Liberdade, Igualdade e Fraternidade

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Liberdade, Igualdade e Fraternidade

Resumo: O presente trabalho tem como


escopo fazer especulações de cunho simbólico
e filosófico pertinentes ao grau de aprendiz no
que tange aos valores Liberdade, Igualdade
Fraternidade.

INTRODUÇÃO

Era a França do século XVII, a Europa estava mergulhada nas


superstições da Idade das Trevas, a Igreja velava, qual mãe de
recém-nascido, pela manutenção do que até então havia sido
conquistado, quanto ao devotamento de seus fiéis. Cria-se num deus
vingativo e contador dos pecados da carne, os capitais. A inquisição
grassava por toda a Europa medieval colhendo os prosélitos do
demônio, os bruxos, os magos e toda a sorte de ideário que
desafiasse seus dogmas de fé.

Sobre o pensamento da época, Jonathan I. Israel faz o seguinte


comentário em seu Iluminismo Radical:

“Durante o final da Idade Média e o começo da Idade


Moderna, até cerca de 1650, a civilização ocidental
baseava-se em um núcleo compartilhado de fé, tradição e
autoridade. (...) A Europa de meados do século XVII ainda
era, não apenas predominante, mas opressivamente, uma
cultura em que os debates sobre o homem, Deus e o mundo
que penetravam na esfera pública se revolviam em torno
do ‘confessional’ – isto é, temas católicos, luteranos,
reformados (calvinistas) ou anglicanos-, e os estudiosos se
digladiavam para estabelecer que bloco confessional
possuiria o monopólio da verdade e o título de autoridade
outorgado por Deus. Tratava-se de uma civilização na qual
quase ninguém desafiava a essência da cristandade o as
premissas básicas daquilo que era considerado um sistema
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ordenado por meio da força divina, da aristocracia, da


monarquia, propriedade da terra e autoridade
eclesiástica.” P. 31.
Este ambiente era inóspito a qualquer tipo de pensamento que
incentivasse a liberdade humana, sendo por este mesmo motivo o
pilar de sustentação das classes hegemônicas daquela época. Este
poder mantinha a coesão da sociedade e impedia qualquer tipo de
mudança.

Contudo, algo grande estava para acontecer e abalar todo este


sistema de dominação para sempre: foi chamado de Iluminismo, ou
idade das luzes. Tal linha de pensamento, encabeçada por Descartes
e Espinosa - claro que muitos outros fhilosophes faziam fileira nos
exércitos do pensamento renovador, lançou os primeiros esboços do
que se tornaria a maior revolução do planeta, enfraquecendo a
autoridade do clero, derrubando uma monarquia e abalando outras
várias pela Europa.

Sobre o pensamento que começava a tomar corpo e


manifestar-se sobre a terra, Israel escreveu que:

“(...) Em contraste, depois de 1650, absolutamente tudo,


não importava quanto era fundamental ou quão profundo
estava enraizado, foi questionado sob a luz da razão
filosófica, e os conceitos eram quase sempre desafiados ou
substituídos por outros diferentes gerados pela Nova
Filosofia e por aquilo que pode ser classificado como
Revolução Científica.” idem

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O GRANDE LEMA REVOLUCIONÁRIO

É oportuno que se desfaça um grande equívoco histórico,


estabelecendo-se os corretos termos e eventos. É obvio que o que se
irá dizer não é original, já sendo até mesmo notório nos círculos
maçônicos, mas não se peca por dizer.

É que ao contrário do que comumente se pensa, e se reproduz


ao ensinar a história da revolução, foi que o povo francês
revolucionário adotou como dístico a conhecida tríplice expressão,
tema do presente trabalho; nada mais incorreto.

Apesar de guardar alguma correspondência não é de todo


coincidente, e esta diferença pequena, distorce brutalmente todo o
conceito que integra a tríplice afirmação pela qual conhecemos,
usualmente, o lema francês da Revolução de 1789.

Em verdade, a França do século XVIII foi o palco de uma das


maiores e mais sangrentas guerras civis da história moderna, sendo
mesmo, reconhecido na época, como o lugar mais violento do
planeta.

O movimento revolucionário precipitou-se, em 17 de junho, na


reunião do Terceiro Estado que foi proclamado a "Assembleia
Nacional" e, pouco depois, "Assembleia Nacional
Constituinte". Já em 12 de julho, começam os motins em Paris,
culminando em 14 de julho com a tomada da prisão da Bastilha, uma
prisão e depósito de armas que era considerado o símbolo maior do
poder real sobremodo por ser destino dos que se posicionavam
contra o absolutismo francês.

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Tela de Hubert Robert (Paris, 1733 - Paris, 1808) célebre gravurista francês,
representante do barroco europeu, a visão é da Bastilha sendo tomada pelo
movimento revolucionário.

Tela feita por pintor anônimo. A representação demonstra o furor e violência


do combate para a tomada da prisão.

