caso de professora);
amo (e não amo., no caso de amigo);
Belª (e não Bela, no caso de Bacharela);
no (e não no., no caso de número).

8) Deve ser mantido o hífen nas abreviaturas de palavras compostas:


Ang.-sax. (anglo-saxão), fac.-sím. (fac-símile), Dec.-Lei
(Decreto-Lei).
9) O ponto abreviativo, quando coincide com o ponto final, acumula a função
deste, por isso deve-se evitar a repetição:
Foram convidados para o debate: políticos, professores,
engenheiros, etc.
10) Pode-se usar a mesma abreviatura para distintas formas gramaticais da
mesma palavra ou para palavras derivadas, se isso não causar
ambiguidade:
comp. (compilador e compiladora), dir. (direção, diretor e diretora).
11) Emprega-se também a duplicação de letras maiúsculas para indicar o plural:
AA. (autores), VV.AA. (Vossas Altezas).
12) Por tradição, algumas abreviaturas formadas por letras minúsculas seguem
a mesma regra da duplicação para o plural:
ss. (seguintes), aa. (assinaturas).
13) Não se abreviam palavras com menos de cinco letras.

Exceções: h (hora), id. (idem), S. (São), t. (tomo), v. (ver, veja, vide), S.


(Sul), AC (Acre), BA (Bahia).

II - SIGLAS
Sigla é a abreviatura formada com as letras iniciais das palavras de um
nome ou título:
PT (Partido dos Trabalhadores);
OAB (Ordem dos Advogados do Brasil);
FAB (Força Aérea Brasileira).

185
Manual de Redação

Na prática moderna, os pontos abreviativos nas siglas foram eliminados,


com a finalidade de poupar tempo e espaço. Além disso, por serem práticas e
cômodas, as siglas têm-se multiplicado cada vez mais na nossa língua e até já
funcionam como substantivos: o SENAI, o CEP, a TV (que também se escreve
tevê), a palavra radar (formada com as letras ou sílabas iniciais de expressão
inglesa), etc.
As regras que disciplinam o uso de siglas no TRE-MG são as seguintes:
1) O desdobramento de uma sigla (o nome completo, por extenso), se
necessário, só constará da primeira menção no documento, registrando-o
primeiramente e a sigla - entre travessões - a seguir. No restante do
documento constará somente a sigla:
O Partido dos Trabalhadores - PT - apresentou sua prestação de
contas à Justiça Eleitoral em tempo hábil. (Somente na primeira
menção no texto, se necessário.)

Observação: Se a sigla já é de conhecimento geral, fica facultado o seu


desdobramento na primeira menção: CPC.

2) Se a sigla vier junto do ponto final, dispensa-se o segundo travessão:


A atual Presidente do Brasil foi eleita pelo Partido dos Trabalhadores
- PT.
3) Caso a sigla não se refira a uma instituição, não se escreverá o seu
significado por extenso, a menos que o contexto assim o exija:
O governo não contava com o fim da CPMF.
4) Não se usam aspas nem pontos de separação entre as letras que formam a
sigla:
A inflação foi considerada a partir do IGP.
5) Para empregar a sigla no plural, acrescenta-se o s (minúsculo) sem
apóstrofo:
os TREs, 850 UFIRs (e não TRE's, UFIR's).

Observação: Essa regra não se aplica a sigla terminada com a letra s, caso
em que o plural é definido pelo artigo:
Os DVS (Destaques para Votação em Separado).

6) Sobre o emprego de maiúsculas e minúsculas nas siglas:


a) formadas por até três letras - são grafadas com maiúsculas:
ONU, PIS, OMC.

186
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

b) formadas por quatro ou mais letras e com leitura letra a letra - são grafadas
com maiúsculas:
PMDB, INPC, INSS.
c) formadas por quatro ou mais letras, mas que compõem palavras
pronunciáveis - são grafadas como nome próprio (apenas a primeira letra é
maiúscula):
Unesco, Petrobras.
d) em que há leitura mista (parte é pronunciada por letra e parte por palavra) -
são grafadas com todas as letras maiúsculas:
DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes);
DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de
Via Terrestre).

Observação: No caso de siglas consagradas que fogem às regras acima,


deve-se obedecer à sua grafia própria:
CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas);
MinC (Ministério da Cultura);
UnB (Universidade de Brasília);
BCG (bacilo de Colmette e Guérin).
e) que não mais correspondem com exatidão ao nome por extenso - também
devem ser acatadas se forem as siglas usadas oficialmente:
EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo);
MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome);
MEC (Ministério da Educação).

III - SÍMBOLOS
O símbolo é um sinal convencional - quase sempre fixado em
convenções internacionais - e invariável utilizado para universalizar e disciplinar
a escrita e a leitura das unidades de medida (de comprimento, massa, tempo,
corrente elétrica, temperatura termodinâmica, quantidade de matéria,
intensidade luminosa, ângulo, força, energia, calor, potência, etc.). É também
empregado na indicação de elementos químicos e de pontos cardeais.
As unidades de medidas legais no País são aquelas do Sistema
Internacional de Unidades - SI -, adotado pela Conferência Geral de Pesos e
Medidas. A adesão do Brasil a tal sistema foi formalizada através do Decreto
Legislativo n º 57, de 27/6/1953, e ratificada pela Resolução nº 12, de
12/10/1988, do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial - Conmetro -, a fim de assegurar, em todo o território nacional, a

187
Manual de Redação

uniformidade na expressão quantitativa e metrológica das grandezas e o


emprego destas nas atividades comerciais, agropecuárias, industriais, técnicas
ou científicas. Por isso, sugere-se que o leitor consulte a resolução em caso de
dúvidas. Entretanto, segue uma redução das regras mais básicas.
1) Grafia: quando escritos por extenso, os nomes das unidades começam por
inicial minúscula mesmo quando se adota nome próprio, à exceção de grau
Celsius ou do emprego no início da frase:
ampère, kelvin, newton.
2) A expressão quilo corresponde a um prefixo que indica que a unidade está
multiplicada por mil e, por isso, não pode ser usada sozinha:
quilograma (= 1000 gramas), quilômetro (= 1000 metros), quilovolt =
(= 1000 volts).

Observação: Não existe o prefixo kilo, apesar de, no símbolo, usar-se


sempre a letra k para representar o prefixo existente (quilo):
km (quilômetro), kg (quilograma).

3) O espaçamento entre um número e o símbolo da unidade correspondente


deve atender à conveniência de cada caso. Em textos, é dado normalmente o
espaçamento correspondente a uma letra, exceto quando há possibilidade
de fraude.
4) O símbolo é invariável: não é abreviatura, não é expoente, não tem plural.
Assim, não admite ponto de abreviatura após o símbolo nem o s de plural:
5 m (= 5 metros), e não 5 ms;
2 kg (= 2 quilogramas), e não 2 kgs.
5) Assim como, para formar o múltiplo ou submúltiplo de uma unidade,
coloca-se o prefixo desejado na frente do nome dela, o mesmo se dá com o
símbolo:
mega + hertz = megahertz ou M + Hz = MHz;
quilo + volt = quilovolt ou k+V=kV

Observação 1: O grama (assim como seus múltiplos e submúltiplos)


pertence ao gênero masculino:
Dois quilogramas
Duzentos e dez gramas
Observação 2: Escrevem-se com letras maiúsculas:
a) prefixos gregos:
M (mega), G (giga), T (tera).

188
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

b) símbolos dos elementos químicos:


O (oxigênio), Au (ouro), Ag (prata).
c) símbolos dos pontos cardeais:
N (norte), S (sul), L (leste), O (oeste).

Algumas abreviaturas e siglas de uso geral:


A
a - are
(a) - assinado
A.C. (a.C.) - antes de Cristo
AC - Acre
adm. - administração
adv.(s) - advogado(s)
adva.(s) - advogada(s)
AL - Alagoas
Alte. - Almirante
a.m. (ante meridiem - antes do meio-dia)
AM - Amazonas
AP - Amapá
ap. - apartamento
art. (s) - artigo(s)
Av. - Avenida

B
BA - Bahia
Bel. - Bacharel
Béis. - Bacharéis
Belª. - Bacharela
btl. - batalhão

C
ca - centiare
C. Alte. - Contra-Almirante
Cap. - Capitão, Capital
Cap.-Ten. - Capitão-Tenente
Card. - Cardeal
Cel. - Coronel
Cel. PM - Coronel PM
CEP - Código de Endereçamento Postal
cf. - confira ou confronte
cl - centilitro

189
Manual de Redação

cm - centímetro
Com. - Comandante
Cons. - Conselheiro
CPF - Cadastro de Pessoas Físicas
c.v. - cavalo-vapor
cx - caixa
c/c - combinado com

D
D. - Dom, Dona
da - decalitro
D.C. (d.C.) - depois de Cristo
DD. - Digníssimo
DDDD. - Digníssimos
Dep. - Departamento
Des. - Desembargador
DF - Distrito Federal
dm - decímetro
DOU - Diário Oficial da União
DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
DNIT - Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes
Dr. - Doutor
Dra. - Doutora
Drs. - Doutores
dz. - dúzia

E
ed. - edição, edifício
Ema. - Eminência
EMBRATEL - Empresa Brasileira de Telecomunicações
E.M. - Estado-Maior (deve-se usar por extenso)
Emmo. - Eminentíssimo
Eng. - Engenharia
eng. - Engenheiro
ES - Espírito Santo
etc. - et coetera
EUA - Estados Unidos da América
Exmo. - Excelentíssimo

F
FAB - Força Aérea Brasileira
Fac. - Faculdade

190
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

fev. - fevereiro
fl. - folha
FIFA - Fedération Internacionale de Football Association
FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
fig. - figurado, figuradamente
fls. - folhas
FOB - free on board (posto a bordo)
Fr. - Frei
FUNAI - Fundação Nacional do Índio

G
g - grama
Gen - General
GMT - Greenwich Mean Time (Tempo Médio de Greenwich)
Gov. - Governo

H
h - hora
ha - hectare
hab. - habitante

I
ib. - ibidem ( no mesmo lugar)
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
id. - idem (o mesmo)
Ilma. - Ilustríssima
Ilmo. - Ilustríssimo
Inf. - Infantaria
Inst. - Instituto, Instituição

J
jan. - janeiro
Jr. - Júnior
jul. - julho
jun. - junho

K
kg - quilograma
kl - quilolitro
km - quilômetro
kW - quilowatt

191
Manual de Redação

L
L - Leste
l - litro(s) (deve ser usada por extenso)
lab. - laboratório
lat. - latitude, latim
lb. - libra
long. - longitude
Ltda. - Limitada

M
m - metro(s)
min - minuto(s)
m2 - metro(s) quadrado(s)
m3 - metro(s) cúbico(s)
MA - Maranhão
Maj. - Major
mat. - matrícula
Me. - Madre
MG - Minas Gerais
mg - miligrama
ml - mililitro
MM. - Meritíssimo, meritíssima
MMMM. - Meritíssimos
mm - milímetro
Mons. - Monsenhor
m/s - metro por segundo
MS - Mato Grosso do Sul
MT - Mato Grosso
Mun. - Município (seguido do nome)
MW - megawatt(s)

N
N - Norte
NE - Nordeste
nº - número
NO - Noroeste
N. da R. - nota da redação
N. do A. - nota do autor
N. S. - Nosso Senhor
N. Sra. - Nossa Senhora
nov. - novembro

