1-Custos Da Qualidade
1-Custos Da Qualidade
1-Custos Da Qualidade
Rodney Wernke*
Antonio Cezar Bornia* *
Resumo Abstract
Os conceitos de custos da qualidade passaram a The meanings of quality costs according to the
ser disseminados com a bibliografia que tratava do Bibliography deal with quality control and search
controle da qualidade e buscavam oferecer suporte for offering support to the improvements, besides
às ações de melhorias, além de tentar medir a of trying to judge the companies quality. It also
qualidade das empresas. Tais conceitos contribuem contributes to manager the costs along with the
com o gerenciamento de custos em conjunto com quality systems and the continuous improvements,
programas de qualidade ou de melhoria contínua, through information that makes possible to manage
através de informações que possibilitam gerenciar the systems in order to act before in the areas most
os programas, de modo que se possa priorizar a critical due to the costs. The definition of quality costs
implementação nas áreas mais críticas em função change according to the definition of quality and the
dos custos. As definições de custos de qualidade strategy adopted by the company, that induce to a
variam de acordo com a definição de qualidade e different applications or interpretations. Considering
as estratégias adotadas pela empresa, que induzem its aspects of undessiable importance in the made
a diferentes aplicações e interpretações. Por management decisions, this article focus the costs
considerar seu aspecto de inegável relevância na of quality. Broaching several concepts and visions
tomada de decisões gerenciais, este artigo enfoca existent about it, it shows the ideological divergences
os custos da qualidade, abordando os diversos among the main authors.
conceitos e visões sobre o assunto, mostrando as
divergências conceituais entre os principais autores.
Palavras-chave: custos da qualidade, conceitos, visões. Key words: costs of quality, concepts, visions.
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mensurá-la em unidades monetárias e associá- Já MOLLER (1992) concebe a qualidade
las à tecnologia do produto. Essa metodologia como dois fatores: a qualidade técnica e a
permite mensurar o impacto das perdas do qualidade humana. Entende por qualidade
produto e minimizá-las não somente para o cliente técnica “a obtenção de lucros”, pois esta visa
mas também à sociedade, a longo prazo. satisfazer as exigências e expectativas
Ainda sobre a definição de Taguchi, concretas como tempo, qualidade, finanças,
PALADINI (1997) diz que, para ele, “a qualidade taxa de defeitos, função, durabilidade,
é a perda monetária imposta a sociedade a partir segurança, garantia. A qualidade humana está
do momento que o produto sai da fábrica”, ou “além dos lucros”, ou seja, visa satisfazer
seja, do ponto de vista de valor agregado, pode- expectativas e desejos emocionais como
se conceber a qualidade de um produto como lealdade, comprometimento, consistência,
determinada “pelas perdas econômicas” comportamento, credibilidade, atitudes,
provocadas à sociedade como um todo, desde atenção. Ressalta que os dois conceitos são
o instante em que ele é colocado à venda. complementares.
Um produto de qualidade, na visão do Para ISHIKAWA, apud CARAVANTES (1997),
consumidor, é aquele que atende às a gestão da qualidade consiste em desenvolver,
necessidades e que esteja dentro de sua criar e fabricar mercadorias mais econômicas,
possibilidade de compra, ou seja, tenha preço úteis e satisfatórias para o comprador. Administrar
justo (CSILLAG, 1991). a qualidade seria também administrar o preço de
Para FEIGENBAUM, apud CORAL (1996),
custo, o preço de venda e o lucro.
qualidade é determinação do cliente, e não a
CARAVANTES (1997) afirma que também as
determinação da engenharia nem de marketing
empresas têm sua própria visão de qualidade.
e nem da alta administração. A qualidade deve
Para a Federal Express (EUA), por exemplo,
estar baseada na experiência do cliente com o
qualidade quer dizer fazer tudo certo na primeira
produto e o serviço, medidos através das
vez, tendo como resultado final clientes
necessidades percebidas que representem uma
unanimemente satisfeitos. Já a empresa
meta num mercado competitivo. Qualidade de
americana Lockheed tem a qualidade como uma
produto e serviços pode ser definida, então,
filosofia e atitude que visa à análise das
como a combinação de características de
produtos e serviços referentes a marketing, capacidades e processos e à melhoria contínua
engenharia, produção e manutenção, através destes com o objetivo de satisfazer o consumidor.