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Neste período a Monarquia absolutista de Luiz XVI foi


combatida e derrubada. Porém não sem mostrar sua mais vigorosa
resistência, considerando que a monarquia francesa era o bastião do
absolutismo europeu:

“Mas o rei já havia decidido. “Os príncipes de Descartes”


[ este, um dos mais insignes iluministas da época] foram “de modo
formal proibidos nas escolas do reino”, conforme colocou um
proeminente cientista francês do século XVIII, e foi dada ordem de
que apenas a “philosophie d’Aristote” [tentativa de usar a filosofia
como ciência subordinada à teologia e sem um pensamento
próprio, mas sim orientado] fosse ensinada. Nas décadas
subsequentes, a proibição ao ensino do Cartesianismo, bem como a
obrigação de se lecionar apenas a filosofia aristotelio-scholastica,
foi de forma contínua reafirmada por uma longa série de éditos de
Sorbornne. Eruditos que se recusavam a aquiescer, em especial se
contrariassem de forma aberta a política real, tinham de
responder de maneira formal. Pierre Valentin Faydit havia sido
expulso dos oratorianos em 1671 por causa da sua zelosa defesa do
Cartesianismo. O padre Malebranche, cujos livros, publicados nos
Países Baixos, foram banidos da França, foi proibido de lecionar e
confinado ao semi-isolamento. Antoine Arnauld, embora mais
prójansenismo do publicamente apoiava o Cartesianiesmo, sentiu-
se obrigado a fugir para a Holanda em 1679.”

E para que os revolucionários, impulsionados pelas ideias


Iluministas fossem vitoriosos, promoveu-se o seguinte lema, que se
tornou à época palavra de ordem: “Liberté, Égalité ou la Mort”.

Não havia espaço, no ambiente de combate e revolução


armada, para a fraternidade. A energia decorrente do verbo tornado
ideia, agora se deturpava e agregava a morte se isto fosse necessário
ao cumprimento de todo ideário de Revolução.

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O que se conclui é que a Maçonaria apesar de possivelmente


ter inspirado o ideal da Revolução Francesa, não esteve por traz dos
eventos, em trabalho secreto, nos bastidores manejando para
derrubada do absolutismo francês.

Até porque o lema revolucionário não continha a palavra


fraternidade como componente do ternário que foi posteriormente
adotado pela Maçonaria. Ao contrário, anunciava-se que o
movimento de Revolução seria levado às últimas consequências se
necessário fosse, nada tem a ver com a fraternidade proposta nas
Lojas.

Nos esclarece Castellani sobre o tema:

“A Revolução Francesa foi, também, um marco histórico


importante para a Maçonaria, embora tal fato seja exacerbado
por autores pouco afeitos à História, os quais afirmam que,
após a revolta, os Maçons passaram a utilizar a divisa
“Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, que seria a da Revolução,
como síntese de sua doutrina moral e social. Todavia, o lema da
Revolução Francesa era “Liberté, Égalité ou la Mort”
(Liberdade, Igualdade ou a Morte). O lema oficial do país
“Liberté, Égalité, Fraternité” (Liberdade, Igualdade,
Fraternidade) só surgiria com a Segunda República, em 1848,
sendo, posteriormente, adotado pelos Maçons.”

Como se percebe, os revolucionários não pretendiam a


fraternidade, palavra adicionada posteriormente quando do advento
da Segunda República Francesa, em 1848, quando então, a divisa foi
também assumida pela Maçonaria.

Portanto, é equivocado pensar ou pretender que o grande lema


foi obra de maçons daquele século de radicais mudanças. Em
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verdade, foram os maçons que assumiram a divisa, mas esta não foi
gerada no seio da Maçonaria.

É de se notar que, uma pesquisa histórica realizada pela


pesquisadora B. F. Hyslop para se apurar as influências da
Maçonaria no movimento revolucionário francês, aponta que
somente em dois documentos maçônicos na biblioteca de Paris as
três palavras foram encontradas reunidas:

“(...)Quase todos registram “Saúde, Força, União ou falam do


templo onde reina “o Silêncio, a União e a Paz”. O resultado
desse estudo está publicado em “Annales Historiques de la
Révolution Française” – janeiro, 1951, p. 7 . A 1ª República
conheceu bem a divisa “Liberdade, Igualdade ou a Morte”, mas
tal programa ideológico não foi jamais o da Maçonaria. Foi
somente sob a 2ª República que a “tríplice divisa” foi adotada
oficialmente pelo Governo Francês. Mas não foi a República que
tomou emprestada a divisa à Maçonaria, mas sim, a Maçonaria
é que a tomou emprestada à República”( Castellani).