192
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

O
O - Oeste
ob. cit. - obra citada
obs. - observação
OEA - Organização dos Estados Americanos
ONU - Organização das Nações Unidas
op. cit - opus citatum (obra citada)
out. - outubro

P
p. - página
pp. - páginas
PA - Pará
PB - Paraíba
P.D. - Pede Deferimento
Pe.(s) - Padre(s)
PE - Pernambuco
P.E.F - Por especial favor
P.E.O - Por especial obséquio
p. ex. - por exemplo
pg. - pago (linguagem comercial)
PI - Piauí
pl. - plural
PM - Polícia Militar
P.M. - Prefeitura Municipal
p.m. - post mortem
p.m. - Post meridiem (depois do meio-dia)
p.p. - próximo passado, por procuração
PR - Paraná
Prof. (s) - Professore(s)
Profª. (s) - Professora(s)
P.S. - post escriptum

Q
Q.G. - Quartel-General
quart. - quarteirão

R
R. - Rua
ref. - referido(a)
remte. - remetente
Rev. - Reverendo

193
Manual de Redação

Reva. - Reverência
Revmo. - Reverendíssimo
RJ - Rio de Janeiro
RO - Rondônia
r.p.m. - rotação por minuto
RR - Roraima
RS - Rio Grande do Sul

S
set. - setembro
S - Sul
S. - Santo, São, Santa.
S.A. - Sua Alteza
SS. AA. - Suas Altezas
S.A.I. - Sua Alteza Imperial
S.A.R. - Sua Alteza Real
S.A. - Sociedade Anônima
Sarg. - Sargento
SC - Santa Catarina
SE - Sergipe
SE - Sudeste
séc. - século
seg.- seguinte
ss. - seguintes
S. Ema. - Sua Eminência
S. Emas. - Suas Eminências
S. Exa. Revma. - Sua Excelência Reverendíssima
S. Reva. - Sua Reverência
S. Revma. - Sua Reverendíssima
S. Maga. - Sua Magnificência
S.M. - Sua Majestade
s.m.j. - salvo melhor juízo
SO - sudoeste
soc. - sociedade
S.O.S. - save our souls
SP - São Paulo
Sr. - Senhor
Sra. - Senhora
Srta. - Senhorita
S.S. - Sua Santidade
S. Sa. - Sua Senhoria
STM - Superior Tribunal Militar

194
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

STJ - Superior Tribunal de Justiça


STF - Supremo Tribunal Federal

T
t - tonelada
tab. - tabela
téc. - técnico
TCU - Tribunal de Contas da União
TCEMG - Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais
TJMG - Tribunal de Justiça de Minas Gerais
TRE-MG - Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais
TSE - Tribunal Superior Eleitoral
TST - Tribunal Superior do Trabalho
tel. - telefone, telegrama
Ten. - Tenente
Ten.-Cel. - Tenente-Coronel
tip. - tipografia
TO - Tocantins
trad. - tradução, tradutor
TV - televisão, televisor

U
UHF - ultra high frequency (frequência ultra alta)
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)
Univ. - Universidade

V
V. - você, veja, visto
V - volt
v. - verso
vv. - versos
v.g. - verbi gratia (por exemplo)
V.A - Vossa Alteza
VV. AA. - Vossas Altezas
V. Ema. - Vossa Eminência
V. Emas. - Vossas Eminências
V. Exa. Revma. - Vossa Excelência Reverendíssima
V. Maga. - Vossa Magnificência
V. M. - Vossa Majestade
VV. MM. - Vossas Majestades
vol. - volume

195
Manual de Redação

V. Reva. - Vossa Reverência


V. Revma. - Vossa Reverendíssima
V. S. - Vossa Santidade
V. Sa. - Vossa Senhoria
V. Sas. - Vossas Senhorias

W
W - watt
w.c. - water-closet (sanitário, banheiro)

196
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

197
Manual de Redação

Capítulo XVII
REDAÇÃO DE TEXTO NORMATIVO
A redação de atos normativos segue princípios bem definidos, que
devem ser observados por quem desempenha tal função. A correta estruturação
do texto facilita a compreensão das conexões entre os dispositivos e evita
dúvidas quanto a situações específicas ou excepcionais.
Neste Tribunal, são considerados atos normativos a resolução, o
provimento, a portaria e a instrução normativa, conforme caracterizados no
Manual de Padronização de Atos Oficiais Administrativos.
A seguir, tem-se um resumo com as orientações principais sobre os
elementos básicos do texto normativo.

I - ARTIGO
O artigo é a unidade básica para apresentação, divisão ou agrupamento
de assuntos em um texto normativo (leis, decretos, etc.). É a parte que forma
divisão ou subdivisão em uma norma e que tem relação de conjunto com a que a
precede ou com a que a segue.
De acordo com a Lei Complementar nº 95/1998 (alterada pela Lei
Complementar nº 107/2001) e com o Decreto nº 4.176/2002, que estabelecem
normas e diretrizes para a elaboração, a redação e a alteração - entre outros
aspectos - de atos normativos, são as seguintes as regras fundamentais em
relação ao artigo:
1) A unidade básica de articulação será o artigo, indicado pela abreviatura Art.,
seguida de numeração ordinal até o nono, inclusive, e cardinal a partir deste.
No primeiro caso, a numeração do artigo é separada do texto por dois
espaços em branco, sem traços ou outros sinais. A partir do décimo artigo,
utiliza-se um ponto separando o numeral do texto que o segue:
Art. 9º Os objetivos da Projeto Paiol são:
Art. 10. Os objetivos do Programa Atuação são:
2) Os artigos se desdobram em parágrafos ou em incisos; e, dentro deles, os
parágrafos se desdobram em incisos, os incisos em alíneas e as alíneas em
itens.
3) Em remissões a artigos de um texto normativo, deve-se empregar a forma
abreviada art. seguida do número correspondente. Por outro lado, usa-se a
palavra artigo, por extenso, se vier empregada em sentido genérico ou não
vier expresso o respectivo numeral:

198
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

A Lei nº 9.504, no seu art. 30, trata (...);


A norma faz referência ao artigo anterior;
O artigo da Constituição que trata (...).

Observação: Em um texto corrido, para fazer referência a mais de um


artigo pode ser usada a abreviatura arts.:
Arts. 8º, 9º e 10.

4) O texto de um artigo se inicia sempre por maiúscula e termina por ponto,


salvo nos casos em que contiver incisos, quando deverá terminar por
dois-pontos.
5) Na elaboração dos artigos:
a) Cada artigo deve tratar de um único assunto.
b) O artigo conterá, exclusivamente, a norma geral, o princípio. As medidas
complementares e as exceções deverão ser expressas em parágrafos.
c) Quando o assunto requerer discriminações, o enunciado comporá o caput
(escrito sempre em itálico) do artigo, e os elementos de discriminação
serão apresentados sob a forma de incisos.
d) As expressões devem ser usadas em seu sentido corrente, salvo se se
tratar de assunto técnico, quando então será preferida a nomenclatura
técnica, peculiar ao setor de atividades sobre o qual se pretende legislar.
e) As frases devem ser concisas.
f) Nos atos extensos, os primeiros artigos devem ser reservados à definição
dos objetivos perseguidos pelo legislador e à limitação de seu campo de
aplicação.

II - PARÁGRAFO
Os parágrafos constituem, na técnica legislativa, a imediata divisão de
um artigo ou, ainda, uma disposição secundária que explica ou modifica a
disposição principal.
Os parágrafos são representados pelo sinal gráfico §, seguido de
numeração ordinal até o nono, inclusive, e cardinal a partir deste (da mesma
forma que os artigos). Deve-se, ainda, observar:
1) Até o § 9º, é dispensado o uso de ponto e é indicada a inclusão de dois
espaços brancos entre o numeral e o texto; a partir do § 10, emprega-se o
ponto. Nas citações e referências bibliográficas em um texto corrido, usa-se o
sinal gráfico (§). Quando a referência for a mais de um parágrafo, usa-se o
referido sinal duplicado (§§):
199
Manual de Redação

O candidato agiu nos termos do art. 10, § 1º, da Lei nº 9.504/97.


A conduta está amparada no art. 10, §§ 1º, 2º e 3º.
2) Usa-se a palavra parágrafo, por extenso, quando o parágrafo for único ou
quando o sentido for vago, indeterminado, e estiver desacompanhado do
número respectivo:
Art. 14. Estão sujeitos (...)
Parágrafo único. O cancelamento do registro (...)
A norma contida no parágrafo anterior (...)
3) O texto de um parágrafo se inicia por maiúscula e encerra por ponto final,
exceto quando se subdivide em incisos, situação em que se empregam
dois-pontos antes das subdivisões.

III - INCISOS
Os incisos são utilizados como elementos discriminativos de um artigo ou
de um parágrafo se o assunto nele tratado não puder ser condensado no próprio
artigo ou não se mostrar adequado a constituir parágrafo.
Os incisos são indicados por algarismos romanos, seguidos de travessão
e separados por ponto e vírgula, salvo o último, que se encerra em ponto; o
inciso que contiver desdobramento em alíneas se encerra por dois-pontos. O
texto de um inciso é iniciado por letra minúscula, a menos que a primeira palavra
seja nome próprio:
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:
I - o Tribunal Superior do Trabalho;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
III - Juízes do Trabalho. (CF/88.)

IV - ALÍNEAS
As alíneas são desdobramentos dos incisos e dos parágrafos e são
grafadas em minúsculo, seguidas de parêntese:
Art. 6º É facultado aos partidos políticos (...)
§ 1º (...)
§ 2º (...)
§ 3º (...)
IV - a coligação será representada perante a Justiça Eleitoral pela
pessoa designada na forma do inciso III ou por delegados indicados
pelos partidos que a compõem, podendo nomear até:
a) três delegados perante o Juízo Eleitoral;
b) quatro delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral;

200
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

c) cinco delegados perante o Tribunal Superior Eleitoral.

V - ITENS
Os itens são desdobramentos das alíneas e vêm indicados por
algarismos arábicos. As letras iniciais e a pontuação dos textos dos itens
seguem o padrão dos incisos:
Art. 1º São inelegíveis:
I - para Presidente e Vice-Presidente da República:
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de seus
cargos e funções:
1. os Ministros de Estado;
2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e militar, da
Presidência da República.

VI - OBSERVAÇÕES FINAIS
Ao fazer referência em um texto a um dispositivo que contenha
parágrafos, incisos e alíneas ao mesmo tempo, sendo imprescindível a citação
de todos eles, devem-se observar as seguintes regras:
1) Quando a referência passar uma ideia crescente (da alínea para o artigo),
não se usa vírgula para separar os termos:
O inciso II do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 9.504/97 trata da
realização de eleições simultâneas para Prefeito, Vice-Prefeito e
Vereador.
2) Quando a referência passar uma ideia decrescente (do artigo para a alínea),
usa-se a vírgula para separar os termos:
A Lei nº 9.504/97, em seu art. 1º, parágrafo único, inciso II, trata da
realização de eleições simultâneas para Prefeito, Vice-Prefeito e
Vereador.

