Barroco e Rococó
Barroco e Rococó
Barroco e Rococó
Design Gráfico
Fundamentos de Arte e História
Prof.ª Flavia Simonini Paradella
A arte barroca originou-se na Itália (séc. XVII), mas não tardou a irradiar-se por outros países da
Europa e a chegar também ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis.
Barroco (palavra cujo significado tanto pode ser pérola irregular quanto mau gosto) é o período da
arte que vai de 1600 a 1780 e se caracteriza pela monumentalidade das dimensões, opulência das formas e
excesso de ornamentação. É o estilo da grandiloqüência e do exagero. Essas características todas podem
ser explicadas pelo fato de o barroco ter sido um tipo de expressão de cunho propagandista.
As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência, que
os artistas renascentistas procuram realizar de forma muito consciente; na arte barroca predominam as
emoções e não o racionalismo da arte renascentista.
É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco traduz a tentativa angustiante de
conciliar forças antagônicas: bem e mal; Deus e Diabo; céu e terra; pureza e pecado; alegria e tristeza;
paganismo e cristianismo; espírito e matéria.
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
• Emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no
princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas
pelo raciocínio.
• Busca por efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas;
• Entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
• Violentos contrastes de luz e sombra;
• Pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de
profundidade conseguida.
CONTEXTO HISTÓRICO:
• Mercantilismo e protecionismo.
• Mercado europeu torna-se internacional (importações e exportações).
• Colonização européia
• Absolutismo
• Contra-Reforma
CARACTERÍSTICAS DO PERÍODO:
• O Estado é o Rei. Ele representa toda a decisão do país.
• Selas de cavalos, roupas de batalha todas cravejadas em pedras e brilhantes.
• Sol como centro do universo (Luis XIV: o rei sol = Luis XIV como o centro do universo)
• Não existe mais o absoluto como termo da verdade.
• Não existia saneamento básico, pessoas não cuidavam da higiene.
• Refinamento do paladar (sabor do alimento e montagem dos pratos).
• Refeições teatrais. O entorno se modificava para a apresentação. Comer é secundário.
• Lazer começa a surgir. Caça e jogos de bilhar.
• O Rei convidava privilegiados para o acordar do Rei, o almoçar do Rei
• O Rei controla o que cada nobre vai ganhar, para que não haja tramas, nem traições.
• Poder do Rei conforme luxo de suas vestes e de seu palácio, como o poder do país.
• Nobreza se dá por hereditariedade ou por aquisições (quantidade de terras). Ser nobre é possuir
terras; nobre não trabalha, vive de renda.
• A Igreja se preocupa com a catequização de outros povos (Jesuítas).
• Raspar o caldo do prato com pão surge no século XVII.
• Espaço vazio é pobreza.
• Aparecimento das tigelas de doces.
ARQUITETURA:
Na arquitetura barroca, os conceitos de volume e simetria vigentes no renascimento são substituídos
pelo dinamismo e pela teatralidade. O produto desse novo modo de desenhar os espaços é uma edificação
de proporções ciclópicas, em que mais do que a exatidão da geometria prevalece a superposição de planos e
volumes, um recurso que tende a produzir diferentes efeitos visuais, tanto nas fachadas quanto no desenho
dos interiores.
Com o humanismo, o Renascimento e, principalmente, a Reforma, a Igreja católica teve seu poder
enfraquecido. O grande império cristão começou a se fragmentar em diversas religiões, pois a força da razão
libertava o homem do autoritarismo. A igreja, para reconquistar seu prestígio e poder, organizou a Contra-
Reforma, isto é, tomou iniciativas importantes que visavam reafirmar e difundir sua doutrina. É na construção
e decoração das igrejas que nasce a arte Barroca. Arquitetos, escultores e pintores foram convocados para
transformar igrejas em verdadeiras exibições artísticas, cujo esplendor tinha o propósito de converter ao
catolicismo todas as pessoas.
Quanto à arquitetura sacra, as proporções antropomórficas das colunas renascentistas foram
duplicadas, para poder percorrer sem interrupções as novas fachadas de pavimento duplo, segundo o modelo
da construção de Il Gesú, em Roma, primeira igreja da Contra-Reforma.
