ECA Aulas
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ROTEIRO DE AULA
Vítima de maus-tratos no seio de sua família, na cidade de Nova Iorque (EUA), Mary Ellen foi
atendida pela missionária adventista Etta Angell Wheeler após relatos de vizinhos. No
entanto, verificou-se à época que inexistiam leis protetivas aplicáveis às crianças e aos
adolescentes, de forma a punir ou ao menos evitar práticas semelhantes.
Não se conformando com a situação, Etta buscou a ajuda da Sociedade Americana para a
Prevenção da Crueldade contra Animais (American Society for the Prevention of Cruelty to
Animals - ASPCA), representada por Henry Bergh e, perante a corte norte-americana, invocou
a aplicação analógica da legislação que vedava a prática de maus tratos a animais para a
proteção da menina Mary Ellen. E, a partir desse caso, passou-se a entender que o Estado
poderia interferir na forma adotada pelos pais para a criação e educação de seus filhos,
funcionando a intervenção também como um indicador da necessidade de o Estado assumir
a posição de garante em relação aos direitos das crianças e adolescentes.
Ademais, a partir do caso Mary Ellen, a questão ganhou contornos mundiais, influenciando
diversos movimentos de organizações internacionais em favor da proteção das crianças e
dos adolescentes.
Outro marco histórico relevante foi a 1ª Grande Guerra Mundial (1914-1918), em função do
número de adultos mortos e, por conseguinte, aumento do número de crianças e
adolescentes órfãos, tornando-se um problema no contexto mundial.
Imediatamente após a 1ª Grande Guerra foram criadas a Liga das Nações e a Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
Não obstante, como qualquer declaração, não traz em seu corpo mecanismos destinados à
exigência do seu cumprimento pelos Estados signatários. Limita-se a enunciar direitos,
inspirando os Estados na formulação da legislação interna, sem, contudo, gerar obrigações.
Importante notar que o reconhecimento da criança como sujeito de direitos especiais
inaugura a doutrina da proteção integral, uma vez que lhes são reconhecidos os mesmos
direitos dos adultos, e tantos outros em função do estágio peculiar de desenvolvimento em
que se encontram.
Documento de maior relevância acerca do assunto, vez que além de reconhecer a criança
como sujeito de direito, possui força cogente em relação aos Estados que aderirem ao seu
texto.
Também é o documento com o maior número de adesões e ratificações dentre todos os
demais textos internacionais. Os Estados Unidos da América é o único país que não aderiu ao
texto da Convenção.
Por meio da ratificação se dá a adesão ao documento no plano internacional e, a partir da
promulgação, o Brasil se obriga internamente ao cumprimento do seu conteúdo.
Como convenção de direitos humanos, submete-se ao § 3º do artigo 5º, da Constituição
Federal. Porém, considerando que sua promulgação ocorreu em data anterior ao texto
acrescentado ao referido parágrafo 3º, conforme entendimento exarado pelo STF, reveste-se
de natureza supralegal, mas infraconstitucional. Valem mais do que as leis, mas menos do que
a Constituição.
- superior (melhor) interesse da criança, um dos maiores valores voltados à criança, por
declarar o gozo de uma proteção especial em relação aos demais sujeitos de direitos,
devendo seus direitos prevalecerem como regra, embora não de forma absoluta;
Atente-se para o fato de que o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), assim como a
Constituição da República (1988), teve por inspiração o texto da Convenção sobre os
Direitos da Criança.
O Protocolo costuma abordar temas mais polêmicos, de menor adesão, como forma de não
prejudicar a adesão dos países ao texto da Convenção.
Inova ao permitir que a própria criança faça uma comunicação ao Comitê dos Direitos da
Criança quando da ocorrência de violações aos seus direitos no seu Estado, isto é, o
descumprimento da Convenção sobre os seus direitos.
Incluem-se entre as regras mínimas: devido processo legal, presunção de inocência, defesa
técnica, assistência judiciária etc.
Preconiza o respeito aos direitos fundamentais básicos dos jovens privados de liberdade, em
função da condição peculiar de pessoas em desenvolvimento, tais como acesso à educação,
cultura, liberdade de crença, participação política etc. No Estado de São Paulo a Defensoria
Pública ingressou com ação pretendendo o exercício do direito de voto dos adolescentes
internados.
Nenhum país fazia qualquer espécie de referência aos direitos da criança e do adolescente.
Aqui foram criados Códigos específicos às crianças e aos adolescentes, porém com intuito
repressivo, higienista, não de garantia de direitos. Embora denominada fase tutelar, havia um
poder quase absoluto nas mãos do julgador. Inexistia ainda nessa fase respeito ao devido
processo legal, defesa técnica, assistência judiciária, individualização da pena,
responsabilidade especial pela prática de ato infracional etc.
Foi inspirado na atuação de um juiz chamado Mello Mattos, o qual trabalhou no primeiro
juizado de menores do Brasil e da América Latina. Nessa época vigorava a doutrina do menor
ou doutrina da situação irregular, despertando o interesse do Estado apenas aos órfãos,
abandonados e delinquentes, em função do incômodo gerado para a sociedade. E a única
solução encontrada à época era a institucionalização, de todos, conjunta e indistintamente.
3.2. Código de Menores - 1979
Não avançou em praticamente nada em relação ao código de 1927.
