Armando Camelo
Armando Camelo
Armando Camelo
ARMANDO CAMELO
Engº Civil
EDP Produção, SA
Porto - Portugal
SUMÁRIO
O conceito de vida útil das estruturas em geral encontram-se definidos no Eurocódigo [1] como
o “período durante o qual se pretende que uma estrutura ou parte da mesma seja utilizada
para as funções a que se destina, com a manutenção prevista mas sem necessidade de grandes
reparações”, sendo os valores especificados naquela mesma norma em termos de categoria das
estruturas, e transcritos no DNA da NP EN 206 [2] conforme indicado na Tabela 1, pelo que a
categoria das estruturas ou parte das estruturas de betão e de betão armado a executar em
aproveitamentos hidroeléctricos deverá ser da categoria 5.
150 JMC’2011
Por sua vez, e sobre o conceito de durabilidade, refere-se igualmente no Eurocódigo [1] que a
deterioração das estruturas não deve reduzir o seu desempenho ao longo da vida útil abaixo do
prescrito, tendo em conta as acções ambientais e o nível de manutenção previsto, sendo que
aquelas acções devem ser identificadas na fase de projecto de modo a estimar a durabilidade e
avaliar o grau de deterioração.
Esta identificação das acções ambientais é fundamental que seja desenvolvida na fase de
projecto em particular quanto aos seus valores característicos como é por exemplo o da
agressividade química das águas de contacto com as estruturas de betão e de betão armado e se
o efeito de “lixiviação” e/ou ataque químico são ou não severos. Haverá também que
diferenciar a capacidade incrustante que as águas de contacto têm ou não nos betões e se essa
diferenciação exige que sejam tomadas medidas de minimização contra os riscos de perda de
resistência ou de capacidade de passivação das armaduras.
Para além das características intrínsecas (desempenho e geometria) dos materiais aplicados nas
estruturas que influenciam o desenvolvimento do grau de deterioração dos betões, esta não
depende exclusivamente das acções ambientais mas também de factores relevantes de ordem
técnica e também de factores humanos relacionados com:
Estes factores terão notoriedade acrescida em face dos graus de dificuldade de execução da
obra quer no que diz respeito aos volumes de trabalho envolvidos quer no que diz respeito aos
prazos exigidos aos intervenientes no processo construtivo.
1as Jornadas de MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO 151
Assim, a deterioração das estruturas de betão e de betão armado nas estruturas hidráulicas,
apesar do elevado número de variáveis que afectam o processo, pode ser acautelado pela
consideração de requisitos e/ou especificações reconhecidas, mas tendo sempre em conta a
experiência obtida em construções anteriores e de semelhante grau de dificuldade, como aliás
se prevê naquele Eurocódigo [1].
a) b)
Figura1: Número e idade das barragens existentes em Portugal.
Deste modo, recolhendo informação sobre a qualidade do betões aplicados naquelas obras a
partir de documentos da época da construção das barragens da EDP, e por outro lado
observando a evolução dos resultados da qualidade da água das albufeiras e ainda
acompanhando a monitorização do envelhecimento destas estruturas hidráulicas, obtemos
adequado ensinamento sobre os parâmetros e características que são mais relevantes para a
manutenção das estruturas durante a sua vida útil.
armaduras (ver fig 2.), sendo que o conceito de “betão em massa” pode não ser apenas uma
questão de geometria de secção ou dimensão das estruturas.
De acordo com o ACI Committe 207 [4] betão em massa é definido como o “volume de betão
moldado no local com suficientes dimensões para exigir que sejam tomadas medidas para lidar
com a geração de calor interno originado pela hidratação do ligante e para lidar com a
correspondente variação de volumes para minimizar os riscos de fissuração”.
b c
Figura 2: Barragem do Alqueva (a e c) e difusor da central de Venda Nova II.
De salientar que podem enquadrar-se nesta definição secções com dimensão inferior a 1 metro
quando a aplicação do betão decorre épocas de elevado arrefecimento nocturno (caso dos
períodos dos equinócios em Portugal) e/ou de aplicação de misturas com elevadas dosagens em
ligante por imposição das classes de resistência e respectiva idade de verificação associadas ou
não a exigências de especificação ambiental (por exemplo numa classe XA2 com cimento do
tipo I a E464 [5] prescreve-se uma classe de resistência C40/50).