Quanto à arquitetura palaciana, o palácio barroco era construído em três pavimentos. Em vez de se
concentrarem num só bloco cúbico, como os renascentistas, parecem estender-se sem limites sobre a
paisagem, em várias alas, numa repetição interminável de colunas e janelas. A edificação mais representativa
dessa época é o Palácio de Versalhes, manifestação messiânica das ambições absolutistas de Luís XIV, o
Rei Sol, que pretendia, com essa obra, reunir ao seu redor - para desse modo debilitá-los - todos os nobres
poderosos das cortes de seu país. Seguindo o exemplo do Palácio de Versalhes, são construídos nas
diversas cortes européias, palácios faustosos, cercados de jardins imensos, aproximando-se do que logo viria
a ser o neoclassicismo.
• Construção de orfanatos, asilos, casas de caridade para meninas (para aprenderem profissão),
sanatórios.
• Espaços belos para atrair e seduzir o povo.
• Muitas representações de sol, agora centro do universo.
• Catedral de São Pedro de Roma é grandiosa para provar que Deus é grandioso, mas não é espaço
opressivo, mostrando que o homem também é grandioso.
• Meio termo entre o fantasioso do Maneirismo e a rigidez do Clássico.
• Escultura trabalha junto com a Arquitetura. Harmonia dos elementos dada através de sensações, e
não de regras.
• Elementos com curvas e retas. Igrejas usam paredes curvas.
• Surgiram os Cabarets (França) e os Cafés (Inglaterra).
• Escadas teatrais, suntuosas, soltas da parede e próximas a ela. Sem curvas, mas com várias
direções. ↑→↓ ou ↑→↓←↑
• Jardins planares com desenhos em arbustos. Imensos, na frente dos palácios, para se observar a
beleza e a grandiosidade do palácio. Não tem flores. Sua beleza se dá pela diferença da cor das
folhas, do desenho dos jardins e topiárias (árvores recortadas em figuras), cercados por grades; o
público pode apreciar o jardim.
ESPAÇO INTERIOR:
• Aspecto grandioso, monumental. Grandes dimensões, pé direito alto. Janelas muito altas (só a parte
inferior se abre, a parte superior é fixa). Uso de cortinas para a proteção contra o sol. Ex: Galeria dos
Espelhos – largura = 10,5 m; comprimento = 473 m; altura = 13 m.
• Palacete significava toda residência que servisse para abrigar uma única família, abrisse para a rua
por um grande portão e possuísse estrebarias e cocheiras.
• Marido e mulher ricos tinham quartos separados, simetricamente dispostos, um de cada lado do
vestíbulo.
• Qualificação: Imponência, luxo, teatralidade, dinamismo, excesso, riqueza (mármores, bronzes
dourados, espelhos, cristais).
• Balaustrada comum para separar a cama do Rei.
• Teorias de Galileu sobre movimento da Terra influenciam sobre os interiores (a Terra não é plana, o
globo e os planetas se movimentam = muitas curvas).
• Duplicação e repetição de efeitos decorativos – efeito de movimento.
• Colunas sobre pilastras, troféus, pencas de frutos e flores, medalhões, talha em alto relevo.
• Os contrastes de luz (zonas claras e escuras) fazem o Barroco ganhar dramaticidade.
• A composição do conjunto ganha importância. Todos os elementos se fundem num único padrão.
Tudo depende do efeito proporcionado pelo conjunto.
• Predominância de curvas e espirais. Servem como elementos de integração de diferentes formatos,
alturas. Composição movimentada, mas simétrica. Perspectivas ilusionistas.
• Maior preocupação com o aparato que com o conforto e a funcionalidade. As salas de gala eram
planejadas mais para fascinar os olhos, do que para morar. Quarto se torna o centro da vida privada.
• A importância do quarto na vida social. La ruelle (espaço em volta da cama onde as visitas se
localizavam, sobre almofadas ou bancos estofados).
• Paredes tinham divisões em painéis, de grandes proporções. Pinturas e tromp l’oeil: cenas
mitológicas, paisagens, vasos de flores. Tecidos usados em paredes e seus motivos aumentam de
tamanho proporcionalmente ao pé-direito. Uso de cartelas para descrição do tema.
• Tecidos luxuosos: sedas, damascos, veludos com relevos de alturas diferentes. Couro gravado e
dourado. Espelhos altos. Tecidos com motivos fitomorfos (pinhas com mais curvas) totalmente
simétricos.
• Tons escuros de vermelho, azul e amarelo.
