Janela Infinito PDF PDF

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UMA JANELA PARA O INFINITO

1) - INTRODUÇÃO

"Se não se explicar tudo muito depressa a humanidade não


acreditará em nada mais".

(Pietro Ubaldi, O Sistema, Conclusão, p. 276).

Antes de adentrarmos no assunto específico de que trata este artigo, o


perispírito, o corpo semi-material que envolve o corpo físico e que igualmente
reveste o espírito, matriz da matéria orgânica, corpo sutil que serve de ponte
entre a matéria condensada e o espírito imortal, façamos breves comentários
acerca de sua evolução ao longo da escalada humana, para que, ao término,
entendendo a finalidade, funcionamento e a dinâmica do psicossoma,
possamos compreender que tudo é Espírito e "o princípio das coisas está nos
segredos de Deus". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta 49).

Remontando nossa trajetória, volvamos aos tempos idos, onde a matéria


rudimentar iniciava o seu processo de ascensão. O Princípio Divino vertido na
matéria densa protagonizou a jornada de evolução após ter invertido
negativamente sua polaridade positiva, contraindo-se e desencadeando o
processo de queda ou de involução:

"É licito considerar-se espírito e matéria como estados diversos de


uma essência imutável, chegando-se dessa forma a estabelecer a
unidade substancial do Universo. Dentro, porém, desse monismo
físico-psíquico, perfeitamente conciliável com a doutrina dualista,
faz-se preciso considerar a matéria como o estado negativo e o
espírito como o estado positivo dessa substância". (Emmanuel,
Emmanuel, Capítulo XXXIII, p. 170).

"O espírito não é inimigo, oposto, à matéria: é a continuação da


matéria". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XI, p. 124).

"O trajeto de ida ou descida, que forma a queda, significa um


processo de curvatura do estado cinético que constitui o espírito, no
estado cinético que constitui a matéria". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo XII, p. 150).

"Não se trata, com efeito, entre matéria e espírito, de substâncias


diferentes, mas apenas de formas diferentes da mesma substância.
Elas são contíguas e conjuntas e, portanto não se pode reconstruir o
espírito senão retransformando a própria substância, do seu estado
de matéria em seu estado de espírito". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo XVIII, p. 234).

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1.1) - DO ÁTOMO AO ARCANJO

MONISMO FÍSICO-PSÍQUICO. ESPÍRITO E MATÉRIA, estados diversos de


uma essência imutável. Eis o princípio da descida consciencial,
magistralmente relatado por Pietro Ubaldi em sua inigualável obra, contudo,
revelado desde os mais antigos contos mitológicos e orientais, nas parábolas
das diversas religiões, bem como na resposta cristalina à pergunta 540 de O
Livro dos Espíritos que desvendando os mistérios da evolução, ensina: "É
assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo
primitivo até o arcanjo que também começou por ser átomo".

O QUE O ARCANJO ESTAVA FAZENDO DENTRO DO ÁTOMO? A pergunta é


pertinente, porque a evolução desenvolve o menos a partir do mais, que no
menos existe em potencialidade ou em latência. O menos não é capaz de
desenvolver o mais por soma ou agregação, mas por desenvolvimento do que
nele já existe em germe, à semelhança da semente e da árvore. Se o arcanjo
estava no átomo nos primórdios da evolução é porque algo aconteceu antes
disso! E esta é uma das preocupações ou conjecturas de alguns cientistas, que
questionam e buscam respostas ao que teria antecedido ao Big Bang, que
representa, no estágio atual do nosso conhecimento científico, a gênese da
matéria, do espaço, do tempo e do nosso universo:

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"Mas a pergunta permanece. Quando postulamos um instante finito
de criação, é sempre possível perguntar: o que existia antes da
criação, antes do big-bang?" (Dr. Amit Goswami, A Janela
Visionária, Capítulo Cinco, p.23). (Itálicos do autor).

“O mais é apenas a explosão de um mundo fechado em si mesmo,


mas que já continha tudo em potencial”. (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 29, p. 90).

"Colocada por Deus no caminho da vida, como o discípulo que


termina os estudos básicos, a alma nem sempre sabe agir em
correlação com os bens recebidos do Criador, caindo pelo orgulho e
pela vaidade, pela ambição ou pelo egoísmo, quebrando a
harmonia divina pela primeira vez e penetrando em experiências
penosas, a fim de restabelecer o equilíbrio de sua existência".
(Emmanuel, O Consolador, Pergunta 248). (Os grifos são nossos).

"Disso resulta que se pode existir de dois modos, ou seja, a vida


pode assumir duas formas. A primeira é a do Sistema. Podemos
representá-la como a de um organismo são, com funcionamento
sempre perfeito, sem mutações. A segunda é a do Anti-Sistema.
Podemos imaginá-la como a de um organismo doente de
transformismo, para o qual o existir só é possível à custa de um
tornar-se contínuo, que o modifica sem tréguas, para o qual tudo
deve sempre nascer, desenvolver-se e morrer". (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo XII, p. 137). (Os grifos são nossos).

"Os filhos de Deus só podiam ser livres e conscientes, aceitando


permanecer na ordem só por livre adesão". (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo III, p. 39).

"Todavia, a liberdade é tal, que contém a possibilidade do arbítrio e


do abuso, o que significa poder quebrar a unidade orgânica do
Sistema". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo III, p. 40).

1.2) - A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

Jesus, o Augusto enviado de Deus, ciente da nossa pobreza moral, procurando


traduzir a nossa condição espiritual, contou-nos uma parábola (Lucas, 15:11 a
32), que nos remetia a um reino distante onde um Pai amoroso e bom, vê partir
um filho amado, imaturo e impulsivo, para uma terra longínqua, onde, vivendo
dissolutamente, dissipa todos os bens que havia herdado. Padecendo
extremas necessidades, chega a desejar o alimento dos porcos. Caindo em si,
após tanto sofrer, levanta-se e resolve voltar à morada paterna. Ainda quando
estava longe viu-o seu Pai, que o recebe com alegria e íntima compaixão. O
filho diz: "Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser
chamado teu filho" e o Pai misericordioso e magnânimo entre tantas palavras
amorosas e doces ressalta: "Este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se
perdido e foi achado".

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A parábola do Filho Pródigo é a nossa própria história em sua faceta de
involução ou queda, e de ascensão ou evolução:

"Filhos pródigos, abandonai vosso exílio voluntário; voltai vossos


passos para a morada paterna: o pai vos estende os braços e
mantém-se sempre pronto para festejar vosso retorno à família".
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Comentários de Lammenais,
Pergunta 1009). (Os grifos são nossos).

"Nosso pai é justo e bom. Todos somos filhos pródigos; voltemos à


casa paterna". (J. B. Roustaing, Os Quatro Evangelhos, Tomo
Primeiro, Item 14, p. 168).

"Não foi uma queda em sentido espacial, mas foi demolição de


valores, inversão de qualidades, descida de dimensões, ou seja,
contração de tudo isto, através de uma progressiva inversão de
valores positivos originários, até que se tivessem todos transformado
no sentido negativo". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo III, p. 44).
(Os grifos são nossos).

1.3) - ANTES DO ÁTOMO

Antes do átomo, movimentamo-nos equivocadamente, em relação à mobilidade


ordenada, em perfeita obediência à disciplina da Lei, existente no Sistema,
contraindo a nossa consciência até a densificação em estado de matéria,
originando o Anti-Sistema, morrendo para a verdadeira vida:

"A substância da vida é expressa pela consciência de existir. A


substância da morte é dada pela perda dessa consciência". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo XVI, p. 211).

"Que é, com efeito, o culpado? É aquele que por um desvio, por um


falso movimento da alma, se distancia do objetivo da criação, (...)."
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Comentários de Paulo,
Apóstolo, Pergunta 1009). (Os grifos são nossos).

"Que é o castigo? A conseqüência natural, derivada desse falso


movimento; uma certa soma de dores necessária a desgostá-lo da
sua deformidade, pela experimentação do sofrimento. (...). O castigo
só tem por fim a reabilitação, a redenção". (Allan Kardec, O Livro
dos Espíritos, Comentários de Paulo, Apóstolo, Pergunta 1009). (Os
grifos são nossos).

"Então, a única coisa que podia mudar com a revolta era a forma do
movimento, ou seja, uma direção diferente que a criatura livre quis
dar àquele impulso originário, ao menos até onde foi possível no
âmbito de seu domínio. Eis então que o movimento geral ordenado
do Sistema, que antes da revolta só se dava na dimensão infinito,
congelou-se na parte doente da desordem, encarcerando-se em
dimensões cada vez mais fechadas sobre si mesmas pela involução,

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contraindo-se cada vez mais até às nossas dimensões espaciais".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p. 141). (Os grifos são
nossos).

"O movimento, portanto, é o denominador comum de todos os


fenômenos. Os próprios fenômenos, como tais, são um movimento,
desde que são constituídos por um transformismo. Isto teve início
com a revolta, já que nesse momento teve início o movimento da
involução, que depois continuaria com o de evolução. Explica-se
dessa maneira, como tenha nascido - e qual o impulso que originou -
o transformismo fenomênico, este que é o modo de existir em nosso
universo". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p. 136). (Os grifos
são nossos).

"A essência da queda não é, portanto, um ato de punição, mas o


afastamento de Deus, desejado pela criatura, que tem fatal
necessidade de subir novamente a Ele, se quiser reencontrar a
vida". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 137).

"O afastamento da Lei é o que se chama: erro, a reação da Lei ao


erro é o que se chama: dor". (Pietro Ubaldi, Queda e Salvação,
Introdução, p. 31).

"A medida da dor é estabelecida pela medida do erro". (Pietro


Ubaldi, Queda e Salvação, Capítulo 06, p. 141).

"A dor existe como método de ensino e educação na escola dos


primitivos". (Pietro Ubaldi, Queda e Salvação, Capítulo 06, p. 133).

"É verdade que com a revolta nasceu a desordem, mas sem sair da
ordem, nasceu o caos, mas sempre controlado por Deus, nasceu o
mal, mas só como sombra do bem". (Pietro Ubaldi, Queda e
Salvação, Introdução, p. 24).

1.4) - APÓS O ÁTOMO

Após o átomo, lançamo-nos em processo de expansão, secundado pela


vibração divina, até nos situarmos a meio caminho, na fase hominal, onde por
decisão interior e livre, nos levantaremos e corrigindo trajetórias, buscaremos,
mais cedo ou mais tarde, a senda do Reino Divino onde certamente nos
alegraremos e regozijaremos na unidade do Espírito: "Eu neles, e tu em mim,
para que eles sejam perfeitos em unidade". (João,17:23).

"Então, o átomo se quebra e a evolução, que é caminho de


regresso, torna a levar à distensão cinética o movimento que se
curva sobre si mesmo. Assim as trajetórias fechadas no átomo
abrem-se para a saída dos elétrons, que se lançam livres no espaço,
gerando um novo modo de ser da substância: a energia.

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Podemos, dessa forma, compreender o significado profundo do
fenômeno da radioatividade: ele representa o primeiro passo no
caminho do regresso, com a passagem da fase matéria à fase
energia. Representa o primeiro arranco da distensão cinética para
libertar o movimento das formas fechadas das trajetórias do átomo.
Representa o primeiro golpe da destruição das construções do Anti-
Sistema (átomo, matéria), para a reconstrução do Sistema destruído
com a revolta. Entramos na fase energia, da qual, mais tarde, se
passará à do espírito". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p.
149). (Os grifos são nossos).

"O conceito de evolução implica o de expansão e crescimento, o que


implica a idéia de um ponto de partida do "menos", isto é, no
negativo, que tende a atingir um ponto de chegada no "mais", ou
seja, no positivo". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XVI, p. 201).

"Os Espíritos que alcançaram o grau supremo de perfeição, depois


de passarem pelo mal, têm menos mérito que os outros, aos olhos
de Deus? - Deus contempla os transviados de igual maneira, e os
ama com o mesmo coração. São chamados maus, porque
sucumbiram; (...)". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta
126). (Os grifos são nossos).

1.5) - INDIVIDUALIDADE E TOTALIDADE

Somos imagem, semelhança do Pai, fomos gerados tal qual miríades de luz
divina, imortais, sábios em cada uma das funções que empreendíamos no
sistema divino, relativamente perfeitos, livres para escolher: a Individualidade,
gerando o egocentrismo egóico, o mal, o caminho longo, que nos afasta do
Pai, involução e evolução, ciclo de contração e posterior expansão da
consciência, com a reconquista do que estava em estado de germe, ou a
Totalidade, a entrega à vontade divina, o egocentrismo altruísta, o bem
absoluto desde o princípio, o caminho curto, que nos integra imediatamente a
perfeição infinita:

"A sabedoria de Deus está na liberdade que ele deixa a cada um de


escolher, porque cada um tem o mérito de suas obras". (Allan
Kardec, O Livros dos Espíritos, Trecho da Resposta à Pergunta
123).

"E, se Deus é perfeito, donde nasceu e como se justifica entre nós a


imperfeição, o erro, o mal, a dor, etc.? Como podem as trevas ter
nascido da luz, da vida a morte, e tantas negações do existir,
quando a suprema qualidade de Deus é afirmação?" (Pietro Ubaldi,
O Sistema, Capítulo V, p. 67).

"Oh! Digo-vos em verdade, cessai, cessai de colocar em paralelo, na


sua eternidade, o Bem, essência do Criador, com o Mal, essência
da criatura; (...)". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Comentários
de Paulo, Apóstolo, Pergunta 1009). (Os grifos são nossos).

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"No estado de perfeição dos espíritos que aderiram à Lei, só há uma
liberdade possível: a da absoluta adesão à Lei, que é a vontade
divina, adesão livre e espontânea, querida e consciente. Por este
motivo, os espíritos rebeldes deveriam ter obedecido e, como
desobedeceram, caíram". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo
X, p. 133).

"Jesus disse-lhes: A minha vontade é fazer a vontade daquele que


me enviou e realizar a sua obra". (João, 4:34).

"Assim, também a queda teria sido progressiva, por sucessão de


filiações, que não derivam de Deus e depois dos elementos puros do
Sistema, mas derivam dos espíritos rebeldes. A propagação desse
impulso invertido, ao invés de gerar, como na criação dos círculos de
ordem, no seio do Sistema, gerou por filiação invertida os círculos da
desordem, no seio do Anti-Sistema". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo XIX, p. 251).

"O mal não pode ter sido criado por Deus, porque se assim tivesse
acontecido teria que ser tal como a substância Dele, isto é eterno e
indestrutível". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p. 158).

"Das mãos de um Deus perfeito não pode sair uma obra imperfeita,
cheia de erros, males e dores, como é nossa atual criação". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo VI, p. 75).

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"Uma vez que há Espíritos que, desde o princípio, seguem o
caminho do bem absoluto e outros, o do mal absoluto, deve haver,
sem dúvida, degraus entre esses dois extremos? - Sim, certamente,
e é a grande maioria dos Espíritos". (Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, Pergunta 124). (Os grifos são nossos).

"Os Espíritos que seguiram o caminho do mal poderão alcançar o


mesmo grau de superioridade que os outros? - Sim; porém, as
eternidades serão para eles mais longas". (Allan Kardec, O Livro
dos Espíritos, Pergunta 125). (Os grifos são nossos).

O Espírito pode ser visto constituído de dois grandes princípios


complementares: a Individualidade e a Totalidade. A totalidade pode também
ser descrita como o Todo-Uno-Deus. Simbolicamente Eva e Adão. Na queda
ou involução, não houve degenerência, mas tão somente escolha e movimento.
Ao escolher a individualidade, o ser deixa de se alimentar da totalidade,
contraindo a consciência, criando o ego, uma distorção da consciência real,
passando a alimentar-se daquilo que é externo, a matéria, o tempo e o espaço,
a relatividade. Simbolicamente a Serpente e a Maçã. O ser transforma-se num
verdadeiro ovóide, a diferença em relação à primeira queda e que dependendo
do impulso de afastamento ou revolta, a consciência em contração, ultrapassa
a barreira da monoidéia e vai às antípodas, ao não ser, onde tudo fica em
estado de germe, nada se perde, a totalidade, a divindade, pemanecem nas
entranhas do ser, no inconsciente, aguardando momento de escolha propícia,
para o desenvolvimento: "Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te
dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá". (Efésios, 5:14). "Eu disse: sois
Deuses". (João, 10:14). Na redução da vibração do Espírito, surge a energia,
na contração máxima, a matéria:

"(...) o desmoronamento tenha consistido numa contração


individual de cada elemento. (...) por retrocesso íntimo de cada um,
mediante contração". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XX, p.
265). (Os grifos são nossos).

"Chama-se a este processo involução. Podemos assim explicar-nos


como nasceu a matéria e porque o nosso universo assumiu uma
forma material. E também é só assim que podemos explicar como,
chegado ao fundo do caminho da descida involutiva, tenha podido
nascer e desenvolver-se aquele processo inverso, em que estamos
situados e que se chama evolução". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo III, p. 43). (Os grifos são nossos).

"De tal forma que energia e matéria poderiam ser consideradas


como estados de progressiva corrupção ou decadência do estado
perfeito de espírito, e este seria então o sentido que deveríamos
dar à palavra queda". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XX, p.
268). (Os grifos são nossos).

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1.6) - PONTO DE CHEGADA E PONTO DE PARTIDA

Entre os extremos: os espíritos, que não caíram, permanecendo no sistema ou


paraíso divino, fora do espaço-tempo, pois desde o princípio seguiram o
caminho do bem absoluto e os que por impulsos, contrário a totalidade,
chegaram à contração máxima, a matéria em estado mais denso,
manifestando-se na dimensão tempo e espaço. Existem degraus quase
infinitos, propiciando a criação e desenvolvimento de diferentes mundos,
aparelhados para a transformação paulatina da consciência: "Na casa de meu
Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou
preparar-vos lugar". (João, 14:2). Essas moradas vão desde múltiplos
universos, mundos fluídicos, espirituais e físicos até as moradas íntimas ou
níveis conscienciais.

As consciências que sofreram maior densificação ao acordarem depois do


processo de evolução determinística: na fase mineral, vegetal e animal,
desenvolvem na fase humana, o livre arbítrio, tornando-se co-criadores em
plano menor, mas já encontram o universo, os mundos, as colônias espirituais,
em pleno desenvolvimento, mundos nascentes, em franco progresso e em fase
de extinção, tal qual acontece conosco. Isso se deve ao fato de que, como a
queda dimensional ocorreu devido a impulsos íntimos, baseado na
individualidade, cada ser foi até o limite consciencial máximo, onde os
estímulos de contração se esgotaram, dando inicio ao movimento contrário, à
expansão ou à evolução. Daí os infinitos níveis conscienciais e os diversos
mundos. Do espaço ao átomo, ao anjo, cada ser, de degrau em degrau, volta
do exílio voluntário à casa paterna, ao absoluto, servindo, construindo e co-
criando a partir do patamar onde houve o despertar, aparelhando, preparando
"lugares" para os que ficaram a retaguarda e sendo beneficiado pelos que
seguem a sua frente. Uma grande caravana, interligada por uma hierarquia
entrelaçada, em movimentos sincrônicos, com interações locais e não locais,
em processos contínuos e descontínuos:

"Por uma lei de inércia, que é verdadeira também no campo moral,


pela qual uma massa, como uma idéia, continua a avançar na
direção em que foi lançada, enquanto não encontrar uma força que a
desvie ou um atrito que a freie, (...)". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo,
Capítulo X, p. 121).

"E tanto mais assim acontece, porque revolta significa resistência e,


portanto, atrito, que é o que desgasta o elemento rebelde,
esgotando-lhe o impulso individual". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo XII, p. 149). (Os grifos são nossos).

"Então, nem todos os seres teriam decaído até o estado de matéria,


mas podem tê-lo feito até círculos ou planos de existência mais
altos, menos involuídos". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIX, p.
253).

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"Desse modo, o trajeto evolutivo que cada ser tem de percorrer para
reentrar no Sistema não é igual para todos, mas é proporcional para
cada um deles à profundidade alcançada com a própria queda".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIX, p. 253).

"Ficai sabendo que teu mundo não existe de toda a eternidade e


que, muito antes que ele existisse, já havia Espíritos que tinham
atingido o grau supremo". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos,
Resposta à Pergunta 130).

"Pai aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles
estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste;
porque tu me hás amado ANTES DA CRIAÇÃO DO MUNDO".
(João,17:24).

"Tudo se encadeia na Natureza por laços que não podeis ainda


compreender, e as coisas, as mais díspares na aparência, têm
pontos de contato que o homem não chegará jamais a compreender
no seu estado atual". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trechos
da Resposta a Pergunta 604).

"Os Espíritos são iguais ou existe entre eles uma hierarquia? - São
de diferentes ordens, segundo o grau de perfeição ao qual
chegaram". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta 96). (Os
grifos são nossos).

Seguindo os raciocínios que estamos desenvolvendo, considerando os


patamares da viagem evolutiva, poderíamos dizer chegaram ou partiram:

"Os anjos hão percorrido todos os graus da escala? - "Percorrem


todos os graus, mas do modo que havemos dito: uns, aceitando sem
murmurar suas missões, chegaram depressa; outros, gastaram
mais ou menos tempo para chegar à perfeição". (Allan Kardec, O
Livro dos Espíritos, Resposta à Pergunta 129).

"Todavia, o princípio soberano de unidade absorve as variações,


crendo nós que, sem perdermos a consciência individual no
transcurso dos milênios, chegaremos a reunir-nos no grande
princípio da unidade, que é a perfeição". (Emmanuel, Emmanuel,
Capítulo XXXIII, p. 171).

"A Lei dirigindo-os todos por um mesmo princípio, leva-os para a


unidade". (Pietro Ubaldi, Queda e Salvação, Capítulo 05, p. 123).

A ascensão é também questão de foro íntimo, inalienável, movimento de


retorno, escolha, livre arbítrio:

"Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos
que se melhoram? - São os próprios Espíritos que se melhoram e,

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melhorando-se, passam de uma ordem inferior para uma ordem
superior". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta 114).

1.7) - AS OUTRAS QUEDAS

Se depende de cada um se melhorar, a dualidade interior, que todos nós


sentimos, o confronto permanente entre as tendências perversas do pólo
negativo oriundas da essência da criatura e do bem, manifestação essencial do
Criador, pode nos levar a novos equívocos, a quebra da harmonia divina pela
segunda, terceira, quarta, quinta ou mais vezes, provocando quedas
conciensciais variadas, durante o longo período em que a evolução se
desenrola, quedas psicológicas, reencarnatórias, espirituais, planetárias e
fenômenos de maior monta, como a segunda queda ou a queda do homem,
que ocorre logo após a passagem, da essência espiritual, da forma animal para
a forma humana, quando o ser alcança novamente o livre arbítrio, e que pode,
a partir daí, evoluir, com a assistência dos espíritos prepostos, em linha reta
moral, pelos mundos fluídicos ou colônias espirituais, mas devido o retorno do
impulso de revolta ou de egocentrismo egoísta, causador da queda primordial,
cai em encarnações e reencarnações provacionais, proporcionais ao engano
cometido, fragmentando a vida, em dois pólos, a vida encarnada e a existência
além túmulo, tal qual acontece conosco:

"Desde o início de sua formação, goza o Espírito da plenitude de


suas faculdades? - Não, pois que para o Espírito, como para o
homem, também há infância. Em sua origem, a vida do Espírito é
apenas instintiva. Ele mal tem consciência de si mesmo e de seus
atos. A inteligência só pouco a pouco se desenvolve". (Allan Kardec,
O Livro dos Espíritos, Pergunta 189).

"Chegado deste modo à condição de Espírito formado, de Espírito


pronto para ser humanizado se vier a falir, o Espírito se encontra
num estado de inocência completa, tendo abandonado, com os seus
últimos invólucros animais, os instintos oriundos das exigências da
animalidade.

A estátua acabou de receber as formas. Sob a direção e a vigilância


dos Espíritos prepostos, o Espírito formado se cobre dos fluidos que
lhe comporão o invólucro a que chamais - perispírito, corpo fluídico
que se torna, para ele, o instrumento e o meio ou de realizar um
progresso constante e firme, desde o ponto de partida daquele
estado até que haja atingido a perfeição moral, que o põe ao abrigo
de todas as quedas; ou de cair, caso em que o perispírito lhe será
também instrumento de progresso, de reerguimento, mediante
encarnações e reencarnações sucessivas, expiatórias a princípio e
por fim gloriosas, até que atinja a perfeição moral". (J. B. Roustaing,
Os Quatro Evangelhos, Tomo Primeiro, Item 56, p. 295). (Itálicos do
autor).

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"Entretanto, que me diz dessas quedas? Verificam-se apenas na
Terra? Somente os encarnados são suscetíveis de precipitação no
despenhadeiro?

(...). Em qualquer lugar, o espírito pode precipitar-se nas furnas do


mal, salientando-se, porém, que nas esferas superiores as defesas
são mais fortes, imprimindo-se, conseqüentemente, mais
intensidade de culpa na falta cometida". (André Luiz, Nosso Lar,
Capítulo 44, p.244). (Os grifos são nossos).

"A terra é um plano de vida e de evolução como outro qualquer, e,


nas esferas mais variadas, a alma pode cair, em sua rota evolutiva
(...)". (Emmanuel, O Consolador, Pergunta 249). (Os grifos são
nossos).

"Dividido no meio desse dualismo, o homem escolhe o seu caminho,


obedecendo a este ou aquele impulso, segundo as suas
preferências". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIV, p. 177).

"Considere as criaturas como itinerantes da vida. Alguns poucos


seguem resolutos, visando ao objetivo essencial da jornada. São os
espíritos nobilíssimos, que descobriram a essência divina em si
mesmos, marchando para o alvo sublime, sem vacilações. A maioria
no entanto estaciona. Temos então a multidão de almas que
demoram séculos e séculos, recapitulando experiências. Os
primeiros seguem por linhas retas. Os segundos caminham
descrevendo grandes curvas". (André Luiz, Nosso Lar, Capítulo 44,
p.244). (Os grifos são nossos).

1.8) - A LEI DE EVOLUÇÃO

A lei de evolução deve ter mecanismos que não permitam à consciência,


dominado pela ignorância, revolta, orgulho, ambição, vaidade ou egoísmo,
após experenciar a primeira e a segunda queda, retornar aos estágios iniciais
da subida evolutiva, porque caso contrário, o processo se tornaria infindo, dado
a natureza inferior do homem. A primeira queda, imediata e rápida, como uma
desintegração atômica, uma explosão, depende totalmente do impulso interior
inicial, ela é toda baseada na individualidade, no livre arbítrio pleno.

Pode ser pobremente comparada, em termos de rapidez, para que tenhamos


uma idéia do fenômeno a nível psicológico, a visão panorâmica, que ocorre,
segundo os espíritos e diversos pesquisadores terrenos, em frações diminutas
de tempo, onde o desencarnado revê todos os quadros mentais, palavras e
ações que estruturaram a sua vida. Em segundos, uma existência terrena
longa, que se desenvolveu lentamente, passa rapidamente, em detalhes
precisos, aos olhos espirituais daquele que se despede da vida física. Nessa
rapidez, comparativamente, ou em tempo muito menor, ou quase isso,
podemos dizer, que ocorre a primeira queda:

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"Quaisquer que sejam as dúvidas que se levantam contra esta
teoria, é um fato que ela não pode ser repelida por aqueles que
seguem a doutrina do Cristo. Este, no Evangelho de Lucas, (capítulo
10:18), diz: "Vi Satanás, como um raio, cair do céu". De fato, a
queda foi fulminante, rapidíssima, como ocorre quando rui um
edifício. Subir de novo é que é cansativo e lento, como acontece na
construção". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo X, p. 118).

"O fenômeno da queda não pode medir-se com o nosso tempo. Foi
também um desmoronamento de dimensões e o tempo foi apenas
uma das dimensões atravessadas na queda, tanto como, no oposto
da evolução, esta é a dimensão que desaparece, após ter sido
atravessada a fase de energia, de que é própria. (...). Os estágios da
subida foram certamente atravessados na descida, porque se eles
ligam o Sistema ao Anti-Sistema na direção de ida, devem também
ligar o Anti-Sistema ao Sistema na direção de regresso. Foram
atravessados, não na forma lenta em que vivemos, mas certamente
em sua substância, porque a ponte de passagem entre os dois
pólos, de ida ou de volta, só pode ser uma. Não na forma lenta, em
que o ser viveria mais tarde, porque se tratava de uma fulminante
desintegração atômica, em cadeia, em que não há como despertar,
aprender, reconstruir. O processo lento atual de experimentação e
assimilação não tinha razão de existir. A queda foi como uma
explosão em que a unidade se pulverizou". (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo XV, p. 195).

"De tudo isto se compreende que a evolução é tanto mais lenta e


penosa quanto mais se está em baixo, e que é tanto mais rápida e
feliz quando mais se chegou ao alto". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Conclusão, p. 296).

As quedas que ocorrem nos planos de vida e evolução, nos domínios da


matéria, são mais lentas, devido à própria existência da matéria, e não rompem
os limites das dimensões já conquistadas. Caso ultrapassasse esses limites o
Espírito que animou o corpo de um homem poderia voltar a encarnar num
animal. O máximo, que o desequilíbrio pode engendrar, é a destruição da rica
vida mental do ser, levando-o a ovoidização, por monodeísmo torturante, e a
conseqüente perda do perispírito, entendido como sinônimo de corpo astral,
porém a barreira hominal não é quebrada, os estágios evolutivos conquistados
não se perdem, não ocorre retrogradação, não há recuo:

"Podem os Espíritos degenerar? - Não; à medida que avançam,


compreendem o que os distanciava da perfeição. Concluindo uma
prova, o Espírito fica com a ciência que daí lhe veio e não a
esquece. Pode permanecer estacionário, mas não retrograda".
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta 118). (Os grifos são
nossos).

"O Espírito que animou o corpo de um homem poderia encarnar


em num animal? - Isso seria retrogradar e o espírito não

13
retrograda. O rio não remonta à sua fonte". (Allan Kardec, O
Livro dos Espíritos, Pergunta 612). (Os grifos são nossos).

Notem que os Espíritos Reveladores usam as expressões: À MEDIDA QUE


AVANÇAM, que em seu conjunto significa EVOLUÇÃO, ou seja, não se
referem, ao exílio voluntário, caracterizado pela contraparte do ciclo evolutivo, a
involução ou a queda consciencial, mencionada pelo Cristo divino, mas tão
somente ao período de ascensão, retorno ou subida. As duas respostas
conjugadas, nos mostram que as dimensões conquistadas, não se perdem, a
consciência ao se contrair novamente, consegue ir apenas até a ovoidização
ou se revestir de corpos físicos mais densos ou primitivos, como nos casos das
quedas planetárias, mas não voltar aos estágios primordiais com a
densificação nas formas: mineral, vegetal ou animal. E nem poderia ser de
outra maneira, porque somente na fase humana é que o livre arbítrio retorna
parcialmente, todos os outros períodos são determinísticos, a ação de quebra
de harmonia só pode lesar o ser que a gerou e não interferir na LEI: "o rio não
remonta à sua fonte". Mesmo em relação a primeira queda não há recuo ou
retrocesso, como já ressaltamos, mas somente contração, permanecendo em
germes todas as potencialidades do ser:

"Assim a queda foi um desmoronamento de dimensões, em


planos de vida inferiores, involuídos, nos quais todos os dons de
Deus se contraíram em um estado potencial, de latência, do qual
só o sacrifício de ascensão do ser poderá retirá-los, despertando-
o para a atualidade". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X,
p. 137).

"A criação é verdadeiramente progressiva, mas no sentido de


reconstrução de um edifício desmoronado, do qual se estão
juntando as partes desagregadas e retificando os planos
afundados". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 142).
(Os grifos são nossos).

"É necessário compreender que a criatura é livre, mas dentro de


limites, livre para alterar-se a si mesma, mas não a ordem
universal". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 134).

"É assim que o princípio da queda se conservou presente em


todo ser decaído". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p.
118). (Os grifos são nossos).

"A revolta foi um desvio da posição correta. Esse foi o primeiro


erro e o maior, que gerou todo o processo de queda. Mas
veremos agora que, ao longo do caminho da evolução, o ser pode
voltar a realizar o seu impulso de desobediência, com
afastamento da Lei, gerando semelhantes, mas pequeninas
quedas, porém, com relativa recuperação". (Pietro Ubaldi, Queda
e Salvação, Capítulo 03, p. 72). (Os grifos são nossos).

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"Em cada ato nosso, através da escolha que soubermos fazer,
amadurece o nosso ser e avança a grande marcha da evolução.
Em virtude dos atos e da liberdade do ser, opera-se o resgate e a
salvação, ou a sua involução". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo,
Capítulo X, p. 120).

1.9) - A REENCARNAÇÃO

Se a encarnação faz parte do processo natural da evolução, oferecendo ao ser


a possibilidade de desenvolver e readquirir as faculdades, que neles estão
latentes, a reencarnação já é fruto da segunda queda ou a queda do homem,
quando o espírito perde a oportunidade de seguir a sua evolução em planos
fluídicos, em linha reta, caindo em mundos diversos, mais sutis ou grosseiros,
como os mundos primitivos e de expiação e provas, descrevendo à partir daí,
conforme o emprego do seu livre arbítrio, longas e demoradas curvas,
permanecendo por séculos, nas mesmas provas e comportamentos
condicionados, estacionado, até ser, pela lei da evolução coletiva, exilado em
um novo planeta, ocorrendo então a terceira grande queda, a queda planetária,
reiniciando em nova morada, em regime de dor, isolamento e saudades, a
jornada de volta a Casa Paterna:

"Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? - Deus lhes impõe


a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns,
é expiação: para outros, missão. Mas, para alcançarem essa
perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência
corporal: nisso é que está a expiação". (Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, Trecho da Resposta a Pergunta 132). (Itálicos do autor).

15
"Qual o estado da alma na sua primeira encarnação? - O da
infância na vida corporal. A inteligência então apenas desabrocha:
a alma se ensaia para a vida". (Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, Pergunta 190).

"A encarnação é uma necessidade até ao momento em que,


alcançado um certo ponto de desenvolvimento intelectual, o
espírito está apto a receber o precioso dom, mas tão perigoso, do
livre arbítrio". (J. B. Roustaing, Os Quatro Evangelhos, Tomo
Primeiro, Item 59, p. 322). (Itálicos do autor).

"(...) quando o livre arbítrio atinge um desenvolvimento completo,


os Espíritos fazem dele bom ou mau uso, uns logo no início da
vida espiritual consciente, outros em pontos mais ou menos
adiantado da carreira". (J. B. Roustaing, Os Quatro Evangelhos,
Tomo Primeiro, Item 57, p. 309). (Itálicos do autor).

"A encarnação humana, em princípio, é apenas conseqüente à


primeira falta, àquela que deu causa à queda. A reencarnação é a
pena da reincidência, da recaída, pois que todas as vossas
existências são solidárias entre si". (J. B. Roustaing, Os Quatro
Evangelhos, Tomo Primeiro, Item 59, p. 324). (Itálicos do autor).

"Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida


corpórea, acabar de depurar-se? - Sofrendo a prova de uma

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nova existência". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta
166). (Os grifos são nossos).

"A provação é uma luta que ensina ao discípulo rebelde e


preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação". (Emmanuel, O
Consolador, Trecho da Resposta a Pergunta 246). (Os grifos são
nossos).

"Qual o fim objetivado com a reencarnação? - Expiação,


melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isto, onde a
justiça". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta 167). (Os
grifos são nossos).

"A expiação é uma pena imposta ao malfeitor que comete um


crime". (Emmanuel, O Consolador, Trecho da Resposta a
Pergunta 246). (Os grifos são nossos).

"Os Espíritos podem conservar-se estacionários, mas não


retrogradam. Em caso de estacionamento, a punição deles
consiste em não avançarem, em recomeçarem, no meio
conveniente à sua natureza, as existências mal empregadas".
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Resposta à Pergunta 178-a).
(Os grifos são nossos).

"(...), uma vez preparados a ser humanizados, eles caem, na


encarnação humana, conforme o grau de culpabilidade e nas
condições apropriadas às exigências da expiação e do progresso
ou em terras primitivas, ou em mundos já habitados por espíritos
que faliram anteriormente". (J. B. Roustaing, Os Quatro
Evangelhos, Tomo Primeiro, Item 57, p. 309). (Itálicos do autor).

Quando caem em processos de humanização, terão os espíritos de evoluírem


em dois planos de vida: físico e extra-físico, não sendo mais possível a vida
permanente nos mundos fluídicos ou mais sutis, e isso se deve às leis de
causa e efeito. Os erros cometidos em cada plano, só poderão ser resgatados
no plano onde as ações foram materializadas ou cometidas, daí a
reencarnação ser definida como provação e expiação, destinadas aos seres
rebeldes, preguiçosos e ou malfeitores:

"Não se seria mais feliz permanecendo na condição de Espírito? -


Não, não; estacionar-se-ia e o que se quer é caminhar para
Deus". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta 175-a).

"Imagine que cada um de nós, renascendo no planeta, somos


portadores de um fato sujo, para lavar no tanque da vida humana.
Essa roupa imunda é o corpo causal, tecido por nossas mãos,
nas experiências anteriores". (André Luiz, Nosso Lar,Capítulo 12,
p.70). (Os grifos são nossos).

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O impulso inicial da revolta, matriz interior, capaz de gerar a primeira e a
segunda queda, continua existindo no movimento do ser, na sua estrutura mais
íntima, podendo eclodir no plano espiritual, na reencarnação ou vir a afastá-lo
do planeta, onde reiniciou o desenvolvendo de seus esforços evolutivos:

"Quais os que têm de recomeçar a mesma existência? Os que


faliram em suas missões ou em suas provas". (Allan Kardec, O
Livro dos Espíritos, Pergunta 178-b).

"(..), se não progredistes, podereis ir para outro mundo que não


valha mais do que a Terra e que talvez até seja pior do que ela".
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Resposta à Pergunta 174).

Diante de toda essas explicações, concluímos:

"Sem a queda, não se justifica a reencarnação, e quem nega a


primeira teoria deve negar também a segunda, já que não possui
elementos para justificá-la. Se a maior explicação da razão
primeira da reencarnação está na teoria da queda, não é possível
admitir logicamente que se possa crer na reencarnação sem
aceitar a teoria da queda que a condiciona". (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo XVII, p. 227).

"Se admitimos a reencarnação, temos que abandonar o conceito


de criação unicamente progressiva e aceitar a teoria da queda. Se
aceitamos a criação apenas progressiva, é necessário abandonar
o conceito de reencarnação. Isto porque, segundo o princípio de
criação progressiva, que se desenvolve apenas no sentido
evolucionista, sem o precedente semiciclo involucionista, o criado
deveria mover-se em uma única direção, devendo no sistema
ser desconhecido, jamais aparecendo, o princípio do ciclo. Se
este princípio surge em um caso particular, num universo que
sabemos construído num tipo único de sistema, depois repetido
em todos os níveis e dimensões, isto significa que o referido
princípio do ciclo está também no caso geral do tipo-base do
sistema". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 143). (Os
grifos são nossos).

