Manuscritos (1519)
Manuscritos (1519)
Manuscritos (1519)
4. 1 O PROJETO DA MISCELÂNEA
84
“Plus que le sens, et même là où le sens des mots apparemment n’est pas
modifié, le rythme transforme le mode de signifier.” OBS: é curiosa a experiência
de traduzir discursos sobre tradução, mesmo em fragmentos. Não consigo não me
sentir convocado a traduzir de acordo com a concepção teórica expressa pelo
texto sobre tradução que me coloco a traduzir.
169
85
“TW [isto é, Cy Twombly] libère la peinture de la vision”. Não consigo
escolher “a melhor tradução” para libère: se “liberta”, “libera” ou mesmo “livra”.
Léa Novaes traduziu por “libera” (BARTHES, 1990: 148). Me permito, portanto,
usar as três possibilidades.
172
86
“[…] devant une écriture tracée à la main, c’est bien encore l’intelligibilité des
signes que nous consommons, mais des éléments opaques, insignifiants – ou
plutôt : d’une autre signifiance – retiennent notre vue (et déjà notre désir) : le tour
nerveux des lettres, le jet d’encre, l’élancement des jambages, tous ces accidents
qui ne sont pas nécessaires au fonctionnement du code graphique et son par
conséquent, déjà, des suppléments.”
173
87
“[...] je ne copie pas le produit, mais la production. Je me mets, si l’on peut
dire : dans les pas de la main.”
88
“Qu’est-ce qu’un geste? Quelque chose comme le supplément d’un acte. L’acte
est transitif, il veut seulement susciter un objet, un résultat ; le geste, c’est la
somme indéterminée et inépuisable des raisons, des pulsions, des paresses qui
entourent l’acte d’une atmosphère (au sens astronomique du terme). Distinguons
donc le message, qui veut produire une information, le signe, qui veut produire
une intellection, et le geste, qui produit tout le reste (le “supplément”), sans
forcément vouloir produire quelque chose. […] Ainsi, dans le geste s’abolit la
distinction entre la cause et l’effet, la motivation et la cible, l’expression et la
persuasion.”
174
uso uma cor diferente, mais forte. Uma vantagem fundamental que
encontro em escrever a tradução à mão é poder seguir o ritmo do texto de
Leonardo, que está em relação direta com o espaço da folha, com o
suporte material. Me parece que, dessa maneira, fica acentuada a
tradução: o texto em italiano está numa posição de subtexto. Literalmente,
o texto que veio antes está na base do texto que veio depois, numa
dinâmica que lembra e ao mesmo tempo contraria a dinâmica de
palimpsesto. “Palimpsesto imperfeito”, diria João Barrento, e acredito
que meu trabalho possa dialogar com esse conceito lançado pelo tradutor
português:
89
“Il limite della singola pagina, del singolo foglio diventa una sorta di ‘misura
biologica’ per tutti i testi di Leonardo: tutti, invariabilmente, concentrati
all’interno di quella misura […]”.
179
Codice sul volo degli uccelli (1505) [Códice sobre o voo dos
pássaros], f. 8r
Fonte: Biblioteca Leonardiana
Figura d’uccello:
Se l’alia e la coda sarà troppo sopra vento, abbassa la metà dell’alia
opposita e ricevivi dentro la percussione del vento, e si verrà a dirizzarsi.
Figura d’uccello:
E se l’alia e la coda fussi sotto vento, alza l’alia opposita e
dirizzerassi a tuo modo, pur che tale alia, che si leva, sia manco obbliqua
che quella che li sta per opposito.
Figura d’uccello:
186
E se l'alia e 'l petto sarà sopra a' vento, abbassisi la metà dell'alia
opposita, la qual sia percossa dal vento e rigittata in alto e e' dirizzerà
l'uccello.
Figura d’uccello:
Ma se l'alia e la schiena saran sotto vento, allor si debbe alzare l'alia
opposita e mostrarla al vento, e subito l'uccel si dirizzerà.
Figura d’uccello:
E se l'uccello sarà dalla parte dirieto sopra vento, allora si debbe
mettere la coda sotto vento, e verrassi a ragguagliare le potenzie.
Figura d’uccello:
Ma se l'uccello arà la sue parte dirieto sotto vento, entri colla coda
sopra vento e dirizzerassi.90
Tradução
Figura de pássaro:
Se a asa e o rabo estiver muito sobre vento, abaixa a metade da asa
oposta e recebe-se dentro a percussão do vẽto, e virá a endireitar-se.
