O Uso Da Fonte Literária No Ensino de História
O Uso Da Fonte Literária No Ensino de História
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RESUMO: Discute-se a importância do uso de fontes históricas em sala de
aula, uma das premissas para a construção da literacia histórica ,
apresentando como proposta de trabalho o uso do romance “Úrsula” de Maria
Firmina dos Reis (1859), como uma rica fonte histórica ao apresentar uma
visão de escravo como agente histórico, para se conhecer a dinâmica da
escravidão no Brasil não considerando apenas suas implicações econômicas,
desta forma introduzindo os alunos no fazer historiográfico e/ou na
construção do conhecimento histórico. Apresenta de forma sucinta o debate
ocorrido em torno do tema escravidão negra no Brasil a partir dos anos 60 do
século passado, que resultou em uma gradual mudança nos paradigmas que
até então norteavam seu estudo onde o cativo deixou de ser enfocado apenas
como um objeto da história, um ser submetido às forças econômicas, sociais
e culturais contra as quais quase nada poderia fazer, passando a ser encarado
como um sujeito histórico que atuava sobre a realidade.
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ABSTRACT: It discusses the importance of using historical sources in the
classroom, one of the premises for the construction of historical literacy,
presenting work proposal as the use of the novel “Úrsula” - Maria Firmina dos
Reis (1859), as a rich source to present a historical view of slavery as
historical agent, to understand the dynamics of slavery in Brazil considering
not only its economic implications, thereby introducing students to the
historiographical and / or construction of historical knowledge. Briefly
presents the debate occurred around the theme of black slavery in Brazil since
the 60s of last century, which resulted in a gradual shift in paradigms that
hitherto guided his study where the captive is no longer focused just as an
object of history, a being subject to economic forces, social and cultural rights
against which almost anything could make, starting to be seen as a historical
subject who acted on reality.
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Mestranda em História Social (UEL) e professora de história da rede pública de
ensino (Paraná).
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para a prática no que diz respeito ao uso da literatura como fonte histórica
em sala de aula.
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que momento histórico foi criado? Qual a importância desta obra nos dias
atuais? Perguntas essenciais para se iniciar um trabalho interdisciplinar
envolvendo a Literatura no ensino de História. Desta maneira, a Literatura,
como qualquer outro documento, só permite acesso aos dados e
informações mais densas à medida que é questionada. Portanto, a
Literatura pode e deve ser utilizada como documento histórico, capaz de
revelar as mudanças e permanências da sociedade de uma época, assim
como qualquer outro documento histórico, que só tem o seu valor quando o
historiador faz as perguntas necessárias para extrair as informações que
procura.
Logo a História e a Literatura, no processo pedagógico do ensino de
História, possibilitam espaço privilegiado de produção do conhecimento
histórico escolar. O texto literário, como fonte histórica, requer que se faça
o diálogo com outras fontes de informações históricas que possibilitem, ao
relacioná-las, analisar as mudanças e permanências da sociedade de uma
época, as possibilidades colocadas e as opções de caminhos escolhidos por
seus agentes. A perpetuação da história como ciência, ao inverso da
vertente acadêmica dominante no panorama atual, necessita da
interdisciplinaridade. Entretanto, não se trata de simplificar a análise
histórica, mas sim de complexificá-la, enriquecer seu rigor metodológico
através da aceitação de seu papel literário e, simultaneamente, do valor da
literatura como fonte complementar. (RAMOS, 2003 p.10)
No contexto específico da escravidão no Brasil, apresentamos aqui
como proposta de trabalho em sala de aula, o romance Úrsula de Maria
Firmina dos Reis publicado em 1859. Este a primeira vista pode ser
considerado um romance ingênuo, cheio de arroubos sentimentais como
ressalta Telles (1989), mas uma leitura mais atenta pode nos revelar
muitas outras coisas, ela ousou nessa obra denunciar a arbitrariedade,
violência e problemas que envolviam a servidão negra em uma sociedade,
por excelência, escravista.
Segundo Eleuza Tavares:
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(MENDES, 2008, p.05) que não seria nunca a de um alforriado num país
racista.
Nesse momento, pela primeira vez em um romance brasileiro é
dado o direito à voz para que uma negra conte ao leitor, através de sua
memória, outra perspectiva da história da escravidão. O fato destaca,
portanto, o evento histórico da diáspora negra vivido pelos personagens
arrancados de suas terras e famílias para cumprir no exílio a prisão
representada pelo trabalho forçado (TAVARES, 2007. p.07).
Portanto, mais do que apontar outras direções para a compreensão
de nosso passado histórico, Úrsula pinta os quadros sociais daquele meio,
Túlio e Susana são personagens representativos de afro-brasileiros
conscientes de sua condição assim analisar o romance de Maria Firmina dos
Reis é procurar recuperar os diferentes olhares sobre a questão da
escravidão e liberdade no país (HOSHINO; SILVA, 2010,p. 8822).
Considerações finais
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Fonte primária:
REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. Florianópolis: Editoras Mulheres; Belo
Horizonte: PUC Minas, 2009.
Referências Bibliográficas
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