Não se pode negar que alguma participação maçônica tenha


ocorrido para que a Revolução eclodisse. É que grandes filósofos
iluministas da época eram irmãos maçons, e portanto, natural que
houvessem pensamentos que se consolidariam no movimento a
partir de ideias maçônicas:

“Na realidade, uma fria e desapaixonada análise dos fatos não


pode colocar o pesquisador em nenhum dos dois extremos, pois
se não houve, de fato, uma conspiração revolucionária interna
na Maçonaria francesa, devesse convir que ela funcionou como
um extraordinário veículo político das ideias liberais, que
encontrando terreno fértil no descontentamento causado pelas
crises sociais, econômicas e políticas, levou à eclosão da
Revolução, marco histórico da ascensão da burguesia e da

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decadência da monarquia absoluta e fato de grandes


consequências para todos os povos do mundo.”

Portanto, a despeito de não ser a tríplice divisa um lema


genuinamente maçônico, pode-se em certa medida reconhecer que o
espírito da divisa estava presente já no ideário da revolução, e que
este espírito foi moldado por mentes afeitas à Ordem. E que o
espírito posteriormente encarnou nas palavras que tanto se
proclama. Identificada a Revolução como filho, a Maçonaria logo
cuidou de dar lhe o devido tratamento. Assim penso.

O movimento Revolucionário Francês culminou com uma nova


Constituição que foi precedida de uma declaração, a qual ficou
conhecida por “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”.
O regime feudal e outros privilégios foram abolidos. Aqui os ideais
revolucionários, em tom mais pacífico e desejos da estabilidade da
nova nação Francesa, agora sim, sobre o lema:
(Liberté, Egalité, Fraternité).

O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO E A
INTERPRETAÇÃO DO SIMBOLOGISMO MAÇÔNICO DAS
COLUNAS DO TEMPLO DE SALOMÃO

Há que se fazer uma necessária observação sobre os


acontecimentos durante o período revolucionário. Como se
consignou no capítulo anterior, o lema inicial da Revolução era:
Liberdade, Igualdade ou a Morte e a Segunda República, em 1848,
já mais revolucionada pelos ideais Iluministas, abandonou a antiga
destruição que continha e acolheu um tom mais conciliador,
substituindo “ou a morte” por “fraternidade”.
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Entendemos que não foi sem propósito a alteração promovida


nos lemas da Primeira e Segunda República francesa. Mais que isso,
é possível vislumbrar o poder das Colunas do Templo em pleno
esplendor, tal qual na condução do povo Hebreu pelo deserto
durante o êxodo.

AS COLUNAS DO TEMPLO

O iniciado, ao adentrar o templo da Loja, não importa o rito


sob o qual os trabalhos sejam desenvolvidos, passa necessariamente
por duas colunas. São elas as colunas “B” e “J”, ou Boaz e Jachim.
Estas eram duas colunas que ficavam na entrada do templo de
Salomão do lado de fora e, assim como tudo na Grande Obra tem um
significado a ser conhecido e revelado aos seus membros mais
dispostos a conhece-los, há nas duas colunas um grande mistério.

A coluna da esquerda, “B” ou Boaz, recebe o nome do bisavô


de Davi, este, um dos mais importantes Reis de Israel e consolidador
do reino israelita. A coluna Boaz representa o poder temporal como
expressos pelas ações de Davi. Também é conhecida como a coluna
da Força. Carrega em si portanto o grande poder de modificação de
destruição.

Já sua irmã, conhecida como “J” ou Jachim, localizada a


direita da entrada do Templo do Rei Salomão, filho de Davi a quem o
“Eu Sou” conferindo-lhe sabedoria, permitiu que edificasse o
Templo, recebeu este nome (a coluna) do sumo sacerdote que
exercia a função de dedicação do Templo de Salomão. Representa o
Poder do sacerdote a força benevolente da religião. O poder de
criação, de geração ao contrário de sua irmã.

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“Quando as duas colunas estão juntas, assumem a uma


camada adicional de sentido. Podem estar unidas simbolicamente
por uma pedra angular, um lintel, ou pelo Real Arco dos Céus. Mas
quando estão juntas, o ritual diz sobre elas: As duas grandes
colunas colocadas no Pórtico ou entrada do Templo do Rei
Salomão têm importância separada e conjunta. A primeira denota
‘força’; a segunda, ‘estabelecer’; e, quando estão juntas,
‘estabilidade’, pois Deus disse “Com força estabelecerei Minha
palavra em Minha casa para que ela fique de pé para sempre.”
Lomas, Robert – Símbolos Maçônicos, ed. Madras
O evento Revolucionário, se considerados os seus momentos
conforme os seus primeiro e segundo lemas, traz em nosso ver uma
interessante revelação. O primeiro (“Liberdade, Igualdade ou a
Morte”), durante a Revolução Francesa, com toda a energia e
violência necessárias para a queda do Ancien Regimen - como se
pode notar pelas telas que representavam a Queda da Bastilha e os
episódios públicos de execução na guilhotina; e o segundo, tentando
consolidar o que fora conquistado e buscando a estabilidade de sua
conquista (“Liberdade, Igualdade e Fraternidade”), não só para a
França, mas também para a universalidade dos homens (não sem
razão o nome “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”
inspirou várias Constituições pelo Globo).

