Iconografia Teatral
Iconografia Teatral
Iconografia Teatral
Ministra da Cultura
Ana de Hollanda
Presidente da Funarte
Antonio Grassi
Diretora Executiva
Myriam Lewin
Gerente de Edições
Oswaldo Carvalho
ANTONIO GRASSI
Presidente da Funarte
PREFÁCIO 13
PRÓLOGO
“Eu sou diretor (...) eu sou público” 19
ATO I
Atalhos para a história do teatro ou quando o Brasil
descobriu Portugal 29
Premissas teóricas do estudo de imagens 33
História visual – antropologia visual 42
istória da arte iconografia teatral
Exercício 1: sequências de i ac o i in 60
Imagens 1 a 29 79
ATO II
A estonteante reali ação que o fogo não conseguiu deter 5
A fotografia como fonte e objeto
ragmentos do olhar: a fotografia e o fotográfico
otografia de teatro 5
Os produtores da imagem:
“intérpretes do passado” e “mediadores culturais privilegiados” 127
E erc cio : as fotografias de cena nas revistas ilustradas
Imagens 30 e 31 e fotorreportagens 161
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ATO IV
Fotografando as palavras 273
Eugénio Salvador e sua Companhia 277
Os espetáculos da Companhia Eugénio Salvador 283
As séries iconográficas
Imagens 109 a 180 311
EPÍLOGO
magens fotográficas do passado na construção
de novos modos de ver o teatro no presente 5
A A 5
NOTAS 383
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* Balme, Christopher. Selling the Bird: Richard Wlaton Tully’s The Bird of Paradise and the dinamic of Theatri-
cal Commodification. n eatre o rnal 5 , he ohns op ins niversit Press, 5, p. .
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vER CLARO
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formarão o tripé para a constituição de uma “história ao mesmo tempo ampliada e mais
aprofundada”. A intenção do grupo era problematizar o fazer histórico e ampliar sua
capacidade de observação. Estaria inaugurada a noção de “história como problema”.
Superando-se a conduta anterior de mera coleta dos fatos entrar-se-ia numa fase que,
segundo Le Goff, “exige do historiador a consciência de que o fato histórico não é um fato
‘positivo’, mas produto de uma construção ativa de sua parte para transformar a fonte
em documento e, em seguida, constituir esses documentos, esses fatos históricos, em
problema”.30 Novas posturas críticas em relação aos procedimentos adotados até então
pela história foram estabelecidos e constituíram os novos paradigmas para essa nova
escrita historiográfica. usca se, aqui, então, retomar parte dessa trajetória no intuito
de iluminar o caminho na construção de uma narrativa histórica problematizada pelo
uso das fontes visuais como princ pio deflagrador de um ato interpretativo .
Estabelece-se assim uma história “ampla, profunda, longa, aberta, comparativa
[que] não pode ser realizada por um historiador isolado”,31 aspectos fundamentais
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(...) trabalhar historicamente com imagens obriga, por óbvio, a percorrer o ciclo
completo de sua produção, circulação e consumo, a que cumpre acrescentar a
ação. As imagens não têm sentido em si, imanentes (...) É a interação social que
produz sentidos, mobilizando diferencialmente (no tempo, no espaço, nos lugares
e circunstâncias sociais, nos agentes que intervêm) determinados atributos para
dar existência social (sensorial) a sentidos e valores e fazê-los atuar. Daí não se
poder limitar a tarefa à procura do sentido essencial de uma imagem ou de seus
sentidos originais, subordinados às motivações subjetivas do autor, e assim por
diante. É necessário tomar a imagem como um en ncia o, que só se apreende na
fala, em situação. Da também a import ncia de retraçar a biografia, a carreira, a
trajetória das imagens.5
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Aqui Dubois avança em suas próprias refle es presentes em ato otogr fico,
obra já tão completa, em cuja introdução ele apresenta seu pensamento a respeito da
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As primeiras indagações
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c corpus documental
se alguns artistas não têm recursos para retratar estados expressivos, ele não
terá condiç es de fa ê lo, mas quando um artista está tão afinado com os
poderes projetados de um ator, o resultado visual é a ilusão de uma ilusão (...)
[e assim essa obra] poderá ser um documento visual bem mais revelador do
que qualquer fotografia tirada do evento.88
55
Séries e sequências
E :
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A pose terá papel de destaque não só nas sequências que se apresentam neste
cap tulo, mas no conjunto geral das fotografias do arquivo da Companhia Walter
Pinto. Não encontraremos relev ncia equivalente no acervo fotográfico da Companhia
Eugénio Salvador, contraste que será abordado oportunamente. Por enquanto cabe
refletir sobre a ideia de arthes que identifica na pose uma gramática histórica
constituída por padrões advindos de várias instâncias culturais, o teatro entre elas.
Essa constatação impulsiona a tentativa de identificar os elementos de significação
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“b ” ª e 2ª p
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É claro que o bom gosto só não adianta. É preciso um largo capital que permita
a realização. Ainda agora fui a Argentina (...) e contratei nada menos do que a
famosa coreógrafa Vitoria Garabato e o allet do Teatro Colon, visando com isso
dar novo realce aos meus espetáculos, elevando o n vel das criaç es coreográficas,
com autênticas bailarinas e não as o girl somente (...) Pretendo comemorar
o jubileu da Empresa com um espetáculo que marcará (...) haverá este ano allet
de fato – basta dizer que a grande bailarina, ex-integrante da Ópera Cômica de
Paris do ‘Ballet Russe’, Juliana Yanakiewa, será a ri a allerina do conjunto
– que dançará números como o “Bolero”, de Ravel, entre outros, em curiosa
montagem, onde todos os fabulosos recursos do palco do Recreio – que conta
com elevadores, palco giratório e outras maravilhas mecânicas – serão postos
à prova. Mas um grande elenco foi contratado, sem descuidar da comicidade,
(...) veremos pela primeira vez reunidos num palco de revista os dois mais
sensacionais cômicos do teatro ligeiro: Oscarito e Grande Otelo (...).110
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in cio do quadro nos prepara para sua cena final ou fase final. No decorrer
do quadro entende se que o rei festeja o aniversário da filha, a princesa. Enquanto o
banquete está sendo servido, um mendigo invade o castelo pedindo clemência ao rei
para que socorra os famintos do reino. rei, então, desafia o mendigo: em duas horas
ele deve distribuir a comida do banquete a todos os mendigos do reino, irmamente
caso não o faça, morrerá. E assim a narradora explica o andamento do quadro, que
depois da ordem do rei, passa para sua segunda fase, nos salões do castelo:
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Esse bolo foi realmente especial, pois os autores da revista conseguiram criar
uma fábula para a apoteose do primeiro ato cujo enredo contemplava a comemoração
do jubileu da empresa em cena, junto ao público.
A montagem da mesa do banquete (imagem 1 – i1),113 antes de a cortina se
abrir para o in cio do quadro, está representada numa foto de bastidor nela, o trabalho
técnico é o protagonista, e identificamos o olhar do espectador privilegiado: o fotógrafo.
p blico não teria acesso a essa imagem no espetáculo só se a foto fosse colocada
no saguão de entrada do teatro ou publicada na imprensa, possibilidades que não
foram confirmadas na investigação processada nos periódicos da época. As fotos de
bastidores, também presentes na sequência seguinte, da fase final da apoteose, revelam
a intenção da empresa de documentar seu ‘modo de produção’. Não há preocupação
em esconder os mecanismos de construção da cenografia, pelo contrário: o ato de os
revelar denota sua importância e enaltece a produção do espetáculo, bem como toda a
tecnologia empregada para dar ao público o melhor. Essa é uma interpretação possível,
que coloca como mensagem principal para esse tipo de imagem a ênfase do empresário
nos recursos técnicos levados para o palco do Teatro Recreio. Além disso, o processo
de conotação dos objetos, como apontado por Barthes, evidencia a ‘mesa do banquete’
e suas m ltiplas significaç es: representar o salão real realçar as injustas relaç es
entre o poder do rei, sua fartura à mesa, e seu povo, representado pelo mendigo a
centralidade e grandiosidade da mesa que, construída com inclinação para aumentar a
ilusão de profundidade, cria o impacto necessário para o contraste entre a humilhação
do mendigo e a arrogância do rei. A ‘mesa do banquete’, portanto, é objeto pleno de
associações de ideias e símbolo de riqueza, de poder.
Quanto ao modo de produção do espetáculo, a foto revela mecanismos de
construção desse cenário-objeto. Observa-se que a mesa é dividida ao meio, para
facilitar sua locomoção pelo palco. Vê-se uma das partes deslocada para o lado
esquerdo, de modo a permitir ao maquinista encaixar o candelabro que delimita o
centro da mesa e sua divisão em duas partes. Supomos que cada parte da mesa ficasse
nas laterais da co ia, a fim de que, na mutação para a fase final, pudesse ser introdu ido
o bolo cenário pelo centro do palco. Pratos, taças e demais objetos são fi ados no
tampo da mesa, que por sua ve se fi a sobre uma escada, cujos degraus servem de
apoio para as cadeiras nas laterais. A escada certamente facilitava o aceso do elenco
ao se posicionar ao longo da mesa. É possível também observar que há um elemento
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“b ” ª s
fotógrafo mostra detalhes do bolo cenográfico i17, i25, i26 e i27) que o
espectador comum apenas vislumbrou, a dist ncia. bolo fica no fundo do palco, e as
girl seminuas (“os manjares capitosos para o prazer dos gulosos”) jamais chegam ao
proscênio. A plateia não tem a seu alcance esse “recheio libidinoso” (i22, i23, i24 e i28).
Além disso, elas estão sempre “emolduradas”, em compartimentos ou em pose estática.
Então, essa relação estabelecida pela foto de proximidade com os corpos seminus das
girl não é real para o espectador que na época ocupava a plateia. Foi real, entretanto, para
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E :
p “b ”
i2 Pedro Dias (na cabeceira, o Rei), Lita e Carlisse (em primeiro plano à esquerda) Arquivo WP- Cedoc/Funarte
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Arquivo WP-Cedoc/Funarte
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Arquivo WP-Cedoc/Funarte
i10 Eugenia Berno (quarta da esquerda para a direita)
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Há muitas semanas que Oscarito não dorme bem. Acorda duas, três
vezes por noite, rolando na cama de um lado pro outro, bocejando,
abraçando o travesseiro. Naquela sexta-feira, bem cedo, telefonou
para um famoso médico de sistema nervoso:
(...)
Horas passadas, Oscarito, já reconfortado com a palavra da ciência,
entrou em seu camarim. (...)
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é inal de uma obra de arte (...) que permite reviver, supor e por vezes recriar
no futuro obras de outra natureza. Entretanto o sinal [a foto] (...) conserva em
estado latente uma informação histórica e uma experiência estética. Podemos
ver aí como a cena se organiza, como cada ator expressa diferentemente as
emoç es humanas e, por fim, como em um momento datado a representação
cênica se posiciona diante do mundo e opina sobre a construção da sociedade e
das instituições (...) Há em cada fotograma, além da criação individual do ator, do
cenógrafo e do diretor, a impressão causada sobre o fotógrafo.129
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“ ”
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O artista terá que saber escolher esse instante, assegurando previamente seu
potencial de sentido e pra er: necessariamente total, esse instante será artificial
(irreal: não se trata de uma arte realista), será um hieróglifo onde se lerá com um
único olhar (com uma única percepção, se passamos ao teatro ou ao cinema) o
presente, o passado e o futuro, isto é, o sentido histórico do gesto representado. 5
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Isso, acredita o autor, é grande virtude para o historiador do teatro, pois é essa
forte i o ili a e e fi a nossa atenção para o que está sendo registrado.
Alguns aspectos da primeira produção fotográfica que envolveu o teatro o
retrato de ator poderão ser identificados nas fotos de cena, como, por e emplo, a
pose. rata se de concepção fotográfica cujo objetivo perseguia revelar a alma de um
personagem, a força concentrada num gesto ou num olhar, que remetesse o espectador
à atmosfera daquele espetáculo o que, entretanto, nem sempre era atingido, como nos
revelou Disdéri.
Dois fatores levam a fotografia de teatro a buscar outras formas de registro:
o avanço tecnológico dos equipamentos fotográficos, permitindo o deslocamento do
fotógrafo do estúdio para a casa de espetáculo, e as mudanças operadas na maneira
de se colocar em cena um espetáculo, quando o interesse se desloca para o en e le,
e o ator passa a ser peça da engrenagem, tão importante quanto os demais elementos
que comp em a cena. utra perspectiva foi criada para a fotografia de teatro, com
novos objetivos, e para dar conta dessa nova cena o retrato de ator seria insuficiente.
Se os propósitos não são tão distantes daqueles dos retratos, não há dúvida de que os
resultados são diferentes. poss vel identificar vest gios de padr es usados para os
retratos em fotos de cena, assim como verificar para os retratos de atores perspectivas
presentes nas fotografias de cena. Não se pode esquecer que os retratos de atores
continuam a desempenhar importante papel na circulação de imagens de teatro.
Assim, o retrato de ator e a foto de cena fi am imobilidade que ao historiador pode
propiciar visualização da dinâmica teatral de uma cena passada.
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A produção de till denominação usada até hoje para designar as fotografias colocadas no
saguão de entrada dos cinemas e teatros – era especialmente determinada pela produção
do espetáculo, que, então, previamente concedia permissão para tomadas a serem feitas no
palco, com maior proximidade entre artistas e fotógrafo.
Visando criar boas fotos para publicidade, o fotógrafo deve seguir percurso
que inclui ler antecipadamente o texto/roteiro do espetáculo, agendar com a produção
visitas ao teatro para assistir aos ensaios corridos, de modo a poder acompanhar com
o te to a encenação, a fim de marcar momentos que considera bons para as tomadas
fotográficas. Essa preparação o capacitará a discutir com o diretor do espetáculo a
seleção das cenas, podendo até sugerir alguns momentos, se lhe for concedida essa
autonomia. Evidencia-se, então, que a decisão primeira quanto ao que se quer registrar
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o“ ” “ ”
fundamental ter em mente o aspecto enfati ado por Pavis de que a fotografia é
artefato que se constrói na articulação do aspecto estético art stico com o documental
a oposição entre fotografia documental e objetiva e fotografia art stica, autônoma em
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Mas o que é fotografar teatro, que necessidade foi esta, mal surgiu o brometo
de prata, de fi ar, de registrar, de guardar o que, por definição, dura uma
noite, se esvai ou se guarda em cai inha de joias da memória ... Não foi
a arte do fotógrafo submetida sempre ao critério do encenador – que as foi
escolhendo Não foi o editor de jornal quem fe a istória, dei ando para trás
o nervo, o impreciso, o grão, a vida do tremido que agora nos surpreende
... Quem são os fotógrafos, os que se especiali am nesta coisa da cena ...
o o e er i c r o r rio a otografia e cena i c r o ao
er i o 163
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Pelo fato de estar trabalhando junto à companhia Artistas Unidos por longo
período, não teria o fotógrafo construído, em paralelo ou em justaposição, um
discurso ao serviço Então a escrita dessa dupla ficção pode ter mais de uma
autoria. A cena, instaurada pelo encenador e seus diversos elementos, serve à arte
do fotógrafo, que constrói um duplo discurso ficcional: o de seu modo de olhar e o de
dar a ver os elementos teatrais construídos pela encenação. A força da foto de cena,
segundo esse texto de introdução está exatamente “nesta duplicidade (...) na forma
como nos são dadas a ver cenas isoladas de um todo, o que resulta do modo como
Jorge Gonçalves se posiciona perante o objeto a captar”.166 Até que ponto, porém,
esse posicionamento não teve interferência do encenador E, mesmo, do grupo As
questões levantadas por Jorge Silva Melo estarão continuamente nos provocando
neste estudo na realidade, elas descrevem um tipo diferenciado de relação entre
encenador e fotógrafo, apontando para uma corrente nova de criação e refle ão,
estabelecida a partir da década de 1980 na França.
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o “ ”
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O que a autora observa é que a foto de Pic pode dar ao espetáculo outra
dimensão, uma relação de força diferente daquela que se apresentou durante a
encenação para pelo menos boa parte dos espectadores – aquela que não teve acesso
a esse ponto de vista e, portanto, nunca viu os soldados totalmente de costas, naquele
“assustador anonimato”.
Roland Barthes assistiu ao espetáculo e usou as fotos de Pic justamente
para apreender aquilo que não lhe foi possível apreender no desenrolar da
encenação, para entender melhor, através dos detalhes congelados nas fotos de
Pic, as verdadeiras tensões expressas por Brecht no desenho de sua cena. É isto
que encontramos nas observações tanto de Barthes como de Meyer-Plantureux,
aprofundamento e alargamento da compreensão do que foi aquele espetáculo.
As análises contêm pontos comuns e às vezes divergem ou apresentam aspectos
diferentes. Através das fotografias de cena, pode-se “reviver o assunto registrado
no plano do imaginário”.183
Outro dado bastante relevante e que nos interessa particularmente destacar
é que essa compreensão estabelecida por Meyer-Plantureux só foi possível por
confrontação de diversas fotos relativas ao espetáculo e reunidas pela pesquisadora,
tendo em conta, aliás, também as que foram publicadas e as de autoria de outros
fotógrafos, como os do próprio Berlinder Ensemble.184 Reitera-se, portanto, a proposta
de érôme aschet da iconografia serial, ao enfati ar a import ncia da elaboração de
um cor iconográfico para o estudo de determinado tema da história. s e emplos
apresentados por Me er Plantureu nos confirmam a iconografia serial como
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pois essas fotografias são fiéis, mas não são servis revelam o espetáculo, ou seja,
mostram nele detalhes que não aparecem necessariamente no movimento da
representação, contribuem, entretanto, para sua verdade, e é nisso que elas são
verdadeiramente críticas: não ilustram, ajudam a descobrir a intenção profunda
da criação ... Em suma, essas fotografias isolam para revelar melhor por mais
literais que sejam (pois recusam sempre interpretar o fato esteticamente), elas
tomam partido, escolhem significaç es, ajudam a passar de uma ordem factual
para uma ordem intelectiva (...). 5
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“ ”
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No teatro julgo haver duas apro imaç es: ou aquela fotografia puramente
documental e/ou o tentar interpretar uma cena, escolhê-la e ao enquadramento,
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oão una acaba definindo sua fotografia de cena como documento: memória e
registro fiel do acontecimento teatral. E acrescenta: a utili ação de minhas fotografias
de cena é feita na constituição de arquivos fotográficos. Elenca, então, alguns princ pios
fundamentais para ele. Dispensa a determinação do encenador sobre o que fotografar,
pois, em sua opinião, isso se define em sua própria concepção do que seja a fotografia
de cena, ou seja, ela deve expressar a i eia de espetáculo pretendida pelo encenador.
“O local onde o encenador se senta durante os ensaios é uma boa pista para a colocação
da c mera fotográfica, bem como da escala fundamental em que o espetáculo deve
ser fotografado. O espaço não deve ser violado.” Acrescenta ainda que essas diretrizes
não devem ser levadas em conta como um “colete-de-forças”, mas sim como “guias do
olhar . As fotografias que não representam a or a do espetáculo, mesmo que através
de um detalhe, não são, segundo seu ponto de vista, fotografias de cena são imagens
construídas para além do espetáculo, imagens (...) que lhe acrescentam novas formas,
que inventam uma nova dimensão.”
Certamente isso não significa que suas fotos sejam meras tomadas frontais,
como qualquer espectador sentado na plateia poderia fazê-lo. A busca da maior seme-
lhança possível com a realidade da cena não deixa de exigir do fotógrafo sensibilidade
pessoal, a escolha, a cada cena, de o que, quando e como fotografar. Relembrando Pavis,
a foto de teatro é antes de tudo uma fotografia, como forma e objeto estético, e não vale
a pena discutir oposições entre fotos ditas “artística” e “documental”, pois elas estão,
quase sempre, justapostas. Uma foto de João Tuna inserida no dossiê nos dá a medida
dessa justaposição. Como se pode perceber, tanto os fotógrafos portugueses de agora
quanto os franceses estudados por Meyer-Plantureux divergem quanto ao conceito do
que a fotografia de teatro deve representar se o ponto de vista do encenador ou se
a criação pessoal do fotógrafo. Enfim, as correntes apontadas por Me er Plantureu
subsistem fora da França, e devemos estar atentos para essas diferentes posturas na
produção da fotografia de cena.
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e que vivenciou as técnicas desse período para a execução de fotos de cena, embora
não tenha fotografado especificamente a Companhia Walter Pinto, guarda em suas
memórias, mesmo que em muitos momentos temperadas com o sabor das referências
atuais, testemunho de per odo importante de solidificação do fotojornalismo no
Brasil.211 E os dados de ordem técnica que ele pôde nos fornecer são importantes para
a compreensão das circunstâncias de produção dessas imagens.