das quais produtos e serviços em uso A maioria das diversas abordagens
corresponderão à expectativa do cliente. mencionadas compartilha um ponto em comum,
CROSBY (1994) definiu qualidade em termos que é a satisfação das necessidades do
concisos, ao conceituá-la como “qualidade é consumidor. Essa satisfação pode estar
conformidade com os requisitos”. Assim, se um representada, por exemplo, na adequação ao uso
produto satisfaz todos os requisitos para este defendida por Juran e Gryna; nas características
produto de acordo com seu modelo-padrão, ele de produtos ou serviços que correspondam às
é um produto de qualidade. Se o produto for expectativas do cliente; nas dimensões da
fabricado corretamente na primeira vez, então os qualidade apresentadas por de Garvin (em que o
desperdícios seriam eliminados e a qualidade não cliente prioriza uma ou mais dessas dimensões).
seria dispendiosa. Encontra-se ainda, na dependência da percepção
OAKLAND (1994) afirma que a noção de pessoal de qualidade do indivíduo (Oakland); no
qualidade depende fundamentalmente da atendimento das necessidades do cliente dentro
percepção de cada um. O que tem qualidade para de suas possibilidades de compra (Csillag) e
algumas pessoas pode não suprir as necessidades também na visão de Ishikawa (apud Caravantes,
de outras. Ou seja, o conceito de qualidade 1997) na qual os produtos devem ser úteis e
dependeria da percepção pessoal do indivíduo. satisfatórios para o comprador.
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Para que os vários conceitos de custos da prevenção e de avaliação como custos
qualidade possam ser melhor compreendidos voluntários, pois podem ser controlados por
costuma-se classificá-los. Na seqüência aborda- decisão da empresa e os custos de falhas
se essa classificação. internas e externas como custos involuntários.
CORAL (1996) diz que os investimentos em
qualidade, para se justificarem, devem trazer
3.1 Classificação dos Custos da Qualidade retorno para a organização. Assim, os
programas de qualidade devem ser guiados por
Na literatura, encontram-se várias
medidas que forneçam suporte para transformar
classificações para os custos da qualidade.
perdas em ganhos de produtividade e
Segundo ROBLES JR . (1996), os custos da
lucratividade. Em decorrência disso, citando
qualidade podem ser agrupados em categorias
CORRADI, define duas categorias para os custos
que se inter-relacionam. Geralmente, a aplicação
da qualidade: custos da qualidade aceitáveis (que
de recursos em uma categoria acarreta
são aqueles que a empresa planeja gastar) e
variações no montante de custos em outra.
NAKAGAWA (1993) menciona que na área
custos da qualidade não aceitáveis (aqueles que
de mensuração existem três importantes a empresa deseja eliminar ou evitar).
dimensões que devem ser consideradas na A obra do CRC-SP (1995) classifica custos
contabilidade da qualidade. A primeira seria a da qualidade em diretos e indiretos. Os diretos
conformidade com as especificações, que foram desdobrados em duas versões: controle
consiste em coletar dados e informações sobre (que abrange prevenção e avaliação) e falhas
os custos associados com as atividades de (subdivididas em internas e externas). Já os
reprocessamento, geração de refugos, indiretos abrangem os clientes, a perda de
atendimento de garantias e outros, que ocorrem reputação e a insatisfação.
durante os processos de manufatura e que TOWNSEND (1991) adota quatro categorias de
continuam até mesmo após a entrega do custos da qualidade: prevenção, que se refere a
produto. A segunda dimensão seria quanto ao treinamentos em novos procedimentos e testes
projeto de produto com qualidade, que consiste de sistemas; detecção, que abrange revisões
em desenvolver projetos que assegurem a quanto ao equilíbrio do trabalho e o controle;
manufaturabilidade do produto e que enfatizem correção, englobando revisão de trabalhos errados
a importância da função de engenharia em e a repetição de processamentos em computador;
projetar produtos de forma a minimizar ou e fracassos, ou seja, “atividades corretivas
prevenir problemas de qualidade. A terceira e resultantes de erros, atrasos e desajustes, que
última dimensão relaciona-se com a prevenção exigem ação corretiva, repetição do trabalho e/ou
de defeitos, que consiste na implementação do explicações especiais, mas quando, além disso,
princípio do “fazer as coisas corretamente na o item foi recebido pelo cliente final”.