4. Fase da Proteção Integral (Séculos XX e XXI)
Art. 24, da Constituição Federal. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
...
XV - proteção à infância e à juventude;
...
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
que lhe for contrário.
Art. 227, da Constituição Federal. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela
Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente
e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas
específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela Emenda Constitucional
nº 65, de 2010)
I -
aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-
infantil;
II -
criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras
de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do
jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos
arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. (Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010)
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e
de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas
portadoras de deficiência.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I -
idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º,
XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado,
segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida
privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos
fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao
adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. (Redação dada Pela
Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do
adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e
condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o
disposto no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;
(Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à
articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas. (Incluído
Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
Art. 228, da Constituição Federal. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos,
sujeitos às normas da legislação especial.
Art. 229, da Constituição Federal. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade.
4.2. ECA (Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, publicada em 16 de julho de 1990, com
vigência a partir de 14 de outubro de 1990)
Segundo essa doutrina, crianças e adolescentes gozam dos mesmos direitos destinados aos
adultos e tantos outros em função do estágio peculiar de pessoas em desenvolvimento físico,
psíquico e moral.
Entre 18 (dezoito) e 29 (vinte e nove) anos fala-se em jovem ou jovem adulto. A partir de 30
(trinta) anos, adulto.
A Lei da Primeira Infância institui uma proteção especial para os primeiros 6 (seis) anos ou
72 (setenta e dois) meses de vida e, com relativa autonomia, alterou parte dos dispositivos
do ECA. Após os 6(seis) anos, passa a ter proteção apenas do ECA.
Importa notar que na legislação internacional não existe essa distinção, considerando-se
criança toda pessoa menor de 18 (dezoito) anos de idade, como regra. Assim, não há
referência a adolescente.
4.1. Colocação em família substituta
São modalidades de família substituta - guarda, tutela e adoção. Deve a criança ser ouvida e
ter sua opinião considerada; o adolescente, além de ouvido e ter a opinião considerada, deve
também consentir - forma especial de capacidade civil concedida ao adolescente para
tomada de decisão acerca da colocação em família substituta -.
O ato infracional é aquela conduta conduta descrita em lei como crime ou contravenção penal
que se praticado por adolescente dá origem a regramento especial.
Quando praticado por adolescente, o ato infracional – conduta descrita em lei como crime ou
contravenção penal – sujeita-se a regramento especial; o adolescente pode sofrer a aplicação
de medida de proteção quanto de medida socioeducativa.
Em regra, crianças não podem viajar sozinhas; adolescentes podem viajar sozinhos dentro
do território nacional.
A Lei Nacional da Adoção (Lei 12.010/2009) inseriu no artigo 100 do ECA, parágrafo único,
uma série de princípios, os quais em tese, sob o ponto de vista sistemático, deveriam servir
unicamente para orientar as medidas de proteção. Porém, a doutrina posicionou-se pela
aplicação a todo o sistema de proteção da criança e do adolescente.
Normas
Postulado normativo
Princípios
Regras
Superior (melhor) interesse da criança e do adolescente: é o postulado normativo que
estrutura a aplicação de todo o direito da criança e do adolescente. É um juízo de ponderação
que se faz sempre que faltarem critérios para tanto dos princípios quanto das regras.
Art. 7º, do ECA. A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio
e harmonioso, em condições dignas de existência.
Em 2005 foi editada então a Lei Nacional de Biossegurança, com o escopo de autorizar a
pesquisa com células-tronco embrionárias depositadas em clínicas de fertilização,
consideradas inviáveis ou ultrapassado o período de depósito seguro, sempre com a
concordância dos doadores do material genético. E, questionada a sua constitucionalidade
por meio da ADI 3510/2008, foi decidido pelo STF que, no que tange à existência, poderia
ser considerada uma violação ao direito à vida do embrião. No entanto, no tocante à
dimensão da integridade, deveria ser privilegiado o direito à vida das pessoas beneficiadas
com o tratamento viabilizado a partir de pesquisas realizadas com a extração de células-
tronco embrionárias. Em outros termos, entre a dimensão da existência, que protege o
embrião, e a dimensão da integridade física e psíquica das pessoas eventualmente
beneficiadas, deu-se preferência à segunda hipótese. Assim, a referida ADI foi julgada
improcedente.
A chamada Lei da Primeira Infância protege não apenas a criança, mas também a
mãe/gestante. E, embora tenha procedido a diversas alterações no ECA, possui autonomia.
O ECA garante à mãe um atendimento integral, desde o período pré-natal até o pós-natal,
incluindo ainda o atendimento àquelas que pretendam entregar a criança à adoção (direito
ao parto anônimo).
Artigo 8º, § 2o, do ECA: Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua
vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto,
garantido o direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016).
Artigo 8º, § 8º, do ECA: A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a
gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras
intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
2. Toque de Recolher
Foram instituídos em alguns municípios, em especial do Estado de São Paulo - Exs.: Cajuru e
Fernandópolis -, portarias editadas por magistrados e leis municipais estabelecendo o
toque de recolher, com determinação de horário e idade da criança/adolescente,
restringindo o direito de ir e vir desacompanhado nas vias públicas, sob pena de apreensão
pelo Conselho Tutelar ou outros órgãos públicos locais, e encaminhamento aos pais ou
responsáveis.