As primeiras informações obtidas, então, dizem respeito ao equipamento
utilizado na época. Segundo Damm todos os fotojornalistas de r eiro usavam o
mesmo tipo de equipamento: uma olleifle com lente fi a e cujo fla era uma lâmpada
separada da máquina que deveria ser substituída depois de utilizada, manobra
que exigia intervalo entre uma foto e outra. Ele cita o exemplo de uma “sequência”
de fotos de dança flamenca e ecutada pela bailarina espanhola Carmem Ama a em
espetáculo no io de aneiro em 5 .212 Carmem precisou dançar repetidas vezes até
que ele conseguisse fazer grande quantidade de fotos. Após a revelação, com a ajuda
da bailarina ou seria imposs vel refa er a coreografia , ele conseguiu ordená las e
publicá las na sequência real. filme, cabe lembrar, limitava a agilidade do fotógrafo,
pois só permitia 12 poses, o que o obrigava a pausa ainda maior do que as recorrentes
para troca das lâmpadas do fla , a fim de trocar regularmente o rolo. Com relação
a essa sequência de Carmem Ama a foram feitas cerca de 5 fotos para selecionar
as 36 publicadas em r eiro. Naquela época, segundo Damm, havia muita perda
de fotografias, por diversos motivos, mas quase sempre de ordem técnica: relativa
ao equipamento (câmeras, fla , filmes, lentes etc. ou ao laboratório, no momento
da revelação. Contando com essas inevitáveis perdas, os fotógrafos desenvolveram o
costume de fazer grande quantidade de fotos.
Outra informação relevante foi sobre as lentes então disponíveis, que
permitiam distância de, no máximo, cinco metros do objeto a ser fotografado. As
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(...) o próprio Carlos Machado ou Zilco Ribeiro diziam se aquela era ou não uma
parte importante. O critério e a escolha do que fotografar não era propriamente
do fotógrafo, era do diretor que sabia o que queria mostrar, mas nós tínhamos
também liberdade de escolher (...) Eu nunca fotografei uma peça durante a
estreia ou durante os espetáculos, porque atrapalhava, nós tínhamos limitação
devido ao nosso equipamento, que era muito restrito, pois r eiro não tinha
laboratório que operasse para c meras de 5mm que ofereciam uma gama de
lentes esse recurso não havia na olleifle , que e igia nossa apro imação ...
Durante essa “passada” [o ensaio] nós nos movimentávamos à vontade no teatro,
de cima, de baixo, nas coxias, em cima do palco (...) E a luz era a luz do espetáculo
mesmo, pois os filmes já permitiam isso ... Na verdade nós fa amos umas ,
90 fotos, para a revista escolher seis, oito para publicar, de acordo com a censura
própria da revista r eiro.213
136
As fotos de teatro tiradas por Fredi Kleemann têm sido muito utilizadas como
documentos, testemunhos de um período e de um modo de representar
que já desapareceram, deixando poucos vestígios tão preciosos como esses.
Agora, por um dever elementar de justiça – e de justiça poética –, pretende-se
o contrário: que essas fotografias sejam contempladas em si mesmas e por
si mesmas, pelo que são e não pelo que significam como refle os de outras
realidades, humanas ou artísticas. Pede-se ao leitor, em outras palavras, que
veja o que está diante de seus olhos, sem buscar por trás o Teatro Brasileiro
de Comédia ou eatro Cacilda ec er ... Confesso que para mim é dif cil
semelhante operação, apesar de compreendê-la e aprová-la.214
Conclui, então, afirmando que, sem o treino visual dos especialistas , ainda
que se esforce, não consegue abstrair-se ou desligar-se “afetivamente” daqueles rostos
conhecidos. A dificuldade de Décio, parece nos, certamente não se deve à falta de
treino visual dif cil é não en ergar ali sua própria presença, refletida na cuidadosa
produção daqueles espetáculos, desde a criação acurada de cada personagem até as
palavras de repertório que ajudou a estabelecer.
Essa observação nos fa refletir sobre a real capacidade de ver além ou aquém
do que as fotos de cena podem mostrar. Encarar a fotografia apenas como evento para
o olhar”, como sugeriu Dubois. Se, entretanto, elas não detêm possibilidade concreta
de nos levar de volta a um palco passado, por que nos interessariam Então, ainda
acrescenta Décio: a série desses instant neos no sentido de que toda fotografia capta
um só instante), quando somados, restitui-nos, se não o desempenho dos atores, ao
menos a atmosfera artística que os cercava, evocando sugestivamente uma parcela do
que foi vivido por uma geração inteira (...)”. 5
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Infelizmente, para esse período, não existem estudos sobre outros fotógrafos
de teatro no Brasil. Encontrar qualquer informação a seu respeito é tarefa detetivesca.
Diversos fotógrafos registraram os espetáculos da Companhia Walter Pinto, mas
a maioria deles é praticamente desconhecida para a história tanto do teatro
quanto da fotografia. Na década de a produção da Companhia foi registrada
predominantemente por P. Botelho, do qual não conseguimos saber sequer o nome
velado pela letra “P”. Aparecem outros, um pouco mais conhecidos devido ao destaque
obtido como retratistas, Arno Kikoler e Halfeld, por exemplo. Arno Kikoler, cujo
carimbo no verso de suas fotos o indicava como “fotógrafo comercial”, fotografou cenas
posadas do espetáculo li a , de , além de ter feito retratos dos artistas alfeld
produziu mais retratos, que apareciam sempre nos programas da Companhia.
Na década de 5 o n mero de profissionais envolvidos no registro dos
espetáculos e dos artistas aumenta, alguns mais conhecidos por sua atividade como
repórteres fotográficos, caso de De los ios e A moré Marella 220 outros, como Cabral,
Carlos Mos ovics e uis Mafra, eram profissionais de est dio. De todos, o que mais
reali ou registros de espetáculos nesse per odo foi uis Mafra . Seu filho,
o também fotógrafo ernando Mafra 5 , herdeiro do Studio Mafra e dos negativos
originais que ainda permanecem imunes à ação do tempo (muitos já se perderam),
foi quem nos possibilitou resgatar parte da trajetória desse importante fotógrafo no
âmbito do arquivo da Companhia Walter Pinto.
Mafra foi o responsável pelos deslumbrantes diapositivos colorizados, que
deixaram Flávio Damm (e todos que puderam observá-los) encantado e surpreso, pois
não se lembrava de ter visto reproduções semelhantes. Esse material, no entanto, nos
provocou muitas dúvidas por ocasião da visita de Damm ao Cedoc/Funarte. A perfeição
das cores fez com que pensássemos, por um momento, tratar-se de negativos originais
coloridos revelados naquele papel transl cido algumas bochechas muito rosadas de
girl , porém, nos levaram a questionar a existência ou não de colorização. A textura dos
diapositivos coloridos é diferente da dos preto e branco, mas o mais curioso foi que, ao
argumentar que não haveria mão que fi esse aquela perfeição de cores, lávio Damm,
apontando para uma das girl , observou que ela era mulata. Não seria possível pintar com
tamanha exatidão a cor do corpo. Foi então que percebemos que a tal mulata era Regina
Nacer, a vedete francesa dos nus artísticos de Walter Pinto, uma loira de olhos azuis e nada
mulata, o que confirmava a ação de colori ação daqueles diapositivos. que, contudo,
ficou evidente naquele momento foi a caracter stica especial e e clusiva daquele material,
pois não se conhece registro de trabalhos semelhantes para outras companhias teatrais.
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Mafra ficou conhecido como o fotógrafo das vedetes , pois sua especialidade
era o retrato – das vedetes e das coristas, sozinhas ou em grupo, todas meticulosamente
arranjadas pelo fotógrafo, que procurava sempre aperfeiçoar suas composições: “As
fotos de Mafra são sempre rigorosas composições. Tanto para fotografar uma vedete,
como grupo de figurantes, ele se mostrava e tremamente severo no enquadramento
e na pose que exigia de suas fotografadas”,223 enfatiza Antonio José Mendes em
reportagem na revista e a sobre a mesma exposição do MAM.
A exclusividade de Mafra em relação à Companhia é certamente relativa, pois
durante esse período outros fotógrafos também realizaram registros dos espetáculos
de Walter Pinto, mas sem dúvida há predominância de seu trabalho. Paralelamente à
atividade no teatro, Mafra continuava a fotografar casamentos, aniversários, formaturas
e crianças, bem como cantores e músicos, para inúmeras capas de disco das gravadoras
Copacabana e Odeon.
Seu perfeccionismo com relação às poses para as fotos, ajeitando a posição de
mãos, pés, cabeça tudo tinha que ficar perfeito, e todos deveriam ficar imóveis, como
estátuas , para que as fotos sa ssem boas , se justifica também pelo equipamento
que usava: c mera inhof ecni a, de negativos 5. rata se de máquina de fole
grande, pesada e que opera filme vendido em folhas, ou seja, ela processa cada chapa
folha individualmente, o que significa que a cada tomada uma nova chapa deveria ser
inserida. Essa câmera exige operação lenta, “contemplativa de certa forma”, mas também
garante ao fotógrafo a “máxima reprodução de detalhes e nuanças da cena original”.224
apropriada para fotografia de arquitetura, pois a movimentação do fole permite
posiç es independentes entre os planos da lente e do filme, o que propicia a correção de
perspectiva. Marcos Sá Corrêa, ao comentar o trabalho do fotógrafo Thomas Pakenham,
cita o uso da Linhof Tecnika: “(...) câmera de fole grande, complexa e pesada, dotada de um
corpo capaz de qualquer contorcionismo para achar a perspectiva certa até nos ângulos
errados. É o instrumento ideal para retratados que só se deixam enquadrar de baixo para
cima e se espalham por vastos espaços mesmo quando crescem em lugares apertados.” 5
A relevância desse detalhe sobre o equipamento usado por Mafra está em remeter
aos objetivos que o fotógrafo procurava alcançar nas fotografias de cena e ou retratos.
A maioria de suas fotos para a Companhia Walter Pinto foi feita com essa máquina, mas
também encontramos algumas reali adas com a olleifle . Cabe chamar a atenção
para o fato de que, de todos os fotógrafos desse período pesquisados no âmbito das duas
companhias teatrais, Mafra foi o único que usou esse tipo de equipamento, o que atribui
a suas fotos características peculiares.
143
r o
144
Percebe se, então, que os repórteres fotográficos produ iram novos olhares
para o cotidiano e que o teatro era, sem dúvida, um dos espaços de aprendizado para
essa nova imagem fotográfica que se delineava a partir da efetivação, pela imprensa
ilustrada, das chamadas fotorreportagens.231
Importante nessa trajetória do fotojornalismo e, portanto, na veiculação pela
mídia de uma série de imagens que ganham a categoria de notícia, em detrimento de
outras, que são descartadas e assim, “somem” da história que está sendo construída,
é justamente observar quais fotografias de cena ou de teatro participaram dessa
construção e quantas foram alijadas desse processo. O confronto entre as fotos
publicadas na imprensa e outras só veiculadas no saguão do teatro ou nos programas
dos espetáculos, e ainda aquelas que permaneceram apenas no arquivo das empresas
teatrais pode dimensionar como e em que medida as imagens fotográficas ajudaram na
construção da história dessas companhias teatrais e talvez, de forma mais abrangente,
como as imagens teatrais participaram dessa nova ordenação de visualidade que
estava sendo forjada pelas revistas ilustradas.
Apresentam-se, então, novas perspectivas de observar essa produção, segundo
Ana Farache:
146
E :
147
148
149
esquema das fotos por página permite analisar a disposição das fotografias
e seus diversos tamanhos e o que isso pode significar para a narrativa visual elaborada
pelo editor. As revistas ilustradas determinavam o tamanho das fotos “de acordo com
sua importância nos termos da ênfase da notícia. Era comum que fotos de impacto
para a opinião pública tivessem tamanho grande, geralmente uma página dupla”. 5
Percebe-se, então, nessa reportagem, que houve destaque para o artista e não para
a cena, pois a única foto que ocupa página inteira, sangrada, é a de Oscarito. Nem a
imagem do incêndio, que seria a foto de impacto da notícia, mereceu essa proporção.
Analisando especialmente as fotos de cena, verifica se que elas se apresentam
em tamanho grande apenas duas vezes, mas aparecem seis vezes no tamanho
pequeno. Então, do total de 5 fotografias, oito são de cena. A primeira delas, na
página 19 – cuja legenda anuncia “O espetáculo recomeçou. As girl , os bailarinos, os
comediantes, regressaram à luta diária de agradar à massa de espectadores que aflui
sempre ao teatro” –, oferece tomada inusitada, tirada dos fundos do palco, da lateral
esquerda para direita, desenhando uma diagonal. Posicionado atrás dos artistas, o
fotógrafo criou imagem em que os elementos centrais são as costas do bailarino e da
vedete, e o brilho das luzes da ribalta, que enfatizam o escuro da plateia à frente. Não
se veem os rostos dos artistas tampouco se identifica o p blico presente. A sombra
da vedete ajuda a acentuar a linha diagonal, inclinada para a esquerda, indicando o
aproveitamento da iluminação cênica, sem uso de fla . As luzes da ribalta ofuscam
a continuação do plano da foto, impedindo a visualização da plateia. Além desses
indícios, os corpos em movimento também contribuem para a suposição de que seja
de tomada instantânea e não posada.
Esse tipo de posicionamento do fotógrafo não é recorrente nas fotos de cena
trata-se de ponto de vista excepcional. No dossiê de i ac o não há nenhuma
fotografia tirada desse ngulo, mas duas locali adas no dossiê de ogo na aca
No Brasil não se pode fazer muito reclame dos artistas. Ficam na empresa
apenas uma temporada e, na seguinte, passam para outra, que, como é
lógico, se aproveita do enorme reclame já feito. Assim, faço reclame da minha
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E :
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NO ESCURINHO DO CINEMA
Aí encontrei o Walter Pinto: custou, mas encontrei! Ele perguntou: “Você sabe
dançar ... Não sabia que tinha que saber allet, essas coisas, não sabia nada,
nada, nada. Eu falei: “Se o senhor me tirar para dançar, eu danço.” “Você sabe
cantar Ah , eu sei cantar uma m sica bonita. Ele me fe cantar a m sica
cinquenta ve es ... Ele chegou à conclusão: ocê nunca trabalhou em teatro
Não, senhor. Então o que é que você veio fa er aqui Eu quero esse ordenado.
Ele disse: “Então, levanta a saia que eu quero ver as suas pernas.” Eu levei uma
bofetada por dentro tão grande (...) Me envergonhei toda. Levantar a saia, que
coisa horrorosa! Aí falei: “Se eu mandar o senhor descer as suas calças, o senhor
desce A caiu o cachimbo da mão dele ... Ele disse: Mas, por quê Porque é
176
Sua presença de espírito lhe valeu a contratação, mas até alcançar o estrelato
teve que estudar muito, fa er aulas de canto, dança e postura era uma pedra bruta que
precisava ser lapidada, e Walter Pinto investiu nessa lapidação. Assim como no caso de
Mara Rúbia, as girl dependiam da aprovação do empresário era ele quem avaliava os
dotes art sticos e f sicos das candidatas. E como havia candidatas
Elas estão em todas as fotografias de cena de Walter Pinto mulheres à vista
e cômicos a prazo!
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cada quadro. Contrastando com as fotos do acervo de Walter Pinto, observa-se a pouca
frontalidade e maior proporção de lateralidade nos enquadramentos, talvez também
pela facilidade/funcionalidade viabilizada pelo Teatro Maria Vitória, com suas frisas
laterais quase sobre o palco. Há, entretanto, pouca produção de fotos de bastidores
que, na verdade, são usados para ‘fundo’ das raras fotos posadas, aliás, retratos dos
atores caracterizados.
Também marcante nos espetáculos da Companhia Eugénio Salvador é a
presença, em plena década de 5 , da figura do co re, função desempenhada pelo
próprio Eugénio Salvador. Essa convenção do teatro de revista foi abolida dos palcos
brasileiros em meados da década de 1920, quando os textos das revistas sofreram
diversas alterações para acompanhar o novo ritmo solicitado à cena pelo teatro por
sess es, procedimento que não aconteceu em Portugal. Assim, a permanência da figura
do co re na Companhia Eugénio Salvador indica que a ‘revista à portuguesa’ não
sofreu transformações em sua estrutura dramatúrgica como no Brasil, que, sem um
co re, se abriu à extrema fragmentação, como nos espetáculos de Walter Pinto.
Segundo Susan Sontag, através da fotografia, cada fam lia constrói uma
crônica – retrato de si mesma – uma coleção portátil de imagens que testemunha sua
coesão”.273 Poderia também ser esse um dos propósitos de as companhias teatrais
terem produ ido essas coleç es fotográficas Não seria importante mostrar ao p blico
essa fam lia irmanada no intuito de obter os melhores resultados art sticos A ideia
da “coleção que testemunha uma coesão” pode também nos ajudar a compreender
a e istência desses conjuntos fotográficos além do mero propósito comercial e
empresarial, encaminhando nosso olhar para a identificação, talve , de outros ideais.
A import ncia das séries para a análise iconográfica, endossada por Molinari no
mbito da iconografia teatral, também é abordada na história da arte. historiador da
arte medieval érôme aschet apresenta o conceito de iconografia serial, 274
defendendo
que a análise iconográfica não se deve fundar sobre imagens isoladas. Se for verdade
que as imagens pensam, deve-se acrescentar que ‘elas pensam entre si’”. 5
“ et o a
rie or con e ncia a nece i a e ela a con i o a a ren i age e er ”276
A proposta de uma iconografia serial feita por aschet é importante
ferramenta teórico-metodológica nesta pesquisa. Estamos lidando com arquivos
quantitativamente significativos, que e igem, também, a construção de um cor
iconográfico. Ao propor uma análise serial que pode ao mesmo tempo tratar de
produções massivas e restituir a cada obra sua singularidade”, e que “o estudo
181
182
Para nos aproximarmos dele [objeto teórico] é necessário referir outros objetos.
É aí que a análise estrutural começa: o que nos faz escolher os outros objetos
que permitirão abordá lo Chegamos então ao que se pode designar como um
método comparativo. Não há história da arte senão nessa perspectiva. Diria
por isso que, mais do que estrutural, tudo é comparação. Como funciona isso
Questionando as diferentes maneiras de uma paisagem ser uma paisagem, as
183
a fotografia, para ser trabalhada de maneira cr tica, não pode ficar limitada a um
simples exemplar. A noção de exemplo foi superada pela dinâmica da série, que
estabelece contatos diferenciados com distintos suportes da cultura material.