201
Manual de Redação

Capítulo XVIII
CARACTERES TIPOGRÁFICOS
Uma fonte tipográfica é um padrão, variedade ou coleção de caracteres
tipográficos com o mesmo desenho ou atributos e, por vezes, com o mesmo
tamanho (corpo).
Na maioria dos casos, uma composição tipográfica deve ser
especialmente legível e visualmente envolvente, sem desconsiderar o contexto
em que é lida e os objetivos da sua publicação. Quando se quer chamar a
atenção do leitor para certas palavras, expressões ou partes de um texto,
usam-se tipos ou cores diferentes, como o itálico, o versal, o versalete, o
versal-versalete e o negrito. Contudo, é de ressaltar que o exagero banaliza o
destaque, tornando o texto poluído e obtendo o efeito inverso ao desejado, ou
seja, fazendo com que o leitor ignore aquilo que se pretende seja alvo de sua
maior atenção. Da mesma forma, desnecessário e inconveniente é o acúmulo de
tipos de destaques sobre um mesmo termo ou trecho a ser destacado.

I - NEGRITO
Trata-se do tipo apresentado em cor acentuadamente mais forte que o
normal, de modo a dar-lhe um aspecto mais cheio. É comumente usado em
várias partes dos textos, como títulos, capítulos, ementas de acórdãos, em
cabeças de verbetes, etc.:
Mérito. A questão central numa pendência, que orienta a formação
de uma decisão judicial ou administrativa (verbete.)
TÍTULO VI - Do Registro de Candidatura.
O negrito, mais do que qualquer outra forma de destaque, deve ser
sempre usado com moderação, pois, caso contrário, o texto ficará
demasiadamente carregado. O autor pode, entretanto, em determinados casos,
utilizá-lo como recurso estilístico.

Observação: Na dúvida sobre a conveniência da utilização do tipo negrito,


é melhor lançar mão de aspas ou, ainda, do tipo itálico.

II - ITÁLICO
O itálico é o tipo inclinado para a direita. É usado em:
1) expressões latinas: permissa venia; periculum in mora; a quo;

202
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

2) expressões estrangeiras: O ombudsman cuidará de receber todas as


reclamações dos cidadãos;
3) expressões não características da linguagem do autor do texto, tais como
neologismos, expressões populares, gírias, arcaísmos: Foram distribuídos
santinhos do candidato;
4) expressões ou trechos que se pretende destacar no texto: Manifestou-se em
parecer conclusivo pela desaprovação das contas;
5) títulos de obras: Esses exemplos foram elaborados conforme os passos
relacionados no Manual de Processo Penal, de Fernando da Costa Tourinho
Filho.

III - VERSAL
Denomina-se versal a letra maiúscula ou caixa-alta. Trata-se de
destaque utilizado em nomes como os de autor, títulos de obras e suas partes,
assim como os de autoria de atos oficiais:
O PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL, no uso
de suas atribuições (...).

IV - VERSALETE
O versalete é o tipo em que a letra minúscula apresenta a mesma forma
adotada para caracteres maiúsculos, porém o que os difere é a altura. Enquanto
a letra maiúscula (caixa-alta) se mantém em tamanho maior, as demais (do tipo
versalete), embora com a mesma forma, serão apresentadas no mesmo
tamanho usado para todas as minúsculas (caixa-baixa). É usado juntamente
com o versal em referência:
MAGALHÃES, J. Miranda. Expressões latinas mais comuns no
Direito. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 1984. 216 p.

Observação: Compare:
Versal: JURISPRUDÊNCIA
Versalete: JURISPRUDÊNCIA
Minúscula: jurisprudência.

203
Manual de Redação

Capítulo XIX
FORMATAÇÃO BÁSICA DOS ATOS JUDICIAIS
A padronização dos atos judiciais, como de quaisquer outros
documentos, visa facilitar a sua identificação, proporcionar rapidez na sua
elaboração bem como na aglutinação a outros arquivos tradicionais ou
eletrônicos e, ainda, permitir uma maior compreensão do seu conteúdo pelos
destinatários. Os resultados positivos da adoção dessa estratégia certamente
ganham maior visibilidade no Tribunal em períodos eleitorais, quando a
celeridade exigida em função de prazos exíguos chega a ameaçar a qualidade
dos textos, submetendo-os a elaborações e revisões apressadas.
Por isso, é de grande relevância para a qualidade dos trabalhos
desenvolvidos seja observada a formatação padrão básica que se sugere a
seguir, tanto na elaboração de votos quanto dos acórdãos e extratos das atas.
Afinal, são esses textos elaborados no contexto rotineiro das sessões de
julgamento que definirão a apresentação da jurisprudência.

I - FORMATAÇÃO PARA A REDAÇÃO DOS ATOS JUDICIAIS DO TRE-MG23


1) Para impressão: papel branco, formato A4 (21 cm X 29,7 cm), digitação na
cor preta.
2) Margens: superior e esquerda = 3 cm; inferior e direita = 2 cm.
3) Espaçamento entre as linhas: espaço simples ou 1,5.
4) Cabeçalho fixo (campo 1): centralizado; composto pelo brasão oficial e,
abaixo dele, pelo nome do Tribunal em fonte Verdana, letras maiúsculas,
negritadas, corpo 13 ou 14.
5) Cabeçalho do documento (campo 2: votos e acórdãos): é o que apresenta os
dados fundamentais para a identificação do processo. Letra Verdana, corpo
11, alinhado à esquerda, com chamada dos tópicos em negrito: nome da
classe processual e nº do processo; zona eleitoral e município; denominação
das partes de acordo com a classe processual no polo ativo e nome; idem no
polo passivo e nome; Relator; Revisor, se houver.

23A padronização estabelecida neste capítulo é fruto da prática predominante no TRE-MG e


guarda, dentro dos aspectos comuns, harmonia com o estabelecido no Manual de
Padronização de Atos Oficiais Administrativos. Com o incremento do processo eletrônico,
certamente será preciso observar uma padronização que alcance todos os tribunais. Nesse
caso, os parâmetros aqui estabelecidos passarão a guardar caráter subsidiário.

204
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

6) Fonte/corpo (campos 4 a 8: com 1 ou 2 linhas livres entre eles): deve-se


manter o padrão de fonte, Verdana, já adotado para os atos administrativos
do Tribunal. Corpo 12 para o título, 11 para o texto e 9 para citações longas
recuadas e fontes de consulta; para notas (de rodapé, etc.), corpo 8 ou 9.
7) Título (campo 3): letras maiúsculas e negritadas, centralizado e com 1 ou 2
linhas livres abaixo. Exemplos:

RELATÓRIO

VOTO

VOTO DIVERGENTE

VOTO DE VISTA

ACÓRDÃO

EXTRATO DA ATA

8) Titulação das seções: recomenda-se alinhar à esquerda, sem recuo, dar


destaque em itálico e maiúsculas e deixar uma linha livre antes e depois do
texto; corpo 11 como o padrão do texto:

1ª) PRELIMINAR DE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO

MÉRITO

9) Parágrafos:
a) 1ª linha: recuada à esquerda 2 cm;
b) nos parágrafos que trazem citação longa (mais de 3 linhas): recuo do bloco
inteiro (sem recuo diferenciado na 1ª linha) a 4 cm da margem esquerda;
em espaço simples;
c) Nos parágrafos da ementa: recuo do bloco inteiro (sem recuo diferenciado
na 1ª linha) a 7 cm da margem esquerda, em espaço simples.

Observação: No trecho composto pela ementa (campos 4 e 5), abaixo de


cada parágrafo, deve constar uma linha livre.

205
Manual de Redação

10) No rodapé de votos e extratos das atas (tudo em corpo 8 ou 9): a(s) data(s)
da(s) sessão(ões) alinhada(s) à esquerda e a classe e o nº do processo
centralizados:
Sessões de 1º e 10/2/2009 Agravo Regimental no Recurso Eleitoral nº XX

Observação: Para a redação dos votos, sugere-se repetir no alto à direita


da primeira página, entre os dois cabeçalhos, a(s) data(s) da(s)
sessão(ões).

11) Paginação: numeração à direita, no pé de página, em sequência única em


todos os documentos relativos ao julgamento (à exceção do acórdão).
12) Dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de
texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para
casos análogos.
13) No momento de mencionar um processo nos textos produzidos relacionados
a ele e, especificamente, a cada sessão de julgamento, é preciso atentar
para a nomenclatura adequada. Desta forma:
a) As partes são designadas conforme o que está em julgamento:
Recurso eleitoral: recorrente/recorrido.
Agravo: agravante/agravado.
Embargos de declaração: embargante/embargado, etc.
b) O agravo de instrumento, em consonância com o Regimento Interno do
TRE-MG, é espécie do gênero recurso eleitoral, que deve ser
especificada entre parênteses, após a identificação do processo. Assim:
Recurso Eleitoral nº 23 (Agravo de Instrumento).

Observação: Nesse caso, as partes são designadas recorrente(s) e


recorrido(a/s), e não agravante(s).

c) O agravo regimental e os embargos de declaração, também conforme o


Regimento, não alteram a classe do processo, assim devendo constar:
Agravo Regimental no Recurso Eleitoral nº 23 (Agravo de
Instrumento);
Embargos de Declaração na Ação Cautelar nº 22.
d) É denominado Presidente em exercício aquele que, estando vaga a
Presidência, ocupa-a até a efetivação do novo Presidente.
e) É designado Procurador Regional Eleitoral em substituição o Procurador
Eleitoral atuante na ausência do titular.

206
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

f) É designado Juiz Substituto aquele que foi empossado no cargo assim


denominado constitucionalmente. MAS: é designado Juiz em
substituição ou Juiz substituto aquele que atua em lugar de outro não
sendo ocupante daquele cargo inicial de carreira a que se refere o texto
constitucional.
14) No campo 8, deverá constar o responsável pela produção do documento: o
Relator ou Juiz que está divergindo ou o Relator designado, conforme o
caso, ainda que não tenha constado do cabeçalho do documento (campo 2).

207
Manual de Redação

MODELO DE ACÓRDÃO

208
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

ORIENTAÇÕES PARA CONSTRUÇÃO DO EXTRATO DA ATA

I - CABEÇALHO DO EXTRATO DA ATA (campo 2)


Recuo na 1ª linha: 2 cm; chamada dos tópicos sublinhadas:
Nome da classe processual e nº do processo.
Relator: Juiz Xxxxxxxx. Relator designado: Juiz Xxxxxxxx.
Denominação da parte ativa de acordo com a classe processual e
nome (Advs.: Drs. Mmmmmm e Qqqqqqqq). Idem da parte passiva e
nome (Adva.: Dra. Ssssssssss). Defesa oral pelo xxxxxxxxx (se
houver): Dra. Ooooooooo./Assistência ao julgamento pelo xxxxxx:
Dr. Oooooooooo.

II - DECISÃO (campo 6)
1) Recuo na 1ª linha: 2 cm; chamada da decisão sublinhada:
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao recurso.