• Os tetos igualavam-se com as decorações das paredes. Podiam ser retos ou abobadados, com
caixotões e medalhões, com cúpulas. As pinturas com heróis mitológicos intencionavam refletir os
atributos pessoais do dono da mansão.
• Espaços planejados em dupla: exemplo - coloca-se o móvel entre duas portas e dois candelabros.
• Sofá surge no Barroco.
• Camponeses têm por hábito mesa grande para sentar a família toda para a refeição. A cozinha era ao
lado da sala.
• Hermes: esculturas só da metade do corpo. Atualmente, os chamamos de bustos. Usados em
consoles ou em cima da lareira.
• No campo, surge o saleiro e o porta-pães presos à parede.
• Ingleses inventam a mesa em formato oval.
PINTURA
As obras pictóricas barrocas tornaram-se instrumentos da Igreja, como meio de propaganda e ação. Isto
não significa uma pintura apenas de santos e anjos, mas de um conjunto de elementos que definem a
grandeza de Deus e de suas criações. Os temas favoritos devem ser procurados na Bíblia ou na mitologia
greco-romana.
O método favorito empregado pelo barroco para ilustrar a profundidade espacial é o uso dos primeiros
planos super dimensionados em figuras trazidas para muito perto do espectador e a redução no tamanho dos
motivos no plano de fundo. Outras características são: tendência de substituir o absoluto pelo relativo, a maior
rigidez pela maior liberdade, predileção pela forma aberta que parecem apontar para além delas próprias, ser
capazes de continuação, um lado da composição é sempre mais enfatizado do que o outro. É uma tentativa
de suscitar no observador o sentimento de inesgotabilidade, incompreendibilidade e infinidade de
representação, uma tendência que domina toda a arte barroca.
Outra característica marcante da pintura barroca em geral é o efeito de ilusão buscado pelos artistas. Isso
se manifesta claramente nas pinturas feitas em tetos e paredes de igrejas ou palácios. Os artistas pintam
cenas e elementos arquitetônicos (colunas, escadas, balcões, degraus) que dão uma incrível ilusão de
movimento e ampliação de espaço, chegando, em alguns casos, a dar a impressão de que a pintura é a
realidade e a parede, de fato, não existe. Outra característica da pintura barroca é a exploração do jogo de luz
e sombra.
Características da pintura barroca:
• Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido,
substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista.
• Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) - era um recurso que visava a
intensificar a sensação de profundidade.
• Realista, abrangendo todas as camadas sociais.
• Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática.
• A luz não aparece por um meio natural, mas sim projetada para guiar o olhar do observador até o
acontecimento principal da obra.
A Itália foi o centro irradiador do estilo barroco. Dentre os pintores mais representativos, de outros
países da Europa, temos:
• Velázquez - além de retratar as pessoas da corte espanhola do século XVII procurou registrar em
seus quadros também os tipos populares do seu país, documentando o dia-a-dia do povo espanhol
num dado momento da história.
• Rubens (espanhol) - além de um colorista vibrante, se notabilizou por criar cenas que sugerem, a
partir das linhas contorcidas dos corpos e das pregas das roupas, um intenso movimento. Em seus
quadros, é geralmente, no vestuário que se localizam as cores quentes - o vermelho, o verde e o
amarelo - que contrabalançam a luminosidade da pele clara das figuras humanas.
• Rembrandt (holandês) - o que dirige nossa atenção nos quadros deste pintor não é propriamente o
contraste entre luz e sombra, mas a gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que
envolvem áreas de luminosidade mais intensa.
ESCULTURA
A escultura barroca teve um importante papel no complemento da arquitetura, tanto na decoração
interior como exterior, reforçando a emotividade e a grandiosidade das igrejas.
Suas características são: o predomínio das linhas curvas, dos drapeados das vestes e do uso do
dourado; as linhas diagonais; e os gestos e os rostos das personagens revelam emoções violentas e atingem
uma dramaticidade desconhecida no Renascimento.
As esculturas em mármore procuraram destacar as expressões faciais e as características
individuais, cabelos, músculos, lábios, enfim as características específicas destoam nestas obras que
procuram glorificar a religiosidade. Multiplicavam-se anjos e arcanjos, santos e virgens, deuses pagãos e
heróis míticos, agitando-se nas águas das fontes e surgindo de seus nichos nas fachadas, quando não
sustentavam uma viga ou faziam parte dos altares.