"Em nosso universo, é absurdo um fenômeno unilateral,


desequilibrado, por falta do seu complemento compensador; um
fenômeno que avance em uma só direção, isto é, apenas um
semiciclo, um semicircuito, significa um semifenômeno". (Pietro
Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 142).

"O ponto de partida da criação progressiva seria um estado em


que Deus se autodestruiu nas Suas qualidades primaciais,
estabelecendo a própria negação na inconsciência, na dor e no
mal, para iniciar num penoso sacrifício de ascensão,
cotidianamente imposto à criatura, certamente inocente de tudo
isto". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 140).

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"Sabemos que o transformismo é filho da queda, pois em Deus
não há mutação nem evolução, mas tudo simplesmente é. Tudo,
pois, no universo, deve completar-se no seu semiciclo e com ele
volver ao ponto de partida, ainda que com pequeno
deslocamento, que constitui a evolução. Todos os fenômenos
caminham em duas fases inversas e complementares, sem o que,
no transformismo, não pode haver fenômeno". (Pietro Ubaldi,
Deus e Universo, Capítulo X, p. 142). (Itálico do autor).

"A própria teoria da reencarnação, simplificando contínuas


inversões entre vida e morte, entre erros e expiações, prova-nos o
princípio fundamental do ciclo completo, composto de dois
semiciclos: queda e ressurreição. Há absoluta incompatibilidade
entre a teoria da criação progressiva e a teoria da reencarnação".
( Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 142).

"Não se esqueça, André, de que a reencarnação significa


recomeço nos processos de evolução e retificação. Lembre-se de
que os organismos mais perfeitos da Casa Planetária procedem
inicialmente da ameba. Ora, recomeço significa "recapitulação" ou
"volta ao princípio"". (André Luiz, Missionários da Luz, Capítulo
13, p.234).

1.10) - AS PROVAS

Quedas psicológicas, reencarnatórias, espirituais, planetárias, a queda do


homem, a primeira grande queda, a evolução, a ovoidização, a contração e
expansão da consciência nos processos reencarnatórios etc., exprimem uma
Lei, e não somente constituem fenômenos isolados. Não seria possível falar
em ciclo evolutivo, sem a sua contraparte, a involução, em matéria e espírito
sem entender que o dualismo é apenas aparente, porque ambos refletem a
mesma e única substância. Sem a Teoria da Queda, tudo se reduz a fatos
desconexos, sem uma explicação real:

"Só dessa forma são coordenados todos os fenômenos do


universo num único telefinalismo; compreende-se por que nasçam
os planetas e a vida sobre eles, e se descobre o fio espiritual que
liga todas as formas da vida num único caminho ascensional
dirigido para Deus. Sem este conceito da queda do Sistema, que
nos mostra que agora vivemos num Anti-Sistema, que não pode
ser atribuído a Deus, tudo permanece desconexo e
incompreensível". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo III, p. 43).

"Do ponto de vista da criatura não teria sido injusto e maldoso


(duas qualidades que Deus não pode ter) condená-la ao sacrifício
da ascensão sem que ao menos fosse justificado o seu erro
inicial?

Às mentalidades que se rebelam à idéia de uma reação da Lei


pela queda na dor, em virtude do erro de origem, perguntamos se

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não se revoltariam mais ainda contra o conceito de um Deus que
haja querido uma criação imperfeita e progressiva, impondo
ao ser inocente o tremendo esforço de construir a sua felicidade
através da dor, por um preço tão duro, quando sabemos que o
princípio de Deus, ao criar, é o Amor, isto é, doação por ato de
bondade". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 124).
(Os grifos são nossos).

Quando olhamos para a vida, sem a Teoria da Reencarnação, inúmeros


acontecimentos ficam sem sentido, a justiça divina torna-se movediça e
inexplicável, e a maioria das questões pessoais e coletivas têm de ser
envolvidas pelos véus dos mistérios e dos dogmas. Porém, quando
equacionamos os diferentes problemas da existência, sob o enfoque
reencarnacionista, tudo se ajusta, fica coerente e racional. O mesmo se dá com
a Teoria da Queda. Como explicar, o nosso universo, o nosso mundo, a
existência do mal, a infelicidade, a destruição, a luta pela vida desde os
primórdios da evolução, sem a visão que tudo isso, tenha nascido dos impulsos
da criatura e não de uma criação divina imperfeita e progressiva? Sem a Teoria
da Queda, nada se explica, incluindo as últimas descobertas da física relativista
e quântica:

"Talvez, especulam os cientistas, a Gênese ocorra repetidamente


num oceano atemporal de Nirvana. Neste novo quadro, talvez
seja possível comparar o nosso universo como uma bolha
flutuando num "oceano" muito maior, com novas bolhas
formando-se o tempo todo. Segundo esta teoria, os universos
como bolhas, que se formam na água fervendo, estão em
contínua criação, flutuando numa arena muito maior, o Nirvana
do hiperespaço em onze dimensões. Um número crescente de
físicos sugere que nosso universo surgiu mesmo de repente, de
um faiscante cataclisma, o Big Bang, mas ele também coexiste
num oceano eterno de outros universos. Se estivermos certos, big
bang estão acontecendo enquanto você lê esta frase". (Michio
Kaku, Mundos Paralelos,Capítulo Um, p.21).

Esse universo fora do espaço tempo, o Nirvana do hiperespaço atemporal, que


a ciência começa a postular é o Sistema, revelado nas obras de Pietro Ubaldi.
O Big Bang, que surge de repente, é o resultado final, do movimento ilusório,
escolhido conscientemente pelo ser. Os vários Big Bang, são os gritos finais do
fenômeno da queda, o espírito congelando-se em energia e esta se
congelando em matéria, que continua ocorrendo, devido à natureza do impulso
individual, sua extensão, profundidade e permanência e a relatividade do
tempo, próprio para cada consciência em contração:

"A única teoria que concilia e resolve tudo é a da queda. Se a


eliminarmos, acaba-se em um mar de contradições e nada se
resolve (...). O leitor que deseja eliminar a teoria da queda,
procure outra que igualmente resolva tudo sem dúvidas. Parece-
nos lógico que tenhamos preferência pela teoria que tudo resolve,
deixando de lado as que não resolvem: teoria que aceitamos por

20
força dos fatos e não por influência de uma escola ou religião".
(Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p.125 ).

"Talvez uma das maiores provas da verdade da teoria da queda


seja dada justamente pelas objeções feitas à teoria e pela atitude
da psicologia humana a discuti-la. A maior parte das dificuldades
consiste em procurar os defeitos da obra de Deus, para acusá-lo
como culpado dos danos atuais; ou seja, consiste em fazer de si o
centro do universo, para julgar, desse centro, tudo em função de
si mesmo e da própria vantagem ou prejuízo". (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo XIV, p. 173).

Transformar-se no centro do universo, corrigindo a obra divina, é um dos mais


comuns reflexos dos impulsos egocêntricos egoístas, responsável por todas as
quedas, e que psicologicamente subsiste em vários atos humanos, observáveis
no dia a dia da nossa vida em sociedade, impulsos que vão do suicídio a
destruições coletivas, como a guerra, da violência à hipertrofia do eu:

"Estivesse eu presente no momento da criação, teria dado


algumas sugestões úteis para uma organização melhor do
universo". Afonso, o Sábio (Citação do livro de Michio Kaku,
Mundos Paralelos, Capítulo Dois, p.36).

"Dane-se o sistema solar. Má iluminação; planetas distantes


demais; infestado de cometas; invenção medíocre; eu teria feito
[um universo] melhor". Lord Jeffrey (Citação do livro de Michio
Kaku, Mundos Paralelos, Capítulo Dois, p.36).

"Não seria bastante este fato para provar que o homem ainda se
está movendo em plena psicologia da revolta, tão vivo está ainda
nele o princípio que determinou a queda?" (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo XIII, p. 164). (Os grifos são nossos).

"A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a


queda". (Provérbios, 16:18).

2) - EM BUSCA DE UM CONCEITO

"Deus é, pois, a meta para a qual se dirige a evolução universal,


em marcha".

(Pietro Ubaldi, Ascese Mística, Capítulo XIII, p.77).

Paulo de Tarso na Primeira Epístola aos Coríntios, 15:44, comenta: "Semeia-se


corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também
corpo espiritual", contudo, buscando delinear conceito prático, faz-se
necessário compreender que o termo PERISPÍRITO fora utilizado por Allan
Kardec, emérito codificador da Doutrina Espírita, que assim o denominou

21
juntando dois radicais lingüísticos a saber: do grego Peri, que equivale a em
torno de e do latim Spiritus, alma ou espírito.

Didaticamente, Léon Denis observa: "Chamamos Espírito à alma revestida do


seu corpo fluídico. A alma é o centro de vida do perispírito, como este é o
centro de vida do organismo físico. Ela que sente, pensa e quer; o corpo físico
constitui, com o corpo fluídico, o duplo organismo por cujo intermédio ela atua
no mundo da matéria". (Léon Denis, Cristianismo e Espiritismo, Cap. X, p.219).

Noutra obra, o mesmo autor, continua a esclarecer:

"A alma, desprendida do corpo material e revestida do seu invólucro


sutil, constitui o Espírito, ser fluídico, de forma humana, liberto das
necessidades terrestres, invisível e impalpável em seu estado
normal." (Léon Denis, Depois da Morte, Cap. XXIX, p. 199).

Antônio J. Freire, em seu livro "Da Alma Humana" esclarece:

"O perispírito indevidamente denominado, por vezes, corpo etérico, e


geralmente designado por corpo astral, é constituído por camadas
concêntricas de matéria hiperfísica, sucessivamente menos
condensadas e mais quintessensiadas, policromas, de volume e
diâmetro variáveis, servindo de traço de união - mediador plástico -
entre o corpo físico e o espírito, mantendo entre estes dois
elementos simplesmente relações de contigüidade, recolhendo
sensações e transmitindo ordens, sugeridas pelos corpos superiores
espirituais, por intermédio de vibrações fluídicas, de que o corpo
físico é apenas um instrumento secundário e passivo, só necessário
em nossas etapas terrestres, através dos ciclos das reencarnações
evolutivas e cármicas".(Antônio J. Freire, Da Alma Humana, Cap. II,
p.39).

Finalmente, ANDRÉ LUIZ, conceitua o perispírito:

"(...) formação sutil, urdida em recursos dinâmicos, extremamente


porosa e plástica, em cuja tessitura as células, noutra faixa
vibratória, à face do sistema de permuta visceralmente renovado, se
distribuem mais ou menos à feição das partículas colóides, com a
respectiva carga elétrica, comportando-se no espaço segundo a sua
condição específica, e apresentando estados morfológicos conforme
o campo mental a que se ajusta". (André Luiz, Evolução Em Dois
Mundos, Cap. II, p.28).

22
Contudo, em que momento de nossa existência imortal passamos a envergar
esta preciosa túnica espiritual? Se o perispírito é um envoltório semi-material,
certamente ainda é matéria, em outro campo de densidade, mas matéria,
assim sendo, nasceu o perispírito no processo de involução ou queda ou surgiu
somente nas etapas evolutivas do ser? Seria o perispírito dádiva relativa à
espécie humana ou seria reconquista milenar do esforço de todas as espécies
diante da evolução a que foram submetidas?

Em indagações mais profundas conjectura-se qual a finalidade deste corpo


intermediário entre espírito e matéria? Em que parte do corpo físico jaz
conectado? Sendo fluido, como se prende à matéria? E, finalmente,
remontando aos porquês de toda a humanidade, questiona-se: como surgiu e
até quando existirá o perispírito?

Todas essas perguntas que inquietam a nossa mente mostram a imensa porta
aberta diante de cada um que pretenda estudar o perispírito, especialmente
porque cremos que tal assunto é vital aos estudiosos da alma humana, posto
que no rastro da compreensão do corpo sutil que nos envolve, encontramos
respostas para o dinamismo da vida e a nossa história de afastamento e
retorno à Casa Paterna.

23
3) - A ORIGEM DO PERISPÍRITO

"A verdade, em nosso universo, para os decaídos, só pode ser


relativa e progressiva".

(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIX, p. 110).

A verdade absoluta, que tanto procuramos é patrimônio apenas do Sistema ou


Paraíso Divino. No mundo onde vivemos, no universo relativo do qual ainda
fazemos parte, as verdades são progressivas, e não existe nada que possamos
fazer, para ampliar a nossa tão sonhada segurança. Quantas e quantas vezes
não transformamos, conceitos incompletos, iniciais ou transitórios, em dogmas,
em verdades fundamentais, nos fixando em pontos de vistas inamovíveis,
esquecendo que a ciência, a filosofia, a religião e a arte, devem estar em
constante mutação. À medida que avançamos, novos horizontes são
conquistados, e as verdades de ontem devem ser ampliadas, sob pena de se
tornarem obsoletas. Achar o fio condutor que una às revelações passadas, às
do presente e às do futuro, deixando-se aberto, para novas visões, é tarefa de
fundamental importância, que não deve ser adiada. Tarefa pessoal,
permanente, e que não podemos delegar ao próximo ou a qualquer autoridade,
por mais respeitável que essa autoridade possa ser:

"A verdade não nos chega pela autoridade. Ela precisa ser
descoberta a cada momento". (J. Krishnamurti, Sobre A Verdade, p.
50).

"Você precisa ter a mente capaz de investigar, de examinar, de


duvidar, de questionar - capaz de não ter medo. O medo pode fazer
do falso o verdadeiro e do verdadeiro o falso". (J. Krishnamurti,
Sobre A Verdade, p. 135).

"Vivemos num mundo de verdades relativas que podem parecer


contraditórias, enquanto são complementares. Assim espírito e
matéria são aspectos diferentes do mesmo princípio, olhados de
pontos de vista distintos. Trata-se de visões parciais que basta reunir
numa visão global mais vasta, para que desapareça nela a
contradição". (Pietro Ubaldi, Reflexões da Obra de Pietro Ubaldi,
Palavras de Sua Voz, Coordenação de José Amaral, p. 218).

"A verdade é como a luz: é preciso que nos habituemos a ela pouco
a pouco, pois de outra maneira nos ofuscaria. Jamais houve um
tempo em que Deus permitisse ao homem receber comunicações
tão completas e tão instrutivas como as que hoje lhe são dadas".
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trecho da Resposta à Pergunta
628). (Os grifos são nossos).

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"Disse-vos isso por parábolas; chega, porém, a hora em que vos não
falareis mais por parábola, mas abertamente vos falarei acerca do
Pai". (João, 16:25).

"Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade". (João, 17:17).

"Sai do Pai e vim ao mundo; outra vez, deixo o mundo e vou para o
Pai". (João, 16:28).

"Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso, vós não as


escutais, porque não sois de Deus". (João, 8:47).

3.1) - DEUS TRANSCENDENTE E DEUS IMANENTE

Conquanto tenhamos relegado a Casa Paterna, transformando-nos em sombra


da própria luz, não fomos abandonados, pois o bondoso Pai transcendente
desceu conosco na queda vibracional em sua expressão imanente,
comandando o soerguimento da nossa individualidade, transfigurando
paulatinamente o ser fragmentado e invertido, por processos cíclicos,
evolutivos, de esforços contínuos, para fazer ressurgir a luz perfeita e integral
da consciência interior e unitiva:

"O ser rebelde não se tornou outro ser pela queda. Ele é sempre o
mesmo de quando morava no S. A diferença está somente no fato
de que agora ele perdeu as qualidades que ali possuía, mas que
continuam igualmente presentes, embora como carências, como
vazio que no lugar delas ficou, isto é, na sua posição de
negatividade". (Pietro Ubaldi, Queda e Salvação, Capítulo 09, p.
200). (S - Sistema). (Os grifos são nossos).

"Deus não inflige punições, mas quando a criatura O nega e repele,


Ele respeita a liberdade que lhe deu e, assim, pela própria vontade,
a criatura se afasta de Deus, como se Ele se tivesse retraído. Ora,
uma vez que Deus é vida, a maior punição é esse afastamento,
porque significa privação de vida". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo,
Capítulo X, p. 136).

"Em todo esse processo não nos esqueçamos de que Deus, que
estava em todas as Suas criaturas, não cessou de existir nelas,
mesmo na profundeza de sua decadência. Apenas Ele é mais ou
menos latente nelas, está mais ou menos imerso no seu íntimo, e
tanto mais distanciado de sua consciência ativa, quanto mais baixo
elas se encontram, isto é, involuídas, mergulhadas e pressas em
uma forma de matéria". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VI,
p. 66).

"No dualismo que derivou da queda, a Divindade, mesmo


permanecendo una, se transformou momentaneamente num novo
aspecto. Resta agora o aspecto de Deus transcendente, ao qual se
subordinou a parte incorrupta do Sistema, onde permaneceram os

25
espíritos obedientes, na ordem da Lei; e temos aquele outro aspecto
novo, de Deus imanente, que acompanhou o Sistema em sua
queda, permanecendo, portanto, presente também no Anti-Sistema,
isto é, em nosso universo, como poder saneador de todos os seus
males e que dirige o caminho evolutivo". (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo III, p. 45). (Os grifos são nossos).

"É necessário compreender essa descida do Deus transcendente na


imanência em seguida ao desmoronamento do sistema. Quando
este, por culpa da criatura, se cindiu em dois, Deus não quis
abandonar o sistema invertido, conservando-se presente nele
(imanência), para poder realizar assim a sua salvação, em um
trabalho constante de reconstrução (criação contínua), pelo
processo que denominamos de evolução". (Pietro Ubaldi, Deus e
Universo, Capítulo VIII, p. 83).

O Deus absoluto, Senhor amorável de toda a criação, passa a apresentar,


momentaneamente, com a queda ou involução, dois aspectos
complementares: a transcedência e a imanência. Pelo aspecto transcendente
manifesta o seu poder e cuidado com os filhos que permaneceram no universo
divino, fora do espaço-tempo, e com o atributo imanente, vela, orienta, atrai,
chama, acorda e transforma os filhos rebeldes que contraíram a consciência,
em diversas dimensões, possibilitando o surgimento dos universos materiais,
do tempo e do espaço:

"No próprio fundo da descida involutiva, onde o impulso da revolta


atinge a sua plena realização, o impulso do S [Sistema], isto é, a
presença ativa de Deus, manifesta-se igualmente em todo o seu
poder". (Pietro Ubaldi, Queda e Salvação, Capítulo 09, p. 201). (A
palavra entre colchetes é nossas).

"Deus se ocupa com todos os seres que criou, por mais pequeninos
que sejam. Nada, para a sua bondade, é destituído de valor". (Allan
Kardec, O Livro dos Espíritos, Comentários a Pergunta 963).

"O Senhor, ponto individual e central no infinito, em torno do qual


gravitam todos os mundos, todos os universos, espalha por sobre
todos o seu calor, a sua luz, mas bem poucos gozam da faculdade
de lhes ver os raios luminosos". (J. B. Roustaing, Os Quatro
Evangelhos, Tomo Primeiro, Item 38, p. 217).

"Os Espíritos vêem a Deus? - Somente os Espíritos superiores o


vêem e compreendem; os Espíritos inferiores o sentem e advinham".
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta 244).

"Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus".


(Mateus, 5:8).

"E compreende-se que tremenda realização sensorial é para o


espírito o alcançar o plano da unificação. Eis como se pode dizer:

26
Deus está em mim, vibrando na minha sensação". (Pietro Ubaldi,
Ascese Mística, Capítulo VIII, p. 171).

"Se fôssemos capazes de compreender que somos criaturas de


Deus, isto é, filhos do Pai Supremo, que o universo é construído
para a nossa vida, primeira necessidade, e que esta é por
conseqüência sumamente protegida por nosso Criador, que nos
ama, não haveria razão para tantas e inúteis aflições". (Pietro Ubaldi,
Deus e Universo, Capítulo IX, p. 99).

"Mas não estou só, porque o Pai está comigo". (João, 16:32).

"A Beata Ângela di Foligno ouviu Cristo dizer-lhe: "Eu sou mais
íntimo de tua alma do que ela de ti mesma". Os místicos cristãos,
experimentados em semelhantes indagações, dizem que: "Deus é a
nossa superessência", isto é, algo de tão íntimo e profundo a ponto
de parecer a nossa própria sublimação". (Pietro Ubaldi, Deus e
Universo, Capítulo XV, p. 185).

3.2) - AS CONSCIÊNCIAS

A presença de Deus como força diretiva da evolução, inicialmente


determinística e, após compartilhada, devido ao retorno parcial do livre arbítrio,
não se dá por forças externas, por sinais exteriores, mas ocorre na intimidade
do ser:

"Essas forças não são exteriores e não operam por constrangimento


de fora para dentro, mas são interiores ao ser, representando
impulsos que fazem parte da sua natureza, funcionando como
instintos seus que ele não pode apagar, anseios indeléveis, um
convite tão enérgico e persuasivo que a ele ninguém sabe fugir".
(Pietro Ubaldi, Queda e Salvação, Capítulo 09, p. 203).

"Onde está escrita a lei de Deus? - Na consciência". (Allan Kardec,


O Livro dos Espíritos, Pergunta 621).

"Visto que o Homem traz em sua consciência a lei de Deus, que


necessidade havia de lhe ser ela revelada? - Ele a esquecera e
desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada". (Allan Kardec, O
Livro dos Espíritos, Pergunta 621-a).

A queda ou contração da consciência ou processo de introversão, provocada


pelo impulso da quebra da harmonia sistêmica é que leva o ser ao
esquecimento e ao desprezo da Lei Divina, mas esta Lei, que por ser de Deus
é infinita, está na intimidade de cada individualidade, uma marca fundamental,
um impulso irresistível, um convite permanente, um instinto inexorável. Graças
a esta Lei que vive e se expressa nas dimensões abismais da nossa
personalidade é que torna-se possível o telefinalismo da evolução: da matéria
ao espírito, do átomo ao arcanjo. O menos só é capaz de transformar-se no
mais, porque em todas as dimensões, do maior ao mais ínfimo de todos os

27
seres, a Lei de Deus, que contém e expressa todas as infinitas possibilidades,
vive, atua, dirige e atrai:

"(...), mas existe uma Lei, invisível para vós, todavia mais forte que a
rocha, mais poderosa que o furacão, que caminha inexorável
movimentando tudo, animando tudo, essa Lei é Deus. Ela está
dentro de vós, vossa vida é uma exteriorização dela e derramará
sobre vós alegria ou dor, de acordo com a justiça, como o merecer".
(Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo 01, p. 14).

"Guia mais seguro do que a própria consciência não lhe podia Deus
haver dado". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trechos da
Resposta à Pergunta 964).

"Deus tem suas leis a regerem todas as vossas ações, se as violais,


vossa é a culpa". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Comentários
a Pergunta 876).

"Mas as leis de Deus são imutáveis porque perfeitas; o que é


perfeito não pode ser alterado nem corrigido". (Pietro Ubaldi, A
Grande Síntese, Capítulo 03, p. 19).

Esta consciência, porém, onde está a herança infinito do Pai em nós, não é, de
forma alguma, a consciência de superfície, este Eu exterior, filho da matéria, o
ego personal, que com ela morre. O que chamamos ordinariamente de
consciência, não passa de uma rede densa de condicionamentos, um campo
egóico de culpas e acusações, de tradições e preconceitos, uma estância
psíquica que parece estar acima do Ego, uma voz que o julga, mas que na
maioria das vezes representa apenas o Superego das conceituações
Freudianas. A verdadeira consciência, onde está escrita a Lei de Deus, é
interior, profunda, misericordiosa, amorosa, transformadora, verdadeira,
intuitiva e que em nós, ainda, infelizmente, vive adormecida, em estado de
latência:

"É também verdade que freqüentemente o que denominamos de voz


de consciência pode ser um puro juízo pessoal". (Pietro Ubaldi, Deus
e Universo, Capítulo XVIII, p. 229).

"Pode chamar-se consciência latente uma consciência mais


profunda que a normal, onde se encontram as causas de muitos
fenômenos inexplicáveis para vós". (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 04, p. 20).

"Esse Eu exterior, essa consciência clara, expande-se no contínuo


evolver da vida, aprofundando-se para aquela consciência latente,
que tende a vir à tona e a revelar-se. Os dois pólos do ser -
consciência exterior clara e consciência interior latente - tendem a
fundir-se. A consciência clara experimenta, assimila, imerge na
latente os produtos assimilados através do movimento da vida -
destilação de valores, automatismos, que constituirão os instintos do

28
futuro. Assim expande-se a personalidade com essas incessantes
trocas e se realiza o grande objetivo da vida. Quando a consciência
latente tiver se tornado clara e o Eu tiver pleno conhecimento de si
mesmo, o homem terá vencido a morte". (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 02, p. 17).

"Mas hoje não estais conscientes dessa profundidade, não sois


sensíveis a esse nível e, não tendo em vós mesmos nenhuma
sensação, a negais". (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo 04,
p. 21).

Como a consciência exterior, por processo evolutivo, vai se expandindo e


aprofundando-se em direção a consciência latente, os pensamentos mais
elevados e as sensações mais sutis, inicialmente, não são perceptíveis, e os
conteúdos mentais se assemelham, até alcançar um plano maior de
desenvolvimento e o ser redescobrir as suas enormes potencialidades
adormecidas:

"A consciência é um pensamento íntimo, que pertence ao homem,


como todos os outros pensamentos". (Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, Resposta à Pergunta 835). (Os grifos são nossos).

"Quem consegue ser consciente também na consciência latente,


encontra seu Eu eterno e, na vasta complexidade das vicissitudes
humanas, pode reencontrar o fio condutor ao longo do qual,
logicamente, segundo uma lei de justiça e de equilíbrio, desenvolve-
se o próprio destino. Então, vive sua vida maior na eternidade e com
isso vence a morte. Ele se comunica livremente, mesmo na Terra,
por um processo de sintonia que implica afinidade com as correntes
de pensamento, que existem além das dimensões do espaço e do
tempo". (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo 04, p. 22). (Os
grifos são nossos).

"O universo infinito palpita de vida que, ao reconquistar sua


consciência, retorna a Deus". (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese,
Capítulo 04, p. 22). (Os grifos são nossos).

29
"Gravitar para a unidade divina, eis o fim da Humanidade". (Allan
Kardec, O Livro dos Espíritos, Comentários de Paulo, Apóstolo,
Pergunta 1009).

"Ambos, pois, se fizeram assim obedientes à lei de amor e de união


de todos os seres, lei divina, de que resultará a unidade, objetivo e
finalidade do Espírito". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trecho
da resposta a Pergunta 665). (Os grifos são nossos).

Este Eu Eterno, ou Self, ou o Eu Quântico expressa Deus em nós. Dessa


estância de unidade, que transcende o tempo e o espaço, é que parte os
impulsos que colapsam as ondas de possibilidades quânticas, que filtradas
pelo Ego, criam o universo que observamos. A dualidade, a divisão sujeito e
objeto, o eu e o outro, o interior e o exterior, as sensações de que estamos
separados, não são reais, são ilusórias e nascem dessa consciência de
superfície, não volumétrica, resultante das nossas necessidades imediatas:

"Vossa consciência humana é o órgão exterior através do qual


vossa verdadeira alma eterna e profunda se põe em contato com a
realidade exterior do mundo da matéria". (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 04, p. 22). (Os grifos são nossos).

"(...) a sensação de personalidade, como individuação separada, tal


como costuma ser compreendida, pertence apenas aos planos
inferiores, e desaparece nos superiores, com a evolução". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo XVI, p. 215).

30
A Consciência Externa ou Ego é fruto da queda, movimento livre da criatura,
que inverte por impulsos individuais a positividade do ser original ou
verdadeiro, formado pela Individualidade ou Self e a Totalidade ou Deus. Nos
Filhos Pródigos, a Consciência Latente encontra-se sepultada ou adormecida.
No processo evolutivo o Ego forma as nossas diferentes personalidades
reencarnatórias, aqui representadas pelos números P1, P2, P3, P4 ........ PN.
Pouco a pouco pelo movimento de contração e expansão o Ego vai sendo
absorvido pela consciência latente até que o Espírito volte a manifestar-se em
seu estado de plena pureza. A Evolução poderia ser resumida como a busca
do Espírito, nos plantios personais, no plano físico e extra-físico, até que o Ego
matriz de todo o egoísmo e consequentemente de todos os desvios e vícios,
desapareça totalmente:

Homem! Célula ainda escravizada


Nos turbilhões das lutas cognitivas,
Egressa do arsenal de forças vivas
Que chamamos – estática do Nada.

Sob transformações consecutivas,


Vem dessa Origem indeterminada,

Onde se oculta a luz indecifrada


Dos princípios das luzes coletivas.

31
Vem através do Todo de elementos,
Em sucessivos aperfeiçoamentos,
Objetivando a Personalidade,

Até achar à Perfeição profunda


E indivisível, pura, e se confunda,
No transcendentalismo da Unidade.

(Augusto dos Anjos – Parnaso de Além Túmulo)

3.3) - A FRAGMENTAÇÃO

Os universos espirituais, os fluídicos e físicos, a totalidade dos seres, podem


ser comparadas a uma sinfonia. A sinfonia da unidade, regida pelo Maestro
Divino. Cada individualidade pode ser comparada as notas musicais, únicas e
infinitas, sem cópias, que comporia a partitura de todas as possibilidades. Na
sinfonia as notas musicais ou individualidades estão a serviço da totalidade,
elas existem, na profundidade, mas não são a razão de ser da sinfonia, mas
sim o tema, a melodia, o conjunto harmônico... O que aconteceu na queda, foi
que algumas notas, por impulsos interiores, se deram relevância, além e em
detrimento da totalidade, da unidade, criando um som de uma nota só,
egocêntrico, dissonante, perdendo o contato com a sinfonia, invertendo
vibrações, até emudecer na matéria mais densa. A sinfonia e a verdadeira nota
ficaram latentes, não houve perdas, e o movimento mínimo que permaneceu
ao esgotar o impulso de separatividade, mesmo na mais profunda descida,
impulsionados pelo verdadeiro Eu, agora latente, inconsciente, deu início ao
ciclo de retorno ou evolução:

"Em outros termos, no Sistema corrompido em Anti-Sistema, através


desses seres que o constituem, sem terem por isso perdido as suas
qualidades originárias de espíritos filhos de Deus, continua a estar
presente a divindade, que continua a salvar o Anti-Sistema da
destruição completa.Trata-se de uma presença viva e operante. Eis
onde se encontra o remédio para o auto-tratamento. É essa
presença de Deus que representa e torna possível a salvação".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XV, p. 45). (Os grifos são
nossos).

"Podemos assim imaginar o Sistema. Nele, todos os seres sentem,


pensam e existem em perfeito uníssono, formando uma união como
se fora somente um ser. É assim o Sistema". (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo III, p.191).

"Quando estás numa assembléia, és parte integrante dela; mas, não


obstante, conservas sempre a tua individualidade". (Allan Kardec, O
Livro dos Espíritos, Trechos da Resposta à Pergunta 151).

"Podemos imaginar o nosso universo atual como um Todo-uno que,


qual um espelho, se tenha fragmentado em miríades de partículas.

32
Cada uma destas, embora em fragmento com respeito ao todo,
conserva-lhe em particular as qualidades, de modo a poder nos
traduzir e mostrar a natureza do Todo, não obstante o fragmento
tenha perdido a unidade global com a fragmentação". (Pietro Ubaldi,
Deus e Universo, Capítulo II, p. 33).

"Assim, pois, qualquer seja a posição em que o ser se encontre,


quer de involuído, quer de evoluído, da pedra ao santo, uma
impulsão existe sempre, que atua constantemente no sentido de
sua evolução". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VI, p. 65).
(Os grifos são nossos).

3.4) - A SALVAÇÃO

O termo salvação tantas vezes destacado, por inúmeras religiões e filosofias,


ganha diante da Teoria da Queda um grande e real sentido. Não significa tão
somente a salvação de uma vida ou um trecho do existir, mas a conquista
plena do ser, uma impulsão divina permanente, do átomo ao arcanjo, do
espaço ao anjo, do tempo ao seu final ou a eternidade. Salvação que abrange
todo o trajeto evolutivo. É a condição de nos transformar, novamente, em
Filhos de Deus, saindo da fragmentação e reencontrando a unidade, voltando a
plenitude da criação, fazendo da vontade do Criador, a nossa ideal vontade. É
uma obra pessoal e intransferível. Jesus, com a sua bondade e humildade, não
nos salva, com esse ou aquele sacrifício, mas sim, por cuidar de nós,
permanentemente, por nos indicar, exemplificando, o roteiro definitivo, o
caminho, a ponte segura, que nos faculta a passagem do Anti-Sistema ao
Sistema:

"Jesus desceu para pregar dando de tudo exemplo, para oferecer e


deixar aos homens um tipo, um modelo que eles imitassem e em
cujas pegadas caminhassem para atingir a perfeição". (J. B.
Roustaing, Os Quatro Evangelhos, Tomo Primeiro, Item 54, p. 274).

"Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e lhes


SERVIRÁ DE GUIA para as fontes das águas da vida; e Deus
limpará de seus olhos toda lágrima". (Apocalipse, 7:17).

"O Evangelho tem um sentido biológico, representa o caminho que a


evolução deve seguir na humanidade, tem um valor universal,
porque dá uma direção ao desenvolvimento da vida". (Pietro Ubaldi,
O Sistema, Capítulo XV, p. 192).

"Pois na cidade de Davi, vos nasceu hoje o SALVADOR, que é


Cristo, o Senhor". (Lucas 2:11).

"Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o PODER DE SEREM


FEITOS FILHOS DE DEUS: aos que crêem no seu nome". (João
1:12).

33
"Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é O
PODER DE DEUS PARA SALVAÇÃO de todo aquele que crê,
primeiro do judeu e também do grego". (Romanos, 1:16).

"Mas quem perseverar ATÉ O FIM, esse será salvo". (Marcos,


13:13).

"Tudo isto evidencia a necessidade de aceitar a teoria do


desmoronamento. Só ela pode explicar o dualismo da árvore do bem
e do mal, o pecado original - continuação da revolta dos anjos e
queda conseqüente, pecado cometido por Caim contra Abel,
primeira personificação da cisão e da luta. Só assim podemos
compreender Cristo e a Sua obra de redenção, destinada a sanar
este dualismo, compreender a inversão operada pelo Evangelho,
que é uma retificação dos valores". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo,
Capítulo X, p. 116).(Os grifos são nossos).

34
Quando o Cristo amado nos consola ao dizer: "Tenho-vos dito isso, para que
em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tendes bom ânimo; eu
venci o mundo". (João, 16:33). O mundo que o Mestre venceu, não significa tão
somente, o planeta Terra e seus desatinos, a crucificação e as inúmeras dores
de sua missão, quando entre nós, mas o Anti-Sistema em sua totalidade
psíquica, daí ser as suas palavras e exemplos a unidade que busca sanar o
dualismo existente, em cada ser decaído. O cálice, ("Meu Pai, se este cálice
não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade", (Mateus,
26:42)), que o Senhor pede para ser afastado, nos momentos cruciais do
Getsêmani, não é de forma alguma as aflições das etapas infamante da
crucificação a que seria submetido, mas essa luta psíquica, titânica, entre as
forças destruidoras do Anti-Sistema e as do Sistema que Ele representava, e
que naquele momento crucial, se evidenciavam francas, diretas,
avassaladoras:"Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a
morte; ficai aqui e vigiai comigo". (João, 26:38). O Evangelho tem sentido
biológico, traçando roteiros, para essa luta, em várias dimensões do existir, até
o seu dramático desfeicho, para aqueles que necessariamente deverão
perseverar até o fim. É o poder de Deus para a salvação do Anti-Sistema. A
vida, os ensinos e exemplos de Jesus, representam o modelo a ser observado
e praticado visando a essa salvação. Modelo inigualável que tem de ser
seguido até o fim, não o fim de uma reencarnação ou do processo de
transformação planetária, mas o fim do Anti-Sistema, o fim do dualismo
intrínseco, o fim do mal, da ignorância, o fim do tempo e do espaço, o retorno à
eternidade e à felicidade. E por falar em eternidade, devemos entendê-la não
como frequentemente interpretamos, como a noção de um tempo longo, que
nunca acaba, mas deve ser entendida como a ausência do tempo e
conseqüentemente do espaço:

"A eternidade é alguma coisa qualitativamente diversa do tempo,


situada nos antípodas. Ela não é o prolongamento de um tempo que,
embora avançado, sempre está sujeito à duração. É um tempo
imóvel, que não anda e jamais passa. É um não tempo." (Pietro
Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo V, p. 56).

"A medida originária, incorrupta do ser não é o tempo, mas a


eternidade; não é o finito, mas o infinito; não é o relativo, mas o
absoluto; é assim para cada qualidade humana, da qual só restaram
ruínas". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VIII, p. 84).

"Ser condenado a viver a vida eterna na fragmentada em uma


infinidade de pequenos ciclos, com a morte ao fim de cada um, é
realmente a dor merecida para quem tentou despedaçar o Todo,
negando a Deus e, por isso, a próprio vida maior". (Pietro Ubaldi,
Deus e Universo, Capítulo VI, p. 63).

"E, que é o tempo, senão produto do desmoronamento, um


fracionamento do Uno, o imóvel em fuga no transformismo? A
eternidade, unidade indivisa, com a queda se faz tempo, como o
espaço, fração de infinito. O tempo existe somente como medida do
transformismo (involução-evolução), cessando quando este termina.

35
A fração cindida reconstitui-se em unidade no eterno, o finito no
infinito. A eternidade, despedaçada no tempo, se refaz no uno
imóvel, íntegro, indiviso, e nela a corrida do transformismo, lançado
em busca da perfeição, se detém diante da perfeição atingida. então
o tempo volta a ser imóvel, sem mais transformismo, e se faz
eternidade". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo V, p. 56).

"Eis por que entre mal, dor e eternidade nada pode haver em
comum, porque entre os dois primeiros e o último existe uma
inversão de posição que os mantém inexoravelmente separados,
situando-os nos antípodas em dois sistemas opostos". (Pietro
Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo V, p. 57).

"E eis que estou convosco TODOS OS DIAS, até à CONSUMAÇÃO


dos séculos". (Mateus, 28:20).

3.5) - AS DUAS ORIGENS DO SER

Toda revelação é progressiva, e o conhecimento em qualquer área é fruto dos


séculos, labor coletivo, ascensão, soma. Demora-se muitas vezes milênios,
para que um novo passo possa ser dado e aquilo que nos parecia ser
suficiente e definitivo em certo momento histórico, nos surge insuficiente ou
sem profundidade em outro período:

"Para desfazer certas miragens e destruir outras tantas ilusões


psicológicas é necessário ao homem a dolorosa elaboração de
milênios". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo III, p. 40).

Quando o conceito de evolução descortinou horizontes novos ao homem,


fazendo-o duvidar das teses criacionista simplistas, nos maravilhamos com a
nova teoria, e com o auxilio das revelações do Mundo Maior, foi-nos possível
inferir, que a Teoria da Evolução era muito mais abrangente, envolvendo todos
os períodos ascensionais, ligando por um fio contínuo e misterioso todos os
seres, os orgânicos e os inorgânicos, os chamados vivos e os ditos "não vivos",
o átomo e o arcanjo.