Por isso convém recordar que a própria norma NP EN 206-1 refere que podem ser requeridos
requisitos adicionais ou diferentes nos casos de aplicação de betões para estruturas em grandes
massas
As principais causas de deterioração das estruturas de betão em massa estão relacionadas com
ocorrência de fissuração e perda de propriedades físicas, químicas ou mecânicas dos betões
cujas ocorrências podem evidenciar-se em idade do betão ainda jovem e em idades mais
avançadas e ainda por factores associadas às tensões térmicas desenvolvidas durante a
construção ou desenvolvidas durante os ciclos térmicos anuais (ver Fig.3 e 4).
1as Jornadas de MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO 153
a b
c d
Figura 3: Assentamento plástico do betão (a, b), RAA nas barragens de A. Ceira e Pracana
(c, d) e erosão de 11m no túnel do descarregador cheias com 2000m3 de volume
(Glen Canyon Dam).
Em idades mais avançadas outras factores são mais determinantes, tais como:
- fissuração devido a reacção expansivas alcali agregado (RAA), dos tipos alcali-silica,
alcali-silicato ou alcali.carbonato;
- fissuração por reacções sulfáticas internas expansivas pela exposição das estruturas a
águas com elevados teores em sulfatos ou por formação de etringite retardada.
- erosões excessivas por cavitação hidráulica ou caudal sólido importante
Figura 4: Efeitos tensionais dos gradientes térmicos numa barragem de secção gravidade.
Análise em fase de construção.
As águas de contacto com os betões desempenham um papel muito relevante na evolução dos
fenómenos de deterioração. No entanto não poderemos deixar de salientar que o betão saturado
em água num estado estacionário pode contribuir para um aumento da durabilidade do mesmo
betão.
Nas obras hidráulicas estão em contacto com a água os paramentos de betão da barragem a
montante e os paramentos das estruturas das tomadas de água, restituição, circuito hidráulico e
descarregadores de cheias e de fundo, com pressões variáveis consoante o aproveitamento, e
ainda com variações da mineralização da água. Além disso os paramentos em contacto com os
solos encontram-se também saturados, e aqui o grau de mineralização é também variado e
fortemente influenciado pelas características mineralógicas dos maciços rochosos onde essas
estruturas se apoiam.
Acresce que os gases dissolvidos na água das chuvas e nos cursos de água estão em geral em
equilíbrio com a atmosfera, mas após atingirem os aquíferos tendem a ficar retidos, como
acontece com o dióxido de carbono (CO2) e o oxigénio (O2), sendo o primeiro um gás
relativamente solúvel que, ao hidrolizar-se, produz ácido carbónico originando um
abaixamento do valor pH.
De salientar que os valores indicados naquela normativa são válidos para os limites de
temperatura entre 5ºC e 25ºC e considerando que o contacto da água com o betão se refere a
um estado quase estacionário, situação que ocorre nos paramentos da barragem mas não nos
circuitos hidráulicos ou nos descarregadores.
Tabela 2: Valores limite das classes de exposição para o ataque químico de solos e águas neles
contida conforme NP EN 206-1.
Nos casos correntes deveremos ainda contar com o poder dissolvente ou incrustante das águas,
definidas em função da variação da alcalinidade num ensaio de dissolução do carbonato de
cálcio na água da amostra registando a diferença entre o valore do pH obtido com o valor do
pH inicial, designado pelo parâmetro I [8].
Valores positivos de I com maior alcalinidade final significam que a água dissolve o carbonato
de cálcio e não é incrustante, valores negativos significam uma alcalinidade final inferior pela
precipitação do carbonato de cálcio e portanto a água é incrustante, e para valores nulos a água
não precipita o carbonato e por isso não protege o betão.
Um outro critério que podemos referir [9] combina três parâmetros característicos: o valor do
pH, a mineralização relativa ao total de sais dissolvidos (TSD) e o índice saturação de
Langelier (i) com base no algoritmo de Morton [10]:
As normativas nacionais aplicadas aos agregados para betão determinam a aptidão destes
constituintes a partir de ensaios de caracterização mecânica, física, geométrica e química,
parâmetros que devem ser convenientemente avaliados na fase de projecto ou antes do início
da obra que permitam estabelecer quais as medidas a adoptar na formulação das misturas de
betão ou adoptar medidas preventivas de protecção ou minimização de riscos expansão
potencial por ocorrências de reacções expansivas internas.
As manchas de empréstimo podem ter origem em pedreiras para exploração da rocha após
realização de reconhecimento litológico e geotécnico do maciço pelos métodos convencionais,
ou podem ter origem em depósitos aluvionares naturais avaliando-se em ambos os casos os
volumes necessários comparados com os volumes disponíveis de exploração após eliminação
das perdas habituais de desmonte e processamento.