Diversas decisões foram exaradas no sentido de que tais portarias e leis municipais violavam
a liberdade e o direito de ir e vir das crianças e adolescentes, bem como extrapolavam o
direito de os juízes emitirem portarias restringindo a frequência em relação a lugares e
crianças/adolescentes determinados, isto é, eram por demais genéricas.
3. “Rolezinho”
Em julgamento emitido pelo STJ, no bojo de HC impetrado pela Defensoria Pública do Estado
de São Paulo, a ordem foi conhecida de ofício para a anulação da portaria editada pelo juiz da
infância de Ribeirão Preto, a qual proibia crianças e adolescentes, a partir de certa idade, a
frequência desacompanhada aos shoppings centers locais, sob o argumento de violação
frontal ao direito de liberdade de ir e vir, bem como em função do preconceito em relação
àqueles que não possuíam condições financeiras para usufruir de outras formas de lazer,
diversão e brincadeiras.
Aula 02
Essa proteção decorre da previsão do art. 5º da CF que protege a integridade física, psíquica e
moral, a imagem, etc.
Questão: o ECA abrange a proteção ao trabalho e a profissionalização, mas não disciplina essa
questão junto ao direito à liberdade, ao respeito e à dignidade.
Bullying” vem do inglês, e significa acossar, violentar, intimidar. A pessoa que realiza a
prática é chamada de bully.
O bullying pode vir a ter repercussões em outras áreas do direito. Quando, por exemplo,
causar uma lesão corporal, pode se configurar ato infracional se o praticante for menor de
idade, levando à aplicação de uma medida sócio-educativa.
O objetivo da Lei foi trazer à luz essa prática para que, por meio de políticas públicas
direcionadas, se consiga alcançar uma melhoria no combate ao bullying.
d) Lei Menino Bernardo (Lei 13.010/2014): também denominada “Lei da palmada”. Tem
o objetivo de alertar para necessidade de se ouvir crianças e adolescentes com relação a atos
de violência praticada, sobretudo, em casa. É uma questão polemica, pois se refere à
interferência do Estado nas relações familiares, no âmbito da vida privada.
Lei veda:
- Castigo físico: é toda conduta que gere sofrimento físico ou lesão.
- Tratamento cruel ou degradante: é toda conduta que humilhe, ameace gravemente ou
ridicularize criança e adolescente.
O castigo físico e o tratamento cruel e degradante, não são aceitáveis como recurso para
correção, educação e disciplina de crianças e adolescentes.
A medida mais grave prevista pela Lei 13.010 é advertência, se as condutas não configurarem
ilícitos penais. Essas medidas são aplicadas pelo Conselho Tutelar. Toda a gestão da Lei ocorre
fora do Poder Judiciário.
O CC já previa a perda do poder familiar com base na ideia de castigo imoderado. A lei menino
Bernardo cria um microssistema de proteção em face de castigos físicos e tratamentos cruéis
e degradantes, e possibilita a hipótese de perda de poder familiar não apenas com base na
ideia de castigo imoderado, mas de qualquer castigo físico e tratamento cruel e degradante. É
a ideia de proibição absoluta do castigo físico, ainda que possa ser considerado moderado.
A implementação desses direitos se dá por meio de políticas públicas, sendo responsáveis por
essa implementação, na maioria dos casos, todos os entes federativos em solidariedade.
O direito à educação deve ser estudado à luz da CF (mudanças trazidas especialmente pela EC
nº 59), da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e do ECA (fonte menos atualizada).
• Argumentos contrários:
• Argumentos favoráveis
- Além disso, o Estado deve garantir o mínimo existencial, o mínimo de direitos que garanta a
dignidade aos indivíduos.
Determina que as crianças tem o direito de estudar em escolas próximas ao seu local de
residência. Nesse julgado foi analisado se a criança teria o direito de continuar estudando em
escola que se tornou mais distante de sua residência em referência a outra. Conforme decisão,
não se trata de um direito absoluto, mas é um direito subjetivo da criança.
O ECA prevê expressamente o dever dos pais matricularem seus filhos na escola. O debate
envolvendo a educação domiciliar – homeschooling – chegou ao STF em 2015 (RE 888.815 -
2015 – Rel. Min. Roberto Barroso – Repercussão geral).
Há decisões conflitantes a respeito, mas aguarda-se a resolução do STF.
Essa matéria deve ser estudada à luz das disposições presentes na CF, na CLT e na Lei de
Diretrizes e Bases da educação (LDB).
1. Idade para o trabalho: a CF prevê no art. 7, XXXIII a idade mínima para o trabalho de
16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos.
2. Trabalho proibido: considera-se trabalho proibido todo aquele que viole alguma
norma da CF, CLT ou LDB, assim como dos tratados internacionais, e das demais normas
infraconstitucionais. É considerado trabalho proibido todo aquele desempenhado por menor
de 16 anos e, entre 16 e 18 anos, todo aquele que for perigoso, insalubre ou noturno. Trabalho
infantil é o mesmo que trabalho ilícito, proibido.
3. Formas lícitas:
- Trabalho normal: trabalho que não se enquadra nas hipóteses anteriores. Para
criança não é lícito o trabalho normal. Apenas para adolescentes a partir dos 16 anos pode
haver trabalho normal, respeitadas as vedações legais.