O Universo deixou de ser uma criação pronta e instantânea de Deus, para


tornar-se um gigantesco processo evolutivo, onde todos os seres, em marcha,
são co-criadores, servindo e aprendendo, fazendo parte de uma rede infinita
em processo de transformação. Mas, com o tempo, novas perguntas,
começaram a surgir nos horizontes das nossas mentes. Quando e onde, o ser
iniciou a sua jornada? Se Deus é supremo amor, a ordem absoluta, a felicidade
infinda, porque a vida que sentimos e vemos é a negação de todos esses
atributos? Se Deus é Espírito, porque, como e onde surgiu a matéria? Como
explicar a evolução? Porque evoluímos? Porque a evolução inicia-se no caos,
passando pelo mal e pela dor? Onde a Justiça? Onde o Amor Divino? A
evolução é o aparecimento do novo, ou uma reconquista de estados
precedente? Se Deus é a perfeição absoluta, sem nunca ter evoluído para
atingir este estado, porque os seus filhos criado, devem fazê-lo, e mais,
passando pela ignorância, luta, sofrimento e pelo contato com o mal? De onde

36
nasce o anseio de felicidade, existente em todas as almas? Como se pode
desejar, o que não se viveu ou não se conhece? Porque o regime de luta se
destaca, desde os menores seres ao homem? Por que essa luta? Porque
sofrem os animais? E quantas e quantas outras perguntas, em sequência,
poderiam ser feitas, e que não são esclarecidas a contento pela teoria da
criação, seguindo-se uma evolução progressiva em dois planos de vida. Com a
teoria evolutiva progressiva apenas, inúmeras lacunas surgem e várias
perguntas não são respondidas, amesquinhando a justiça e o amor divino,
somente a teoria da queda, pode abranger todos os campos e esclarecer essas
e outras dúvidas:

"Se Deus não pode ter criado - sendo Ele o todo - senão tirando tudo
de Sua substância, e se esta só podia ser perfeita, nada de
imperfeito podia ter saído de Suas mãos, e muito menos criaturas
imperfeitas. É pois absurda uma criação imperfeita para que depois
se aperfeiçoasse, ou uma criação de espíritos imperfeitos aos quais
depois fosse imposta, contra a possibilidade de qualquer livre
escolha deles, a angustiante fadiga de conquistar a perfeição com a
evolução". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIII, p. 157).

"Neste caso, somente com a teoria da revolta e da queda podemos


encontrar uma explicação lógica de tudo, porque dessa forma Deus
não é o motor imediato e a causa direta do atual estado de coisas,
mas entre Seu operar perfeito e as conseqüências imperfeitas, se
haveria interposto o fato novo da revolta, que teria sido a causa
dessa imperfeição que não pode ser de maneira nenhuma atribuída
a Deus". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIII, p. 158).

"Esta opinião nos é confirmada, quando observamos que a evolução


representa um processo de reconstrução, muito mais do que um
processo de criação. Mais do que uma formação do nada, a
evolução representa um trabalho de reconstituição, de reintegração
do que fora destruído. Não é uma criação nova mas um despertar".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIII, p. 160).

"Nada disso pode explicar-se senão como lembrança de um paraíso


perdido, para o qual torna a impeli-nos uma infinita nostalgia, que
vive a cada momento, em nosso insaciável anseio de felicidade".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XV, p. 185).

"Com a revolta o ser saiu desse estado feliz que no S é natural,


espontâneo, fundamental, e caiu na carência dele, guardando no
instinto a saudade insaciável do seu estado de origem". (Pietro
Ubaldi, Queda e Salvação, Capítulo 4, p. 106). (S - Sistema).

"A queda produziu essa posição das individuações em estado de


antagonismo contrastante, que é o estado da animalidade e da
humanidade atual, explicando-nos, dessa forma, porque em nosso
mundo ainda esteja em vigor a lei da luta pela vida e da seleção do
mais forte. A biologia comprova a presença dessa lei, mas só a

37
teoria da queda nos explica a sua causa primeira e as reações
profundas". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XV, p. 187).

"A feroz lei da luta pela seleção, dominante no mundo animal e


vegetal, a que não se furta também o homem, não passa de uma
conseqüência da posição periférica". (Pietro Ubaldi, Deus e
Universo, Capítulo VI, p. 64). (Os grifos são nossos).

Essa feroz luta, só se materializou, no nosso mundo, sendo um dos apanágios


do mundo natural, porque o ser abandonou o Paraíso Divino, ou o Sistema,
realizando uma dolorosa jornada, um trajeto de transformação para o negativo,
de contração da consciência, até a total inconsciência, ao não ser:

"Nesse trajeto, a luz se vai ofuscando até se tornar treva completa, o


conhecimento até se tornar ignorância, a liberdade do espírito até
se tornar escravidão na matéria, a felicidade até se tornar em dor,
a vida transformar-se toda em morte, o bem em mal, a ordem do
organismo do Sistema até sua completa inversão no polo oposto do
ser no fundo da descida, no completo caos do Anti-Sistema". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo III, p. 44). (Os grifos são nossos).

Observemos detalhadamente as expressões de significados contrários do texto


acima: Luz e Treva, Conhecimento e Ignorância, Liberdade e Escravidão,
Felicidade e Dor, Vida e Morte, Bem e Mal, Ordem e Caos. Conforme o
enfoque que dermos a parte positiva ou a parte negativa, poderemos falar da
origem do ser, e dos universos, de forma diametralmente oposta. Se nos
referirmos a criação à partir do inicio da evolução as expressões que
necessariamente iremos empregar serão: Trevas, Ignorância, Escravidão,
Dor, Morte, Mal e Caos, porque representam a síntese final do processo de
queda, contração ou involução e consequentemente o reinício, o ponto de
partida do ciclo inverso, a evolução ou expansão. Porém se procurarmos
explicar a origem do ser à partir da verdadeira criação, do universo sistemico
ou paraíso divino, as palavras que irão definir os conceitos serão: Luz,
Conhecimento, Liberdade, Felicidade, Vida, Bem e Ordem. Estudemos
passo a passo, os dois processos, as duas criações, a criação espiritual e a
criação material:

3.5.1) - NO PRINCÍPIO

"No princípio, criou Deus os céus e a terra". (Gênesis, 1:1).

Se substituirmos as palavras os céus por Sistema ou Universos Divinos e a


terra por Anti-Sistema ou Universos Materiais, teremos configurado a
síntese, dos dois grandes princípios que regem os múltiplos universos: a
criação primária, original e que a tudo sobrevive e a criação secundária,
relativa, em transformação, resultante da queda:

"Há portanto dois universos: o verdadeiro, de natureza espiritual,


perfeito, e uma contrafacção sua, imperfeita, o material, em evolução

38
para a perfeição". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VII, p.
68). (Os grifos são nossos).

"E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois desse
mundo, eu não sou deste mundo". (João, 8:23).

"Além do infinito astronômico existe o maior infinito espiritual".


(Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo II, p. 33).

"Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal,


na ordem das coisas? - O mundo espírita, que preexiste e sobrevive
a tudo". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta 85).

"O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente


e sobrevivente a tudo". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos,
Introdução, Item VI. (Os grifos são nossos).

O mundo espírita, que a tudo sobrevive, não é o mundo dos espíritos


desencarnados, das colônias espirituais, que por mais elevadas, ainda
pertencem aos mundos materiais, ao binômio tempo-espaço, mas os universos
formados de puro pensamento, o Sistema, a morada dos Arcanjos ou Espíritos
puros, que não têm mais nenhum contato com a matéria, seja ela qual for. É o
universo sem tempo, consequentemente sem espaço, que são dimensões dos
universos relativos. É o Universo eterno, primitivo, normal, infinito, absoluto que
preexiste ao Anti-Sistema e sobrevive a todos os processos atinentes a
evolução:

"Pode-se conhecer o espírito sem a matéria e a matéria sem o


espírito? - Pode-se, sem dúvida, pelo pensamento". (Allan Kardec, O
Livro dos Espíritos, Pergunta 26).

"Primeira classe. Classe única - Os Espíritos que a compõem


percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as
impurezas da matéria. Tendo alcançado a soma de perfeição de
que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem
expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos
perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus". (Allan Kardec, O
Livro dos Espíritos, Item 100, p.94).

"O que fica sendo o Espírito depois da sua última encarnação? -


Espírito bem-aventurado; puro Espírito". (Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, Pergunta 170).

"Não são errantes, porém, os Espíritos puros, os que chegaram à


perfeição. Esses se encontram no seu estado definitivo". (Allan
Kardec, O Livro dos Espíritos, Trecho da Resposta à Pergunta 226).

"Os seres que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma


categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos? -
Não; são Espíritos puros: estão no mais alto grau da escala e

39
reúnem em si todas as perfeições". (Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, Pergunta 128).

"Os Espíritos vivem fora do tempo como o compreendemos. A


duração, para eles, deixa, por assim dizer, de existir". (Allan Kardec,
O Livro dos Espíritos, Trecho dos Comentários de Kardec à
Pergunta 240).

3.5.2) - AS TREVAS

"E havia trevas sobre a face do abismo". (Gênesis, 1:2). Trevas e


abismo: o Anti-Sistema a contrafacção do Sistema.

"A descida é gradual e se prolonga até atingir a profundidade do


abismo, representada pela completa inversão de valores, ponto em
que o Sistema, com todas as suas qualidade, resulta completamente
invertido no Anti-Sistema, com as qualidades opostas". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo III, p. 44). (Os grifos são nossos).

"O Anti-Sistema permaneceu no Sistema, diferente dele por estar


constituído por elementos de natureza diferente, e portanto bem
longe substancialmente e na impossibilidade de misturar-se com
ele". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XX, p. 259). (Os grifos são
nossos).

"E além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de
sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam,
nem tampouco os de lá, passar para cá". (Lucas, 16:26). (Os grifos
são nossos).

"Nós, como tudo o que existe, estamos em Deus, porque nada pode
existir fora de Deus, nada lhe pode ser acrescentado nem tirado".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo II, p. 34).

A queda não foi espacial, o espaço foi uma das dimensões criadas no processo
de contração da consciência, a queda foi interior, dimensional, onde a
substância única foi se transformando de Espírito em Energia e desta, em sua
fase final, em Matéria, e a matéria desde as suas formas sutis até a que
conhecemos como tal. Então, o ser rebelde, não saiu do ponto A e se deslocou
para o ponto B, mas ocorreu, numa linguagem mais próxima de nós, uma
desorganização do pensamento, uma quebra de sintonia com o Todo, uma
perda de conhecimento e visão de totalidade. Permanecemos no todo, estamos
cercados pelo Sistema divino por todos os lados, mas não somos capazes de
ver e ouvir. O Espírito foi se revestindo de matéria e energia, ou transformando-
se em energia e matéria, perdendo qualidades, capacidades ou faculdades até
concentrar-se totalmente em si mesmo perdendo o contato com o oceano
divino, sem se aperceber que ainda vive, respira e se movimenta neste oceano:

"O ser, com a revolta, arrancou os próprios olhos e não vê mais. Não
adianta se a Lei lhe mostra, porque ele se tornou cego. Para que ele

40
a veja, é necessário reconstruir os seus olhos, e isto não pode ser
feito senão por ele mesmo, com o seu esforço e sacrifício". (Pietro
Ubaldi, Queda e Salvação, Capítulo 12, p. 263).

"É verdade que estamos situados no Anti-Sistema, no qual ruiu a


ordem do pensamento perfeito. Mas aquele pensamento ali
permaneceu latente, desorganizado, mas não destruído, e está à
espera de ser reconstruído com o nosso esforço, à medida que o
nosso amadurecimento evolutivo puder permiti-lo". (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo V, p. 71).

"O véu se levanta a seus olhos, à medida que ele se depura; mas,
para compreender certas coisas, são-lhe precisas faculdades que
ainda não possui". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Comentários
a Pergunta 18).

"Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade?


- Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria.
Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o
verá e comprenderá". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta
11).

"Em outras palavras, poder-se-ia dizer que o universo é inteiramente


feito dessa primordial Substância conceptual que é o pensamento de
Deus, e qual um infinito oceano vibrante, em cujo seio, porém, cada
individualidade do ser não vibra da mesma forma, sendo mais ou
menos desperta e partícipe, como estado de consciência dessa
vibração. Em tudo o que existe, há a possibilidade de poder atingir
toda a vibração do pensamento de Deus, mas tal vibração não existe
em atividade, ela está latente, adormecida, à espera de gradual
despertar. É a este despertar que se denomina evolução". (Pietro
Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo XIX, p. 225).

3.5.3) - A LUZ

"E disse Deus: Haja luz. E houve luz". (Gênesis, 1:3). Luz: a
criação dos Espíritos antes da queda ou do sistema, o verdadeiro
universo:

"Como criou Deus o Universo? - Para me servir de uma expressão


corrente, direi: pela sua Vontade. Nada caracteriza melhor essa
vontade onipotente do que estas belas palavras da Gênese- "Deus
disse: Faça-se a luz e a luz foi feita"". (Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, Pergunta 38).

"Além disso, mister é ter presente, que quando falamos de criação,


não se trata ainda da criação de nosso universo que conhecemos,
mas de uma originária criação, da qual derivou depois a atual. Essa
era de puros espíritos perfeitos, bem diferente em toda sua

41
qualidade, daquela em que nos achamos atualmente situados".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo II, p. 38).

"O Absoluto divino só existe no infinito. Sua manifestação (existir -


manifestar-se) não pode ter tido um início. Em sua essência
totalitária, ele não age no tempo, a não ser no sentido de um átimo
de seu eterno devenir, no sentido de uma particular descida Sua no
relativo, e neste sentido devem ser entendidas e são compreensíveis
as Escrituras". (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo 63, p.
202). (Itálicos do autor).

"Dever-se-á daí concluir que a Bíblia é um erro? Não; a conclusão a


tirar-se é que os homens se equivocaram ao interpretá-la". (Allan
Kardec, O Livro dos Espíritos, Trechos do Item 59).

"Nas galáxias, em que da energia nasce a matéria, está o mais


profundo inferno do ser, que atingiu o máximo da descida involutiva,
e que daí começa o estafante caminho da subida para Deus". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo VII, p. 90).

Não devemos considerar os versículos do Gênesis, como acontecimentos


sequenciais. Os textos Mosaicos foram escritos, sem pontuações, separações
ou qualquer versículo, os versículos vieram à posteriore. Assim fica fácil de
entender, que os escritos não definem uma cronologia ou sequência exata,
mas acontecimentos, que ora, segundo as comparações e interpretações que
estamos desenvolvendo, se referem ao Sistema, ora ao Anti-Sistema. Luz,
pode ser entendida como vida, existir, pensamento, no caso dos Espíritos do
Sistema, como luz pura, vida verdadeira ou pensamento puro, daí a
interpretação de que as expressões do versículo em foco, traduzem a criação
do Sistema ou dos Espíritos parcialmente ou relativamente perfeitos, antes do
falso movimento que resultou na queda criando as diferentes dimensões:

"Podemos imaginar-nos o estado antes da criação como um


incêndio, com luz e calor, igual em todos os seus pontos; e após a
criação, como o mesmo incêndio organicamente dividido em muitas
centelhas". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo VI, p. 78).

"Pensamento é sempre luz. Uma mente poderosamente


intelectualizada, que pensa em ondas de alta freqüência vibratória,
produz radiações que podem, por exemplo, ser verdes ou azuis; mas
o verde pode ser encantador ou tétrico, e o azul pode ser tenebroso
ou sublime". (Áureo, Universo e Vida, Capítulo V, Item 6, p. 78).

"Por isso, o Mestre Inesquecível nos deixou a poderosa advertência


daquelas palavras graves: "Se a luz que há em ti são trevas, quão
grandes serão tais trevas!" E também por isso Ele nos disse, no seu
emulador e sublimal carinho: "Brilhe a vossa luz"". (Áureo, Universo
e Vida, Capítulo V, Item 6, p. 78).

"Nele, estava a vida e a vida era a LUZ dos homens." (João, 1:4).

42
"A LUZ veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que
a luz". (João, 3:19).

"Deus é LUZ, e não há nele treva nenhuma". (I João, 1:5).

Para quem se situa no Anti-Sistema, no relativo, a questão da origem, da


causa, do início faz sentido e se reveste de importância capital. Daí nos
referirmos à criação divina, de forma antropomórfica, da mesma forma que nos
referimos aos acontecimentos rotineiros da nossa existência. Mas em Deus, no
Sistema, não se pode falar em início, em criação, em origem, estas perguntas
ou questionamentos e as tentativas de respostas, não fazem sentido ou não
podem ser transferidos ao mundo absoluto, que não se expressa na dimensão
tempo, espaço ou matéria, mas sim na não dimensão, na eternidade, no
infinito, no Espírito. O amor, que é a maior essência do absoluto, jamais será
causal, temporal, o Pai não agiu, nos criando, a partir de um determinado
momento ou em razão deste ou daquele motivo, o amor é doação plena, é
atrativo, é sincrônico, é unitário. Em Deus não pode ter havido um início ou
uma criação. O Deus que criou, cria e criará, não é de forma alguma a
realidade do absoluto, mas a manifestação do Deus imanente na condução e
direção do fenômeno evolutivo que vai, passo a passo, transformando matéria
em energia e energia em espírito, átomo em consciência, consciência em
homem, homem em anjo e anjo em arcanjo. O universo é criado e recriado a
cada momento.

Das galáxias ao universo único e verdadeiro, de puro pensamento, expresso


em uma ordem plena, as ações divinas, podem ser vistas ou avaliadas através
de uma dimensão temporal, facilitando a nossa compreensão, um processo
didático, mas não podemos transferir esses conceitos e formas ao reino ou
universo divino. As perguntas quanto à origem e a criação dos Espíritos soam
como alguns questionamentos que hoje são dirigidos aos cientistas, quanto ao
inusitado de certas leis naturais, e que suscita interrogações e busca de causas
e porquês, que não existem, e que alguns físicos quânticos respondem com
outra pergunta, muito semelhante aos Koans orientais : "O número 5, é solteiro
ou casado?". A pergunta está fora de seu contexto, não é procedente e muito
menos coerente. O mesmo se dá quando falamos em criação, origem e tempo
em relação a Deus:

"O homem concebe tudo á sua imagem e semelhança, porque não


pode pensar senão com o seu cérebro e a sua forma mental, que é
filha do plano físico onde ele se encontra". (Pietro Ubaldi, Queda e
Salvação, Capítulo 4, p. 104).

"Temos de recorrer a essas representações antropormóficas para


tornar inteligível o processo". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo,
Capítulo XIX, p. 235).

"Deus é o Absoluto e como tal não pode ter contrários nem pontos
externos: nenhuma das características do relativo. Suas
manifestações não podem ter princípio nem fim. No relativo podeis
colocar uma fase de evolução, mas não o eterno devenir da

43
Substância; no finito podeis colocar-vos a vós mesmos e os
fenômenos de vosso concebível, mas não da Divindade e suas
manifestações. Podeis chamar de criação a um período do devenir e
só então falar de princípio e de fim. Neste sentido falam as
revelações". (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo 63, p. 202).
(Itálicos do autor).

"Certamente, compreendeis que o absoluto só pode ser infinito em


todas as direções; só pode haver limites em vosso relativo; se
tivéssemos que pôr limites ao absoluto, esses limites não estariam
no absoluto, mas apenas traçados pela insuficiência de vosso órgão
de julgamento: a razão; que o universo não só se estenderá infinito
em todas as direções possíveis, espaciais, temporais e conceptuais,
mas que, em determinado ponto, ele desaparecerá de vossa visão
insuficiente e se desvanecerá, para vós, no inconcebível". (Pietro
Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo 22, p.65).

3.5.4) - LUZ E TREVAS

"E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a Luz
e as Trevas". (Gênesis, 1:4).

"Então partiu-se em dois o Sistema: em Sistema e Anti-Sistema, e


daí se originou o dualismo. Mas veremos que agora que, ao invés de
dizer que o Sistema se dividiu - o que implica a idéia de que se
estragou - é mais exato dizer que o Sistema permaneceu
perfeitamente íntegro como era, de estrutura inviolável, e que o Anti-
Sistema foi o produto da expulsão que ele se fez dos elementos
rebeldes". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo VII, p. 89).

"O homem está suspenso entre dois centros de atração, o do


Sistema e o do Anti-Sistema, um que o ajuda a subir em direção
evolutiva e o outro que o tenta para fazê-lo descer em direção
involutiva". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIV, p. 177).

"Este dualismo é o binário, guia e canaliza o movimento, sobre o


qual avança a grande marcha do transformismo evolutivo; tanto que,
sob esse aspecto, concebe-se uma cosmologia dualista. O monismo
é dualista em seu íntimo devenir". (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese,
Capítulo 39, p. 116).

"Cada adjetivo, cada coisa possui seu contrário; cada modo de ser
oscila entre duas qualidades opostas. Cada unidade é uma balança
entre esses dois extremos e equilibra-se neste seu íntimo princípio
de contradição". (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo 39, p.
117).

"O caminho da evolução não é tranquilo, mas se realiza no choque


entre essas duas forças contrárias". (Pietro Ubaldi, Queda e
Salvação, Capítulo 7, p. 150).

44
"Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor;
andai como filhos da luz". (Efésios,5:8).

Os espíritos são criados da mesma substância divina - Imagem e Semelhança.


Relativamente perfeitos - A LUZ ERA BOA - se comparados à perfeição
absoluta do Pai - "E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há
bom senão um, que é Deus". (Mc 10:18). Luz e Trevas, Sistema e Anti-sistema.
O Anti-sistema é uma bolha quântica em expansão, contida pelo Sistema:

"É assim que cada um deles não podia ser onisciente, porque a
parte pode ter um conhecimento perfeito, nos limites do próprio ser,
sem poder alcançar o conhecimento do Todo. É óbvio, pois, que
para seres perfeitos, mas limitados em face de Deus. Que, como é
lógico, devia ser mais do que eles, pudesse existir uma zona que o
seu conhecimento não podia atingir. Essa zona do ignoto foi o
campo da queda". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p.
127). (Os grifos são nossos).

"Foi assim, pois, que para os espíritos puros existiu uma zona
situada além do seu conhecimento, zona reservada a Deus, na qual
eles não deveriam, nem poderiam entrar, sem formar um estado de
anarquia, que teria atentado contra o próprio sistema. Era essa uma
zona em que deveria somente acreditar, obedecendo. Ela
possuía, desta forma, a função de propiciar como que um exame,
um consentimento pedido e feito por Amor, livremente, uma argüição
com o qual o Criador interrogava a criatura, para que ela declarasse
a sua aceitação: sem coação, permutando Amor com Amor. Eis a
zona em que podia nascer e nasceu o erro.

Alguns espíritos responderam com obediência, aceitando por Amor e


por fé, permanecendo fiéis a Deus, em Sua ordem. Outros, todavia,
sempre livres, desejaram ultrapassar o limite prefixado, entraram
usurpando poderes, no domínio proibido, reservado somente a
Deus. Eles quiseram usar a liberdade, poderio e sabedoria recebidos
de Deus, para dilatar ainda o princípio do "eu sou", que Deus havia
colocado com base dos seres, à Sua imagem e semelhança". (Pietro
Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 128). (Os grifos são nossos).

"Num Sistema assim, um conceito de liberdade-capricho, feita de


arbítrio que possa mover-se loucamente, não pode existir. Tal como
as células em nosso corpo também no sistema, cada criatura era
livre, mas dentro das margens da disciplina que rege o todo. Livre,
mas sempre em função do todo". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo
IX, p. 109).

"Depende dos Espíritos o progredirem mais ou menos rapidamente


para a perfeição? - Certamente. Eles a alcançaram mais ou menos
rápido, conforme o desejo que têm de alcançá-la e a submissão
que testemunham à vontade de Deus. Uma criança dócil não se

45
instrui mais depressa do que outra recalcitrante?" (Allan Kardec, O
Livro dos Espíritos, Pergunta 117). (Os grifos são nossos).

"O que expulsou e isolou os espíritos rebeldes não foi um


afastamento espacial, mas foi o seu comportamento". (Pietro Ubaldi,
O Sistema, Capítulo XX, p. 259).

"Por conseguinte, não podendo os elementos rebeldes existir além e


fora do infinito todo, nem podendo pensar-se numa saída deles,
temos de imaginar a queda numa forma que se tenha realizado
ainda que todos tenham permanecido dentro de todo o sistema".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XX, p. 258).

"Dessa forma eles se isolaram num funcionamento próprio


antagônico ao do todo" (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XX, p.
258).

"E a luz resplandece nas trevas, e as TREVAS, não o


compreenderam". (João, 1:5).

A zona do ignoto, o oceano imenso de conhecimento, que separava o Criador


da Criatura, foi o campo da queda, porque a criatura quis expandir,
conscientemente, a própria individualidade, esquecendo-se dos avisos e
chamamentos divinos, negando-se ao convite amoroso de aceitação e
submissão, utilizando-se do livre arbítrio primordial, para invadir o campo de
pensamento que estava bem além dela, que pertencia a vivência da totalidade
em regime sistêmico, no qual o egocentrismo, que é a base do ser ou da
individualidade, deveria assumir a forma ou movimento altruísta, para que ela
alcançasse pela renúncia e obediência a plenitude do "eu sou". No entanto, ao
fazer o movimento imbuído do expansionismo individualista, cria o
egocentrismo egoísta, gerando o orgulho, que leva à inconsciência, à
incredulidade, ao erro, ao mal, à morte ou à contração da consciência:

"E formou o SENHOR DEUS um jardim no Éden, na banda do


oriente, e pôs ali o homem que tinha formado". (Gênesis, 2:7).

"Com a criação, Deus já situara a criatura no Sistema. Mas, em


respeito ao Seu próprio princípio de liberdade Ele esperou a
confirmação da criatura, que iria corroborar e fixar com um ato
próprio de livre vontade, a sua posição, a fim de que ela tornasse
definitiva". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIV, p. 171).

"Competia, agora, à criatura, equilibrar o impulso egocêntrico do "eu


sou" com o impulso altruísta do Amor". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo XIV, p. 171).

"A criatura deveria, pois, necessariamente encontrar-se ante a


encruzilhada da escolha". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo
VI, p. 45).

46
"A estrutura do edifício de conceitos e forças do Sistema, a natureza
do Criador e da criatura, os fins a atingir além da prova, tudo isto
conduzia à necessidade de que a criatura devesse encontrar-se só e
livre na encruzilhada da escolha". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo,
Capítulo VI, p. 45).

"E tomou o SENHOR DEUS o homem e o pôs no jardim do Éden


para lavrar e guardar". (Gênesis, 2:15).

"O Sistema era um organismo, e, para mantê-lo em seu estado


orgânico, era indispensável essa força íntima, profunda, que era
fruto de plena convicção e aceitação, poder de coesão que só o
Amor pode dar e jamais poderia ser a imposição coagida". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIV, p. 170).

"E ordenou o SENHOR DEUS ao homem, dizendo: De toda árvore


do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do
mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres,
certamente morrerás". (Gênesis, 2:16).

"O ato de obediência da criatura era o único passaporte que lhe


dava o direito de entrar como participante do Sistema". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIV, p. 171).

"Eles conheciam esse seu dever, viam que a disciplina era


necessária para o bom funcionamento do todo, conheciam a lei que
ordenava obediência e sabiam que essa Lei exprimia o pensamento
e a vontade de Deus". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo VII, p. 87).

"Deus é centro, não para sujeitar, mas para atrair, não para
absorver, mas para irradiar, não para tomar, mas para dar". (Pietro
Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo III, p. 38).

“"Por Amor te peço, pois que és meu filho, que me retribuas o Amor
com que te gerei."

Após essas palavras, por um instante ficou suspensa a respiração


do universo, enquanto as falanges dos espíritos criados oscilavam
em cósmicas ondulações. O ser olha e pensa. Ele sente o poder que
lhe vem do Pai, uma imensidade que o torna semelhante a Deus. É
livre, como um "eu sou" autônomo, senhor do seu sistema, das suas
forças e equilíbrios interiores. A sua própria estrutura, permeada de
divina grandeza, impele-o a repetir em sentido autônomo,
separatista, o egocentrismo que ele continha do "Eu Sou" máximo:
Deus.

Mas, do outro lado há uma força oposta, anti-egocêntrica, tendente a


neutralizar a primeira: o Amor. Ele se manifesta como silenciosa
atração, que se impõe por bondade. Quem compreendeu esse

47
apelo, verdadeiramente compreendeu Deus". (Pietro Ubaldi, Deus e
Universo, Capítulo VII, p. 47).

"A escolha foi por eles feita, e o universo, abalado até aos
fundamentos que estão no espírito, estremeceu e parte dele
desmoronou, involvendo na matéria". (Pietro Ubaldi, Deus e
Universo, Capítulo IV, p. 50).

"Conseqüentemente a parte que ficou fiel ao princípio orgânico,


permaneceu na ordem e a parte que aderiu ao princípio oposto
precipitou-se na desordem. Nesses seres o egocentrismo crescera
até superar o limite pré-estabelecido, precipitando-os assim na
imperfeição e na ignorância, nas quais foi possível o erro e a queda".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIV, p. 172).

"Como caíste do céu, ó Lúcifer, como foste cindido e abatido até a


Terra? E no entanto dizias em teu coração: Tornar-me-ei semelhante
ao Altíssimo". (Isaías, 14:12).

"Então, disse o SENHOR DEUS: Eis que o homem é como um de


nós, sabendo o bem e o mal". (Gênesis, 3:22).

"A causa de tamanho mal foi o desequilíbrio e o exagero do


egocentrismo, o fato de que ele prevaleceu sobre o Amor e assim o
destruiu; e, com esta destruição, privou o Sistema de toda a sua
força coesiva e unificadora. É natural, então, que este se tenha
automaticamente desagregado, porque o egocentrismo egoísta só
pode separar e destruir qualquer organização". (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo XIV, p. 172).

Os Espíritos que caíram ficam conhecendo diretamente o mal porque ao


concentrarem-se em si mesmos, reforçam a própria autonomia, isolando-se,
juntos com os seus iguais, dentro do Sistema de onde nunca saíram.
Destacam-se da ordem, por perderem o contato com o bem, o amor e o
conhecimento, oriundos do TUDO-UNO-DEUS. O mal é apenas a carência, ou
o vazio do bem, do amor, UMA CRIAÇÃO TEMPORÁRIA DA CRIATURA,
nascida da ausência do bem, da negação do princípio da totalidade:

"O pecado da revolta foi, com efeito, um pecado de orgulho, de


exagero e superestimação do eu, um pecado de egoísmo. Nisto
consiste a revolta". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIV, p. 172).

"É evidente que tudo isto não pode ser obra de Deus, pois Ele não
pode errar, e sim obra de uma criatura, que podia e livremente quis
errar". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 140).

"A morte é um estado de obscurecimento de consciência que o ser


possuía no estado de Sistema". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo
XVII, p. 220).

48
"Foi por isso que, apesar de seu desejo de criar um sistema próprio -
ainda que em posição invertida, seguindo seu impulso de
afastamento - os elementos rebeldes tiveram de continuar a gravitar
para Deus, pois só em função Dele é possível a existência tanto dos
obedientes como dos rebeldes". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo
XII, p. 139).

"E, havendo LANÇADO FORA o homem, pôs querubins ao oriente


do jardim do Éden e uma espada inflamada que andava ao redor,
para GUARDAR O CAMINHO DA ÁVORE DA VIDA". (Gênesis,
3:24).

"Expulsar, não quer dizer expulsar do todo que o Sistema abarca, o


que seria absurdo, pois nada pode existir além do todo. Expulsar,
quer dizer colocar para fora da ordem, fora da parte que, no todo do
Sistema, permaneceu ordenada na Lei". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo XII, p. 138).

"Quando o ser desmorona na matéria, ele perde a consciência e


todas as demais faculdades. Então a Lei o substitui completamente
em tudo e ele fica totalmente sujeito ao determinismo escravo a que
também está sujeito a matéria. Evolvendo, o ser desperta sua
consciência, o que significa reencontrar a Lei, compreendê-la e
perceber cada vez mais o prejuízo e o absurdo de revoltar-se contra
ela. Isto também significa começar a colaborar, reentrando assim
pouco a pouco na ordem, o que quer dizer assumir cada vez mais
funções diretivas de operário da Lei e de instrumento de Deus".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo IX, p. 110).

"Assim, o sistema termina sempre na perfeição desejada. A primeira


dada por um conhecimento intuitivo, sem a prova da dor; a segunda
por um conhecimento experimental através do longo e estafante
caminho da evolução. A primeira permanece intacta, imune a
corrupção; a segunda, degenerando-se para depois curar-se. Não
importa se o caminho é mais ou menos longo. Esta outra estrada
conduz igualmente à meta". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo,
Capítulo VII, p. 75).

3.5.5) - IMAGEM E SEMELHANÇA

"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a


nossa semelhança". (Gênesis, 1:26).

"A verdadeira criação foi única, a dos espíritos puros, isto é, a que
Deus realizou em Seu seio, distinguindo-se interiormente em muitos
"eu sou", feitos à Sua imagem e semelhança. O nosso universo
físico não foi uma criação, foi um desmoronamento da criação".
(Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 121).

49
"A primeira criação dos puros espíritos gerou então as criaturas
estritamente individualizadas por suas características pessoais,
como Deus. Só assim torna-se possível admitir nelas tantas
qualidades que temos de reconhecer como necessidade lógica, que
nos obriga a admitir também a da individuação. Essas qualidades
eram: liberdade, conhecimento, posição hierárquica bem definida,
função individual no estado orgânico do Sistema etc.

Desse modo, todos os elementos, tanto do Sistema quanto depois,


já decaídos no Anti-Sistema, permaneceram sempre individuados".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XV, p. 187).

"É a consciência de si mesmo que constitui o atributo principal do


Espírito". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trecho da Resposta à
Pergunta 600).

Somos da mesma substância da divindade, mas não temos a mesma potência,


não somos idênticos, conseqüentemente não possuímos o mesmo saber. Onde
não há conhecimento existe a possibilidade do erro, desde que o ser, deixe os
limites da individualidade, ultrapassar o da totalidade:

"A revolta padeceu de um erro fundamental de estratégia: o de haver


confundido semelhança com identidade. Deus, na Sua bondade para
com a criatura e por amá-la, fizera-a semelhante a Ele, mas não
idêntica, isto é, da mesma natureza, mas não da mesma potência".
(Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VII, p. 75).

"Vou para o Pai, porque o Pai é MAIOR DO QUE EU". (João, 14:28).

"O erro dos rebeldes estava justamente inserido em sua natureza


egocêntrica de "eu sou", como uma conseqüência sua, direta, pois
consistiu em sua dilatação exagerada, a ponto de iludir-se,
acreditando que semelhança pudesse vir a ser identidade". (Pietro
Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VII, p. 75).

"Efetivamente a ela nada faltava como qualidade, faltava um pouco


somente como quantidade, foi essa quantidade que o orgulho
admitiu que pudesse criar por meio da potência do próprio "eu sou",
retirando-a desse "eu" já tão divinamente poderoso. Enganou-se
porém". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VII, p. 75).

"O dom da liberdade, concedido por Deus à criatura, para que ela se
Lhe assemelhasse, era completo. Ela poderia aceitá-lo, grata, como
poderia ter dito: "Não! Não aceito". A revolta foi o primeiro passo no
sentido desta recusa, visto que a tentativa de existência autônoma
era, mantendo-se negativa, uma primeira tentativa de não-ser".
(Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VII, p. 72).

"Dando ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda a


responsabilidade dos seus atos e das suas conseqüências; nada lhe

50
estorva o futuro; o caminho do bem está à sua frente, como o do
mal. Mas se sucumbir, ainda lhe resta uma consolação, a de que
nem tudo acabou para ele, pois Deus, na sua bondade, permite-lhe
recomeçar o que foi mal feito". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos,
Trecho da Resposta à Pergunta 258-a).

"Então, muitos "Deuses" menores, feitos de substância divina,


livremente decidiram tornar-se "Deuses" maiores, iguais a Deus. (...).
Mas não foi assim para todos os seres. A balança em que foram
colocados os dois impulsos, para uma outra multidão de espíritos se
inclinou, ao invés, para o lado Amor, oposto ao da rebelião por
orgulho". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo IV, p. 50).

"O orgulho é que gera a incredulidade". (Allan Kardec, O Livro dos


Espíritos, Trecho da Resposta à Pergunta 09).

"Este sistema rebelde é formado de muitos "eu sou" menores, que,


ao invés de coordenarem-se hierarquicamente no sistema de Deus,
quiseram isolar-se, formando uma hierarquia oposta de centros
autônomos". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VII, p. 73).

"E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra


o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos. Mas não
prevaleceram; nem mais o seu lugar SE ACHOU NOS CÉUS".
(Apocalipse, 12:7 e 8).

Uma pergunta natural, para quem se situa no relativo, é a de quantos espíritos


caíram, após o movimento de escolha ilusória, sofrendo a contração da
consciência, originando as numerosas dimensões do Anti-Sistema. O número
de Espíritos, naturalmente, será incomensurável, mas não infinito:

"O conceito de infinito é completamente diferente do de indefinido,


inumerável, incomensurável, por maior que seja, jamais poderá
esgotar o infinito, que só poderá sentir qualquer subtração, quando
dele se subtrai outro infinito". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XV,
p. 198).

"Mas quem quisesse ter uma idéia do número que poderia medir a
quantidade dos elementos constitutivos do Anti-Sistema, por
exemplo, no plano representado pela matéria, experimente contar
o número dos elementos que compõem os átomos existentes em
todo o universo.

Como se vê, se não encontramos o infinito, porque nos achamos no


Anti-Sistema, encontramos sempre uma quantidade incomensurável,
o que, praticamente, equivale ao infinito". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo XV, p. 198). (Os grifos são nossos).

"E a sua cauda levou após si A TERÇA PARTE das estrelas do céu
e lançou-as sobre a terra". (Apocalipse, 12:5).

51
No meio cientifico da atualidade existem duas teorias, que complementam e
ratificam a Teoria da Queda. A primeira é a do Big Bang, que mostra o início do
universo, a partir de uma singularidade, há mais ou menos 13,5 bilhões de
anos, iniciando por um minúsculo ponto, do tamanho de um bilionésimo do
próton. E a segunda, é a do Big Crush, quando o universo vai perdendo
paulatinamente a velocidade de expansão atual, num cenário onde a força da
gravidade predomina até ocorrer uma nova singularidade e tudo ser reduzido a
um ponto um bilhão de vezes menor que o proton. Se a matéria é energia
congelada, e a energia por sua vez pode ser vista como espírito congelado,
entende-se que por contração das consciências o universo material surja e por
expansão, pelas vias da evolução, o universo material desapareça. Não nos
esqueçamos porém que existem sistemas de universos e que este processo
ocorre em ciclos infinitos de formação, desenvolvimento, evolução e retorno ao
plano ou paraíso de unidade e plenitude:

"Cada universo tem uma medida de unidade própria, que consiste


em sua dimensão.Como se passa, por evolução, de uma fase para
outra, como vimos na transmutação das formas da substância, em
que os universos aparecem e desaparecem, assim por evolução,
passa-se de uma dimensão a outra e as unidades de medida do
relativo aparecem e desaparecem". (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 35, p. 105). (Itálicos do autor).