2) Nesse tópico, deve constar sucintamente, mas de modo completo, o


resultado do julgamento quanto às preliminares (especificar uma a uma com
os respectivos resultados) e quanto ao mérito (especificar se foi por
unanimidade ou por maioria):
Decisão: O Tribunal rejeitou a preliminar de incompetência da Corte,
levantada, de ofício, pelo Juiz Tiago Pinto, tendo votado o
Des-Presidente. Rejeitou as preliminares de não conhecimento da
ação mandamental e de impossibilidade jurídica do pedido. No
mérito, por maioria, denegou a ordem.
Decisão: O Tribunal rejeitou as preliminares de incompetência da
Justiça Eleitoral e de ilegitimidade ativa e, por unanimidade, deu
provimento parcial ao recurso.
3) Em caso de pedido de vista, especificar o quadro momentâneo do
julgamento:
Decisão: Pediu vista o Des. Almeida Melo. O Relator e o Juiz Silvio
Abreu acolhiam a preliminar suscitada pela Procuradoria Regional
Eleitoral, incidentalmente declaravam a inconstitucionalidade da
Resolução nº 22.610/2007/TSE e, em consequência, julgavam
extinto o feito sem resolução do mérito. O Revisor e o Juiz
Gutemberg da Mota e Silva, este em adiantamento de voto,
rejeitavam a preliminar.
Decisão: Pediu vista o Juiz Tiago Pinto, após terem votado o Relator
e o Des. Almeida Melo, que conheciam da ação mandamental.

209
Manual de Redação

Decisão: Após o Relator ter rejeitado a preliminar de não


conhecimento, suscitada pelo Juiz Renato Martins Prates, pediu
vista o Juiz Silvio Abreu.

III - COMPARECIMENTO (campo 9)


1) Recuo na 1ª linha: 2 cm:
Presidência do Exmo. Sr. Des. Ooooooooooo. Presentes
os Srs. Des. Ooooooooooo e Juízes Ooooooooooo, Rrrrrrrrrrrrrrrrr
(Substituto), Sssssssssssss, Yyyyyyyyyyyyy, Uuuuuuuuuuu e
Pppppppppppp e o Dr. Kkkkkkkkk, Procurador Regional Eleitoral.
2) Constam os nomes de todos os Magistrados que participaram do julgamento.
Se se tratar de Juiz Substituto24, destacar entre parênteses (Substituto).

Observação 1: No caso de ausência de algum Juiz, no último parágrafo do


comparecimento, constar:
Esteve ausente o Juiz Xxxxxx, por motivo justificado.
Observação 2: No caso de impedimento/suspeição:
Deu-se por impedido (suspeito) o Juiz Xxxxxx.

24Ver no item I, nº 13, letra f, a aplicação das formas maiúscula e minúscula no caso de Juiz
Substituto e Juiz substituto.

210
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

MODELO DE EXTRATO DA ATA

211
Manual de Redação

MODELO PROPOSTO DE VOTO

212
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

MODELO PROPOSTO DE VOTO DIVERGENTE OU DE VISTA

213
Manual de Redação

Capítulo XX
CITAÇÃO
Faz-se uma citação ao mencionar um texto, no todo ou em parte,
extraído de outra fonte. A citação pode ser direta, quando se faz a transcrição
literal, ou indireta, quando o pensamento e as informações do autor ou
documento citado são apresentados de forma livre, mas conservando as ideias e
o significado originais.
Toda citação é introduzida no texto (no corpo do texto propriamente dito
ou em notas de rodapé) com o propósito de esclarecer ou complementar o
pensamento expresso. A fonte de onde foi extraída a informação deve ser
registrada, em respeito à Lei nº 9.610, de 19/2/1998, que regulamenta os direitos
autorais, nas formas orientadas no capítulo que trata de referência25.
Recomenda-se, ainda, para maior aprofundamento, consultar as normas
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que especificam as
características exigíveis para apresentação de citações em documentos,
através da NBR 10520:2002 - Informação e documentação - Apresentação e
citações em documentos, e que nortearam este tópico.

I - RECOMENDAÇÕES GERAIS
1) Ao utilizar um texto alheio, em forma de paráfrase ou transcrição, deve-se
manter a fidedignidade às ideias do autor, fazendo apenas a correção de
eventuais impropriedades de grafia.
2) Sobre o uso da expressão latina SIC, que significa “assim”, alguns manuais
legitimam o emprego dessa palavra, posposta à citação ou intercalada nela,
entre parênteses, para indicar que o texto original se apresenta naqueles
exatos termos, ainda que algo pareça estranho, ou para enfatizá-lo.
É necessário algum cuidado, entretanto, para não configurar, com tal uso,
uma intenção que não se possui, tal como a emissão de um juízo de valor
negativo sobre o texto citado ao denunciar-lhe inadequações. Mesmo
porque, conforme se recomenda, estas podem ser tranquilamente corrigidas.
3) No caso de se fazer uma citação direta dentro de um período já iniciado,
deverá ela vir entre aspas, destacada na estrutura completa, devendo ainda
aquele que redige atentar para a organização uniforme do período, bem
como para sua pontuação adequada, de modo que o texto citado constitua
um todo uniforme e coeso com o restante da frase.

25Ver o Capítulo XXII.


214
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

4) Usam-se aspas duplas no início e no final de citações diretas de até três


linhas, no corpo normal do texto. As aspas simples só devem ser utilizadas
para indicar citação no interior da citação.
5) Sempre que possível, deve-se buscar o texto original, evitando emprego de
“citação de citação”.
6) As citações devem ser pontuadas de forma a atender às regras gramaticais.
7) Citações longas (com 3 ou mais linhas) devem respeitar a formatação
padronizada neste manual26 (recuo de 4 cm em relação à margem esquerda
e fonte menor que a do texto, corpo 9, por exemplo). Contudo, quando se
tratar de transcrição de textos de lei, o recuo deverá ocorrer da forma
descrita, ainda que seja menor o número de linhas.
Posto isto e tendo presente o disposto no art. 566 do Código
de Processo Penal, segundo o qual não será declarada a
nulidade de ato processual que não houver influído na
apuração da verdade substancial ou na decisão da causa,
também é de ser afastada essa preliminar. (Jurisprudência do
Tribunal Superior Eleitoral, Brasília, v. 7, n° 3, jul./set. 1996. p.
64.)

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


(...)
XXIX - propaganda comercial. (CF/88.)
8) A utilização do parágrafo de leitura, ou citação de acordo com o item anterior
(em bloco recuado e fonte menor), já é destaque suficiente, dispensando,
portanto, as aspas e o itálico.
9) No caso de matérias publicadas em colunas, como acontece em revistas e
jornais, mantêm-se apenas as aspas, dispensando-se o recuo e a
composição em corpo menor, independentemente da extensão das
transcrições.
10) Indicações de supressões, interpolações, comentários, ênfase ou
destaques, devem ser feitas do seguinte modo:
a) supressões: (...) ou [...], padronizando, contudo, a escolha para todo o
texto;
b) interpolações, acréscimos ou comentários: [entre colchetes] ou (entre
parênteses), também mantendo a opção em todo o texto;
c) ênfase ou destaque (grifo ou negrito ou itálico, etc.): recomenda-se, em
regra, manter o tipo de destaque escolhido ao longo de um mesmo
texto27.
26Ver o Capítulo XIX, item I, nº 9, letra b.
27Ver recomendações sobre caracteres tipográficos no Capítulo XVIII.

215
Manual de Redação

Para a sociedade, “(...) é de grande relevância o voto do jovem


eleitor (o que poderá torná-lo mais consciente e participativo como
cidadão), notadamente hoje que a classe política tem a imagem tão
desgastada (...)”.
11) Ao destacar palavra, expressão ou trecho de citação por conta própria,
deve-se acrescentar a expressão destaque nosso, entre parênteses, após a
chamada da citação. No caso de já haver destaque no texto original,
aplica-se o mesmo com a expressão destaque do autor.
“(...) no julgamento do recurso, rejeitou as preliminares de não
conhecimento da ação mandamental (...)” (SILVA, Antônio. Comentários
de Jurisprudência, v. 10, p. 32; destaque do autor.)

Observação 1: A expressão destaque aplica-se indistintamente ao uso de


grifo, negrito ou itálico; grifo é expressão que equivale a sublinhado:
Observação 2: Usa-se o plural quando há trechos (com destaque)
intercalados:
“(...) no julgamento do recurso, rejeitou as preliminares de não
conhecimento da ação mandamental (...)” (SILVA, Antônio.
Comentários de Jurisprudência, v. 10, p.32; destaques nossos.)

12) Quando se tratar de citação de textos em língua estrangeira, sugere-se:


a) transcrever a citação na língua original, traduzindo-a em nota de rodapé
(nesse caso, incluir a expressão tradução nossa ao final da referência);
ou
b) inseri-la já traduzida no texto e indicar, em nota de rodapé, a língua do
texto original.
13) Para o registro da fonte de uma citação, é necessário especificar os dados
bastantes (autor ou autores, obra, local da publicação, editora, ano da
publicação, página) para a sua identificação, os quais podem figurar no
corpo do texto, em nota de rodapé ou em lista no final do texto.

216
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

217
Manual de Redação

Capítulo XXI
APÊNDICES E NOTAS
Frequentemente o autor se depara com a necessidade de ampliar o texto
com outros trabalhos ou observações, também de sua autoria, que funcionem
como um aditamento. Assim, ele pode enriquecer sua produção com
informações que escapam ao conteúdo específico do texto. Nesses casos,
lança-se mão de apêndices e notas.

I - APÊNDICES
Apêndices são textos ou documentos suplementares, elaborados pelo
autor, que servem como meio de comprovar ou complementar sua
argumentação sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho. São exemplos de
apêndices: questionário aplicado, roteiro de entrevista, tabelas, quadros,
desenhos, fotografias, mapas, plantas.
Os apêndices são identificados por letras maiúsculas consecutivas
(tamanho livre de letra), travessão e seus títulos centralizados:
APÊNDICE A - Questionário aplicado aos alunos.
APÊNDICE B - Questionário aplicado aos professores.
Segundo a ABNT, como os apêndices são textos complementares do
trabalho do autor, geralmente contêm documentos ilustrativos ou exposições
que se tornaram inviáveis no interior dos capítulos e devem ser apresentados em
página própria. Sua menção no texto se faz por meio do termo APÊNDICE. O
deslocamento para o final do texto visa manter a unidade da exposição e não
interromper uma exposição argumentativa. É elemento opcional. (NBR 6022,
NBR 6029, NBR 14724, NBR 15287.)

II - NOTAS
As notas de que se trata aqui são indicações, observações ou
aditamentos ao texto, feitos pelo autor, tradutor ou editor, não incluídos no texto
para não interromper a sequência lógica da leitura. Localizam-se no rodapé da
página ou em seções especiais do texto (NBR 10520 E 6029). Para o exemplo
de notas, devem ser observadas as regras abaixo.
1) As notas devem ser colocadas na parte inferior da página, iniciadas com a
chamada numérica recebida no texto, sem parágrafo, separadas do texto por
uma linha contínua de 3 a 5 cm e digitadas em espaço simples e com
caractere menor que o do texto (tamanho 8, por exemplo). Segundo a

218
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

NBR1520 (ABNT, 2002B, p. 5), devem ser alinhadas pela primeira palavra, e
não deve haver espaço entre elas.
2) As notas de rodapé não devem ocupar mais do que 50% do espaço total da
página e devem aparecer na mesma folha dos itens a que se referem. A
numeração que as especifica na obra deve ser consecutiva e pode ser
reiniciada a cada capítulo ou parte, feita em algarismos arábicos e posposta
ao sinal de pontuação que encerra a citação.
3) Se houver lista bibliográfica numerada, as notas serão indicadas por
asteriscos, letras ou outros sinais que serão colocados no texto após a
citação e acima da linha normal. Esses sinais se repetem no rodapé, assim
como os respectivos números.
4) Deve-se evitar o uso excessivo de notas de rodapé, pois elas interrompem a
sequência lógica da leitura. Caso necessárias, que sejam sucintas e curtas,
situadas em local tão próximo quanto possível do texto. Deve-se evitar
também reuni-las todas no fim dos capítulos ou da publicação.
5) Notas de rodapé só devem ser utilizadas se houver a necessidade de indicar
a fonte de uma citação que não ficou clara no texto, fornecer a tradução de
uma citação importante ou apontar sua versão original, fazer observações
pertinentes e comentários adicionais e indicar dados obtidos através de
contatos informais e trabalhos apresentados em eventos, mas não
publicados.
6) A utilização de notas de rodapé deve observar um equilíbrio. Não se deve
permitir que um texto seja ambíguo ou equivocado por falta de explicação em
nota de rodapé, mas também não se devem desviar para o rodapé
informações básicas que devem integrar o texto.