Dessa forma, a ideia de série e tensa e homogênea foi comple ificada pela noção
de coleção. Esta rompe com a homogeneidade, demandando do pesquisador
uma metodologia que dê conta do seu caráter polifônico, resultado de um
circuito social de produção, circulação e consumo de imagens.289
184
A :
186
ªs c
anto cor
P&B
Cor
anto ao orte
Papel fotográfico
Contato
Negativo
Diapositivo
Impresso (fotogravura)
187
anto ao or ato
Retangular/horizontal
Retangular/vertical
Quadrada
Oval
Recortada
er a e o er o
Carimbos
Da Companhia
Do fotógrafo
De doação
Anotações de época
Anotações posteriores
anto o i o o ot gra o
Primeira fila de bai o para cima
Plateia
Coxia
No palco
Balcão (de cima para baixo)
anto con i e e to a a
Posada
Em ensaio
Em estúdio
“Fotoação”
Em ensaio
Em representação pública
anto il ina o
Luz de cena
Luz de serviço
Não identificada
188
189
onte o relati o ao ti o e a ro
Prólogos/aberturas
Apoteoses
Quadros de comédia
Quadros de fantasia
Números de cortina
Números de rua
Monólogos/cançonetas
Números de plateia
Sem indicação
onte to te tico
Caricaturas políticas
Sensualidade/erotismo
Motivos de fantasia
Motivos dramáticos
Motivos urbanos
Motivos regionais
Motivos religiosos
Sem indicação
190
191
AC W P P
Manoel Pinto iniciou suas atividades teatrais na década de 1920. Com a criação
da Companhia Margarida Max, no Teatro Recreio, logo teve seus esforços reconhecidos,
como ressalta Mário Nunes, em comentário relativo a 1926:
192
Ainda sob a hipótese de que o Teatro de Revista no Brasil tem uma fórmula que
o caracteri a e diferencia dos outros gêneros afins, observou se que, no rasil,
o Teatro de Revista, a partir de 1940 e ia e, definitivamente, para o ic
all. Na época de Walter Pinto, que estreia em 1940, o que se convencionou
chamar re i ta apodera-se de todos os recursos visuais e sensoriais para chegar
ao público. O luxo abafa o texto que vai, aos poucos, se e ian o para o teatro
e arie a e . Este teatro chamado revista vai tendo enfraquecida a sua linfa, a
sua mais autêntica razão de ser, que é a sátira e o contato com a atualidade, com
a sociedade a que pertence. Perdendo esses ingredientes, o Teatro de Revista
perde o sistema nervoso central, sua vitalidade (...) O gênero havia se e ia o
para o puro entretenimento, ainda que, aqui e ali, surgissem críticas e anedotas
pol ticas. Era a revista espetacular, considerada um outro filão do eatro de
evista, mas que, para nós, não define nem caracteri a a revista brasileira.303
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A : 5
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s E d
O prólogo
203
204
No meu escritório eu tinha um periscópio que eu via [o palco] (...) Não podia
instalar televisão na ocasião. Não tinha ainda. Você via através do periscópio,
tinha o som que eu ouvia. Um cenário desses que estivesse levantado, meio
centímetro daqui, era já uma bronca. Quando eu ensaiava a luz, eu tinha uma
memória fotográfica, e que a lu que eu tinha posto a ul aqui, amarelo, quando
eu via (e não estava certo) eu telefonava do meu escritório para o eletricista: “Seu
desgraçado, essa luz!” “Não senhor! É que estou mudando a lâmpada!” Tinham
sempre uma desculpa, mas eu dava bronca. Eu não admitia uma cortina... porque
o público pagava para ver um espetáculo correto, não é para ver essas palhaçadas,
essas coisas que entram de qualquer maneira, passa na frente. Não. Tinha que ser
uma coisa correta, limpa, bem feita. E todo dia tem que ser bem feito aquilo e
isso... eu era exigente nesse ponto. E não arredava o pé.341
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207
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210
E as duas ltimas fotografias contatos i46 e i47) parecem fazer parte de uma
pequena sequência de retratos dos quatro comediantes, quase exatamente como na
ampliação do mesmo grupo (i43 , com diferença no ngulo da tomada nelas o fotógrafo
ficou no mesmo plano dos atores, criando situação mais descontra da, com a cho
(Getúlio Vargas) sorrindo, e os outros três em poses bem desenhadas e cômicas. Essas
fotos foram tomadas nos bastidores do teatro, visando prioritariamente documentar a
caracterização dos atores no desempenho de caricaturas políticas, embora procurando
trazer para a imagem um pouco da história desenvolvida no quadro, ou o clima da
cena, como insinuam a risada de a cho, confiante o olhar desconfiado e intrigante
do omem do Contra e a postura de v tima i46) esboçando reação (i47) do Carioca.
Não se pode ignorar o fato de que das seis fotos produzidas para esse quadro
apenas uma (i42) apresenta o personagem de Jane Grey (a Democracia), que, de acordo
com o texto da revista, permanece em cena durante todo o quadro. Isso explicita e
reforça a importância dos comediantes, já evidenciada nas críticas do espetáculo e na
foto publicada no jornal.
o a circ la e lica e e ar i o
211
O uso da palavra “instantâneo” para se referir à foto não atesta que a tomada
tenha sido feita em ação, pois empregava se instant neo como sinônimo de fotografia
que, afinal, significa e atamente a captura de um instante a confirmação desse dado
demanda outros ind cios, não verificados, permanecendo, então, essa interrogação.
A publicação de Jota Efegê, no entanto, não deixa dúvida sobre a reverberação desse
universo imagético criado por Walter Pinto, assinalando para os leitores de suas
crônicas a importância da Companhia e seu empresário no contexto das décadas de
e 5 . 5
212
213
Os temas dos quadros de fantasia e apoteose eram criados por Walter Pinto, em
colaboração com os autores da peça, segundo declaração do empresário: “A estrutura
mais ou menos dos finais, aquilo tudo quem ideali ava era eu. 5
Portanto, pode ser
um bom exercício pensar essas imagens como produção de sua imaginação, como se
pudéssemos penetrar uma área mais íntima, secreta, o elemento que gera os sonhos e
que poucos têm o privilégio de materializar. Ao visualizarmos fragmentos dos quadros
de fantasia desses espetáculos estamos conhecendo um pouco além da história da
Companhia, nos aproximando de uma parcela da criatividade de Walter Pinto em mais
uma das funções que exercia, a de “autor”. 5
a ent ra e an
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Isso, como ironia, é uma cascata daqueles cretinos, em que se incluía o Sérgio
Porto, e que ironizavam as revistas chamando os espetáculos de teatro rebolado
e de teatro de cascatas. Ora, o que é que você tem que procurar no teatro para
causar efeito a er uma coisa espetacular, uma coisa bonita. Então eu montei de
fato cascatas no palco, mas fi também truques maravilhosos. i afundamentos
de navios. Fiz transformações em cena. É que os idiotas se pegaram nessas
cascatas e plumas, como se isso fosse uma coisa pejorativa. Por que é que eles
não fa em hoje as cascatas 366
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221
A primeira imagem (i68) da sequência que criamos para essa fase revela o
momento do aparecimento da Vitória-Régia em cena, cercada de todas as “espumas
coloridas”, com Jacy, a deusa lua (Regina Nacer), no último degrau do praticável fazendo seu
número de nu artístico, e a Vitória-Régia (Marina Marcel) subindo por um dos elevadores
do palco e surgindo por dentro das pétalas da flor cenográfica. enquadramento
permite visualizar ainda parte do fosso da orquestra, com o maestro de costas para nós.
Trata-se de foto tomada provavelmente em ensaio e com minuciosa composição posada.
Reúne de tal maneira os elementos da apoteose, que não seria exagero imaginar que,
pudesse a foto ser sonora, ouvir amos um ba , o famoso bordão associado aos finais
de quadros com vedetes, em pose de braços para cima. Ao convocar outros sentidos além
do visual, induzindo a sensação sonora de um grandioso “Oba!”, a análise da imagem
vai além de seu referente. Esse transbordar, entretanto, talvez só tenha sido possível
porque a fotografia evoca a gramática histórica operada pela pose, um dos processos
de conotação apontados por Barthes.372 Assim, a composição da foto evidencia todos os
pré-requisitos das apoteoses: muitas plumas e paetês, escadaria, mulheres bem-vestidas
ou bem despidas, atmosfera de luxo e beleza, a saturação de tudo isso revelando, então,
os elementos de significação que se apresentam nas poses em atitudes estereotipadas.
É quadro-padrão de apoteose e como tal foi concebido. O fotógrafo dessa terceira fase é
Luis Mafra, que deixa mais uma vez registrado seu preciosismo na composição da pose.
Na (i69) não aparece Marina Marcel como Vitória-Régia, o que nos faz imaginar
que esse momento talvez não tenha existido nessa fase da apoteose e que a foto tenha
sido reali ada como registro dos ricos figurinos bordados, levando para o segundo plano
o nu da francesa Regina Nacer. Interessa, porém, explorar outro aspecto: a foto revela sem
disfarces o pistão do elevador no palco do Teatro Recreio. O mecanismo dos elevadores
(i72) era motivo de orgulho do empresário Walter Pinto, fato que ele detalhou em página
e meia na entrevista realizada em 1992. A instalação de tais elevadores, após consulta às
firmas especiali adas Schindler e tis, que se declararam incapa es de reali ar tal obra,
foi invenção do empresário com orientação de um técnico alemão cujo nome ele não
conseguiu lembrar, mas que muito o ajudou em todos os equipamentos de efeitos para o
222
223
rgani ar esse percurso que leva o espectador ao encontro da ficção parece ser
uma das motivaç es do empresário para a reali ação da produção fotográfica de sua
Companhia. Imagens de uma arqueologia prévia da cena passaram a ser elaboradas
na empresa de Walter Pinto em meados dos anos 40, mas já nas décadas anteriores,
em revistas e programas internacionais, não eram incomuns tomadas de bastidores,
aparatos cenográficos, enfim, a revelação da tecnologia envolvida nos espetáculos
teatrais. Um exemplo pode ser dado por uma das imagens analisadas no projeto
Opsis377 pela pesquisadora Paula Gomes Magalhães:
Esta imagem [i74] faz parte de um conjunto de dez que compõem uma
reportagem fotográfica do periódico ot cia Il tra o que pretende evidenciar
“a soma enorme de energias”, como refere o jornal, que é necessária para
224
Walter Pinto e não no de Eugénio Salvador, o que pode indicar a ida do empresário
brasileiro ao espetáculo não há, entretanto, outro ind cio na documentação da empresa
teatral de Walter Pinto que possa confirmar essa hipótese. Além de l ere e on o,
o espetáculo onte l ino a 5 apresenta em seu dossiê fotográfico imagens dos
mecanismos da fonte colocada em cena e de oficinas de costura e carpintaria (i83 a
i85).382 Apresenta se, assim, para esse tipo de produção fotográfica, sintonia entre as
companhias carioca e lisboeta, evidenciando a generalização de padrões de visualidade
na época.
on o e in erela e en a o ra il
226
O uso desse tipo de câmera por Mafra pode explicar a manutenção do padrão
de fotos posadas e frontais, em que se visualizavam com perfeição todos os planos
da fotografia e se tinha noção da profundidade do palco, tra endo para o espectador
imagem próxima ou até melhor do que a avistada da plateia.
Desse conjunto algumas fotos estão identificadas como sendo de Mafra i87,
i89, i90, i91 e i92 outras não têm identificação, mas é poss vel que também sejam dele.
Toda a série apresenta belos e harmoniosos quadros pictóricos da cena, com poses
bem definidas, formas distribu das com equil brio, composição tradicional como pede
o ponto de vista frontal, favorecido pelo equipamento usado. Foram feitos alguns
227
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229
Eu percebi que o negócio não era fazer teatro de gênero livre, como outros faziam,
para atrair o público. Aquele tipo de espetáculo só chamava homem, e os homens
não tinham força nenhuma em casa para levar a família ao teatro. Eu passei a
fazer espetáculo para a mulher. Atingindo uma mulher, eu trazia o marido, trazia
o irmão, o cunhado e a cunhada. Se eu atingisse só o marido, ele iria escondido,
como ia antigamente aos teatros de “moinho”.* (*Referência ao teatro gênero
“moulin”, com espetáculos picantes, inspirados no “vaudeville” parisiense e que
teve sua voga no Rio de Janeiro no início da década de 1930)386
230
José Ramos Tinhorão também indaga ao empresário se ele atribuía a esse tipo
de bolaç es os truques cenográficos o fasc nio do p blico pelo teatro de revista
naquela época, ao que Walter Pinto responde:
Não. Essa era apenas a minha parte naquele trio que eu compunha com Luiz
Iglézias e o Freire Júnior. Era apenas uma parte do choque para a plateia. Para
arrancar o aplauso. E tanto é que, no final das peças eu sempre procurava
jogar em cima do público um, dois, três truques, um em cima do outro. E não
dava bis. odos ficavam com vontade de tornar a ver para tentar adivinhar
como era o truque, como era aquilo.388
231
232
(...) diante das casas, das paisagens, o olhar frontal é também o olhar onde estou
mais ausente e ao mesmo tempo mais junto com o que há ali (...) Se o eixo não é
frontal, se o ângulo é outro, o objeto está separado de seu horizonte, e isto faz mal
aos olhos e aos objetos. Além disso, no Oeste americano, t o e con tr o
elo o e e tre a ente teatral. Uma vez em uma paisagem aberta, a visão
frontal é, de certa maneira, a única possível, porque qualquer outra forma de
olhar de lado, do alto, ou de bai o separa um objeto de seu ambiente. o a
i o rontal a coi a g ar a a i enti a e, mas através de outros ângulos,
elas a perdem, pois o ngulo identifica o fotógrafo.393
233
234
, 5
SÉRIES ICONOGRÁFICAS
i32 Diário da Noite, 13 maio 1953, p.7 (Mesquitinha, Paulo Celestino, Pedro Dias, Manoel Vieira e
Ankito) detalhe e página inteira
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
i35 Diário de Notícias, 14 maio 1953, p.6 (Marina Marcel e Léo Lauer) detalhe e página inteira
Acervo N Setor de microfilmes
236
s E d – Prólogo
237
238
i40 Com Walter Pinto
i41
Foto Mafra. Arquivo WP - Cedoc/Funarte Arquivo WP - Cedoc/Funarte
15/12/2011 13:53:27
, 5
s E d – Quadro de Comédia
c o te a gra a
i42 Pedro Dias, Mesquitinha, Paulo Celestino, Jane Grey e Manoel Vieira
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
i43 Manoel Vieira, Paulo Celestino, Mesquitinha e Pedro Dias
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
i45
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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s E d – Quadro de Fantasia
a ent ra e an
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
i52 Corpo de baile
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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s E d – Apoteose 1º ato
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
i64 O Mundo Ilustrado, Suplemento teatral, ago.1955, p. 26 detalhe e página inteira
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa.
IMC, IP/DDF
s E d – Apoteose 1º ato
i69
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
i73 Programa da Companhia Walter Pinto, 1. ed., 1951, [p.10]
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
55
i75 Página 20
i76 Página 20
i78 Página 21
i79 Página 21
260
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s E d – Quadro de Fantasia
on o e in erela
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
i94
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
i97
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
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Arquivo WP - Cedoc/Funarte
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
269
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
i105
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
270
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
i107 Botando pra jambrar, quadro “Carrosel das quatro estações” (apoteose 2º ato), 1956
271
s E d – Apoteose 2º ato
en a o ra il
Arquivo WP - Cedoc/Funarte
272
FOTOGRAFANDO AS PALAvRAS
A
(veste uma fantasia adequada ao número
“Alfama embandeirada”, que vai interpretar. Fala com muita vivacidade
e exuberância): Ah, meus amigos! Estava louca por que chegasse
o momento da minha actuação nesta simpática festa a favor dos
pobrezinhos!
: Em nome da corporação, muito obrigada!
: E esta minha impaciência em dar minha
colaboração a esta festa elegante, estava, em duas coisas: por um lado,
no meu bom coração e, por outro lado, no meu amor à Arte!
(a Barão das Almôndegas): Ponha-se a pau, seu
Almôndegas, que ela tem uma coisa de cada lado!
: Creia, minha boa amiga, que lhe ficam muito bem esses
sentimentos...e que lhe fica muito bem esse vestido
: Oh! Muito obrigada no que diz respeito aos
meus sentimentos! Mas, bem vê: o vestido é próprio para o número que
vou interpretar...Oh! Mas que cabeça a minha! Eu ainda não lhes disse
o que é o meu número! Foi escrito, propositadamente, para a festa de
hoje!
: Que pena não se ter lembrado aqui do meu amigo,
o barão das Almôndegas, que, aqui pra nós, também é um grande
número...
: Ao princípio, pensei em ensaiar um samba
brasileiro mas desisti Está muito corriqueiro, não acham
273
274
277
278
Em vão os autores, mal grado a sua longa experiência, davam voltas à imaginação
para contornar imposições da censura, que implacavelmente eliminava toda e
qualquer referência, ainda que tímida e velada, aos acontecimentos políticos do
pa s. Quisesse ou não quisesse, a revista contribu a assim para fi ar a imagem de
uma nação afortunada, onde a vida corria tranquila e sem incidentes, em contraste
com a desordem e a inquietação que lavravam nos outros países (...) Encerrado
o curto parênteses de relativa liberdade que o fim da guerra possibilitou, a
revista viu-se obrigada a repetir mecanicamente fórmulas que haviam feito o seu
tempo, aplicando-as a fatos anódinos do dia a dia – as obras do metropolitano,
os programas da televisão, o futebol. Por vezes escapavam, através das malhas
apertadas da censura, algumas observações mais contundentes às caixas da
previdência, aos grêmios, ao aumento dos impostos e do custo de vida (...) Assim,
todas as tentativas de renovação que se esboçaram até ao fim do consulado
salazarista esbarraram nessa dupla limitação – a atuação repressiva da censura e
a repetição dos processos –, e se durante este quarto de século a revista evoluiu,
foi unicamente no que toca a seus elementos exteriores.406
279
280
281
282
C E S
283
284
Só por nos ter poupado a longa, palavrosa e idiota tirada “patrioteira”, que é uso
encaixar nos espetáculos de revista, Eugénio Salvador merece o nosso profundo
reconhecimento, como inspirador e realizador de aia c rta (...) E não se diga
286
287
288
anto cor
P&B 94 79 92 100
Cor 7 21 7
anto ao orte
Papel fotográfico 79 5 100 100
Contato 13
Negativo 0,86 14
Diapositivo 5 11
Impresso (fotogravura)
anto i en o
P a 5 21 20 0,78 4
M (12x18 a 18x24) 78 80 91 96
G (19x29 a 27x33) 7
5 ou mais
anto ao or ato
Retangular/Horizontal 34 61 94 79
Retangular/Vertical 5 5 6 21
Quadrada 14 1
Oval
Recortada
er a e o er o
Carimbo da Companhia 3 5
Carimbo do fotógrafo 3 1 88 93
Carimbo de doação 86 5
Anotações de época 41 20
Anotações posteriores 89 5 100 100
289
anto con i e e to a a
Posada em ensaio 5 82 2
Posada em estúdio 16 24
Fotoação em ensaio 19 4 82 5
Fotoação em
3 3 7 17
representação pública
Total Posada 72 90 2 24
Total Fotoação 22 10 98 76
anto il ina o
Luz de cena 48 4 5 76
Luz de serviço 32 38 4 24
Não identificada 16 5 1
Cenários
Telão 16 23 5 40
Estruturas tridimensionais 8 3 23 12
Telão e estruturas 40 44 20 20
Cortina 7 13 4 3
N/A 28 11 1 24
Quanto ao uso/função
Publicada 5 2
Com indicação de
4 4 7
publicação
Sem indicação de
33 96 100 91
publicação
Como till 5 4 40
Para programa 3 38
Para Censura 3 8 41 5
Com dedicatória
Para arquivo da companhia
70 5 19 34
e/ou atores
290
ocia o ao ti o e arran o
com co re 33 34
Vedetes 47 5 12
Bailarinas 26 34 10 7
Caricaturas vivas 5
Tipos 13 4 48
Alegorias
291
onte to te tico
Caricaturas políticas 7
Sensualidade/Erotismo 18 39
Motivos de fantasia 29 34 17 16
Motivos dramáticos 2
Motivos urbanos 44 44
Motivos regionais 13 5 10
Motivos religiosos 5
Sem indicação 32 27 0,78 28
292
293
294
296
297
298
299
s E d
Prólogo
300
A revista
Que nasceu pra rir e cantar
Turururu
301
Posto não haver registro fotográfico da fase final do prólogo, é imposs vel avaliar
visualmente o ‘novo ar’ anunciado nesse início de espetáculo. Talvez os demais quadros
indiquem essa nova atmosfera.
O prólogo do 2º ato ocupa apenas meia folha do texto da revista, em que está
indicada apenas uma música: “Milionários”. Nada mais é dito sobre a abertura do
ato, não há rubricas nem outra fala a não ser a letra da música. As duas primeiras
fotos (i142 e i143 mostram coreografia que talve possa corresponder à m sica
“Milionários” indicada no texto. As seguintes (i144 e i145), porém, revelam outro
momento do prólogo, sem indicação no texto. Sabemos que o quarteto masculino
retratado nas duas fotos é o grupo Conjunto sem Nome, uma atração portuguesa do
espetáculo. Cotejando te to e foto, no entanto, fica a d vida a respeito do momento em
que a m sica foi interpretada: se no momento coreográfico ou se pelo Conjunto sem
Nome, fato que também não foi esclarecido nas apreciações críticas do espetáculo a
que tivemos acesso. Nota se que o telão de fundo do quadro se modifica na ltima
fotografia i145), e aparecem placas com indicação de “Banco” em substituição às
anteriores de “Frutaria”, “Talho” e “Peixaria”. A indicação de “Banco” está de acordo
com o tema do prólogo – Milionários –, e o Conjunto sem Nome é indicado como tendo
participado do quadro. Hipótese que pode ser aventada é a de que o quadro tenha mais
de uma fase, como o prólogo do 1º ato e, assim, apresente mutação de cenário, embora
não muito significativa, pois o ambiente permanece quase igual, mas suficiente para
indicar outra atmosfera no desenrolar do quadro. E é o que parece acontecer, pois
302
Apoteoses
303
304
306
Porque a palavra, no teatro de revista (...) tinha um impacto muito forte sobre
o ouvido do espectador [embora não fosse só a audição o sentido desperto],
os atores construíam imagens também com as palavras, de um modo popular,
usando assobios, onomatopeias, cortando palavras, gaguejando, buscando
sons e usando, com eles, o corpo, porque a palavra, até então, não havia sido
banida do corpo.447
307
308
309
310
, 1960
s E d Quadro de Comédia
l a ae an eira a
i109 Maria Domingas
i110
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu
Nacional do Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF
311
15/12/2011 13:56:07
COMPANHIA EUGÉNIO SALVADOR
313
314
316
317
i119 Planta do Teatro Maria Vitória. In: “Agenda das plantas e tabelas de preços de
Cinemas e Teatros e calendário para 1945”, em 23 de dezembro de 1944
318
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF
319
Foto C. Madeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa.