primeira vez” da Filosofia de Excelência Relativamente à classificação dos custos da
Empresarial, a fim de prevenir a ocorrência de qualidade, FEIGENBAUM (1994) a faz em dois
defeitos durante todas as etapas do processo grandes grupos: os custos do controle e os custos
de manufatura. de falhas no controle. Esses grupos se
SAKURAI (1997) segrega os custos da subdividem, então, em segmentos. Os custos do
qualidade em três tipos: custos incorridos para controle são segregados em custos da prevenção
conseguir-se ambiente em que os funcionários e custos da avaliação, enquanto os custos de
possam trabalhar eficientemente; custos falhas no controle são separados em custos de
incorridos pela expectativa de falhas, que falhas internas e custos de falhas externas.
abarcaria os custos de prevenção e de inspeção JURAN & GRYNA (1991) corroboram a
ou avaliação; custos incorridos por falhas divisão dos custos da qualidade em custos da
ocorridas (custos das falhas internas e prevenção, custos da avaliação e custos das
externas). Classifica ainda os custos de falhas internas e custos das falhas externas.
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- Deming: não existe um ótimo - o melho- as respectivas ameaças às vendas. Dizem que
ramento é contínuo. alguns custos da má qualidade surgem somente
- Juran: a qualidade não é isenta de custo - após a venda e que parcela desses custos é paga
existe um ótimo. pelo fabricante na forma de despesas de garantia,
- Crosby: custo da não-conformidade - a reclamações, etc. Arcados ou não pelo fabricante,
qualidade não tem custo. esses defeitos elevam os custos para o
consumidor em virtude de tempo fora de uso ou
MANN (1992) relaciona os 14 pontos de
outros inconvenientes. A análise dos custos do
Deming, um dos quais referindo-se a custos. Neste fabricante complementada pela pesquisa de
ponto, Deming apregoa que seja melhorado mercado sobre os custos da má qualidade para o
constantemente e definitivamente o sistema de consumidor pode evidenciar áreas vitais dos
produção e serviço, para melhorar a qualidade custos, levando à identificação do problema.
e a produtividade e, desse modo, diminuir A divergência mais acentuada entre Juran e
constantemente os custos. Deming considera que Deming é que este defende não existir um ponto
o estudo e a apuração dos custos com a qualidade ótimo em termos de custos da qualidade, enquanto
são desnecessários, pois afirma que é algo que aquele considera a possibilidade deste ponto
se paga sozinha. (ROBLES JR., 1996). ótimo. A figura 1 mostra o que JURAN e GRYNA
DEMING , apud CARAVANTES (1997), (1991) denominaram de zona do ótimo no modelo
argumenta que a qualidade é um melhoramento do custo da qualidade, tecendo vários
contínuo, inexistindo então um ponto que possa comentários acerca do mesmo.
ser considerado ótimo em termos de custos A figura divide a curva do custo total da
da qualidade. qualidade em três zonas. A zona em que está
Segundo SHANK (1997), o dogma fundamental localizada uma empresa pode, geralmente, ser
da visão de Deming sobre qualidade é de que os identificada por meio dos índices predominantes
custos da não-conformidade e a resultante perda de custos da qualidade, nas principais categorias
da confiança do cliente são tão elevados que torna conforme a seguir.
desnecessária a mensuração dos custos da A “zona de aperfeiçoamento da qualidade”
qualidade. Ao julgar que o foco na avaliação dos é a parte esquerda da figura. As características
custos da qualidade e na busca dos níveis ótimos marcantes são o fato de que os custos das
de defeito é uma prova da falha para se entender falhas constituem 70% dos custos totais da
o problema, Deming visa atingir zero defeitos. qualidade, enquanto os custos de prevenção
Por sua vez, JURAN e GRYNA (1991) dedi- estão abaixo dos 10% do total. Nesse caso,
caram apreciável espaço em suas obras para a
existem oportunidades para a redução dos
apuração dos custos da qualidade, aprofundando-
custos totais pela melhoria da qualidade de
se na metodologia de apuração destes. Citam
conformidade. O caminho é identificar projetos
três principais objetivos que levam as empresas
de melhoria específicos e segui-los para
à avaliação dos custos da qualidade. O primeiro
melhorar a qualidade de conformidade e, com
seria quantificar o tamanho do problema da
qualidade em uma linguagem que tenha impacto isto, diminuir os custos da má qualidade,
sobre a administração superior, argumentando especialmente os custos de falhas.
