As Reformas de Ezequias e Josias
As Reformas de Ezequias e Josias
As Reformas de Ezequias e Josias
CURITIBA
2018
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RESUMO
O presente texto se propõe trazer reflexões tendo como base as
transformações ocorridas em Israel por volta do ano 700 a.C., transformações
provocadas pela invasão do império Assírio, que provocou as reformas de Ezequias
e Josias. Tais reformas surgem como resistência, mas evoluem para o desejo de
dominação e poder e por trás dessas reformas neste período segundo alguns
estudiosos surgiu a reforma deuteronômica, alterações efetuadas no texto bíblico,
afim, de legitimar e dar respaldo as ações de Josias. Pretendemos nos valer de
escritos sobre o assunto e também apoiados em novas pesquisas arqueológicas,
trazer uma libertação na leitura de tais textos, a fim de evitar o uso fundamentalista e
idealista de tais textos, evitando mais violência e dominação em nome de Deus.
INTRODUÇÃO
Violência, é hoje uma temática corriqueira na vivência diária de muitos
individuos, o que lamentamos, mas faz-se necessário dizer que há diversos tipos de
violências que podem ser catalogadas das mais variadas formas, contudo qualquer
tipo de violência deve ser combatida e nunca estimulada.
Quando pensamos em “religião” como uma expressão do humano a um
“Deus”, logo imaginamos que a mesma pode ser utilizada para a promoção da vida,
é de se pressupor que nela não haja violência, gostariamos que tal fato fosse uma
realidade, porém há religiões que promovem e chegam até insitar a violência contra
aqueles que divergem de sua fé, e alguns chegam a matar em nome de seu “Deus”.
O cristianismo gaba-se de ser a religião que prega o amor e a união, advindos
dos ensinos de Cristo, o filho do “Deus” cristão, sendo seus ensinos a base da
religião cristã, porém notamos que há no cristianismo moderno uma carga muito
grande de violência e intolerância.
Se os ensinamentos cristianos são de fato em favor a promoção da vida e do
perdão. De onde adveio tanta violência? E porque alguns hoje ainda utilizam o livro
“santo” a Bíblia que possui os ensinos de Cristo, para promover a violência?
Essa violência em nome da fé, historicamente não esta longe de nossos dias,
na história das ámericas há muitos momentos marcados pela violência, há exemplo
a colonização da américa indigena, conforme LUCAS BORGES DE CARVALHO, em
seu trabalho:Direito e Barbárie na conquista da America indigena. Ele nos relata que
em 1514 um documento juridico denominado de o Requerimento, onde autorizava
a exploração das colônias e dando também poderes para a realização da “guerra
justa”, caso houvesse resistência. Segundo TODOROV( 1988, p.144, apud
CARVALHO, 2004, p.59).
O Requerimento deveria ser lido a toda comunidade indígena prestes a ser
invadida, informando-lhes a sua condição de vassalos da Coroa espanhola
e garantindo, assim, a “oportunidade” de acatarem espontaneamente a
dominação. A resistência por parte dos nativos, como mencionado,
autorizava a guerra justa e a escravidão.
Esse caso relatado foi apenas uma pequena amostra, sabemos que há
muitas outras intolerâncias que tem sido legitimadas ainda hoje, com o uso
distorcido da “Palavra de Deus”.
Há exemplos como lideres religiosos promovendo em rede nacional atos de
vandalismo e discriminação contra representação de outra fé que não a sua, a
exemplo o Bispo que chutava a santa em rede nacional, e também o constante
levante contra as religiões de matriz africana que tem seus locais de culto violados e
destruidos por pseudo-fiéis de outras religiões, que as vezes utilizam a Biblia como
texto sagrado que legitima sua violência.
Sendo o Brasil um país de Estado laico, e no mesmo ser por lei facultado a
expressão da fé livremente, qualquer fé, sem discriminação e distinção entre elas.
Contudo tais direitos tem sido violados, protestos foram então realizados no distrito
federal em novembro de 2015, em defesa do estado laico contra a intolerancia
religiosa. Conforme trecho da reportagem de Hamilton Pereira:
E só prosperam no ambiente de um Estado que se define
constitucionalmente como um Estado Laico, fiador e garantia do pleno
exercício da liberdade religiosa. Instrumentos como esse precisam ser
multiplicados no Brasil. Sem eles, resta a barbárie.(PEREIRA, 2015)
Após a morte de Davi e seu sucessor Salomão nota-se pela história bíblica
uma decadência que culminou com a divisão do grande reino de Davi. Surge então o
reino do norte e o reino do sul.