• Bernini - arquiteto, urbanista, decorador e escultor, algumas de suas obras serviram de elementos
decorativos das igrejas, como, por exemplo, o baldaquino e a cadeira de São Pedro, ambos na
Basílica de São Pedro, no Vaticano. A principal característica de suas obras é o realismo, tendo-se a
impressão de que estão vivas e que poderiam se movimentar.
Por vários motivos, o clímax do desenho barroco pode ser visto na criação de vastos jardins, como os
do palácio de Versalhes, onde o homem parecia ser o controlador absoluto da natureza. Os jardins barrocos
realçaram o lado dramático do uso da água em cascatas, fontes e canais.
A grande diferença do Barroco para o período medieval é que agora o homem, depois do
Renascimento, tem consciência de si e vê que também tem seu valor - com exemplos em estudos de
anatomia e avanços científicos o homem deixa de colocar tudo nas mãos de Deus.
O Barroco caracteriza-se, portanto, num período de dualidades; num eterno jogo de poderes entre
divino e humano, no qual não há mais certezas. A dúvida é que rege a arte deste período. E nas emoções o
artista vê uma ponte entre os dois mundos, assim, tenta desvenda-las em suas representações.
UNESA – Universidade Estácio de Sá
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Prof.ª Flavia Simonini Paradella
CONTEXTO HISTÓRICO:
• Guerras (esgotamento de riquezas) e divisão de poderes na Europa.
• Aumento da população. Crise econômica.
• Auge do Iluminismo.
• Transação do Absolutismo para o Liberalismo.
• Conhecimento ligado ao poder.
• A luta de classes (nobreza gasta X burguesia produz). Cobra-se do Governo educação e saúde.
• Desenvolvimento científico (Newton, Lavoisier) e cultural (Iluminismo).
• Revolução Francesa (1789).
• Início da Revolução Industrial ( + ou – 1760)
• Descoberta de Herculano (1713) e Pompéia (1748).
CARACTERÍSTICAS DO PERÍODO:
• A ascensão da mulher.
• Crianças passam a ser vistas como crianças, não mais como adultos em miniatura. As roupas
mudam, surgem os jogos educativos, o quebra-cabeça.
• As pessoas percebem o valor da higiene; acreditam que o ar do campo é salubre e que tem que
circular, começam a lavar as ruas, o banho passa a ser mais comum.
• Passam a usar colheres, facas, garfos, por causa da peste.
• Banheiros públicos são montados próximos dos rios.
• Festas galantes. Espetáculos com máscaras.
• Século dos contrastes: requinte X busca da simplicidade; sentimentalismo X racionalismo.
• Apogeu das artes decorativas.
• Os banquetes dão lugar ao pique-nique, mas aqueles ainda existem.
• O galanteio torna-se moda.
• Continuidade de alguns aspectos do Barroco.
• Qualificações: requinte, dinamismo (assimétrico), festivo, exuberante, frágil, delicado, sutilmente
sensual, agradável, exótico.
• Rocaille ou Rocalha: soma da forma das conchas com o enrugado das rochas (roche + coquier).
Motivo ornamental com um fim em si mesmo.
• Há uma profusão de anjinhos não somente nas igrejas, mas também em parques e fontes
residenciais;
• Em relação ao barroco, foi mais intimista e flexível, dando mais abertura às fantasias individuais;
• Surgimento do conceito de interior. Independência entre interior e exterior.
• Muito uso do branco para que o azul e o dourado sejam evidenciados.
• Abolição de fortes contrastes. Cores mais claras. Gosto pelo brilho.
• Uso do papel de parede.
• Formatos orgânicos. Usa-se muito o laço de fita com dobraduras e assimetrias. Tecido em degradée
na mesma cor.
• Diminuição do tamanho do ornamento – delicadeza e minúcia.
• Uma das inovações do século XVII foi a atenção dada aos móveis e à decoração das pequenas
salas, aos pequenos espaços. Muitos palácios antigos passaram por reformas e foram acrescentadas
pequenas saletas onde a família passava a maior parte do tempo.
• Surgem o sifão e a descarga; a latrina se aproxima do quarto (cheiro não atrapalha). O costume
anterior é da latrina ir até o nobre.
• Gosto pela luz, mesmo de noite usam-se muitos lustres e arandelas. Hábitos mudam, o jantar passa
ser depois de anoitecer.
• Uso abundante de espelhos.
• Balde de gelo e cremeira se popularizam.