Existe uma política de prevenção em face daquilo que é exposto para crianças e adolescentes,
apesar da vedação constitucional à censura.
“Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado
ou sem aviso de sua classificação:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a
autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois
dias.”
5. Produtos Proibidos
- Bebidas alcoólicas (Lei 13.106/2015 – alterou o art. 243 do ECA e revogou o art. 63 da LCP).
Havia contradição entre os crimes previstos pelo ECA e previsão da LCP, pois o primeiro se
referia apenas a oferecimento de substância que cause dependência, enquanto o segundo
mencionava expressamente o oferecimento de bebida alcoólica.
A Lei 13.106 revogou o art. 63 da LCP e alterou o ECA para incluir expressamente a bebida
alcoólica.
1. Adolescentes
2. Crianças
“Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada
dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da
Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o
parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização
válida por dois anos.”
Se houver violação a essas regras, estará configurada infração administrativa à luz do ECA.
Aula 03
A CF considera a família a base da sociedade (CF, art. 226) e traz um rol de formas familiares:
O rol de famílias da CF, art. 226 é taxativo ou exemplificativo? Cf. o STF e a doutrina
majoritária: o rol é exemplificativo. Há um princípio implícito na CF, art. 226: o princípio da
pluralidade das famílias. Não é papel da Constituição enumerar taxativamente as espécies
de formação familiar. Outro argumento: evolução constante da sociedade e rigidez
constitucional.
Cf. parcela doutrinária do Direito de Família, as famílias não devem estar arroladas na CF e
na legislação infraconstitucional. As famílias devem se nortear por dois critérios (valores):
b) Socioafetividade: amor/cuidado.
Relação dos valores doutrinários com o ECA e o direito à convivência familiar: a Lei n.
12.010/09 (Lei Nacional da Adoção) operou algumas mudanças no Estatuto, dentre as
quais a inserção dos elementos “afinidade” e “afetividade”. Tais elementos estão presentes,
p. ex., na definição de família extensa ou ampliada e na adoção pleiteada por ex-cônjuges ou
ex-companheiros. Cf. parcela doutrinária, a afinidade e a afetividade correspondem ao
eudemonismo e à afetividade, respectivamente.
2. Jurisprudência
STF: famílias da CF, art. 226 e o princípio do pluralismo das entidades familiares – ADPF n.
132/ADI n. 4277 (Rel. Min. Ayres Britto).
b) Família extensa/ampliada (Lei n. 12.010/09): é aquela que vai além da unidade pais e
filhos/da unidade do casal, englobando parentes com os quais a criança e o adolescente e
mantêm vínculos de afinidade a afetividade e convivem.
Observações:
c) Família substituta: é aquele que tem lugar toda vez que não houver exercício de poder
familiar ou que o exercício do poder familiar esteja ocorrendo de forma deficiente. Cf. o ECA
há três modalidades de família substituta: guarda, tutela e adoção.
Observação: as pessoas não terão o direito de adotá-la (não é atalho à adoção). As famílias
acolhedoras inscrevem-se em um programa de acolhimento familiar e preparam-se para
exercê-la. Desde o momento em que a criança ou adolescente é afastado da família natural
deve-se buscar a recomposição do núcleo familiar por meio de, p. ex., o acompanhamento
dos pais – ações do Estado.
d) Acolhimento institucional: são entidades que recebem crianças e adolescentes
afastados do convívio familiar. Razão pela qual o acolhimento ocupa a última posição:
ausência do elemento socializador família – evitar o estigma da institucionalização.
III) Devem ser realizadas reavaliações a cada seis meses, até dois anos, salvo
comprovada necessidade que atenda ao superior interesse da criança ou adolescente
Após o prazo de dois anos será analisada a possibilidade da criança retornar à família natural,
ou se seguirá outro caminho. Esse prazo de dois anos somente será prorrogado se houver
algum motivo que atenda ao superior interesse da criança e do adolescente.
Observação n. 1: ECA, art. 19: recebeu nova redação por meio da Lei n. 13.257/16.
Anteriormente, previa-se: “ambiente livre da presença de pessoas dependentes de
substâncias entorpecentes”. Tal disposição estigmatizava tais pessoas, além de expressar a
ineficácia do Estado em relação à proteção ao direito de convivência familiar e comunitária.
5. Poder familiar
A falta de recursos materiais não é razão suficiente para determinar a perda ou a suspensão
do poder familiar. O Estado não deve punir a pobreza, mas, sim, contribuir para que a
família mantenha-se hígida.
CF, art. 3º, III: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.
A alienação parental é a alienação dos pais, uma interferência na formação psicológica de uma
criança ou de um adolescente para que ela repudie um dos pais.
Lei n. 12.318/10, art. 2º: “Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psícológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos
avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos
com este.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim
declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de
terceiros:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou
maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou
adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para
obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da
criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós”.
A alienação interfere no exercício do poder familiar, na medida em que há uma ação dos pais
que repercute nos deveres de guarda, sustento e educação. Em casos extremos, é possível até
mesmo a suspensão ou a destituição do poder familiar.
6. Famílias substitutas
b) Igualdade entre filhos: CF, art. 227, § 6º: ”Os filhos, havidos ou não da relação do
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação”. No mesmo sentido: ECA, art. 20.
c) Manutenção dos grupos de irmãos: ECA, art. 28, § 4º: “Os grupos de irmãos serão
colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a
excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento
definitivo dos vínculos fraternais”.