que a linguagem do dinheiro é inteligível a todos A “zona de custos de avaliação elevados”,
os níveis hierárquicos. Outro objetivo seria à direita na figura, caracteriza-se, geralmente,
identificar as principais oportunidades para pelo fato de os custos de avaliação excederem
redução dos custos da má qualidade, tendo em os custos das falhas. Em tais casos existe
vista que, encontrada a origem em alguma causa também oportunidade para a redução dos custos.
específica, torna-se mais fácil tentar eliminar ou Isso pode ser feito da seguinte forma:
minimizar estes custos. Mencionam ainda a a) comparando o custo de detecção de
possibilidade de identificar as oportunidades para defeitos com o prejuízo causado se eles
diminuição da insatisfação dos consumidores e não forem detectados;
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CURVA DO CUSTO
TOTAL DE QUALIDADE
Ótimo
Custos das falhas > 70% Custos das Falhas - 50% Custos das Falhas < 40%
Prevenção < 10% Prevenção - 10% Avaliação > 50%
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Assinalam também que se situam na zona análise do custo da qualidade depois de iniciado
de aperfeiçoamento as empresas que ainda não o programa formal de gestão da qualidade, no
se empenharam efetivamente no aprimoramento sentido de informar à empresa sobre o
da qualidade. Nessas empresas, as oportunidades andamento do mesmo.
de redução de custos estão nos projetos para
melhoria da conformidade. Concluem que o critério
mais importante para avaliar se o aperfeiçoamento
4.2 Discrepâncias entre as Concepções
da qualidade atingiu o limite econômico é
Japonesa e Americana
conseguido pela comparação dos benefícios Outra comparação interessante relaciona-se
possíveis de projetos específicos com os custos às visões distintas encontradas no Japão e nos
envolvidos para obter estes benefícios. O ponto Estados Unidos acerca dos custos da qualidade.
ótimo é alcançado quando inexistirem mais SAKURAI (1997) identifica diferentes
projetos justificáveis. percepções sobre custos da qualidade entre
Crosby, a exemplo de Deming, também fixou americanos e japoneses. Diz que, de modo geral,
alguns pontos para as empresas que querem os pesquisadores americanos consideram que o
adotar um programa de qualidade total e, nestes custo da qualidade é o custo da conformação às
fatores que relaciona, atribui significativa especificações. Citando alguns autores
importância aos custos da qualidade. americanos, ele atribui isso à facilidade maior que
CROSBY (1994) afirma que o cálculo do custo os contadores têm de apurarem custos de
da qualidade é um instrumento para atrair a conformação às especificações do que outros tipos
atenção da gerência e proporcionar uma base de de custos da qualidade, habilitando os
cálculo para verificar-se a melhoria da qualidade. administradores a se concentrarem em unidades
É enfático quanto à importância de calcular o custo defeituosas, que têm valor agregado.
da qualidade ao asseverar que “Este cálculo é a Ao contrário, os japoneses priorizam o que
única chave que você jamais possuirá para ajudar Sakurai denomina de “qualidade de mercado”, ou
sua companhia a implementar corretamente a seja, a diferença entre as necessidades do
Gerência da Qualidade”. mercado ou do consumidor e as especificações
Crosby ainda iguala em importância o cálculo do desenho do produto. A “qualidade de mercado”
do custo da qualidade e o estabelecimento de é considerada multidimensional, abrangendo
indicadores de qualidade, pugnando que por meio conformidade às especificações, adequação ao
de ambos conhece-se o estado atual da qualidade uso, desempenho funcional, nome de marca,
dentro da empresa. Para ROBLES JR. (1995), a confiabilidade, durabilidade, facilidade de
importância que Crosby atribui aos Custos da manutenção, segurança e facilidade de uso.
Qualidade provavelmente advém de sua No Japão convencionou-se que administrar
experiência na implantação de Sistemas da o custo da qualidade no estágio de
Qualidade em diversas empresas. desenvolvimento é uma atividade fundamental,
SHANK (1997) afirma que Crosby, como embora as atividades de controle de qualidade no
Deming, acredita que o custo da qualidade será estágio de produção também sejam indispensá-
minimizado por “fazer direito da primeira vez”, veis. Cabe ressaltar que, mesmo nos Estados
defendendo que a meta de qualquer operação Unidos, as idéias do que constitui custo da
deva ser zero defeitos. Crosby identifica-se com qualidade vêm sendo rapidamente modificadas.