Figura de pássaro:
E se a asa e o rabo estivesse sob vento, alça a asa oposta e endireita-
se a teu modo, para que tal asa que se ergue fique menos oblíqua que a
aquela que lhe está por oposto.
Figura de pássaro:
E se a asa e o peito estiver sobre vento, abaixe-se a metade da asa
oposta a qual será percutida pelo vento e rejogada ao alto e endireitará o
pássaro.
Figura de pássaro:
Mas se a asa e as costas estiverem sob vento, então se deve alçar a
asa oposta e mostrá-la ao vẽto, e de súbito o pássaro se endireitará.
Figura de pássaro:
E se o pássaro estiver da parte detrás sobre vẽto, então se deve
colocar o rabo em sob vento e virá a se igualar as potẽcias.
Figura de pássaro:
Mas se o pássaro tiver as suas partes detrás sob vento, alça o rabo
entre com o rabo sobre vẽto e se endireitará.
Comentários
90
Cf. Raffaele Giacomelli, Gli scritti di Leonardo da Vinci sul volo, Roma, 1936,
p. 352.
187
91
Nella prima riga in alto due cerchietti sbarrati e nel margine altro cerchietto
sbarrato posati da F. Melzi. (“Na primeira linha no alto, dois conjuntos vazios, e
na margem outro conjunto vazio colocado por F. Melzi.”).
92
A primi segue hover cancellato. (“Depois de primi [primeiros] segue hover [ou]
apagado.”).
93
A della precede debono essere diminuiti collo acc cancellato. (“Della [da] é
precedido por debono essere diminuiti collo acc [devem ser diminuidos com o
ac] apagado.”).
190
esse li saran più vicine. E lli colori an tanto più a participare del colore
del suo orizo[n]te94 quant’esse95 a cquello si son più propinque.
Tradução
94
Leonardo scrisse prima dell'orizote. Poi aggiunse sul margine suo e cancellò ll.
(“Leonardo escreveu primeiro dell’orizote [do horizonte]. Depois acrescentou na
margem suo [seu] e apagou ll.”).
95
II ms. ha quent esse. (“No manuscrito está quent esse [quent essas].”).
96
A sspignere segue ttutta cancellato. (“Depois de sspignere [empurrar] segue
ttutta [toda] apagado.”).
97
A spinge segue a cancellato. (“Depois de spinge [empurra] segue a apagado.”).
98
II ms. ha padella dell. (“No manuscrito está padella dell [rótula do].”).
191
Comentários
99
“C’è tra parola e immagine una tensione che genera allarme, pena, schizofrenia.
Un buco, probabilmente, una voragine nera. Questo c’è tra segno iconico e segno
verbale. Nient’altro che questo. Lo spazio desolato che nessuno vorrebbe
percorrere. Né oggi né ieri.”.
194
100
“Qué es pues la traducción sino escritura del tachón, escritura inacabada,
siempre dispuesta a recomenzar.”
195
Altro titolo:
Del mezzo contenuto dalli stremi.
Sul margine:
Dove l'ombra è maggiore o minore o equale al corpo ombroso, sua
origine.
A matita:
Dell'ombra b c h
Tradução
Outro título:
Do meio contido pelos extremos.
Na margem:
Onde a sombra é maior ou menor ou igual ao corpo sombroso, sua
origem.
À lápis:
Da sombra b c h
198
Comentários
Tradução
parte desse homem; toda a mão será a décima parte do homem. O membro
viril nassce no meio do homem. O pé será a sétima parte do homem. De
debaixo do pé até debaixo do joelho será a quarta parte do homem. De
debaixo do joelho ao nasscimento do membro será a quarta parte do
homem. As partes que sencontram entre o queixo e o nariz e o nascimento
dos cabelos e o dos cílios cada espaço porsi é símile demodoque é o terço
do rosto.
Comentários
então anota conclusões de leituras como qualquer leitor que não supõe
que um dia absolutamente todos os seus rabiscos serão valiosos para
outrem.