Definição legal: ECA, art. 33, § 1º: “A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de
adoção por estrangeiros”. “Regularizar a posse de fato”: estar oficial e judicialmente
responsável pela guarda da criança ou adolescente.
Distinção:
Presença dos pais com condição de exercer o poder familiar: guarda conjunta. No
entanto, em razão do divórcio, p. ex., há discussão sobre a guarda – a guarda possui
natureza de dever decorrente do poder familiar.
Guarda como modalidade autônoma de família substituta. Ou seja, a guarda torna-se
autônoma em razão da impossibilidade de os membros da família natural exercer o
poder família sob a criança ou adolescente.
Jurisprudência:
e) Direito de visita e alimentos pelos pais “naturais”
Enquanto o poder familiar existir (estando suspenso ou não) permanece o direito de visita
e o dever de pagar alimentos.
f) Guarda compartilhada
g) Guarda “avoenga”
a) Conceito
Tutela é a modalidade de família substituta que implica no dever de guarda e autoriza, em
regra, a representação dos interesses da criança e do adolescente.
Antigamente, para que fosse possível o exercício da tutela exigia-se uma especialização de
hipoteca legal – garantia de gestão do patrimônio. Atualmente, a especialização de hipoteca
legal foi substituída por eventual necessidade de prestação de caução.
a) Conceito
b) Espécies
c) Adoções especiais
ECA, art. 42, § 4º: “Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem
adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde
que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e
que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não
detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão”.
II) Póstuma
ECA, art. 42, § 6º: “A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca
manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a
sentença.
III) Homoafetiva
IV) Poliafetiva
Três ou mais pessoas como adotantes. Razões: o Estatuto não proíbe e valores regentes –
eudemonismo e socioafetividade.
d) Características
II) Excepcional
ECA, art. 39, § 1º: “A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer
apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família
natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei”.
III) Irrevogável
ECA, art. 39, § 1º: “A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer
apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família
natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei”.
IV) Incaducável
ECA, art. 49: “A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais”.
V) Plena
A adoção rompe com todos os vínculos anteriores relacionados com aquela criança. O que não
termina são os impedimentos matrimoniais.
ECA, art. 41: “A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e
deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os
impedimentos matrimoniais”.
ECA, art. 47: “O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no
registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão”.
e) Requisitos objetivos
I) Idade
ECA, art. 42: “Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado
civil”.
ECA, art. 42, § 3º: “§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o
adotando”.
Observação: adoção conjunta: os dois adotantes devem possuir a idade mínima e diferença
mínima de idade? Predomina o entendimento que não – ao menos um deve possuir idade
mínima e diferença mínima de idade.
Exceção: ECA, art. 45, § 1º: “O consentimento será dispensado em relação à criança ou
adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar”.
ECA, art. 45, § 2º: “Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também
necessário o seu consentimento”.
ECA, art. 46: “A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou
adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do
caso”.
Questão n. 2: existe prazo para o estágio de convivência? Na adoção nacional, não. O juiz
fixa livremente. Na adoção internacional não existe prazo certo, mas existe prazo mínimo
de trinta dias e deve ser cumprido em território nacional.
No entanto, havendo guarda legal ou tutela, por tempo que demonstre o estabelecimento de
vínculos de afinidade e afetividade, poderá o juiz dispensar o estágio de convivência na
adoção nacional.
Observação n. 3: ECA, art. 46, § 2º: “A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a
dispensa da realização do estágio de convivência”.
“Por si só”: se reunidos outros elementos poderá o juiz dispensar o estágio de convivência.
v) Prévio cadastramento
Regra: prévio cadastramento.
Exceções:
ECA, art. 50, § 13: “Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no
Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando:
I - se tratar de pedido de adoção unilateral;
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de
afinidade e afetividade;
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três)
anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços
de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das
situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei”.
Aula 04
f.2) Motivos Legítimos - o motivo deve ser legítimo observado o bem do menor.
f) Impedimentos
g1) Ascendentes não podem adotar os descedentes - Avós não podem adotar netos, em regra.
(Excepcional adoção por avós: STJ - Resp 1.448.969.Rel. Min. Moura Ribeiro. J. 21.10.2014)
g2) Irmãos - adoção tende a imitar a realidade biológica, não permitindo adoção entre irmãos.
g3) Tutor/Curador enquanto não prestadas as contas. A ideia é evitar que a adoção seja
implementada com finalidade econômica por parte do tutor.
(Cespe - Defensor Público - PR/ 2015) Julgue os itens a seguir, considerando o disposto
na CF e na legislação aplicável aos direitos da criança e do adolescente.
Considere que João e Lúcia, após o ajuizamento do pedido de adoção de uma criança,
tenham deixado de viver em união estável. Nesse caso, João e Lúcia ainda podem adotar
conjuntamente, se comprovado o vínculo de afinidade e afetividade de ambos com a
criança, desde que em regime de guarda compartilhada e o estágio de convivência da
criança com ambos adotantes tenha sido iniciado no período em que estavam juntos.
Gabarito: ERRADA
A guarda compartilhada não é pré requisito para que se possibilite a adoção por ex conjuge
ou ex companheiro. Ela será implementada sempre que for favorável aos interesses da
criança.
