Relatorio - 01 - Sensores e Transdutores

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Universidade Federal do ABC – Santo André – set/2018

Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas

ESTA010-17 Sensores e Transdutores A1


Prof. Dr. Carlos Alberto dos Reis Filho
Autor: Paulo Tales Saraceni Dominguez da Silva – 21017612

Relatório 1 – Medição de temperatura com Termopar


Introdução
Dentre todas as grandezas físicas conhecidas a temperatura é certamente a mais
medida, já que a obtenção deste parâmetro possui fundamental importância em inúmeros
processos desde os mais complexos e modernos até os mais simples e arcaicos. Como um dos
sensores de temperatura mais simples, robustos e baratos, é conveniente iniciar os estudos de
sensores e transdutores pelos termopares. A robustez deste equipamento faz com que este
sensor seja amplamente utilizado em aplicações em ambientes agressivos, onde a maioria dos
sensores de temperatura sequer é capaz de operar. Com base nesta importância foi proposto
aos alunos a verificação do funcionamento de um termopar tipo K, comparando a temperatura
da superfície de um resistor de potência, medida com um termômetro, com a temperatura
correspondente à tensão produzida nos seus terminais conforme a tabela fornecida pelo
fabricante.
Fundamentação
Os termopares têm seu funcionamento baseado no fenômeno físico conhecido como
Efeito Seebeck, observado pela primeira vez pelo físico Thomas Johann Seebeck, tal efeito é
caracterizado pela produção de uma diferença de potencial entre os terminais de um condutor
quando este é submetido a um gradiente térmico.

Figura 1: Representação esquemática do Efeito Seebeck.

O efeito Seebeck têm como fundamento a difusão dos elétrons de maior energia, a
princípio concentrados na extremidade mais quente do condutor, em direção ao terminal de
menor temperatura, gerando então um déficit de elétrons na extremidade quente (ou lacunas)
fazendo com que esta extremidade tenha um potencial positivo em relação à extremidade fria.
Vale ressaltar que a relação entre a diferença de temperatura e a diferença de potencial entre
os terminais do condutor trata-se de uma característica intrínseca e exclusiva de cada material.

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Ao unir dois terminais de diferentes materiais condutores e expor este terminal
conjunto à uma dada temperatura (a este terminal conjunto é dado o nome de junção quente)
enquanto os outros dois terminais (de materiais distintos) são submetidos a uma mesma
temperatura que não a primeira (a estes terminais é dado o nome de junções frias), além de
existir uma diferença de potencial entre as junções quente e fria de cada condutor, existe
também uma diferença de potencial entre as junções frias dos condutores. Esta diferença de
potencial entre as junções frias permite determinar os coeficientes de Seebeck relativos e por
consequência, estimar a temperatura a qual a junção quente está exposta.

Figura 2: Representação esquemática do funcionamento de um termopar.

Os termopares podem ser construídos utilizando as mais diversas combinações de


condutores, porém algumas combinações se destacam por questões de custo, sensibilidade,
precisão ou faixa de operação por exemplo. Uma das combinações mais recorrentes é a
composta por um condutor de cromel e outro de alumel, caracterizando assim o termopar do
tipo K, que se trata de um termopar de baixo custo e uso genérico, cuja sensibilidade gira em
torno de 40 µV/°C com uma faixa de operação que varia de -200°C à 1200°C. Tendo em vista que
as temperaturas medidas devem se encontram dentro do intervalo contido na tabela fornecida
pelo fabricante (de 0°C à 250°C) espera-se que os valores de tensão observados estejam de
acordo com a bibliografia.

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Figura 3: Tabela de tensão termoelétrica para o termopar tipo K fornecido.

Metodologia
Os materiais utilizados para a realização do experimento são:
 1 fonte DC de pelo menos 2 canais ajustáveis;
 1 voltímetro portátil ou de bancada (neste caso, o multímetro Minipa® ET-2075B);
 1 termômetro (o multímetro Minipa® ET-2075B possui tal função);
 1 resistor de potência de 10Ω/5W;
 1 resistor de 1KΩ;
 1 resistor de 100KΩ;
 1 amplificador operacional OP07;
 2 termopares tipo K;
 x Cabos banana-banana e/ou banana-jacaré.
O experimento é então dividido em duas etapas: a primeira consiste na medição da
temperatura e da tensão produzida pelos termopares quando estes estão com suas junções
quentes em contato com o corpo do resistor de potência, para isso foi construído o seguinte
arranjo experimental.

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Figura 4: Representação esquemática do arranjo experimental da primeira etapa.

Antes de medir a temperatura do corpo do resistor é importante determinar a


temperatura da junção fria, para isso basta colocar as entradas “TEMP” do multímetro em curto.
Este procedimento é necessário para que se possa estimar a diferença de temperatura entre o
corpo do resistor e o ambiente.
Em seguida coloca-se a junção quente de ambos os termopares em contato com o corpo
do resistor, de forma a manter um bom contato térmico. E assim sendo ajusta-se a tensão
fornecida pela fonte DC de forma que a temperatura medida pelo termômetro esteja próxima
dos 60°C e verifica-se a tensão produzida pelo termopar TP2 correspondente a esta temperatura
consultando a tabela do termopar tipo K. O mesmo procedimento deve ser repetido para as
temperaturas de 120°C e 180°C. Outra verificação interessante é a influência da temperatura da
junção fria na medição, para isso, de forma qualitativa submete-se a junção fria à um fluxo de
ar quente e observa-se a variação da tensão medida por TP2.
Para a segunda etapa, de forma a amplificar o sinal de tensão proveniente de TP2 é
construído o seguinte arranjo utilizando um amplificador operacional OP07, que substituirá o
arranjo construído para TP2 na primeira etapa. De forma a estimar o ganho real do amplificador
os resistores R2 e R3 devem ter suas resistências devidamente medidas. Deve ser tomado um
cuidado especial ao conectar os terminais do termopar TP2 aos terminais do amplificador
operacional OP07 de forma que a tensão de offset deste esteja no mesmo sentido que a
produzida entre a junção fria do termopar. Com relação aos outros componentes da primeira
etapa sua montagem permanece inalterada.