III - TIPOS DE NOTAS


1) Notas explicativas
São usadas para comentários, esclarecimentos, explanações ou
observações pessoais do autor que não possam ser incluídos no texto (NBR
6022, 6029, 10520). Também são usadas para indicar dados relativos à
comunicação pessoal, a trabalhos não publicados e a originais não consultados,
mas citados pelo autor. Devem ser breves, sucintas e claras:

No rodapé:
23Veja-se quadro ilustrativo em Mirabete (2006).
24Esse mesmo argumento é usado por Teles (2006).

219
Manual de Redação

A seguir, constam outros exemplos de notas explicativas:


a) Nota explicativa do texto:
No texto:
Quer sobrevenha numa celebração religiosa ou num jogo de
futebol, a vivência é sempre simplesmente humana. Não assim a
experiência: conforme a interpretação que dela fizermos, será cristã,
judaica, islamita ou, talvez até sem adesão a determinado grupo
religioso, experiência “religiosa”.2
(...)
No rodapé:
2O termo “religioso” é tomado aqui no sentido não como próprio de
uma religião, mas como a atitude dinâmica de alguém ao sentido
radical, último, de sua experiência.
b) Nota explicativa de titulação:
No título:
Ética, Religião e Política
Alberto Antoniazzi1
No rodapé:
1Doutor em Filosofia. Professor e assessor da Reitoria da PUC
Minas. Coordenador do Curso de Teologia do Seminário da
Arquidiocese de Belo Horizonte.
c) Nota explicativa de título original:
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. Tradução:
Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva, 1975. 262
p. Título original: The structure of scientific revolutions.
d) Nota explicativa de publicação:
No título:
Ética, Religião e Política1
Alberto Antoniazzi
No rodapé:
1Esse texto foi apresentado inicialmente no seminário internacional
sobre “Ética, sociedade e política no contexto latinoamericano”,
promovido pela Fundação Konrad Adenauer e pela Fundação João
Pinheiro em Belo Horizonte, nos dias 28 e 29 de outubro de 1996.

220
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

No rodapé:
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de
suprimentos/logística empresarial. Porto Alegre, Bookman, 2006. No
prelo.
e) Nota explicativa de apresentação:
MALAGRINO, W. et al Estudos preliminares sobre os efeitos de baixas
concentrações de detergentes amiônicos na formação do bisso em
Branchidontas solisianus. 1985. Trabalho apresentado ao 13º
Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Maceió, 1985.
f) Nota explicativa complementar:
No texto:
Estes dois matemáticos impulsionaram para a frente o
ambiente matemático em São Paulo e no Brasil. A partir da década
de 1940 os estudos matemáticos se expandiram em qualidade e
quantidade em São Paulo e no Brasil.2
No rodapé:
2Mais detalhes a esse respeito podem ser encontrados em Silva
(1978, pp. 119-136).
g) Nota explicativa de tradução:
No texto:
O material é suposto elástico linear com propriedades
dependentes dos valores da temperatura e da concentração de uma
unidade ou viscoelástico linear com uma relação constitutiva em
integral hereditária e com comportamento
higrotermorreologicamente simples (MARQUES, 1994, tradução
nossa).1
No rodapé:
1The material is considered as linear mechanical properties of the
temperature and moisture concentration of linear viscoelastic with
constitutive relation defined by a hereditary integral with
hygrothermal-thcologically simple behavior.

Para as notas do tradutor e do editor, devem-se incluir os indicativos N.T.


e N.E. entre parênteses e no final da nota, para distingui-las das demais:

221
Manual de Redação

No rodapé:
1Nessa edição, seguimos o texto de F. Plessis e as anotações de
Gossrau, Dumlop e outros críticos. Quanto à forma adotada, Marão
e não Maro (como Cícero), além de ser mais vulgarizada é mais de
acordo com o nosso idioma. (N.T.)
2) Notas de referência
São notas que indicam fontes bibliográficas consultadas ou textos
relacionados com as afirmações contidas no trabalho e remetem o leitor a outras
partes da obra onde o assunto foi abordado ou a outros trabalhos para
comparação de resultados (NBR 10520 E 6029).
Nas notas de rodapé, podem ser incluídas também a tradução de
citações feitas em língua estrangeira ou indicação da língua original de citações
traduzidas.
As notas de referência devem conter o sobrenome do autor, a data da
publicação e outros dados para localização da parte citada:
No rodapé:
1NÓBREGA, 1962, p. 365.
2MELLO, 1982, v. 3, cap. 2, pp. 117-120.
3COSTA, 1955. Canto VI, p. 164, canto IX, p. 183; canto V, p. 188.

Quando a referência for feita pelo título, a nota deve conter a primeira
palavra do título em maiúscula, seguida de reticências, data da publicação e
página:
1Carta... 1900, pp. 211-215.
Pode-se também indicar o sobrenome do autor, título da publicação e
página:
1CASTRO. A prática da pesquisa, p. 29.
2FERREIRA. Rev. Bras. Botânica, p. 53.

No texto:
Acórdão nº 508/20051
25/4/2005
Recurso Eleitoral nº 44/2005
Manhuaçu (São João do Manhuaçu)
No rodapé:
1Publicado no “MG”, Parte 11, de 2/8/2005, p. 99.

222
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

No texto:
C - Garante às opiniões em minoria a possibilidade de
representação, desde que atinjam seus votos o quociente resultante
da divisão do número de votantes pelo dos representantes a eleger.
E tantas vezes o atinjam, tantos representantes elegerão, só
dependendo isso da boa distribuição de seus votos.8
No rodapé:
8João Cabral, Sistemas Eleitorais, p. 36.

No texto:
O que é quociente eleitoral? É aquela cifra que se obtém pela
divisão do número de votantes, em uma determinada circunscrição,
pelo número de cadeiras a preencher. Por exemplo, há 200.000
votantes e cinco cadeiras a preencher, então o quociente eleitoral
será de 40.000.11
No rodapé:
11V. sobre o assunto: Barthélemy e Duez, Traité, cit., p. 362. Duguit,
Traité de droit constitutionnel, 2. ed., Paris, 1921, 5 v., v. 2, p. 581.
Esmein, Eléments, cit., v. 1, p. 357.

No texto:
Tais institutos surgiram com o escopo de defender a
democracia contra prováveis e possíveis abusos. Assim nasceu
como medida preventiva, idealizada para impedir que
principalmente os titulares de cargos públicos executivos, eletivos
ou não, se servissem de seus poderes.1
No rodapé:
1FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à Constituição

do Brasil. 23 ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 101.


No texto:
A condição de empregado exige, obrigatoriamente, a
subordinação na prestação de serviços, mas ela não é a única
característica do contrato de trabalho.7
No rodapé:
7Vejam-se outros exemplos do conceito de empregado em Manus
(2006, p. 65).

223
Manual de Redação

IV - USO DE EXPRESSÕES LATINAS


Em alguns textos, torna-se necessário repetir mais de uma vez a mesma
chamada numérica para uma nota, evitando-se a repetição de notas idênticas.
Esse procedimento deve ficar restrito a notas de uma mesma página ou de
páginas confrontantes.
É muito comum o uso de termos, expressões e abreviaturas latinas,
embora deva ser evitado por dificultar a leitura. Em alguns casos, é melhor
repetir tantas vezes quantas forem necessárias as indicações bibliográficas.
Essas expressões latinas só podem ser usadas quando fizerem referência às
notas de uma mesma página ou em páginas confrontantes e devem ser grafadas
em itálico.
1) Apud (citado por, conforme, segundo)
Termo usado para indicar uma citação de citação. Pode ser usado no texto,
no rodapé ou na referência:
No texto:
Conforme Fulano de Tal (1999, p. 75, apud MIRABETE, 2006, p.
131).29
No rodapé:
29BERNARDES, 1999, apud OLIVEIRA, 2002, pp. 11-13.
2) Ibidem ou ibid. (na mesma obra)
Termo usado só quando forem feitas várias citações de um mesmo
documento, variando apenas a paginação:
1LEACH, 1957, p. 163.
2Ibidem,p. 165.
3Ibidem, pp. 171-172.

Sempre que possível, prefira repetir os dados.


3) Idem ou id. (do mesmo autor)
Termo que substitui o nome do autor, quando se tratar de citação de suas
diferentes obras:
1FURTADO, 1972.
2Idem, 1969, p. 45.
3Idem, 1976, pp. 79-80.

224
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

4) Opus citatum ou Op. cit. (na obra citada)


Expressão usada em seguida ao nome do autor, referindo-se à obra citada
anteriormente, na mesma página, quando houver intercalação de uma ou
mais notas:
1LAHR, 1972, p. 134.
2FONTES, 1983, p. 42.
3LAHR, op. cit., p. 39.

5) Loco citato ou loc. cit. (no lugar citado)


Expressão usada para mencionar a mesma página de uma obra já citada:
1GATES, 1972, p. 222.
2GATES, loc. cit.
6) Sequentia ou Et seq. (seguinte ou que se segue)
Expressão usada quando não se quer mencionar todas as páginas da obra
referenciada. Indica-se a primeira página, seguida da expressão et seq.:
1CUNHA, 1976, p. 102 et seq.
7) Passim (aqui e ali, em vários trechos ou passagens)
Termo usado quando se quer fazer referência a diversas páginas de onde
foram retiradas as ideias do autor, evitando-se a indicação exagerada de
números de páginas. Indica-se a página inicial e final do trecho que contém
as opiniões e os conceitos utilizados:
1PRADO, 1978, pp. 34-72 passim.
8) Confira ou cf. (confira, confronte)
A abreviatura cf. é usada para fazer referência a trabalhos de outros autores
ou a notas do mesmo autor (notas remissivas podem vir indicadas ainda com
a abreviatura v. (ver também).
1Cf. SALVADOR, 1980, pp. 30-31.
2Cf. nota 3 deste capítulo.
3O homem é considerado como animal, como homem e como

cidadão.
4Cf. AZEVEDO, 1933, p. 299, nota 51.
5Nesse sentido, o Ministro da Educação Paulo Renato de Souza

classifica o ensino médio como filho bastardo do ensino


fundamental. (Cf. SOUZA, 1999, p. 27.)

225
Manual de Redação

V - NOTAS DE RODAPÉ DAS TABELAS E DOS QUADROS


Normalmente, as tabelas e os quadros contêm em sua base algumas
notas, que podem ser as seguintes:
1) nota de fonte: designa a origem dos dados que constam na tabela e devem
indicar a referência abreviada do documento original;
2) notas gerais: registram observações ou comentários para conceituar ou
esclarecer o conteúdo das tabelas e/ou indicar o critério adotado no
levantamento dos dados ou o método de elaboração das estatísticas
derivadas;
3) notas referentes a uma parte específica da tabela, símbolos, fórmulas e
outros.
Sempre que possível, a tabela deve conter a data em que foram colhidos
os dados. No caso de ter ocorrido alteração dos dados da fonte original, deve-se
identificar o responsável em nota geral ou específica.