ARQUITETURA
A arquitetura rococó é marcada pela sensibilidade, percebida na distribuição dos ambientes interiores,
destinados a valorizar um modo de vida individual e caprichoso. Essa manifestação adquiriu importância
principalmente no sul da Alemanha e na França. Suas principais características são uma exagerada
tendência para a decoração carregada, tanto nas fachadas quanto nos interiores. As cúpulas das igrejas,
menores que as das barrocas, multiplicam-se. As paredes ficam mais claras, com tons pastel e o branco.
Guarnições douradas de ramos e flores, povoadas de anjinhos, contornam janelas ovais, servindo para
quebrar a rigidez das paredes.
O mesmo acontecia com a arquitetura palaciana. A expressão máxima dessa tendência são os
pequenos pavilhões e abrigos de caça dos jardins. Construídas para o lazer dos membros da corte, essas
edificações, decoradas com molduras em forma de argolas e folhas transmitiam uma atmosfera de mundo
ideal. Para completar essa imagem dissimulada, surgiam no teto, imitando o céu, cenas bucólicas em tons
pastel, claros. Desaparecem os intensos vermelhos e turquesa do barroco, e a tela se enche de azuis,
amarelos pálidos, verdes e rosa.
• Inglaterra: as casas não eram mais projetadas individualmente. Todo o quarteirão era projetado como
uma unidade. As casas urbanas possuíam pés-direitos altos e fachadas simples. Seus jardins
ficavam escondidos da rua pela fileira de casas quase idênticas.
• França: predomínio dos pequenos palacetes.
• Articulação dos edifícios em blocos, para melhor corresponder às suas funções.
• Surge o corredor como espaço arquitetônico. Preferência por portas, e não mais cortinas.
• Pavilhões são construídos no jardim somente para jantares. Ex: Palácio de Cristal, em Petrópolis.
• Cada cômodo com sua individualidade. Formatos e decorações diferentes para funções distintas.
• Preocupação com a harmonia. Integração da decoração com o equipamento e o acessório.
• Diminuição das áreas, das proporções, dos pé-direitos. Busca pela intimidade, aconchego, conforto.
• Surge o bordoir (espaço para reunião feminina após a refeição, para bordar ou outros afazeres
femininos) e o fumoir (respectivo espaço masculino, para fumo). E também os gabinetes de banho.
• Escadas curvas e leves. Ângulos das paredes arredondados. Guarda-corpos em ferro rendilhado.
• Amplas e numerosas aberturas – a porta-janela ou porta-balcão – para a maior entrada de luz natural,
inclusive valorizando o desenho dos parquets.
• Gosto pela luz, pelo brilho (piso encerado, lustres de cristal reluzentes)
• Iluminação artificial (os lustres eram enormes e centrais, havia arandelas e velas à meia altura em
candelabros e lampiões).
• Surge a sala de jantar em casas, palácios e palacetes.
PINTURA
A pintura rococó deixa de lado os afrescos e aproveita os recursos do barroco, liberando-os de sua
pesada dramaticidade por meio da leveza do traço e da suavidade da cor. Agora o quadro tem pequenas
dimensões, passando a ser colocado nas entreportas ou ao lado das janelas, onde antes eram colocados os
espelhos. Por vezes os quadros têm um lugar reservado: são os cabinets de pintura, onde se reúnem os
entendedores para apreciar as obras.
As cores preferidas são as claras. Desaparecem os intensos vermelhos e turquesa do barroco, e a
tela se enche de azuis, amarelos pálidos, verdes e rosa. As pinceladas são rápidas e suaves, movediças. A
elegância se sobrepõe ao realismo. As texturas se aperfeiçoam, bem como os brilhos.
Existe uma obsessão muito particular pelas sedas e rendas que envolvem as figuras.
O material preferido para obter o efeito aveludado das sedas e dos brocados, a transparência das
gazes e o esfumado das perucas brancas são os tons pastel. Esses pigmentos de cores diferentes,
prensados na forma de pequenos bastões, ao serem aplicados sobre uma superfície rugosa vão se
desfazendo e é preciso fixá-los com um líquido especial. Sem sombra de dúvida, é nesse período que a
técnica do pastel atinge seu ponto máximo de excelência.
Principais artistas:
• Antoine Watteau, (1684-1721), as figuras e cenas de Watteau se converteram em modelos de um
estilo bastante copiado, que durante muito tempo obscureceu a verdadeira contribuição do artista
para a pintura do século XIX.