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Na Bíblia notamos pelos relatos que há uma predileção por Judá, o reino do
sul, já o reino do norte é por vezes apontado como um reino apostata e reprovado
por Javé.
Os dois reinos sofreram com um opressor externo comum, a Assíria, em
principio ela investiu contra Israel, que na Bíblia não ganha muito destaque nesse
período, os relatos voltam-se positivamente para Judá e às vezes negativamente
para Israel, o norte é por vezes relatado como apóstata.
O REINO ESQUECIDO
Conforme Kaefer é bom lembrar que sempre que a Bíblia se refere ao Norte,
temos que ter em mente que tudo na bíblia (referente a esse período) deve ter
passado pelo crivo dos escribas de Jerusalém, então não é de se surpreender que
muitas histórias do reino do norte tenham desaparecido ou até mesmo raptadas e
recontadas dentro do modelo do reino do sul.
O autor destaca isso:
Além dos registros da realeza, é provável, e gostamos de pensar assim, que
os escribas deuteronomistas de Jerusalém, quando começaram a redigir a
historia de Israel e Judá, se apropriaram de diversas tradições que
circulavam pela região, algumas mais antigas – sobre façanhas de heróis
populares, bem como de profetas a mando de seu Deus – e outras mais
recentes. (KAEFER, 2015, p. 60)
Até mesmo a Bíblia nos mostra um relato negativo de reis que foram
importantes para o reino do Norte, notemos esse relato que encontramos por
exemplo em (1 Rs 16, 23-28). É um relato reduzido e negativo do reinado de Onri,
mas um de seus feitos foi a mudança da capital de Israel que era antes em Tirza e
mudou-se para Samaria após seu reinado, geograficamente Samaria era de fato um
local melhor e mais seguro para ser a capital de Israel. Mas a avaliação bíblica de
seu reinado é negativa.
Ao final do seu reinado é ungido rei em seu lugar o seu filho Acab, que
também teve uma avaliação negativa descrita na Bíblia.
Kaefer nos conta que o principal feito de Acab foi a aliança com Tiro e Sidom,
a mais importantes cidades do reino fenício que permitiu a ela uma posição
privilegiada para exploração das riquezas marinhas.
É nesse período que Israel sofre uma expansão repentina, fruto
possivelmente dessa aliança de Acab, o nome de Israel surge no cenário
internacional do Oriente, como um poder regional capaz de fazer frente aos
impérios.
Esse poder de Israel foi então atestado por uma inscrição encontrada em
1840 por Austen Layard, no sítio arqueológico de Nimrud.
E mostra que o poder de Israel não era tão pequeno como alguns podem
pensar.
Apesar de Israel, com Acab, estar em terceiro lugar na ordem parece ser
um dos membros mais poderosos da coalizão, que aparentemente era
liderada por Adadezer de Damasco. Diz o texto que Israel tinha com ele
duas mil bigas, ou seja, o maior número dessa que era a mais poderosa e
cobiçada arma de combate da época. (KAEFER, 2015, P. 71)
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Contudo LIVERANI (2003, p.385), também deixa claro que no sul, houve sim
rupturas dessa dinastia davídica, cita por exemplo o caso da “entronização de Yoas,
pela mão do sacerdote Yoyada, com o consentimento do povo da terra”.
O referido autor também nos conta que houveram outras situações em que o
rei não fazia parte da estirpe, mas que fora confirmado pelo povo, e que o
historiógrafo provavelmente tinha em mãos as “apologias”, escritas em favor dos
usurpadores, e essa tradição oral que passava chegou a ele, que introduziu no texto
pós-exílico muito material que não continha de fato uma realidade.
Diante desses relatos, o que pretendemos apontar nesse capítulo é a
exaltação do Sul, perante o Norte, quando notamos esse paralelo constante nos
escritos bíblicos, somos provocados a pensar, por quê? E a resposta não demora
aparecer quando tomamos como bases relatos históricos não tradicionais. O norte
inicialmente não era um reino medíocre e esquecido, não era de fato pior do que o
sul, mas numa leitura sem a análise despertada por Liverani e outros somos levados
a reduzir o tamanho e a importância de tal reino.