Em ambos os casos é fundamental que caracterização seja levada a cabo utilizando recolha de
sondagens até profundidades adequadas com furação à rotação que permita recolher de
amostras da rocha mãe (ver Fig.5), e no caso de depósitos aluvionares pela realização de poços
de prospecção com recolha de amostras a diferentes profundidades em face da estratificação
natural em que se apresentam estes materiais.
Para além da determinação das propriedades mecânicas e físicas da rocha, são realizados no
mínimo os seguintes ensaios:
- análise petrográfica de diferentes fácies da rocha com avaliação do potencial reactivo aos
álcalis segundo E461 e RILEM AAR-1[11];
- analise mineralógica do rocha
- analise química da rocha
- avaliação do grau anisotropia da rocha
- ensaios de fracturação experimental em moinho laboratorial
- determinação das propriedades físicas e geométricas dos agregados grossos e finos
produzidos na fracturação exprimental;
1as Jornadas de MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO 159
a b c
Figura 5: Prospecção de pedreira:
a) Equipamento de sondagens; b) Cx. de sondagem; c) “logging” de sondagem.
Os resultados destes ensaios permite avaliar as propriedades mais relevantes para a produção
industrial de agregados a partir da mancha de empréstimo em apreço e determinar quais os
factores mais críticos para a produção dos betões da obra, nomeadamente sobre riscos de
elevadas perdas de processamento, eventual produção excessiva de fracções finas constituídas
por minerais algo deletérios para o betão (por ex., teor em micas), índices de forma do material
fracturado que obriguem a adopção de equipamentos correctivos no processamento e muito em
particular sobre as condições de lavagem para a produção do agregado mais fino.
Estas ocorrências não são exclusivas dos betões de barragem, já que a evolução de reacção
expansiva necessita da presença da água, pelo que em elementos de obra correntes como o caso
de fundações em edifícios localizadas abaixo ou a cotas muito próximas do nível freático
podemos igualmente observar este tipo de fenómenos (ver Fig. 7).
160 JMC’2011
Figura 7: Casos de fundações afectadas com RAA (na cidade do Recife, Brasil).
Os tipos e classificação de reactividade potencial aos alcalis dos agregados (segundo o definido
pela Especificação LNEC E415) que se encontram previstos para a construção dos
aproveitamentos hidroeléctricos em construção pela EDP Produção estão indicados na Tabela 5
seguinte:
Como se pode observar o numero de casos de agregados que apresentam reactividade potencial
aos alcalis tem um peso significativo e exige que sejam tomadas medidas de prevenção
adequadas.
A primeira das medidas é a mais frequentemente adoptada e também seguida por nós, tendo
presente que a incorporação de adições pozolânicas do tipo II são favoráveis à redução
significativa do calor de hidratação dos betões, factor que veremos no ponto seguinte.
Esta reacção é exotérmica produzindo uma quantidade de calor que é absorvida pelos
constituintes do betão, nomeadamente a água e os agregados, estabelecendo ao longo do tempo
um equilíbrio térmico cujos valores de temperatura vão evoluindo com o tempo desde o
momento de adição de água. Em regime adiabático, isto é, num sistema sem trocas de calor
com o ambiente, as temperaturas terão uma evolução crescente com o tempo, tendendo
assintóticamente para um máximo até que 100% da hidratação se concretize o que pode
demorar alguns anos. No entanto, é nos primeiros dias (entre 2 e 4 dias) que decorre uma
percentagem muito significativa desta hidratação (ver.Fig.8).
100
90 0% cinzas
80 30% cinzas
) 70
g 50% cinzas
k
/l 60
a
c 50
k
(
id 40
h
l- 30
a
C 20
10
0
0 5 10 15 20 25 30
Idade (dias)
Figura 8: Valores medidos de calor de hidratação pelo método da dissolução em função da
adição de cinzas volantes.
Na mesma Fig.8 podemos observar a influência de uma adição pozolânica (neste caso, cinzas
volantes) em percentagem em relação ao valor total de ligante hidráulico (cimento + cinzas).
Como adição pozolânica, as cinzas são constituídas por compostos amorfos com elevado teor
em sílica (nas cinzas silico-aluminosas), cuja hidratação necessita da presença de cálcio e
ocorre após o início da hidratação do cimento quando este liberta portlandite (hidróxido de
cálcio) com a qual reage formando silicatos de cálcio estáveis.