"Assim como involução havia significado expulsão, assim evolução


significa reabsorção; dois movimentos compensados, inversos e
complementares, que se equilibram. Assim a energia é prisão do
espírito, tal qual a matéria é energia congelada. Se o primeiro
movimento vai na direção do aprisionamento, o segundo segue na
direção da liberdade. Por isso a matéria deve ser reabsorvida pela
energia e esta pelo espírito. No fim tudo termina em Deus, que fora o
ponto de partida. Deus é sempre o centro de tudo. E tudo se reduz a
um movimento que partindo de Deus, volta a Deus. O ponto "alfa
"coincide com o ponto "ômega"". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo
VIII, p. 97).

"Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, diz o Senhor, que é,


e que era, e que há de vir, o Todo poderoso". (Apocalipse, 1:8).

3.5.6) - MACHO E FÊMEA

"E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o


criou; macho e fêmea os criou". (Gênesis, 1:27).

Macho - princípio masculino: a Totalidade. Fêmea - princípio feminino: a


Individualidade. Concebendo as palavras do Gênesis, nesse enfoque, fica fácil
visualizar que a individualidade foi um princípio derivado da totalidade, tal qual
os símbolos Adão e Eva. Eva se origina da costela de Adão, ou seja, dos
princípios oriunda da totalidade. Tanto é verdade que a individualidade é o
princípio que nos dá a consciência de ser, existir, poder dizer "Eu Sou". E não
deve ser por outra razão que no Gênesis ainda encontramos:

52
"E chamou Adão o nome de sua mulher Eva, porquanto ela era a
mãe de todos os viventes". (Gênesis, 3:20).

A maioria das figuras bíblicas, notadamente no Gênesis, são personificações


de forças ou fenômenos, que foram tomadas como realidade, em sua
significação literal. São figuras emblemáticas. As revelações feitas pelos
Espíritos, em todas as épocas da humanidade, para que fossem também úteis
ao futuro, tiveram de se revestir de símbolos, comparações e serem expressas
na forma de histórias ou parábolas:

"Não será esse o significado profundo que se oculta na simbólica


narração da Bíblia, de Adão e Eva tentados pela serpente, que já era
anjo rebelde e decaído, a fim de comerem o fruto proibido, e depois
expulsos por sua desobediência do paraíso terrestre?

Os seres rebeldes enganaram-se quanto ao resultado de sua revolta, mas eles


bem sabiam que isto era uma revolta contra a ordem. Seu erro e culpa foi de
querer substituir à ordem, chefiada por Deus, outra ordem chefiada ao invés
pela criatura. O movimento assume exatamente a forma de inversão". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo VII, p. 88).

"É o que se contém na grande figura emblemática da queda do


homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros
resistiram". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trechos da
Resposta à Pergunta 122).

O uso de figuras, emblemas, símbolos, comparações, nas várias etapas da


revelação, dadas em todas as épocas, pelos prepostos do Cristo, se deve as
limitações da nossa linguagem humana e a impossibilidade ou dificuldade de
expressar algo, que vai bem além dos horizontes do nosso entendimento.
Recorrem, portanto, a imagens mentais, para expressar a realidade, ou
fenômenos, fora dos limites evolutivos, onde ainda nos situamos:

"Depois, os próprios Espíritos esclarecidos podem exprimir-se em


termos diferentes, cujo valor, entretanto, é, substancialmente, o
mesmo, sobretudo quando se trata de coisas que a vossa linguagem
se mostra impotente para traduzir com clareza. Recorrem então a
figuras, a comparações, que tomais como realidade". (Allan Kardec,
O Livro dos Espíritos, Trechos da Resposta à Pergunta 143).

"Estais sempre inclinados a tomar as palavras na sua significação


literal." (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trechos da Resposta à
Pergunta 54).

"Muitíssimo incompleta é a vossa linguagem, para exprimir o que


está fora de vós. Teve-se então que recorrer a comparações e
tomastes como realidade as imagens e figuras que serviram para
essas comparações. À medida, porém, que o homem se instrui,
melhor vai compreendendo o que a sua linguagem não pode

53
exprimir". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Resposta à Pergunta
966).

"Nunca poderemos deixar de esclarecer e avisar que aqui não


podemos oferecer a realidade do fenômeno em sua substância, mas
apenas imagens mentais humanas dessa realidade, que nos escapa
em sua essência. É mister, pois, aceitá-las tal como são, e não
entendê-las como expressão definitiva, que esgote a realidade".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIX, p. 247).

"De onde procede a doutrina do fogo eterno? - Imagem, como tantas


outras, tomada como realidade". (Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, Resposta à Pergunta 974).

3.5.7) - O EGOCENTRISMO

"Vós tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de


vosso pai; ele foi homicida DESDE O PRINCÍPIO e não se firmou na
verdade; porque NÃO HÁ VERDADE NELE; quando ele profere
mentira, FALA DO QUE LHE É PRÓPRIO, porque é mentiroso e pai
da mentira". (João, 8:44).

"Os seres que chamamos demônios são os involuídos, com instintos


bestiais, e não é preciso ir buscá-los muito longe, porque o nosso
mundo está cheio deles. Os que negam a existência do inferno,
basta que olhem em redor para tocá-lo com as mãos. Os demônios -
não importa o lugar em que se encontrem - são os seres inferiores; e
os anjos são os superiores". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIV,
p. 177). (Os grifos são nossos).

O egocentrismo que dá origem a individualidade, pode ser integrado e


desenvolvido em duas direções: altruísmo ou egoísmo. Quando o ser, escolhe
o altruísmo, ele se direciona para a totalidade, integrando a sua individualidade
à unidade, permanecendo no Sistema, firmando-se na verdade. Caso contrário,
ocorre a queda, pela hipertrofia do eu, por escolha egocêntrica egoísta, por
isso, que desde o princípio, podemos ser denominados filhos do "Diabo" ou da
mentira ou da ilusão ou do engano. Do orgulho nascem todos os outros vícios,
a negatividade ou deformidades inerentes a queda. O orgulho neutraliza,
inverte ou "mata", todas as qualidades que herdamos de Deus-Pai. Os espíritos
que sofreram a contração da consciência são "homicidas" porque mataram ou
transformaram em estado de latência todas as virtudes divinas. É por essa
razão, que somente quando extirpá-lo da nossa intimidade, ou melhor, invertê-
lo, em ações altruístas, é que retornaremos ao Sistema, atingindo a perfeição:

"Meus filhos, na máxima: Fora da Caridade não há salvação, estão


contidos os destinos do homem sobre a Terra e no céu". ( Paulo,
Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XV, p.202). (Itálicos do
original). (Os grifos são nossos).

54
"O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados. A
atração é a lei de amor para a matéria inorgânica". (Allan Kardec, O
Livro dos Espíritos, Trechos da Resposta à Pergunta 888-a).

"O egoísmo poderia então denominar-se egocentrismo involuído,


fechado e limitado em si mesmo, enquanto o altruísmo seria o
egocentrismo evoluído, aberto e expandido no Todo". (Pietro Ubaldi,
Deus e Universo, Capítulo III, p. 37).

"Não foi a queda, pois, que criou os egocentrismos: criou apenas o


egoísmo, que os afastou, uns dos outros, como inimigos. A queda
quis substituir ao egocentrismo unitário de Deus, em torno do qual
se haviam coordenado todos os outros egocentrismos em Sistema,
uma pulverização de egocentrismos separados, cada um tornando-
se centro de si mesmo". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XV, p.
188). (Os grifos são nossos).

"Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical? - Temo-lo


dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os
vícios e vereis que do fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes
deis combate não chegareis extirpá-los, enquanto não atacardes o
mal pela raiz, enquanto não houverdes destruído a causa. Tendam,
pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a
verdadeira chaga da sociedade. Quem quiser, desde esta vida, ir
aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração
de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível
com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras
qualidades". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Resposta à
Pergunta 913). (Os grifos são nossos).

"O egoísmo é portanto o alvo para o qual todos os verdadeiros


crentes devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem. Digo
coragem, porque esta é a qualidade mais necessária para vencer-se
a si mesmo do que para vencer aos outros". (Emmanuel, Evangelho
Segundo o Espiritismo, Capítulo XI, p.151).

3.5.8) - A PRIMEIRA CRIAÇÃO

A primeira criação é, como já ficou claro, a criação verdadeira ou a origem


espiritual do ser. É a criação fora do espaço e do tempo, imaterial, perfeita,
orgânica, sistêmica, amorosa, realizada na ordem e na liberdade absoluta:

"As criaturas saídas das mãos de Deus só podiam ser espíritos e


perfeitos, porque saíram das mãos de Deus e porque eram espíritos.
O estado de perfeição só pode existir no estado espiritual". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIII, p. 157).

"O Sistema assumiu a estrutura orgânica sobretudo porque a criação


de tantos seres diferentes se baseava no princípio do Amor, que
foi a força que continuou a cimentá-los, o impulso que devia mantê-

55
los unidos em sistema, o único possível num regime de absoluta
liberdade. Por isso não podia ser eliminada a priori no Sistema uma
possibilidade de revolta, justamente porque a vida do organismo não
podia basear-se senão sobre uma livre aceitação. Não podia ser
impedida a revolta violando a liberdade dos espíritos com o reduzi-
los à escravidão, mas apenas pela força do princípio do Amor, que
deveria funcionar neles em direção a Deus com a mesma
plenitude com que aquele princípio havia funcionado de Deus
para com eles. Princípio de Amor, ao qual unicamente vinha de
modo livre confiada a tarefa de frear e disciplinar o impulso oposto
separatista do egocentrismo individual, a cujo predomínio foi devida
a revolta. Porque foi uma rebelião contra o princípio fundamental da
criação, foi grande essa culpa e conduziu a consequências tão
dura". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIII, p. 161). (Os grifos são
nossos).

"Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina". (Allan Kardec, O


Livro dos Espíritos, Trechos da Resposta à Pergunta 843).

"Jamais o priva do seu livre-arbítrio: se deste faz ele mau uso, sofre
as conseqüências". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trechos da
Resposta à Pergunta 1006).

O princípio do amor e conseqüentemente da liberdade rege toda a criação,


tanto no Sistema como no Anti-Sistema. O livre arbítrio é patrimônio sagrado e
inviolável da criatura. Todo processo deve funcionar em impulsos de livre e
consciente aceitação, em qualquer nível. A permanência no Sistema ou o
retorno do ser, oriundo das mais diferentes dimensões do Anti-Sistema, é dado
em regime de livre escolha. Viver significa escolher, até que a harmonia e a
reconquista do amor na unidade, nos faça escolher sempre o bem e a Lei
divina: "Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a
vontade daquele que me enviou". (João, 6:38). Nos primórdios da criação,
quando o espírito rebelde, optou pela individualidade, negando a totalidade, ele
se afastou vibratoriamente do Criador e de toda a criação, se isolando e
densificando a vibração que lhe era própria, criando assim com os seus iguais,
os estados conscienciais dissonantes e as diversas dimensões espirituais,
energéticas e materiais onde passaram a viver:

"Deus, por ser Amor, não pode querer a criatura forçadamente


prisioneira do Seu Amor. Ele limita-se a atraí-la. Eis uma nova
característica do Sistema, que não pode admitir da parte da criatura,
senão uma correspondência de caráter espontâneo, sem qual não
há amor". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo IV, p. 46).

"Com a criação dos espíritos, formaram-se, na substância


homogênea, muitos núcleos de pensamento, constituídos de
vibrações, cada uma de seu tipo. Disso nasceu o novo estado
diferenciado, formado pelas individuações dos vários "eu". Ora,
muitos deles pensaram conforme a Lei, assim permanecendo,
porque constituídos de pura vibração de pensamento, em seu seio.

56
A Lei representava o pensamento de Deus que tudo dirigia e regia, e
permaneceram na ordem do Sistema os espíritos que continuaram a
existir em uníssono com esse pensamento. Mas outros espíritos, ao
invés, pensaram contra a Lei. E porque constituídos de pensamento,
eles se acharam assim fora dela. Desse modo, caíram fora da
ordem, na desordem, os espíritos que não quiseram viver
sintonizados harmonicamente com o pensamento de Deus,
representado pela Lei. Dessa forma eles se isolaram num
funcionamento próprio antagônico ao do todo". (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo XX, p. 258). (Os grifos são nossos).

"E escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus,


entre as árvores do jardim". (Gênesis, 3:8).

Para retornar o espírito necessita readquirir pelos próprios esforços o


conhecimento e o amor a Deus e ao próximo, daí serem estes requisitos os
primeiros e o maior de todos os mandamentos para o seres decaídos.
Mandamentos que ressumem todas as leis e profetas:

"No suor do teu rosto, comerás o teu pão". (Gênesis, 3:19).

"O pão nosso de cada dia dá-nos hoje". (Mateus, 6:11).

"Eu sou o pão vivo que desceu do céu, se alguém comer desse pão,
viverá para sempre". (João, 6:51).

"Destruíste o esplêndido edifício. Contudo, continuarás a ser meu


filho. Reconstruirás, porém, tudo com o teu esforço". (Pietro Ubaldi,
Deus e Universo, Capítulo IV, p. 49).

"E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o


teu CORAÇÃO, e de toda a tua ALMA, e de todas as tuas FORÇAS,
e de todo o teu ENTENDIMENTO e ao próximo como a TI MESMO".
(Lucas, 10:27).

"E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é:


Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois
ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e
de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o
primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o
teu próximo como a ti mesmo. NÃO HÁ OUTRO MANDAMENTO
MAIOR DO QUE ESTE". (Marcos, 12:29 a 31).

"Porque, em a Natureza, tudo é amor: o egoísmo é que o mata".


(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trechos dos Comentários à
Pergunta 980).

"Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos? (...) o amor que os
une lhes é fonte de suprema felicidade. (...). Somente os puros

57
Espíritos gozam, é exato, da felicidade suprema, (...). (Allan Kardec,
O Livro dos Espíritos, Trechos da Resposta à Pergunta 967).

"Daí vem que ela não pode gozar de felicidade perfeita, senão
quando esteja completamente pura". (Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, Trechos da Resposta à Pergunta 979).

"Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos
céus". (Mateus, 5:48).

"Eu sou o Deus Todo poderoso, anda em minha presença e sê


perfeito". (Gênesis, 17:1).

"O grande modelo é Deus, que todos os seres, inclusive o homem,


devem seguir". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo III, p. 36).

"Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-
lho também vós, porque esta é a lei e os profetas". (Mateus, 7:12).

3.5.9) - A SEGUNDA CRIAÇÃO

"E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou


em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feita alma
vivente". (Gênesis, 3:20).

"Isto prova que a vida é uma fusão de dois mundos, pois enquanto é
matéria é, ao mesmo tempo, fecundação desta, por obra de um
princípio dinâmico superior, a energia. O corpo feito de barro,
recebeu a alma do céu, o sopro divino". (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 58, p. 181).

"No composto humano, achamos os elementos que vão do mineral


ao espírito, porque ele está percorrendo em subida a estrada da
evolução que nos transforma um no outro". (Pietro Ubaldi, O
Sistema, Capítulo XVIII, p. 233).

"Porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos
a Abraão". (Lucas, 3:8).

Aqui temos a descrição da segunda criação, o homem surgindo do átomo, do


pó da terra, a partir da evolução, no momento de transformação da matéria
inorgânica em matéria orgânica: e soprou nos seus narizes o fôlego da vida (a
energia vital, o fluído vital e a alma ou espírito). Os Espíritos Reveladores, ao
responderem a questão 115 de "O Livro dos Espíritos", partem deste mesmo
trecho do Gênesis, do início da evolução, para definir a origem dos Espíritos.
Não se referem à primeira Criação, antes do ciclo de queda ou involução, que
originou o ciclo de evolução. O nosso universo ou os sistemas de universos
energéticos e materiais existentes, não representam a verdadeira criação
divina, são, antes de tudo, o resultado da contrafacção do estado de puro

58
pensamento para as diferentes manifestações vibracionais em dimensões que
vão do + infinito ao - infinito:

"A contemplação desta visão leva-nos a uma conclusão estranha:


que o nosso universo, esse que a ciência estuda e que aceitamos
como base de pesquisa para o conhecimento, não representa a
criação nem o verdadeiro estado do ser, mas apenas um estado
patológico transitório, de que, só indiretamente, podemos reconstruir
no estado perfeito e definitivo". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo
IV, p. 52).

"O universo que a ciência estuda é exatamente este invertido, em


que o Uno está pulverizado na infinita multiplicidade fenomênica do
relativo". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VIII, p. 84).

"Nosso universo é uma clínica onde se curam os enfermos da


doença de rebeldia". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIII, p. 160).

"Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus? - Deus
criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é sem saber.
A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de
os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento
da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles
encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que
Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem conhecimento. Uns
aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta
que lhes foi assinada." (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos,
Resposta à Pergunta 115).

"Quando se vos falou do Espírito no estado de infância, no estado,


por conseguinte, de ignorância; quando se vos disse que o Espírito
era criado simples e ignorante, tratava-se, está bem visto, da fase de
preparação do Espírito para entrar na humanidade. Fora
inconsequente, então, dar esclarecimentos sobre a origem do
Espírito. Notai que ela foi deixada na obscuridade. Ainda hoje seria
cedo para desenvolver esse ponto". (J. B. Roustaing, Os Quatro
Evangelhos, Tomo Primeiro, Item 56, p. 295).

"Como se vê, trata-se de coisa bem diferente da criação de espíritos


simples e ignorantes. Kardec não entrou no problema porque não
seria aceito nem compreendido. Mas, tendo que apresentar de
qualquer forma um ponto de partida, escolheu um, no percurso de
todo o processo, que está mais próximo a nós, tal como fez a Bíblia,
que parte da segunda criação material, efeito da queda. E não podia
fazer de outra maneira, pois estava falando a criaturas que
ignoravam muitos conceitos que só são admitidos hoje. Assim
também Kardec e os espíritos não podiam falar uma linguagem que
teria sido incompreensível para aquela época, porque para as
mentes de então era absolutamente uma equivalência entre matéria

59
e energia e uma evolução físico-dinâmico-espiritual". (Pietro Ubaldi,
O Sistema, Capítulo X, p. 120). (Os grifos são nossos).

Os Espíritos Reveladores, naquele momento histórico da Codificação


Kardequiana, ainda não podiam referir-se diretamente aos acontecimentos, que
teria ocorrido antes do processo evolutivo, porque naquela época, o tempo e o
espaço, ainda eram considerados absolutos. Não haviam nascido as
concepções revolucionárias da Teoria da Relatividade Restrita e da Teoria da
Relatividade Geral e muito menos as formulações intrigantes da Física
Quântica. A Teoria da Evolução dava os seus primeiros passos. As conexões
entre matéria e espírito, e energia e matéria estavam muito longe de serem
expressas como nos dias que correm.

Seria inconsequente, como bem disse Roustaing, tecer comentários, a respeito


do tema de forma inequívoca, era cedo demais, Kardec, como comenta Ubaldi,
não seria compreendido e muito menos aceito. A criação da matéria, a origem
dos Espíritos, a Criação Divina e seus aspectos, entre outros temas ou
questões, foram deixados na obscuridade aguardando o porvir:

"A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada
por ele em dado momento? - "Só Deus o sabe. (...)". (Allan Kardec,
O Livro dos Espíritos, Pergunta 21).

"O princípio das coisas está nos segredos de Deus. (...)". (Allan
Kardec, O Livro dos Espíritos, Trechos da Resposta a Pergunta 49).

"Quando, porém, ao modo por que nos criou e em que momento o


fez, nada sabemos". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trechos
da Resposta a Pergunta 78).

"Mas, repito ainda uma vez, a origem deles é mistério". (Allan


Kardec, O Livro dos Espíritos, Trechos da Resposta à Pergunta 81).

"De resto, bem o sabeis, há coisas que não é dado ao homem


penetrar, e esta, por enquanto, é uma delas". (Allan Kardec, O Livro
dos Espíritos, Trechos da Resposta à Pergunta 72-a). (Os grifos são
nossos).

A primeira obra de Pietro Ubaldi, após a recepção das primeiras Grandes


Mensagens, é denominada de A Grande Síntese, porque Sua Voz traça uma
síntese orgânica entre a Ciência, a Filosofia, a Religião e a Arte, dando início
às revelações, que paulatinamente, ao longo de outros vinte e três volumes,
detalham o percurso completo do ser em suas etapas evolutivas e involutivas,
adentrando as questões últimas, da origem do Espírito. Ela só foi possível,
porque a revolução da Física já havia iniciado, a Psicologia, graças aos
trabalhos do genial Freud e de vários dos seus antecessores, colaboradores e
opositores, já vinha demonstrando os labirintos e complexidade do psiquismo
do Homem e a Biologia, juntamente com tantos outros campos do saber
humano, ganhavam novas interpretações e teorias, só então foi possível
avançar, mas mesmo assim, determinados pontos e a compreensão verdadeira

60
de vários fundamentos e princípios só surgirão com o avançar das décadas e
dos séculos:

"Em cada época de transição só lhe é dito e dado aquilo que ele [O
Homem] pode suportar".(J. B. Roustaing, Os Quatro Evangelhos,
Tomo Primeiro, Item 14, p. 152) (A expressão entre chaves é
complemento nosso).

"Não ensinais às crianças o que ensinais aos adultos e não dais ao


recém-nascido um alimento que ele não possa digerir. Cada coisa
tem seu tempo. Eles ensinaram muitas coisas que os homens não
compreenderam ou adulteraram, mas que podem compreender
agora". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trechos da Resposta à
Pergunta 801).

"(...). O homem as compreende melhor à proporção que se eleva


acima da matéria". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trecho da
Resposta à Pergunta 12).

"Nós, Espíritos, só podemos responder de acordo com o grau de


adiantamento em que vos achais. Quer dizer que não devemos
revelar estas coisas a todos, porque nem todos estão em estado de
comprendê-las e semelhante revelação os pertubaria". (Allan
Kardec, O Livro dos Espíritos, Resposta à Pergunta 182). (Itálicos do
autor).

"(...) a cada época se deve falar a linguagem conveniente, para ser-


se compreendido e sobretudo escutado". (J. B. Roustaing, Os
Quatro Evangelhos, Tomo Primeiro, Item 22, p. 172).

"Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar
agora". (João, 16:12).

O ponto de partida do Texto Kardequiano foi a Simplicidade e a Ignorância,


isto é sem saber, porque este estado, é uma das conseqüências da contração
da consciência, quando a verdade e as potencialidades divinas se tornam
latentes, assumindo a forma de sementes, a serem desenvolvidas no percurso
evolutivo:

"A evolução dá-nos um sentido de expansão, de superação de


limites, de emersão do baixo para o alto, de libertação da prisão. O
fenômeno da involução apresenta-se-nos com as características
opostas. Aparece-nos ela com um processo de contração, e a
evolução, ao contrário, como de expansão. Isso nos leva a pensar
que na estrutura do espírito, no estado puro em que fora criado, já
que tudo tinha sido previsto, deveriam existir as posições, através
das quais se teriam podido operar aquelas transformações, que
constituem o processo involutivo e evolutivo.

61
Em outros termos, na estrutura dos espíritos criados devia existir, no
estado latente ou embrional como de semente, as posições que
depois aparecem no período evolutivo, ou seja, energia e matéria.
Sem esta pré-existência, não se sabe donde possa haver derivado
esse modelo, mais tarde seguido, na queda e na nova subida; pré-
existência, no entanto, puramente potencial, como possibilidade
pronta a tornar-se ato logo que uma revolta tivesse dado, para isso,
um primeiro impulso, tal como ocorre com a centelha, que acende
uma dinamite já pronta, mas que pode permanecer indefinidamente
inerte, se a centelha não acende". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo XX, p. 263).

"O seu conhecimento é o conhecimento invertido do Anti-Sistema,


porque nele permaneceu o conhecimento, mas no negativo, ou seja,
como ciência das aparências, isto é, como ciência da ilusão
proporcionada pela percepção sensória do mundo exterior,
percepção que a ciência começa a descobrir que corresponde muito
pouco à realidade. Assim, entre a escravidão aos instintos e a
miragem de um mundo relativo, o homem se debate para
reconquistar, por meio de erros e dores, a liberdade e o
conhecimento". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XVI, p. 209).

3.5.10) - A IGNORÂNCIA

"Mas Deus não criou seres eternamente voltados ao mal. Criou-os


apenas simples e ignorantes, e todos devem progredir num tempo
mais ou menos longo, de acordo com a própria vontade. Esta pode
ser mais ou menos retardada, assim como há crianças mais ou
menos precoces, mas cedo ou tarde ela se manifesta por uma
irresistível necessidade que o Espírito sente em sair da sua
inferioridade e ser feliz". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Trecho
a Resposta à Pergunta 1.006). (Os grifos são nossos).

"Devemos reconhecer que, no todo, não falta o conhecimento. Só a


nós ele falta, e falta menos aos mais evoluídos, e falta mais ao
menos evoluídos do que nós. A ignorância é fruto da queda, fruto
que se anula com a subida, e nós estamos justamente realizando
esse trabalho de anulação da ignorância". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo V, p. 71). (Os grifos são nossos).

Tanto a ignorância é fruto da queda, que nas respostas às perguntas 115 e


1006 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos Reveladores, destacam sempre o
"devem progredir" e o "chegar progressivamente à perfeição" ou seja,
etapas pertinentes ao processo evolutivo ou de expansão da consciência,
confirmando o estado de potencialidades latente na questão 598:

"A alma dos animais conserva após a morte sua individualidade e


a consciência de si mesma? - Sua individualidade sim, mas não a
consciência de si mesma. A vida inteligente permanece em

62
estado latente". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta
598). (Os grifos são nossos).

Como já havíamos asseverado, no campo psíquico, o menos só é capaz de


gerar o mais, se o mais já existir em sua intimidade como potencialidade ou
estado latente. A ignorância é apenas o reflexo da contração da consciência,
que levou o conhecimento da verdade e a totalidade ao estado de
inconsciência ou de germe:

"Com a queda, portanto, o conhecimento passou das mãos da


criatura, que antes era colaboradora consciente da Lei, às mãos da
Lei, à qual a criatura, que não mais pode possuir funções livres
diretivas porque se revoltou e decaiu na ignorância, deve agora
obedecer cegamente. É lógico que, quanto mais a criatura se
aprofundar no Anti-Sistema, mais ela ficará submergida na
ignorância, e mais virá a perder sua liberdade, que não é uma
qualidade que se possa conceder aos inconscientes, que não podem
fazer bom uso dela". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XVI, p.
207). (Os grifos são nossos).

"Nos planos mais baixos, não apenas tudo é determinismo, mas


também, para o elemento, tudo permanece em estado de
inconsciência". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XVI, p. 209). (Os
grifos são nossos).

"No fundo da natureza humana está a tragédia da queda, em razão


da qual a alma, centelha divina, desceu para a ilusão da matéria e
dos sentidos, num corpo vulnerável a tudo e num ambiente ingrato,
em que a conquista do progresso lhe custa esforço permanente;
com a mente acanhada que aos poucos terá de buscar o
conhecimento que antes possuía do pensamento de Deus".
(Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo V, p. 51). (Os grifos são
nossos).

"Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua CONCEIÇÃO; com


dor terás filhos". (Gênesis, 3:16).

"A Lei permaneceu intacta e a dor tornou-se o sinal da alma rebelde


a recordar-lhe a sua grande tragédia, (...)". (Pietro Ubaldi, Deus e
Universo, Capítulo V, p. 52).

A contração da consciência, devido ao falso movimento da criatura, que


resultou na queda e na criação das infinitas dimensões, onde o nosso universo,
ocupa região de maior densidade, explica porque a dor é patrimônio a ser
superado por todas as criaturas. O impulso de revolta e de egocentrismo
egoísta foi todo individualizado, a profundidade da queda, significando as
dimensões conscienciais atravessadas, está diretamente relacionada com a
potência do impulso primordial de afastamento da totalidade, que a livre e
consciente escolha do espírito promoveu:

63
"E sonhou: e eis era posta na terra uma escada cujo o topo
tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam
por ela". (Gênesis, 28:12).

A escada de Jacó é um dos melhores símbolos de representação da força


centrífuga de afastamento consciencial dos filhos rebeldes. Cada degrau,
significa dimensões atravessadas, de forma que, conforme o impulso, o ser
poderá ir do + infinito ao - infinito. O esgotamento do impulso, devido à
resistência das forças contrárias, todas podendo ser resumidas no amor
oriundo da totalidade, irá situar o ser em um desses infinitos degraus, onde, a
partir daí, a jornada evolutiva terá início. Uns necessitaram dar pequenos
passos para retornar ao seio do Criador, outros terão de fazer uma longa
jornada, iniciando o retorno a partir da total inconsciência, viajando do espaço
ao átomo, do átomo ao mineral, do mineral ao vegetal, do vegetal ao animal e
do animal ao homem, do homem ao anjo e deste ao arcanjo. Cada dimensão
vencida, nascida da conceição ou afloramento das potencialidades latentes,
uma grande dor marca a alma, uma nova dimensão consciencial surge, como
verdadeiros filhos do esforço de ascensão evolutiva, alargando os horizontes
de percepção do ser. A inconsciência vai paulatinamente transformando-se em
consciência até que o acordar pleno nos faça novamente filhos diletos do Pai.
A dor evolução é o tributo que todos pagaremos, sendo tanto maior, quanto
maior for o aprofundamento na descida involutiva. A partir da fase hominal,
com o retorno do livre arbítrio, à dor evolução soma-se a dor provocada pelos
erros de escolha, na vida física e extra-física, gerando ciclos intermináveis de
quedas e reinício, até que errando e tornando a errar para acertar com maior
proveito, a personalidade, de tanto freqüentar o duro e sofrido banco da escola
da dor, avança rumo ao infinito onde volta a fazer morada:

"Se a dor faz a evolução, a evolução anula progressivamente a dor".


(Pietro Ubaldi, Palavra de Sua Voz, Reflexões da Obra de Pietro
Ubaldi, Coordenação de José Amaral, p.68).

"O importante mesmo é que há um caminho de libertação da dor: o


da evolução. E quando chega a dor, se soubermos usá-la,
atingiremos a libertação da própria dor". (Pietro Ubaldi, A Lei de
Deus, Capítulo VIII, p.70).

"Lembra-te de que a dor não é eterna, porém uma prova que dura
até que se esgote a causa que a gerou". (Pietro Ubaldi, Palavra de
Sua Voz, Reflexões da Obra de Pietro Ubaldi, Coordenação de José
Amaral. p.68).

"A dor é a grande mestra da vida, mas não basta sofrer - é preciso
sofrer utilmente". (Pietro Ubaldi, Palavra de Sua Voz, Reflexões da
Obra de Pietro Ubaldi, Coordenação de José Amaral. p.66).

"O ser é livre, mas o universo é um concerto musical onde qualquer


dissonância produz sofrimento". (Pietro Ubaldi, A Lei de Deus,
Capítulo I, p.21).

64
"A dor é a nota dominante nos mundos inferiores". (Pietro Ubaldi,
Palavra de Sua Voz, Reflexões da Obra de Pietro Ubaldi,
Coordenação de José Amaral. p.147).

"Sem dor não se evolui, não se reconstrói, não se reconquista o


paraíso perdido". (Pietro Ubaldi, Palavra de Sua Voz, Reflexões da
Obra de Pietro Ubaldi, Coordenação de José Amaral. p.68).

"Todos sabem, através da própria experiência, que a dor é o ponto


fundamental de nossa vida. É verdade, no entanto, que cada um, no
fundo de sua alma, alimenta um sonho de felicidade". (Pietro Ubaldi,
A Lei de Deus, Capítulo V, p.45).

"Nada disso pode explicar-se senão como lembrança de um paraíso


perdido, para o qual torna a impelir-nos uma infinita nostalgia, que
vive a cada momento, em nosso insaciável anseio de felicidade".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XV, p. 185).

"A Lei não quer o sofrimento, mas somos nós que o produzimos,
violando a sua ordem". (Pietro Ubaldi, A Lei de Deus, Capítulo XVIII,
p.143).

"Se muitas almas permanecem caídas. Deus lhes renova,


diariamente, a oportunidade de reerguimento". (Emmanuel,Vinha de
Luz, Lição 120).

"Cada luta vencida contra a inferioridade da própria natureza é um


degrau escalado: significa crescer em estatura por ter atingido uma
posição mais elevada; é um empecilho removido para nos
erguermos, ganhando cada vez mais altura". (Pietro Ubaldi, A Lei de
Deus, Capítulo VI, p.58).

3.5.12) - A MORTE

"Mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse


Deus: Não comerás dele, nem nele tocareis, para que não
morrais". (Gênesis, 3:3).

"No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre
aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de
Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir". (Romanos,
5:14).

"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de


Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor".
(Romanos, 6:23).

"Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha


palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não

65
entrará em condenação, mas passou da morte para a vida".
(João, 5:24.)

"Na Terra, o princípio do "eu sou" (vida) mesclou-se ao do "eu não


sou" (morte)". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo IX, p. 106).

"Isso, porque Deus é amor e vida, não havendo, para quem se


afasta Dele, senão ódio e morte". (Pietro Ubaldi, A Lei de Deus,
Capítulo XIII p.111).

Assim como a dor é o tributo da evolução, a morte é o salário do pecado ou da


queda, que reina desde Adão, ou seja, dos primórdios da criação, mas a vida
que é dom gratuito de Deus, pode ser plenamente reconquistada, nos ensinos
e exemplos de Cristo Jesus, nosso Mestre e Senhor:

"Este é o caminho marcado para todos: nascer, viver, morrer,


renascer, tornar a viver e morrer outra vez levados para um lado ou
outro do dualismo da existência, experimentando, evoluindo,
reconstruindo-se, a si mesmos, até aprender toda a lição da Lei e
reintegrar-se em espírito no seio de Deus". (Pietro Ubaldi, A Lei de
Deus, Capítulo XIII, p.109).

3.5.13) - O MAL

"Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o


mal segam isso mesmo". (Jó, 4:8).

"Uma bem triste cadeia de males pesa sobre o mundo. Este fato é
indiscutível". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 110).

"Como se pode distinguir o bem do mal? O bem é tudo o que está de


acordo com a lei de Deus e o mal é tudo o que dela se afasta.
Assim, fazer o bem é se conformar à lei de Deus; fazer o mal é
infringir essa lei". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Pergunta
630).

"Quando se teve a coragem de praticar o mal, é preciso ter-se a de


lhe sofrer as consequências". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos,
Trechos da Resposta à Pergunta 948).

As inúmeras quedas da alma, gerando a ignorância das leis da vida, são o


fundamento de todo mal existente. O orgulho é o sentimento motriz, que
desencadeia os mais diversos desequilíbrios originando a destruição. Diante da
Lei Divina só podemos operar em dois campos diametralmente opostos; ou
somos Construtores ou Destruidores.

Logicamente que, devido às nossas experiências reencarnatórias, poderemos


ser construtores em um campo e destruidores em outros, mas seremos
utilizados pela Lei, nos vários setores da vida coletiva, segundo as nossas
inclinações e desejos. Se formos destruidores, o magnetismo que tudo rege,

66
nos atrairá a situações e fatos, onde teremos a liberdade de agir em sentido
destrutivo, quer em relação a pessoas ou a coletividade. A ação, será realizada
nos limites estabelecidos pela Lei e recairá não de forma aleatória ou por
acaso, mas por regime automático de atração, sobre aqueles que necessitem
passar por experiências dolorosas, onde os nossos desejos e escolhas nos
impulsionarão a agir. Geraremos escândalos e sofreremos em futuro próximo
ou distante ação similar - "Ai do mundo, por causa dos escândalos. Porque é
mister que venham escândalos, mais ai daquele homem por quem o escândalo
vem!" (Mateus, 18:7). O mundo é binário, dual, e o nosso livre arbítrio é
respeitado em qualquer instância. Se desejamos matar, roubar, destruir, a Lei
nos permitirá, mas muitas vezes, não em relação a quem predestinamos a
ação, mas sobre pessoas, que não esperávamos, como ocorre por exemplo,
nos acidentes e balas perdidas. A vontade de agir, a inscrição dos nossos
nomes no livro da vida como destruidores, é apanágio do livre arbítrio, mas a
destinação e o resultado final são totalmente dirigidos pela Lei. Em todos os
casos, o mal será utilizado para o bem e por ele será dirigido, mas aqueles que
lavram iniquidade e semeiam o mal, precisaram entender que segarão isso
mesmo e terão de ter a coragem para sofrerem, em época oportuna, as
conseqüências. A Lei possui mil e um mecanismos para a correção dos
destinos das criaturas sem necessitar da intervenção da nossa vontade e ação,
mas quando acalentamos pensamentos destruidores, que com o tempo
precipitam-se em atos, a Lei determinará o campo onde ele será semeado. O
mal é uma dissonância, corrigido e aproveitado pela harmonia da sinfonia
divina.

"A vida é um vaso que podemos encher com o que quisermos".


(Pietro Ubaldi, A Lei de Deus, Capítulo III, p.31).

"A nossa vida e o nosso destino não se desenrolam ao acaso, mas


são dirigidas por Deus. Então, se os acontecimentos podem, até
certo ponto, ser o efeito de nossa vontade, em grande parte
exprimem também a vontade de Deus". (Pietro Ubaldi, A Lei de
Deus, Capítulo IV, p.39).

"Através de uma técnica sutil de vibrações, tudo fica gravado nas


correntes dinâmicas que fazem parte da Lei, justa e imparcial".
(Pietro Ubaldi, A Lei de Deus, Capítulo VIII, p.71).

"Essa Lei está em todos os lugares e em todos os tempos, dirigindo


a vida em todos os seus níveis". (Pietro Ubaldi, A Lei de Deus,
Capítulo VI, p.59).

"Tudo é devido à Lei, cuja presença nunca nos cansaremos de


salientar. Presença da Lei quer dizer presença da vontade viva e
ativa de Deus". (Pietro Ubaldi, A Lei de Deus, Capítulo X, p.87).

"Olhando o fenômeno em seu conjunto, vemos que há duas fontes


eminentes de vibração e impulsos dinâmicos: a da vontade do nosso
eu e a da vontade de Deus. As emanações desses dois sistemas de
forças encontram-se e reagem um em relação ao outro. A Lei,

67
representando a vontade de Deus, é mais poderosa. A Lei é feita de
ordem e harmonia, e a cada dissonância ela reage em proporção
(como faria um maestro com sua orquestra) para que tudo volte à
posição correta, logo que o homem tenha ultrapassado os limites
predeterminados". (Pietro Ubaldi, A Lei de Deus, Capítulo XI, p.93.
(Grifos do autor).

"Construtores e destruidores, apesar de o fazerem de forma oposta,


colaboram dentro da mesma Lei, para realizar a mesma construção".
(Pietro Ubaldi, A Lei de Deus, Capítulo IV, p.43.

"De tudo isso, segue-se que não pode surgir um ataque contra nós
se não tivermos merecido. O homem que o executa, seja quem for, é
uma causa secundária". (Pietro Ubaldi, A Lei de Deus, Capítulo XX,
p.165).