IMC, IP/DDF
15/12/2011 13:56:20
i122 Como é o tempero, Teatro Maria Vitória, 1954
Foto Victor Aires. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa.
IMC, IP/DDF
i123 Curvas perigosas, Teatro Maria Vitória,1957
320
321
s p c Caricaturas
i126 Álbum de recortes de Cala o bico, Diário de Lisboa, 26-3-1954; Diário de Notícias, 27 e 28-3-1954
322
323
i129 Planta do Teatro Coliseu dos Recreios. In: “Agenda das plantas e tabelas de preços de
Cinemas e Teatros e calendário para 1945”, em 23 de dezembro de 1944
324
5
Foto Freijota. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa. Foto Jorge Garcia. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF
IMC, IP/DDF
15/12/2011 13:56:37
i132 Fonte luminosa, 1956
5 .
jul.
,
Manchete, p.
326
327
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa.
Lisboa. IMC, IP/DDF IMC, IP/DDF
15/12/2011 13:56:46
s
328
i137
E
Prólogo 1º ato
d
, 1960
SÉRIES ICONOGRÁFICAS
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do
Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF
15/12/2011 13:56:50
i138
i139
15/12/2011 13:56:54
330
i141
Foto F. Pinto. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa.
IMC, IP/DDF
15/12/2011 13:56:59
i143
Prólogo 2º ato
15/12/2011 13:57:03
332
i145
i144 Conjunto Sem Nome
15/12/2011 13:57:07
s
i147
c
E
c
i146 Corpo de baile
d
, 1960
333
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa.
IMC, IP/DDF
15/12/2011 13:57:11
334
i149
i148
15/12/2011 13:57:17
i151
i150
15/12/2011 13:57:21
s
336
i153
E
gran e
i152 Corpo de baile
arc a
d
, 1960
SÉRIES ICONOGRÁFICAS
15/12/2011 13:57:25
i155
i156
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/
Museu Nacional do Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF
337
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/
Museu Nacional do Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF
15/12/2011 13:57:31
, 1960
SÉRIES ICONOGRÁFICAS
s E d Quadro de Comédia
i158
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do
Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF
338
15/12/2011 13:57:38
340
i162
i161
15/12/2011 13:57:43
, 1960
SÉRIES ICONOGRÁFICAS
s E d Quadro de Comédia
i164
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do
Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF
341
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF
15/12/2011 13:57:50
i168
i167
15/12/2011 13:57:55
, 1960
SÉRIES ICONOGRÁFICAS
s E d Quadro de Comédia
2º ato – tr a ortal a o
i169 Eugénio Salvador, Costinha, Barroso Lopes e Antonio Silva
i170
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro,
Lisboa. IMC, IP/DDF
344
15/12/2011 13:58:01
346
i174
i173
15/12/2011 13:58:05
, 1960
SÉRIES ICONOGRÁFICAS
s E d Quadro de Comédia
2º ato – a or o o re
i175 Leônia Mendes e discípulas
347
Foto F. Pinto. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa. IMC, IP/DDF Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa.
IMC, IP/DDF
15/12/2011 13:58:14
i179
349
Foto Sampaio Teixeira. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Foto José M. Ferrani. Espólio Eugénio Salvador/ Museu Nacional do Teatro, Lisboa.
Lisboa. IMC, IP/DDF IMC, IP/DDF
15/12/2011 13:58:17
5
i “
” 450
Ao nos lançarmos no processo de pesquisa que deu origem a este livro não
fazíamos ideia das inúmeras possibilidades que se abririam como caminhos a trilhar.
Jamais havíamos trabalhado com imagens de teatro, e este, certamente, foi o grande
desafio: tentar a construção de uma narrativa histórica problemati ando o uso das fontes
visuais como deflagrador de um ato interpretativo . A busca de instrumentos teóricos
e metodológicos para enfrentar tal desafio, em meio a universo interdisciplinar tão
vasto, é o que define este trabalho como o in cio de uma trajetória e não sua conclusão.
Aqui se apresentam algumas escolhas e opções, entre tantas outras possíveis.
Nossa formação em artes cênicas nos indicou o objeto: as companhias de
revistas de Walter Pinto e Eugénio Salvador. O teatro de revista era tema caro e familiar,
que vínhamos paulatinamente dominando desde nossa dissertação de mestrado. Esse,
porém, não deveria ser o foco principal da investigação. Queríamos, sim, entender as
motivaç es e os efeitos da produção fotográfica empreendida por duas companhias
de revistas, partindo do princípio de que o teatro entra numa rede de produção e de
circulação de imagens e que as convenções imagéticas migram de uma arte para outra.
As ações artísticas dos empresários, responsáveis pela constituição, manu-
tenção e preservação de acervos com os quais trabalhamos, se deveriam refletir na
própria produção fotográfica e indicar a construção da memória dessas companhias,
Na pista para desvendar aquilo que nos intrigava percebemos que o trajeto
empreendido na migração das fotografias de cena para as publicaç es historiográficas
sobre o teatro de revisa poderia ser compreendido no âmbito das três coordenadas
que a história deveria considerar para o entendimento da “dimensão visual presente
no todo social” ao lidar com fontes visuais: o visual, o visível (e o “invisível”) e a visão,
de acordo com Meneses. 5
55
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382
PRÓLOGO
1
O Arquivo de Walter Pinto foi doado no âmbito do Projeto Memória criado pelo Serviço Nacional do
Teatro – SNT na década de 1970. O Projeto Memória “visou, sobretudo, estabelecer uma nova linha
de política cultural do SNT dentro da área documental (...) cujas atividades convergem para um
sistema de divulgação, pela qual a informação documental coletada, selecionada e analisada chega
ao p blico . Documento administrativo, que acompanha of cio de rlando Miranda, presidente do
SNT, ao secretário de Assuntos Culturais do MEC, sr. Márcio Tavares D’Amaral, em 7 de fevereiro
de 1980). A área responsável pela coleta de documentação foi coordenada por Janine Resnikoff
Diamante, que desempenhou papel fundamental no estabelecimento de relações de entendimento
entre doadores e instituição receptora. Deve-se a seu empenho o quase “resgate” do acervo de Wal-
ter Pinto, guardado precariamente pelo empresário na piscina vazia de sua cobertura em Ipanema,
segundo relato de antigos funcionários do setor.
2
A Biblioteca Jenny Klabin Segall (SP) forneceu cópias de alguns programas da Companhia, espe-
cialmente das temporadas paulistas. O Arquivo do jornal O Estado de São Paulo também cedeu có-
pias de fotografias de alguns espetáculos.
3
Podemos citar o Fundo Zilco Ribeiro (1921-1993) depositado no Arquivo Edgard Leuenroth, na
nicamp, que, entre outros documentos, possui . fotografias e . negativos não há infor-
mação se os negativos se referem a essas ampliações). Informações sobre o Fundo podem ser aces-
sadas em http: .ifch.unicamp. br ael ebsite ael r. utro acervo fotográfico significativo
de que temos conhecimento é o de ardel ércolis , mas não há informação dispon vel
sobre seu conteúdo, pois se encontra sob a guarda de sua neta, Tânia Bôscoli, sem acesso público.
A iconografia é ramo da história da arte em que os temas ou mensagens das obras de arte são
tratados em contraposição a suas formas, segundo Panofs : . A e pressão iconografia
teatral começa a ser utilizada de forma mais sistematizada em meados do século XX, constituindo
matéria de base interdisciplinar, agregando conceitos teóricos e metodologias já desenvolvidos pe-
los historiadores da arte, em várias vertentes. Os artigos publicados em 1997 na Theatre Research
Internacional, em edição especial sobre o tema iconografia teatral, orientaram a primeira apro ima-
ção da disciplina.
5
Erenstein, 1997.
6
Baschet, 2003:61.
7
Local no Centro da cidade de Lisboa, ao lado da Av. da Liberdade, em que se concentram teat-
ros que mantiveram variada produção no gênero de teatro de revista. Hoje apenas o Teatro Maria
Vitória ainda funciona, estando fechados o Capitólio, o Variedades e o ABC. Poderíamos dizer que o
Parque Meyer equivale a nossa Praça Tiradentes do início do século XX, que também concentrava
os teatros que se dedicavam ao teatro musicado, entre eles o Teatro Recreio, outrora sede da Com-
panhia Walter Pinto.
8
aschet, : .
9
osso , : .
383
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10
Nesse sentido a obra de referência fundamental é A fotografia moderna no Brasil, de Helouise
Costa e Renato Rodrigues da Silva, desenvolvida em 1986, no âmbito do concurso nacional de bolsas
de pesquisa promovido pela Funarte com o tema “Cultura e arte no Brasil: tradição e ruptura”.
11
Mendes, 2003:192-193
12
Batalha das sombras: coleção de fotografia portuguesa dos anos 5 do Museu Nacional de Arte
Contempor nea Museu do Chiado. Catálogo de e posição reali ada no Museu do Neorrealismo,
ila Nova de ira. e tos de Em lia avares, edição março de .
13
Tavares, 2009:20.
A fotografia com fins de propaganda cristali ara se no manancial de produção, por via da fo-
torreportagem e das encomendas oficiais, até o final da década de , e que o arquivo fotográfico
do Secretariado de Propaganda Nacional geria de forma criteriosa. Com o afastamento de Antonio
erro em , a linha editorial do SPN sofria também um desaceleramento ... A Ditadura Militar,
instaurada em 1926, assim como a criação do Estado Novo (1933) que a secundarizou, transferindo
a ditadura para o dom nio civil, tiveram uma relação de pro imidade e instrumentali ação da foto-
grafia como ve culo de propaganda ... A imagem fotográfica e os conte tos da sua produção, sob a
égide da “política do espírito” do SPN de Antonio Ferro e da ideologia do Estado Novo, constituem
mais um cap tulo, por divulgar, da história da fotografia portuguesa avares, : , .
15
Tavares, 2009:26.
16
Na revista Chá-chá-chá (1960), apresentada pela Companhia Eugénio Salvador, havia um quadro
intitulado Alegria no trabalho . te to joga com imagem amb gua, pois mostra a protagonista e -
altando o trabalho ao mesmo tempo em que recebe críticas por esse comportamento. Evidencia-se
um impasse que não se define: nem ela é capa de compreender aqueles que não gostam de trabal-
har, nem os outros entendem seu gosto e acerbado pelo trabalho.
17
Mauad, : , .
18
Prado, 1988:37.
19
Mauad, : .
20
Lima, 1980:22.
21
São Paulo (Estado), 1992:16. Entrevista realizada por Tânia Marcondes e Maria Thereza Var-
gas, na ocasião pesquisadoras da Equipe de Artes Cênicas da Divisão de Pesquisa do Centro
Cultural São Paulo. A entrevista aconteceu na casa do empresário, no Rio de Janeiro, em 19 de
maio de 1992.
22
São Paulo (Estado), 1992:26.
23
Coelho, 2009:17.
Coelho, 2009:21.
25
Andrade, Eugénio de. Os sulcos da sede 5.ed. Lisboa: edições quasi, 2007.
ATO I
26
ptou se por manter as citaç es de obras dramat rgicas em sua ortografia original, sem atuali a-
ção pelo Acordo rtográfico da ngua Portuguesa, de .
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27
A letra original da marchinha, que foi sucesso no Carnaval de 1952: Sassassaricando/Todo
mundo leva a vida no arame/Sassassaricando/A viúva o brotinho e a madame/O velho na porta
da Colombo/É um assombro/ Sassaricando/Quem não tem seu sassarico/Sassarica mesmo só/
Porque sem sassaricar/Essa vida é um nó.
28
Em 1928 Marc Bloch e Lucien Febvre editam a revista histórica Annales d istoire onomi e et
Sociale, cuja repercussão deu origem a um movimento de renovação na historiografia francesa, cri-
ando a base para o que hoje se chama de nova história. al foi a influência de seus seguidores, que
a publicação se tornou sinônimo de escola, cunhando a e pressão Escola dos Annales’. Suas ideias
foram fundamentais para a constituição de um novo modelo para os estudos históricos, com dis-
cípulos renovados ao longo de quatro gerações, que por meio de suas investigações tanto demon-
straram o alcance dessa nova perspectiva para a historiografia como a consolidaram no mbito dos
estudos cient ficos. Dentre eles destaca se o nome de acques e off, autor do prefácio da edição
francesa do livro de Marc Bloch Apologia da história.
29
A coleção de ensaios organi ada por acques e off e Pierre Nora em , Faire de l’histoire,
foi editada em três volumes tratando de “novos problemas”, “novas abordagens” e “novos objetos”
para o fa er da história. e off também organi ou outra colet nea, publicada em , La nouvelle
histoire, em que se difundiu a e pressão a nova história ur e, : .
30
e off, in loch, : .
31
e off, in loch, : .
32
“Há três ou quatro gerações os historiadores associados à revista Annales vêm fazendo uma série
notável de contribuições importantes nesse campo: para a história das mentalidades, sensibilidades
ou “representações coletivas” na época de Marc Bloch e Lucien Febvre; para a história da cultura
material ( i ilisation mat rielle), na época de Fernand Braudel; e para a história das mentalidades
de novo e da imaginação social, na época de acques e off, Emmanuel e o adurie e Alain
Corbin. A permanente criatividade de uma escola de historiadores durante três ou quatro gerações
é tão notável que requer uma e plicação histórica. Minha hipótese, se é que ela tem import ncia, é
que os l deres eram suficientemente carismáticos para atrair seguidores talentosos, mas também
abertos o bastante para dei á los se desenvolver a seu modo ur e, 5: .
33
in burg, : .
in burg, :
35
O mental set, segundo definição de ombrich, constitui se uma das atitudes e e pectativas que
influenciaram as nossas percepç es e vão nos dispor a ver ou ouvir uma coisa em ve da outra
apud in burg, : .
36
uin burg, : 5 .
37
uin burg, : 5 5 .
38
Em arquivologia distinguem-se os termos coleção e arquivo. Aquela pressupõe ação deliberada
de consumo, o colecionismo, em que o colecionador fa escolhas e re ne de forma artificial os obje-
tos; este é “fruto de uma atividade produtora” (Carvalho, 2000:21), “conjunto de documentos que,
independentemente da natureza ou suporte, são reunidos por acumulação ao longo das atividades
de pessoas f sicas ou jur dicas, p blicas ou privadas Camargo, , apud erra , : . n-
teressa-nos aqui a noção de colecionador como metáfora para nossa própria manipulação desses
acervos.
39
Wernec , : .
385
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Conceito criado com base no te to de Walter enjamin Desempacotando minha biblioteca , em
que o autor narra seu próprio ato de colecionador Wernec , : .
“Alguns historiadores têm proporcionado valiosas contribuições à nossa visão do passado – e
do local em que nele está inserido o material visual usando imagens de uma forma sofisticada e
especificamente histórica. Não obstante, é raro que a opinião do historiador seja levada em conta
... . Essa carência não continuaria a e istir se os historiadores fossem informados de algumas das
preocupações que dominam os pensamentos e a prática daqueles que lidam com material visual”
as ell, : . artigo de as ell é um dos cap tulos da colet nea de Peter ur e A es-
crita da história: novas perspectivas.
as ell denomina material visual não só a arte, mas também aqueles elementos constituintes
do ambiente visual, feito pelo homem, que são ou foram avaliados por outras razões, além de seu
propósito prático ostensivo (...) e aqueles (...) que são primariamente comunicativos, incluindo o
desenho gráfico e a fotografia : .
Wernec , : .
as ell cita a definição de ohn ere para a concepção tradicional de connoisseurismo , enumer-
ando os critérios técnicos que o especialista (o connoisseur) deve observar: 1- memória visual para
as composiç es e os detalhes das composiç es, conhecimento e austivo da escola ou do per odo
em questão, consciência de todas as respostas poss veis, percepção da qualidade art stica, 5
capacidade para estabelecer evidência, 6- poder de empatia com o processo criativo de cada artista
individualmente e concepção positiva do artista como personalidade art stica individual as ell,
: .
5
iulio Mancini era médico mor de rbano , em Siena, e ficou célebre por sua e trema habili-
dade em diagnosticar doenças olhando brevemente o doente. Também apreciador de pintura e dil-
etante, escreveu o livro Alg mas onsidera es referentes int ra omo deleite de m gentil homem
nobre e omo introd o ao e se de e di er, em parte dedicado ao “reconhecimento da pintura”,
indicando métodos para identificar falsificaç es, distinguindo originais de cópias. in burg recon-
hece em Mancini a primeira tentativa de fundar o connoisseurship in burg, : 5 .
Especialmente tratado em seus artigos A ret ri a da imagem e ensagem fotogr fi a.
as ell. : 55.
Wernec , : 5.
as ell, : 5 .
50
Wernec , : .
51
as ell, : .
52
as ell, : .
53
Wernec , : .
5
Meneses, 2003:28.
55
Meneses, 2003:11.
56
Hunt, 2006:21.
57
Meneses, 2003:16.
58
Andrade, 2002:20, grifo nosso.
386
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59
Andrade, 2002:27, 31.
60
Scherer, 1996:69.
61
Meneses, 2003:16.
62
Dubois, : 5 .
63
Théo Brandão apud Peralta, 2006:320; grifo nosso.
Phillipe Dubois veio ao Brasil participar de evento comemorativo dos 30 anos do CPDOC, da
undação etulio argas, em que proferiu palestra. Na ocasião de setembro de concedeu
entrevista a Marieta de Moraes Ferreira e Mônica Almeida Kornis, posteriormente publicada no
periódico Estudos Históricos, n. , .
65
Dubois, : 5 .
66
Dubois, : 5.
67
Dubois, : , 5 .
68
Dubois, : 5 .
69
“No domínio da imagem há, basicamente, duas tendências (...) aqueles que dizem que a linguagem
é mais forte que a imagem, porque ... só a linguagem pode comunicar um sentido articulado ... e
os que consideram que a imagem tem mais poder que a linguagem, porque passa justamente por
outras coisas além do sentido atuali ado pelas palavras é um pensamento que se e prime de outra
forma que não a discursiva. Entre o pensamento discursivo e o pensamento visual e iste um velho
campo que a filosofia conhece bem e que já foi trabalhado mil ve es. Nesse debate eu me situo mais
do lado do pensamento visual ... Dubois, : .
70
“1- estudo descritivo da representação visual de símbolos e imagens tal como se apresentam nos
quadros, gravuras, estampas, medalhas, ef gies, retratos, estátuas e monumentos de qualquer espé-
cie, sem levar em conta o valor estético que possam ter 2- descrição de imagens, pinturas, medalhas
etc. da Antiguidade, de uma determinada civilização etc. 3- repertório de imagens próprio de uma
obra ou de um gênero de arte, de um artista, de um per odo art stico material pictórico relacio-
nado a ou que ilustra um tema 5- repertório de imagens ou símbolos tradicionalmente associados
a um tema (esp. lendário ou religioso) (...)” (Houaiss, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portu-
guesa. io de aneiro: bjetiva, : 5 5 .
71
Brilhante, 1999:503.
72
Conceito traduzido por Maria Beatriz de Mello e Souza para o curso História da arte e seus méto-
dos, ministrado na Pós raduação em istória, no CS , no segundo semestre de . ernie,
5: 5.
73
Erenstein, 1997 apud Balme, c2002:351.
Balme, c2002:351.
75
De acordo com ernie 5: o te to em que E. Panofs apresenta sua teoria
foi editado em 1939, ntrod tor to t dies in onolog manisti themes in art of the renaissan e,
Ne or : ford P e reimpresso em 55 em Meaning in the Visual Arts cuja tradução para o por-
tuguês Signifi ado nas artes is ais foi editada em 1991 pela Editora Perspectiva, São Paulo.
76
E. . ombrich tem vários te tos citados pelos estudiosos da iconografia teatral, por
e emplo: Art and illusion (1960), In search of cultural history (1967), he image and the e e (1982).
387
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77
CD om Dion sos Archivio conografico , projeto reali ado junto ao Dipartimento di Storia delle
Arti e dello Spettacolo, Centro Didattico Televisivo, Università degli Studi de Firenze, por Renzo
uardenti e Cesare Molinari, e o te to que o acompanha intitula se onografia ome fonte
della storia del teatro.
78
“About Iconography as a Source for Theatre History” (unpublished paper, Istituto Internazionale
per la Ricerca Teatrale, Venice, November, 1991), apud Balme, 1997:200.