Nas estruturas em massa, o calor desenvolvido pela hidratação tem um papel determinante no
risco de fissuração, dado que a estrutura arrefece nas superfícies correspondentes às suas
condições fronteira que tanto podem estar com contacto com o ar ambiente, cujas variações
térmicas poderão ser estimadas (com ou sem insolação) ou em contacto com a rocha de
fundação com a qual se estabelecerá igualmente um equilíbrio térmico em função da
transmissão de calor entre a estrutura e a rocha.
Este fenómeno tanto pode ocorrer de uma forma lenta quando se efectuam protecções
adequadas nas superfícies, como pode ocorrer em forma de choque térmico (sem protecções ou
nos casos em que retiramos as cofragens que induzem alguma protecção) e expomos as
superfícies a temperaturas ambientes baixas como nos casos de forte arrefecimento nocturno.
Existem outros factores que contribuem de forme relevante para o risco de fissuração que não
poderão ser ignorados, nomeadamente a influência da retracção autógena e hidráulica do betão,
1as Jornadas de MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO 163
Por isso a utilização da adições pozolânicas como as cinzas volantes como referimos atrás, ou à
base de escória de alto forno ou de metacaulinos ou ainda de soluções híbridas destas adições
representam soluções técnicas adequadas para a formulação de misturas a aplicar em betões em
massa.
No entanto, existem outras métodos de minimização dos riscos de fissuração térmica que
passem pelo arrefecimento do betão na fase de fabrico ou imediatamente antes da colocação e
compactação do betão, que designamos por pré refrigeração. Os métodos baseados em sistemas
de isolamento das superfícies betonadas para diminuição dos gradientes com o ar ambiente não
são exequíveis neste tipo de obras. Aqueles métodos, actuando isoladamente ou em conjunto,
podem ser obtidos pela refrigeração dos agregados grossos em banhos de água a 3ºC, pela
incorporação de gelo moído em escamas a -10ºC ou água refrigerada a 3ºC nas misturadores do
betão, pela injecção de nitrogénio líquido em túneis de refrigeração onde passa o betão após o
seu fabrico, efeitos que associados à aplicação de dispositivos de redução transmissão de calor
para os constituintes do betão constituem soluções técnicas possíveis de serem adoptadas.
A abordagem à especificação dos betões das obras hidráulicas relacionadas com a durabilidade
e cujas principais acções ambientais referimos atrás deve, de acordo com as recomendações
internacionais [13], ser fundamentalmente desenvolvida na fase de concepção das estruturas
adoptando medidas proactivas nesta fase de projecto em vez de medidas reactivas de
manutenção e reparação na fase de exploração
Com efeito, no ciclo de vido de um empreendimento (ver Fig.9) quanto mais cedo foram
identificados e quantificados os cenários de deterioração das estruturas menor serão os custos
de manutenção e operação dos activos construído.
As normativas nacionais aplicáveis à especificação dos betões com vista ao cumprimento dos
requisitos de durabilidade dependem também da identificação e classificação das acções
ambientais, sendo que estas acções decorrem fundamentalmente da eventual acção agressiva
das águas de contacto e da acção da carbonatação cuja influencia se reflecte nos recobrimentos
adoptados nas zonas armadas das estruturas em massa.
Aquelas normativas que são aplicáveis nestes casos foram já referidas atrás, noemeadamente as
especificações do LNEC E461 e E464, sendo a primeira relativa às metodologias para prevenir
reacções expansivas internas no betão e a segundo como medidas prescritivas para satisfação
da vida útil dos betões de 50 anos e 100 anos para os tipos de ligante previstos na NP EN 197-
1, fornecendo assim informação sobre a aptidão destes os ligantes em função classificação das
acções ambientais agressivas também já referidas anteriormente (Tabela 2).
Tabela 6: Limites de composição e da classe de resistência para betão sujeito a ataque químico
e para uma vida útil de 50 anos.
Classe Relação Dosagem Classe de
Tipos de cimento
Exposição A/C Mínima Cimento Resist.
Ambiental máxima (kg/m3) Mínima
0,55 320 C30/37 1º caso:
XA1
0,50 340 C35/45 IV/A (Referencia) ; IV/B ;
0,50 340 C35/45 III/A ; III/B ; V ; II/B(*) ;
XA2 II/A-D
0,45 360 C40/50 ---------------------------------
360 C35/45 2º caso :
XA3 0,45
380 C40/50 I ; II/A (*)
(*) não aplicável a cimentos II-T, II-W, II/B-L e II/B-LL
De acordo com a E464, as especificações dos betões para a durabilidade de 100 anos são as
reproduzidas na Tabela 6, acrescidas por:
Isto é, numa situação mais corrente de agressividade XA1, e mesmo com a utilização de um
cimento CEM IV, aquelas especificações recomendariam um betão de dosagem não inferior a
340 k/m3, uma relação água/cimento máxima de 0,50 e uma classe de resistência C40/50.