3.5.14) - O CAOS

"Terra escuríssima, com a mesma escuridão, terra da sombra


da morte e sem ordem alguma, e onde a luz é como escuridão".
(Jó, 10:22).

"Alguma vez perguntamos a nós mesmos por que o estado


primordial do universo é o caos? E, pela evolução, esse caos é o
ponto de partida de um longo caminho que avança para a ordem.
Somente com a teoria do desmoronamento tudo isto se torna
compreensível". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo X, p. 114).

"É por isso que temos de reconhecer que até a queda devia se
desenrolar segundo uma Lei, como de fato vemos, representando
dessa forma uma desordem ordenada e uma imperfeição perfeita;
uma imperfeição tão bem regulada, que nos dá uma das maiores
provas da perfeição". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XX, p.
261).

"O trajeto é lógico e completo: na ordem, um impulso errado gera a


desordem; impõe-se então a evolução como processo de
reordenação de elementos que haviam caído na desordem. A revolta
não tem o poder nem de criar nem de destruir. No Anti-Sistema
permaneceu tudo, apenas está tudo fora do lugar. Em nosso mundo
há matéria prima para qualquer construção; em nosso espírito jazem
latentes as idéias para qualquer descoberta e para civilizar as
relações sociais até à felicidade, segundo a Lei de Deus". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIII, p. 160).

"A criatura foi criada feliz, com a condição de obedecer à Lei.


Saindo da Lei, ela saiu da felicidade para entrar na infelicidade.
Reentrando agora, de novo, na Lei, a criatura sairá da infelicidade
para reentrar na felicidade. Assim a vida, que começa reorganizando
os elementos em formas simétricas (cristais), depois em vegetais e

68
animais (organismos), em unidades coletivas segundo planos
construtivos cada vez mais complexos, realiza ao evoluir o grande
trabalho de reorganização da ordem, que fora levado ao caos pela
revolta". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XIII, p. 160). (Os grifos
são nossos).

No princípio era a ordem e a vida se expressava em forma de pensamento


puro, em regime sistêmico de relação, onde cada criatura desempenhava uma
função única. O limite da obra divina havia sido o campo do Livre Arbítrio de
cada individualidade. Da perfeição relativa, o ser caminharia, por escolha
consciente, para submeter a individualidade à totalidade, completando-se,
fazendo o caminho curto, que o levaria à perfeição sideral, relacionado-se, a
partir daí, com Deus e o próximo, em regime de comunhão amorosa, criando e
recriando, em plenitude, a cada momento, o Universo Espiritual, o Paraíso
Divino, onde viveria eternamente, em regime de felicidade gloriosa. De Deus,
do Todo, se alimentaria, e ao mesmo tempo, doaria a todos a força do próprio
amor. A imagem e semelhança com o Pai era-lhe patrimônio genético, a
sensação de poder e expansão do Eu era-lhe descomunal. O ser antes de
completar-se, deveria decidir. Uma decisão definitiva, primordial. Sabia de
antemão, por advertência divina, da importância de sua escolha, e a sua
imensa responsabilidade. Não conhecia os efeitos. Não havia modelos
ulteriores, para servir-lhe de exemplo. No infinito, a medida da eternidade era o
agora: "Tu és meu Filho; Eu HOJE te gerei". (SL, 2:7). A decisão era coletiva,
no momento, pois não existia o tempo, o espaço, a memória, a matéria. A obra
divina se completaria imediatamente ou teria de aguardar "seis outros dias" até
que, após uma jornada de ida e de volta, todos os filhos se reunissem

69
novamente, em uníssono, em harmonia indescritível. Este seria o "sétimo dia",
o último dia coletivo da jornada de retorno, onde o Senhor descansaria na alma
de cada filho, porque todas as resistências se haveriam vencidas -"E, havendo
Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo
dia de toda a sua obra, que tinha feito". (Gênesis, 2:2). O ser tomará a decisão
só, sem nenhuma pressão do Criador, que a deixou absolutamente livre,
recolhendo-se em humildade e em silêncio absoluto. O ser ondula em
movimentos, entre duas forças, o egocentrismo, próprios da individualidade e o
amor, atributo que advém da totalidade. Para escolher o amor, terá de frear o
impulso natural de expansão egocêntrica. Para escolher somente a
individualidade terá de sobrepor o egocentrismo ao amor.Todos os filhos,
concomitantemente, estão diante da mesma encruzilhada da escolha, na zona
do ignoto, na dimensão do desconhecido. Uma reação em cadeia irá se iniciar.
O movimento se completa, a escolha é realizada. Uma infinidade de criaturas
escolhe a totalidade e se plenifica no amor, permanecendo no regaço paterno,
fazendo da vontade do Criador a própria vontade - "Deleito-me em fazer a tua
vontade, ó Deus meu; sim, a tua Lei está dentro do meu coração". (SL, 40;08).
Uma quantidade incomensurável de espíritos fazem o movimento contrário -
"Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo". (Isaías,
14:14). O universo de puro pensamento se rompe em dois, o universo da
totalidade e da ordem e o universo da individualidade e do caos. Sistema e
Anti-Sistema. Luz e Trevas. Os seres que se moveram centrados no
egocentrismo, sentem como primeira manifestação interior o abandono de
Deus, porque passam a alimentar-se somente de si mesmos: "Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste?" (SL, 22:1). Não havia o abandono do Pai,
não ocorreu a saída de seu seio, mas apenas a cegueira do filho, que havia
surgido por livre escolha. A expulsão fora vibracional. O ser revolta-se, e em
impulsos diversificados quanto a força de afastamento, cada individualidade
percorre em caminho próprio, um maior ou menor percurso interior. Inúmeros
descem ao Abismo infinito - "E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais
profundo do abismo". (Isaías, 14:15). Do ponto de puro pensamento, em
altíssima velocidade de contração da própria vibração, chega ao estado de
energia e no prolongamento da descida na matéria - "Sobre o teu ventre
andarás e pó comerás todos os dias da tua vida". (Gênesis, 3:14). A onda
original, de puro pensamento, tranforma-se em vibrações eletromagnéticas,
aprisionadas nos limites da velocidade da luz, presas nos vórtices do átomo,
retidas pelas dimensões espaciais. O arcanjo desmorona-se e fragmenta-se no
não ser e habita a prisão atômica. O átomo passa a ser o inferno da criatura -
"Na verdade, a luz dos ímpios se apagará". (Jó, 18:5). No âmago do ser, Deus
se faz, a criatura não mais o ouve, mas a sua imanência se pronuncia através
da atração amorosa. Surge o caminho evolutivo, preparado em todos os
detalhes por Deus-Pai - "Teu é o dia e tua é a noite; preparaste a luz e o sol".
(SL, 74:16). O Senhor procura os filhos em todos os universos, como dracmas
perdidos, como ovelhas desgarradas, como filhos pródigos - "Assim vos digo
que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende".
(Lucas, 15:10). De dor em dor o filho acorda e ascende, até que descobre o Pai
em si mesmo e entrega-lhe o próprio espírito: "Pai, nas tuas mãos entrego o
meu espírito". (Lucas, 23;46). O retorno é individual e ao mesmo, graças à lei
de amor, coletivo - "Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver,
também eles estejam comigo". (João, 17:24). No "sétimo dia", tudo se

70
consuma. No último dia da obra divina, em banquete de luz e em alegria
infinita, o Senhor magnânimo vê os seus filhos novamente reunidos - "Mas o
pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e
ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e
matai-o; e comamos e alegremo-nos". (Lucas, 15:22,23). Abençoa este dia - "E
abençoou Deus o dia sétimo e o santificou". (Gênesis, 2:2). Devolve a cada um
dos filhos, o poder que cada um possuía, antes que os universos transitórios,
que surgiram graças à queda, existissem - "E, agora, glorifica-me tu, ó Pai,
junto de ti mesmo, com aquela glória que TINHA contigo antes que o MUNDO
EXISTISSE". (João, 17:5) . O tempo e o espaço como dimensões são
superados -"Em verdade te digo que HOJE estarás comigo no PARAÍSO".
(Lucas, 23:43). E a percepção, e a sensação do amor divino sempre presentes
se atesta: "Porque tu me hás amado antes da CRIAÇÃO DO MUNDO". (João,
17:24). O Anti- Sistema desaparece e o Sistema ou Paraíso divino passa a ser
a morada definitiva e eterna de todos os seres: "E a cidade não necessita de
sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem
aluminado, e o cordeiro é a sua lâmpada". (Apocalipse, 21:23).

"A lei natural é a lei de Deus; é a única necessária à felicidade do


homem; ele lhe indica o que deve fazer ou não fazer e ele só se
torna infeliz porque dela se afasta". (Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, Reposta à Pergunta 614). (Os grifos são nossos).

"Eis a posição do homem diante de Deus. Ela é o que é e ninguém


pode mudá-la. O ser é livre e pode escolher. Há muita dor, mas
existe a escada para subir, muito auxílio de Amor, muita felicidade
no alto. Há igualmente a escada para descer, que nos dá uma ilusão
de evasão e que, ao contrário, agrava a dor até à infinita dor da
anulação". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo XX, p. 240).

"Uma vez reconstituída a ordem antes destruída, desaparecerá o


mal, a dor, a imperfeição, a matéria, o dualismo e todas as
qualidades deste mundo decaído". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo XIII, p. 160).

"Vós vos moveis no infinito. A vida é uma viagem e nela só possuís


vossas obras. A cada hora se morre, a cada hora se renasce, mas
sempre como filhos de vós mesmos. A evolução, pulsando segundo
o ritmo do tempo, não pode parar. Vedes através de falsa
perspectiva psíquica. É preciso conceber não as coisas, mas a
trajetória de seu transformismo; não os fenômenos, mas os períodos
fenomênicos; tendes de colocar-vos dinamicamente na fluidez do
movimento, realizar-vos neste mundo de coisas transitórias, como
seres indestrutíveis, num tempo que só pode levar a uma
continuação, lançados para um futuro eterno, que vos abre as portas
da evolução". (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo:
Despedida, p. 354). (Itálicos do autor).

71
3.6) - AS DUAS ORIGENS DO PERISPÍRITO

"E fez o SENHOR Deus a Adão e a sua mulher TÚNICAS DE


PELE e os vestiu". (Gênesis, 3:21).

"O desmoronamento do universo é, pois, a queda do espírito na


matéria, ou seja, a formação desse invólucro que aprisiona o
espírito rebelde". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VI, p. 67).
(Os grifos são nossos).

"Que definição podeis dar à matéria? - A matéria é o laço que


prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o
qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação". (Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, Pergunta 22a). (Os grifos são nossos).

A primeira vista podemos imaginar que o perispírito se desenvolve a partir do


processo evolutivo. A seqüência de soma, entendida como desenvolvimento
dos germes pré-existentes e transformação, iria das vibrações atômicas no
mineral, que se expande e é acrescida das emanações do duplo etérico ou
corpo vital no vegetal, que se adiciona às vibrações do corpo astral ou
emocional no animal e que são enriquecidas pelas irradiações do corpo mental
e do corpo causal no homem. Na jornada evolutiva a personalidade no caminho
de santificação vai perdendo os organismos mais grosseiros e desdobrando

72
outros envoltórios, cada vez mais sutis, até atingir as dimensões arcangélicas
ou do espírito puro:

"Sob a influência atrativa dos fluidos em geral, os do perispírito


variam incessantemente, acompanhando a marcha progressiva do
Espírito cujo envoltório formam, até que o mesmo Espírito tenha
atingido a perfeição (...). De acordo com as suas tendências e com o
grau do seu progresso, o Espírito assimila constantemente os fluidos
que mais em relação estejam com a sua inteligência e com as suas
necessidades espirituais. (...) Assim, os corpos fluídicos constituídos
pelos perispíritos apresentam maior ou menor fluidez, são mais ou
menos densos, conforme a elevação do espírito encerrado nessa
matéria. Dizemos "matéria" porque, efetivamente, para o Espírito, o
perispírito é matéria". (Roustaing, Os Quatro Evangelhos, Item 56,
p.298). (Itálicos do autor).

"A queda foi no estado de matéria, e o ser deve ressurgir dela,


carregando-a consigo como seu corpo". (Pietro Ubaldi, Deus e
Universo, Capítulo IX, p. 100). (Os grifos são nossos).

A evolução na verdade desdobra o que previamente já existe. O perispírito não


surge ou é criado no processo evolutivo, mas é formado na descida involutiva
ou na contração primária da consciência. A evolução apenas desenvolve ou
recria as potencialidades ou germens contidos no campo psíquico do ser. A
energia e a matéria são resultados da contração da consciência. A substância
é uma só. No monismo universal, espírito, energia e matéria são estados de
uma mesma substância, indestrutível e eterna. À medida que ocorre a
contração ou descida interior involutiva, surgem as dimensões conscienciais,
onde o pensamento puro sofre pequenas variações vibracionais, mas à medida
que o afastamento da fonte divina torna-se maior, a energia e os seus mundos
ganham forma, os denominados mundos fluídicos, que se interagem, na
seqüência da descida involutiva, com os mundos ou dimensões materiais. A
transmutação da consciência de sua forma primordial pura até a sua anulação
no não ser, mantendo todas as suas potencialidades em estado de germe, é o
fator causal do surgimento das dimensões, mundos, envoltórios e formas. O
perispírito como resultado de todas essas dimensões, reflete como conjunto de
corpos, em estados diversos de vibrações as dimensões atravessadas e a
extensão da contração consciencial. Quanto maior a descida, maior a
densidade perispiritual, de forma que, à medida que o espírito vai saindo de
sua letargia vibracional, causada pela queda, ocorre a expansão paulatina do
seu envoltório energético ou material. Do plasma espacial ou da partícula
atômica que tudo absorveu na queda, o ser ao esgotar seus impulsos de
revolta e afastamento do Centro Divino, inicia a grande viagem de volta
reconquistando passo a passo todas as suas características, agrupando cada
fragmento, desenvolvendo por expansão o seu potencial. A criatura ao subir a
grande escada evolutiva, vai abandonando, em cada degrau ou etapa
conquistada em definitivo, as cascas energético-materiais que a envolvem.
Evoluindo, vai carregando consigo os seus corpos, mas à medida que se eleva,
vai também perdendo os seus envoltórios grosseiros e assimilando
constantemente novos fluidos ou desenvolvendo os tecidos sutis de sua

73
constituição, adquiridos rapidamente na descida involutiva e desdobrados
lentamente na subida evolutiva, até que a forma consciencial pura é
reconquistada e todas as dimensões, formas e envoltórios são superados ou
transubstanciados em consciência:

"Esse novo estado cinético irregular inseriu-se no originário, regular,


retilíneo no particular de cada elemento; e inseriu-se precisamente
como um desvio lateral dele. Daí nasceu o que chamamos
"vibração". Eis aí como ocorreu a primeira gênese do estado
vibratório, que é o que constitui o fundamento íntimo do mundo
fenomênico, o dinamismo que gerou e que rege a forma, ilusão do
mundo exterior, que é tudo o que nossos sentidos captam". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p. 142).

"Com a vibração, nasceu a onda, com suas qualidades de


frequência vibratória e de comprimento. E o tipo de vibração,
princípio, é mais próximo da linha reta, isto é freqüência máxima e
comprimento de onda ou amplitude de oscilação mínimo. Esta é a
que se poderá chamar de onda espiritual, do pensamento. Mas, uma
vez iniciado o processo de degradação, ele continua impelindo o ser
a existir em formas de vida cada vez mais involuídas, menos
psíquico-espirituais e mais materiais. Descemos, assim, até a vida
animal e vegetal. A este ponto, a degradação do espírito desce
abaixo das mais elementares formas de vida e entra, mudando ainda
mais, no mundo dinâmico, como energia, na forma de eletricidade,
da qual, depois, no processo evolutivo inverso sabemos que
renasceu a vida. Neste ponto da descida a onda, que se tornou mais
longa tendo-se tornado a freqüência menor, até fechar-se nas
trajetórias obrigatórias do átomo, fenômeno para o qual se passa,
como por um congelamento cinético, da fase energia, para a fase
matéria". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p. 143).

"Com a queda, assistimos a uma curvatura progressiva do estado


cinético da substância, livre e aberto na origem, até ao ponto em que
ele se aprisiona no Sistema cinético fechado do átomo. Neste ponto
chegamos ao fundo da queda, no reino da matéria e do máximo
divisionismo, onde dominam no caos as individuações atômicas
isoladas, no triunfo pleno do princípio separatista da revolta". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p. 143).

"Iniciada a descida involutiva, o ser irá ficando cada vez mais


aprisionado na forma, ou seja, a liberdade retilínea do movimento
do sistema se irá cada vez mais amarrando no determinismo da
matéria, até ao ponto de curvar completamente aquele movimento
retilíneo nas trajetórias fechadas do átomo. Neste ponto, a
involução, efeito da revolta, levou o ser do estado espiritual ao
material e o impulso que gerou a queda alcançou os seus efeitos".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p. 143). (Os grifos são
nossos).

74
"A desordem do caos substituiu-se à ordem originária porque, ao
invés de cada elemento existir em função do centro Deus, estando
todos os elementos de acordo na disciplina da Lei, cada elemento,
com a revolta, passou a existir apenas em função de si mesmo".
(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p. 144). (Os grifos são
nossos).

"Dessa maneira, a revolta diferenciou um novo estado cinético que,


ecoando o infinito no Anti-Sistema, permitiu se modelasse uma
ilimitada série de aparências, que para nós, como todos os que
estão situados no Anti-Sistema, constituem a realidade
objetiva".(Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p. 142). (Os grifos
são nossos).

"A antiga nobreza de origem pode estar recoberta de todas as


imperfeições e de todas as culpas, mas permanece indestrutível,
porque é divina". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VI, p. 67).

"Dessa forma a lei não é mais patente neste ponto. Ela sobrevive
apenas em estado latente, como íntimo impulso de evolução, isto é,
como impulso subterrâneo que impele para a volta à ordem de
origem". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p. 144). (Os grifos
são nossos).

"Chegados à periferia do Anti-Sistema, o desmoronamento está


completo, a ordem do Sistema naufragou totalmente no caos do
Anti-Sistema. Neste ponto os efeitos da revolta estão terminados e
esgotou-se o impulso centrífugo do emborcamento". (Pietro Ubaldi,
O Sistema, Capítulo VIII, p. 95).

"Então pode compreender-se melhor de que modo esteja pré-


estabelecido o objetivo, quando se admitir que se trata de
reconstrução dum organismo pré-existente, que foi destruído, e que
agora se procura apenas reconstruir como ele já estava construído
antes que fosse construído. Eis-nos pois na teoria da queda e no
conceito de involução e evolução. Temos, desse modo, que admitir,
ao lado do telefinalismo que estabelece a meta, a presença de um
impulso interior que a conhece por antecedência e que se esforça
por atingi-la". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XI, p. 125).

75
"E o homem tem que realizar em si mesmo, através da evolução, o
esforço de transformar a matéria, para levá-la novamente ao
espírito". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo VIII, p. 101).

O desmoronamento de valores, que a queda significa, não tem para todos os


seres a mesma proporção e profundidade, como por várias vezes ressaltamos.
Alguns seres sofreram ligeiras contrações conscienciais, outros contrações
maiores e ainda outros se lançaram nos abismos infernais da matéria
rudimentar - "E foi e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o
mandou para os seus campos a apascentar porcos". (Lucas, 15:15). Em cada
dimensão, onde o impulso individual de afastamento se esgotou, a criatura
inicia o processo evolutivo, cooperando e co-criando em seu plano de ação e
transformação, direcionada pela vibração divina ou pela presença interior do
Deus imanente - "Levantar-me-ei, e irei ter com meu Pai". (Lucas, 15:18). Os
que caíram em degraus superiores, partindo das diretrizes Paternais e
cuidados dos que lhe são mais adiantados, desenvolvem e preparam aquele
patamar, mundo ou universo, para os que, por processo evolutivo, vão
ascendendo àquela dimensão, além de assistir aos Espíritos que se situam à
retaguarda. Por essa razão que os anjos sobem e descem a escada de Jacó.
Algumas consciências caíram, desde o princípio, na dimensão Angelical, outros
na de Bons Espíritos, outros na de Espíritos Superiores, vários na dimensão
hominal e outros tantos nas formas animais e nas existências primárias dos
vegetais e minerais além das dimensões atômicas. Do - infinito ao + infinito o
ser retorna do ponto, onde o impulso pessoal de involução se inverte no de
evolução. Poderíamos comparar o processo a uma grande caravana em

76
deslocamento ou como estações onde os passageiros do comboio evolutivo
em movimento, param e seguem viagem. Enquanto teríamos vários chegando
a uma estação, após longa e distante viagem, onde inúmeras estações foram
superadas, outros partem daquela estação, se deslocando para o futuro, sem
ter vivido os trechos ou as conexões anteriores. Assim, teríamos os Anjos que
iniciaram a jornada partindo dos mundos seráficos, e Anjos que chegaram a
estes planos, oriundos de mundos inferiores, após exaustivos esforços
evolutivos. O mesmo se daria para todas as posições da Escala Espírita,
desenvolvida por Kardec, incluindo as formas de existências nos reinos
animais, vegetais, minerais, atômicas, etc.. É por essa razão que os Espíritos,
que sofreram maiores densificações, encontram, ao acordarem do sono ilusório
da involução, universos e mundos incomensuráveis, materializados, em
funcionamento e preparados para o crescimento e desenvolvimento dos seres
que o venham habitar - "Pois vou preparar-vos lugar". (João, 14:2). E como por
várias vezes, também já foi dito, que o impulso de afastamento é totalmente
individualizado, se desdobrando em tempo próprio, para cada ser, poderemos
compreender, porque a multiplicidade das diferentes formas de vida e suas
manifestações. Enquanto os pioneiros da evolução já retornaram aos páramos
arcangélicos, outros estão a meio caminho e muitos ainda se situam nos
primeiros degraus da escada a ser superada no tempo. Dessa forma, o Homem
é cercado por seres que ainda estão em descida involutiva, pelos que dormem
na formas espaciais, atômicas, minerais, vegetais, etc. e recebe assistência
dos seres que caminham à frente:

"O instinto fundamental do ser é criar, eco longínquo do primeiro


impulso que Deus imprimiu a todos os seres e por eles repetido,
revoluteando continuamente no mesmo ciclo e esquema
fundamental do universo". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo
IX, p.111).

"Por isso, o amor não é apenas alegre, mas é também genético,


criador, em todos os planos; e tanto mais, até, quando mais se
sobe do físico ao espiritual". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo
XVIII, p.237). (Os grifos são nossos).

"Assim tudo que existe, inclusive os homens, escalona-se por


degraus ao longo da escada evolutiva, representando a
reconstrução dos vários planos do sistema desmoronado. A escala
que conhecemos vai da matéria ao super-homem. E tudo está a
caminho". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo XV, p.194).

"A luta entre corpo e alma é, para o homem, a luta evolutiva da sua
libertação. Mais abaixo ainda existem seres prisioneiros de formas
bem mais densas, em que a escravidão é cada vez mais
pronunciada. Mais em baixo se encontram os animais, depois as
plantas, depois as pedras. O homem está a meio caminho. Outras
criaturas, das quais os santos nos dão uma idéia, encontram-se
mais acima". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo VI, p.70). (Os
grifos são nossos).

77
"Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à
que medeia entre a alma do homem e Deus". (Allan Kardec, O Livro
dos Espíritos, Trechos da resposta à perg. 597-a).

"No átomo, pois, a substância acha-se na posição de máxima


descida involutiva. O átomo, com o seu sistema apertado em torno
do núcleo, reduzido às dimensões submicroscópicas, tão
punctiforme que nele está quase destruída a dimensão espacial,
representa o triunfo máximo do egocentrismo separatista do "eu"
rebelde, que chegou a colocar o seu "eu" como substituto de Deus,
transformando-se em sistema próprio, fora do sistema Dele". (Pietro
Ubaldi, O Sistema, Capítulo XII, p.146).

"De tudo isso se deduz que a evolução pode não ter partido para
todos do plano da matéria, mas também de planos mais altos, como
por exemplo, do vegetal, do animal, do homem, e planos ainda
superiores, a que todos esses seres deverão chegar um dia. A meta
final é para todos a mesma: o Sistema". (Pietro Ubaldi, O Sistema,
Capítulo XIX, p.255).

O perispírito vai se formando na descida involutiva, no momento que cada


quantum de consciência se transmuta em inconscincia. À medida que a
consciência vai se contraindo, N quanta de inconsciência vai se
transubstanciando em energia e esta congelando-se em matéria. Os invólucros
que revestem o ser são manifestações do fenômeno involutivo, indicando as
dimensões atravessadas, sendo tanto mais densos, quanto maior for o impulso
de afastamento ou de revolta da criatura. Pode-se ir de diminutos campos de
inconsciência no Anjo, aos inúmeros corpos dimensionais no Homem,
chegando aos campos magnéticos nas partículas atômicas. De sorte que os
seres possuem diferentes características perispirituais, dependendo do
patamar de descida involutiva e dos esforços evolutivo de expansão e
ascensão. Como já foi dito, quanto maior o número das camadas ou
envoltórios, mais densos serão os perispíritos e quanto mais sutis, menor terá
sido a queda ou involução ou mais amplas já foram as conquistas evolutivas,
até que todas as formas, matérias, energias e inconsciências sejam superadas
definitivamente:

"Agora pode-se compreender que, tendo a involução consistido na


formação de invólucros, cada vez mais densos, em torno à centelha
do espírito, em que permaneceu sepultado - a evolução,
contrariamente, consiste na progressiva destruição desses
invólucros, que se tornam cada vez mais tênues, até a completa
libertação". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo XI, p.155).

"É a fase de regresso da matéria que, por meio da ação, da luta, da


dor, reencontra o espírito e volta à idéia pura, despojando-se, pouco
a pouco, de todas as cascas da forma". (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 08, p.32).

78
"O "eu" eterno, com o desmoronamento do sistema, não foi
destruído, mas apenas envolvido no princípio oposto em que se
invertem todas as qualidades de origem. A evolução é um processo
de maceração que consome os casulos, é uma chama lenta em que
se evola a sua materialidade, facultando a evasão da sua prisão. Eis
o que entendemos por espiritualização". (Pietro Ubaldi, Deus e
Universo, Capítulo XI, p.155).

"Assim, o desmoronamento do ser consiste na inversão do estado


cinético, ou vibratório, ou consciência e conhecimento, máximo no
centro - Deus, em um estado oposto, de inércia ou inconsciência ou
cegueira. Na periferia embotam-se as qualidades dinamizantes e
vivificantes, máximas no Centro. Não foi a matéria definida como
energia congelada? A energia é também pensamento congelado".
(Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo XI, p.155).

"Ao descer, tudo tende a morrer na inconsciência, que é propriedade


do Anti-Sistema. Subindo, tudo tende a reviver na consciência,
propriedade do Sistema". (Pietro Ubaldi, O Sistema, Capítulo XVI,
p.211).

No fenômeno de contração da consciência, que é um fenômeno interior e não


espacial, os universos, ou mundo ou dimensões vão surgindo à medida que o
ser se afasta ou se isola vibratoriamente do Sistema. Didaticamente, apenas
para facilitar a nossa compreensão, poderíamos dizer que junto ao Sistema
estariam os universos, mundos ou dimensões Crísticas ou Arcangélicas,
ponto final do processo evolutivo moral - "Saí do Pai e vim ao mundo; outra
vez, deixo o mundo e vou para o Pai". (João, 16:28). Na descida, com a
contração mínima da consciência, surgem os universos ou mundos ou
dimensões Angélicas ou de Beatitude - "Feito tanto mais excelente do que os
anjos, quando herdou mais excelente nome do que eles". (Hebreus, 1:4). Na
sequência já na esfera do dinamismo energético as dimensões, mundos,
universos ou campos Supracausais, Supramentais e Supraemocionais. Na
continuidade do desmoronamento as dimensões, mundos, universos ou
campos energéticos materiais Causais, Mentais e Astrais ou Emocionais e
finalmente na imersão completa na matéria mais densa, os universos, mundos,
dimensões ou campos Etéricos e Físicos. Caminhando no prosseguimento do
impulso de total inconsciência surgirão as dimensões e campos magnéticos
microscópicas e punctiformes do átomo e das sub-partículas atômicas, quando
todas as outras dimensões passam a existir em estado de germe ou latência a
serem readquiridas e desenvolvidas na escola evolutiva. O perispírito
representa o conjunto dessas dimensões na forma de corpos, envoltórios,
campos e níveis conscienciais assim caracterizados a partir do processo
evolutivo:

1)- Do Átomo ao Mineral o ser estará envolvido pelo campo


magnético ou vibracional das sub-partículas atômicas, vivenciando o
movimento e a atração, e terá no Duplo Etérico a principal meta a
ser alcançada;

79
2)- No Vegetal o Duplo Etérico será uma realidade, moldando o
início das sensações e o Corpo Astral ou Emocional representará a
próxima conquista;

3)- No Animal o Físico e o Duplo Etérico representam o passado


conquistado e o Corpo Emocional ou Astral estará em pleno
desenvolvimento, reafirmando sensações, instintos e emoções,
sendo que o Corpo Mental se pronuncia em manifestações
preliminares na forma de pensamentos descontínuos, na
estruturação de ideias-relâmpagos ou de ideias-fragmentos;

4)- No Homem o Duplo Etérico e o Corpo Físico são realidades


reencarnatórias, sendo que o Corpo Astral ou Emocional será o
veículo das sensações sensoriais e sentimentais e o Corpo Mental
estará em pleno desenvolvimento expressando-se em fluxos de
pensamentos contínuos, tendo a razão e a inteligência, como
principais atributos. O Corpo Causal velará pelos recursos da
memória atual e permitirá os primeiros passos na percepção do
passado reencarnatório;

5)- No Super-Homem, seja o filósofo, o poeta, o pensador ou gênio,


além dos aspectos descritos anteriormente, o Corpo Supramental é
reconquistado e a superconsciência passa a se expressar permitindo
os insight e as visões intuitivas e integradoras, maiores ou menores,
dependendo do estágio evolutivo conquistado. No santo, o maior dos
representantes desse estágio o Corpo Supraemocional, campo de
forças representativas do amor genuíno, estará em plena
manifestação e o corpo Supracausal, em abertura inicial, permitirá
ao ser, a visão do conjunto da própria história reencarnatória
pregressa e remota, além das quedas do passado longínquo e as
percepções das questões da origem espiritual e dos reinos divinos;

6)- Na continuidade dos esforços evolutivos, o ser, já iluminado,


como Espírito Superior, tal qual quando ocorre no desencarne
terreno, quando abandonamos os corpos físicos e etéricos, perderá
o corpo emocional ou astral, conquistando as dimensões mentais, as
supramentais e as supra-emocionais em definitivo, revelando em
plenitude o amor divino em sua interioridade, e graças as superação
das dimensões causais e supracausais será senhor da própria
história e romperá as barreiras do tempo e do espaço;

7)- Quando toda a influência da matéria for vencida, no abandono de


todos os corpos ou envoltórios energéticos o Espírito estará muito
próximo da união definitiva com Deus-Pai, faltando romper
determinados véus de inconsciência para superar as dimensões
Angélicas ou de Beatitude e adentrar as esferas Crísticas ou
Búdicas ou Arcangélicas, despojando-se de todas as impurezas
materiais e reconquistando a própria consciência em definitivo,
passando a realizar a vida eterna no seio de Deus. É o estado
definitivo do Espírito puro onde a felicidade faz morada eterna.

80
A descrição acima caracterizada em etapas é apenas elemento facilitador para
a nossa compreensão porque vários desses campos, corpos ou dimensões
perispirituais são desenvolvidos conjuntamente em processos ainda
indescritíveis, mas de holo-conquista, em cada estágio evolutivo que o ser vai
ascendendo, vivenciando e superando:

"Também a vida é um ciclo, com a sua fase evolutiva e involutiva, é


o inexorável retorno ao ponto de partida". (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 26, p. 74).

"Compreendendo-se, porém, que o princípio divino aportou na Terra,


emanado da esfera Espiritual, trazendo em seu mecanismo o
arquétipo a que se destina, qual a bolota de carvalho encerrando
em si a árvore veneranda que será de futuro, (...)". (André Luiz,
Evolução Em Dois Mundos, Capítulo III, Primeira Parte, p. 35). (Os
grifos são nossos).

"O princípio contém, em embrião, todas as formas possíveis, e o


desenho que inclui todas as linhas do edifício, mesmo antes que
surja a primeira pedra para manifestá-lo". (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 29, p. 87).

"O veículo do espírito, além do sepulcro, no plano extrafísico ou


quando reconstituído no berço, é a soma de experiências
infinitamente repetidas, avançando vagarosamente da obscuridade
para a luz". (André Luiz, Evolução Em Dois Mundos, Capítulo IV,
Primeira Parte, p. 40). (Os grifos são nossos).

"Todos os órgãos do corpo espiritual e, consequentemente, do corpo


físico foram, portanto, construídos com lentidão, atendendo-se à
necessidade do campo mental em seu condicionamento e
exteriorização no meio terrestre". (André Luiz, Evolução Em Dois
Mundos, Capítulo IV, Primeira Parte, p. 40). (Os grifos são nossos).

"Desse modo, em qualquer estudo acerca do corpo espiritual, não


podemos esquecer a função preponderante do automatismo e da
herança na formação da individualidade responsável, para
compreendermos a inexeqüibilidade de qualquer separação entre
Fisiologia e a Psicologia, porquanto ao longo da atração no mineral,
da sensação no vegetal e do instinto no animal, vemos a crisálida de
consciência construindo as suas faculdades de organização,
sensibilidade e inteligência, transformando gradativamente, toda a
atividade nervosa em vida psíquica". (André Luiz, Evolução Em Dois
Mundos, Capítulo IV, Primeira Parte, p. 40).

"Sob a orientação das Inteligências Superiores, congregam-se os


átomos em colméias imensas, e, sob a pressão, espiritualmente
dirigida, de ondas eletromagnéticas, são controladas reduzidas as
áreas espaciais intra-atômicas, sem perda de movimento, para que
se transforme na massa nuclear adensada, de que se esculpe os

81
planetas, em cujo seio as mônadas celestes encontrarão adequado
berço ao desenvolvimento". (André Luiz, Evolução Em Dois Mundos,
Capítulo I, Primeira Parte, p. 23).

"À crisálida de consciência, que reside no cristal a rolar na corrente


do rio, aí se acha em processo libertatório; as árvores que por vezes
se aprumam centenas de anos, a suportar os golpes do Inverno e
acalentadas pelas carícias da Primavera, estão conquistando a
memória; a fêmea do tigre, lambendo os filhinhos recém-natos,
aprende os rudimentos do amor; o símio, guinchando, organiza a
faculdade da palavra. (...). Somos criação do Autor Divino, e
devemos aperfeiçoar-nos integralmente". (André Luiz, No Mundo
Maior, Capítulo 3, p. 52).

"Pela compreensão progressiva entre as criaturas, por intermédio da


palavra que assegura o ponto de intercâmbio, fundamenta-se no
cérebro o pensamento contínuo e, por semelhante maravilha da
alma, as idéias-relâmpagos ou as idéias-fragmentos da crisálida
de consciência, no reino animal, se transformam em conceitos e
inquirições, traduzindo desejos e idéias de alentada substância
íntima". (André Luiz, Evolução Em Dois Mundos, Capítulo X,
Primeira Parte, p. 76). (Grifos do autor).

"Com a Supervisão Celeste, o princípio inteligente gastou, desde o


vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra,
mais ou menos quinze milhões de séculos, a fim de que pudesse,
como ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar
as suas primeiras emissões de pensamento contínuo para os
Espaços Cósmicos". (André Luiz, Evolução Em Dois Mundos,
Capítulo VI, Primeira Parte, p. 53). (Os grifos são nossos).

"Assim também com o espírito. Quanto mais evoluído, sábio e


moralizado, mais complexa e poderosa a sua estrutura orgânica
perispiritual, capaz de viver e agir em domínios cada vez mais
amplos de tempo e espaço". (Áureo, Universo e Vida, Capítulo V,
Item 16, p. 95).

"(...) a marcha do princípio inteligente para o reino humano e que a


viagem da consciência humana para o reino angélico simbolizam a
expansão multimilenar da criatura de Deus que, por força da Lei
Divina, deve merecer, com o trabalho de si mesma, a auréola da
imortalidade em pleno Céu". (André Luiz, Evolução Em Dois
Mundos, Capítulo IV, Primeira Parte, p. 41).

82
4) - A CIÊNCIA E O ESPÍRITO

"Pode o homem receber, fora das investigações da Ciência,


comunicações de uma ordem mais elevada sobre aquilo que
escapa ao testemunho dos sentidos?

- Sim, se Deus o julgar útil, pode revelar-lhe aquilo que a Ciência


não consegue aprender". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos,
Pergunta 20).

Infelizmente, devido ao materialismo reinante, ainda não temos uma teoria


científica que abranja com autoridade a Consciência, o Espírito, o Homem e os
seus corpos, a aura, as dimensões extrafísicas ou espirituais. A ciência é hoje
o mais importante campo de pesquisa e de desenvolvimento humano.
Anteriormente predominou a filosofia, após a religião e a arte e hoje é o
cientista o referencial da sociedade, a opinião mais abalizada, o lastro que
autoriza ou faz cair em descrédito esta ou aquela teoria, afirmação ou
experimento. Antes, na cultura ocidental, os filósofos, por muitos séculos,
regeram o leme do conhecimento, após, os teólogos, depois a visão e os
desafios dos artistas, mas na atualidade, quando atingimos estágios
importantes de amadurecimento e evolução coletiva, a ciência desponta como
a ferramenta com maior propriedade para esclarecer e desvendar os mistérios
da vida e do universo. No futuro, acreditamos que unindo filosofia, ciência, arte
e religião em uma síntese orgânica e tendo a consciência como instrumento de

83
pesquisa, pelas vias da intuição, uma nova era despontará com perspectivas
inimagináveis. Até lá temos de nos contentar com interpretações filosóficas das
descobertas científicas, com visões teóricas incompletas, que tentam unir as
revelações oriundas do mais alto, as intuições de médiuns, pensadores e
ativistas com as novas descobertas científicas, preparando de alguma forma o
futuro e auxiliando mesmo com colocações muitas vezes inexatas, dualistas,
dúbias, eivadas de uma espécie de materialismo espiritual, com formulações
em conflito, ora sustentada pelos princípios causais da física clássica, ora pelos
postulados sincrônicos da física quântica, mas que, mesmo assim,
desenvolvem idéias integradoras, propiciando novas visões, do fato cada vez
mais claro, da existência inequívoca do Espírito, e das dimensões extrafísica
onde ele se insere. Aliás, quanto à exatidão e ao absolutismo que muitos
atribuem às teorias científicas, assinala o filósofo Karl Popper, que nenhuma
teoria jamais poderia ser conclusivamente comprovada como verdadeira e
mesmo que ela venha a sobreviver a variados experimentos sempre restará a
possibilidade de experimentos futuros vir a demonstrar suas falhas, a certeza
máxima, segundo Popper, seria provar a falsidade e erro dessa ou daquela
teoria, mas jamais a sua absoluta exatidão. Nos dias atuais o impasse se
tornou ainda maior, porque o universo teórico dos físicos ultrapassou em muito
a capacidade de experimentação em laboratórios, e mesmo as teorias, como
as atinentes à física quântica já abordam, a possível interferência da mente do
pesquisador no ato de observar ou comprovar e que muitos atributos ou leis da
natureza jamais poderão ser “vistos” ou “medidos”. A nossa observação afeta
os objetos quânticos. As explicações materialistas, o absolutismo de alguns
cientistas que refutam veementemente a existência do Espírito e as suas
dimensões, afirmando que tudo no homem, até a consciência, é simples
produto químico do cérebro humano, já não se sustenta, dado o volume de
fatos que os desaprovam. Como diria o biólogo Thomas Henry Hurley,
conhecido como o buldogue de Darwin: “Muitas belas teorias acabaram sendo
refutadas por fatos feios”. O que não falta, nos dias que correm, são "fatos
feios" que demonstram, inegavelmente, que a consciência é o fundamento de
todas as coisas e seres, contrariando as “belas” teorias que tentam reduzir o
homem a uma tábua rasa de estímulos. A validade universal da metafísica
materialista, apesar dos condicionamentos, preconceitos e inércia vai sendo
varrida por novos fatos e teorias que vem integrando paradigmas onde a aura,
os campos morfogenéticos, os chakras, as energias sutis e as várias
dimensões da consciência ganham destaque. Tudo é consciência, tudo é
Espírito:

“Há corpos celestes e há corpos terrestres". (I Coríntios, 15:40).