226
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

227
Manual de Redação

Capítulo XXII
REFERÊNCIA
Ao abordarmos num texto assunto para o qual desejamos maior
sustentação, é comum buscarmos em outras fontes informações e elementos
que venham a enriquecê-lo. Em virtude disso, por dever legal e ético,
deparamo-nos com a necessidade de fazer a referência ao material utilizado.
Assim, não só se atribui a cada obra o seu mérito, mas também se propicia ao
leitor a chance de buscá-las, ele mesmo, com vistas à sua análise pessoal.
Referência, conforme a ABNT (ABNT-NBR 6023:2002), é o conjunto de
dados retirados de um documento que o descrevem e possibilitam a sua
identificação. Pode vir em nota de rodapé ou fim de texto ou capítulo e, mais
frequentemente, listada no final da obra.
Ressalta-se que, para compor uma referência, é necessário especificar
os dados suficientes para o reconhecimento induvidoso da fonte citada.
Levando-se em conta que as fontes passíveis de consulta e aproveitamento
numa produção textual variam muito - desde livros, folhetos, trabalhos
monográficos, dissertações, artigos publicados, periódicos até documentos
jurídicos, iconográficos e de eventos (atas, relatórios, etc.), também
disponibilizados e acessados em meios eletrônicos -, compreende-se a
necessidade de padrões distintos de apresentação das inúmeras referências.
Apesar disso, o que prevalece em todos esses padrões é que, em quaisquer
deles, informam-se os elementos essenciais e, se necessário, elementos
complementares para melhor identificação do documento. Tanto uns quanto
outros variam de acordo com o tipo do documento. Assim, por exemplo, em
regra, o título é um elemento essencial, já o subtítulo é um dado complementar.

I - REGRAS GERAIS DE APRESENTAÇÃO


1) As referências são alinhadas somente à margem esquerda do texto,
dispostas em espaço simples e separadas entre elas por espaço duplo, de
forma a facilitar a identificação de cada documento. Quando em notas de
rodapé, serão alinhadas, a partir da segunda linha da mesma referência,
abaixo da primeira letra da primeira palavra, de modo a destacar o número da
nota, e não há necessidade de espaço entre elas.
2) O recurso tipográfico (negrito, grifo ou itálico) utilizado para destacar o
elemento título deve ser uniforme em todas as referências de um mesmo
documento, exceto quando não há indicação de autoria, sendo o título o
elemento de entrada da referência. Nesse caso, deve ser destacado em letra
maiúscula.
228
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

3) As referências constantes numa lista devem seguir o mesmo padrão para o


mesmo tipo de documento. Ao serem incluídos elementos complementares,
estes devem ser utilizados em todas as referências.
4) As referências devem ser ordenadas de acordo com o sistema utilizado para
citação no texto, conforme a NBR 10520:2002. Os sistemas mais utilizados
são o alfabético (ordem alfabética de entrada) e o numérico (ordem de
citação no texto).
De modo geral, apresenta-se assim uma referência:
SOBRENOME DO AUTOR, [vírgula] Nome. [ponto] Título da obra. [primeira
inicial maiúscula, em itálico, grifo ou negrito, seguido de ponto]. edição.
[número da edição, ponto; abreviatura da edição, ponto] Local: [dois pontos]
Editora, [vírgula] ano da publicação. [ponto].
MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina. Português forense: Língua
Portuguesa para curso de direito. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
ARAÚJO JÚNIOR, Gediel Claudino de. Prática no processo civil. São
Paulo: Atlas, 2006.

II - REFERÊNCIA A MONOGRAFIAS (e ainda livro, folheto, manual, guia,


catálogo, enciclopédia, dicionário e outros trabalhos acadêmicos, teses,
dissertações, etc.)
1) Quando a referência é ao trabalho no todo:
Elementos essenciais: autor(es), título, edição, local, editora e data de
publicação.
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência nominal. 4. ed. São
Paulo: Ática, 1999.
Elementos complementares: subtítulo, dados da edição (revista e ampliada,
etc.), número da tiragem, número de páginas, índices, ISBN, etc.
RÁO, Vicente. Ato jurídico: noção, pressupostos, elementos essenciais e
acidentais: o problema do conflito entre os elementos volitivos e a
declaração. 4. ed. anotada, rev. e atual. por Ovídio R. B. Sandoval, 2. tir.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. 426 p., 21 cm. (RT Clássicos).
Inclui índices. ISBN 85-2091489-9.
2) Quando a referência é a parte do trabalho:
Elementos essenciais: autor(es), título da parte, seguidos da expressão In: e
da referência completa da monografia no todo. Deve-se informar a paginação
ou outra forma de individualizar a parte referenciada.
ALMEIDA, Fernando Dias M. de. Novas figuras contratuais no Direito
Administrativo. In: MEDAUAR, Odete (Org.). Licitações e contratos

229
Manual de Redação

administrativos: coletânea de estudos. São Paulo: NDJ, 1998. pp.


187-205.
Elementos complementares: se já consta a paginação, não é
imprescindível o capítulo, bem como o subtítulo. Entretanto, estes podem ser
também informados, além de outros dados.
VERGUEIRO, Waldomiro. Seleção de documentos eletrônicos. In:
_____. Seleção de materiais de informação: princípios e técnicas. 2. ed.
Brasília: Briquet de Lemos, 1997. cap. 5, pp. 47-61.

III - REFERÊNCIA A PUBLICAÇÃO PERIÓDICA (revistas, jornais, etc.)


1) Quando a referência é à publicação no todo (coleção):
Elementos essenciais: título, local, editora e datas de publicação (início e
encerramento, se houver).
JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Brasília:
TSE, 1990.
Elementos complementares: periodicidade, outros títulos, índices, ISSN, etc.
JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Brasília:
TSE, 1990. Trimestral. Título anterior: Boletim Eleitoral (1951-jun. 1990).
ISSN 0103-6793.
2) Quando a referência é a parte da publicação sem título próprio (fascículos,
suplementos, números especiais, etc.):
Elementos essenciais: título, local, editora, numeração do ano e/ou volume,
numeração do fascículo, informações de período e datas de publicação.
CONJUNTURA ECONÔMICA. Rio de Janeiro: FGV, 27, nº 9, set. 1973.
Elementos complementares: dados da edição, número de páginas,
periodicidade, outros títulos, índices, ISSN, etc.
CONJUNTURA ECONÔMICA. Rio de Janeiro: FGV, 27, nº 9, set. 1973.
280 p. Edição especial.
3) Quando a referência é a artigo publicado em revista:
Elementos essenciais: autor(es), se houver, título do artigo, título da
publicação, local de publicação, numeração do volume e/ou ano, fascículo ou
número, se houver, paginação inicial e final, data ou intervalo de publicação e
particularidades que identificam a parte, se houver.
COSTA, V. R. À margem da lei. Em Pauta, Rio de Janeiro, nº 12, p.
131-148, 1998.
MÃO-DE-OBRA e previdência. Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios, Rio de Janeiro; v. 7, 1983. Suplemento.

230
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

Elementos complementares: subtítulos, dados da edição, etc.


COSTA, V. R. À margem da lei: o Programa Comunidade Solidária. Em
Pauta: revista da Faculdade de Serviço Social da UERJ, Rio de Janeiro,
nº 12, pp. 131-148, 1998.
4) Quando a referência é a artigo publicado em jornal (editorial, entrevistas,
recensões, reportagens, resenhas, etc.):
Elementos essenciais: autor(es), se houver, título, título do jornal, local de
publicação, data de publicação, seção, caderno ou parte do jornal e a
paginação correspondente.
PRUDENTE, Antônio Souza. Taxa de agressão ambiental. Correio
Braziliense. Brasília, 23 out. 2000. Encarte Direito & Justiça, p. 1.
Quando não houver seção ou caderno, a paginação do artigo ou matéria
precede a data.
RODRIGUES, Francisco C. P. A cegueira jurídica. Notícias Forenses.
São Paulo, pp. 32, set. 1997.
Elementos complementares: subtítulos, dados da edição, etc.

IV - REFERÊNCIA A DOCUMENTOS DE EVENTOS (atas, anais, resultados,


etc.)
1) Quando a referência é ao evento como um todo:
Elementos essenciais: nome do evento, numeração (se houver), ano e local
(cidade), título do documento, local de publicação, editora e data.
CONGRESSO INTERNACIONAL DO DIREITO NA TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO, 1., 2000, Recife. Anais... Recife: TRF 5ª Região, 2000.
Elementos complementares: subtítulos, etc.
2) Quando a referência é a trabalho apresentado em evento:
Elementos essenciais: autor(es), título do trabalho apresentado, seguido da
expressão In:, nome do evento, numeração do evento (se houve), ano e local
(cidade), título do documento (anais, atas, tópico temático, etc.), local,
editora, data de publicação e páginas inicial e final da parte referenciada.
BONAVIDES, Paulo. O Congresso Nacional como Assembléia Nacional
Constituinte. In: SIMPÓSIO TEMAS CONSTITUCIONAIS, 1985,
Brasília. Anais... Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de
Publicações, 1986. pp. 189-223.
Elementos complementares também podem ser acrescentados para melhor
caracterização do documento referenciado.

231
Manual de Redação

V - REFERÊNCIA A DOCUMENTOS JURÍDICOS


1) Legislação (leis, medidas provisórias, decretos, etc.):
Elementos essenciais: jurisdição (ou cabeçalho da entidade, no caso de se
tratar de normas), título, numeração, data e dados da publicação.
BRASIL. Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, nº 189, p. 21.801, 1º out. 1997.
Seção 1.
Elementos complementares: ementa (deve vir logo após a data, antes dos
dados da publicação), etc.
BRASIL. Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Estabelece normas
para as eleições. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, nº 189, p. 21.801, 1º out. 1997. Seção 1.
BRASIL. Medida Provisória nº 1.953-25, de 16 de novembro de 2000.
Institui o auxílio-transporte aos militares, servidores e empregados
públicos da administração federal direta, autárquica e fundacional da
União e revoga o § 1º do art. 1º da Lei nº 7.418, de 16/12/1985. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF,
17/11/2000. Seção 1, p. 9. Jurisprudência (decisões judiciais: súmulas,
acórdãos, resoluções, etc.).
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Resolução nº 20.263, de 1998.
Disciplina os procedimentos referentes às reclamações e
representações de que cuidam os arts. 58 e 96 da Lei nº 9.504/97.
Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, Brasília, DF, v. 10, pp.
304-307, jul./set. 1999.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Súmula nº 235. Importância
recebida indevidamente por servidor. Ressarcimento ao Erário. In: ____.
Súmulas. 4. ed. Brasília: TCU, 1998. p. 231.
No caso de Constituições e suas emendas, acrescenta-se a palavra
Constituição, seguida do ano de promulgação entre parênteses.
BRASIL. Constituição (1988). Emenda constitucional nº 9, de 9 de
novembro de 1995. Lex: legislação federal e marginália, São Paulo, v. 59,
p. 1996, out./dez. 1995.
2) Jurisprudência (súmulas, enunciados, acórdãos, sentenças e demais
decisões judiciais):
Elementos essenciais: jurisdição e órgão judiciário, título e número, partes
envolvidas (se houver), relator, local, data e dados da publicação.
BRASIL. Tribunal Regional Federal (5. Região). Apelação cível nº
42.441-PE (94.05.01629-6). Apelante: Edilemos Mamede dos Santos e

232
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

outros. Apelada: Escola Técnica Federal de Pernambuco. Relator: Juiz


Nereu Santos. Recife, 4 de março de 1997. Lex: jurisprudência do STJ e
Tribunais Regionais Federais, São Paulo, v. 10, nº 103, pp. 558-562,
mar. 1998.
Elementos complementares: ementa e outros dados que caracterizem
melhor o documento.
BRASIL. Tribunal Regional Federal (5. Região). Administrativo. Escola
Técnica Federal. Pagamento de diferenças referentes a enquadramento
de servidor decorrente da implantação de Plano Único de Classificação e
Distribuição de Cargos, instituído pela Lei nº 8.270/91. Predominância da
lei sobre a portaria. Apelação cível nº 48.991-AL (94.05.01629-6).
Apelante: Edilamar Gomes e outros. Apelada: Escola Técnica Federal.
Relator: Juiz Nereu Santos. Recife, 4 de março de 1997. Lex:
jurisprudência do STJ e Tribunais Regionais Federais, São Paulo, v. 10,
nº 103, pp. 558-562, mar. 1998.