Enquanto no primeiro ato é quase possível visualizar a coluna


Boaz ou da força em sua plana atuação, no segundo a Coluna
Jachim, da “estabilidade” começa a atuar. Ambas estabelecem com
força para que a Revolução fique de pé para sempre.

“As duas colunas representam duas forças que agem sobre a


sociedade. Elas são a força secular do rei [entendido como
governante], que rege, protege o povo e governa a terra e força
espiritual do sacerdote, que guia a vida religiosa e espiritual do
povo. O símbolo da coluna dupla representa o grande poder para a
estabilidade, que emana dessas duas forças quando trabalham
juntas. Se uma delas fica poderosa demais, a sociedade será jogada
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em um despotismo religioso ou secular, nenhum dos quais é


desejável.”

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Repare que a representação da “Declaração dos Direitos do


Homem e do Cidadão” está entre colunas.

As duas colunas também são mencionadas no Livro de


Enoch, segundo o Livro, Enoch, sabendo que o Dilúvio se
aproximava, e temendo que todo conhecimento se perderia
construiu duas colonas em uma alta colina, uma de bronze, para
resistir à água e outra de granito, resistente ao fogo, Na coluna de
granito havia uma descrição dos apartamentos subterrâneos que
construiu conforme o sonho dado por Deus. Na coluna de bronze,
Enoch fez constar os fundamentos das artes e das ciências.

Isso demonstra o poder constante do símbolo e bem utilizado


tanto no lema Revolucionário e no dístico pós-revolução. Também o
texto da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” está
emoldurada por duas colonas de modo a transmitir ao pensamento
coletivo a força da estabilidade revolucionária.

As colunas estiveram presentes na fundação dos Estados


Unidos da América, ao figurar George Washington entre colunas
com a indumentária maçônica.

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Oliver Cromwell, primeiro governante eleito da Inglaterra e


protetor do Reino, também foi pintado entre duas colunas de modo
a demonstrar a potência da estabilidade fornecida pelo par de
colunas.

Todos estes eventos históricos ou lendários foram precedidos


de uma grande comoção e instabilidade, como O Grande Dilúvio do
Livro de Enoch, A Independência Americana no caso de George
Washington e na Guerra Civil Inglesa, com Oliver Cromwell. Mas
foram sucedidos por grande estabilidade e mudança.

OS VALORES LIBERDADE-IGUALDADE-
FRATERNIDADE E UMA INTERPRETAÇÃO DO
SIMBOLISMO DO PRIMEIRO GRAU

A despeito das conclusões encontradas em capítulo anterior, a


desmistificar a completa interferência e identificação do lema

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Revolucionário com a Maçonaria, há magníficos ensinamentos a se


extrair do dístico da Segunda República Francesa (Liberdade,
Igualdade, Fraternidade).

É que, mais que o caráter político-social da Revolução, que por


óbvio, teve majestoso impacto na sociedade moderna, há
ensinamentos de cunho pessoal que podem e devem ser retirados
deste grande evento histórico.

Pensar na Revolução Francesa e o lema da Segunda República


tão somente em termos político-sociais é deixar de lado um
interessante análise quanto ao poder que a Maçonaria e seus
ensinamentos tem revelado aos seus iniciados.

Por isso, neste trabalho, abandonamos as análises


concernentes ao coletivo do ideal de Liberdade, Igualdade e
Fraternidade, e propomos, tão somente, uma crítica, de ordem a
permitir um melhor aprimoramento moral do Maçom após a
consideração da atuação do simbolismo presente em cada palavra do
ternário da Segunda República Francesa.

O PODER DA LIBERDADE

Rizzardo da Camino, em seu Dicionário Maçônico nos adverte


quanto aos perigos da Liberdade, a qual deverá sempre ser
complementada por um conjunto de ações sob pena de se oprimir,
desajustar, desiludir e desequilibrar.

No prelúdio do Iluminismo, a liberdade foi extremamente


debatida. Principalmente entre dois filósofos que tentavam sustentar
suas ideologias a respeito da monarquia enquanto regime político.
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Faz-se necessário entender um pouco que seja do pensamento


reinante ou mesmo suas divisões para ter a dimensão do que com
“força foi estabelecido” e então poder compreender o poder dos
instrumentos dados ao Maçom que se dispuser a estuda-los e usa-los
adequadamente na Grande Obra.

Espinosa foi, entre muitos dos philosophies, talvez aquele que


mais se destacou, e seus pensamentos e escritos faziam grande
oposição a outro iluminista: Thomas Hobbes. Este, firme apoiador
do regime monárquico, pretendia uma conciliação entre o novo e
velho. Entre o Regime Absolutista e as ideias de iluminação.