"Quanto mais se sobe tanto mais se ganha em vastidão, em


abstração, e mais se perde em segurança experimental. Quanto
mais se desce na realidade concreta, tanto mais se restringe o
campo das nossas conclusões". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo,
Capítulo XVIII, p.220).

84
4.1) - OS CORPOS

O Corpo perispiritual ou espiritual ou psicossoma pode ser definido como


sinônimo de corpo astral ou como o conjunto dos corpos, excetuando-se o
corpo físico e duplo etéreo. O perispírito nesta conceituação seria um mediador
entre o Espírito e o corpo físico, não homogêneo, mas heterogêneo, formado
de densidades ou campos energéticos ou vibracionais ou camadas sutis
ascensionais (do Físico para o Espírito) ou descendentes (do Espírito para o
Físico), numa espécie regular de graduação vibratória, denominados de corpos
por várias escolas espiritualistas. Os corpos seriam unidades representativas
de mundos conscienciais, vestes ou instrumento de manifestação do Espírito,
nas várias dimensões, as quais, por evolução, a personalidade humana vai
ascendendo rumo ao reino da unidade, experenciando “o si mesmo”,
mergulhando no oceano infinito de vibrações, realizando o caminho de retorno
do “Filho Pródigo”, cumprindo o seu desiderato que é a jornada rumo à
totalidade:

"Além dos horizontes que o nosso olhar pode abranger, outros


mundos e outras humanidades evolvem no rumo da perfeição!...

Todos somos irmãos, filhos de um só Pai, que nos aguarda sempre,


de braços abertos, para a suprema felicidade no eterno bem!..."
(Emmanuel, Roteiro, Lição 40, p.169).

4.2) – O EGO

A consciência individual seria condensações locais, inclusas no espaço-tempo,


mergulhada no relativo, deste grande princípio de unidade ou Consciência
Cósmica e o Ego que forma as nossas diferentes personalidades, nos diversos
processos reencarnatórios, uma distorção da verdadeira consciência, um falso
movimento, uma deformidade, um desmoronamento, uma negação, uma queda
operada pelo ser em razão de sua liberdade infinita:

"Não possuindo a criatura poder de criar, era incapaz de gerar outros


modelos; sendo efeito e não causa, ela não podia ser causa de
efeitos novos. Tudo o que ela podia fazer era alterar o que existia.
Se o S (Sistema) era tudo o que havia, o que podia surgir era
somente a sua negação". (Pietro Ubaldi, Queda e Salvação,
Capítulo 04, p. 88). (Os grifos são nossos). (A palavra entre
parênteses é complemento nosso).

4.3) – O DUALISMO

O dualismo mente e corpo, espírito e matéria, energias sutis e físicas,


dimensões diversas em paralelismo e interação, sempre foi a grande objeção
científica para a defesa do primado da matéria e seus correlatos, energia e
campos de força. Afirmam que não é possível a relação de objetos duais
separados, e se a mente for a antítese da matéria, o que faria a intermediação

85
entre ambos? Alguns tentam responder mencionando a possível existência de
mediadores, como as energias sutis não físicas, oriundas dos diferentes
mundos conscienciais, mas o princípio da conservação da energia, um dos
mais seguros fundamentos da física, parece evidenciar a não existência dessas
energias ou outros mundos dimensionais, porque não sobra ou passa qualquer
“quantidade” de energia, nos mais variados fenômenos estudados pela ciência,
a energia total do mundo físico nunca se altera. Para fugirem do dualismo
concebem a consciência, a mente, apenas como cérebro, um epifenômeno da
matéria. A matéria seria assim a realidade única. Se partirmos do pressuposto
que as substâncias diversas não se comunicam ou que necessitariam de
mediadores por serem substâncias que nada tem em comum, fica praticamente
impossível unificar os vários conceitos e experiências em uma cosmovisão
integradora. Os cientistas mais conservadores fogem da discussão de temas
que tentam integrar a consciência ao estudo da física. Segundo eles a física
deve se ater ao estudo dos fenômenos naturais reais. Acham questionável
qualquer idéia, explicação ou paralelismo entre a física, principalmente a física
quântica e a espiritualidade, chamando de “imposturas teóricas” qualquer
tentativa nesse sentido. Alegam que a mecânica quântica lida apenas com o
comportamento de partículas subatômicas e que o físico não tem de se
importar com questões filosóficas, julgam tudo como ficção e asseguram que
quando os seres humanos desejam são capazes de ver paralelismo em
qualquer coisa mesmo que sejam evidentemente dessemelhantes:

"No entanto, embora o físico médio não se incomode com questões


filosóficas, os maiores entre eles se incomodavam. Einstein,
Heisenberg e Bohr passavam longas horas em acaloradas
discussões, lutando até altas horas com o significado da medida, o
problema da consciência e o significado da probabilidade em seu
trabalho”. (Michio Kaku, Hiperespaço, p. 342).

A existência do átomo, até recentemente, também já foi tida como uma ficção
útil sem nenhuma base concreta na realidade, por muitos físicos. O próprio
Einstein tentou provar que os buracos negros eram impossíveis de existirem na
realidade cósmica, apesar de tais conceitos, terem se originado do
desenvolvimento das equações matemáticas da Teoria da Relatividade. Hoje
se sabe que provavelmente mais de 300 milhões de buracos negros devem
existir em todo céu noturno e o átomo é uma realidade onde as “nuvens” de
elétrons dançam ao redor do núcleo, manifestando-se ora como onda, ora
como partícula. O que não podemos perder de vista é que as teorias científicas
são apenas criações livres da mente humana. As teorias são sempre
aproximações e não a descrição real e última da realidade. À medida que
avançamos, novas teorias surgem solapando, muitas vezes, o senso comum e
os pilares dos conceitos antigos. Nenhuma teoria é sagrada!

4.4) – UNIVERSOS PARALELOS

Os teóricos das supercordas e a teoria das membranas estão investigando a


possibilidade da existência de um espaço-tempo com mais de 10 ou 12
dimensões, mas essas dimensões talvez sejam microscópicas bem menores
do que um núcleo atômico. De qualquer forma, abre as janelas da nossa

86
compreensão para a visão multidimensional, visão que é enriquecida com a
teoria dos Universos Paralelos do físico Andrei Linde, que concebe um quadro
onde universos podem “germinar” outros universos, que existiriam em muitos
estados. Universos que poderiam existir em paralelismo com ligações entre
eles, onde a ponte Einstein-Rosen ou os “Warm Hole” (buracos de minhoca)
viria a funcionar como uma passagem ou portal dimensional entre dois
universos ou ligando regiões distintas de um mesmo universo. Assim, existiria
não o universo, mas universos múltiplos, “multiverso” ou “megaverso”:

"De acordo com esta teoria, um pequeno pedaço do universo pode


de repente inflar e "germinar", fazendo brotar um universo "filho" ou
universo "bebê", que por sua vez pode desabrochar em outro
universo bebê, com este processo de germinação continuando para
sempre.(...). Neste cenário, os big bangs vêm acontecendo
continuamente. Se verdadeiro, podemos estar vivendo num mar
desses universos, como uma bolha flutuando num oceano de outras
bolhas. De fato, uma palavra melhor do que "universo" seria
"multiverso" ou "megaverso"". (Michio Kaku ,Mundos Paralelos,
Capítulo Um, p. 30).

"Vosso universo físico move-se todo em velocidade vertiginosa, em


relação a outros longínquos universos semelhantes, a fim de fazer
parte, com eles, de sistemas ainda maiores”. (Pietro Ubaldi, A
Grande Síntese, Capítulo 33, p. 99).

"Se vosso universo é finito como vórtice sideral, o sistema de


universos e o sistema de sistemas de universos é infinito”. (Pietro
Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo 35, p. 104).

"Enquanto se discute ser ou não aberto ou fechado o Universo


conhecido, em contínua expansão ou em permanente criação de
matéria nos espaços intergalático, o astrônomo soviético
Ambartsumian, em nossa opinião bem mais próximo da realidade,
traz à discussão a idéia de que o Universo em que vivemos,
realmente curvo e fechado, como entendeu Einstein, é apenas uma
metagaláxia, além da qual muitas outras ostentam, no Infinito,
diferentes características de espaço-tempo”. (Áureo, Universo e
Vida, Capítulo I, p.17).

Se o universo for realmente fechado, a soma total da energia do universo deve


ser exatamente zero, preservando o princípio de conservação da energia em
sua totalidade e abrindo brechas para fugirmos do dualismo mente e corpo,
espírito e matéria e nos firmamos na concepção de ser a consciência, o espírito
e não a matéria o fundamento de todas as coisas. Tudo é consciência, tudo é
espírito, a essência é uma só:

"Em seus múltiplos estados a matéria é força coagulada, dentro de


extensas faixas dinâmicas, guardando a entidade mental de tipos
diversos, em seu longo roteiro evolutivo.

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Corpos sólidos, líquidos, gasosos, fluídicos densos e radiantes,
energias sutis, raios de variadas espécies e poderes ocultos tecem a
rede em que a nossa consciência se desenvolve, na expansão para
a imortalidade gloriosa". (Emmanuel, Roteiro, Lição 05, p.25).

Não haveria a necessidade de formularmos teorias da possível existência de


energias sutis, não físicas ou imateriais, como mediadoras do dualismo mente
e corpo, bastaríamos entendermos o espírito, a energia e a matéria como
estados vibracionais diferentes da mesma e única substância e mesmo assim
esta substância não seria “coisa”, mas centro-movimento de potências
variadas, verdadeiros vórtices ou condensações ou campos de diferentes
densidades:

"A substância fundamental, material de construção do edifício das


coisas, é um puro campo eletro-magnético, desaparecendo toda
idéia de substrato material”. (Pietro Ubaldi, Deus e Universo,
Capítulo XII, p.162).

"As partículas subnucleares são apenas ondulações no mar


turbulento do espaço”. (Bob Toben e Fred Alan Wolf, Espaço-Tempo
e Além, p.52).

"Eis, pois, um espaço–substância que não é vazio nem inerte, mas


por sua natureza é genético da matéria, isto é, possui as qualidades
aptas à formação, no seio, das condensações ou concentrações de
substância que se denominam matéria.” (Pietro Ubaldi, Deus e
Universo, Capítulo XII, p.162).

"Disto se segue a fascinante possibilidade de que tudo que vemos à


nossa volta, das árvores e montanhas, às próprias estrelas, nada
mais sejam que vibrações no hiperespaço”. (Michio Kaku,
Hiperespaço, p.10). (Itálicos do autor).

"Podemos, assim, logicamente chegar ao conceito de espaço-


substância, derivando-o do conceito de energia-substância, e este
do de pensamento substância". (Pietro Ubaldi, Deus e Universo,
Capítulo XII, p.163).

A matéria pode ser definida como luz ou energia congelada, ou luz (energia)
capturada gravitacionalmente, e a ciência através da famosa equação E = MC²
já mostrou que ambas estão relacionadas. Da mesma forma, quem sabe a
energia poderá no futuro, ser concebida como pensamento, ou “espírito”
congelado, e por sua vez o Espírito como a unidade, o todo, O TODO UNO
DEUS congelado, à espera do despertar evolutivo:

"Desperta, ó homem, no espírito, porque neste, em teu âmago, está


o infinito”. (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo XI, p.156).

A teoria das cordas e a teoria M são estruturadas na idéia de que a variedade


de partículas subatômicas que compõem o universo sejam diferentes notas de

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cordas minúsculas, que vibram em diferentes freqüências e ressonâncias. Os
átomos seriam formados por interações entre padrões vibratórios. Segundo
essa teoria, se pudéssemos adentrar a intimidade de um elétron veríamos não
uma partícula pontual, mas uma minúscula corda vibrando:

"O próprio universo, composto de incontáveis cordas vibráteis, seria


então comparável a uma sinfonia”. (Michio Kaku, Hiperespaço,
p.173).

As partículas assim concebidas poderiam se manifestar em diferentes “estados


vibracionais", como campos de energia oscilante, migrando de um universo
para outro, de uma região dimensional de um mesmo universo para outro
através de saltos quânticos multidimensionais e tudo se organizando e
movendo-se simultaneamente e em sincronicidade. Todos os corpos seriam
compostos de partículas correlacionadas em freqüências mais sutis ou mais
densas, expressando, no entanto, a mesma e única substância. O universo ou
universos estariam subdivididos em inúmeras dimensões onde a matéria seria
encontrada em estados diversos:

"Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por


exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos
sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria”.
(O Livro dos Espíritos, Trechos dos Comentários à perg. 22).

O primado da consciência, que tudo rege, se manifestaria por conexões locais


e estruturais como descreveremos os corpos grosseiros e sutis e por conexões
não-locais que estabelecem estados e comunicações instantâneas, sem a
ajuda de sinais. A consciência em si é universal, unitária, total,: “Que também
eles sejam um em nós” (João, 17:21), expressando ondas de possibilidades
infinitas e manifestando-se pelas vias da individualidade, filtrada pela lente do
ego, nas mais diferente dimensões, onde a mente, o cérebro, o corpo físico e
os corpos sutis são apenas veículos temporários da grande epopéia do
espírito, possibilidades da consciência unitária, que é, em síntese, a mediadora
de todas as interações, o fundamento de todos os seres, universos e mundos.
Somos viajores em busca da estação da totalidade e Deus-Pai é o Senhor de
todas as possibilidades, permitindo-nos traçar o nosso próprio caminho,
infinitamente livres em qualquer possível direção:

"Concluímos agora com esta grave afirmação levando até às últimas


conseqüências os motivos acima assinalados: as diferentes almas
individualizadas são fragmentos do Espírito e constituem cada
individualização decaída em toda forma existente”. (Pietro Ubaldi,
Deus e Universo, Capítulo XIX, p. 236).

4.5) – O RELATIVO E O ABSOLUTO

Vivemos em um universo material mergulhado num oceano consciencial


atemporal, incomensurável, não físico, que se revela na intimidade de todas as
coisas, existente antes e além do espaço-tempo:

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"Acho impressionante que a Física moderna postule a idéia de um
universo em que não haja tempo e espaço, sem o qual muito da
mesma Física não faria quase nenhum sentido nem teria ligação
com a realidade da forma como nós a percebemos”. (Fred Alan Wolf,
Viagem no Tempo, Capítulo I, p.24).

Do relativo onde tudo se expressa em matéria e energia inclusive o


pensamento e o que denominamos de fluido magnético, fluido vital etc.,
buscamos por processo evolutivo, em um vir a ser constante, num
transformismo contínuo, a eternidade, a perfeição, o absoluto, o imaterial, o
Espírito, a Consciência Unitária, o Todo, o Nirvana, o Sistema, o Paraíso
Divino, Deus:

"O espírito adormecido deve despertar para chegar até Deus”.


(Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo I, p.29).

"(...): desperta e sentirás que Deus está a teu lado, está dentro de ti,
é a tua vida, a vida de tudo”. (Pietro Ubaldi, Deus e Universo,
Capítulo X, p.181).

"Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e


extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial.
Entretanto, ele ainda é matéria, - a matéria mental, em que as leis
de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos
prevalecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de
energia sutil em que todos nos achamos submersos e no qual
surpreendemos elementos que transcendem o sistema
periódico dos elementos químicos conhecidos no mundo”.
(André Luiz, Mecanismos da Mediunidade, Capítulo IV, p.45). (Os
grifos são nossos).

"Quando vossa consciência tiver encontrado meios para agir, mais


profundamente, na estrutura íntima da matéria, vereis multiplicar-se
o número das espécies químicas (...)”. (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 16, p.47).

"(...) ao poder do fluido magnético, que constitui por si só emanação


controlada de força mental sob a alavanca da vontade(...)”. (André
Luiz, Evolução em Dois Mundos, Capítulo XV, Segunda Parte,
p.201).

O universo ou o conjunto de universos seria um todo de forças dinâmicas


expressando as Vibrações do Criador, uma cadeia de vidas, no dizer de
Emmanuel, que se entrosam na Grande Vida:

"Nos fundamentos da Criação vibra o pensamento imensurável do


Criador e sobre esse plasma divino vibra o pensamento mensurável
da criatura a constituir-se no vasto oceano de força mental em que
os poderes do Espírito se manifestam”. (André Luiz, Mecanismos da
Mediunidade, Capítulo IV, p.44).

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Este Todo se expressa em multifárias dimensões, em processos vibracionais
de influência recíproca, onde ninguém pode evitar o movimento de permuta
incessante, no palco da vida, estuante e presente em inúmeros universos e
mundos, que por sua vez são estruturados, apesar da sua imensa diversidade,
em um esquema único que se repete ao infinito:

"(...) o universo é um Todo que, ainda quando pulverizado em


infinitas formas ou expressões de um mesmo princípio central único,
permanece organicamente compacto, porque ele é constituído
segundo um esquema único, consoante em idêntico modelo que
se repete ao infinito em cada unidade menor, em que a maior se
ramifica e se diferencia até à extrema pulverização”. (Pietro Ubaldi,
Deus e Universo, Capítulo II, p.31). (Os grifos são nossos).

Baseando-nos no princípio dos esquemas múltiplos e de tipo único, repetidos


em todos os níveis evolutivos, compreenderemos que o corpo físico e os
corpos sutis são estruturados em um mesmo modelo, seguindo um padrão com
pequenas variações. Todos os corpos são construções mentais temporárias,
seguindo o modelo da forma humana quando exteriorizados, nas dimensões
mais grosseiras ou densas como a física, etérica e a astral, e paulatinamente
tornado-se menos densos e com novas formas ou podendo assumir a forma
que o Espírito desejar, a partir principalmente do corpo mental, causal,
supraemocional, supramental, supracausal etc. Os níveis mais inferiores
refletem os superiores, e não o contrário. Não é o corpo físico que modela o
perispiritual e dá á sua forma, mas é o corpo astral que modela a etérica e a
física, seguindo os moldes de estruturação do corpo mental. As principais
glândulas e plexos nervosos do corpo humano e perispiritual, conjugam-se nas
terminações dos centros de forças primordiais existentes em todos os corpos
densos e no corpo mental como matriz e molde, dando passagem a correntes
vitais e mentais que tudo nutre e sustenta, captada desse oceano de força
mental, desse mar de energia sutis, oriunda das exteriorizações individuais e
coletivas, vivificada pelo plasma divino: “porque nele vivemos, e nos movemos,
e existimos”. (Atos, 17:28).

Os corpos são invólucros conquistados na descida involutiva e


redimensionados na subida evolutiva, roupagem correspondente a cada mundo
que a contração das consciências plasmou, e que evolutivamente vamos
reconquistando, energia e matéria, que aprisionam temporariamente o espírito
rebelde:

"E quando sabe utilizar as sombras do palácio corporal que o


aprisiona temporariamente, no desenvolvimento de suas faculdades
divinas, meditando e agindo no bem, pouco a pouco tece as asas de
amor e sabedoria com que, mais tarde, desferirá venturosamente os
vôos sublimes e supremos, na direção da Eternidade". (Emmanuel,
Roteiro, Capítulo 02, p.14).

E a matéria, como mencionamos anteriormente, não pode mais ser descrita


como “coisa” palpável e existente em si mesma, mas a sua natureza e solidez
é apenas reflexo de seu movimento intrínseco:

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"De modo que, na substância não existe matéria, no sentido que lhe
dais, mas só existe movimento. A diferença entre matéria e energia
é dada apenas pela direção diferente desse movimento: rotatório,
fechado em si mesmo, na matéria; ondulatório, com ciclo aberto e
lançado ao espaço, para energia.

No princípio havia o movimento e o movimento concentrou-se na


matéria; da matéria nasceu a energia e da energia emergirá o
espírito”. (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese Capítulo 46, p.141). (Os
itálicos são do autor).

"Nós, seres humanos, estamos a meio caminho, suspensos entre o


abismo do aniquilamento e o cume da perfeição”. (Pietro Ubaldi,
Deus e Universo, Capítulo VIII, p.92).

"Viveis para conquistar uma consciência cada vez mais ampla”.


(Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo VI, p.26).

Lembremos que a energia de movimento pode ser transformada em matéria, e


que por sua vez, pode ser convertida em energia, daí o movimento ser o
principal parâmetro do mundo relativo, em todas as dimensões que vão do
espaço ao átomo e deste ao arcanjo:

"Há, entretanto, uma única realidade constitutiva do universo físico: o


espaço fluido e móvel e o seu movimento”. (Pietro Ubaldi, Deus e
Universo, Capítulo XII, p.158).

"Os seres não se detêm nos diversos níveis, mas se movem num
íntimo movimento que os transforma a todos”. (Pietro Ubaldi, A
Grande Síntese, Capítulo 29, p. 85). (Itálicos do autor).

A evolução, através do movimento e da transformação, potencializa e acelera


as nossas vibrações, e quanto mais rápidas forem as nossas ondas mentais
mais lentamente o tempo progride, até parar, e menores e mais estreitas serão
as distâncias, se contraindo praticamente até o nada relativo:

"Recordemos, ainda, o pensamento, atuando à feição de onda, com


velocidade muito superior à da luz, e lembremos-nos que toda mente
é dínamo de força criativa”. (André Luiz, Ação e Reação, Capítulo 5,
p.70)

"O pensamento implica tempo, somente enquanto, e na medida em


que ainda é energia; quanto mais é cerebral, racional, analítico, tanto
menos é abstrato, intuitivo, sintético. Neste segundo sistema
tridimensional, assistis a uma aceleração contínua de ritmo. Nessa
aceleração o tempo é gradativamente absorvido”. (Pietro Ubaldi, A
Grande Síntese, p. 108). (Itálicos do autor).

"A eternidade é alguma coisa qualitativamente diversa do tempo,


situada nos antípodas. Ela não é o prolongamento de um tempo que,

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embora avançado, sempre está sujeito à duração. É um tempo
imóvel, que não anda e jamais passa. É um não-tempo”. (Pietro
Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo V, p.56).

Devemos então conceber a imobilidade do absoluto, não como inércia e o


nada, mas um movimento realizado em ordem absoluta, um estado de tal
velocidade onde o tempo-espaço não mais exista como o compreendemos,
mas apenas a manifestação de plenitude do oceano infinito de Consciência
Unitária onde nos reintegraremos:

"(...) o tempo e o espaço são produtos da mente e não existem sem


ela”. (Fred Alan Wolf, Viagem no Tempo, Capítulo 01, p.24).

"O universo psíquico já é muito mais vasto que os outros dois (físico
e dinâmico), o limite tempo-espacial já desapareceu completamente!
Vossa mente, é inegável, perde-se em tanta amplidão. Mas deveis
compreender, certamente, que o absoluto só pode ser um infinito,
porque só um infinito pode conter e esgotar todas as possibilidades
do ser”. (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo 29, p. 86). (As
palavras entre parênteses, em itálico, são inserções nossas).

"É sempre o estado cinético que constitui a gênese de qualquer


forma de matéria. Assim os sistemas galácticos, planetários ou
atômicos, vêm a ser constituídos por campos de espaço fluido-
dinâmico, girando em torno a um centro, isto é, por vórtices de
energia, cuja rotação é determinada pelo estado cinético, segundo o
esquema universal, pelo qual tudo, em qualquer nível do ser, tanto
no espiritual como no dinâmico, roda em torno ao centro – Deus”.
(Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo XII, p.160).

4.6) – A MATÉRIA

Michio Kaku no livro Mundos Paralelos, discutindo a questão da presença da


matéria no nosso universo, chega a brincar com o assunto, ao traduzir o
pensamento de um dos pais da teoria do “universo inflacionário”, Allan Guth: “o
universo talvez saia barato”. Porque para se criar um universo semelhante ao
nosso possivelmente seja necessária uma quantidade ridícula de matéria:
apenas 28 gramas. Estes universos nascem a partir de flutuações quânticas no
vácuo, iniciando-se provavelmente por uma bolha do tamanho do comprimento
de Planck: 10-³³ centímetros.

O universo cresceu e expandiu de uma mínima fração, tudo, incluindo tempo e


espaço, achava-se comprimido numa região menor que um próton. E como diz
George Smoot muitas pessoas acreditam que o universo teve origem num
espaço pré-existente, não: “Ao contrário de uma explosão convencional,
contudo, o big-bang não se processou dentro de um espaço existente; ele criou
o espaço à medida que se expandia (e continua a se expandir). O big-bang foi
a criação cataclísmica de matéria e espaço.” (George Smmot e Keay Davidson,
Dobras no Tempo, Capítulo I, p.18)

93
"Segundo a teoria quântica, o espaço vazio fervilha de “partículas
virtuais” que dançam para dentro e para fora do nada.” (Michio Kaku,
Mundos Paralelos, Capítulo Cinco, p.133).

"A criação do plano físico, a partir do nada, ocorreu quando a Idéia,


dinamizando-se, gerou centros movimentos de potência variada, ou
seja, vórtice ou condensações físicas de várias densidades, segundo
a grandeza dos impulsos transmitidos.” (Pietro Ubaldi, Deus e
Universo, Capítulo XII, p.161).

"A cada momento ocorre a criação, alguma coisa emerge de um


nada relativo, surge em realização de algo que estava à espera no
germe. Não existe um nada absoluto". (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 29, p. 87).

E mais do que expandir estes universos nascidos do nada relativo, gerados por
um campo vibratório em contração e oscilação, está se acelerando, conforme
acreditam inúmeros cosmólogos na atualidade Em parágrafos anteriores,
André Luiz mencionava o fato da existência de outros elementos que
transcendem o sistema periódico dos elementos químicos conhecidos no
mundo. E esta tabela periódica, com mais de uma centena de átomos
diferentes, contando os naturais e os desenvolvidos pela ciência, iniciando pelo
hidrogênio, dentro do conhecimento científico contemporâneo, representa
apenas 4% de todo o conteúdo de matéria e energia do universo, sendo que
dos 4% mais ou menos 75% é hidrogênio e 25% é hélio, sendo que todas as
outras partículas representam apenas 0,03% dos elementos do universo. Os
cientistas começam a discutir o fato de ser o universo formado
predominantemente por um novo tipo de matéria e energia, a matéria e a
energia escura:

"Segundo o WMAP, (sigla em Inglês para Sonda Anisotrópica de


Microondas Wilkinson), 23 por cento do universo é composto de uma
substância estranha indeterminada, chamada matéria escura, que
tem peso, cerca as galáxias num halo gigantesco, mas é
completamente invisível. A matéria escura é tão abundante que, na
nossa própria galáxia, a Via Láctea, excede todas as estrelas por um
fator de 10. Embora invisível, esta estranha matéria escura pode ser
observada indiretamente pelos cientistas porque ela curva a luz das
estrelas, assim como o vidro, e portanto pode ser localizada pelo
número de distorções óticas criadas”. (Michio Kaku, Mundos
Paralelos, Capítulo Um, p.27). (As palavras entre parênteses, em
itálico, são inserções nossas).

"Mas talvez a maior surpresa causadas pelos dados do WMAP,


dados que deixaram a comunidade científica tonta, foi a de que 73
por cento do universo, de longe a maior quantidade, é composta de
uma forma totalmente desconhecida de energia chamada energia
escura, ou a energia invisível oculta no vácuo do espaço.
Apresentada pelo próprio Einstein em 1917, e depois descartada
(ele a chamou de seu “maior erro”), a energia escura, ou a energia

94
do nada ou do espaço vazio, esta agora ressurgindo como a força
motriz de todo o universo. (...) Ninguém atualmente sabe de onde
vem esta “energia do nada”. (...) Se pegarmos a mais recente teoria
das partículas subatômicas e tentarmos calcular o valor desta
energia escura, encontraremos um número perto de 10¹²º (esse é o
número 1 seguido de 120 zeros). (Michio Kaku, Mundos Paralelos,
Capítulo Um, p.27).

A importância dessa descoberta é imensurável. A energia e a matéria escuras


nos dão a dimensão do mar ou oceano de energia em que nos movemos, a
visão de que a matéria visível que observamos, e que antigamente
representava a totalidade e hoje é apenas discretos 4% de todo o conteúdo de
matéria e energia do universo, é espetacular, e abre as portas da nossa
compreensão não só para a constatação de que o universo está se acelerando,
mas também para a possibilidade da existência de outros padrões de matéria e
energia, ainda não postulados, mas que podem vir a ser, explicando enfim, a
existência de outras dimensões, entre elas a espiritual, o plano espiritual, em
contato permanente com o plano físico, conforme atestam inúmeros relatos
mediúnicos. Apesar da existência de várias teorias que descrevem outras
dimensões, entre elas a “teoria dos muitos mundos”, estes mundos coexistiriam
em vários estados possíveis, paralelos a nossa realidade física, mas não
poderíamos vir a interagir e muito mesmo percebê-los: “Para todos os efeitos,
as ondas destes vários mundos não interagem ou se influenciam mutuamente”.
(Michio Kaku, Mundos Paralelos, Capítulo Um, p.27).

Ora a interação e influência mútua é um dos apanágios das descrições


espirituais:

"A mente é manancial vivo de energia criadora. O pensamento é


substância coisa mensurável. Encarnados e desencarnados povoam
o Planeta, na condição de habitantes dum imenso palácio de vários
andares, em posição diversas, produzindo pensamentos múltiplos
que se combinam, que se repelem ou que se neutralizam”.
(Emmanuel, Roteiro, Lição 25, p. 102).

"Muitos comunicantes da Vida Espiritual têm afirmado, em diversos


países, que o plano imediato à residência dos homens jaz
subdividido em várias esferas. Assim é, com efeito, não do ponto de
vista do espaço, mas sim sob o prisma de condições, qual ocorre no
globo de matéria mais densas, cujo o dorso o homem pisa
orgulhosamente.

Para justificar a nossa asserção, lembraremos, em rápida síntese,


que a crosta terrestre, na maior parte dos elementos que a
constituem, é sólida, mas conservando, aqui e ali, vastas cavidades
repletas de líquido quente ou de material plástico. (...). Encontramos,
assim, na constituição natural do Planeta, desde a barisfera à
ionosfera, múltiplos círculos de força e atividade na terra, na água e
no ar, tanto quanto nos continentes identificamos as esferas de
civilização e nas civilizações as esferas de classe, a se totalizarem

95
numa só faixa do espaço". (André Luiz, Evolução Em Dois Mundos,
Capítulo XIII, Primeira Parte, p.97).

O plano físico e o extrafísico são descritos como um imenso palácio de vários


andares, situados em um mesmo espaço, onde os seres se interconectam em
várias sentidos e direções com matéria e substâncias cada vez mais sutis.
Muito além do que pode ainda nos oferecer a maioria das teorias da Física
Moderna:

"Não seria o antigo problema do dualismo – como a matéria sutil


interage com a matéria atual – novamente a nos atormentar?
Pessoalmente, nunca fui fã da idéia de outra forma de matéria, mais
refinada justamente por isso”. (Amit Goswami, A Física da Alma,
Capítulo 13, p.279).

"Mas onde está o mediador para intermediar a interação de mente e


matéria, de energia sutil e do corpo, de Deus e do mundo?” (Amit
Goswami, O Médico Quântico, Capítulo 1, p.23).

"Quando converso com não cientistas sobre corpos sutis, a pergunta


que mais surge é: “Por que não existem substâncias cada vez mais
sutis, até o infinito?"". (Amit Goswami, A Física da Alma, Capítulo 06,
p.136).

"Para alguns, a energia sutil é um fenômeno emergente das células


e órgãos vivos do corpo. Outros a vêem como uma energia de
freqüência mais elevada do que a energia grosseira. Pesquisadores
mais independentes recorrem à idéia de um “corpo eletromagnético”
revestindo o corpo “bioquímico” normal para explicar a complexidade
da energia sutil". (Amit Goswami, O Médico Quântico, Capítulo 2,
p.31).

E, no entanto, os Espíritos nos asseguram:

"Quanto mais o ser se sublima, mais recursos desenvolve, em


formas cada vez mais altas e nobres de energia sutil, tanto mais
poderosas e excelsas, quanto menos densas e mais diferenciadas
das formas materializáveis de energia”. (Áureo, Universo e Vida,
p.69). (Os grifos são nossos).

"A energia mental é o fermento vivo que improvisa, altera,


constringe, alarga, assimila, desassimila, integra, pulveriza ou
recompõe a matéria em todas as dimensões". (Emmanuel, Roteiro,
Lição 5, p. 26). (Os grifos são nossos).

A descoberta da matéria e energia escuras pode vir a facilitar o


desenvolvimento de novas teorias, abrindo novos campos e raciocínio, que
possa unir conceitos, que por hora parecem dispersos e incompletos. Apesar
da nossa tentativa de construir paralelismos entre vários ramos do
conhecimento, sentimos que enormes lacunas ainda não foram preenchidas

96
satisfatoriamente. A questão da existência das energias sutis é uma delas. A
questão da interação entre universos e mundos é outra. Apesar da abordagem
não dualista que procuramos exercitar nesse texto, muito ainda tem de ser
pesquisado e questionado, até uma visão segura, por postulados científicos,
dos nossos vários corpos e chakras e da vida além da barreira física. Estamos
apenas tentando tatear caminhos.

A interpretação quântica dá uma rica e nova visão, ajudando imensamente,


mas segundo os Espíritos, a matéria se manifesta muito além das nossas
fronteiras, até o pensamento, daqueles que ainda vivem presos à faixa de
evolução terrestre, é matéria. Para esclarecer todas essas equações,
necessitamos de uma abordagem clássica e quântica de uma interpretação
dualista perfeitamente compatível com a visão monista. Campos
morfogenéticos não físicos e não locais residindo fora do espaço e do tempo,
mas também, campos de forças ou aura criados pelos espíritos encarnados ou
desencarnados, delimitando e caracterizando cada individualidade, com
estruturas correlacionadas ao corpo físico. Mundos de existência física, etérica,
astral, mental, causal, supraemocional, supramental, supracausal etc., em
potencial sem substancialidade manifestado pela consciência, pelo colapso
quântico, mas igualmente a mente espiritual como geratriz em processo de
assimilação e desassimilação de todos os processos físicos e extrafísicos,
pelos campos multiformes da aura humana, complexa usina integrada a uma
rede infinita de diferentes faixas vibratórias. Viagens psíquicas com e sem
corpos, por movimentação ou somente por expansão da consciência.
Conexões locais e não locais, causação descendente e ascendente, e tudo
isso visto sob o princípio unitário de que tanto o macromundo como o micro é
regido pela interação da consciência com funções de onda de potencialidade,
através de hierarquias entrelaçadas. A mente como processador de realidades,
a consciência como mediadora de todos os fenômenos.

Essa enorme dificuldade teórica e prática não é só nossa, até os Espíritos que
vivem em planos mais elevados, se referem a ela:

"Todos nós temos consciência dos princípios de unidade e variação,


ou de universalidade e individualidade, que funcionam juntos em
nosso mundo. Onde se encontra o ponto de interação, ou lugar de
reunião desses dois termos opostos? - Resp.: Se temos aí a
consciência dos princípios de unidade e variação, ainda aqui os
observamos, sem haver descoberto o seu ponto íntimo de
união". (Emmanuel, Emmanuel, Capítulo XXXIII, p.171). (Os grifos
são nossos).

Mas chegaremos lá um dia, apesar de todas as limitações:

"A ciência terrena, no estudo das vibrações, chegará a conceber a


unidade de todas as forças físicas e psíquicas do Universo. O
homem, porém, terá sempre um limite nas suas investigações sobre
a matéria e o movimento. Esse limite é determinado por leis sábias e
justas, mas, cientificamente poderemos classificar esse estado
inibitório como oriundo da estrutura do seu olho e da insuficiência

97
das suas faculdades”. (Emmanuel, Emmanuel, Capítulo XXXIII,
p.170).

4.7) – INTEGRANDO TEORIAS

E porque todos esses conceitos são importantes para o nosso estudo a


respeito do Homem, os seus Corpos e os Centros de Força? Porque o homem
é um micro universo estruturado com base no mesmo esquema único em que
os universos se originaram. Os átomos que constituem o nosso corpo físico
tiveram origem na explosão de uma super nova que existiu antes da formação
do nosso sistema solar: realmente somos filhos das estrelas. O espaço onde
nos manifestamos é multidimensional e em constante movimento e cada corpo
sutil que nos integra expressa esse mesmo dinamismo, em freqüências
diversas, esperando o nosso despertar para percebermos os universos, os
mundos, formas e seres que existem à nossa volta. Tudo é uma questão de
ascensão, transformismo, evolução:

"A evolução é um regresso a Deus. Dizemos “regresso” porque é


absurdo ir em direção a Deus, movendo-se de um primeiro ponto de
partida que não seja Deus.” (Pietro Ubaldi, A Descida dos Ideais,
Capítulo XII, p.279).

O passado, presente e futuro se sustentam somente pela cortina de


condicionamento que voluntariamente tecemos e nos enovelamos. Tudo
acontece e se desenvolve no agora:

"Só o relativo que se transforma, possui tempo, isto é ritmo evolutivo.


A Lei, sem limites, está à espera, no eterno”. (Pietro Ubaldi, A
Grande Síntese, Capítulo 29, p. 88).

O Espírito, seguindo o mesmo princípio do Todo, é o centro do seu complexo


fisio-psíquico regendo só em relação ao corpo físico mais de cinqüenta trilhões
de células, pelo automatismo engendrado pelos centros de força que como o
espaço e a matéria também se movimentam como vórtices energéticos
emitindo e assimilando energia mental, provindas do oceano temporal e
atemporal onde existimos, nos movimentamos e vivemos:

"De que número de movimentos cíclicos resulta o fenômeno da


consciência humana!” (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo 28,
p. 83).

"O homem do futuro compreenderá que as suas células não


representam apenas segmentos de carne, mas companheiras de
evolução, credoras de seu reconhecimento e auxílio efetivo". (André
Luiz, Missionários da Luz, Capítulo 13, p.223).