Nesse caso, porém, Leonardo caprichou na caligrafia. O cuidado
de contornar o quadrado e o círculo, a redução do tamanho das letras, a
disposição das linhas, que se distribuem como num caderno pautado, a
presença de pontuação e iniciais maiúsculas, o título centralizado, tudo
isso gera um efeito de equilíbrio gráfico que justifica talvez a divulgação
dessa página como um “produto artístico”, no sentido moderno: o sentido
que faz com que o “homem vitruviano” receba uma atenção quase tão
popular quanto a Mona Lisa. De fato, um indício de que essa página é
considerada modernamente uma obra artística está na existência do nome
“Leonardo Vinci” no canto inferior direito. Um pouco movido pelo desejo
de matar a curiosidade e descobrir o que está escrito junto ao homem
vitruviano, me coloquei a traduzir essa página. Perceber que se trata de
uma descrição bastante técnica de medidas corporais foi uma maneira de
confirmar uma suspeita, de sentir reafirmada a imagem que eu mesmo
tenho de Leonardo: uma pessoa que estudava bastante. Suponho que essa
seja uma imagem dele que projeto com meu trabalho.
205
101
Un traditore d’accordo con te. (“Um traidor em acordo contigo”).
206
I ferri piramidali siano lunghi 1/2 braccio. El netto dello spazio sia
1/2 braccio.
Questi pali si sotterrano nelle fosse de' castelli. Fannosi lunghi uno
braccio; 1/3 ne resta fori e 2/3 sotto. Fannosi di castagno o di querce,
abbrusati nelle punte.
Tradução
Estas escadas são feitas por 2 homens, e são ainda úteis para uma
torre, onde tu tivesses medo que a escada de corda te fosse por inimigos
soltada. Sejam tão fixos no muro que nele esteja fixo 7/8 e fora 1/8.
102
La scala. (“A escada”).
103
Uncino (anche “lo ‘ncino”) (“Uncino (também ‘lo ‘ncino’[‘gancho’])”).
104
Ms. 3/8. (“No manuscrito, 3/8”).
207
Comentários
Berman. Procurei a passagem em que ele fala sobre isso e aproveito para
compartilhar a citação:
Eu não saberia dizer isso de modo tão bonito. Foi exatamente o que
aconteceu: sem uma terceira língua (e mesmo uma quarta) que mediasse
o português e o italiano, não teria sido possível traduzir braca por
“braga”; não teria sido possível confirmar a receptividade maternal da
língua (do dicurso) para a qual traduzo. É como se houvesse uma chave,
uma palavra-chave, de fato, que propiciasse o entendimento; melhor
ainda: uma palavra-mágica que convencesse a língua-mãe a receber meu
amigo estrangeiro com simpatia.
Outra questão digna de nota nessa página do Manoscritto B é a
exemplificação da estética da tosquice, aqui manifesta pela falha no
arquivo usado para manuscrever a tradução. É a tosquice e sua regra de
trabalhar com o que há. Mais do que uma regra, é uma possibilidade de
explorar o espaço de que se dispõe, o campo em que se está. Aceitar os
limites e usá-los a meu favor; neste caso, os limites de um arquivo digital
em boa qualidade, não fosse por um milímetro de página que foi cortado
na margem direita. Uso isso em favor da simulação que estou fazendo das
condições imperfeitas a que o autor dos textos-desenhos estava
submetido. Possivelmente, Leonardo não dispunha de todos os recursos
materiais que desejava para realizar seus esboços e escritos, e
evidentemente eu também não disponho, embora eu seja tentado a buscar
sempre pelo “melhor” arquivo na internet, pela “melhor” impressora etc.
Esta folha, portanto, serve para mostrar um lado da estética da tosquice
que talvez pertença a uma dimensão psicológica: a estética da tosquice é
um desafio constante ao perfeccionismo.
A estética da tosquice, no entanto, não é algo a ser perseguido. É
apenas algo que se aceita. A promessa que entrevejo nesse caminho é de
libertação, portanto de leveza, sensações que me favorecem na hora de
traduzir.
209
Tradução
Comentários
105
“Les problèmes du traduire ne sont autres que ceux de la théorie générale du
langage […]”.
106
“Une théorie du langage implique une théorie de la littérature. Une théorie de
la littérature implique une théorie du langage. Une théorie du langage inclut une
théorie de la littérature non comme limite ou exception, mais comme pratique
spécifique parmi les autres pratiques sociales, ni sacralisé culturellement, ni
méconnue dans sa spécificité.”