Mas, Yeshua, já havia dito que não se pode tornar vinho novo
sobre odres velhos, o pensamento republicano de Espinosa é
sobremaneira mais revelador do que aquele esposado por Hobbes.

Segundo Espinosa, um ‘homem livre’ é aquele que vive de


acordo com a razão e não e guiado pelo medo, mas deseja o bem de
forma direta, isto é age, vive e conserva seu ser buscando sua própria
vantagem.

Esta própria vantagem deve ser entendida como a conservação


do seu próprio ser, ou seja, o trabalho sobre si mesmo, visando o
aprimoramento, o desenvolvimento moral. Eis aqui o no que
trabalha o Aprendiz: em desbastar e esquadrejar a pedra bruta como
consta no Ritual Adonhiramita. (Raymundo D’Elia Júnior, pág. 76).

Ao contrário, a escravidão em Espinosa, é o reverso da


liberdade, é uma condição interna da mente, ou uma prisão mental,
como resultado de difíceis condições externas. Escravidão é, em
essência, a falta de poder ou de capacidade para se buscar as
próprias vantagens, sendo potencialmente uma consequência de
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paixões e do impulso de agir de acordo com ideias externas


inadequadas (Jonathan I. Israel).

Estas conceituações em torno do que é liberdade e do que é


escravidão, conforme esposado por Espinosa conduzem a algumas
conclusões interessantes.

A primeira é que a liberdade é um poder, uma potência e


Espinosa identifica a virtude como o “poder” e a virtude humana
está ancorada na razão e o maior bem que a mente humana pode
conceber é conhecer a Deus, ou seja, apreender racionalmente a
natureza das coisas.

Sendo a liberdade um poder, a escravidão é a impotência.


Segundo ele, os homens irracionais são guiados pelo impulso e
governados por ideias inadequadas. Esta é a segunda conclusão.

Aqui vai a terceira: é de se notar, por indispensável, que tal


quais as exposições de Espinosa, no se livro Ética, a Maçonaria
também nos fornece por meio de seus mistérios e símbolos as
ferramentas adequadas para a definição da virtude e vício.

O MALHO E A LIBERDADE

Poder. Esta é a melhor conceituação de liberdade, quem é livre


pode, tem a força, a capacidade. Vimos que isso está em Espinosa e
não vem do acaso. Estava no gérmen da Revolução Francesa como
acima demonstrado.

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No simbolismo maçônico há um instrumento oriundo da


Maçonaria Operativa, mas assumido pela Especulativa. Trata-se do
malho. Consiste em uma massa, feita de buxo, espécie de madeira
dura que simbolizava a firmeza e perseverança (Raymundo D’Elia
Júnior, pág. 77).

A palavra malho vem do latim malleus e quer significar


martelo ou massa e é o emblema do trabalho e da força material.
Suas funções são derrubar os obstáculos e superar as dificuldades.
Oswald Wirth nos ensina que o malho representa a vontade que
executa, insígnia de comando, que a mão direita, o lado ativo,
brande, e está relacionado com a energia que age, com a
determinação moral, cujo resultado é a realização prática. Eis aqui
uma das simbologias maçônicas para liberdade (Raymundo D’Elia
Júnior, pág. 77).

Rizzardo da Camino assim explica a respeito do malho: “(...) O


malho não é instrumento de criação, mas de desbastação, ele retira
e não coloca (...) A força bruta é revelada através do Malho (...) O
‘autodesbastamento’, com a retirada das primeiras arestas, é uma
ação forte, decisiva e dolorosa. Inicialmente o Aprendiz sofre
perdas irreparáveis, mas pouco a pouco vê surgir a obra perfeita
dentro de si mesmo, com a preparação de sua ‘Pedra Polida’, que
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bem equilibrada em com formas perfeitas, utiliza na construção do


Grande Templo Interno.” (pág. 266 e 267).

Este é o paralelo entre a Liberdade, como potência, força


destinada à realização, à mudança no mundo físico, e o Malho.
Aquele que não é livre não tem a virtude de, com sua razão,
encontrar a Deus. Os vícios o escravizam e a liberdade é abatida
superada. Com o Malho, os vícios podem ser retirados da
personalidade do iniciado, pois não tem serventia para a Grande
Obra.

Isso pode ser depreendido de Eliphas Levi, no seu Dogma e


Ritual, ao tratar do Recipiendário.

“O homem que ama sua ideias e que receia desvencilhar-se


dela, aquele que teme as novas verdades e não está disposto a
duvidar de tudo antes de admitir algo ao acaso (...) Se ama mais o
mundo do que a razão, a verdade e a justiça; se tua vontade é
incerta e vacilante, seja no bem seja no mal; se a lógica te espanta,
se verdade nua te faz enrubescer, se te fere abordar os erros em
que foste educado (...) os segredos (...) serão compreendidos apenas
por um pequeno número de homens e aqueles que o
compreenderem, certamente não o revelarão.(...)” (pág. 69)
O Malho representa a liberdade, pois somente com ela pode
desvencilhar-se de grilhões impostos pela própria mente, pelo meio
em que está inserido, pela época em que está encarnado.