"Cada individualidade é composta de individualidades menores, que


são agregados de individualidades ainda menores, até o infinito
negativo; por sua vez, é elemento constitutivo de individualidades

98
maiores, as quais são de outras ainda maiores, até o infinito
positivo”. (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Capítulo 27, p. 80).

Os nossos corpos são vestes materiais ou condensações de energia sutil que


fomos assimilando à medida que ocorria a queda espiritual: “Semeia-se corpo
animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo
espiritual” (I Coríntios, 15:44). Na síntese que expressa a verdade intrínseca do
fenômeno, ao passar de uma dimensão a outra, enquanto ainda estávamos na
dimensão consciência fomos nos vestindo de diferentes túnicas, ampliando o
falso movimento, desejado pelo nosso livre arbítrio, e dos infinitos caminhos
possíveis, tomamos a direção da contração, afastando-nos de Deus-Pai, nos
aprisionando na energia e após na matéria. O não ser passou a vigorar como a
essência final do impulso inicial de afastamento, quebrando a simetria das
forças e do reino da Consciência, único plano de existência real:

"Pensando em renegar a Deus, com a revolta a criatura só renegou


a si mesma. Sendo ela um elemento do Sistema de Deus, agindo
contra Deus ela agiu contra si, de modo que o que agora aparece
como reação da Lei não é na realidade senão a reação da íntima e
própria natureza do ser contra a sua revolta, que o levou para a dor
e para a morte, enquanto ele não pode deixar de querer a felicidade
e a vida". (Pietro Ubaldi, Queda e Salvação, Capítulo 2, p.54).

Apesar de tudo, nada perdemos, tudo se tornou semente e germe. De uma


diminuta bolha, através de agitações, em movimentos de flutuações quânticas,
iniciamos o nosso despertar, empreendendo o caminho de volta, pelas trilhas
da evolução. Do espaço cinético viajamos de expansão em expansão, em
processo de aceleração até o átomo, reconquistando mais amplos movimentos.
Como bem diz o nobre León Denis, do átomo formamos as famílias de
moléculas, constituindo o mineral, onde dormimos por milênios, nos agitamos
no vegetal e sonhamos no animal, acordando no homem:

"Assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente;
o último Adão, em espírito vivificante". (I Coríntios, 15:45).

"Ora, regresso a Deus, por evolução, significa regresso do ser ao


estado transcendente (S) de puro pensamento, porque Deus em Si
mesmo, acima desta Sua transitória projeção em nosso universo
(AS), é puro pensamento, existente sem necessidade de forma que
O expressa nas dimensões inferiores do plano de matéria". (Pietro
Ubaldi, A Descida dos Ideais, Capítulo XII, p.279).

Hoje estamos a meio caminho, os corpos que possibilitam ou expressam


faculdades e movimentos em dimensões diversas vão se tornando ativos como
o físico, o duplo etérico, o astral e o mental, permitindo-nos conquistar e
manejar, nas horas que passam, a razão como o maior dos nossos atributos
coletivos:

99
"Fé inabalável é somente, aquela que pode encarar a razão, face a
face, em todas as épocas da humanidade”. (Allan Kardec, O
Evangelho Segundo o Espiritismo).

Uma nova revolução, porém se inicia, os corpos supramental e causal


começam a sair da letargia e o Espírito tentando romper a personalidade e a
estrutura egóica do ego, já se pronuncia nos novos atributos da intuição e
inspiração, como é possível verificar nos escritos de inúmeros pensadores e
físicos teóricos, e nas recordações da própria história evolutiva já tão comum
nas centenas de relatos pessoais, de visões espontâneas de vidas passadas:

"(...) a inspiração é um despertar consciente na profundeza em que


está Deus. Então se atinge a sintonização e esta é a base das
visões que nos revelam os grandes esquemas do pensamento
divino.” (Pietro Ubaldi, Deus e Universo, Capítulo XVIII, p. 220).

"A razão que utilizais é um instrumento que possuís para prover os


misteres, as necessidades mais externas da vida: conservação do
indivíduo e da espécie. Quando lançais este instrumento no grande
mar do conhecimento, ele se perde, (...).

Para avançar ainda é preciso despertar, educar, desenvolver uma


faculdade mais profunda: a intuição”. (Pietro Ubaldi, A Grande
Síntese, Capítulo 1, p.15).

Um dia no reino dos Arcanjos, unificaremos com o todo, e o Espírito superando


a dualidade expressa na figura mitológica de Adão e Eva, tornar-se-á puro de
toda e qualquer matéria, e a sua vontade se unificará com a vontade do Pai:

"No S os seres são complementares, as suas diferenças são


compensadas e fundidas numa união orgânica, na qual cada ser se
encontra feliz cumprindo a função para qual foi criado. Eles estão
unidos por liames de amor, numa contínua troca ou permuta em que
cada um dá e recebe vantagens de graça". (Pietro Ubaldi, Queda e
Salvação, Capítulo 17, p 368).

Na viagem de ida ou na grande onda de descida, nos materializamos,


formando pelo campo vibracional ou do pensamento os inúmeros corpos e
sistemas que compõe a totalidade do nosso psiquismo, e todos os níveis mais
elevados ficaram presentes na matéria, como germes, sementes ou potenciais,
e agora, no retorno ou na onda de volta vamos ativando estruturas sutis que
nos facultam novas faculdades e percepções, até a visão e a imobilidade do
absoluto:

"Mas imobilidade no absoluto quer dizer superação da fase de


transformismo e não no fim do funcionamento ativo, que continua em
cheio no organismo do S. Aqui o movimento é imóvel, no sentido
que é de outro tipo, não é mais transformismo, um vir a ser em
involução-evolução, mas é imóvel porque deterministicamente
perfeito, conforme a Lei, e não uma tentativa contínua em busca da

100
perfeição e uma corrida de amadurecimento evolutivo para atingir.
Movimento estabilizado na posição certa e definitiva da obra
realizada, e não movimento instável na posição incerta e variável da
obra em construção e em evolução. Isto porque no S, com a
completa obediência à Lei, foi atingida a perfeição". (Pietro Ubaldi,
Queda e Salvação, Capítulo 15, p. 328).

"Com maior razão, a luz espiritual, a manifestar-se na irradiação das


mentes angélicas, prescinde de qualquer veículo material para
espraiar-se e atuar em todas as dimensões do Universo". (Áureo,
Universo e Vida, p.71).

"De fato, a evolução é um processo que faz libertar o espírito da


necessidade de possuir um instrumento físico para poder alcançar a
sua manifestação". (Pietro Ubaldi, A Descida dos Ideais, Capítulo
XII, p. 279).

101
5) - O TERNÁRIO HUMANO

"Quando as ciências médicas tiverem na devida conta o


elemento espiritual na economia do ser, terão dado grande
passo e horizontes inteiramente novos se lhes patentearão".

(Allan Kardec, Obras Póstumas, p. 45).

O ser humano é, pois, constituído por três elementos essenciais e


diferenciados, que se interpenetram mutuamente, sem perder a autonomia, no
que chamamos corpo ternário, fenômeno trifásico da existência humana, três
entidades distintas, espírito, corpo, perispírito, partes de um único organismo
divino, em busca de uma única finalidade: a integração Cósmica com a mente
de Deus.

O perispírito, conforme visto, na qualidade de mediador plástico, liga


positivamente a alma pensante ao organismo corpóreo, é quem recolhe as
manifestações do espírito e transmite ao corpo físico, provocando-lhe as
sensações necessárias para materializar ações.

Ilustrando a dinâmica do corpo trino de que somos feitos, Antônio J. Freire


apresenta singela, porém rica comparação, em torno da questão:

"(...) O homem é comparado a uma equipagem, sendo o carro


representado pelo corpo físico, o cavalo pelo corpo astral e o
cocheiro pelo espírito. O carro, pela sua natureza grosseiramente
material e ainda pela sua inércia, corresponde bem ao nosso corpo
físico. O cavalo, unido pelos tirantes ao carro (sistema nervoso), e
pelas rédeas ao cocheiro (sentidos astrais), move todo sistema sem
participar da direção. É esta a função do perispírito ou corpo astral".
(Antônio J. Freire, Da Alma Humana, Cap. II, p.44).

O Termo "Ternário Humano" é encontrado em sua obra com o objetivo de


explicar a divisão dos corpos sob a ótica da tríade, da seguinte forma:

"À face do Espiritismo, o ser humano é constituído por três


elementos essenciais e diferenciados, com natureza, organização,
estrutura, funções e finalidade distintas, interpenetrando-se
mutuamente sem perderem a sua autonomia, formados de matérias
sucessivamente mais rarefeitas e sutilizadas, constituindo um
sistema solidário e harmônico:

1° - Corpo físico incluindo o corpo vital ou duplo etérico;

2° - O perispírito ou corpo astral;

3° - O espírito centelha divina, mônada, ou alma hu mana". (Antônio


J. Freire, Da Alma Humana, Cap. II, p.38).

102
Esta divisão tem sido utilizada por diversos autores e, além de bastante
didática, remonta a vários outros processos a que o homem está inserido,
como os níveis consciente, subconsciente, superconsciente, ou até mesmo a
expressão que ficou bastante difundida no meio católico com os elementos pai,
filho, espírito santo. A partir desta divisão, já se começa a entender que a
função do perispírito é promover o elo entre o espírito eterno e o corpo físico.
Mais adiante, o mesmo autor completa:

"Distanciados por natureza o corpo físico e o espírito, é ao perispírito


que compete estreitar estes limites através das suas camadas de
densidades sucessivamente decrescentes, cada vez mais eterizadas
à medida que se elevam para o espírito, pois seria ilógico admitir a
homogeneidade do perispírito. Só pela interpenetração das camadas
mais fluídicas nas menos fluídicas se pode compreender a
correlação e harmonia do ser humano, a solidariedade íntima e
estreita dos componentes do seu ternário, conservando todos eles a
autonomia que lhes é própria, estando os elementos inferiores numa
interdependência subalterna, regidos pela lei do ritmo vibratório e
pela lei da polarização (...)". (Da Alma Humana, Antônio J. Freire,
Cap. II, p.42). (Itálicos do Autor).

Esta "interpenetração" de camadas do perispírito permite a permanente


transmissão das mensagens da consciência "externa" e "latente" para o corpo
físico. Esta transmissão, não ocorre, como se poderia pensar, em um passe de
mágica, como quem transfere água de um copo para o outro. O processo é
bem mais complexo e envolve não só o trinômio espírito, perispírito, corpo
físico, mas também, variedades diversas de corpos, campos, fluidos ou
energias, responsáveis pela recepção, armazenamento e assimilação das
experiências terrenas, que servirão de meio de amadurecimento para a
personalidade humana em rumo ao reino do Espírito:

"O plano físico é o berço da evolução que o plano extrafísico


aprimora. O primeiro insufla o sopro da vida, cujas edificações o
segundo aperfeiçoa. A reencarnação multiplica as experiências,
somando-as, pouco a pouco. A desencarnação subtrai-lhes
lentamente as parcelas inúteis ao processo do Espírito e divide os
remanescentes, definindo os resultados com que o Espírito se
encontra enobrecido ou endividado perante a Lei". (André Luiz,
Evolução em Dois Mundos, Capítulo XIII, Primeira Parte, p. 101)

103
6) - O DUPLO ETÉREO

"Diz-se que o corpo etérico é um dos muitos corpos que


contribuem para a expressão final da forma humana. O corpo
etérico muito provavelmente é um padrão de interferência de
energia semelhante a um holograma".

(Richard Gerber, Medicina Vibracional, Capítulo I, p.47).

Em consulta a vasta bibliografia, sobre o assunto, encontramos autores que se


utilizam da expressão "duplo etérico" e outros que preferem empregar o título
"duplo etéreo", não se podendo dizer que uma delas esteja errada e a outra
certa.

Para melhor entendimento de sua natureza, recorremos inicialmente às


definições de Antônio J. Freire, que nos explica:

"O duplo etérico tem, pois, uma individualidade própria,


característica, inconfundível, ainda que fazendo parte integrante do
corpo físico ou somático". (Antônio J. Freire, Da Alma Humana, Cap.
III, p.47).

Extraímos daqui conceitos preciosos. O primeiro diz respeito à individualidade


do duplo etéreo, ou seja, este não se confunde nem com o corpo físico, nem
com o perispírito, possuindo campo próprio, com características e funções
distintas dos outros corpos. É o que se depreende dos esclarecimentos
trazidos pelo mesmo autor:

"No entanto, o duplo etérico tem funções preponderantes


específicas, de capital importância, quer na vitalidade do corpo físico
ou orgânico de que faz parte o constituinte, quer nas mais variadas
mediunidades, particularmente nas materializações e em todas as
modalidades dos fenômenos supranormais que dependam da
metergia e da ectoplasmia. São precisamente estas duas
propriedades que constituem as suas principais funções: biológicas,
fisiológicas e mediúnicas". (Antônio J. Freire, Da Alma Humana,
Cap. III, p.47). (Itálicos do Autor).

O segundo conceito é que o duplo etéreo faz parte do corpo físico. Isto implica
que a sua natureza se assemelha à matéria, embora não possa ser tão
facilmente percebida e tocada como os tecidos ossos e músculos do nosso
organismo. Este fato, não impede que, ainda assim, o duplo etéreo seja parte
constituinte da nossa estrutura mais densa. A matéria, assim como os vários
corpos que aqui analisaremos, não se apresenta em estado único, uniforme e
homogêneo. Ao contrário, o perispírito, da mesma forma que a aura, o duplo
etéreo e o corpo físico, são formados de várias camadas ou campos que se
interpenetram e se comunicam, tecendo uma rede de vibrações, que se
estende desde o corpo mais denso até as dimensões sutis da consciência:

104
"O duplo etérico parece mais uma duplicação do corpo físico que do
perispírito, propriamente, mas como ele se organizaria
simultaneamente, aglutinando-se no campo ensejado pelo
psicossoma, comparece melhor como uma sua extensão ou
revestimento, ainda que em caráter provisório ao menos, em se
tratando de Espírito encarnado na Terra." (Zalmino Zimmermann,
Perispírito, Cap. VI, p. 167).

Assim como a aura, o duplo etéreo apresenta características que permitem a


sua percepção, inclusive através das cores de que se reveste, de acordo com o
que explica Antônio J. Freire:

"O corpo vital é polarizado, apresentando, quando dissociado


experimentalmente, a cor azul sobre toda a metade do lado
esquerdo e alaranjado sobre o lado direito. Quando associadas
normalmente as suas duas metades, no seu conjunto apresenta uma
cor cinzento-clara, mais ou menos luminosa e fluorescente na
obscuridade, sob o aspecto de vagas luminosidades e clarões a que
o sábio investigador, o coronel Rochas d'Aiglun, deu nome de
lohées, sujeitos às leis da refração e da polarização. (Antônio J.
Freire, Da Alma Humana). (Itálicos do Autor).

O corpo vital, quando exteriorizado e bem condensado, apresenta uma notável


queda de temperatura que pode ir a 0 grau, dando impressão ao tato de um
aglomerado de finas musselinas geladas, fornecendo assim, na sua
invisibilidade à vista normal, um meio seguro de determinar a sua posição,
dimensões, delineamentos e contornos:

"O corpo vital tem sido fotografado muitas vezes, sendo visível a
uma mediana clarividência". (Antônio J. Freire, Da Alma Humana,
Cap. III, p.51).

Por ocasião da desencarnação, verifica-se que o corpo físico, englobando o


duplo etéreo, se desfaz. Contudo, o perispírito, interpretado, como o conjunto
de todos os corpos, continua a existir. Em outras palavras, conclui-se que os
desencarnados, apesar da perda do corpo físico e do duplo etéreo,
permanecem com seu organismo perispiritual:

"O duplo etérico é, pois, vida em relação ao corpo físico, mas é


forma em relação ao princípio superior: o corpo astral. O duplo
etérico acaba por desagregar-se, mas o corpo astral sobreviverá à
sua decomposição. Logo que o corpo astral se desagregue e se
disperse a seu turno, o corpo mental persiste como vida, e assim
sucessivamente. O mesmo elemento é simultaneamente vida e
forma: vida do corpo inferior e forma do superior". (Antônio J. Freire,
Da Alma Humana, Cap. III, p.58). (Itálicos do autor).

Tratando sobre a anatomia do duplo etéreo, Freire esclarece:

105
"Envolvendo e interpenetrando os órgãos anatômicos dos sentidos
corporais, existe, justapondo-se e interpenetrando-se, uma duplicata
etérica para cada órgão. Ao aparelho auditivo ou visual corresponde
um mesmo aparelho etérico e da mesma forma para todo o sistema
nervoso.

Um pensamento, uma emoção, só podem chegar e atuar sobre o


cérebro físico por intermédio do cérebro etérico. Este fato é de
magna importância para compreender a mecânica das
mediunidades, em particular as de ordem intelectual ou subjetivas.
Os Espíritos desencarnados, despojados, pela morte, do seu corpo
etérico, só podem atuar sobre os médiuns pelo seu respectivo corpo
vital ou duplo etérico, o que constitui o fundamento de todas as
mediunidades. O médium será tanto melhor quanto mais ativa e
intensa a dissociação do seu corpo vital ou duplo etérico para,
assim, se unir ao perispírito das entidades astrais comunicante".
(Antônio J. Freire, Cap. III, Da Alma Humana, p.62). (Itálicos do
autor).

André Luiz aponta igualmente a existência daquilo que poderíamos chamar de


órgãos espirituais reforçando o que anteriormente foi afirmado:

"Qual a importância da relação existente entre o baço e o centro


esplênico, se o baço pode ser extirpado sem maiores prejuízos à
continuação da existência do encarnado?

- Compreendamos que a extirpação do baço em sua expressão


física, no corpo carnal, não significa a anulação desse órgão no
corpo espiritual e que, interligado a outras fontes de formação
sanguínea no sistema hematopoético, prossegue funcionando,
embora imperfeitamente, no campo somático, atento às articulações
do binário mente-corpo". (André Luiz, Evolução em Dois Mundos,
Segunda Parte, Cap. III, p.175).

A relação entre o corpo físico, o duplo etérico e o perispírito é também descrita


por André Luiz no detalhamento dos fenômenos de desdobramento do médium
Antônio Castro, nas narrações do livro Nos Domínios da Mediunidade:

106
"Com o auxílio do supervisor, o médium foi convenientemente
exteriorizado. A princípio, seu perispírito ou "corpo astral" estava
revestido com os eflúvios vitais que asseguram o equilíbrio entre a
alma e o corpo de carne, conhecidos aqueles, em seu conjunto,
como sendo o "duplo etérico", formado por emanações
neuropsíquicas que pertencem ao campo fisiológico e que, por isso
mesmo, não conseguem maior afastamento da organização
terrestre, destinando-se à desintegração, tanto quanto ocorre ao
instrumento carnal, por ocasião da morte renovadora. Para melhor
ajustar-se ao nosso ambiente, Castro devolveu essas energias ao
corpo inerme, garantindo assim o calor indispensável à colméia
celular e desembaraçando-se, tanto quanto possível, para entrar no
serviço que o aguarda." (André Luiz, Nos Domínios da Mediunidade,
Cap. 11, p.98).

Zimmermann ainda aponta:

"Tudo indica, a propósito, que a carga de energia vital contida no


duplo etérico condiciona, basicamente, a maior ou menor
longevidade do ser humano, ainda que não possam deixar de ser
considerados fatores como a hereditariedade, as diminutas, mas
efetivas reposições de energia via respiração e alimentação e outros
que possam, eventualmente, compor o esquema cármico de cada
reencarnação. E como a energia vital ("neuropsíquica") que o duplo
etérico retém e distribui a todas as células, pela ação dos centros
vitais, parece guardar relação com o ectoplasma, pode-se afirmar

107
que a predisposição maior ou menor ao fornecimento deste, para a
produção dos diversos efeitos de cura, ou, simplesmente,
demonstrativos da sobrevivência espiritual, diz com a própria
quantidade de energia armazenada pelo duplo etérico". (Zalmino
Zimmermann, Perispírito, Cap. VI, p.169). (Itálicos do autor).

Em resumo, a função primordial do duplo etéreo é servir de instrumento para


armazenamento das energias que servirão de sustento para o indivíduo em sua
encarnação. Ultrapassada esta fase de experiência e contato com a matéria
grosseira, quando o indivíduo retorna ao plano espiritual, ele perde o seu duplo,
passando para uma nova dimensão. Quando mais adiante houver necessidade
do retorno ao orbe terrestre, através do corpo mental, o corpo astral, o corpo
etérico e um novo corpo físico serão formados, propiciando-lhe o reinicio das
experiências, que pouco a pouco o conduzirá de volta ao reino de felicidade
que vive adormecido em sua intimidade.

108
7) - A AURA

"O organismo espiritual apresenta em si mesmo a história


completa das ações praticadas no mundo".

(André Luiz, Nosso Lar, Capítulo 4, p. 32).

O que é a aura? Qual a sua origem? Como ela funciona? Do que é constituída?
Qual a sua finalidade e propriedades? Estas são algumas das inumeráveis
questões que aparecem ao se estudar o complexo humano. Perguntas, que
começam, e só começam, a ser respondidas pela revelação dos Espíritos e
pelos esforços dos pesquisadores humanos, pioneiros da Era do Espírito.

Sem embargo, iniciamos com os apontamentos de Zalmino Zimmermann sobre


o assunto:

"A aura humana, psicosfera ou fotosfera psíquica (termos criados


pelo Espírito ANDRÉ LUIZ), ou fotosfera humana (expressão
empregada por Léon DENIS), é um campo resultante de emanações
de natureza eletromagnética, a envolver todo o ser humano,
encarnado ou desencarnado. Reflete, não só sua realidade
evolutiva, seu padrão psíquico, como sua situação emocional e o
estado físico (se encarnado) do momento. Espelha, pois, o ser
integral: alma - perispírito - duplo etérico - corpo. (No desencarnado,
obviamente, é apenas o reflexo da alma e de seu perispírito).
(Zalmino Zimmermann, Perispírito, Cap. VIII, p.189). (Itálicos do
Autor).

Esta definição apesar de não adentrar nas minúcias da formação da aura, é


fundamental para a compreensão do fenômeno, tendo em vista que define a
aura de forma concisa, direta e simples. A Aura Humana é um conjunto de
vibrações a se espelhar em um campo eletromagnético. Vibrações que vão do
campo atômico até as irradiações mentais do Espírito. O ser esteja encarnado
ou desencarnado, é envolvido por essa túnica. A diferença é que, para o
encarnado, as vibrações dos corpos espirituais se somam as emanações do
duplo etérico e as do corpo físico:

"Articulando, ao redor de si mesma, as radiações das sinergias


funcionais das agregações celulares do campo físico ou do
psicossomático, a alma encarnada ou desencarnada está envolvida
na própria aura ou túnica de forças eletromagnéticas, em cuja
tessitura circulam as irradiações que lhe são peculiares.

Evidenciam-se essas irradiações, de maneira condensada, até um


ponto determinado de saturação, contendo as essências e imagens
que lhe configuram os desejos no mundo íntimo, em processo
espontâneo de auto-exteriorização, ponto esse do qual a sua onda
mental se alonga adiante, atuando sobre todos os que com ela se

109
afinem e recolhendo naturalmente a atuação de todos os que se lhe
revelem simpáticos.

E, desse modo, estende a própria influência que, à feição do campo


proposto por Einstein, diminui com a distância do fulcro consciencial
emissor, tornando-se cada vez menor, mas a espraiar-se no
Universo infinito". (André Luiz, Mecanismos da Mediunidade, Cap. X,
p.83). (Negritos do original).

A aura reflete, dinamicamente e automaticamente, tudo o que o indivíduo


pensa, sente e deseja. É por assim dizer, um verdadeiro espelho do mundo
interior. As vibrações mento-emotivas são condensadas neste campo, até a um
determinado ponto, quando se exteriorizam somando-se as correntes mentais,
ao que o ser se afiniza, nutrindo e sendo nutrido pelos que lhe comungam a
mesma faixa de preferências, desejos e aspirações. A aura evidencia as
tendências e inclinações mais profundas e secretas do homem, trazendo à
tona, até mesmo aquilo que ele não gostaria de admitir nem para si mesmo -
"Nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de
saber-se". (Mateus, 10:26):

"Todos os seres vivos, por isso, dos mais rudimentares aos mais
complexos se revestem de um "halo energético" que lhes
corresponde à natureza.

No homem, contudo, semelhante projeção surge profundamente


enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento contínuo que,
em se ajustando às emanações do campo celular, lhe modelam, em
derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo
de algumas escolas espiritualistas, duplicata mais ou menos radiante
da criatura.

Nas reentrâncias e ligações sutis dessa túnica eletromagnética de


que o homem se entraja, circula o pensamento, colorindo-a com as
vibrações e imagens de que se constitui, aí exibindo, em primeira
mão, as solicitações e os quadros que improvisa, antes de irradiá-
los no rumo dos objetos e das metas que demanda". (André Luiz,
Evolução em Dois Mundos, Cap. XVII, p.129). (Os grifos são
nossos).

As exibições, em primeira mão, das vibrações e imagens interiores é o que


permite a influenciação obsessiva, seja no mundo físico, seja no extrafísico. As
imagens são reforçadas, segundo os propósitos comuns, iniciando processo de
interação recíproca, onde um circuito vivo de forças psíquicas passa a unir as
consciências, em busca da realização de seus desejos em somação. O Bem é
igualmente compartilhado segundo este mesmo princípio. Estas criações
psíquicas, são visualizadas inicialmente como cores de matizes variados, como
pontos ou configurações diversas de formas pensamentos, semelhantes aos
mecanismos de formação e de transmissão de um aparelho de TV em cores:

110
"Aí temos, nessa conjugação de forças físico-químicas e mentais, a
aura humana, peculiar a cada indivíduo, interpenetrando-o, ao
mesmo tempo em que parece emergir dele, à maneira de campo
ovóide, não obstante a feição irregular em que se configura, valendo
por espelho sensível em que todos os estados da alma se
estampam com sinais característicos e em que todas as idéias se
evidenciam, plasmando telas vivas, quando perduram em vigor e
semelhança, como no cinematógrafo comum.

Fotosfera psíquica, entretecida em elementos dinâmicos, atende à


cromática variada, segundo a onda mental que emitimos, retratando-
nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos respondem
aos objetivos e escolhas, enobrecedores ou deprimentes". (André
Luiz, Evolução em Dois Mundos, Cap. XVI, p.129).

Hermínio C. Miranda, citando Harry Boddington, resume e enumera algumas


conclusões a que se pode chegar pelo estudo da aura:

"1) A aura é uma espécie de radiação luminosa que envolve o corpo


humano, sendo constituída por inúmeras partículas de energia.

2) Essa radiação é singularmente sensível ao pensamento, ao qual


responde com presteza.

3) A aura funciona como parte integrante da consciência.

4) Sua qualidade, aspecto, coloração, formato, varia segundo os


temperamentos, o caráter e a saúde das pessoas.

5) Ela é "essencial a todas as manifestações psíquicas" e o meio


através do qual operam os médiuns de cura, além de atuar como o
próprio princípio ativo da cura". (Diversidade dos Carismas, Volume
II, Cap. II, p.52).

A aura não é só parte integrante da consciência, como representa toda a


história do ser em seu processo de involução e evolução. Suas camadas
refletem o estágio evolutivo em que a personalidade se encontra e define até
que ponto a consciência desceu em sua ânsia de anulação e perda da
comunhão divina. Estamos longe de compreender, principalmente quando
estamos encarnados, toda a complexidade que a nossa organização psíquico
revela. Sua origem, desenvolvimento, características, emanações,
propriedades, finalidades etc., estão ainda fora do horizonte do nosso
entendimento maior. Arranhamos com suor, trabalho, hipóteses e sínteses, a
superfície da montanha de estudos, revelações e conclusões que chegaremos
certamente no futuro quando nos for possível adentrar no oceano de luz, dos
mananciais de Verdades Divinas:

"Ao homem comum, na encarnação, não é fácil, todavia, a


articulação de uma idéia segura com respeito às condições de seu
próprio corpo espiritual, além-túmulo, porque a mente, no plano

111
físico está inteiramente condicionada ao trabalho específico que lhe
compete realizar, inelutavelmente circunscrita aos problemas de
estrutura, e, por isso mesmo, incapacitada de identificar o reino
inteligente de raios e ondas, fluidos e energias turbilhonantes em
que vive". (André Luiz, Evolução em Dois Mundos, Segunda Parte,
Cap. III, p.173).

"Contempla-se, porém, até hoje, a sombra dos princípios como noite


insondável sobre os abismos.

Os desencarnados de minha esfera não se acham indenes, por


enquanto, do socorro das hipóteses. A única certeza obtida é da
imortalidade da vida e, como não é possível observar a essência da
sabedoria, sem iniciativas individuais e sem ardorosos trabalhos,
discutimos e estudamos as nobres questões que, na Terra,
preocupam o nosso pensamento.

Um desses problemas, que mais assombram pela singular


transcendência, é o das origens. Se na Terra o progresso humano
se verifica, através de dois caminhos, o da Ciência e o da Revelação
espiritual, ainda não encontramos, em identidade de circunstância,
em nossa evolução relativa, nenhuma estrada estritamente científica
para determinar o Alfa do Universo, senão das hipóteses plausíveis.
Contudo, saturada da mais profunda compreensão moral, copiosa é
a nossa fonte de revelações, a qual constitui para nós um elemento
granítico, servindo de base à sabedoria de amanhã". (Emmanuel,
Emmanuel, Capítulo XVII, p. 94).

8) - PERISPÍTO E AURA

"A mente é o espelho da vida em toda parte".

(Emmanuel, Pensamento e Vida, Lição 1, p.11).

Antônio J. Freire comenta algumas outras particularidades do perispírito. Em


busca de uma noção cada vez mais exata e que corresponda ao seu
funcionamento, nos socorremos, mais uma vez, das observações do autor:

"O perispírito, indevidamente denominado, por vezes, corpo etérico,


e geralmente designado por corpo astral, é constituído por camadas
concêntricas de matéria hiperfísica, sucessivamente menos
condensadas e mais quintessenciadas (...)". (Antônio J. Freire, Da
Alma Humana, Cap. II, p.39).

Atentemos para as "camadas concêntricas" ressaltadas no texto. Esta


definição nos auxilia a visualizar o perispírito sob formas múltiplas, e não
contido em limites definidos e estanques. O mesmo escritor nos conduz a uma
percepção mais detalhada sobre estas camadas:

112
"Distanciados por natureza o corpo físico e o espírito, é ao perispírito
que compete estreitar estes limites através das suas camadas de
densidades sucessivamente decrescentes, cada vez mais eterizadas
à medida que se elevam para o espírito, pois seria ilógico admitir a
homogeneidade do perispírito. Só pela interpenetração das camadas
mais fluídicas nas menos fluídicas se pode compreender a
correlação e harmonia do ser humano, a solidariedade íntima e
estreita dos componentes do seu ternário (...)". (Antônio J. Freire, Da
Alma Humana, Cap.II, p.42).

Camadas mais fluídicas e menos fluídicas. A função delas é formar um elo


indissolúvel que permita a constante comunicação entre espírito e corpo físico.
A densidade destas camadas vai diminuindo à medida que elas se aproximam
do espírito, demonstrando uma lógica inteligente no funcionamento do
complexo humano. As camadas mais sutis desempenham o papel de conduzir
as experiências realizadas pelo indivíduo, permitindo a assimilação das provas
terrenas pelo ser em evolução. As camadas mais densas encontram-se
próximas ao corpo físico, recolhendo dele as impressões da matéria e as
transmitindo através de um grande elo. Elo dinamicamente estruturado em
fluxos ascendentes e descendentes, em matéria e campos energéticos de
diferentes constituições, adensáveis e não adensáveis, facultando vias de
transmissão, unindo corpo e Espírito.

A distância verificada entre o Corpo Físico e o Espírito já foi sobejamente


detalhada nos parágrafos anteriores. Sabemos pela análise da obra de Pietro
Ubaldi, elaborada no início deste artigo, que a matéria é um dos resultados ou
consequências da queda do ser. Na ascensão evolutiva a personalidade
humana vai transmutando matéria em pensamento puro. Como o Homem está
a meio caminho, a sua estrutura é constituída de dois campos em antagonismo
constante: Matéria e Espírito. Parte já sofreu transformação, parte deve ainda
ser transformada e assimilada. Dessa forma, se entre a parte sutil do ser, já
conquistada, e sua parte grosseira, a ser desenvolvida, não houvesse campos
multidimensionais interligando e permitindo os fluxos de influenciação e
contato, os inúmeros fenômenos evolutivos e principalmente a reencarnação
seriam impossíveis de realizarem-se:

"As experiências mais modernas, sobretudo realizadas depois de


1912, comprovam que o perispírito é constituído de matérias
fluidicamente diferenciadas, gradualmente mais sutilizadas,
adaptadas às suas variadas funções psíquicas, constituindo
departamentos autônomos, desde o emocional ao mental,
verdadeiro laboratório do nosso dinamismo físio-psicológico,
existindo um paralelismo e reciprocidade de ação solidária entre
estes departamentos, individualizados para cada ser, e os planos
correspondentes do Universo, onde o perispírito vai absorver os
fluidos similares para a organização e vitalização das suas camadas
(...)". (Antônio J. Freire, Da Alma Humana, Cap. IV, p.79).

Continuando a análise do perispírito, este autor ainda destaca suas funções


principais:

113
"Em síntese, o perispírito, impropriamente denominado corpo astral
por se tomar, assim, a parte pelo todo, exerce as funções seguintes,
por vezes, com a cooperação do corpo vital ou duplo etérico nos
estágios terrestres:

1°- Constituir os invólucros do espírito, (...), te ndo por missão


receber sensações e transmitir volições por intermédio de estados
vibratórios especiais e variados, (...);

2°- Desprender-se do corpo físico, exteriorizando-s e em condições


particulares (sono fisiológico, narcotizações, hipnomagnetizações,
auto-desdobramento espontâneo, etc.), projetando-se o duplo a
distâncias quase ilimitadas, animado de velocidades vertiginosas,
levando consigo toda a sua individualidade psíquica, corporizando-
se por vezes, ficando invariavelmente ligado ao corpo físico, ou mais
precisamente ao duplo etérico ou corpo vital pelo cordão astral, (...);

3°- Arquivar nas suas camadas mais sutis e permanen tes (corpo
causal, sede do supraconsciente), como películas cinematográficas,
todos os acontecimentos de que fomos protagonistas, registrando e
assimilando todos os conhecimentos adquiridos através da nossa
evolução individual multimilenária, (...);

4°- Irradiar em volta do corpo físico, interpenetra ndo-o e envolvendo-


o numa atmosfera fluídica, de secção ovóide, de diâmetros variáveis
de indivíduo para indivíduo, policroma, podendo ir da mais negra
opacidade à luminosidade mais resplandecente, constituindo a
aura humana (...)". (Antônio J. Freire, Da Alma Humana, Cap. IV,
p.83). (Itálicos do autor e negritos nossos).

Neste trecho extraímos conclusões valiosas. Além de destacar que o perispírito


forma os "invólucros do espírito" e arquiva as cenas de nossa vida, no final da
citação o autor demonstra que todas aquelas camadas, às quais fizemos
referência, representam a Aura Humana. Portanto, a sucessão das camadas
do perispírito, que se tornam mais sutis em direção ao espírito, e mais densas
no sentido do corpo físico, e que apresenta funções vitais para os organismos
físico e espiritual pode ser denominada de aura. O conjunto de corpos do
perispírito, na visão do autor citado, a ligar os campos emocional e mental,
promove a imensa interação do organismo humano, e reflete na aura, tal qual
espelho fiel e cristalino as vibrações de nosso mundo interior. A mente é o
espelho da vida e a aura é o espelho da mente.

114
9) - OS OVÓIDES

"Além do plano físico, a investigação humana encontrará


material valioso de observação para elucidar os variados
problemas concernentes à evolução do ser".

(André Luiz, Evolução em Dois Mundos, Capítulo XVIII, Segunda


Parte, p.210).

A transição entre a mente instintiva e a mente racional exigiu do homem


primitivo grandes esforços no sentido de aprender a utilizar as novas
possibilidades. A razão, conquistada após milênios de sucessivas etapas
evolutivas, inaugura, não só a expansão da inteligência, mas os domínios da
responsabilidade:

"Da sensação à irritabilidade, da irritabilidade ao instinto, do instinto


à inteligência e da inteligência ao discernimento, séculos e séculos
correram incessantes. A evolução é fruto do tempo infinito".
(Emmanuel, Roteiro, Lição 4, p.22).

"A idéia de Deus iniciando a Religião, a indagação prenunciando a


Filosofia, a experimentação anunciando a Ciência, o instinto de
solidariedade prefigurando o amor puro, e a sede de conforto e
beleza inspirando o nascimento das indústrias e das artes, eram

115
pensamentos nebulosos torturando-lhe a cabeça e inflamando-lhe o
sentimento. (...).

Foi, então, que, em se reconhecendo ínfimo e frágil diante da vida,


compreendeu que, perante Deus, seu Criador e seu Pai, estava
entregue a si mesmo.

O princípio da responsabilidade havia nascido". (André Luiz,


Evolução em Dois Mundos, Capítulo X, Primeira Parte, p.78).

Não só a responsabilidade, mas a memória, que havia dado os primeiros


passos na escala vegetal, prossegue agora com a capacidade de armazenar
as vivências, através da idéia organizada em arquivos ao longo dos dois
mundos: físico e extrafísico. Memória, inteligência, pensamento racional, livre
arbítrio e responsabilidade fazem surgir as questões éticas, morais, jurídicas,
filosóficas e religiosas atinentes à vida, ao ser, à dor e à morte. Em fluxos de
pensamentos contínuos, responsável por si mesmo, podendo refletir em torno
dos próprios atos, pelo espelho vivo das lembranças, o homem gera e mantém
sentimentos, emoções, alimentando saudades, medos, solidão, afeição,
simpatia e antipatia. A jornada intermitente da vida e morte por meio da
reencarnação e desencarnação leva a criatura à grande dificuldade interior. A
revolta originária transformou-se em luta interna, dualismo, bem e mal,
solicitando atenção na forma de agir e relacionar-se com o outro. O
egocentrismo de ontem é hoje egoísmo vivo a dirigir-lhe desejos e escolhas.
Surge assim a delinquência, a mentira, a astúcia, e a tentativa de fuga. As leis
humanas vão se aperfeiçoando, mas ainda hoje, não são capazes de reeducar
e transformar o homem. A Lei Divina subsiste em seu mundo íntimo, criando os
tribunais conscienciais, que por caminhos sinuosos o ser tenta frear, rejeitar,
enganar ou fugir:

"Essa rejeição consciencial gera conflito mental interno, ou


indigestão psíquica, provocando no espírito o reconhecimento do
erro e o conseqüente remorso, ou, o que é pior, a orgulhosa ou cega
ratificação do erro, causadora de revolta e empedernimento". (Áureo,
Universo e Vida, Cap. V, Item 7, p.79). (Negritos do autor).