VI - REFERÊNCIA A IMAGEM EM MOVIMENTO (filmes, DVD, etc.)


Elementos essenciais: título, diretor, produtor, local, produtora, data e
especificação do suporte em unidades físicas.
OS PERIGOS DO USO DE TÓXICOS. Produção de Jorge Ramos de
Andrade. São Paulo: CERAVI, 1983. 1 videocassete.
Elementos complementares também podem ser acrescentados para melhor
caracterização do documento referenciado.
OS PERIGOS DO USO DE TÓXICOS. Produção de Jorge Ramos de
Andrade. Coordenação de Maria Izabel Azevedo. São Paulo: CERAVI,
1983. 1 videocassete (30 min), VHS, son., color.

VII - REFERÊNCIA ICONOGRÁFICA (fotografia, desenho técnico, material


estereográfico, transparência, cartaz, etc.)
Elementos essenciais: autor, título (quando não existir, deve-se atribuir uma
denominação ou a indicação Sem título, entre colchetes), data e
especificação do suporte.
KOBAYASHI, K. Doença dos xavantes. 1980. 1 fotografia.
Elementos complementares também podem ser acrescentados para melhor
caracterização do documento referenciado.
KOBAYASHI, K. Doença dos xavantes. 1980. 1 fotografia, color., 16 cm x
56 cm.

233
Manual de Redação

VIII - REFERÊNCIA A DOCUMENTO SONORO


Elementos essenciais: autor(es), compositor(es) ou intérprete(s), título,
local, gravadora (ou equivalente), data e especificação do suporte.
Quando necessário, acrescentam-se elementos complementares para
melhor identificação:
SILVA, Luiz Inácio Lula da. Luiz Inácio Lula da Silva: depoimento [abr.
1991]. Entrevistadores: V. Tremel e M. Garcia. São Paulo: SENAI-SP,
1991. 2 cassetes sonoros. Entrevista concedida ao Projeto Memória do
SENAI-SP.

IX - REFERÊNCIA A DOCUMENTOS EM MEIOS ELETRÔNICOS


As seguintes indicações se aplicam às referências constantes nos itens II
a VIII deste capítulo quando consultadas em meio eletrônico:
1) Essas referências devem seguir os padrões mencionados, de acordo com o
tipo de documento (conforme já abordado nos itens anteriores), acrescidas
das informações relativas ao meio eletrônico:
GARSCHAGEN, Donaldson M. Nova enciclopédia Barsa. Direção geral
de Adm. Carlos Augusto Lacerda; Paulo Geiger. Rio de Janeiro:
Enciclopaedia Britannica do Brasil, 2000. 1 CD-ROM. Produzida por
Lexicon Informática Ltda.
2) Quando os documentos são consultados on-line, são essenciais os dados do
endereço eletrônico, apresentado entre os sinais < >, precedido da
expressão Disponível em e a data do acesso ao documento, precedida da
expressão Acesso em: opcionalmente acrescida dos dados referentes a
hora, minutos e segundos.
a) Referência a monografia (e livro, folheto, manual, guia, catálogo,
enciclopédia, dicionário e outros trabalhos acadêmicos, teses,
dissertações, etc.):
PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz. Infinitivo flexionado - voz
passiva. Disponível em: <http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co
=147&rv=gramatica>. Acesso em: 17 jul. 2006.
b) Referência a publicação periódica:
AMARAL, José de Campos. Reforma do Judiciário. Correio
Braziliense, Brasília, 20 nov. 2000. Suplemento Direito e Justiça.
Disponível em: <http://www2.correioweb.com.br/cw/2000-11-
20/mat-17454htm>. Acesso em: 20 nov. 2000.

234
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

c) Referência a trabalho apresentado em evento:


ALVES, Jones Figueiredo. As tecnologias da informação a serviço
da modernização do Judiciário. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DO DIREITO NA TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO, 1., 2000, Recife. Anais eletrônicos... Recife: TRF 5a
Região, 2000. Disponível em:
<http://www-datavenia.inf.br/framecongresso.html>. Acesso em: 20
nov. 2000.
d) Referência a documento jurídico:
BRASIL. TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Súmula nº 7. É
inelegível para o cargo de prefeito a irmã da concubina do atual
titular do mandato. Disponível em: <http://intranet2.tse.gov.br/
serviços/processos/index.htlm>. Acesso em: 22 nov. 2000.
e) Referência a documento iconográfico:
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS. 10 anos
do voto eletrônico. 2006.10 fotografias. Organização:
Coordenadoria de Comunicação Social. Disponível em: <http://
intranet.tre-mg.gov.br/opencms/export/tre/setores/imprensa/arquiv
o/10-_anos.pdf.> Acesso em: 28 mar. 2011.

X - REFERÊNCIA A DOCUMENTOS DE ACESSO EXCLUSIVO EM MEIO


ELETRÔNICO
Elementos essenciais: autor(es), título do serviço ou produto, versão (se
houver) e descrição física do meio eletrônico.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central.
Normas.doc. Curitiba, 1998. 1 CD-ROM.

Observação: No caso de arquivos eletrônicos, acrescentar a respectiva


extensão à denominação atribuída ao arquivo. No exemplo acima: .doc.

Quando se tratar de obras consultadas on-line, seguem-se, além das


indicações acima, as mesmas do item IX, 2:
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico
Aurélio. Versão 6.1. Disponível em: <http://mgdc03.tre-mg.
gov.br/aurelio/>. Acesso em: 28 mar. 2011.

235
Manual de Redação

XI - A AUTORIA NAS REFERÊNCIAS


1) AUTOR PESSOAL
A entrada nas referências se faz pelo último sobrenome seguido do(s)
prenome(s) e outros sobrenomes, abreviado(s) ou não. Recomenda-se,
tanto quanto possível, os mesmos padrões na mesma lista de documentos
referenciados.
LUFT, Celso P. Dicionário prático de regência verbal. São Paulo: Ática,
1987.
Obras com mais de três autores, menciona-se apenas o primeiro, seguido da
forma et al:
CAMPBELL, Angus et al. The voter decides...
Em casos específicos (projetos de pesquisa científica, indicação de produção
científica em relatórios para órgãos de financiamento, etc.), nos quais a
menção dos nomes seja indispensável, é facultado indicar todos os nomes.
Quando houver indicação explícita de responsabilidade pelo conjunto da
obra, em coletâneas de vários autores, a entrada deve ser feita pelo nome do
responsável, seguida da abreviação, no singular, do tipo de participação
(organizador, coordenador, etc.), entre parênteses.
MARCONDES, M.; ALVES, G. L. (Org.) Atividades físicas em geriatria. 9.
ed. São Paulo: Médica, 2009.
2) AUTOR ENTIDADE
As obras de responsabilidade de entidade (órgãos governamentais,
empresas, congressos, etc.) têm entrada pelo seu próprio nome, por extenso.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Catálogo de teses da Universidade
de São Paulo, 1992. São Paulo, 1993. 467 p.
Quando a entidade tem uma denominação genérica, seu nome é precedido
pelo órgão superior, ou pelo nome da jurisdição geográfica à qual pertence.
BRASIL. Ministério da Justiça. Relatório de atividades. Brasília, DF,
1993. 28 p.
Quando a entidade for vinculada a um órgão maior, mas tiver uma
denominação específica, a entrada é feita diretamente pelo seu nome. Em
caso de duplicidade de nomes, acrescenta-se, após o nome, a unidade
geográfica que identifica a jurisdição, entre parênteses.
BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Relatório da Diretoria-Geral: 1984. Rio
de Janeiro, 1985. 40 p.
BIBLIOTECA NACIONAL (Portugal). O 24 de julho de 1833 e a guerra
civil de 1829-1834. Lisboa, 1983. 95 p.

236
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

3) AUTORIA DESCONHECIDA
Faz-se a entrada de obras de autoria desconhecida pelo título, com a
primeira palavra em caixa-alta:
ECONOMIA sem rumo. Rio de Janeiro: CBB, 1997. 67 p.
4) OUTRAS OBSERVAÇÕES
Autor ou autor e título repetidos de obras referenciadas sucessivamente,
após a primeira indicação, substituem-se por traço.
MATTA, Roberto da. A casa e a rua. São Paulo: Brasiliense, 1985.
______. O jardim azul. Rio de Janeiro: Jordan, 1989.
______. ______. São Paulo: Ática, 1987.
Os designativos Filho, Júnior, Neto e Sobrinho acompanham o último
sobrenome:
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves.
GOMES NETO, F.

Exceção: nome autoral sem prenome pode ser referenciado pelo


sobrenome ou pelo designativo: ADONIAS FILHO ou FILHO, Adonias.

Nas entradas de autores estrangeiros, observam-se as seguintes


particularidades:
a) Autor alemão: as partículas von, van, van den, van der, van's vêm depois
do nome:
HOLT, C. von.
b) Autor espanhol: quando houver dois sobrenomes, faz-se a entrada pelo
primeiro, sem abreviar o segundo:
FERRANDO BADIA, Juan.
MAS, se houver um sobrenome precedido de preposição seguida de artigo
(de, de la, de las, del), faz-se a entrada pelo sobrenome:
CASTILHO, P. del.
Se constar só o artigo, este inicia a referência:
LAS HERAS, M. A.
c) Autor francês: se o sobrenome vier precedido por artigo (l', la, le) ou
contração de preposição com artigo (des, du), faz-se a entrada por essas
partículas:
LE GALL, Gérard.
DES GRANGES, C. M.

237
Manual de Redação

d) Autor inglês: as partículas Mac, Mc e M' (filho de) e O' (neto, descendente)
antecedem o sobrenome na entrada:
MAC DONALD, Elaine.
O'NEIL, Eugene.
e) Autor italiano: em geral, inicia-se a referência pelas partículas a, d', de, di,
del, dalla, degli, dei, la, li, lo:
DI RUFFIA, Paolo Biscaretti.
f) Outras partículas, como A', Ap, Ben, e palavras, como Saint, St., San, Fitz,
marcam a entrada do autor:
A'BECKETT, G. A.
BEN MAYR, B.
FITZ HERBERT, A.
ST. JOHN, J.