Juran ao admitir a necessidade de se medirem Outra distinção apontada por SAKURAI
os custos da qualidade, divergindo, porém, no (1997) diz respeito ao fato de que a literatura
ponto em que Juran defende a análise do custo contábil americana preocupa-se com a questão
da qualidade como uma ferramenta de controle sobre se “há uma relação entre custos de
gerencial. Mesmo assim, embora Crosby rejeite prevenção e custos de se conseguir a qualidade
a noção dos atuais sistemas de medição do e, se assim for, qual é o ponto de equilíbrio?”. O
custo da qualidade, ele acredita ser útil fazer uma autor comenta que a maioria dos artigos sobre
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defeitos. Porém, poderia ser enquadrado como efetivos? Difíceis de quantificar, os efeitos desse
custo de prevenção ao se considerar que poderia tipo de custo permanecem por longo tempo e
servir para evitar que a matéria-prima com defeito causam dano considerável à empresa tanto em
estrague o processo de produção. Dessa forma, termos de imagem, quanto provavelmente em
a classificação a uma categoria ou outra torna- termos de lucratividade. Em termos econômicos
se relativamente arbitrária. Da mesma maneira, estes custos provavelmente são muito superiores
como classificar o salário do operário que também que os custos das falhas internas.
inspeciona seu próprio trabalho, a fim de não
repassá-lo com defeitos à fase posterior de
produção? Qual parcela cabe aos custos da
Conclusão
qualidade e qual aos custos de produção?
Pela sua importância em termos de
Ainda sobre as categorias de custos da potencial informativo e pelas possibilidades de
qualidade, a literatura consagrou as já redução de gastos, a atenção do gestor deve
mencionadas (inspeção, avaliação, falhas estar direcionada à mensuração dos custos da
internas e falhas externas). Porém, essa estrutura qualidade, principalmente com as falhas
necessariamente não precisa ser adotada pela (internas e externas), dada a sua participação,
empresa. Ao se definirem os custos da qualidade geralmente elevada, no total dos custos da
para determinada companhia, deve-se ter em qualidade. Nesse sentido, FEIGENBAUM (1994)
mente as categorias que mais convenientemente alerta que é razoável assumir que os custos
se aplicam à organização. A relação selecionada provenientes das falhas podem representar em
deve ser discutida internamente para talvez torno de 65% a 70% do custo da qualidade,
acrescentar categorias, melhorar a designação, evidenciando a importância que lhe deve ser
definir seus componentes ou critérios para imputada. Posteriormente, pela possibilidade de
classificação no agrupamento adequado. Mesmo identificação de oportunidades de melhoria
considerando interessante que as classificações visando minimizar ou erradicar estas falhas.
fossem homogêneas em todas as empresas (o Os custos da má qualidade não existem
que permitiria comparações), é muito mais homogeneamente em toda empresa; resultam
importante a adequação da classificação às de alguns segmentos específicos, cada qual
necessidades específicas da empresa do que a com origem em alguma causa determinada.
adequação ao apregoado na literatura. Esses segmentos são desiguais em amplitude
Quanto aos custos relativos às falhas e em muitos casos uma parte relativamente
externas, em que pese sua importância na pequena deles contribui para o maior volume dos
determinação do custo total da qualidade, a custos. Através de análises, por exemplo pelo
dificuldade maior em mensurá-los reside no fato método gráfico de Pareto, a empresa pode
de que muitos destes custos são intangíveis, priorizar as falhas que consomem mais
complicando sobremaneira sua medição. Como recursos, no sentido de direcionar corretamente
medir corretamente, por exemplo, vendas os investimentos para melhoria da qualidade.
perdidas, insatisfação dos clientes e atendimento Isso gera a possibilidade de eliminar ou reduzir
das reclamações dos clientes? Da mesma forma, o gasto com inspeções em pontos onde não
como quantificar em termos financeiros a medição ocorrem problemas ou que acontecem apenas
do nível de qualidade em relação à satisfação do ocasionalmente. Já nos pontos em que a
consumidor no tocante ao tempo médio de espera freqüência de falhas é mais acentuada, os
do cliente, ao percentual de entregas efetuados procedimentos de inspeções devem ser mais
no prazo? Ainda, como medir o custo do abalo à consistentes. Assim, proporciona um
reputação da empresa perante um cliente dimensionamento mais adequado dos recursos
insatisfeito com o produto e sua possível influência destinados à atividade de inspeção.
junto a outros clientes potenciais ou consumidores
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