Investidos agora das potencialidades superiores, a personalidade humana


passa a conduzir a jornada ascensional na semeadura das causas e na
colheita das conseqüências. Na condição de indivíduos responsáveis pelo
próprio crescimento, com condições de ascender à Luz, ou chafurdar nas
trevas. A rejeição ou negação dos próprios atos, gerando repulsa a si mesmo,
engendra patologias físicas e espirituais, por lesões nos delicados tecidos
perispirituais com repercussão inevitável no corpo físico denso:

"De qualquer modo, a rejeição consciencial tem como inelutável


conseqüência a não assimilação das concentrações energéticas
correspondentes às formas-pensamentos que duplicam os fatos,
mantendo-os "vivos" e atuantes na aura do espírito, à maneira de
tumores autônomos, simples ou em rede, a afetarem o corpo

116
espiritual e o lesarem." (Áureo, Universo e Vida, Cap. V, Item 7,
p.79).

"De acordo com o princípio da repercussão, as células corporais


respondem automaticamente às induções hipnóticas espontâneas
que lhes são desfechadas pela mente, revigorando-se com elas ou
sofrendo-lhes a agressão. Raios mentais desagregadores, de
culpabilidade ou remorso, formam zonas mórbidas no cosmo
orgânico, impondo distonia às células, que adoecem, provocando a
eclosão de males que podem ir desde a toxiquemia até ao câncer".
(Áureo, Universo e Vida, Cap. V, Item 18, p.97).

"No caso do remorso, o tumor se transforma em abscesso


energético, a exigir imediata drenagem; no caso do
empedernimento, o tumor cria carnicão e se estratifica, realimentado
pela continuidade dos pensamentos-força da mente, arrastando o
espírito a longas incursões nos despenhadeiros da revolta, onde não
raro se transforma transitoriamente em demônio, a serviço mais ou
menos prolongado das Trevas". (Áureo, Universo e Vida, Cap. V,
Item 7, p.79). (Negritos do autor).

A revolta e o egoísmo são os binômios da formação dos fluxos mentais, que


em circuito fechado, realimentam os abscessos energéticos, que vão
desgastando o corpo perispiritual. À semelhança de uma ferida infectada, em
determinada região do corpo, que acaba gerando uma septicemia,
comprometendo todo o organismo, o empedernimento, a culpabilidade, a
mágoa, as incursões nos serviços lamentáveis das trevas, as cristalizações
vindicativas, podem levar ao monodeísmo que é o agente destruidor da forma
perispiritual e da perda de um dos seus componentes, o corpo astral:

"Muitos acometem os adversários que ainda se entrosam no corpo


terrestre, empolgando-lhes a imaginação com formas mentais
monstruosas, operando perturbações que podemos classificar como
"infecções fluídicas" e que determinam o colapso cerebral com
arrasadora loucura.

E ainda muitos outros, imobilizados nas paixões egoísticas desse ou


daquele teor, descansam em pesado monodeísmo, ao pé dos
encarnados, de cuja presença não se sentem capazes de afastar-
se". (André Luiz, Evolução em Dois Mundos, Cap. XV, p.116).
(Negritos do autor).

"(...), auto-hipnotizados por imagens de afetividade ou desforço,


infinitamente repetidas por eles próprios, acabam em deplorável
fixação monoideística, fora das noções de espaço e tempo,
acusando, passo a passo, enormes transformações na morfologia do
veículo espiritual, porquanto, de órgãos psicossomáticos retraídos,
por falta de função, assemelham-se a ovóides, (...)". (André Luiz,
Evolução em Dois Mundos, Cap. XV, p.117). (Negritos do autor).

117
Os fatores que geram a ovoidização são os mesmos que causaram a primeira
queda, a contração da consciência, que levou o ser ao seu pólo oposto. A
ovoidização é a repetição, em ciclo menor, do processo maior, que representou
o primeiro impulso de expansão do egocentrismo e da revolta. O mecanismo é
o mesmo, apenas que, na ovoidização o ser vai da multiplicidade das
diferentes vibrações mentais, a monoidéia, a fixação em um só pensamento,
destruindo a forma e o seu campo de expressão, enquanto que na queda
primordial o rol dos efeitos é muito mais amplo:

"Por que estamos dentro do dualismo e tudo está cindido em dois


termos opostos, a luta é inevitável. Ela é universal e se encontra em
todos os momentos e lugares, porque a estrutura de nosso universo
se baseia na oposição e contraste entre positividade e negatividade,
por ter nascido da revolta e se fundamentar sobre o princípio da
contradição. É por isso que a ética tomou a forma dualística de erro
e correção. Até às últimas consequências, tudo é o resultado da
primeira revolta, da qual se conservaram os caracteres
fundamentais". (Pietro Ubaldi, Queda e Salvação, Capítulo 3, p.81).
(Os grifos são nossos).

"A este respeito o fenômeno da queda representa o primeiro e maior


caso de erro cometido pela criatura e corrigido por Deus. A queda,
erro máximo, atrás da qual ecoam e se vão repetindo todos os
outros erros menores que o ser repete a toda hora, ao longo de
sua escala evolutiva, (...)". (Pietro Ubaldi, Queda e Salvação,
Capítulo 1, p.38). (Os grifos são nossos).

Na primeira queda, o impulso individual de afastamento, pode levar o espírito


do - infinito ao + infinito. Já na ovoidização, os limites de contração são a
monoidéia, porque este é o limite de atuação do livre arbítrio e da vontade do
ser. Na primeira queda não há limites, porque nada está formado e nenhuma
estrutura pré-existe no Anti-Sistema. No fenômeno da ovoidização ocorrem
fronteiras porque caso a barreira da monoidéia fosse ultrapassada, a
personalidade humana voltaria aos pensamentos descontínuos dos animais,
tendo de reiniciar a ascensão evolutiva nas formas dos animais superiores,
alterando assim, o fundamento da Lei de Evolução, que é essencialmente
determinística até a fase hominal e não retroativa. Da fase hominal em diante,
a evolução passa a ser compartilhada devido à volta do livre-arbítrio e o
renascimento da responsabilidade. A individualidade não tem condições de
alterar os Princípios da Lei, só pode mudar aquilo que se refere a si mesmo,
dentro dos limites da própria escolha, mas não possui força ou condições de
inverter e subverter a Vontade Divina:

"Criam imagens que vivem e se movimentam na intimidade delas


próprias, por tempo indeterminado, cuja duração varia com a força
do impulso de sua paixões". (Emmanuel, Roteiro, Lição 7, p. 33).

"A lei de cada impulso tende a progredir até a plenitude da sua


realização. Mas quando essa realização for atingida, o impulso não
funciona mais. Então dizemos que ele se esgota porque, atingido o

118
alvo, ele pára. Isto porque quando a causa tiver sido transformada
toda em efeito, ela não existe mais como causa e com isso se anula
o motor do processo". (Pietro Ubaldi, Queda e Salvação, Capítulo
1, p.44). (Os grifos são nossos).

"O ser age livremente, porque tem de experimentar para aprender e


subir; a Lei reage deterministicamente para que o ser suba para o
Sistema e nele encontre a sua Salvação". (Pietro Ubaldi, Queda e
Salvação, Capítulo 1, p.31).

Todo o processo, em qualquer fase, pode ser expresso em movimento,


vibração, escolha. No caso da ovoidização o movimento é de revolta, a
vibração caracterizada em formas pensamentos é de ódio, mágoa, fuga,
rejeição, vingança etc., e a escolha livre do ser é a da afirmação no erro. A
perda do corpo Astral surge então, como conseqüência direta da ação mental
sobre o complexo psíquico representado pelos corpos sutis e grosseiros do
homem. Inicialmente, cumpre demonstrar que mente é o fundamento
organizador de todo tecido espiritual, de todos os campos vibratórios pelos,
quais o espírito se expressa, de modo que todo distúrbio mento-emotivo tem
ressonância, repercute quase imediatamente no corpo espiritual:

"Desenvolvimento mental sem correspondência equilibradora na


bondade é quase sempre caminho aberto a terríveis precipícios,
onde infelizmente não poucos se projetam, por tempo
indeterminado, impelidos pelas forças monstruosas do orgulho cego
e da impiedade arrasadora, no remoinho de alucinantes paixões".
(Áureo, Universo e Vida, Cap. V, Item 6, p.78).

A mente representa a base da qual se origina a corrente de energia


eletromagnética ou fluido mento-magnético que, corporificando-se,
transforma-se em formas-pensamentos e que, "integrado ao sangue
e à linfa, percorre incessantemente todo o organismo psicofísico,
concentrando-se nos plexos, ou centros vitais, e se exteriorizando no
"halo vital", ou aura". (Áureo, Universo e Vida, Cap. V, Item 19,
p.100).

Através do Chacra Coronário que lhe serve de base de intercâmbio, a mente


determina o sentido, a forma e a direção de todas as forças orgânicas, etéricas,
astrais, etc., que lhe estão subordinadas, estabelecendo e transmitindo a toda
organização psíquica seu padrão de discernimento, conquistas e
enriquecimento:

"O pensamento é uma radiação da mente espiritual, dotada de


ponderabilidade e de propriedades quimioeletromagnéticas,
constituída por partículas subdivisíveis, ou corpúsculos de natureza
fluídica, configurando-se como matéria mental viva e plástica".
(Áureo, Universo e Vida, cap. V, Item 19, p.99).

"É pelo fluido mentomagnético que a mente age diretamente sobre o


citoplasma, onde se entrosam e se interam as forças

119
fisiopsicossomáticas, sensibilizando e direcionando a atividade
celular, no ambiente funcional especializado de cada centro vital,
saturando, destarte, as diversas regiões do império orgânico, com os
princípios ativos, quimioeletromagnéticos, resultantes de seu
metabolismo ídeo-emotivo saudável ou conturbado, feliz ou infeliz".
(Áureo, Universo e Vida, cap. V, Item 19, p.100).

"Isso significa que as emoções e os sentimentos humanos


impregnam e magnetizam o campo energético das vibrações do
pensamento, por via de um processo de superenergização, no qual
uma espécie de energia mais quintessenciada e poderosa ativa,
colora e qualifica outra espécie de energia, sem com ela fundir-se
ou confundir-se, e sem que haja entre elas a possibilidade de mútua
conversão". (Áureo, Universo e Vida, Cap. V, Item 01, p.68).
(Negritos do autor).

"É das vibrações da mente espiritual que dependem a harmonia ou a


desarmonia orgânicas da personalidade e, portanto, a saúde ou a
doença do perispírito e do corpo material". (Áureo, Universo e Vida,
cap. V, Item 18, p.98).

"Tanto ou mais do que os prejuízos causados pelos excessos e


acidentes físicos, muitas vezes de caráter transitório, as ondas
mentais tumultuárias, se insistentemente repetidas, podem provocar
lesões de longo curso, a repercutirem, no tempo, até por várias
reencarnações recuperadoras". (Áureo, Universo e Vida, Cap. V,
Item 18, p.98).

Na queda primordial, o espírito movimenta-se em livre escolha, optando pela


individualidade, deixando de alimentar-se da totalidade. "Consumindo a si
mesmo" o ser viaja da consciência à inconsciência, da inconsciência à energia,
da energia à matéria, onde o impulso se esgota.

O movimento contrário, a evolução, inicia-se, pela presença de Deus imanente.


Na ovoidização o processo é similar, repetindo em ciclo menor os
acontecimentos já vivenciados pela alma em ciclo maior. As ondas mentais
cristalizadas nas paixões inferiores, em circuito fechado pelos centros de força,
vão destruindo e lesando o complexo perispiritual, o ser deixa de perceber e
interagir com o meio, tornando-se por assim dizer um autista, vivenciando
apenas as suas próprias imagens, alimentando-se continuamente de seus
devaneios, até ir aos extremos, a monoidéia, destruindo na sequência a sua
forma o seu corpo astral. Os fenômenos universais se repetem em cada nível
ou dimensão, sem o entendimento da queda seria impossível compreender a
ovoidização.

Finalizando o estudo do processo de OVOIDIZAÇÃO, compete-nos salientar


que nem sempre o monodeísmo que pode levar à perda temporária da forma
humana, ocorre em decorrência das ligações de ódio de pretérito criminoso,
mas são factíveis de suceder durante as etapas iniciais da evolução humana.
Conta André Luiz que nos primeiros momentos da consciência desperta, o

120
espírito desencarnado, não acostumado com a condição errática de liberdade
temporária da matéria, ignorando o processo reencarnatório sequencial
evolutivo, moveu-se em monoideísmo, cristalizando seu raciocínio na idéia fixa
de retornar ao convívio daqueles que deixara na terra:

"Sentindo-se em clima adverso ao seu modo de ser, o homem


primitivo, desenfaixado do envoltório físico, recusa-se ao movimento
na esfera extrafísica, submergindo-se lentamente, na atrofia das
células que lhe tecem o corpo espiritual, por monoideísmo auto-
hipnotizante, provocado pelo pensamento fixo-depressivo que lhe
define o anseio de retorno ao abrigo fisiológico". (André Luiz,
Evolução Em Dois Mundos, Cap. XII, p.91). (Negritos do autor
espiritual)

Adiante, demonstra que nesse processo de ignorância, o homem primitivo


sustenta um único pensamento, o de retornar ao convívio daqueles a quem
amou na terra, daí se conclui que este processo é diferente do que foi até aqui
analisado, pois, não se trata de ligações de ódio e entorpecimento na vingança,
mas sim, dos laços afetivos conquistados que lhe são caros, e que o homem
julgava perder a partir da morte física:

"E o homem primitivo que desencarnou, suspirando pelo


devotamento dos pais e, notadamente, pelo carinho do colo
materno, expulso do vaso fisiológico, não tem outro pensamento
senão voltar ao convívio revitalizante daqueles que lhe usam a
linguagem e lhe comungam os interesses". (André Luiz. Libertação,
Evolução Em Dois Mundos, Cap. XXII, p.90)

Tratava-se de uma dificuldade, própria das almas imaturas e ainda


nos primeiros degraus da viagem evolutiva. O selvagem
desencarnado "desperta, fora do corpo denso, qual menino aterrado,
que, em se sentindo incapaz da separação para arrostar o
desconhecido, permanece, tímido, ao pé dos seus, em cuja
companhia passa a viver, noutras condições vibratórias, em
processos multifários de simbiose, ansioso por retomar à vida física
que lhe surge à imaginação como sendo a única abordável à própria
mente". (André Luiz, Evolução Em Dois Mundos, Cap. XII, p.89).

121
10) - CENTROS VITAIS

"O homem terá de voltar os olhos para a terapêutica natural,


que reside em si mesmo, na sua personalidade e no seu meio
ambiente".

(Emmanuel, Emmanuel, Capítulo XXIII, p. 125).

Os Centros Vitais são também denominados de Chakras ou Centros de Força.


São estruturas sutis desenvolvidas no processo evolutivo e que regem pelo
campo do automatismo as funções fisiológicas e psíquicas de todo nosso
complexo. São mencionados nas mais diversas tradições espirituais de
inúmeras civilizações como a Egípcia, Indiana, Judaica e Chinesa. André Luiz,
explicando o seu funcionamento, nos revela:

"Estudado no plano em que nos encontramos, na posição de


criaturas desencarnadas, o corpo espiritual ou psicossoma é, assim,
o veículo físico, relativamente definido pela ciência humana, com os
centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não pode
perquirir e reconhecer.

Nele possuímos todo o equipamento de recursos automáticos que


governam bilhões de entidades microscópicas a serviço da
Inteligência, nos círculos de ação em que nos demoramos, recursos

122
esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em milênios e milênios de
esforço e recapitulização, nos múltiplos setores da evolução
anímica". (André Luiz, Evolução em Dois Mundos, Cap. II, p.26).

Os Centros Vitais encontram-se distribuídos, com os mesmos aspectos


anatômicos e desempenhando funções fisiológicas semelhantes, em todas as
camadas ou corpos que compõe o corpo perispiritual, mas igualmente estão
presentes na estrutura física, na sua parte menos grosseira, denominada de
duplo ou corpo etérico:

"Os chakras estão situados na superfície do duplo etérico, à cerca


de seis milímetros da superfície do corpo físico. Ao olhar clarividente
aparecem como depressões em forma de pires, constituindo
vórtices. As forças que se difundem através dos chakras são
essenciais à vida do duplo etérico. Por isso todos os indivíduos
possuem esses centros de força, embora o grau de desenvolvimento
varie muito em cada indivíduo". (Major Arthur B. Powell, O Duplo
Etérico, p.35). (Itálicos do autor).

Os Centros Vitais estão interligados em um processo hierárquico, com funções


primordiais e secundárias:

"É assim que, regendo a atividade funcional dos órgãos relacionados


pela fisiologia terrena, nele identificamos o centro coronário,
instalado na região central do cérebro, sede da mente, centro que
assimila os estímulos do Plano Superior e orienta a forma, o
movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida
consciencial da alma encarnada ou desencarnada, nas cintas de
aprendizado que lhe corresponde no abrigo planetário. O centro
coronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe
obedecem ao impulso, procedente do Espírito, assim como as peças
secundárias de uma usina respondem ao comando da peça-motor
de que se serve o tirocínio do homem para concatená-las e dirigi-
las". (André Luiz, Evolução em Dois Mundos, Cap. II, p.26).

"Temos particularmente no centro coronário o ponto de interação


entre as forças determinantes do espírito e as forças
fisiopsicossomáticas organizadas.

Dele parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada


de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria mental
que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos
vivos de nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses
mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes
reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição
particular, plasmando em nós próprios os efeitos agradáveis ou
desagradáveis de nossa influência e conduta". (André Luiz, Evolução
em Dois Mundos, Cap. II, p.27).

123
O Centro Coronário seria uma espécie de supervisor ou gerente de toda a
engrenagem representada pelo conjunto dos Chakras ou Centros Vitais. Cabe
a este chakra o principal papel de assimilação dos estímulos superiores do
plano maior, distribuindo impulsos em cadeia, procedentes do Espírito Imortal.
O Centro Coronário representa o ponto de interação entre o corpo perispiritual
e o corpo físico, inteligando-se e regendo os outros centros, cuja funções
podem assim ser resumidas:

"Desses centros secundários, entrelaçados no psicossoma, e,


conseqüentemente, no corpo físico, por redes plexiformes,
destacamos o centro cerebral contíguo ao coronário, com influência
decisiva sobre os demais, governando o córtice encefálico na
sustentação dos sentidos, marcando a atividade das glândulas
endócrinas e administrando o sistema nervoso, em toda a sua
organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os
neurônios sensitivos até as células efetoras; o centro laríngeo,
controlando notadamente a respiração e a fonação, o centro
cardíaco, dirigindo a emotividade e a circulação das forças de base;
o centro esplênico, determinando todas as atividades em que se
exprime o sistema hemático, dentro das variações de meio e volume
sangüíneo; o centro gástrico, responsabilizando-se pela digestão e
absorção dos alimentos densos ou menos densos que, de qualquer
modo, representam concentrados fluídicos penetrando-nos a
organização, e o centro genésico, guiando a modelagem de novas
formas entre os homens ou o estabelecimento de estímulos
criadores, com vistas ao trabalho, à associação e à realização entre
almas". (André Luiz, Evolução Em Dois Mundos, Cap. II, p.27). (Os
grifos são nossos).

Os Centros destacados por André Luiz, em número de Sete, correspondem aos


centros primordiais ou principais ou maiores, mas outras escolas existem, que
classificam em número variáveis os chakras encontrados nas diversas
camadas perispirituais. Objetivando a síntese, unificamos escolas e tentamos
uma classificação integradora, um sistema que inclui no rol dos Centros
primordiais mais três centros a saber:

1) - O Centro de Força Ajna: Contíguo ao Cerebral ou Frontal, sendo


responsável pela sustentação de diversas funções cerebrais e endócrinas,
completando a regência exercida pelo Centro Coronário e Frontal sobre os
outros ChaKras;

2) - O Centro de Força Umbilical, cuja principal função ocorre no período


gestacional, sustentando e interligando física e psiquicamente a gestante e o
feto. Após o nascimento completa as ações do Centro Gástrico, principalmente
em relação aos intestinos delgado e grosso;

3) - O Centro de Força Fundamental localizado entre os órgãos genitais e a


região anal e tem como principal função a absorção das energias provenientes
do solo, como os raios gama e diversas expressões emitidas pela água,
metais, etc.

124
Com este quadro temos, então, 10 (dez) centros de forças primordiais
distribuídos em regiões específicas e correspondentes às várias funções.
Funções físicas, psicológicas, psíquicas, mentais e mediúnicas. Os centros de
forças são órgãos únicos formados por uma face anterior ou frontal e uma face
posterior ou dorsal. O Centro Coronário tem como correspondente o
Fundamental, o Cerebral e o Ajna o Frontal Dorsal ou Cerebral Posterior, o
Laríngeo o Laríngeo Posterior, o Cardíaco o Cardíaco Posterior ou Umeral,
o Gástrico ou Solar o Gástrico Dorsal ou Posterior, o Esplênico, o
Esplênico Posterior, o Umbilical, o Umbilical Posterior ou Meng Mein e o
Sexual ou Genésico, o Sexual ou Genésico Posterior ou Básico:

"Cada chakra principal na parte dianteira do corpo se emparelha


com sua contraparte na parte traseira e, juntos, são considerados os
aspectos anterior e o posterior do chakra". (Barbara Ann Brennan,
Mãos de Luz, Capítulo 7, p. 72).

125
11) - O PERISPÍRITO - PROPRIEDADES E FUNÇÕES

"Tudo é trabalho da mente no espaço e no tempo, a valer-se de


milhares de formas, a fim de purificar-se e santificar-se para a
Glória Divina".

(André Luiz, Entre a Terra e o Céu, Capítulo XX, p. 128).

Zalmino Zimmermann aponta que o "Perispírito é o envoltório sutil e perene da


alma, que possibilita sua interação com os meios espiritual e físico". (Zalmino
Zimmermann, Perispírito, Cap. I, p.23).

O termo foi utilizado inicialmente por Kardec no Livro dos Espíritos, contudo,
muito antes dele, várias culturas já se referiam ao perispírito, podendo-se
encontrar referências suas na Índia védica, entre os sacerdotes egípcios, na
Cabala, no Budismo, entre os gregos, na tradição chinesa e outras mais.

Para Zimmermann a natureza do perispírito "varia, não só de acordo com a


evolução moral da alma, como, também, com as condições da região ou do
planeta em que estagia". (Zalmino Zimmermann, Perispírito, Cap. I, p.29).

Zimmermann também apresenta classificação relacionada ao tema na qual


elencou as propriedades do perispírito. Dentre elas poderíamos destacar
inicialmente a plasticidade:

"Nesse capítulo, a propósito, impõe-se considerar que,


independentemente das aquisições intelectuais, pode o Espírito
mergulhar em tão severo desequilíbrio afetivo que, imerso em um
monoideísmo avassalador, chega a entrar em processo de retração
do campo que sustenta a própria tessitura perispiritual,
comprometendo, dolorosamente, suas funções". (Zalmino
Zimmermann, Perispírito, Cap. II, p.33).

Em decorrência da plasticidade o perispírito se molda ao padrão vibratório da


mente a qual está ligado, influenciando inclusive o próprio corpo físico do
indivíduo. O perispírito acompanha o ser seja quando ele está encarnado em
um corpo físico, seja quando ele está desencarnado, habitando o mundo
espiritual. Em ambos os estados, o perispírito reflete a condição íntima do
espírito, adaptando-se aos pensamentos e à vibração a qual está submetido.

As doenças manifestam-se no corpo físico após já pré-existirem no perispírito,


impregnando-se com vibrações doentias que possibilitam o aparecimento
destas patologias. Desta forma, podemos imaginar o perispírito como
modelador de vibrações às quais está constantemente submetido, denunciando
o estado mental do indivíduo, como ocorre no caso dos ovóides, espíritos
sofredores que alteram em demasia o perispírito a ponto deste perder qualquer
semelhança com a forma humana.

126
Aponta Zimmermann:

"Na realidade, a enfermidade só pode ser verdadeiramente


entendida, à luz dos conhecimentos que dizem com o perispírito".
(Zalmino Zimmermann, Perispírito, Cap XIII, p.345).

O autor defende que todas as patologias se originam em desequilíbrios dos


centros vitais, e estes por sua vez, refletem as irradiações da mente. Neste
enfoque, o perispírito serviria como verdadeira esponja a impregnar o corpo
físico com as emanações do pensamento, gerando ou sendo a causa primaria
das enfermidades.

André Luiz indica a correlação existente entre as doenças e a história do


paciente:

"Quais os principais métodos usados na Espiritualidade para o


tratamento das lesões do corpo espiritual?

-Na espiritualidade, os servidores da Medicina penetram, com mais


segurança, na história do enfermo para estudar, com o êxito
possível, os mecanismos da doença que lhe são particulares.

Aí, os exames nos tecidos psicossomáticos com aparelhos de


precisão, correspondendo às inspeções instrumentais e laboratoriais
em voga na Terra, podem ser enriquecidos com a ficha cármica do
paciente, (...)". (André Luiz, Evolução em Dois Mundos, Segunda
Parte, Cap. XIX, p.215).

Todos estes apontamentos contribuem para a conclusão de que o perispírito é


matéria, embora esta se encontre em um estado diferente daquela que
estamos acostumados a visualizar. Possuí densidade, variável de acordo com
a evolução do Espírito, ponderabilidade, pode ser submetido a medida de
peso, bem como luminosidade.

É por meio da propriedade da penetrabilidade que os espíritos podem


atravessar paredes ou qualquer barreira física. Contudo, os Espíritos
desencarnados ainda muito ligados à matéria podem não conseguir ultrapassar
estruturas físicas em decorrência de seu estado mental de baixo potencial
vibratório, o que condiciona suas possibilidades, visto que seu perispírito está
revestido de matéria mais densa. Por meio da expansibilidade, que significa a
ampliação do campo de sensibilidade do perispírito, é que acontecem diversos
processos de percepção mediúnica.

O perispírito, em condições de materialização, pode ser tocado, e poderíamos


afirmar que ele é dotado de tangibilidade. Esta é uma das formas de
manifestação dos Espíritos. O perispírito é perene, está ligado à alma e como
esta, não pode ser destruído. Porém, possui característica de mutabilidade.
Zimmermann afirma que:

127
"O perispírito, no decorrer do processo evolutivo, se não é suscetível
de modificar-se no que se refere à sua substância, o é com relação à
sua estrutura e forma". (Zalmino Zimmermann, Perispírito, Cap II,
p.55). (Itálico do Autor).

O papel do perispírito na reencarnação é fundamental, tanto que através dele é


possível se constituir todo o organismo físico que servirá de morada provisória
ao Espírito reencarnante:

"Na organização do novo veículo somático (provavelmente, a partir


de células-tronco), especializam-se células, tecidos, órgãos e
funções, a espelharem iguais estruturas e funções do perispírito,
consolidando-se, afinal, sob o influxo da energia gerada pelos seus
centros de força (ou centros vitais), poderosas usinas sustentadoras
do metabolismo psicossômico". (Zalmino Zimmermann, Perispírito,
Cap. III, p.69).

Allan Kardec na obra "A Gênese" esclarece:

"Quando o espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de


formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do
seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força
irresistível, desde o momento da concepção. (...) Sob a influência do
princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas
propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em
formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio de
seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como
uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno
desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida
exterior". (Allan Kardec, A Gênese, Cap. XI, Item 18, p.214).

128
Todo o caminho da evolução da humanidade guarda relação com a existência
do perispírito, e este contribui decisivamente auxiliando o progresso do homem
no seu destino. Gabriel Delanne demonstra que "O princípio espiritual evolui
lentígrado, das mais ínfimas formas aos organismos mais complexos. Durante
o longuíssimo período das idades geológicas, as faculdades rudimentares do
Espírito desenvolveram-se sucessivamente, agindo sobre o perispírito,
modificando-o e deixando nele, em cada etapa, os traços do progresso
realizado". (Gabriel Delane, A Evolução Anímica, p.120)

Já observamos que a característica da mutabilidade permite ao perispírito


acompanhar as transformações decorrentes da evolução da humanidade,
servindo ele de intermediário entre o Espírito e o corpo físico. Se não existisse
esse elo entre Espírito e matéria, que só é possível graças ao perispírito, a
evolução do homem estaria prejudicada, em razão de que o princípio espiritual
não teria como agir sobre o corpo físico, e a consciência estaria privada das
experiências necessárias à sua evolução:

"O trabalho dos milênios, construindo a consciência individual,


sustenta também, logicamente, o aperfeiçoamento dos necessários
instrumentos à sua manifestação, nos diferentes momentos
evolutivos. Assim, as protoformas perispirituais, mercê da ação
espiritual superior junto aos seres em evolução, passam,
gradativamente, a apresentar características e propriedades que
refletem os avanços alcançados, propiciando a formação de

129
estruturas físicas, anatômica e fisiologicamente cada vez mais
aprimoradas". (Zalmino Zimmermann, Perispírito, Cap.IX, p.261). (
Itálico do Autor).

Vários outros processos ligados ao desenvolvimento humano são possíveis


graças ao perispírito. A memória é um deles, e ela advém tanto de experiências
desta vida, quanto de outras encarnações:

"De feito, a fisiologia do cérebro físico espelha, rigorosamente, a do


cérebro espiritual, que se projeta inteiro no perispírito; os circuitos
neuroniais que servem ao processo mnemônico correspondem aos
respectivos circuitos espirituais (semimaterializados no perispírito),
que lhes servem de suporte, e que possibilitam, em ritmo
bidimensional, o arquivamento e a recuperação de todas as
experiências vividas". (Zalmino Zimmermann, Perispírito, Cap. x,
p.275). (Itálico do autor). (Negritos nossos).

A mediunidade, por sua vez, também é possibilitada pelas propriedades do


perispírito. Para Zimmermann o tema se apresenta da seguinte forma:

"(...) em se tratando de mediunidade no plano material - a faculdade


mediúnica não é, a rigor, do corpo (ainda que condicionada a
possibilidades nervosas que se elaboram na morfogênese, sob o
impulso perispiritual do reencarnante), porém, do Espírito (...). E
finalmente que, por suas condições - pois já se trata de uma
estrutura de natureza mais próxima da matéria - o perispírito é o
fator de contato e comunicação entre os mundos espiritual e físico.
(Assim, substancialmente, se quase sempre o processo mediúnico
ocorre, mente a mente, o perispírito é o instrumento - tanto do
comunicante, como do médium)". (Zalmino Zimmermann, Perispírito,
Cap. XI, p.293).

130
Grande parte dos fenômenos mediúnicos ocorre devido à expansibilidade do
perispírito, que permite a ampliação da sensibilidade do médium e o
intercâmbio entre as almas desencarnadas e o plano físico.

No campo das obsessões, o perispírito também é utilizado como mecanismo


de ação, podendo-se através dele entender como funciona este fenômeno. Nas
mais variadas expressões obsessivas caracterizadas pela influenciação entre
almas, sejam elas encarnadas ou desencarnadas, o intercâmbio se verifica em
decorrência da proximidade da natureza da vibração dos indivíduos, que se
utilizam do perispírito para estabelecerem o contato nocivo:

"A justaposição do agente ao paciente pode se verificar de tal forma,


que os perispíritos parecem se interpenetrar, como a configurar
uma quase fusão entre eles.

Esse processo, que, pela persistência dessa interpenetração


psicossômica, pode ser chamado de Soldadura Perispirítica,
acontece sob o comando magnético de terceiros - Espíritos
treinados em tais perversidades -, ou por ação natural do próprio
obsessor.

No primeiro caso, almas em desequilíbrio - inconscientes, até, do


que ocorre, catalogando-se, entre elas, particularmente, as
submetidas aos efeitos do monodeísmo - são magneticamente
jungidas aos perispíritos das vítimas, provocando-lhes os mais

131
graves desajustes psíquicos, responsáveis pelo surgimento dos
numerosos distúrbios elencados em psicopatologia.

No segundo, a atitude mental vingativa do próprio obsessor, fechado


em seu ódio contra o obsidiado - ontem, normalmente, seu cruel
algoz -, leva-o a unir-se de tal maneira a este, que os perispíritos
parecem como que soldados entre si". (Zalmino Zimmermann,
Perispírito, Cap. XIV, p.409). (Itálicos do Autor). (Negritos nossos).

A influenciação obsessiva pode se desdobrar sob várias formas, e


freqüentemente utiliza-se o perispírito como seu instrumento. Zimmermann
explica como ocorre a infecção por formas-pensamentos:

"Formas-pensamentos com tal poder de dano não se confundem


com as formas mentais comumente produzidas por encarnados e
desencarnados (ainda que com nefastas intenções). São produto de
inteligências treinadas, quase sempre cultivadas, do ponto de vista
intelectual, mas tristemente descuidadas de sua evolução moral,
cujas criações malignas são marcadas por especial intensidade e
persistência". (Zalmino Zimmermann, Perispírito, Cap. XIV, p.410).

A extensão das possibilidades do perispírito é tão vasta que os espíritos podem


promover a revitalização perispiritual ou rejuvenescimento:

"De fato, um dos mais extraordinários fenômenos, dos revelados


pela Espiritualidade, diz com a revitalização perispiritual, que só
ocorrer para acelerar a recuperação da saúde diante da uma
enfermidade mais pertinaz ou, até, para prolongar a vida física de
um Espírito encarnado, cuja carga vital (armazenada,
principalmente, ao que se deduz, no duplo etérico) já se encontra em
via de exaurimento.

132
Nessas oportunidades, quando há o necessário crédito espiritual, o
psicossoma é rejuvenescido magneticamente (...), aumentando
decisivamente o tônus vibratório de toda organização psicofísica."
(Zalmino Zimmermann, Perispírito, Cap. XV, p.457). (Itálicos do
Autor).

Diante das propriedades demonstradas do perispírito, pode-se verificar a


existência de um extenso intercâmbio entre os planos físico e espiritual,
permeado pelas formas e energias de encarnados e desencarnados, que
permitem o surgimento de incontáveis relações entre eles.

O estudo da natureza do perispírito revela estas possibilidades, abrindo


caminhos para a compreensão de como se processa a evolução, através de
um constante trabalho das almas com a matéria, visando à expansão da
consciência e ao desligamento das formas primitivas de pensamento, até que
este atinja os verdadeiros princípios do amor em Cristo.

133
134
12) - CONCLUSÃO

"Nossa longa viagem está terminada. Tudo já foi demonstrado,


tudo está concluído até as últimas consequências. A semente
está lançada no tempo, para que germine e frutifique".

(Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Despedida, p. 354).

Toda filosofia, toda religião, toda ciência, toda busca pela espiritualidade tende
a uma única verdade, a ciência e consciência do Espírito Divino, a centelha
transcendente e imanente de Deus em nós.

Sucintamente, podemos dizer que a evolução biológica guardou a revelação


maior que é a organização da vida psíquica, para que a vindoura era da razão,
na qual atualmente estagiamos, pudesse anteceder a era da intuição, cujo
domínio definitivamente transcenderá o cérebro humano e abrirá as portas das
dimensões espirituais, tornando cada vez mais consciente a personalidade e
ampliando a conexão com o Espírito Imortal e com DEUS TODO
MISERICORDIOSO.

O perispírito é prova inequívoca da existência do espírito e entendendo as


finalidades deste corpo intermediário, poderemos alcançar a nova civilização
espiritualizada, que, em busca da luz do espírito, respeitará a matéria como
veículo imprescindível à nossa luta na terra, mas reverenciará a fonte espiritual
donde tudo emana (o espírito), e por ele será comandada à luz da percepção
intuitiva que alcançaremos através das possibilidades psíquicas no esforço da
"mentossíntese". Este termo foi utilizado por André Luiz para considerar que,
com o desenvolvimento do psiquismo e o advento do espiritual, iniciamos o
fenômeno da troca de fluidos mentais multiformes, através dos quais emitimos
nossas idéias e radiações, assimilando as radiações e idéias alheias. Assim,
concluímos que a evolução biológica é, na verdade, evolução psíquica e o
perispírito é peça das mais importantes para compreensão de nossa condição
evolutiva, pois encerra em si a grandiosa finalidade de "expansão do espírito",
sendo para isso, instrumento direto de aperfeiçoamento e progresso:

"O homem permanece envolto em largo oceano de pensamentos,


nutrindo-se de substância mental, em grande proporção. Toda
criatura absorve, sem perceber, a influência alheia nos recursos
imponderáveis que lhe equilibram a existência.(...). Estamos
assimilando correntes mentais, de maneira permanente. De modo
imperceptível, "ingerimos pensamentos" a cada instante, projetando,
em torno de nossa individualidade, as forças que acalentamos em
nós mesmos". (Emmanuel, Roteiro, Lição 26, p.103).

Evolução psíquica e evolução biológica são procedimentos de um único ato


determinístico, o rompimento da crisálida da consciência, o desabrochar do
psiquismo, no caminho ao livre arbítrio e à mente superior, como anteriormente
já havíamos mencionado:

135
"Desse modo, em qualquer estudo acerca do corpo espiritual, não
podemos esquecer a função preponderante do automatismo e da
herança na formação da individualidade responsável, para
compreendermos a inexeqüibilidade de qualquer separação entre a
Fisiologia e a Psicologia, porquanto ao longo da atração no mineral,
da sensação no vegetal e do instinto no animal, vemos a crisálida de
consciência construindo as suas faculdades de organização,
sensibilidade e inteligência, transformando, gradativamente, toda a
atividade nervosa em vida psíquica". (André Luiz, Evolução em Dois
Mundos, Cap. IV, p.41).

De igual sentir, Sua Voz, em A grande síntese, ensina surpreendentemente:

"É absurdo conceber que as formas da vida sejam objetivos em si


mesmas e sua evolução não possua finalidade nem continuação,
justamente onde um eterno transformismo as precede nas fases Y
(gama, matéria) e B (beta, energia). A continuação da evolução
orgânica só pode ocorrer a partir da evolução psíquica, como de fato
se realiza no homem". (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Cap. 62,
p.200). (As palavras entre parênteses e os grifos são nossos).

Contudo, dia chegará em que não se poderá negar que o espírito é a essência
que comanda a evolução. Com a sabedoria de Sua Voz, traduzida em palavras
por Pietro Ubaldi, terminamos este estudo, ressoando em nossos corações as
verdades há muito esquecidas e cujas vibrações estremecem as fibras mais
íntimas do nosso psiquismo:

"Este psiquismo é a meta mais alta da vida. Seu desenvolvimento é


o resultado final da permuta, da seleção, da transformação da
espécie, de tão grande sabedoria, de tamanha luta, de tão alta
tensão. Esse psiquismo fixa-se nos órgãos, nas formas; plasma-as,
anima-as em todos os níveis, delas faz um meio para evoluir ainda
mais. Nas formas da vida, o psiquismo se revela e se exprime, a
partir das formas, observando-as podeis subir até o princípio
psíquico, à centelha que se agita em seu âmago.Tudo isso constitui
um esforço, uma ascensão dolorosa, do protozoário ao homem,
sempre subindo, até os mais altos cimos do psiquismo, onde se
realiza a gênese do espírito, obra maravilhosa e progressiva, em que
a Divindade, princípio infinito, está sempre presente num ato
constante de criação". (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, Cap. 62,
p.200). (Itálicos do Autor).

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