Esta compreensão de liberdade foi forte o suficiente para


promover a evolução da humanidade a partir do ano de 1650 com as
ideias Iluministas. Milhares de mentes se tornaram mais livres após
a disseminação destes pensamentos. Esta força libertária atua até
hoje. O poder do Malho está latente para libertar da escravidão tanto
o homem enquanto indivíduo quanto o a irmandade de homens.

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Ragon e Plantageneta afirmam que o malho seria a


representação da inteligência que age e persevera, a inteligência que
dirige o pensamento, e anima a meditação daqueles que, no silêncio
e na sua consciência, procuram incessantemente a verdade.
(Raymundo D’Elia Júnior, pág. 77).

Eis a mesma afirmação em Eliphas Levi quanto à atuação do


pensamento livre e inteligente de atuar perseverante, incessante
capaz de promover as mudanças necessárias a uma Humanidade
pretendida pelo G.A.D.U.

“Quando um filósofo assume como base de uma nova


revelação sabedoria humana esse raciocínio: Penso, logo existo,
muda, de certo modo, a sua vontade, segundo a revelação cristã, a
noção antiga do Ser Supremo. Moisés faz dizer o Ser dos seres; Eu
sou quem sou. Descartes faz o homem dizer: Eu sou quem pensa, e,
como pensar é falar interiormente, o homem de Descartes pode
dizer como o Deus de São João, O Evangelista: Eu sou aquele em
quem está e por quem se manifesta o Verbo. In principio erat
verbum. E o que é o princípio? É uma base da palavra, é uma
razão de ser do verbo. A essência do verbo está no princípio: o
princípio é o que é; a inteligência é um princípio que fala. O que é
essa luz intelectual? É a palavra. O que é a revelação? É a palavra;
o ser é o princípio, a apalavra o meio e a plenitude ou o
desenvolvimento e a perfeição do ser é o fim: falar é criar.” (Eliphas
Levi, Pag. 67).
Nesta citação é possível perceber a menção ao grande
“philosophie” iluminista René Descartes, o qual foi aprisionado por
conta de suas ideias filosóficas, mas sua mente era absolutamente
livre, não se podendo aprisionar de qualquer forma. Tornou-se livre
novamente a convite da Rainha Cristina da Suécia.

Simbolicamente o Aprendiz detém o Malho na mão direito, o


princípio ativo, a força a inteligência para remover o que lhe
aprisiona, o Kether (Eliphas Levi).
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Mas para que se destina toda esta força? Passemos agora ao


segundo verbo a igualdade.

A IGUALDADE

Qualquer ação livre, por si só não pode conduz a coisa alguma.


O Malho brandido a esmo tem em si grande força destruidora. Como
já advertiu Da Camino, em nome da Liberdade se comentem os mais
hediondos crimes. Tal é a energia desprendida com o Malho.

Esta energia, a potência precisa estar direcionada, contida,


amparada sob pena de aquele que encontrar a mais ampla liberdade
se deturpar em um déspota e não em ser livre e pensante.

Aqui está o mistério do binário. O binário é o gerador da


sociedade e da lei; é o número da gnosis, isto é, a ciência, o
conhecimento, Eva emergindo das costelas de Adão apara formação
da humanidade (Eliphas Levi, pág. 79).

Na filosofia radical Iluminista de Espinosa, igualdade é viver


de acordo com as leis que dita nossa razão e tão longe do medo tanto
possível. Incontestavelmente, para construir uma boa vida, os
homens devem unir em um único corpo e formar a riqueza comum.

O Cristo resumiu a igualdade a partir da Lei e os Profetas do


Antigo testamento, comprovando que veio para cumprir a lei e não
revoga-la. A máxima proposta por Yeshua foi o segundo dos mais
importantes mandamentos “amai o seu próximo como a ti mesmo”.
Ora, somente com a ideia do outro se pode entender de próximo, de

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Liberdade, Igualdade e Fraternidade

igualdade, de dualidade. Enquanto Adão estava só no Edén, nenhum


ser se compara a ele em liberdade, o “penso, logo existo” era
absoluto. Mas se fez necessário a criação de Eva, sem a qual Adão
nunca seria completo.

Estas ideias não foram formuladas pela filosofia radical


Iluminista, mas foram por eles alcançadas provendo a humanidade
de extraordinários resultados retirando a Idade Média do
Absolutismo e promovendo governos democráticos.