79
e off, :5 5 5 . Sinteticamente, de acordo com e off, ambos monumento e documento
são “materiais da memória”. Enquanto os monumentos são “herança do passado”, construídos com
intencionalidade, os documentos são a “escolha do historiador”, com caráter objetivo e sentido de
prova . Mauad retoma a ideia de e off e considera a fotografia, simultaneamente, imagem docu-
mento e imagem monumento . Na situação de documento, a fotografia é ndice, marca de uma
materialidade passada”; como monumento, “é um símbolo, aquilo que, no passado, a sociedade es-
tabeleceu como única imagem a ser preservada” (Mauad, 2008:37).
80
Brilhante, 2008:5.
81
Balme, 1997:192.
82
Balme, Erenstein e Molinari, c2002. Traduzi livremente os artigos dessa coletânea aqui citados.
83
Molinari, c2002:13.
Molinari, c2002: 15.
85
De Marinis : , nota comenta a perspectiva de ombrich em relação aos te tos
iconográficos como fontes para a história: Este ltimo ombrich mostra se mais cético sobre a
possibilidade de utili ar obras de arte e, em geral, os testemunhos figurativos como fontes históri-
cas, e critica em várias oportunidades o risco presente, segundo ele, sobretudo em Panofs e Sa l
– de cair em analogias genéricas e paralelismos facilitadores.”
86
Na interpretação de Woodfield c :5 5 a e periência da representação envolve forma de
apoio em que o espectador desenvolve um esquema de cognições; esse apoio é conhecido como
mental set, que é a maneira de a mente e cluir est mulos indesejados de sua atenção, ou seja, um
dispositivo de processamento relevante: habilita a mente a sintonizar os valores criados por siste-
mas particulares de comunicação (...) e por uma forma particular de imagem”.
87
ombrich apud Woodfield, c :5 .
88
Woodfield, c : .
89
ur e, : .
90
enre Painting is the use of common or ever da scenes in a painting. Dutch painting from
the same time focused on everyday themes and items. This was a style directed at the “middle
class” of 17th Century Netherlands. Unlike high Classical painting, Dutch painting used everyday
people and scenes (genre painting) as subject matter” (Disponível em: http://faculty.evansville.
edu/rl29/art105/sp03/art105-i.html. Acesso em nov. 2008).
91
De Vries, c2002:67.
92
De Vries, c2002:81.
93
De Vries, c2002:82.
rata se do CD om Dion sos Archivio conografico , já referenciado na nota .
388
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95
Fontcuberta, 1990:177.
96
Molinari, c2002:90.
97
A e pressão modo de produção teatral é conceito que emergiu durante as diversas pesquisas
desenvolvidas no âmbito do Projeto Integrado Um estudo sobre o cômico: o teatro popular no Brasil
entre ritos e festas (1995) – coordenado pela Profª. Dra. Beti Rabetti, na Linha de Pesquisa Teatro
e Cultura Popular , do curso de Pós raduação em eatro da ni io. conceito reafirma a
leitura de que o fazer teatral está sempre articulado às condições econômicas, políticas e sociais
de produção. Na pesquisa de modos de produção teatral, para análise de variados elementos de
composição cênica (do modo de interpretar à operação de procedimentos dramatúrgicos imediata-
mente calcados em e igências cênicas ou de companhias teatrais, por e emplo , temos procurado
não só clarear o sentido da e pressão, pelo Projeto ntegrado resgatada e ajustada, como divulgar
resultados parciais das pesquisas que nele se desenvolvem a partir desse recorte teórico, que estab-
elece interlocução sobretudo com a vertente italiana de estudos da cena teatral, de Roberto Tessari
a Marco De Marinis” (Rabetti, 2005:31-32).
98
diálogo entre a pesquisa acadêmica e os padr es bibliográficos e arquiv sticos a implementar
em centros de documentação, bibliotecas e ou museus deve procurar refletir a e periência obtida
nas investigaç es em conson ncia com as possibilidades oferecidas em sistemas de inde ação e cat-
alogação de documentos. Nem sempre há compreensão da importância desse diálogo, mas podem-
os citar e periências que espelham e emplarmente a ligação org nica entre a produção acadêmica
e a produção de sistemas documentais, como a realizada no Museu Paulista/USP envolvendo as
coleç es fotográficas e gerenciada pelas pesquisadoras e curadoras Solange erra de ima e nia
Carneiro de Carvalho; e as desenvolvidas pelos projetos CET/base e Opsis, no Centro de Estudos de
Teatro da Universidade de Lisboa, sob coordenação das professoras Maria Helena Serôdio e Maria
João Brilhante.
99
parado o fotográfico seria, então, a coe istência de duas mensagens, uma sem código seria o
análogo fotográfico , e a outra com código seria a arte , ou o tratamento ou a escrita, ou a retórica
da fotografia arthes, : .
100
movimento dito pictorialista , que assinala o ponto culminante desse desejo
que a fotografia tinha de se fa er pintura e sua impossibilidade teórica e prática ... Dubois,
: 5 .
101
Barthes, 1982:18.
102
Barthes, 1982:19.
103
Os postulados de Barthes em A retórica da imagem “se inscrevem na evolução do conceito de
ampliação da retórica da linguagem verbal rumo a uma retórica geral, aplicável a todos os tipos de
linguagens” (Joly, 1996:87).
Barthes, 1982a:27.
105
elendo o te to de arthes, Martine ol aponta os três tipos de mensagens que constituem a
mensagem visual: plástico, icônico e linguístico. Como mensagem plástica entende a análise dos
signos plásticos contidos na imagem, ou seja, cores, formas, composição, te tura etc., que se dis-
tinguem dos signos icônicos da mensagem icônica , que são os elementos figurativos. A mensagem
linguística não difere
da apresentada por Barthes. É na distinção entre mensagem icônica e mensagem plástica que con-
siste a contribuição de Joly para a análise das mensagens visuais: “a nosso ver, essa distinção fun-
389
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damental permite detectar que uma parte da significação da mensagem visual é determinada pelas
escolhas plásticas e não unicamente pelos signos icônicos analógicos, embora o funcionamento dos
dois tipos de signo seja circular e complementar” (Joly, 1996:92-93).
106
arthes, a: .
107
Kossoy, 2002:133.
108
O gênero revista determina um espetáculo ligeiro, misto de prosa e verso, música e dança, que
passa em revista, por meio de inúmeros quadros, fatos inspirados na atualidade, com objetivo de
fornecer crítica e alegre diversão ao público. Os quadros, de acordo com sua estrutura e tema, po-
dem ser de comédia, de rua, de fantasia, cortina, monólogo e apoteoses, sendo estes últimos quad-
ros de fantasia mais elaborados para fechar os atos e finali ar a revista, e cujo tema não tem neces-
sariamente ligação com tudo o que foi apresentado até então. Os temas das apoteoses, em geral, têm
caráter patriótico, de e altação de personalidades ou fatos nacionais. Distinguem se dos demais
quadros por seu aparato plástico, elaborada cenografia, figurinos, iluminação, m sica e coreografia.
Todo o elenco participa das apoteoses, que em muitos casos são divididas em fases, como uma nar-
rativa em cap tulos, que vai preparando o p blico para o grande final. Sobre a estrutura dramat r-
gica e as convenções do gênero revista, ver Veneziano (1991).
109
i ma ho sim sinh , te to de reire r. e Walter Pinto, com colaboração de ui glésias m sicas
de José Maria de Abreu e outros; temporada de outubro de 1950 a janeiro de 1951, no Teatro Rec-
reio, Rio de Janeiro e em abril de 1951 na Sala Vermelha do Teatro Odeon, em São Paulo.
110
Diário da Noite, 19/10/1950:3.
111
Barthes, 1982:20.
Sobre a atualmente denominada “foto de divulgação” ou os “clichês” do início do século XX, ver
112
390
Livro ICONOGRAFIA TEATRAL - Notas Reeditadas 2014 - Pg 383 a 416.indd 8 09/12/2014 18:55:34
116
As (i2, i3 e i10) foram utilizadas no programa de 1951, a (i11), no de 1953, ambos pertencentes
ao Arquivo Walter Pinto, sob a guarda do Cedoc/Funarte.
117
Isso quer dizer que nos dossiês dos espetáculos do Arquivo Walter Pinto encontram-se diferen-
tes temporadas de um mesmo espetáculo sem que haja indicação precisa de suas datas e locais,
como foi o caso da sequência agora selecionada.
118
Barthes, 1982:21.
119
Barthes, 1982a:33.
120
“Rompimento: parte do cenário composta por dois bastidores ou pernas ligados a uma bambo-
lina, numerado a partir dos reguladores e composto para construir o efeito desejado com a perspec-
tiva randão, : .
ATO II
121
Trecho da reportagem assinada por David Nasser “Depois do fogo, o espetáculo continua...”. O
Cruzeiro, Rio de Janeiro, 2/12/1950:18-22.
122
Barbosa, 2002:6.
123
osso , : .
Kossoy, 1989:36.
125
Meneses, 2003:29.
126
s estudos que tratam da história da fotografia e de seus fotógrafos, tanto no rasil como em Por-
tugal, se concentram, principalmente, no século XIX. No Brasil podem-se citar alguns títulos que in-
vestigam essa trajetória no século XX: otografia no Brasil: um olhar das origens ao contemporâneo,
de Angela Magalhães; A fotografia moderna no Brasil, de Helouise Costa e Renato Rodrigues da Silva;
abirinto e identidades: panorama da fotografia no rasil, , de ubens ernandes nior.
Em Portugal, a obra de referência mais citada é a de António Sena, ist ria da imagem fotogr fi a
em ort gal 1839-1997.
127
Saadi, 2003:2.
128
Kossoy, 1989:77-78; grifo nosso.
129
Lima, 1985:15; grifo nosso.
130
Sorlin, :5.
131
“A legenda é a voz que falta, e espera-se que ela fale a verdade. Mas mesmo uma legenda inteira-
mente acurada não passa de uma interpretação, necessariamente limitadora, da foto à qual está
ligada Sontag, : 5.
132
Cavell apud rauss, : .
133
Embora Sontag não refira, Walter enjamin 5a: já havia afirmado que os métodos de
reprodução mecânica constituem uma técnica de miniaturização e ajudam o homem a assegurar
sobre as obras um grau de domínio sem o qual elas não mais poderiam ser utilizadas”.
391
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Sontag, : .
135
enjamin, 5a: , ver nota .
136
Sontag, : , .
137
Sontag, : .
138
Sontag, : .
139
Samain, 2005:117.
Samain, 2005:119; grifo nosso.
arthes, : .
Samain, 5: 5.
Barthes, 2007:280, foto 3.
C mera obscura E pressão latina que designa um princ pio que já fora descrito por Aristóteles
na Antiguidade grega, e pelo cientista árabe Alhazen no século X, mas que só teve utilização prática
a partir de 55 , quando iovanni attista della Porta ca. 5 5 aconselhou seu uso aos ar-
tistas, conselho seguido, entre outros, por eonardo da inci 5 5 . As primeiras c meras
obscuras eram constitu das por meras cai as dotadas de um pequeno orif cio para dei ar entrar a
lu num dos lados, de modo a produ ir uma imagem na superf cie oposta, posteriormente, surgiram
modelos mais comple os, dotados de objetivas e vidro despolido para facilitar o controle e a visu-
alização da imagem. O grande aperfeiçoador deste aparato foi o matemático Johann Strumm, que
criou, em 1676, o modelo portátil que iria inspirar mais tarde tanto Joseph Nicéphore Niépce (1765-
quanto William enr o albot para a confecção das primeiras c meras
fotográficas, nas quais o material fotossens vel passou a captar a imagem anteriormente decalcada
pelo desenhista” (In: n i lo dia ta lt ral Artes is ais. Disponível em: http://www.itaucul-
tural.org.br. Acesso em 15 out. 2007).
5
Sabemos que o estudo de Boris Kossoy apresentado no livro Hercule Florence: a descoberta isola-
da da fotografia resgata e comprova a reali ação de e perimentos precursores de ercule lorence
com métodos de impressão de lu , que o levaram a uma descoberta independente da fotografia
no interior do Brasil, a partir de 1833, ou seja, três anos antes de Louis Daguerre, na França. Kossoy
demonstra que houve concretamente uma descoberta isolada da fotografia no rasil a partir de
, mantida praticamente no anonimato durante cerca de anos n: n i lo dia ta l-
tural Artes Visuais, verbete Boris Kossoy. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br. Acesso em
15 out. 2007).
“Daguerreótipo – Imagem produzida pelo processo positivo criado pelo francês Louis-Jacques-
Mandé Daguerre 5 . No daguerreótipo, a imagem era formada sobre uma fina camada de
prata polida, aplicada sobre uma placa de cobre e sensibilizada em vapor de iodo, sendo apresenta-
do em lu uosos estojos decorados ... Divulgado em , esse processo teve, na Europa, utili ação
praticamente restrita à década de e meados da década de 5 . Aqui no rasil continuou sen-
do empregado até o início da década de 1870, enquanto nos Estados Unidos – onde a daguerreotipia
conheceu popularidade maior até do que em seu país de origem – continuou sendo muito popular
até a década de 1890” (In: n i lo dia ta lt ral Artes is ais, http://www.itaucultural.org.br,
acessado em 15 out. 2007).
Senelick, c2002:320.
Senelick, c2002:321.
392
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abris, : , grifo nosso.
150
Carte-de-visite nventado pelo francês André Adolphe Eug ne Disdéri em 5
e assim denominado em virtude de seu tamanho redu ido fotografia de cerca de ,5 cm mon-
tada sobre cartão r gido de cerca de ,5cm . eve grande disseminação na década de ,
tornando-se, aliás, um modismo. Em todo o mundo foram milhões de cópias produzidas. Seu de-
clínio se deu na década de 1870, sendo substituído pelo cartão cabinet, que surgiu na Inglaterra
em 1866. Considerado evolução do cartão de visita, o cartão cabinet dele difere pelo tamanho, um
pouco maior que o de seu antecessor. Até o final do século , entretanto, alguns fotógrafos ainda
produziam o cartão de visita (In: n i lo dia ta lt ral Artes is ais. Disponível em: http://
www.itaucultural.org.br. Acesso em 16 out. 2007).
151
reund apud abris, : .
152
Senelick, c2002:328.
153
abris, : .
5
Barthes, 1990a:88.
155
Senelick, c2002:330.
156
Em geral o termo usado para esse tipo de produção fotográfica é fotografia de teatro, t tulo não só
do verbete de Patrice Pavis (1999), mas também das duas únicas referências até agora encontradas
de trabalhos e clusivamente dedicados ao tema, ambos de : Me er Plantureu , Chantal. La
hotogra hie de th tre en ran e de is ; e Balk, Claudia. Theaterfotographie: eine Darstellung
ihrer eschichte anhand der Sammlung des Deutschen heatermuseums. M nchen: irmer, ,
sendo esta ltima referência encontrada no te to roteiro de átima Saadi: otografia e eatro. Rio
de aneiro, julho . oteiro de palestra proferida no ciclo otografia e Documentação em Arte:
Módulo Teatro”, organizado pela Divisão de Pesquisas-Idart, no Centro Cultural de São Paulo, em
julho de 2003). Claudia Balk, porém, publicou artigo em European Theatre Iconography – livro de
referência para a investigação sobre a disciplina iconografia teatral alme, Erenstein e Molinari,
c , abordando a questão dos retratos, mais especificamente o role portrait. A profª. Chantal
Me er Plantureu cedeu nos cópia de sua tese de doutoramento, em que usa a e pressão photogra-
hie de mise en s ne em oposição a retrato de ator, que representava até meados da década de
a maior parte da produção fotográfica reali ada para o teatro na rança. A e pressão fotografia de
cena foi utilizada por Mariângela Alves de Lima (1985:15) e Jorge Silva Mello (2003).
Termo retirado do jargão do cinema (still fotograma , passou a designar as fotografias e postas
157
nas portas dos cinemas e, por e tensão, dos teatros. Em Portugal usa se a designação fotografia de
pôr à porta” (Museu Nacional do Teatro, 2005:107).
158
n i lo dia o al de otografia 5 Morgan Nat in .
159
Pavis, 1999:176.
160
Pavis, 1999:176.
161
Pavis, 1999:177.
162
Encenador português, estudou cinema na London Film School (1969-1970) e teatro em Berlim,
com Peter Stein, e em Milão, com iorgio Strehler como bolsista da undação Calouste ulben ian.
e parte do rupo de eatro de etras quando estudante da aculdade de etras da niversidade
de Lisboa. Fundou e dirigiu (1973-1979), com Luís Miguel Cintra, o Teatro da Cornucópia. Fundou
em 1995 a sociedade Artistas Unidos de que é diretor artístico e em que se centra, atualmente, sua
393
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atividade em teatro (Informações retiradas de <http://www.artistasunidos.pt/jorge_silva_melo.
htm, acessado em nov. .
163
Jorge Silva Melo, 2003:98-99; grifos nossos.
Brilhante, 1999:503.
165
Ana sabel ibeiro, Do palco à fotografia, s.p., in al o e as sombras: orge onçalves, 5.
166
Ribeiro, 2005:s.p.
167
“La photo de théâtre: Reportage? Création? Marc Liebens-Marc Trivier: une recréation du rap-
port entre théâtre et photographie” apresentada no 21º Congresso Sibmas (Société Internationale
des Bibliothèques et des Musées des Arts du Spectacle), em Helsinki, de 31 de agosto a 6 de setem-
bro de . te to da comunicação foi acessado em http: .sibmas.org congresses sib-
mas96/hels06.html> e traduzido por Rosa Zamith.
168
Leclerq, 1996:1.
169
“(…) The Regie-buch became a plan for the production, incorporating interpretive ideas as well
as staging concepts. This concept was later utilized by Brecht and developed into the Modellbuch
(“model book”), a full record of the production that could be used as a pattern for succeeding pro-
ductions When the compan as satisfied that the staging as correct, the production as
photographed and a Modellbuch as prepared ith photographs set against the te t to sho the
disposition of the stage at all times and to mar significant changes of position on the part of the
actors recht s intention as not to limit but to provide a document as scientific evidence of
an e periment that could be used in further research. n: theatre n lo diaBritanni a nline.
<http://www.eb.com> acessado em 18/07/2009. Pavis ressalta o caráter positivista das fotos do
Modellbuch brechtiano, que pretendia, com boa fé cientificista, captar a encenação ou o gestus, a
fim de conservá lo para uma futura reprodução em outra encenação : .
170
Leclerq, 1996:2.
171
eclerq, : .
172
eclerq, : .
173
Leclerq, 1996:5.
Me er Plantureu , : .
175
Me er Plantureu , : .
176
Me er Plantureu , : .
177
A companhia alemã erlinder Ensemble foi fundada em pelo dramaturgo e encenador er-
told Brecht e sua mulher, a atriz Helene Weigel.
178
Sobre a montagem de A e oragem e se s filhos pelo Berlinder Ensemble, Roland Barthes
escreveu o artigo Sete fotos-modelo de e oragem, originalmente publicado na revista h tre
Populaire em 1960. Reeditado no livro de Barthes s ritos sobre teatro (edição brasileira: São Paulo:
Martins ontes, : , é o objeto dos comentários de Me er Plantureu , : 5.
179
Me er Plantureu , : .
180
Me er Plantureu , : .
181
É importante observar que essa aplicação metodológica não acompanha todo o trabalho de Mey-
Livro ICONOGRAFIA TEATRAL - Notas Reeditadas 2014 - Pg 383 a 416.indd 12 09/12/2014 18:55:34
er Plantureu e foi desenvolvida e clusivamente com as fotografias de oger Pic para e oragem
e se s filhos, sem que a autora justificasse e plicitamente essa opção. desenvolvimento do estudo
evidencia, porém, que o conjunto de fotografias do espetáculo de . recht se adequa muito bem
a essa abordagem, já que a própria concepção do diretor alemão na construção de sua arquitetura
cênica usa um modelo pró imo do quadro vivo tablea i ant), como uma pintura narrativa.
182
Me er Plantureu , : .
183
Kossoy, 1989:78.
Ao comentar as fotos dos fotógrafos do erlinder Ensemble, Me er Plantureu observa que es-
sas fotografias são bastante ruins tecnicamente, só mostrando enquadramentos amplos, de todo o
espaço cênico, sem fechar em personagens, e que na opinião do próprio Brecht apresentam o espe-
táculo de forma imperfeita. Não se pode, porém, esquecer que o propósito da produção daquelas
fotos era servir ao odellb h, cujo objetivo, por sua ve , era dei ar a memória do desenho cênico
do espetáculo. ratava se, como Me er Plantureu afirma adiante, de instrumento de investigação
e de e perimentação, interferindo no processo de criação do espetáculo, pois a fotografia era uti-
lizada como possibilidade de avaliação do desenho que se estava projetando no palco. Então, para
os fotógrafos do Berlinder Ensemble a adoção dos grandes planos era necessária, pois precisavam
da visualização integral da cena. Não interessava captar detalhes que poderiam ilustrar emoções
e relações entre personagens. Imaginando o odellb h como partitura, podemos entender que a
e ecução da obra dependerá da interpretação individual do leitor dos sinais dei ados a seu respeito
Me er Plantureu , : .