Não haverá entre eles cansado, nem quem tropece; ninguém tosquenejará
nem dormirá; não se lhe desatará o cinto dos seus lombos, nem se lhe
quebrará a correia dos seus sapatos.
As suas flechas serão agudas, e todos os seus arcos retesados; os cascos
dos seus cavalos são reputados como pederneiras, e as rodas dos seus
carros como redemoinho.
O seu rugido será como o do leão; rugirão como filhos de leão; sim, rugirão
e arrebatarão a presa, e a levarão, e não haverá quem a livre.(Isaías 5,26-
29).
Por relatos como este, nota-se o quão temível deveria ser ter que enfrentar tal
império, buscar ajuda divina e alianças com outros povos, seria para eles as únicas
alternativas.
Provavelmente por onde passavam os assírios, não restava muita alternativa
aos conquistados, segundo relato de Lowery haviam várias possibilidades, porém
todas roubavam do povo seu sentimento de pertença tanto política como
religiosamente.
Os conquistados podiam ser incorporados como Estados vassalos, como
províncias, ou lhes poderia ser atribuída uma posição intermediária, em que
eram formalmente vassalos, porém na verdade governados por testas-de-
ferro instaladas pelos assírios. Os vassalos pagavam tributo, forneciam
quotas de tropas e geralmente defendiam os interesses da Assíria sem sua
região, mas, por outro lado, eram livres para conduzir seus próprios
negócios. O mais importante é que não tinha obrigações religiosas para
com a Assíria. (LOWERY, 2004, p. 201).
Como vimos no relato de Lowery, ainda que não houvesse uma obrigação de
conversão aos cultos assírios, mas seus atos deixavam impressões profundas em
seus conquistados:
A política neo-assíria para com o culto das nações conquistadas
demonstravam seu domínio.
Às vezes, o exército imperial capturava imagens divinas e as mantinha
como reféns até que o inimigo capitulasse e oferecesse um juramento de
lealdade ao imperador. Uma vez que os conquistados se submetessem
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Segundo Lowery (2004, p. 204), onde ele menciona que muitos reis davídicos
“adotaram espontaneamente as práticas assírias de culto, sem que fossem
formalmente forçados a fazê-lo.”
A tentativa de explicar o politeísmo presente no povo israelita, como sendo
uma imposição dos impérios dominadores, não pode ser aceita e nem consegue
sustentar-se perante o relato do autor Lowery, que durante seus estudos do período
pré-assírio, notou que o sincretismo já era uma norma no culto do primeiro templo.
Porem a conclusão que chegam os autores sobre o assunto é a mesma que
também comungo, de que por condições psicossociais em Judá perante o
imperialismo assírio, essas práticas foram adotadas voluntariamente, declarando e
demonstrando assim a condição de submissão de Israel perante tão temível e
terrível exército.
Vejamos relatos bíblicos, onde mostram o que o povo israelita pensavam
sobre os assírios. (Na 3.1-7, 18-19: “Ai de Nínive, cidade cruel, cheia de mentiras e
de violência, onde não faltam crimes!”).
A sujeição promovida por Acas, levando o povo ao declínio social, trouxe para
Judá um período de quase total desastre, tanto politica como religiosamente.
Provavelmente com interesse em fortalecer-se e ao mesmo tempo
enfraquecer as províncias e vassalos, o império assírio exigia que as províncias
sustentassem ao império com suprimentos e homens.
O fardo de sustentar o exército e os trabalhos forçados imperiais não recaía
apenas sobre os recrutados. Abastecer as tropas e as turmas imperiais de
trabalho era um encargo econômico substancial das províncias e dos
vassalos. [...] as obrigações com tropas e mão-de-obra criavam um fardo
duplo para os povos subjugados: o império recrutava os trabalhadores em
boas condições físicas das nações subjugadas, ao mesmo tempo em que
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O imperador Teglat Falasar III, fez o reino do norte, Israel, vitima desse
sistema de conquista, impedindo assim que Israel se se reorganiza como nação e
como exército, mas segundo o referido autor acima, essa conquista total de Israel,
teve um estopim ligando a essa história trágica o próprio reino do sul, Judá.