“Radicati com frequência reafirma a proposição de Espinosa


de que a democracia é a forma política mais próxima do estado de
natureza. Afirmando que a religião de Cristo não difere da religião
da natureza, mas que foi depois pervertida pelas Igrejas e pelo
Clero, ele afirma que as leis de Cristo sendo exatamente iguais
àquelas da natureza... propunham estabelecer uma democracia
perfeita entre os homens, o único método que podia usar para fazê-
los felizes. Com esse propósito, sustenta ele, Cristo introduziu uma
comunidade de bens, proibindo luxúria e riquezas e ordenou que
nenhum homem deveria se mais distinto do que outro, bem
sabendo que em um governo realmente democrático, os homens e
serem iguais.” (Jonathan I. Israel, pág. 317).

É claro que com o excerto transcrito, não se quer, de modo


algum afirmar que cada homem não deva receber conforme o seu
trabalho. A citação é tão somente uma demonstração do que se
idealizou na época e que acabou sendo concretizado no que tange ao
governo de muitas nações pelo Globo.

Estabelecidas estas premissas, o que tem de simbolismo


maçônico nesta quadra trabalho? É o que se passa a expor.

IGUALDADE E O CINZEL
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No primeiro grau, conforme a Tábua de delinear proposta pelo


Rito de Emulação nos é ensinado que: “Entre os Maços Livres e
Aceitos, o Esquadro ensina a moralidade, o Nível a igualdade e o
Prumo a correção e retidão na vida e nos atos. (...) O Venerável
Mestre distingue-se pelo Esquadro, o Primeiro Vigilante pelo Nível e
o Segundo Vigilante pelo Prumo.”

A igualdade é aferida pelo nível, mas somente pode ser obtida


com o labor de outro instrumento de construção: o Cinzel. Em que
trabalham os Aprendizes? Pergunta certo ritual. Em desbastar e
esquadrejar a Pedra Bruta. É a resposta. Este é o complemento
necessário e indispensável ao Kether, ou Malho ou força criadora ou
liberdade. Aqui estão o ativo, representado pelo Malho e o passivo,
que recebe a energia, pelo cinzel.

“Enquanto o Cinzel, que representa a escultura, a arquitetura e


as belas artes seria um instrumento praticamente nulo sem o Malho,
significando que ambos os utensílios ou instrumentos devem ser
sempre empregados em conjunto de forma inseparável, para
produzirem seus melhores e mais importantes efeitos. (Raymundo
D’Elia Júnior, pág. 76).

Arremata sobre os dois símbolos o grande Oswald Wirth:

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Estes 2 Instrumentos são inseparáveis, para talhar a Pedra


Bruta. O primeiro representa as soluções aprisionadas em nosso
espírito, é o Cinzel de aço, que é aplicado sobre a Pedra, seguro pela
mão esquerda, lado passivo, que corresponde à receptividade
intelectual, ao discernimento especulativo.

Mas como se estabelece uma relação entre igualdade e o


cinzel? A resposta é simples: sendo o a Pedra Bruta desforme e
imprestável para a Grande Obra, é dizer, não pode se ajustar a outra
pedra para a construção do Templo, somente promovendo-se a
igualação da Pedra Bruta em Polida, esquadrejada, é que se poderá
ajustando-se várias pedras, construir o Templo.

Aqui está a lição moral que reside na igualdade. Somente com


a liberdade necessária ao trabalho e promovendo-se a remoção das
arestas e os vícios é que se chegará à verdadeira igualdade entre os
homens.

Se analisarmos a máxima de Cristo: “Amai o próximo como a ti


mesmo”, veremos que antes de se amar o próximo, temos que visitar
o nosso templo interior para alcançar o termo “a ti mesmo”. Melhor
esclarecendo: se faz necessário descobrir-se o que é amar-se e depois
atribuir ao próximo este mesmo amor. Ao aparar as arestas, o
iniciado prepara-se, já que a Pedra Bruta representa a alma do
Maçom, com suas falhas e vícios, para ser ajuntado aos seus irmãos,
devidamente esquadrejados.

Nestes princípios ativo e passivo, representados por vários


símbolos Maçônicos, como o Malho e o Cinzel, ou não propriamente
Maçônicos, como a Liberdade e Igualdade, é que reside toda criação.

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“O que é, portanto, a criação? É a casa do Verbo Criador.