• François Boucher, (1703-1770), as expressões ingênuas e maliciosas de suas numerosas figuras de
deusas e ninfas em trajes sugestivos e atitudes graciosas e sensuais não evocavam a solenidade
clássica, mas a alegre descontração do estilo rococó. Além dos quadros de caráter mitológico, pintou,
sempre com grande perfeição no desenho, alguns retratos, paisagens e cenas de interior.
• Jean-Honoré Fragonard, (1732-1806), desenhista e retratista de talento, Fragonard destacou-se
principalmente como pintor do amor e da natureza, de cenas galantes em paisagens idílicas. Foi um
dos últimos expoentes do período rococó, caracterizado por uma arte alegre e sensual, e um dos
mais antigos precursores do impressionismo.
ESCULTURA
Os escultores do rococó abandonam totalmente as linhas do barroco. Suas esculturas são de
tamanho menor. Embora usem o mármore, preferem o gesso e a madeira, que aceitam cores suaves. Os
motivos são escolhidos em função da decoração. Até artistas famosos, principalmente aqueles ligados a
manufatura de Sèvres se apressam a preparar para ela, desenhos e modelos. Em função de lembrança, do
souvenir, os pequemos grupos representam cenas de gênero e narram, com linguagem espontânea e cores
luminosas, episódios galantes, brincadeiras e jogos infantis.
Deve-se destacar também que é nessa época que surge com um vigor inusitado a indústria da
escultura de porcelana na Europa, material trazido do Extremo Oriente, na esteira do exotismo tão em voga
nessa época. Esse delicado material era ideal para a época, e imediatamente surgiram oficinas magistrais
nessa técnica, em cidades da Itália, França, Dinamarca e Alemanha.
Na escultura e na pintura da Europa, ao contrário do que ocorreu na arquitetura, não é possível traçar
uma clara linha divisória entre o barroco e o rococó, quer cronológica, quer estilisticamente. Intimista,
geralmente procura retratar as pessoas mais importantes da época.
Mais do que nas peças esculpidas, é em sua disposição dentro da arquitetura que se manifesta o
espírito rococó. Os grandes grupos coordenados dão lugar a figuras isoladas, cada uma com existência
própria e individual, que dessa maneira contribuem para o equilíbrio geral da decoração interior das igrejas.
Principais Artistas:
• Johann Michael Feichtmayr, (1709-1772), escultor alemão, membro de um grupo de famílias de
mestres da moldagem no estuque, distinguiu-se pela criação de santos e anjos de grande tamanho,
obras-primas dos interiores rococós.
• Ignaz Günther, (1725-1775), escultor alemão, um dos maiores representantes do estilo rococó na
Alemanha. Suas esculturas eram em geral feitas em madeira e a seguir, policromadas.
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BRASIL COLONIAL
CONTEXTO HISTÓRICO:
• Economia: agricultura, cana-de-açúcar.
• Sociedade: rural, com Senhor de Engenho.
• Política / Administração: capitanias hereditárias, os donatários, o governo geral, invasão holandesa.
Arte colonial - barroco e rococó abrange as artes plásticas e a arquitetura produzidas no Brasil
durante aproximadamente 250 anos. Nesse período, os estilos predominantes eram o maneirista,
barroco e rococó, que estão presentes em construções militares, civis e religiosas no litoral, no interior, e
em Minas Gerais, principalmente a partir do século XVIII.
Logo após o Descobrimento do Brasil, as primeiras construções realizadas foram as fortalezas,
erguidas com o objetivo de defesa das vilas e cidades litorâneas. Os arquitetos eram militares e,
posteriormente, padres jesuítas, que fundaram vilas e construíram igrejas e conventos.
Como o período se caracteriza por um período de exploração, povoados se formam, com moradias de
pau-a-pique. Possuem muitos fortes, mas não possuem prédios de grande porte.
ARQUITETURA RELIGIOSA:
Nas igrejas, a arte colonial atinge seu ponto alto, com muitos elementos importantes para
compreender a arte daquele período.
Os padres que eram pintores e escultores faziam pinturas nos altares ou nos santos em madeira,
recobertas com folhas bem finas de ouro.
As obras do século XVI e início do XVII, por exemplo, seguem o estilo maneirista e foram feitas
principalmente pelos jesuítas. Vários desses altares se encontram na cidade do Rio de janeiro. A partir de
meados do século XVII, o estilo desenvolvido passou a ser o barroco.