185
Barthes, 2007:269-270.
186
Me er Plantureu , : 5 .
187
Dort, 1992, Préface.
188
Dort, 1992, Préface.
189
ricage, apud Me er Plantureu , : .
190
Me er Plantureu , : .
191
Me er Plantureu , : 5.
192
Me er Plantureu , : .
193
ricage apud Me er Plantureu , : .
redi leemann erlim, São Paulo, trabalhou junto ao eatro rasileiro de Comé-
dia – TBC, em São Paulo, como ator e fotógrafo. Além de documentar os espetáculos do próprio
TBC, também fotografou o Teatro Cacilda Becker e outras companhias. Era fotógrafo contratado
pelo C, pago por mês, pioneiro, creio eu, em tal inesperada profissão Prado, : , tendo
sido, talve , o primeiro fotógrafo oficial de uma companhia no rasil Pereira, : . rande
parte de sua produção fotográfica encontra se depositada no Arquivo Multimeios, da Divisão de
Pesquisas do Centro Cultural São Paulo e dart . odas as informaç es foram retiradas do livro
Kleemann, Fredi. redi leemann: foto em cena. Coordenação geral de nia Marcondes e Maria
heresa argas . São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, .
195
A ideia de espectador privilegiado apresentada por Me er Plantureu , a partir da e periência
de Claude Bricage, e a de “espectador ativo”, relacionada ao trabalho de Roger Pic na visão de Ber-
nard Dort no prefácio ao livro de Me er Plantureu , são muito importantes para a compreensão do
papel do fotógrafo no registro da cena teatral.
395
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196
ur e, : .
197
A fotografia ou as diferentes modalidades de fotografia se definem historicamente em circui-
tos sociais, dos quais participam como mediadores culturais privilegiados os fotógrafos” (Mauad,
: .
198
Apud ur e, : 5 .
199
Antonio Pedro Ferreira in Fotografar Teatro, 2003:100-101.
200
u sa erreira in otografar eatro, : .
201
João Tuna in Fotografar Teatro, 2003:117.
202
A obra de referência ia de f ndos e ole es fotogr fi as, editada pela Direção eral de Arquiv-
os Centro Português de otografia, em , mostra nas páginas breve inventário do espólio
de C. Madeira, única informação registrada sobre as atividades do fotógrafo.
203
Segundo António Sena, essa e posição que contou com a presença de autoridades foi reali ada
na Casa da mprensa, destinada e clusivamente aos profissionais inscritos no Sindicato Nacional
dos ornalistas, incluindo também orge arcia, que registrou igualmente espetáculos de Eugénio
Salvador, no Coliseu dos ecreios. Pretendia se dar começo a e posiç es anuais de reportagem
fotográfica que, no entanto, nunca tiveram seguimento Sena, : .
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt
205
A cópia desse “pré-inventário” foi-me gentilmente cedida pela funcionária do Arquivo Fotográ-
fico da C mera Municipal de isboa Maria Cec lia Cameira, que informou destinar se o documento à
avaliação do interesse da coleção para o Arquivo, motivo por que não se trata de inventário propria-
mente dito. Foi realizado pela Equipe de Conservação do Arquivo em maio de 1999, mas no corpo
do documento não constam indicações de data ou autoria, sendo realmente instrumento de trabal-
ho interno do Arquivo. Maria Cec lia mostrou se e tremamente sol cita a nosso pedido e não mediu
esforços na tentativa de obter mais informaç es sobre Sampaio ei eira. nfeli mente, porém, essas
informações ainda não estão disponíveis em arquivos correntes. É possível que as encontremos na
memória daqueles que viveram essa história. E foi com esse intuito que enviamos e-mails à Associa-
ção de otógrafos Profissionais, na tentativa de locali ar algum profissional da época ainda atuante
ou alguém que o conhecesse, o que nos levou ao fotógrafo Fernando Corrêa dos Santos.
206
Esses grupos temáticos foram listados nas duas primeiras páginas (ou últimas, posto que elas
não são numeradas do pré inventário que me foi cedido pelo Arquivo otográfico e que, sob o t tulo
“Relato dos conjuntos encontrados”, reúne as descrições de conteúdo da “inspecção da sala do 1º
andar contendo cai otes de fotografias, diapositivos e negativos , em cinco páginas, e da inspecção
da sala do andar, contendo equipamento fotográfico diverso , em quatro páginas, perfa endo,
portanto, o total de 11 páginas.
207
No te to do pré inventário consta como data de reboli o, mas na verdade o espetáculo
estreou em outubro de 5 e ficou em carta até janeiro de 5 , tendo eatri Costa como vedete
principal. As datas dos demais espetáculos estão corretas.
Essa informação também nos foi passada por Maria Cecília Cameira, que a obteve junto ao sr. Luís
208
396
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210
lávio Damm é da geração que inaugurou o fotojornalismo brasileiro, personalidade e emplar
do período e que atua até hoje como fotógrafo. r eiro, marco das revistas ilustradas brasileiras,
surgiu em mas foi a partir de , quando reformula seu padrão técnico e estético, assum-
indo o modelo internacional sob forte influência da revista Life, que o fotojornalismo de r eiro
criou uma escola que tinha entre os seus princípios básicos a concepção do papel do fotógrafo como
testemunha ocular associada à ideia de que a imagem fotográfica possui uma narratividade, ou
seja, pode relatar um evento, contar uma história, ou ainda elaborar uma narrativa sobre os fatos”
(Mauad, 2005:57).
211
As trajetórias de Flávio Damm e de outros fotojornalistas do período foram tema de amplo pro-
jeto de pesquisa coordenado por Ana Maria Mauad, no PP da , com apoio do CNPq, intitulado:
em rias do ontem or neo narrati as e imagens do foto ornalismo brasileiro. Parte dos resultados
do projeto já está disponível na forma de artigos publicados, cujas referências podem ser encon-
tradas no site do Laboratório de História Oral e Imagem – Labhoi, do Departamento de História da
UFF.< http://www.historia.uff.br/labhoi/>
212
Reportagem de r eiro, n. 35, 17/6/1950:28. Sob o título “Carmesita quiere casárse”, com
te to de Maria de ourdes Medeiros e fotos de lávio Damm, a matéria apresentava fotos, sendo
32 da sequência de dança. 213 Entrevista reali ada em .
Prado, : .
215
Prado, : .
216
Fredi Kleemann fez parte do grupo de fotógrafos do Foto Cine Clube Bandeirante: “os fotógrafos
bandeirantes concretizaram uma transformação que abalou a tradição pictorialista e acadêmica
do movimento amador Costa, : . enovação impulsionada pelo fotoclubismo cujos e -
perimentos implementaram a fotografia moderna no rasil. nome de leemann aparece entre
aqueles da chamada Escola Paulista: “O termo Escola Paulista foi criado pela crítica das revistas
especializadas da época para designar a produção moderna do Foto Cine Clube Bandeirante” (Costa,
: . muito provável que o trabalho de leemann no teatro apresente caracter sticas ad-
vindas dos princípios da Escola Paulista, mas essa seria outra investigação, tendo em vista o fato
de muitos acervos de fotógrafos do Foto Cine Clube Bandeirante (Kleemann entre eles) ainda não
terem sido completamente locali ados e reunidos, de acordo com Costa :5 .
217
Wilson 5 : 5 oferece orientaç es para serem observadas pelo fotógrafo no intuito do
melhor aproveitamento de suas imagens, de acordo com cada gênero, como peças, musicais, panto-
mimas, circo, dança no gelo , ópera, balé, shows em casas noturnas, variedades, televisão, shows
de rádio e cinema. Como breve e emplo, podemos citar algumas observaç es para os musicais. Se-
gundo Wilson 5 : , de todos os espetáculos são os musicais os que mais oferecem variedade
de poses e, certamente, a maior variedade de problemas também. É nesse gênero, porém, que o
fotógrafo poderá encontrar praticamente tudo que deseja no sentido de material para realizar foto-
grafias: figurinos, cores, abundantes cenários, dança e comédia. pior desse gênero para a fotogra-
fia é a iluminação, que não permite nitide de padr es e é trocada muito rapidamente. bserva se
que a profusão de luzes coloridas é usada em geral nas cenas de conjunto (bailarinas, coristas),
mas quando entra o artista principal usa-se pelo menos um spot ou mais, clareando a cena. E que o
fotógrafo não se deve posicionar no centro, porque é dali que vem a luz, e ela acabará chapando a
foto. Deve procurar ficar mais distante e mais acima, principalmente porque terá um bom ponto de
vista para as coreografias. E assim, com diversas orientaç es, o autor vai apresentando ao fotógrafo
soluç es para as dificuldades que cada gênero apresenta. Esses aspectos e o que eles indicam em
termos de uma padroni ação das fotos de acordo com o gênero teatral serão mais bem e plorados
quando estivermos analisando as fotografias dos arquivos Walter Pinto e Eugénio Salvador.
397
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218
Me er Plantureu , : .
219
São Paulo Estado , 5: .
220
Aymoré Marella trabalhou na revista Manchete e fez fotorreportagem sobre um dos grandes
sucessos da Companhia, fogo na a a, de 1953.
221
São Paulo Estado , : .
222
São Paulo Estado , : .
223
Mendes, : .
As informaç es técnicas sobre esse tipo de c mera foram obtidas em te to de Eduardo Aigner,
arquiteto que optou por ser fotógrafo, publicado em seu site: http://www.eduardoaigner.com.br;
acessado em junho de 2009.
225
Marcos Sá Corrêa, retratista de árvores milenares, , acessado em http: .
oeco.com.br todos os colunistas marcos sa correa oeco :
226
São Paulo (Estado), 1992:6.
227
Coelho, 2006:87.
228
Mauad, 2008:175.
229
Mauad, 2008:175.
230
Mauad, : .
231
A fotorreportagem teve sua origem na imprensa alemã no final da década de , e seu conceito
se define em meados da década de , quando surge a figura do editor de fotografia, com a função
de articular imagem e te to no espaço das publicaç es novo modelo de discurso jornal stico que
concebe a fotografia como agente narrativo do acontecimento, criando outra relação entre te to e
imagem, de modo a ampliar seus sentidos. Não sendo mais mera ilustração do te to, a fotografia ad-
quire autonomia narrativa, apresentando um ponto de vista especificamente visual sobre os acon-
tecimentos” (Costa, 1998:139). Sobre questões da história do fotojornalismo, fotorreportagens e
revista r eiro, ver: Costa, , Mauad, , , 5, arbosa, arache,
2008; Lavarda, 2002; Monteiro, 2007; Tacca, 2006.
232
Farache, 2008:1.
233
Farache, 2008:3.
Farache, 2008:2.
235
iliado à agência Magnum desde , sua produção como repórter fotográfico está ligada prin-
cipalmente a coberturas de guerras e conflitos. Paralelamente a essa atividade, fa trabalhos auto-
rais, desenvolvendo carreira como artista (Farache, 2008:2).
No rasil a carência de estudos sobre os repórteres fotográficos vem sendo sanada graças, sobre-
236
tudo, a projetos desenvolvidos em universidades, como o já citado, coordenado pela profa. dra. Ana
Maria Mauad, na UFF, Niterói.
237
Podem se citar os nomes de Corrêa dos Santos, C. Madeira, ictor Aires e orge arcia para os
repórteres fotográficos portugueses. E De os ios e A moré Marella para os nicos identificados
no acervo de Walter Pinto como repórteres fotográficos os outros profissionais indicados eram
fotógrafos de estúdios particulares, como P. Botelho, Carlos Moskovics, Luis Mafra, Cabral, Arno
398
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i oler, alfeld e vila. ale lembrar que e istem muitas fotografias sem indicação de autoria no
arquivo Walter Pinto, o que pouco acontece no de Eugénio Salvador.
238
Farache, 2008:3.
239
Coelho, 2006:91.
“Tanto a revista francesa Paris Match quanto a norte-americana ife aga ine serviram de espe-
lho para a criação do moderno fotojornalismo brasileiro, representado pela equipe de fotógrafos,
comandada inicialmente por Jean Manzon” (Tacca, 2006:65). Sobre a importante trajetória de Jean
Manzon na implantação das fotorreportagens no Brasil, ver também Costa (1998).
Farache, 2008:3.
Mauad, 2008:176; grifo nosso.
A revista r eiro foi criada em 1928, como a Vu, francesa. Nas décadas seguintes irão surgir
Life (1936), Look (1937), Picture Post (1938), Paris Match (1939), Der Spiegel e outras, con-
solidando a fotorreportagem como fenômeno internacional. No Brasil r eiro foi seu melhor
e emplo, seguido, um pouco mais tarde, pela revista Manchete (1952). Todos esses periódicos apre-
sentam igual perfil de grande circulação e uso da fotografia como canal potenciali ador do discurso
jornalístico.
Mauad, 2008:183.
5
Costa, 1998:139.
Costa, 1993:75.
A revista Life (1936) serviu de modelo e inspiração para as mudanças na linha editorial de O
r eiro, que passa a privilegiar as grandes reportagens em que o fotojornalismo ganha papel de
destaque.
ime ife, Photojournalism:5 , apud Costa, : .
Abraham A. Moles apud Fontcuberta, 1990:173.
250
Mauad, : grifo nosso.
251
Mauad, : grifo nosso.
252
Trata-se aqui de revistas ilustradas de críticas de costumes, não especializadas e, dentre elas,
destacaramse na história da imprensa ilustrada brasileira r eiro e Manchete. A revista O Mundo
Ilustrado, entretanto, publicou em agosto de 55 um suplemento teatral dedicado e clusivamente
à Companhia Walter Pinto. Com 32 páginas, fartamente ilustrado com fotos de espetáculos e artistas
(71 imagens), não foi localizado nada semelhante ou com igual dimensão em periódico ilustrado
daquela época como esse Suplemento Teatral, que será referido oportunamente, pois não se trata
de uma fotorreportagem. Deve se assinalar ainda que imagens fotográficas da Companhia Walter
Pinto foram veiculadas em diversos periódicos especializados em teatro e arte, como omoedia,
Anuário da Casa dos Artistas, om asm rro, A Cena Muda e ainda na imprensa: ornal do Brasil,
Diário de Notícias, O Jornal, Diário da Noite etc.
253
Mauad, : .
5
Continuação do te to de David Nasser que tem in cio na ep grafe da página 5.
Termo comumente usado para designar as fotos que ocupam completamente a página de uma
255
399
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256
Mauad, 2005:172.
257
ornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11/11/1950:s.p.; O Jornal, Rio de Janeiro, 11/11/1950:12.
258
Mauad, 5: .
259
Segundo Mauad as imagens fotográficas de r eiro lançaram olhar inovador para as
fotografias produ idas na imprensa ilustrada, pois introdu iram novas opç es de enquadramento e
novos ngulos na tomada, como, por e emplo, de cima para bai o e vice versa.
260
Mauad, : .
261
Abreu, 1950:12.
262
Seria a bailarina já suficientemente conhecida do p blico leitor, a ponto de dispensar identifica-
ção, ou queria a revista mantê-la anônima, como apenas mais uma bailarina da Companhia?
263
Não podemos dei ar de referir a e pressão fabricante de estrelas , aqui usada para o em-
presário, e a qualificação de nia randão para a cena carioca em finais da década de 5 ,
espelhada na trajetória da companhia Teatro dos Sete, cuja proposta de renovação da cena acaba
“por se inscrever no interior da mecânica imposta pelo capitalismo selvagem. Em lugar de institu-
cionali ação e afirmação plena, o teatro moderno difundiu se como pulveri ação, perda gradual
da densidade das suas quest es ... alve se possa afirmar que a máquina de repetir, em lugar de
destru da, se transformou em fábrica de estrelas : , conte to cuja configuração se
reforça na atuação do empresário.
Mauad, 2005:136.
265
Mauad, 2005:155.
266
Nahum Sirots , que sucedeu em 5 a enrique Pongetti no cargo de editor geral, foi o
responsável pelas mudanças. O sucesso ele creditou ao grupo formado por Alberto Dines, Darwin
Brandão, Newton Carlos, desenhistas, técnicos e gerentes. O apogeu da Manchete concidiu com o
declínio de r eiro e com a transferência de dezessete jornalistas deste periódico para Manchete,
em 1958, por divergirem da postura ética do proprietário” (Andrade, 2001:251).
267
Farache, 2008:1.
ATO III
268
No verbete da n i lo dia do inema Brasileiro (2000:117) a chanchada é “gênero cinematográ-
fico de ampla aceitação popular que melhor sinteti a e define o cinema brasileiro das décadas de
, e, principalmente, 5 , produ ido majoritariamente no io de aneiro. Diante de um mercado
cinematográfico completamente dominado pela produção estrangeira de origem norte americana,
a chanchada tornou-se, para o bem ou para o mal, a forma mais visível e contínua de presença
brasileira nas telas do país (...) No cinema brasileiro, a chanchada vincula-se diretamente ao advento
do cinema sonoro, uma vez que a música, característica essencial desse gênero, é em grande parte
carnavalesca e foi incorporada na maioria dos filmes ... .
269
Longa-metragem/ Sonoro/ Ficção/ 35mm, BP, 100min/ Ano: 1959/ País: BR/ Cidade: Rio de
aneiro Estado: D Companhia produtora: Produç es Cinematográficas erbert ichers S.A
Produção: Herbert Richers; Arnaldo Zonari / Companhia distribuidora: Distribuidora de Filmes
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Sino Ltda./ Argumento: Francisco Anísio; Zé Trindade / Roteirista: J. B.Tanko; Victor Lima / Direção:
. . an o Coreografia: Edmundo Carijó Montagem: afael usto alverde Cenografia: Ale an-
dre orvat Elenco: é rindade rande telo Consuelo eandro enato estier A da Campos
Estelita ell Duarte de Moraes eraldo Me er Carlos mperial e outros. ilmografia Brasileira,
base de dados da Cinemateca Brasileira, Disponível em: www.cinemateca.gov.br).
270
Depoimentos III, 1977:119.
271
ur e, : .
272
Frehse, 2005:191.
273
Sontag, : .
Esse conceito apresentado por Baschet deve relacionar-se à abordagem histórica quantitativa
e a sua difusão nos anos 60 e 70 com outros tipos de história que se disseminavam na corrente da
‘nova história’, como, na França, a chamada ‘história serial’ (histoire s rielle), “assim denominada
porque os dados são dispostos em séries através dos tempos (...)”, como relata Burke (1992:29-30).
u, como lembra Chartier , a história nova história tinha dois projetos: a aplicação do
paradigma estruturalista e inscrevê la no paradigma do conhecimento que Carlo in burg desig-
nou como galileano , que, graças à quantificação dos fenômenos, à construção de séries e aos pro-
cedimentos estat sticos, devia formular rigorosamente as relaç es estruturais que eram o objeto
da própria história (...) Os efeitos dessa dupla revolução da história, estruturalista e “galileana”, não
foram pequenos Chartier, : . Parece nos que a proposta de aschet está afinada com
esses dois projetos apontados por Chartier.
275
Damish, 1978 apud Baschet, 1996:111.
Baschet, 2003:65; grifo nosso. Esse artigo de Baschet citado ao longo deste capítulo, foi traduzido
276
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286
Baschet, 2003:85.
287
A ideia é que não podemos fa er história se não fi ermos um pouco de teoria e que não podemos
fa er teoria se não fi ermos um pouco de história, muita história. Creio que dissemos tudo ao afir-
mar isso. O objeto teórico é um objeto que provoca outros objetos. É um objeto que não pode ser
estudado por si próprio” (Damish, 2007:12-13).
288
Damish, 2007:13.
289
Mauad, 2000:11.
290
Mauad, 2000:12.
Em sua tese a professora Ana Maria Mauad assinava-se Ana Maria Mauad de Souza Andrade. De
291
acordo com as normas da A N vigentes dever amos fa er referência a esse te to como Andrade,
1990”; ousamos, entretanto, contrariar essa norma e optamos por manter o nome adotado em to-
dos os te tos posteriores da autora, ficando, então, Mauad, .