Conforme salienta o autor durante uma das etapas da vassalagem onde o
vassalo era obrigado pagar impostos, o comandante do norte na tentativa de se
livrar dos impostos, faz uma aliança com Damasco e tenta incluir o rei Acaz nessa
empreitada contra a Assíria. Acaz não concordou, e não quis participar, tornou-se
então alvo dos dois reis, que atacaram Judá, dando origem a guerra siro-efraimita. O
rei Acaz pede auxílio a exatamente da Assíria, esse pedido gerou uma aliança que
foi condenada pelo profeta Isaías.
Acaz, cheio de medo, pediu auxílio ao rei da Assíria. Esse pedido, que
significava aliança com a Assíria, foi fortemente condenado pelo profeta
Isaías ( Is 7, 3-9). Teglat Falasar III não perdeu a oportunidade. Partiu para
ajudar Judá. Arrasou Damasco, tomou posse das cidades estratégicas de
Israel, deixando apenas Samaria. (NAKANOSE, 2000, p. 192)
Essa ajuda não saiu de graça, um pacto de vassalagem foi então imposto a
Judá, que entrava assim na primeira fase das conquistas da Assíria, enquanto Israel
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passava para a segunda fase, perdendo as terras férteis e sendo governada por um
rei imposto pela Assíria.
Nessa primeira fase pesados impostos eram cobrados do vassalo, quem na
realidade perdeu com essas guerras internas do reino do norte e sul, foram os mais
pobres, os camponeses que se viram obrigados a sustentar o exercito tanto com
contingente e com alimentação, tornando assim o campo devastado.
Judá aceitou a vassalagem, permaneceu quieto, e pode ter sido nesse
período que Judá assimilou por aculturação ou imposição elementos do culto
mesopotâmico no templo.
Conforme LOWERY (2004, p.209). “O deuteronomista reconhece a influência
imperial no culto do Primeiro Templo, mas não especifica quais práticas
“estrangeiras” e quais são de cultos nativos não-javistas.”
A reforma deuteronômica, que passaremos a descrever posteriormente, pode
ter sido desencadeada por esses motivos.
Conforme nos conta NAKANOSE (2000, p. 193), após a morte de Teglat
Falasar III, imperador da Assíria, Salmanasar V o substitui, foi nesse período que
muitos vassalos começam a se insurgir, inclusive Israel tentou também sua
independência sob o reinado de Oséias, o que na verdade foi o fim devastador para
Israel em 722 a.C. na Bíblia notamos tal relato no livro dos Reis.
Contra ele subiu Salmaneser, rei da Assíria; Oséias ficou sendo servo dele
e lhe pagava tributo.
Porém o rei da Assíria achou Oséias em conspiração, porque enviara
mensageiros a Sô, rei do Egito, e não pagava tributo ao rei da Assíria, como
dantes fazia de ano em ano; por isso, o rei da Assíria o encerrou em
grilhões, num cárcere.
Porque o rei da Assíria passou por toda a terra, subiu a Samaria e a sitiou
por três anos.
No ano nono de Oséias, o rei da Assíria tomou a Samaria e transportou a
Israel para a Assíria; e os fez habitar em Hala, junto a Habor e ao rio Gozã,
e nas cidades dos medos. (2 Rs 17,3-6).
Assim deu Ezequias toda a prata que se achou na casa do Senhor e nos
tesouros da casa do rei.( 2 Reis 18:14,15)
Mas o fato é que mesmo com a ajuda de terceiros não adiantou muito,
Senaquerib retaliou o Egito então aliado de Ezequias e também invadiu a Judá,
conquistando 46 cidades, entre elas importantes fortalezas (2 Rs 18,13). Não
restando a Ezequias alternativas.
Ezequias teve de se render e pagar um considerável tributo. O rei Assírio
aceitou a rendição de Ezequias e Judá entrou na segunda etapa da
vassalagem.[...] A reforma de Ezequias foi interrompida com a invasão de
Senaquerib. Com a morte de Ezequias, seu filho Manassés ocupou o trono
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Josias foi feito rei aos 8 anos de idade, isso já demonstra no mínimo um jogo
politico envolvido em sua coroação, e a tentativa de manter a linhagem Davidica o
levam ao trono por questões politicas envolvidas.
Em nossa pesquisa, foi observado que quando Josias chega ao trono, era um
período em que o temível império assírio já estava enfraquecido e se retirando das
terras da palestina Josias não governa em meio a resistência.