215
107
Fin dal primo foglio del Codice Trivulziano incontriamo una citazione dal De
re militari di Roberto Valturio. Il primo ad identificare il Valturio come
216
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280
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un'importante fonte di Leonardo è stato Edmondo Solmi, fin dal 1898, nei suoi
Studi sulla filosofia naturale di Leonardo da Vinci. Egli ritorna con confronti più
precisi nelle sue Le fonti dei manoscritti di Leonardo da Vinci, Torino, 1908,
ponendo a riscontro i passi dei ms. leonardeschi e quelli di Valturio ad uno ad
uno; e questo per primo: “Ut Ammiano Marciolino placet septingenta voluminum
milia..., bello priore alexandrino, ... dictatore Cesare, ... conflagrasse produntur”
(ed. di Parigi, 1534, p. 12). Leonardo ricorda Ammiano Marcellino anche nel ms.
B, f. 45v. (“Desde o primeiro fólio do Codice Trivulziano encontramos uma
citação do De re militari de Roberto Valturio. O primeiro a identificar Valturio
como uma importante fonte de Leonardo foi Edmondo Solmi, já em 1898, nos
seus Studi sulla filosofia naturale di Leonardo da Vinci. Ele retorna com
comparações mais precisas nas suas Le fonti dei manoscritti di Leonardo da
Vinci, Torino, 1908, colocando em confronto as passagens dos manuscritos
leonardescos e as de Valturio, uma a uma; e esta antes de todas: ‘Ut Ammiano
Marciolino placet septingenta voluminum milia..., bello priore alexandrino, ...
dictatore Cesare, ... conflagrasse produntur’ (ed. de Paris, 1534: 12). Leonardo
recorda Ammiano Marcellino também no Manoscritto B, f. 45v.”).
108
I numeri sono scritti da sinistra a destra, tuttavia di mano di Leonardo. (“Os
números estão escritos da esquerda para a direita, todavia pela mão de
Leonardo.”).
109
Anche in questo passo i numeri, inframmezzati alle righe, sono scritti da
sinistra a destra. Giance, ciance. (“Também nesta passagem os números, no meio
das linhas, estão escritos da esquerda para a direita. Giance, ciance [‘conversa
fiada’].”).
110
Attualmente verrebbe fatto di leggere aj. Nando De Toni, nel 1939, trascriveva
a[p]; forse un'ulteriore smangiatura del bordo del foglio ha reso oggi invisibile la
curva del “p”. De Toni tralascia anche di trascrivere un numero scritto nello
spazio interposto fra le due ultime frasi, vicino al bordo corroso del foglio.
Visibile l'8, preceduto da una cifra asportata: probabilmente 18. (“Atualmente se
leria aj. Nando De Toni, em 1939, transcrevia a[p]; talvez uma ulterior
deterioração da borda da folha torna hoje invisível a curva do ‘p’. De Toni deixa
217
18
Tradução
40
78
320
280
3120
18
Comentários
Esse terceto nos remete a uma nota de rodapé, uma das raras notas
presentes no livro da HUCITEC. E curiosamente não é uma nota que
traduz a nota de Marinoni (a nota que comenta a proveniência
desconhecida do terceto), mas sim uma nota que desdiz o que Marinoni
afirma: “[p]olêmica de Leonardo contra os imitadores de Petrarca.”
(VINCI, 1997: 281). A nota não está assinada, pode ter sido escrita por
111
“Avec les retraductions, on passe progressivement d’un discours sur la perte
en traduction à un discours de l’abondance”.
112
“Terzina canzonatoria d’ignota provenienza.”
219
114
“Plus le traducteur s’inscrit comme sujet dans la traduction, plus,
paradoxalement, traduire peut continuer le texte. C’est-à-dire, dans un autre
temps et une autre lange, en faire un texte. Poétique pour poétique.”
221
geram um efeito interessante: assim podemos ter uma ideia de como seria
fazer um trabalho filológico com Leonardo: é o que fizeram Edmondo
Solmi e, especificamente nesta página, Augusto Marinoni.
223
Tradução
224
Comentários
f. 3v
(Sotto la figura:)
228
115
A S precede d cancellato. (S é precedido por d, tachado).
116
Le ultime quattro righe sono sgorbiate e di difficile lettura. (“As últimas quatro
linhas estão borradas e são de difícil leitura.”).
117
La e sembra corretta su a. (“O e parece corrigido sobre a.”).
118
o corretto su i. (“o corrigido sobre i.”).
229
abbavagliare
abbeverare
abbellire
f. 4r
Traduções
f. 3v
119
A fatta segue d cancellato. (“Após fatta segue d tachado.”).
120
lla corretto su na. (“lla corrigido sobre na.”).