Que é o cteis [ou vulva]? É a casa do falo. Qual é a natureza do
princípio ativo? A de se expandir. Qual a do princípio passivo? A de
se reunir e fecundar. O que é o homem? O iniciador, aquele que
destrói, cultiva e semeia. O que é a mulher? A formadora, a que
reúne, rega e colhe. O homem faz a guerra e a mulher procura a
paz; o homem destrói para criar; a mulher edifica para conservar;
o homem é a revolução; a mulher é a conciliação; o homem é o pai
de Caim, a mulher é a mãe de Abel. O que é a sabedoria? É a
conciliação e a união entre os dois princípios; é a doçura de
Abel dirigindo a energia de Caim [ ou a doçura do cinzel dirigindo
a energia do malho] é o homem seguindo as doces
inspirações da mulher; é o vício vencido pelo legítimo
matrimônio; é a energia revolucionária dulcificada e
domada pelas suavidades da ordem e da paz [O que na
Revolução Francesa era Liberdade, Igualdade ou a Morte se torna
na Segunda República, Liberdade, Igualdade e Fraternidade]; é o
orgulho submetido ao amor; a ciência reconhecendo as inspirações
da fé. Então a ciência humana se faz prudente por sua modéstia e
se submete à infalibilidade da razão universal. Pode assumir então
o nome de Gnosis, porque reconhece, ao menos, o que ainda não
pode se vangloriar de saber perfeitamente.” (Eliphas Levi, pág. 81)

O trecho acima é perfeito para o esclarecimento dos princípios


ativo e passivo, representados no simbolismo Maçônico de Primeiro
Grau, entre outros, pelo Malho e o Cinzel. Mas o que se obtém com a
atuação destas ferramentas de construção de Templos e Fortalezas?

A FRATERNIDADE

Aqui se deposita o resultado de todo trabalho. A fraternidade,


segundo Da Camino, é uma associação fraterna, cujo objetivo é
demonstrar que todos os homens podem conviver na mesma carne.

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A fraternidade não é uma conquista a ser alcançada, mas uma


resultante do binário anterior. Trata-se assim, mais de uma
consequência do que um objetivo. É dizer, uma vez estando
devidamente consolidadas a liberdade e a igualdade, a fraternidade
se estabelecerá firmada com a força.

A fraternidade é o Reino de Deus desejado na oração do “Pai


Nosso”, a qual ensinada por Cristo aos seus discípulos que careciam
de maneiras de se falar com o G.A.D.U.

É o ternário, ou Binah, conforme anota Eliphas Levi, “o


ternário é o fim e a expressão suprema do amor: somente se buscam
dois para se converterem em três.”

É neste sentido a síntese do qual a Liberdade é a tese e a


igualdade é a antítese. Aqui está completo o triângulo reto com a
combinação de seus catetos a dar origem à hipotenusa. Nestes
termos, a humanidade estará apta a ingressar em épocas de
perfeição.

No simbolismo Maçônico podemos visualizar a Pedra Cúbica,


representada pelo Maçom que, debruçando sobre si faz emergir o
material bom para a Grande Obra e é alçado pelo Lewis figurado na
Tábula de Delinear do Primeiro Grau até o assentamento nas
paredes do Templo sendo unido pelo cimento do amor universal.

Este talvez seja o projeto divido ainda na escuridão


representado pela tábua de delinear que está em parte na sombra e
em parte na luz.

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Concluo o trabalho com uma citação encontrada no livro de


Wagner Veneziani Costa, Maçonaria a Escola de Mistérios a Antiga
Tradição e seus Símbolos, pág. 541:

“Ó, Mestre, não sei se amo a Deus,” E ele perguntou: “Não há


nada, então, o que você ame?” Ela aí respondeu: “Meu pequeno
sobrinho.” E ele lhe disse: “eis aí seu amor e dedicação a Deus, no
seu amor e dedicação a essa criança”. “E aí está”, disse Campbell,
“a suprema mensagem da religião”.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao G.A.D.U. pela sua imensa bondade e misericórdia


que tem me seguido por todos os dias de minha vida. E porque sem
um Mestre como Ele, nunca seria possível um aprendiz.

Agradeço aos meus Mestres na Loja, em especial ao Mestre


Francisco Demétrio de Araújo, Fábio Fonseca e Silva e Roberto
Garcia Filho, pois sem os Mestres, um aprendiz nunca seria possível.

Por fim, agraço a minha amada esposa Aline, pois sem seu
amor e compreensão, minha alma jamais teria possibilidade de
conhecer o Amor Divino.

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Bibliografia

DA CAMINO, Rizzardo. Dicionário Maçônico. São Paulo: Madras


Editora.

D’ELIA JUNIOR, Raymundo. Maçonaria – 100 Instruções de


Aprendiz. São Paulo: Madras Editora.

GOB. Ritual. 1º Grau – Aprendiz Maçom – Cerimônias aprovadas


pelo Rito de York.

ISRAEL, Jonathan I. Iluminismo Radical – A Filosofia a Construção


da Modernidade, 1650-1750. São Paulo: Madras Editora.

LEVI, Eliphas. Dogma e Ritual de Alta Magia. São Paulo Ed. Madras.

LOMAS, Robert. O Poder Secreto dos Símbolos Maçônicos. São


Paulo: Madras Editora.

RAGON, J. M. Ortodoxia Maçônica. A Maçonaria Oculta e a


Iniciação Hermética. São Paulo: Editora Madras.

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