Para betões em massa, mesmo armados, a dosagem mínima de 340 kg/m3 poderia criar
gradientes térmicos importantes que obrigariam a que a betonagem fosse realizada de forma
1as Jornadas de MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO 165
No entanto a exigência de uma classe C40/50, exigiria uma dosagem seguramente superior
àquele valor e inviabilizaria a execução destas estruturas num prazo considerado razoável.
Salientaremos adiante que estas estruturas em geral nunca são solicitadas a idades tão jovens
como os 28 dias, pelo que a adopção de idades mais avançadas para as especificações não só
adequa a execução à especificação como contribui para a redução dos prazos de execução das
obras por nos permitir executar espessuras de camadas de betonagem compatíveis.
- K60HR < 5 x 10-17 m2 para zonas das estruturas não submersas e zonas com ciclos
molhagem/secagem; e
- K60HR < 10 x 10-17 m2 para zonas das estruturas submersas
No entanto, não dispomos de orientação naquelas normativas de igual abordagem com base em
modelos de deterioração para as acções ambientais relativas às águas agressivas.
i = S . t 0,5
Seguindo ainda esta autor, e tendo presente a publicação[18] e considerando valores medidos
pela EDP em betões aplicados em obra congéneres que demonstraram terem a durabilidade
adequada com resultados inferiores a 0,12 kg/m2.h(1/2), consideramos como especificação
limite em função do níveis de exigência, os seguintes limites:
Para a absorção de água tomamos como valores de referência de 12% e 14% consoante as
estruturas se localizem em zonas de maior ou menor exigência, respectivamente, valores que
baseamos igualmente em resultados de ensaios realizados em provetes de estruturas de obras
hidráulicas da EDP de comprovado desempenho.
Quanto ao valor da penetração de água sob pressão, utilizamos os referenciais reportados pela
Concrete Society [22] de:
- máxima penetração de água de 35mm para estruturas de betão armado em zonas mais
agressivas ou em estruturas mais susceptíveis;
- máxima penetração de água de 50 mm para estruturas de betão armado correntes; e
- máxima penetração de água de 70mm para estruturas de betão sem armaduras.
Salientamos que estas propriedades de desempenho dos betões em relação às acções ambientais
são especificadas para idades mais avançadas que os 28 dias de referência utilizados na
determinação da classe do resistência dos betões.
1as Jornadas de MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO 167
Aliás, seguimos com isto o princípio que o antigo Regulamento de Betões e Ligantes
Hidráulicos (Decreto-Lei 445/89 de 30 Dezembro) determinava no seu artigo 15º sobre a
definição das dosagens mínimas de ligante para as classes dos betões com exigências de
durabilidade (tipo BD), no qual se distinguiam as situações em que o meio agressiva entrava
em contacto com o betão:
Nos casos presentes o meio agressivo das águas de contacto, com excepção das águas drenadas
os maciços rochosos onde se executam as estruturas subterrâneas e das águas pluviais, só
entram em contacto com os betões muitos meses após o seu fabrico.
Esta última observação da anterior regulamentação faz todo o sentido, e poderá ser aplicada
desde que a execução da peça permita colocar dois betões diferentes sem erros de troca na
aplicação, e que garanta que o betão de protecção à massa interior mantenha em toda a
periferia uma espessura mínima entre 0,5m e 1,0m.
4. CONCLUSÕES
A experiência da EDP Produção que aqui apresentamos, procurou basear-se nas metodologias
do desempenho dos betões em relação com os agentes agressivos em presença naquelas
estruturas, metodologias que nos permitiram estabelecer especificações compatíveis com os
ritmos de construção sem comprometer a durabilidade prevista no projecto.
REFERÊNCIAS
[19] Especificação LNEC E394 – “Betões – determinação da absorção de água por imersão”,
LNEC, Lisboa, 1993.
[20] NP EN 12390-8, “Ensaios de betão endurecido. Parte 8: Profundidade de penetração de
agua sob pressão”, IPQ, Lisboa, 2009.
[21] Valenta, O., The permeability and the durability of concrete in aggressive conditions,
Proceedings 10th International Congress on Large Dams, pp 103-117, Montreal, 1970.
[22] The Concrete Society, Permeability testing of site concrete – a review of methods and
experience, Report of a concrete society party, Concrete Society Technical Report no. 31,
p.95, London , 1988.
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