292
De Eco a autora cita fundamentalmente ratado geral de semi ti a (São Paulo: Perspectiva, 1980),
cuja premissa é considerar os signos icônicos te tos visuais, de forma a serem analisados de acordo
com seu conte to, ou seja, eles não devem ser tratados de maneira individuali ada, mas sim como
um te to icônico que, antes de depender de um código, é algo que instituiu um código Mauad,
1990:13). De Hjelmslev destaca roleg menos a ma teoria da ling agem (São Paulo: Perspectiva,
5 , em que se define que todo sistema de signos abriga em si uma forma de e pressão e uma
forma de conte do , princ pio de partida para a análise das imagens fotográficas consideradas te to
icônico’ (Mauad, 1990:13).
293
ur e, : .
Sontag, : .
295
Os espetáculos montados pela Companhia Walter Pinto aqui relacionados são os que possuem
dossiê fotográfico no arquivo da empresa: i ma ho sim sinh (1950); ero sassari (1951);
fogo na a a (1953); ero me badalar 5 Botando ra ambrar (1956); É do xurupito!
(1957); em b b b no bobob (1959); i e i e no i o (1960); diabo e a arreg e l
pra casa (1961).
296
Pesavento, 2005:66 e 67.
297
O Coliseu dos Recreios, situado na Rua das Portas de Santo Antão, fora do Parque Meyer, em
isboa, foi inaugurado no dia de agosto de e foi concebido para ser o maior dos edif -
cios cobertos que houvesse no mundo no campo dos espetáculos, e cuja lotação ultrapassaria os
. lugares , com palco de m de profundidade e m de largura. Na época de sua inauguração
a sala contava com 5 camarins todos com lu , camarotes, . lugares da geral, duas gale-
rias reservadas e 1.200 cadeiras” e “assumiu-se sempre como uma sala de espetáculos popular,
estabelecendo preços bai os e apresentando espectáculos de diversos tipos, entre os quais a ópera ,
espetáculos circenses, ballets, entre outros (Informações colhidas em <http://www.coliseulisboa.
com e http: .fl.ul.pt CE base .
298
Sobre a atuação do empresário português, o periódico carioca Teatro: revista de arte e cultura (n.
e , set. out. 55: apresenta pequeno te to assinado por osé Maria odrigues cujo t tulo
dei a entrever o dom nio de asco Morgado na cena portuguesa do per odo: asco Morgado o
ditador de espetáculos em Portugal tem apenas 30 anos –, que informa sua ocupação simultânea
de três casas de espetáculos em Lisboa – os teatros Monumental, Avenida e Variedades, este último
no Parque Meyer – e não perde a oportunidade de lembrar que na última temporada o Estado por-
tuguês, reconhecendo os esforços de Vasco Morgado, subsidiou-lhe o Teatro Monumental, livre de
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qualquer ta a. Cabe acrescentar que o empresário português vinha frequentemente ao rasil a fim
de contratar artistas brasileiros para suas produções e nessa ocasião (1955) negociava com Renata
Fronzi e Cesar Ladeira.
299
Nunes, 1956, v.3:22.
300
Walter Pinto, em depoimento ao SN , afirma ter estreado em de embro de , mas Paiva
: informa que foi em de embro de . A cópia do te to de isso e e gosto, que se
encontra no Arquivo Walter Pinto, data de , assim como o programa da peça, que mostra data
manuscrita: .
301
Paiva, : 5 .
302
Paiva, : . processo se arrastava desde os primeiros anos e precipitou se em
, ltimo ano de glória da revista de cr tica de costumes, fechando um ciclo: primeiro momento
do terceiro grande período, o da revista feérica absoluta que, mal ou bem, duraria, penosamente,
duas décadas. Não se pense na ausência absoluta da crítica, da pilhéria, do comentário gestual ou
verbal das novidades. avia tudo isto, sim mas sem a força criadora do decênio que findava, e não
se falava de mordaça pol tica p. 5 . ene iano, : 5 grifos nossos.
Antunes, 1996:270-271.
305
Rabetti, 2005:33.
306
Brandão, 2005:129.
307
São Paulo Estado , : . ma das vindas do olies erg re ao rasil foi em 5 , e Décio de
Almeida Prado, em crítica no jornal stado de a lo, comenta: “ olies Berg re é e atamente o
que se espera; nem mais nem menos. Não surpreende, não deslumbra, e também não decepciona.
Para tomar um termo de referência conhecido de todos, diríamos que é um espetáculo de Wal-
ter Pinto, não em ponto maior, mas com mais gosto e homogeneidade” (Prado apud er e e o,
: .
308
ano e, : 5.
309
São Paulo (Estado), 1992:2. Nessa ocasião, indagado sobre eventual relação entre suas produções
teatrais e as das chanchadas, Walter Pinto diz que não, que eram coisas muito distintas (p.17). E em
outro momento até assinala sua indignação com aquelas produç es cinematográficas. Pesquisamos
as produções de chanchadas e sua relação com o teatro de revista, investigação muito útil para con-
hecer outra forma de visualidade da década de 1950. O estudo da construção e desconstrução das
possibilidades de determinar o espec fico f lmico e teatral, entre outros aspectos, tra a percepção
de que o cinema determina o “ocultamento” de seus meios de produção e suporte, enquanto o teatro
apresenta a caracter stica de desvelar , que dei a ver seus procedimentos de reali ação, determi-
nados pelo elemento presencial, do fazer “ao vivo”. E, nas chanchadas, a tentativa de mimetizar a
função teatral na tela resulta, muitas vezes, em depreciação da representação cênica, o que faz com-
preens vel a rejeição de Walter Pinto para esse tipo de produção cinematográfica.
310
Freitas, 2001-2002:29.
311
Para essa instigante discussão remetemos a randão e iannella , referên-
cias para o aprofundamento das questões que envolvem a cena moderna no Brasil, tema cujo fôlego
nossa investigação não alcança.
312
Pereira, 2003:72.
313
Pereira, 2003:65.
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Pereira, 2003:69.
315
ermo usado por e naud : , definido como momentos de suspensão do envolvim-
ento do espectador com a narrativa”, transportando essa ideia do teatro para discutir aspectos do
cinema contemporâneo, o que nos permite fazer o caminho de volta, adequando-o ao teatro de re-
vista. Esses espetáculos “sintonizavam” (para não esquecer a também estreita relação com o rádio
e a m sica todas as possibilidades de e ploração dos sentidos, caracter stica que diversos autores
consideram problema do gênero e, muitas ve es, causa de sua decadência, como verificado em
outros e emplos.
316
ene iano, : .
317
Nossa dissertação de mestrado (no prelo), orientada com essa perspectiva, buscou analisar as
produções “ligeiras” da Companhia de Revistas e Burletas do Teatro São José, da Empresa de Pas-
choal Segreto, no per odo de a . Naquele momento foi poss vel confirmar a hipótese de
uma relação rec proca, identificada entre um gênero dramat rgico que alimenta uma companhia
teatral e a e istência de uma companhia teatral, de longa duração, que sustenta e permite o amadu-
recimento desse gênero dramatúrgico, no caso, o do chamado teatro popular musicado, representa-
do especialmente por revistas e burletas. O trabalho foi desenvolvido fundamentalmente em torno
dos te tos produ idos para a companhia e dos comentários cr ticos de suas respectivas montagens,
mas consideramos esse universo te tual produ ido para a Companhia de evistas e urletas do
Teatro São José repertório de testemunhos e registros de uma erforman e passada e não obras
autônomas de literatura dramática. sso significa que não e aminamos os te tos dramáticos se-
gundo os padr es espec ficos da análise literária. ais procedimentos não seriam suficientes para
a compreensão da obra como parte de um espetáculo, cujo sentido era nossa prioridade pesquisar.
Dessa forma, foi possível revelar o modo de produção teatral empreendido por aquela Companhia
naquele período: um fazer teatral vinculado diretamente a sua cena e aos aspectos de sua veicula-
ção e recepção.
318
Meneses, 2003:28.
319
Brilhante, 1999:503.
320
A pesquisa da fortuna crítica dos espetáculos de Walter Pinto da década de 1950 foi realizada
principalmente nos seguintes periódicos: ornal do Brasil, Diário da Noite, Correio da Manhã, O Jor-
nal, Diário de Notícias, Anuário da Casa dos Artistas, Boletim da BA , r eiro, Manchete, Mundo
Ilustrado, Teatro: revista de arte e cultura, ibalta.
321
Meneses, 2003:28.
322
Diário da Noite, 13/05/1953:7.
323
Essa mesma fotografia foi publicada na revista ibalta, n.1, em junho de 1953:18, com qualidade
de impressão superior à do jornal, mas também sem qualquer indicação de autoria. O uso da mesma
imagem pela revista indica maior probabilidade de a foto ter sido produzida no âmbito da empresa
teatral, como material de divulgação, já que circulou em duas mídias impressas diferentes, embora
não seja descartável a possibilidade de a revista ter obtido a imagem junto ao jornal. A matéria da
revista, intitulada “Ribalta com Walter Pinto – É fogo na jaca”, apresenta quatro fotos, mas nenhuma
delas de cena e nenhuma pertencente ao dossiê de fogo na a a. Além da foto dos comediantes,
havia os retratos de Walter Pinto, da bailarina Marina Marcel, assinado por Ávila, e de Regina Nacer,
posado em est dio, sem assinatura de fotógrafo. A matéria Como se prepara uma revista , pub-
licada em ibalta (ano1, n.1, jun.1953:13-15), assim credita a autoria: “Escreveu Frazão; Fotografou
Lucena”. Não se esclarece, entretanto, se o fotógrafo é contratado da revista ou se realizou apenas
essa reportagem.
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325
erifica se o nome de fotógrafos no elenco técnico dos seguintes programas de espetáculos:
Botando ra ambrar 5 : otografias de Mafra nos est dios da Empresa ero me badalar
55 : otografias de Mafra e Cabral em b b b no bobob 5 : otografias de Mafra nos
estúdios da Empresa); diabo e a arreg e l ra asa : otografias de Mafra. Nos refer-
entes a i ma ho sim sinh (1950), ero sassari (1951) e i e i e no i o (1960)
não se menciona o nome de nenhum fotógrafo. Já na contracapa do programa de É do xurupito
(1957, Teatro Recreio) se evidencia com clareza o vínculo do fotógrafo com a Companhia: “Espaço
reservado para Mafra, fotógrafo e clusivo da Cia. Walter Pinto e na parte do elenco técnico, segue
a informação usual: otografias de Mafra, nos est dios da empresa. Ainda em É do xurupito, no pro-
grama para a montagem em São Paulo, no Teatro Paramount, encontramos a seguinte informação:
odas as fotografias deste programa foram do oto Studio Mafra . odos os programas fa em parte
do Arquivo Walter Pinto (Cedoc/Funarte).
326
Diário de Notícias, 5 5 : .
327
A incidência de fotos publicadas nas colunas de Teatro em diários é pequena; além disso, nos jor-
nais consultados verifica se a predomin ncia para o padrão encontrado em fogo na jaca, ou seja,
retratos de cômicos, caracterizados ou não, e nenhuma foto de cena. Localizamos retratos de Oscari-
to em três jornais ( ornal do Brasil, 15/10/1950:6; Diário de Notícias, 7/9/1960:2 (retrato Mafra) e
Diário da Noite, 10/9/1960:19) divulgando i ma ho sim sinh (1950) e i e i e no i o
retrato de rande telo com Walter Pinto e irg nia ane Diário da Noite, 19/10/1950:3) e
os retratos de Manoel Vieira e Afonso Stuart na crítica de iabo e a arreg e l ra asa (Diário
da Noite, : . ora do padrão de retratos de comediantes, cabe citar o retrato da atri
de comédia Solange França, que iria estrear no gênero revista em i ma ho sim sinh (Jornal do
Brasil, 5 : e de Dalva de liveira ensaiando com o diretor musical da Companhia, osé
Maria de Abreu, também para estrear em i ma ho (Diário de Notícias, 17/10/1950:6), que re-
produ em a mensagem proposta pelas fotos dos cômicos, ou seja, de um teatro afinado com outros
elementos que não só os da revista feérica. E, e ceç es à projeção dessa ideia, a foto de Mafra de
três vedetes argentinas contratadas para a revista É do xurupito (Diário da Noite, 20/8/1957:6) e
de Nélia Paula para o mesmo espetáculo (Diário de Notícias, 22/8/1957:12), além de fotos de girls
em ensaio de i ma ho (Diário da Noite, 17/10/1950:1, 12) e da vedete francesa Regina Nacer,
a atração internacional de ero sassari (Diário da Noite, 30/10/1950).
328
Essas inter relaç es entre sentido e direção apresentadas nas composiç es fotográficas foram
elaboradas por Mauad (1990:107), a partir de diversas referências, como revista hoto amera (São
Paulo, ano I, n. 8, 1980); Fayga Ostrower (A construção do olhar. In: O Olhar. Vários Fatores. São Pau-
lo: Companhia das Letras, 1989:175-177); Humberto Eco ( ratado geral de semi ti a. São Paulo:
Perspectiva, 1980:185); i ion rio de ideias semelhantes (Rio de Janeiro: Ed. Ouro, s/d, v.1).
329
Arcari, 2001:57.
330
Santos, 2001:112.
331
Brandão, 1988:12.
332
Banu, 2001.
333
Abreu, 1953c:9.
É importante assinalar que Brício de Abreu não escreveu propriamente uma crítica para o es-
petáculo de Walter Pinto na verdade ele produ iu cinco te tos para comentar o espetáculo e os
publicou sob o título ogo na a a – I, II, III, IV e Final, nos dias 21, 23, 25, 26 e 27 de maio de 1953 em
sua coluna no Diário da Noite. Até 5 esse procedimento era comum na coluna de teatro de r cio
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de Abreu, mas a partir de 1956 ele passou a fazer apenas uma crítica para cada espetáculo. Dessa
forma, para os espetáculos de Walter Pinto, o jornalista produziu duas críticas para i ma ho sim
sinh (1950); quatro para ero sassari (1951); e três para ero me badalar 5 , sendo
então fogo na a a o espetáculo que mereceu o maior número, cinco.
335
Abreu, 1953a:9.
336
Em 1951 Walter Pinto produziu o espetáculo ero sassari , o segundo com maior número
de fotos no dossiê.
337
Esse figurino foi inspirado, quase totalmente, em modelo usado em produção francesa, cuja foto
foi encontrada no arquivo, catalogada como sendo de fogo na a a. Mas durante a pesquisa verifi-
cou-se que aquela foto não pertencia ao dossiê, tratando-se de uma foto comprada, com carimbo de
est dio fotográfico de Paris.
Como pode ser visto na foto em cores publicada na Manchete (18 julho 1953:30) no conjunto de
338
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de Walter Pinto fica mais evidente, pois que a fotografia serve como ilustração de um modelo, e -
emplo de composição de apoteose. Tendo em vista ser o livro um manual técnico para ensaiadores
e ter sido editado contemporaneamente à e istência da Companhia Walter Pinto, a inserção dessa
imagem fi a para as montagens da Companhia a e istência de um padrão que pode ser copiado, por
sua e celência.
355
O Centro de Documentação da Funarte possui em seu acervo a doação do Arquivo Brício de
Abreu, que deu origem aos conjuntos chamados Dossiês de mpressos e Dossiês otográficos .
Portanto, o fundo do Arquivo não foi preservado como arquivo privado e foi desmembrado entre
as diversas séries dos referidos dossiês. Dessa forma é muito comum encontrarmos documentos
do Arquivo Brício de Abreu em diversos tipos de dossiês, já que o jornalista reuniu ao longo de sua
carreira e tensa e variada coleção documental sobre teatro brasileiro.
356
oram consultadas as seguintes pastas: Manoel ieira, Pedro Dias, scarito, rande telo, Ma-
rina Marcel, Nélia Paula, irg nia ane, Mara bia, Walter Pinto, eatro de evista, eatro Edif cios
e Companhias Teatrais em cena. Nem todas as fotos relativas à Companhia Walter Pinto tinham o
carimbo da empresa, assim como a autoria da foto. s fotógrafos identificados por carimbos no
verso das fotos foram: Mafra, vila, Cabral, Carlos, Emérico, alfeld, A moré Marella, eorge afner,
Homero e De Los Rios. Havia, portanto, um grande ‘time’ de fotógrafos envolvido com a produção
fotográfica teatral na época, além dos fotógrafos do próprio Correio da Manhã.
357
Magno, 1953:11.
358
São Paulo (Estado), 1992:6.
359
Na revista Cena Muda de de agosto de : , há uma nota a respeito da divulgação oficial
feita pela S A da lista de autores associados que mais arrecadaram direitos autorais em ,e
o nome de Walter Pinto aparece em terceiro lugar, precedido de Freire Júnior, em primeiro e Rai-
mundo Magalhães nior em segundo. Esse resultado espelha a e celente arrecadação de bilheteria
obtida em suas produções de revistas e suas longas temporadas.
360
Não temos a informação da data precisa da introdução do balé clássico de forma séria, sem paró-
dia, em espetáculos populares, como o teatro de revista. Há fotos de girls com sapatilhas de ponta
em programa do Folies Bergère de 1929, pertecente ao Arquivo Walter Pinto. Também localizamos
a fotografia de cena em http: comedie musicale.jgana.fr inde .htm de um quadro da opereta
francesa e so s de fle rs te to de Paul Nivoi Livret e Saint ranier Lyrics), músicas de Ralph
Benatzky, que estreou em Paris, no teatro Empire, em outubro de 1933 – que registra um grupo de
bailarinas clássicas e ecutando uma coreografia. poss vel, porém, que essa prática seja anterior às
primeiras décadas do século XX. No Brasil, no âmbito dos espetáculos da Praça Tiradentes, descon-
hecemos outras produções que usem o recurso, além das de Walter Pinto.
361
alve a e pressão mais adequada seja de movimento em potência , que Arcari : res-
gata do crítico de arte Matteo Marangoni (que estudava o movimento nas esculturas) para a foto-
grafia. Distinguem se, então, duas ideias de movimento para as figuras estáticas: o movimento em
ação cujas formas são tão plasticamente definidas, que não conseguem captar a e pressão ntima
do movimento, enquanto o “movimento em potência”, de forma mais indireta, mas evidenciando o
movimento r tmico em todo o corpo, consegue alcançar a e pressão mais ntima do movimento.
362
Pavis, 2005:301.
363
Jaques-Dalcroze apud Pavis, 2005:301.
Abreu, 1953c:9.
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365
L., R., 1953:8.
366
e a, 03/05/1972:5.
367
Folhetins: apud Arêas, : . Arêas utili a os te tos dos Folhetins de Martins Pena objeti-
vando a melhor compreensão da obra dramática do autor, mas também observou no comediógrafo
o desejo e asperante de elevar o n vel dos espetáculos e de corrigir suas ma elas, fa endo dos
Folhetins algo como um guia prático e teórico para o teatro” (p.8).
368
Deve-se lembrar que no programa de fogo na a a para a temporada no Teatro Odeon de São
Paulo (novembo de 1953) aparece um retrato de Angelita Martinez com o carimbo de Aymoré. No
chamado “elenco técnico”, lembramos, são mencionados os nomes de Mafra, Ávila e Cabral, embora
haja retratos de outros fotógrafos inseridos no corpo do programa do espetáculo, esse de Aymoré
entre eles. Isso pode indicar que o fotógrafo, além do contato feito para a reportagem da Manchete,
tenha talvez estabelecido outras parcerias com a empresa, como freelancer, fornecendo retratos
quando necessário, o que aumenta, a nosso ver, a possibilidade de algumas fotos do dossiê serem
realmente dele.
369
Em dois encontros com ernando Mafra, filho de uis Mafra e que tem sob sua guarda os negati-
vos do pai, conseguimos determinar a autoria de diversas fotos de Mafra no Arquivo Walter Pinto.
Para esse quadro de fogo na a a, porém, não locali amos nenhum negativo. sso não significa com
absoluta segurança que a foto não seja de Mafra, até porque não foi possível ver todos os negativos
da coleção; diante dos outros indícios em relação à produção de Aymoré Marella, apostamos mais
nessa possibilidade.
O burrico fez parte do “elenco” das revistas reboli o (1956), no quadro “A saloia do burro”, com
370
Beatriz Costa, e Por causa delas (1958), no quadro “A divisão do burro”, ambas encenadas no Teatro
Maria Vitória.
371
A intervenção das máquinas teatrais já era limitada desde Aristóteles, restrita a situaç es e cep-
cionais e não reali áveis pelo homem. No reinado do te tocentrismo, o dramaturgo não poderia
ficar privado de fornecer suas e plicaç es a todas as aç es. Desde então a maquinaria teatral não
é bem vista pelos “doutos e racionalistas”, mas sendo “a materialização cênica (...) do princípio do
maravilhoso (voar, deslocar-se, desaparecer), um maravilhoso que faz as delícias dos espectadores
crédulos , elas nunca dei aram de ser usadas. Dos encenadores construtivistas àqueles chamados
encenadores barrocos , a maquinaria teatral, além do tema metaf sico que suscita do homem
superado pela mecânica”), carrega o princípio da teatralidade. Assim, “a maquinaria cênica porta
necessariamente a marca da materialidade do teatro, de seu caráter construtor ou desconstrutor
e da artifi ialidade da ilusão e das fantasias que ela induz. Ambiguidade que faz os prazeres dos
pequenos e dos grandes” (Pavis, 1999:232).