O pensamento deuteronômico segundo Nakanose, não foi algo criado
unicamente por Josias, mas tais ideais e pensamentos já estavam presentes na
politica de Judá desde o governo de Ezequias, esse idealismo religioso já se
manifestara anteriormente.
Sobre esse período Dietrich nos diz:
A reforma centralizadora de Josias segue a mesma inspiração e tem a
mesma pauta da reforma de Ezequias. Porém, Josias sonha estender o
poder de Jerusalém, da casa de Davi, abarcando, além de Judá, também o
território do antigo reino do norte. Nos textos do Pentateuco e dos Livros
Históricos redigidos nessa época, Josias projeta o ideal das 12 tribos
unidas, adorando um só Deus, seguindo um só homem, em aliança com
Javé. [...] sempre realizando o papel que ele sonha para si: as doze tribos
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CONCLUSÃO
A reflexão que fazemos e que queremos despertar nos leitores, é a
preocupação com a obra deuteronomista, sendo que a mesma surge para apoiar de
forma legitimadora a reforma de Josias, o sonho imperialista de Josias torna-se um
pesadelo, justamente porque muitos podem utilizar-se de textos produzidos neste
período com a intenção de dar legalidade as obras perversas em nome de Deus e
de culto a ele.
O motivo da reforma não é o que nos atém, mas o que atrai de forma negativa
é a forma como ela foi executada, debaixo de muita violência exposta e praticada
em nome de Deus, provavelmente fruto de uma reforma deuteronomista que se
apropria de textos e lhes confere o selo de sagrados, quando os coloca na boca de
Deus, visando assim legitimar uma violência gratuita em prol de uma sociedade
dominante, a elite governante.
Analisando a reforma de Josias, Nakanose mostra que houve alguns estágios
nessa reforma:
O segundo estágio da reforma de Josias visava a centralização do culto no
Templo de Jerusalém, afirmando que os cultos a Javé, realizados nos
santuários locais, eram contaminados. O que eles consideravam culto
contaminado, na prática, eram as manifestações populares. (NAKANOSE,
2000, p. 197).
escriba, que então leu diante do rei (2Rs 22,3-10). Nesse livro, entre outras
prescrições, encontram-se as seguintes proibições: de ter lugares altos (Dt
12,2), de celebrar o culto ou outras celebrações fora do lugar escolhido por
Javé (Dt 16,5-11) e de adorar outros deuses (Dt 13, 13-19). (NAKANOSE,
2000, p. 197).
Quando te incitar teu irmão, filho da tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a
mulher do teu amor, ou teu amigo, que te é como a tua alma, dizendo-te em
segredo: Vamos e sirvamos a outros deuses que não conheceste, nem tu
nem teus pais, dentre os deuses dos povos que estão em redor de vós,
perto ou longe de ti, desde uma extremidade da terra até à outra
extremidade, não consentirás com ele, nem o ouvirás; nem o teu olho o
poupará, nem terás piedade dele, nem o esconderás, mas certamente o
matarás; a tua mão será a primeira contra ele, para o matar; e depois a mão
de todo o povo. E com pedras o apedrejarás, até que morra, pois te
procurou apartar do Senhor, teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da
casa da servidão. (Dt 13, 6-10)
O que estamos querendo demonstrar é que não podemos tomar textos como
o citado acima e utilizar para incitar a intolerância religiosa, há vários textos que
foram utilizados para legitimar a reforma de Josias e Ezequias, e que de fato não
podem e nem devem ter sidos promulgados por um Deus que diz ser amor.
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REFERÊNCIAS
KAEFER, J.A. Arqueologia das terras da BIBLIA I. São Paulo, SP: Paulus, 2012.
KAEFER, J.A. Arqueologia das terras da BIBLIA II. São Paulo, SP: Paulus, 2016.
LIVERANI, M. Para além da Bíblia, História antiga de Israel. São Paulo, SP: loyola,
2008.
NAKANOSE, S. Uma história para contar. A páscoa de Josias. São Paulo, SP:
Paulinas, 2000.
ROSSI, LUIS A. SOLANO. Pax Assyriaca: Sem vitória não há paz. Goiania, GO:
2009.
SCHWANTES, M. Breve história de Israel, São leopoldo, RS: Oikos, 2016.
ECHEGARAY, J.G. – O crescente fértil e a Bíblia, Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.