(Venesp - Juiz de Direito - MS/2015) A colocação em família substituta, nos termos dos
artigos 28 e seguintes do Estatuto da Criança e do Adolescente, far-se-á
(A) mediante apreciação, em grau crescente de importância, de condições sociais e
financeiras da família substituta e do grau de parentesco e da relação de afinidade e
afetividade de seus integrantes.
(B) após realização de perícia por equipe multidisciplinar, que emitirá laudo com atenção
ao estágio de desenvolvimento da criança e do adolescente e mediante seu consentimento
sobre a medida, que acondicionará a decisão do juiz.
(C) mediante o consentimento maior de 12 (doze) anos de idade, colhido em audiência.
(D) a partir da impossibilidade permanente - e não momentânea -, de a criança ou do
adolescente permanecer junto à sua família natural e mediante a três formas: guarda, tutela e
adoção.
(E) mediante comprovação de nacionalidade brasileira do requerente.
Gabarito: C
IX. Direito à Convivência Familiar e Comunitária - Artigos 19 a 52-D do ECA
9. Adoção Internacional (Artigos 52-A a 52-D do ECA)
A adoção internacional caracteriza-se pela necessidade de retirar a criança do
território nacional para o território internacional, pode acontecer quando realizada por
brasileiro que more fora do território nacional.
a) Habilitação no país de acolhida (para onde a criança irá caso seja adotada)
b) Relatório pela autoridade competente
c) Comissões/Autoridades estaduais avaliam normativas dos países envolvidos (Do
adotante e do adotado);
d) Laudo de Habilitação e Cadastramento no país que a criança esteja
e) Estágio de convivência, no país da criança indicada ao menos por 30 dias
f) Sentença de adoção
g) Trânsito em julgado e saída para o país de acolhida.
a) Entidades de Atendimento
Regimes
i. Orientação e apoio sociofamiliar
b) Programas
i. Inscrições do CMDCA com reavaliações a cada 2 anos. Conselho municipal dos direitos da
criança e do adolescente.
ii. Entidades não governamentais devem se cadastrar no CMDCA (validade máxima 4 anos)
Os programas devem ser desenvolvidos e aprovados pelo CMDCA que cuida da aprovação e
avaliação;
Entidades não governamentais - cadastramento no CMDCA antes de desenvolver projetos
na área da infância. Os projetos de atendimento deverão ser inscritos posteriormente ao
cadastramento.
Cadastro da entidade no CMDCA x Inscrição do projeto ou programa de atendimento no
CMDCA
c) Outras normas
Em regra o conselho Tutelar não pode retirar a criança do seio familiar sem uma
decisão judicial, salvo casos excepcionais.
5. Conselheiros
a) Requisitos
b) Impedimentos
b) Responsabilidade CMDCA
c) Fiscalização do MP
Atenção: Nos municípios onde não existir conselho tutela quem exerce essa unção é o juiz
da vara da Infância e Juventude.
7. Atribuições
a) Atendimento básico aos direitos da criança e do adolescente
(UFG – Defensor Público - GO/2014) Em relação aos conselhos estaduais e municipais dos
direitos da criança e do adolescente, às entidades governamentais e não governamentais e
aos conselhos tutelares entende-se que
(A) a função de membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos
direitos da criança e do adolescente é considerada de interesse público relevante e está
isenta de remuneração.
(B) as entidades governamentais são dispensadas de proceder à inscrição de seus
programas, especificando os regimes de atendimento junto ao conselho municipal dos
direitos da criança.
(C) os conselhos tutelares são órgãos temporários e subordinados, encarregados pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos no
texto constitucional.
(D) o funcionamento das entidades não governamentais é condicionado ao registro junto ao
conselho estadual dos direitos da criança e do adolescente, que comunicará ao conselho
tutelar esse registro.
(E) a lei orçamentária estadual deverá prever os recursos necessários ao funcionamento
dos conselhos tutelares e de sua respectiva estruturação material e pedagógica.
Gabarito: A
(Vunesp – Juiz de Direito – MS/2015) Com relação à eleição dos Conselheiros Tutelares, é
correto afirmar que
(A) ocorre a cada 2 (dois) anos, em data unificada em todo o território nacional.
(B) todos aqueles que tiverem completado 18 (dezoito) anos poderão ser eleitos por voto
direto, secreto e facultativo.
(C) em caso de não possuírem residência fixa no Município, os candidatos devem
apresentar autorização do Juiz da Vara da Infância e da Juventude como condição de
elegibilidade.
(D) o processo para escolha será estabelecido por lei municipal e realizado sob a
responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos das Crianças, sob fiscalização do
Ministério Público.
(E) os candidatos devem possuir idoneidade moral e reputação ilibada, vedada a reeleição.
Gabarito: D
substituta
XIII. Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsáveis – Artigos 129 a 130 do ECA
Em regra aplicáveis pelo conselho tutelar, e em alguns casos só podem ser aplicadas
pelo juiz.
1. Influência da Lei 12.010/09 e Medidas “Preferenciais”
2.7. Advertência;
e) Infração por Rádio e TV: Local da sede da emissora ou rede em caso de infração
cometida através de transmissão simultânea de rádio e televisão, que atinja mais de uma
comarca, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do
respectivo Estado.