XII -APRESENTAÇÃO DO TÍTULO NAS REFERÊNCIAS


O título e o subtítulo são reproduzidos da maneira como figuram no
documento, separados por dois pontos. Entretanto, convém lembrar que o
subtítulo não é imprescindível, constituindo um dado complementar.
PASTRO, Cláudio. Arte sacra. São Paulo: Loyola, 1993.
PASTRO, Cláudio. Arte sacra: espaço sagrado hoje. São Paulo: Loyola,
1993.
Em títulos muito longos, podem-se suprimir as últimas palavras, desde
que não seja alterado o sentido. Indica-se a supressão por reticências.
MEDEIROS, Pedro (Coord.) O adolescente: perguntas e respostas...
São Paulo: Moderna, 2010.
Quando não houver título, deve-se atribuir um termo ou expressão que
identifique o documento, entre colchetes.
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SISTEMAS VERDES, 2., 1999,
Uberlândia. [Trabalhos apresentados.] Uberlândia: Academia Mineira de
Ciências Ambientais, 2000. 450 p.

XIII -OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE EDIÇÃO, LOCAL,


DATA, etc.
1) Indicam-se emendas e acréscimos à edição de forma abreviada.
BRENER, V. Saúde e bem-estar. 3. ed. rev. e aum. São Paulo: Saraiva,
1997.

238
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

2) Indica-se o nome do estado ou país no caso de homônimos de cidades.


MELO, P. A. Saúde canina. Viçosa, MG: UFV, 1997.
3) Não sendo possível indicar o local, usa-se a expressão sine loco, abreviada,
entre colchetes [s.l.]
OS GRANDES poetas românticos. [S.l.]: Ex Libris, 1957. 330 p.
4) O nome da editora é indicado como consta no documento, abreviando-se os
prenomes e suprimindo-se palavras que designam a natureza jurídica ou
comercial, desde que sejam dispensáveis.
LIMA, M. Tem encontro com Deus: teologia para leigos. Rio de Janeiro: J.
Olympio, 1985.
(Na publicação: Livraria José Olympio Editora).
5) Não sendo possível indicar a editora, usa-se a expressão sine nomine,
abreviada, entre colchetes [s.n.]
OS GRANDES poetas românticos. Belo Horizonte: [s. n.], 1957. 330 p.
6) Quando a editora é a mesma instituição ou pessoa responsável pela autoria e
já tiver sido mencionada, não é necessário repetir.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Catálogo de graduação,
1994-1995. Viçosa, MG, 1994. 385 p.
7) Por se tratar de um elemento essencial para a referência, sempre deve ser
indicada uma data, seja da publicação, da distribuição, da impressão, da
apresentação ou outra.
CIPOLLA, A. A criança e a escola. São Paulo: Vozes, 1960. 63 p.
Se nenhuma data de publicação, distribuição, impressão, etc. puder ser
determinada, registra-se uma data aproximada entre colchetes, das
seguintes maneiras:
[1950] data certa, não indicada no item
[1964?] data provável
[1970 ou 1971] um ano ou outro
[entre 1750 e 1770] para intervalos menores de 20 anos
[197-] década certa
[197?] década provável
[18-] século certo
[18?] século provável
GIORDANNO, F. A Democracia na América Latina. Ediouro, [1991]. 190
p.

239
Manual de Redação

8) As séries e coleções são colocadas como elementos finais da referência e


entre parênteses.
ASSOUN, Paul-Laurent. Freud e a mulher. Tradução de Vera Ribeiro.
Rio de Janeiro: J. Zahar, 1993. 182 p. (Transmissão da psicanálise, 33).
9) Ligam-se por hífen as páginas inicial e final de parte referenciada, bem como
as datas-limite de determinado período da publicação.
MOURA, Alexandrina Sobreira de. Direito de habitação às classes de
baixa renda. Ciência & Trópico, Recife, v. 11, nº 1, pp. 71-78, jan./jun.
1983. BOLETIM GEOGRÁFICO. Rio de Janeiro: IBGE, 1943-1978.

240
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

241
Manual de Redação

Capítulo XXIII
BIBLIOGRAFIA
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário ortográfico da Língua
Portuguesa. 5. ed. São Paulo: Global, 2009. 877 p.
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de questões vernáculas. 3. ed. amp.
São Paulo: Ática, 2005. 618 p.
______. Gramática metódica da Língua Portuguesa. 34. ed. São Paulo: Saraiva,
1986. 698 p.
______. ______. 45. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. 658 p.
AMARAL, Emília; et al. Português: novas palavras: literatura, gramática,
redação. São Paulo: FTD, 2000. 575 p.
ANDRÉ, Hildebrando A. de. Gramática ilustrada. 3. ed. rev. e aum. São Paulo:
Editora Moderna, 1982. 360 p.
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Manual de
redação parlamentar. Belo Horizonte: Assembléia Legislativa, 2005. 323 p.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2004. 672 p.
______. O que Muda com o novo acordo ortográfico. 2. ed. São Paulo: Nova
Fronteira, 2008. 80 p.
BERTOLDI, Anderson. Transitividade verbal: tradição e inovação. Entrelinhas: a
revista do curso de Letras, ano II, nº 3, set./dez. 2005. Disponível em:
<http://www.entrelinhas. unisinos.br/index.php?e=3&s=9&a=14>. Acesso em:
26 mar. 2009.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Manual de redação. Brasília: Coordenação de
Publicações, 2004. 417 p.
BRASIL.Tribunal Regional Eleitoral. Resolução nº 805, de 10 de dezembro de
2009. Dispõe sobre o regimento interno. Diário da Justiça Eletrônico, nº 227, pp.
4-29, 2009.
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Secretaria de Documentação e Informação.
Manual de revisão e padronização de publicações do TSE. Brasília: Seção de
Publicações Técnico-Eleitorais/COBLI, 2000. 169 p.

242
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da Língua Portuguesa.


36. ed. rev. e amp. São Paulo: Nacional, 1993. 587 p.
_______. Novíssima gramática da Língua Portuguesa. 48. ed. São Paulo:
Nacional, 2008. 693 p.
_______. Dicionário de dificuldades da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1996. 368 p.
CIPRO NETO, Pasquale. [Concordância verbal]. Disponível em:
<http//falabonito.wordpress.com/2006/09/01/concordância-verbal-com-sujeitos-
formados-por-numeros-percentuais-e-fracoes/>. Acesso em: 23 mar. 2011.
DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS da Língua Portuguesa. Versão 1.0. Rio
de Janeiro, Objetiva, 2009, 1 CD-ROM.
FARACO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto. Gramática. 19. ed. São
Paulo: Ática, 1999. 616 p.
FERNANDES, Francisco. Dicionário de verbos e regimes. 40. ed. São Paulo:
Globo, 1995. 606 p.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário
da Língua Portuguesa. 3. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
2.128 p.
_______. Novo dicionário eletrônico Aurélio. Versão 6.1. Disponível em:
<http://mgdc03.tre-mg.gov.br/aurelio/>. Acesso em: 28 mar. 2011.
FERREIRA, Pinto. Código eleitoral comentado. 4. ed. amp. e atual. São Paulo:
Saraiva, 1997. 506 p.
FRANÇA, Júnia Lessa; VASCONCELLOS, Ana Cristina de et al. Manual para
normalização de publicações técnico-científicas. 8. ed. rev. Belo Horizonte:
UFMG, 2008. 256 p.
GARCIA, Afrânio da Silva. Verbos designativos no Português. Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/soletras/1/12.htm>. Acesso em: 26 mar. 2009.
GRISOLIA, Miriam Margarida; SBORGIA, Renata Carone. Português sem
segredos. São Paulo: Madras, 2004. 384 p.
GUEDES, Paulo; MORENO, Cláudio. Curso básico de redação. São Paulo:
Ática, 1997. 128 p.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 2.922 p.

243
Manual de Redação

LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência nominal. 4. ed., 2 impr. São
Paulo: Ática, 1999. 550 p.
MARTINS FILHO, Eduardo Lopes (Org.). Manual de redação e estilo: O Estado
de São Paulo. 2. ed. São Paulo: Maltese, 1992. 351 p.
MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina. Língua Portuguesa para curso de
Direito. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 429 p.
MEDEIROS, Nilcéia Lage de. Fórum de normalização, padronização, estilo e
revisão do texto científico - obra de referência. Disponível em:
<http//www.editoraforum.com.br>. Acesso em: 2 abr. 2009.
MEIRELLES, Gilda Fleury. Protocolo e cerimonial - normas, ritos e pompa. São
Paulo: Ibradep, 2006. 416 p.
MENDES, Gilmar Ferreira; FORSTER JÚNIOR, Nestor. Manual de redação da
Presidência da República. 2. ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República,
2005. 131 p.
MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa. 8. ed. rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 1999. 736 p.
PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz. Infinitivo flexionado - voz passiva.
Disponível em: <http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=147&rv
=gramatica>. Acesso em: 17 jul. 2006.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS. Padrão PUC
Minas de normalização: normas da ABNT para apresentação de trabalhos
científicos, teses, dissertações e monografias. Belo Horizonte: Pró-Reitoria de
Graduação. Sistema de Bibliotecas, 2007. 50 p.
_______. ______. 2008.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS. Padrão PUC
Minas de normalização: normas da ABNT para apresentação de trabalhos
científicos, teses, dissertações e monografias. Atual. em agosto 2008.
Disponível em: <http//www. pucminas.
br/documentos/normalização_monografias.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2009.
QUEIROZ, Maria Inez Silva. Formas de tratamento e outros aspectos da
redação oficial. São Luís: Lithograf, 2000. 100 p.
ROCHA, Sinval Neves da. Língua Portuguesa: roteiro elementar de estudos.
Belo Horizonte: Ceajufe, 2001. 128 p.

244
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

ROCHA LIMA, Carlos H. Gramática normativa da Língua Portuguesa. 42. ed. Rio
de Janeiro: José Olympio, 2002. 582 p.
SACCONI, Luiz Antonio. Não erre mais. 25. ed. rev. e amp. São Paulo: Atual,
2000. 383 p.
______. Nossa gramática: teoria e prática. 20. ed. rev. e atual. São Paulo: Atual,
1996. 524 p.
______. Gramática essencial ilustrada. São Paulo: Atual, 1994. 402 p.
SCARTON, Gilberto. SMITH, Marisa M. Manual de redação. Porto Alegre:
PUCRS, FALE/GWEB/PROGRAD, [2002]. Disponível em
<http://www.pucrs.br/manualred> Acesso em: 15. fev.2011.
SQUARISI, Dad. Dicas de Português. Correio Braziliense, Brasília. Disponível
em: <http://correiobraziliense.com.br/blog/blogdad/>. Acesso em: 9 abr.2009.
TORRES, Artur de Almeida. Regência verbal. 8. ed. São Paulo: Fundo de
Cultura, 1970. 319 p.
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS. Manual de
padronização de atos oficiais administrativos. Belo Horizonte: TRE-MG, 2008.
183 p.

245
Manual de Redação

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS


Av. Prudente de Morais, 100 - Bairro Cidade Jardim
30380-002 - Belo Horizonte - Minas Gerais
Internet: www.tre-mg.jus.br
Telefone (31) 3307-1100

246

Você também pode gostar