372
Barthes, 1982:18.
373
São Paulo (Estado), 1992:15.
Mundo Ilustrado, 1955:11.
375
Programa da Companhia Walter Pinto, edição, 5 : .
376
Pavis, 1999:315.
377
Projeto de nvestigação Cient fica e Desenvolvimento ecnológico psis ase conográfica de
Teatro” desenvolvido no Programa CETbase, pelo Centro de Estudos de Teatro/Universidade de Lis-
boa (CET/UL), sob a coordenação da profª. Maria João Brilhante, que vem reunindo e organizando
imagens de iconografia teatral sobre o teatro português. Projeto financiado pela undação para a
Ciência e Tecnologia/MCTES (Resumo do projeto em: http://www.fct.mctes.pt).
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378
Magalhães, Opsis, imagem 07PRO00009.
A revista ilustrada brasileira
379
r eiro foi criada em 1928, ano da publicação da fotorreporta-
gem Como se monta uma revista no Notícias Ilustrado de Lisboa.
380
Notícias Ilustrado, isboa, : . rata se da revista Terra de cantigas, de Silva Tor-
res, Lino Ferreira e José Romano, a ser representada no Éden-Teatro, em Lisboa.
381
Programa da Companhia Walter Pinto, .ed., 5 : 5.
382
Não foi localizado o programa de onte l minosa, e, em jornais, apenas uma foto da fonte em
e ecução foi publicada, em an ncio do espetáculo no Diário de Notícias de 22 de abril de 1956 (i86).
Eduardo Aigner, fotógrafo e arquiteto, te to dispon vel em seu site: <http://www.eduardoaigner.
383
ATO IV
Alfacinha é o nome dado ao cidadão natural de Lisboa, assim como carioca é usado para se referir
aos naturais da cidade do Rio de Janeiro.
Trecho do quadro “Alfama embandeirada” da revista Chá-chá-chá, de Amadeu do Vale, Aníbal
395
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portagens, que foram confrontadas, pois que o nico livro realmente dedicado a ele rigo,
contém algumas incorreções. Na maior parte das vezes, porém, foi possível checar os dados com as
demais fontes disponíveis.
398
“O ensino do Teatro tinha a mais antiga tradição no Conservatório Nacional, remontando à funda-
ção deste em 1836 por Decreto da Rainha D. Maria II, no âmbito de um Plano para a fundação e
organi ação de um eatro Nacional proposto por oão aptista de Almeida arrett, então ainda com
a denominação de Conservatório eral de Arte Dramática. Este estava então dividido numa Escola
Dramática ou de Declamação, numa Escola de M sica e numa Escola de Dança, M mica e inástica
especial. Em reformas posteriores, o nome do Conservatório foi alterado para Conservatório Real
de Lisboa e o da Escola Dramática ou de Declamação para Escola de Arte de Representar, já depois
da implantação da República, quando o Conservatório passou a ser designado por Conservatório
Nacional. e to da página da Escola Superior de eatro e Cinema de isboa criada em como
sucessora do legado de ensino de teatro do antigo Conservatório Nacional de Lisboa. Disponível em:
http://www.estc.ipl.pt. Acesso em nov. 2009.
399
Lei-San (1903) é uma “fantasia simbolista” em um ato do autor português Manuel Pentea-
do . nformação retirada do Dicionário de Autores Portugueses, isboa, , v. ,
pela Biblioteca Digital do Alentejo. Disponível em: <http://www.bdalentejo.net/conteudo_a.
php?id=131>. Acesso em nov.2009.
Esse tipo de pergunta demonstra a construção de uma narrativa histórica pautada especialmente
nos casos pitorescos, nas anedotas . Em finais do século e nas primeiras décadas do os
compêndios de história do teatro, tanto em Portugal como no Brasil, frequentemente utilizaram
esse recurso. Cabe assinalar que o relato, em meio ao pitoresco, pode nos desvendar procedimentos
de ordem técnica, necessários à compreensão dos sentidos e práticas da cena teatral.
Na publicação ida d m dolo g nio al ador isboa, outubro 5 : , 5 há matéria que
transcreve trechos do diário do ator quando de sua primeira visita ao Brasil: “Breve diário de Sal-
vador durante sua viagem ao Brasil”, mas que só dá conta de alguns dias, ainda a bordo do navio,
não fornecendo notícias do grupo já em terra, no Rio de Janeiro. Essa publicação, em número único
dedicado a Eugénio Salvador, foi uma das fontes utili adas por reunir várias informaç es biográficas
do artista, escritas por Amâncio Daryo, diretor do jornal, e A. M. da Silva Telles, seu editor.
Mendonça, 1988:20.
Jacques, 2001:82.
Lisboa, 1993:11.
5
Vinte e cinco anos volvidos... Eugénio Salvador no mesmo teatro onde representou pela primeira
vez vai estrear-se como empresário... arta , Lisboa, 23/3/1953.
Rebello, 1985, v.2:130.
Durante o estágio de doutoramento em Lisboa (2008) pudemos assistir a um espetáculo no
eatro Maria itória, do Parque Me er, que tinha a atri Marina Mota como figura central: HIP
ar e. Assisti a uma revista à portuguesa, com todos seus tradicionais elementos constitutivos,
com teatro lotado e um espetáculo cuja duração foi de três horas, e atamente como há 5 anos.
Santos, 2001:109. A autora, em tese de doutoramento já publicada, trata da história do teatro
português sob o reinado de Sala ar Santos, e dedica parte de seu estudo ao teatro de revis-
ta. Apontamos seus te tos Santos, e como e emplos de nova abordagem refle iva para
o gênero, dentro de perspectiva acadêmica, no comple o conte to que abarca o per odo sala arista,
notadamente entre 1933 e 1968, para a história do teatro em Portugal.
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A e pressão teatro ligeiro ou gêneros ligeiros começou a ser empregada pela cr tica jornal stica
brasileira a partir da segunda metade do século XIX quando queria referir-se aos espetáculos de revis-
tas, burletas, vaudevilles, mágicas, etc.; considerados sempre em oposição ao que chamava de teatro
sério. Para aqueles cr ticos, tais gêneros eram formas simplificadas, criaç es não elaboradas, reali a-
das rapidamente, sem propósitos artísticos mais elevados (a denominação “ligeiro” não se restringiu
ao teatro, constituindo classificação que se prestava a outras áreas, como m sica, literatura e jornal-
ismo). Observando o teatro ligeiro a partir dos mecanismos internos de sua produção e abandonando
posições valorativas iniciais que, muitas vezes, se reduzem à oposição do “teatro ligeiro” ao “teatro
sério , tenta se estabelecer um novo olhar, capa de perceber outros significados para essas criaç es
teatrais na história do teatro brasileiro. Avaliamos que a tradicional e difusa “norma de referência”
a esses gêneros, geralmente, se constitui aferição preocupada apenas com a ausência dos elemen-
tos que, por lhe serem adequados, fazem parte do teatro sério e são relacionados como universais,
como princípios gerais. Não se levantava ainda a hipótese de analisar esses espetáculos de acordo com
suas especificidades, que envolviam procedimentos muitas ve es comple os e detentores de técnicas
particulares de elaboração (Chiaradia, 1997:23). Foi sob essa perspectiva que estudamos o teatro de
revista no Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX em nossa dissertação de mestrado. Já em
Portugal, vê se para o teatro uma dupla filiação: a partir desta rai original a obra de il icente o
teatro português divide-se em dois ramos fundamentais: um teatro de divertimento popular (que leva
à revista) e um teatro mais académico e literalmente mais elaborado. Assim, ainda hoje, o teatro por-
tuguês é classificado em teatro ligeiro, em que figura a revista, apro imando se também do teatro mu-
sicado, e em teatro declamado considerado como mais nobre e mais elaborado Santos, : .
ebello, , v. : .
Pedro, 2001:88.
Rebello indica a “fórmula tradicional” da revista à portuguesa, que aqui se resume: 1º ato: Aber-
tura de fantasia, apresentando elenco secundário e corpo de baile, que termina com a entrada do
om re. Entre os diálogos do om re com as chefes de quadros, alternam-se as rábulas cômicas e
os quadros de fantasia, apresentando o elenco por ordem crescente de grande a das figuras prin-
cipais”. Um número de bailado antecede o quadro de comédia, logo a seguir a atração internacional
em geral cançonetista e o quadro de rua, que trará o desfile de personagens que os autores uti-
lizam para as críticas de atualidade, arrematados por músicas. “Uma breve cortina prepara a apote-
ose, que reúne toda a companhia e se desenrola em várias fases.” 2º ato: “Repete-se a fórmula do 1º
ato, aligeirada, com um bailado ou a “atração” a dividirem as duas secções do ato, sendo o quadro de
rua substitu do por outro de recorte afim mas locali ado em abstrato, a fechar com um n mero de
conjunto em que intervêm as principais figuras. Na apoteose, mais breve que a do ato, desfilam
novamente todos os artistas da companhia, que entram em cena (sempre) por ordem hierárquica
crescente ebello, , v. : .
Esse quadro vem se alterando, no rasil, como apontou Mencarelli : , ao rever
a bibliografia sobre o tema. s diferentes enfoques possibilitados por um conjunto de mudan-
ças nos referenciais teóricos e nos procedimentos metodológicos propiciaram o surgimento de
novos objetos de estudo, notadamente no campo do teatro de revista, que teve reavaliadas sua
importância histórica e sua linguagem dentro da história cultural do país. Esses estudos revelam,
para além do próprio tema, as novas perspectivas de análise dos eventos teatrais, no âmbito
acadêmico, devido a “novas abordagens da cultura informadas pelo diálogo entre as disciplinas
filosofia, história, antropologia , novas abordagens sobre os fenômenos de cultura de massa, a
reavaliação do te tocentrismo da história do teatro, os novos paradigmas para discussão de alta
e bai a cultura, os fundamentos teóricos da nova história que criaram as condiç es para essa
nova leitura do teatro musicado no Brasil.
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Rebello (1985, v.2:132) não aponta o nome de Salvador entre os autores de isboa o a (origi-
nal de Fernando Santos e Almeida Amaral, música de Frederico Valério), mas apenas como in-
tegrante do elenco. O espetáculo foi empresariado por Vasco Morgado, que assumira naquele
ano (1952) a direção do Teatro Monumental e logo a seguir, no mesmo ano, assumiria também o
Teatro Avenida, colocando em cena a revista Ó Rosa arredonda a saia, cuja direção artística con-
fiou a Eugénio Salvador.
5
Santos, : .
Santos, 2001:111.
Santos, : .
Rebello, 1985, v.2:132.
Rebello (1985, v.2:132) cita apenas 17 revistas para o Teatro Maria Vitória e mais três apre-
sentadas no Coliseu, perfazendo 20 espetáculos. No entanto, o autor apresenta na cronologia
ane a 5, v. : t tulos da Companhia Eugénio Salvador, só não citando Ele aí
está, de 1956, e a comédia lírica O João Valentão, de 1957, original de Amadeu do Vale, Eugé-
nio Salvador e Rui Martins. Na investigação no acervo da Companhia foram encontrados 23
espetáculos. Então, a Companhia Eugénio Salvador apresentou de 1953 a 1961 os seguintes
espetáculos: Cantigas ó Rosa (março 1953); Saias curtas (set. 1953); ala o bi o março 5
omo o tem ero out. 5 a erta o la o (fev. 1955); idade mara ilhosa (abr. 1955);
esta festa (out. 1955); Ele aí está (fev. 1956); onte l minosa (março 1956); reboli o (out.
1956); o a a m si a (fev. 1957); O João Valentão (1957); Curvas perigosas (out. 1957); Pernas
ela (março 1958, no T. Variedades); Abai o as saias (maio 1958); Por causa delas (set. 1958);
n osta a abe inha e hora (fev. 1959); Arraial de isboa (jun. 1959); Tudo na lua (out. 1959);
Taco a taco (abr. 1960); Mulheres de sonho (set. 1960); Chá-chá-chá (dez. 1960); Sopas e des-
canso (março 1961).
Para todos os espetáculos da Companhia Eugénio Salvador que estavam nessa mesma situação,
ou seja, sem álbuns de recortes de críticas de espetáculos, estabeleceu-se igual critério de busca:
pesquisar em pelo menos quatro títulos de periódicos de Lisboa. Assim reuniram-se, quase sem-
pre, quatro comentários sobre cada espetáculo. No caso de Chá-chá-chá os jornais pesquisados
foram: lo; i rio de isboa; Diário Ilustrado e Diário da Manhã.
“It’s almost impossible to get a picture into e or imes or erald rib ne of Ethel Merman
on one side of the stage and Bert Lahr on the other with a painted drop of Versailles in between
them. So it’s up to the stage photographer to bring these two together (…) he must not use too
man people in a picture. A press agent can sell five times as man photographs to an editor
with two or three people in them (…) he must get his backgrounds as light as possible. It is very
difficult to a ne spapers to print blac or dar scenes at the high speed of modern press
Clarit and sharpness of definition also are of the upmost importance in this or Morgan,
: . 5.
No levantamento da fortuna crítica dos espetáculos de Eugénio Salvador, entre os álbuns de re-
cortes e a pesquisa direta nos periódicos, verificou se que para espetáculos houve publicação
de fotos de cena, e que desse total 38% consistia em fotos de quadros de comédia contra 50% de
quadros de fantasia e apoteoses.
A.F., Diário Popular, Lisboa, 27/9/1953.
Redondo Júnior, lo l strado, Lisboa, 03/10/1953.
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5
ebello, , v. : .
F.F., Diário de Notícias, Lisboa, 27/9/1953.
ima, : 5.
Brilhante, 2009:192.
ogando principalmente na amplificação das formas, a caricatura é sempre uma construção:
ela reconfigura o retratado e fabrica uma visão particular dos acontecimentos, privilegiando uns
aspectos em detrimento de outros, deslocando o principal e o secundário, introduzindo novos
elementos, alterando ou distorcendo outros (...) Na caricatura, o riso é fundador. Em função das
finalidades a que se destina, o desenho caricatural é suscept vel de provocar hilaridades de na-
turezas muito diversas: pode ser escatológico, cáustico e grotesco, visar à agressão e provocar o
escárnio, a troça e a zombaria; pode ser mordaz, apostar no irrisório e contribuir para a dessa-
crali ação dos visados pode ser desafiante e ter em vista a transgressão e a irreverência ou pode
ficar se pelo comentário irónico e subtil e potenciar a sua propensão para gerar cumplicidades.
(Lopes, 2009a:33 e 37) Para estudo das relações entre caricatura e teatro, remetemos a Lopes,
2005, 2009 e 2009a.
opes, a: , .
No artigo Caricaturas na dramaturgia e na charge: modos de escrita cênica e de crítica da
cena no teatro cômico ligeiro, abetti : estabelece três categorias para as charges
encontradas na imprensa carioca da década de 1920 relacionadas com a obra dramatúrgica e
espetáculos de autoria de Armando on aga. A charge-modelo”, “aquela que, impressa no jornal,
adentra o palco do teatro, apresenta traços essenciais para sua caracterização como documento
que contempla indicadores de cena”; a charge “em quadrinhos – a cena de síntese”, em que o de-
senho cria uma sequência, “sintetizando o trajeto fundamental do protagonista”, e a “caricatura
fora da cena: a charge como propaganda , a categoria que se adequa ao e emplo dos an ncios dos
espetáculos de Eugénio Salvador.
Rabetti, 2007:68.
As imagens aqui apresentadas são caricaturas de Manuel Santana (1911-?), “notável carica-
turista que herda de Amarelhe Américo Amarelhe a função de cronista gráfico do
mundo teatral português” (Museu Nacional do Teatro, 2005:101). O acervo do MNT de Lisboa
guarda importantes coleções de caricaturas de teatro de diversos artistas, e, entre elas, algumas
desenhadas por atores, como a realizada por Eugénio Salvador – Caricatura de 8 atores –, de
1925, publicada em Roteiro (Museu Nacional do Teatro, 2005:102).
Ver nota 297 sobre as dimensões da sala do Coliseu dos Recreios e sua lotação.
5
Observa-se maior semelhança visual entre a produção de espetáculos de Eugénio Salvador e
Walter Pinto naqueles apresentados no Coliseu dos Recreios, com condições de produção mais
semelhantes às que Walter Pinto mantinha no Teatro Recreio. Além disso, a temática comum que
perpassa o gênero revista nos dá a oportunidade de assinalar que ambas as companhias apresen-
tavam quadros retratando aspectos de Portugal e do Brasil. Assim como em fogo na a a havia o
quadro “Casa portuguesa”, em Mulheres de sonho aparecia cangaceiro . utros e emplos foram
detectados, demonstrando a intensa troca entre os dois países não só de artistas como de temas
para os quadros de revista, sugerindo campo de estudo ainda a ser e plorado.
O estudo de retratos do século XIX do Arquivo de Militão Augusto Azevedo (Museu Paulista/
SP rasil observou para as figuras femininas enquadradas de corpo inteiro a predomin ncia de
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poses laterais “em que se destacam as linhas do corpo como curvas da nuca e da lombar, elemen-
tos que também competem com o rosto ima, :5 . A lateralidade, então, evidencia aspec-
tos dos contornos do corpo mais do que a pose frontal, o que reforça a hipótese de valorização
da erforman e atorial na opção encontrada para as fotografias de cena da Companhia Eugénio
Salvador.
Artaud apud Pavis, 1999:372.
Meneses, 5: .
Pavis, 1999:178; grifo nosso.
oulart Nogueira, Chá-chá-chá no Maria Vitória. Diário da Manhã, isboa, : .
Há contradição no próprio programa da revista quanto ao número de quadros apresentados.
Ao informar o nome dos autores menciona revista em dois atos e “37” quadros e, logo adiante, na
descrição de cada quadro por ato há 17 títulos para o primeiro ato e nove para o segundo, sem
que se possa identificar a ra ão dessa diferença de quadros. nfeli mente o te to também não
a esclarece, pois apresenta discrepâncias também de quantidade e titulação dos quadros.
ebello, , v. : .
No caso dos fotógrafos portugueses o sentido de registrador fiel fica restrito ao propósito
de documentar a representação teatral como está ocorrendo, diferentemente de Roger Pic, cuja
percepção se concentrava no sentido da encenação, em diálogo mais pró imo com o encenador.
Pavis, 1999:176.
5
U.T.R., Chá-chá-chá, no Maria Vitória. i rio de isboa, : .
correm diferenças entre o te to da revista e o programa do espetáculo não só na ordem dos
quadros, como em seus nomes, fato corriqueiro para os espetáculos de revista. Assim, o te to
indica como sequência ao quadro Entre a revista e o m si hall o quadro “Rancheiras”, que não é
citado no programa. Há, no entanto, seis fotos do quadro, o que evidencia sua encenação; não foi
poss vel, porém, identificar com que nome.
ene iano, : .
M.S., Teatro Maria Vitória. lo, isboa, : grifo nosso.
O Barão das Almôndegas também participa do quadro “Alfama embandeirada”, em seguida ao
quadro “A favor dos pobres”. Em “Alfama embandeirada”, no entanto, o conjunto de fotos (i108 a
i111), lembramos, não mostrou a atuação do ator-empresário.
EPÍLOGO
5
Ao comentar os “dividendos” que vieram à tona no trabalho de investigação em torno dos álbuns
fotográficos da cidade de São Paulo, Meneses afirma que o diferencial se encontra na inclusão da
dimensão visual às transformaç es sociais operadas na cidade, componente significativo e quase
sempre negligenciado na análise histórica. Portanto, o esforço empreendido foi o de identificar e
entender os “modos de ver” a cidade (...) e a “possibilidade de também compreender os “modos de
fazer ver” (Meneses, Prefácio in Lima, 1997:11).
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5
Lima, 2009:35.
5
emetemos aqui a algumas das publicaç es na área que utili aram fotografias do acervo: ui
Paiva ene iano Antunes er e e o n. .
5
ene iano, : .
5
Meneses, Prefácio in Lima, 1997:9.
55
Os programas dos espetáculos podem informar também a variedade dos quadros apresentados.
5
Maur cio, 5 : .
5
Meneses, 2005:35.
5
Brandão, 1988:9.
5
Meneses, 2005:38.
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Este livro foi produzido na cidade do Rio de Janeiro
e impresso na Walprint ráfica e Editora no segundo
semestre de 2011, com arquivos fornecidos pela Funarte.
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