XIV. Justiça da Infância e Juventude – Artigos 145 a 151 do ECA
2. Competências
2.2.Hipóteses
2.2.1. Competência Exclusiva
3.1. Portarias
para entrada e permanência de criança ou adolescente,
desacompanhado dos pais ou responsável, em:
3.1.1. Estádio, ginásio e campo desportivo;
3.3. Critérios:
(FMP – Juiz de Direito – MT/2014) Diante das regras de competência estabelecidas pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a alternativa correta.
a) A regra geral de competência do juiz da infância e da juventude é a da residência habitual
da criança ou do adolescente. (dos pais)
b) É competente de modo absoluto para a apuração da prática de ato infracional e para a
execução da correspondente medida socioeducativa (domicilio dos pais ou local em que se
encontre) o juízo do local do fato (ação ou omissão).
c) Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea de rádio ou televisão,
que atinja mais de uma comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a
autoridade judiciária de qualquer uma delas (comarca da sede da emissora), respeitada a
prevenção, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do
respectivo Estado.
d) A competência da Justiça da Infância e da Juventude para o julgamento de ações de
guarda e de tutela pressupõe a existência de situação de risco que legitime a aplicação de
medida de proteção (artigo 98 da Lei n.° 8.069/90).
e) Compete sempre à Justiça da Infância e da Juventude conhecer de ações de suspensão e
de destituição do poder familiar.
Gabarito: D
O ECA não tem sistema próprio para recursos, e utiliza-se da regra da sistemática
processual civil.
4. Preferência de julgamento
Gabarito: A
Aula 05
Quando um adolescente realiza uma conduta descrita no Código Penal como crime, está
praticando uma conduta análoga, que denominamos ato infracional análogo.
4. Teoria da atividade: idade à data do fato (ação ou omissão)
Quando o adolescente pratica o ato infracional receberá uma medida socioeducativa, o que
não impede que também lhes sejam aplicadas medidas de proteção.
A prioridade é que se aplique o que for melhor ao adolescente. Podem ser aplicadas
medidas concomitantes, socioeducativas e de proteção, como podem ser aplicadas apenas
medidas socioeducativas ou só de proteção.
As medidas socioeducativas podem ser substituídas a qualquer tempo.
O adolescente segundo o ECA só pode ser apreendido para ser apresentado a autoridade
policial ou judicial.
2. Devido Processo Legal e Direitos Individuais: privação de liberdade (apreensão) em
flagrante ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade competente.
(FCC – Defensor Público – SP/ 2010) Segundo prevê o Estatuto da Criança e do
Adolescente, quando uma criança pratica ato infracional,
a) é vedada a lavratura de boletim de ocorrência, devendo a vítima − se quiser − registrar
o fato junto ao Conselho Tutelar.
b) tratando-se de flagrante, deve ser encaminhada imediatamente, ou no primeiro dia útil
seguinte, à presença da autoridade judiciária.
c) ela não está sujeita a medida de qualquer natureza, uma vez que crianças não praticam
ato infracional.
d) deve o conselho tutelar representar à autoridade judiciária para fins de aplicação de
quaisquer das medidas pertinentes aos pais ou responsável.
e) fica sujeita à aplicação de medidas específicas de proteção de direitos pelo conselho
Tutelar ou Poder Judiciário, conforme o caso.
* Direitos subjacentes
O Flagrante do ato infracional segue a mesma orientação do Código de Processo Penal:
situação em que o adolescente é flagrado cometendo o ato, logo após ter cometido,
perseguido após a prática ou com objetos da prática do ato.
Diretos que lhe são garantido em situação de flagrante:
- Identificação dos responsáveis pela sua apreensão.
- Não ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial,
em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade
física ou mental, sob pena de responsabilidade.
E algemas?
Não há vedação ao uso de algemas, aplica-se o entendimento da
súmula vinculante 11.
Situações possíveis: a) resistência; b) fundado receio de fuga ou c)
perigo à integridade física própria ou alheia.
- Direito que a apreensão e o local em que o adolescente se encontra sejam
comunicados à autoridade judiciária, à família, ou à pessoa por ele indicada.
- Direito de, se já for identificado civilmente, não ser submetido à identificação
compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de
confrontação, havendo dúvida fundada.
Exceção: a identificação compulsória será permitida em situações de
confrontação, quando restar dúvida sobre sua identidade.
1. Encaminhamento à autoridade policial competente( especializada)
O encaminhamento é feito a uma delegacia especializada, ainda que tenha praticado o ato
em coautoria com um adulto.
Na delegacia:
a) Se o ato infracional foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa:
lavratura de auto de apreensão.
+
sua repercussão social
ou
manutenção da ordem pública.
Para fins de não liberação é obrigatório que haja gravidade e repercussão social,
esses dois requisitos são obrigatórios e os demais são alternativos.
Segurança
Repercussão pessoal ou NÃO LIBERAÇÃO
Gravidade
social Manutenção da
ordem
Atenção: A liberação ou não liberação tem natureza peculiar própria, não se leva em
consideração a violência ou grave ameaça, só observada para fins de lavratura de auto
de apreensão em flagrante. Para fins de não liberação só se observa a GRAVIDADE do
ato associado a repercussão social e garantia de sua segurança pessoal ou manutenção
da ordem.