AS IRMANDADES RELIGIOSAS:
Na igreja católica, além dos padres e das freiras, existe a irmandade religiosa chamada de ordem
terceira, que congrega as pessoas que desejam ensinar a religião, organizar as festas religiosas, dar assistência
aos doentes, etc. No período colonial, integrar uma irmandade religiosa, além de ser um exercício da fé, dava
muito prestígio, pois permitia a participação na vida social e religiosa.
As ordens franciscana e carmelita recebiam essas pessoas, que em geral construíam uma capela ao
lado da igreja do convento. Em Minas Gerais, como as ordens foram proibidas de se instalar, para que o reino
não recebesse nenhum tipo de interferência nas relações socioeconômicas na região, foram as irmandades
religiosas que edificaram as igrejas e as santas casas. Ao clero era permitida apenas a construção de
seminários para padres seculares, submissos ao rei.
Os negros apenas tinham permissão de ingressar nas irmandades de N. Sra.do Rosário, Santa Ifigênia
e São Benedito, e edificavam suas igrejas de forma tão elaborada quanto as dos brancos – nas quais, aliás,
eram proibidos de entrar. Os marceneiros eram da confraria ou irmandade de São José, à qual Aleijadinho
também pertencia, pois, por ser mulato, não podia pertencer à irmandade dos franciscanos ou carmelitas. Já o
pintor mestre Ataíde, outro importante artista do período colonial, pertencia às irmandades dos homens brancos.
CULTURA BARROCA:
Na arquitetura, o barroco caracteriza-se pela grandiosidade e suntuosidade, apresentando
sempre linhas curvas e jogos de luz e sombra nas massas arquitetônicas.
As figuras são representadas como se estivessem em movimento e fazendo gestos largos. As
pessoas retratadas, santos ou autoridades, parecem convidar aquele que olha a participar dos
acontecimentos. Quando entramos na cena, nosso olhar se dirige para todos os lados, parecendo buscar
novos espaços, inclusive fora dos limites da própria obra.
Como no Brasil tudo estava por construir e Portugal veio também para catequizar, a Igreja teve
um papel importante na formação da cultura colonial: ficavam sempre muito visíveis, e os conventos
ficavam nas saídas das cidades ou estas se desenvolviam ao seu redor. Simples por fora, mas repletas de
ornamentos dourados no seu interior, as igrejas geralmente impressionavam os fiéis. Era um local onde se
respirava a cultura e o sentido de construção de uma nova nação longe da Coroa.
Elas foram construídas voltadas para a praça principal, e na sua fachada, na maioria das vezes,
existem duas torres. Entre estas fica o corpo central, que apresenta no alto uma estrutura denominada
triângulo frontão, que pode ser curvo ou reto.
A decoração do interior das igrejas é caracterizada pela pintura, adornos nos altares e imagens
de santos. No teto, que pode ser curvo ou reto, neste caso formado por diversos caixotões, era
comum a pintura. Os altares, por sua vez, são revestidos de ornamentos, e as imagens dos santos são
colocadas em nichos.
A necessidade de construção e decoração das igrejas fazia com que padres e artistas de Portugal
viessem para o Brasil ensinar o ofício das artes para aprendizes, que depois ficavam responsáveis pelas
obras. Com isso, houve um impulso no desenvolvimento das artes, principalmente da arquitetura, da
escultura e da pintura.
Os mestres-de-obras, juntamente com os canteiros (trabalho em pedra) e os pedreiros, faziam as
construções. Os marceneiros, entalhadores e santeiros trabalhavam com a ornamentação de madeira.
Pintores e douradores faziam as pinturas, os douramentos e as policromias nos altares e santos.
ESCULTURA BARROCA:
A escultura barroca está ligada à produção de imagens de santos, destinadas aos altares das
igrejas ou oratórios das casas.
Nos séculos XVI e XVII, era mais comum fazer as imagens em argila, segundo a tradição
portuguesa trazida pelo frei beneditino Agostinho da Piedade e continuada pelo seu aluno, o primeiro
escultor brasileiro, Agostinho de Jesus, o Carioca.
Durante o século XVIII, os santos feitos para se colocar nos altares principais eram grandes
e, quando de madeira, podiam ter formas mais elegantes, com as vestimentas esvoaçantes e coloridas.