121
A volta segue v cancellato. (“Após volta segue v tachado.”).
122
4 di corretto su m. (“di corrigido sobre m.”).
230
abberrar
(Sob a figura:)
Exenplo da potência dos dentes das rodas, e sua diminuição de
potência. E seja o dente que move m n, e o dente que por acquele he
movido seja o S. Agora eu coloco que o dente o S suba de S ha c, e o dente
que o empurra será levantado por m ha a. Vê a alavanca como se muda,
isto é, do dente movido, que um pouco el’ toca em um lugar e um pouco
em um outro.
agredir
amordaçar
abeberar
alindar
f. 4r
(Acima, ao centro:)
De força e peso.
O peso perto do fim do seu movimento senpre vai cresscendo e a
força senpre diminui.
Comentários
123
“Traduire ce que les mots ne disent pas, mais ce qu’ils font.”
233
[I] Quel che discende fa i passi piccoli perché il peso resta sopra il
piedi dirieto, e quel che saglie fa li passi grandi perché il suo peso sta
sopra il piedi 'nnanzi.
[II] Della'acque che infra loro si percuotano sempre le men potente
refrette indirieto.
[III] Fa' che la prespectiva de' colori non si discordi dalle grandezze
di qualunche cosa, cioè che li colori diminuischino tanto della lor natura
quanto diminuiscano li corpi in diverse distanzie della loro naturale
quantità.
236
Tradução
[I] Aquele que desce faz os passos pequenos pque o peso fica sobre
o pé traseiro, e aquele que sobe faz os passos grãdes pque o seu peso está
sobre o pé da frente.
[II] Da águas que entre elas se percutem senpre a menos potentes
refretem para trás.
[III] Faz que a pesspectiva das cores não se disscorde das
grandezas de qualquer coisa, isto é, que as cores diminuam tanto na sua
natureza quãto diminuam os corpos em diversas distâncias na sua natural
quãtidade.
Comentários
nota il moto del uello | dellacqa ilquale fa avso | dechapelli che anno
due | moti de quali luno attẽde al | peso del uello laltro allinja|mento delle
volte cosi lacqa | alle sue volte reveruertigino|se delle quali vna parte
attende | alinpeto delcorso principale lal|tro atẽde al moto incidẽte
erefresso
Tradução
Comentários
Codice sul volo degli uccelli [Códice sobre o voo dos pássaros]
(1505), f. 15v
Fonte: Biblioteca Leonardiana
Questo e fatto per trovare il centro della gravità dello uccello, sanza
il quale strumento124 poca valetudine arebbe esso strumento125.
Tradução
Comentários
Tradução
Comentários
Tradução
Comentários
128
“Il disegno non bastava; Leonardo prendeva nota degli indumenti
sottolineandone il colore.”
252
giupba e golpe, sobretudo esse último, por serem raros talvez possam ser
considerados exceção – ou erro, como preferir.
Nesses comentários, como falei anteriormente, não era minha
intenção esgotar todos os aspectos observáveis acerca das minhas
próprias traduções. Busquei, isso sim, focar em elementos que exigiram
de mim um pouco mais de atenção, estudo e dedicação na hora de
realizaar os textos em português. Algumas páginas mereceram
observações mais linguísticas, por exemplo sobre dificuldades lexicais ou
mesmo ortográficas; outras páginas me fizeram falar mais sobre questões
performáticas que, devido ao meu projeto tradutório-visual,
determinaram uma ou outra escolha. É nítido que me extendi mais ao
comentar umas páginas do que outras, o que está de acordo com o método
escritivo anunciado no início da dissertação, ou seja, deixo a escrita
conduzir a reflexão e, assim, diminuo o risco de embromação. O que me
parece que foi constante durante todo o processo de tradução é exatamente
esse caráter de processo, a impossibilidade de que chegue um momento
em que eu possa dizer “terminei, não há mais nada a fazer”. Creio que,
também em relação aos comentários, o trabalho poderia se prolongar
indefinidamente, até porque, refletindo sobre minha própria prática, me
dá vontade de reformular alguns trechos, selecionar outras páginas, testar
alternativas tradutórias ou escrever com cores e canetas diferentes. Mas
mudar os textos após fazer os comentários implica em ter que mudar
também os comentários, e essa dinâmica, como se prevê, se alimenta a si
mesma a não ser que eu estabeleça um limite. O limite é: dentro do que
me propus, foi isso que consegui realizar.