A regra é a LIBERAÇÃO!!
1.2.1. Autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao
representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de
apreensão ou boletim de ocorrência.
1.2.2. Sendo impossível a apresentação imediata: a autoridade policial
encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, que fará a
apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de 24 horas.
Entidade de atendimento: uma das entidades da política de atendimento.
10. Recur
so
Apelação, no prazo de 10 dias
(Cespe – Defensor Público – RR/2013) Um menor, com quinze anos de idade, foi
apreendido logo após a prática de ato infracional análogo ao crime de roubo, descrito no CP.
Apurou-se que o menor, apreendido com o produto do ato e os instrumentos utilizados para
perpetrar a conduta em concurso com pessoas maiores, era reincidente em atos infracionais
daquela natureza.
Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta com base no que dispõe o ECA.
Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável perante a autoridade judiciária, esta
deverá proceder à oitiva de todos eles, e, sendo o fato grave, passível de aplicação de
medida de internação ou colocação em regime de semiliberdade, a autoridade judiciária,
verificando que o adolescente não seja representado por advogado, deverá nomear
defensor para apresentação de defesa. Admite-se, em qualquer fase do procedimento, a
remissão como forma de extinção ou suspensão do processo, contanto que ocorra antes da
sentença.
a) De acordo com preceito expresso da norma de regência, oferecida a representação, a
autoridade judiciária decidirá, imediatamente, sobre a decretação da internação do
adolescente, admitindo-se a aplicação, de forma subsidiária, das medidas cautelares
previstas no CPP, observando-se o prazo máximo de duração de quarenta e cinco dias para
a internação ou medida cautelar diversa.
b) C
omparecendo qualquer dos pais ou responsável do menor, este deverá, em qualquer
circunstância, ser prontamente liberado pela autoridade policial, sob pena de
responsabilidade desta.
c) Apresentado o adolescente, o representante do MP, no mesmo dia e à vista do auto de
apreensão, do boletim de ocorrência ou do relatório policial, devidamente autuados pelo
cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do adolescente, poderá promover,
na fase pré-processual, o arquivamento dos autos ou conceder a remissão, prescindindo –
se de homologação da autoridade judiciária.
d) Caso o órgão do MP entenda não caber arquivamento ou remissão, deve ser oferecida
representação à autoridade judiciária, com a propositura de instauração de procedimento
para aplicação da medida socioeducativa mais adequada, sendo imprescindível a
demonstração de sua justa causa, por meio da prova pré-constituída da autoria e
materialidade do ato infracional.
1. Medida Socioeducativa
São as medidas impostas aos adolescentes como consequência pela pratica de um ato
infracional.
Lembre-se: Criança não recebe medida socioeducativa, mas medida de proteção. Criança
pratica ato infracional mas só recebe medida de proteção.
2. Rol Taxativo de Medidas conforme a abrangência pedagógica (Art. 112 do ECA)
3.2. Circunstâncias
Com análise dos critério o juiz irá aplicar uma medida mais grave ou mais
branda dependendo do caso.
XIX. Teoria Geral das Medidas Socioeducativas – Artigos 112 a 128 do ECA
4. Requisitos:
+
4.2. Prova de Materialidade
Exceção: medida de advertência (que pode ser aplicada com indícios suficientes de autoria e
prova de materialidade)
A) Mínima ofensividade ;
1. Advertência
A admoestação verbal sempre será reduzida a termo e aplicada a atos mais leves, como
furto. A advertência geralmente vem cumulada com a remissão imprópria por parte do
Ministério Público ou autoridade judicial.
É uma medida de execução instantânea.
Ministério Público - Aplica a remissão - gera a exclusão do processo.
Autoridade judiciária - Aplica a remissão processual - gera a suspensão ou exclusão
do processo.
2. Obrigação de Reparar o Dano
- Prazo mínimo de 6 (seis) meses: podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor
- Existe prazo máximo?
Em atos onde não estão presentes a violência ou grave ameaça não se justifica a
aplicação de medida de internação. Ex.: furto, tráfico de drogas.
Súmula 492 do STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não
conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do
adolescente.
2. Reiteração no cometimento de outras infrações graves
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
Infração grave? Na prática tudo é infração grave.
Reiteração - a doutrina entendia que reiteração acontecia somente na 3º conduta
praticada, mas hoje o entendimento majoritário é de que a reincidência se verifica na
pratica do ato pela 2ª vez, coincide com a reincidência.
ex.: Trafico + tráfico = reinteração = Internação
1. Em regra deve existir entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critério de idade, compleição física e
gravidade da infração.
Não havendo a entidade na respectiva comarca, deve-se solicitar a transferência para
estabelecimento de adulto onde só pode ficar pelo prazo máximo de 05 dias, em
seção isolada, excedido o prazo o adolescente deve ser liberado.
OBS: Inexistindo na comarca, deve-se buscar a transferência. Se impossível, pode ficar
apenas 5 dias em estabelecimento para adulto, mas sempre em seção isolada.
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
2. Obrigatoridade de atividades pedagógicas.
6. Unificação
- Morte
- Realização da finalidade
8. Mandado de busca e apreensão: vale por até 6 meses (podendo ser prorrogado
fundamentadamente)
O mandado tem prazo máximo de 06 meses, podendo ser prorrogado.