Outros santos menores eram colocados nos nichos dos altares laterais, e outros menores ainda se
destinavam aos oratórios.
A capacidade de esculpir e moldar santos é chamada de imaginária, e durante o período colonial
existiram diversas escolas especializadas nesse tipo de arte. Houve também uma produção intensa de
imagens para oratórios.
Imagens rococós de santos foram feitas até o século XIX. A cultura popular também deu sua
contribuição para a imaginária, pois o povo sempre pediu muitas imagens para suas devoções.
Existem também santos feitos especialmente para sair nas procissões. São os santos-de-roca, cujas
estruturas são de madeira, cobertas com roupas de tecido, com as cabeças e as mãos esculpidas em madeira e
depois policromadas. Geralmente os cabelos são feitos de fios verdadeiros.
PINTURA ILUSIONISTA:
As primeiras pinturas nos forros das igrejas eram feitas dentro de molduras formadas por madeiras
dispostas em formas geométricas. Depois foram feitos forros lisos e curvos, sendo possível fazer a pintura
ilusionista, que ampliava o espaço. Foi bastante empregada para mostrar as cenas que aconteceriam no
céu, ou seja, imaginação do que seria a realidade, chamada de "visão". Assim os artistas fingiam, com o
desenho, que a arquitetura da igreja continuava no forro. As cores utilizadas eram escuras, como o marrom
e o verde para as sombras e os amarelos para as luzes.
No período rococó, nas pinturas como as de mestre Ataíde, o espaço de representação do céu se
amplia com grandes áreas azuis, que antes eram ocupadas por desenhos de arquitetura. As colunas
ficam fantasiosas e as figuras, mais soltas nos espaços. As cores são em tons rosa-avermelhado e azuis
quase cinzentos. As formas são livres da geometria e repuxadas.
CONJUNTO COLONIAL:
As cidades coloniais brasileiras no litoral foram, em sua maioria, traçadas com ruas retas, mas nas
regiões montanhosas do interior acompanharam os desníveis dos terrenos. As casas no litoral eram feitas com
pedras e no sertão - São Paulo e Minas Gerais - eram de pau-a-pique. Eram construídas umas junto às outras,
tal qual nas cidades medievais portuguesas. Dessa forma, uma escorava a outra, e seus telhados, com largos
beirais, proporcionavam proteção contra a chuva às paredes.
OURO PRETO:
Ouro Preto está situada em meio a montanhas e vales, onde correm os riachos nos quais foram
encontrados pelos bandeirantes veios de ouro, em 1692. Eram dois vilarejos distintos - o dos paulistas, que
descobriram o ouro, e o dos emboabas, portugueses e outros. No período áureo de Ouro Preto, havia grande
disputa entre as diversas ordens religiosas e irmandades para ver quem construía os melhores templos. Foi
assim que a arte barroca ganhou numerosos monumentos. Ouro Preto então se tornou um pólo cultural
para Minas Gerais, com obras de arquitetura, música, poesia e idéias de liberdade. Em 1982 foi declarada
patrimônio da humanidade pela Unesco, o primeiro do Brasil.
URBANISMO E CONSTRUÇÃO:
A arte do período colonial brasileiro, que vai do século XVI ao início do XIX, está representada
principalmente pelas construções arquitetônicas e pela decoração de seus interiores.
As vilas - geralmente construídas sobre morros - tiveram as casas coladas umas às outras,
formando ladeiras tortuosas e caracterizando um traçado urbano informal, ou seja, não planejado.
O edifício da Casa de Câmara e Cadeia destacava-se das construções civis pela grande dimensão e
pela posição de destaque no traçado urbano. Sempre assobradado, pois no piso térreo abrigava a prisão, tinha
janelas com grades. Na parte superior ficava a Casa de Câmara, destinada às autoridades. Uma escada na
frente ou na lateral dava acesso às grandes salas, arejadas por muitas janelas.
No litoral, a pedra e a cal eram os materiais empregados na construção das casas, enquanto no
interior podia variar. Em São Paulo era de barro batido, e em Minas Gerais a construção combinava barro e
estrutura de madeira sobre um alicerce de pedra. Os sobrados eram o tipo mais comum de residência
urbana, sendo a parte térrea destinada ao comércio, com várias portas voltadas para a rua. O piso superior
destinava-se à instalação da família.
Os azulejos usados no século XVII eram policromados e forravam os claustros; já os usados no
século XVIII eram azuis e brancos.