Figura 5: Circuito utilizado para amplificação do sinal de TP2 para a segunda etapa.

De forma análoga à primeira etapa coloca-se em curto os terminais da junção fria


(entrada do amplificador) e determina-se a tensão de saída deste arranjo, e a partir deste valor
consulta-se a tabela e estima-se qual o erro EM TEMPERATURA que o amplificador introduz.
Finalmente, ajusta-se a tensão da fonte DC de forma que a temperatura das junções
quentes esteja em torno de 200°C e compara-se o valor de tensão medido com o esperado de
acordo com a tabela do fabricante.

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Resultados e Análise
De acordo com a metodologia, o primeiro dado a ser obtido é a temperatura da junção
fria, que medida com os terminais do multímetro em curto forneceu um valor de Tf de
aproximadamente 21°C, compatível com o esperado para o ambiente com ar-condicionado do
laboratório. Porém vale lembrar que a medição feita pelo multímetro esta sujeita às variações
de temperatura do próprio ambiente, por exemplo, devido alterações de umidade, correntes de
ar ou proximidade com equipamentos que geram calor. Este comportamento caótico por sua
vez tende a se manifestar na forma de erros de leitura.
Em seguida, o resistor de potência é exposto a um dado potencial da fonte DC de forma
que a temperatura medida em sua superfície seja de 60°C, em seguida 120°C e logo após de
180°C, e os valores de tensão obtidos para cada um destes valores de temperatura constam na
tabela abaixo.

Tabela 1: Tensões medidas e esperadas nos terminais do termopar TP2 para diferentes temperaturas.

Diferença entre a Tensão esperada


Temperatura da Tensão medida entre
temperatura da junção entre os terminais
junção quente os terminais do
quente e junção fria do termopar TP2
(°C) termopar TP2 (mV)
(°C) (mV)
60 39 1,96 1,571
120 99 4,05 4,055
180 159 6,64 6,500

Como termopares são equipamentos que medem diferenças de temperatura, e não


temperaturas absolutas, deve ser descontada da temperatura da junção quente a temperatura
da junção fria, que resulta nas temperaturas descritas na segunda coluna da tabela 1. Os valores
de tensão esperados então foram obtidos com base nestes novos valores de temperatura e,
portanto, observa-se uma relativa compatibilidade da ordem de grandeza entre as tensões
medidas e esperadas. Como já foi descrito anteriormente para efetuar medições confiáveis
deve-se garantir um bom contato térmico entre a junção quente do termopar e o corpo do
resistor, o que por sua vez nem sempre foi possível para o arranjo experimental construído, além
disso nada pôde ser dito a respeito das variações de temperatura nas quais as juntas frias foram
expostas ao longo das medições de tensão, sem levar em consideração as próprias limitações
da compensação da junção fria feita anteriormente.
É interessante notar que ao soprar ar quente sobre a junta fria a diferença de
temperatura entre esta junção e a junção quente diminui, fato este que resultaria numa menor
tensão medida entre os terminais assim como foi observado.
Para a realização da segunda etapa o primeiro passo consiste da medição das
verdadeiras resistências de R2 e R3 de forma que o ganho real do amplificador possa ser
determinado.
𝑅3
𝑅2 = 0,985𝐾Ω 𝑒 𝑅3 = 101,2𝐾Ω ⟹ G = ≅ 102,74
𝑅2
Devido à alguns erros durante a realização do experimento, a tensão de saída
correspondente a situação na qual os terminais da junção fria são colocados em curto não foi
obtida, portanto não foi possível obter o erro em temperatura introduzido pelo amplificador.
Por fim ajusta-se a tensão da fonte DC de forma que a temperatura medida no corpo do
resistor seja de aproximadamente 200°C, que resultou numa tensão de saída de 695,4mV, que
deduzido o ganho resulta numa tensão de aproximadamente 6,768mV, que de acordo com a
tabela significa uma temperatura em torno de 166°C, que se adicionada uma a temperatura

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ambiente de aproximadamente 21°C resultaria numa temperatura da junta quente próxima de
187°C. Apesar dos erros durante o procedimento a temperatura obtida apresenta ordem de
grandeza similar aos 200°C esperados, porém como não foi possível determinar o erro
introduzido pelo amplificador uma análise mais detalhada dos dados seria imprudente.
Conclusão
Este experimento permitiu a observação da robustez e simplicidade dos sensores
termopares, além da previsibilidade de suas medições, caso estas sejam feitas com certo rigor.
Além disso foi possível avaliar a manifestação do fenômeno físico conhecido como efeito
Seebeck, que por sua vez é reverso ao efeito Peltier, e juntos caracterizam o que é conhecido
atualmente como efeito termoelétrico. Por fim, ao avaliar uma das formas mais recorrentes de
medição de temperatura no meio industrial é possível iniciar um estudo sólido a respeito das
características e aplicações dos diferentes tipos de sensores e transdutores existentes.
Referências
 [1] Notas de aula - Teoria. Disponível em: https://sensores.webs.com. Acessado em:
21/09/2018;
 [2] Notas de aula – Prática. Disponível em: https://sensores.webs.com. Acessado em:
21/09/2018;
 [3] Termopar. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Termopar. Acessado em:
25/09/2018;
 [4] Efeito Seebeck. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_Seebeck.
Acessado em: 25/09/2018.

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